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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
ESCOLA DE MINAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EVOLUÇÃO CRUSTAL
E RECURSOS NATURAIS
Petrogênese/Depósitos Minerais/Gemologia
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ASSINATURA GEOQUÍMICA DA HEMATITA COMPACTA DO
QUADRILÁTERO FERRÍFERO – MG: UMA CONTRIBUIÇÃO
PARA A COMPREENSÃO DE SUA GÊNESE
por
Daniel Aparecido da Silva Rodrigues
(Pós-graduando)
Orientador:
Hermínio Arias Nalini Jr.
Coorientador
Issamu Endo
Ouro Preto - Dezembro/2015
i
ASSINATURA GEOQUÍMICA DA HEMATITA COMPACTA DO
QUADRILÁTERO FERRÍFERO – MG: UMA CONTRIBUIÇÃO
PARA COMPREENSÃO DE SUA GENÊSE
iii
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Reitor
Marcone Jamilson Freitas Souza
Vice-Reitora
Célia Maria Fernandes Nunes
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Fábio Faversani
ESCOLA DE MINAS
Diretor
Issamu Endo
Vice-Diretor
José Geraldo Arantes de Azevedo Brito
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Chefe
Antonio Luciano Gandini
vi
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br
Escola de Minas – http://www.em.ufop.br
Departamento de Geologia – http://www.degeo.ufop.br/
Programa de Pós-Graduação em Evolução e Recursos Naturais
Campus Morro do Cruzeiro s/n – Bauxita
35.400-000, Ouro Preto, Minas Gerais
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606, e-mail: [email protected]
Os direitos de tradução e reprodução reservados.
Nenhuma parte dessa publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos,
fotocopiada ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos ou utilizada sem a observância
das normas de direito autoral.
Depósito Legal na Biblioteca Nacional
Edição 1ª
vii
Agradecimentos
Em primeiro lugar, agradeço a Deus por mais essa conquista e por nunca ter me deixado
desistir. Agradeço também aos meus pais (Joana D’arc e Juarez) e irmão (Eduardo) por sempre
acreditarem no meu sonho e no meu potencial.
À oportunidade de fazer o mestrado agradeço ao Professor/Orientador Hermínio Arias
Nalini Jr. que depositou sua confiança em mim para realização desse projeto, juntamente com o
Professor/Coorientador Issamu Endo.
Toda a parte laboratorial realizada nesse trabalho só foi possível devido a grande
colaboração dos integrantes do Laboratório de Geoquímica (LGqA) da Universidade Federal de
Ouro Preto (UFOP), em especial aos funcionários: Adriana Trópia de Abreu pela ajuda, conselhos
e ensinamentos nas diversas análises instrumentais, ao grande Antônio Celso pela ajuda nos
trabalhos de britagem, moagem e determinação de ferro e ao Leo pelos conselhos. Aos colegas de
pós-graduação e laboratório Geraldinho e Ana Ramalho pelas ajudas e inúmeras discussões. E aos
demais colegas pela colaboração, sem a ajuda de vocês se tornaria mais difícil de realizar esse
trabalho.
Aos funcionários dos laboratórios de Laminação, britagem e moagem, DRX, FRX,
microscopia óptica e MEV-EDS o meu sincero agradecimento. Agradeço também a colaboração
dos professores que lecionaram as disciplinas da pós. Ao Professor Edison Tazava por estar
sempre disposto a ajudar.
Agradeço a UFOP e ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos
Naturais do Departamento de Geologia da UFOP pela infraestrutura oferecida.
À FAPEMIG e a Empresa VALE que financiaram esse trabalho por meio do projeto
RDP-00063-10. A CAPES pela concessão da bolsa de estudos durante a realização desse
trabalho.
Sumário
Agradecimentos ....................................................................................................................................... vii
Sumário ..................................................................................................................................................... ix
Lista de Figuras ....................................................................................................................................... xiii
Lista de Tabelas ..................................................................................................................................... xvii
Resumo .................................................................................................................................................. xix
Abstract...................................................................................................................................................xxi
CAPÍTULO 1- INTRODUÇÃO ..............................................................................................................1
1.1- NATUREZA DE ESTUDO ................................................................................................................ 1
1.2- OBJETIVOS E METAS ...................................................................................................................... 2
1.3- LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO ................................................................................... 3
1.4- MÉTODOS E ESTRATÉGIA DE AÇÃO .......................................................................................... 6
1.4.1- Caracterização Mineralógica por Difração de Raios X (DRX) ............................................ 11
1.4.2- Determinação de Elementos Maiores por Fluorescência de Raios X (FRX) ....................... 12
1.4.3- Determinação de Elementos Maiores e Menores por ICP-OES ........................................... 13
1.4.4- Determinação de Elementos-traços, Inclusive os ETR’s por ICP-MS ................................. 16
1.4.5- Determinação de Ferro Total, Ferro Ferroso (Fe2+
) e Ferro Férrico (Fe3+
) .......................... 19
Determinação de Ferro Total .............................................................................................. 19
Determinação de Ferro Ferroso .......................................................................................... 21
1.4.6- Perda ao Fogo ....................................................................................................................... 23
1.4.7- Tratamento e Análises dos Dados Obtidos........................................................................... 25
CAPÍTULO 2- GEOLOGIA DAS ÁREAS DE ESTUDO ................................................................27
2.1- O QUADRILÁTERO FERRÍFERO ................................................................................................. 27
2.2- SUPERGRUPO MINAS ................................................................................................................... 30
2.2.1- Grupo Itabira ........................................................................................................................ 31
2.3- GEOLOGIA DAS MINAS ESTUDADAS ....................................................................................... 32
2.3.1- Complexo Itabirito ............................................................................................................... 32
2.3.2- Complexo Fazendão ............................................................................................................. 36
2.3.3- Complexo Itabira .................................................................................................................. 37
CAPÍTULO 3- FORMAÇÔES FERRÍFERAS BANDADAS (FFB’S) .............................................. 41
3.1- DEFINIÇÃO, ORIGEM, IDADE E CLASSIFICAÇÃO DAS FFB’s .............................................. 41
3.1.1-Definição de FFB’s ............................................................................................................... 41
3.1.2- Origem das FFB’s ................................................................................................................ 41
3.1.3- Idade das FFB’s .................................................................................................................... 44
3.1.4- Classificação das FFB’s ....................................................................................................... 45
3.2- ORIGEM DO MINÉRIO HEMATÍTICO DE ALTO TEOR ........................................................... 46
3.2.1- Hematita Compacta .............................................................................................................. 50
3.3- COMPOSIÇÃO GEOQUÍMICA DAS FFB’s .................................................................................. 52
x
3.3.1- Elementos-traços e Elementos Terras Raras (ETR’s) .......................................................... 53
Elementos-traços ............................................................................................................................. .53
Elementos Terras Raras (ETR’s) ......................................................................................... 54
CAPÍTULO 4-CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA ...............................................................59
4.1- AMOSTRAS DO COMPLEXO ITABIRITO ................................................................................... 59
Mina Galinheiro ................................................................................................................... 60
Mina do Pico ........................................................................................................................ 60
Mina Sapecado ..................................................................................................................... 61
4.2- AMOSTRAS DO COMPLEXO FAZENDÃO ................................................................................. 62
Mina São Luiz ...................................................................................................................... 63
Mina Tamanduá ................................................................................................................... 63
Mina Almas .......................................................................................................................... 64
4.3- AMOSTRAS DO COMPLEXO ITABIRA ...................................................................................... 64
Mina Conceição ................................................................................................................... 65
Mina Periquito ..................................................................................................................... 66
CAPÍTULO 5-ANÁLISES GEOQUÍMICAS ......................................................................................69
5.1- COMPLEXO ITABIRITO ................................................................................................................ 70
5.1.1- Mina Galinheiro ................................................................................................................... 70
Determinação dos elementos maiores e menores ................................................................ 70
Comportamento dos elementos-traços ................................................................................. 71
Comportamento dos ETR’s + Y ........................................................................................... 71
5.1.2- Mina do Pico ........................................................................................................................ 72
Determinação dos elementos maiores e menores ................................................................ 72
Comportamento dos elementos-traços ................................................................................. 73
Comportamento dos ETR’s + Y ........................................................................................... 74
5.1.3- Mina Sapecado ..................................................................................................................... 76
Determinação dos elementos maiores e menores ................................................................ 76
Comportamento dos elementos-traços ................................................................................. 76
Comportamento dos ETR’s + Y ........................................................................................... 77
5.1.4- Comparação das Análises Geoquímicas do Complexo Itabirito .......................................... 78
Elementos maiores e menores .............................................................................................. 78
Elementos-traços .................................................................................................................. 80
ETR’s + Y ............................................................................................................................. 80
5.2- COMPLEXO FAZENDÃO............................................................................................................... 85
5.2.1- Mina São Luiz ...................................................................................................................... 86
Determinação dos elementos maiores e menores ................................................................ 86
Comportamento dos elementos-traços ................................................................................. 86
Comportamento dos ETR’s + Y ........................................................................................... 87
5.2.2- Mina Tamanduá ................................................................................................................. 88
Determinação dos elementos maiores e menores ................................................................. 88
Comportamento dos elementos-traços ................................................................................. 89
Comportamento dos ETR’s + Y ........................................................................................... 89
5.2.3 – Mina Almas ...................................................................................................................... 90
Determinação dos elementos maiores e menores ................................................................ 90
Comportamento dos elementos-traços ................................................................................. 91
Comportamento dos ETR’s + Y ........................................................................................... 91
5.2.4- Comparação das Análises Geoquímicas do Complexo Fazendão ..................................... 92
Elementos maiores e menores .............................................................................................. 92
Elementos-traços .................................................................................................................. 93
5.3- COMPLEXO ITABIRA .................................................................................................................... 98
5.3.1- Mina Conceição ................................................................................................................. 99
Determinação dos elementos maiores e menores ................................................................ 99
Comportamento dos elementos-traços ................................................................................. 99
Comportamento dos ETR’s + Y ......................................................................................... 100
5.3.2- Mina Periquito ................................................................................................................. 101
Determinação dos elementos maiores e menores .............................................................. 101
Comportamento dos elementos-traços ............................................................................... 101
Comportamento dos ETR’s + Y ......................................................................................... 102
5.3.3- Comparação das Análises Geoquímicas do Complexo Itabira........................................... 104
Elementos maiores e menores ............................................................................................ 104
Elementos-traços ................................................................................................................ 105
ETR’s + Y ........................................................................................................................... 106
5.4- COMPARAÇÃO DAS ANÁLISES GEOQUÍMICAS ENTRE OS COMPLEXOS ITABIRITO,
FAZENDÃO E ITABIRA .............................................................................................................. 110
Elementos maiores e menores ............................................................................................ 110
Elementos-traços, inclusive os ETR’s + Y ......................................................................... 111
5.5- COMPARAÇÃO DAS ANÁLISES GEOQUÍMICAS REALIZADAS COM OS DADOS DA
LITERATURA ............................................................................................................................... 114
CAPÍTULO 6- CONCLUSÃO .........................................................................................................121
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 125
xiii
Lista de Figuras
Figura 1.1: Mapa geológico simplificado do Quadrilátero Ferrífero. ....................................................... 3
Figura 1.2: Imagem mais detalhada das minas do Complexo Itabirito. .................................................... 4
Figura 1.3: Imagem mais detalhada das minas do Complexo Fazendão. ................................................ 5
Figura 1.4: Localização da cidade de Itabira ............................................................................................ 5
Figura 1.5: Imagem mais detalhada da Mina Conceição e da Mina Periquito. ......................................... 6
Figura1.6: Fluxograma envolvendo a cominuição dos minérios até a realização das
análises geoquímicas...................................................................................................7
Figura 1.7: Processo de cominuição do minério de ferro. ....................................................................... 11
Figura 1.8: Equipamento de DRX utilizado na caracterização mineralógica das amostras. ................... 12
Figura 1.9: a) Equipamento de fusão para FRX e b) Espectromêtro de FRX. ........................................ 13
Figura 1.10: ICP-OES, modelo Agilent Technologies 725, 2011. .......................................................... 13
Figura 1.11: Fluxogram dos principais componentes de um ICP-OES . ................................................ 14
Figura 1.12:Fluxograma representando as etapas do processo de fusão para leitura em
ICP-OES.............................................................................................................................. 15
Figura 1.13: Mosaico de fotografias representando algumas etapas da fusão para posterior análise em
ICP-OES.............................................................................................................................. 16
Figura 1.14: ICP-MS, modelo Agilent Technologies 7700x, 2011. ....................................................... 16
Figura 1.15: Fluxograma da abertura da amostra de minério de ferro . .................................................. 19
Figura 1.16: Mosaico de fotografias representando as etapas da determinação do ferro total. ............... 21
Figura 1.17: Fotografias representando as etapas da determinação do ferro ferroso. ............................. 23
Figura 1.18: Fluxograma representando as etapas envolvidas na determinação do PPC........................ 24
Figura 1.19: Mosaico de fotografias representando as etapas da determinação do PPC. ....................... 24
Figura 2.1: Mapa litológico do Quadrilátero Ferrífero. .......................................................................... 28
Figura 2.2: Coluna estratigráfica proposta para o Quadrilátero Ferrífero ............................................... 29
Figura2.3: Mapa Geológico do Complexo Itabirito......................................................................32
Figura 2.4: Modelo conceitual para concentração da mineralização desenvolvido para o Sinclinal
Moeda ................................................................................................................................. 34
Figura 2.5: Mapa Geológico do Complexo Fazendão. ........................................................................... 36
Figura 2.6: Mapa geológico da Mina Conceição e da Mina Periquito (Complexo Itabira). ................... 38
Figura 3.1: Modelo de deposição ferrífera do Arqueano e Paleoproterozoico ....................................... 42
Figura 3.2: Modelo de deposição das FFB’s.................................................................................44
Figura3.3: Representação esquemática das idades das formações ferríferas................................45
Figura 3.4: Mapa com a distribuição de alguns depósitos mais importantes de hematita de alto teor. ...48
Figura 3.5: Classificação dos principais tipos de depósitos de minério de hematita de alto teor.........49
Figura 4.1: Mosaico de fotografias representando a Mina do Pico........................................................59
Figura 4.2: Difratograma de algumas amostras.....................................................................................62
Figura 4.3: Mosaico de fotografias representando os locais de coleta das amostras do Complexo
Fazendão ............................................................................................................................. 62
Figura 4.4: Microfotografias do Complexo Fazendão ............................................................................ 64
Figura 4.5: Fotografias representando os locais das coletas das amostras do Complexo Itabira ............ 65
Figura 4.6: Microfotografia retirada em luz transmitida da amostra de itabirito MC-07 ....................... 66
Figura 4.7: Microfotografias do Complexo Fazendão. ........................................................................... 67
Figura 5.1: Perfis dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito da
Mina Galinheiro pertencente ao Complexo Itabirito. .......................................................... 72
xiv
Figura 5.2: Perfis dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito da
Mina do Pico pertencente ao Complexo Itabirito.......................................................75
Figura 5.3: Perfis dos ETR’s + Y das amostras da Mina Sapecado pertencente ao Complexo
Itabirito......................................................................................................................78
Figura 5.4: Teores de Fe2O3 das amostras das minas do Complexo Itabirito ......................................... 79
Figura 5.5: Teores de FeO das amostras das minas do Complexo Itabirito...................................79
Figura 5.6: Teores dos elementos maiores e menores das amostras das minas do Complexo Itabirito. . 79
Figura 5.7: Gráfico representando a concentração média, em ppm, dos elementos-traços das amostras
de hematita compacta e das amostras de itabirito do Complexo Itabirito ........................... 80
Figura 5.8: Comparação entre os ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de
itabirito do Complexo Itabirito............................................................................................ 82
Figura 5.9: Diagrama (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) paras as amostras do Complexo Itabirito .................... 83
Figura 5.10: Diagrama (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) paras as amostras do Complexo Itabirito .................. 83
Figura 5.11: Eu/Eu* versus (Pr/Yb)PAAS para as amostras do Complexo Itabirito. ................................ 85
Figura 5.12: Somatório de ETR’s + Y versus (Pr/Yb)PAAS para as amostras do Complexo Itabirito ...... 85
Figura 5.13: Perfis dos ETR’s + Y das amostras da Mina São Luiz pertencente ao Complexo
Fazendão...................................................................................................................88
Figura 5.14: Perfis dos ETR’s + Y das amostras da Mina Tamanduá pertencente ao Complexo
Fazendão. ............................................................................................................................ 90
Figura 5.15: Perfis dos ETR’s + Y das amostras da Mina Almas pertencente ao Complexo Fazendão .. 92
Figura 5.16: Teores de Fe2O3 das amostras das minas do Complexo Fazendão ..................................... 92
Figura 5.17: Teores de FeO das amostras das minas do Complexo Fazendão ....................................... 93
Figura 5.18: Teores dos elementos maiores e menores das amostras das minas do Complexo
Fazendão...................................................................................................................93
Figura 5.19: Gráfico representando as concentrações, em ppm, dos elementos-traços das amostras de
hematita compacta e das amostras de itabirito do Complexo Fazendão ............................. 94
Figura 5.20: Comparação entre os ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de
itabirito do Complexo Fazendão ......................................................................................... 95
Figura 5.21: Diagrama (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) paras as amostras do Complexo Fazendão ................ 96
Figura 5.22: Diagrama (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) paras as amostras do Complexo Fazendão ................ 97
Figura 5.23: Eu/Eu* versus (Pr/Yb)PAAS para as amostras do Complexo Fazendão ........................... 98
Figura 5.24: Somatório de ETR’s + Y versus (Pr/Yb)PAAS para as amostras do
Complexo Fazendão..................................................................................................98
Figura 5.25: Perfis dos ETR’s + Y das amostras da Mina Conceição .................................................. 100
Figura 5.26: Perfis dos ETR’s + Y das amostras da Mina Periquito....................................................104
Figura 5.27: Teores de Fe2O3 das amostras das minas do Complexo de Itabira...................................104
Figura5.28:Teores de FeO das amostras das minas do Complexo de Itabira...................................105
Figura 5.29: Teores dos elementos maiores e menores das amostras das minas do Complexo Itabira105
Figura 5.30: Gráfico representando as concentrações, em ppm, dos elementos-traços das amostras de
hematita compacta e das amostras de itabirito do Complexo Itabira .................................................106
Figura 5.31: Comparação entre os ETR’s + Y do Complexo Itabira....................................................107
Figura 5.32: Diagrama (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) paras as amostras do Complexo Itabira ................... 108
Figura 5.33: Diagrama (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) paras as amostras do Complexo Itabira. .................. 108
Figura 5.34: Eu/Eu* versus (Pr/Yb)PAAS para as amostras do Complexo Itabira. ................................. 109
Figura 5.35: Somatório de ETR’s + Y versus (Pr/Yb)PAAS para as amostras do Complexo Itabira..110
xv
Figura 5.36: Comparação dos teores de Fe2O3 das amostras de hematita compacta e das amostras de
itabirito do Complexo Itabirito, Complexo Fazendão e Complexo Itabira..............110
Figura 5.37: Comparação dos teores de FeO das amostras de hematita compacta e das amostras de
itabirito do Complexo Itabirito, Complexo Fazendão e Complexo Itabira..............111
Figura 5.38: Comparação dos elementos-traços das amostras de hematita compacta e das amostras de
itabirito das minas do Complexo Itabirito, Complexo Fazendão e Complexo Itabira.....112
Figura 5.39: Gráfico binário relacionando o somatório de elementos-traços das amostras de hematita
compacta com o somatório de elementos-traços das amostras de itabirito das minas
estudadas.................................................................................................................112
Figura 5.40: Gráficos binários entre o elemento-traço Zr e os elementos-traços: Th, Hf, Nb e Sc..113
Figura 5.41: Comparação dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de
itabirito do Complexo Itabirito, Complexo Fazendão e Complexo Itabira...............113
Figura 5.42: Gráfico binário relacionando o somatório de ETR’s + Y das amostras de hematita
compacta e das amostras de itabirito das minas estudadas.......................................114
Figura 5.43: Comparação da composição química (%) médias das amostras de hematita compacta dos
Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira com a composição química (%) média da Mina de
Águas Claras e da Mina de Meghatuburu................................................................116
Figura 5.44: Composição química média, em ppm, dos elementos-traços das amostras de hematita
compacta e das amostras de itabirito dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira..117
Figura 5.45: Comparação entre os ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de
itabirito dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira...............................................118
Figura 5.46: Comparação entre os ETR’s + Y das amostras de hematita compacta dos Complexos
Itabirito, Fazendão, Itabira, da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu. ......... 119
xvii
Lista de Tabelas
Tabela 1. 1: Descrições Mineralógicas ..................................................................................................... 8 Tabela 1.2: Coordenadas das amostras coletadas no Complexo Itabirito.. ............................................... 9 Tabela 1.3: Coordenadas das amostras coletadas no Complexo Fazendão ............................................. 10 Tabela 1.4: Coordenadas das amostras coletadas no Complexo Itabira .................................................. 10 Tabela 1. 5: Parâmetros e condições utilizadas nas análises em ICP-MS ............................................... 17 Tabela 1. 6: Limites de detecção e de quantificação dos elementos-traços estudados via ICP-MS. ...... 18 Tabela 1.7: Reações envolvidas na determinação do ferro total ............................................................. 20 Tabela 1. 8: Reações envolvidas na determinação do ferro ferroso ........................................................ 22 Tabela 5.1: Elementos maiores e menores das amostras da Mina Galinheiro determinados via
ICPOES/FRX...................................................................................................................... 70 Tabela 5.2: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos elementos-traços das
amostras da Mina Galinheiro pertencente ao Complexo
Itabirito..................................................................................................................... 71 Tabela 5.3: Composição geoquímica, concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da Mina
Galinheiro pertencente ao Complexo Itabirito.. .................................................................. 72 Tabela 5.4: Elementos maiores e menores das amostras da Mina do Pico determinados via
ICP-OES/FRX.. ................................................................................................................... 73 Tabela 5.5: Composição geoquímica dos elementos-traços, com as concentrações em ppm, das
amostras da Mina do Pico pertencente ao Complexo
Itabirito......................................................................................................................74 Tabela 5.6: Composição geoquímica, concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da Mina do
Pico pertencente ao Complexo Itabirito. ............................................................................. 74 Tabela 5.7: Elementos maiores e menores das amostras da Mina Sapecado determinados via
ICPOES/FRX.....................................................................................................................76 Tabela 5.8: Composição geoquímica dos elementos-traços, com as concentrações em ppm, das
amostras da Mina Sapecado pertencente ao Complexo Itabirito........................................ 77 Tabela 5.9: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da
Mina Sapecado pertencente ao Complexo
Itabirito..................................................................................................................... 77 Tabela 5.10: Razões e anomalias de alguns ETR’ + Y para as amostras do Complexo Itabirito............81 Tabela 5.11: Elementos maiores e menores das amostras da Mina São Luiz determinados via
ICP-OES/FRX. .................................................................................................................... 86 Tabela 5.12: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos elementos-traços das
amostras da Mina São Luiz pertencente ao Complexo Fazendão. ...................................... 87 Tabela 5.13: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da
Mina São Luiz pertencente ao Complexo Fazendão. .......................................................... 87 Tabela 514: Elementos maiores e menores das amostras da Mina Tamanduá determinados via
ICP-OES/FRX.. ................................................................................................................... 88 Tabela 5.15: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos elementos-traços das
amostras da Mina Tamanduá pertencente ao Complexo Fazendão. ................................... 89 Tabela 5.16: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da
Mina Tamanduá pertencente ao Complexo Fazendão. ....................................................... 89 Tabela 5.17: Elementos maiores e menores das amostras da Mina Almas determinados via
ICP-OES/FRX.. ................................................................................................................... 90 Tabela 5.18: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos elementos-traços das
amostras da Mina Almas pertencente ao Complexo Fazendão. .......................................... 91 Tabela 5.19: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da
Mina Almas pertencente ao Complexo Fazendão.. ............................................................. 91 Tabela 5.20: Razões e anomalias de alguns ETR’s + Y para as amostras do Complexo Fazendão. ...... 95
x
Tabela 5.21: Elementos maiores e menores das amostras da Mina Conceição determinados via
ICP-OES/FRX.. ................................................................................................................... 99 Tabela 5.22: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos elementos-traços das
amostras da Mina Conceição pertencente ao Complexo Itabira. ........................................................... 100 Tabela 5.23: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da
Mina Conceição pertencente ao Complexo Itabira. .......................................................... 100 Tabela 5.24: Elementos maiores e menores das amostras da Mina Periquito determinados via
ICP-OES/FRX.. ................................................................................................................. 101 Tabela 5.25: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos elementos-traços das
amostras da Mina Periquito pertencente ao Complexo Itabira. ........................................ 102 Tabela 5.26: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da
Mina Periquito pertencente ao Complexo Itabira. ............................................................ 103 Tabela 5.27: Razões e anomalias de alguns ETR’s + Y para as amostras do Complexo Itabira. ......... 107 Tabela 5.28: Composição química (%) média dos elementos maiores das amostras dos complexos
Itabirito, Fazendão, Itabira, da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu. ......... 115 Tabela 5.29: Composição química, em ppm, média dos elementos-traços das amostras dos complexos
Itabirito, Fazendão, Itabira, da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu. ......... 116 Tabela 5.30: Composição química média, em ppm, dos ETR’s + Y das amostras dos Complexos
Itabirito, Fazendão, Itabira, da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu. ......... 118
xix
Resumo
O estudo da gênese da hematita compacta do Quadrilátero Ferrífero (QFe) é motivo de interesse tanto
científico quanto econômico. No entanto, têm-se poucos trabalhos sobre estudos geoquímicos relevantes
que possam contribuir para a gênese do minério hematítico. A hematita compacta é um tipo especial de
minério de ferro, pois apresenta elevado teor em ferro, baixo teor em sílica e textura maciça. Há certa
controvérsia sobre o tipo de mineralização envolvido na formação da hematita compacta, alguns autores
defendem a origem supergênica e outros a participação de fluidos hipogênicos-metamórficos-
hidrotermais na formação desse tipo de minério. Esse trabalho tem como objetivo contribuir para o
entendimento da gênese da hematita compacta. As amostras para estudo foram coletadas em três regiões
distintas do QFe: Complexo Itabirito (Minas do Pico, Galinheiro e Sapecado), Complexo Fazendão
(Minas São Luiz, Tamanduá e Almas) e Complexo Itabira (Minas Conceição e Periquito). Foram
coletadas amostras de hematita compacta e amostras de itabirito, com a intenção de comparar e verificar
se há semelhança geoquímica entre ambas, sobretudo no que se refere à composição de elementos-
traços, inclusive os elementos terras raras (ETR’s). Fez-se a caracterização mineralógica das amostras
por técnicas microscópicas (Microscopia Óptica e MEV-EDS) e por DRX. A composição da hematita
compacta é bastante simples, sendo constituída, essencialmente, por hematita (valor médio de Fe2O3 =
98,0%). Em todas as amostras foram observados a presença de magnetita (FeO.Fe2O3 = 3,0 a 20,0%) e,
ainda em algumas amostras foram evidenciados a martitização, que é um processo de alteração
oxidativa, em que a magnetita se transforma em hematita. Já as amostras de itabirito são constituídas,
principalmente, por camadas alternadas de hematita e quartzo. A determinação de ferro total foi
realizada pelo método titulométrico com dicromato de potássio, os valores obtidos variaram de 98,51 a
99,86%; 87,45 a 98,51% e 98,59 a 99,74% para as amostras de hematita compacta dos Complexos
Itabirito, Fazendão e Itabira, respectivamente. Todas as amostras apresentam valores de óxido ferroso
(FeO) inferiores a 1,0%. As análises geoquímicas foram realizadas para se determinar os elementos
maiores e menores por ICP-OES e a determinação dos elementos-traços, inclusive os ETR’s + Y (La,
Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Y, Er, Tm, Yb e Lu) por ICP-MS. As amostras de hematita
compacta do Complexo Itabirito são as que apresentam maiores teores de Fe total médio e maiores
teores médio de elementos-traços analisados quando comparado com os outros complexos estudados.
Todas as amostras analisadas apresentam anomalias positiva de Eu, indicando uma possível
contribuição de fontes hidrotermais na formação da hematita compacta. A maioria das amostras
apresentam anomalias positivas de Ce, sugerindo uma ambiente redutor na época de formação dessas
amostras. A variação na concentração de elementos-traços, inclusive os ETR’s + Y, pode indicar
heterogeneidade na concentração original dos fluidos mineralizantes ou nos processos envolvidos na
gênese desse minério. Apesar das variações de concentração, observa-se um enriquecimento dos ETRP
em relação aos ETRL na maioria das amostras.
Abstract
The study of the genesis of compact hematite of the Iron Quadrangle (QFe) is the subject of much
scientific interest as economic. However, there have been few studies on relevant geochemical studies
which contribute to the genesis of hematite ore. The compact hematite is a special type of iron ore, it has
a high iron content, low silica content and massive texture. There is some controversy about the type of
mineralization involved in the formation of compact hematite, some authors advocate the supergene
origin and the participation of other hypogene-metamorphic-hydrothermal fluids in the formation of this
type of ore. This paper goal is to contribute to the understanding of the genesis of compact hematite.
Samples for the study were collected in three different regions of the QFe: Itabirito complex (Pico Mine,
Galinheiro Mine and Sapecado Mine), Fazendão Complex (São Luiz Mine, Tamanduá Mine and Almas
Mine) and Itabira Complex (Conceição Mine and Periquito Mine). Samples of compact hematite and
itabirite samples were collected with the intention to compare and check for geochemical similarity
between them, particularly with regard to the composition of trace elements including rare earth
elements (REE's). There was the mineralogical characterization of samples for microscopic techniques
(optical microscopy and SEM-EDS) and XRD. The composition of compact hematite is quite simple,
being comprised essentially of hematite (Fe2O3 average = 98.0%). In all samples were observed the
presence of magnetite (FeO.Fe2O3 = 3.0 – 20.0%) and even in some samples were shown martite
formation, which is an oxidative modification process in which magnetite is converted to hematite. The
Itabirite samples consist mainly of alternating layers of iron and quartz. The total iron determination
was carried out by titration method with potassium dichromate, values obtained ranged from the 98,51-
99.86%; 87.45-98.51% e 98.59 – 99.74% for the samples of compact hematite Itabirite Complex,
Fazendão Complex and Itabira Complex, respectively. All the samples show values ferrous oxide (FeO)
below 1.0%. The geochemical analisis were performed to determine the major and minor elements by
ICP-OES and the determination of trace elements, including REE's + Y (La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd,
Tb, Dy, Ho, Y, Er, Tm, Yb and Lu) by ICP-MS. Samples of compact hematite from Itabirito Complex
are those with higher average total Fe content and higher average levels of trace elements analyzed
when compared to the other studied complex. All samples had positive anomalies of Eu, indicating a
possible contribution of hydrothermal vents in the formation of compact hematite. Most positive
samples show anomalies of Ce, suggesting a reducing environment at the time of formation of these
samples. The variation in the concentration of trace elements, including REE’s + Y, may indicate
heterogeneity in the original concentration of mineralizing fluids or processes involved in the genesis of
the ore. Despite the variations in concentration, there was an enrichment of HREE relative to LREE at
most samples.
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
1.1- NATUREZA DE ESTUDO
O Quadrilátero Ferrífero (QFe), em Minas Gerais, está localizado na borda sul do Cráton São
Francisco. O QFe é constituído por rochas arqueanas, representadas pelos complexos metamórficos,
Supergrupo Rio das Velhas (greenstone belt), e por sequências metassedimentares proterozoicas do
Supergrupos Minas (Dorr II 1969). O minério de ferro do QFe encontra-se em formações ferríferas
bandadas (FFB’s), do inglês Banded Iron Formations (BIF’s) (Vilela et al. 2004), metamorfizadas
denominadas de itabiritos (Eschwege 1822). As FFB’s são objetos de constante interesse por serem
uma das principais fontes de minério de ferro do mundo. De acordo com Gross (1980), o principal
período de formação dos grandes depósitos de FFB’s se deu no Paleoproterozoico. As FFB’s são
formadas, geralmente, por camadas intercaladas de chert e óxidos de ferro (James 1954).
A mineralogia e a composição química das FFB’s têm sido extensivamente documentadas.
Porém poucos artigos têm sido publicados sobre a lito-quimio-estratigrafia das FFB’s do QFe e sobre
a geoquímica de elementos maiores, menores e traço, principalmente os elementos terras raras
(ETR’s) (Klein & Ladeira 2000, Spier et al. 2006).
As FFB’s passaram por diferentes processos de transformação ao longo de sua evolução
geológica, envolvendo processos de alterações mineralógicas e intensas modificações texturais, de
origem metamórfica e também supergênica, entre as quais o desenvolvimento de uma orientação
preferencial cristalográfica e morfológica de seus constituintes minerais (Rosière et al. 2001). De
acordo com os mesmos autores, esses fatores geológicos foram responsáveis por possibilitar a
ocorrência de hematita sob diferentes formas, dentre elas: compacta, especular, porosa, granoblástica
e, ainda, o processo de transformação da magnetita em hematita chamado de martitização.
As FFB’s do QFe encontram-se, principalmente, na Formação Cauê, parte inferior do Grupo
Itabira, pertencente ao Supergrupo Minas. As FFB’s do Grupo Itabira apresentam,
predominantemente: itabirito, hematita filitos, Fe-dolomitos e, subordinadamente, filitos piritosos
(Dorr II 1965, Rosière & Chemale Jr. 2001). O itabirito é o litotipo predominante na Formação Cauê,
podendo-se destacar quatro tipos: silicoso, dolomítico, anfibolítico e magnetítico (Amorim & Alkmim
2011). Os itabiritos são FFB’s metamórficas fortemente oxidadas e deformadas. No QFe, os itabiritos
se apresentam com elevado grau de oxidação, sendo o quartzo e a dolomita os principais minerais de
ganga e a hematita apresenta-se como óxido predominante (Rosière & Chemale Jr. 2001).
