assentamentos irregulares

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13 Assentamentos precários urbanos na Região Metropolitana de Curiba: resultados e apontamentos gerais Cad. IPARDES. Curiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011 ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS URBANOS NA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA: RESULTADOS E APONTAMENTOS GERAIS Angelita Bazo Socióloga, técnica do Núcleo de Socioeconomia Rural do IPARDES. [email protected]. Louise Ronconi de Nazareno Socióloga, técnica do Núcleo de Estudos Sociais e Populacionais do IPARDES. [email protected] Resumo: O presente argo retoma os resultados do projeto “Caracterização e Tipologia Socioeconômica dos Assentamentos Precários Brasileiros”, o qual foi desenvolvido pelo Instuto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES) em conjunto com outras instuições da rede coordenada pelo Instuto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O fundamental no projeto foi traduzir o problema em números, buscando fontes cartográficas municipais, conectar as informações sobre assentamentos precários à sua localização específica e discur questões envolvidas na caracterização dos assentamentos com a especificidade da Região Metropolitana. Palavras-chave: Assentamentos precários. Habitação. RMC. Sub-habitação. Este trabalho está licenciado sob uma Licença Creave Commons

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    Assentamentos precrios urbanos na Regio Metropolitana de Curitiba: resultados e apontamentos gerais

    Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011

    ASSENTAMENTOS PRECRIOS URBANOS NA REGIO METROPOLITANA DE CURITIBA: RESULTADOS E APONTAMENTOS GERAIS

    Angelita Bazotti

    Sociloga, tcnica do Ncleo de Socioeconomia Rural do IPARDES.

    [email protected].

    Louise Ronconi de Nazareno

    Sociloga, tcnica do Ncleo de Estudos Sociais e Populacionais do IPARDES.

    [email protected]

    Resumo: O presente artigo retoma os resultados do projeto Caracterizao e Tipologia Socioeconmica

    dos Assentamentos Precrios Brasileiros, o qual foi desenvolvido pelo Instituto Paranaense de

    Desenvolvimento Econmico e Social (IPARDES) em conjunto com outras instituies da rede

    coordenada pelo Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada (IPEA). O fundamental no projeto foi traduzir

    o problema em nmeros, buscando fontes cartogrficas municipais, conectar as informaes sobre

    assentamentos precrios sua localizao especfica e discutir questes envolvidas na caracterizao

    dos assentamentos com a especificidade da Regio Metropolitana.

    Palavras-chave: Assentamentos precrios. Habitao. RMC. Sub-habitao.

    Este trabalho est licenciado sob uma Licena Creative Commons

  • Angelita Bazotti, Louise Ronconi de Nazareno

    14Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011

    INTRODUO

    Este artigo traz discusso os resultados do projeto Caracterizao e Tipologia

    Socioeconmica dos Assentamentos Precrios Brasileiros, desenvolvido pelo Instituto Paranaense de

    Desenvolvimento Econmico e Social (IPARDES) em conjunto com outras instituies da rede Instituto

    de Pesquisa Econmica Aplicada e Associao Nacional das Instituies de Planejamento, Pesquisa e

    Estatstica (IPEA/ANIPES).1

    de conhecimento geral que os assentamentos humanos provocam uma srie de alteraes

    no meio em que se instalam. No espao urbano, as exigncias de infraestrutura ligadas s habitaes

    demandam cada vez mais reflexes a respeito das instalaes de moradias precrias, dos danos e riscos

    gerais associados questo ambiental e do papel da interveno do poder pblico. Dessa forma, as

    preocupaes mais recentes sobre habitao esto associadas precariedade nas cidades.

    Entende-se o assentamento precrio como um ncleo de moradias em que h problemas

    associados propriedade da terra e s condies de infraestrutura das moradias e do entorno. Esses

    ncleos envolvem situaes distintas, como favelas, loteamentos irregulares ou clandestinos, conjuntos

    habitacionais invadidos, prdios ocupados, etc.

    Este trabalho se props a utilizar dados no usuais em estudos comparativos para falar

    de assentamentos precrios urbanos (APUs) da Regio Metropolitana de Curitiba Integrada (RMC

    Integrada). O foco inicial est nos limites geogrficos e nas condies espaciais dos assentamentos,

    sistematizados pelos poderes pblicos dos nveis estadual e municipal. Para avanar na produo da

    espacializao, considerou-se essencial fazer contatos diretos com os rgos municipais responsveis

    pelos dados habitacionais. Com os dados colhidos por esta pesquisa pretendeu-se apresentar em

    nmeros os assentamentos precrios dos municpios selecionados e debater sobre a qualidade das

    informaes. Faz-se essa quantificao buscando fontes cartogrficas municipais. Os municpios

    pertencentes RMC Integrada2 so: Almirante Tamandar, Araucria, Campina Grande do Sul, Campo

    Largo, Campo Magro, Colombo, Curitiba, Fazenda Rio Grande, Itaperuu, Mandirituba, Pinhais,

    Piraquara, Quatro Barras e So Jos dos Pinhais.

    O artigo est dividido em mais quatro sees alm desta introduo. A prxima seo

    apresenta os procedimentos adotados.

    1 Para aprofundamento, consultar os relatrios I e II da pesquisa, IPARDES, 2010a e 2010b.2 Foi utilizado o trabalho Identificao dos Espaos Metropolitanos e Construo de Tipologias (OBSERVATRIO DAS METRPOLES, 2004)

    para avaliar quais municpios da RMC estavam integrados com o polo (Curitiba). Mais detalhes, ver o relatrio I da Pesquisa Problemas

    Habitacionais dos Assentamentos Precrios Urbanos da Regio Metropolitana de Curitiba.

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    1 INDICAES METODOLGICAS E PROCEDIMENTOS PARA A OBTENO

    E AVALIAO DE INFORMAES

    Inicialmente, para buscar as bases cartogrficas sobre limites e condies espaciais dos

    assentamentos precrios, fez-se contato com rgos estaduais que, em sua rotina administrativa,

    mantm relao interinstitucional com os municpios, como a Coordenao da Regio Metropolitana

    de Curitiba (COMEC) e a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano (SEDU). A partir desses

    contatos, procurou-se as secretarias das prefeituras da RMC Integrada. Pelo relato dos rgos estaduais,

    sups-se que os dados municipais sobre assentamentos estivessem relativamente organizados, o que

    acabou por no se confirmar. Aproveitou-se tambm para realizar um reconhecimento inicial de campo

    nas reunies com tcnicos das prefeituras.

    Essas reunies tinham dois propsitos principais: a) identificar como os municpios

    classificavam assentamentos precrios, incluindo os procedimentos para quantific-los e caracteriz-los,

    e com isso compreendendo pelo assunto as responsabilidades, dentro da estrutura organizacional

    do governo local; e b) coletar documentos produzidos localmente sobre esses assentamentos. Alm

    disso, em alguns municpios foi possvel fazer um reconhecimento dos lugares identificados como

    assentamentos precrios. Para todos os tcnicos contatados eram feitas as mesmas perguntas, e era

    solicitada uma lista de possveis documentos a serem repassados.

