ASSOCIAÇÃO FILATÉLICA E NUMISMÁTICA DE SANTA CATARINA · ASSOCIAÇÃO FILATÉLICA E...

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____________________________________________________________________________ BOLETIM INFORMATIVO N o 60 AGOSTO DE 2009 ASSOCIAÇÃO FILATÉLICA E NUMISMÁTICA DE SANTA CATARINA

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BOLETIM INFORMATIVO No 60

AGOSTO DE 2009

ASSOCIAÇÃO FILATÉLICAE NUMISMÁTICA

DE SANTA CATARINA

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ASSOCIAÇÃO FILATÉLICA E NUMISMÁTICA DE SANTA CATARINA

Rua dos Ilhéus, 118 sobreloja 9 - Ed. Jorge DauxCEP 88.010-560 - Florianópolis - SC

Fone/fax: (48)3222-2748

A AFSC, fundada em 6/8/1938, é uma Entidade sem fins lucrativos, reconhecida deUtilidade Pública pela Lei Estadual 542 de 24/09/1951 e pela Lei Municipal 970 de20/8/1970.

A AFSC é filiada à FEFINUSC - Federação Filatélica e Numismática de Santa Catarina,à FEBRAF - Federação Brasileira de Filatelia e à FEFIBRA - Federação dos Filatelistasdo Brasil.

DIRETORIA, eleita em julho de 2009, para o período 2009 - 2010

Presidente: Ernani Santos RebelloVice-presidente: Demétrio Delizoicov NetoPrimeiro secretário: Luis Claudio FritzenSegundo secretário: Felix Eugênio ReichertPrimeira tesoureira: Lucia de Oliveira MilazzoSegundo tesoureiro: Eduardo SchmittDiretor de Sede: Ademar GoeldnerDiretora Juvenil: Daniela Ota Hisayasu Suzuki

Conselho fiscal: Rubens MoserMilton Milazzo JrSérgio LauxAndré da Silva (Suplente)Paulo Cesar da Silva (Suplente)Paulo Gouveia de Matos (Suplente)

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ÍNDICE GERAL

O Meio Circulante no Brasil Holandês ...................................... 04Material “borderline” numa coleção temática ............................ 12Peças acidentadas em coleções temáticas .................................. 16Censura da Chefatura de Polícia ................................................ 20Columbofilia nas Olimpíadas ..................................................... 22A Coleção dos Selos MACHINS ............................................... 26Agências Postais do Amazonas durante o Império Brasileiro ... 30Índice de Anunciantes ................................................................ 41

EDITORIAL

Este número do nosso Boletim Informativo visa integrar pesquisas ereflexões sobre questões que ainda trazem muitas dúvidas para o colecionador.

Assim, temos sete artigos comprometidos, sem exceção, com ocolecionismo mas que, também, são um convite para novos estudos, cujosresultados queremos que sejam compartilhados com outros colecionadores einteressados.

Afinal, aprender já não significa somente reter conhecimento na memória,é muito mais, ou seja, é divulgar.

Divulgue suas pesquisas e reflexões.

PARTICIPE!

A Diretoria

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O Meio Circulante no Brasil Holandês1

(Primeira Parte)

Márcio Roveri Sandoval - Florianópolis, SC

ReminiscênciasReminiscênciasReminiscênciasReminiscênciasReminiscências

A presença holandesa no Novo Mundodeu-se através de uma companhia decomércio, a Companhia das ÍndiasOcidentais, conhecida como W.I.C, siglaem flamengo para “West-IndischeCompagnie” ou, ainda, GWC(Geoctroyeerde Westindische Compagnie),Companhia Privilegiada das ÍndiasOcidentais.

A W.I.C era uma associação decomerciantes de Amsterdã, Zelândia, Mosae Groningen, concebida como uminstrumento de guerra contra a Espanha deFelipe II, inserindo-se na luta deindependência dos Países Baixos.

A W.I.C foi formada em 1621 àsemelhança e pelo sucesso da Companhiadas Índias Orientais (VOC), estaestabelecida em 1602 e que possuía omonopólio comercial com o Oriente.

Concedeu-se à companhia omonopólio do tráfico e do comércio deescravos na América e África, mas o seumaior objetivo era a retomada do transportee do comércio do açúcar produzido nonordeste brasileiro, dificultado em virtudeda represália da Espanha à proclamação deindependência, em 1581, da República dasProvíncias Unidas, com sede em Amsterdã.Nessa época, Portugal era governado porFelipe II da Espanha, em virtude da UniãoIbérica (1580 a 1640).

Além da questão comercial, outrosfatores teriam influenciado os holandesesa aventurarem-se na conquista das colôniasespanholas e portuguesas, entre os quaispodemos citar: o desejo de levar a guerraàs colônias e a “irreprimível ânsia deexpansão” do povo neerlandês.

Em 1624, os holandeses invademSalvador, lá permanecendo apenas um ano.Uma nova tentativa de estabelecimento se

Fig.1 – Monograma da W.I.C – “West-Indische Compagnie”(Companhia das Índias Ocidentais) ou G.W.C –“Geoctroyeerde Westindische Compagnie” (CompanhiaPrivilegiada das Índias Ocidentais), na parte inferior temos“XIX” referência ao “Conselho dos XIX”, órgão administrativoda Companhia.”Algemeen Rijksarchief Den Haag”, a partirdo texto de Johan van Hartskamp.

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deu em 1630, em Pernambuco, onde elesconseguem ficar por 24 anos.

Submetidos a conflitos permanentescom a população local, ocupada emexpulsá-los, por vezes se viam privados dofornecimento de numerário metálicoproveniente da Metrópole (florins, soldose xelins), passando, assim, por graves crisesmonetárias. Em resposta a essanecessidade, foram cunhadas as primeirasmoedas no Brasil e, também, criadas asprimeiras formas assemelhadas ao papel-moeda de que se tem notícia em nosso país.

Ordens de PagamentoOrdens de PagamentoOrdens de PagamentoOrdens de PagamentoOrdens de Pagamentoe as Ordenançase as Ordenançase as Ordenançase as Ordenançase as Ordenanças

(1636-1637, 1640 e 1644)(1636-1637, 1640 e 1644)(1636-1637, 1640 e 1644)(1636-1637, 1640 e 1644)(1636-1637, 1640 e 1644)22222

Segundo o historiador HermannWätjen3, que se baseou em manuscritos doArquivo dos Estados Gerais e da WIC(W.I.C.O.C4), as emissões realizadas pelos

holandeses, no Brasil, foram de duasespécies: as “ordens de pagamento” e as“ordenanças”.

As “ordens de pagamento” surgiramdurante a primeira fase da dominaçãoholandesa (1630-1637), conhecida comoperíodo da “Conquista”, que vai da tomadade Olinda até a chegada de Maurício deNassau.

Em junho de 1636, os Conselheirosinformam aos Diretores da Companhia quecomeçaram a emitir letras (sem qualquerautorização) sobre Amsterdã, por não havermais dinheiro em caixa.

No Governo de Nassau, foi instauradauma Comissão de Inquérito para apurareventuais desatinos administrativos doantigo Governo. Essa Comissão constatou,

entre outras irregularidades,que o Colégio dos Conse-lheiros Políticos, Órgão daAdministração Superior daConquista, havia emitido“ordens de pagamento” emnúmero ilimitado, com basenas cifras das remessas dedinheiro que chegariam daHolanda a longo prazo,quando seriam resgatadas.

Essas ordens conti-nham as assinaturas dosConselheiros, motivo peloqual, também, ficaramconhecidas como “assi-nados”. Foram emitidas

para a satisfação de dívidas e cobertura degastos urgentes. No entanto, segundo ficouapurado, alguns Conselheiros nãoguardavam o devido decoro e viviam

Fig. 2 – Gravura do Século XVII (1655), do prédio da W.I.C(1621-1674), em Amsterdã.

