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Lúcia Helena de Oliveira Cordeiro ASPECTOS DA SÍNDROME METABÓLICA NA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA EM PACIENTES OBESOS MÓRBIDOS Recife 2003

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Lúcia Helena de Oliveira Cordeiro

ASPECTOS DA SÍNDROME METABÓLICA

NA DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA

NÃO-ALCOÓLICA EM PACIENTES

OBESOS MÓRBIDOS

Recife 2003

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II

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

MESTRADO EM MEDICINA INTERNA

LÚCIA HELENA DE OLIVEIRA CORDEIRO

ASPECTOS DA SÍNDROME METABÓLICA NA DOENÇA

HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA EM PACIENTES

OBESOS MÓRBIDOS

Dissertação apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Medicina Clínica, nível Mestrado, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Medicina Clínica.

ORIENTADOR Prof. Dr. José Ricardo Pernambuco PROFESSOR ADJUNTO DE GASTROENTEROLOGIA

DEPARTAMENTO DE MEDICINA CLÍNICA, CCS UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CO-ORIENTADORES

Prof. Dr. Lucio Villar PROFESSOR ADJUNTO DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA

DEPARTAMENTO DE MEDICINA CLÍNICA, CCS UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

Profa. Dra. Norma Thomé Jucá

PROFESSOR ADJUNTO DE PATOLOGIA DEPARTAMENTO DE ANATOMIA PATOLÓGICA, CCS

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

RECIFE, 2003

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III

Cordeiro, Lúcia Helena de Oliveira Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos / Lúcia Helena de Oliveira Cordeiro. – Recife: O Autor, 2003.

xvi, 76 folhas: il., tab., gráf. Dissertação (mestrado) – Universidade

Federal de Pernambuco. CCS. Medicina Interna, 2003.

Inclui bibliografia e anexos.

1. Obesidade grave. 2. Doença hepática

gordurosa não alcoólica. 3. Obesidade mórbida 4. Cirurgia bariátrica. I.Título.

616.36 CDU (2.ed.) UFPE 616.362 CDD (22.ed.) BC2006-310

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IV

ASPECTOS DA SÍNDROME METABÓLICA NA DOENÇA

HEPÁTICA GORDUROSA NÃO-ALCOÓLICA EM PACIENTES

OBESOS MÓRBIDOS

LÚCIA HELENA DE OLIVEIRA CORDEIRO

RECIFE, 11 DE SETEMBRO DE 2003

BANCA EXAMINADORA: PROFª. DRª. ANA LÚCIA COUTINHO DOMINGUES

PROF. DR. JOÃO MODESTO FILHO

PROF. DR. TÉRCIO SOUTO BACELLAR

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V

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

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VI

REITOR Prof. Geraldo José Marques Pereira

PRÓ-REITOR PARA ASSUNTOS DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Prof. Paulo Roberto Freire Cunha

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DIRETOR

Prof. Gilson Edmar Gonçalves e Silva

DEPARTAMENTO DE MEDICINA CLÍNICA Prof. Ênio Torreão Soares Castellar

HOSPITAL DAS CLÍNICAS

DIRETOR SUPERINTENDENTE Prof. Éfrem de Aguiar Maranhão

PROGRAMA DE PÓ S-GRADUAÇÃO EM MEDICINA INTERNA

COORDENADOR Prof. Edgar Guimarães Victor

VICE-COORDENADOR

Profa Maria de Fátima Pessoa Militão de Albuquerque

CORPO DOCENTE Profa . Ana Lúcia Coutinho Domingues

Profa. Ângela Luiza Pinto Duarte Prof. Edgar Vitor Guimarães

Prof. Edmundo Pessoa de Almeida Lopes Neto Prof. Fernando Tarcísio Miranda Cordeiro Prof. Frederico Castelo Branco Cavalcanti

Profa. Heloísa Ramos Lacerda de Melo Prof. Hilton de Castro Chaves Jr.

Prof. José Ricardo Barros Pernambuco Prof. Luiz Bezerra de Carvalho Coutinho Jr.

Prof. Lurildo Cleano Ribeiro Saraiva Profa . Magdala de Araújo Novaes

Profa Maria de Fátima Pessoa Militão de Albuquerque Profa Marília de Carvalho Lima

Prof. Nelson Antônio Moura de Araújo Profa Norma Lucena Licínio da Silva

Profa Sandra Tereza de Souza Neiva Coelho Profa Vera Magalhães da Silveira

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VII

AGRADECIMENTOS

Aos Professores que contribuíram de modo especial na minha formação

acadêmica e profissional:

Mestre Ney Cavalcanti, pelo entusiasmo nos ensinamentos da

Endocrinologia e nas lições de vida que tanto nos ensinam e nos fazem

engrandecer. Mestre Fernando Raposo, além das páginas de um livro.

Aos Professores que contribuíram de modo especial para a realização

deste trabalho:

Prof. José Ricardo Pernambuco, pela cuidadosa orientação, paciência e

riqueza de conhecimentos que permitiram a elaboração da pesquisa.

Prof. Lucio Vilar pela orientação e disponibilidade nas revisões do texto.

Profa Fátima Militão, pela dedicação ao Mestrado, disponibilidade e

solicitude.

Prof. Pedro Arruda, pesquisador nato. Graças à sua curiosidade pudemos

concluir este estudo

Prof. Edmundo Lopes que me incentivou na realização desde a entrada

no mestrado até à conclusão desta pesquisa.

Prof. Edmundo Ferraz e seu staff, pelo apoio e solicitude.

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VIII

Profa Norma Thomé Jucá, um agradecimento especial pela realização dos

exames histopatológicos e pelas sugestões.

Ulysses Montarroyos, estatístico, pela colaboração na análise estatística.

A todos que contribuíram de forma direta ou indireta, em especial:

Jorge Sette, aluno da graduação o meu agradecimento e admiração pelo

interesse precoce e disponibilidade para a pesquisa.

Esmeralda e Karita, secretárias do Mestrado pela dedicação.

Aos Colegas do Mestrado pelo companheirismo e incentivo.

A todos que contribuíram com gestos ou palavras, meu sincero

agradecimento.

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IX

SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE GRÁFICOS LISTA DE FIGURAS E FOTOS RESUMO ABSTRACT

1. INTRODUÇÃO ................................................................................... 1.1 Objetivos........................................................................................

14

2. LITERATURA............................................................................................. 5

2.1 Prevalência da Obesidade................................................................... 52.2 Classificação da Obesidade................................................................. 82.3 Doenças relacionadas à obesidade..................................................... 9

2.4 Síndrome da Resistência Insulínica..................................................... 112.5 Tratamento da Obesidade.................................................................... 122.6 Doença hepática Gordurosa não-alcoólica.......................................... 14

2.6.1 Aspectos histológicos da EH e NASH............................................ 192.7 Fisiopatologia da EH/NASH................................................................. 22

3. CASUÍSTICA E MÉTODO......................................................................... 27

3.1 Casuística............................................................................................ 273.2 Variáveis do estudo............................................................................. 283.3 Coleta de dados................................................................................... 29

3.3.1 Procedimentos.............................................................................. 303.4 Limitações Metodológicas................................................................... 313.5 Análise Estatística............................................................................... 32

3.6 Análise pela Comissão de Ética do HC-UFPE.................................... 32 4. RESULTADOS........................................................................................... 355. DISCUSSÃO.............................................................................................. 50

6. CONCLUSÕES.......................................................................................... 587. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 598 ANEXOS.................................................................................................... 65

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X

LISTA DE ABREVIATURAS

OMS Organização Mundial de Saúde

IMC Índice de Massa Corpórea

CCS Centro de Ciências da Saúde

UFPE Universidade Federal de Pernambuco

SRI Síndrome de Resistência Insulínica

RI Resistência Insulínica

SOS The Swedish Studt Group

DHGNA Doença Hepática Gordurosa não-Alcoólica

EH Esteatose Hepática

EHNA Esteato-Hepatite não Alcoólica

CHOL Colesterol Total

HDL-C High Density Lipoprotein Cholesterol

LDL-C Low Density Lipoprotein Cholesterol

VLDL Very Low Density Lipoprotein Cholesterol

TG Triglicerídeos

AGL Ácidos Graxos Livres

AST Aspartato Aminotransferase

AST Alaninaaminotransferase

FA Fosfatase Alcalina

GGT Gamaglutamiltransferase

MDA Malonilaldeído

HNE 4-Hidroxinenonal

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XI

LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Prevalência da obesidade na população Adulta em países

selecionados entre 1988-1996........................................................

7

Tabela 2 - Classificação de Peso de acordo com o IMC e risco de

co-morbidades em adultos.........................................................

9

Tabela 3 - Características de pacientes com Esteatohepatite

Não-Alcoólica.............................................................................

17

Tabela 4 - Graduação e estadiamento das lesões histopatológicas da

NASH.........................................................................................

21

Tabela 5 Características clínicas dos pacientes obesos graves

submetidos à cirurgia do Hospital das Clínicas da

Universidade Federal de Pernambuco.......................................

36

Tabela 6 Distribuição dos pacientes obesos graves por sexo..................

37

Tabela 7 Distribuição dos pacientes obesos graves submetidos à

cirurgia bariátrica no hospital das clínicas segundo a

freqüência de doença hepática gordurosa não alcoólica e o

grau de lesão hepática...............................................................

38

Tabela 8 Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não-

alcoólica em pacientes obesos graves, submetidos à cirurgia

bariátrica no HC/UFPE de acordo com os níveis de aspartato

aminotransferase........................................................................

42

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XII

Tabela 9 Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não

alcoólica em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia

bariátrica no HC/UFPE, de acordo com os níveis de alanina

aminotransferase........................................................................

43

Tabela 10 Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não

alcoólica em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia

bariátrica no HC/UFPE de acordo com a relação

cintura-quadril............................................................................. 44

Tabela 11 Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não-

alcoólica em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia

bariátrica no HC/UFPE de acordo com a relação cintura-

quadril......................................................................................... 44

Tabela 12 Distribuição do grau de doença hepática em pacientes obesos

graves submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE de

acordo com o nível de triglicerídeos........................................... 45

Tabela 13 Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não

alcoólica em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia

bariátrica no HC/UFPE de acordo com os níveis de colesterol

total.............................................................................................

46

Tabela 14 Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não

alcoólica em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia

bariátrica no HC/UFPE de acordo com os níveis de

HDL............................................................................................

46

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XIII

Tabela 15 Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não

alcoólica em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia

bariátrica no HC/UFPE, de acordo com os níveis de

LDL.............................................................................................

47

Tabela 16 Distribuição do grau de doença hepática em 35 pacientes

obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE,

de acordo intolerância a Glicose e Diabetes Mellitus................. 48

Tabela 17 Distribuição do grau de doença hepática Gordurosa não-

alcoólica em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia

bariátrica no HC/UFPE, de acordo com hipertensão arterial

sistêmica....................................................................................

48

Tabela 18 Distribuição de todos os graus de DHGNA em pacientes

obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE,

de acordo cintura-quadril, colesterol total, HDL, LDL,

Triglicerídeos, Diabetes e HAS..................................................

49

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XIV

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Distribuição do grau de doença hepática gordurosa

não-alcoólica segundo a idade média dos pacientes obesos

grave submetidos à cirurgia bariátrica no Hospital das

Clínicas.......................................................................................

39

Gráfico 2 - Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não-

alcoólica segundo o tempo médio de obesidade nos pacientes

obesos graves submetidos cirurgia bariátrica no

HC/UFPE....................................................................................

40

Gráfico 3- Distribuição do grau de doença hepática segundo o Índice de

Massa Corpórea médio dos pacientes obesos graves

submetidos à cirurgia bariátrica segundo a condição de

DHGNA...................................................................................... 41

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XV

LISTA DE FIGURAS E FOTOS

Figura 1 Gastroplastia pela técnica de Fobi-Capella..............................

14

Figura 2 Coloração H&E em pacientes com NASH.............................

25

Figura 3 Características de pacientes com NASH..............................

26

Foto 1

Histologia hepática: Esteatose macro e microvesicular

grave......................................................................................