    Apesar de contatados os 14 municpios da RMC Integrada, em apenas 9, obteve-se

    documentao sobre os assentamentos precrios (Almirante Tamandar, Campina Grande do Sul,

    Campo Largo, Campo Magro, Colombo, Curitiba, Pinhais, So Jos dos Pinhais e Piraquara). No caso

    de Piraquara, o tipo de informao era muito desigual ao dos outros municpios, optando-se, assim,

    por no trabalhar com suas informaes cartogrficas, que tambm no estavam padronizadas,

    acrescendo-se, ainda, as dificuldades em conferir suas informaes.

    Mesmo quando os dados esto disponveis em forma digital, eles ainda podem precisar de

    manipulao extensa para se adequarem s representaes comparveis. Foi o caso de diversas informaes

    no georreferenciadas, que precisaram ser retrabalhadas para se efetivar o georreferenciamento. Procurou-se

    integrar as informaes espacializadas com os cadastros e tabelas sobre famlias ou assentamentos

    precrios, porm muitas vezes as informaes cadastrais no estavam atualizadas e diferiam muito de um

    municpio para o outro.

    Muitas vezes, embora haja pessoal capacitado e equipe definida na rea habitacional, faltam

    critrios objetivos de definio e periodizao de informaes, bem como procedimentos estabelecidos

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    para acompanhamento dos problemas habitacionais com perspectiva mais abrangente, e no apenas

    pontual a cada programa ou plano. Ademais, em diversos casos, as bases digitais cartogrficas e

    outros tipos de pesquisa local so de responsabilidade de terceiros contratados. As informaes tm

    problemas quanto abrangncia. A falta de clareza nos critrios para identificao e atualizao dos

    locais como assentamentos precrios por parte dos municpios suscita certa insegurana sobre um

    dimensionamento geral mais preciso.

    Dessa forma, supe-se que h muito mais dados sobre habitao e assentamentos precrios

    nos municpios do que se conseguiu obter, porm o custo e a dificuldade para o acesso a eles ultrapassou

    a alada deste projeto. No trabalho de diagnstico do Plano Estadual de Habitao de Interesse Social

    (PEHIS)3 para o Paran (2011), foi constatado que a maioria dos municpios paranaenses tem algum

    setor ou rgo especfico para tratar das questes habitacionais, e que os cadastros de interessados

    em programas habitacionais esto relativamente atualizados. Isso refora a constatao de que as

    informaes esto dispersas, muitas vezes subnotificadas e subutilizadas. Esse contexto confirma que h

    a necessidade de um esforo muito menos de busca de informaes do que de construo institucional

    (BRASIL, 2008) de sistemas e integrao de informaes e equipes nas trs esferas de governo.

    2 DEFINIES E CLASSIFICAES PARA ASSENTAMENTOS PRECRIOS

    Com relao aos assentamentos precrios, atenta-se para as diferenas nos procedimentos

    de identificao e classificao dessas localidades. Em geral, a ideia de precariedade est associada

    insegurana, efemeridade e fragilidade. Assim, surgem diversos conceitos para classificar as possveis

    situaes de precariedade, como favelas, loteamentos irregulares, ocupaes irregulares, ocupaes

    em rea de risco, reas sem aprovao da prefeitura, reas imprprias para habitao, entre outras.

    Essa classificao demonstra que os espaos apresentam alguma inconformidade, sendo reas

    problemticas em relao ao aspecto da legalidade e da adequao na ocupao dos terrenos, segundo

    a legislao municipal, estadual e/ou nacional. Esses espaos, muitas vezes, esto identificados

    localmente de maneira abrangente como ocupaes irregulares; e mesmo esse conceito abrangente

    3 O PEHIS, em conjunto com o Plano Nacional de Habitao (PLANAB) e os Planos Locais de Habitao (PLHIS), constitui um dos instrumentos

    para a implementao da nova Poltica Nacional de Habitao (PNH), que estruturou o Sistema Nacional de Habitao de Interesse Social

    (SNHIS) e faz parte da gesto do setor habitacional. O plano contm trs etapas: proposta metodolgica, diagnstico do setor e estratgias

    de ao. A etapa de diagnstico do Paran foi realizada pelo IPARDES e atende solicitao da Companhia de Habitao do Paran

    (COHAPAR). Este trabalho procura oferecer um panorama geral das necessidades e condies habitacionais do Estado.

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    relaciona-se com a evoluo de outros conceitos e definies nacionais. H uma incorporao gradual

    da nomenclatura utilizada em programas e planos nacionais que oferecem recursos e linhas de

    programas disponibilizados aos municpios.

    As classificaes municipais estariam contempladas em categorias nacionais, conforme se

    apresenta no quadro 1.

    De modo geral, embora muitas reas levantadas pelos municpios apresentem algumas

    diferenas em relao ao conceito estrito de favela, pelo fato de no serem to densas ou por receberem

    relativo atendimento de servios pblicos, ao serem avaliadas em suas caractersticas mais gerais, elas

    seriam classificadas nessa categoria.

    As classificaes municipais contemplam maior detalhamento em sua nomenclatura porque

    esto de acordo com objetivos e propsitos municipais de interveno, e a categorizao do Ministrio

    das Cidades tem um propsito de agregar e padronizar situaes para comparar informaes.

    Todos os oito municpios da RMC Integrada com informaes disponveis no produzem

    levantamento sistemtico sobre cortios, tampouco sobre conjuntos habitacionais degradados. Essa

    falta de acompanhamento se d muitas vezes porque as polticas de habitao esto fragmentadas no

    governo municipal, e as companhias responsveis pelos conjuntos atuam especialmente na questo

    da construo de unidade habitacional ou disponibilizao individual de lotes, conforme cadastro.

    As demais preocupaes de adequao da ocupao dos espaos urbanos esto sob responsabilidade

    de outras secretarias e rgos, envolvendo ao social, urbanismo, planejamento e obras. Sobre as

    outras categorias, no h nomenclatura semelhante em todos os municpios.

    QUADRO 1 - COMPATIBILIZAO ENTRE CLASSIFICAES MUNICIPAIS DA RMC INTEGRADA E CATEGORIAS NACIONAIS

    CLASSIFICAES DOS MUNICPIOS DA RMC INTEGRADA CATEGORIAS NACIONAIS

    Loteamentos clandestinos Loteamentos irregulares

    Ocupao em reas no edificveis Favelas

    Ocupaes em reas legalmente reservadas Favelas

    Ocupaes em reas de reserva verde legal Favelas

    Assentamentos em regularizao ou sem regularizao Favelas

    Ocupaes com irregularidade fundiria Favelas

    reas de sub-habitao Loteamentos irregulares ou favelas

    FONTES: Secretarias Municipais, Ministrio das CidadesNOTA: Elaborao do IPARDES.

