As Tecnologias da Minha Escola. As Tecnologias da Minha Escola.
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AS VIVÊNCIAS PARA ALÉM DA TEORIA
RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL
Relatório de Estágio Profissional apresentado à
Faculdade de Desporto da Universidade do Porto,
com vista à obtenção do 2ºCiclo de Estudos
conducente ao grau de Mestre em Ensino de
Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário
(Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março e Decreto-
leinº43/2007 de 22 de Fevereiro).
Orientador: Mestre José Mário Lopes de Sá Cachada
Licurgo Micael Rodrigues Figueiredo
Porto, 03 de Outubro de 2011
Ficha de Catalogação
Figueiredo, L. (2012). Relatório de Estágio Profissional. Porto: L. Figueiredo.
Relatório de Estágio Profissional para a obtenção do Grau de Mestre em Ensino de
Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto.
PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, FORMAÇÃO INICIAL,
PROFESSOR, DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL.
III
Agradecimentos
O estágio profissional teve um papel importante na minha vida, pois através do
caminho percorrido, foram inumeras as partilhas de conhecimentos, entreajuda,
incentivos e cooperação, partilhados por diversas pessoas, as quais tiveram um papel
importante pretendendo agradecer esta dedicação.
Ao meu Orientador, Mestre José Mário Cachada, pelo auxílio e disponibilidade
fornecidos.
À minha Professora Cooperante, Professora Camila Vasconcelos, pela sua
pressistência, dedicação e amizade.
Aos meus colegas de estágio, João Mendes e Miguel Silva pelos momentos passados
na escola e intercâmbio de conhecimentos.
Ao meu amigo Nuno Cunha, pela amizade e apoio prestado ao longo dos anos.
Aos meus tios e primos que sempre estiveram prontos a ajudar no que fosse preciso.
À minha namorada Mariana Oliveira, que sempre me apoiou nos bons e maus
momentos da minha vida, mostrando-se sempre disponivel em ajudar, sendo um pilar
fundamental.
Aos meus pais e irmão que são a minha razão de ser e mesmo estando longe, nunca
deixaram que me faltasse nada, permitindo que estudasse aquilo que mais gosto, um
muito obrigado pela sua dedicação, por me aturarem e educarem.
IV
V
Índice
RESUMO ....................................................................................................................................... IX
ABSTRACT ................................................................................................................................... XIII
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 1
2. ENQUADRAMENTO PESSOAL .................................................................................................... 5
2.1. Identificação e percurso ..................................................................................................... 7
2.2. Expetativas e impacto com o contexto de estágio............................................................. 8
3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ................................................................ 13
3.1. Enquadramento concetual do Estágio Profissional.......................................................... 15
3.2. Enquadramento Legal, Institucional e Funcional do estágio profissional ........................ 17
3.2.1. Caraterização do contexto de estágio – Espaço físico .............................................. 19
3.2.2. Comunidade Educativa Interna ................................................................................. 19
3.2.3. Alunos ........................................................................................................................ 20
3.3. Comunidade Educativa Externa ....................................................................................... 20
4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ........................................................................... 23
4.1. Área – 1 Organização e Gestão do ensino e da Aprendizagem ....................................... 25
4.1.1. Conceção ................................................................................................................... 25
4.1.2. Planeamento ............................................................................................................. 27
4.1.3 Realização ................................................................................................................... 30
4.1.3.1 Primeiro impacto e estratégias utilizadas ........................................................... 30
4.1.3.2 Modelos de intervenção pedagógica .................................................................. 32
4.2. Área – 2 e 3 - Participação na escola e relação com a comunidade ................................ 35
4.3. Área – 4 – Desenvolvimento Profissional ......................................................................... 38
4.3.1. O tema “INSUCESSO ESCOLAR” ................................................................................. 38
4.3.1.1. Introdução .......................................................................................................... 38
4.3.1.2. Enquadramento histórico................................................................................... 39
4.3.1.3. Conceito de Insucesso escolar ........................................................................... 44
4.3.1.4. Causas do Insucesso Escolar............................................................................... 46
4.3.1.5. Causas Económicas ............................................................................................ 47
4.3.1.6. Causas sociais e Culturais ................................................................................... 47
4.3.1.7. Causas Educativas .............................................................................................. 49
4.3.1.8. Causas Individuais .............................................................................................. 50
VI
4.3.1.8. Teorias Explicativas ............................................................................................ 51
4.3.1.9. Teoria dos dotes ou dons Individuais ................................................................. 51
4.3.1.10. Teoria do Handicap Sociocultural .................................................................... 52
4.3.1.11. Teoria sócio institucional ................................................................................. 52
4.3.1.12. Papel do Professor ........................................................................................... 53
4.3.1.13. Conclusões ....................................................................................................... 55
5. CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS .............................................................................. 57
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................... 61
Síntese Final ................................................................................................................................ 67
VII
Índice de Abreviaturas
FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto
ESAG – Escola Secundária Augusto Gomes
PES – Prática de Ensino Supervisionada
EP – Estágio Profissional
PO – Professor Orientados
PC – Professora Cooperante
NE – Nucleo de Estágio
EE – Estudande Estagiário
EF – Educação Física
RI – Regulamento Interno
PAA – Plano Anual de Atividades
MEC – Modelo de Estrutura de Conhecimento
UT – Unidade Temática.
PA – Plano de Aula
MID – Modelo de Instrução Direta
MD – Modelo Desenvolvimental
IE – Insucesso Escolar
VIII
IX
RESUMO
X
XI
O presente relatório foi elaborado no âmbito do Estágio Profissional (EP). Através do
mesmo realizo uma reflexão final relativa a toda a prática, com o intuito de incidir sobre
os acontecimentos ocorridos ao longo do presente ano letivo na Escola Secundária
Augusto Gomes (ESAG), situada em Matosinhos. A sua realização foi efetuada tendo
em conta principalmente as 4 áreas de desempenho fundamentais que nós, Estudantes
Estagiários (EE) devemos desenvolver, sendo elas: “Organização e Gestão do Ensino e
da Aprendizagem”, “Participação na Escola”, “Relações com a Comunidade” e
“Desenvolvimento Profissional”, local onde estarão descritos todos os processos e
evoluções no estágio. A divisão deste relatório encontra-se organizada em quatro
pontos: o primeiro designa-se por “Enquadramento Pessoal”, onde realizarei uma
reflexão autobiográfica relativamente ao meu percurso académico e desportivo. O
segundo ponto, refere-se ao “Enquadramento da Prática Profissional”. Neste ponto irei
abordar o enquadramento concetual e legal do estágio profissional, caracterização do
contexto de estágio, mais propriamente o espaço físico, comunidade educativa interna,
externa e história. O terceiro ponto contemplará a “Realização da prática profissional”,
onde serão apontadas as quatro áreas de desempenho já referidas acima, contemplando a
revisão bibliográfica no seu último ponto (Desenvolvimento profissional). No quarto e
último ponto, “Conclusão e Perspetivas para o Futuro”, sintetizarei os pontos-chave
deste ano letivo, referenciando a minha evolução acerca da aprendizagem,
essencialmente enquanto docente.
PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, FORMAÇÃO INICIAL,
PROFESSOR, DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL.
XII
XIII
ABSTRACT
XIV
XV
This report was prepared under the traineeship. Using the same i will do a final
reflection on the whole practice, with a view to focus on the events that occurred
throughout this school year in Secondary School Augusto Gomes, located in
Matosinhos.
Its realization was performed taking into account mainly the 4 areas of fundamental
performance that we, students interns we should develop, them being: "The
Organization and Management of Teaching and learning", "Participation in the School",
"Community Relations" and "Professional Development", the place where they will be
described all the processes and developments in the stage.
The division of this report is organized in four points: the first is called the
"Biographical Framework", where i will be making an autobiographical reflection in
relation to my academic path and sporty. The second point, refers to the "Framework of
Professional Practice". At this point I will address the framework concetual and legal
professional traineeship, characterization of the context of stage, more properly the
physical space, educational community internal, external and history. The third point
will include the "Achievement of professional practice", which will set out the four
areas of performance already referred to above, contemplating the bibliographic review
in its final point (professional development). In the fourth and final point, "Conclusion
and Future Prospects for the Future", I will sum up by the key points of this school year,
by referencing the my evolution about the learning and essentially while teaching.
KEY WORDS: PRATICUM, INITIAL TRAINING, TEACHER, PROFESSIONAL
DEVELOPME
1. INTRODUÇÃO
2
3
Este relatório foi elaborado no âmbito da Unidade Curricular “Estágio Profissional”,
conducente ao grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e
Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).
O EP foi realizado na ESAG, localizada na cidade de Matosinhos. Fui integrado num
Núcleo de Estágio (NE) em conjunto com dois colegas da FADEUP, o João Mendes e o
Miguel Silva, a orientação foi fornecida pela Professora Cooperante (PC) Camila
Vasconcelos e acompanhado pelo Professor Orientador (PO) de Estágio da FADEUP,
Professor José Mário Cachada.
A realização do EP teve um impacto importante na minha vida profissional, pois é
através deste que é marcada a mudança do papel de aluno para professor. É um ano
onde temos a possibilidade de aplicar e consolidar os conhecimentos teórico-práticos
adquiridos ao longos dos 4 anos anteriores.
Tive a oportunidade de lecionar, durante o periodo de um ano letivo, a uma das
turmas que havia sido atribuida à PC. Fiquei então incumbido de, durante todo o ano
lectivo assumir todas as tarefas e funções inerentes à docência, nomeadamente, pelo
planeamento, realização e avaliação do processo ensino-aprendizagem numa turma de
10º ano.
Assim, o EP visa a integração do aluno no exercício da vida profissional de forma
progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionado em contexto real,
permitindo o desenvolvimento das competências profissionais que promovem um
desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da
profissão. Estas competências profissionais, associadas a um ensino da Educação Física
(EF) e Desporto de qualidade, organizam-se nas quatro áreas de desempenho as quais
iram ser esmiussadas no ponto quarto do presente relatório.
Quanto à organização deste relatório, segui as normas de redacção do estágio que
definem a sua divisão em quatro capítulos: O primeiro designa-se por “Enquadramento
Pessoal”, onde realizarei uma reflexão autobiográfica relativamente ao meu percurso
académico e desportivo. O segundo ponto, refere-se ao “Enquadramento da Prática
Profissional”, neste ponto irei abordar o enquadramento concetual e legal do estágio
profissional, caracterização do contexto de estágio, mais propriamente o espaço físico,
comunidade educativa interna, externa e história. O terceiro capítulo, “Realização da
Prática Profissional”, será o fulcro do relatório. Nele encontrar-se-ão condensadas as
4
informações e reflexões pessoais referentes à evolução do meu processo de estágio.
Este capítulo está subdividido em quatro Áreas: Área 1 – “Organização e Gestão do
Ensino e da Aprendizagem”; Área 2 – “Participação na Escola”; Área 3 – “Relações
com a Comunidade”; Área 4 – “Desenvolvimento Profissional”. Neste capitulo estão
também inseridos o Projecto de Investigação-Acção / Revisão Bibliográfica. No quarto
e último ponto, “Conclusão e Perspetivas para o Futuro”, sintetizarei os pontos-chave
deste ano letivo, referenciando a minha evolução acerca da aprendizagem
essencialmente enquanto docente.
Por conseguinte, este relatório tem como principal finalidade a realização de uma
análise crítico-reflexiva sobre as diferentes actividades/situações experimentadas no EP
e sobre a sua importância para o meu crescimento e desenvolvimento pessoal e técnico-
profissional enquanto futuro professor de EF, salientando as competências que foram
adquiridas e desenvolvidas com essas mesmas experiências e com a reflexão posterior
sobre as mesmas. Este trabalho transparece, portanto, uma concepção baseada no
caminho da investigação, da reflexão e da acção, enquanto máxima promotora do
crescimento e maturação profissional.
5
2. ENQUADRAMENTO PESSOAL
6
7
No presente ponto serão realizadas descrições sobre o meu percurso escolar,
desportivo e pessoal, nos quais, com o desenrolar dos anos tive que optar por realizar
escolhas. Seguidamente irei efetuar uma comparação entre as expetativas iniciais e os
resultados finais obtidos ao longo do EP.
2.1. Identificação e percurso
Nasci a 15 de Abril de 1988 na cidade de Aveiro, vivendo depois numa aldeia
(Murta) pertencente à atual cidade de Oliveira do Bairro, na qual permaneci até
ingressar na licenciatura. Até então frequentei a escola primária do Cercal, a qual se
situa numa aldeia imediatamente ao lado da minha, na qual completei os 4 anos do 1º
Ciclo do Ensino Básico. Depois de concluído, ingressei na Escola EB, 2, 3 Dr. Acácio
de Azevedo, na qual completei o 2º e 3º ciclo. Terminei o meu percurso antes de
ingressar na Universidade, na Escola Secundária de Oliveira do Bairro.
Com o decorrer dos anos, passei por várias etapas até chegar ao momento actual,
algumas não tiveram uma ligação direta entre si, mas todas contribuíram de certa forma
na modelação/criação da pessoa que sou hoje.
O meu percurso académico foi influenciado a certa altura pela presença do desporto
na minha vida, onde desde muito cedo (6 anos de idade), iniciei a minha prática
desportiva federada no clube de futebol da minha terra, Oliveira do Bairro Sport Clube
(OBSC), ao qual me mantive filiado durante 12 anos consecutivos. Para além deste
desporto que neste momento pratico apenas 1 vez por semana de forma lúdica, comecei
a interessar-me por desportos de ar livre, pelos quais me comecei a apaixonar a partir do
momento em que ingressei na licenciatura, por consequência do abandono do futebol.
Neste momento pratico a tempo parcial este tipo de desportos de natureza numa
empresa de animação turística em Góis, concelho de Coimbra, sendo também praticado
de forma lúdica com amigos.
Esta presença constante do desporto na minha vida, teve grande influência na escolha
da área que frequento, iniciando-a com a passagem do ensino secundário para a
licenciatura, altura em que ingressei no curso de Desporto e Lazer na Escola Superior de
Educação de Coimbra. Durante os 3 anos de licenciatura, consegui adquirir
conhecimentos importantes e necessários, ajudando-me a alcançar hábitos e
8
comportamentos essenciais no âmbito do processo de ensino-aprendizagem, o que me
permitiu tomar a decisão de ingressar e especializar-me nesta área de ensino. Assim
candidatei-me ao Mestrado em Ensino da EF nos Ensinos Básicos e Secundários na
FADEUP, local onde adquiri durante o 1º ano ferramentas essenciais que me auxiliaram
na realização do EP.
Assim, posso concluir que com o passar destes cinco anos, quer a licenciatura, quer o
mestrado, me ajudaram a clarificar e limar algumas incógnitas/arestas que estivessem
presentes, facilitando as minhas decisões e ações no EP.
2.2. Expetativas e impacto com o contexto de estágio
O EP assume-se como um ponto-chave na formação do professor, uma vez que
representa o fim da formação enquanto aluno. Mialaret (1977, p. 9), chama “formação
académica ao processo e ao resultado de estudos gerais e específicos feitos num
domínio particular por um indivíduo”, permitindo no final da aprovação deste em
específico, concorrer às escolas de ensino primário, básico, secundário e profissional.
Isto é, as experiências vividas durante todo este percurso assumiram um papel
fundamental, e servirão como suporte principal nas práticas profissionais futuras na área
do ensino da EF. Segundo as Normas Orientadoras do EP, “O Estágio Profissional
entende-se como um projeto de formação do estudante com a integração do
conhecimento proposicional e prático necessário ao professor, numa interpretação
atual da relação teoria, prática”1, as quais caminham de mão dada, durante todo o
processo de aprendizagem do aluno.