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luxuosamente às custas dos acionistas.Houve emissões em excesso,

suplantando a cifra nominal das esperadasremessas de dinheiro que viriam daMetrópole.

As “ordens de pagamento” aindaestavam sendo recolhidas em março de1637, mediante a exibição de provas dacorreta aplicação e justa necessidade dassomas nelas exaradas. Havia grandequantidade de ordens em circulação, sendoindeterminado seu número.

Emitiram-se ordens de valoresavultados, de 8.000, 10.000, 16.000,20.000 e até 25.000 florins.

As denominadas “ordenanças”apareceram mais tarde, já no Governo deMaurício de Nassau (1637-1644), dianteda escassez de numerário e da ameaça daArmada Espanhola, que surgiu nas costasda Nova Holanda, em janeiro de 1640.

Com o desaparecimento da moedacirculante, viu-se o Governo obrigado aemitir as chamadas “ordennatien”, ou seja,ordens de pagamento pelas rendas reais, emarrecadação, através de um decreto(Decreto de 1640) em que se determinavaa aceitação obrigatória dessa espécie de“papel-moeda” em pagamento de qualquertransação. Como já havia acontecido comas “ordens de pagamento”, não foirespeitado o limite máximo de emissão, nãotardando as ordenanças a inundar toda aregião.

Ao mesmo tempo em que circulavamas “ordenanças”, entraram em circulaçãovales, em troca de farinha de mandioca ecarne, caindo rapidamente o câmbio dasordenanças.

Os especuladores adquiriam asordenanças em grande quantidade, porpreço vil, e com elas pagavam seusimpostos e compravam, em leilões,escravos expostos à venda. Quando oGoverno vetou a utilização dos vales defarinha e carne no pagamento dos tributos,as ordenanças caíram ainda mais, a pontode perderem 33 1/3 por cento do seu valororiginal.

Para conter a crise das ordenanças, foidecido pelos Diretores que as Câmaras daW.I.C fizessem remessas mais avultadas demoeda e, pouco a pouco, o Alto Conselhopôde resgatar o acervo existente de“ordenanças” e vales.

A administração de Nassau terminouem maio de 1644 e novas crises financeirasse sucederam, levando novamente àemissão das “ordenanças”, diante doperigo de uma sublevação militar, quepoderia pôr em perigo a dominaçãoholandesa.

Podemos tentar estabelecer umadiferenciação entre estas duas espécies. Asordens de pagamento foram emitidas semautorização legal, enquanto que asordenanças estavam amparadas peloDecreto de 1640, dando-lhes curso legal eforçado. Em ambos os casos houveemissões exacerbadas, suplantando aexpectativa de crédito.

Não são conhecidos exemplares dessasprimeiras manifestações, nem suascaracterísticas, apenas que as ordens depagamento continham as assinaturas dosConselheiros holandeses e que foramemitidos os valores de 8.000, 10.000,16.000, 20.000 e 25.000 florins, estes

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considerados avultados, dando a entenderque havia bilhetes de valores menores. As“ordens de pagamento”, assim, tinham umvalor determinado, diferindo dos da RealExtração dos Diamantes5 que tinham umvalor variável, conforme a quantidade deouro apresentada. Das “ordenanças”, nãoencontramos maiores detalhes.

A que tudo indica, esses bilhetes erammanuscritos diante da inexistência deimpressores no Recife.

Sobre essas primeiras manifestações,temos os apontamentos de F. dos SantosTrigueiros. Vejamos:

“No século XVII, os holandeses,instalados militarmente em parte doterritório brasileiro, estavamsujeitos aos ataques das tropasempenhadas em expulsá-los.Confinados na área ocupada, semrápida assistência da Metrópole,sofreram várias crises monetárias.Para solucioná-las, emitiram“ordens de pagamento” que,circulando como moeda,permitiram saldar os compromissosurgentes, sobretudo os da tropa,nem sempre disposta a esperar.Essas ordens eram resgatadasquando chegavam as remessas demoeda da Holanda. Não bastasseas preocupações dos limitesterrestres e das despesas militares,sobreveio, por volta de 1640, aameaça de um ataque da Espanha,o que provocou o desaparecimentoda moeda em giro, escondida porseus possuidores. Novas medidasimpunham-se para conjugar essa

crise. Emitiram-se, então, as“ordenanças”, com curso legal eforçado, em virtude da deter-minação de serem aceitas emqualquer obrigação comercial. Aemissão exagerada destes bilhetesacarretou a alta da moeda metálicae dos gêneros de primeiranecessidade, afetando, natu-ralmente, o custo de vida, pois,paralelamente, entraram tambémem circulação vales repre-sentativos de produtos de consumo.Em 1643, essas “ordenanças”voltaram a circular, deixando,automaticamente, de terem curso,tanto como os florins, com aexpulsão dos holandeses de nossoterritório. Esses bilhetes marcarama primeira manifestação de papela circular como moeda. Por teremsido, entretanto, posto em giro portropa de ocupação e em territóriomuito limitado, não tem qualquerrelação com os papéis mais tardeemitidos em nosso país.” (in,Dinheiro no Brasil. Rio de Janeiro:Leo Christiano Editorial, 2ª ed.,1987, p.65-66) (grifo nosso).

Violo Ídolo Lissa, no seu excelente“Catálogo do Papel-Moeda no Brasil”,traz:

“Damos início ao presente trabalhocom a emissão dos bilhetes da RealExtração dos Diamantes, Arraialdo Tejuco, Capitania das MinasGerais, autorizada pelo Regimentode 2 de agosto de 1771, embora a

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primeira manifestação da emissãode papel-moeda no Brasil tenhasido as “Ordenanças”, bilhetesemitidos pelos holandeses nos anosde 1640 e 1643, na área deocupação de Recife, tendo cursoforçado como moeda.” (in,Catálogo do Papel-Moeda noBrasil, 1771-1986, Emissõesoficiais, bancárias e regionais.Brasília: Editora Gráfica BrasilianaLtda, 1987, p. 13). (grifo nosso).

Um outro aspecto interessante sobreessas emissões é que elas ocorreram noséculo XVII, quando nem mesmo o BancoNacional Holandês havia sido organizado,sendo que este só veio a emitir seusprimeiros bilhetes em 1814. No entanto,como podemos constatar, os holandeses jáfaziam uso da moeda de papel, para suprira falta de numerário metálico.

Antes de terem início as emissões

oficiais, os europeus utilizavam bilhetesmanuscritos, contendo assinaturas, quedepois seriam resgatados por moedasonante. O Banco da Inglaterra emitiriaseus primeiros bilhetes e certificados dedepósitos em 1694 (no mesmo ano de suafundação). Esses primeiros bilhetes erammanuscritos, sendo que, em 1696, o bancopassou a utilizar bilhetes parcialmenteimpressos, ou seja, o valor, a numeração, adata de emissão, o beneficiário e asassinaturas eram manuscritos como umcheque.

Se até mesmo o Banco da Inglaterraemitiu bilhetes manuscritos nos primeirosanos, podemos imaginar que as “ordens depagamento” e as “ordenanças” emitidaspelos holandeses, no Brasil, seriammanuscritas e não impressas. A inexistênciade imprensa no Recife vem corroborar comessa idéia, mas nos faltam informaçõesmais precisas.

Não encontramos referências, paraefeito comparativo, dedemais emissões queporventura teriam sidorealizadas no período pelaAdministração ColonialHolandesa através da WIC,em outros territórios.

Em relação à suacongênere oriental, aVerenigde OostindischeCompagnie (VOC), ou seja,a Companhia das ÍndiasOrientais, temos asemissões para as ÍndiasOrientais Holandesas6 apartir de 1703 – letras de

Fig. 3 – O mais antigo bilhete manuscrito conhecido do Banco daInglaterra, do ano de 1695. A partir de 1696, os bilhetes passaram aser parcialmente impressos. Exemplar do Museu do Banco daInglaterra, Londres.