33

Foto 2

Histologia hepática: Agregado leucocitário........................... 33

Foto 3

Histologia hepática: Fibrose perisinusoidal........................... 34

Foto 4 Histologia hepática: Fibrose perisinusoidal e septal.............. 34

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XVI

RESUMO A obesidade é considerada doença epidêmica cuja prevalência está aumentando

em todo o mundo, principalmente em sua forma maligna a obesidade grave. A

obesidade grave pode ser um dos componentes da Síndrome de Resistência

Insulínica e implica risco elevado para diversas condições mórbidas como

diabetes, infarto agudo do miocárdio e alterações hepáticas como, esteatose

hepática, esteatohepatite não-alcoólica, cirrose e cânceres hepáticos. Dessa

forma, este estudo se propõe a fazer uma avaliação dos fatores de risco

metabólicos com a doença hepática gordurosa não alcoólica. Foram estudados

35 pacientes obesos severos submetidos à biópsia hepática durante

procedimento cirúrgico de gastroplastia. As medidas antropométricas e dosagens

sanguíneas de glicose de jejum, colesterol total, HDL, LDL e triglicerídeos e

enzimas hepáticas foram realizadas. Foram excluídos pacientes portadores de

hepatite viral ou outras doenças hepáticas conhecida e pacientes com ingestão

alcoólica >80g/semana. Houve uma prevalência de 88,6% de DHGNA sendo

32,2% grau I, 45,2% grau II, 25,6% grau III, essa última correspondente a

esteato-hepatite não alcoólica. Houve predomínio do sexo feminino com 68,6% vs

31,4% do sexo masculino. A média de idade foi de 37 anos. O tempo médio de

obesidade foi de 18 anos. O Índice de Massa Corpórea teve média de 53,04. O

índice cintura-quadril mostrou associaçãocom formas mais graves de doença

hepática embora não estatisticamente significante. A alteração metabólica mais

freqüente foi dislipidemia, sendo hipercolesterolemia a mais prevalente. No

entanto, hipertrigliceridemia foi o que mais se correlacionou com graus mais

severos de doença hepática (p=0,084) embora não tenha havido diferença

significativa. Diabetes Mellitus teve prevalência em 8,6% dos pacientes enquanto

hipertensão ocorreu em 60%. Aspartatominotransferase (AST) foi anormal em

16,1% dos pacientes e alaninaaminotransferase em 26,7%. Em conclusão, a

doença hepática gordurosa não alcoólica tem elevada prevalência em obesos

graves, sugerindo uma maior associação com a relação cintura-quadril e

hipertrigliceridemia.

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XVII

ABSTRACT

Obesity has become an epidemic disease in whose prevalence in going up

throughout the world, particularly in its malignant form, the severe obesity. The

severe obesity represents the Insulin Resistance Syndrome and its high risks of

morbi-mortality to it related like diabetes, cancers, miocardial infartation and liver

damage: liver steatosis, non alcoholic stetohepatitis, liver cancers.The purpose of

this study is to avaliate metabolic risk factors with the nonalcoholic fatty liver

disease (NAFLD). We studied 35 severe obese patients submitted to a liver bipsy

during the bariatric surgery. Anthropometry and blood chemistry: glucose, total

cholesterol, LDL cholesterol, HDL cholesterol and triglyceride and

aminotransferases were done. Patientes with alcohol intake more than 80g per

week, viral hepatitis or another known liver disease were excluded. The

prevalence of NAFDL was 88.6%, 32,2% grade I, 45,2% grade II and 25,6% grade

III this one is non alcoholic steatohepatitis (NASH). There were a predominance of

female (68,6% vs. 31,4%) male. Mean age was 37 years, mean time of obesity

was 18 years, mean Body mass Index was 53,04. Waist Hip Index (WHI) has

shown association with advantaged grade of liver disease, although it was not

statiscally significant. The metabolic feature that most associated with NAFDL was

dislipidemia with hypercholeterolemia being the more prevalent. However,

hipertriglycemia correlates better with severe grade of liver disease (p=0,084),

instead this is not statiscally significantly. Diabetes had a prevalance of 8,6%,

while hypertension occured in 60%. AST was abnormal in only 16,1% of patients

with grade II and III. While ALT abnormallity occured in 41% of patientes grade II

and III. In conclusion, the non-alcoholic fatty liver disease has high prevalence in

severe obeses suggesting an association with WHI and hypertryglyceridemia.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos___ 1

1.INTRODUÇÃO

A obesidade atualmente uma epidemia global, dado os níveis

alarmantes que vem atingindo. Tornou-se um dos problemas de saúde pública

que mais cresce em todo o mundo e foi por isso incluída na lista dos 10

maiores riscos para a saúde da humanidade (OMS, 2002). A obesidade

acarreta um risco aumentado de inúmeras doenças crônicas, como diabetes

mellitus, dislipidemia, doenças cardio e cerebrovasculares, alterações na

coagulação, doenças articulares degenerativas, neoplasias estrogênio-

dependentes, neoplasia da vesícula biliar, apnéia do sono e alterações

hepáticas como esteatose hepática (EH) (Halpern et al 1998). Esta pode

progredir para formas mais graves e terminais de doença hepática como

cirrose (Garg e Misra,2002) e carcinoma hepatocelular (Bailey e Brunt,2002)

A relação da obesidade com doenças metabólicas, como diabetes e

doenças cardiovasculares está bem estabelecida em estudos de bases

populacionais. A associação da Doença Hepática Gordurosa Não-Alcoólica

(DHGNA) com obesidade apenas foi avaliada recentemente no Third National

Health and Nutrition Examination Survey-NHANES III (Zhu , Wang, Heshka e

cols,1998) onde se presume que 20% da população geral americana seria

portadora de DHGNA (Li, Clark e Diehl, 2002). A DHGNA abrange um

espectro de doenças que compreende esteatose hepática (EH) e esteato-

hepatite não-alcoólica (EHNA) (McCoullagh,2002). Admitia-se que esteatose

hepática seria doença benigna que não progrediria para formas mais graves de

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

2

doença hepática (Ludwig, Viggiano e McGill,1998). Esse conceito está em

desuso e hoje sabe-se que 15 a 40% dos casos de EH podem evoluir para

quadros mais graves como cirrose hepática (Powell, Cooksley, Hanson et

al,1990; Telli, James, Burton, 1995; Wilner, Walters, Patil et al, 1995). A

morbidade e a mortalidade da doença hepática estão relacionadas à

intensidade das alterações histológicas da DHGNA.

A DHGNA divide-se em 4 graus: Grau I que corresponde a esteatose

leve/moderada, grau II que corresponde a esteatose severa, graus III e a IV. O

que diferencia EH de EHNA é a presença de inflamação, degeneração em

balão e fibrose encontradas na EHNA. Essas alterações são associadas à

morte dos hepatócitos (Brunt, 2002) e a biópsia hepática permite a

diferenciação de EH e EHNA, sendo por isso o método de escolha para o

diagnóstico (Garg e Misra, 2002).

Em função de seus potenciais riscos, a NAFDL vem ganhando

importância como entidade clínica nos últimos anos. As causas de EH e EHNA

são as mesmas e incluem diabetes tipo 2, obesidade, cirurgia de derivação

íleo-jejunal, nutrição parenteral e drogas (Angulo, 2002).

Na população adulta americana (acima de 18 anos) com sobrepeso ou

obesidade (IMC>25kg/m2), a prevalência de NAFLD pode chegar a 70%

(Cortez-Pinto, Catham, Chacko, 1999). Atribui-se esse aumento da prevalência

de EHNA em obesos à Síndrome de Resistência Insulínica (SRI). Estudos bem

conduzidos mostram a relação causal entre resistência insulínica (RI) e

EHNA (Marchesini, Brizi, Morselli-Labate, 1999; Angulo,1999; Pagano, 2002;

Paradis, 2002). A perda de peso tem sido atribuída como fator que pode

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

3

melhorar a NAFLD (Luyckx, Lefebvre, 2000), especialmente a perda de peso

substancial obtida pela realização de cirurgia redutora do estômago com

derivação intestinal, que é acompanhada por importante regressão da

esteatose hepática bem como das anormalidades ligadas à síndrome

metabólica (Marceau, Biron, Hould, e cols., 1999). No entanto, a perda de peso

muito rápida em curto período de tempo pode também acelerar a progressão

da doença hepática gordurosa (Angulo, 2002).

Por existirem dados na literatura mundial mostrando relação causal entre

obesidade e formas mais graves de doença hepática, faz-se necessário o

estudo da ocorrência de doença hepática gordurosa não-alcoólica em obesos

graves, através de biópsia hepática trans-operatória em pacientes submetidos

à cirurgia redutora do estômago e a correlação dos diferentes aspectos da

síndrome metabólica com a doença hepática gordurosa, aqui representados

por: relação cintura-quadril, diabetes e intolerância a glicose, hipertensão

arterial sistêmica, aumento do colesterol total e da sua fração LDL, redução do

colesterol HDL, aumento do triglicerídeo bem como aspectos da própria

obesidade como o tempo de obesidade, sexo e idade dos pacientes.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

4

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

Determinar a frequência de Doença Hepática Gordurosa Não-Alcoólica,

através da biópsia hepática em pacientes obesos graves submetidos à

cirurgia bariátrica provenientes do ambulatório de cirurgia geral do

Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco.

1.1.2 Específicos

Avaliar a correlacionação da DHGNA com as variáveis biológicas (idade

e sexo), clínicas (tempo de obesidade, relação cintura-quadril,

hipertensão arterial sistêmica, Diabetes Mellitus) e laboratoriais (Níveis

de colesterol total, LDL, HDL, triglicerídeo e intolerância à glicose).

Avaliar a correlação das aminotransferases com os diferentes graus de

DHGNA

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

5

2. LITERATURA

2.1 Prevalência da Obesidade

A obesidade é considerada doença crônica e corresponde atualmente a

uma epidemia global também sendo por isso chamada “GLOBESIDADE”

devido aos níveis alarmantes que vem atingindo, tornando-se um dos

problemas de saúde pública que mais cresce em todo o mundo. Por isso, a

OMS incluiu a obesidade na lista dos 10 maiores riscos para a saúde da

humanidade e que são responsáveis por 40% das 56 milhões de morte no

mundo por ano (OMS, 2002). Ainda segundo a OMS, a população de adultos

com obesidade aumenta de acordo com o desenvolvimento do país. Mais de 1

bilhão de adultos na América do Norte, Europa e em países em

desenvolvimento estão obesos ou com sobrepeso, sendo de ocorrência

relativamente rara em países pobres, exceto Japão e Suécia onde os hábitos

alimentares e culturais são excessão (tabela 1). Mesmo em países com níveis

modestos de riqueza como o Brasil, considerado de renda intermediária, houve

um aumento percentual da obesidade sobretudo na população adulta feminina,

como comprovado no inquérito realizado pela OMS entre 1988-1996)

(Monteiro, 1998)

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

6

É preocupante ainda o fato de que a obesidade vem crescendo nas

últimas três décadas entre crianças e adolescentes. Aproximadamente 10% a

15% da população das crianças e adolescentes, com idades entre 6

a 7 anos, estão acima do peso ideal (Strauss, 2002) e ainda a obesidade

grau III ou obesidade mórbida vem aumentando rapidamente entre a população

adulta. Esse último, é o estágio de obesidade que mais está associado às co-

morbidades e aumento de mortalidade (Whitman, 2002). A prevalência de

obesidade mórbida em 1990 era de 0,78% e aumentou para 2,2% em 2000 na

população americana adulta, sendo ainda mais grave nas mulheres negras

pois a prevalência atinge 6% dessa população (OMS, 2002)

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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TABELA 1. Prevalência da obesidade na população adulta em alguns países

entre 1988-1996*

País

PNB per capita em 1991 (dólares)

Ano do estudo

Faixa etária (em anos)

Prevalência da obesidade (%)

Homem Mulher

Países ricos

Japão 23930 1993 20+ 1,7 2,7

Suécia 25110 1989 16-84 5,3 ~6

Alemanha 23650 1990 25-69 17,2 19,3

EUA 22240 1991 20-74 19,7 24,7

Canadá 20440 1991 18-74 15,0 15,0

Holanda 18780 1995 20-59 8,4 16,5

Inglaterra 16550 1995 16-24 17,8 26,6

Países com níveis intermediários de riqueza Arábia saudita

7820 1996 20+ 17,8 26,6

Rússia 3220 1996 20+ 10,8 27,9

Brasil 2940 1989 25-64 5,9 13,3

Países Pobres Gana 400 1988 20+ 0,9

China 370 1992 20-45 1,2 1,6

Índia 330 1990 20+ 0,5

Mali 280 1991 20+ 0,8

Tanzânia 100 1989 35-64 0,6 3,6

Fonte: *Modificado de Monteiro, Epidemiologia da obesidade,1999

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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2.2 Classificação da Obesidade

A classificação mais aceita nos dias atuais é preconizada pela OMS

(OMS,1998) e pelo instituto Nacional de Saúde e do Coração, Pulmão e

Sangue dos Estados Unidos (NIH,NHLBI,1998) que considera obesidade de

acordo com o Índice de Massa Corpórea (IMC) também chamado Índice de

Quetelet que equivale ao peso (em quilograma) dividido pelo quadrado da

altura (em metros), baseando-se no risco de mortalidade independente do sexo

e idade (tabela 2). Quanto à gravidade, a OMS define obesidade como grau I

quando o IMC situa-se entre 30 e 34,9Kg/m2, Grau II quando o IMC está entre

35 e 39,9 Kg/m2 e obesidade grau III ou obesidade grave (também chamada

mórbida) quando o IMC é maior ou igual a 40 kg/m2. O IMC é considerado

baixo quando menor que 18,5kg/m2 e normal quando situado entre 18,5-24,9

Kg/m2 e entre 25-29 Kg/m2 considera-se sobrepeso. A taxa de mortalidade para

os pacientes obesos graves é 12 vezes maior entre homens com 25 a 40 anos,

quando comparada a indivíduos com peso normal (Coutinho e Benchimol,

2002).