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
2
Os corpos enriquecidos em ferro são denominados de “hematita”, fazendo referência ao
principal mineral minério. Historicamente, nas minerações de ferro brasileiras, o minério hematítico
de alto teor possui teores de Fe > 64% e baixo conteúdo em contaminantes: SiO2 < 2%, P < 0,080% e
Al2O3 < 3%. No caso da empresa Vale, o minério hematítico foi dividido em: minério hematítico
compacto (MHC), que são os tipos maciços, com alta coesão e resistência dos grãos e baixo índice de
porosidade (a hematita compacta é um termo comercial para hematititos, que são rochas com elevado
teor em ferro, sendo a hematita o óxido predominante), minério hematítico friável (MHF), abrandados
por meteorização e/ou lixiviação, que possuem baixa coesão e resistência dos grãos e alta porosidade;
além do minério hematítico médio (MHM), que corresponderia aos intermediários ou intercalações
dos dois tipos anteriormente apresentados (Costa 2009).
O minério hematítico compacto é um tipo especial de minério de ferro de alto grau que
apresenta características químicas e físicas peculiares, dentre as quais: alta quantidade em Fe2O3,
sendo aproximadamente 70% em ferro, baixo teor em sílica e textura maciça, que permitem que esse
minério seja usado como granulado (lump ore) nos processos de obtenção de ferro via redução direta
(Vilela et al. 2004). Segundo Varajão et al. (2002), a hematita compacta pode se apresentar sob três
formas: maciça, bandada ou laminada.
O estudo da gênese dos minérios de ferro do QFe é motivo de grande interesse tanto científico
quanto econômico (Sanders 1933, Dorr II et al. 1952, Park 1959, Dorr II 1965, Varajão et al. 2002).
Porém a falta de dados geoquímicos é clara, o que dificulta interpretações pormenorizadas. No caso
específico da hematita compacta a falta de informações sistemáticas e detalhadas ainda é mais
evidente, por isso a importância desse trabalho.
A origem hipogênica dos minérios hematíticos foi proposta, inicialmente, por Sanders (1933)
e a origem metassomática foi sugerida por Dorr II et al. (1952). Guild (1953) em seus estudos sugere
que os minérios hematíticos de alto grau de Congonhas/MG são resultados de substituições
hidrotermais governadas por zonas de brechas que podem ter sido formadas durante processos de
falhamento.
Park (1959) postula que a origem do minério hematítico pode ser tanto hipogênica quanto
supergênica, mas favorece a segunda hipótese, pois acredita que a magnetita foi substituída por
hematita em condições oxidantes, por meio de processos metamórficos e/ou metassomáticos.
1.2- OBJETIVOS E METAS
Esse trabalho tem como objetivo principal contribuir, por meio de estudos geoquímicos de
detalhe, para o entendimento da gênese do minério hematítico compacto de alto grau presente na
região do Quadrilátero Ferrífero/MG. Para isso foram selecionadas três áreas distintas: Complexo
Itabirito (Minas Sapecado, do Pico e Galinheiro), Complexo Fazendão (Minas São Luís, Tamanduá e
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
3
Almas) e Complexo Itabira (Minas Conceição e Periquito). Como objetivos específicos, pode-se ainda
citar:
obtenção da assinatura geoquímica para elementos maiores, menores e traços, inclusive os
ETR’s do minério hematítico compacto e dos itabiritos coletados próximos as amostras de
hematita compacta das áreas de estudo;
estudo geoquímico comparativo entre as minas citadas anteriormente;
caracterização petrográfica a partir de estudos em lâminas polidas delgadas utilizando técnicas
microscópicas de luz transmitida e luz refletida. E ainda, caracterização mineralógica de
algumas amostras coletadas por Difração de Raios X (DRX);
buscar informações genéticas que possam contribuir para o fortalecimento de uma das
hipóteses de formação do minério hematítico compacto (hipogênico-metamórfico-hidrotermal
ou supergênico).
1.3- LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO
As amostras foram coletadas nas minas do Complexo Itabirito (Minas Sapecado, do Pico e
Galinheiro), Complexo Fazendão (Minas São Luís, Tamanduá e Almas) e Complexo Itabira (Minas
Conceição e Periquito). Na Figura 1.1 encontram-se, a localização das áreas de estudo.
Figura 1.1: Mapa geológico simplificado do QFe. As setas indicam as áreas de estudo (modificado de Moreira
2009).
Complexo
Itabira
Complexo
Fazendão
Complexo
Itabirito
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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As minas pertencentes ao Complexo Itabirito estão localizadas na Região central do QFe no
município de Itabirito, próximo à rodovia BR-356 a, aproximadamente, 40 Km de Belo Horizonte. As
cavas da Mina do Pico estão situadas no flanco leste do Sinclinal Moeda entre as cidades de Itabirito e
Belo Horizonte. O Pico do Itabirito localiza-se ao sul da rodovia (ao lado direito no sentido Belo
Horizonte-Itabirito). Na Figura 1.2 estão localizadas as minas pertencentes ao Complexo Itabirito.
Figura 1. 2: Imagem mais detalhada das minas do Complexo Itabirito.
As minas pertencentes ao Complexo Fazendão estão situadas no município de Catas Altas,
porção leste do QFe. O acesso principal à área, a partir de Belo Horizonte, é feito pela BR-040, sentido
Rio de Janeiro até o entroncamento com a BR-356 (Rodovia dos Inconfidentes), que dá acesso à Ouro
Preto, percorrendo-a até Mariana. De Mariana, toma-se a direção de Catas Altas pela MG-129, por
cerca de 30 Km, até a entrada da mina. Na Figura 1.3 estão localizadas as minas do Complexo
Fazendão de uma maneira mais detalhada.
Sapecado
Galinheiro
Pico
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
5
Figura 1.3: Imagem mais detalhada das minas do Complexo Fazendão.
O Complexo Itabira é formado pela Mina Conceição, Minas do Meio (Esmeril, Dois
Córregos, Periquito, Onça e Chacrinha) e Mina Cauê. Nesse trabalho, foram coletadas amostras
da Mina Conceição e da Mina Periquito. O Complexo Ferrífero de Itabira está inserido no munícipio
de Itabira a, aproximadamente, 90 Km a nordeste de Belo Horizonte/MG. Nas Figuras 1.4 e 1.5 é
apresentada a localização da cidade de Itabira e uma imagem das minas de interesse do Complexo
Itabira, respectivamente.
Figura 1.4: Localização da cidade de Itabira (Costa 2013).
Almas
Tamanduá
São Luiz
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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Figura 1.5: Imagem mais detalhada da Mina Conceição e da Mina Periquito, pertencentes ao Complexo Itabira.
1.4- MÉTODOS E ESTRATÉGIA DE AÇÃO
Com o intuito de apresentar todo o processo realizado com as amostras é apresentado um
fluxograma geral, Figura 1.6, apresentando desde a redução granulométrica do minério até a realização
das análises geoquímicas.
Conceição
Periquito
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
7
Figura 1.6: Fluxograma envolvendo desde a cominuição dos minérios até a realização das análises geoquímicas.
As amostras coletadas seguiram, inicialmente, para confecção de lâminas, caracterização
mineralógica e posteriormente, para as análises geoquímicas.
Para a realização das análises de caracterização petrográfica foram utilizadas as seguintes
técnicas: Microscopia Óptica de Luz Refletida, Microscopia Óptica de Luz Transmitida e Microscopia
Eletrônica de Varredura Acoplada ao Espectrômetro de Energia Dispersiva (MEV-EDS). As lâminas
delgadas polidas das amostras foram confeccionadas no Laboratório de Laminação do Departamento
de Geologia da Universidade Federal de Ouro Preto (LAMIN/DEGEO/UFOP). As análises de
microscopia óptica foram realizadas em um microscópio da marca Olimpus (Modelo BX41)
utilizando-se objetivas de 2,10, 20 e 50 vezes. Já as microfotografias foram feitas em um microscópio
da marca Zeizz (Modelo Scope.A1). As análises microscópicas foram realizadas na Sala de
Microscopia do Programa de Pós-Graduação da Escola de Minas, DEGEO/UFOP. Já as análises de
MEV-EDS foram feitas no Laboratório de Microanálises do Departamento de Metalurgia
(MICROLAB/DEMET/UFOP).
Para cada amostra de hematita compacta foi confeccionada uma lâmina polida delgada e para
as amostras de itabirito foram confeccionadas duas lâminas polidas delgadas As descrições
mineralógicas foram realizadas, com base, na descrição apresentada na Tabela 1.1.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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Tabela 1. 1: Descrições Mineralógicas (Chemale Jr. & Takehara 2013).
No total foram coletadas vinte amostras do Complexo Itabirito, nove amostras do Complexo
Fazendão e dez amostras do Complexo Itabira, compreendendo amostras de hematita compacta e
amostras de itabirito próximos as encaixantes dessas amostras de hematita compacta. Todas as
amostras foram codificadas de acordo com a região de estudo, em que as amostras do Complexo
Itabirito foram representadas por MP, as amostras do Complexo Fazendão representadas por MCF e as
amostras do Complexo Itabira codificadas por MC, conforme pode ser observado nas Tabelas 1.2, 1.3
e 1.4, respectivamente.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
9
Tabela 1.2: Coordenadas das amostras coletadas no Complexo Itabirito. As amostras MP-01 a MP-06
representam as amostras coletadas na Mina Galinheiro, as amostras MP-07 a MP-16 representam a Mina do Pico
e as amostras MP-17 a MP-20 representam a Mina Sapecado. As amostras de itabirito estão destacadas em cinza
na Tabela.
Amostras Coordenadas (UTM)
MP-01 0619742 S/ 7764909 E
MP-02 0619742 S/ 7764909 E
MP-03-itabirito 0619742 S/ 7764909 E
MP-04 0619742 S/ 7764909 E
MP-05 0619742 S/ 7764909 E
MP-06 0619742 S/ 7764909 E
MP-07-itabirito 0618272 S/ 7761511 E
MP-08 0618272 S/ 7761511 E
MP-09 0618272 S/ 7761511 E
MP-10 0618272 S/ 7761511 E
MP-11 0618272 S/ 7761511 E
MP-12 0618272 S/ 7761511 E
MP-13 0618272 S/ 7761511 E
MP-14-itabirito 0618297 S/ 7761407 E
MP-15-itabirito 0618297 S/ 7761407 E
MP-16-itabirito 0618297 S/ 7761407 E
MP-17 0617697 S/ 7760715 E
MP-18 0617697 S/ 7760715 E
MP-19-itabirito 0617697 S/ 7760715 E
MP-20-itabirito 0617697 S/ 7760715 E
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
10
Tabela 1.3: Coordenadas das amostras coletadas no Complexo Fazendão. As amostras MCF-01 a MCF-04
representam as amostras da Mina São Luiz, as amostras MCF-05 a MCF-07 representam a Mina Tamanduá e as
amostras MCF-08 e MCF-09 representam a Mina Almas. As amostras de itabirito estão destacadas em cinza na
Tabela.
Amostras
Coordenadas (UTM)
MCF-01 0,665579 S/ 7773261 E
MCF-02-itabirito 0665588 S/ 7773448 E
MCF-03 0665394 S/ 7773409 E
MCF-04 0665394 S/ 7773409 E
MCF-05 0665822 S/ 7774404 E
MCF-06 0665789 S/ 7774433 E
MCF-07-itabirito 0665866 S/ 7774522 E
MCF-08-itabirito 0666012 S/ 7776112 E
MCF-09 0665247 S/ 7773466 E
Tabela 1.4: Coordenadas das amostras coletadas no Complexo Itabira. As amostras MC-01 e MC-02
representam as amostras da Mina Conceição e as amostras MC-03 a MC-10 representam a Mina Periquito. As
amostras de itabirito estão destacadas em cinza na Tabela.
Amostras Coordenadas
MC-01 7825878 N/ 681120 E
MC-02-itabirito 7825878 N/ 681120 E
MC-03-itabirito 7829019 N/ 683912 E
MC-04 7829019 N/ 683912 E
MC-05-itabirito 7827637 N/ 683766 E
MC-06 7827637 N/ 683766 E
MC-07-itabirito 7828293 N/ 683808 E
MC-08 7828293 N/ 683808 E
MC-09-itabirito 7825717 N/ 680574 E
MC-10 7825717 N/ 680574 E
De cada amostra selecionada, aproximadamente 500 g passaram pelos processos de
cominuição, em que inicialmente foram feitos a britagem (britador de mandíbula, Figura 1.7a), em
seguida, as amostras passaram pelo processo de quarteamento (Figura 1.7b) e por último foram
pulverizadas (panela de tungstênio, Figura 1.7c), com o objetivo de reduzir ainda mais a granulometria
do material. Esse processo de cominuição foi realizado no Laboratório de Preparação de Amostras
para Geoquímica e Geocronologia (LOPAG/DEGEO/UFOP).
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
11
Figura 1.7: Processo de cominuição do minério de ferro, a) britagem no britador de mandíbulas,
b) quarteamento e c) pulverização em panela de tungstênio.
1.4.1- Caracterização Mineralógica por Difração de Raios X (DRX)
Da mesma forma que para as outras radiações eletromagnéticas, a interação entre o vetor
campo elétrico da radiação X e os elétrons da matéria que a radiação atravessa resultam no
espalhamento. Quando os raios X são espalhados pelo ambiente ordenado de um cristal, ocorre a
interferência entre os raios espalhados, porque as distâncias entre os centros espalhadores são da
mesma ordem de grandeza que o comprimento de onda da radiação, tendo como resultado a difração
(Skoog et al. 2002).
A técnica de difração de raios X permite a identificação de compostos cristalinos a partir da
emissão de raios X sobre os átomos que os compõem, por meio da identificação dos planos de difração
e medição de suas respectivas distâncias interplanares. A difração segue a Lei de Bragg, que é
representada pela seguinte a equação:
=
Em que: n = 1, 2, 3,...; λ = comprimento de onda da radiação; d = espaçamento interplanar dos
planos difratantes; θ = ângulo de difração de Bragg (Skoog et al. 2002).
As caracterizações mineralógicas, em algumas amostras, foram feitas por DRX, com o intuito de
determinar a assembleia mineral, bem como outros minerais que poderiam estar presentes, devido a
processos de alteração. Essa etapa de caracterização juntamente com as análises microscópicas auxilia
na interpretação dos dados geoquímicos. As análises de DRX foram realizadas no Laboratório de
Raios X, DEGEO/UFOP, usando um difratômetro da marca Panalytical, modelo Empyrean,
representado na Figura 1.8.
a b c
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
12
Figura 1.8: Equipamento de DRX utilizado na caracterização mineralógica das amostras.
1.4.2- Determinação de Elementos Maiores por Fluorescência de Raios X (FRX)
A absorção de raios X produz íons eletronicamente excitados que retornam ao estado
fundamental por transições que envolvem elétrons de níveis de energia mais alta. Após um curto
período, o íon retorna ao seu estado fundamental, por meio de uma série de transições eletrônicas
caracterizadas pela emissão de radiação X (fluorescência) de comprimento de onda idêntico aquele
resultante da excitação produzida pelo bombardeamento com elétrons. A análise em FRX é baseada na
detecção das diferentes intensidades de raios X, característicos, emitidos por cada um dos elementos
químicos que compõem a amostra estudada quando a mesma é devidamente excitada (Skoog et al.
2002).
Com a intenção de realizar a abertura das amostras para análise em FRX foi utilizada a fusão.
As amostras juntamente com 6,0 g de fundente tetraborato/metaborato de lítio foram fundidas em um
equipamento de fusão da marca Claisse (Figura 1.9a). As pastilhas confeccionadas para as análises
foram então lidas em um espectrômetro da marca Philips Panalytical (Figura 1.9b), modelo
MagiX-PW2404. As análises de FRX foram realizadas no Laboratório de Fluorescência de Raios X,
DEGEO/UFOP.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
13
Figura 1.9: a) Equipamento de fusão para FRX e b) Espectromêtro de FRX.
1.4.3- Determinação de Elementos Maiores e Menores por ICP-OES
As determinações dos elementos maiores (abundância maior que 1%) e menores (abundância
entre 0,1 e 1,0%) foram realizadas por Espectrometria de Emissão Óptica com Plasma Acoplado
Indutivamente (ICP-OES), modelo Agilent Technologies 725, 2011, apresentado na Figura 1.10.
Utilizou-se para validação dos resultados o material de referência certificado IF-G.
Figura 1.10 ICP-OES, modelo Agilent Technologies 725, 2011.
O ICP-OES é uma técnica instrumental largamente utilizada para a identificação e
quantificação de metais, principalmente pelo fato deste equipamento apresentar excelente
sensibilidade, baixos limites de detecção (LD), resultados com precisão e exatidão satisfatórios, e
ainda, é possível fazer a determinação multielementar simultânea dos elementos de interesse
(Skoog et al. 2002).
a b
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
14
Após executadas as aberturas das amostras (fusão do minério), as mesmas são encaminhadas
para análise no ICP-OES. O funcionamento do equipamento baseia-se nas seguintes etapas:
introdução da amostra por meio de uma bomba peristáltica, que aspira a amostra contendo o analito
para o nebulizador que é responsável por produzir um spray fino de gotículas da amostra (aerossol).
Uma vez que a amostra passa pelo nebulizador ela é carregada juntamente com argônio (gás inerte)
para a tocha de plasma (atomizador), a qual tem energia suficiente para evaporar o solvente, fundir e
transpor para fase gasosa todos os átomos presentes na amostra. Os elementos químicos absorvem
parte desta energia e dessa forma, transições eletrônicas para estados energéticos de maiores energias
ocorrem (estado excitado). Para restabelecer o estado fundamental, cada átomo excitado emite
radiações características (linhas de emissão) correspondentes a cada tipo de transição eletrônica
ocorrida. As radiações emitidas são detectadas e o sinal é processado pelo dispositivo de leitura
(Figura 1.11). Os valores de intensidade detectados no equipamento são diretamente proporcionais às
concentrações do analito, sendo essas determinadas por uma curva de calibração construída
antecipadamente.
Figura 1.11: Fluxogram dos principais componentes de um ICP-OES (Skoog et al. 2002).
As análises em ICP-OES foram realizadas com o objetivo de se determinar a concentração, em
porcentagem, dos seguintes elementos: Al, Ca, Mg, Mn, P, Si e Ti. Esses elementos são determinados
nas formas de seus óxidos predominantes, como: Al2O3, CaO, MgO, SiO2, TiO2, FeO e Fe2O3. A
determinação do elemento ferro é determinada na forma dos dois óxidos apresentados, pois se
determina o Fe2+
e Fe3+
. Porém a determinação dos óxidos de ferro é determinada via úmida pelo
método titulométrico com K2Cr2O7 (dicromato de potássio), pois as amostras apresentam elevada
concentração nesse elemento sendo, portanto, os valores obtidos no método via úmida mais confiáveis.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
15
Para realizar as análises em ICP-OES é necessário fazer a abertura das amostras, para isso faz-
se a fusão das mesmas. A fusão foi realizada medindo-se a massa de 0,500 g de amostra, previamente
pulverizada e seca (estufa a, aproximadamente, 100 ºC por uma hora). A massa da amostra foi então
inserida em cadinho de platina limpo e seco contendo 1,85/1,95 g da mistura fundente (2:1 de
carbonato de sódio para tetraborato de sódio). O cadinho foi encaminhado para a mufla, aquecida a
1.000 ºC por 5 minutos, em seguida, o cadinho foi retirado e levado para um dessecador, evitando-se
assim que a amostra se umidificasse. O cadinho, ainda quente, foi transferido para um béquer de
300 mL, em que foram adicionados, aproximadamente, 100,0 mL de ácido clorídrico (HCl 1:1) até
que toda a amostra fosse dissolvida, em chapa elétrica a, aproximadamente, 120 ºC. Deixou-se a
solução resultante esfriar, em seguida, fez-se a diluição para balão volumétrico de 250,0 mL. É
apresentado um fluxograma com as etapas de fusão (Figura 1.12) e um mosaico de fotografias
representando as etapas do procedimento de fusão (Figura 1.13).
Figura 1.12: Fluxograma representando as etapas do processo de fusão para leitura em ICP-OES.
(*fundente = substância que abaixa o ponto de fusão de outra, ou seja, é necessário uma temperatura menor para
fundir o material de interesse).
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
16
Figura 1.13: Mosaico de fotografias representando algumas etapas da fusão para posterior análise em ICP-OES.
1.4.4- Determinação de Elementos-traços, Inclusive os ETR’s por ICP-MS
A determinação dos elementos-traços, inclusive os ETR’s foram realizadas por Espectrometria
de Massas com Plasma Acoplado Indutivamente (ICP-MS), modelo Agilent Technologies 7700x,
2011, apresentado na Figura 1.14. Utilizou-se para validação dos resultados o material de referência
certificado ITAK 036.
Figura 1.14: ICP-MS, modelo Agilent Technologies 7700x, 2011.
A espectrometria de massas é uma ferramenta versátil e largamente usada na identificação dos
elementos presentes em amostras e na determinação de suas concentrações. Quase todos os elementos
da Tabela periódica podem ser determinados por essa técnica. O ICP-MS é umas das técnicas mais
importantes para realização de análise elementar devido aos seus baixos limites de detecção para a
maioria dos elementos, ao seu alto grau de seletividade e a sua razoável precisão e exatidão
(Skoog et al. 2002).
A análise por espectrometria de massas envolve as seguintes etapas: i) atomização,
ii) conversão de uma fração substancial dos átomos formados na etapa (i) em um feixe de íons,
iii) separação dos íons formados na etapa (ii), com base na razão massa-carga (m/z), em que m é a
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
17
massa do íon, em unidades de massa atômica, e z é sua carga, e iv) contagem do número de íons de
cada tipo ou medida da corrente iônica produzida quando os íons da amostra atingem um transdutor
adequado. Normalmente, as medidas quantitativas estão baseadas em curvas de calibração, nas quais a
razão entre a contagem de íons para um analito e a contagem de um padrão interno é colocada em um
gráfico em função da concentração (Skoog et al. 2002).
As análises realizadas no ICP-MS foram feitas com o objetivo de se determinar os seguintes
elementos-traços: Sc, V, Cr, Ni, Ga, Rb, Zr, Nb, Mo, Sb, Cs, Ba, Hf, Pb, Th, U e Y e os ETR’s: La,
Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Yb, Lu. Essas análises foram realizadas após a digestão
total ácida, utilizando-se os seguintes ácidos: HCl, HNO3, HF e HClO4 (clorídrico, nítrico, fluorídrico
e perclórico). Na Tabela 1.5 são apresentados os parâmetros e as condições utilizadas para realização
das análises no ICP-MS e na Tabela 1.6 são apresentados os limites de detecção e os limites de
quantificação (LQ) dos elementos estudados.
Tabela 1. 5: Parâmetros e condições utilizadas nas análises em ICP-MS.
Analisador Quadrupolo
Potência do Plasma 1550 W
Fluxo de gás do plasma 15 L/min
Fluxo de gás auxiliar 1.2 L/min
Fluxo do nebulizador 1.1 L/min
Temperatura do nebulizador 2 oC
tempo de integração 300 (ms)
Número de replicatas 3
Padrão Interno Re185
Condições mínimas 140
Ce16
O+/140
Ce < 1.5% e 140
Ce2+
/140
Ce+ < 3.0%
Modo padrão 300 (ms)
tempo de estabilização 5 s
Isotópos Bi209
, Ce140
, Dy162
, Eu152
, Er167
, Gd157
, Ho165
, In115
,
La139
, Lu175
, Nd144
, Pb208
, Pr141
, Se79
, Sm150
, Tm169
,
Yb173
Sensibilidade 7Li > 10.000 cps,
89Y > 22.000 cps,
205Tl > 9.000
cps
Modo cela de colisão (ms) Rh103
Tempo de estabilização 30 s
Isotópos As75
, Cd111
, Sc45
,Y89
Sensibilidade 59
Co > 5.000 cps, 89
Y > 5.000 cps, 205
Tl > 6.000 cps
e 78
Ar2 < 30 cps
Fluxo de gás He 3.8 mL/min
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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Tabela 1. 6: Limites de detecção e de quantificação dos elementos-traços e dos ETR’s estudados via ICP-MS
(ppm).
Elementos Sc Cr Ni Ga Rb Sr Zr Nb Cs Ba Hf Th U La
LD 0,1206 0,7030 2,8641 0,0778 0,1783 0,7151 0,1916 0,0376 0,0045 0,6239 0,0059 0,0368 0,0071 0,0807
LQ 0,1909 1,4592 7,1677 0,2137 0,4717 1,5647 0,4076 0,1059 0,0107 1,1693 0,0132 0,0889 0,0172 0,2126
Elementos Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Y Ho Er Tm Yb Lu
LD 0,1511 0,0184 0,0704 0,0106 0,0015 0,0074 0,0009 0,0041 0,0376 0,0013 0,0028 0,0004 0,0019 0,0004
LQ 0,3950 0,0480 0,1841 0,0258 0,0034 0,0180 0,0021 0,0095 0,0730 0,0033 0,0065 0,0011 0,0042 0,0010
Para se calcular o LD de cada elemento analisado determinou-se a média das concentrações
dos elementos nos brancos de cada procedimento somados a três vezes o desvio padrão das mesmas. O
LQ foi calculado multiplicando-se o desvio padrão por dez.
Tanto as análises em ICP-OES quanto as análises em ICP-MS foram realizadas no Laboratório
de Geoquímica (LGqA), DEGEO/UFOP, utilizando-se materiais de referência certificados com o
intuito de garantir confiabilidade nos resultados.
Para a realização da digestão total ácida (Sampaio 2012) mediu-se, inicialmente, a massa de
cerca de 0,1000 g da amostra, em balança analítica, no interior de um frasco do tipo Savillex. Foram
adicionados 2,0 mL de água mili-Q com o objetivo de lavar as bordas do Savillex. Foram adicionados
também 0,5 mL de HCl, 0,5 mL de HNO3 e 2,0 mL de HF. O frasco foi fechado e encaminhado para a
chapa aquecedora, por 48 horas a 110 °C. Em seguida, foram adicionados 0,5 mL de HClO4 até
secagem completa da amostra, foram adicionados também 1,0 mL de HNO3 até secagem e, ainda,
2,0 mL de HNO3 + 2 gotas de HCl até secagem. Em seguida, foram adicionados 2,0 mL de HNO3 +
2,0 mL de água mili-Q, em aquecimento fechado. Por fim, completou-se a massa final da solução com
água mili-Q para 20,00 g. O fluxograma ilustrado na Figura 1.15 apresenta, em detalhes, a abertura da
amostra de minério de ferro, via digestão total ácida, em frasco do tipo Savillex.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
19
Figura 1.15: Fluxograma da abertura da amostra de minério de ferro - digestão total ácida em frasco do tipo
Savillex, modificado de Sampaio (2012).
1.4.5- Determinação de Ferro Total, Ferro II (Fe2+
) e Ferro III (Fe3+
)
O teor de ferro total e o teor de ferro II, FeO (Fe2+
), foram determinados pelo método
titulométrico com dicromato de potássio, sendo as análises realizadas em duplicata. A validação dos
resultados foi feita utilizando-se o material de referência certificado (PQ12-3095), material de controle
de qualidade confeccionado por Sampaio (2012). O teor de ferro III, Fe2O3 (Fe3+
), foi determinado
pela diferença entre os teores de ferro total e Fe2+
.
Determinação de Ferro Total
O método utilizado para a determinação do teor de ferro total segue o método de redução por
cloreto de titânio III (TiCl3) que é baseado na Norma NBR ISO 9507 (ABNT 2003). Inicialmente, faz-
se a medição da massa da amostra entre 0,3800 e 0,4000 g, em papel vegetal, e anota-se o valor
encontrado. A amostra é transferida para um erlenmeyer de 250,0 mL, ao qual são adicionados
10 gotas de cloreto estanhoso (SnCl2) e 20,0 mL de HCl concentrado. O erlenmeyer, contendo a
0,1000 g da amostra
2,0 mL de HF
0,5 mL de HNO3
0,5 mL de HCl
0,5 mL de HClO4 e secagem
1,0 mL de HNO3 e secagem
2,0 mL de HNO3 e gotas de HCl e secagem
2,0 mL de HNO3 e 2,0 mL de água mili-Q
20,00 g de solução
Frasco Savillex + 2,0 mL de água mili-Q
Aquecimento fechado
a 110 °C por 48 horas Chapa aquecedora
Aquecimento fechado
a 110 °C por 1hora Leitura em ICP-MS
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
20
amostra, é colocado em placa aquecedora a 100-120 ºC. Adicionam-se gotas de SnCl2 até que ocorra
completa dissolução da amostra (a solução deve ficar com uma coloração amarelo-pálido). Ao
adicionar a solução de SnCl2 observar se a solução se torna incolor, em caso positivo, deve-se
adicionar uma gota de peróxido de hidrogênio (H2O2) a 10,0% para o retorno da coloração levemente
amarelada. Em seguida, dilui-se a solução até, aproximadamente, 100,0 mL, com água destilada, e
adicionam-se cerca de 10 gotas do indicador índico de carmim, homogeneizando-se a solução até que
se observe uma coloração azulada. Posteriormente, adiciona-se gota a gota o TiCl3, agitando
vigorosamente até que a solução fique descolorida, em seguida, adicionam-se 5 gotas de TiCl3 em
excesso, evitando-se assim que o Fe2+
se oxide a Fe3+
pelo O2 do ar. Adicionam-se ainda 5 gotas de
indicador índico de carmim à solução. Deixa-se esfriar até que se chegue à temperatura ambiente.
Adicionam-se gotas de dicromato de potássio (K2Cr2O7 1,0 g/L), sob agitação, até que se obtenha uma
coloração azul persistente. Em seguida, adicionam-se 20,0 mL da mistura ácida: ácido sulfúrico
(H2SO4) + ácido fosfórico (H3PO4) + difenilaminasulfonato de sódio (C6H5NHC6H4SO3Na), em que a
difenilaminasulfonato de sódio funciona como indicador. Faz-se a titulação com solução de K2Cr2O7
0,01667 mol/L até que se observe a viragem do indicador (coloração violeta). Por último anota-se o
volume gasto da solução de K2Cr2O7 para se determinar o teor de ferro total. As reações envolvidas
encontram-se na Tabela 1.7 e na Figura 1.16 é apresentado um mosaico de fotografias com as etapas
da determinação de ferro total.
Tabela 1.7: Reações envolvidas na determinação do ferro total das amostras.
Reações Determinação do teor de ferro total
Abertura Fe2O3 + 6 HCl 2 Fe3+
+ 6 Cl- + 3 H2O
Redução com Sn 2 Fe3+
+ Sn2+
2 Fe2+
+ Sn4+
Redução com TiCl3 TiCl3 + Fe3+
+ H2O Fe2+
+ TiO2+
+ 3 Cl- + 2H
+
Oxidação do Fe2+
6 Fe2+
+ Cr2O72-
+ 14 H+ 2Cr
3+ + 6 Fe
3+ + 7H2O
A determinação do teor de ferro total foi realizada a partir das equações:
%Fe Total = Fc x VK2Cr2O7 / Ma
em que,
%FeTotal = porcentagem de ferro total na amostra;
Fc = fator de correção do ferro total;
Ma = massa da amostra;
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
21
VK2Cr2O7 = volume de K2Cr2O7 0,01667 mol/L gasto na titulação.
Fc = %Fe x M / VK2Cr2O7
em que,
Fc = fator de correção do ferro total;
%Fe = porcentagem de ferro do material de referência utilizado;
M = massa do material de referência utilizado;
VK2Cr2O7 = volume de K2Cr2O7 0,01667 mol/L gasto na titulação.
Figura 1.16: Mosaico de fotografias representando as etapas da determinação do ferro total das amostras.
Determinação de Ferro II
Para a determinação do teor de FeO, inicialmente mede-se a massa de, aproximadamente,
0,5000 g da amostra, transferindo-a para um erlenmeyer de 500,0 mL. Em seguida, adiciona-se cerca
de 1,0 g de bicarbonato de sódio (NaHCO3) ao erlenmeyer. Adicionam-se 50,0 mL de HCl 1:1,
pré-aquecido (aproximadamente a 80 ºC), ao erlenmeyer que deve ser tampado com rolha de saída de
ar. Inicia-se o aquecimento, em placa aquecedora, entre 150-200 ºC por 30 min ou até a completa
dissolução da amostra. Retira-se o erlenmeyer do aquecimento, tampa-se a saída de ar da rolha com
um eppendorf, fazendo uma leve pressão, e deixa-se esfriar até temperatura ambiente. Acrescenta-se
água destilada até cerca de 200,0 mL da marca do erlenmeyer, lavando bem as paredes do mesmo.
Adicionam-se 20,0 mL da mistura ácida, anteriormente citada na determinação de ferro total, com
auxílio de uma proveta. Titula-se a solução com uma solução de K2Cr2O7 0,0033 mol/L, até o ponto de
viragem (coloração violeta persistente). Anota-se o volume gasto da solução de dicromato de potássio
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
22
para determinação do teor de ferro II. As reações envolvidas encontram-se na Tabela 1.8 e na Figura
1.17 são apresentadas fotografias do procedimento da determinação do ferro II.
Tabela 1.8: Reações envolvidas na determinação do ferro II.
Reações Determinação do teor de ferro ferroso
Abertura FeO + 2 HCl Fe2+
+ 2 Cl- + H2O
Liberação de CO2 NaHCO3 + HCl Na+ + Cl
- + H2O + CO2
A adição de NaHCO3 no erlenmeyer juntamente com HCl é de extrema importância, pois gera
um ambiente rico em CO2, evitando-se assim que penetre O2 no meio, consequentemente prevenindo a
oxidação do Fe2+
. A oxidação do Fe2+
a Fe3+
por K2Cr2O7 é análoga à determinação do ferro total.
A determinação do teor de Fe2+
foi realizada a partir das equações:
%Fe2+
= Fc x VK2Cr2O7 / Ma
em que,
%Fe2+
= porcentagem de ferro II na amostra;
Fc = fator de correção do Fe2+
;
Ma = massa da amostra;
V K2Cr2O7 = volume de K2Cr2O7 0,0033 mol/L gasto na titulação.
Fc = %Fe x M / VK2Cr2O7
Fc = fator de correção para determinação Fe2+
;
%Fe = porcentagem do material de referência utilizado;
M = massa do material de referência utilizado;
V K2Cr2O7 = volume de K2Cr2O7 0,0033 mol/L gasto na titulação.
A determinação do teor de ferro III foi realizada pela diferença entre os teores de ferro total e
ferro ferroso, conforme a equação:
%Fe2O3 = (% Fe total - % Fe2+
) x Fconv.
em que, Fconv. = 1,4298 representando o fator de conversão para Fe2O3.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
23
Figura 1.17: Fotografias representando as etapas da determinação do ferro ferroso das amostras.