  • Angelita Bazotti, Louise Ronconi de Nazareno

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    Em geral, a identificao da existncia e do tamanho de favelas e loteamentos irregulares

    no est acompanhada de uma caracterizao socioeconmica de seus moradores e de um processo

    contnuo e predefinido de atualizao sobre o seu tamanho. Entretanto, os municpios da RMC

    Integrada normalmente produzem classificaes que correspondem a duas categorias nacionais

    (favelas e loteamentos irregulares).

    Todas as classificaes dos municpios assemelham-se na questo da irregularidade em relao

    aprovao das diretrizes urbansticas da cidade. A incorporao da inadequao fundiria justifica-se,

    j que um dos elementos centrais no debate sobre precariedade, pois diz respeito ao acesso terra e

    questo da irregularidade da moradia popular. Mas, muitas vezes, associada irregularidade fundiria

    tem-se a irregularidade em relao ao tipo de rea ocupada, ou seja, as ocupaes daquelas reas

    geologicamente inadequadas e ambientalmente sensveis, ou mesmo daquelas que seriam reservadas

    para que o poder pblico implantasse seus equipamentos. Alguns municpios apontam qual o principal

    problema observado em relao precariedade na sua prpria classificao alguns enfatizam a

    ocupao em reas no edificveis, outros a existncia de loteamentos irregulares, e outros, ainda, a

    questo da irregularidade fundiria.

    O quadro 2 resume algumas das condies dos assentamentos precrios nos municpios da

    RMC Integrada que puderam explicar seus procedimentos sobre o tratamento do assunto em sua cidade.

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    QUADRO 2 - ASSENTAMENTOS PRECRIOS URBANOS SEGUNDO CLASSIFICAO, PROCEDIMENTOS E ESTRUTURA ADMINISTRATIVA RESPONSVEL DOS MUNICPIOS DA RMC INTEGRADA - 2010

    MUNICPIO

    ASSENTAMENTOS PRECRIOS

    ClassificaoProcedimentos

    Gerais de Identificao

    Registros Administrativos(1)

    ltimo Levantamento

    Estrutura Administrativa Responsvel

    Almirante Tamandar

    Ocupaes com irregularidade fundiria, ocupaes em reas no edificveis e loteamentos irregulares.

    Existiu No temEm 2005 (aguardam levantamento de 2009)

    Secretaria Municipal de Obras, Urbanismo e Habitao

    Araucria(2) ... ... ... ... ...

    Campina Grande do Sul

    Loteamentos irregulares, ocupaes em reas no edificveis e reas de sub-habitao.

    Existiu No tem 2003Secretaria Municipal de Administrao, Finanas e Planejamento - Diretoria de Urbanismo

    Campo Largo

    Ocupaes em reas no edificveis, ocupaes em reas legalmente reservadas, ocupaes em reas de reserva verde legal e loteamentos clandestinos.

    Existe, baseado em denncia.

    No tem 2008

    Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Companhia de Desenvolvimento de Campo/ Diretoria de Assuntos Habitacionais

    Campo Magro

    Loteamentos irregulares e ocupaes em reas no edificveis.

    Existiu No tem 2008Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano

    Colombo

    Ocupaes em reas no edificveis, ocupaes em reas legalmente reservadas, ocupaes em reas de reserva legal e loteamentos clandestinos.

    Existiu No temAproximao/estimativa 2009

    Secretaria Municipal de Urbanismo

    Curitiba

    Loteamentos clandestinos (irregulares) em regularizao ou sem regularizao, e assentamentos em regularizao ou sem regularizao (ocupaes com irregularidade fundiria, ocupaes em reas no edificveis e ocupaes em reas legalmente reservadas).

    Existe No temEm 2005 (para o ano de 2007 est em verificao)

    Secretarias Municipais de Urbanismo e Planejamento. Companhia de Habitao Popular de Curitiba (COHAB-CT). Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC).

    Fazenda Rio Grande

    Ocupaes com irregularidade fundiria e ocupaes em reas no edificveis.

    No existe No temAguardam levantamento de 2010.

    Coordenador de Habitao e Regularizao Fundiria.Secretria de Ao Social

    ItaperuuLoteamentos irregulares e ocupaes em reas no edificveis.

    No existe No tem No se aplica. Setor de Engenharia

    MandiritubaOcupaes com irregularidade fundiria, ocupaes em reas no edificveis e loteamentos irregulares.

    No existe No tem No se aplica.Secretaria Municipal de Obras e Urbanismo

    PinhaisOcupaes com irregularidade fundiria e ocupaes em reas no edificveis.

    ExisteNo houve esclarecimento

    2009Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentvel

    PiraquaraOcupaes com irregularidade fundiria, reas no edificveis e reas de sub-habitao.

    No existe. Produz informaes pontuais.

    No temNcleo de Regularizao Fundiria e Secretaria de Urbanismo

    Quatro Barras

    Loteamentos irregulares, rea sem aprovao prvia do poder pblico municipal e com falta de titulao correta da terra.

    Existiu No temSecretaria Municipal de Planejamento Urbano e Obras

    So Jos dos Pinhais

    Ocupaes em reas no edificveis e ocupaes com irregularidade fundiria.

    Existiu No tem 2009Secretaria Municipal de Urbanismo e Secretaria Municipal de Habitao

    FONTE: Secretarias MunicipaisNOTAS: Elaborao do IPARDES.

    reas no edificveis: so reas em faixa de domnio de rodovias e ferrovias em atividade; faixas reservadas da Companhia de Energia; reas sobre ou margeando sem distncia mnima leito de curso d'gua; reas de cavas e pntanos ou alagadias; reas sobre encosta ngreme (declividade igual ou superior a 30%); reas de Preservao Ambiental (APA); terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo sade pblica.reas de reserva verde legal: so reas que de acordo com leis municipais, estaduais e federais, devem ser reservadas para bosques, matas, em cada terreno e loteamento aprovado.reas legalmente reservada: so reas que, de acordo com leis municipais, estaduais e federais, devem ser reservadas para equipamentos/logradouros pblicos.Loteamentos irregulares: trata-se da subdiviso de gleba em lotes destinados edificao com abertura de novas vias de circulao, logradouros pblicos ou prolongamento, bem como para modificao ou ampliao das vias existentes, sendo realizada a partir de pequenos promotores imobilirios; ou seja, seus lotes so vendidos no mercado informal. Ser identificado como clandestino ou irregular quando no tiver aprovao do poder pblico ou desobedecer os processos e condies de aprovao exigidos pelo mesmo.reas de sub-habitao: so locais em que as habitaes/unidades domiciliares so precrias, sem gua encanada e/ou sem luz eltrica e/ou sem saneamento bsico.Sinal convencional utilizado:

    ... Dado no disponvel.(1) Entende-se por registro administrativo a definio explcita e especificada por escrito dos instrumentos que os tcnicos responsveis do poder pblico

    usam para identificar e atualizar o que so assentamentos precrios e demais informaes referentes questo. Foram adotadas para identificar a responsabilidade, no municpio, pela habitao as mesmas categorias da questo sobre caracterizao do rgo gestor da habitao no municpio, da Pesquisa de Informaes Bsicas Municipais (MUNIC, 2008).