A teoria é vista como um saber que é adquirido ao longo do percurso escolar, sendo
produzido e formalizado pela investigação, o qual se encontra associado à prática. Já a
prática entende-se como o saber fazer e porque fazer, (Roldão, 2007).
Com isto, o EP foi das ferramentas mais importante, senão a mais importante da
minha formação, a qual permitiu aplicar todos os conhecimentos adquiridos nos 4 anos
anteriores, e ainda através da interação com os alunos e todo o meio escolar envolvente
1 Normas Orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre em
Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário da Fadeup 2011-2012. Porto: Faculdade de
Desporto da Universidade do Porto. Matos, Z.
9
(corpo docente, NE, grupo de EF, pessoal não docente…), sendo encarado por mim
como uma oportunidade única e efetivamente proveitosa, pois se existe um sítio onde
nós EE podemos errar, esse sítio é aqui, para que posteriormente possamos fazer uma
reflexão da prática e receber feedbacks dos nossos supervisores de estágio (PC, PO) e
ainda EEs do núcleo de estágio da FADEUP. Mialaret (1977) refere 4 elementos
essenciais à formação pedagógica do professor: I) o professor deve realizar uma
reflexão de ordem histórica e sociológica sobre a instituição escolar, o seu papel na
sociedade e os objetivos atuais da educação; II) utilizar diferentes métodos e técnicas
pedagógicas que facilitem a intervenção do professor; III) deverá possuir um conjunto
de conhecimentos transdisciplinares, permitindo ao professor intervir corretamente
consoante a idade dos alunos; IV) o professor deverá deter um conhecimento que
permita intervir de forma eficaz em todas as modalidades.
Relativamente ao inicio do EP, foram sentidas fragilidades, as quais me faziam
prever um arranque inicial bastante atribulado e trabalhoso com grandes reajustes
pessoais, uma vez que possuía a perfeita noção de que a forma como comunicava e
defrontado grandes grupos de pessoas/alunos, era uma das dificuldades sentidas,
situação que consegui ludibriar com o decorrer das aulas, conseguindo no final do ano
intervir e realizar instruções mais consistentes e fluidas, adquirindo uma postura mais
assertiva aquando comportamentos inapropriados dos alunos nas aulas.
Durante pelo menos o primeiro período lecionei as aulas de “pé atrás”, pois sentia-
me ansioso e apreensivo por ter a responsabilidade de dispor de uma turma que só eu
iria conduzir (com ajuda da PC) ao longo de todo o ano letivo, sabendo que o seu
sucesso ou fracasso nas determinadas modalidades, seria responsabilidade minha, como
se pode verificar nas seguintes afirmações “esta aula correu bem apesar de me
encontrar algo nervoso, mas mesmo assim julgo ter superado as minhas expectativas,
uma vez que julguei que poderia ter mais problemas em enfrentar os alunos e
respetivos comportamento inapropriados dos mesmos” 2; “Com esta aula senti alguma
dificuldade em manter os alunos empenhados na realização das habilidades técnicas”3.
Assim sendo, pretendi ao longo das aulas proporcionar situações de prática que
levassem os alunos à melhoria/aperfeiçoamento das suas habilidades motoras.
2 Retirado da aula nº1 no dia15 de Setembro de 2011
3 Retirado da aula nº7 no dia 06 de Outubro de 2011
10
Quanto ao planeamento da prática, também iniciei o ano letivo apresentando algumas
dificuldades em selecionar e adaptar os exercícios ao nível da turma, sempre com o
intuito de atingir o sucesso. Tal como referido acima, também aqui fui melhorando o
planeamento das aulas com o passar das mesmas, pois consegui ter uma melhor noção e
perceção quer dos exercícios adequados para determinadas tarefas, quer do tempo
necessário e eficaz que os alunos necessitavam para as realizar. “Durante a realização
dos exercícios, à exceção da parte inicial que foi dividido por duas estações, procurei
manter a mesma estrutura para que pudesse poupar tempo evitando transições
desnecessárias.”4;“(…), a minha instrução é fornecida de forma verbal e prática, para
ajudar a que os alunos percebam os exercícios pedidos, (…)”5Relativamente ao inicio
do EP verifico que neste momento tenho a capacidade de planificar uma aula utilizando
metade do tempo que despenderia nos primeiros planos de aula.
Por outro lado pretendi fazer chegar aos alunos o gosto pela prática da atividade
física, e seus benefícios, sendo este um papel importante que qualquer profissional de
desporto deverá incutir aos seus alunos ou atletas, procurando salientar a importância do
mesmo enquanto fenómeno sócio-cultural e de desenvolvimento do indivíduo, como
uma componente essencial a valorizar e integrar no quotidiano, (Mota, 1997),
procurando contrariar os hábitos de sedentarismo que a maioria dos alunos prática e que
o Ministério da Educação cada vez mais parece estar a querer que se desenvolva,
relativamente à tentativa de diminuição da carga horária na disciplina de EF para o
ensino secundário.
O professor tem como função principal a transmissão de conhecimento, pelo qual é
denominado o ato de ensinar. Tais conhecimentos são transmitidos, tendo por base os
currículos, (Roldão, 2007).
A turma teve um papel fundamental neste meu processo de formação, pois os alunos
em todas as aulas se mostravam dispostos e empenhados na realização das tarefas que
lhes eram propostas, tendo apenas em casos pontuais verificado situações de
comportamentos disruptivos, mas nada que não fosse resolvido de imediato. “É de
salientar também a dedicação e empenho que os alunos demonstraram na aula
enquanto realizavam os exercícios e escutavam a instrução dos mesmos (…)”6.“Os
4Retirado da aula nº14 no dia 03 de Novembro de 2011
5Retirado da aula nº32 no dia 26 de Janeiro de 2012
6Retirado da aula nº32 no dia 26 de Janeiro de 2012
11
alunos continuam a mostrar-se empenhados e participativos nas tarefas que lhes são
propostas.”7.
Nesta altura do ano verifico que relativamente ao inicio do EP, ultrapassei todas as
dificuldades inicialmente sentidas, através das experiências que pude vivenciar tanto nas
atividades curriculares (tarefas planeadas, preparação e realização das aulas), atividades
extra curriculares (reuniões de núcleo, departamento e grupo), torneios concelhios e
socialização com o meio envolvente, tendo a PC intervenções fundamentais para a
melhoria da minha intervenção nas aulas/formação pessoal, tendo sempre em vista a
aquisição de competências que sejam úteis para a vida profissional.
Foi proposto pela PC ao NE um trabalho que consistiu na realização do Estatuto da
Carreira Docente, o qual achei bastante pertinente e importante para o processo de
formação do EE, uma vez que é com este estatuto que o futuro professor se vai orientar
ao longo da sua carreira, sendo que nele, se referem todas as etapas pela qual o
professor terá de passar até ser colocado numa escola, as etapas de progressão na
carreira, os seus direitos e deveres, processos de avaliação, etc. No meu ponto de vista,
este e um tema que deveria ser abordado na faculdade, por exemplo (numa sessão de
tópicos), pois o EE após terminar o EP não possui qualquer orientação sobre a carreira
docente, sendo que se tivessem uma aula e um trabalho, mesmo sendo de grupo,
adquiriam sempre alguma informação essencial para este efeito.
Assim posso concluir neste momento que estou apto e detenho as
competências/conhecimentos básicas(os), necessárias(os) e essenciais para ingressar na
carreira docente, considerando-me um professor eficaz. Nunca descorando de que a
profissão de professor necessita de uma formação continua e especializada.
7Retirado da aula nº53 no dia 26 de Abril de 2012
12
13
3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL
14
15
Neste terceiro ponto será efetuado o enquadramento da prática profissional, pelo que
inicialmente será elaborada uma breve abordagem do Enquadramento Concetual, legal,
Institucional e funcional do EP.
3.1. Enquadramento Concetual do Estágio Profissional
Atualmente a escola assume um papel fundamental na formação dos seus alunos,
pois em muitas escolas existem alunos provenientes de outro países ou regiões, daí a
escola e respetivos professores terão que se ajustar à sua população, com vista a
promover o sucesso educativo dos mesmos.
A escola como organização possui as suas especificidades, e dependendo da sua
localização, trabalha tendo em vista a sociedade em que se insere, sendo esta que define
as formas de atuação de cada escola.
A escola como organização assume um papel fundamental para com todos aqueles
que a frequentam, abarcando um conjunto de caraterísticas, que segundo Alves (1999,
pp. 18-19) se assumem como:
“Natureza moral do trabalho que realiza, dando o caráter obrigatório e
involuntário da frequência escolar e o estatuto de menoridade intelectual, afetiva e
cívica, a que coloca os estudantes numa situação de dependência face aos professores,
daqui emergindo o imperativo e a obrigação moral de a todos educar”;
“Alto nível de formação, autonomia e trabalho individual do professor,
configurando-se uma prática singular, escassamente supervisionada e que escapa à
orientação e controlo da autoridade e dos pares”;
“Vulnerabilidade face às exigências dos contextos legal, familiar, social que faz
com que o trabalho educativo seja marcado pela ambiguidade, imprevisibilidade e
incerteza”;
“Existência de uma estrutura hierárquica de autoridade, mas onde podem
existir várias autoridades, poderes e contrapoderes e outras estruturas geradas pelas
interpretações humanas”;
“Divisão e hierarquização do trabalho.
A escola como organização, tal como refere, Sarmento (2004, p. 132) é vista “(…)
como um atributo da própria sociedade, porque é a escola (enquanto instrumento da
16
sociedade) que “cria” pessoas, molda o seu comportamento, incute-lhes ideais e
doutrinas à sua vocação, dá-lhes profissões, sendo justo, por isso que, pensemos na
escola para além de uma instituição de produção (entre alunos e professores)”. Já
Peres (2000, p.109) considera ser “necessário entender a complexidade e a
especificidade de cada escola, pois embora possua com outras organizações alguns
elementos comuns – finalidades, estruturas, poderes, processos de controlo, (…)”.
Para além das afirmações acima descritas, a escola defende e pratica os valores que
permitem a vivência de uma ética social onde valoriza as regras e os comportamentos da
sua população.
A escola como instituição trabalha para a sociedade pretendendo formar pessoas
competentes e idealistas, ajustando os seus recursos, materiais, pessoais, espaciais, etc.
A diversidade social e cultural da população escolar, tem exigido novos desafios e
soluções a estes problemas de natureza diversa, (Elias, 2008). Através do que
anteriormente foi referido, pude verificar que a ESAG como instituição tende em
desenvolver e estimular os seus alunos no gosto pela arte (desenho), organizando
anualmente, desde 1980, o “Prémio Nacional de Pintura Juvenil Augusto Gomes”, e
pelo desporto, principalmente o (Voleibol), modalidade rainha naquela região.
A escola assume-se então com um papel importante numa sociedade de mudança.
Fernandes (2000, p. 131) afirma que “a diversidade da população escolar é um
fenómeno particularmente marcante nos dias de hoje, tendo criado à escola a
necessidade de se adaptar aos patrimónios socioculturais de pertença dos alunos e de
se organizar no sentido de providenciar uma educação de qualidade para todos (…)”.
Neste sentido a escola tende em reajustar-se à sua população, revendo os seus
próprios parâmetros organizacionais, sendo capaz de converter-se tal como declara
Santos Guerra (2001, p. 26) “num modelo de funcionamento educativo capaz de gerar
uma estratégia de transformação da sociedade”.
Em suma só resta a nós futuros professores de EF continuar a lutar para transformar a
escola num espaço mais gratificante e atrativo a toda a sua comunidade.
17
3.2. Enquadramento Legal, Institucional e Funcional do
Estágio Profissional
A realização do EP, assumiu um marco fundamental para a minha formação como
futuro professor de EF.
No que diz respeito à regulamentação legal e respetivo funcionamento existe um
conjunto de orientações que regulamentam o EP. Estas assumem-se inicialmente com os
decretos-lei que determinam o sistema de ensino português aos regulamentos emitidos
pela FADEUP. Outro aspeto a ter em conta são as Normas Orientadoras do estágio
profissional do ciclo de estudo tendente ao grau de Mestre em Ensino de EF nos ensinos
Básicos e Secundário da FADEUP (2011/2012), as quais orientam e organizam todo o
processo de formação do EE.
Seguindo esta lógica, o estágio profissional encontra-se estruturado e em
funcionamento considerando os princípios decorrentes:
Das orientações legais constantes do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de Março8 e o
Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro9;
O Regulamento Geral dos segundos Ciclos da Universidade do Porto;
O Regulamento Geral dos Segundos Ciclos da FADEUP;
E o Regulamento da unidade curricular estágio profissional do ciclo de estudos
conducente ao grau de Mestre em Ensino de EF nos Ensinos Básicos e Secundário da
FADEUP.
Os decretos apresentados acima, determinam a Prática de Ensino Supervisionada
(PES). Essa PES ocorreu na escola à qual fomos colocados no inicio do ano letivo
2011/2012, tendo à minha disposição uma das três turmas que foram atribuidas à PC,
lecionando as aulas sempre à mesma turma durante todo o periodo letivo.
Segundo o Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional, “O EP visa a
integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, em
contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros
8 Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (2006). Decreto-lei n.º 74/2006 de 24 de Março.
Diário da República, 1.ª Série A, n.º 60, pp. 2242-2257. 9 Ministério da Educação (2007). Decreto-lei n.º 43/2007 de 22 de Fevereiro. Diário da República, 1.ª
Série, n.º 38, pp. 1320-1328.
18
docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e
exigências da profissão”10
.
Todos os aspetos que foram referidos anteriormente relativamente ao EP são regidos
por 4 áreas de desempenho do EE, com vista à obtenção de um ensino eficaz,
desenvolvendo conscientemente as suas competências profissionais. Assim as 4 áreas
são: Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem, com esta área
pretende-se “Construir uma estratégia de intervenção, orientada por objectivos
pedagógicos, que respeite o conhecimento válido no ensino da Educação Física e
conduza com eficácia pedagógica o processo de educação e formação do aluno na aula
de EF” 11
; Área 2 e 3 – Participação na Escola e Relação com a Comunidade, com a
qual se pretende “Contribuir para a promoção do sucesso educativo, no reforço do
papel do professor de Educação Física na escola e na comunidade local, bem como da
disciplina de Educação Física, através de uma intervenção contextualizada,
cooperativa, responsável e inovadora”12
; Por último temos a Área 4 – Desenvolvimento
Profissional, na qual se pretende “Perceber a necessidade do desenvolvimento
profissional partindo da reflexão acerca das condições e do exercício da atividade, da
experiência, da investigação e de outros recursos de desenvolvimento profissional.
Investigar a sua atividade em toda a sua abrangência (criar hábitos de
investigação/reflexão/Ação)” 13
.
A nível institucional o EP é uma unidade curricular do segundo ciclo de estudos
conducente ao grau de Mestre em Ensino de EF da FADEUP e decorre nos terceiro e
quarto semestres do ciclo de estudos.
Enquanto que no primeiro e segundo semestres as unidades curriculares estão
direcionadas para o sistema de ensino na escola, o terceiro e quarto semestres são
destinados à PES, desempenhando o papel real de professor de EF, neste caso na ESAG
e à turma 10ºK, conforme vai ser indicado abaixo.
10
Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de
Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP: 2011-2012.
Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Matos, Z. 11 a 13
Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos Conducente ao Grau
de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP: 2011-2012.
Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Matos, Z.
19
3.2.1. Caraterização do Contexto de Estágio – Espaço Físico
Desde o início do ano que a escola à qual me candidatei para realizar estágio se
encontra em obras de reestruturação, com o propósito de melhorar as condições de
ensino e conforto dos alunos, professores e funcionários. Daí, durante todo o período
letivo o espaço físico da mesma se encontrar sem as caraterísticas normais para a
lecionação das aulas, tendo os professores que lecionar as mesmas em monoblocos.