1.4.6- Perda ao Fogo
A Perda ao Fogo conhecida como perda por calcinação (PPC) ou ainda, do inglês, Loss on
Ignition (LOI) consiste na diferença da massa antes e após aquecimento a 1.000 ºC em forno
apropriado (mufla). O procedimento é bastante simples, inicialmente, mede-se a massa de 1.000 g da
amostra pulverizada, em cadinho de porcelana, previamente calcinado, durante uma hora a 1.000 ºC. O
cadinho, contendo a amostra, é levado para a mufla a uma temperatura de 1000 ºC por uma hora. Em
seguida, retira-se o cadinho da mufla, leva-se o mesmo pra um dessecador deixando-o esfriar. Por fim,
mede-se novamente a massa e anota-se o valor encontrado. É apresentado um fluxograma com as
etapas da determinação do PPC (Figura 1.18) e mostrado um mosaico de fotografias com essas etapas
(Figura 1.19). O PPC pode ser determinado pela equação:
Perda ao Fogo = [(Ma – Mac) x 100] / Ma
em que,
Ma = massa da amostra e Mac = massa da amostra calcinada.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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Figura 1.18: Fluxograma representando as etapas envolvidas na determinação do PPC.
Figura 1.19: Mosaico de fotografias representando as etapas da determinação do PPC.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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Todos os métodos implantados no LGqA/DEGEO foram validados, todas as análises foram
realizadas em duplicata e com o acompanhamento de materiais de referência certificados, para o
controle metrológico das medições.
1.4.7- Tratamento e Análises dos Dados Obtidos
O tratamento e as análises dos resultados obtidos foram realizados com o emprego do software
Excel 2003, sendo confeccionados gráficos e Tabelas.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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CAPÍTULO 2
GEOLOGIA DAS ÁREAS DE ESTUDO
2.1- O QUADRILÁTERO FERRÍFERO
De acordo com Dorr II (1969), a denominação Quadrilátero Ferrífero foi proposta por
Gonzaga de Campos devido aos vários depósitos de minério de ferro que ocorrem nos sinclinais e
anticlinais arranjados de forma grosseiramente subquadrangular interligando as cidades de Itabira, Rio
Piracicaba, Mariana, Congonhas do Campo, Casa Branca e Itaúna. Essa província metalogenética é
reconhecida desde o século XVIII, primeiramente com a exploração aurífera como expoente
econômico da Capitania de Minas Gerais, e atualmente destaca-se pela extração de ferro em depósitos
de classe mundial.
O Quadrilátero Ferrífero é um dos principais distritos de minério de ferro do mundo, sendo
localizado no sudeste do Brasil, em Minas Gerais. Essa área contribuiu com 68,8% da produção de
minério de ferro brasileiro (DNPM 2013). Estudos de Amorim & Alkmim (2011) destacaram quatro
tipos principais de minério de ferro na região do QFe: hematita macia (soft hematite), hematita dura
(hard hematite), itabirito friável e a canga (cobertura rica em ferro).
O QFe (Figura 2.1) é constituído por cinco grandes unidades litoestratigráficas: embasamento
cristalino arqueano, Supergrupo Rio das Velhas, Supergrupo Minas, Grupo Itacolomi e intrusões
máficas (Amorim & Alkmim 2011).
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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Figura 2. 1: Mapa litológico do Quadrilátero Ferrífero, modificado de Amorim & Alkmim (2011).
De acordo com Machado et al. (1992), o embasamento cristalino é composto por antigos
complexos de gnaisse e por diferentes gerações de granitoides. O Supergrupo Rio das Velhas é
constituído por rochas do tipo Greenstone Belt (basaltos e komatiítos), lava riolítica e intercalações de
rochas sedimentares (Dorr II 1969). Esse Supergrupo foi dividido em dois grupos: a parte inferior
denominada de Grupo Nova Lima e a parte superior de Grupo Maquiné.
Segundo Ladeira (1980), o Grupo Nova Lima pode ser dividido em três partes, da base para o
topo tem-se: i) unidade metavulcânica: composta por rochas ultramáficas, metabasaltos, metatufos,
komatiítos, serpentinitos, esteatitos e FFB’s do tipo Algoma; ii) unidade metassedimentar química:
constituída por xistos carbonáticos, FFB’s e filitos grafitosos e iii) unidade metassedimentar clástica
que é formada por: quartzo xistos, quartzitos imaturos e metaconglomerados.
O Grupo Maquiné foi dividido em duas formações: uma inferior, a Formação Palmital que é
composta por quartzitos sericíticos, filitos e filitos quartzosos e uma superior, a Formação Casa Forte
que é constituída por quartzitos sericíticos, cloríticos e filitos (Gair 1962).
De acordo com Dorr II (1969), o Supergrupo Minas (chamado por ele na época de Série
Minas) incluía quatro grupos: Tamanduá, Caraça, Itabira e Piracicaba. Diversos autores acrescentam o
Grupo Sabará, conforme é ilustrado na coluna estratigráfica (Figura 2.2). O Grupo Sabará, recobre
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
29
discordantemente as unidades mencionadas anteriormente, sendo composto por uma sequência de até
3,5 Km de espessura de metapelitos, diamictitos, conglomerados e arenitos líticos (Alkmim & Noce
2006).
Figura 2.2: Coluna estratigráfica proposta para o Quadrilátero Ferrífero, modificada de Alkimin & Noce (2006).
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
30
2.2- SUPERGRUPO MINAS
O Grupo Tamanduá, base do Supergrupo Minas, foi dividido nas unidades: Cambotas
(inferior) que é constituída por quartzitos, xistos e filitos e numa unidade superior sem denominação
que apresenta filitos, quartzitos, xistos e FFB’s (Simmons & Maxwell 1961 in Dorr II 1969).
De acordo com Rosière & Chemale Jr. (2001) a estratigrafia do Supergrupo Minas pode ser
dividida em duas megasequências principais: uma sequência entre fluvial deltaica e marinha
plataformal, que inclui os grupos: Caraça, Itabira e Piracicaba e depósitos marinhos imaturos do Grupo
Sabará.
De acordo com Dorr II et al. (1957), o Grupo Caraça compreende duas formações: a
Formação Moeda e a Formação Batatal. A Formação Moeda é composta por quartzitos finos a
grosseiros, filitos quartzosos e, também, por quartzitos sericíticos, da base para o topo,
respectivamente. A Formação Batatal é constituída por filitos sericíticos e carbonosos. Renger et al.
(1994), propõe para o limite superior do Grupo Caraça o aparecimento de filitos carbonáticos,
interpretando os mesmos como o início da sedimentação química, representando, consequentemente,
uma mudança nas condições de sedimentação da bacia, de modo a permitir a deposição da seção
inferior do Grupo Itabira, onde estão hospedadas as amostras de minério de ferro para confecção desse
trabalho.
O Grupo Piracicaba sobrepõe o Grupo Itabira. Esse grupo foi dividido, de acordo com Dorr II
et al. (1957), em cinco formações, de maneira ascendente: i) Formação Cercadinho que é composta
por quartzitos ferruginosos, filitos ferruginosos, filitos e quartzitos, com algumas intercalações de
dolomito; ii) Formação Fecho do Funil que apresenta-se constituída por filitos dolomíticos, filitos e
dolomitos impuros; iii) Formação Tabões que é composta por quartzitos finos e maciços; iv) Formação
Barreiro que é constituída por filitos e filitos grafitosos e v) Formação Sabará (sendo hoje classificada
como um grupo a parte) constituída por cloritas xisto, filitos, pequenas porções de tufos metamórficos
e cherts. De acordo com estudos realizados por Rosière & Chemale Jr. (2001) a porção basal do Grupo
Piracicaba apresenta, normalmente, feições turbidíticas com metarenitos, na maioria das vezes,
ferruginosos intercalados com filitos. Essas feições passam na lateral e na vertical para filitos
carbonáticos, filitos ferruginosos assim como dolomitos, mármores estromatolíticas e FFB’s.
Estratigraficamente, acima do Grupo Piracicaba tem-se o Grupo Itacolomi que é constituído
por quartzito e metarenitos, possuindo ainda quantidades variadas de sericita (Dorr II 1969). Segundo
Alkmim & Noce (2006), o Grupo Itacolomi é constituído por metarenitos e conglomerados, em que o
QFe possui duas gerações de rochas intrusivas pós-Supergrupo Minas. A primeira geração apresenta
pequenos veios de granito e pegmatitos, cortando as camadas mais jovens do Supergrupo Minas e a
segunda geração apresenta diques máficos e soleiras pós-Itacolomi.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
31
2.2.1- Grupo Itabira
O Grupo Itabira é dividido em uma unidade inferior, a Formação Cauê, onde predominam os
itabiritos e uma superior, a Formação Gandarela, que apresenta rochas carbonáticas (dolomitos,
mármores dolomíticas e mármores calcíticas), filitos e FFB’s (Dorr II 1969).
De acordo com Dorr II (1958) a Formação Cauê é composta por rochas ferríferas bandadas e
metamorfizadas em baixo a médio grau, ou seja, ela é formada por diferentes tipos de itabirito, além
de hematita filitos, mármores dolomíticas e filitos dolomíticos. A Formação Cauê contém também
lentes e camadas de hematita compacta, e é responsável por hospedar grandes volumes de minérios
hematíticos friáveis e compactos de alto teor, segundo Rosière & Chemale Jr. (2001). De acordo com
esses mesmos autores não existem uma separação nítida entre as Formações Cauê e Gandarela.
Segundo Dorr II (1965), as FFB’s da Formação Cauê são umas das principais formações
ferríferas do mundo, sendo os minérios associados a essa formação divididos em duas categorias
principais: minério itabirítico e minério hematítico de alto grau. Portanto, nesse presente trabalho, o
interesse é estudar a gênese do minério hematítico de alto grau, principalmente, a hematita compacta
pertencente à Formação Cauê.
Machado et al. (1996), classificam o Grupo Itabira em uma sequência, predominantemente,
marinha de ambiente raso a profundo, depositada sobre a sequência clástica progradante do Grupo
Caraça. Essa sequência apresenta da base para o topo: conglomerados, quartzitos e metapelitos. De
acordo com Rosière & Chemale Jr. (2001), a fase marinha iniciou-se com os filitos carbonosos,
sericita filitos e filitos dolomíticos que passam lateralmente e para o topo, de forma gradativa, a
hematita filitos, itabirito e dolomitos.
Rosière & Chemale Jr. (2001), reconhecem quatro formações ferríferas do Grupo Itabira, são
elas: itabirito, hematitas filitos, ferro dolomitos e, subordinadamente, filitos piritosos. Os itabiritos são
FFB’s metamórficas e deformadas. As hematitas filitos ocorrem como lentes constituídas de sericita
(+/- clorita) e hematita na base da Formação Cauê, no contato com a Formação Batatal, ocorrendo
localmente lentes de hematita compacta intercaladas. Os filitos piritosos são filitos carbonosos com
níveis e lentes ricas em sulfetos de espessura milimétrica.
De acordo com Rosière & Chemale Jr. (2001), o efeito de metamorfismo sobre as FFB’s de
fáceis-óxido da Formação Cauê ocasionam transformações mineralógicas que são mais acentuadas
quanto maior for o seu grau de impurezas. Segundo esses mesmos autores, a presença de fluidos
hidrotermais podem também acarretar modificações na composição original da FFB’s, essas
modificações são: i) martitização progressiva da magnetita, (ii) blastese de hematita, iii) dolomitização
em quartzo-itabiritos e transformação da dolomita em hematita, iv) talcificação, v) inclusões fluidas
em hematitas e vi) veios de hematita cortando o bandamento.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
32
2.3- GEOLOGIA DAS MINAS ESTUDADAS
As áreas de estudo, abordadas nesse trabalho (Figura 1.1), compreendem a região do
Complexo Itabirito (Minas Galinheiro, do Pico e Sapecado), Complexo Fazendão (Minas São Luís,
Tamanduá e Almas) e Complexo Itabira (Minas Conceição e Periquito).
2.3.1- Complexo Itabirito
O Complexo Itabirito, Figura 2.3, é formado pela Minas Galinheiro, do Pico e Sapecado.
Figura 2.3: Mapa Geológico do Complexo Itabirito.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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A Mina Galinheiro, Figura 2.3, encontra-se a uma distância de, aproximadamente, 4,0 Km ao
norte da Mina do Pico, apresentando uma área de lavra de 500 x 350 m. Essa mina é constituída por
lentes de hematita compacta com espessura variando de centímetros e podendo chegar até 50 m.
Apresenta dois sistemas de fraturas, geralmente preenchidos por minerais supergênicos, como:
gibbsita, goethita e caulinita. (Junior 2010).
Segundo Fernandes (2003), na lavra de meia encosta predominam amostras de hematita e
itabirito associados à canga e altos teores de fósforo e alumina. Secundariamente ocorrem lentes
métricas de hematita média e macia gradacionais para itabirito rico. O itabirito friável possui variação
de sílica entre 10 a 50%, em que se predomina, principalmente, quartzo livre (pouco associado à
hematita), ocorrendo como partículas mistas no itabirito com consistência média. São comuns as
intercalações de hematita compacta e itabirito rico.
A jazida de minério da Mina do Pico, Figura 2.3, abrange uma área de lavra de 1.400 x 1.300
m, englobando as litologias da Formação Moeda, composta por quartzitos de granulometria fina a
média, gradacional para a Formação Batatal, composta por filitos sericíticos, filitos dolomíticos, filitos
dolomíticos quartzosos com lentes centimétricas a métricas de meta-chert e filitos quartzosos
(Castro 2002).
De acordo com James (1954), os itabiritos encontrados na Mina do Pico podem ser
classificados como de fácies quartzo-óxido, sendo caracterizados pela intercalação de níveis de
composição hematítica-magnetítica e níveis de quartzo, de espessura que variam de milímetros a
decímetros, existindo entre eles, geralmente, um contato brusco observando-se, entretanto, localmente
uma gradação entre faixas quartzosas e hematíticas, com o desenvolvimento de “microbandas” dando
à rocha um aspecto laminado, semelhante a um varvito.
O Pico do Itabirito, propriamente dito, é um corpo maciço de minério de ferro compacto de
alto teor que contém 80 m de altitude (Rosière et al. 2005). Esse pico é constituído, principalmente,
por hematita e magnetita, que se apresentam verticalmente e com uma estrutura lenticular. De acordo
com esses mesmos autores, os minérios compactos tem sua origem associada a processos
mineralizadores hidrotermais, formados durante o evento termotectônico Transamazônico. A
verticalização do corpo, juntamente com a de toda a sequência, que resultou em sua morfologia
peculiar, ocorreu no final do Paleoproterozoico, paralelamente à formação do Sinclinal Moeda.
Segundo Rosière et al. (2005 in Costa 2009), as minas da borda leste da Serra da Moeda
seriam núcleos de estruturas sinformais que concentraram o fluido mineralizador por processos de
enriquecimento supergênico nas duas fases principais de dobramento F1 e F2, como visto na Figura
2.4. Essa ideia é ainda controversa, em termos da possível participação de fluidos hidrotermais na
mineralização, principalmente, quanto aos corpos de minério hematítico compacto. Na Figura 2.4
também é mostrado a megaestrutura e os principais sítios mineralizados e suas respectivas minas.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
34
Figura 2.4: Modelo conceitual para concentração da mineralização desenvolvido para o Sinclinal Moeda
(Rosière 2005, in Costa 2009).
De acordo com estudos realizados por Ventura (2009), a litoestratigrafia das jazidas da Mina
do Pico é representada por formações pertencentes ao Supergrupo Minas, dentre as quais: Formação
Moeda e Formação Batatal (Grupo Caraça), Formação Cauê e Formação Gandarela (Grupo Itabira).
Essas jazidas ainda apresentam diques e soleiras de rochas metabásicas intrusivas e coberturas
cenozoicas dadas por depósitos argilosos alóctones laterizados, colúvios compostos por blocos rolados
de hematita, argilas e cangas lateríticas.
Segundo Ventura (2009), o afloramento do Grupo Caraça, na porção sudeste da mina é
constituído por quartzitos da Formação Moeda, e acima desses quartzitos encontram-se filitos
sericíticos (coloração cinza, clara e filitos alterados amarelos) da Formação Batatal. As FFB’s estão
associadas à Formação Cauê (parte inferior) e os dolomitos são representados pela Formação
Gandarela (parte superior). De acordo com esse mesmo autor, as FFB’s da Formação Cauê são
representadas pelas fáceis-óxido do tipo Lago Superior, metamorfizada em baixo grau. Um grande
corpo intrusivo básico corta toda a sequência metassedimentar na face norte da Mina do Pico com
direção NE/SW e mergulho subverticalizado para NW.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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Na Mina do Pico encontram-se, além dos itabiritos, minérios de alteração supergênica e o
minério compacto e, subordinadamente, o minério brechado. As brechas se desenvolvem em falhas e
zonas de cisalhamento, e são constituídas de fragmentos de hematita compacta ou itabirito em matriz
de quartzo, carbonato ou hematita. Brechas ocorrem, geralmente, como bolsões descontínuos
distribuídos irregularmente (Rosière & Chemale Jr. 2001).
Na porção leste da Mina do Pico estão situadas as litologias das Formações Moeda e Batatal.
A Formação Cauê, hospedeira das mineralizações de ferro, é constituída por lentes métricas de
hematita compacta, hematita média e macia e itabiritos friáveis, médios e compactos, com grande
variação de consistência e de teores de sílica (Fernandes 2003).
A partir da atuação do intemperismo desenvolveu-se na jazida uma capa pouco espessa de
minério de intemperismo supergênico, coberta superficialmente por uma capa de canga a qual pode
ainda exibir a estrutura original dos itabiritos ou então formar-se uma massa de aspecto esponjoso
envolvendo blocos de hematita cimentados por limonita que se acumulam especialmente no sopé do
Pico (Castro 2002).
A hematita da Mina do Pico pode ser separada em dois grandes domínios de acordo com sua
consistência: em lentes de hematita da área do Pico propriamente dito, em que se predomina hematita
compacta fraturada, circundada por hematita média e macia e itabiritos ricos. Na porção norte e
nordeste da mina, predominam as lentes de hematita média e macia de origem supergênica, situadas
imediatamente ao sul do dique de rochas metamáficas/ultramáficas e em contato com o filito da
Formação Batatal. São comuns as intercalações de itabirito friável, médio e compacto, com grande
variação de teores de ferro. Na região de contato com o filito da Formação Batatal são encontradas
lentes de hematita compacta, com espessuras que variam de 5 a 50 m (Fernandes 2003).
A Mina Sapecado, Figura 2.3, encontra-se ao sul da Mina do Pico, apresentando as mesmas
litologias. Essa mina contém uma área de lavra de 2.000 x 500 m. Os minérios predominantes são
lentes de hematita compacta, apresentando ainda hematita macia associada ao itabirito friável (Júnior
2010).
De acordo com Fernandes (2003), na Mina Sapecado encontram-se amostras de itabirito e
hematita enriquecidos em manganês, com afinidade carbonática na porção mais a oeste da mina. Os
teores médios de sílica e a consistência dos itabiritos são muito variáveis, em que os teores de sílica
variam entre 10-55%. Próximo à superfície, aumentam os teores de P e de Al2O3. Na porção norte da
mina, ocorre uma bacia sedimentar à base de argilas, areias e brechas, com 40 m de espessura definida
por sondagem e idade terciária a quaternária. Segundo esse mesmo autor, é comum encontrar diques e
lentes de rochas metamáficas/ultramáficas, com espessura variando de centímetros a 20 m.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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2.3.2- Complexo Fazendão
O Complexo Fazendão, Figura 2.5, é constituído por três minas, são elas: São Luís, Tamanduá
e Almas, sendo, a Mina de São Luís a maior delas com 184,61 ha., as minas de Tamanduá e Almas
possuem 29 e 10 ha, respectivamente (Pereira 2010). As Minas do Complexo Fazendão estão situadas
na porção leste do QFe em uma região formada principalmente por rochas Arqueanas e Proterozoicas
do Supergrupo Rio das Velhas e Supergrupo Minas (Ribeiro et al. 2001)
Figura 2. 5: Mapa Geológico do Complexo Fazendão.
Os litotipos predominantes na área das minas estão associados à Formação Cauê, sendo que as
rochas encaixantes variam ao longo do corpo do minério. Na Mina São Luís as encaixantes
predominantes são os xistos do Grupo Quebra-Ossos, a oeste, e os filitos e quartzitos do Grupo
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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Piracicaba a leste. Nas Minas Tamanduá e Almas as encaixantes do corpo do minério pertencem ao
Grupo Caraça, composto por filitos e quartzitos. A Mina São Luís é delimitada a leste por gnaisses e a
oeste pelos quartzitos do Grupo Caraça, que formam a Serra do Caraça. Ao longo da área há presença
de coberturas de canga e de depósitos antrópicos, constituindo materiais rolados ou pilhas de estéril
(Menezes 2012).
Segundo Ribeiro et al. (2001), nas minas do Complexo Fazendão são encontrados três tipos
principais de minério rico em ferro: hematita, itabirito e coberturas (cangas e rolados). O minério
hematítico de alto teor em ferro ocorre, principalmente, na forma de especularita e goethita na porção
sul da jazida. O itabirito apresenta-se tanto friável quanto compacto, sendo constituídos principalmente
por especularita e quartzo. A cobertura é constituída por blocos de hematita e itabirito, provenientes da
erosão das FFB’s. De acordo com Pereira (2010), a Mina São Luís é formada, em sua maior parte, por
itabirito friável, duro e pulverulento, e secundariamente por corpos de minério de alto teor, duro e
xistoso.
Os itabiritos do Complexo Fazendão foram formados pelo processo de enriquecimento
supergênico dos minerais ricos em ferro, sendo originados de itabiritos silicosos compactos. Nos
itabiritos especularíticos o enriquecimento não está associado com hidratação porque a especularita
metamórfica é muito resistente ao intemperismo. Desta forma, os itabiritos friáveis ricos do topo, tem
a mesma mineralogia dos itabiritos compactos. Nos itabiritos da região sul de Fazendão o
enriquecimento é acompanhado por intensa goethitização associado com altos teores de P e Al2O3,
provavelmente porque são provenientes de antigos itabiritos carbonáticos ou anfibolíticos
(Ribeiro et al. 2001).
2.3.3- Complexo Itabira
Segundo Chemale Jr. (1995), o Distrito Ferrífero de Itabira, está situado no extremo sul do
Cráton São Francisco. O mapa geológico do Complexo Itabira é apresentado na Figura 2.6, com
destaque para Mina Conceição e para a Mina Periquito que são as minas de interesse dessa região.
Essa área é constituída basicamente por terrenos granítico-gnáissicos migmatitizados ou não,
sequências arqueanas do tipo Greenstone belt (Supergrupo Rio das Velhas) e sequências supracrustais
do Proterozoico Inferior (Supergrupo Minas e Grupo Itacolomi).
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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Figura 2.6: Mapa geológico da Mina Conceição e da Mina Periquito (Complexo Itabira).
O Complexo Itabira está a, aproximadamente, 20 km ao norte da porção nordeste do QFe e a
quase a mesma distância a sudeste da parte meridional da Serra do Espinhaço, constituindo-se em uma
ilha de sedimentos com contribuições vulcânicas, intensamente deformados e metamorfizadas
(Chemale Jr. 1995). Essa unidade geológica engloba uma extensão de, aproximadamente, 7.000 km2
cujos vértices estão localizados em Belo Horizonte, Santa Bárbara, Mariana, Congonhas do Campo e
inseridos no limite meridional do Cráton São Francisco. O Complexo Itabira está inserido na
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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Formação Cauê pertencente ao Grupo Itabira, e também, no Grupo Piracicaba, ambos pertencentes ao
Supergrupo Minas.
A região do Complexo Itabira é denominado de Sinclinório de Itabira, formado pelas
sinclinais Cauê, Dois Córregos e Conceição, e pelas anticlinais Chacrinha e Periquito. A diferença
entre esses dois grandes conjuntos litológicos é erosicional, estrutural e, também, por grau
metamórfico (Endo et al. 1990).
De acordo com Endo et al. (1990), o grande espessamento da formação ferrífera do Complexo
Itabira, que pode chegar até 500 m, foi devido a falhas de cavalgamento. Esse fato se deve a
ocorrência de repetidas deformações tectônicas que aconteceram nessa região. Segundo esse mesmo
autor, esse acontecimento justifica, em parte, o destaque da região de Itabira como importante área de
extração de minério de ferro no Brasil.
Estudos realizados por Chemale Jr. (1995), indicam que a Formação Cauê é basicamente
constituída por itabirito e corpos ou lentes de hematita compacta. O itabirito dessa região é composto
de quartzo e hematita, de granulação fina a média, com bandas brancas a cinzas claras (0,1 a 1,2 cm de
espessura) silicáticas e cinzas escuras (0,1 a 1,5 cm de espessura) a base de hematita. Além desses
minerais podem ocorrer: sericita, carbonato, clorita, biotita e apatita em percentagens baixas. Como
produto de alteração dos minerais filossilicáticos identifica-se a caulinita. A presença de magnetita é
rara e, quando presente, está martitizada. Segundo esse mesmo autor, a hematita compacta encontra-se
na forma de lentes ou pequenos corpos no meio dos itabiritos ou associados a eles, com dimensões que
variam de centímetros a centenas de metros. A nível microscópico a hematita compacta contém
cristais preferencialmente tabulares. A hematita é quase sempre o único mineral presente nessas rochas
e, eventualmente, ocorre alguma caulinita. Além destes, é registrado a presença de fosfato secundário.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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CAPÍTULO 3
FORMAÇÕES FERRÍFERAS BANDADAS (FFB’S)
3.1- DEFINIÇÃO, ORIGEM, IDADE E CLASSIFICAÇÃO DAS FFB’s
3.1.1-Definição de FFB’s
De acordo com James (1954), formações ferríferas é um termo restrito a unidades
estratigráficas compostas por rochas bandadas ou estratificadas em camadas, que contém 15% ou mais
de ferro, em que os minerais são, geralmente, intercalados com quartzo, chert ou carbonatos. Esse
mesmo autor, considerando as variações da composição mineralógica das FFB’s, diferenciou quatro
fáceis sedimentares, são elas: (i) fáceis-óxido, caracterizada pela presença de hematita ou magnetita;
(ii) fáceis-silicato, constituídas por greenalita, minnesotaíta e/ou stilpnomelana que, raramente, são
observadas em sua forma original; (iii) fáceis-carbonato que apresentam siderita e ankerita em sua
composição e (iv) fáceis-sulfeto que apresentam em sua composição pirita e outros sulfetos. Essas
fáceis estão em conformidade com a profundidade e com as condições de oxi-redução (Eh) e pH das
águas das quais foram depositadas.
Nos dias atuais é comum designar como formação ferrífera as rochas sedimentares que
possuem teor em ferro superior a 15%. Segundo Klein (2005), as formações ferríferas podem ser
classificadas em dois tipos: rochas de origem sedimentar química, que constituem as FFB’s e as rochas
de origem sedimentar detrítica ou granulares GIF (Granular Iron Formations). As formações
ferríferas de interesse desse trabalho são as FFB’s.
Dorr II & Barbosa (1963), em seus estudos, nomeiam o termo itabirito a uma FFB, típica do
Quadrilátero Ferrífero, de fáceis-óxido, laminada e metamorfizada, em que as bandas de chert ou de
jaspe originais foram recristalizadas como quartzo granular e o ferro está presente como hematita,
magnetita ou martita. De acordo com Morris (1993), a precipitação de óxidos de ferro e chert se
davam por um mecanismo de foto-oxidação e saturação com evaporação dos componentes.
3.1.2- Origem das FFB’s
Diversos pesquisadores elaboraram teorias sobre a gênese das FFB’s, sendo que algumas
foram descartadas, como as que propunham origens biogênicas ou por substituição de carbonatos.
Devido a esse fato, modelos foram sugeridos com o propósito de explicar o bandamento cíclico das
formações ferríferas pré-cambianas, aos quais podem citar: a flutuação de soluções hidrotermais
provenientes das chaminés vulcânicas proposto por Fralick et al. (1989), variações sazonais na
química das águas, proposto por Trendall & Blockley (1970), mudanças no controle pelos ciclos
solares ou na taxa de precipitação resultantes de explosões de vida do fitoplâncton (Cloud 1973),
dentre outros.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
42
Segundo Spier (2005), o que se tem em consenso entre os pesquisadores, é que o ambiente
deposicional das FFB’s é de origem marinha, a precipitação do ferro e da sílica é de origem química e
as fontes da origem dos componentes minerais são hidrotermais, com lâmina de água superior a
100 m.
De acordo com Kaufman et al. (2007) as deposições das FFB’s abrangem alterações
evolutivas de composição da superfície da Terra, a partir de uma atmosfera, inicialmente isenta de
oxigênio e dominada pelo gás carbônico (CO2) e metano (CH4) que se tornou parcialmente oxigenada
ao longo do tempo.
Bekker et al. (2010), sugerem que as FFB’s foram formadas a partir de três diferentes
mecanismos durante o pré-cambriano, são eles: (A) mecanismos de oxidação de Fe2+
pela liberação de
O2 proveniente da fotossíntese das cianobactérias (os primeiros microrganismos fotossintéticos);
(B) oxidação metabólica de ferro II (Fe2+
) e (C) foto-oxidação de Fe2+
por raios ultravioleta (UV),
esses mecanismos são ilustrados na Figura 3.1.
Figura 3.1: Modelo de deposição ferrífera do Arqueano e Paleoproterozoico, modificado de Bekker et al.
(2010).
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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O modelo mais comumente aceito para as deposições das FFB’s é conhecido como oxidação
inorgânica de Fe2+
dissolvido, sendo o O2 proveniente de processos fotossintéticos de cianobactérias,
representado pela Figura 3.1A. As cianobactérias, portanto, foram consideradas como as responsáveis
pela liberação de oxigênio na atmosfera. Esses microrganismos, provavelmente, se desenvolveram nas
zonas eufóticas dos mares (parte de um corpo de água que recebe luz solar suficiente para que ocorra
a fotossíntese), em que o Fe2+
e os outros nutrientes necessários para o desenvolvimento das
cianobactérias foram provenientes de uma combinação de intemperismo continental e afloramento das
correntes profundas que contêm um componente hidrotermal. A reação envolvida nesse processo
encontra-se na equação (1), como pode ser observado o ferro encontra-se na forma de hidróxido.
2 Fe2+
+ 0,5 O2 + 5 H2O ←→ 2 Fe(OH)3 + 4 H+ (1)
A oxidação metabólica de Fe2+
, Figura 3.1B, é realizada por microrganismos microaerófilos,
que são microrganismos que crescem em meios com quantidades mínimas de oxigênio, como as
bactérias Leptothrix e Gallionella. Essas bactérias são encontradas em lençóis freáticos e em águas
doces. A reação envolvida na oxidação metabólica é mostrada na equação (2.1).
6 Fe2+
+ 0,5O2 + CO2 + 16 H2O ←→ [CH2O] + 6 Fe(OH)3 + 12 H+ (2)
Alguns microrganismos microaerófilos são capazes de oxidar o Fe2+
por um processo
fotossintético sem oxigênio (equação 2.2), em que o ferro II é utilizado como agente redutor.
4 Fe2+
+ 11 H2O + CO2 ←→ [CH2O] + 4 Fe(OH)3 + 8 H+
(2.2)
Esse modelo de deposição explica a deposição das FFB’s na ausência de O2 molecular e
usando a grande disponibilidade de Fe2+
e CO2.
A foto-oxidação de Fe2+
por raios UV foi proposta devido ao elevado fluxo de fótons de raios
UV que teriam atingido a Terra, antes mesmo, da presença de O2 atmosférico e da presença da camada
de ozônio (Figura 3.1C). Esse tipo de oxidação ocorre em comprimentos de onda no intervalo de 200 a
300 nm em águas ácidas. A reação para esse modelo de deposição das FFB’s é demonstrado na
equação (3).
2 Fe2+
(aq) + 2 H+ + hv → 2 Fe
3+ (aq) + H2 (3)
Segundo Pufahl (2010), a precipitação dos materiais que vão constituir as FFB’s podem seguir
dois caminhos distintos: ambiente sub-óxido ou anóxido.(A) No ambiente sub-óxido há precipitação
de óxidos e hidróxidos de ferro e também precipitação de opala, que com o soterramento progressivo,
serão transformados em hematita e chert. (B) Já no ambiente anóxido ocorre precipitação de óxidos e
hidróxidos de ferro, opala e greenalita, aos quais no curso da diagênese anóxida, serão transformados
em magnetita, chert e minnesotaíta, respectivamente, conforme ilustrado na Figura 3.2.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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Figura 3.2: Modelo de deposição das FFB’s, modificado de Pufahl (2010).
Pufahl & Hiatt (2012), em seus estudos sobre a evolução da atmosfera-superfície oceânica
sugere que o ambiente inicialmente era anóxico, ou seja, isento de O2, sendo, portanto rico em CO2 e
CH4. Com o surgimento das cianobactérias o aparecimento de oxigênio torna-se evidente na
atmosfera. Esse evento ficou conhecido como GOE (Great Oxidation Event), à medida que o ambiente
se enriquecia em O2, o ferro presente nos oceanos era capaz de absorver esse O2 ocorrendo então a
precipitação na forma de óxido e posterior sedimentação, formando-se as formações ferríferas, esse
episódio ocorreu a, aproximadamente, 2,4 Ga (final do Arqueano e durante o Paleoproterozoico).
Após o período do GOE, por um longo período de tempo, não ocorreram mudanças
significativas no clima e ambiente. Já no Neoproterozoico, período de glaciação, toda a superfície
marinha encontrava-se coberta por gelo, sendo o ambiente marinho, portanto isento de O2. À medida
que o gelo começou a derreter o O2 presente na atmosfera foi responsável pela sedimentação de uma
grande parte do ferro presente no oceano, formando-se assim novas formações ferríferas
(Pufahl & Hiatt 2012).
De acordo com Spier et al. (2007), as FFB’s são objetos de grande interesse, pois além de
serem a maior fonte de minério de ferro, ainda são muito importantes para a compreensão da evolução
atmosférica, podendo contribuir no entendimento da composição química dos oceanos e como
surgiram as primeiras formas de vida na Terra.
3.1.3- Idade das FFB’s
Os depósitos das formações ferríferas possuem idades que variam desde o Paleoarqueano até o
Neoproterozoico. O maior volume de deposições ocorreu na Era Paleoproterozoica (2,45 Ga), esse
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
45
processo de deposição foi interrompido por volta de 1,8 Ga (Trendall 2002), conforme pode ser
observado na Figura 3.3. As formações ferríferas mais recentes ocorreram no Neoproterozoico, esse
episódio está associado diretamente com sedimentos glaciogênicos.