    (2) Em Araucria no se conseguiu efetivar contato final para obter as informaes necessrias.

  • Angelita Bazotti, Louise Ronconi de Nazareno

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    3 RESULTADOS GERAIS

    O crescimento populacional nas cidades foi acompanhado da periferizao da habitao

    popular. Ocupao de terrenos, loteamentos clandestinos, formao de favelas, construes irregulares,

    assentamentos ilegais invadiram a paisagem urbana e representam situaes j consolidadas.

    Pode-se consider-las solues encontradas para o morar, as quais denunciam, ao menos parcialmente,

    a ineficcia das polticas e do planejamento habitacional por parte do Estado e as dificuldades de

    insero no mercado formal.

    Tendo em vista as restries de ocupao do solo e a permanncia do problema dos

    assentamentos precrios, procurou-se reunir informaes gerais sobre os assentamentos da RMC

    Integrada na tabela 1 e na figura 1.

    TABELA 1 - INFORMAES SOBRE ASSENTAMENTOS PRECRIOS DOS MUNICPIOS DA RMC INTEGRADA - 2003/2009

    MUNICPIOS SELECIONADOS

    ASSENTAMENTOS PRECRIOS

    QuantidadeUnidades(1)

    Mdia de Unidades por Assentamento

    rea (m2)Ano de

    Referncia(2)Abs. %

    Almirante Tamandar 23 3,58 2.491 108,30 1.270.476,97 2005

    Campina Grande do Sul 13 2,02 506 38,92 238.987,60 2003

    Campo Largo 89 13,84 3.627 40,75 2.869.377,29 2007

    Campo Magro 10 1,56 636 63,60 464.342,11 2008

    Colombo 37 5,75 3.283 88,73 1.382.464,76 2009

    Curitiba 341 53,03 61.325 179,84 11.802.875,48 2005

    Pinhais 39 6,07 ... ... 3.681.111,67 2009

    So Jos dos Pinhais 91 14,15 5.341 58,69 2.128.560,22 2009

    TOTAL 643 100,00 77.209 (3)127,83 23.838.196,10 ..

    FONTE: Secretarias MunicipaisNOTAS: Elaborao do IPARDES.

    Os dados municipais so de: Almirante Tamandar, 2005 - Secretaria Municipal de Obras, Urbanismo e Habitao; Campina Grande do Sul, 2003 - Secretaria Municipal de Administrao, Finanas e Planejamento - Diretoria de Urbanismo; Campo Largo, 2007 - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Companhia de Desenvolvimento de Campo/Diretoria de Assuntos Habitacionais; Campo Magro, 2007 - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano; Colombo, 2009 - Secretaria Municipal de Urbanismo; Curitiba, 2005 - IPPUC; Pinhais, 2009 - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentvel; So Jos dos Pinhais, 2009 - Secretaria Municipal de Urbanismo e Secretaria Municipal de Habitao.As reas foram calculadas automaticamente pelo programa Arc Giz.Sinais convencionais utilizados:

    ... Dado no disponvel.

    .. No se aplica dado numrico.(1) As unidades referem-se a lotes, ou habitaes, ou domiclios ou famlias. Em Almirante Tamandar e Campo Magro a referncia o lote.

    Em Campina Grande do Sul, a referncia a famlia; em Campo Largo, a referncia a habitao. Em Colombo, e em So Jos dos Pinhais a referncia a famlia. Em Curitiba, a referncia o domiclio. Pinhais no disponibilizou dados sobre a quantidade de lotes, domiclios ou famlias em cada assentamento.

    (2) O ano de referncia diz respeito atualizao mais recente e disponibilizada do municpio sobre os assentamentos precrios.(3) Para calcular esta mdia, foram retirados do nmero total os assentamentos do municpio de Pinhais, j que neste municpio no havia

    estimativa de lotes/domiclios.

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    Assentamentos precrios urbanos na Regio Metropolitana de Curitiba: resultados e apontamentos gerais

    Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011

    Verificou-se que a natureza e a densidade do problema em cada cidade so diferentes.

    H diferenas com relao quantidade das reas, ao tamanho destas e concentrao de famlias.

    Por exemplo, a quantidade de famlias/lotes em Colombo e Almirante Tamandar alta em relao

    quantidade de assentamentos precrios registrados. na cidade-polo, Curitiba, que se concentra a

    maioria dessas reas, bem como de domiclios nas mesmas.

    preciso avaliar esses dados com ressalvas porque possivelmente h subregistro de

    assentamentos por parte de alguns municpios e pelo fato de a responsabilidade por questes

    habitacionais muitas vezes estar dispersa na burocracia municipal. prudente comentar que o trabalho

    recente de diagnstico sobre questes ambientais no Estado do Paran para o PEHIS trouxe dados

    novos e diferentes a respeito das mesmas questes tratadas na pesquisa em rede.

  • Angelita Bazotti, Louise Ronconi de Nazareno

    22Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011

    No trabalho para o PEHIS, realizado em 2010, a Companhia de Habitao do Paran deveria

    coletar as informaes in loco e tambm com tcnicos das prefeituras. Como a responsabilidade

    do contato municipal ficou a cargo da Companhia, se comparada pesquisa em rede, suspeita-se

    que as informaes podem ter sido coletadas em diferentes locais dos municpios. Isso indica que

    h problemas na informao ao nvel local, o qual nem sempre partilha dos esforos nacionais

    para melhorar os instrumentos de coleta e tornar as pesquisas mais abrangentes, e que no existe

    padronizao obrigatria e exigida para o tratamento das informaes (compreendendo coleta,

    atualizao, periodizao), o que leva o municpio a oferecer dados diferentes. Entendeu-se que seria

    possvel reunir como assentamentos precrios as condies de favela e loteamento clandestino, para

    poder comparar as informaes com o dado da pesquisa da rede IPEA/ANIPES sobre assentamentos

    precrios. A tabela 2 mostra a comparao entre os dados das duas pesquisas.