Outra classificação da obesidade leva em consideração a distribuição da

gordura corporal, que permite correlacionar, de forma ainda mais específica,

obesidade com risco de doenças associadas. A obesidade central (abdominal,

centrípeta ou andróide) é a que apresenta maior relação com alterações

metabólicas e, conseqüentemente, maior risco cardiovascular (Abdul-Rahim,

Abu Rmeileh, Hussein, e cols, 2001). Esse tipo de gordura apresenta-se com

predomínio de tecido adiposo no abdômen, traduzindo um aumento na

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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gordura visceral. Nesse tipo de obesidade a medida da circunferência da

cintura serve como um parâmetro para avaliar os riscos de co-morbidades,

sendo considerada normal para homens quando igual ou abaixo de 102 cm e

para se mulheres igual ou abaixo de 88 cm***.

TABELA 2. Classificação de peso de acordo com IMC e risco de

co-morbidades em adultos. Classificação IMC (kg/m2) Risco de co-morbidade Baixo peso <18,5 Normal 18,5-24,9 baixo

Sobrepeso 25-29,9 aumentado Obesidade grau I 30,0-34,9 moderado Obesidade grau II 35-39,9 grave Obesidade grau III

(mórbida)

> ou = 40

muito grave Fonte: OMS, 2002

2.3. Doenças relacionadas à obesidade

A obesidade acarreta um risco aumentado de inúmeras doenças bem

como de mortalidade. Os riscos já são elevados a partir de IMC acima de 25

Kg/m2, tornando-se extremamente elevado quando o IMC estiver acima de 40

Kg/m2. A incidência de morte súbita nos pacientes com obesidade mórbida,

sem etiologia determinada por autópsia, pode ser 40 vezes mais freqüente do

que na população geral (Sjostrom, 1992). As principais doenças associadas

com a obesidade são de origem cardiovascular.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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A obesidade especialmente de grau III está associada a doenças tais

como:

a) problemas cardio e cerebrovasculares (Hubert, Feinleib, Nc Namara et

al, 1983) como hipertensão arterial sistêmica (Adami, Ravera, Marinari,

2001), doença coronariana (Gensini, Comeglio, Collela, 1998),

insuficiência cardíaca, acidentes vasculares cerebrais;

b) complicações metabólicas como diabetes mellitus e dislipidemia ;

c) estados de hipercoagulabilidade e hipofibrinólise por aumento da

apolipoproteína B, do inbidor do ativador do plasminogênio (PAI-1) e do

fibrinogênio.

d) doenças articulares degenerativas crônicas;

e) neoplasias estrogênio-dependentes e outras: como de: mama, útero,

cólon, próstata e neoplasia da vesícula biliar (Lyra, Cavalcanti,1998)

f) insuficiência respiratória por hipoventilação pulmonar e apnéia do sono;

g) alterações hepáticas como esteatose hepática (Garg e Misra, 2002)

podendo progredir para formas mais graves e terminais de doença

hepática, como cirrose e carcinoma hepatocelular (Bailey e Brunt, 2002).

Nos indivíduos com obesidade mórbida o diagnóstico e o manuseio de

complicações cirúrgicas graves se torna extremamente difícil, como peritonite,

paniculite, fasceíte necrotizante, diverticulite, pancreatite necrotizante, ou

outras infecções intraabdominais (Ferraz e Martins, 1998). Além dos problemas

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psicossociais, baixa auto-estima, discriminação social e exclusão do campo de

trabalho (Marchesini, 2002).

2.4 Síndrome de Resistência Insulínica

A Síndrome de Resistência Insulínica (SRI) é a consequência clínica da

resistência insulínica e hiperinsulinemia compensatória. As manifestações

clínicas da SRI incluem doença cardiovascular (DCV), Hipertensão arterial

sistêmica, Síndrome dos ovários policísticos e mais recentemente foi incluída

esteato-hepatite não alcoólica (ACE Position Statement, 2003).

A obesidade central é implicada como o reflexo da SRI ou Síndrome

Plurimetabólica (De Fronzo, Ferriani, 1991) Esta é a base para as principais

alterações metabólicas relacionadas com a obesidade. A mais freqüente é a

doença cardiovascular estando a hipertensão arterial sistêmica presente em

25% a 55% dos obesos mórbidos (Adami, Ravera, Marinari, et al, 1983). O

estudo de Framingham, que realizou um seguimento de 5209 pacientes,

demonstrou que a obesidade é um fator de risco independente para a

ocorrência de doença cardiovascular (Hubert, Feinleib, McNamara, 1983). A

resistência insulínica (RI) é reconhecida ainda como o defeito metabólico

importante na patogênese do diabetes mellitus. Este último, aumenta em

relação direta com o índice de massa corpórea (Adami, Ravera, Marinari, et al,

1983). Cerca de 90% dos pacientes com diabetes mellitus tipo 2 são obesos ou

têm sobrepeso. Dislipidemia ocorre em 15% a 25% dos pacientes com

obesidade grave, sendo a principal alteração a elevação de triglicerídeos,

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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redução do colesterol HDL e elevação do colesterol LDL (Kral,1998). As

alterações hepáticas estão compreendidas na doença hepática gordurosa não-

alcoólica (DHGNA) esta, engloba a Esteatose Hepática e a Esteato-Hepatite

Não-Alcoólica (EHNA). EH e EHNA ocorrem mais frequentemente em obesos,

diabéticos e no sexo Feminino (Ludwig, Viggiano, McGill, 1980; Froment e

Pessaya, 1998; Caldwell e Oelsner, 1999).

2.5. Tratamento da obesidade

O tratamento da obesidade é um desafio pois consiste principalmente

em mudanças nas condições de vida, incluindo hábitos alimentares. A

obesidade é doença crônica e de etiologia multifatorial, portanto não tem cura,

sendo a prevenção a melhor alternativa.

É considerado sucesso terapêutico não só a perda de peso mas

principalmente a manutenção. O estudo sueco The Swedish Obese Subjects

(S.O.S) mostrou que após 10 anos de tratamento clínico houve novo ganho de

peso e até aumento de peso acima do peso inicial (Torgerson, Sjostrom, 2001).

O objetivo da perda de peso é principalmente melhorar as co-

morbidades já existentes e prevenir as que provavelmente aparecerão. Uma

perda de peso sustentada de 5% a 10 % do peso inicial já seria suficiente para

melhorar algumas das co-morbidades associadas à obesidade.

O tratamento clínico da obesidade é baseado na utilização de dietas

hipocalóricas individualizadas com baixo teor de lipídeos e programação de

atividade física com o auxílio da farmacoterapia na falência dos primeiros itens.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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A utilização de fármacos, segundo o Consenso Latino Americano de

Obesidade (Coutinho, 1999), preconiza o uso da medicação quando o IMC está

acima de 30 kg/m2. Nos Estados Unidos e Europa os fármacos liberados para

uso a longo prazo são sibutramina e orlistat (Yanosvski, Yanovski, 2002). No

Brasil, pelo baixo poder aquisitivo da população, permite-se utilizar medicações

anorexígenas e estimuladores adrenérgicos como femproporex, dietilpropiona e

mazindol. Discute-se a utilização de antidepressivos como fluoxetina,

bupropiona, entre outras, em pacientes com perfil para uso dessa classe de

medicações (Gadde, Parker, Rever, 2001).

Outra forma de tratamento da obesidade é a cirurgia. Essa deve ser

restrita àqueles pacientes com obesidade mórbida que significa IMC igual ou

maior que 40 kg/m2 ou quando IMC maior que 35 kg/m2 associado a co-

morbidades. O tratamento cirúrgico da obesidade surgiu na década de 50 com

resultados desastrosos e voltou a ser utilizado em ampla escala após

aprimoramento da técnica, há cerca 20 de anos (MacGregor, 2003). Cirurgia

bariátrica tem sido o termo como se denominam as intervenções realizadas no

aparelho digestivo com o objetivo de promover a redução de peso. As cirurgias

bariátricas consistem em reduzir o reservatório gástrico (cirurgias restritivas) ou

reduzir a absorção dos alimentos (cirurgias disabsortivas). A associação das

duas técnicas é o procedimento mais freqüente. A cirurgia mais amplamente

realizada é de restrição gástrica combinada com derivação intestinal em Y de

Roux (figura 1) chamada de Fobi-Capella . Essa técnica cirúrgica permite uma

perda de peso de aproximadamente 35% do peso inicial com segurança e

baixa morbidade (Ferraz e cols, 2003).

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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2.6 Doença Hepática Gordurosa Não-Alcoólica

Doença hepática gordurosa não- alcoólica (DHGNA) (do inglês - Non

Alcoholic Fatty Liver Disease-NAFDL) compreende um espectro de doença

hepática que engloba desde formas benignas, como esteatose hepática, até

esteato-hepatite não-alcoólica (EHNA) com seus diferentes graus de

morbidade. (Falck-Ytter, McCullough et al, 2001)

A Esteatose Hepática (EH) é uma entidade clínica descrita desde o

século 19 e foi fundamentalmente relacionada à ingestão de álcool e a

evolução para cirrose (Ludwig, Viggiano e McGill, 1980). A exclusão do álcool

permitiu a identificação de uma entidade com um perfil diferente relacionada

Figura. 1 – Gastroplastia pela técnica de Fobi-Capella

Câmara gástrica exclusa

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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com obesidade e diabetes mellitus, sexo feminino e drogas denominada

esteatohepatite não-alcoólica, esteatonecrose ou hepatite diabética .

A EHNA é uma causa freqüente de anormalidade das enzimas

hepáticas. O NHANES (National Health and Nutrition Examination Survey) a

descreveu como a causa mais freqüente de aumento de transaminases nos

Estados Unidos, superando inclusive a frequência de hepatite C que chega a

1,8% (Alter, Kruszon,-Moran, Naine, 1999). O padrão–ouro para o diagnóstico

na EHNA é a biópsia hepática (Bravo, Sheth, Chopra, 2001) e a caracterização

dos achados na histologia, além da exclusão do uso de álcool, que deve ser

informada pelo paciente e, confirmada pelos familiares e de sorologia negativa

para as hepatites virais.

As dificuldades em estabelecer a prevalência da EHNA na população

geral se devem, em primeiro lugar, pelas implicações éticas em realizar a

biópsia hepática; em segundo lugar pelo, estabelecimento dos critérios

diagnósticos de EHNA. Em séries de necrópsias com mortes por acidentes

automobilísticos ou aéreos observa-se uma prevalência de 20% para EH e 3%

para EHNA, conforme estudos italianos (Bellentami, Saccoci, Masuto, et cols,

2000) e japoneses (Nomura, Kashiwaghi, Hayashi, 1988). Acreditava-se que a

EH simples era uma forma benigna de lesão hepática que não progridiria. No

entanto, a EH pode evoluir para formas mais graves de doença hepática como

a EHNA, em cerca de 30% dos casos e esta pode progredir para cirrose em

cerca de 20% o que faz crer que muitos casos de Cirrose Criptogenética (CC)

em filas de transplantes sejam casos de EHNA não diagnosticados (Caldwell e

Oelsner, 1999; Poonawala Nair, Thuluvath, 2000), visto que na presença da

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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cirrose as alterações histológicas da esteatose podem não mais estar

presentes (Brunt, 2002).

A elevada prevalência de EH/EHNA com elementos da Síndrome

Metabólica como obesidade, diabetes mellitus e dislipidemia (tabela 3)

(McCoullagh, 2002), faz crer que os mecanismos etiopatogênicos entre as duas

entidades podem ser comuns. A associação com o sexo feminino foi descrito

nos primeiros relatos de EHNA embora, em estudos recentes (Willner, Walter e

Patil, 2001), houvesse igual distribuição por sexo. Muitos trabalhos

elegantemente conduzidos têm mostrado hiperinsulinemia e resistência

insulínica (RI) como o mecanismo fisiopatológico nesse grupo de pacientes

bem como em indivíduos com esteato-hepatite sem obesidade. (Marchesini,

Brizi, Morselli-Labate, 1999; Angulo, 1999; Pagano, 2002).

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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TABELA 3. Características de pacientes com esteatohepatite não-alcoólica. Autor N Idade(a)* SexoF % Diabetes% Obesidade% Dislipidemia%

Ludwig 1980 20 54 65 25 90 67

Diehl (1988) 39 54 81 55 71 -

Lee(1990) 49 53 78 51 69

Powell(1990) 42 49 83 26 93 81

Bacon (1994) 33 47 42 21 39 21

Matteoni

(1999)

132 53 53 33 70 92

Ângulo (1999) 144 51 67 28 60 27

Baldrige(1995) 12 14 33 0 100 83

Rashid (2000) 36 12 42 11 83 31

Fonte: McCoullagh J Clin Gastrol 2002 34 (3): 255. *(a)- anos

O quadro clínico da esteato-hepatite é praticamente assintomático ou

manifesta-se por dor em hipocôndrio direito, sensação de empachamento e

hepatomegalia. Manifestações de doença hepática terminal raramente estão

presentes.

As principais alterações laboratoriais são aumento leve a moderado das

aminotransferases. A razão aspartato aminotransferase : alanina

aminotransferase (AST:ALT) é usualmente menor que 1, mas

essa razão aumenta proporcionalmente ao avanço da fibrose. Fosfatase

Alcalina (FA) e Gama-glutamiltransferase (GGT) podem elevar-se mas em grau

menor ao observado na hepatite alcoólica. Níveis de ferritina são elevados na

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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metade dos pacientes enquanto os níveis de ferro hepático e o índice de ferro

hepático são normais (Angulo, 2002).