Figura 3.3: Representação esquemática das idades das formações ferríferas e suas respectivas abundâncias
(Klein 2005).
3.1.4- Classificação das FFB’s
As rochas ferríferas sedimentares, segundo Gross (1983), podem ser classificadas em três tipos
principais: Lago Superior, Algoma e Rapitan. As formações ferríferas, do tipo Lago Superior, são as
deposições que acontecem em plataformas continentais marinhas e também em bacias de rifte
(Paleoproterozoico) associadas à sedimentação química e clástica com boa maturidade. Como
exemplos podem ser citados: Labrador (Canadá), Hamersley (Austrália), Formação Cauê (Brasil),
entre outros. Segundo Bekker et al. (2010), as formações ferríferas do tipo Lago Superior foram
formadas em uma margem passiva sedimentar, em que, geralmente, não há relação direta com rochas
vulcânicas. Já as formações do tipo Algoma estariam associadas a sequências do tipo greenstone belts
(Arqueanas), sendo depositadas em bacias profundas, associadas diretamente a folhelhos, grauvacas e
sequências vulcânicas. Como exemplos desse tipo de formação ferrífera podem ser citados:
Michipicoten (Canadá) e Supergrupo Rio das Velhas (Brasil). O tipo Rapitan seria representado pelas
formações ferríferas associadas à sedimentação glaciogênica de idade Neoproterozoico a Paleozoica.
Portanto a classificação de interesse desse trabalho é a do tipo Lago Superior, visto que a região de
interesse, o Quadrilátero Ferrífero, é constituída por minérios de ferro pertencentes à Formação Cauê.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
46
3.2- ORIGEM DO MINÉRIO HEMATÍTICO DE ALTO TEOR
A origem genética da hematita de alto teor é ainda motivo de muita controvérsia, embora
existam diversas pesquisas que buscam compreender a gênese desse tipo de minério. Algumas teorias,
referentes ao tipo de mineralização, foram postuladas para tentar decifrar como esses minérios com
elevado teor de ferro foram formados.
Rosière & Chemale Jr. (2001), colocaram em discussão alguns tópicos que estão relacionados
com a gênese dos minérios de elevado teor em ferro, tais como: a origem singenética versus
epigenética, a origem das soluções mineralizantes nos modelos epigenéticos, os processos envolvidos
nos tipos de mineralização e a idade relativa do tipo de mineralização.
Há dois modelos bastante discutidos que estão relacionados com a gênese dos minérios de alto
teor: o modelo supergênico e o modelo hipogênico (Mourão 2007).
Morris (1985), em seus estudos, postula o modelo supergênico como enriquecimento de ferro
a partir da infiltração, no período Pré-Cambriano, de águas meteóricas oxidadas. Nesse modelo
proposto, os minerais de ganga seriam substituídos por hidróxidos de ferro, a partir de processos
ativados por células eletroquímicas dinâmicas que permitiriam o carreamento do ferro de porções
superficiais para níveis mais profundos. Admite-se que a sílica lixiviada seria liberada para as
drenagens sob a forma de ácido ortossilícico (H4SiO4).
O modelo hipogênico, proposto por Taylor et al. (2001), sugere que, em um primeiro
momento, houve a remoção de sílica da rocha por fluidos hidrotermais, deixando um resíduo
enriquecido em óxidos de ferro, carbonato, silicatos de magnésio e apatita. Os próximos estágios, de
natureza supergênica, foram responsáveis por promover a dissolução do carbonato, fósforo, magnésio
e a geração de minério hematítico poroso de alto teor. Ainda de acordo com esses mesmos autores, os
dois modelos, o hipogênico principalmente, atribui um papel relevante aos falhamentos como planos
condutores aos fluidos.
Com a intenção de colaborar com os estudos sobre a origem do minério hematítico de alto teor
foram propostas algumas teorias. Portanto, as principais teorias genéticas foram criadas a partir de
estudos desenvolvidos, principalmente, na Bacia de Hamersley (situada no oeste da Austrália). Essa
região possui os principais depósitos de ferro do mundo, são eles: Mount Tom Price, Mount
Whaleback e Paraburdoo-Channar. Webb et al. (2003), estudando o depósito de Mont Whaleback
observou que a sequência paragenética das rochas dessa região não estavam de acordo com o modelo
de Taylor et al. (2001). Portanto, esses mesmos autores, propuseram outra teoria de caráter
hipogênico-supergênico cujos principais aspectos são: os fluidos hidrotermais metamórficos redutores
dos estágios iniciais não afetaram, de forma significativa, as FFB’s; nos estágios subsequentes, fluidos
ácidos e oxidantes, de origem meteórica, dissolveram o carbonato e o silicato e, ainda, transformaram
a magnetita em martita; nos estágios finais, também de natureza supergênica, a formação ferrífera
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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alterada é convertida em minério hematítico de alto teor pela dissolução da sílica, sendo que esse
processo não necessita da adição em ferro.
Segundo Thorne et al. (2008), o enriquecimento supergênico seguido por metamorfismo é a
explicação mais aceita entre o pesquisadores para a gênese dos minérios hematíticos de alto teor na
província de Hamersley.
Spier et al. (2003), em seus estudos tiveram a intenção de buscar informações que
contribuíssem para o fortalecimento de uma das hipóteses de formação do minério hematítico de alto
teor da Mina de Águas Claras e da Mina do Pico. Eles determinaram que o minério de ferro da Mina
de Águas Claras apresenta apenas minério de ferro de alto teor, enquanto a Mina do Pico apresentam
minérios de alto e de baixo teor. O minério de alto teor das respectivas minas foram divididos em dois
tipos: macio (soft) e duro (hard). Spier et al. (2003), sugerem ainda que o minério duro tenha sido
formado por processos hipogênicos, podendo citar o Pico do Itabirito como exemplo. Já o minério
macio, os referidos pesquisadores, sugere que tenha sido formado por processos supergênicos, em que
a ganga foi lixiviada por fluidos supergênicos. Com base em estudos geológicos e geoquímicos da
Mina de Águas Claras e da Mina do Pico há indícios que a gênese dos minérios maciços está
diretamente relacionada com soluções hidrotermais que lixiviaram a ganga e preencheram os poros
com hematita.
Guedes et al. (2003), em seus estudos, definiram ocorrências de FFB’s dolomíticas na
Província Carajás, indicando a presença de hidrotermalismo, pela dolomitização seguida de
recristalização da magnetita. Esse hidrotermalismo representa importante etapa intermediária na
formação dos grandes depósitos hematíticos de alto teor da Província de Carajás.
Beukes et al. (2003), em seus trabalhos, sugerem que as incertezas quanto à origem do alto
teor de minérios hematíticos estão relacionados, principalmente, com a composição desses minérios.
Eles são constituídos em sua maioria por hematita, um mineral com grande campo de estabilidade e
simples composição química o que revela pouco sobre a sua origem. Outros fatores que podem estar
relacionados com a origem do minério de alto teor são: a obliteração das estruturas primárias pelos
eventos tectono-metamórficos e pelo intemperismo. A maior parte dos grandes depósitos mundiais de
hematita resulta do enriquecimento das formações ferríferas Pré-Cambrianas. Porém os processos
responsáveis por esse enriquecimento não são bem conhecidos gerando discussão entre os
pesquisadores. Na Figura 3.4, estão marcados alguns dos principais depósitos de minério de ferro de
alto teor do mundo.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
48
Figura 3.4: Mapa com a distribuição de alguns depósitos mais importantes de hematita de alto teor do mundo
(Beukes et al. 2003).
Beukes et al. (2003), após diversos estudos sobre o minério hematítico de alto grau, em
diversos lugares do mundo, tais como: África do Sul (Sishen-Beeshoek e distritos de Thabazimbi),
Brasil (QFe e distritos de Carajás), Índia (Noamundi e distritos de Dalli-Rajhara) e Austrália
(Província de Hamersley), reconheceram e classificaram a gênese em três tipos de mineralização, são
eles: supergênico antigo, processo hidrotermal e depósitos supergênico com modificação hidrotermal,
conforme apresentado na Figura 3.5.
De acordo com Conliffe (2015), os minérios hematíticos de alto grau na região oriental do
Labrador apresentam um enriquecimento de Fe2O3 com um correspondente depleção de SiO2. O
enriquecimento de Fe não está associado com um enriquecimento correspondente em elementos
imóveis, tais como Al e Ti, o que indica que a formação destes depósitos foi associada com a adição
de Fe, e não uma simples lixiviação de sílica. Todas as amostras apresentam baixas concentrações em
MgO, CaO e Na2O (elementos móveis).
As características geológicas e geoquímicas dos depósitos de minério de ferro de alto teor na
região oriental do Labrador são consistentes com um modelo de enriquecimento hipogênico com
modificação de processos supergênicos. Em que a principal fase de enriquecimento de ferro está
associada com um fluxo de grandes volumes de águas meteóricas. Estes fluidos foram centralizados
em zonas estruturais e a sílica foi lixiviada e substituída pela hematita. A Alteração supergênica é
evidenciada pela alteração da hematita em goethita (Conliffe 2015).
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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Figura 3.5: Classificação dos principais tipos de depósitos de minério de hematita de alto teor, modificado de
Beukes et al. (2003).
De acordo com o esquema apresentado na Figura 3.5, tem-se que os depósitos do tipo
supergênico antigo podem ser representados pelos depósitos de Sishen na África do Sul. Esse tipo de
depósito ocorre imediatamente abaixo de uma grande discordância erosiva e em faixas não
mineralizadas das FFB’s (Figura 3.5A). Os minerais são normalmente recobertos por camadas que
podem conter minérios detríticos derivados dos minérios lateríticos rígidos subjacentes. Já os
depósitos de minérios formados por processos hidrotermais, das quais podem se destacar: Thabazimbi,
na África do Sul, e os minérios de hematita dura de Mount Tom Price, Monte Whaleback, Paraburdoo
e Newman (Austrália) não estão associados a qualquer tipo discordância (Figura 3.5B). Os minérios de
origem supergênica com modificações hidrotermais (Figura 3.5C), podem ser representados pelos
depósitos do QFe e pelos distritos de Carajás, no Brasil, e pelos depósitos de Noamundi na Índia.
Esses minérios são caracterizados pela presença de grandes volumes de minérios friáveis saprolíticos
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
50
que foram derivados de enriquecimento supergênico e de alterações hidrotermais jovens das FFB’s, ao
lado de corpos de minério hematítico rígido de alta qualidade derivado de processos hidrotermais.
De acordo com os estudos de Clout & Simonson (2005) os minérios hematíticos de alto teor
podem ser divididos em duas classes principais: hematita compacta e hematita friável. Sendo a
primeira o objeto de estudo desse trabalho.
3.2.1- Hematita Compacta
A hematita compacta, devido ao seu elevado teor em ferro pode ser utilizada, juntamente, com
outros minérios de menor teor para aumentar a concentração final em ferro. A hematita compacta
também pode ser utilizada na produção de aço, a partir do processo de redução direta (Varajão et al.
1997). Devido à importância da hematita compacta, vários estudos vêm sendo realizados com o
objetivo de se descobrir os processos envolvidos em sua origem.
Dorr II (1965), em suas pesquisas, afirma que a origem dos corpos de hematita compacta está
diretamente relacionada com eventos que envolvem substituições metassomáticas sin-metamórficas.
Contrapondo essa ideia, Morris (1987, in Varajão et al. 1997) diz que a hematita compacta não
apresenta minerais e estrutura que comprove sua origem metassomática. Zavaglia (1995), em seus
estudos, demonstrou que a hematita compacta é de origem sedimentar cuja composição original é
dada por magnetita formada durante a diagênese em ambiente redutor.
Estudos realizados com hematita compacta da Mina de Maquiné, Mariana/MG, submetidas às
alterações supergênicas deveriam ser chamadas de “martita compacta”, de acordo com Varajão et al.
(1997), visto que a presença de magnetita foi evidenciada. Esses mesmos autores ainda concluíram
que a gênese de hematita compacta pode seguir a seguinte evolução: primeiramente ocorre a
sedimentação, em ambiente redutor, de corpos lenticulares de “magnetita compacta”, em segundo
lugar ocorre metamorfismo e posterior alteração supergênica da “magnetita compacta”, obtendo-se
assim corpos de “martita porosa”. Portanto, a denominação correta, de acordo com os autores, para
hematita compacta seria “martita compacta porosa”.
A hematita compacta do QFe, segundo Pires et al. (1998), foi gerada durante eventos sin-
-metamórficos compressivos na mesma fase da formação da foliação principal. A atividade
hidrotermal metassomática envolvida produziu os corpos de hematita compacta em temperaturas
próximas de 400 ºC.
Estudos realizados em amostras de minérios compactos de alto teor coletadas no depósito do
Pico do Itabirito não evidenciam nenhuma substituição metassomática durante os eventos
metamórficos, mas há evidências de recristalizações dos óxidos de ferro primários (Rosière 1983).
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
51
De acordo com Rosière & Chemale Jr. (2001), fazer uma suposição de uma origem do tipo
sin-sedimentar, para corpos grandes e concordantes de hematita compacta situados em domínios de
baixa deformação (DBD), como exemplo o Pico do Itabirito, implica portanto na existência em longo
prazo, de condições peculiares devido à ausência de precipitação de sílica. Essa suposição gera
conflitos entre os pesquisadores, pois existem diversos modelos deposicionais que postulam um
equilíbrio estequiométrico entre os componentes ou uma precipitação contínua de sílica em um mar
supersaturado nesse composto.
No QFe existem três tipos predominantes de minério de ferro, são eles: (i) não-tectônicos que
podem apresentar tanto origem hipogênica quanto supergênica, concordantes ao bandamento; (ii) sin-
tectônicos, origem hipogênica, apresentam condicionamento genético a estrutura tectônica e (iii) pós-
tectônicos, origem supergênica, em que a estrutura é um fator que facilita a percolação de fluidos
superficiais. A incidência de dois ou três processos provoca a geração de corpos de grandes dimensões
e teores elevados e homogêneos como na Mina de Águas Claras (Rosière & Chemale Jr. 2001).
Corpos de hematita compacta podem se apresentar como minérios não-tectônicos, sendo que esses
corpos ocorrem num formato lenticular de dimensões variáveis que apresentam um bandamento
definido pela forma alternada dos níveis compactos e porosos de óxidos de ferro com os minerais de
ganga nos interstícios, tais como: o quartzo e os filossilicatos. Grande parte dessa hematita compacta é
concordante ocorrendo dentro de níveis filitícos na base da Formação Cauê, intercalados em quartzo-
itabiritos e, frequentemente, dentro de corpos gigantescos de minério friável.
De acordo com Guedes et al. (2003), a Formação Parauapebas/Carajás é constituída por
corpos de minério compacto maciço, esses corpos apresentam teor superior a 66% em Fe. A
localização desses minérios ocorre principalmente próxima ao contato com as rochas vulcânicas mais
baixas da formação, apresentando geralmente vestígios de alterações hidrotermais nas rochas. O
minério compacto é encontrado, na maioria das vezes, em formato de lentes tabulares concordantes,
podendo chegar até 100 m de comprimento e espessura média de cerca de 50 m.
Segundo Spier et al. (2007), os minérios compactos são constituídos, principalmente, por
hematita que podem se apresentar como martita, hematita tabular e especularita. Esse tipo de minério,
normalmente, não apresenta ganga, e quando ocorre são constituídas por dolomita, clorita e apatita. As
análises químicas indicam que o minério compacto consiste quase inteiramente de Fe2O3 e possuem
quantidades baixas de elementos-traços. Os minérios de alta qualidade na Mina de Águas Claras
possuem origem que envolve, no mínimo, dois processos de mineralização, sendo eles: processos
hipogênicos e supergênicos.
A ocorrência de hematita compacta em itabiritos nas minas de Águas Claras e Tamanduá,
estão relacionadas com dados microtermométricos que foram obtidos a partir de estudos de inclusões
fluidas de hematita em minério de alto teor (Rosière & Rios 2004, in Spier et al. 2007), esse fato
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
52
evidencia a participação de processos de mineralização de origem hipogênica em jazidas de minério
compacto do QFe.
3.3- COMPOSIÇÃO GEOQUÍMICA DAS FFB’s
As FFB’s de baixo grau de metamorfismo são constituídas pela assembleia mineral: sílica
microcristalina, magnetita, hematita, siderita, calcita, membros da série dolomita-ankerita, greenalita,
stilpnomelana, mennesotaita, ribeckita, ferriannita, pirita e pirrotita. Em menores proporções podem
também ser encontrados cloritas e talco. Esses minerais submetidos ao baixo grau metamórfico são
encontrados em bandas alternadas de sílica e ferro (Klein 1983). Segundo esse mesmo autor,
formações ferríferas submetidas a médio grau metamórfico são caracterizadas pela presença de
anfibólios (membros da série cummingtonita-grunerita). A assembleia mineral mais encontrada é:
grunerita, calcita, actinolita, hornblenda, tremolita, hematita, magnetita, etc. Já as formações ferríferas
submetidas a alto grau metamórfico são caracterizadas por minerais anidros, em que predominam
ortopiroxênios e clinopiroxênios (Klein 1983).
Em seus estudos, James (1966) diz que as FFB’s de fáceis-óxido apresentam composição
química simples, em que a sílica e os óxidos de ferro são seus principais componentes. A composição
química de FFB’s pré-cambrianas é formada principalmente por sílica e óxidos de ferro que são os
constituintes maiores, alumina e álcalis como constituintes menores, e ainda, Cu, Pb, Zn, Co, Ni e P
ausentes ou em baixos teores (Eichler 1976).
Segundo Klein (2005), as formações ferríferas que possuem idades entre 3,8 e 1,8 Ga
apresentam constituição química similar, sendo ricas em ferro (20-40%) e sílica (43-56%). Os teores
de CaO e MgO variam entre 1,75-9,0% e 1,2-6,7%, respectivamente. Já os teores de Al2O3 variam
entre 0,09-1,8%.
As minas de Itabira (QFe) contém FFB’s que apresentam uma mineralogia bastante complexa.
Os materiais graníticos ocorrem intercalados com as bandas de óxidos de ferro e sílica. De acordo com
Lagoeiro et al. (2004), é necessário uma gama de técnicas analíticas, dentre as quais: microssonda,
difração de raios X e fluorescência de raios X para determinar a mineralogia e a composição química
das rochas das FFB’s. As camadas com alto teor em ferro são compostas, principalmente, por
magnetita e hematita, sendo a goethita formada após o óxido de ferro. A mistura de materiais ígneos,
FFB’s e diferentes teores de MnO, produziram uma extensa variação na composição mineral,
incluindo óxidos complexos e hidróxidos contendo Fe, Al, Mn, Mg, Ti, Ca, Na, K, Ba, Li, Be, F,
alguns fosfatos (monazita) e silicatos minerais (feldspatos e micas).
Já a composição geoquímica de minérios hematíticos de alto teor, de acordo com estudos
realizados por Spier et al. (2007) na Mina de Águas Claras, indicam que a composição da hematita
compacta é bastante simples, constituída em sua maioria por Fe2O3 (cerca de 97%). A composição de
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
53
elementos-traços desse tipo de minério também é simples, com Cr (~65ppm), V (~35ppm) e valores
médios superiores a 30 ppm para outros elementos-traços.
3.3.1- Elementos-traços e Elementos Terras Raras (ETR’s)
Elementos-traços
A concentração de elementos-traços, geralmente, é representada pela unidade ppm. De acordo
com os estudos realizados por Davy (1983) não existiam, ainda, dados suficientes para a
caracterização de assinaturas de elementos-traços de fácies individuais.
A concentração de níquel (Ni) em formações ferríferas foi alterada de forma drástica com o
passar do tempo. Houve uma grande queda na concentração de Ni nos oceanos, em aproximadamente,
2,7 Ga. Esse fato ocasionaria profundas consequências para os microrganismos que necessitavam dele
(bactérias metanogênicas). A metanogênese foi de fundamental importância no controle dos níveis de
oxigênio na Terra, pois o metano produzido por esses microrganismos reagiam com o oxigênio
existente mantendo-se assim baixo os níveis desse elemento (Konhauser et al. 2009).
Estudos realizados por Selmi (2009) indicam que amostras de hematita compacta de diferentes
regiões do Quadrilátero Ferrífero apresentam teores de elementos-traços variando entre 23,6-262 ppm.
Nessas amostras de hematita compacta tem-se o V como elemento-traço mais abundante. Nas
amostras de itabirito tem-se uma média de elementos-traços igual a 87,8 ppm, sendo os elementos-
traços Co e V os mais abundantes.
Segundo os pesquisadores Bau & Alexander (2009), têm-se poucas informações sobre as
concentrações dos elementos-traços: zircônio (Zr), háfnio (Hf) e tântalo (Ta) nas formações ferríferas
e sobre os processos que controlam a distribuição dos mesmos em sedimentos químicos. De acordo
com estudos realizados em uma formação neoarquena do Canadá esses mesmos autores, compararam
sua química com as de águas oceânicas modernas. Eles notaram que o Zr e o Hf são removidos sem
fracionamento e que as razões baixas de Zr/Hf eram resultados do fato que as águas oceânicas
apresentavam uma razão Zr/Hf mais baixa no neoarqueno quando comparado aos dias atuais. Esse
fato, somado com as anomalias de európio (Eu) indicam a presença de hidrotermalismo atuante nos
oceanos arqueanos e que, provavelmente, possuíam razões Zr/Hf condríticas.
Bolhar et al. (2004) e Bau & Alexander (2009), sugerem que os elementos-traços (Sc, Sr, Zr,
Hf e Th) podem ser usados como traçadores de componentes detríticos e também podem ser usados na
determinação das amostras com contaminação de material clástico.
De acordo com Frei et al. (2008), vários diagramas binários de elementos-traços têm
contribuído para o entendimento dos processos vulcanogênicos e sedimentares associados à deposição
das FFB’s. O elemento-traço Zr encontra-se concentrado em rochas félsicas de tal forma que o seu
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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aumento em relação a Y e Hf pode ser interpretado como indicativo de proveniência de uma fonte
vulcânica félsica ou pela presença de zircões detríticos derivados de fontes continentais e depositados
nas porções mais rasas da bacia, enquanto que fontes mantélicas são sempre empobrecidas nestes
elementos (Filho 2012).
De acordo com Alkmim (2014) o que mais diferencia os litotipos de itabirito (magnetítico,
silicoso e anfibolítico), provenientes da região de Serra Azul, é a concentração de elementos maiores,
menores e traço, visto que os espectros de ETR’s são similares.
De acordo com os estudos realizados por Conliffe (2015), os minérios hematíticos de alto teor
da região oriental do Labrador, apresentam, em sua maioria, concentrações de elementos-traços
menores do que 10 ppm. Algumas amostras apresentam teores de elementos-traços menores do que
50 ppm e outras amostras apresentam-se enriquecidas com teores de elementos-traços maiores do que
100 ppm. A elevada concentração de algumas amostras se deve por causa da elevada concentração dos
seguintes elementos-traços: Sr, Ba, V, Zn. Estes valores anômalos de elementos-traços são atribuídos
ao enriquecimento residual e/ou a um estágio avançado de intemperismo.
Elementos Terras Raras (ETR’s)
Os ETR’s são elementos-traços com número atômico que variam de 57 (lantânio, La) a 71
(lutécio, Lu). Todos esses elementos apresentam propriedades físicas e químicas semelhantes.
Usualmente os ETR’s podem ser divididos em dois grupos principais: elementos terras raras leves
(ETRL) representado pelos elementos La, Ce, Pr e Nd, e os elementos terras raras pesados (ETRP),
sendo eles representados pelos elementos Dy, Ho, Er, Tm, Yb e Lu. Os ETR’s geralmente apresentam-
se com estado de oxidação 3+, sendo os de maior importância geológica os ETR’s cério (Ce3+
) e
európio (Eu3+
), que podem apresentar estados de oxidação Ce4+
e Eu2+
, respectivamente
(Rollinson 1995).
De acordo com Braga (2012), os valores de ETR’s são usualmente normalizados a um padrão
de referência com o intuito principal de eliminar possíveis variações de abundância que existem entre
os elementos de número atômico par e ímpar, conhecido como efeito Oddo-Harkins, e também
permitir a identificação do fracionamento dos ETR’s em relação ao padrão utilizado. Para
normalização das amostras de FFB’s, usualmente, são utilizados condritos e folhelhos. Os condritos
podem ser considerados como rochas relativamente não fracionadas do sistema solar datando de sua
nucleossíntese original. Os padrões de condritos comumente utilizados são os de Evensen et al. (1978)
e Taylor & McLennan (1989). Já os padrões dos folhelhos representam a média dos valores de ETR’s
nos sedimentos, visto que a concentração de muitos elementos em rochas sedimentares pelíticas de
plataforma continental ao redor do mundo são similares, como consequência de misturas por ciclos
repetidos de erosão. Normalmente são utilizados o NASC (North American Shale Composite) de
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
55
Gromet et al. (1984) e o PAAS (Post-Archean Australian Shale) de McLennan et al. (1989). Nesse
trabalho os ETR’s foram todos normalizados pelo PAAS.
Neste presente trabalho será considerada, para os estudos geoquímicos, a composição dos
ETR’s + Y, pois de acordo com Bau et al. (1995) e Nozaki et al. (1997) o elemento-traço Y possui um
comportamento químico similar ao dos lantanídeos, especificamente ao do elemento terra rara hólmio
(Ho). De acordo com esses mesmos autores, o elemento Ho é eliminado nas partículas, em suspensão,
duas vezes mais rápido do que o elemento Y. Logo o Y foi inserido entre os elementos disprósio (Dy)
e Ho, de acordo com o seu raio iônico, como observado no trabalho de Bau & Dulsky (1996).
Segundo Bolhar et al. (2004) as anomalias de Y podem ser calculadas pela razão entre Y e
Ho (Y/Y*=Y/Ho), pois esses dois elementos se comportam geoquímicamente de maneira bem
semelhante. De acordo com esses mesmos autores, as razões Y/Ho são próximas a 26 para rochas
terrestres e condritos. As proporções inferiores ou superiores a 26 indicam anomalias negativas ou
positivas de Y, respectivamente. Estudos realizados por Alexander et al. (2008) indicam que as
formações ferríferas arqueanas e proterozoicas possuem uma distribuição dos ETR’s que exibe uma
típica anomalia de Y, segundo esse mesmo autor essa é uma característica de águas marinhas cuja
origem é apoiada pela razão Y/Ho (média Y/Ho = 43). De acordo com Planavsky et al. (2010) os
valores da razão (Y/Ho) da água do mar variam entre 60-90 e para as formações ferríferas do final do
proterozoicas é igual a Y/Ho = 39. Já os valores para as águas continentais variam entre 26-27. De
acordo com estudos realizados por Rios et al. (2012) é sugerido que amostras com razões Y/Ho <30
possuem alguma influência de águas continentais no período de deposição dessas rochas.
A determinação dos ETR’s é uma das técnicas geoquímicas mais importantes, utilizada para o
entendimento da origem da deposição das formações ferríferas (Frei et al. 2008). Nos estudos que
envolvem a determinação de ETR’s das FFB’s, supõe-se que não há fracionamento mínimo de ETR’s
durante a precipitação de óxidos de ferro III (Fe3+
) e oxi-hidróxidos. Segundo Bekker et al. (2010) as
FFB’s assumem, portanto uma assinatura de ETR’s relacionados com a água do mar no local de
precipitação do ferro. Os ETR’s são muito utilizados em estudos geoquímicos, pois apresentam pouca
mobilidade durante processos pós-deposicionais (McLennan & Taylor 1991), apesar de que rochas
intensamente intemperizadas e submetidas a alterações hidrotermais, possam mostrar padrões de
ETR’s modificados (Bau 1993). De acordo com Rollinson (1995), dentre os elementos-traços, os
ETR’s são os que possuem menor solubilidade. Portanto eles são relativamente imóveis durante o
metamorfismo de baixo grau, alterações hidrotermais e intemperismo.
Segundo Bekker et al. (2010), grande parte dos estudos envolvendo os ETR’s das FFB’s são
realizados com o objetivo de tentar decifrar os mecanismos de oxidação responsáveis pela deposição
do ferro. Para isso, a determinação de ETR’s, tais como o Eu e Ce são de extrema importância.
Sedimentos químicos pré-cambrianos mais antigos que 1,9 Ga são enriquecidos em Eu se comparadas
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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a sedimentos clásticos contemporâneos, o que indicaria que parte deste Eu devia estar na forma de
Eu2+
. A mudança comportamental do Eu de existir parcialmente na forma Eu2+
passando integralmente
para a forma Eu3+
ocorreu entre 1,9 Ga e 800 Ma e deve ser um indicador da mudança do conteúdo de
oxigênio da atmosfera (Fryer 1977).
As anomalias de Eu indicam a presença de soluções hidrotermais nos depósitos de ferro e as
anomalias de Ce indicam possíveis estados de oxi-redução. Portanto, os estudos de ETR’s são de
fundamental importância para a compreensão dos aspectos das FFB’s. O comportamento de Eu em
fluidos hidrotermais está ligado à redução do Eu3+
a Eu2+
em condições de elevadas temperaturas
(>250 ºC) e baixas condições de Eh. Slack et al. (2007), em suas pesquisas supõem que o ferro e os
ETR’s não serão fracionados durante o transporte de espalhamento. Como consequência uma grande
anomalia positiva de Eu indica que o ferro apresenta-se derivado de um processo hidrotermal.
Veríssimo et al. (2009) sugerem que a grande maioria dos exemplos conhecidos das FFB’s,
tanto arqueana quanto proterozoicas, exibem anomalias positivas pronunciada de Eu. Esse
enriquecimento é interpretado como contribuição de soluções hidrotermais na água do mar durante a
precipitação dos sedimentos contendo ferro. Fazendo-se a comparação dos fatores de enriquecimento
do Eu normalizado pelo NASC das FFB’s de Quixeramobim com os fatores de diversas FFB’s do
mundo, esse mesmo autor, verificou que os valores das anomalias de Eu (Eu/Eu* entre 1,31 e 1,49)
são comparáveis com os valores das FFB’s do tipo Lago Superior, paleoproterozoicas, localizadas no
QFe, especificamente no Grupo Itabira e também no Grupo Hamersley, na Austrália (Eu/Eu* entre
1,32 e 1,45). De acordo com Veríssimo et al. (2008), o Ce apresenta anomalias negativas nas FFB’s de
Boa Viagem que podem ser explicadas pela precipitação do Ce3+
ou mesmo pela sua incorporação em
fases de óxi-hidróxidos manganesíferos, a medida que são registradas ocorrências de gonditos e
formações manganesíferas nos arredores de Boa Viagem.
Segundo pesquisas realizadas por Kato et al. (1998) a existência de anomalias positivas de Eu
em formações ferríferas arqueanas evidencia que os oceanos arqueanos eram controlados por enormes
quantidades de soluções hidrotermais. De acordo com os estudos realizados por Danielson et al.
(1992) nas formações ferríferas da América do norte, Finlândia e da Austrália, sugere-se que as FFB’s
mais antigas do que 2,5 Ga apresentam anomalias positivas de Eu enquanto as formações ferríferas
mais novas não apresentam anomalias desse elemento.
Alkmim (2014) sugere uma interação de fontes clásticas e hidrotermais durante a formação
das amostras de itabirito da Formação Cauê. As características de fontes clásticas observadas são as
altas concentrações dos elementos-traços: Sc, Sr, Zr, Hf e Th. Já a principal característica da presença
de uma fonte hidrotermal está diretamente relacionada com a presença das anomalias positivas de Eu
em todas as amostras de itabirito analisadas.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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O elemento terra rara La tem apenas um vizinho, o Ce, portanto torna-se mais complicado
calcular sua abundância. Com a intenção de calcular a anomalia de La, Bolhar et al. (2004) sugeriram
a seguinte equação: La/La* = La/(3Pr-2Nd). Em alternativa, como sugerido por Bau & Dulski (1966),
a anomalia de La pode ser expressa em conjunto com a anomalia de Ce. O La quando presente em
abundância nos ambientes marinhos podem mascarar as possíveis anomalias de Ce na água do mar, e
em seus precipitados químicos. Com o intuito de investigar a natureza oxidante dos oceanos antigos os
pesquisadores, Bau & Dulski (1996), propuseram um diagrama relacionando anomalias de cério
(Ce/Ce*) e praseodímio (Pr/Pr*) com a intenção de verificar, a existência ou não, da anomalia de Ce
em precipitados de origem marinha. As amostras que apresentam anomalias negativas de Ce resultam
em anomalias positivas de Pr, ou seja, (Pr/Pr*) >1, podendo também, indicar anomalias positivas de
La. Já as anomalias positiva de Ce resultam em anomalias negativas de Pr, (Pr/Pr*) <1. As amostras
que apresentam anomalias negativas de Ce sugerem que o ambiente era oxidante na época de
deposição das formações ferríferas. As anomalias de Ce podem ser calculadas utilizando-se a equação:
Ce/Ce* = Ce /(0,5Pr + 0,5La), de acordo com (Bau & Dulski 1996).
Normalmente, as anomalias são determinadas pela razão entre o elemento normalizado e a
média aritmética dos seus vizinhos na série dos lantanídeos. Esse modo é usado, por exemplo, para
calcular o enriquecimento ou empobrecimento de Eu e Ce. Porém, essa forma de calcular as anomalias
para sistemas marinhos é um pouco mais complexa, se usada, pode gerar interpretações errôneas.
Estudos realizados por Bolhar et al. (2004) propõe algumas expressões para determinação de
anomalias para alguns elementos, como: Ce = Ce/(2Pr-1Nd), Y = Y/Ho, Gd = Gd/(2Tb-1Dy) e a
depleção de ETRL para ETRP pode ser calculada pela razão entre praseodímio e itérbio (Pr/Yb)PAAS.
O La não deve ser utilizado devido ao seu enriquecimento em relação ao seu vizinho ETRL. Já a
anomalia de Eu pode ser calculada pela seguinte expressão: Eu/Eu* = (Eu/0,66Sm + 0,33Tb), segundo
Planavsky et al. 2010.
Segundo Bolhar et al. (2004), as águas marinhas modernas oxigenadas são desfalcadas em Eu
e Ce enquanto que as águas sub-óxidas a ánoxidas não possuem anomalias negativa significantes de
Ce. Segundo esses mesmos autores têm-se, ainda, como características das águas marinhas modernas:
anomalias positivas de La, gadolínio (Gd) e Y e desfalque relativo dos ETRL em relação aos ETRP,
isto é Gd/Yb < 1 e La/Yb < 1.