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crédito, em rijksdaalders. Temos, ainda,um curioso exemplar de 1805, 50rijksdaalders (S120), com texto impressoem holandês e árabe, ostentando omonograma da companhia, vejamos:

Teriam as “ordens de pagamento”e as “ordenanças” o monograma daW.I.C?Não se sabe, mas parece inacreditávelque não tenham restado exemplaresdesses bilhetes, diante da quantidade dedocumentos da Companhia aindaexistentes em arquivos na Holanda e noBrasil. Acreditamos que à medida queesses arquivos forem mais amplamentedivulgados, teremos mais novidadessobre esses bilhetes, ou seja, as primeirasmanifestações assemelhadas ao papel-moeda de que se tem notícia no Brasil.Além das primeiras manifestações devalores assemelhados ao papel-moedanaqueles anos (1636-37, 1640 e 1644 –as datas não são precisas), os holandesescunharam, em 1645 e 1646, moedas deouro nos valores de III, VI e XII florinse, em 1654, moedas de prata no valor deXII soldos.

Essas foram as primeiras moedascunhadas para o Brasil.

NOTAS:

1 A denominação em holandês era “NieuwHolland”, ou seja, Nova Holanda, mas o termomais corrente sempre foi Brasil Holandês,mesmo entre os holandeses.2 As datas não são absolutas, sendo que estudosfuturos podem vir a modificá-las.3 WÄTJEN, Hermann. O domínio colonialholandês no Brasil: Um capítulo da história

colonial do século XVII. Recife: Cia. Ed. dePernambuco, 2004, p.291-343.4 “West-Indische Compagnie, OudeCompagnie”, ou seja, WIC, Companhia Velha(1621-1674).5 Primeiros exemplares de que se tem provamaterial da circulação fiduciária no Brasil.6 Hoje Indonésia.

Fig. 4 – 50 rijksdaalders (S120), das Índias OrientaisHolandesas de 1805. Texto bilíngüe, holandês e árabe.Na parte inferior esquerda, podemos visualizar omonograma da VOC, a congênere oriental da W.I.C.

Observação:Na segunda parte desta matéria,trataremos das moedas quecircularam no Brasil Holandês eindicaremos a bibliografia utilizada.

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Próxima edição:agosto/2009

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Material “borderline” numaColeção Temática

Carlos Dalmiro da Silva Soares - Itajaí, SC

Existem elementos, que por certodescobriremos em nossa pesquisa filatélica,que se localizam num verdadeiro limbo, nolimiar entre o inapropriado e o tolerado,filatelicamente falando. Podemosclassificá-los na categoria de “borderline”(na linha de divisa, na fronteira), ou comodizem os franceses “le matériel limite”.

Estamos nos referindo, em outraspalavras, a todos os tipos de documentoscuja natureza não permite que sejamclaramente classificados na categoria de“material adequado”, bem como, nãopodem ser tidos, igualmente, como“documentos inapropriados ouinconvenientes”, tal como definido pelaFIP, em sua regulamentação1.

Tais artigos apenas podem serexcepcionalmente adicionados, com muitamoderação e grande dose de cautela, emnossas coleções, desde que acompanhadosde uma boa e convincente argumentaçãotemática e estribados em muito bom senso.Por vezes, alguns expositores não resistemà tentação de incluir alguns desses artigos,por já os ter, por tratarem-se de peçasbonitas ou vistosas, ou por imaginarem,erroneamente, que todo material postadotem o devido lugar numa coleção filatélicatemática, achando que os jurados devamser “tolerantes”. Um ledo engano, porvezes, fatal.

Bernard Beston (FAP) e John Sinfield(MAP) observaram, em semináriorealizado durante a Taipei 2005:

“Borderline materialConsider all philatelic material. Is itsuitable? Is there another item that tellsthe history better? Is an other itemlikely too achieve higher points forrarity or condition?If the item is borderline [but nice]replace it.” 2

Cabe lembrar que alguns jurados sãorealmente mais condescendentes. Porém,a grande maioria não gosta de que seavance muito nessa área movediça e tiram,efetivamente, preciosos pontos nomomento do julgamento, quando sedeparam com aqueles itens.

Lemos nas DIRETRIZES PARA AAVALIAÇÃO DE PARTICIPAÇÕES DEFILATELIA TEMÁTICA da FIP:

“A variedade de serviços eregulamentações postais existe emdiferentes países e sua evolução aolongo do tempo torna impossívelelaborar uma listagem com todos oscasos possíveis. Algumas peçasatendem somente até certo ponto àsdescrições anteriormente feitas,referentes a material apropriado ouinapropriado; por isso, devem ser

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usadas principalmente quando nãoexista outro material maispertinente para descrever umdetalhe temático. Quando incluídasna participação, deverão estarsempre lastreadas numa justificativafilatélica consistente.Peças que fazem parte dacultura filatélica específicade um tema, país ou regiãopodem ser toleradas desdeque estejam justificadas eo seu número sejaproporcional ao grau deelaboração da partici-pação”.

O francês Robert Migoux3

propõe quatro questionamentosque devemos fazer e que nos permitemaveriguar se um documento deve serrealmente empregado em nossa coleção:a) Não tenho nenhum outro documentofilatélico, sobre o qual não paira dúvida,que pode ser usado aqui?b) Não posso mudar a minhaapresentação ligeiramente eremover essa passagem em queestá incluído o documento?c) Esse documento não ésuscetível de levantar dúvidasquanto ao meu conhecimentofilatélico?d) Não será o elevado preço pagoo que me leva a usá-lo?

O elemento raridade não éassim justificativa para a inclusão dessesartigos. Vejamos:

“Borderline items, as they are not

fully postal, must be comple-mentary items whenever a thematicdetail necessary for keepingdevelopment in balance can bedepicted only trough that specificitem. They can not be insertedbecause of their rarity”.4

Entre os exemplos mais conhecidos naliteratura filatélica, de itens borderline,podemos citar: os envelopes patrióticos(EUA), certos envelopes privados compropaganda (advertising covers) e atémesmo os “cachet covers”.

Podemos, assim, arrolar a campanhado “Ocean Post Postage” (documentada nahistória postal), visando que as cartas

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destinadas ao exterior tivessem o preçopadronizado em 1 Penny, como ocorria noâmbito da Comunidade Britânica. Acampanha transcorreu entre o final dos anos1840 e início da década seguinte. Oenvelope empregado continha estampa (deiniciativa privada) da divindade Tritão,filho de Poseidon (Netuno) e Amphitrite.Esse artigo é presença recorrente emcoleções, por exemplo, dedicadas àMitologia Aquática.

Por vezes, essas peças derivam de umelemento ou formulário emitido pelaprópria autoridade postal ou a cargo desta,para fazer frente a alguma obrigação decunho legal, adicionado de selo postal ecarimbos usuais, faltando-lhe porém,nesses casos, a circulação típica dosserviços postais comezinhos.

Entre esses últimos, podemos arrolar aLICENÇA DE RADIODIFUSÃO, aqui noBrasil. Por força do decreto-lei número2.979, de 23 de janeiro de 1941, o registrode aparelhos receptores de radiodifusão,criado pelo decreto número 21.111, deprimeiro de março de 1932, deveria serfeito, anualmente, em caráter obrigatório,perante as Diretorias Regionais eRepartições subordinadas ao Departamentode Correios e Telégrafos. Os formulários

reproduzidos nesta página constituem-seem recibos comprobatórios de quitaçãode uma taxa pública, materializada numpagamento de natureza não postal,autenticado porém mediante a aposiçãode selos e carimbos, oriundos do serviçousual. Algo lindeiro, contido no âmbitoda fiscalidade.