    A produo de informaes sobre os problemas habitacionais nas grandes cidades consiste

    em importante passo para a fundamentao de polticas pblicas. Dispor de dados sobre moradias

    para tornar mais verossmeis os indicadores o primeiro passo. E a partir dessa comparao entre as

    pesquisas, nota-se que esse primeiro passo ainda precisa ser dado. Fazem-se necessrios padronizao

    e controle daquilo que minimamente, como parmetro, precisa ser observado. E pergunta-se: como

    criar um mnimo de elementos a ser produzido e abastecido por cada nvel da estrutura de um sistema de

    informao habitacional? Como tornar possvel agregar nveis distintos (municipal, regional, estadual)

    de anlise, por exemplo, tendo em conta a dinmica metropolitana? Devido ausncia de um sistema

    TABELA 2 - COMPARAO DE PESQUISAS SOBRE ASSENTAMENTOS PRECRIOS, NMERO DE FAVELAS, DE LOTEAMENTOS CLANDESTINOS E NMERO DE DOMICLIOS EM CADA CONDIO, SEGUNDO MUNICPIOS SELECIONADOS - PARAN - 2010

    MUNICPIOS SELECIONADOS

    ASSENTAMENTOS PRECRIOS (1) ASSENTAMENTOS PRECRIOS (2)Favelas Loteamentos Clandestinos Total

    Quantidade Domiclios Quantidade Domiclios Quantidade Domiclios Quantidade Domiclios (3)

    Almirante Tamandar 59 2.552 58 3.676 117 6.228 23 2.491

    Campina Grande do Sul 9 315 2 429 11 744 13 506

    Colombo 20 4.011 3 125 23 4.136 37 3.283

    Curitiba 304 54.764 86 6.989 390 61.753 341 61.325

    Pinhais 1 360 1 48 2 408 39 ...

    So Jos dos Pinhais 0 0 92 4.429 92 4.429 91 5.341

    FONTES: Pesquisa de Campo - IPARDES/COHAPAR, Secretarias MunicipaisNOTAS: Ver nota da tabela 1 sobre dados municipais. Sinal convencional utilizado: ... Dado no disponvel.(1) Informaes da pesquisa de Campo de IPARDES/COHAPAR para o PEHIS.(2) Pesquisa da rede IPEA/ANIPES Caracterizao e Tipologia Socioeconmica dos Assentamentos Precrios Brasileiros.(3) Os domiclios podem se referir a lotes, habitaes, famlias ou propriamente domiclios.

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    Assentamentos precrios urbanos na Regio Metropolitana de Curitiba: resultados e apontamentos gerais

    Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011

    integrado de informao, por um lado, restringem-se as respostas sobre habitao ao que se pode

    medir com dados no especficos ou muito genricos. Por outro, no se encontram possibilidades para

    a comparao de pesquisas com recortes, perodos e abrangncia especficos.

    Pelos dados da pesquisa em rede, identifica-se, primeiramente, que os espaos com restries

    legais de ocupao tornam-se potenciais terrenos para estratgias de ocupao informal. So estes

    espaos as reas lindeiras a ferrovias e rios e as reas de preservao permanente. Ainda, a presena nas

    cidades de contingentes populacionais que no conseguem acessar a oferta formal de lotes, pela falta

    de recursos financeiros, sugere que estratgias informais continuaro a existir.

    A atrao populacional para as cidades e a reproduo da vida urbana mantm a procura por

    seus espaos. Assim, tm-se em todas as cidades da RMC Integrada assentamentos precrios que se

    formam na extenso de loteamentos regulares aprovados. Muitas vezes, so aprovados loteamentos

    distantes das aglomeraes j existentes, e cria-se estrutura urbana em espaos mais isolados,

    favorecendo o espraiamento desses novos pedaos urbanos reestruturados. A presena de reas

    vazias ao longo de loteamentos com infraestrutura estimularia sua ocupao irregular. Esse padro

    deveria suscitar a rediscusso, pelo poder pblico, das exigncias para aprovao de loteamentos.

    Os assentamentos precrios apresentam vrias configuraes. De acordo com as quatro questes

    principais apontadas por Adauto Lcio Cardoso (2008) irregularidade, precariedade, vulnerabilidade

    e carncia social , pode-se avaliar que a identificao dos assentamentos pelas prefeituras est se

    concentrando nas duas primeiras. E, mesmo assim, ainda h dificuldades para estabelecer procedimentos

    objetivos para avaliar, em cada caso de assentamento, a abrangncia da sua irregularidade (se fundiria,

    urbanstica ou de padro e procedimentos de construo). Do mesmo modo, h dificuldades em avaliar

    a abrangncia da precariedade, com referncia a risco e/ou acessibilidade, e/ou infraestrutura e/ou nvel

    de habitabilidade das edificaes e/ou qualidade ambiental do assentamento.

    Dentro da classificao ocupaes com irregularidade fundiria, muitas vezes os

    assentamentos identificados so formados a partir de processos relativamente organizados de

    movimentos sociais, os quais a partir da constatao da ociosidade ou subutilizao da rea, acabam

    efetivamente ocupando-as. O processo em si dessas ocupaes no indica padres de como a terra

    pode ser parcelada. Movimentos espontneos de ocupao de reas no necessariamente criam uma

    organizao de lotes com dimenses regulares, ou com padres urbansticos definidos. E nem sempre

    a ocupao desse tipo de rea seria promovida por lideranas predefinidas.

  • Angelita Bazotti, Louise Ronconi de Nazareno

    24Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011

    Em relao aos loteamentos irregulares, os pequenos promotores imobilirios clandestinos

    e informais possibilitam parcelamento com caractersticas infraestruturais parciais, de modo a garantir

    acesso futuro a servios de urbanizao. Nesses casos, o arruamento, espaamento, diviso de quintais

    seriam relativamente definidos. Muitos desses loteamentos originam-se de espaos anteriormente

    relacionados ao modo de vida rural e, por isso, tendem a formar assentamentos com certo isolamento

    espacial e infraestrutural das reas mais densas das cidades, dificultando a extenso de redes e servios

    urbanos a esses locais.

    No caso de ocupaes em reas no edificveis e de reserva verde, a forma de

    parcelamento e separao de domiclios mais desordenada os domiclios vo se somando uns

    aos outros nos espaos vazios disponveis. Nesse sentido, algumas vezes o poder pblico pode at se

    referir a esse tipo de ocupao como assentamentos espontneos, em contraposio ideia de uma

    ocupao organizada por movimentos polticos e lideranas comunitrias. A terra dessas reas situa-se

    margem do mercado imobilirio formal.

    Esses exemplos indicam a diversidade de situaes com as quais o poder pblico precisa lidar

    para abordar a questo dos assentamentos precrios.

    Com relao ao reconhecimento das demais caractersticas sobre os assentamentos, preciso

    ainda ultrapassar noes prvias e generalizaes do senso comum a respeito dessas reas, e produzir

    efetivamente, nas prefeituras, procedimentos contnuos de anlise sobre o significado particular da

    carncia social e da vulnerabilidade dos grupos que ocupam reas de assentamentos precrios.