Planavsky et al. (2010) observaram em seus estudos que algumas formações ferríferas
depositadas em 1,9 Ga, ou seja, após o GOE, apresentavam anomalias positivas de Ce. Esse fato pode
ser explicado por uma exposição de partículas de oxi-hidróxidos de manganês (que possuem teores
consideráveis de Ce) a uma superfície redox, ocorrendo a dissolução desse material e aumentando o
conteúdo de Ce dissolvido na água do mar. Segundo esses mesmos autores, estudando formações
ferríferas de várias partes do globo e comparando-as aos carbonatos do Grupo Steep Rock da
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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Província Superior no Canadá, concluíram que as formações ferríferas não possuem anomalias
negativas de Ce, são desfalcadas em ETRL e exibem anomalia positiva de Eu.
Estudos realizados por Spier et al. (2007) em amostras de hematita compacta da Mina de
Águas Claras, apresentam baixos teores de ETR’s, esses teores em média são de 7 ppm. Os padrões de
ETR’s são todos semelhantes, sendo os mesmos caracterizados por uma forte diminuição de ETRL
quando se compara ao ETRP. A maioria das amostras apresentam anomalias negativas de Ce e
anomalias positivas de Eu.
De acordo com Selmi (2009) as amostras de hematita compacta de diferentes regiões do
Quadrilátero Ferrífero apresentam em média 26,85 ppm de ETR’s e as amostras de itabirito
apresentam em média 16,91 ppm de ETR’s. Todas as amostras analisadas apresentam anomalias
positivas de Eu.
As formações ferríferas pré-cambrianas sem contaminação clástica, independentemente de sua
proveniência, idade e grau metamórfico, apresentam uma assinatura de ETR’s comum com as
seguintes características: (Sm/Yb) <1 e (Eu/Sm) >1 (Bau & Möller 1993), razões Eu/Sm e amplitude
da anomalia positiva de Eu diminuem com o decréscimo da idade de deposição (Bau & Dulski 1996).
As amostras de itabirito da Serra do Morro Escuro em Santa Maria de Itabira (Braga 2012)
apresentam as seguintes características: i) anomalias positivas de Eu, com média igual a 1,63;
ii) apresentam enriquecimento de ETRP e relação aos ETRL, com razão (Pr/Yb)PAAS = 0,10-0,71; e
iii) razão Y/Ho variando entre 26,25-47,00, com média igual a 38,76.
De acordo com os estudos realizados por Alkmim (2014) as diferentes tipologias de itabirito
da região do Gandarela possuem as seguintes características em comum: i) espectro com um
enriquecimento em ETRP em relação aos ETRL; ii) anomalias positivas de Eu e Y; iii) anomalias
positivas ou negativas de Ce (na maioria das litologias) e iv) a grande maioria das amostras estudadas
passou nos critérios sugeridos por Bau & Möller (1993), apresentando razão (Sm/Yb) <1 e
(Eu/Sm) >1.
De acordo com Conliffe (2015), as amostras de minérios hematíticos de elevado teor da região
oriental do Labrador apresentam anomalias positivas de Eu para a maioria das amostras e também há
preferencialmente um enriquecimento de ETRP em relação aos ETRL (La/Yb)PAAS.
CAPÍTULO 4
CARACTERIZAÇÃO MINERALÓGICA
4.1- AMOSTRAS DO COMPLEXO ITABIRITO
Todas as amostras do Complexo Itabirito (Minas Galinheiro, do Pico e Sapecado) são de
superfície. Na Figura 4.1 é apresentado um mosaico de fotografias representando a Mina do Pico.
Figura 4.1: Mosaico de fotografias representando a Mina do Pico/Empresa Vale. A) sopé da mina; B) exemplo
de amostra de hematita compacta da Mina do Pico; C) afloramento contendo o minério hematítico compacto
(minério de cor cinza, a esquerda da fotografia) e o minério itabirítico (minério de cor marrom, a direita da
fotografia); D) dobras em itabirito da Mina do Pico; E) vista frontal do Pico de Itabirito e F) vista da cava da
mina e do Pico propriamente dito.
As granulações da maioria das amostras analisadas do Complexo Itabirito foram classificadas
como fina (diâmetro dos cristais menores do que 1,0 mm). As amostras de hematita compacta
apresentam um elevado teor em ferro, na forma de hematita (Fe2O3), com teores variando de 70 a 98%.
A B
C D
E F
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60
Na maioria das amostras também foram observados a presença de magnetita, com teores variando de 1
a 20% e, também, a martita que representa a transformação da magnetita em hematita.
Mina Galinheiro
As amostras da Mina Galinheiro (MP-01 a MP-06) são amostras de hematita compacta,
exceto a amostra MP-03 que é uma amostra de itabirito. As amostras de hematita compacta são
formadas, essencialmente, por grãos de hematita lamelar. Essas amostras apresentam-se com uma
quantidade de opacos próxima a 98%, em que se tem a hematita como óxido predominante, os teores
de magnetita variam de 10 a 20%. Os 2% restantes, da lâmina, podem ser justificados por poros que
indicam uma possível lixiviação do material silicoso.
A amostra de itabirito, MP-03, apresenta cerca de 50% de opacos, em que se tem
aproximadamente 30% de hematita, 15% de magnetita e 5% de martita. Os outros 50% referem-se aos
minerais translúcidos, em que se têm, essencialmente, grãos de quartzo com extinção ondulante (45%)
e mica branca (5%). A amostra de itabirito apresenta-se em bandas alternadas de sílica e ferro.
Mina do Pico
As amostras de hematita compacta da Mina do Pico (MP-08, MP-09, MP-10, MP-11, MP-12 e
MP-13) apresentam-se quantidades de opacos que variam de 90 a 98%, em que a hematita apresenta-
se como óxido predominante. Essas amostras apresentam, principalmente, grãos de hematita lamelar e
hematita granular (20%). Dessas amostras a única que apresenta parte silicosa é a amostra MP-11 com
uma quantidade próxima a 10%. Nessa amostra a parte silicosa apresenta-se com grãos de quartzo com
extinção ondulante e contato serrilhado. Os minerais opacos apresentam quantidade variável de
magnetita (2 a 20%), sendo o restante do minério de ferro apresentado como hematita.
Foram coletadas quatro amostras de itabirito da Mina do Pico (MP-07, MP-14, MP-15 e
MP-16). A amostra MP-07 apresenta cerca de 45% de translúcidos e cerca de 55% de opacos. Essa
amostra apresenta veios de quartzo, com cerca de 35 mm de espessura, cortando as camadas ricas em
ferro, nesses veios foram encontrados alguns grãos de mica branca e os grãos de quartzo apresentam-
se com contato serrilhado e extinção ondulante. No bandamento silicoso observa-se pouca mica branca
(1%), sendo que a maioria dos grãos de quartzo apresentam contato serrilhado (40%) e o restante
contato poligonal (5%). Nas bandas ricas em ferro têm-se a hematita como óxido predominante.
Observou-se também vestígios de magnetita (1%) e a presença de martita (1%). Os grãos de hematita
apresentam-se predominantemente anédricos (45%) e poucos grãos são lamelares (10%). As amostras
de itabirito, MP-14, MP-15 e MP-16, apresentam cerca de 45% de translúcidos e 55% de opacos. As
três amostras apresentam veios de quarto discordantes ao bandamento, sendo os grãos de quartzo dos
veios inequigranulares com contato serrilhado e extinção ondulante. Os veios presentes na amostra
MP-14 apresentam-se com poucos grãos de mica branca (2%). A parte silicosa das amostras, MP-14
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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MP-15 e MP-16, apresenta-se com grãos de quartzo equigranulares. A amostra MP-14 contém grãos
de quartzo com contato interlobado e extinção ondulante. Já a parte silicosa das amostras MP-15 e
MP-16 apresenta-se com contato poligonal. As bandas ricas em ferro, das três amostras, são bastante
similares. Essas amostras apresentam vestígios de magnetita (1%), apresentam predominantemente
grãos de hematita lamelar (40%), hematita granular anédrica (10%) e, ainda, alguns grãos de hematita
criptocristalina (5%).
Mina Sapecado
Na Mina Sapecado foram coletadas quatro amostras (MP-17 a MP-20), sendo as amostras
MP-17 e MP-18 amostras de hematita compacta e as amostras MP-19 e MP-20 correspondem a
amostras de itabirito. As quantidades de minerais opacos, nas duas amostras de hematita compacta,
MP-17 e MP-18, estão próximas a 95%, em que se têm predominantemente grãos inequigranulares de
hematita lamelar e apenas vestígios de magnetita (2%). Foram observados nessas amostras,
principalmente, grãos de hematita granular. Já as amostras de itabirito, MP-19 e MP-20, apresentam
cerca de 30 e 50% de translúcidos, respectivamente. As duas amostras apresentam grãos de quartzo
com contato predominantemente poligonal e alguns grãos de quartzo com extinção ondulante. A parte
das amostras de itabirito que contém os minerais opacos apresentam teores de aproximadamente 70 e
50% para as amostras MP-19 e MP-20 respectivamente, em que se predominam grãos de hematita
lamelar. Essas amostras apresentam ainda, quantidades próximas a 5% de magnetita e cerca de 1% de
martita.
Com o objetivo de averiguar os resultados obtidos pelas análises microscópicas foram
realizadas análises de difração de raios X de algumas amostras. Na Figura 4.2, seguem os
difratogramas de uma amostra de hematita compacta (MP-06) e de uma amostra de itabirito (MP-07)
representando a composição mineralógica das mesmas. Pode-se observar no difratograma que a
amostra de hematita compacta é formada essencialmente por hematita e magnetita. Já a parte opaca da
amostra de itabirito é formada principalmente por hematita e magnetita, e a banda silicosa é formada
principalmente por quartzo.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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Figura 4.2: Difratograma representando a composição mineralógica da amostra de hematita compacta MP-06
(Mina Galinheiro) e da amostra de itabirito MP-07 (Mina do Pico).
4.2- AMOSTRAS DO COMPLEXO FAZENDÃO
As amostras do Complexo Fazendão (Minas São Luiz, Tamanduá e Almas) foram todas
coletadas na parte superficial das minas. Na Figura 4.3, é apresentado um mosaico de fotografias
representando os locais de coleta de algumas amostras.
Figura 4.3: Mosaico de fotografias representando os locais de coleta das amostras do Complexo Fazendão. A) e
B) amostras de hematita compacta da Mina São Luiz; C) amostra de hematita compacta da Mina Tamanduá e D)
corpo de hematita compacta da Mina Almas.
A
D C
B
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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As amostras de hematita compacta do Complexo Fazendão apresentam quantidades de
minerais opacos que variam de 70 a 95%, em que se têm essencialmente a hematita. Na maioria das
amostras do Complexo Fazendão foi observada também, a presença de magnetita e martita.
Mina São Luiz
As amostras da Mina são Luiz, MCF-01 a MCF-04, são amostras de hematita compacta,
exceto a amostra MFC-02 que representa uma amostra de itabirito. A amostra de itabirito, MCF-02,
apresenta cerca de 70% de opacos, sendo formada, predominantemente, por hematita, em que os grãos
em sua maioria lamelares (55%) e o restante são grãos granulares (15%). A banda silicosa (30%) é
representada, principalmente, por grãos de quartzo com contato poligonal e por alguns grãos pontuais
de mica branca (5%). As amostras de hematita compacta MCF-01 e MCF-03 são formadas por,
aproximadamente, de 95% de opacos, sendo a hematita o óxido predominante. A amostra MCF-01
apresenta cerca de 5% de magnetita e a amostra MCF-03 apresenta cerca de 15%. Essas amostras são
formadas, em sua maioria, por grãos granulares e anédricos de hematita. Já a amostra de hematita
compacta MCF-04 é formada por cerca de 80% de opacos sendo, aproximadamente, 55% hematita,
20% de magnetita e cerca de 5% de minerais alterados (oxidados), nessa amostra foi observado
também o processo de martitização. Os minerais translúcidos (20%) apresentam, predominantemente,
grãos euédricos de quartzo com contato poligonal. Nessa amostra têm-se ainda, um veio fino de
quartzo cortando a parte ferrosa, esse veio é formado, principalmente, por quartzo e por alguns grãos
pontuais de mica branca.
Mina Tamanduá
As duas amostras de hematita compacta coletadas da Mina Tamanduá são representadas por
MCF-05 e MCF-06, já a amostra de itabirito é representada por MCF-07. A amostra MCF-05
apresenta cerca de 85% de opacos, sendo formado, principalmente, por grãos lamelares de hematita e
por cerca de 10% de magnetita. Nos minerais translúcidos (15%), predominam grãos euédricos de
quartzo com contato poligonal. Há um veio de material silicoso, com cerca de 30 mm de espessura,
cortando a parte rica em ferro. A amostra MCF-06 apresenta cerca de 98% de opacos, sendo
representada, principalmente, por grãos lamelares de hematita e por vestígios de magnetita (2%). A
amostra de itabirito, MCF-07, possui cerca de 40% de minerais opacos, em que se predominam grãos
lamelares e inequigranulares de hematita. Foi observado também, que nessa amostra há vestígios de
magnetita (2%) e martita (3%). Os minerais translúcidos (60%) são representados, principalmente, por
grãos inequigranulares de quartzo e alguns grãos pontuais de mica branca (5%).
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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Mina Almas
A Mina Almas é representada pela amostra de itabirito (MCF-08) e pela amostra de hematita
compacta (MCF-09), que foi coletada em um dique. A amostra de itabirito, MCF-08, possui cerca de
45% de minerais opacos, representados, principalmente, por grãos finos e inequigranulares de
hematita lamelar. Já nos minerais translúcidos (55%) predominam grãos equigranulares de quartzo
com contato, predominantemente, poligonal e alguns grãos pontuais de mica branca (2%). A amostra
de hematita compacta, MCF-09, apresenta uma coloração avermelhada, certamente, devido a
processos de alteração (oxidação). Essa amostra apresenta cerca de 90% de opacos, em que há
predominância de grãos finos de hematita lamelar, apresenta cerca de 15% de magnetita e, também é
evidenciado o processo de martitização. Nos minerais translúcidos (10%) predominam grãos
grosseiros (diâmetro dos cristais >5 mm) de quartzo com contato, predominantemente, poligonal.
Com o objetivo de apresentar algumas características das amostras do Complexo Fazendão,
são apresentadas algumas microfotografias na Figura 4.4.
Figura 4.4: Microfotografias do Complexo Fazendão. A) grão de hematita incluso no material silicoso
(amostra MFC-03, 50 μm); B) grão de hematita formado dentro de um veio de quartzo (amostra MCF-05,
50 μm); C) processo de martitização (amostra MCF-04, 0,5 μm); D) ao lado direito da imagem é mostrado grãos
de magnetita e também é observado o processo de martitização (amostra MCF-04, 50 μm).
4.3- AMOSTRAS DO COMPLEXO ITABIRA
As amostras do Complexo Itabira (Minas Conceição e Periquito) também foram todas
coletadas na parte superficial das minas. Na Figura 4.5 é apresentado um mosaico de fotografias
representando os locais de onde as amostras foram retiradas.
A
D C
B
50 μm 50 μm
50 μm 0,5 μm
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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Figura 4.5: Fotografias representando os locais das coletas das amostras do Complexo Itabira. A) amostras
MC-03 (itabirito) e MC-04 (hematita compacta); B) amostras MC-05 (itabirito) e MC-06 (hematita compacta);
C) amostras MC-07 (itabirito) e MC-08 (hematita compacta e D) amostras MC-09 (itabirito) e MC-10 (hematita
compacta), em destaque no retângulo branco a amostra de hematita compacta.
As amostras de hematita compacta do Complexo Itabira apresentam elevado teor em ferro,
principalmente, na forma de hematita lamelar. De acordo com as análises microscópicas realizadas, os
teores de opacos variam entre 90 e 98%, sendo a hematita o óxido predominante. Foi observada
também a presença de magnetita e martita em algumas amostras. Para cada amostra de hematita
compacta dessa região coletou-se também a amostra de itabirito mais próxima.
Mina Conceição
A Mina Conceição é representada por uma amostra de hematita compacta (MC-01) e por uma
amostra de itabirito (MC-02). A mineralogia da amostra de hematita compacta é bastante simples,
sendo formada por cerca de 90% de opacos, em que a hematita apresenta-se como o óxido
predominante, têm-se, principalmente, grãos finos de hematita lamelar. Os minerais translúcidos
(10%) apresentam-se na forma de grãos inequigranulares de quartzo. Já a amostra de itabirito, MC-02,
é constituída por cerca de 40% de opacos, em que se predominam grãos inequigranulares de hematita
lamelar. Nessa amostra foi observado também, vestígios de magnetita (2%) e a presença do processo
de martitização (3%). Os minerais translúcidos (60%) são formados, principalmente, pela presença de
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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grãos grosseiros e equigranulares de quartzo, com, aproximadamente, 12 mm de espessura, o contato
desses grãos é, predominantemente, poligonal.
Mina Periquito
A Mina Periquito é representada pelas amostras MC-03 a MC-10, em que as amostras MC-04,
MC-06, MC-08 e MC-10 representam as amostras de hematita compacta e as amostras MC-03,
MC-05, MC-07 e MC-09 representam as amostras de itabirito coletado próximos as amostras de
hematita compacta.
As amostras de hematita compacta apresentam composição mineralógica semelhante, em que
os teores de minerais opacos variam de 95 a 98%. As amostras MC-04 e MC-06 apresentam cerca de
98% e 95% de opacos (a hematita é o óxido predominante) respectivamente, em que se prevalece a
ocorrência de grãos equigranulares de hematita lamelar. Já a amostra MC-06 apresenta cerca de 5% de
minerais translúcidos, representada, principalmente, por grãos equigranulares de quartzo. As amostras
MC-08 e MC-10 apresentam cerca de 98% de opacos, sendo encontrado, principalmente, grãos
inequigranulares de hematita lamelar. Foi observada também, a presença de vestígios de magnetita
(2%) e martita (5%) em ambas as amostras.
As amostras de itabirito da Mina Periquito apresentam-se com teores de opacos variando entre
45 e 60% e as quantidades de minerais translúcidos variando entre 40 e 55%. As amostras de itabirito
MC-03 e MC-05 apresentam, aproximadamente, 45% de opacos, em que se predominam grãos
lamelares de hematita. Os minerais translúcidos (55%) são representados, principalmente, por grãos
grosseiros de quartzo com contato, predominantemente, poligonal. A amostra de itabirito MC-07
apresenta cerca de 45% de minerais opacos, em que se predominam grãos equigranulares de hematita
lamelar (35%), cerca de 5% de magnetita e 5% pelo processo oxidativo de martitização. Na parte dos
translúcidos (55%) têm-se, predominantemente, a presença de grãos equigranulares e anédricos de
quartzo que se apresentam, principalmente, com contato poligonal. Foram observados também, alguns
grãos pontuais de clorita (2%), conforme apresentado na Figura 4.6.
Figura 4.6: Microfotografia retirada em luz transmitida da amostra de itabirito MC-07, com destaque para os
grãos de clorita inseridos na parte silicosa, (100 μm).
100
μm
Clorita
Clorita
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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Com o objetivo de se caracterizar as amostras do Complexo Itabira são apresentadas algumas
microfotografias na Figura 4.7.
Figura 4.7: Microfotografias do Complexo Fazendão. A e B) grãos inequigranulares de hematita lamelar, em B
um veio de quartzo cortando a parte ferrosa (amostra MC-06 e MC-08, respectivamente, 100 μm); C e D) grãos
de magnetita e também é evidenciado o processo oxidativo de martitização (amostra MC-07, 100 μm).
C
A B
D
100
μm 100
μm
100
μm
100
μm
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CAPÍTULO 5
ANÁLISES GEOQUÍMICAS
As análises geoquímicas são de extrema importância para ajudar a compreender como se deu o
processo de formação das FFB’s e das amostras de hematita compacta, bem como na busca da
compreensão de processos mineralizantes e supergênicos. No caso desse trabalho, especificamente,
têm-se a intenção de contribuir para o fortalecimento de um modelo genético para as amostras de
hematita compacta. Portanto, foram realizados análises com a intenção de verificar a composição
geoquímica de cada amostra, ou seja, foram determinados os elementos maiores, menores e traço,
inclusive os ETR’s + Y.
As análises geoquímicas para determinar os elementos maiores e menores foram realizadas em
ICP-OES e via úmida. Em algumas amostras de itabirito com elevado teor em sílica foram realizadas
análises via FRX que gera resultados com melhor exatidão quando comparados com os resultados
gerados pelo ICP-OES.
As análises geoquímicas para determinar os elementos-traços, inclusive os ETR’s + Y das
amostras foram realizadas em ICP-MS. Os limites de detecção e os limites de quantificação do
equipamento encontram-se no capítulo 1.
Em todas as amostras foram determinados os seguintes elementos-traços: Sc, V, Cr, Ni, Ga,
Rb, Zr, Nb, Mo, Sb, Cs, Ba, Hf, Pb, Th e U. Os ETR’s + Y correspondem aos seguintes elementos: La,
Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Yb, Lu e Y.
As anomalias de Ce foram calculadas de duas formas distintas: utilizando-se a equação
Ce/Ce* = Ce/(0,5Pr + 0,5La) (Bau & Dulski 1996 e Planavsky et al. 2010) e segundo Bolhar et al.
(2004) utilizando-se a equação Ce/Ce* = Ce /(2Pr - 1Nd). As anomalias de Eu foram calculadas pela
equação Eu/Eu* = Eu/(0,66Sm + 0,33Tb) (Bau & Dulski 1996 e Planavsky et al. 2010). As anomalias
de Pr foram calculadas pela seguinte equação Pr/Pr*= Pr/(0,5Ce + 0,5Nd) e as anomalias de La foram
calculadas pela equação La/La* = (3Pr - 2Nd) de acordo com Bolhar et al. (2004). As anomalias de Y
foram calculadas pela razão entre Y/Ho e a depleção de ETRL foram calculadas pela razão
(Pr/Yb)PAAS, de acordo com Bolhar et al. (2004). As razões (Sm/Yb)PAAS e (Eu/Sm)PAAS foram
calculadas de acordo com Bau & Moller (1993).
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
70
5.1- COMPLEXO ITABIRITO
O Complexo Itabirito é formado por três minas, são elas: Minas Galinheiro, do Pico e
Sapecado. A determinação da composição e dos teores dos elementos maiores, menores, traço,
inclusive os ETR’s + Y de cada mina são apresentados a seguir.
5.1.1- Mina Galinheiro
Determinação dos elementos maiores e menores
Conforme pode ser observado, na Tabela 5.1, as amostras de hematita compacta da Mina
Galinheiro (MP-01, MP-02, MP-04, MP-05 e MP-06) apresentam composição geoquímica bastante
homogênea, em que os teores de óxido de alumínio (Al2O3) variam entre 0,19-0,40%, os teores de
óxido de cálcio (CaO) são inferiores a 0,03%, os teores de óxido de magnésio (MgO) variam entre
0,005-0,012%, os teores de óxido de manganês IV (MnO2) apresentam-se entre 0,02-0,04%, a
concentração do pentóxido de difósforo (P2O5) apresenta-se entre 0,10-0,15%, os valores de óxido de
silício (SiO2) são menores do que 0,55% e os teores de óxido de titânio (TiO2) variam entre 0,01 e
0,03%. Os teores de óxido ferro II (FeO) variam entre 0,27-0,47%, já os teores de óxido de ferro III
(Fe2O3) encontram-se acima de 98% para as amostras de hematita compacta.
A amostra MP-03, em destaque na Tabela 5.1, é uma amostra de itabirito. Conforme pode ser
observado, essa amostra apresenta composição semelhante à hematita compacta para alguns
elementos, havendo obviamente uma mudança significativa nos teores de SiO2 (49,32%) e Fe2O3
(50,47%). Os valores de Al2O3, MnO2 e TiO2 da amostra de itabirito são inferiores aos teores das
amostras de hematita compacta e os valores de CaO, MgO e FeO são similares. Observa-se também,
que todas as amostras apresentam um baixo valor de PPC (<0,36%).
Tabela 5.1: Elementos maiores e menores das amostras da Mina Galinheiro determinados via ICP-OES/FRX. O
Fe2O3, o FeO e o PPC foram determinados via úmida. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
(*) Valor determinado por FRX.
ICP-OES(%)
Amostras SiO2 Fe2O3 FeO Al2O3 P2O5 MnO2 CaO MgO TiO2 PPC Ʃ
MP-01 0,55* 98,86 0,27 0,40 0,13 0,03 <0,01 0,01 0,03 0,32 100,60
MP-02 <1,18 98,56 0,47 0,35 0,15 0,02 0,03 0,01 0,03 0,28 99,90
MP-03 49,32 50,47 0,34 0,13 0,12 0,01 <0,01 0,01 0,01 0,08 100,49
MP-04 <1,18 98,92 0,29 0,29 0,10 0,02 <0,01 0,01 0,03 0,27 99,93
MP-05 <1,18 98,91 0,30 0,25 0,12 0,04 0,02 0,01 0,02 0,17 99,84
MP-06 <1,18 98,97 0,37 0,19 0,11 0,02 0,03 0,01 0,02 0,36 100,08
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
71
Comportamento dos elementos-traços
As amostras de hematita compacta da Mina Galinheiro (Tabela 5.2), apresentam um somatório
de elementos-traços variando entre 62,40-150,38 ppm (média de 103,84 ppm), enquanto que a amostra
de itabirito coletada dessa mina, MP-03, possui um somatório igual a 64,12 ppm. A amostra de
itabirito analisada possui concentrações dos elementos-traços: Sc, V, Cr, Ga, Zr, Nb, Mo, Sb, Cs, Hf,
Pb, Th e U, inferiores as concentrações das amostras de hematita compacta. A concentração do
elemento-traço V na amostra de itabirito (MP-03) é 10,95 ppm enquanto que nas amostras de hematita
compacta os teores desse elemento variam de 25,67-38,68 ppm (exceto a amostra MP-01 com cerca de
70,62 ppm de V).
Todas as amostras de hematita compacta apresentam baixa concentração em
Sc (0,59-0,88 ppm), Hf (0,06-0,11 ppm) e Th (0,38-0,59 ppm) que são elementos-traços que indicam
contaminação clástica, a amostra de itabirito dessa mina apresenta concentrações ainda menores
nesses elementos quando comparada com as amostras de hematita compacta.
Tabela 5.2: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos elementos-traços das amostras da
Mina Galinheiro pertencente ao Complexo Itabirito. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
Amostras Sc V Cr Ni Ga Rb Zr Nb Mo Sb Cs Ba Hf Pb Th U Ʃ
MP-01 0,84 70,62 10,09 7,03 1,25 0,71 3,61 0,38 6,64 0,61 0,18 38,68 0,08 2,25 0,58 6,83 150,38
MP-02 0,76 37,09 5,66 5,91 1,04 0,99 3,82 0,35 2,21 0,69 0,22 62,34 0,09 1,89 0,59 3,90 127,55
MP-03 0,13 10,95 2,10 6,60 0,31 0,60 0,79 0,01 0,35 0,24 0,10 39,11 0,01 1,60 0,04 1,17 64,12
MP-04 0,88 38,68 5,12 5,43 0,89 0,03 4,19 0,45 2,21 0,73 0,04 22,21 0,11 2,01 0,38 4,72 88,09
MP-05 0,67 35,64 5,46 6,49 1,07 0,36 3,09 0,25 2,21 0,67 0,11 28,00 0,06 2,49 0,38 3,83 90,79
MP-06 0,59 25,67 2,56 5,44 0,91 0,14 2,69 0,28 2,09 0,63 0,07 15,70 0,06 2,93 0,47 2,18 62,40
Comportamento dos ETR’s + Y
As concentrações dos ETR’s + Y presentes nas amostras da Mina Galinheiro encontram-se na
Tabela 5.3. O somatório de ETR’s + Y para as amostras de hematita compacta variam de
15,68-24,95 ppm (média 17,91 ppm). A amostra de itabirito coletada dessa mina, MP-03, apresenta
um somatório de ETR’s + Y igual a 4,53 ppm.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
72
Tabela 5.3: Composição geoquímica, concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da Mina Galinheiro
pertencente ao Complexo Itabirito. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
Amostras La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Y Er Tm Yb Lu Ʃ
MP-01 2,61 4,76 0,66 3,12 0,71 0,30 1,02 0,18 1,23 0,27 8,25 0,82 0,12 0,77 0,13 24,95
MP-02 1,38 2,68 0,35 1,86 0,49 0,20 0,69 0,12 0,80 0,18 5,65 0,56 0,08 0,54 0,09 15,68
MP-03 0,45 0,84 0,09 0,44 0,12 0,04 0,20 0,04 0,30 0,06 1,45 0,20 0,03 0,22 0,04 4,53
MP-04 2,26 4,12 0,51 2,49 0,54 0,21 0,75 0,12 0,79 0,19 5,68 0,58 0,09 0,60 0,10 19,02
MP-05 1,72 3,01 0,39 1,93 0,44 0,18 0,62 0,11 0,77 0,20 6,64 0,67 0,10 0,69 0,13 17,59
MP-06 1,29 2,17 0,29 1,44 0,35 0,14 0,50 0,08 0,57 0,13 4,34 0,44 0,07 0,42 0,07 12,31
De acordo com os gráficos apresentados na Figura 5.1, pode-se observar que todas as amostras
da Mina Galinheiro apresentam anomalias positivas de Eu. Nota-se também que há, em todas as
amostras, um enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL. Todas as amostras de hematita
compacta da Mina Galinheiro apresentam leve anomalia positiva de Y.
Figura 5.1: Perfis dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito da Mina
Galinheiro pertencente ao Complexo Itabirito, com valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
5.1.2- Mina do Pico
Determinação dos elementos maiores e menores
Conforme pode ser observado, na Tabela 5.4, as amostras de hematita compacta da Mina do
Pico (MP-08, MP-09, MP-10, MP-11, MP-12 e MP-13) apresentam composição química bastante
-itab
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
73
semelhante, em que os teores de Al2O3 variam entre 0,03-0,13%, os teores de CaO são inferiores a
0,07%, os valores de MgO são inferiores a 0,01%, os teores de MnO2 apresentam-se inferiores a
0,04%, a concentração de P2O5 varia entre 0,08-0,66%, os valores de SiO2 são menores do que o LQ
do ICP-OES (<1,18%) e o TiO2 varia entre 0,01 e 0,02%. O FeO apresenta-se com teores entre
0,12-0,36%. A amostra MP-12 apresenta-se com um valor relativamente elevado de FeO (0,92%)
quando se compara com as outras amostras. Já os valores de Fe2O3 encontram-se acima de 99,24%
para as amostras de hematita compacta.
As amostras de itabirito da Mina do Pico (MP-07, MP-14, MP-15 e MP-16) apresentam
composição química bastante semelhante para boa parte dos elementos químicos analisados. A
amostra MP-07 apresenta um valor relativamente elevado de Al2O3 (0,42%) quando se compara às
outras amostras de itabirito (0,06-0,12%). A amostra MP-14 apresenta um valor considerável para
CaO (0,30%), visto que as outras amostras apresentam teores inferior a 0,08%. Os valores de SiO2
variam entre 45,81-57,36%, já os teores de Fe2O3 estão variando entre 41,76-53,59%. Observa-se
também, que todas as amostras apresentam valores de PPC abaixo de 0,40%.
Tabela 5.4: Elementos maiores e menores das amostras da Mina do Pico determinados via ICP-OES/FRX. O
Fe2O3, o FeO e o PPC foram determinados via úmida. As amostras de itabirito são destacadas em cinza na
Tabela. (*) Valor determinado por FRX.
ICP-OES(%)
Amostras SiO2 Fe2O3 FeO Al2O3 P2O5 MnO2 CaO MgO TiO2 PPC Ʃ
MP-07 54,64 45,17 0,21 0,42 <0,018 0,03 <0,012 <0,003 0,01 0,22 100,70
MP-08 <1,18 99,58 0,12 0,13 0,08 <0,003 <0,012 0,003 0,02 0,40 100,33
MP-09 <1,18 99,48 0,18 0,06 0,09 0,01 <0,012 0,005 0,01 0,20 100,03
MP-10 0,15* 99,80 0,13 0,03 <0,018 0,01 <0,012 <0,003 0,01 0,24 100,37
MP-11 <1,18 99,46 0,36 0,11 0,09 0,01 0,02 0,004 0,01 0,19 100,25
MP-12 <1,18 99,24 0,92 0,04 <0,018 0,04 <0,012 0,004 0,01 0,19 100,44
MP-13 <1,18 99,84 0,15 0,04 <0,018 0,01 0,07 0,01 0,01 0,23 100,36
MP-14 57,36 41,76 0,29 0,06 0,66 0,01 0,35 0,01 0,01 0,15 100,66
MP-15 50,15 48,97 0,20 0,13 0,25 <0,003 0,08 0,02 0,02 0,31 100,13
MP-16 45,81 53,59 0,29 0,12 0,11 0,01 <0,012 0,03 0,02 0,33 100,31
Comportamento dos elementos-traços
A concentração dos elementos-traços das amostras de hematita compacta da Mina do Pico
(Tabela 5.5) possui um somatório variando entre 21,19-120,01 ppm (média 54,48 ppm) enquanto que
para as amostras de itabirito o somatório varia de 22,55-47,42 (média 33,83 ppm). Todas as amostras
de hematita compacta apresentam baixa concentração em Sc (0,08-0,83 ppm), Hf (0,01-0,07 ppm) e
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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Th (0,02-0,17 ppm). A amostra de itabirito dessa mina também apresentam concentrações baixas
nesses elementos-traços.
Tabela 5.5: Composição geoquímica dos elementos-traços, com as concentrações em ppm, das amostras da
Mina do Pico pertencente ao Complexo Itabirito. As amostras de itabirito são destacadas em cinza na Tabela.