O tratamento da esteato-hepatite não-alcoólica é ainda controverso mas

acredita-se que o controle dos fatores relacionados à Resistência Insulínica

(RI) impediria ou mesmo reduziria os graus de lesão hepática. Portanto

consiste no controle do diabetes, do peso, com perda moderada através da

dieta hipocalórica ou medicação anorexígena (Angulo, 2002) e fármacos que

reduzam a hiperinsulinemia como metformina (Lin, Yang, Chuckaree, e cols,

2000), e sensibilizadores da insulina (Caldwell, Hespenheide, Yoshiashi e

cols,2001; Chao, Marcus-Samuels, Mason e cols, 2000), e ainda, de acordo

com a fisiopatologia, drogas antioxidantes como vitamina E (Lavine, 2000) e

ácido ursodeoxicólico (Vajro, Franzese, Valério e cols, 2000).

Nos casos de obesidade severa, o emprego do tratamento cirúrgico para

redução de peso tem sido preconizado (Marceau, Biron, ,1999; Newschwander-

tetri, 2001). Embora uma das causas de progressão da doença hepática seja a

derivação intestinal (Angulo, 2002). Luyckx e cols,1998. realizaram um largo

estudo de coorte com 505 pacientes que foram submetidos à biópsia hepática

durante a cirurgia bariátrica e 69 deles realizaram uma segunda biópsia

hepática 27 + 15 meses após a cirurgia no curso de procedimento cirúrgico

mandatório. Após uma perda de peso de 32 + 19 Kg uma marcante regressão

nos escores de gordura hepática foi encontrado. Quarenta e cinco por cento

das biópsias foi considerada normal (vs. 13% na linha de base, p<0,001),

esteatose pura foi observada em 38% dos pacientes (vs. 83% antes, p<0,001).

A intensidade da esteatose também reduziu significantemente (p<0,001).

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Entretanto um significativo aumento na prevalência do componente inflamatório

(p<0,05) foi encontrada após pronunciada perda de peso (26% das biópsias

após as gastroplastias vs. 14% antes, P<0,05).

2.6.1 Achados Histológicos da EH e NASH

A- Aspectos Histológicos do Fígado Normal

Microscópica e funcionalmente o fígado se divide classicamente em

lóbulos que assumem a forma quase hexagonal, com 1mm a 2 mm de

diâmetro, orientados ao redor de uma veia central (um tributário da veia

hepática). O suprimento sanguíneo para o parênquima hepático flui das tríades

portais para as veias centrais; cerca de 30% a 40% são fornecidos pelas

ramificações terminais da artéria hepática e o restante pelas radículas da veia

porta.

Próximo às veias centrais existem áreas que são mais afetadas pelo

suprimento sanguíneo que são denominadas ácinos. O parênquima do ácino é

divido em três zonas, com a zona 1 ficando mais próxima do suprimento arterial

e portal, a zona 3 confinando com a veia central e a zona 2 sendo

intermediário. A distribuição dos hepatócitos ao redor dos espaços-porta

recebe a terminologia de placa limitante (Cotran, Kumar, Robbins, 1991).

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B- Aspectos Histológios da DHGNA

A única maneira de diferenciar EH de EHNA é a realização da biópsia

hepática. Não existe nenhum método de imagem que permita a diferenciação

das duas entidades. Por outro lado, as alterações histológicas da EHNA são

praticamente indistinguíveis da hepatite alcoólica, sendo necessária associação

com os dados clínicos para o diagnóstico de uma ou de outra patologia

(Fromenty, Pessaya, 1998). Na EH pode-se encontrar uma distribuição de

gordura com padrão macrovesicular com o hepatócito sendo distendido por um

único vacúolo deslocando o seu núcleo ou microvesicular com inúmeras

gotículas ao redor do núcleo localizado centralmente (Caldwel, Oelsner,1999).

A essa última é atribuído um pior prognóstico e uma associação à alteração da

beta-oxidação dos ácidos graxos livres. EHNA caracteriza-se pela presença

histológica de esteatose, inflamação com a presença de células

polimorfonucleares ou mononucleares ou ambas, degeneração em balão do

hepatócito e presença de fibrose em graus variados pericelular ou ao redor da

veia central com ou sem necrose. O trato portal é geralmente poupado da

inflamação embora EHNA na infância possa cursar com predomínio da

inflamação portal***. A presença de fibrose perisinusoidal pode ou não estar

presente no fígado cirrótico remodelado. A gravidade da esteatose é baseada

no grau de envolvimento do parênquima. Um sistema que uniformiza as lesões

esteatóticas e necroinflamação em graus e os tipos de fibrose em estágios foi

recentemente proposto (tabela 4).

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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TABELA 4: Graduação e estadiamento das lesões histopatológicas da NASH* Graduação da Esteatose hepática Grau 1: < 33% de hepatócitos afetados Grau 2: 33% a 66% dos hepatócitos afetados Grau 3: > 66% dos hepatócitos afetados Grau para Esteatohepatite Grau 1, leve Esteatose : predominantemente macrovesicular, involve 66% dos lóbulos Degeneração em balão: leve inflamação aguda (polimorfonucleares) e ocasional inflamação crônica (mononucleares) Inflamação lobular: Leve inflamação aguda (polimorfonucleares) ocasional inflamação crônica (mononucleares) Inflamação portal: nenhuma ou leve Grau 2, moderado Esteatose : qualquer grau, usualmente mista (macro e microvesicular) Degeneração em balão: Evidente e presente na zona 3 Inflamação lobular: células polimorfonucleares associadas à degeneração em balão, fibrose pericelular, inflamação crônica pode ser vista. Inflamação portal: leve a moderada Grau 3, severa Esteatose : Envolve mais de 66% do lóbulo (panacinar) geralmente é mista. Degeneração em balão: Marcante e presente na zona 3 Inflamação lobular: Infiltrado inflamatório agudo e crônico, células polimorfonucleares podem estar concentradas na zona 3, áreas de degeneração em balão e fibrose peri-sinusoidal. Inflamação portal: leve a moderada Estadiamento da Fibrose Estágio 1: Zona 3 perivenular, perisisoidal, ou fibrose pericelular; focal ou extensa. Estágio 2: idem com fibrose periportal Estágio 3: fibrose em ponte, focal ou extensa Estágio 4: cirrose Fonte: Brunt et al. Nonalcoholic steatohepatitis: a proposal for grading and staging the

histological lesions. Am J Gastroenterol,1999; 94(9)2468-74.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

22

2.7 Fisiopatologia da EH/NASH

O fígado é um importante órgão para o metabolismo lipídico. Nos

hepatócitos, os ácidos Graxos Livres (AGL), são esterificados em triglicerídeos

(TG) e exportados como Lipoproteínas de Muito Baixa Densidade (VLDL- do

inglês Very Low Density Lipoprotein) ou, sofrem oxidação nas mitocôndrias,

peroxissomos e microssomos. O nível aumentado de lipídeos dentro do

hepatócito de pacientes com doença hepática gordurosa resulta de um

desequilíbrio entre os sistemas enzimáticos que promovem a captação e a

síntese e aqueles que promovem a oxidação e exportação dos AGL (Angulo,

2002).

O desenvolvimento de EH, EHNA e progressão para fibrose hepática e

cirrose provavelmente ocorrem por múltiplas anormalidades metabólicas. A

Resistência Insulínica é achado comum e provoca acúmulo de gordura no

hepatócito por dois principais mecanismos: 1) Lipólise: resultando em níveis

séricos elevados de AGL e 2) Hiperinsulinemia. A Resistência Insulínica atua

aumentando a lipólise via Fator de Necrose Tumoral α (TNF α), Rad, PC-1,

Leptina , Resistina e AGL (Li, Clark e Diehl,2003). O influxo de AGL combinado

com alterações potenciais no metabolismo hepático como aumento da síntese

do triglicerídeo (TG), diminuição da exportação destes, através da diminuição

da VLDL e diminuição da oxidação gordurosa resultam na Esteatose Hepática

(figura 2).

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

23

Estudos genéticos demostraram um polimorfismo no gene da proteína

de transferência do TG microssomal (gene MTP) está associado à esteato-

hepatite em pacientes diabéticos (Bernard, Touzet, Persone e cols, 2000). A

gordura hepática é usualmente bem tolerada provocando poucos sinais e

sintomas. Esteatose pode persistir décadas sem levar a dano hepático. No

entanto, o acúmulo de gordura provoca uma vulnerabilidade à injúria a certas

drogas como álcool, vírus C, produtos bacterianos (ex. lipopolissacarídeos) ou

isquemia-reperfusão (Yang, Lin, Lane e cols, 1997). A exposição a esses

fatores aumenta a morte das células hepáticas e inflamação (esteatohepatite) e

pode progredir para cirrose.

Essas observações levaram à hipótese do insulto secundário- Teoria do

Second Hit. O mecanismo que provoca a esteatose hepática seria a agressão

inicial (First Hit) que causa os estágios iniciais da NAFDL. Os hepatócitos

tornam-se então mais vulneráveis a agressões secundários (Second Hit) os

quais exarcebam o estresse oxidativo hepático (Li, Clark e Diehl, 2003).

Baseado na teoria da agressão secundário, uma vez a EH instalada

pode evoluir para duas formas:

1) Esteatose Hepática Benigna: é a forma mais comum de NAFDL considerada

com curso clínico sem risco de progressão

2) Esteato-hepatite: é a forma mais avançada da NAFDL.

Os mecanismos propostos para injúria hepática na EHNA estão

associados à estresse oxidativo na gordura hepática que incluem citocromo

P450, β oxidação microssomal e recrutamento de células inflamatórias

(Neuschwander-Tetri e Caldwell, 2003). Em um estudo onde a função

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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mitocondrial do fígado de humanos normais foi comparada com o fígado de

obesos com esteatose mostrou que houve um aumento significativo de

mitocôndrias anormais localizadas principalmente na região periportal nos

indivíduos obesos e diabéticos, indicando que há uma hiperfunção das

mitocôndrias (Petersen, 1977).

O processo oxidativo produz elétrons livres, H2O2 e espécies oxigênio-

reativas e depleta potenciais oxidantes como glutationa e vitamina E . O

estresse oxidativo também estimula a síntese de muitas citocinas através dos

produtos de peroxidação de lipídeos. São eles o malondialdeído (MDA) e 4-

hidroxinonenal (HNE). A combinação desses eventos causa injúria do

hepatócito. A morte da célula do hepatócito pode ocorrer via efeito direto das

espécies oxigênio- reativas e Fator de Necrose Tumoral na apoptose (Angulo,

2002). O MDA, HNE e o fator de crescimento β (TGF- β) causam a morte

celular e cristalização de proteínas (levando à formação de Corpúsculos

Hialinos de Mallory) e estimulam a síntese de colágeno pela célula estelada,

levando à fibrose. O HNE e interleucina–8 provocam quimiotaxia dos

neutrófilos e o infiltrado inflamatório (Figura 3).

Outras observações sugerem que, em indivíduos obesos, a capacidade

de recuperação e a depleção de ATP estão alteradas, o que poderia predispor

à injúria por outros insultos (Cortez-Pinto, Chatham, Arnold e cols, 1999). A

fibrose ocorre à medida que a infiltração gordurosa vai aumentando levando à

produção de tecido fibrótico no fígado. A hiperinsulinemia tem um papel

importante nesse aspecto por aumentar níveis de AGL tóxicos e inibir a sua

beta-oxidação. A resistência insulínica leva também à sobrecarga de ferro

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

25

hepático, que está associada à formação de tecido fibrótico no fígado

(Ferrannini, 2000).

HepatócitoHepatócito

AdipócitoAdipócito

InsulinaInsulina

InsulinaInsulina

TNF-α

Rad

PC-1

Leptina

Ácidos graxos

Resistina

TNF-α

Rad

PC-1

Leptina

Ácidos graxos

Resistina

Captação aumentada de Captação aumentada de Ácidos graxosÁcidos graxos

Aumento naAumento nalipóliselipólise

Aumento no Aumento no citocromocitocromo PP--450 4A450 4AAumento no Aumento no citocromo citocromo PP--450 2E1450 2E1

Sobrecarga de Sobrecarga de ββ--oxidaoxidaçãção o mitocondrialmitocondrial

Acúmulo de Acúmulo de Ácidos graxosÁcidos graxos

PeroxidaçãoPeroxidação de lipídeos de lipídeos

Síntese de AGLSíntese de AGLDiminuição Diminuição da da Apo BApo B--100100

VLDLVLDL

XX

XX

XX

HiperinsulinemiaHiperinsulinemia

Ácidos graxosÁcidos graxos

Glicólise Glicólise aumentadaaumentada

Figura 2. Metabolismo Lipídico Intrahepático. A hiperinsulinemia aumenta a

lipólise, aumentando a oferta de AGL para o hepatócito e reduz a exportação

destes levando ao acúmulo de AGL e provocando a esteatose hepática.

