ASPECTOS DA ESTRUTURA TERMODINÂMICA DA FLORESTA DE CAXIUANÃ DURANTE A ESTAÇÃO ÚMIDA Carlos...

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ASPECTOS DA ESTRUTURA TERMODINÂMICA DA ASPECTOS DA ESTRUTURA TERMODINÂMICA DA FLORESTA DE CAXIUANÃ DURANTE A ESTAÇÃO ÚMIDA FLORESTA DE CAXIUANÃ DURANTE A ESTAÇÃO ÚMIDA Carlos José Capela Bispo 1 ([email protected] ), Leonardo D. A. Sá 2 ( [email protected] ), Júlia C. P.Cohen 1 ([email protected] ) 1 Universidade Federal do Pará (UFPa) 2 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) / Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) MATERIAIS E MÉTODOS INTRODUÇÃO O estudo da estrutura termodinâmica de uma floresta é importante para compreender a capacidade que ela tem para reter calor, vapor d’água e gases-traço. Já foram realizados estudos de gradientes verticais da temperatura potencial virtual na floresta amazônica em Manaus (Shuttleworth et al., 1985), em Rondônia (Pacheco, 2001), dentre outros. Mas esta é a primeira investigação que se propõe a caracterizar os gradientes verticais de v na floresta de Caxiuanã (Nordeste da Amazônia), identificando fatores que contribuem para intensificar ou não as trocas noturnas entre a floresta e a atmosfera. Foi escolhida para análise uma noite típica do período úmido (7 a 8 de abril de 2005), sem precipitação. Foram considerados dados de anemômetros localizados acima da copa (40 e 43 m) e de termohigrômetros dispostos a três níveis abaixo do topo da copa (8, 16 e 30m de altura), na região em que a cobertura vegetal é mais espessa, e em dois níveis acima da copa (40 e 43m). São investigadas as variações da estrutura termodinâmica nas seguintes situações noturnas: (a) ocorrência de fortes rajadas, (b) situações em que há importantes perdas radiativas de calor na parte superior da copa, e (c) ocorrência de circulações locais próximo ao solo. Para isto são analisados os padrões de variabilidade da temperatura potencial virtual e umidade de mistura em tais situações, além de informação do vento. Figura 2 Gráfico da temperatura potencial virtual nos níveis de 8, 16, 30, 40 e 43m. Figura 3 – Gráfico da razão de mistura nos níveis de 8, 16, 30, 40 e 43m 0,017 0,018 0,019 0,02 0,021 0,022 0,023 1700 1800 1900 2000 2100 2200 2300 2400 100 200 300 400 500 600 700 Horas R azão de M istura (g/Kg) r_8 r_16 r_30 r_40 r_43 Figura 4 Gráfico da velocidade do vento nos níveis de 40 e 43m As conseqüências das rajadas (logo após as 21 horas), as quais provocam quedas rápidas no valor de v ao longo de toda altura abaixo da copa e também interferem no padrão da razão de mistura, r; • A razão de mistura, r, após um súbito e curto aumento, decai em valor em todos os níveis estudados. Isto sugere que o ar frio associado à rajada cria um empuxo positivo, de tal forma que, durante curto intervalo de tempo há forte fluxo de umidade para cima, justificando os aumentos relativos em r. Uma vez passado o efeito do forte empuxo, as umidades decaem mostrando que a copa passou ficar menos úmida. • A existência de regiões com gradientes verticais de v negativos abaixo da copa, e positivos acima da mesma a partir das 19 horas, sugerindo a ocorrência de mistura convectiva noturna dentro da copa acima da altura de 8m e estabilidade acima da copa. Além disso há queda de v em todos os níveis aproximadamente de 2K. 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 1700 1748 1836 1924 2012 2100 2148 2236 2324 12 100 148 236 324 412 500 548 636 Horas Velocidade do Vento (m /s) VV 43m VV 40m • A mudança de sinal / t ao longo da noite onde = v / t, o que indica a curva inicialmente côncava, torna-se convexa a partir de um curto instante da madrugada. • As rajadas trazem ar mais frio e mais seco e sua incidência na copa é sentida em todos os níveis. Os efeitos de resfriamento por rajada não foram observados em estudos anteriores sobre a estrutura térmica da copa nas reservas florestais Ducke, em Manaus (Shuttleworth et al., 1985) e Rebio Jaru, em Rondônia (Pachêco, 2001). A Estação Científica Ferreira Penna ECFPn é a base de pesquisa do Museu Paraense Emílio Goeldi localizada na Floresta Nacional de Caxiuanã, do Estado do Pará a nordeste da Amazônia, a 400km a oeste de Belém. O Projeto Milênio/LBA opera um sítio experimental na área (00°50’31’’S; 46°38’56’’W) onde encontra-se instalada a torre micrometeorológica de 52m de altura (Figura 1). Figura 1 – Torre meteorológica em Caxiuanã RESULTADOS E CONCLUSÕES Três aspectos da evolução noturna das variáveis v e r são apresentados: AGRADECIMENTOS Ao Programa PPG7/FINEP/MCT (proc 6499042500), ao Instituto do Milênio (proj. 62.0056/01-0), à FADESP/SECTAM/PRONEX (contr. 1082), Ao Museu Paraense Emílio Goeldi, administrador de Caxiuanã. Leonardo Sá agradece ao CNPq (bolsa PQP 306769/2004-2) e Carlos Capela a bolsa da Fundação Djalma Batista. 97 298 299 300 301 302 303 304 305 306 307 308 1700 1800 1900 2000 2100 2200 2300 2400 100 200 300 400 500 600 700 H oras Tem peratura P otencial V irtual (K )