Amostras Sc V Cr Ni Ga Rb Zr Nb Mo Sb Cs Ba Hf Pb Th U Ʃ
MP-07 0,04 1,00 7,88 2,53 0,16 0,21 0,26 0,06 0,70 0,24 0,01 7,87 0,01 0,72 0,01 0,82 22,55
MP-08 0,83 5,72 3,28 2,87 0,47 0,05 3,10 0,24 0,22 0,35 0,03 5,20 0,07 0,31 0,20 0,57 23,55
MP-09 0,48 20,62 4,29 4,53 0,37 <LQ 1,53 0,21 1,34 0,67 0,01 23,90 0,02 0,92 0,08 3,69 62,65
MP-10 0,08 7,92 4,08 0,79 0,15 <LQ 1,20 0,11 1,02 0,53 0,01 3,19 0,02 0,23 0,02 1,83 21,19
MP-11 0,40 92,61 5,80 6,72 0,36 0,05 2,40 0,25 1,88 0,54 0,01 2,90 0,05 1,95 0,17 3,95 120,01
MP-12 0,20 15,09 24,56 4,75 0,20 0,01 1,41 0,20 1,02 0,68 0,01 5,71 0,02 0,79 0,06 2,65 57,35
MP-13 0,15 23,07 6,29 1,23 0,18 0,01 1,02 0,14 0,89 0,56 0,00 5,99 0,01 0,17 0,02 2,41 42,15
MP-14 0,13 3,12 10,93 3,77 0,13 0,23 0,44 0,09 0,31 0,32 0,02 12,80 0,01 0,40 0,03 1,45 34,15
MP-15 0,38 3,84 5,29 5,58 0,18 1,02 2,94 0,09 0,75 0,37 0,08 25,23 0,08 0,47 0,22 0,89 47,42
MP-16 0,23 3,36 4,08 5,15 0,21 0,31 1,29 0,03 0,26 0,33 0,02 13,83 0,04 0,44 0,12 1,50 31,19
Comportamento dos ETR’s + Y
As concentrações dos ETR’s + Y presentes nas amostras da Mina do Pico encontram-se na
Tabela 5.6. O somatório de ETR’s + Y das amostras de hematita compacta variam de 3,00-9,28 ppm
(média 5,53 ppm). Já as amostras de itabirito apresentam um somatório variando entre 0,99-5,96 ppm
(média 3,66 ppm).
Tabela 5.6: Composição geoquímica, concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da Mina do Pico
pertencente ao Complexo Itabirito. As amostras de itabirito são destacadas em cinza na Tabela.
Amostras La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Y Er Tm Yb Lu Ʃ
MP-07 0,11 0,17 0,01 0,07 0,02 0,01 0,02 0,00 0,04 0,01 0,41 0,04 0,01 0,06 0,01 0,99
MP-08 1,24 3,16 0,48 2,23 0,39 0,08 0,22 0,03 0,15 0,03 0,96 0,11 0,02 0,15 0,03 9,28
MP-09 1,11 1,48 0,20 0,90 0,19 0,06 0,22 0,03 0,27 0,07 1,71 0,18 0,02 0,14 0,03 6,60
MP-10 0,48 0,77 0,07 0,34 0,08 0,03 0,09 0,02 0,10 0,02 0,79 0,08 0,01 0,09 0,02 3,00
MP-11 1,03 1,48 0,20 0,94 0,21 0,07 0,23 0,03 0,21 0,04 1,27 0,13 0,02 0,14 0,02 6,05
MP-12 0,77 1,06 0,14 0,67 0,13 0,05 0,17 0,03 0,18 0,04 1,43 0,13 0,02 0,14 0,03 4,99
MP-13 0,40 0,51 0,07 0,40 0,09 0,04 0,14 0,02 0,16 0,03 1,13 0,11 0,02 0,12 0,02 3,26
MP-14 0,59 0,96 0,13 0,64 0,15 0,07 0,21 0,03 0,23 0,06 2,48 0,19 0,03 0,17 0,03 5,96
MP-15 0,59 0,96 0,13 0,66 0,14 0,05 0,18 0,03 0,19 0,05 1,59 0,16 0,03 0,21 0,04 5,01
MP-16 0,31 0,58 0,07 0,37 0,08 0,03 0,10 0,01 0,10 0,03 0,77 0,09 0,01 0,10 0,02 2,67
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
75
De acordo com os gráficos apresentados na Figura 5.2, pode-se observar que todas as amostras
da Mina do Pico apresentam anomalias positivas de Eu. Nota-se também que há um enriquecimento
dos ETRP em relação aos ETRL, exceto na amostra de hematita compacta, MP-08, em que se tem um
enriquecimento dos ETRL em relação aos ETRP. A maioria das amostras de hematita compacta e das
amostras de itabirito apresenta leve anomalia positiva de Y.
Figura 5.2: Perfis dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito da Mina do
Pico pertencente ao Complexo Itabirito, com valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
76
5.1.3- Mina Sapecado
Determinação dos elementos maiores e menores
Analisando as amostras de hematita compacta (MP-17 e MP-18), na Tabela 5.7, da Mina
Sapecado observa-se que a concentração de Al2O3 é igual a 0,49 e 0,17% respectivamente. Os teores
de CaO são inferiores a 0,04%, a concentração de MgO é inferior a 0,03%, os teores de MnO2 são
inferiores a 0,03%, os teores de P2O5 são menores do que 0,13%, os teores de SiO2 são inferiores ao
LQ do equipamento e os teores de TiO2 variam entre 0,010-0,012%. Conforme pode ser observado na
Tabela 5.7, a amostra MP-17 apresenta 0,15% de FeO enquanto a MP-18 apresenta 0,78% de FeO,
ambas as amostras possuem teores de Fe2O3 superiores a 98%.
Observando a composição química das amostras de itabirito (MP-19 e MP-20) nota-se que
ambas as amostras apresentam composição química bastante semelhante. Os teores de SiO2 são iguais
a 38,49 e 40,75%, os teores de FeO são iguais a 0,21e 0,33% e os teores de Fe2O3 são iguais a 58,20 e
61,13%, respectivamente. Observa-se que os teores de Al2O3 das amostras de hematita compacta são
superiores aos valores das amostras de itabirito. Todas as amostras apresentam PPC inferiores a
0,52%.
Tabela 5.7: Elementos maiores e menores das amostras da Mina Sapecado determinados via ICP-OES/FRX. O
Fe2O3, o FeO e o PPC foram determinados via úmida. As amostras de itabirito são destacadas em cinza na
Tabela.
ICP-OES%)
Amostras SiO2 Fe2O3 FeO Al2O3 P2O5 MnO2 CaO MgO TiO2 PPC Ʃ
MP-17 <1,18 98,64 0,15 0,49 <0,018 0,01 <0,012 <0,003 0,012 0,52 99,82
MP-18 <1,18 98,51 0,78 0,17 0,13 0,03 0,04 0,03 0,010 0,16 99,86
MP-19 38,49 61,13 0,21 0,03 0,09 0,01 <0,012 0,01 0,011 0,34 100,32
MP-20 40,75 58,20 0,33 0,04 0,08 0,03 <0,012 0,005 0,011 0,37 99,82
Comportamento dos elementos-traços
A concentração dos elementos-traços das amostras da Mina Sapecado encontra-se na Tabela
5.8. As amostras de hematita compacta possuem um somatório de elementos-traços variando entre
58,75-66,90 ppm (média 62,82 ppm) enquanto que as amostras de itabirito possuem um somatório
que varia entre 16,09-20,57 ppm (média 36,66 ppm). As amostras de itabirito analisadas possuem
concentrações dos elementos-traços: Sc, V, Cr, Ni, Ga, Zr, Nb, Mo, Sb, Hf, Pb e Th, inferiores aos
valores das concentrações das amostras de hematita compacta. As duas amostras de hematita compacta
coletada dessa mina apresentam baixa concentração em Sc (0,27 e 0,19 ppm), Hf (0,04-0,03 ppm) e
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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Th (0,11-0,09 ppm), as duas amostras de itabirito dessa mina também apresentam baixas
concentrações nesses elementos.
O teor médio do elemento-traço V nas amostras de itabirito é 2,17 ppm enquanto que nas
amostras de hematita compacta o teor médio desse elemento é 14,51 ppm.
Tabela 5.8: Composição geoquímica dos elementos-traços, com as concentrações em ppm, das amostras da
Mina Sapecado pertencente ao Complexo Itabirito. As amostras de itabirito são destacadas em cinza na Tabela.
Amostras Sc V Cr Ni Ga Rb Zr Nb Mo Sb Cs Ba Hf Pb Th U Ʃ
MP-17 0,27 18,07 9,96 9,46 0,90 <LQ 1,95 0,17 0,70 1,17 0,01 9,26 0,04 3,33 0,11 3,37 58,75
MP-18 0,19 10,95 3,39 33,04 0,66 <LQ 1,64 0,17 2,56 1,35 0,01 5,88 0,03 2,29 0,09 4,66 66,90
MP-19 0,11 2,92 0,70 3,39 0,15 0,01 0,72 0,05 0,53 0,25 0,01 1,00 0,01 0,70 0,01 9,41 20,57
MP-20 0,12 1,42 0,58 2,53 0,14 0,09 1,13 0,05 0,27 0,10 0,04 6,10 0,01 <LQ 0,03 3,49 16,09
Comportamento dos ETR’s + Y
As concentrações dos ETR’s + Y presentes nas amostras da Mina Sapecado encontram-se na
Tabela 5.9. O somatório de ETR’s + Y das amostras de hematita compacta (MP-17 e MP-18) são
iguais a 48,19 e 10,91 ppm, respectivamente. As amostras de itabirito, MP-19 e MP-20, apresentam
um somatório de ETR’s + Y igual a 1,75 e 2,43 ppm, respectivamente. Todos os ETR’s + Y das
amostras de itabirito apresentam-se com concentrações inferiores, quando comparados, às amostras de
hematita compacta. Foi observado também, que a amostra MP-17 apresenta valores de ETR’s + Y
superiores quando comparado com as outras amostras dessa mina.
Tabela 5.9: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da Mina
Sapecado pertencente ao Complexo Itabirito. As amostras de itabirito são destacadas em cinza na Tabela.
Amostras La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Y Er Tm Yb Lu Ʃ
MP-17 7,20 16,77 2,37 10,77 2,06 0,55 1,82 0,24 1,25 0,20 4,12 0,47 0,05 0,26 0,04 48,19
MP-18 1,67 3,03 0,39 1,71 0,35 0,11 0,38 0,06 0,34 0,07 2,37 0,21 0,03 0,17 0,03 10,91
MP-19 0,18 0,28 0,03 0,13 0,03 0,01 0,05 0,01 0,07 0,02 0,75 0,07 0,01 0,09 0,02 1,75
MP-20 0,16 0,31 0,03 0,17 0,05 0,02 0,07 0,01 0,12 0,03 1,12 0,12 0,02 0,16 0,03 2,43
De acordo com os gráficos apresentados na Figura 5.3, pode-se observar que todas as amostras
da Mina Sapecado apresentam anomalias positivas de Eu. As amostras apresentam comportamentos
distintos, em que na amostra de hematita compacta MP-17 é evidenciado um enriquecimento dos
ETRL em relação aos ETRP. Na amostra de hematita compacta MP-18 não há muita diferença entre as
concentrações dos ETRL e ETRP, gerando um padrão horizontalizado. Já nas amostras de itabirito
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78
dessa mina há um enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL. Observam-se anomalias positivas
de Y para a maioria das amostras.
Figura 5.3: Perfis dos ETR’s + Y das amostras da Mina Sapecado pertencente ao Complexo Itabirito, com
valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
5.1.4- Comparação das Análises Geoquímicas do Complexo Itabirito
Elementos maiores e menores
Observando todas as amostras do Complexo Itabirito percebe-se que as amostras de hematita
compacta possuem grande semelhança geoquímica, assim como as amostras de itabirito, quando se
analisam os elementos maiores e menores. A principal diferença entre as amostras de hematita
compacta e as amostras de itabirito está obviamente nos teores de ferro e sílica, em que a hematita
compacta apresenta uma concentração muito baixa de silício.
Os teores de Fe2O3 das amostras de hematita compacta do Complexo itabirito variam entre
98,51-99,84%. Sendo as amostras de maior teor em Fe2O3 representadas pelas amostras da Mina do
Pico, conforme pode ser observado na Figura 5.4. Já os teores de Fe2O3 para as amostras de itabirito
variam entre 45-62%. No gráfico apresentado na Figura 5.5 é observado que todas as amostras
apresentam valores de FeO inferiores a 1,0%. Esse fato pode ser justificado pelos baixos teores de
magnetita encontrados nas amostras.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
79
Figura 5.4: Teores de Fe2O3 das amostras das minas do Complexo Itabirito.
Figura 5. 5: Teores de FeO das amostras das minas do Complexo Itabirito.
Com a intenção de comparar as concentrações dos elementos maiores e menores das amostras
do Complexo Itabirito foi calculada a média das concentrações das amostras de hematita compacta e
das amostras de itabirito (Figura 5.6). É observado que as amostras de hematita compacta são
constituídas essencialmente por Fe2O3 e as amostras de itabirito por Fe2O3 e SiO2. Os outros elementos
apresentam teores menores do que 1,0%.
Figura 5.6: Teores dos elementos maiores e menores das amostras das minas do Complexo Itabirito.
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80
Elementos-traços
Observando-se a composição dos elementos-traços das amostras de hematita compacta das
minas do Complexo Itabirito verificou-se que as amostras de hematita compacta apresentam, em
média, um somatório de elementos-traços igual a: 103,84, 54,48 e 62,82 ppm para as amostras da
Mina Galinheiro, Mina do Pico e da Mina Sapecado, respectivamente. As amostras de itabirito
apresentam, em média, um somatório igual a: 64,12, 33,83 e 36,66 ppm para as amostras da Mina
Galinheiro, Mina do Pico e da Mina Sapecado, respectivamente.
As amostras de hematita compacta possuem maiores concentrações de elementos-traços
quando comparado com as amostras de itabirito. Com a intenção de comparar as concentrações dos
elementos-traços das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito do Complexo Itabirito
é apresentada a Figura 5.7.
Figura 5.7: Gráfico representando a concentração média, em ppm, dos elementos-traços das amostras de
hematita compacta e das amostras de itabirito do Complexo Itabirito.
A amostra de itabirito da Mina Galinheiro (MP-03) apresenta um teor de SiO2 igual a 49,32%.
Fazendo um balanço de massa, ou seja, desconsiderando o teor de sílica dessa amostra e considerando
o teor de ferro total igual a 100% o teor de V seria 21,70 ppm. Já as amostras de itabirito da Mina
Sapecado possuem um valor médio de SiO2 igual a 39,62%, considerando o mesmo raciocínio anterior
o teor de V seria 3,63 ppm.
ETR’s + Y
Analisando-se as composições dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das
amostras de itabirito do Complexo Itabirito verificou-se que o somatório médio desses elementos
foram iguais a 17,91 ppm e 5,53 ppm para as amostras de hematita compacta da Mina Galinheiro e
Mina do Pico, respectivamente. Já a Mina Sapecado apresenta uma amostra de hematita compacta com
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
81
concentração de 10,91 ppm e uma outra (MP-17) com concentração de 48,19 ppm para os ETR’s + Y
analisados. Todas as amostras de itabirito analisadas, de cada mina desse complexo, apresentam
somatório de ETR’s + Y inferiores a 5,0 ppm.
A amostra de itabirito da Mina Galinheiro (MP-03) possui 49,32% de material SiO2. Fazendo
um balanço de massa, ou seja, desconsiderando o teor de sílica dessa amostra e considerando 100% de
ferro total o teor de ETR’s + Y seria 8,98 ppm. Já as amostras de itabirito da Mina Sapecado possuem
um valor médio de SiO2 igual a 51,99%, usando o mesmo raciocínio o teor de ETR’s + Y seria 7,72
ppm.
As anomalias calculadas, referentes ao Complexo Itabirito, encontram-se na Tabela 5.10. Na
Figura 5.8 é apresentado um gráfico contendo os espectros de elementos terras raras de todas as
amostras, onde podem ser comparadas as concentrações dos ETR’s + Y das amostras de hematita
compacta e das amostras de itabirito do Complexo Itabirito.
Tabela 5.10: Razões e anomalias de alguns ETR’ + Y para as amostras do Complexo Itabirito. As amostras de
itabirito são destacadas em cinza na Tabela.
Amostras (Ce/Ce*)1 (Ce/Ce*)
2 (La/La*) (Eu/Eu*)
(Pr/Pr*) (Sm/Yb)
(Eu/Sm) Y/Ho (Pr/Yb)
MP-01 0,84 1,06 1,76 1,73 0,98 0,47 2,18 30,54 0,27
MP-02 0,89 1,35 3,56 1,69 0,90 0,47 2,06 31,42 0,21
MP-03 0,96 1,42 2,56 1,26 0,87 0,28 1,85 24,22 0,13
MP-04 0,88 1,22 2,19 1,68 0,93 0,45 1,98 29,90 0,27
MP-05 0,84 1,17 2,27 1,66 0,94 0,32 2,05 33,19 0,18
MP-06 0,81 1,14 2,32 1,73 0,95 0,43 2,11 33,39 0,23
MP-07 0,97 2,49 10,87 1,92 0,69 0,14 2,47 40,55 0,07
MP-08 0,92 0,93 1,04 1,31 1,03 1,35 1,08 32,12 1,05
MP-09 0,73 1,04 2,13 1,52 0,99 0,67 1,63 24,43 0,43
MP-10 0,94 1,68 3,48 1,66 0,80 0,45 1,84 39,50 0,25
MP-11 0,75 1,11 2,41 1,61 0,96 0,76 1,67 31,68 0,44
MP-12 0,73 1,05 2,19 1,66 0,98 0,47 1,89 35,87 0,32
MP-13 0,68 1,29 6,77 1,78 0,92 0,37 2,26 37,61 0,20
MP-14 0,80 1,16 2,49 2,02 0,95 0,44 2,39 41,26 0,24
MP-15 0,79 1,10 2,31 1,57 0,96 0,33 1,79 31,73 0,20
MP-16 0,89 1,28 2,62 1,83 0,91 0,42 2,00 25,56 0,24
MP-17 0,92 0,96 1,11 1,47 1,02 4,03 1,38 20,60 2,92
MP-18 0,87 1,03 1,45 1,51 0,99 1,08 1,56 33,82 0,74
MP-19 0,89 1,49 2,95 1,76 0,84 0,15 2,39 37,48 0,09
MP-20 0,98 1,76 5,59 1,68 0,81 0,16 2,30 37,26 0,06
1 = calculado de acordo com Bau & Dulski (1996) e 2 = calculado segundo Bolhar et al. (2004).
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Figura 5.8: Comparação entre os ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito do
Complexo Itabirito, com valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
Pode-se observar que todas as amostras do Complexo Itabirito apresentam anomalias positivas
de Eu e a maioria das amostras apresentam anomalias positivas de Y. É observado também que há
uma predominância do enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL. As amostras de hematita
compacta MP-08 e MP-17 pertencente à Mina do Pico e a Mina Sapecado, respectivamente, não foram
incluídas no gráfico da Figura 5.8, pois essas amostras apresentam comportamento inverso, ou seja,
enriquecimento dos ETRL em relação aos ETRP.
Utilizando o cálculo das anomalias de Eu e Ce (Bau & Dulski 1996 e Planavsky et al. 2010)
observou-se que todas as amostras do Complexo Itabirito analisadas possuem anomalias positivas de
Eu e anomalias negativas de Ce. Todas as amostras desse complexo possuem a combinação das razões
(Ce/Ce*) < 1 e (Pr/Pr*) ≈ 1 o que indica anomalias positivas de Lantânio (La), segundo Bau & Dulski
(1996). Para verificação das anomalias de La e Ce, foi construído o diagrama proposto por esses
mesmos autores, apresentado na Figura 5.9.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
83
Figura 5.9: Diagrama (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) paras as amostras do Complexo Itabirito, segundo Bau & Dulski
(1996). I) Sem anomalias de Ce e La; IIa) Anomalias positivas de La apenas; IIb) Anomalias negativas de La
apenas; IIIa) Anomalias positivas de Ce apenas; IIIb) Anomalias negativas de Ce.
De acordo com o diagrama da Figura 5.9, as amostras de hematita compacta MP-01 (Mina
Galinheiro), MP-08, MP-09, MP-11 e MP-12 e a amostra de itabirito MP-15 (Mina do Pico) e as
amostras de hematita compacta MP-17 e MP18 (Mina Sapecado) apresentam apenas anomalias
positiva de La. Ainda com o objetivo de verificar as anomalias de Ce e La, calculou-se as anomalias
de Ce de acordo com a equação proposta por Bolhar et al. (2004) e modificou-se o diagrama proposto
por Bau & Dulski (1996), apresentado na Figura 5.10.
Figura 5.10: Diagrama (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) paras as amostras do Complexo Itabirito, modificado de Bau &
Dulski (1996). I) Sem anomalias de Ce e La; IIa) Anomalias positivas de La apenas; IIb) Anomalias negativas de
La apenas; IIIa) Anomalias positivas de Ce apenas; IIIb) Anomalias negativas de Ce.
IIIa IIb
IIIa IIb
I
IIa IIIb
I
IIa IIIb
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84
Analisando o gráfico da Figura 5.10 nota-se que a maioria das amostras do Complexo Itabirito
apresentam anomalias positivas de Ce apenas, duas amostras apresentam anomalias negativas de La
apenas e algumas amostras não apresentam nem anomalias de Ce nem anomalias de La.
De acordo com Bau & Moller (1993), a grande maioria das amostras estudadas do Complexo
Itabirito, possuem (Eu/Sm) >1 e (Sm/Yb) <1, conforme pode ser observado na Tabela 5.10, indicando
que as amostras não possuem contaminação clástica. As exceções foram apenas três amostras (MP-08,
MP-17 e MP-18 amostras de hematita compacta da Mina do Pico e Mina Sapecado, respectivamente)
que possuem a razão (Sm/Yb) >1.
Segundo Bolhar et al. (2004) razões Y/Ho >26 indicam anomalias positivas de Y e razões
Y/Ho <26 indicam anomalias negativas de Y. De acordo com Rios et al. (2012) as amostras com
razões Y/Ho <30 possuem alguma influência de águas continentais no período de deposição dessas
rochas. Portanto, de acordo com a Tabela 5.10, a amostra de itabirito MP-03 pertencente à Mina
Galinheiro, as amostras de hematita compacta MP-09 e MP-16 (Mina do Pico) e a amostra de hematita
compacta MP-17 (Mina Sapecado) apresentam razões Y/Ho menores do que 26, indicando assim
anomalias negativas em Y. As demais amostras apresentam anomalias positivas de Y. De forma geral,
a média das razões Y/Ho para as amostras de hematita compacta do Complexo Itabirito é igual a 31,15
e para as amostras de itabirito desse mesmo complexo a média das razões Y/Ho é igual a 34,00.
A razão entre (Pr/Yb)PAAS >1 (Bolhar et al. 2004) indica enriquecimento dos ETRL em relação
aos ETRP, os resultados encontram-se na Tabela 5.10. As amostras do Complexo Itabirito que
apresentam (Pr/Yb)PAAS >1 são apenas as amostras de hematita compacta MP-08 (Mina do Pico) e
MP-17 (Mina Sapecado), conforme pode ser observado no gráfico da Figura 5.11. Portanto a maioria
das amostras desse complexo apresentam (Pr/Yb)PAAS <1, indicando então um enriquecimento dos
ETRP em relação aos ETRL. Na Figura 5.12 é apresentado um gráfico relacionando o somatório
médio de ETR’s + Y com a razão (Pr/Yb)PAAS.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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Figura 5. 11: Eu/Eu* versus (Pr/Yb)PAAS para as amostras do Complexo Itabirito.
Figura 5.12: Somatório de ETR’s + Y versus (Pr/Yb)PAAS para as amostras do Complexo Itabirito.
5.2- COMPLEXO FAZENDÃO
O Complexo Fazendão é formado por três minas, são elas: Minas São Luiz, Tamanduá e
Almas. A composição e os teores dos elementos maiores, menores, traço, inclusive os ETR’s + Y das
amostras de cada mina são apresentados a seguir.
MP-08 MP-17
MP-17
MP-08
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5.2.1- Mina São Luiz
Determinação dos elementos maiores e menores
A composição química dos elementos maiores e menores das amostras de hematita compacta
da Mina São Luiz (MCF-01, MCF-03 e MCF-04) é apresentada na Tabela 5.11. Observa-se que a
concentração de Al2O3 varia entre 0,30-1,57%, os teores de CaO são inferiores a 0,04%, os teores de
MgO apresentam-se inferiores a 0,03%, os teores de MnO2 variam de 0,01-0,16%, as concentrações
de P2O5 são menores do que 0,13%. Os teores de SiO2 são inferiores a 1,30% para as amostras
MCF-01 e MCF-03, já a amostra MCF-04 possui um valor considerável de SiO2 (9,49%). Os valores
de TiO2 são menores do que 0,09% e os teores de FeO são inferiores a 0,14%. As amostras de
hematita compacta possuem teores de Fe2O3 que variam entre 87,45-98,36%. Os valores de PPC
variam de 0,32-0,84%.
A amostra de itabirito, MCF-02, possui teor de SiO2 igual a 29,28% e teor de Fe2O3 igual a
69,25%. Os outros elementos, dessa amostra de itabirito, possui composição semelhante às amostras
de hematita compacta.
Tabela 5.11: Elementos maiores e menores das amostras da Mina São Luiz determinados via ICP-OES/FRX. O
Fe2O3, o FeO e o PPC foram determinados via úmida. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
(*) Valor determinado por FRX.
ICP-OES (%)
Amostras SiO2 Fe2O3 FeO Al2O3 P2O5 MnO2 CaO MgO TiO2 PPC Ʃ
MCF-01 <0,146 98,36 0,09 0,30 0,05 0,01 <0,012 0,01 0,03 0,32 99,17
MCF-02 29,28 69,25 0,14 0,21 0,20 0,10 0,10 0,02 0,04 0,36 99,70
MCF-03 1,30* 96,78 0,14 1,57 0,09 0,16 <0,012 0,01 0,09 0,54 99,38
MCF-04 9,49 87,45 0,13 0,91 0,13 0,09 0,04 0,03 0,05 0,84 99,16
Comportamento dos elementos-traços
As concentrações dos elementos-traços das amostras da Mina São Luiz encontram-se na
Tabela 5.12. As amostras de hematita compacta possuem um somatório variando entre
36,96-50,77 ppm (média 38,97 ppm) e amostra de itabirito coletada dessa mina, MCF-02, possui um
somatório igual a 37,82 ppm. A amostra de itabirito analisada possui concentrações dos elementos-
traços: Sc, V, Ga, Zr, Nb, Pb e Th, inferiores as concentrações das amostras de hematita compacta. As
concentrações dos outros elementos-traços analisados são similares às amostras de hematita compacta.
Todas as amostras de hematita compacta apresentam baixa concentração em
Sc (0,59-0,88 ppm), Hf (0,06-0,23 ppm) e Th (0,22-0,48 ppm) que são elementos-traços que indicam
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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contaminação clástica. A amostra de itabirito dessa mina apresenta concentrações ainda menores
nesses elementos.
Tabela 5.12: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos elementos-traços das amostras da
Mina São Luiz pertencente ao Complexo Fazendão. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
Amostras Sc V Cr Ni Ga Rb Zr Nb Mo Sb Cs Ba Hf Pb Th U Ʃ
MCF-01 0,88 16,31 5,53 <LQ 1,17 <LQ 2,47 0,31 0,72 0,22 <LQ 1,42 0,06 1,75 0,22 1,02 32,07
MCF-02 0,43 14,50 13,20 1,69 0,34 <LQ 3,54 0,23 0,43 0,07 <LQ 1,51 0,09 0,42 0,19 1,19 37,82
MCF-03 0,59 15,43 4,21 1,55 0,71 <LQ 4,47 0,36 0,24 0,03 0,04 7,09 0,12 1,03 0,25 1,80 37,92
MCF-04 0,79 16,43 8,68 2,95 1,03 <LQ 8,02 0,76 0,16 0,03 <LQ 5,10 0,23 0,73 0,48 1,55 46,93
Comportamento dos ETR’s + Y
A determinação das concentrações dos ETR’s + Y das amostras da Mina São Luiz encontram-
se na Tabela 5.13. O somatório de ETR’s + Y varia entre 6,82-10,99 ppm (média 8,40 ppm). A
amostra de itabirito coletada, MCF-02, apresenta um somatório de ETR’s + Y igual a 6,37 ppm.
Tabela 5.13: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da Mina
São Luiz pertencente ao Complexo Fazendão. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
Amostras La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Y Er Tm Yb Lu Ʃ
MCF-01 1,25 2,50 0,26 1,05 0,27 0,09 0,29 0,04 0,20 0,03 0,70 0,07 0,01 0,05 0,01 6,82
MCF-02 0,93 1,79 0,18 0,71 0,12 0,04 0,15 0,02 0,19 0,05 1,75 0,16 0,03 0,21 0,04 6,37
MCF-03 0,93 1,53 0,25 1,17 0,28 0,08 0,28 0,04 0,27 0,07 1,99 0,22 0,03 0,22 0,04 7,40
MCF-04 1,66 2,65 0,47 2,19 0,50 0,14 0,54 0,07 0,38 0,07 1,87 0,20 0,03 0,19 0,03 10,99
De acordo com os gráficos apresentados na Figura 5.13, pode-se observar que todas as
amostras da Mina São Luiz apresentam anomalias positivas de Eu. Na amostra de hematita compacta
MCF-01 é observado o enriquecimento de ETRL em relação aos ETRP, nas demais amostras é
observado o inverso, ou seja, o enriquecimento de ETRP em relação aos ETRL. Na amostra de
itabirito observa-se a presença de anomalias positiva de Y.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
88
Figura 5.13: Perfis dos ETR’s + Y das amostras da Mina São Luiz pertencente ao Complexo Fazendão, com
valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
5.2.2- Mina Tamanduá
Determinação dos elementos maiores e menores
As concentrações dos elementos maiores e menores das amostras de hematita compacta da
Mina Tamanduá (MCF-05 e MCF-06) encontram-se na Tabela 5.14. Observa-se que a concentração
de Al2O3 varia de 0,04-1,15%, os teores de CaO são inferiores a 0,012%, os teores de MgO
apresentam-se inferiores a 0,01%, os teores de MnO2 variam entre 0,01-0,12%, as concentrações de
P2O5 variam entre 0,08-0,80%, os teores de SiO2 são inferiores a 2,04%. As concentrações de TiO2 são
menores do que 0,03%. Os teores de FeO são inferiores a 0,10% e as concentrações de Fe2O3 variam
entre 95,92-98,51%. Os valores de PPC variam de 0,55-0,64%.
A amostra de itabirito, MCF-07, possui 65,26% de SiO2 e o teor de Fe2O3 é igual a 33,4%.
Essa amostra possui um valor relativamente alto de CaO (0,44%), visto que as amostras de hematita
compacta possuem teores inferiores ao LQ do equipamento.
Tabela 514: Elementos maiores e menores das amostras da Mina Tamanduá determinados via ICP OES/FRX. O
Fe2O3, o FeO e o PPC foram determinados via úmida. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
ICP OES (%)
Amostras SiO2 Fe2O3 FeO Al2O3 P2O5 MnO2 CaO MgO TiO2 PPC Ʃ
MCF-05 2,04 95,92 0,09 1,15 0,08 0,12 <0,012 0,01 0,03 0,64 100,08
MCF-06 <0,146 98,51 0,10 0,04 <0,005 0,01 <0,012 <0,002 0,002 0,55 99,21
MCF-07 65,26 33,42 0,16 0,13 0,80 0,07 0,44 0,03 0,01 0,31 100,63
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
89
Comportamento dos elementos-traços
As concentrações dos elementos-traços das amostras da Mina Tamanduá encontram-se Tabela
5.15. As concentrações dos elementos-traços das amostras de hematita compacta MCF-05 e MCF-06
são iguais a 46,37 e 22,16 ppm, respectivamente. Já a amostra de itabirito, MCF-07, possui um
somatório de elementos-traços igual a 15,47 ppm. A amostra de itabirito quando comparada com as
amostras de hematita compacta dessa mina, possuem concentrações inferiores para a maioria dos
elementos-traços, exceto para o elemento-traço Ba, conforme pode ser observado na Tabela 5.15.
As duas amostras de hematita compacta apresentam baixa concentração em
Sc (1,09 e 0,51ppm), Hf (0,09 e 0,08 ppm) e Th (0,26 e 0,17 ppm), a amostra de itabirito dessa mina
apresenta concentrações ainda menores nesses elementos.
Tabela 5.15: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos elementos-traços das amostras da
Mina Tamanduá pertencente ao Complexo Fazendão. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
Amostras Sc V Cr Ni Ga Rb Zr Nb Mo Sb Cs Ba Hf Pb Th U Ʃ
MCF-05 1,09 19,48 8,33 1,87 1,14 <LQ 3,88 0,41 0,28 0,05 <LQ 6,84 0,09 1,67 0,26 0,99 46,37
MCF-06 0,51 8,56 4,63 0,20 0,49 <LQ 3,02 0,20 0,40 0,08 0,03 2,40 0,08 0,97 0,17 0,42 22,16
MCF-07 <LQ 2,25 3,19 0,58 <LQ <LQ 0,74 <LQ 0,14 0,03 0,02 7,15 0,02 1,08 <LQ 0,27 15,47
Comportamento dos ETR’s + Y
As concentrações dos ETR’s + Y presentes nas amostras da Mina Tamanduá encontram-se na
Tabela 5.16. O somatório das concentrações dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta
MCF-05 e MCF-06 são iguais a 43,42 e 7,26 ppm, respectivamente. A amostra de itabirito, MCF-07,
apresenta um somatório de ETR’s + Y igual a 6,09 ppm. A amostra MCF-05 apresenta as
concentrações de ETR’s + Y mais elevada quando comparada com as amostras desse mesmo
complexo.
Tabela 5.16: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da Mina
Tamanduá pertencente ao Complexo Fazendão. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
Amostras La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Y Er Tm Yb Lu Ʃ
MCF-05 9,39 18,04 1,99 8,28 1,47 0,47 1,12 0,12 0,46 0,07 1,66 0,16 0,02 0,14 0,03 43,42
MCF-06 1,22 2,69 0,27 1,12 0,22 0,07 0,19 0,02 0,14 0,03 1,03 0,10 0,02 0,12 0,02 7,26
MCF-07 0,53 0,93 0,13 0,68 0,17 0,07 0,21 0,03 0,22 0,06 2,53 0,21 0,03 0,24 0,05 6,09
Nos gráficos apresentados na Figura 5.14, pode-se observar que todas as amostras da Mina
Tamanduá apresentam anomalias positivas de Eu. Observa-se também que há um enriquecimento dos
ETRL em relação ETRP pra a amostra de hematita compacta MCF-05 e um enriquecimento dos ETRP
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
90
em relação aos ETRL para a amostra de hematita compacta MCF-06 e para a amostra de itabirito
MCF-07. É observado também que há anomalias positivas de Y para as amostras MCF-06 e MCF-07.