Fonte: Modificado de Angulo P. Nonalcoholic fatty liver disease. N Engl J Med, 2002; 346(16):1221-31.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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Hepatócito EsteatóticoHepatócito Esteatótico

Peroxidação Peroxidação de lipídeosde lipídeos

EspEspéécies de oxigcies de oxigêênio nio reativo reativo mitocondrialmitocondrial

Fibrose Fibrose Ativação das cel. Ativação das cel. esteladasesteladas

Corpos hialinos Corpos hialinos MORTE DO MORTE DO HEPATÓCITOHEPATÓCITO

Inteleucina Inteleucina 88

Depleção de Depleção de antoxidantesantoxidantes

Infiltrado inflamatórioInfiltrado inflamatório

Efeito DiretoEfeito Direto

Indução de Indução de citocinascitocinas

EspEspéécies de oxigcies de oxigêênio nio reativo reativo mitocondrialmitocondrial

TNFTNFαα

TGF TGF ββ TGF TGF ββ TGFTGFββTNFTNFαα

Depleção de Depleção de antoxidantesantoxidantes

MDAMDAHNEHNE

HNEHNEMDAMDAHNEHNE

MDAMDAHNEHNE

Figura 3: Esquema da fisiopatologia do metabolismo lipídico em fígado

esteatótico. Depleção de antioxidantes levando a formação de radicais livres,

peroxidação de lipídeos e liberação de endotoxinas (TNF-α, interleucina 8,

TGF-β) com formação de corpos hialinos, infiltrado inflamatório, fibrose e

ativação das células esteladas e morte do hepatócito.

Fonte: Modificado Angulo P. Nonalcoholic fatty liver disease. N Engl J Med, 2002; 346(16):1221-31.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

27

3. CASUÍSTICA E MÉTODO

3.1 Casuística

Desenho do Estudo: Estudo de série de casos.

Área de Estudo: Estudo de base hospitalar. Pacientes obesos graves triados

do ambulatório Cirurgia Geral do Hospital das Clínicas da Universidade Federal

de Pernambuco. O ambulatório funciona no térreo do Hospital das Clinicas.

Tem atendimento especializado ao paciente obeso com equipe multidisciplinar

que conta com médicos, enfermeiras, psicólogas e nutricionistas.

População do estudo: A população estudada é constituída de pacientes

obesos mórbidos submetidos à cirurgia de gastroplastia com biópsia hepática

durante o ato cirúrgica durante os anos de 1999 a Maio de 2003. Sendo a

principal casuística nos 2 primeiros anos.

Critérios de Inclusão:

Os pacientes obesos mórbidos submetidos à cirurgia para redução do

estômago.

Critérios de Exclusão:

a) Pacientes com doença hepática conhecida como hepatite viral, hepatite

auto-imune, exposição a substâncias tóxicas, hemocromatose ou outras

doenças que alterem a histologia hepática.

b) Ingestão de álcool > 80g por semana.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

28

3.2 Variáveis do estudo:

a) Dependente: Presença de DHGNA: estratificada em Grau O- Normal, Grau I-

esteatose leve a moderada, Grau II- esteatose severa com inflamação, grau III-

esteatose com degeneração em balão grau IV- fibrose perisinusoidal. Os tipos

III e IV são considerados esteato-hepatite.

b) Independentes: Idade, Sexo, Tempo de obesidade, IMC, Índice Cintura-

Quadril (ICQ), presença de diabetes e intolerância à glicose, Hipertensão

Arterial Sistêmica caracterizada com Pressão Sistólica maior ou igual a 130

mmHg e Pressão Diastólica maior ou igual a 85 mmHg. A dislipidemia

caracterizada como redução de colesterol HDL , elevação de triglicerídeos,

aumento do colesterol total e LDL e níveis ALT e AST.

Exames laboratoriais Método Valor Normal Colesterol total Enzimático < 200 mg/100 ml Colesterol LDL Enzimático < 130 mg/100 ml

Colesterol HDL - mulher Enzimático > 55 mg/100 ml - homem > 45 mg/100 ml

Triglicerídeos Enzimático 150 mg/ 100 ml Glicemia de Jejum Enzimático >110 mg/dL

Aspartatoaminotrnsferase Enzimático > 35 Alaninaaminotrnsferase Enzimática >40

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

29

3.3 Coleta de dados:

Os pacientes obesos mórbidos do Ambulatório de Cirurgia Geral do

Hospital das Clínicas da UFPE com indicação da cirurgia de gastroplastia

foram abordados no ambulatório de marcação de cirurgia. Os pacientes

responderam a questionário (anexo1) e assinaram termo de consentimento

livre esclarecido com autorização para biópsia hepática (anexo 2). As medidas

antropométricas como peso, altura, medidas das circunferências da cintura e

do quadril foram realizadas no momento da marcação cirúrgica. Com o peso e

altura foi calculado o Índice de Massa Corpórea (IMC- peso em kilogramas

dividido pelo quadrado da altura em metros). Os pacientes foram classificados

de acordo com a tabela 2.

A indicação para cirurgia obedeceu aos critérios do Consenso Latino-

Americano de Obesidade para pacientes com IMC maior ou igual a 40 Kg/m2

ou naqueles pacientes com IMC maior ou igual a 35 associados a co-

morbidades (HAS, DM, dislipidemia, apnéia do sono, doenças articulares,

distúrbios psicológicos).

A medida da circunferência abdominal foi realizada com fita métrica

tomando-se como parâmetro a altura da cicatriz umbelical enquanto a medida

da circunferência do quadril foi realizada tomando-se como parâmetro a altura

dos trocânteres. Dividindo-se a medida da circunferência abdominal pela

medida da circunferência do quadril foi calculada a relação cintura-quadril. Os

valores considerados normais são: para mulher o menor que 0,8 e para o

homem menor que 1,0.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

30

Os exames de interesse foram realizados no laboratório central do

Hospital das Clínicas. Foi necessária uma amostra de 10 ml após jejum de 12h

para dosagem de: glicemia de jejum, colesterol total e suas frações, colesterol

HDL e LDL, triglicerídeos, aspartato aminotransferases e alanina

aminotransferases, marcadores virais para hepatite B e C, fosfatase alcalina,

bilirrubinas totais e frações, tempo de protrombina e atividade enzimática (o

método e os valores da normalidade encontram-se no anexo 3).

Todos os pacientes ao serem abordados foram orientados em relação

ao estudo e à realização da biópsia hepática e assinaram termo de

consentimento livre esclarecido (anexo 2) e a justificativa para biópsia hepática

(anexo 4).

3.3.1. PROCEDIMENTOS:

A- BIÓPSIA HEPÁTICA

A biópsia foi realizada a céu aberto durante o ato cirúrgico, logo após

abertura da cavidade abdominal com agulha de biópsia hepática- Hepafix

com retirada de fragmento de 1cm a 3 cm de comprimento com 1,2mm a 2 mm

de diâmetro que representa 1/50000 do total da massa hepática. O material foi

conservado em formaldeído a 10 % e enviado à patologia onde foi corado com

Hematoxilina-Eosina e tricromio de Masson.

Os espécimes foram analisados por um único e experiente patologista.

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31

B-Classificação do padrão histológico:

A classificação das alterações histológicas foram baseadas nos critérios

da Conferência da Associação Americana para o estudo das Doenças

Hepáticas, (Brunt, Neuschwander-Tetri, Caldwell, 2003) de acordo com o

anexo 5. Todas as lâminas desde 1999 foram revisadas e obedeceram aos

critérios descritos nesse consenso. Para facilidade de classificação foi

elaborado formulário que conta no anexo 5. A Doença Hepática Gordurosa Não

Alcoólica foi estratificada em 5 graus: 0- sem esteatose, I- somente Esteatose

Hepática Leve e Moderada, II- Esteatose Hepática Intensa com inflamação, III-

Esteatose Hepática com degeneração em balão e IV- esteatose com fibrose

sinusoidal. Apenas os 2 últimos graus correspondem a esteato-hepatite não

alcoólica. A classificação para fibrose hepática é realizada em separado.

3.4 Limitações Metodológica

Número da amostra: A maioria dos pacientes estudados foram operados

nos anos de 1999 e 2000 e no 1o semestre de 2003 por problemas

estruturais e financeiros do Hospital das Clínicas.

Dificuldade em estabelecer o início da doença por se tratar de doença

insidiosa.

Grau de confiabilidade na informação relacionada à ingestão de álcool.

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32

3.5 Análise Estatística

Foi realizada uma análise descritiva e analítica dos dados. Foram

testadas as diferenças entre os diferentes graus de doença hepática gordurosa

não alcoólica, em relação a variáveis biológicas (idade, tempo de obesidade e

IMC) através do teste não paramétrico de Mann-Whitney. Nos testes de

associação foi aplicado o testes Qui-Quadrado de Fisher, teste também não

paramétrico. Foram analisados ao nível de 95% de confiança (p < 0,05) e

utilizou-se o software EPIINFO versão 6.04.

3.6 Análise pela Comissão de Ética do HC/UFPE

O protocolo desta pesquisa intitulado “Avaliação dos Fatores de Risco

para Esteato-hepatite nos Pacientes Obesos Mórbidos Submetidos à Cirurgia

Bariátrica” foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de

Ciências da Saúde conforme ofício no 042/2003-CEP/CSS.

Os pacientes foram informados a respeito dos objetivos e características

da pesquisa e assinaram termo de consentimento (Anexo 2).

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

33

FOTO 1 (caso7)- Histologia hepática: Esteatose macro e microvesicular grave ( HE, 10x100)

FOTO 2 (caso3)- Histologia hepática: Agregado leucocitário ( HE, 10x100)

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34

FOTO 3 (caso 6)- Histologia hepática: Fibrose perisinusoidal ( Mason, 40x100)

FOTO 4 (caso12)- Histologia hepática: Fibrose perisinusoidal e septal (Mason, 40x100)

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

35

4. RESULTADOS

Dentre 47 pacientes obesos mórbidos submetidos à cirurgia com

realização de biópsia hepática durante o ato cirúrgico, 2 eram portadores de

hepatite por vírus C, 2 eram portadores de esquistossomose mansônica e 8

tiveram ingestão de álcool elevada, sendo portanto excluídos do estudo.

Fazendo parte da casuística um total de 35 pacientes. Destes 35 obesos

graves, em relação às co-morbidades, 54,3% (19) tiveram distúrbio de sono,

51,4 % (18) doença do refluxo gastroesofágico, 48, 6% (17), 28,6% (10)

tiveram insuficiência vascular periférica , apenas 5,7% (02) tiveram colelitíase

e, dentre 24 mulheres obesas submetidas à gastroplastia, 75% (18) tinham

distúrbios menstruais. Entre os 21 (60%) pacientes hipertensos, 16 faziam uso

de pelo menos 1 medicação anti-hipertensiva (tabela 5).

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

36

TABELA 5. Características clínicas dos pacientes obesos graves submetidos à cirurgia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco.

N % Disturbio do sono

Sim 19 54,3 Não 16 45,7

Asma Sim 12 34,3 Não 23 65,7

DRGE Sim 18 51,4 Não 17 48,6

Colelitíase Sim 02 5,7 Não 32 94,3

Doença articular Sim 17 48,6 Não 18 51,4

Insuf. Vascular Sim 10 28,6 Não 25 71,4

Disturbio menstrual* Sim 18 75,0 Não 06 25,0

Total 35 100,0 * Foram pesquisadas 24 mulheres

Dos 35 pacientes estudados, 68,6% (24) foram do sexo feminino e

31,4% (11) do sexo masculino (tabela 6).

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

37

TABELA 6. Distribuição dos pacientes obesos graves por sexo.

n

%

Sexo Masculino 11 31,4 Feminino 24 68,6

Total 35 100,0 A idade média foi de 37 anos, com mínima de 23 e máxima de 63 anos.

O tempo de obesidade médio foi de 18 anos e variou entre o 5 e 42 anos. O

índice de massa corpórea médio foi de 53,04 kg/m2, sendo mínimo de 40

kg/m2 e máximo de 71,7 kg/m2.

Dos 35 obesos submetidos à cirurgia bariátrica, 31 (88,6%) pacientes

tinham Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA) enquanto que

apenas 4 (11,4%) não tinham doença hepática à histologia (tabela 7). Entre os

pacientes portadores de DHGNA, 10 (32,2%) eram portadores de grau I, 14

(45,2%) eram portadores de grau II e 7 (25,6%) eram portadores de grau III. O

que corresponde a ¼ dos pacientes portadores de esteato-hepatite não

alcoólica.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

38

TABELA 7. Distribuição dos pacientes obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica no hospital das clínicas segundo a freqüência de doença hepática gordurosa não alcoólica e o grau de lesão hepática.

N %

DHGNA Sim 31 88,6 Não 04 11,4

Graus de DHGNA Grau I 10 32,2 Grau II 14 45,2 Grau III 07 25,6 Total 35 100,0

Todos os pacientes com DHGNA tiveram esteatose mista (macro e

microvesicular). Degeneração em balão foi encontrada em 90% dos casos de

DHGNA. Infiltrado lobular constituído por polimorfonucleares foi presente em

66% dos casos e linfomononuclear foi presente em 13,3% . Já em relação ao

infiltrado portal, houve um predomínio de células linfomonocitárias 63,3%

contra 50% de polimorfonucleares. Núcleo glicogenado esteve presente em

50% dos pacientes enquanto Lipogranuloma foi encontrado em 46,6%.