Na França, tivemos aemissão de vinhetaspróprias para atestar opagamento de taxapela posse deaparelhos de rádiodifusão.

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O autor é filatelista temático, membro daAssociação Filatélica e Numismática de SC(AFSC), da Associação Brasileira deFilatelia Temática (ABRAFITE),integrante da Diretoria da FEFINUSC eexpositor com as coleções “Petroleum: theBlack Gold” e “Energia Nuclear”

Notas:1 Consoante Robert Migoux, in LaPhilatélie Thématique, Paris, 1995, p. 1272 From Gold to Large Gold, in the AsiaPacific Exhibitor, vol. 19-3, Aug 2006(Whole Number 69), 139.

3 Lemos em francês: “N’ai-je pas un autredocument, indiscutable, qui puisse êtreutilisé ici? Ne pourrais-je pás changer trèslégèrement mon exposé et écarter cepassage où mon document limite doitfigurer? Est-ce que ce document ne risquepas de faire douter de mes connaissancesphilatéliques? Est-ce le prix élevé, payépour ce document qui me pousse àl’utiliser? (La Philatélie Thématique. P.128)4 In TCNews, BULLETIN OF THE FIPTHEMATIC COMMISSION n. 17 – July2004, p. 02.

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Peças acidentadasem coleções temáticas

Demétrio Delizoicov Neto - Florianópolis, SC

A diversidade filatélica é uma dasprincipais características que deve estarpresente numa coleção temática. A exibiçãonuma mesma folha e, de modo frequente,em todas as folhas, de vários tipos dematerial devidamente articulados com otema constitui tarefa permanente noaprimoramento de coleções. NasDiretrizes para Avaliação das ColeçõesTemáticas (Guidelines), no seu item 3.1 -“Material filatélico apropriado” -encontra-se uma longa e detalhada lista depossibilidades que orientam uma buscaconsistente de material postal-filatélico.Neste desafio de se ter uma coleção queapresente um desenvolvimentodiversificado, colecionadores temáticosconhecem muito bem a dificuldade de seencontrar peças que se originaram decorrespondência envolvida em acidentedurante o seu transporte sob aresponsabilidade das empresas de correio.Tais peças constituem verdadeirasraridades, algumas podem ser únicas. Sãoexemplos de peças raras ascorrespondências provenientes deacidentes aéreos ou naufrágios.Como resultado de muitos anos de procura,em leilões nacionais e internacionais, depeças acidentadas, que teriam relação comalguma possível temática, conseguilocalizar uma quantidade bastante

reduzida. Creio que os dedos das duas mãosseriam mais do que suficientes para contá-las. O motivo principal da dificuldade emencontrar peças com essas características -obviamente, além de, é claro, não estarprocurando em locais apropriados que ascomercializam - é uma interpretaçãodecorrente do Regulamento Especialpara Avaliação de ParticipaçõesTemáticas Competitivas (SREV), item4.3 “Condição e Raridade”, articulado aaspectos do item 3.1, já referido, dasDiretrizes para Avaliação das ColeçõesTemáticas (Guidelines).Sobre Condição e Raridade, temos:

Os critérios de “Condição eRaridade” requerem uma avaliaçãoda qualidade do material exposto,considerando o padrão daquilo queexiste disponível para o temaescolhido, bem como a raridade edificuldade relativa de aquisição domaterial selecionado. (SREV, 4.3)É evidente que as peças que, apesarde serem muito raras, não tenhamrelação com o tema, ou essa relaçãoseja insuficiente, não devem serlevadas em conta ao se avaliar essecritério. (Guidelines, 4.3)

Encontramos nas considerações sobreMaterial Filatélico Apropriado o seguinte:

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... um carimbo de data e lugar,quando se refere a umacontecimento especial ocorridonessa mesma data e lugar, só érelevante se outros elementostemáticos do documento estiveremrelacionados ao tema ou se tiveremuma significação temáticaespecífica desde o ponto de vista dahistória postal; nesse último caso,deve ser usado somente se contiveralgum detalhe importante do tema.(Guidelines, 3.1)

A partir disso, podem ser usadas peçasacidentadas cujas marcas postais tenhamrelação direta com uma particular temáticaque é objeto da coleção. Nesse caso, tantoas que obliteraram os selos como aquelasoriundas da informação sobre o acidente,ocorrido com o transporte do malote pelasempresas de correio. Peças com essas

condições certamente são aceitas emexposições competitivas, sem sombra dedúvida, além de poderem, também, serconsideradas como raras. Um exemplo é o que se apresenta a seguir(ver imagem nesta página):Trata-se de um carimbo (uma flâmula) quepode ter relação direta com odesenvolvimento de várias temáticas,dependendo da criatividade do expositor.São peças com essas características as quemuito raramente localizei em leilões, poisrestringia a procura somente por peçascujas marcas postais fossem temáticas.Essa interpretação advém do fato de que,de modo geral, quando é apenas o selofixado na peça circulada que pertence auma particular temática, é ele que deve serexposto isoladamente e não a peça toda,uma vez que nada, além do selo, mantémrelação como o tema. Em outros termos,uma carta, por exemplo, nessas condições,

estaria simplesmentepreenchendo espaço nafolha da coleção, umavez que nada justificariaali sua presença.No entanto, essainterpretação, comoconcluí recentemente,parece ser bastantelimitada, quando se tratade carta acidentada. Defato, na LUBRAPEX2006, ocorrida no Rio deJaneiro, observei queem duas coleçõestemáticas históricasestavam expostas cartas

Carta acidentada durante o seu transporte de Paris (28/5/1969) paraLa Rochelle e respectivo envelope de reenvio (Paris, 18/6/1969).

Carimbo: “Floralies internationales de Paris”.(imagem com a área da flâmula em destaque).

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acidentadas e nas quais as relações com osrespectivos temas não dizem respeito anenhuma marca postal anterior ao acidente.Uma das coleções participava na ClasseEspecial e é a premiadíssima coleção deJosé Evair sobre orquídeas, na qual estavaexposta a carta apresentada a seguir:

Conforme se pode observar, o únicoelemento da carta referente ao tema dacoleção está num selo que apresenta danosdevido ao acidente. São as quatro orquídeasdesenhadas, uma em cada canto do seloemitido, em 1938, pelo Brasil e quecomemora a 1ª Reunião Sul-Americana deBotânica.Cabe a pergunta: o que justificaria apresença dessa peça?Consultei o premiado expositor temáticoportuguês, Julio Maia, presente no recintoda LUBRAPEX 2006, sobre a pertinênciado uso dessa peça, uma vez que, até então,

minha compreensão era de que haveria anecessidade de marca postal, referente aotema da coleção, sobre a correspondênciaexposta. Ele defendeu a presença de peçascomo essa em exposições competitivas,inclusive se referiu a uma outra coleção dePortugal, a L’Automobile do colecionador

temático Eduardo JoséOliveira e Souza, queobteve 97 pontos emedalha Grande Ourona LUBRAPEX 2006.Nessa coleção, estavamexpostas duas cartasacidentadas da Holanda(acidentes de viaturaspostais), uma devido aincêndio e outra porimersão na água, comselos deslocados.Nenhum outro elementopresente nas cartas serelacionava diretamentecom o tema automóvel.De fato, o Guidelines

para avaliação de coleções temáticas,informa que:

Carimbos genéricos podem serusados pelo significado específicodo nome de um lugar ou pela razãopela qual esse lugar existe.Alternativamente, estes podemconter uma informação temáticapertinente (ex.: texto publicitário ouilustração), afora os dadosreferentes ao lugar e/ou à data.Uma marca postal, mesmo quesendo do período pré-filatélico, nãodocumenta o lugar de nascimento

Primeiro voo LATI Brasil - Itália. Carta recuperada de acidente aéreo,ocorrido no Marrocos, em 21 de dezembro de 1939.