    Existem poucos trabalhos que caracterizam os grupos sociais em termos de renda, escolaridade

    e possibilidade de acesso ao mercado de trabalho. Assim, limitamo-nos a usar dados j produzidos

    localmente e elegemos como foco do trabalho a identificao dos limites geogrficos e das condies

    espaciais dos assentamentos. Ou seja, buscamos enxergar as informaes a partir do cho em que

    elas se assentam. Por isso, foram realizados exerccios de identificao de reas que esto sobre ou

    margeando (com distncia inadequada) leito de curso de gua, sobre ou prximo a faixas de domnio

    de sistema virio ativo ou sistema ferrovirio ativo, em reas com alta declividade (encosta ngreme).

    reas nessas condies so consideradas imprprias para edificao (no edificveis), pelo risco de

    desabamento, alagamento ou poluio. O resultado dos cruzamentos vem apresentado na tabela 3.

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    Assentamentos precrios urbanos na Regio Metropolitana de Curitiba: resultados e apontamentos gerais

    Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011

    Nota-se que a grande maioria dos assentamentos precrios identificados pelos municpios

    tem pelo menos alguma parte de sua rea sobre margem de rio. Essa identificao est relacionada

    com as caractersticas da RMC, a qual est toda desenhada pelo curso de rios e mananciais.

    TABELA 3 - REA E NMERO DE ASSENTAMENTOS PRECRIOS, SEGUNDO CONDIES DE LOCALIZAO E MUNICPIOS SELECIONADOS DA RMC INTEGRADA -

    2003/2009

    MUNICPIOS SELECIONADOS

    ASSENTAMENTOS PRECRIOS

    Condies de Localizao

    Com alguma parte em encosta ngreme

    Com alguma parte em faixa de domnio de ferrovia

    Com alguma parte em margem de rio

    Com alguma parte em faixa de domnio de rodovia

    rea (m2)N.o

    rea (m2)N.o

    rea (m2)N.o

    rea (m2)N.o

    Abs. % Abs. % Abs. % Abs. %

    Almirante Tamandar 83.330,98 6,56 13 1.883,92 0,15 1 122.099,31 9,61 8 5.869,71 0,46 2

    Campina Grande do Sul 4.126,11 1,73 2 - - - 78.461,62 32,83 12 - - -

    Campo Largo 68.242,73 2,38 13 - - - 578.657,01 20,17 64 74.920,43 2,61 14

    Campo Magro 12.607,02 2,72 3 - - - 10.149,25 2,19 6 - - -

    Colombo 2.521,30 0,18 5 - - - 629.149,30 45,51 31 56.270,49 4,07 5

    Curitiba 80.510,29 0,68 26 173.820,17 1,47 28 3.565.770,02 30,21 288 13.152,41 0,11 13

    Pinhais 7.636,23 0,21 1 34.732,61 0,94 5 228.374,88 6,20 26 37.030,86 1,01 1

    So Jos dos Pinhais 1.811,65 0,09 1 6.820,99 0,32 1 127.755,96 6,00 22 38.674,37 1,82 10

    TOTAL 260.786,32 1,09 64 217.257,68 0,91 35 5.340.417,34 22,40 457 225.918,26 0,95 45

    MUNICPIOS SELECIONADOS

    ASSENTAMENTOS PRECRIOS

    Condies de Localizao

    TOTALCom alguma parte em

    faixa de domnio de

    ferrovia e tambm sobre margem de rio

    Com alguma parte sobre margem de rio e em

    encosta ngreme

    Com alguma parte em faixa de domnio de

    rodovia e tambm sobre

    margem de rio

    Com alguma parte em faixa de domnio de

    rodovia e em encosta

    ngreme

    rea (m2)N.o

    rea (m2)N.o

    rea (m2)N.o

    rea (m2)N.o

    rea (m2)N.o

    Abs. % Abs. % Abs. % Abs. % Abs. %

    Almirante Tamandar - - - 7.019,01 0,55 3 - - - - - - 1.270.476,97 100,00 23

    Campina Grande do Sul - - - 43,58 0,02 1 - - - - - - 238.987,60 100,00 13

    Campo Largo - - - 7.872,79 0,27 7 - - - - - - 2.869.377,29 100,00 89

    Campo Magro - - - 544,89 0,12 2 - - - - - - 464.342,11 100,00 10

    Colombo - - - 11.467,30 0,83 6 - - - 33,83 0,002 1 1.382.464,76 100,00 37

    Curitiba 75.834,51 0,64 23 - - - 14.779,40 0,13 11 - - - 11.802.875,48 100,00 341

    Pinhais - - - - - - - - - - - - 3.681.111,67 100,00 39

    So Jos dos Pinhais - - - - - - - - - - - - 2.128.560,22 100,00 91

    TOTAL 75.834,51 0,32 23 26.947,57 0,11 19 14.779,40 0,06 11 33,83 - 1,00 23.838.196,10 100,00 643

    FONTES: COMEC (2006), MINEROPAR (2006), Secretarias Municipais

    NOTAS: Elaborao do IPARDES.

    Os dados municipais so de Almirante Tamandar - 2005 - Secretaria Municipal de Obras, Urbanismo e Habitao; Campina Grande do Sul - 2003 - Secretaria

    Municipal de Administrao, Finanas e Planejamento - Diretoria de Urbanismo; Campo Largo - 2007 - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano

    e Companhia de Desenvolvimento de Campo/Diretoria de Assuntos Habitacionais; Campo Magro - 2007 - Secretaria Municipal de Desenvolvimento

    Urbano; Colombo - 2009 - Secretaria Municipal de Urbanismo; Curitiba - 2005 - IPPUC; Pinhais - 2009 - Secretaria Municipal de Desenvolvimento

    Sustentvel; So Jos dos Pinhais - 2009 - Secretaria Municipal de Urbanismo e Secretaria Municipal de Habitao.

    Foram utilizadas as diretrizes: rodovia - faixa de domnio de 100 metros (50 metros cada lado) utilizada para rodovias de pista dupla, de acordo com

    normatizao do DNIT; ferrovia - faixa de domnio de 15 metros cada lado, dado generalizado, pois esta extenso varivel de acordo com cada trecho;

    hidrografia - cota de 30 metros para cada lado, a partir do eixo do rio, segundo parmetro da Resoluo Conama n.o 303/2002; declividade - encosta

    ngreme so as reas com declividade maior que 30%, seguindo a Lei Federal n.o 6.766/79.

    Um mesmo assentamento pode ocorrer em reas com diferentes condies de localizao.

    Sinal convencional utilizado:

    - Dado numrico igual a zero.

  • Angelita Bazotti, Louise Ronconi de Nazareno

    26Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011

    Levando em conta as limitaes nos cruzamentos de dados, pode-se afirmar que em torno de

    25% das reas dos assentamentos precrios identificados esto em locais com limites para sua ocupao.