Figura 5.14: Perfis dos ETR’s + Y das amostras da Mina Tamanduá pertencente ao Complexo Fazendão, com
valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
5.2.3 – Mina Almas
Determinação dos elementos maiores e menores
A determinação da concentração dos elementos maiores e menores das amostras da Mina
Almas encontram-se na Tabela 5.17. A amostra de hematita compacta (MCF-09) apresenta a seguinte
composição: 3,44% de Al2O3, 4,66% de SiO2, 88,83% de Fe2O3, 0,41% de MnO2, 0,12% de P2O5 e
0,56% de TiO2. Já a amostra de itabirito (MCF-08), dessa mesma mina, apresenta a seguinte
composição: 0,02% de Al2O3, 42,83% de SiO2, 56,97% de Fe2O3, 0,01% de MnO2, 0,03% de P2O5 e
0,01% de TiO2. O valor de PPC da amostra de hematita compacta foi igual a 3,12% e o valor para a
amostra de itabirito foi igual a 0,29%.
Tabela 5.17: Elementos maiores e menores das amostras da Mina Almas determinados via ICP-OES/FRX. O
Fe2O3, o FeO e o PPC foram determinados via úmida. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
ICP-OES (%)
Amostras SiO2 Fe2O3 FeO Al2O3 P2O5 MnO2 CaO MgO TiO2 PPC Ʃ
MCF-08 42,83 56,97 0,11 0,02 0,03 0,01 <0,012 <0,002 0,01 0,29 100,27
MCF-09 4,66 88,83 0,06 3,44 0,56 0,41 <0,012 0,01 0,04 3,12 100,13
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
91
Comportamento dos elementos-traços
As concentrações dos elementos-traços das amostras da Mina Almas encontram-se na Tabela
5.18. A amostra de hematita compacta (MCF-09) e a amostra de itabirito (MCF-08) possui somatório
de elementos-traços igual a 109,3 e 9,76 ppm respectivamente. Todos os elementos-traços analisados
da amostra de itabirito possuem concentrações inferiores quando comparado com a amostra de
hematita compacta.
A amostra de hematita compacta apresenta baixa concentração em Sc (1,32 ppm),
Hf (0,13 ppm) e Th (0,49 ppm), a amostra de itabirito dessa mina apresenta também concentrações
baixas nesses elementos quando comparada com as amostras de hematita compacta.
Tabela 5. 18: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos elementos-traços das amostras da
Mina Almas pertencente ao Complexo Fazendão. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
Amostras Sc V Cr Ni Ga Rb Zr Nb Mo Sb Cs Ba Hf Pb Th U Ʃ
MCF-08 <LQ 3,88 <LQ 0,18 <LQ <LQ 0,86 <LQ 0,45 0,03 <LQ 2,64 0,02 1,22 <LQ 0,48 9,76
MCF-09 1,32 11,43 41,03 1,40 0,58 <LQ 4,93 0,30 1,09 0,14 0,01 30,90 0,13 14,21 0,49 1,42 109,3
Comportamento dos ETR’s + Y
A amostra de hematita compacta (MCF-09) e a amostra de itabirito (MCF-08) apresenta
somatório de ETR’s + Y igual a 15,71 e 2,99 ppm, respectivamente, conforme apresentado na Tabela
5.19. Pode-se observar também, que todos os ETR’s + Y da amostra de itabirito coletada apresentam
concentrações inferiores às amostras de hematita compacta dessa mina.
Tabela 5.19: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da Mina
Almas pertencente ao Complexo Fazendão. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
Amostras La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Y Er Tm Yb Lu Ʃ
MCF-08 0,23 0,43 0,09 0,52 0,15 0,06 0,17 0,02 0,13 0,03 0,97 0,08 0,01 0,08 0,02 2,99
MCF-09 3,00 6,22 0,61 2,20 0,44 0,13 0,43 0,06 0,36 0,07 1,86 0,18 0,02 0,11 0,02 15,71
De acordo com os gráficos apresentados na Figura 5.15, pode-se observar que tanto a amostra
de hematita compacta quanto a amostra de itabirito apresentam anomalias positivas de Eu. É
evidenciado na amostra de itabirito, MCF-08, o enriquecimento e ETRP em relação aos ETRL, já na
amostra de hematita compacta, MCF-09 observa-se o inverso, ou seja, há enriquecimento de ETRL em
relação aos ETRP. As amostras apresentam anomalias positivas de Y.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
92
Figura 5.15: Perfis dos ETR’s + Y das amostras da Mina Almas pertencente ao Complexo Fazendão, com
valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
5.2.4- Comparação das Análises Geoquímicas do Complexo Fazendão
Elementos maiores e menores
As amostras de hematita compacta do Complexo Fazendão possuem grande semelhança
geoquímica entre si, assim como as amostras de itabirito. Os teores de Fe2O3 para as amostras de
hematita compacta do Complexo Fazendão variam entre 87,45-98,51%. Já os teores de Fe2O3 para as
amostras de itabirito variam de 33,42-69,25%. Objetivando-se fazer um estudo comparativo entre os
teores de Fe2O3 e FeO das amostras das minas do Complexo Fazendão foram confeccionados gráficos
que são apresentados nas Figuras 5.16 e 5.17, respectivamente.
Figura 5.16: Teores de Fe2O3 das amostras das minas do Complexo Fazendão.
No gráfico da Figura 5.17 é observado que todas as amostras apresentam concentrações de
FeO menores do que 0,20%. Esse fato pode ser justificado pelos baixos teores de magnetita nas
amostras.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
93
Figura 5.17: Teores de FeO das amostras das minas do Complexo Fazendão.
Com o objetivo de se comparar as concentrações dos elementos maiores e menores das
amostras do Complexo Fazendão foi calculada a média das concentrações das amostras de hematita
compacta e das amostras de itabirito de cada mina, conforme pode ser observado no gráfico da Figura
5.18. As amostras de hematita compacta são constituídas essencialmente por Fe2O3 e as amostras de
itabirito por Fe2O3 e SiO2. Os outros elementos apresentam teores menores do que 1,0%, com exceção
para as amostras de hematita compacta: MCF-03 (1,57% de Al2O3), MCF-05 (1,15% de Al2O3) e
MCF-09 (3,44% de Al2O3 e PPC 3,12%) quando comparado com as outras amostras desse complexo.
Figura 5.18: Teores dos elementos maiores e menores das amostras das minas do Complexo Fazendão.
Elementos-traços
Analisando-se a composição dos elementos-traços das amostras do Complexo Fazendão
verificou-se que a amostra de hematita compacta da Mina Almas (MCF-09) possui um somatório de
elementos-traços, no mínimo duas vezes maior, quando comparado com as outras amostras desse
complexo. Com a intenção de comparar a composição de elementos-traços das amostras desse
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
94
complexo é apresentado o gráfico da Figura 5.19. É facilmente notado nesse gráfico os altos teores dos
elementos V, Cr, Ba e Pb para a amostra de hematita compacta da Mina Almas.
Figura 5.19: Gráfico representando as concentrações, em ppm, dos elementos-traços das amostras de hematita
compacta e das amostras de itabirito do Complexo Fazendão.
ETR’s + Y
Analisando-se a composição dos ETR’s + Y das amostras do Complexo Fazendão verificou-se
que o somatório médio desses elementos foi de 8,40 ppm para as amostras de hematita compacta da
Mina São Luiz, 7,12 e 41,70 ppm para as amostras de hematita compacta MCF-06 e MCF-05 da Mina
Tamanduá, respectivamente. Já a amostra de hematita compacta MCF-09 da Mina Almas apresenta
somatório de ETR’s + Y igual a 15,71 ppm. Para todas as amostras de itabirito analisadas nesse
complexo têm-se um somatório de ETR’s + Y inferior a 7,0 ppm.
A amostra de itabirito (MCF-02) da Mina São Luiz possui um teor de SiO2 igual a 29,28%.
Fazendo-se um balanço de massa, como já descrito anteriormente, o teor de ETR’s + Y seria igual a
9,20 ppm. A amostra de itabirito (MCF-08) da Mina Almas possui 42,83% de SiO2, fazendo-se o
balanço de massa dessa amostra o teor de ETR’s + Y seria 5,24 ppm.
Na Figura 5.20 é apresentado um gráfico comparando as concentrações dos ETR’s + Y das
amostras do Complexo Fazendão. Pode-se observar que todas as amostras do Complexo Fazendão
apresentam anomalias positivas de Eu. É observado que há um enriquecimento dos ETRP em relação
aos ETRL para as amostras MCF-02 (itabirito), MCF-03, MCF-04, MCF-06, MCF-07 (itabirito) e
MCF-08 (itabirito). Nas amostras MCF-01, MCF-05 e MCF-09 é observado um enriquecimento de
ETRL em relação aos ETRP. A amostra de hematita compacta MCF-05 pertencente à Mina Tamanduá
não foi incluída no gráfico da Figura 5.20, pois essa amostra apresenta um comportamento atípico
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
95
quando comparada com as mesmas amostras desse complexo, conforme observado, anteriormente, na
Figura 5.14.
Figura 5.20: Comparação entre os ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito do
Complexo Fazendão, com valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
De acordo com os cálculos propostos por Bau & Dulski 1996 e Planavsky et al. 2010 todas as
amostras analisadas do Complexo Fazendão possuem anomalias positivas de Eu e as anomalias de Ce
são negativas para algumas amostras (amostras de hematita compacta MCF-03 e MCF-04 e as
amostras de itabirito MCF 02, MFC-07 e MCF-08). As anomalias positivas de Ce são representadas
pelas amostras de hematita compacta: MCF-01, MCF-05, MCF-06 e MCF-09. Todas as anomalias
calculadas referentes ao Complexo Fazendão encontram-se na Tabela 5.20.
Tabela 5.20: Razões e anomalias de alguns ETR’s + Y para as amostras do Complexo Fazendão. As amostras de
itabirito são destacadas em cinza na Tabela.
Amostras
(Ce/Ce*)1
(Ce/Ce*)2
(La/La*) (Eu/Eu*)
(Pr/Pr*)
(Sm/Yb)
(Eu/Sm)
Y/Ho (Pr/Yb)
MCF-01 1,19 1,12 1,23 1,66 0,95 2,56 1,66 21,62 1,57
MCF-02 0,85 1,15 1,29 1,64 0,93 0,30 1,88 37,75 0,28
MCF-03 0,49 0,84 1,45 1,37 1,07 0,65 1,40 30,41 0,37
MCF-04 0,25 0,79 1,42 1,47 1,09 1,38 1,47 26,33 0,81
MCF-05 1,64 1,10 1,31 1,94 0,96 5,15 1,66 25,37 4,39
MCF-06 1,44 1,21 1,26 1,83 0,91 0,97 1,69 32,91 0,75
MCF-07 0,99 1,17 2,83 2,01 0,95 0,37 2,24 41,55 0,18
MCF-08 0,14 1,21 6,96 1,99 0,95 0,98 1,96 36,46 0,35
MCF-09 1,31 1,06 1,00 1,51 0,97 2,01 1,49 25,28 1,77
1 = calculado de acordo com Bau & Dulski (1996) e 2 = calculado segundo Bolhar et al. (2004).
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96
Algumas amostras desse complexo possuem a combinação das razões (Ce/Ce*) <1 e
(Pr/Pr*) ≈ 1 o que indica anomalias positivas de La. Para verificação das anomalias de La e Ce, foi
construído o diagrama proposto por Bau & Dulski (1996), apresentado na Figura 5.21.
Figura 5.21: Diagrama (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) paras as amostras do Complexo Fazendão, segundo Bau &
Dulski (1996). I) Sem anomalias de Ce e La; IIa) Anomalias positivas de La apenas; IIb) Anomalias negativas de
La apenas; IIIa) Anomalias positivas de Ce apenas e IIIb) Anomalias negativas de Ce.
De acordo com o diagrama acima as amostras de hematita compacta do Complexo Fazendão
MCF-01 (Mina São Luiz) e MCF-06 (Mina Tamanduá) apresentam apenas anomalias positivas de Ce,
as amostras MCF-03 e MCF-04 (Mina São Luiz) apresentam apenas anomalias negativas de Ce, as
amostras MCF-05 (Mina Tamanduá) e MCF-09 (Mina Almas) apresentam apenas anomalias negativas
de La e a amostras de itabirito MCF-08 (Mina Almas) apresenta apenas anomalias positivas de La. O
diagrama apresentado na Figura 5.21 foi expandido devido as concentrações encontradas para as
razões entre Ce e Pr, isso foi feito com a intenção de verificar o comportamento das amostras com
concentrações diferentes daquelas propostas por Bau & Dulski (1996). Com o objetivo de verificar,
ainda, as anomalias de Ce e La, calculou-se as anomalias de Ce de acordo com a equação proposta por
Bolhar et al. (2004) e modificou-se o diagrama proposto por Bau & Dulski (1996), apresentado na
Figura 5.22.
IIIa IIb
I
IIa IIIb
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
97
Figura 5.22: Diagrama (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) paras as amostras do Complexo Fazendão, modificado de Bau
& Dulski (1996). I) Sem anomalias de Ce e La; IIa) Anomalias positivas de La apenas; IIb) Anomalias negativas
de La apenas; IIIa) Anomalias positivas de Ce apenas; IIIb) Anomalias negativas de Ce.
Analisando-se o gráfico anterior, nota-se que as amostras de hematita compacta MCF-01
(Mina São Luiz) e MCF-06 (Mina Tamanduá) e as amostras de itabirito MCF-02 (Mina São Luiz) e
MCF-07 (Mina Tamanduá) apresentam apenas anomalias positivas de Ce. Já as amostras de hematita
compacta MCF-05 (Mina Tamanduá), MCF-09 e a amostra de itabirito MCF-08, pertencentes a Mina
Almas, apresentam apenas anomalias negativas de La e as amostras de hematita compacta MCF-03 e
MCF-04, pertencentes a Mina São Luiz, apresentam apenas anomalias negativas de Ce.
De acordo com Bau & Moller (1993), apenas algumas amostras estudadas do Complexo
Fazendão, possuem (Eu/Sm) >1 e (Sm/Yb) <1, conforme pode ser observado na Tabela 5.20. As
amostras de hematita compacta MCF-01, MCF-04, MCF-05 e MCF-09 possuem a razão (Sm/Yb) >1.
Analisando-se a Tabela 5.20, observa-se que as amostras de hematita compacta MCF-01
(Mina São Luiz), MCF-05 (Mina Tamanduá) e MCF-09 (Mina Almas) apresentam razões Y/Ho
menores do que 26, indicando assim anomalias negativas de Y. As demais amostras apresentam
anomalias positivas de Y. De forma geral, a média das razões Y/Ho para as amostras de hematita
compacta do Complexo Fazendão é igual a 27,00 e para as amostras de itabirito a média das razões
Y/Ho é igual a 38,59.
As amostras do Complexo Fazendão que apresentam (Pr/Yb)PAAS >1, Tabela 5.20, são as
amostras de hematita compacta MCF-01, MCF-05 e MCF-09, conforme pode ser observado no gráfico
Eu/Eu* versus (Pr/Yb)PAAS, apresentado na Figura 5.23. Na Figura 5.24 é apresentado um gráfico do
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
1,30
1,40
1,50
1,60
1,70
0,80 0,85 0,90 0,95 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20
Ce/
Ce*
Pr/Pr*
IIIa IIb
I
IIIb IIa
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
98
somatório de ETR’s + Y versus (Pr/Yb)PAAS. Portanto a maioria das amostras desse complexo
apresentam (Pr/Yb)PAAS <1, indicando então um enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL.
Figura 5.23: Eu/Eu* versus (Pr/Yb)PAAS para as amostras do Complexo Fazendão.
Figura 5.24: Somatório de ETR’s + Y versus (Pr/Yb)PAAS para as amostras do Complexo Fazendão.
5.3- COMPLEXO ITABIRA
A Mina Conceição e a Mina Periquito pertencem ao Complexo Itabira. A determinação da
composição e dos teores dos elementos maiores, menores, traço, inclusive os ETR’s + Y de cada mina
são apresentados a seguir.
MCF-01
MCF-09
MCF-05
MCF-09
MCF-05
MCF-01
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
99
5.3.1- Mina Conceição
Determinação dos elementos maiores e menores
Analisando-se as amostras da Mina Conceição, Tabela 5.21, observa-se que a composição
química da amostra de hematita compacta (MC-01) apresenta diferenças nos teores quando comparado
com a amostra de itabirito (MC-02). Na amostra de hematita compacta os teores são iguais a: 0,23%
de Al2O3, 0,08% de MgO, 0,06% de MnO2, <LQ de P2O5, 0,02% TiO2, 0,07% de FeO e 98,86% de
Fe2O3. Já para as amostras de itabirito esses teores são iguais a: 0,44% de Al2O3, 0,67% de MgO,
0,05% de MnO2, 0,06% de P2O5, 53,02% de SiO2, 0,04% de TiO2, 0,20% de FeO e 44,68% de Fe2O3.
O valor de PPC da amostra de hematita compacta foi de 0,18% e o valor para a amostra de itabirito foi
de 0,19%.
Tabela 5.21: Elementos maiores e menores das amostras da Mina Conceição determinados via ICP-OES/FRX.
O Fe2O3, o FeO e o PPC foram determinados via úmida. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
ICP-OES (%)
Amostras SiO2 Fe2O3 FeO Al2O3 P2O5 MnO2 CaO MgO TiO2 PPC Ʃ
MC-01 <0,146 98,86 0,07 0,23 <0,01 0,06 <0,01 0,08 0,02 0,18 99,50
MC-02 53,02 44,68 0,20 0,44 0,06 0,05 <0,01 0,67 0,04 0,19 99,35
Comportamento dos elementos-traços
As concentrações dos elementos-traços das amostras da Mina Conceição encontram-se na
Tabela 5.22. A amostra de hematita compacta, MC-01, possui um somatório de elementos-traços igual
a 30,53 ppm. Já a amostra de itabirito, MC-02, possui um somatório de elementos-traços igual a
33,23 ppm. Os seguintes elementos-traços da amostra de itabirito: Cr, Ni, Hf e Th possuem
concentrações superiores quando comparado com a amostra de hematita compacta. Pode-se observar
que tanto a amostra de hematita compacta quanto a amostra de itabirito possuem teores dos elementos-
traços Rb, Cs e Ba inferiores ao LQ do equipamento
A amostra de hematita compacta apresenta baixa concentração em Sc (0,42 ppm),
Hf (0,07 ppm) e Th (0,24 ppm) que são elementos-traços que indicam contaminação clástica. A
amostra de itabirito dessa mina também apresenta baixas concentrações nesses elementos-traços.
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100
Tabela 5.22: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos elementos-traços das amostras da
Mina Conceição pertencente ao Complexo Itabira. A amostra de itabirito é destacada em cinza na Tabela.
Amostras Sc V Cr Ni Ga Rb Zr Nb Mo Sb Cs Ba Hf Pb Th U Ʃ
MC-01 0,42 14,01 8,87 0,74 0,49 <LQ 3,06 0,25 0,85 0,03 <LQ <LQ 0,07 0,68 0,24 0,82 30,53
MC-02 0,20 11,86 15,26 1,18 0,26 <LQ 2,99 <LQ 0,19 0,02 <LQ <LQ 0,08 0,64 0,26 0,28 33,23
Comportamento dos ETR’s + Y
A amostra de hematita compacta, MC-01, apresenta um somatório de ETR’s + Y igual a
7,91 ppm e a amostra de itabirito, MC-02, apresenta um somatório igual a 5,98 ppm, os valores das
concentrações dos ETR’s + Y são encontrados na Tabela 5.23.
A amostra de itabirito, MC-02 coletada possui 44,68% de SiO2, fazendo-se um balanço de
massa, ou seja, desconsiderando o teor de sílica e considerando 100% de ferro total dessa amostra o
teor de ETR’s + Y seria 13,38 ppm.
Tabela 5.23: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da Mina
Conceição pertencente ao Complexo Itabira. A amostra de itabirito é destacada na Tabela.
Amostras La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Y Er Tm Yb Lu Ʃ
MC-01 1,41 2,79 0,36 1,48 0,25 0,08 0,25 0,03 0,16 0,03 0,87 0,09 0,01 0,08 0,02 7,91
MC-02 0,88 1,70 0,24 1,11 0,23 0,08 0,22 0,03 0,16 0,03 1,04 0,10 0,02 0,12 0,02 5,98
De acordo com os gráficos apresentados na Figura 5.25, pode-se observar que ambas as
amostras apresentam anomalia positiva de Eu. Os ETRL e os ETRP apresentam um comportamento
horizontalizado. São observadas também, anomalias positivas de Y para ambas as amostras.
Figura 5.25: Perfis dos ETR’s + Y das amostras da Mina Conceição pertencente ao Complexo Itabira, com
valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
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5.3.2- Mina Periquito
Determinação dos elementos maiores e menores
A composição química das amostras de hematita compacta da Mina Periquito (MC-04,
MC-06, MC-08 e MCF-10) é apresentada na Tabela 5.24, observa-se que os teores de Al2O3 variam
entre 0,06-0,31%, os teores de CaO variam de 0,02 a 0,18%, os teores de MgO são inferiores a 0,12%,
as concentrações de MnO2 são inferiores a 0,06%, as concentrações de P2O5 são menores do que
0,28% e os teores de SiO2 são inferiores a 0,27%. As concentrações de TiO2 são menores do que
0,04%, os teores de FeO são inferiores a 0,20% e as amostras possuem teores de Fe2O3 que variam
entre 98,59-99,74%. Os valores de PPC são inferiores a 0,43%.
As amostras de itabirito (MC-03, MC-05, MC-07 e MC-09) possuem a seguinte composição:
os teores de Al2O3 variam entre 0,06 a 0,84%, os teores de CaO são inferiores a 0,05%, os teores de
MgO variam entre 0,01-0,12%, os teores de MnO2 apresentam-se inferiores a 0,14%, as
concentrações de P2O5 são menores do que 0,06% e os teores de TiO2 são menores do que 0,03%. As
concentrações de FeO variam entre 0,10 e 0,16% e as concentrações de Fe2O3 variam entre 44,94-
60,3%. Os valores de PPC são inferiores a 0,43%.
Tabela 5.24: Elementos maiores e menores das amostras da Mina Periquito determinados via ICP-OES/FRX. O
Fe2O3, o FeO e o PPC foram determinados via úmida. As amostras de itabirito são destacadas em cinza na
Tabela. (*) Valor determinado por FRX.
ICP-OES (%)
Amostras SiO2 Fe2O3 FeO Al2O3 P2O5 MnO2 CaO MgO TiO2 PPC Ʃ
MC-03 36,66 60,31 0,12 0,84 0,05 0,07 0,03 0,04 0,03 0,43 99,58
MC-04 <0,146 98,97 0,10 0,31 <0,0054 0,04 0,02 0,02 0,04 0,13 99,63
MC-05 47,73 50,75 0,10 0,06 0,06 0,06 0,02 0,05 0,01 0,10 98,94
MC-06 <0,146 98,59 0,20 0,06 <0,0054 0,06 0,02 0,05 0,01 0,03 99,02
MC-07 53,00 45,38 0,16 0,15 0,05 0,07 0,04 0,12 0,01 0,17 99,15
MC-08 <0,146 99,74 0,14 0,09 <0,0054 0,01 0,02 0,05 0,01 0,02 100,08
MC-09 53,03 44,94 0,12 0,17 0,04 0,14 0,05 0,01 0,02 0,19 98,71
MC-10 *0,27 98,76 0,14 0,26 0,28 0,05 0,18 0,12 0,02 0,43 100,24
Comportamento dos elementos-traços
As concentrações dos elementos-traços das amostras de hematita compacta da Mina Periquito
(Tabela 5.25) possui um somatório variando entre 22,61-61,26 ppm (média 39,20 ppm) enquanto que
as amostras de itabirito possui um somatório variando entre 26,64-64,94 ppm (média 40,76 ppm). É
notado também que para todas as amostras analisadas dessa mina têm-se as concentrações dos
elementos-traços Rb e Cs inferiores ao LQ do equipamento e algumas amostras possuem as
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concentrações dos elementos-traços Sc, Ni, Ga, Nb e Th também inferiores ao limite de quantificação
do equipamento.
Todas as amostras de hematita compacta apresentam baixa concentração em Sc (<0,47 ppm),
Hf (0,03-0,10 ppm) e Th (<0,31 ppm) que são elementos-traços que indicam contaminação clástica, as
amostras de itabirito dessa mina apresentam também concentrações baixas nesses elementos-traços.
Tabela 5.25: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos elementos-traços das amostras da
Mina Periquito pertencente ao Complexo Itabira. As amostras de itabirito são destacadas na Tabela.
Amostras Sc V Cr Ni Ga Rb Zr Nb Mo Sb Cs Ba Hf Pb Th U Ʃ
MC-03 0,31 12,06 9,83 9,95 0,30 <LQ 3,90 <LQ 0,12 0,02 <LQ 2,91 0,09 0,32 0,17 0,46 40,43
MC-04 0,47 19,30 9,26 4,93 0,37 <LQ 5,27 0,38 0,42 0,21 <LQ 4,79 0,10 0,54 0,31 0,94 47,29
MC-05 <LQ 6,84 2,45 0,18 <LQ <LQ 1,68 <LQ 1,02 0,02 <LQ 18,28 0,04 0,34 <LQ 0,19 31,04
MC-06 <LQ 3,08 3,37 <LQ <LQ <LQ 1,66 0,13 0,65 0,05 <LQ 15,93 0,03 0,27 <LQ 0,53 25,69
MC-07 <LQ 19,32 1,91 0,69 <LQ <LQ 1,63 <LQ 0,37 0,02 <LQ 1,59 0,03 0,64 <LQ 0,46 26,64
MC-08 <LQ 48,66 8,49 <LQ 0,38 <LQ 1,64 <LQ 1,39 0,05 <LQ <LQ 0,04 0,27 <LQ 0,32 61,23
MC-09 <LQ 5,88 10,91 0,74 0,26 <LQ 1,55 <LQ 0,05 0,02 <LQ 44,40 0,04 0,56 0,14 0,38 64,94
MC-10 0,23 9,98 <LQ <LQ 0,47 <LQ 3,10 0,21 0,55 0,04 <LQ 6,85 0,07 0,39 <LQ 0,73 22,61
Comportamento dos ETR’s + Y
As concentrações dos ETR’s + Y presentes nas amostras da Mina Periquito encontram-se na
Tabela 5.26. O somatório de ETR’s + Y das amostras de hematita compacta variam de 1,44-13,76 ppm
(média 6,08 ppm). Já para as amostras de itabirito têm-se um somatório de ETR’s + Y variando entre
2,78-10,72 ppm (média 6,50 ppm).
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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Tabela 5.26: Composição geoquímica, com as concentrações em ppm, dos ETR’s + Y das amostras da Mina
Periquito pertencente ao Complexo Itabira. As amostras de itabirito são destacadas em cinza na Tabela.
Amostras La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Y Er Tm Yb Lu Ʃ
MC-03 2,12 3,35 0,51 2,16 0,46 0,14 0,37 0,04 0,20 0,04 1,06 0,11 0,02 0,12 0,02 10,72
MC-04 2,71 3,79 0,58 2,31 0,28 0,10 0,29 0,04 0,21 0,05 1,48 0,14 0,02 0,17 0,03 13,76
MC-05 0,41 0,61 0,08 0,34 0,08 0,03 0,11 0,02 0,14 0,04 1,78 0,13 0,02 0,14 0,03 3,96
MC-06 0,29 0,55 0,06 0,29 0,08 0,03 0,09 0,01 0,07 0,02 0,85 0,05 0,01 0,05 0,01 2,46
MC-07 0,31 0,65 0,08 0,43 0,14 0,08 0,31 0,07 0,57 0,15 4,61 0,48 0,08 0,50 0,09 8,55
MC-08 0,24 0,40 0,06 0,27 0,07 0,03 0,06 0,01 0,04 0,01 0,16 0,02 0,01 0,01 0,01 1,44
MC-09 0,40 0,59 0,08 0,36 0,09 0,03 0,11 0,02 0,12 0,03 0,77 0,08 0,01 0,08 0,01 2,78
MC-10 0,57 0,94 0,13 0,67 0,19 0,08 0,28 0,05 0,35 0,09 2,56 0,30 0,05 0,34 0,07 6,67
De acordo com os gráficos apresentados na Figura 5.26, pode-se observar que todas as
amostras da Mina Periquito apresentam anomalias positivas de Eu. Observa-se também que em alguns
gráficos são evidenciados o enriquecimento de ETRP em relação aos ETRL (MC-05, MC-06, MC-07,
MC-09 e MC-10). Há também enriquecimento dos ETRL em relação aos ETRP como podem ser
observados nos gráficos das amostras de itabirito MC-03 e MC-08. São observadas, na maioria das
amostras, anomalias positivas de Y.
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Figura 5.26: Perfis dos ETR’s + Y das amostras da Mina Periquito pertencente ao Complexo Itabira, com
valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
5.3.3- Comparação das Análises Geoquímicas do Complexo Itabira
Elementos maiores e menores
Os teores de Fe2O3 para as amostras de hematita compacta do Complexo Itabira variam entre
98,59-99,74%. Já os teores de Fe2O3 para as amostras de itabirito variam entre 44,68-60,3%. Na
Figura 5.27 é apresentado um gráfico comparando os teores de Fe2O3 das amostras das minas
pertencentes ao Complexo Itabira. No gráfico da Figura 5.28 é observado que todas as amostras
apresentam valores de FeO menores do que 0,20%. Esse fato pode ser justificado pelos baixos teores
de magnetita encontrados nas amostras.
Figura 5.27: Teores de Fe2O3 das amostras das minas do Complexo de Itabira.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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Figura 5.28: Teores de FeO das amostras das minas do Complexo de Itabira.
A determinação dos outros elementos maiores e menores encontram-se na Figura 5.29.
É observado que as amostras de hematita compacta são formadas essencialmente por Fe2O3 e as
amostras de itabirito por Fe2O3 e por SiO2. Os outros elementos determinados possuem composição
semelhante, com teores inferiores a 1%.
Figura 5.29: Teores dos elementos maiores e menores das amostras das minas do Complexo Itabira.
Elementos-traços
Observando-se a composição das amostras do Complexo Itabira verificou-se que a amostra de
hematita compacta da Mina Periquito (MC-08) possui uma concentração do elemento-traço V no
mínimo duas vezes maior quando comparado com as outras amostras. O mesmo acontece para a
amostra de itabirito MC-09 com relação ao elemento Ba. Uma semelhança notável entre as amostras
das minas desse complexo é que em ambas as minas as amostras analisadas possuem concentrações
inferiores ao LQ do equipamento para os elementos-traços Rb e Cs. Já as amostras da Mina Conceição
possuem valores do elemento-traço Ba inferiores ao LQ enquanto que as amostras da Mina Periquito
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(exceto a amostra MC-08) apresentam concentração considerável desse elemento. Com a intenção de
comparar a composição dos elementos-traços das amostras do Complexo Itabira é apresentado o
gráfico da Figura 5.30. Observam-se nesse gráfico os altos valores dos elementos-traços V e Ba para
algumas amostras.
Figura 5.30: Gráfico representando as concentrações, em ppm, dos elementos-traços das amostras de hematita
compacta e das amostras de itabirito do Complexo Itabira.
ETR’s + Y
Analisando-se a composição dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das
amostras de itabirito do Complexo Itabira, verificou-se que o somatório do ETR’s + Y é igual a
7,91 ppm para a amostra de hematita compacta (MC-01) e 5,98 ppm para a amostra de itabirito
(MC-02) ambas as amostras pertencentes a Mina Conceição. Já as amostras da Mina Periquito
apresentam um somatório médio de 6,08 e 6,50 ppm para as amostras de hematita compacta e para as
amostras de itabirito, respectivamente. Na Figura 5.31 é apresentado um gráfico comparando as
concentrações dos ETR’s + Y das amostras do Complexo Itabira. É Observado que a maioria das
amostras evidenciam um enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL. A amostra de hematita
compacta MC-08 não foi inserida no gráfico da Figura 5.31, visto que ela possui um comportamento
diferente em relação às outras amostras desse complexo.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
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Figura 5.31: Comparação entre os ETR’s + Y do Complexo Itabira, com valores normalizados pelo PAAS
(McLennan 1989).
Utilizando o cálculo das anomalias de Eu e Ce (Bau & Dulski 1996 e Planavsky et al. 2010)
todas as amostras do Complexo Itabira analisadas possuem anomalias positivas de Eu. A maioria das
amostras do Complexo Itabira apresentam anomalias negativas de Ce, porém algumas amostras
apresentam anomalias positivas de Ce (amostras de hematita compacta MC-01 e MC-04 e pela
amostra de itabirito MC-07). Todas as anomalias calculadas referentes ao Complexo Itabira
encontram-se na Tabela 5.27.
Tabela 5.27: Razões e anomalias de alguns ETR’s + Y para as amostras do Complexo Itabira. As amostras de
itabirito são destacadas em cinza na Tabela.
Amostras (Ce/Ce*)1
(Ce/Ce*)2
(La/La*) (Eu/Eu*)
(Pr/ Pr*)
(Sm/Yb)
(Eu/Sm)
Y/Ho (Pr/Yb)
MC-01 1,10 0,92 1,05 1,72 1,04 1,52 1,63 27,47 1,35
MC-02 0,53 1,00 1,46 1,94 1,00 0,97 1,84 30,81 0,62
MC-03 0,69 0,81 1,19 1,73 1,10 1,91 1,53 28,92 1,34
MC-04 1,20 0,75 1,16 1,84 1,14 0,86 1,83 31,81 1,11
MC-05 0,85 1,05 1,80 1,88 0,98 0,29 2,25 47,78 0,18
MC-06 0,82 1,18 1,66 2,08 0,93 0,78 2,19 49,16 0,40
MC-07 1,10 1,33 2,76 1,56 0,90 0,15 2,73 30,81 0,05
MC-08 0,66 0,89 1,40 2,49 1,05 2,41 2,30 24,80 1,30
MC-09 0,58 0,98 1,70 1,67 1,01 0,59 1,87 28,69 0,34
MC-10 0,60 1,13 2,57 1,79 0,96 0,28 2,28 29,07 0,12
1 = calculado de acordo com Bau & Dulski (1996) e 2 = calculado segundo Bolhar et al. (2004).