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de uma pessoa. Igualmente, umcarimbo de data e lugar, quando serefere a um acontecimento especialocorrido nessa mesma data e lugar,só é relevante se outros elementostemáticos do documento estiveremrelacionados ao tema ...(Guidelines, 3.1, grifo meu)

Assim, com um pouco mais de atenção aessa norma, é possível considerar que o usodas referidas peças dessas duas coleçõestambém é possível. Vejamos:Em relação às duas cartas da coleçãoL’Automobile, o que justifica a presençadelas é uma significação temáticaespecífica, qual seja, o transporte porveículo postal, que se relaciona com odesenvolvimento do tema desde o pontode vista da história postal.Quanto à carta da coleção de orquídeas, deJosé Evair, temos:1 – um carimbo em que constaacontecimento especial, qual seja, oprimeiro vôo LATI Brasil-Itália que, porsua vez, foi acidentado, isto é, temos doisacontecimentos especiais que, no entanto,não se relacionam diretamente com atemática sobre orquídeas, objeto da

coleção;2 – Um “outro elemento temático”, e único,que se relaciona diretamente com o temadas orquídeas: o selo afixado.Parece, portanto, ser consistente, e emacordo com o Guidelines, o uso dessa peça,e não apenas o selo isolado sobre o tema,pelo fato do selo estar afixado sobre umacarta que, além de acidentada, documentaum outro acontecimento especial emdecorrência do qual houve o acidente quetransportava o malote da empresa decorreio.Há, além dessa interpretação, uma segundaque, de modo equivalente, justificaria ouso dessa peça. Vejamos: É possívelconsiderar que, em determinadassituações, um selo acidentado ao portearuma correspondência constitua umararidade. Nesse caso, que melhordocumento, além da carta acidentada como referido selo nela afixado, comprovariaque o selo sofreu, realmente, um acidente?Analisado por esse ponto de vista, pareceser possível o uso de peçascomprovadamente acidentadas durante seutransporte pelo correio, mesmo quandopossuam somente o selo como elementodiretamente relacionado à temática.

A AFSC convida para suas reuniões regulares:

Quintas-feiras, a partir das 18 horasSábados, a partir das 14 horas

Nossa Sede permanece aberta de segunda a sexta-feira, das 14 às 19 horas.

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Verso (parcial) do envelope, com carimbo retangular na cor preta,medindo 58 x 34 mm do “Serviço de Censura da Chefatura de Polícia”.

Censura da Chefatura de Polícia

Roberto João Eissler - Jaraguá do Sul, SC

Os aficcionados pela história postal,em particular pela censura postal brasileira,conhecem o catálogo Meiffert “Zensurpostin Brasilien 1917-1964”. Ele é ilustrado, oque quer dizer que, mesmo sem asexplicações, é possível usá-lo comoreferência nas coleções.

Contudo, para o público alemão, eleapresenta uma ou outra explicação sobreos escritos do carimbo, uma espécie delegenda. Por exemplo, no carimbo 1.2.46menciona “R.A.A.Aé. = RegimentoArtilharia Anti Aéreo = Flugabwehr-Einheit”, no carimbo 1.2.51 ele traduz“F.A.B = Força Aérea Brasileira =Brasilianische Luftwaffe”, entre outros.

Essas traduções nem sempre sãosimples de serem feitas. Encontrar a palavracorreta, exatamente a nomenclatura queexpressa o sentido exato no contexto em

que está inserido, costuma apresentardificuldades. A tradução é, tra-dicionalmente, um exercício difícil eardiloso. Requer, no mínimo, oconhecimento de dois idiomas – aquele doqual se traduz e aquele para o qual o textoé vertido. A fluência em mais línguas ajuda,evidentemente, pois muitas vezes é numvocábulo de outro idioma que se encontraa solução adequada. Como já disse GeorgeBarrow, “toda tradução é, no melhor doscasos, um eco”.

Ao encontrar um carimbo não listadonesse catálogo (ver figuras), fiqueiimaginando como seria a tradução para oalemão da expressão “chefatura de polícia”.

O dicionário Aurélio apresenta relaçãoentre as palavras chefatura e delegacia, poischefatura é a repartição onde o chefe dáexpediente e delegacia é a repartição onde

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o delegado dá expediente.A palavra “delegacia” aparece no

catálogo Meiffert mais de uma dúzia devezes, seja nos carimbos seja em etiquetasde censura. Entretanto, a expressão“chefatura de polícia” não aparece.

No dicionário Langenscheidts, há otermo “Hauptgebäude” para “chefatura depolícia”. Pronto, simples. Havia umapalavra para essa expressão.

Não satisfeito, decidi escrever (aos 10/2/09) para um amigo que, por diversasvezes, ajudou-me com traduções. Sabendoque ele gosta dessas questões gramaticais,perguntei-lhe se “Polizei-Hauptgebäude”seria a melhor tradução para Chefatura dePolícia ?

Eis a resposta dele em 16/2/2009: “otermo “chefatura de polícia” nunca vi emalemão, mas graças a um dos meus hobbiesno passado de ler KRIMINALROMANE,tenho, muitas vezes, encontrado o termoPolizeipraesidium (não confundir

Envelope (e carta inclusa) com saída de São Luís, MA aos 28.01.1936e destino ao Rio de Janeiro, com chegada aos 31.01.1936.

Praesidium = presidente, com presídio,cadeia) para denominar justamente umarepartição policial que exerce a função dechefia”.

Sugiro, portanto, traduzir chefaturacom Polizeipraesidium, como nosromances policiais da Alemanha, muitoembora a palavra chefatura não parecerautenticamente portuguesa, pois, consulteio dicionário Michaelis português-alemão,edição de 1911, onde dita palavra nemexiste.

Em compensação, também não existePolizei praesidium, no mesmo “Deutsch-Portugiesisch” de 1911, onde só consta“Polizeibureau” (escritório policial),palavra, aliás, de grafia antiquada, pois,hoje seria “polizeibuero”. Lá como aquitambém existem reformas ortográficas”.

Assim sendo, espero que o leitorencontre nessas linhas subsídios para atradução ou “eco” desse termo.

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A Columbofilia nas Olimpíadas

Americo Rebelo - Porto, PORTUGAL

A Columbofilia é a arte de criar pombos-correios para competição. Éum desporto originário da Bélgica, tendo o seu início no dia 15 deJunho de 1820. O pombo-correio foi uma das primeiras aves

domésticas a aparecer, por volta do ano de 3000 a.C., sendo usado como mensageiro noano de 1800 a.C. É uma ave com porte, beleza e inteligência fora do vulgar. O homem jádescobriu muitas coisas através das novas tecnologias, mas ainda não conseguiu descobrir“o fenómeno do sentido de orientação dos pombos-correios”.Em Portugal, a Columbofilia é a modalidade esportiva que ocupao segundo lugar, com mais adeptos, logo a seguir ao futebol. Égerida por regras internacionais, havendo uma FederaçãoColumbófila Internacional, sediada na Bélgica, à qual estãofiliadas 64 Federações dos vários países do Mundo. Portugal érepresentado pela Federação Portuguesa de Columbofilia,fundada em 1945, e sediada em Coimbra. Por sua vez, naFederação Portuguesa de Columbofilia estão inscritas 14 associações que representamcerca de 800 clubes e 18.500 associados, tendo recenseados em torno de 4.500.000pombos. Olhando ao peso e ao entusiasmo que essa modalidade tem em Portugal, oPresidente da Federação Columbófila Internacional é um Português, José Tereso, queocupa simultaneamente o cargo de Presidente da Federação Portuguesa de Columbofilia.O seu nome foi escolhido em 2005, quando se organizou, em Portugal, na Cidade doPorto, as XXIX Olimpíadas de Columbofilia. A sua eleição teve o apoio de 32 países eocorreu na cidade Belga de Oostende, sitio onde se organizam as Olimpíadas da

modalidade. Independentemente da participação dasOlimpíadas, essa modalidade também é representada em nívelde várias exposições, quer Nacional quer Internacional. Esseseventos têm uma força de tal ordem, em Portugal, que sãoreconhecidos pelas entidades governamentais, conformemensagem de sua Ex.ª Sr. º Presidente da Republica durante aXI Exposição Ibérica, em janeiro de 2002:

“ Vivemos o entusiasmo de dinamizar um projecto com dimensão Ibéricanuma modalidade que exige uma invulgar dedicação e tem sabido conquistarelevado prestígio além fronteiras, facto que com toda a justiça merece ser

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realçado. É com muito gosto que me associo a esta Exposição Nacional eIbérica de Pombos-Correio. O sucesso de tal iniciativa vai recompensar, estoucerto, o empenho e o entusiasmo de todos quantos contribuíram para aconcretização desta iniciativa,nomeadamente, a AssociaçãoColumbófila do Distrito de Lisboa.Aproveito, ainda, a oportunidadepara cumprimentar todos osparticipantes presentes nesteevento, desejando-lhes as maioresfelicidades desportivas epessoais”.