    Tambm com base nesses dados se comprova a convivncia, dentro de um mesmo assentamento

    precrio, de diferentes condies de ocupao da terra. Um assentamento pode se estender da margem

    de um rio, avanando em encosta ngreme, e alcanar as bordas de um loteamento regular aprovado;

    este o exemplo da Vila Unio, em Almirante Tamandar. Alm disso, sabendo-se que 25% das reas

    dos assentamentos esto em locais com limites para ocupao, tem-se, por outro lado, que 75% dessas

    reas so precrias relativamente a outras condies, como irregularidade fundiria.

    A condio de localizao apenas um dos elementos capazes de descrever as particularidades

    dos assentamentos precrios. Infelizmente, a falta de padronizao nos dados obtidos e disponibilizados

    pelos municpios limitou a abrangncia das descries sobre eles. Tal limitao tambm reduziu a

    possibilidade de validar hipteses para uma tipologia de assentamentos precrios que incrementasse

    ou reestruturasse as categorias definidas pelo Ministrio das Cidades.

    Pode-se assumir que os assentamentos humanos precrios so um fenmeno permanente

    nas cidades e que as intervenes do poder pblico no conseguem elimin-lo. H, em geral, grande

    desconhecimento quanto aos fenmenos envolvidos na existncia, formao e permanncia desses

    assentamentos. Ademais, existem dificuldades para empreender anlises do problema com cobertura

    nacional, regional e mesmo local. A mensurao tanto do nmero de assentamentos quanto das

    pessoas que vivem neles tarefa complexa, pela dificuldade de se chegar a todos os locais, pelo rodzio

    dos moradores, pela dinmica intensa de formao de novos assentamentos e pela situao crtica dos

    governos em decidir que ateno dispensar para seus problemas.

    A presena e formao dos assentamentos precrios pressupe uma coexistncia variada de

    estratgias fora da regulamentao e de formas de sobrevivncia acionadas pela esfera da sociabilidade

    e vizinhana, produzindo combinaes de irregularidade, precariedade e, muitas vezes, vulnerabilidade.

    Com relao aos dados municipais obtidos, em geral os assentamentos precrios localizam-se

    em reas que esto fora do mercado formal de terras, exigindo maior esforo pblico de conteno de

    ocupao dessas reas. Alm disso, muitas estratgias de ocupao esto vinculadas infraestrutura

    do entorno, como se pode observar pelos diversos assentamentos encontrados no prolongamento ou

    extenso de loteamentos aprovados.

    Pode-se dizer, tambm, que grande parte do que se considera assentamentos precrios

    derivada dos loteamentos formais regulares, seja por subverterem o plano aprovado, transformando-se

    em irregulares, seja por serem implantados anteriormente aos procedimentos requisitados pelo

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    Assentamentos precrios urbanos na Regio Metropolitana de Curitiba: resultados e apontamentos gerais

    Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011

    poder pblico, transformando-se em clandestinos, seja por se aproveitarem de reas reservadas

    no ocupao na extenso desses loteamentos. As demais reas de assentamentos precrios tambm

    podem ser consideradas sobras das terras do mercado formal. As ocupaes muitas vezes so tratadas

    pelo poder pblico a partir dos nomes dos bairros onde esto inseridas, exigindo conhecimento e

    vistoria local para entender o que regular e o que no . Foram observados muitos assentamentos

    pequenos e pulverizados em toda a RMC.

    Os dados municipais mostram que Curitiba concentra em nmero absoluto de locais e

    famlias os problemas de assentamentos precrios. Ademais, a mdia de famlias por ocupao na

    capital muito maior. Somente Campo Largo teria uma proporo maior de famlias em relao ao

    total da populao do municpio. Contudo, preciso levar em conta as situaes diferenciadas dos

    assentamentos entre as cidades.

    Acrescente-se a isso que existe uma diferenciao intramunicpios. Por exemplo, em Curitiba

    observa-se que h diferenas no tamanho dos assentamentos: ao sul, eles so maiores e ao norte so

    menores, havendo uma pulverizao destes ltimos. Em Pinhais, foi classificada como assentamento

    precrio uma grande poro de terra por ser rea de Proteo Ambiental (APA), mas as supostas

    casas ali assentadas so poucas, esto espalhadas e so de difcil acesso e visualizao. J, em outros

    municpios, vrios aglomerados de casas, separados uns dos outros, podem ser considerados como

    uma mesma rea de assentamento precrio.

    A localizao dos assentamentos est relacionada com a formao da malha urbana dos

    municpios da RMC, sobre a qual a poltica de aprovao e a construo efetiva de loteamentos tm

    influncia determinante. Por exemplo, a localizao de assentamentos nos municpios limtrofes

    capital, como em Colombo e Almirante Tamandar, est determinada pela continuidade da mancha

    urbana de Curitiba e vinculada ao processo de aprovao dos loteamentos nessas cidades limtrofes,

    que obedeceram as tendncias de crescimento populacional e a dinmica da cidade-polo. O anel de

    ocupao intensiva, com densidade crescente sob bases urbansticas precrias e que circunda Curitiba,

    oferece ao mesmo tempo a oportunidade e o contexto de desafio construo da sustentabilidade

    regional. As diferenas nos assentamentos tambm esto relacionadas forma como o poder pblico

    identifica essas reas.

    O que igualmente se deve admitir o fato de que a irregularidade e a precariedade se

    misturam regularidade e urbanizao consolidada. Neste caso, muitas vezes, nos municpios, no

    se identificam algumas reas como assentamentos precrios, e assim teramos subestimao quanto

    ao dimensionamento do problema.

  • Angelita Bazotti, Louise Ronconi de Nazareno

    28Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011

    Uma vez inaugurada uma ao pblica, como a implantao de um equipamento social no

    assentamento precrio, caminha-se para a validao da ocupao e a consolidao desta na estrutura

    urbana. Do mesmo modo, a ao de ocupao da populao, mesmo em seu incio, tambm provoca

    consequncias no entorno. Avaliar quais so essas consequncias e manter certas reas livres

    de ocupao humana devem ser esforos coletivos constantes para o planejamento sustentvel.

    Os problemas habitacionais envolvem questes de direito e responsabilidade pblica. Por um lado,

    tem-se a necessidade de garantir os direitos e o acesso da populao aos servios urbanos. Por outro,

    deve-se avaliar se existem limitaes ambientais e de tipo oramentrio por parte do poder pblico.

    Ambas as questes precisam ser trabalhadas juntas para contribuir com um planejamento em que

    equidade, justia e sustentabilidade sejam os fundamentos. Precisam ser formulados instrumentos

    que contemplem avaliao sobre regularizao fundiria, realocao e reassentamento, urbanizao

    de reas consolidadas, reintegrao com outras partes da cidade e conteno de novas ocupaes

    irregulares, em conjunto com opes para a viabilizao de unidades habitacionais adequadas.

    CONSIDERAES FINAIS

    O avano deste trabalho de pesquisa no projeto Caracterizao e Tipologia Socioeconmica

    dos Assentamentos Precrios Brasileiros reforou algumas concluses. A principal delas diz

    respeito disperso do conhecimento, em relao aos nveis de governo, mas tambm no plano

    intragovernamental. Os dados sobre habitao ainda so insuficientes e no esto facilmente

    disponveis, alm da falta de padro, que dificulta as agregaes para anlises mais gerais e regionais.