Algumas amostras desse complexo possuem a combinação das razões (Ce/Ce*) <1 e
(Pr/Pr*) ≈ 1 o que indica anomalias positivas La. Para verificação das anomalias de La e Ce, foi
construído o diagrama proposto por Bau & Dulski (1996), apresentado na Figura 5.32.
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Figura 5. 32: Diagrama (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) paras as amostras do Complexo Itabira, segundo Bau & Dulski
(1996). I) Sem anomalias de Ce e La; IIa) Anomalias positivas de La apenas; IIb) Anomalias negativas de La
apenas; IIIa) Anomalias positivas de Ce apenas; IIIb) Anomalias negativas de Ce.
É observado, de acordo com o diagrama acima, que a amostra de hematita compacta MC-01
apresenta apenas anomalias negativas de La, a amostra de itabirito MC-07 apresenta apenas anomalias
positivas de Ce. A amostra de itabirito MC-03 apresenta apenas anomalias negativas de Ce e as
amostras de hematita compacta MC-08 e MC10 e as amostras de itabirito MC-02, MC-05 e MC-09
apresentam apenas anomalias positivas de La. Calculou-se também, as anomalias de Ce de acordo com
a equação proposta por Bolhar et al. (2004) e modificou-se o diagrama proposto por Bau & Dulski
(1996), apresentado na Figura 5.33.
Figura 5.33: Diagrama (Ce/Ce*) versus (Pr/Pr*) paras as amostras do Complexo Itabira, modificado de
Bau & Dulski (1996). I) Sem anomalias de Ce e La; IIa) Anomalias positivas de La apenas; IIb) Anomalias
negativas de La apenas; IIIa) Anomalias positivas de Ce apenas; IIIb) Anomalias negativas de Ce.
IIIa IIb
I
IIa IIIb
IIIa IIb
I
IIa IIIb
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
109
Analisando-se o gráfico da Figura 5.33, nota-se que a amostra de hematita compacta MCF-06
apresenta apenas anomalias positivas de Ce, a amostra de hematita compacta MC-10 apresenta apenas
anomalias negativas de La e as amostras de hematita compacta MC-01 e MC-08 apresentam apenas
anomalias positivas de La. A amostra de hematita compacta MC-04 e a amostra de itabirito MC-03
apresentam anomalias negativas de Ce e as amostras de itabirito MC-02 e MC-09 não apresentam nem
anomalias de Ce nem anomalias de La.
De acordo com Bau & Moller (1993), apenas algumas amostras estudadas do Complexo
Itabira, possuem (Eu/Sm) >1 e (Sm/Yb) <1, conforme é apresentado na Tabela 5.27, as exceções
foram as amostras de hematita compacta MC-01 e MC-08 e a amostra de itabirito MC-03 que
possuem a razão (Sm/Yb) >1.
De acordo com a Tabela 5.27, é observado que apenas a amostra de hematita compacta MC-08
apresenta razão Y/Ho menor do que 26, indicando assim anomalias negativas de Y. As demais
amostras apresentam anomalias positivas de Y. De forma geral, a média das razões Y/Ho para as
amostras de hematita compacta do Complexo Itabira é igual a 32,46 e para as amostras de itabirito
desse mesmo complexo a média das razões Y/Ho é igual a 33,40.
As amostras do Complexo Itabira que apresentam (Pr/Yb)PAAS >1, Tabela 5.27, são as
amostras de hematita compacta MC-01, MC-04 e MC-08 e a amostra de itabirito MC-03, conforme
pode ser observado no gráfico Eu/Eu* versus (Pr/Yb)PAAS e no gráfico somatório de ETR’s + Y versus
(Pr/Yb)PAAS apresentados nas Figuras 5.34 e 5.35, respectivamente. As outras amostras desse
complexo apresentam (Pr/Yb)PAAS <1, indicando então um enriquecimento dos ETRP em relação aos
ETRL.
Figura 5.34: Eu/Eu* versus (Pr/Yb)PAAS para as amostras do Complexo Itabira.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
110
Figura 5.35: Somatório de ETR’s + Y versus (Pr/Yb)PAAS para as amostras do Complexo Itabira.
5.4- COMPARAÇÃO DAS ANÁLISES GEOQUÍMICAS ENTRE OS COMPLEXOS
ITABIRITO, FAZENDÃO E ITABIRA
Elementos maiores e menores
Com o objetivo de se comparar os teores de Fe2O3 e os teores de óxido de FeO foram
calculou-se as médias das concentrações das amostras de hematita compacta e das amostras de
itabirito de cada mina estudada. Foram confeccionados gráficos que se encontram nas Figuras 5.36 e
5.37, respectivamente.
Figura 5. 36: Comparação dos teores de Fe2O3 das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito do
Complexo Itabirito (Minas Galinheiro, do Pico e Sapecado), Complexo Fazendão (Minas São Luiz, Tamanduá e
Almas) e Complexo Itabira (Minas Conceição e Periquito).
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
111
Figura 5.37: Comparação dos teores de FeO das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito do
Complexo Itabirito (Minas Galinheiro, do Pico e Sapecado), Complexo Fazendão (Minas São Luiz, Tamanduá e
Almas) e Complexo Itabira (Minas Conceição e Periquito).
Comparando-se as minas estudadas, a Mina do Pico é a que apresenta amostras de hematita
compacta com maiores concentrações em Fe2O3, seguida pela Mina Periquito. A mina que apresenta
amostras de hematita compacta com menores concentrações em Fe2O3 é a Mina Almas. Os teores
médios de Fe2O3 das amostras de hematita compacta das minas estudadas variam entre 88,83-99,74%.
Já as amostras de itabirito apresentam concentrações de Fe2O3 variando entre 33,42-69,25%.
Os teores de FeO tanto das amostras de hematita compacta quanto os teores das amostras de
itabirito apresentam valores menores do que 1,0%. Esse fato pode ser justificado pela baixa
concentração de magnetita nas amostras analisadas.
Elementos-traços, inclusive os ETR’s + Y
Com o objetivo de comparar as concentrações dos elementos-traços das amostras das minas
estudadas foi calculada a média para as amostras de hematita compacta e para as amostras de itabirito
(Figura 5.38). É possível observar que as amostras de hematita compacta que apresentam os maiores
teores de elementos-traços são: as amostras da Mina Almas pertencente ao Complexo Fazendão
seguido pela Mina Galinheiro pertencente ao Complexo Itabirito. As amostras de hematita compacta
que apresentam menores concentrações em elementos-traços são: Mina Almas e Mina Tamanduá
ambas pertencentes ao Complexo Fazendão, seguido pela Mina Conceição Pertencente ao Complexo
Itabira.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
112
Figura 5.38: Comparação dos elementos-traços das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito
das minas do Complexo Itabirito (Minas Galinheiro, do Pico e Sapecado), Complexo Fazendão (Minas São Luiz,
Tamanduá e Almas) e Complexo Itabira (Minas Conceição e Periquito).
As concentrações dos elementos-traços das amostras de hematita compacta são maiores
quando comparado com as amostras de itabirito da mesma mina, exceto para as minas Conceição e
Periquito (pertencente ao Complexo Itabira), conforme pode ser observado na Figura 5.39.
Figura 5.39: Gráfico binário relacionando o somatório de elementos-traços das amostras de hematita compacta
com o somatório de elementos-traços das amostras de itabirito das minas estudadas.
Na Figura 5.40, são apresentados gráficos binários, relacionando o elemento-traço Zr e os
elementos-traços: Th, Hf e Sc que são elementos que indicam contaminação clástica. É observada uma
correlação positiva para a maioria das amostras, indicando que as concentrações desses elementos são
proporcionais. As concentrações desses elementos são baixas para as amostras de hematita compacta e
as amostras de itabirito apresentam concentrações inferiores às amostras de hematita compacta para
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
113
esses elementos. Portanto, de acordo com Filho (2012), tem-se principalmente contribuição mantélica
na formação dessas amostras.
Figura 5.40: Gráficos binários entre o elemento-traço Zr e os elementos-traços: Th, Hf, Nb e Sc.
Com o objetivo de se comparar as concentrações dos ETR’s + Y das minas estudadas
calculou-se a média para as amostras de hematita compacta e para as amostras de itabirito de cada
mina (Figuras 5.41 e 5.42). É possível observar que as amostras de hematita compacta apresentam
concentrações superiores de ETR’s + Y quando comparado com as concentrações de ETR’s +Y das
amostras de itabirito da mesma mina. No caso da Mina Periquito (Complexo Itabira) tem-se que as
concentrações dos ETR’s + Y das amostras de hematita e de itabirito são similares. Esse fato está de
acordo com os estudos de McLennan & Taylor (1991) e Murray et al. (1991) que diz que os elementos
terras raras apresentam pouca mobilidade durante processos pós-deposicionais.
Figura 5.41: Comparação dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito do
Complexo Itabirito (Minas Galinheiro, do Pico e Sapecado), Complexo Fazendão (Minas São Luiz, Tamanduá e
Almas) e Complexo Itabira (Minas Conceição e Periquito).
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
114
Figura 5.42: Gráfico binário relacionando o somatório de ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das
amostras de itabirito das minas estudadas.
5.5- COMPARAÇÃO DAS ANÁLISES GEOQUÍMICAS REALIZADAS COM OS
DADOS DA LITERATURA
Com o objetivo de comparar as análises geoquímicas das amostras de minério hematítico
compacto das minas dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira com dados encontrados na literatura
são apresentados dados geoquímicos referentes às amostras de hematita compacta da Mina de Águas
Claras que também é localizada no Quadrilátero Ferrífero (Spier et al. 2007), em que as amostras são
representadas por MAC e da Mina de Meghatuburu pertencente ao Grupo Noamundi na Índia
(Beukes et al. 2008), em que as amostras são representadas por MM.
Segundo Spier et al. (2007), os minérios compactos da Mina de Águas Claras são constituídos,
principalmente, por hematita que podem se apresentar como martita, hematita tabular e especularita, e
possuem concentrações baixas de elementos-traços. Segundo esses autores, os minérios hematítico
compactos dessa mina possuem origem que envolve, no mínimo, dois processos de mineralização,
sendo eles: processos hipogênicos e supergênicos.
A composição química (%) média dos elementos maiores e a média do PPC das amostras de
hematita compacta e das amostras de itabirito dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira são
apresentados na Tabela 5.28, assim como a composição química (%) média das amostras de hematita
compacta da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu.
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
115
Tabela 5.28: Composição química (%) média dos elementos maiores e menores das amostras dos complexos
Itabirito, Fazendão, Itabira, da Mina de Águas Claras (MAC) e da Mina de Meghatuburu (MM).
Compostos Complexo Itabirito
Hem Itab
Complexo Fazendão
Hem Itab
Complexo Itabira
Hem Itab
MAC
Hem
MM
Hem
Fe2O3 99,15 51,32 94,31 53,21 99,0 49,21 97,66 97,80
FeO 0,34 0,27 0,10 0,13 0,13 0,14 0,82 -
P2O5 0,11 0,22 0,18 0,32 <LQ 0,046 0,13 <0,01
Al2O3 0,20 0,13 1,23 0,12 0,19 0,33 0,24 0,27
SiO2 <LQ 48,07 3,37 45,79 <LQ 48,69 0,66 0,50
MnO2 0,02 0,014 0,13 0,063 0,047 0,08 0,03 0,012
CaO 0,03 <LQ <LQ 0,27 0,06 0,03 0,33 0,01
MgO 0,008 0,013 0,01 0,03 0,06 0,18 0,22 <0,01
TiO2 0,016 0,014 0,04 0,02 0,02 0,02 0,018 0,01
LOI 0,25 0,26 1,00 0,32 0,16 0,22 0,52 1,40
Ʃ 100,12 100,30 101,37 100,27 99,67 99,95 100,63 100,02
Hem = hematita compacta; Itab = itabirito.
Conforme pode ser observado na Tabela 5.28, a principal diferença entre as amostras de
hematita compacta e as amostras de itabirito dos complexos estudados são os teores de Fe2O3 e SiO2,
sendo inversamente proporcionais. Analisando-se apenas as amostras de hematita compacta pode-se
observar que tanto as amostras analisadas nesse trabalho quanto as amostras da Mina de Águas Claras
e da Mina de Meghatuburu apresentam composição química simples, sendo constituídos
essencialmente por Fe2O3. Os teores médios das concentrações de Fe2O3 são superiores a 94,0% para
as minas dos complexos estudados e para as minas utilizadas como comparação. Todas as amostras
apresentam teores de FeO menores do que 1,0%, indicando que essas amostras apresentam baixa
concentração em magnetita. Os teores de P2O5 são inferiores a 0,18% e os teres de Al2O3 são inferiores
a 0,27%, exceto para as amostras hematita compacta do Complexo Fazendão que apresentam cerca de
1,23% de Al2O3. As concentrações de SiO2 são menores do que 0,66%, exceto para as amostras de
hematita compacta do Complexo Fazendão que apresentam cerca de 4,37% em SiO2. Os teores de
MnO2 são menores do que 0,012%, exceto para as amostras do Complexo Fazendão que apresentam
cerca de 0,13% em MnO2. Os teores de CaO das amostras de hematita compacta apresentam
concentrações menores do que 0,06%, enquanto que as amostras da Mina de Águas Claras apresentam
concentração média de CaO igual a 0,33% e as amostras da Mina de Meghatuburu apresentam cerca
de 0,01% de CaO. É observado, na Tabela 5.28, que as minas apresentam concentrações inferiores a
0,013% em MgO, exceto a Mina de Águas Claras que apresentam cerca de 0,22% em MgO. Todas as
minas apresentam teores inferiores a 0,04% de TiO2. Tanto as amostras analisadas nesse trabalho
quanto as amostras utilizadas para comparação apresentam valores de PPC inferiores a 1,40%,
indicando que no minério há pouca quantidade de material volátil. Com o objetivo de comparar a
composição química (%) média dos elementos maiores e menores das amostras de hematita compacta
dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira com a composição química (%) média da Mina de Águas
Claras e da Mina de Meghatuburu é apresentado o gráfico da Figura 5.43.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
116
Figura 5.43: Comparação da composição química (%) média dos elementos maiores e menores das amostras de
hematita compacta dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira com a composição química (%) média das
amostras de hematita compacta da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu.
A composição química, em ppm, média dos elementos-traços das amostras de hematita
compacta e das amostras de itabirito dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira são apresentados na
Tabela 5.29, assim como a composição química, em ppm, média dos elementos-traços das amostras de
hematita compacta da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu.
Tabela 5.29: Composição química, em ppm, média dos elementos-traços das amostras dos complexos Itabirito,
Fazendão, Itabira, da Mina de Águas Claras (MAC) e da Mina de Meghatuburu (MM).
Traços Complexo Itabirito
Hem itab
Complexo Fazendão
Hem itab
Complexo Itabira
Hem itab
MAC
Hem
MM
Hem
Sc 0,49 0,16 0,86 0,43 0,37 0,26 <3,0 -
V 30,90 3,80 14,61 6,88 19,01 11,19 35,6 7,0
Cr 6,96 4,51 12,07 8,19 7,50 8,07 65,3 -
Ni 7,21 4,22 1,59 0,82 2,83 2,55 <20 1,9
Ga 0,65 0,18 0,85 0,34 0,34 0,28 <1,0 -
Rb 0,26 0,35 <LQ <LQ <LQ <LQ <1,0 0,93
Zr 2,43 1,08 4,46 1,71 2,95 2,35 5,8 2,59
Nb 0,25 0,05 0,39 0,23 0,24 <LQ 0,4 -
Mo 1,92 0,45 0,48 0,34 0,77 0,35 <2,0 0,7
Sb 0,71 0,27 0,09 0,04 0,08 0,02 4,0 0,1
Cs 0,06 0,04 0,03 <LQ <LQ <LQ <0,1 0,43
Ba 17,61 15,13 8,96 3,77 9,19 13,43 13,1 25,7
Hf 0,05 0,02 0,12 0,04 0,06 0,06 <0,1 0,06
Pb 1,66 0,72 3,39 0,90 0,43 0,50 <5,0 0,5
Th 0,24 0,06 0,31 0,19 0,27 0,19 0,2 0,1
U 3,43 2,67 1,20 0,65 0,67 0,36 4,5 0,5
Ʃ 74,83 33,71 49,41 24,53 44,71 39,61 161,1 41,61
Hem = hematita compacta; Itab = itabirito.
Observa-se que o somatório médio dos elementos-traços das amostras de hematita compacta
são iguais a: 74,83, 49,41 e 44,71 ppm para os Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira,
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
117
respectivamente. Já o somatório médio dos elementos-traços analisados das amostras de hematita
compacta da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu são iguais a 161,10 e 41,61 ppm,
respectivamente. A elevada concentração dos elementos-traços das amostras de hematita compacta da
Mina de Águas Claras, em relação às outras áreas de estudo, é devido aos elevados teores de Cr e V,
conforme pode ser observado na Tabela 5.29. Na Figura 5.44 são apresentadas as diferentes
composições dos elementos-traços das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito das
minas estudadas, não foram relacionados os dados da Mina de Águas Claras nem da Mina
Meghatuburu, visto que não foram determinados os mesmos elementos-traços.
Figura 5. 44: Composição química média, em ppm, dos elementos-traços das amostras de hematita compacta e
das amostras de itabirito dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira.
A composição química média, em ppm, dos ETR + Y das amostras de hematita compacta e
das amostras de itabirito dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira são apresentados na Tabela 5.30,
assim como a composição química média, em ppm, dos ETR + Y das amostras de hematita compacta
da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu.
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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Tabela 5.30: Composição química média, em ppm, dos ETR’s + Y das amostras dos Complexos Itabirito,
Fazendão, Itabira, da Mina de Águas Claras (MAC) e da Mina de Meghatuburu (MM).
ETR’s + Y Complexo Itabirito
Hem itab
Complexo Fazendão
Hem itab
Complexo Itabira
Hem itab
MAC
Hem
MM
Hem
La 1,78 0,34 2,91 0,56 1,04 0,83 1,06 0,53
Ce 3,46 0,59 5,60 1,05 1,70 1,38 1,88 0,66
Pr 0,47 0,07 0,57 0,32 0,14 0,27 0,28 0,08
Nd 2,22 0,36 2,67 0,64 1,00 0,88 1,34 0,34
Sm 0,46 0,08 0,53 0,15 0,17 0,20 0,36 0,10
Eu 0,15 0,03 0,16 0,06 0,07 0,07 0,14 0,08
Gd 0,53 0,12 0,47 0,18 0,19 0,22 0,53 0,19
Tb 0,08 0,02 0,06 0,03 0,03 0,03 0,09 0,03
Dy 0,53 0,15 0,30 0,18 0,17 0,24 0,55 0,22
Ho 0,11 0,04 0,06 0,04 0,04 0,06 0,12 0,05
Y 3,41 1,22 1,52 1,75 1,18 1,85 4,99 2,13
Er 0,34 0,12 0,15 0,15 0,12 0,18 0,34 0,16
Tm 0,05 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,05 0,03
Yb 0,33 0,14 0,14 0,17 0,13 0,19 0,28 0,18
Lu 0,06 0,03 0,02 0,03 0,02 0,03 0,04 0,03
Ʃ 13,99 3,33 15,19 5,34 6,03 6,47 12,05 4,81
Hem = hematita compacta, Itab = itabirito.
Conforme pode ser observado na Tabela 5.30, o somatório médio dos ETR’s + Y das amostras
de hematita compacta é superior ao somatório médio dos ETR’s + Y para as amostras de itabirito do
Complexo Itabirito e Complexo Fazendão. Já no Complexo Itabira o somatório médio dos ETR’s + Y
é um pouco superior nas amostras de itabirito quando comparado com as amostras de hematita
compacta desse mesmo complexo, conforme pode ser observado na Tabela 5.30. Com o objetivo de se
comparar as concentrações dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de
itabirito dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira é apresentada a Figura 5.45.
Figura 5.45: Comparação entre os ETR’s + Y das amostras de hematita compacta e das amostras de itabirito dos
Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira, com valores normalizados pelo PAAS (McLennan 1989).
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
119
Pode-se observar que tanto as amostras de hematita compacta quanto as amostras de itabirito
apresentam anomalias positivas de Eu, indicando uma contribuição hidrotermal na formação desses
minérios. É observado também que há, preferencialmente, um enriquecimento de ETRP em relação
aos ETRL e que há presença de anomalias positivas leves de Y. As amostras de hematita compacta
apresentam-se mais enriquecidas em ETR’s + Y quando comparadas com as amostras de itabirito do
mesmo complexo. Esse fato está diretamente relacionado com a imobilidade dos elementos terras raras
frente a processos supergênicos, em que há lixiviação da sílica.
Pode-se observar, Tabela 5.30, que o somatório médio dos ETR’s + Y das amostras de
hematita compacta são iguais a 13,99, 15,19 e 6,03 ppm para os Complexos Itabirito, Fazendão e
Itabira, respectivamente. Já o somatório médio dos ETR’s + Y analisados nas amostras de hematita
compacta da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu são iguais a 12,05 e 4,81 ppm,
respectivamente. Esses valores são bem semelhantes quando comparado com as amostras de hematita
compacta das minas estudadas, podendo indicar que essas amostras podem ter sido formadas por
processos de mineralização similares. Com o objetivo de se comparar as concentrações dos ETR’s + Y
das amostras de hematita compacta dos Complexos Itabirito, Fazendão, Itabira, da Mina de Águas
Claras e da Mina de Meghatuburu é apresentado a Figura 5.46. Em todas as amostras de hematita
compacta são evidenciados anomalias positivas de Eu, têm-se, preferencialmente, um enriquecimento
de ETRP em relação aos ETRL e também há anomalias positivas de Y. Esses fatores reforçam ainda
mais uma origem similar pra esses minérios hematíticos de diferentes regiões.
Figura 5.46: Comparação entre os ETR’s + Y das amostras de hematita compacta dos Complexos Itabirito,
Fazendão, Itabira, da Mina de Águas Claras e da Mina de Meghatuburu, com valores normalizados pelo PAAS
(McLennan 1989).
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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CAPÍTULO 6
CONCLUSÃO
As amostras de hematita compacta de todas as minas estudadas apresentam composição
mineralógica bastante simples, em que se predomina a presença de hematita, sendo encontrado
também magnetita e martita, em pequena proporção. Já as amostras de itabirito são formadas,
essencialmente, por camadas alternadas de ferro e sílica, em que se tem a hematita como óxido
predominante, observou-se também a presença de magnetita e martita, em pequenas proporções, em
algumas amostras. Na parte silicosa dos itabiritos têm-se, principalmente, o quartzo e também, foi
observada a presença de mica branca em muitas amostras.
Nos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira foram observados que há predominância de grãos
lamelar de hematita e em algumas amostras também foi evidenciada a presença de grãos granular. As
amostras de hematita compacta e as amostras de itabirito dos Complexos Fazendão e Itabira possuem
maiores quantidades de magnetita e martita quando comparado com as amostras do Complexo
Itabirito. Na parte silicosa das amostras de itabirito dos Complexos Itabirito e Fazendão têm-se
essencialmente quartzo e alguns grãos pontuais de mica branca. No Complexo Itabira foi evidenciado,
além do quartzo e da mica branca, a presença de clorita que também é comumente encontrada na parte
silicosa desse tipo de minério.
Observou-se que todas as amostras de hematita compacta dos complexos estudados possuem
grande semelhança geoquímica entre si, assim como as amostras de itabirito, quando se analisam os
elementos maiores e menores. Obviamente, a principal diferença entre as amostras de hematita
compacta e as amostras de itabirito está nos teores de ferro e sílica, em que a hematita compacta
apresenta um valor mínimo ou isento de SiO2. Já as amostras de itabirito apresentam um teor
considerável de SiO2. Nas amostras de itabirito pode-se perceber que quanto maior o teor em sílica
menor o seu teor em ferro, ou seja, esses elementos são inversamente proporcionais, evidenciando a
importância do processo de enriquecimento supergênico presente no minério. Os teores de Fe2O3 para
as amostras de hematita compacta variam entre 98,51-99,84%, 87,45-98,51% e 98,59-99,74% para os
Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira, respectivamente. Já os teores de Fe2O3 para as amostras de
itabirito variam entre 45,0-62,0%, 33,42-69,25% e 44,68-60,30% para os Complexos Itabirito,
Fazendão e Itabira, respectivamente. Todas as amostras apresentaram valores de FeO menores do que
1,0%, esse fato pode ser justificado pelos baixos teores de magnetita encontrados nas amostras.
Em relação aos elementos maiores e menores as amostras de hematita compacta do Complexo
Itabirito apresentaram, em média, um somatório de: 0,11% de P2O5, 0,20% de Al2O3, 0,02% de MnO2,
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
122
0,03% de CaO, 0,01% de MgO e 0,02% de TiO2. As amostras de hematita compacta do Complexo
Fazendão apresentaram, em média, um somatório de: 0,18% de P2O5, 1,23% de Al2O3, 0,13% de
MnO2,<LQ de CaO, 0,01% de MgO e 0,04% de TiO2. Já as amostras de hematita compacta do
Complexo Itabira apresentaram, em média, um somatório de: <LQ de P2O5, 0,19% de Al2O3, 0,05% de
MnO2, 0,06% de CaO, 0,06% de MgO e 0,02% de TiO2. Em relação ao teor de sílica, as amostras de
hematita compacta do Complexo Fazendão apresentam um valor médio de 4,37% de SiO2 e as
amostras de hematita compacta do Complexo Itabirito e Itabira apresentam valor menor que o limite
de quantificação do equipamento para esse elemento. Em relação ao PPC, os valores médios
encontrados foram: 0,25, 1,0 e 0,16% para as amostras de hematita compacta dos Complexos Itabirito,
Fazendão e Itabira, respectivamente.
Em média, os somatórios dos elementos-traços nas amostras de hematita compacta foram
iguais a: 74,83, 49,41 e 44,71 ppm e nas amostras de itabirito esses somatórios foram iguais a: 33,71,
24,53 e 39,61 ppm para as amostras dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira, respectivamente.
Tanto as amostras de hematita compacta quanto as amostras de itabirito mostram baixas concentrações
nos elementos-traços Sc, Hf e Th que são elementos que podem indicar contaminação clástica. Esse
resultado está de acordo com a mineralogia das amostras que são bastante homogêneas, em que as
amostras de hematita compacta são constituídas essencialmente por hematita e as amostras de itabirito
são constituídas, principalmente, por hematita e quartzo.
Observou-se que as amostras de hematita compacta apresentam concentrações superiores de
ETR’s + Y quando comparado com as amostras de itabirito da mesma mina. No caso da Mina
Periquito (Complexo Itabira) tem-se que as concentrações dos ETR’s + Y das amostras de hematita e
de itabirito são similares. Esse fato está de acordo com os estudos de McLennan & Taylor (1991) e
Murray et al. (1991) que dizem que os elementos terras raras podem apresentar pouca mobilidade
durante processos pós-deposicionais.
Em média, o somatório dos ETR’s + Y das amostras de hematita compacta do Complexo
Itabirito foram iguais a 17,91 e 5,53 ppm para as amostras da Mina Galinheiro e da Mina do Pico,
respectivamente. Já a Mina Sapecado apresentou uma amostra de hematita compacta, MP-18, com
concentração de 10,91 ppm e uma outra, MP-17, com concentração de 48,19 ppm. Todas as amostras
de itabirito analisadas, desse complexo, apresentaram somatório de ETR’s + Y inferiores a 5,0 ppm.
As amostras de hematita compacta do Complexo Fazendão possuem somatório médio de ETR’s + Y
igual a 8,40 ppm para as amostras da Mina São Luiz, 7,12 e 41,70 ppm para as amostras MCF-06 e
MCF-05 da Mina Tamanduá, respectivamente. Já a amostras de hematita compacta da Mina Almas
apresentaram somatório de ETR’s + Y igual a 15,71 ppm. Para todas as amostras de itabirito
analisadas desse complexo têm-se um somatório de ETR’s + Y inferior a 7,0 ppm. As amostras de
hematita compacta do Complexo Itabira possuem somatório do ETR’s + Y igual a 7,91 ppm para a
Contribuição às Ciências da Terra, Série M (75), vol. 335, 130p.
123
amostra MC-01 e 5,98 ppm para a amostra de itabirito, MC-02, ambas as amostras pertencentes a
Mina Conceição. Já as amostras da Mina Periquito possuem um somatório médio de ETR’s + Y igual
a 6,08 e 6,50 ppm para as amostras de hematita compacta e para as amostras de itabirito,
respectivamente.
Os ETR’s + Y foram normalizados pelo PAAS (McLennan 1989). Todas as amostras
analisadas, tanto as amostras de hematita compacta quanto as de itabirito, possuem anomalias
positivas de Eu. Esse fato pode estar diretamente relacionado com a hipótese de que esses minérios
foram formados por soluções hidrotermais.
A maioria das amostras de hematita compacta e todas as amostras de itabirito do Complexo
Itabirito e do Complexo Fazendão apresentaram anomalias positivas de Ce (Bolhar et al. 2004). As
amostras que possuem anomalias negativas de Ce são as amostras de hematita compacta MP-08 (Mina
do Pico) e MP-17 (Mina Sapecado) ambas pertencentes ao Complexo Itabirito e as amostras de
hematita compacta MCF-03 e MCF-04 (Mina São Luiz) ambas pertencentes ao Complexo Fazendão.
Já as amostras de hematita compacta MC-06 e MC-10 e as amostras de itabirito MC-05 e MC-07 da
Mina Periquito, pertencentes ao Complexo Itabira, apresentaram anomalias positivas de Ce. Já as
amostras de hematita compacta, do mesmo complexo, MC-01, MC-04 e MC-08 e as amostras de
itabirito MC-03 e MC-09 possuem anomalias negativas de Ce. De acordo com Bau & Dulski (1996),
anomalias negativas em Ce podem estar relacionadas com um ambiente de deposição oxidante e
anomalias positivas de Ce é sugerido um ambiente deposicional redutor.
Segundo Bolhar et al. (2004), as razões Y/Ho maiores do que 26 podem indicar anomalias
positivas de Y e as razões menores do que 26 podem indicar anomalias negativas nesse elemento. Rios
et al. (2012), em seus estudos, sugerem que as amostras com razões Y/Ho <30 podem indicar uma
possível influência de águas continentais no período de deposição dessas rochas. As amostras que
possuem razões Y/Ho <30 são: i) a amostra de itabirito MP-03 (Mina Galinheiro), as amostras de
hematita compacta MP-09 e MP-16 (Mina do Pico) e a amostra de hematita compacta MP-17 (Mina
Sapecado) pertencentes ao Complexo Itabirito; ii) as amostras de hematita compacta MCF-01 (Mina
São Luiz), a amostra MCF-05 (Mina Tamanduá) e a amostra MCF-09 (Mina Almas) pertencentes ao
Complexo Fazendão e iii) apenas a amostra de hematita compacta MC-08 (Mina Periquito)
pertencente ao Complexo Itabira. As médias das razões Y/Ho para as amostras de hematita compacta
foram iguais a 31,15, 27,00 e 32,46 para os Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira, respectivamente.
Já para as amostras de itabirito as médias das razões Y/Ho foram iguais a 34,00, 38,59 e 33,40 para
esses mesmos complexos.
Bau & Moller (1993), sugerem que as razões (Eu/Sm) >1 e (Sm/Yb) <1 podem indicar que as
amostras não possuem contaminação clástica. Todas as amostras estudadas possuem a razão
Rodrigues, D. A. S., 2015. Assinatura Geoquímica da Hematita Compacta do Quadrilátero Ferrífero...
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(Eu/Sm) >1. Em relação ao segundo critério, (Sm/Yb) <1, existem algumas exceções, tais como as
amostras de hematita compacta: MP-08 (Mina do Pico) e MP-18 (Mina Sapecado) pertencentes ao
Complexo Itabirito, as amostras de hematita compacta: MCF-01, MCF-04, MCF-05 e MCF-09
pertencentes ao Complexo Fazendão e as amostras MC-01 e MC-08 (amostras de hematita compacta)
e MC-03 (amostra de itabirito) que possuem a razão (Sm/Yb) >1.
A razão dos elementos terras raras (Pr/Yb)PAAS >1 (Bolhar et al. 2004), podem indicar,
preferencialmente, um enriquecimento dos ETRL em relação aos ETRP. As amostras que
apresentaram (Pr/Yb)PAAS >1 foram: i) as amostras de hematita compacta MP-08 (Mina do Pico) e
MP-17 (Mina Sapecado) pertencentes ao Complexo Itabirito; ii) as amostras de hematita compacta
MCF-01 (Mina São Luiz), MCF-05 (Mina Tamanduá) e MCF-09 (Mina Almas) pertencentes ao
Complexo Fazendão e iii) as amostras de hematita compacta MC-01 (Mina Conceição), MC-04 e
MC-08 (Mina Periquito) e a amostra de itabirito MC-03 (Mina Periquito) sugerindo portanto, que há
um enriquecimento dos ETRL em relação aos ETRP. Já a maioria das amostras possuem
(Pr/Yb)PAAS <1, podendo indicar que há, principalmente, um enriquecimento dos ETRP em relação aos
ETRL.
As amostras de hematita compacta do Complexo Itabirito foram as que apresentaram os
maiores teores médio de Fe total e os maiores teores médio de elementos-traços analisados, quando
comparado com os outros complexos estudados. A variação na concentração de elementos-traços,
inclusive os ETR’s + Y, podem indicar heterogeneidade na concentração original dos fluidos
mineralizantes ou nos processos envolvidos na gênese desse tipo minério. Apesar das variações de
concentração, observou-se, principalmente, um enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL.
As amostras de hematita compacta dos Complexos Itabirito, Fazendão e Itabira foram
comparadas com as amostras de hematita compacta da Mina de Águas Claras (Spier et al. 2007) e com
as amostras de hematita compacta da Mina Meghatuburu (Beukes et al. 2008). Observou-se que todas
as amostras possuem composição bastante simples, em que se tem a hematita como óxido
predominante. Todas as amostras, tanto as dos complexos estudados quanto as das minas usadas para
comparação possuem anomalias positivas de Eu. A Mina de Águas Claras e a Mina Meghatuburu
também apresentaram, principalmente, um enriquecimento dos ETRP em relação aos ETRL. Logo,
esses minérios são geoquímicamente semelhantes, o que nos permite concluir que eles podem ter sido
formados pelo mesmo processo de mineralização.
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