O Presidente da República,

Jorge Fernando Branco de Sampaio

Os mais célebres columbófilos de todos os tempos foram os Irmãos Janssem de Arendonk.Segundo informações da Imprensa Internacional, foram eles que revolucionaram o mundocolumbófilo, isso no sentido positivo. Graças a eles, as raças “Janssem” tiveram umagrande procura em nível internacional.

Os Pombos-correios pertencem à ordemdos Columbiformes e à famíliaColumbidae, sendo o resultado decruzamentos de diversas raças Belgas eInglesas, feitos em meados do séculoXIX. A característica principal desse tipode ave é o sentido de orientação, tendoos machos um peso aproximado entre425 e 450 gramas. As fêmeas são maispesadas, tendo um peso aproximado de480 gramas. Essas aves têm capacidadepara percorrer por dia, cerca de 1.000 km,à velocidade média de 90 km por hora.Para que isso aconteça, as aves terão que estar bem de saúde, tendo vivacidade de vooe grande resistência à fadiga. Filatelicamente, essa espécie está bem representada querem nível Nacional quer Internacional.

Após vários estudos efectuados, os ornitólogos chegaram à conclusão de que o pomboque se vê na maioria das cidades, resulta do cruzamento das espécies pombos bravos(Columba Livia Livia) e pombos domésticos (Columba Livia). Para a maioria das pessoas,

“Aves de Portugal” - 4º Grupo - 7.3.2003

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os pombos das cidades não são bem aceitos por causarem vários incômodos de ordemsanitária, estética e higiênica, sendo impossível o controle da sua reprodução. Mas ainda,e felizmente, não há dados que mostrem que esses pombos sejam portadores de doençastransmissíveis para o ser humano. Existemvários estudos publicados, mostrando quealgumas raças de pombos domésticos têm umsentido de orientação apurado, que regressamsempre ao local de partida. Essas raças tiveramum papel muito importante nos tempos antigos.Os pombos eram usados para levar mensagensmilitares e administrativas, como exemplo nasOlimpíadas da antiga Atenas e em várias açõesmilitares. Para muitos países, a Columbofiliafazia parte dos organismos militares, por sereconhecer o papel importante que os pombostinham na estratégia militar e global de defesa.

pombo Trocaz

Aves da Região – Ponta Delgada

C.T.T – Ponta Delgada 18.10.88

pombo Selvagem

Aves da Região – Funchal

C.T.T - Funchal 6.03.87

Postal Máximo referente àsOlimpíadas de 1938.

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Carta circulada de Cuba para Portalegre em 7 de Abril 1969, conforme carimbo nafrente da carta.

No verso da carta há os seguintes carimbos:

Admon. Correios Mananzanillo Olé – Cancelado – Esse carimbo está ao centro dacarta, provavelmente o comprovativo em como ia fechada.Centro distribuição – 8 ABR 1969 – Carimbo do lado direito, parte de baixo.Certificação ???? Internacional - 14 ABR 1969 – Carimbo do lado esquerdo superior.Do mesmo lado tem outro carimbo ilegívelCorreios de Lisboa – 21.4.69 – 9 H. – Carimbo de passagem por Lisboa – Lado esquerdobatido a preto.

O selo das Aves que se encontra na parte da frente é um pombo-correio, sendo daEmissão dos Correios de Cuba – 1969 – Pombas (Palomas /Dove)

BIBLIOGRAFIA:· · · · · Irmãos Janssen de Arendonk· · · · · Histórias e Sucesso – Uma Viagem pela Bélgica Columbófila· · · · · Num Voo de Pombos· · · · · Catalogo de Selos Temáticos – Fauna – Aves· · · · · Catalogo de selos Postais e Marcas Pré Adesivas da Afinsa· · · · · Livro Vermelho dos Vertebrados· · · · · A Asa – Instrumento de Voo

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A Coleção dos Selos MACHINS

Diego Salcedo - Recife, PE

Pensei em escrever algumasinformações sobre o colecionismo dosselos postais chamados “MACHINS”. Se,por acaso, o colega que coleciona essematerial já souber dessas informações,perdão pela redundância. Que sirva,então, para iniciantes e curiosos. Antes demais nada, quero indicar um livroespecífico sobre os MACHINS. O seuconteúdo está em Inglês. Chama-se: Thecomplete Deegam Machin Handbook. Seuautor é John Deerin (e-mail para pedidoscom o autor:

[email protected] última edição é de 2003, dividido

em duas partes, em quatro volumes. Custaaproximadamente R$ 280,00. Paracolecionadores de MACHINS, isso éinvestimento e conhecimento.

Outro ponto relevante, que valeressaltar, trata sobre a questão da escolhada temática de sua coleção e a condição debuscar a informação para agregar-lhe valor.Se a escolha do tema e, por ventura, doassunto (conceitos que não significam amesma coisa), não for abordada na línguaportuguesa, far-se-á necessário estudar alíngua em questão. Logo, no caso docolecionismo dos MACHINS, aprenderinglês faz-se necessário. Quando sugiroque isso agrega valor à coleção, também épossivel afirmar que, em verdade, agrega

valor à pessoa, ao colecionador e, em certamedida, a todos que o rodeiam direta eindiretamente. Se alguém se interessarsobre o por que dessa minha visão de valoragregado no colecionismo, sugiro a leiturado livro, traduzido ao português, de PierreLévy e Michel Authier, As árvores deconhecimentos.

Dando sequência às questões sobre osMACHINS.

O que são os MACHINS? São selospostais, do tipo ordinário, emitidos peloReino Unido (não confundircom Inglaterra). O Reino Unido (UnitedKingdom = UK) é constituído pelaInglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e Paísde Gales. Isso significa que esses selos sãoemitidos e utilizados por todos esses paísesque constituem o Reino Unido.NOTA: Selos ordinários ou definitivos ouregulares, segundo Machado e Queiroz(1994, p .74), “são aqueles emitidos parauso comum, não limitados no tempo nemna quantidade. Podem ser reimpressosquantas vezes for preciso, pois não têmtiragem limitada, nem prazo fixado parasair de circulação”, ao contrário doque ocorre com os selos do tipocomemorativo, taxa, etc.

De onde vem o nome MACHIN? Onome Machin, quando referido aocolecionismo desse tipo específico de selo

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postal, tem sua origem no nome do escultor,Arnold Machin, que criou a peça que serviucomo base para a figura (efígie) que estáimpressa no selo postal. A imagem é daRainha Elizabeth II.

Qual o tamanho dessa coleção?Colecionar MACHINS significa encarar amaior coleção de selos postais ordináriosjá produzidos no mundo. Várias centenasde tipos (com variações de cores e cifras)foram elaboradas para esse pequeno pedaçode papel.