    As complicaes em relao a retrabalhar dados, criar parmetros e definir rotinas so desafios para

    todos os municpios, grandes e pequenos. No caso dos grandes, a preocupao se concentra em

    articular secretarias e equipes diversas, rever procedimentos e produzir materiais de uso contnuo

    para o governo. No caso dos pequenos, a tarefa inicia-se j em capacitar funcionrios que possam

    consolidar informaes de fontes diferentes e estipular rotinas que as articulem.

    Com relao a este trabalho, a desigualdade de informaes entre os municpios dificultou

    a agregao e a avaliao, e mesmo a descrio da dimenso regional dos assentamentos precrios.

    A coordenao de setores, equipes e informaes extrapola a circunscrio de uma burocracia local, e,

    por isso, a efetiva ao do governo nacional e estadual no sentido de induzir a padronizao e processo

    de capacitao institucional torna-se fundamental.

  • 29

    Assentamentos precrios urbanos na Regio Metropolitana de Curitiba: resultados e apontamentos gerais

    Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011

    Observou-se uma grande necessidade de organizao de dados sobre habitao. A falta de

    informaes das condies socioeconmicas das famlias presentes nos assentamentos mostra um

    retrato impreciso sobre os moradores, sobre suas reais oportunidades e razes para ocuparem os

    espaos de assentamentos precrios. Precisa-se de estudos abrangentes que efetivamente discutam

    aspectos sociais e culturais dos assentamentos, coletem dados prprios e produzam anlise dessas

    situaes com vistas a subsidiar aes.

    As dificuldades principalmente de agregao das informaes disponibilizadas e a exigncia,

    mas impossibilidade, de vistoria de campo, para suprir lacunas nas informaes, deixaram ainda muitas

    questes a serem desenvolvidas a respeito da espacialidade dos assentamentos, suas distines

    internas e externas, as consequncias para seu entorno, entre outras.

    Entende-se que, para uma descrio e caracterizao mais abrangente das reas de

    assentamentos precrios em termos coletivos, e do perfil de moradores em termos domiciliares,

    haveria a necessidade de pesquisa especfica, avaliando-se e determinando-se claramente de quem

    a competncia institucional para agregar informaes desse tipo e nesse nvel de abrangncia.

    No entanto, faltam primeiramente as estimativas bsicas preliminares; segundo, outros dados so de

    difcil produo e exigem investimento do poder pblico para sua aquisio e atualizao peridica

    ainda no h consenso nacional sobre o que seria fundamental constar em termos de caracterizao

    sobre essas ocupaes. O contraste dos dados entre essa pesquisa sobre assentamentos precrios

    e a pesquisa do PEHIS demonstra que preciso urgentemente fazer esforos de padronizao das

    informaes necessrias para o acompanhamento dos problemas habitacionais.

    Como panorama global, ao avaliar as informaes disponibilizadas pelos municpios,

    identifica-se uma desigualdade entre eles nos seguintes quesitos: capacitao profissional dos

    funcionrios, articulao de equipe de trabalho e do setor dentro de rgos e secretarias, e

    procedimentos burocrticos estabelecidos. Percebem-se, ainda, questes gerais que ainda precisam

    ser superadas. So elas: a) disperso de informaes; b) falta de procedimentos rotineiros de

    acompanhamento, atualizao, dimensionamento e caracterizao (no somente espacial, mas

    socioeconmica) de assentamentos precrios; c) dificuldades para criar sistemas de dados que se

    mantenham como fonte e subsdio para aes pblicas; d) dificuldades de articulao de profissionais,

    setores e aes no intuito de abordar os problemas habitacionais; e) qualificao da burocracia local;

    e f) dificuldades de integrao da dimenso socioeconmica e cultural na avaliao de aes sobre

    assentamentos precrios.

  • Angelita Bazotti, Louise Ronconi de Nazareno

    30Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011

    Conclui-se que o poder local deva contemplar como procedimento de trabalho rotineiro uma

    avaliao dos aspectos de carncia de infraestrutura e servios urbanos nas reas de assentamentos

    precrios. Nessa rotina, seria possvel identificar outras irregularidades como a urbanstica e edilcia,

    a precariedade nas condies de acessibilidade, de infraestrutura urbana (saneamento bsico,

    calamento, pavimentao, iluminao pblica, entre outros) e das condies de habitabilidade

    (densidade por cmodo, ventilao adequada, estrutura residencial segura, etc.).

    O poder federal pode induzir os poderes locais a produzirem rotinas de obteno,

    padronizao, atualizao e utilizao de dados, para que seja possvel a comparao e confiana nas

    informaes, ao serem agregadas. Parece cada vez mais importante produzir essas indues por parte

    do governo nacional em relao aos outros nveis de governo. Todavia, estas precisam ser respaldadas

    pela experincia da atuao municipal. Como j apontado, importante construir um sistema de

    informao para a rea de habitao.

    Nessa direo, percebe-se, por um lado, que alguns esforos realizados podero contribuir

    positivamente para a criao desse sistema. O Ministrio das Cidades preocupou-se efetivamente em

    viabilizar estudos sobre as capacidades institucionais dos municpios na rea de habitao (BRASIL,

    2008) e, especificamente, sobre a quantificao e reavaliao de dados gerais dos assentamentos

    precrios (BRASIL, 2007). O desenvolvimento da Poltica Nacional de Habitao (BRASIL, 2004), a criao

    do Fundo Nacional e do Plano Nacional de Habitao de Interesse Social, e a exigncia da reaplicao

    de Planos Estaduais e Locais de Habitao de Interesse Social, alm de outros planos setoriais so

    fatores indutores.

    Por outro lado, nota-se que h vontade por parte dos tcnicos municipais de melhorar seus

    dados e que, em alguns lugares, j so realizados esforos para incorporar avanos tecnolgicos na

    representao da realidade e melhor distinguir as questes envolvidas na ocupao do solo urbano, o

    que expressa um movimento positivo. Contudo, torna-se imprescindvel produzir uma avaliao geral

    sobre as condies, a qualidade e a presena ou ausncia de dados nesses planos e nas iniciativas

    locais de entendimento do problema. O objetivo consiste em propostas de solues viveis para a

    constituio de um sistema de informaes que auxilie os diversos nveis de governo e possibilite

    efetivas intervenes pblicas em prol do acesso amplo e democrtico ao espao urbano, de forma

    segura, socialmente inclusiva e ambientalmente sustentvel.

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    Assentamentos precrios urbanos na Regio Metropolitana de Curitiba: resultados e apontamentos gerais

    Cad. IPARDES. Curitiba, PR, eISSN 2236-8248, v.1, n.1, p. 13-31, jan./jun. 2011

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