Corpúsculo de Mallory esteve presente em pouco mais de 3%. Em relação à

fibrose, 40% foi perisinusoidal, 56,6% foi portal e apenas 5% septal. Não houve

relato de nenhum caso de cirrose (FOTOS).

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39

Os pacientes com grau III de DHGNA apresentaram idade média de 33

anos, inferior aos graus II (35 anos) e grau I (38 anos). Os pacientes com

histologia hepática normal tiveram média de idade de 41 anos, porém não

houve diferença estatisticamente significativa da idade entre os grupos

estudados. Apesar de se observar uma relação inversa entre severidade da

doença e média de idade, ou seja, de esteato-hepatite não-alcoólica (EHNA)

acometendo indivíduos com média de idade menor que os outros grupos

(gráfico 1).

GRÁFICO 1. Distribuição do grau de doença hepática gordurosa

não-alcoólica segundo a idade média dos pacientes

obesos grave submetidos à cirurgia bariátrica no

Hospital das Clínicas.

41,538,6

35,633,4

20

25

30

35

40

45

Méd

ia d

e id

ade

Normal Grau I Grau II Grau IIIGrau 0

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

40

Relacionando o tempo de obesidade com o grau de doença hepática

(gráfico 2), não houve diferenças estatisticamente significativas (p=0,376),

apesar de se observar uma relação inversa entre o tempo de obesidade e

DHGNA e sua severidade.

GRÁFICO 2. Distribuição do grau de doença hepática gordurosa

não-alcoólica segundo o tempo médio de obesidade

nos pacientes obesos graves submetidos cirurgia

bariátrica no HC/UFPE.

21,220,3

17,3

14,1

0

5

10

15

20

25

Tem

po d

e ob

esid

ade

méd

io (e

m a

nos)

Normal Grau I Grau II Grau III

Grau 0

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

41

Em relação ao IMC (gráfico 3), também não houve diferenças

significativas (p = 0,972) nos grupos estudados, com semelhantes índices nos

diferentes graus de doença hepática.

GRÁFICO 3. Distribuição do grau de doença hepática segundo o

Índice de Massa Corpórea médio dos pacientes

obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica

segundo a condição de DHGNA.

54,5

53,6

51,8

53,8

48

50

52

54

56

IMC

méd

io

Normal Grau I Grau II Grau III

Grau 0

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

42

Na análise das enzimas hepáticas, a tabela 8 verificou-se que, em

83,9% dos pacientes, os níveis de Aspartato Aminotransferase (AST) foram

normais, enquanto que apenas 5 dos pacientes de grau II ou III de DHGNA

tiveram níveis anormais de AST (16,1%).

TABELA 8. Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos graves, submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE de acordo com os níveis de aspartato aminotransferase.

AST

Graus de doença hepática

Normal Anormal Total

n % N % n % Grau 0 03 100,0 00 0,0 03 9,7 Grau I 10 100,0 00 0,0 10 32,3

Grau II e III 13 72,2 05 37,8 18 60,0 Total 26 (83,9) 05 (16,1) 31 100,0

* 4 pacientes não tinham informação χ2 = não válido

Em relação aos níveis de Alanina Aminotransferase (ALT), 73,3% dos

pacientes apresentaram níveis normais. Dos pacientes com grau I de DHGNA,

10% tiveram níveis elevados, assim como 41,2% dos pacientes com grau II ou

III (tabela 9).

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

43

ABELA 9. Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não alcoólica

em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE, de acordo com os níveis de alanina aminotransferase.

ALT

Graus de doença hepática

Normal Anormal Total

n % N % n % Grau 0 03 100,0 00 0,0 03 10,0 Grau I 09 90,0 01 10,0 10 33,3

Grau II e III 10 58,8 07 41,2 17 56,7 Total 22 (73,3) 08 (26,7) 30 100,0

* 5 pacientes não tinham informação χ2 = 4,34 p = 0,114

No que se refere à relação cintura-quadril, 30,4% dos indivíduos tiveram

a relação cintura-quadril normal, enquanto que a maioria (69,9%) teve relação

acima do normal (tabela 10). Nos pacientes com grau II de DHGNA, 81,8%

tiveram relação aumentada e no grau III esse percentual foi de 80%, enquanto

que os pacientes com grau I tiveram um percentual menor, 60% dos pacientes

tiveram aumento da relação cintura quadril. Não houve associação estatística

significativa (p = 0,120) entre as variáveis estudadas, porém observa-se um

aumento percentual na relação cintura-quadril nos pacientes com maiores

níveis de comprometimento do fígado (grau II e III) (tabela 11).

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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TABELA 10. Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não alcoólica

em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE de acordo com a relação cintura-quadril.

Cintura-quadril

Graus de doença hepática

Normal Aumentada Total

N % n % N % Grau 0 02 100,0 00 0,0 02 8,7 Grau I 02 40,0 03 60,0 05 21,7 Grau II 02 18,2 09 81,8 11 47,9 Grau III 01 20,0 04 80,0 05 21,7 Total 07 (30,4) 16 (69,6) 23 100,0 * 12 pacientes não tinham informação χ2 = 5,82 p = 0,120

TABELA 11. Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE de acordo com a relação cintura-quadril.

Cintura-quadril

Graus de doença hepática

Normal Anormal Total

N % n % N % Grau 0 02 100,0 00 0,0 02 8,7 Grau I 02 40,0 03 60,0 05 21,7

Grau II e III 03 18,8 13 81,2 16 69,6 Total 07 (30,4) 16 (69,6) 23 100,0 * 12 pacientes não tinham informação χ2 = 5,82 p = 0,054

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

45

Em relação aos níveis de triglicerídeos, 62,1% dos pesquisados tinham

níveis normais, enquanto 37,9% apresentaram níveis elevados. Nos pacientes

com grau III de DHGNA, 83,3% tinham níveis elevados, enquanto que, nos

pacientes com grau 0 e com graus I e II de DHGNA, ¼ apresentaram níveis

elevados de triglicerídeos. Não houve associação estatística significativa

(p = 0,084) (tabela 12).

TABELA 12. Distribuição do grau de doença hepática em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE de acordo com o nível de triglicerídeos.

Nível de triglicerídeos

Graus de doença hepática

Normal Elevado Total

N % N % N % Grau 0 03 75,0 01 25,0 04 13,9 Grau I 06 75,0 02 25,0 08 27,6 Grau II 08 72,7 03 27,3 11 37,9 Grau III 01 16,7 05 83,3 06 20,7 Total 18 (62,1) 11 (37,9) 29 100,0 * 6 pacientes não tinham informação χ2 = 6,64 p = 0,084

Na população estudada, pouco mais da metade (53,3%) teve níveis

elevados de colesterol. Houve uma maior prevalência de níveis elevados de

colesterol entre os pacientes que apresentaram graus II e III de DHGNA (63,6%

e 57,1%, respectivamente). Apesar disto, não houve associação estatística

significativa (p=0,607). Nos pacientes com grau 0, 25% tinham níveis de

colesterol acima do normal, enquanto que nos pacientes com grau I de

DGHNA, metade tinha níveis elevados (tabela 13).

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

46

TABELA 13. Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não alcoólica

em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE de acordo com os níveis de colesterol total.

Nível de colesterol

Graus de doença hepática

Normal Anormal Total

N % N % N % Grau 0 03 75,0 01 25,0 04 13,3 Grau I 04 50,0 04 50,0 08 26,7 Grau II 04 36,4 07 63,6 11 36,7 Grau III 03 42,9 04 57,1 07 23,3 Total 14 (46,7) 16 (53,3) 30 100,0 * 5 pacientes não tinham informação χ2 = 1,84 p = 0,607

De acordo com a tabela 14, 81,5% dos pacientes pesquisados

apresentaram níveis normais de HDL. Observa-se que, dentre pacientes com

grau 0, não houve ocorrência de HDL reduzido, tendo um maior percentual no

grau I de DHGNA, onde 33,3% deles tiveram níveis reduzidos de colesterol

HDL. Não houve associação estatística significativa (p = 0,650) entre as

variáveis estudadas.

TABELA 14. Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não alcoólica

em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE de acordo com os níveis de HDL.

Nível de HDL

Graus de doença hepática

Normal Reduzido Total

N % N % n % Grau 0 03 100,0 00 0,0 03 11,1 Grau I 04 66,7 02 33,3 06 22,2 Grau II 09 81,8 02 18,2 11 40,7 Grau III 06 85,7 01 14,3 07 26,0 Total 22 (81,5) 05 (18,5) 27 100,0 * 8 pacientes não tinham informação χ2 = 1,64 p = 0,650

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

47

Em relação aos níveis de colesterol LDL, observou-se um aumento

percentual com um aumento do grau de doença hepática onde, dos pacientes

com grau I, II e III, os respectivos percentuais pacientes com níveis de

colesterol LDL são : 42,9%, 54,5% e 57,7%. Dos 3 pacientes com grau 0, 1

(33,3%) teve nível de LDL anormal. Não houve associação estatística

significativa (p = 0,870) entre as variáveis estudadas (tabela 15).

TABELA 15. Distribuição do grau de doença hepática gordurosa não alcoólica

em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE, de acordo com os níveis de LDL.

Nível de LDL

Graus de doença hepática

Normal Elevado Total

n % n % N % Grau 0 02 66,7 01 33,3 03 10,7 Grau I 04 57,1 03 42,9 07 25,0 Grau II 05 45,5 06 54,5 11 39,3 Grau III 03 42,9 04 57,1 07 25,0 Total 14 (50,0) 14 (50,0) 28 100,0 * 7 pacientes não tinham informação χ2 = 0,71 p = 0,870

Analisando, na tabela 16, a presença de intolerância a glicose e

diabetes mellitus, houve prevalência de 8,6%, tendo ocorrido apenas nos graus

I e II de DHGNA, com percentuais de 14,3% em cada grupo.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

48

TABELA 16. Distribuição do grau de doença hepática em 35 pacientes obesos

graves submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE, de acordo intolerância a Glicose e Diabetes Mellitus.

DM

Graus de doença hepática

Sim Não Total

n % N % N % Grau 0 00 0,0 04 100,0 04 11,4 Grau I 00 0,0 10 100,0 10 28,6 Grau II 02 14,3 12 85,7 14 40,0 Grau III 01 14,3 06 85,7 07 20,0 Total 03 (8,6) 32 (91,4) 35 100,0 χ2 = 2,19 p = 0,534

A Hipertensão Arterial Sistêmica acometeu 60% dos pacientes, tendo

uma maior freqüência em indivíduos com DHGNA, onde o percentual foi de

71,4% naqueles com grau II, e em pouco mais da metade (57,1%) dos

pacientes com grau III (tabela 17).

TABELA 17. Distribuição do grau de doença hepática Gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE, de acordo com hipertensão arterial sistêmica.

HAS

Graus de doença hepática

Sim Não Total

n % N % n % Grau 0 01 25,0 03 75,0 04 11,4 Grau I 04 40,0 06 60,0 10 28,6 Grau II 10 71,4 04 28,6 14 40,0 Grau III 04 57,1 03 42,9 07 20,0 Total 21 (60,0) 14 (40,0) 35 100,0 χ2 = 2,83 p = 0,419

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

49

Na avaliação de todos os graus de DHGNA dos 35 pacientes com

obesidade mórbida, em relação às variáveis estudas: cintura-quadril,

triglicerídeo, colesterol total, colesterol HDL, colesterol HDL, intolerância à

glicose e hipertensão houve uma tendência à associação da relação cintura-

quadril, com p=0,083 com qualquer grau de DHGNA (tabela 18).

TABELA 18. Distribuição de todos os graus de DHGNA em pacientes obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica no HC/UFPE, de acordo cintura-quadril, colesterol total, HDL, LDL, Triglicerídeos, Diabetes e HAS.

Doença hepática gordurosa não –alcoólica

Condição clínica

Ausente Presente χ2 p value

n % n % Cintura-quadril 2,51 0,083

Normal 02 100,0 05 23,8 Aumentada 00 0,0 16 76,2

Colesterol 1,49 0,315 Normal 03 75,0 11 42,3

Aumentado 01 25,0 15 57,7 HDL 0,01 0,930

Normal 03 100,0 19 79,2 Baixo 00 0,0 05 20,8

LDL 0,37 0,541 Normal 02 66,7 12 48,0

Aumentado 01 33,3 13 52,0 Triglicerídeos 0,01 0,984

Normal 03 75,0 15 60,0 Aumentado 01 25,0 10 40,0

Diabetes e Intolerância

0,42

0,686

Ausente 00 0,0 04 100,0 Presente 03 9,7 28 90,3

HAS 1,56 0,237 Ausente 01 25,0 03 75,0 Presente 18 58,1 13 41,9

* Associação estatisticamente significativa (p < 0,05)

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

50

5. DISCUSSÃO

A síndrome metabólica (SM) é caracterizada pela hiperinsulinemia com

resistência insulínica e tem como componentes principais: obesidade central

caracterizada por aumento da relação cintura-quadril, por dislipidemia,

hipertensão arterial sistêmica, intolerância à glicose e diabetes. Mais

recentemente descreveu-se a associação da SM com esteatose e esteato-

hepatite não alcoólica e progressão para cirrose. É conhecida a importância do

fígado para o metabolismo de carboidrato, lipídios e metabolismo de

esteróides. Daí a necessidade de se estudar as relações entre a patologia

hepática e a Síndrome Metabólica.