NOTA: Aliás, vale pontuar que nãonecessariamente todo selo ordinário temque ser pequeno e apenas trazer impressouma efígie, um brasão ou um valor facial(cifra). Como exemplo de que isso não éuma regra, temos no Brasil os seguintesexemplos:1. Emissão de 1976 até 1977 - Tipos eProfissões Nacionais: as imagens remetemàs atividades, por exemplo, de jangadeiro,carreiro, vaqueiro, barqueiro, garimpeiro,pescador, etc.2. Emissão de 1980 até 1985 - Recursos

Ecônomicos Nacionais: as imagensremetem à avicultura, côco, manga,guaraná, trigo, algodão, etc.E outros exemplos mais.

Primeira emissão do MACHIN?A primeira emisão desse selo foi em trêsvalores diferentes, em maio de 1967.

O que devo procurar nesses selospostais para tornar-me conhecedor doacervo? Algumas características sãoimportantes no colecionismo de selospostais. São as chamadas “variedades” decada peça. Isso a torna singular quando fazparte de um acervo. Com relação aosMACHINS, é relevante percebercaracterísticas como: barras defosforecência, tipos de impressão(litogravura ou fotogravura), estilos dosvalores faciais (cifras), emissões nacionaisou regionais (brasões), tipo de papel,picote e outras.NOTA: Quero destacar uma distinção paraas emissões regionais dos MACHINS.

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Quatro regiões britânicas utilizam asmesmas emissões, mas para diferenciar-seentre si e da Inglaterra, imprimiram brasões(objetos de estudo da Heráldica) namargem superior esquerda do selo. Seguea lista das regiões e o significado de cadabrasão:

1. Nothern Ireland (em português Irlandado Norte) - uma mão vermelha dentro deuma estrela, abaixo de uma coroa (símboloheráldico de Ulster). Ulster é uma dasprovíncias históricas da Irlanda. Tambémé o nome do dialeto que teve origem nessaregião norte da Ilha da Irlanda.

2. Scotland (em português Escócia) - leão(símbolo heráldico da Escócia) com alíngua e as garras sendo mostradas. Osleões são imagens muito utilizadas emBrasões, Escudos e Bandeiras. No caso daEscócia, é utilizada desde o século XI.(Escócia em inglês = Scotland que significaterra dos Scots, família imperial).

3. Wales (em português País de Gales) -dragão (símbolo heráldico de Wales) coma língua e as garras sendo mostradas, dequatro patas e duas asas. Foi cunhada nasmoedas inglesas (objeto de estudo daNumismática) e na bandeira de Gales, emvermelho, pelo galês Henrique VII Tudorem 1485.

4. Isle of Man (em português Ilha doHomem) - três pernas dentro de um círculoou uma roda (símbolo heráldico da Ilha).Esse símbolo é o triskelion (termo Gregoque significa três pernas interconectadas) .Originou-se de uma lenda que conta queManannan (Rei dos Mares da MitologiaCélta) se transformou nas três pernas erodou morro abaixo para expulsar osinvasores. Existem diversos modelos dessaimagem.

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Observação: para ver imagens dosMachins, dos tipos regionais e seus brasõesacessem as páginas eletrônicas que estãolistadas nas Referências Bibliográficas.

Quero chamar a atenção sobre comoé vasto o conhecimento que se estendenuma rede conceitual infinita e complexa,a partir de uma imagem num selo postal. Seao pegar um selo com uma imagemsimples, como um Machin, já dá paraescrever um livro, imaginem um Machincom brasões e, mais além, imaginem o quese pode dizer sobre as imagens nos selospostais comemorativos. O colecionismo vaialém de classificar e catalogar unidades, oque tem sua função. Mas tem, também, aver com conhecimento, memória,curiosidade, emancipação intelectual,aventura, caminhos desconhecidos, em fim,vida. Abaixo, divido com vocês um trechode um artigo que escrevi e que foipublicado em revista científica.

“O que dizer de tão rica e lúdica fontede informação? Esse pequeno pedaço

de papel, indiferente às diversas formascomo se apresenta e aos suportes aosquais é agregado, elimina distâncias,preserva na forma de texto e imagem(relação verbo-visual), comcriatividade, uma possível história dahumanidade.”(SALCEDO, 2008, p. 191-192).

Referências BibliográficasMACHADO, Paulo Sá; QUEIROZ,Raymundo Galvão de. Dicionário deFilatelia. Lisboa: ASA, 1994.MEYER, Rolf Harald. Catálogo de Selosdo Brasil 1994. 49. ed. São Paulo: RHM,1994. v. 3 (1967- 1993).SALCEDO, Diego A. A visibilidade daciência nos selos postais comemorativos.E-Compós, Brasília, v.12, n.1, jan./abr.2009, p. 1-16.www.filatelia77.com.br/informativo/machin.htm. Acessado em 16.11.2008..www.adminware.ca/machin.htm. Acessadoem 16.11.2008.

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Agências Postais do Amazonasdurante o Império Brasileiro

Luis Claudio Fritzen - Florianópolis, SC

Embora pelo Tratado de Tordesilhas(1494), todo o vale amazônico seencontrasse nos domínios da Coroaespanhola, a foz do grande rio só foidescoberta seis anos mais tarde, por VicenteYáñez Pinzón, que a alcançou em fevereirode 1500, seguido por seu primo Diego deLepe, em abril do mesmo ano. Quatrodécadas depois, outros espanhóis, GonzaloPizarro e Francisco de Orellana, partindode Quito, no atual Equador, atravessarama cordilheira dos Andes e exploraram ocurso do rio até ao Oceano Atlântico. Aviagem, que durou de 1540 a 1542, foirelatada pelo dominicano frei Gaspar deCarvajal. Ainda no século XVI,registraram-se aexpedição de Pedrode Ursua e Lope deAguirre (1559-1561)em busca do lendárioEldorado.

O nome“Amazonas” é deorigem indígena, dapalavra amassunu,que quer dizer “ruídode águas, água queretumba”, e foi, originalmente, dado ao rioque banha o Estado, pelo capitão espanholFrancisco Orelhana, quando, ao descê-loem todo o comprimento em 1541, a certa

altura encontrou uma tribo de índiasguerreiras, com a qual lutou. Associando-as às Amazonas do Termodonte, místicamulheres da Grécia antiga, deu-lhes omesmo nome.

Sem ocupação efetiva, além dealgumas feitorias inglesas e holandesasexplorando as chamadas “drogas dosertão”, somente durante a Dinastia Filipina(1580-1640) a Coroa hispano-portuguesase interessou pela região, com a fundaçãode Santa Maria das Graças de Belém doGrão-Pará (1616), sendo dignas de registroa expedição do Capitão-mór da Capitaniado Grão-Pará e Cabo, Pedro Teixeira, quepercorreu o grande rio do Oceano Atlântico

até Quito (1637-1639), e logo emseguida a de AntônioRaposo Tavares, cujabandeira, saindo daCapitania de SãoVicente, atingiu osAndes, retornandopelo rio Amazonasaté Belém, per-correndo um total decerca de 12.000

quilômetros, entre 1648 e 1651.No século XVIII, a região do alto rio

Amazonas foi considerada estratégica tantopara a diplomacia espanhola - por

Mapa parcial do Brasil imperial, mostrandoa então Província do Amazonas.