Anteriormente à realização das obras, o espaço físico da ESAG era constituído por,
sete divisões cobertas, para além do campo polidesportivo exterior, existindo um campo
de voleibol no espaço (P4, consoante a disposição indicada no “roulement”), o qual
se situa mesmo em frente ao ginásio, por trás do pavilhão sul, um campo de futebol,
contudo, este não era utilizado para a prática desportiva das aulas de EF devido ao mau
estado do piso.
Assim sendo e ao longo de todo o período letivo, o grupo de EF teve a felicidade de
dispor do pavilhão gimnodesportivo coberto para a prática da disciplina e um espaço
exterior, que se resume a metade de um campo de Andebol, pois teve que ser ocupado
com os respetivos monoblocos. O pavilhão dispunha de todas as condições necessárias à
prática das modalidades, encontrando-se num nível bom de conservação.
3.2.2. Comunidade Educativa Interna
A ESAG é composta por um grande número de docentes e discentes, que trabalham
para o seu bom funcionamento, proporcionando boas condições para o ensino dos
alunos. Esta comunidade é composta pelo Conselho Geral, Conselho Administrativo,
Direcção Executiva, Serviços Administrativos, Conselho Pedagógico, Coordenadores
de Departamento, Professores, Assistentes técnicos e operacionais, Alunos, Pais e
Encarregados de Educação.
O grupo de EF encontrou-se composto por 9 professores (2 homens e 7 mulheres) e
ainda por 3 estagiários da FADEUP e outros 3 do Instituto Superior da Maia. A
coordenadora deste grupo foi a professora Dioclécia Melo.
O Núcleo de Estágio é constituído pela PC Camila Vasconcelos, PO José Mário
Cachada e pelos EE João Mendes, Licurgo Figueiredo e Miguel Silva.
20
Quanto à PC, desde o primeiro momento em que entrei na ESAG, tem
supervisionado o meu trabalho de perto, tendo sempre como preocupação a minha
orientação, de modo a levar-me para um patamar mais elevado no que diz respeito ao
nível de conhecimentos do ato educativo em si.
O PO tem uma função mais afastada do dia-a-dia da ESAG, estando apenas presente
em 3 momentos de atuação pedagógica. Por outro lado, é ele o responsável pela
orientação do estágio profissional, transmitindo as informações relativas à FADEUP e
supervisiona a execução dos documentos pedidos pelo regulamento de estágio como é o
caso por exemplo do relatório de estágio.
Considero que ao longo de todo o período de estágio, estes foram dois alicerces
fundamentais ao meu processo de formação, sendo deles que obtive os principais
feedbacks relativamente a todo o meu trabalho durante o EP.
3.2.3. Alunos
Neste ponto irei realizar um apanhado geral das caraterísticas da minha turma. Esta
descrição tem por base os resulta que foram recolhidos no inicio do ano letivo através
de uma ficha de caraterização da turma, a qual foi preenchida por cada aluno
individualmente, com o objetivo de os conhecer e compreender melhor. Abaixo apenas
apontarei os dados considerados mais relevantes.
A turma era constituída por 24 alunos com idades entendidas entre os 14 e os 16
anos, onde a prevalência do sexo feminino se fazia notar, com a existência de 19 alunas
na turma.
Apenas 20 alunos mencionavam que gostavam de andar na escola, os restantes
referiram o contrário.
A nível geral os alunos apresentam um estilo de vida saudável, referindo que não
fumam nem bebem.
As disciplinas de Desenho e EF, foram mencionadas, como sendo as preferidas,
existindo uma maioria relativa dos alunos que preferem a primeira.
3.3. Comunidade Educativa Externa
A ESAG localiza-se no concelho e freguesia de Matosinhos, na Rua de Damão.
Situa-se limitada a sul pelo concelho do Porto e pelas freguesias de Leça da Palmeira,
Guifões e Senhora da Hora, a norte, nordeste e este respectivamente. A escola encontra-
21
se aproximadamente a 50 m da Junta de Freguesia e a 200 m do Tribunal de Comarca
de Matosinhos.
História:
Entre 1964 e 1972 funcionou no antigo edifício do Tribunal de Matosinhos uma
secção do Liceu Normal D. Manuel II (actual escola Secundária de Rodrigues de
Freitas). Foi a partir desta secção que nasceu em 1972, nas actuais instalações, da nossa
escola com a designação de Liceu Nacional de Matosinhos. Mais tarde, em 1979,
passaria a chamar-se Escola Nº 2 de Matosinhos, e, em 1989, receberia a designação de
Escola Secundária de Augusto Gomes – Matosinhos. Em 2002 o nome passaria a ser
Escola Secundária com 3º ciclo Augusto Gomes. A escolha da designação Augusto
Gomes teve em conta a tradição artística da Escola e o intuito de honrar um pintor
matosinhense, cuja obra reflete, na temática e na interpretação das formas, a terra e as
suas gentes. Neste sentido, a escola: organiza anualmente, desde 1980, o “Prémio
Nacional de Pintura Juvenil Augusto Gomes”.
22
23
4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL
24
25
O primeiro contacto com o contexto escolar aconteceu no mês de Setembro. Nesse
mesmo mês tive que me apresentar na ESAG para proceder ao preenchimento dos
documentos necessários para realizar a PES.
Para a realização do EP foram elaborados objetivos e estratégias com vista a atingir
as dificuldades inicialmente vivenciadas e também aquelas que foram ocorrendo ao
longo de todo o EP, os quais obrigaram a realizar uma interligação das várias áreas e
domínios a percorrer no processo de formação, para que melhor se pudessem atingir os
objetivos propostos em cada uma das 4 áreas, que ajudaram a aperfeiçoar as minhas
competências profissionais.
De seguida irei descrever cada uma das 4 áreas de desempenho, realizando uma
reflexão crítica de cada uma das 4 categorias, (conceção, planeamento, realização e
avaliação), apresentando as estratégias do trabalho que foi desenvolvido por mim ao
longo deste ano letivo.
4.1. Área – 1 Organização e Gestão do Ensino e da
Aprendizagem
4.1.1. Conceção
Sem qualquer impedimento para iniciar o período letivo, comecei a minha atividade
na ESAG sem conhecimentos relativos ao Regulamento Interno (RI) e métodos de
trabalho da escola, pois sempre julguei que pelo fato desta se encontrar remodelação, a
sua organização e métodos de trabalho fossem sofrer algumas alterações, podendo por
isso demonstra certas lacunas.
Neste sentido, ao chegar à ESAG e após ter uma conversa formal com a PC, a qual
teve um papel fundamental no apoio fornecido e através dos materiais/documentos
essenciais ao arranque do ano letivo, foi-me dado a conhecer as instalações da mesma e
respetivos funcionários, para que pudesse desde cedo familiarizar com todo meio
envolvente.
A disciplina de EF encontra-se inserida no Departamento de Artes, Tecnologias e
Desporto, a qual possui um RI, o qual foi mencionado e apresentado à turma no
primeiro dia de aulas.
26
As primeiras reuniões foram realizadas com o grupo de EF e grupo 620. Estas
reuniões permitiram realizar uma conceção sobre a organização do processo de ensino,
perceber de forma mais esclarecedora e recolher informações importantes sobre o
contexto escolar local, das quais obtive bons indicadores, sendo esta uma das razões
pela qual concorri a esta escola.
A conceção assume-se como a primeira tarefa do professor relativa à organização e
gestão do ensino. Nos dias seguintes participei em várias reuniões, quer com o núcleo
de EF quer com o grupo 620 e em todas elas foram dadas as boas-vindas aos EEs,
proporcionando um bem-estar e um sentimento de orgulho por sentir que fazia parte
integrante daquele grupo.
Antes de iniciar o período letivo foram analisados os Programas de EF relativos aos
diferentes ciclos de ensino, e respetivo RI da disciplina. Ainda nesta fase, foi reajustado
o Plano Anual de Atividades (PAA) distribuindo as modalidades ao longo do ano letivo
pelos 3 períodos, de acordo com os espaços existentes no “roulement” e materiais
disponíveis, os quais tiveram que ser devidamente divididos pelas diferentes turmas,
tendo sempre em conta o ano de escolaridade, e o número de turmas que lecionavam à
mesma hora.
O PAA tem um papel fundamental, pois através deste documento, podemos
visualizar os objetivos que a escola apresenta para cada ano letivo, constitui por isso um
plano sem pormenores, indicando apenas de um modo geral, a atuação que o professor
deve seguir ao longo do ano, tendo sempre em consideração que este documento não
deixa de requerer trabalhos preparatórios de análise e balanço, (Bento, 2003).
Antes de dar inicio ao 1º período, foi efetuado pelo NE, a pedido da PC, a realização
de uma ficha de caraterização do aluno, a qual permitiu ter uma perceção e
conhecimento da turma num modo geral e em particular do aluno, auxiliando em muito
o professor no processo de planificação das aulas, permitindo perceber os
comportamentos de alguns alunos. Como o NE não tinha qualquer ideia da estrutura e
perguntas a realizar, foi-nos fornecido um documento modelo, pelo qual nos guiamos,
tendo os elementos do núcleo realizado alguma pesquisa que complementasse esse
mesmo documento.
Esta ficha foi dividida em 10 categorias, (Dados Pessoais, Encarregados de
Educação, Agregado Familiar, Caraterização Escolar, Deslocações, Saúde, Educação
27
Física, Hábitos do quotidiano, Ocupação dos tempos livres e Caraterização sócio
afetiva).
Após efetuada esta análise, foi criado um documento final que dispunha de um
gráfico para cada uma das respostas, ao qual foram atribuídas percentagens, que
permitiram interpretar os resultados de forma mais ilustrada e eficaz.
Estas informações iniciais e planificação do período letivo foram especialmente
importantes e essenciais, pois serviram de base a todo o restante planeamento das aulas,
de forma a adequar o processo de ensino-aprendizagem aos alunos em questão.
4.1.2. Planeamento
O planeamento é visto como um mapa que orienta o professor no seu processo de
ensino a determinada turma, ajustando o mesmo às suas caraterísticas, tendo em vista a
melhoria da sua ação, qualidade de ensino e obtenção de resultados positivos ao longo
do período letivo.
O planeamento do ensino-aprendizagem, foi das etapas mais difíceis durante o
arranque do EP, uma vez que este foi o primeiro contacto que tive como professor numa
escola, tendo ao meu encargo uma turma, para a qual necessitei planear as aulas. Neste
planeamento, necessitei de aplicar os conhecimentos adquiridos durante a formação
inicial nos anos anteriores ao estágio ministrado pela FADEUP, os quais estão todos
relacionados com o Modelo de Estrutura do Conhecimento (MEC) (construção da
Unidade Temática (UT), do Plano de Aula (PA) e Estrutura do Conhecimento).
Com os restantes elementos do NE e PC, foram efetuadas as fichas modelo, quer da
UT, quer do PA. Estes documentos foram sempre realizados no inicio de cada período
para as UT, antes de cada aula nos PA e antes de cada modalidade a Estrutura do
Conhecimento.
Segundo Bento (2003, p. 57), “Os trabalhos de planeamento do professor de
Educação Física relacionam a direção essencial das exigências e conteúdos
programáticos com a situação pedagógica concreta”, o mesmo autor refere ainda que
estas são formas do professor expressar a sua personalidade, e estilo individual de
ensinar, utilizando para esse efeito o seu conhecimento e competência.
28
Portanto, o planeamento contém uma série de tomadas de decisão, as quais irão
permitir um ensino eficaz, para isso é necessário o EE saber o que ensinar, tendo sempre
em conta as caraterísticas da turma.
Importa referir que o planeamento assume um papel importante no processo de
ensino-aprendizagem, uma vez que oferece a possibilidade de uma apresentação
compreensível da matéria. Este deverá possuir tal como refere Bento (2003, p. 53) “uma
configuração ajustada das dificuldades, tendo em conta a estrutura objetiva (…) da
matéria, mas ainda a sequência lógica da matéria”.
Ao longo do EP, confrontei-me com estes pequenos, mas ao mesmo tempo grandes
pormenores, os quais me fizeram crescer enquanto profissional de EF. Através dos
feedbacks fornecidos pela PC em reflexão no final das aulas, apercebi-me que o fato de
planificar por exemplo uma aula com “pés e cabeça”, tendo sempre em mente um
outro exercício (plano B) que pudesse substituir aquele que não estivesse a correr como
previsto no momento em que a aula estava a decorrer permitindo uma intervenção de
maior qualidade. Tais situações aplicam-se também ao planeamento de outros
documentos que auxiliam o professor no seu processo de ensino, como foi o caso
também da UT, onde a sua organização teve um papel fundamental na realização dos
PA, uma vez que a informação que esta continha era tão detalhada que facilitava em
muito este processo.
A passagem da teoria para a prática em muitas situações não é fácil, por isso, é
essencial que o EE selecione apenas a informação necessária para proceder à
planificação, o que permite que posteriormente essa informação seja aplicada de forma
pertinente. Neste sentido pretendi realizar a minha planificação de forma
contextualizada dando ênfase a determinados pontos que anteriormente foram alvos de
críticas ou a situações que correram menos bem.
O primeiro passo da planificação, consistiu na realização da UT a qual era realizada
anteriormente à lecionação de cada modalidade, tendo sempre em conta tal como afirma
“as indicações do programa e o plano anual de atividades” Bento (2003, p. 60).
As UT foram efetuadas das após a realização da Avaliação Diagnóstica. É a partir
destas que se efetua o planeamento da UT, tendo sempre em conta os recursos materiais,
humanos, temporais, bem como o “roulement” das instalações. A sua estrutura depende
ainda do volume e dificuldades das tarefas de ensino e aprendizagem, Bento (2003).
29
O “roulement” é um documento que nos permite verificar em que espaço do pavilhão
iremos lecionar as aulas, bem como o número de turmas que irão realizar aula nesse dia
e nessa hora.
Comparativamente com o segundo e terceiro período, o primeiro foi aquele em que
senti mais dificuldade na realização das UTs, principalmente manifestada no tempo que
demorei a realizar cada uma. Relativamente à extensão e sequência dos conteúdos, não
tive tanta dificuldade em distribuir os mesmos, pois a formação inicial realizada no ano
anterior na FADEUP foi bastante útil e enriquecedora, o que me facilitou na sua
realização. Apenas foi realizado um melhoramento sugerido pela PC na estrutura do
mesmo, no qual foi acrescentado a cultura desportiva, conceitos psico-sociais e
condição física.
Em todas as modalidades lecionadas, os alunos apresentavam um nível baixo de
conhecimento das matérias abordadas, e mesmo sendo uma turma de 10º ano de
escolaridade, os quais já deveriam ter pelo menos conhecimentos elementares, das
varias modalidades. Por isso, tive que lecionar partindo do nível básico, procurando
sempre no final de cada modalidade fazer com que todos os alunos se encontrem no
nível superior de conhecimentos.
Assim sinto que as minhas capacidades de improviso e planificação, foram evoluindo
ao logo do ano letivo, tendo a PC um papel fundamental pelos concelhos que havia
indicado, quer pelo trabalho realizado com os restantes elementos do NE da FADEUP.
A etapa seguinte correspondeu à realização da ficha modelo relativa ao PA. Numa
fase inicial, o NE pretendeu realizar um modelo que fosse global a todos os EE.
Este plano foi elaborado com o intuito de auxiliar os EEs no planeamento da aula, o
qual representa todo o trabalho de preparação das mesmas, atendendo, assim como
afirma Bento (2003, p.63), à “realização metodológica do ensino e ao balanço das
atividades concretas do professor e dos alunos”. O principal enfoque da sua realização
centrou-se nas matérias que iriam ser lecionadas. Tive ainda em atenção as condições de
ensino e respetivos dados dos alunos e da análise das etapas anteriores, promovendo um
aumento de tempo de empenhamento motor, o qual originava por consequência do
anterior um acréscimo do tempo potencial de aprendizagem.
