AscensãO Do Romance

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ASCENSÃO DO ROMANCE Profa. Dr. Maria Eneida Matos da Rosa

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ASCENSÃO DO ROMANCE

Profa. Dr. Maria Eneida Matos da Rosa

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Os primórdios da literatura Aristóteles e Platão foram os primeiros a

trazer à tona alguma espécie de sistematização acerca do que seria literatura e introduziram uma espécie de análise.

Eles forneceram conceitos estudados até hoje pelos estudiosos da literatura e das artes.

Existem, pois algumas diferenças relevantes entre o pensamento de ambos.

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Aspectos comparativosPLATÃO (REPÚBLICA) ARISTÓTELES (POÉTICA)

Arte = imitação Arte – diferente da

verdade (produz maus efeitos)

A arte é ilusória, é imitação da imitação, imita as coisas de que os outros são artífices.

Arte= prazer nocivo. É preciso expulsar a catarse.

Os poetas devem ser banidos da República Ideal.

Arte = imitação (mímesis)

O homem se compraz com a imitação.

arte= versossímil – não depende da verdade.

A arte desperta o prazer – aprendizagem e reconhecimento,

Catarse = prazer positivo, purifica as emoções.

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Período clássico – antecedentes da modernidade

O período clássico compreende os séculos XV, XVI e XVII e apresenta três fases.

Renascimento; Maneirismo; Barroco.

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Período clássico – antecedentes da modernidade

RENASCIMENTO - volta aos padrões clássicos greco-romanos.

ANTROPOCENTRISMO – supervalorização do homem.

Era da invenção da imprensa (Gutenberg), da bússola, da pólvora.

Capitalismo.

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MANEIRISMO Tentativa de harmonizar a espiritualidade

medieval e o realismo renascentista. Em italiano, “afetado, ameneirado”. Revificação religiosa do período,

dominado pela Reforma protestante ; busca ansiosa do espiritual; Depreciação do corpo; Renovação dos valores góticos.

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Maneirismo O pensamento de Maquiavel surge nesse

período, juntamente com o paradoxo moral: “não importam os meios para se atingir os fins”.

O capitalistmo propicia o surgimento de novas classes sociais.

Com o capitalismo emergem aspectos como o individualismo, a solidão, a visão pessimista do mundo, o tédio existencial e a melancolia.

Narcisismo. Metáfora do espelho.

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El Greco La Agoria en el Jardin (1590):

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El Greco

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Michelangelo - Narciso

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Van Eyck (1434) – O casamento dos Arnolfini

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Maneirismo e tragédia Sensação de ambiguidade; Alienação; O destino não é mais desígnio dos deuses –

implícito no próprio caráter do herói; Catarse– alienação extrema; Estilo literário: estranho e o bizarro, jogos

de palavras, significados duplos, impressão de eloquência e grandeza, linguagem enigmática e paradoxal;

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BACHELARD, Gaston. A água e os sonhos. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

Hauser, Arnold.   História social da arte e da literatura. São Paulo : Martins Fontes, 2003. 1032 p.

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Hamlet – herói da hesitação

“Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobreEm nosso espírito sofrer pedras e setasCom que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,Ou insurgir-nos contra um mar de provocaçõesE em luta pôr-lhes fim? Morrer.. dormir: não mais.Dizer que rematamos com um sono a angústiaE as mil pelejas naturais-herança do homem:Morrer para dormir… é uma consumaçãoQue bem merece e desejamos com fervor.

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Dormir… Talvez sonhar: eis onde surge o obstáculo:Pois quando livres do tumulto da existência,No repouso da morte o sonho que tenhamosDevem fazer-nos hesitar: eis a suspeitaQue impõe tão longa vida aos nossos infortúnios.Quem sofreria os relhos e a irrisão do mundo,O agravo do opressor, a afronta do orgulhoso,Toda a lancinação do mal-prezado amor,A insolência oficial, as dilações da lei,Os doestos que dos nulos têm de suportarO mérito paciente, quem o sofreria,Quando alcançasse a mais perfeita quitaçãoCom a ponta de um punhal? Quem levaria fardos,Gemendo e suando sob a vida fatigante,

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Hamlet – ato III, cena 1 (p. 63) Se o receio de alguma coisa após a morte,

–Essa região desconhecida cujas raiasJamais viajante algum atravessou de volta –Não nos pusesse a voar para outros, não sabidos?O pensamento assim nos acovarda, e assimÉ que se cobre a tez normal da decisãoCom o tom pálido e enfermo da melancolia;E desde que nos prendam tais cogitações,Empresas de alto escopo e que bem alto planamDesviam-se de rumo e cessam até mesmoDe se chamar ação.(…)”

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A morte de Ofélia – Ato IV, cena 7, p. 115-6 RAINHA: Uma desgraça marcha no calcanhar de

outra, tão rápidas se seguem. Tua irmã se afogou, Laertes.

LAERTES: Afogada! Oh, onde? RAINHA: Há um salgueiro que cresce inclinado

no riacho; quando ela tentava subir nos galhos inclinados, para aí pendurar as coroas de flores, um ramo

invejoso se quebrou; ela e seus troféus floridos despencaram juntos no arroio soluçante. Suas roupas, pesadas pela água que a

encharcava, arrastaram a infortunada com seu canto suave à morte lamacenta.

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Miguel de Cervantes (1547-1616)

Contava 57 anos quando publicou, em 1605, O Engenhoso Don Quixonte de la Mancha, com que se consagrou na literatura moderna do Ocidente.

Cervantes se preocupava com a difusão de seus escritos, que fogem de seu controle: a personagem que criou se torna pública, e dela outros podem se apropriar.

Propriedade e identidade – dois conceitos caros à sociedade burguesa e capitalista.

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O romance Descartes (Discurso sobre o método,

1637)) assinala uma concepção individualista – busca da verdade como uma questão inteiramente individual;

O romance reflete essa concepção individualista;

“O romancista tipicamente indica sua intenção de apresentar uma personagem como um indivíduo particular nomeando-a da mesma forma que os indivíduos particulares são nomeados na vida real” (WATT, 1990, p. 19)

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O romance Aspectos estruturais do romance que

antes não existiam: tempo, espaço. Ascensão de um público leitor:

essencialmente feminino. Robinson Crusoé, de Daniel Defoe

simboliza os processos relacionados com o advento do individualismo econômico.