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ASPECTOS DA ESTRUTURA TERMODINÂMICA DA ASPECTOS DA ESTRUTURA TERMODINÂMICA DA FLORESTA DE CAXIUANÃ DURANTE A ESTAÇÃO ÚMIDAFLORESTA DE CAXIUANÃ DURANTE A ESTAÇÃO ÚMIDA

Carlos José Capela Bispo1 ([email protected]), Leonardo D. A. Sá2 ([email protected]), Júlia C. P.Cohen1 ([email protected])

1 Universidade Federal do Pará (UFPa)2 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) / Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG)

MATERIAIS E MÉTODOS

INTRODUÇÃO

O estudo da estrutura termodinâmica de uma floresta é importante para

compreender a capacidade que ela tem para reter calor, vapor d’água e

gases-traço. Já foram realizados estudos de gradientes verticais da

temperatura potencial virtual na floresta amazônica em Manaus

(Shuttleworth et al., 1985), em Rondônia (Pacheco, 2001), dentre outros.

Mas esta é a primeira investigação que se propõe a caracterizar os

gradientes verticais de v na floresta de Caxiuanã (Nordeste da

Amazônia), identificando fatores que contribuem para intensificar ou não

as trocas noturnas entre a floresta e a atmosfera.

Foi escolhida para análise uma noite típica do período úmido (7 a 8 de

abril de 2005), sem precipitação. Foram considerados dados de

anemômetros localizados acima da copa (40 e 43 m) e de

termohigrômetros dispostos a três níveis abaixo do topo da copa (8, 16 e

30m de altura), na região em que a cobertura vegetal é mais espessa, e

em dois níveis acima da copa (40 e 43m). São investigadas as variações

da estrutura termodinâmica nas seguintes situações noturnas: (a)

ocorrência de fortes rajadas, (b) situações em que há importantes perdas

radiativas de calor na parte superior da copa, e (c) ocorrência de

circulações locais próximo ao solo. Para isto são analisados os padrões

de variabilidade da temperatura potencial virtual e umidade de mistura

em tais situações, além de informação do vento.

Figura 2 – Gráfico da temperatura potencial virtual nos níveis de 8, 16, 30, 40 e 43m.

Figura 3 – Gráfico da razão de mistura nos níveis de 8, 16, 30, 40 e 43m

0,017

0,018

0,019

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1700 1800 1900 2000 2100 2200 2300 2400 100 200 300 400 500 600 700

Horas

Raz

ão d

e M

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ra (

g/K

g)

r_8 r_16 r_30 r_40 r_43

Figura 4 – Gráfico da velocidade do vento nos níveis de 40 e 43m

• As conseqüências das rajadas (logo

após as 21 horas), as quais provocam

quedas rápidas no valor de v ao

longo de toda altura abaixo da copa e

também interferem no padrão da

razão de mistura, r;

• A razão de mistura, r, após um

súbito e curto aumento, decai em

valor em todos os níveis estudados.

Isto sugere que o ar frio associado à

rajada cria um empuxo positivo, de tal

forma que, durante curto intervalo de

tempo há forte fluxo de umidade para

cima, justificando os aumentos

relativos em r. Uma vez passado o

efeito do forte empuxo, as umidades

decaem mostrando que a copa

passou ficar menos úmida.

• A existência de regiões com

gradientes verticais de v negativos

abaixo da copa, e positivos acima da

mesma a partir das 19 horas,

sugerindo a ocorrência de mistura

convectiva noturna dentro da copa

acima da altura de 8m e estabilidade

acima da copa. Além disso há queda

de v em todos os níveis

aproximadamente de 2K.

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VV 43m VV 40m

• A mudança de sinal / t ao longo

da noite onde = v / t, o que indica

a curva inicialmente côncava, torna-se

convexa a partir de um curto instante

da madrugada.

• As rajadas trazem ar mais frio e mais seco e sua incidência na copa é sentida em

todos os níveis.

• Os efeitos de resfriamento por rajada não foram observados em estudos

anteriores sobre a estrutura térmica da copa nas reservas florestais Ducke, em

Manaus (Shuttleworth et al., 1985) e Rebio Jaru, em Rondônia (Pachêco, 2001).

A Estação Científica Ferreira Penna –

ECFPn é a base de pesquisa do Museu

Paraense Emílio Goeldi localizada na

Floresta Nacional de Caxiuanã, do Estado

do Pará a nordeste da Amazônia, a 400km

a oeste de Belém. O Projeto Milênio/LBA

opera um sítio experimental na área

(00°50’31’’S; 46°38’56’’W) onde encontra-

se instalada a torre micrometeorológica de

52m de altura (Figura 1).Figura 1 – Torre meteorológica em Caxiuanã

RESULTADOS E CONCLUSÕES

Três aspectos da evolução noturna das variáveis v e r são apresentados:

AGRADECIMENTOS

Ao Programa PPG7/FINEP/MCT (proc 6499042500), ao Instituto do Milênio

(proj. 62.0056/01-0), à FADESP/SECTAM/PRONEX (contr. 1082), Ao Museu

Paraense Emílio Goeldi, administrador de Caxiuanã. Leonardo Sá agradece ao

CNPq (bolsa PQP 306769/2004-2) e Carlos Capela a bolsa da Fundação

Djalma Batista.

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