30
Assim sendo, no meu entender, o PA é visto como o braço direito do professor. Por
este motivo encarei o PA com seriedade, planeando e alterando-o sempre que assim se
justificava, pois o PA deve ser visto como um plano flexível.
Durante a realização dos primeiros PA, senti algumas dificuldades em selecionar
exercícios apropriados à turma, pois inicialmente prescrevia-os como se fosse para
aplicar a alunos que já dominavam a modalidade, criando os mesmos numa vertente de
treino. Outro fator esteve associado à prescrição de exercícios que continham estruturas
organizativas diferentes, as quais faziam despender demasiado tempo de transição.
Com o desenrolar das aulas e respostas dos alunos a estas planificações, consegui,
após passado o primeiro período, avaliar e prescrever as aulas de forma mais eficaz e
apropriado ao nível da turma. Neste sentido a PC teve um papel fundamental na
melhoria da minha intervenção, pois no final de cada aula, era realizada uma reflexão,
na qual eram identificados os aspetos negativos e positivos, sendo posteriormente
apresentadas soluções para combater as lacunas identificadas.
Assim, se numa primeira fase da realização da prática profissional, tanto o processo
de planeamento da UT, como do PA se caraterizam pelo excesso de informação e de
tempo, situação que com a experiência vivida, fui melhorando, cingindo-me apenas à
informação mais essencial.
Portanto, o planeamento prévio dos documentos é fundamental pois auxilia o
professor no seu processo de ensino, mais especificamente na realização das tarefas com
vista a obtenção dos objetivos estipulados, tendo em atenção que estes não devem ser
encarados como planos que devem ser seguidos à risca.
Agora, sinto que ao longo de todo o período de estágio fui melhorando neste sentido,
devido essencialmente às reflexões realizadas no final das aulas e à troca de
informações com os meus colegas do NE.
4.1.3 Realização
4.1.3.1 Primeiro impacto e estratégias utilizadas
A realização da prática profissional foi sustentada em todos os documentos
anteriormente referidos.
31
Durante a realização das primeiras aulas, sentia-me algo inseguro, tendo a perfeita
noção de tal situação. Sentia também que a minha presença nas aulas não era firme, pois
estava um pouco acanhado durante o decorrer das mesmas, não tendo inicialmente uma
voz firme que fizesse despertar nos alunos o ânimo para a prática em si. Vejo agora isto
como uma situação importante numa fase inicial do ano letivo, pois se tivermos de
imediato “punho firme” numa turma, por exemplo com tendência para comportamentos
disruptivos (como se verificou numa turma de 1 colega de estágio), ou sem motivação
para a prática de atividades físicas, permite que consiga-mos rapidamente atingir os
objetivos propostos, uma vez que dispomos de toda a atenção da turma.
Contrariando um pouco o que foi referido anteriormente, a minha turma facilitou a
minha intervenção, apresentando-se a maioria relativa dos alunos calmos e sem
comportamentos disruptivos durante as aulas.
Nesta fase, a PC teve também um papel fundamental na melhoria da minha
intervenção pedagógica, uma vez que no final das aulas, fornecia conselhos relativos à
minha movimentação e disposição no espaço, forma de realizar a instrução e sempre
com o intuito de progredir o mais rápido possível no sentido pretendido.
Procurei por isso implementar nos alunos rotinas, de forma a rentabilizar as aulas.
Estas rotinas no meu entender são vistas como elementos importantes que se devem ter
em conta para o bom funcionamento da aula. No caso da minha turma, procurei
introduzir as mesmas a partir da primeira aula, referindo desde logo as regras do RI,
gesto e voz de comando para proceder ao agrupamento dos alunos depois de terminado
um exercício, nesta ultima, os alunos dispunham-se à minha frente em meia-lua, para
que todos me conseguissem ver e ouvir, procurando evitar que estes se encontrassem
uns atrás dos outros. Outra rotina que se tornou essencial esteve relacionada com o
trabalho de cooperação aluno-professor e aluno-aluno no inicio e final de cada aula para
proceder à arrumação do material. Esta tornou-se imprescindível não só para fomentar a
união da turma mas também ajudou a criar um ambiente de bem-estar e boa disposição
mesmo depois de terminada a parte prática da aula, evitando também que alguns alunos
fossem mais cedo que outros para o banho. “Após realizado o aquecimento e os
alongamentos, com a ajuda dos alunos montei as estações como indicado no plano,
tendo estes um papel bastante ativo e empenhado na montagem das mesmas.”14
;
14
Retirado da aula nº37 no dia 14 de Fevereiro de 2012
32
“Depois de terminada a avaliação procedemos à arrumação do material, tendo
novamente os alunos ajudado nesta situação, (…)”15
.
Outra situação não menos importante foi o fato dos alunos que estavam indisponíveis
para realizar a aula, isto é, que pediam dispensa ou esqueciam do material, realizavam
sempre uma ficha (Relatório da Aula), na qual tinham de fazer por escrito, uma
explicação sumária sobre os exercícios da aula, respondendo às questões que nela eram
descritas. Estes relatórios eram corrigidos e entregues ao aluno com os aspetos que
deveriam melhorar, sendo atribuída uma nota qualitativa ao mesmo, servindo como
critério de desempate na atribuição das notas. “A presente aula teve início à hora
prevista, contando com a falta de 1 aluno e a dispensa de outra por falta de material, o
qual realizou o respetivo relatório de aula.”16
.
4.1.3.2 Modelos de intervenção pedagógica
No decorrer do ano letivo, a minha intervenção pedagógica nas aulas foi orientada
fundamental para que os alunos conseguissem atingir o sucesso ao realizarem as
diferentes tarefas motoras, jogo informal e formal, etc, sustentando-me principalmente
em dois tipos de modelo, os quais julguei serem mais apropriados para o processo de
ensino-aprendizagem dos alunos. Daí, a ter escolhido os Modelos de Instrução Direta
(MID) e o Desenvolvimental (MD). Também a otimização do feedback pedagógico foi
importante para a promoção de um ensino eficaz.
Um professor eficaz/competente deverá ter a perfeita consciência de que não se pode
cingir única e exclusivamente a um modelo. Rink, (2001) refere que não existe nenhum
modelo que seja adequado a todos os envolvimentos de aprendizagem, mas sim que
existem modelos que se adequam mais do que outros, dependendo das características da
turma a nível geral, tendo sempre em atenção o aluno como sujeito individual.
4.1.3.2.1 Modelo de Instrução Direta
Este é um tipo de modelo direto e formal, no qual os seus procedimentos de ensino
são fechados, tendo os alunos um papel reduzido durante a tarefa. A figura central deste
modelo é o professor, este toma todas as decisões na aula e os alunos limitam-se a
15
Retirado da aula nº45 no dia 15 de Março de 2012 16
Retirado da aula nº39 no dia 23 de Fevereiro de 2012
33
reproduzir as tarefas propostas pelo mesmo, sendo o professor que monitoriza e controla
afincadamente os alunos, realizando o controlo administrativo, explicita as regras e
rotinas dos alunos (Mesquita & Graça, 2009).
Na atualidade, este modelo, continua a ser utilizado quer no contexto do ensino da
EF, quer no treino desportivo, pois é visto como elemento importante, por demonstrar
resultados positivos no ensino de habilidades em contexto de baixa interferência
contextual, (Mesquita e Graça, 2009).
Nas minhas aulas, a aplicação deste modelo foi utilizada sempre no inicio das
mesmas, durante a realização dos exercícios de aquecimento e respetivos alongamentos,
onde os alunos reproduziam os exercícios que propunha e exemplificava. Também antes
de cada exercício, era-lhes fornecido por mim em algumas situações o modelo desse
mesmo exercício. A reprodução deste modelo exigiu de mim, um conjunto de tomada
de decisões didáticas exigentes para que conseguisse atingir os objetivos iniciais a que
me tinha proposto.
Também com o decorrer das aulas de cada modalidade procurei efetuar uma
progressão lógica, consolidando sempre as matérias que haviam sido introduzidas na
aula anterior e acrescentando novas habilidades em cada aula, corrigindo os alunos
tendo em atenção os objetivos traçados para a realização desses exercícios.
Na aplicação deste modelo, o professor realiza um conjunto de decisões didáticas das
quais se evidenciam de acordo com Rosenshine (1983), como sendo: (I) a estruturação
meticulosa e pormenorizada das situações de aprendizagem; (II) a progressão das
situações de ensino em pequenos passos; (III) a indicação do critério mínimo de sucesso
a alcançar pelos alunos; (IV) a instrução com cariz descritivo e prescritivo com
explicações detalhadas; e) a prática motora ativa e intensa; (V) a avaliação e correção
dos estudantes, particularmente nas fases iniciais de aprendizagem.
Seguindo os mesmos autores, são apresentadas tarefas que o professor tem que
realizar durante a aula de EF, tendo em conta a seguinte ordem: (I) rever a matéria
aprendida na aula anterior; (II) apresentar nova habilidade ou conteúdo em geral; (III)
monitorizar a atividade motora dos alunos; e (IV) avaliar e corrigir sistematicamente em
referência aos objetivos traçados.
Tal como foi referido acima, este modelo foi utilizado até que os alunos começassem
a adquirir as rotinas das aulas, o empenhamento nas tarefas e automatismo das mesmas.
34
Á medida que os alunos foram demonstrando capacidades a nível individual e coletivo,
procurei fornecer mais liberdade aos mesmos, deixando-os tomar algumas decisões
didáticas.
4.1.3.2.2 Modelo Desenvolvimental
Como forma de complementar o meu processo de ensino, utilizei também o MD
numa fase mais avançada da minha intervenção, ao adequar as tarefas de ensino à
capacidade de interpretação e resposta dos alunos. Ao longo das aulas procurava
fornecer feedbacks aos alunos verificando de seguida se estes executavam aquilo que
era exigido, procurando a reprodução perfeita das habilidades motoras para mais tarde o
aluno poder ser avaliado.
Segundo Mesquita & Graça, (2009, p. 51), o MD pretende “auxiliar o professor no
delineamento dos processos instrucionais, particularmente pela adequação das tarefas
à capacidade de interpretação e resposta dos praticantes”. Como tal, para que os
alunos obtenham bons níveis de desempenho é imprescindível que sejam analisados os
conhecimentos iniciais destes, estabelecendo uma relação entre a zona do
desenvolvimento atual e a zona do próximo desenvolvimento, (Bento, 1987).
Este modelo é fundamental para o processo de ensino aprendizagem dos alunos, pois
a sua aplicação permite-lhe adquirir autonomia e essencialmente dar significado aquilo
que aprende nas aulas, aplicando depois em contexto de jogo, começando com jogos
reduzidos, passando depois para o jogo formal.
Através das indicações referidas acima, Rink (1993) é da opinião que o professor
pode facilitar a aprendizagem se obedecer aos 3 conceitos orientadores da Estrutura
Curricular e Funcional do Processo Instrucional, tidos como essenciais neste modelo:
Progressão: Tal como é indicado, o ensino deve ser estruturado de forma
progressiva, na medida em que facilita ao praticante a passagem do nível de
desempenho atual para outro mais avançado, partindo sempre da base para o topo. Este
é também determinado por 4 categorias: Extensão, Profundidade, Sequência e Ênfase.
Refinamento: Define-se como sendo o afinamento de determinadas
componentes críticas, tanto do foro percetivo-decisional como motor, que dada a sua
complexidade, exige um tratamento mais refinado, melhorando com isto a qualidade da
prática, das execuções e respetivas execuções das habilidades.
35
Aplicação: Permite a contextualização dos conteúdos lecionados anteriormente
de forma analítica, aplicando-os na prática aos quais são conferidos significados e
auxiliam o praticante na regulação da própria aprendizagem. Esta contextualização pode
ter uma interferência contextual elevada, moderada ou baixa.
A aplicação deste modelo foi apenas conseguida a partir de meados dos do 2º
período, mesmo sendo de uma forma pouco vincada, pois o mesmo exige dos alunos
uma responsabilidade acrescida e autonomia. Neste sentido o MID foi fundamental.
A minha intenção ao longo do ano letivo foi utilizar estes dois modelos, procurando
manipular as tarefas, para que os alunos desenvolvessem as suas capacidades.
A instrução apresenta-se como um instrumento essencial no processo do ensino
aprendizagem, e tem por âmbito os comportamentos e técnicas de intervenções
utilizados pelo professor com vista a comunicar de forma eficaz a informação
pretendida. Na instrução são identificados 3 momentos com objetivos específicos: 1 –
antes da prática recorrendo-se a preleções, apresentação das tarefas, explicações e
demonstrações; 2 – durante a prática através da emissão de feedbacks; 3 – após a
prática, pela análise referenciada à prática desenvolvida, (Siedentop, 1991).
4.2. Área – 2 e 3 - Participação na escola e relação com a
comunidade
A segunda e a terceira área encontram-se interligadas, optei por realizar esta ligação,
uma vez que a participação na escola só é bem sucedida se houver uma boa relação com
a sua comunidade.
No inicio do ano letivo foram programadas atividades de carater não letivo, as quais
foram desenvolvidas com o intuito de integrar alunos, professores e funcionários.
Os meus primeiros momentos de integração foram as reuniões realizadas com o
Departamento, Grupo e NE, nas quais, durante a fase inicial tive uma intervenção pouco
vincada e com o passar do tempo fui tendo uma relação mais cooperativa e interventiva
com os membros do grupo intervindo e fornecendo a minha opinião em determinadas
situações. Apesar de lenta, a minha integração na comunidade escolar foi bastante
facilitada, pois o bom ambiente e relação com os alunos da minha turma 10ºK, que foi
evoluindo de forma progressiva ao longo dos 3 períodos, e que originou uma amizade
com todos os elementos, proporcionando um clima pedagógico eficaz. Também a boa
36
relação entre professores e funcionários que se encontravam sempre dispostos a ajudar
proporcionou esta situação, visto que estes também procuravam saber qual a minha
opinião relativamente a determinadas temáticas. Outro fator importante foi a boa relação
tida com professores das outras disciplinas contribuiu positivamente para a minha
integração. Com os meus colegas de estágio a relação foi mais sentida, uma vez que
ambos trabalhávamos com os mesmos objetivos, criando-se uma amizade e um espírito
de entreajuda fascinante. Para complementar esta minha integração a PC teve um papel
importantíssimo, pois foi ela que orientou toda a minha prática pedagógica fazendo-me
crescer como profissional e como pessoa, uma vez que desde o inicio do ano procurou
passar-nos a sua metódica, responsabilidade e organização de trabalho, o que sempre
soube fazer muito bem.
Com isto, posso afirmar que no final do ano letivo me senti integrado na comunidade
escolar, contribuindo para o seu desenvolvimento através da realização de algumas
atividades.
Ao longo do período letivo, foram realizadas atividades escolares não letivas, as
quais foram programadas e realizadas pelo Grupo de EF e outras pelo NE da FADEUP,
nas quais tive oportunidade de participar, tendo sempre como foco principal dinamizar a
comunidade escolar da ESAG.
De seguida irei apresentar todas as atividades nas quais participei.
No 1º período foi realizado pelo grupo de EF o Corta-Mato Escolar, o qual se
realizou no dia 15 de Novembro de 2011, ocupando toda a mancha horária da manha,
tendo como público-alvo os estudantes do 3º ciclo do Ensino Básico e Ensino
Secundário da ESAG. Os alunos foram divididos por escalões etários e género para
realizar as provas, mantendo a competitividade justa para os mesmos. Durante toda a
atividade tive como função organizar os alunos após passarem a meta para que se
pudesse realizar o registo por escrito da posição que terminou. Após o término da
atividade juntei-me com os restantes professores onde procedemos à informatização dos
resultados para que mais tarde pudessem ser expostos aos alunos.