No Hospital das Clínicas da UFPE, 35 pacientes submetidos à cirurgia

bariátrica foram também submetidos à biópsia hepática transoperatória. A taxa

de complicações descritas em biópsia a céu aberto é praticamente nula na

experiência do serviço (dados não publicados). Em biópsias percutâneas

descreve-se taxa de mortalidade de 1 em cada 10000 a 1 em cada 12000.

Essas complicações foram minimizadas pelo fato dos pacientes terem

permanecido internados por até 3 dias para recuperação da cirurgia sendo

monitorizados por equipe experiente e bem treinada disponível 24 horas dentro

do hospital. Do total de 35 obesos submetidos à cirurgia bariátrica, 31

pacientes (88,6%) tinham Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica (DHGNA)

enquanto que 4 (11,4%) tinham fígados normais à histologia. Dos que tinham

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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DHGNA, 32,2% tinha Grau I, 45,2% eram de grau II e 25,6% eram de

grau III o que corresponde a ¼ dos pacientes com esteato-hepatite não

alcoólica. Nenhum dos pacientes da nossa casuística apresentou grau IV de

DHGNA que corresponde à cirrose hepática o que, provavelmente ocorreu pelo

pequeno número da amostra analisada. Esses dados corroboram os dados

encontrados em literatura. Marceau e cols,1999 em grande estudo, com 551

pacientes obesos mórbidos submetidos à biópsia hepática relatou a presença

de esteatose hepática em 86% dos pacientes, esteato-hepatite em 24% e

cirrose em 2% dos pacientes estudados.

A associação com o sexo feminino foi descrita nos primeiros relatos de

EHNA, porém em estudos recentes encontrou-se igual distribuição por sexo

(Willner, Walter e Patil, 2001) e, em outros, predomínio do sexo masculino

(Marceau e cols., 1999 e Luyckx e cols,1998). Nesta casuística, houve um

predomínio do sexo feminino. Sessenta e oito por cento dos pacientes eram do

sexo feminino e apenas 31,4% eram do sexo masculino. Apesar desse

predomínio, não houve diferença estatística (p=0,572) entre os sexos com

relação aos graus de doença hepática (tabela1).

Em relação à idade, a média descrita em grande metanálise realizada

por McCoullagh, 2000 foi 47 a 53 anos, na população em geral. Na análise da

Marceau e Cols, 1999; já citada anteriormente, onde todos os pacientes eram

obesos mórbidos, a média de idade foi de 36 anos (variando de 16 a 62 anos).

O mesmo sendo encontrado por Luyckx, 1998. Podendo-se notar o

aparecimento de formas avançadas da doença hepática não alcoólica uma

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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década mais precoce na população de obesos mórbidos. Esses dados

são muito semelhantes aos encontrados nessa casuística, onde a idade

média da população estudada foi de 37 anos, variando de 23 a 63 anos.

Ainda segundo Marceau e cols., 1999, a idade correlacionou-se

positivamente com a presença de inflamação e cirrose, quanto maior a idade,

maior a intensidade da doença. No entanto, fato interessante pode ser avaliado

na análise do gráfico 1 desse trabalho. Observa-se que pacientes com grau III

de DHGNA têm média de idade de 33 anos, inferior ao grau II (35 anos) e grau

I (38 anos). Os pacientes sem doença hepática tiveram idade média de 41

anos. Apesar de não existir diferença estatisticamente significativa da idade

entre os grupos estudados, é interessante observar uma tendência a relação

inversa entre o aparecimento da DHGNA grau III, que corresponde à esteato-

hepatite não alcoólica (EHNA). Willner e cols. em sua série de 90 casos

encontrou história familiar positiva para cirrose como um dado positivamente

correlacionado com a progressão para cirrose em pacientes jovens com EHNA,

sugerindo etiologia genética para esta enfermidade .

O tempo médio de obesidade foi 18 anos, variando entre 5 e 42 anos.

Não houve diferença ao correlacionar tempo de obesidade com grau de doença

hepática. No entanto, pode-se notar uma relação inversa, pacientes com grau

III de DHGNA tiveram tempo médio de obesidade menor em relação aos outros

graus de doença hepática. Em outros trabalhos realizados com populações de

obesos mórbidos, não houve a análise do tempo da obesidade.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

53

É fato notório a dificuldade em estabelecer início de doenças crônicas

como obesidade, porém é relevante a análise do tempo de obesidade pois

fatores como oscilações bruscas de peso (efeito sanfona) têm importantes

implicações metabólicas, principalmente na mobilização dos ácidos graxos (ver

teoria dos múltiplos insultos-Fisiopatologia da EHNA), conforme descrito por Li,

Clark e Diehl, 2002.

O índice de massa corpórea nos estudos de Marceau e cols teve fraca

porém positiva correlação com esteatose hepática. Nesta casuística a média do

IMC foi de 53,04 kg/m2 (mínimo 40 Kg/m2 e máximo de 71,7kg/m2). Não foi

encontrada diferença significativa (p=0,972) nos grupos estudados. A

aus6encia de relação entre IMS e esteatose hepática também pode ser

observada O mesmo pode ser observado na casuística de Gholam e cols.,

2002.

Muitos trabalhos (Zamin e cols,2002; Powell e cols, 1990; Pinto e cols,

1996) tentaram encontrar níveis diagnósticos que pudessem diferenciar

esteato-hepatite não alcoólica da doença hepática alcoólica, no entanto todos

concluem que as dosagens das aminotransferases têm um papel auxiliar no

diagnóstico da EHNA quando realizada a relação AST/ALT. Valores inferiores a

1 sugerem fortemente o diagnóstico de NASH enquanto, na doença hepática

alcoólica, valores acima de 2 são geralmente presentes. Por outro lado, nos

estudos de Angulo e cols,1999, a relação AST/ALT maior que 1 em pacientes

com EHNA foi sugerida como fator preditor de presença de fibrose nos

pacientes portadores de esteatose hepática. Nesse trabalho a análise das

aminotransferases revelou que 83,9% dos pacientes tinham níveis normais de

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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AST (TGO) enquanto 16,1% tinham níveis elevados. Os níveis elevados de

AST somente foram encontrados nos graus II e III de DHGNA. Em relação

a ALT, mais de 70% dos pacientes tiveram níveis normais e apenas 30% dos

pacientes tiveram elevação de ALT sem que diferença estatística (p=0,114). Na

série de Gholam e cols., ALT e AST se tambémcorrelacionou fracamente

(p=0,12) com apresença de esteatose hepática.

A distribuição da gordura corporal, representada nessa análise pelo

Índice Cintura-Quadril (ICQ), é importante fator determinante do grau de

resistência insulínica. Apesar de não encontrarmos correlação estatística

(p=0,120) , a maioria dos pacientes com DHGNA (gráfico 2) teve alterações do

ICQ. Na análise conjunta dos graus II e III com relação a ICQ houve p=0,054

sugerindo uma associação entre a distribuição da gordura corporal com níveis

mais avançados de doença hepática. Nos estudos de Marceau e cols., 1999, o

ICQ teve correlação positiva com o grau de esteatose hepática e fibrose

hepática com p<0,02 em ambos os casos. Luyckx e cols, 1998, não realizaram

a medida do ICQ mas mediram a insulina sérica e puderam constatar que

níveis elevados de insulina (114pmol/L contra 90pmol/L) teve associação

positiva com esteatose hepática (p=0,003).

Marchesini e cols., 1999 avaliaram 43 pacientes com EHNA e comparou

com 92 indivíduos sem a doença e pode constatar que os níveis de

triglicerídeos elevados foram associados a EHNA independente do peso, IMC e

distribuição de gordura. Na série de Willner e cols., 2001 hipertrigliceridemia foi

a alteração mais prevalente. Em metanálise de McCoullagh e cols., 2000, a

frequência de dislipidemia foi muito variável, estando presente em 21% a 91%

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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dos pacientes. Na casuística em questão, a alteração mais freqüente foi

elevação do colesterol total, presente em mais de 53% dos pacientes

(p=0,607) seguidos do aumento do colesterol LDL em 50% dos pacientes.

Em relação aos níveis de LDL, observa-se um aumento percentual com um

aumento do grau de doença hepática, onde nos pacientes com grau I, II e III os

respectivos percentuais de níveis de LDL anormal são : 42,9, 54,5 e 57,7%. No

entanto, não houve associação estatística significativa (p=0,870). Redução do

colesterol HDL ocorreu em 18,5% dos pacientes e hipertrigliceridemia

acometeu cerca de 40% dos pacientes. Nos pacientes com grau III de DHGNA,

83,3% tinham níveis elevados, enquanto que, tanto nos pacientes com fígado

normal e com graus I e II de DHGNA, apenas ¼ deles apresentaram níveis

anormais de triglicerídeos. Apesar da tendência a associação de

hipertrigliceridemia e DHGNA não houve diferença estatística significativa (p =

0,084).

A presença de diabetes se correlacionou com a presença de fibrose e

como mais forte preditor de cirrose hepática no trabalho de Marceau e cols,

1999. Em outras séries, a prevalência de diabetes varia de 21% a 78% (Mac

Coullagh, 2000). O diabetes mellitus não necessariamente está presente

quando há esteatose hepática. Batman e Scheuer,1985, em seu relato de caso

mostrou que a hepatite diabética pode preceder o início do quadro clínico de

diabetes. Willner e cols, 2000, mostrou em sua série de 90 casos que 45 (50%)

deles não eram diabéticos. Em 33 deles a medida da Resistência Insulínica foi

obtida através do Teste de Tolerância a Glicose (OGTT) e encontrou

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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anormalidades nos níveis de insulina depois da sobrecarga de glicose em 23

(70%) dos pacientes.

Em nossa série encontramos uma baixa prevalência (8,6%) de diabetes

tendo ocorrência apenas nos graus I e II de DHGNA, com percentuais de 14,3.

No entanto, na casuística de Ferraz e cols, 2003, de 228 obesos graves

operados no mesmo hospital, entre os anos de 1997 a 2001, a prevalência de

diabetes foi bastante semelhante correspondendo a 19% do total de pacientes.

Evidências de que o tratamento da hiperinsulinemia melhora as

alterações das enzimas hepáticas encontradas na EHNA e mesmo a regressão

dos achados histológicos foi descrita por Luyckx e cols,1998. Esses autores

realizaram um largo estudo de coorte com 505 pacientes que foram submetidos

à biópsia hepática durante a cirurgia bariátrica e 69 deles realizaram uma

segunda biópsia hepática 27 + 15 meses após a cirurgia no curso de

procedimento cirúrgico mandatório. Após uma perda de peso de 32 + 19 Kg

uma marcante regressão nos escores de gordura hepática foi encontrado.

Quarenta e cinco por cento das biópsias foram consideradas normais ( versus

13% na linha de base, p<0,001), esteatose pura foi observada em 38% dos

pacientes (versus 83% antes, p<0,001). A severidade da esteatose também

reduziu significantemente (p<0,001). Entretanto um significativo aumento na

prevalência do padrão da inflamação (p<0,05) foi encontrado após pronunciada

perda de peso (26% das biópsias após as gastroplastias vs. 14% antes,

P<0,05).

Em ratos com deficiência de leptina demonstrou-se que o uso da

metformina melhorou a doença hepática gordurosa (Lin,Yang, Chuckaree e

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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cols, 2000). A metformina melhora a hiperinsulinemia por reduzir a

gluconeogênese hepática. Drogas antidiabéticas como as tiazolidinedionas cujo

mecanismo de ação é melhorar a resistência insulínica, também mostraram ser

benéficas na reversão da EHNA como encontrado num estudo piloto de

Caldwell, Hespenheide, Yoshiashi e cols, 2001, onde foi utilizada a

troglitazona. Esse estudo teve que ser interrompido após observações de

hepatotoxicidade idiossincrásica fatal.

Em nossa casuística a Hipertensão Arterial Sistêmica acomete 60% dos

pacientes, em todas as condições de DHGNA, tendo uma maior freqüência em

pacientes com grau II de DHGNA, onde o percentual foi de 71,4%, enquanto

que pouco mais da metade dos pacientes (57,1%) com grau III também foram

hipertensos.

Nesse estudo tivemos a oportunidade de confirmar a elevada

prevalência de DHGNA em pacientes portadores de obesidade severa,

principalmente ao considerar a baixa faixa etária do grupo estudado em relação

à população geral. A alteração metabólica mais freqüentemente encontrada foi

dislipidemia sendo a hipertrigliceridemia um fator com tendência a associação

com a DHGNA. A relação da cintura–quadril que se correlaciona com o grau de

resistência insulínica também foi uma tendência à associação com a DHGNA.