No 2º período foi realizada a segunda atividade, a qual se desenrolou no dia 12 de
Janeiro de 2012. Esta consistiu na realização de um torneio de badminton apenas com
alunos da ESAG. Este torneio foi realizado no âmbito do desporto escolar, onde
37
contaram com a participação de um total de 78 atletas, (38 atletas juvenis masculinos e
26 femininos), (13 juniores masculinos e 1 femininos).
A minha função durante este torneio foi de segundo árbitro dos jogos e de oficial de
mesa, anotando no final do jogo a pontuação de cada jogador, registando quem tinha
passado à fase seguinte. Foi com bastante agrado que fiz parte da organização deste
torneio, experiência na qual nunca tive qualquer contacto, mas que voltaria a repetir se
tiver outra oportunidade.
A terceira atividade consistiu na realização do Dia Tradicional, esta foi realizada no
dia 8 de Fevereiro de 2012 pelo núcleo de estágio da FADEUP, os quais se tinham
proposto organizar. Pretendia-se com a mesma proporcionar aos alunos vivências em
jogos tradicionais, os quais na sua maioria já não são praticados no quotidiano atual e
que foram muitas vezes jogados na adolescência pelos seus pais e avós.
Esta atividade foi destinada para as turmas que tinham aula de EF nessa manhã 8:15
às 13:15 acompanhadas dos seus respetivos professores, existindo 3 blocos de 90
minutos.
Todos os alunos tiveram o direito de participar em todos os jogos durante um período
máximo de 10 minutos e mínimo de 8. Estes jogos eram: Jogo das cadeiras, o qual teve
uma maior adesão em todo o dia, as andas, em que os alunos tinham que realizar um
trajeto delimitado por cones, a corrida de sacos, jogo que também foi bastante
concorrido, existindo um espírito de competitividade saudável, o jogo do botão, em que
inicialmente os alunos se mostravam apreensivos, mas que com o desenrolar das
jogadas se interessavam criando também uma boa adesão por parte destes ao mesmo, o
bowling, que consistia em derrubar os pinos com bolas de ténis, tinha também o jogo da
corda, tendo como objetivo colocar todos os alunos daquele grupo a saltar à corda,
entrando um de cada vez, por fim o jogo do tiro às latas e também dos aros.
Esta foi a melhor experiencia vivenciada, tendo em conta as atividades que realizei,
uma vez que esta atividade foi projetada e realizada pelos 3 elementos do NE da
FADEUP (João Mendes, Licurgo Figueiredo e Miguel Silva), tendo como membro
fundamental prestando auxílio nesta ultima tarefa a PC Camila Vasconcelos. Ao longo
de toda a atividade tive como funções a monitorização dos alunos pelas atividades.
Para terminar, no 3º período foi realizado o torneio inter-escolas do concelho de
Matosinhos, denominado por “Torneios Concelhios”, o qual se realizou durante um
38
período de uma semana de 16 a 20 de Abril e teve como população alvo os alunos do 3º
ciclo e do ensino básico e secundário.
A minha função neste torneio foi de treinador adjunto da equipa de Basquetebol
masculina e feminina, tendo a equipa feminina chegado às meias-finais e a masculina
conseguido um 2ºlugar.
4.3. Área – 4 – Desenvolvimento Profissional
Na presente área irei debruçar-me sobre a realidade do Insucesso Escolar (IE) que
nos últimos anos tem-se vindo a demonstrar uma matéria que tem preocupado escolas e
professores de todo o mundo.
Neste âmbito foi criado pelo Ministério da Educação um programa que tem em vista
a redução do IE, cujo nome do Projeto se intitula por “Mais Sucesso Escolar”17
, o qual
visa “o apoio ao desenvolvimento de projetos de escola para a melhoria dos resultados
escolares no ensino básico, com o objetivo de reduzir as taxas de retenção e de elevar a
qualidade e o nível de sucesso dos alunos”(…), concebido pelas próprias escolas e que
promove efetivamente a diferenciação pedagógica”.
Este foi um problema que foi identificado na minha turma, em que cerca de 1/4 dos
alunos reprovaram de ano, tendo por isso esta situação despertado a minha atenção, daí
a ter realizado uma revisão bibliográfica sobre o tema “Insucesso Escolar”.
Nesta revisão bibliográfica pretendo mostrar numa fase inicial o enquadramento
histórico na Europa e a nível Nacional, o conceito do IE segundo vários autores, as
causas do IE, as teorias explicativas e o papel do professor.
4.3.1. O tema “INSUCESSO ESCOLAR”
4.3.1.1. Introdução
Com o aparecimento e aumento dos anos de escolaridade obrigatória, o IE passou a
ser um fenómeno presente nas escolas. Inicialmente, era visto como um problema de
números em que alguns alunos simplesmente reprovavam de ano. Com o passar dos
17
Retirado do Site “ www.dgidc.min-edu.pt/outrosprojetos” no dia 15 de Agosto de 2012.
39
anos e com o aumento do número de reprovações, o IE passou a ser visto como um
problema social, envolvendo várias vertentes, não só relacionadas com os alunos, mas
também relacionados com os professores, com a escola e com o sistema de ensino
(Freire, 2010).
A responsabilidade pelo IE passou a ser assumida como um fracasso de toda a
comunidade escolar. O sistema não está a ser capaz de motivar, reter e promover o êxito
dos alunos. O desafio que esta situação coloca tornou-se tremendo, já que ultrapassa um
mero caso individual para se transformar num problema de toda a sociedade. Assim,
hoje, o principal problema educativo é o de identificar as causas e procurar soluções
para promover o sucesso escolar de todos os alunos (Lopes, 2010).
É através da escola que se transmitem conhecimentos, sendo também o meio de
excelência para a socialização dos jovens. A escola apresenta-se como um local de
conservação e reprodução social e praticamente nenhuma cultura, nenhum sistema
social atual, prescinde da escola e da sua força socializadora. Através da escola
incutem-se valores, ideais, hábitos, podendo também assim, por outro lado, causar mais
discrepâncias entre diferentes culturas. O IE poderá então ser mais um mecanismo
formal para o aumento destas discrepâncias, pois poderá desde logo indicar a posição
social para os alunos no futuro (Freire, 2010).
Ao longo da presente revisão de literatura apresentar-se-á inicialmente o
enquadramento histórico sobre a problemática do IE. De seguida, serão expostas
diferentes definições para o constructo e algumas das causas que estão na sua origem.
Posteriormente, serão apresentadas algumas teorias explicativas, nomeadamente a teoria
dos dotes ou dons individuais, a teoria do handicap sociocultural e a teoria socio
institucional. Por último, explanar-se-á a atuação e influência do professor no IE.
4.3.1.2. Enquadramento histórico
Em Portugal, tal como no resto da Europa, o ensino organizado teve a iniciativa da
Igreja, sendo ministrado em escolas episcopais e monásticas que funcionavam junto das
igrejas e nos próprios mosteiros, com objetivo de formação do clero. As escolas
episcopais funcionavam numa dependência da habitação do bispo ou numa dependência
da catedral, estando os seus estudantes destinados à vida eclesiástica, embora
progressivamente este ensino tivesse sido alargado a estudantes que não pretendiam
40
seguir esta vocação. Apresentam-se, assim formas de ensino distintas, consoante os
grupos sociais de pertença das crianças. A génese da diferenciação escolar, que persiste
até aos nossos dias, perpetua e reproduz as desigualdades sociais consoante o grupo
social de pertença. Ao longo dos séculos XIV e seguintes, a organização da instrução,
continuou a ser apanágio dos educadores religiosos. Contudo, o consequente
desenvolvimento do comércio e indústria subjacente ao período dos descobrimentos
traduziu-se em mudanças económicas e culturais, que concorreram para a
consciencialização económica, social e política da necessidade de instrução, com a
implicação da família na educação dos filhos. É a partir do século XVI, que se inicia
uma nova fase da escolarização, com a implementação de instituições destinadas ao
ensino de crianças e jovens, delimitadas por idade, grupo e espaço e onde surgem os
primeiros esboços face às preocupações pedagógicas, adequadas ao sucesso na
aprendizagem. Embora no século XVII se apontasse a idade de dez anos para o início da
prática escolar, a faixa etária para esta iniciação foi gradualmente diminuindo e no final
do Renascimento a educação da criança assumiu uma grande relevância, uma vez que a
conceção de um ser frágil e inacabado e consequentemente uma tábua rasa em termos
de conhecimentos, lhe conferiu o estatuto de recetáculo ideal para a aprendizagem desde
que esta fosse, tanto quanto possível, precoce e adequada.
No que concerne ao estatuto dos mestres-escola, a sua diversidade foi notória até
meados do século XVIII, visto que a maioria exercia estas funções em simultâneo com
outras atividades profissionais. Mesmo quando o ensino constituía a atividade exclusiva
dos mestres-escola, o seu estatuto era muito baixo, sobretudo nos meios rurais onde
incumbia aos concelhos assegurar o pagamento de um mestre para os rapazes. A partir
do século XVIII, a influência e empenho dos estrangeirados na difusão das “luzes”
trouxe consigo o aumento das exigências ao nível da cultura e do ensino, determinando
a diminuição significativa da influência da Igreja neste domínio. Como consequência, a
instrução passou a aliar-se ao estado e a propagação dos ideais educativos contribuindo
para que as populações passassem a atribuir um valor relevante à instrução. Foi neste
contexto, que no período compreendido entre 1759 e 1772, o governo de Sebastião José
Carvalho e Melo desenvolveu um Sistema Nacional de Ensino tornando estatal o ensino
primário. O ensino destinava-se essencialmente aos rapazes, uma vez que a sociedade
reservava às mulheres as tarefas caseiras, razão pela qual o ingresso das raparigas foi
41
significativamente mais tardio do que o dos rapazes. O conceito de obrigatoriedade
escolar surgiu com a Carta Constitucional de 1826, que instituía a frequência da
instrução primária entre os direitos civis e políticos para todos os cidadãos portugueses.
Deu-se, então, início à construção dos primeiros currículos formais, que integravam o
ensino básico, e cuja ênfase se centrava na aquisição das competências de ler, escrever e
contar. Contudo, só em 1835 através do Decreto de 7 de Setembro se estipulou que o
ensino primário deveria ser gratuito para todos os cidadãos, ao mesmo tempo que se
responsabilizavam os pais e as entidades locais, nomeadamente, câmaras e paróquias,
no cumprimento da obrigatoriedade da frequência escolar a partir dos sete anos de
idade. Contudo, apesar das medidas educativas implementadas, em 1911, cerca de 75%
da população portuguesa, estimada em seis milhões de habitantes continuava analfabeta.
Uma vez que era necessário concretizar o cumprimento da escolaridade obrigatória,
foram estabelecidas sanções para os infratores, nomeadamente, multas pecuniárias que
poderiam ser convertidas em penas de prisão ou de prestação de trabalho em obras
públicas.
Nesta ótica, as reformas educativas das duas últimas décadas do século XX, foram
caraterizadas por uma reorganização do campo educativo, no qual o mundo empresarial
passou a desempenhar um papel importante, nomeadamente ao permitir a efetivação do
cumprimento da escolaridade obrigatória, aos alunos que manifestavam dificuldades
escolares no ensino tradicional, mediante formações profissionalizantes próximas dos
contextos de trabalho. Deste modo, de acordo a Lei de Bases do Sistema Educativo
verifica-se que os pressupostos presentes determinam aspetos como a universalidade, a
obrigatoriedade e a gratuitidade por um período escolar de nove anos, correspondente à
duração do ensino básico. Contudo, a grande inovação da Lei de Bases do Sistema
Educativo consistiu na reorganização do sistema educativo através da sua subdivisão em
educação pré-escolar, escolar e extraescolar. Neste contexto, a educação escolar passou
a compreender os ensinos básicos, secundário e superior (Mendonça, 2006).
Portugal sofre esta expansão no seu sistema educativo, sobretudo, desde 1956, altura
em que a escolaridade obrigatória era apenas de três anos, até hoje, com a escolaridade
obrigatória de nove anos desde 1986, e já com o seu prolongamento ao 12.º ano
(Ferreira, 2009). Com a implementação da obrigatoriedade de frequência escolar de
doze anos, pela Lei 85/2009 de 17 de Agosto, os problemas com alunos que acumulam
42
reprovações sucessivas agravam-se, pois estes permanecerão mais anos na escola
(Lopes, 2010).
A crise dos sistemas públicos de ensino, insistentemente apontada desde as últimas
décadas do século XX, está intimamente relacionada com a democratização do acesso à
sua universalização. O alargamento da base social da escola pública torna-a numa
escola organizada segundo uma lógica da padronização, de uniformização cultural e,
principalmente, extremamente ciosa de seu rigor avaliativo, uma escola em que a sua
missão histórica era de formação das elites vocacionadas para o exercício das funções
intelectuais, adequada, portanto, aos setores sociais privilegiados (Barroso, 2008). Nesta
época, a escola pública obrigatória antecede a vida ativa dos adultos, avançando sobre o
mundo familiar e comunitário, segregando as crianças e ensinando-lhes as regras de
convivência social e de integração cultural que, pela sua especificidade, estavam
fundadas na lógica da cognição, lógica que presidia às classificações atribuídas que
iriam servir de referência para nortear a ocupação de lugares sociais distintos pelos
futuros indivíduos adultos. O pleno exercício dessa função seletiva abrigava-se sob a
arquitetura de um imaginário social otimista, apostando-se na escola pública como
instrumento capaz de promover o nivelamento das desigualdades de origem, de exercer
uma função disciplinadora e de distribuir capital cultural indistintamente a todos
(Barroso, 2008).
A escola pública no final do século XX, frequentada por segmentos sociais e
culturalmente diferenciados não sabia lidar com as novas exigências postas pela
diversidade desses alunos, o seu capital cultural, as suas condições socio económicas, os
seus interesses e motivações diferenciados, tendo como principal entrave a pressão para
que se transformasse de uma instituição seletiva numa instituição inclusiva, aberta a
esses novos frequentadores (Barroso, 2008).
Na sociedade contemporânea está reconhecido o direito universal à educação, porém,
este facto nem sempre acontece e muitas vezes a sua importância é desvalorizada. A
nova era civilizacional, marcada pela industrialização, veio valorizar a intervenção
privilegiada da escola, conferindo-lhe diferentes e importantes funções. Além da função
primordial de ministrar a instrução geral elementar, exigida pelas transformações
económicas e laborais, compete também à escola fomentar e garantir a adesão ao novo
modelo social (Alves, 2009).
43
O conceito de IE é recente na história da educação da sociedade ocidental e surge
associado à implementação da obrigatoriedade escolar, decorrente das exigências da
sociedade industrial. A sua noção concetual assume-se nos meandros da rede política e
económica do século XX, com a organização das escolas com currículos estruturados,
que pressupõem, por inerência, metas de aprendizagem. Ou seja, a escola ao veicular a
transmissão do saber instituído, propõe a aquisição desse saber, através de metas e
limites que demarcam as fronteiras reais entre sucesso e IE (Benavente, 1976).
O problema do IE surgiu fundamentalmente quando a escola se tornou obrigatória,
pois praticamente, até ao século XX, só as crianças das classes cultas recebiam
instrução. Assim, os fenómenos do insucesso e do abandono só desde tempos
relativamente recentes são encarados como problemas que urgem ser resolvidos (Lopes,
2010).
Anteriormente, o insucesso, sinal de exigência, podia até ser visto como marca de
qualidade de um sistema, de uma escola, ou de um professor, enquanto o abandono era a
solução única para grande parte das situações de desencontro aluno-escola. Tempos
atrás, o responsável pelo insucesso era essencialmente o aluno, que era alcunhado de
preguiçoso, distraído e desinteressado. Posteriormente, acusou-se principalmente a
escola, que não reunia as condições necessárias para uma boa aprendizagem, e ainda os
professores que não se empenhavam ou não estavam suficientemente preparados.
Assistiu-se depois a uma onda de interpretação predominantemente socializante ou
política do fracasso escolar, apontando-se o dedo às condições degradadas do meio
socioeconómico da família do aluno ou às deficiências do sistema educativo em geral,
como se as pessoas mais diretamente em causa (o próprio aluno, os professores e os
pais) fossem inocentes e pudessem lavar as mãos, incapazes de lutar contra o fatalismo
imposto do exterior e de assumir as próprias responsabilidades. Hoje deve insistir-se na
interação ou convergência de todas as circunstâncias, e em particular de todos os
intervenientes: alunos que à medida que vão crescendo se devem responsabilizar mais,
professores, pais, psicopedagogos e políticos de educação (Lopes, 2010).
É incontestável o facto de existir em Portugal uma escola de massas, o que representa
não só um maior número de alunos mas também uma maior diversidade de tipos de
alunos. A progressiva expansão do sistema educativo conduziu à massificação do
ensino, sem que se tenham verificado as mudanças qualitativas desejáveis para o que se
44
entende ser um ensino de massas. Esta massificação do ensino conduziu à
uniformização de processos, o que se traduz na uniformidade curricular, que obriga a
uma pedagogia uniforme (Formosinho, 1992).
O IE apresenta-se como um fenómeno socialmente seletivo, penalizando
maioritariamente os alunos oriundos de estratos socioeconómicos mais desfavorecidos.
A problemática do IE e a definição de estratégias para o seu combate tem vindo a ser
alvo de medidas pelos responsáveis pela política educativa, de estudo para os
investigadores sociais e de preocupação por parte de professores e pais (Alves, 2009).
4.3.1.3. Conceito de Insucesso escolar
Etimologicamente, a palavra insucesso vem do latim insucessu(m), o que significa
mau êxito; malogro, falta de sucesso ou ainda mau resultado, falta de êxito, desastre,
fracasso.
Este termo é utilizado no âmbito do sistema de ensino-aprendizagem, geralmente
para caraterizar o fraco rendimento escolar do aluno, na dificuldade que ele tem em
aprender (Alves, 2010).
Segundo Cortesão e Torres (1990), é fácil dizer que os alunos não estudam, que vêm
mal preparados ou que não se interessam. Por seu turno, uma vez que ninguém assume a
culpa, o discurso mais comum é o do professor universitário que culpa o do secundário,
enquanto que este culpa os dos níveis anteriores. Assim, os professores do primeiro
ciclo culpam os programas, as novas metodologias, a falta de inteligência dos alunos, ou
atribuem a culpa aos pais que definem como “pouco cultos”.
A expressão IE tal como é vulgarmente utilizada refere-se quase sempre a um
conjunto de percentagens e números globais em torno de alguns indicadores visíveis de
fracasso escolar dos alunos (reprovações, abandonos, repetências). Do ponto de vista
científico, e em particular na perspetiva socio organizacional, a expressão IE é
frequentemente polissémica, isto é, podendo esconder um leque de significados muito
diferentes, não traduz sempre os mesmos resultados ou interpretações, uma vez que
estes não são necessariamente produzidos a partir do mesmo paradigma teórico, ainda
que se trate da análise da mesma problemática (Afonso, 1988).
Benavente (1976) reuniu para esta designação vários termos, nomeadamente
reprovações, atrasos, repetência, abandono, desperdício, desadaptação, desinteresse,
45
desmotivação, alienação e fracasso. Acrescentou ainda as expressões mau
aproveitamento, mau rendimento e mau rendimento escolar. Para Benavente, a questão
do IE pressupõe a coexistência de inúmeros fatores que incluem as políticas educativas,
as questões de aprendizagem, os conteúdos e mesmo a relação pedagógica que se
estabelece. Assim, de acordo com a autora, os alunos manifestam dificuldades em
resolver algumas contradições existentes entre a escola e a realidade em que vivem,
entre as aprendizagens exigidas pela escola e as que fazem na família, no meio social e
entre as aspirações, normas e valores da família e as exigidas pela escola. Pelos aspetos
elencados, entende-se que se verifica um conflito entre os ensinamentos do meio
familiar e aqueles que são aprendidos na escola.
Para alguns autores (Marchesi & Pérez, 2004), o termo IE engloba várias ideias,
entre elas a ideia de que o aluno “fracassado” não progrediu praticamente nada, nem no
âmbito dos seus conhecimentos escolares nem ao nível pessoal e social. O termo
“fracassado” oferece uma imagem negativa do aluno ao mesmo tempo que centra nele
toda a responsabilidade do IE, esquecendo a responsabilidade de outros agentes e
instituições como as condições sociais, a família, o sistema educativo ou a própria
escola.
Já de acordo com Lopes (2010) falar de sucesso ou IE é pôr em causa, não apenas o
aluno, mas os professores, os pais, o ambiente que rodeia a criança, a instituição em si,
os responsáveis pela educação nacional e toda a sociedade. Daí a complexidade do
problema que não pode ser interpretado parcialmente, mas numa visão global,
considerando todos os fatores pessoais, interpessoais e institucionais, embora, conforme
as circunstâncias, alguns possam ser predominantes.
Fernandes (1991) considera que a designação de IE é vulgarmente utilizada por
professores, educadores, responsáveis de administração e políticos para caraterizar as
elevadas percentagens de reprovações escolares verificadas no final dos anos letivos,
embora considere que existe IE nas situações em que a socialização ou a personalidade
não foram devidamente desenvolvidos. Para Medeiros (2000), a representatividade do
termo IE significa “falta de aproveitamento, incapacidade de compreender a matéria,
não atingir o nível médio do sistema educativo, reprovação, falta de interesse,
inadaptação ao programa, ter negativas, tristeza, repetência, fraca aprendizagem e falta
de êxito”.
46
De acordo com Martins (1993) diz-se que qualquer entidade apresenta insucesso
quando não consegue atingir os objetivos propostos ou isso não acontece no tempo
previsto. Pode ainda não existir uma adequação entre os conteúdos realizados e os
objetivos das partes envolvidas, os quais podem ser contraditórios.
Particularizando o IE, este é usualmente atribuído ao fato de os alunos não atingirem
as metas – fim dos ciclos – dentro dos limites temporais estabelecidos e traduzindo-se,
na prática, pelas taxas de reprovação, repetência e abandono escolar. Este é o insucesso
institucionalmente considerado (Dias, 2010).
Definir IE apresenta-se complexo, visto que além deste conceito encerrar uma
multiplicidade de entendimentos, como foi apresentado anteriormente, o seu estudo
apresenta uma enorme polissemia, notória nas tentativas efetuadas pelas diferentes áreas
disciplinares para a sua compreensão e definição.
Progressivamente o IE deixou de ser encarado como um problema isolado, da
responsabilidade do aluno que não consegue transitar de ano, mas como um fenómeno
social que atinge proporções cada vez mais significativas. Trata-se de um fenómeno
com um caráter massivo e constante nos vários níveis de ensino e presente nas
instituições escolares de múltiplos países (Benavente, 1980).
Foi apresentada uma definição do termo por parte de Portugal à Unidade Europeia
como sendo a incapacidade que o aluno revela para atingir os objetivos globais
definidos para cada ciclo de estudos (Sil, 2004).
4.3.1.4. Causas do Insucesso Escolar
Vários autores (Iturra, 1990; Pires, Fernandes e Formosinho, 1991) chegaram à
conclusão de que realmente existe uma multiplicidade de causas para o IE, sendo essas
causas muitas vezes contraditórias. Contudo, quase todas essas causas estão ligadas a
fatores que incluem o próprio aluno, o nível socioeconómico e cultural em que se
encontra inserido e incluem também a escola e todos os seus intervenientes,
principalmente através dos professores (Freire, 2010).
De acordo com Weiner (1993) as experiências de sucesso e insucesso em atividades
académicas são geralmente atribuídas a fatores como inteligência, esforço, dificuldade
da tarefa, sorte, temperamento, cansaço, influência do professor e influência de outras
pessoas.
47
É importante compreender que o IE não é uma fatalidade e que as crianças não estão
destinadas a serem boas ou más alunas, tudo depende do funcionamento da escola e da
sua interação com o meio social e das caraterísticas da própria criança. Assim, no que
diz respeito aos fatores de IE é necessário atender a três componentes, nomeadamente o
aluno, o meio social e a instituição escolar (Benavente, 1990), sendo na relação entre
elas que se deve procurar evidenciar os fatores de insucesso e as suas causas
explicativas (Dias, 2010).
4.3.1.5. Causas Económicas
Verifica-se que a realidade económica interfere de forma significativa no (in)sucesso
escolar. Assim, de acordo com Formosinho (1987) as condições socioeconómicas estão
relacionadas com a ocupação diferenciada do espaço, no que se refere à distância
geográfica da escola e o habitar de zonas residenciais degradadas. Existem ainda formas
diferentes de satisfazer as necessidades básicas, isto é, alimentação racional, vestuário e
conforto que interferem neste processo. O acesso diferenciado aos bens de cultura é
também diferenciado. Em situações de carência emerge ainda a necessidade de
aumentar a renda familiar com mais um vencimento, o que se repercute no abandono
escolar. De acordo com Martins (1993), está patente também a incapacidade de suportar
custos com livros, material escolar, transporte, roupa e materiais necessários ao contexto
escolar.
Conclui-se que a criança proveniente de ambientes socioeconómicos menos
favorecidos é projetada num jogo de autonomia incompreensível, pois os seus
educadores pouco a acompanham no pós-dia do seu trabalho. Como tal, o próprio futuro
da criança não poderá ser preparado ou assegurado por uma presença dialogante e
oportuna junto da escola, podendo antes o seu futuro ser assegurado e depender de um
amigo ou de um familiar de nível socioeconómico superior, capaz de proporcionar à
criança ou ao jovem um desempenho profissional adequado (Ferreira, 2009).
4.3.1.6. Causas sociais e Culturais
Os estudos realizados em Portugal apontam para a existência de uma correlação
positiva entre a origem social dos alunos e o seu (in)sucesso escolar. Lurcat (1978)
48
considera que o IE encontra-se principalmente assumido ao nível da linguagem dos
alunos, tanto na oralidade como na escrita e que as crianças mais penalizadas são, em
geral, as provenientes das classes sociais desfavorecidas.
Martins (1993) verificou que são os grupos étnicos que têm as maiores taxas de
insucesso, seguindo-se por ordem decrescente das taxas de insucesso os filhos dos
trabalhadores agrícolas, operários, empregados dos serviços, patrões, quadros médios e,
por último, os filhos dos quadros superiores e profissões liberais.
Importa ainda mencionar o papel dos pais neste processo. Os alunos de melhor
rendimento percecionam maior apoio dos pais, mesmo que isso não se estenda às
atividades escolares. Com o envolvimento dos pais no quotidiano escolar dos filhos, as
atividades planeadas e executadas pela escola podem favorecer o sucesso no processo
de aprendizagem dos filhos. As mudanças nas visões da família acerca da escola
podem-se tornar importantes para o sucesso escolar dos filhos, desde que a escola se
consciencialize mais sobre a verdadeira importância dos pais nesse processo, e
conjuntamente ajustarem a sua atuação (Chechia & Andrade, 2005). Quanto mais a
escola se envolver, preocupando-se e confiando nos pais e reconhecendo-os como
parceiros na educação escolar dos filhos, mais os pais se sentirão envolvidos e dispostos
a colaborar (Dias, 2010).
De acordo com o estudo realizado por Mascarenhas, Almeida e Barca (2005),
verificou-se que alguns alunos cujos pais possuem menos habilitações escolares tendem
a atribuir os seus fracos resultados escolares à falta de capacidade, o que já não ocorre
junto dos demais alunos cujos pais possuem habilitações escolares ao nível do ensino
secundário e do ensino superior.
Existem várias teorias explicativas sobre a importância dos fatores sociais no sucesso
ou IE. Almeida, Miranda e Guisande (2008) apresentam três teorias: a teoria da
“socialização deficiente das classes populares” em que o fracasso escolar é explicado
por uma inadequada socialização familiar, nomeadamente baixas aspirações e
expectativas de sucesso na escola; a teoria explicativa que realça as interações e os
processos escolares, chamando a atenção para a comunicação e para as relações
humanas e pedagógicas entre os professores e os alunos e a teoria da reprodução social
e cultural, que explica o (in)sucesso escolar pelas funções que se encontram subjacentes
49
à escola numa sociedade de classes, nomeadamente as funções de seleção e de
reprodução social e cultural.
Os estudos sociológicos salientam os padrões culturais, a linguagem e o próprio
processo de socialização das crianças no seio da família e da comunidade de pertença
que se podem aproximar ou afastar das práticas e dos padrões exigidos e estimulados
pela escola.
Ao chegarem à escola, as crianças e os jovens estão condicionados, uma vez que são
portadores de códigos sociolinguísticos diferenciados e diferenciadores. São,
igualmente, portadores de diferentes antecedentes e indicadores sociais de
educabilidade, pois todos eles, sem exceção, pertencem a grupos sociais, a contextos
familiares diferentes e vivem as suas experiências em ambientes naturais e habitacionais
diversos. As crianças de origem e proveniência diversas reagem de modo diferente,
perante o espaço educativo escolar e sua cultura. Face à cultura total de escola, as
crianças provenientes da classe baixa poderão experienciar confrontação perante ordens
de significação, relações sociais e valores diferentes, podendo talvez muitas delas
darem-se conta de uma crucial desvantagem relativamente à cultura escolar, visto que
esta cultura parece apelar para outros significados universalistas e para uma cultura
escolar cujos ideais educativos parecem ir mais de encontro às aspirações dos
aprendizes provenientes da classe média e alta. Em consequência, as crianças da classe
baixa enfrentam o sistema cultural simbólico escolar que nada parece ter a ver com os
valores ou referências correspondentes à sua procedência económica e à sua vida
comunitária e familiar (Ferreira, 2009).
4.3.1.7. Causas Educativas
Normalmente o IE para os professores está relacionado com a carência de bases, de
motivação ou de capacidades dos alunos. Já para os pais e para o público em geral, os
professores terão a sua quota-parte de responsabilidade (Roazzi & Almeida, 1988).
Almeida, Miranda e Guisande (2008) realçam que existem fatores associados ao
professor que têm impacto nas aprendizagens dos alunos. Assim, importa ter em
atenção as dificuldades na comunicação e no relacionamento interpessoal por parte do
professor, dificuldades na organização das tarefas na sala de aula, ou problemas na
gestão da disciplina da turma.
50
O IE pode também ser encarado como um problema de política educativa e social.
Existem duas perspetivas diferentes da escola, as que afirmam que todo o indivíduo tem
igual acesso à educação e as que pelo contrário veem a escola como instrumento de
manutenção e até de agravamento das diferenças sociais (Roazzi & Almeida, 1988)
O nível sociocultural associado à forma como está organizada a escola, sobretudo os
currículos académicos, parecem ser os maiores responsáveis pelo IE massivo dos alunos
provenientes das classes mais desfavorecidas. A escola, ao pretender ser lugar de
uniformização, introduz currículos universais, conotados com um perfil médio de aluno
privilegiando um saber clássico, geral e enciclopédico, isto é, propõe objetivos pouco
pragmáticos, tendo em conta as realidades diferenciadas que representam os alunos que
a frequentam (Martins, 1993).
De acordo com Formosinho (1987), currículos iguais obrigam ao uso de iguais
pedagogias e prevêem uniformidade nas exigências, nos resultados, nos
comportamentos, na linguagem, no saber, na extensão dos programas, dos tempos de
transmissão de conhecimentos e dos períodos de avaliação. Há, assim, estandardização
nas práticas escolares levando à noção de aluno médio, cultura e conhecimentos médios.