É importante continuar estudando a DHGNA especialmente associada à

Síndrome Metabólica por conterem íntima relação e mecanismos

fisiopatológicos interligados.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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6. CONCLUSÕES

O estudo dos aspectos da síndrome metabólica em pacientes obesos

graves submetidos à cirurgia bariátrica na Doença Hepática Gordurosa não-

alcoólica permitiu as seguintes conclusões:

Frequência de DHGNA em obesos graves foi de 88,6%;

Em relação aos graus de DHGNA 32,2% Grau I; 45,2 % Grau II e

25,6% Grau III;

Não foi encontrada diferença estatística entre as variáveis

biológicas (sexo e idade);

Não foi encontrada diferença estatística entre as variáveis clínica

(idade, tempo de obesidade, IMC, diabetes e hipertensão);

Não houve diferença estatisticamente significativa entre as

variáveis laboratoriais (colesterol total, colesterol LDL, colesterol

HDL, triglicerídeos e intolerância a glicose e a DHGNA;

As enzimas hepáticas alanina-aminotransferase e aspartato-

aminotransferases têm baixa correlação com os diferentes graus

de DHGNA.

Em conclusão, a DHGNA é bastante prevalente na população de obesos

mórbidos os quais estão com risco mais elevado e precoce de evoluir para

formas mais graves de doença hepática. Todo o paciente com obesidade e

alteração dos níveis de enzima hepática deve ser investigado para DHGNA.

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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8. ANEXOS

ANEXO 1

PROTOCOLO PARA AVALIAÇÃO DE ESTEATO-HEPATITE EM

OBESOS MÓRBIDOS SUBMETIDOS A GASTROPLASTIA REDUTORA

TESE DE MESTRADO – DRA. LÚCIA CORDEIRO 1.Identificação: A.Nome:________________________________________________________ B.Número do Registro: ________________ C.Endereço:_____________________________________________________ D.Telefones de contato:____________________________________________ E.Idade: _____ anos F.Sexo: F1 M F2 F G. Profissão: ____________ G. Estado Civil : G1.Casado G2.Solteiro G3.viúvo G4.desquitado 2. Dados da Cirurgia: A Tipo de Cirurgia: Gastroplastia Vertical + Gastroenteroanstomose em Y Roux A1.com anel A2. sem anel B Data da Cirurgia: _____/_____/______ 3. História da Obesidade: A Obeso: A1. Desde nascimento A2. desde a infância 3. Adolescência A4 Vida adulta B. Causa da obesidade: B1. Hereditariedade B2. Problemas emocionais B3Gula B4 pós gestação C. História Familiar de obesidade: PAI MÃE IRMÃOS TIOS

OUTROS ____________

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4. Antecedentes Pessoais: A .Paridade G______ P _______ Distúrbios Menstruais

B. Doenças associadas a obesidade:

B1.Diabetes drogas_____________________________________________

B2.HAS drogas

___________________________________________________

B3.Dislipidemia B4.Angina/IAM B5.Artropatia qual? __________

B6.Apnéa do sono B 7.Roncos B8.sensação de sufocação

B9.Asma

B10.Colelitíase B11.Esteatose Hepática B12.Hiperuricemia

B13.Linfedema de MMII B14.Insuf. Vascular B15. Varizes de MMII

B16. DRGE B17 Esofagite B18. Hérnia Hiatal B19 .

Gastrite

C. História de doença hepática:

C1.Hemotransfusão C2História de Hepatite

C3História familiar de d. hepática

C4Ingesta alcoólica qual bebida? ____________ quantos copos? Qual

a freqüência ? Dia Semana Mês

C5 Tabagismo

5. Exame Físico: Peso :__________ (KG) Altura:___________ (CM) IMC:___________

Kg/m2

Peso ideal _________ C. A.:________ cm C.Q. ______________

Eixo de Hippe(C.A/C.Q):_________ Cirdunferência do pescoço:__________

PA: ___________ mmHg

Escala de Sonolência de Epworth _________ pontos

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6. Ultrassonografia: Esteatose Hepática Colelitíase Outros

achados Quais?___________________________________________

7. Biópsia Hepática:___________________________________________________ _____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________

Lâmina-número:_____________ Página do livro:_____________

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8. Tabela de Exames Complementares

EXAMES COMPLEMENTARES PRÉ-OP 3M 6M

12m

18m 24m

Exame/data

Glicose Jejum Glicohemoglobina

C-Total C-HDL C-LDL

Triglicerídeos TGO TGP GGT FA

Bilirrubinas T BD/BI PT/Alb TP/AE

Ferritina Ferro sérico

HBsAg Anti HCV

Insulina sérica Cortisol basal

LH FSH PRL

Estrógeno Progesterona Testosterona

PESO

ANEXO 2

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TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA PARTICIPAÇÃO EM ESTUDO CLÍNICO

Título: Fatores de risco para Esteato-Hepatite Não-Alcoólica em pacientes

obesos mórbidos do Ambulatório de Cirurgia Geral do Hospital das Clínicas do

HC-UFPE.

Investigador Principal: Dra.Lúcia Helena de Oliveira Cordeiro

Orientador: Prof. Dr. José Ricardo Pernambuco

Unidade: Hospital das Clínicas – Universidade Federal de Pernambuco

Av. Prof. Moraes Rego, s/n

50690-901 – Recife/PE

Por meio deste instrumento estou sendo informado, em detalhes,

sobre o estudo acima e resolvi dele participar. Eu serei um dos pacientes

participantes deste estudo nesta instituição. O objetivo deste estudo é avaliar

os fatores de risco para esteato-hepatite

(gordura e inflamação no fígado) nos pacientes obesos graves submetidos a

cirurgia para tratamento da obesidade.

Entendo que minha participação é inteiramente voluntária e não é, de

forma alguma, condição para que receba tratamento médico nesta instituição.

Para isso, terei que comparecer no dia da marcação para cirurgia serei

submetido a coleta do sangue, onde serão dosados açúcar e gorduras do

sangue e outros exames para afastar doença hepática de outra causa. Estou

ciente ainda de que no momento da minha cirurgia serei submetido a biópsia

hepática que consiste na retirada de um minúsculo pedaço do meu fígado para

que possa ser estudado.

Eu serei informado de qualquer alteração no estudo ou qualquer nova

observação pertinente ao mesmo. Estou ciente que os médicos que estão

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70

conduzindo este estudo são capacitados e bem treinados, de forma a me

oferecer os maiores benefícios possíveis.

Todos os dados da minha participação neste estudo serão

documentados e mantidos confidencialmente, sendo disponíveis apenas para

as autoridades de saúde e minha pessoa.

Como minha participação é voluntária, posso abandonar o estudo a

qualquer momento, sem que isso resulte em qualquer penalidade ou perda de

meus direitos nesta instituição. Não receberei compensação financeira por

eventuais injúrias que possam me ocorrer, mas não me privo de meus direitos

legais agindo desta forma. Se eu tiver qualquer dúvida ou perguntas relativas a

este estudo ou aos meus direitos, no que diz respeito à minha participação, ou

ainda se quiser relatar eventos adversos, posso contatar a Dra. Lúcia helena

de Oliveira Cordeiro através do telefone 9972-3665.

Eu concordo em seguir as instruções das pessoas que estão

conduzindo e monitorizando este estudo, de forma a obter o máximo de

benefícios da atenção médica oferecida por esta pesquisa.

Data: ______/_______/ 2002

Nome do paciente: ________________________________________________

Assinatura: ______________________________________________________

Endereço: _______________________________________________________

Nome da testemunha: _____________________________________________

Assinatura: ______________________________________________________

Endereço: _______________________________________________________

Nome do investigador: Lúcia Helena de Oliveira Cordeiro

Assinatura: ______________________________________________________

Endereço: Hospital das Clínicas – Departamento de Medicina Interna –

Ambulatório de Endocrinologia

ANEXO 3

VALORES LABORATORIAS NORMAIS

Page 88: ASPECTOS DA SÍNDROME METABÓLICA NA … hepática: Esteatose macro e microvesicular grave..... 33 Foto 2 Histologia hepática: Agregado leucocitário..... 33 Foto 3 Histologia hepática

Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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Exames Método Valor Normal

Colesterol total

Enzimático

Até 200 mg/100 ml

Colesterol LDL

Enzimático

Até 130 mg/100 ml

Colesterol HDL – mulher Enzimático Abaixo de 55

mg/100 ml

Colesterol HDL – homem Enzimático Abaixo de 45

mg/100 ml

Triglicerídeos Enzimático Até 150 mg/ 100 ml

Glicemia de Jejum Enzimático Até 110 mg/dL

ALT Enzimático Até 40

AST Enzimático Até 41 U/L

Bilirrubinas Totais

Bilirrubina Direta

Tempo de Protrombina e

Atividade Enzimática

Proteína Total e frações

ANEXO 4

JUSTIFICATIVA PARA A BIÓPSIA HEPÁTICA

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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Esteato-hepatite não-alcoólica (NASH-do inglês Non-Alcoholic

Steatohepatis) é hoje descrita como progressão de esteatose hepática,

considerada como doença benigna há 3 décadas atrás. A descrição de formas

mais graves de doença hepática não associada a ingesta alcoólica, com

fibrose, e até mesmo cirrose e hepatocarcinoma, explica muitos casos de

transplantes hepáticos atribuídos a cirrose criptogenética. A identificação dos

mesmos fatores associados à cirrose criptogenética e à EHNA como

obesidade, diabetes, dislipidemia e sexo feminino fez concluir a relação causal

entre as duas doenças. O método de escolha para o diagnóstico de EHNA é a

biópsia hepática. Somente a histologia permite a diferenciação entre esteatose

hepática e EHNA

A obesidade, inclusive sua forma mais grave, tem crescido

assustadoramente em todo o mundo sendo considerado atualmente como uma

epidemia, paralelamente tem crescido a prevalência de EHNA sendo hoje a

principal causa de aumento de enzimas hepáticas nos Estados Unidos,

superando a prevalência de hepatite por vírus C segundo dados do último

NHANES III .

Diabetes Mellitus e o grau de obesidade têm sido apontadas como os

principais fatores relacionados com a progressão da EHNA para formas mais

graves como fibrose e cirrose. A cirurgia para redução de peso vem sendo

realizada em larga escala para o tratamento da obesidade severa também é

descrita como causa de EHNA. Há controvérsias se a doença hepática poderia

agravar-se após o procedimento ou se há regressão das formas mais graves

com a redução do peso e regressão do diabetes.

Propomos o estudo da histologia hepática dos pacientes submetidos à

cirurgia para redução de peso através de biópsia realizada a céu aberto, visto

ser este um método seguro, pela necessidade de verificar a prevalência de EH

e EHNA nessa população de alto risco, considerando que os dados da

literatura mundial mostram que 70% a 100% dos pacientes obesidade grave

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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apresentam o fígado acometido com esteatose hepática e em média 30% já

apresentem algum grau de inflamação. E ainda a determinação dos fatores de

risco para a progressão para as formas mais graves de doença hepática.

Sendo assim, triaremos os pacientes do ambulatório de Cirurgia Geral

do Hospital das Clínicas onde já há a realização rotineira desse tipo de cirurgia

com um grupo conhecido e experiente profissionais liderados pelo professor

Edmundo Ferraz, com rotinas já bem estabelecidas e publicadas em livros-

texto como segue em revisão de literatura associado ao Ambulatório de

Doença Hepática representado pelo professor José Ricardo Pernambuco

juntamente com o Serviço de Patologia com a professora Norma Jucá,

garantindo assim uma abordagem séria com finalidades científicas visando o

bem maior de cada paciente que é a sua saúde.

ANEXO 5 PROTOCOLO DA TESE DE MESTRADO DE LÚCIA CORDEIRO

CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS DA ESTEATO-HEPATITE

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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NOME: _________________________________________________________ REG.___________________________________________________________No. Lâmina. _____________________________________________________ GRAU 0 1 2 3

Esteatose Macrovesicular

Esteatose Microvesicular

Esteatose Pura

Degeneração em Balão

Inflamação lobular

PMN

Linfócito

Lipogranulomas

Inflamação trato portal

PMN

LMN

Corpúsculos Mallory

Núcleo Glicogenado

Fibrose

Perisinusoidal

Portal

Fibrose septal

Cirrose S N

DHGNA

Grau I

Grau II

Grau III

Grau IV

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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FIBROSE

Grau I

Grau II

Grau III

Perisinusoidal

0- não tem 1- 1/3 da zona 3 2- 2/3 da zona 3 3- + 2/3 da zona 3

Portal 0- Nenhuma 1- Até o trato

portal 2- F. periportal 3- F. ponte com

arquitetura nodular

Fibrose em ponte

0- não tem 1- pouca 2- maior que 1 cm 3- fibrose em

ponte com arq. nodular

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Aspectos da síndrome metabólica na doença hepática gordurosa não-alcoólica em pacientes obesos mórbidos_______

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Fonte: Neushwander-Tetri & Caldwell. Non Alcoholic Steatohepatitis: summary of an AALSD - Single topic conference. Hepatology, 2003; 17(5):1202-19.

Graduação Necroinflamatória da Esteatohepatite

GRAU I: Esteatose predominantemente macrovesicular em + de 50% Hepatócitos balonados ocasionais PMN lobular com ou sem linfócitos Inflamação crônica leve GRAU II: Esteatose qualquer grau Muitos hepatócitos balonados na zona 3 PMN lobular com ou sem fibrose pericelular na zona 3 GRAU III: Esteatose periacinar Baloneamento com desarranjo óbvio pp// em zona 3 PMN associado a hepatócitos em balão Inflamação crônica leve a moderada