4.3.1.8. Causas Individuais
No âmbito da psicologia, os estudos realizados (Almeida, 1993; Rosário, Almeida &
Oliveira, 2000; Almeida & Campos, 1986) têm salientado as capacidades, a motivação e
os hábitos de trabalho dos alunos.
Atualmente sabe-se que não é possível estabelecer uma relação de causalidade entre
o quociente de inteligência e o (in)sucesso escolar. Por um lado, nem todos os alunos
bem-sucedidos na escola possuem boas capacidades intelectuais e, por outro, nem todos
os alunos com insucesso são portadores de dificuldades cognitivas (Roazzi, Spinillo &
Almeida, 1991). A predisposição que a criança apresenta para aprender, a capacidade de
reter a matéria transmitida, o nível cognitivo, entre outros, marca diferenças entre os
alunos, assim como o meio onde estas estão inseridas (Martins, 2010). Em suma, estão
patentes diversas variáveis a nível individual que interferem com o nível de (in)sucesso
escolar.
51
No que respeita ao desenvolvimento da personalidade tem-se constatado que as
mudanças psicológicas cognitivas e sociais constituem na adolescência um período
natural de desequilíbrio (Galiano, 2012).
4.3.1.8. Teorias Explicativas
O estudo do IE depara-se com um conjunto de três realidades que devem ser
analisadas: o aluno, o meio social e a instituição escolar. É a partir destas três variáveis
que se explanam os fatores de insucesso e as suas causas.
À procura de causas que pudessem explicar o IE, Benavente e Correia (1980)
definem as teorias do IE: a teoria dos dons ou talentos, a teoria do handicap
sociocultural (que atribui à família o insucesso do aluno) e a teoria socio institucional
(que atribui o insucesso às diferenças existentes entre a família e a escola).
4.3.1.9. Teoria dos dotes ou dons Individuais
Esta perspetiva surgiu nas décadas de 50 e 60 e emerge no âmbito da corrente
genética que aborda o IE em termos de perturbações e deficiências intrínsecas ao
próprio indivíduo. Este conjunto de explicações psicológicas individuais atribui as
diferenças de prestações escolares às capacidades inatas do próprio indivíduo (Alves-
Pinto, 1995).
Sendo a escola vista como um espaço revelador dessas capacidades individuais onde
o insucesso é considerado como insucesso do aluno, é a inexistência de determinadas
aptidões inatas ao próprio aluno que influencia negativamente o seu rendimento escolar
(Sil, 2004).
A teoria dos dons ou “dotes” individuais surge com base nas potencialidades
genéticas ou capacidades cognitivas hereditárias do aluno. As desigualdades escolares
encontram a sua justificação nas diferenças individuais de património genético, ou seja,
nos talentos ou aptidões. As desigualdades revelam a variação individual hereditária das
capacidades cognitivas, que passam a ser medidas por meio de testes de inteligência
(Benavente & Correia, 1980), considerado como o quociente intelectual do aluno “Q.I.”.
52
A explicação do bom ou mau aproveitamento escolar obedecia à verificação, por
meio de provas de inteligência, de índices de sucesso, de notas, de exames ou qualquer
outro indicador objetivo (Coelho, 2000).
Surgiram algumas críticas (Benavente & Correia, 1980) a esta corrente,
nomeadamente ao nível da neutralidade da escola neste processo, apontando apenas o
aluno como responsável pelo sucesso ou insucesso. Nesta perspetiva, as crianças, desde
muito cedo, são classificadas como sendo capazes ou incapazes, o que vai determinar o
percurso escolar a realizar. Assim, as autoras consideram que a escola tende a criar,
assim, uma legião de alunos inadaptados, preservando-se a si própria, aos seus critérios
e normas de qualquer crítica ou acusação de inadaptação.
4.3.1.10. Teoria do Handicap Sociocultural
A procura de uma explicação que não se centrasse apenas nas caraterísticas
individuais do aluno e permitisse dar uma resposta à problemática do IE, demonstrando
que este fenómeno afeta particularmente as categorias socialmente desfavorecidas deu
origem à teoria do handicap, que emergiu na final da década de 60 e início da de 70
(Benavente & Correia, 1980). De certo modo, introduz na análise do funcionamento do
sistema escolar explicação de ordem sociológica (Miranda, 2010). De acordo com esta
teoria, o IE dos alunos é justificado pela sua pertença social, pela maior ou menor
bagagem cultural de que dispõem à entrada na escola (Benavente, 1990).
Segundo Benavente e Correia (1980) a ideologia do handicap sociocultural não
equaciona, em geral, o insucesso como fenómeno relacional sendo esse o seu grande
limite e incapacidade para intervir. O insucesso é geralmente o resultado de uma relação
negativa entre alunos de determinados meios sociais e a instituição escolar (Alves,
2009).
4.3.1.11. Teoria sócio institucional
A partir dos anos 70, o trabalho de análise da produção do IE ultrapassa as relações
escola/meio e interessa-se pelos mecanismos que operam no interior da própria escola,
interrogando o seu funcionamento e as suas práticas, a corrente socioinstitucional
sublinha a necessidade da diferenciação pedagógica, pondo em evidência o caráter ativo
53
da escola na produção do insucesso; este é visto como resultado de uma relação
quotidiana entre as práticas escolares e os alunos das culturas não letradas.
Ultrapassando alguns aspetos presentes na teoria do handicap sociocultural, investe-se
na transformação da própria escola, nas suas estruturas, conteúdos e práticas,
procurando adaptá-la às necessidades dos diversos públicos que a frequentam,
elucidando mecanismos de reprodução de diferença e procurando caminhos de
facilitação das aprendizagens para todos os alunos (Benavente, 1990).
A escola passa a ser vista como reprodutora de ideologias legitimadoras do poder
político do estado, sendo que, este último exerce controlo sobre a primeira, através das
leis, da organização burocrática e da própria produção do currículo. A uniformidade
curricular é feita à medida para aqueles que possuem um capital cultural privilegiado,
com domínio do código elaborado que valoriza, sobretudo, os objetivos ligados à
capacidade de verbalização, em detrimento de outros critérios de ordem afetiva,
psicomotora e intelectual (Formosinho, 1992). Outros fatores como a distribuição dos
alunos por turma, o absentismo dos professores ou a construção de uma estrutura
curricular uniforme poderão também ser considerados como explicadores do IE numa
perspetiva sócio-institucional (Miranda, 2010).
Para os alunos das classes desfavorecidas, para além das condicionantes
socioculturais para a obtenção do sucesso escolar, ocorre no seio da própria família a
seletividade social, sendo da responsabilidade dela avaliar e decidir se seus filhos irão
prosseguir os estudos ou não.
4.3.1.12. Papel do Professor
Hoje o papel do professor vai para além do simples ensinar. Torna-se essencial
aproveitar ao máximo o tempo de aula para se inteirar do desenvolvimento e
aprendizagem dos alunos (Miranda, 2010).
A qualidade da relação dos alunos com os professores nas aulas parece ser
determinante ao nível dos sentimentos que os alunos sentem pela escola. Uma relação
professor / aluno em que o professor mostra respeito pelo esforço dos alunos e em que
estes se sentem valorizados como indivíduos independentemente do seu desempenho
escolar tem um efeito positivo no seu nível de motivação e autoestima e,
consequentemente, no sucesso académico (Covington & Berry, 1976 citado em Coelho,
54
2008). Para Aiken (1970), os alunos que são considerados e encorajados pelos
professores aprendem mais do que os alunos cujos professores enfatizam a crítica e as
punições.
A construção do conhecimento não é um ato estritamente individual e solitário, isto
é, o aluno constrói o conhecimento sob a influência do professor e da carga social que
os conteúdos comportam. A atuação do professor é fundamental e determinante entre os
conteúdos e a atividade construtiva dos alunos. A ação educativo-pedagógica é um
processo mútuo entre o aluno e o professor, agentes do processo de desenvolvimento e
educação. Assim, a ação educativa alimenta a relação educativa e vice-versa, gerando,
consequentemente, um ciclo de funcionamento em que, à medida que os intervenientes
se vão alimentando mutuamente, vão evoluindo e vão-se transformando. Os estudos
mostram que os alunos progridem melhor nas boas turmas do que nas turmas fracas,
porque os professores modelam consciente ou inconscientemente os conteúdos em
função do suposto nível dos alunos: dão um ensino mais abstrato, centrado nos
conhecimentos, e exigem mais das primeiras, enquanto proporcionam um ensino mais
concreto, centrado na relação professor – alunos e mais tolerante aos desvios em relação
às exigências nas segundas (Alves, 2009).
Delamont (1987) revela que a relação entre professor e aluno deve ser vista como
uma atuação conjunta, uma relação que funciona como um dar e receber permanente
entre professor e aluno.
O professor no desempenho dos vários papéis revela os seus princípios
idiossincrásicos que, direta e indiretamente, influenciam a interação com os alunos,
nomeadamente a capacidade de sentir-se responsável por si mesmo e pelos outros, ser
exemplo (atitudes, linguagem, comportamento) por ser alvo de imitação, a capacidade
de dar um sentido ao próprio destino para que esteja apto a viver em consonância e
harmonia com suas convicções, saber adaptar-se, com possibilidade de planeamento e
sucesso profissional, sobretudo, o grau de contentamento, o comportamento relacional
que realiza através de específicas qualidades comunicativas que tornam operativo o
interagir transparente, autêntico, congruente, a compreensão e a amizade (Alves, 2009)
No domínio da relação pedagógica, o processo como o professor exerce influência
sobre os alunos, levando-os a um maior envolvimento na aprendizagem e, assim, a obter
melhores resultados escolares, ocupa a parte central do processo de ensino. Para o
55
sucesso da relação pedagógica, é importante o empenho das partes em interação para
uma plataforma comum, favorável ao processo educativo. Entende-se a interação
educativa como procura da eficiência pedagógica dos processos interpessoais ativados
para a concretização do comportamento educativo nos aspetos relacional-social (Alves,
2009).
Algumas investigações têm vindo a estabelecer uma controvérsia entre os autores no
que diz respeito à magnitude e significado desses efeitos. Ferreira (1996) salienta a
existência de duas correntes, a dos que consideram que as expectativas têm efeitos
significativos nos alunos e a daqueles que minimizam a importância das expectativas
dos professores por defenderem que estas refletem as diferenças reais evidenciadas
pelos alunos no desempenho escolar. Os alunos com comportamentos menos visíveis
poderão levar os professores a estabelecer expectativas incorretas.
Em suma, as expectativas dos professores funcionam como reais preditores dos
desempenhos dos alunos.
4.3.1.13. Conclusões
Num contexto marcado pelo desemprego estrutural, os sistemas escolares
universalizados não podem mais assegurar empregos, nem mobilidade social, nem
acréscimos ao desenvolvimento. Neste início de século XXI, o declínio do otimismo em
torno dos poderes da escolarização universal fazem parecer que os esforços exigidos
para o cumprimento de trajetórias escolares mais prolongadas são pouco
compensadores, já que não asseguram a inserção no mercado de trabalho e a
concretização de projetos pessoais de ascensão social, colocando a instituição escolar
diante de paradoxos (Barroso, 2008).
Por um lado, a escolarização universal obrigatória é apresentada como uma exigência
associada à concorrência acirrada, à maior competitividade entre as nações, exigências
essas que apontam para uma maior difusão da escolarização formal e de políticas de
qualificação de mão-de-obra. As caraterísticas da economia globalizada dificultam o
acesso ao emprego uma vez que a mão-de-obra é facilmente substituída pela
informatização e robótica. Com isso, registam-se, de forma crescente, a ocorrência de
problemas sociais decorrentes da impossibilidade de garantir ocupação económica às
56
multidões de jovens que, continuamente, finalizam a escolaridade obrigatória e
ambicionam inserir-se no mercado de trabalho.
Assim, paradoxalmente, ao mesmo tempo em que se tornam cada vez mais evidentes
os limites da escola para dar conta dos problemas que ela foi sendo chamada a resolver,
ela é interpelada para dar solução a emergentes problemas sociais que estão
intimamente ligados à crise da sua própria universalização.
É importante que os agentes educativos tenham noção das ilusões e pressões que
estão a criar nos alunos. Devem perceber quais as possibilidades reais de aprendizagem
do educando, a motivação e os seus próprios interesses (Miranda, 2010).
Após a reflexão sobre estes aspetos pode-se concluir que, de facto, a escola nem
sempre conseguiu adequar a diversidade das aspirações dos indivíduos às diversas
necessidades dos sistemas envolventes, preparando os seus alunos para um desempenho
social futuro, não tendo articulado os saberes prestados com as diversas necessidades
individuais e sociais. Pode-se dizer que a instituição educativa não contemplou de forma
integral as várias diferenças de que os alunos são portadores e isso constitui um dos seus
limites.
57
5. CONCLUSÕES E PERSPETIVAS FUTURAS
58
59
Chegado ao final deste relatório, irei refletir acerca das minhas aprendizagens numa
primeira fase, referindo depois numa fase final as perspetivas futuras.
Inicialmente gostaria de destacar a importância que esta Unidade Curricular teve na
minha formação enquanto EE, pois foi através desta que consegui em muitas das
situações vivenciadas atribuir significado a matérias aprendidas nos anos anteriores,
fornecendo-me a oportunidade de aplicar em situação real todos os conhecimentos
adquiridos ao longo da minha formação.
A elaboração deste estágio dotou-me do aumento da capacidade de planear e refletir
as minhas práticas, aumentando a minha confiança, considerando que os objetivos
inicialmente propostos por mim foram alcançados, uma vez que sabia que as
dificuldades inicialmente iriam ser muitas, visto que a dinâmica e cadência do trabalho
comparado com os anos transatos foi totalmente superior.
Posso por isso afirmar que a responsabilidade de conduzir uma turma sob total
responsabilidade foi o fator que mais me intimidou. Como a turma era essencialmente
constituída por raparigas, exigiu mais de mim ao nível ao nível da criação de situações
que estimulasse o desempenho motor, pois as suas motivações para a realização das
práticas eram bastante inferiores às dos alunos masculinos.
Não menos importante de referir é a revisão bibliográfica realizada no âmbito do
relatório de estágio, com a qual pude alargar e perceber um pouco mais o porque das
causas do IE, permitindo-me assim entender o insucesso de alguns dos meus alunos, não
na disciplina de EF mas no global das disciplinas.
Neste momento considero que sou uma pessoa mais segura e com capacidade para
lecionar a disciplina, com rigor e exigência necessários, pois a PC teve um papel
fundamental na formatação da pessoa profissional que sou hoje. Contudo, não significa
que a minha formação académica terminou por aqui, muito pelo contrário, com isto,
acresce a responsabilidade de realizar ações de formação na área, pois com a realização
desta experiência apercebi-me que o professor tem de ser capaz de se adaptar de forma
rápida e eficaz ao contexto em que se encontra, na medida em que tem que assumir um
leque de papéis e responsabilidades perante a comunidade escolar.
Perspetivas futuras
60
Como se pode verificar, cada vez mais o desemprego em Portugal assume um lugar e
uma dimensão assustadora, e o caso da educação não é exceção, uma vez que a
profissão de professor encontra-se cada vez mais comprometida.
Tendo em conta esta realidade, tenho outros campos pelos quais poderei enveredar
no meu percurso profissional, pois a licenciatura realizada no âmbito do Desporto e
Lazer permite-me trabalhar em ginásios, autarquias, e em todo tipo de atividades físicas
outdoor / animação turística.
Pretendo por isso num futuro próximo, aprofundar os meus conhecimentos em
diversas áreas de ginásio, como por exemplo aulas de grupo. Pretendo também tirar
curso nível 1 de manobra de cordas na Desnível, empresa de formação de monitores de
atividades outdoor.
61
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
62
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67
SÍNTESE FINAL
68
69
Relatório de Estágio Profissional
Licurgo Micael Rodrigues Figueiredo
Orientador: Mestre José Mário Cachada
Cooperante: Camila Vasconcelos
Esta síntese serve para realizar uma descrição sumária de cada ponto do meu Relatório de
Estágio. Este encontra-se dividido em quatro pontos principais, os quais se subdividem em
várias subcategorias que especificam esses mesmos pontos.
1. Introdução
A realização do EP teve um impacto importante na minha vida profissional, pois foi através
deste que se verificou a mudança do papel de aluno para professor. Este foi um periodo em
que tive a possibilidade de aplicar e consolidar os conhecimentos teórico-práticos adquiridos ao
longos dos 4 anos anteriores, através da oportunidade que tive em lecionar, durante o periodo
de um ano letivo a uma turma de 10º ano da ESAG. Assim, o EP visa a integração do EE no
exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino
supervisionado em contexto real.
Este trabalho transparece, portanto, uma concepção baseada no caminho da investigação,
da reflexão e da acção, enquanto máxima promotora do crescimento e maturação profissional.
2. Enquadramento pessoal
Com o decorrer dos anos, passei por várias etapas até chegar ao momento actual, algumas
não tiveram uma ligação direta entre si, mas todas contribuíram de certa forma na
modelação/criação da pessoa que sou hoje. O meu percurso académico foi influenciado a certa
altura pela presença do desporto na minha vida, o qual me permitiu ter a ousada escolha de
me profissionalizar numa área desportiva, neste caso de ensino, tendo em vista incutir nas
pessoas / jovens o gosto e a importância que a prática desportiva tem nas nossas vidas.
Expetativas e impacto com o contexto de estágio
O EP assumiu-se como um ponto-chave na formação do professor, uma vez que representa
o fim da minha formação enquanto aluno. Com isto, o EP foi das ferramentas mais importante,
senão a mais importante da minha formação, a qual permitiu aplicar todos os conhecimentos
adquiridos nos 4 anos anteriores.
Relativamente ao inicio do EP, foram sentidas fragilidades, as quais fui ultrapassando com o
passar do tempo através da experiência vivida ao longo das aulas, conseguindo no final do ano
ter uma intervenção mas sólida em todos os aspetos (planificação, organização, instrução,
reflexão, avaliação…).
70
Assim posso concluir neste momento que estou apto e detenho as
competências/conhecimentos básicas(os) e necessárias(os) e essenciais para ingressar na
carreira docente.
3. Enquadramento da Prática Profissional
Enquadramento Legal, Institucional e Concetual do Estágio Profissional
No que diz respeito à regulamentação legal e respetivo funcionamento existe um conjunto
de orientações que regulamentam o EP. Estas assumem-se inicialmente com os decretos-lei
que determinam o sistema de ensino português aos regulamentos emitidos pela FADEUP.
Outro aspeto a ter em conta foram as Normas Orientadoras do EP do ciclo de estudo tendente
ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos ensinos Básicos e Secundário da
FADEUP (2011/2012), as quais orientaram e organizaram todo o meu processo de formação.
A escola como organização possui as suas especificidades, e dependendo da sua
localização, trabalha tendo em vista a sociedade em que se insere, sendo esta que define as
formas de atuação de cada uma. Fernandes (2000, p. 131) afirma que “a diversidade da
população escolar é um fenómeno particularmente marcante nos dias de hoje, tendo criado à
escola a necessidade de se adaptar aos patrimónios socioculturais de pertença dos alunos e
de se organizar no sentido de providenciar uma educação de qualidade para todos (…)”.
Comunidade Educativa Interna
A ESAG encontrava-se composta por um grande número de docentes e discentes, que
trabalham para o seu bom funcionamento, proporcionando boas condições para o ensino dos
alunos. De todas estas pessoas, aquelas com que mais convivi foi com o Grupo de EF, o qual
era composto por 9 professores e 6 estagiários, pertencendo apenas 3 destes ao NE da
FADEUP. A PC e PO tiveram um papel fundamental neste meu processo de formação,
considerando terem sido os alicerces fundamentais.
Também a turma à qual lecionei aulas teve um papel importante na minha formação, sendo
esta constituída por 24 alunos com idades entendidas entre os 14 e os 16 anos, onde a
prevalência do sexo feminino era superior com a existência de 19 alunas na turma.
4. Realização da Prática Profissional
Àrea 1 - Organização e Gestão do Estágio Profissional
O primeiro contacto com o contexto escolar aconteceu no mês de Setembro. Nesse mesmo
mês tive que me apresentar na ESAG para proceder ao preenchimento dos documentos
necessários para realizar a PES.
Durante a realização do EP foram elaborados objetivos e estratégias com vista a contornar
as dificuldades inicialmente sentidas e também aquelas que foram ocorrendo ao longo de todo
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o EP, as quais obrigaram a realizar uma interligação das várias áreas e domínios a percorrer
no processo de formação, para que melhor se pudessem atingir os objetivos propostos em
cada uma das 4 áreas, que ajudaram a aperfeiçoar as minhas competências profissionais.
Neste quarto ponto, foram descritas as 4 áreas de desempenho, realizando uma reflexão
crítica de cada uma das 4 categorias, (conceção, planeamento, realização e avaliação),
apresentando as estratégias do trabalho que foi desenvolvido por mim ao longo deste ano
letivo.
Conceção
Antes de iniciar o período letivo foram analisados os Programas de EF relativos aos
diferentes ciclos de ensino, e respetivo RI da disciplina. Ainda nesta fase, foi reajustado o PAA
distribuindo as modalidades ao longo do ano letivo pelos 3 períodos.
A conceção assumiu-se como a primeira tarefa realizada com o grupo de EF, a qual teve
como objetivo a organização e gestão do ensino da EF, através da elaboração/reformulação
dos documentos acima indicados.
Planeamento
O planeamento foi visto por mim como um mapa que orienta o professor no seu processo
de ensino a determinada turma, ajustando o mesmo às suas caraterísticas, tendo em vista a
melhoria da minha ação, qualidade de ensino e obtenção de resultados positivos ao longo do
período letivo.
O planeamento do ensino-aprendizagem, foi das etapas mais difíceis no arranque do EP.
Neste planeamento, necessitei de aplicar os conhecimentos adquiridos durante a formação
inicial nos anos anteriores ao estágio ministrado pela FADEUP, os quais estão todos
relacionados com o MEC, UT, PA e Estrutura do Conhecimento.
Inicialmente as UT foram efetuadas após a realização da Avaliação Diagnóstica. É a partir
destas que se efetua o planeamento da UT, tendo sempre em conta os recursos materiais,
humanos, temporais, bem como o “roulement” das instalações. A elaboração deste documento
foi essencial para planear os PA, pois a informação que continha era bastante detalhada.
De seguida as dificuldades sentidas estiveram relacionadas com a elaboração do PA, onde
a seleção dos exercícios de forma ajustada à turma e a estrutura organizativa dos mesmos de
forma sequenciada, foram tidas como maior obstáculo.
No final do EP sinto que fui ultrapassando as minhas dificuldades, onde as reflexões
realizadas no final das aulas e a troca de informação com os colegas do NE foram
fundamentais.
Realização
Primeiro impacto e estratégias utilizadas
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A realização da prática profissional foi sustentada em todos os documentos anteriormente
referidos.
Durante a realização das primeiras aulas, sentia-me algo inseguro, tendo a perfeita noção
de tal situação. Nesta fase, a PC teve também um papel fundamental na melhoria da minha
intervenção pedagógica, uma vez que no final das aulas, fornecia conselhos para melhorar a
minha atuação.
Numa primeira fase, procurei implementar nos alunos rotinas de forma a rentabilizar as
aulas, as quais no meu entender foram vistas como elementos importantes que se devem ter
em conta para o bom funcionamento de uma aula.
No decorrer do ano letivo, a minha intervenção pedagógica nas aulas foi orientada
fundamental para que os alunos conseguissem atingir o sucesso ou realizarem as diferentes
tarefas motoras, sustentando-me principalmente em dois tipos de modelo, os Modelos de
Instrução Direta (MID) e o Desenvolvimental (MD).
Modelo de Instrução Direta
Nas minhas aulas, a aplicação deste modelo foi utilizada sempre no inicio das mesmas,
durante a realização dos exercícios de aquecimento e respetivos alongamentos, onde os
alunos reproduziam os exercícios que propunha e exemplificava. Também antes de cada
exercício, era-lhes fornecido por mim em algumas situações o modelo desse mesmo exercício.
A reprodução deste modelo exigiu de mim, um conjunto de tomada de decisões didáticas
exigentes para que conseguisse atingir os objetivos iniciais a que me tinha proposto.
Também com o decorrer das aulas de cada modalidade procurei efetuar uma progressão
lógica, consolidando sempre as matérias que haviam sido introduzidas na aula anterior e
acrescentando novas habilidades em cada aula, corrigindo os alunos tendo em atenção os
objetivos traçados para a realização desses exercícios.
Este modelo foi utilizado até que os alunos começassem a adquirir as rotinas das aulas, o
empenhamento nas tarefas e automatismo das mesmas. Á medida que os alunos foram
demonstrando capacidades a nível individual e coletivo, procurei fornecer mais liberdade aos
mesmos, deixando-os tomar algumas decisões didáticas.
Modelo Desenvolvimental
Como forma de complementar o meu processo de ensino, utilizei também o MD numa fase
mais avançada da minha intervenção.
A aplicação deste modelo foi apenas conseguida a partir de meados do 2º período, mesmo
sendo de uma forma pouco vincada, pois o mesmo exigiu dos alunos uma responsabilidade
acrescida e autónoma.
Tal como refere Rink (1993), procurei sempre obedecer aos 3 conceitos orientadores da
estrutura curricular.
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Com estes pretendia introduzir as habilidades de forma progressiva, uma vez que facilita ao
praticante a passagem para o nível seguinte de desempenho, refinando as mesmas, tendo
sempre em vista o melhoramento da qualidade de prática, e das respetivas execuções das
habilidades, onde a aplicação irá permitir a contextualização dos conteúdos lecionados
anteriormente de forma analítica.
Àrea 2 e 3 - Participação na Escola e Relação com a Comunidade
No inicio do ano letivo foram programadas atividades de caráter não letivo, as quais foram
desenvolvidas com o intuito de integrar alunos, professores e funcionários.
Ao longo do período letivo, foram realizadas atividades escolares não letivas, as quais foram
programadas e realizadas pelo Grupo de EF e outras pelo NE da FADEUP, nas quais tive
oportunidade de participar, tendo sempre como foco principal dinamizar a comunidade escolar
da ESAG.
No 1º período foi realizado pelo grupo de EF o Corta-Mato Escolar, o qual se realizou no dia
15 de Novembro de 2011, ocupando toda a mancha horária da manha, tendo como público-
alvo os estudantes do 3º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário da respetiva escola.
Durante toda a atividade tive como função organizar os alunos após passarem a meta para
que se pudesse realizar o registo por escrito da posição que terminou. Após a atividade
terminar juntei-me com os restantes professores onde procedemos à informatização dos
resultados para que mais tarde pudessem ser expostos aos alunos.
No 2º período foi realizada a segunda atividade, a qual se desenrolou no dia 12 de Janeiro
de 2012. Esta consistiu na realização de um torneio de badminton apenas com alunos da
ESAG. Este torneio foi realizado no âmbito do desporto escolar, onde contaram com a
participação de um total de 78 atletas, (38 atletas juvenis masculinos e 26 femininos), (13
juniores masculinos e 1 femininas).
A minha função durante este torneio, foi de segundo árbitro dos jogos e de oficial de mesa,
anotando no final de cada jogo a sua pontuação e quem tinha passado à fase seguinte. Foi
com bastante agrado que fiz parte da organização deste torneio, experiência na qual nunca tive
quaisquer contacto, mas que voltaria a repetir se tiver outra oportunidade.
A terceira atividade consistiu na realização do Dia Tradicional, esta foi realizada no dia 8 de
Fevereiro de 2012 pelo núcleo de estágio da FADEUP, os quais se tinham proposto organizar.
Pretendia-se com a mesma proporcionar aos alunos vivências em jogos tradicionais, que na
sua maioria já não são praticados nas suas vidas quotidianas e que foram muitas vezes
jogados na adolescência pelos seus pais e avós.
Esta atividade foi destinada para as turmas que tinham aula de Educação Física nessa
manhã 8:15 às 13:15 acompanhadas dos seus respetivos professores, existindo 3 blocos de 90
minutos.
Todos os alunos tiveram o direito de participar em todos os jogos durante um período
máximo de 10 minutos e mínimo de 8. Estes jogos eram: Jogo das cadeiras, o qual teve uma
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maior adesão em todo o dia, as andas, em que os alunos tinham que realizar um trajeto
delimitado por cones, a corrida de sacos, jogo que também foi bastante concorrido, existindo
um espírito de competitividade saudável, o jogo do botão, em que inicialmente os alunos se
mostravam apreensivos, mas que com o desenrolar das jogadas se interessavam criando
também uma boa adesão por parte destes ao mesmo, o bowling, que consistia em derrubar os
pinos com bolas de ténis, tinha também o jogo da corda, tendo como objetivo colocar todos os
alunos daquele grupo a saltar à corda, entrando um de cada vez, por fim o jogo do tiro às latas
e também dos aros.
Esta foi a melhor experiencia de todas as atividades que realizei, uma vez que esta
atividade foi projetada e realizada pelos 3 elementos do NE da FADEUP (João Mendes,
Licurgo Figueiredo e Miguel Silva), tendo com o auxiliar nesta ultima tarefa a PC Camila
Vasconcelos. Ao longo de toda a atividade tive como funções a monitorização dos alunos pelas
atividades.
Para terminar, no 3º período foi realizado o torneio inter-escolas do concelho de
Matosinhos, denominado por “Torneios Concelhios”, o qual se realizou durante um período de
uma semana de 16 a 20 de Abril e teve como população alvo os alunos do 3º ciclo e do ensino
básico.
A minha função neste torneio foi de treinador adjunto da equipa de Basquetebol masculina e
feminina, tendo a equipa feminina chegado às meias-finais e a masculina conseguido um
2ºlugar.
Àrea 4 - Desenvolvimento Profissional
Neste ponto irei debruçar-me sobre a realidade do Insucesso Escolar (IE) que nos últimos
anos tem-se vindo a demonstrar uma matéria que tem preocupado escolas e professores de
todo o mundo. Este tema serviu de estudo para a minha revisão bibliográfica.
Nesta revisão bibliográfica pretendo mostrar numa fase inicial o enquadramento histórico na
Europa e a nível Nacional, o conceito do IE segundo vários autores, as causas do IE, as teorias
explicativas e o papel do professor.
Este foi um problema identificado na minha turma, em que cerca de 1/4 dos alunos
reprovaram de ano, tendo por isso esta situação despertado a minha atenção.
Com o aparecimento e aumento dos anos de escolaridade obrigatória, o IE passou a ser um
fenómeno presente nas escolas. Inicialmente, era visto como um problema de números em que
alguns alunos simplesmente reprovavam de ano.
A responsabilidade pelo IE passou a ser assumida como um fracasso de toda a comunidade
escolar. O sistema não está a ser capaz de motivar, reter e promover o êxito dos alunos.
É através da escola que se transmitem conhecimentos, sendo também o meio de
excelência para a socialização dos jovens. A escola apresenta-se como um local de
conservação e reprodução social e praticamente nenhuma cultura, nenhum sistema social
atual, prescinde da escola e da sua força socializadora. Através da escola incutem-se valores,
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ideais, hábitos, podendo também assim, por outro lado, causar mais discrepâncias entre
diferentes culturas. O IE poderá então ser mais um mecanismo formal para o aumento destas
discrepâncias, pois poderá desde logo indicar a posição social para os alunos no futuro (Freire,
2010).