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representar via de acesso ao Vice-reino doPeru -, quanto para a portuguesa,especialmente a partir da descoberta deouro nos sertões de Mato Grosso e deGoiás. É nesse contexto que se inserem asinstruções secretas passadas por SuaMajestade ao Governador e CapitãoGeneral da Capitania do Grão-Pará, JoãoPereira Caldas, para que fossem fundadassete feitorias pelo curso dos riosamazônicos, de Belém até Vila Bela doMato Grosso e à capital da Capitania dorio Negro, para apoiar o comércio(contrabando), com as provínciasespanholas do Orinoco (Venezuela), deQuito (Equador), e do Peru, comércio esseque antes se fazia com a Colônia doSacramento (Instrução Secretíssima, c.1773. Museu Conde de Linhares, Rio deJaneiro). A assinatura do Tratado de Madrid(1750) ratificou essa visão, tendo a Coroaportuguesa feito valer, também na região,o princípio do “uti possidetis”, apoiado poruma linha de posições defensivas que,mesmo virtualmente abandonadas após oConsulado Pombalino (1750-1777) edurante o século XIX, legariam àdiplomacia da nascente nação brasileira osseus atuais contornos fronteiriços. Dentrodo projeto de ocupação do sertãoamazônico, constituiu-se a Capitania Realde São José do Rio Negro (Carta-Régia de3 de março de 1755), com sede na aldeiade Mariuá, elevada à vila de Barcelos(1790).

Durante o período Colonial, foiorganizado o Correio no Brasil, através doAlvará Régio de 20 de janeiro de 1798, oqual coube à Repartição da Marinha e a da

Fazenda, à qual deveriam “pertencer osestabelecimentos dos Correios Interioresdo Brasil, para a mais útil comunicação detodas aquelas Capitanias.” Para o encargodessa organização foi investido o Sr.Joaquim Xavier Garcia d’Almeida, pelaSecretaria de Estado dos Negócios doImpério.

No início do século XIX, a sede dogoverno da Capitania foi transferida paraa povoação da barra do Rio Negro, elevadaa Vila da Barra do Rio Negro para essefim, em 29 de março de 1808. À época daIndependência do Brasil (1822), osmoradores da vila proclamaram-seindependentes, estabelecendo um GovernoProvisório. A região foi incorporada aoImpério do Brasil, na Província do Pará,como Comarca do Alto Amazonas (1824).Ganhou a condição de Província doAmazonas (Lei n° 582, de 5 de setembrode 1850), sendo a Vila da Barra do RioNegro elevada à cidade com o nome deManaus (Lei Provincial de 24 de outubrode 1848) e capital (5 de janeiro de 1851).

Ao ser criada a província doAmazonas, em 1850, existiam quatromunicípios: Barcelos, Luséa, Manaos eTefé, e já havia sido criado mas ainda nãoinstalado o de Paratins.

O meio de comunicação entãoempregado era o fluvial. Sobre a criaçãodas linhas de navegação, observamos que

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o então Presidente da Província,conselheiro Herculano Ferreira Penna, emdiscurso proferido à AssembléiaLegislativa Provincial de 1º de outubro de1853: “Cumpre notar que o recebimento eremessa da correspondência só é regularentre esta Cidade (Manaos), Serpa e VillaBella da Imperatriz, onde tocão osPaquetes de Vapor: a Villa d’Ega e todosos outros Povoados de Solimões atéTabatinga começarão a gozar de igualbenefício, posto que frequentemente como estabelecimento da navegação na 2ªLinha conforme o contracto da Companhiado Amazonas; com os demais pontos daProvíncia mantém-se a communicação oramui pronpta, ora muito morosa, por meiode embarcações particulares, ou das queos Commandantes das Fronteiras eDestacamentos mandão a Capital emdiligências do serviço militar. O meuAntecessor havia estabelecido diversaslinhas de Correios, como se vê dasinstrucções que expedio em 6 de Fevereiro,3 e 29 de Março, e 8 de Maio de 1852, maso serviço dellas cessou no corrente annopor não haver a Lei do Orçamentoautorizado a continuação da despeza, quese fazia pelo Cofre Provincial.”

Tentaremos agora reproduzir de formasistemática as principais agências dos

correios existentes na Província doAmazonas, durante o Império Brasileiro.Quando possível descrito o ato que a crioue a data, informe importante para o estudoda carimbologia.

Os agentes postais, a época, recebiampercentual sobre a renda da agência, emíndices que variavam entre 50%, 40% e30%. Quando se encontrava anotação derendimentos de 5%, 10% e 12% essaporcentagem era apurada sobre a venda deselos – depois de 1843 – importância doseguro e montante de porte a pagarrespectivamente. Havia agentes postais queoptavam por uma gratificação anualvariável, ou por uma percentagem tambémvariável sobre a receita da agência.BARCELLOS. Em Mariuá, aldeia dosíndios Manaus, de onde se originou a atualcidade de Barcelos, o carmelita Frei MatiasSão Boaventuras fundou em 1728 a Missãode Nossa Senhora de Mariuá. Trinta anosdepois, Mariuá é promovida a categoria devila e recebe o nome de Barcelostransformando-se na capital da capitania deSão José do Rio Negro. Em 30 de abril de1876 foi criada a Comarca de Barcellos.Pela Lei nº 388/1878, foi transferida paraMoura, retornando pela Lei nº 538, de 09de junho de 1881, com os termos deComarca de Barcellos e Moura.

Criada agência postal pelo Decreto de05 de junho de 1829. Vencimento do agente50%. Receita orçada para 1851/52 de85$200.

BELLA IMPERATRIZ. Descoberta em1749, pelo explorador José Gonçalves daFonseca que notou uma ilha no rio

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Amazonas. A fundação da localidade sóocorreu em 1796, por José Pedro Cordovil,que veio para aquele local se dedicar àpesca do pirarucu e à agricultura,chamando-a Tupinambarana. A rainha D.Maria I deu-lhe a ilha de presente. Aliinstalado, fundou uma fazenda de cacau.Ao sair dali, algum tempo depois, ofertoua ilha à rainha. Tupinambarana foi aceita eelevada à Missão Religiosa, em 1803, pelocapitão–mor do Pará, Conde dos Arcos, queincumbiu sua direção ao frei José dasChagas, recebendo a denominação de vilaNova da Rainha. Houve grande progressoe desenvolvimento na vila, decorrente daorganização da comarca do Alto Amazonas.Em 25 de julho de 1833, passou à freguesia,com o nome de Nossa Senhora do Carmode Tupinambarana. Era aindaTupinambarana simples freguesia, quandoiniciou a revolução dos Cabanos no Pará ese alastrou por toda a província, talvezporque estivesse bem defendida, foipoupada aos ataques dos “Cabanos”. Em24 de outubro de 1848, pela Lei Provincialdo Pará nº 146, elevou a freguesia àcategoria de Vila, com a denominação deVila Bela da Imperatriz, e constituiu omunicípio até então ligado a Maués. Em15 de outubro de 1852, pela Lei nº 02, éconfirmada a criação do município. Em 14de março de 1853, dá-se a instalação domunicípio de Parintins. Em 24 de setembrode 1858 é criada, pela Lei Provincial, aComarca, compreendendo os termosjudiciários de Vila Bela da Imperatriz e VilaNova da Conceição. Em 30 de outubro de1880, pela Lei Provincial nº 499, a sede domunicípio recebe foros de cidade e passou

a denominar-se PARINTINS.Agente postal nomeado pelo Aviso de

22 de novembro de 1847. Vencimento doagente de 50%.

BORBA. Fundada a aldeia da cachoeirade Santo Antonio do Rio Madeira pelo freiJoão Sampaio em 1728, onde hoje é MatoGrosso. Os jesuítas foram retirados dolugar original devido à inacessibilidade econstantes ataques dos índios de tribosinimigas. Os primeiros habitantes foram osíndios araras, toras, torés e urupás.Posteriormente, a comunidade mudou-sepor duas vezes até se estabelecer à margemdireita do Rio Madeira. Foi, também, umadas cidades que mais vezes teve seu nometrocado. Após Cachoeira de Santo Antoniodo Rio Madeira chamou-se Aldeia do RioJamari, localizada no rio homônimo. Já nolocal definitivo foi denominado lugarAraretama e depois Trocano, que é o nomede um instrumento de percussão indígenafabricado em madeira. Até 1755, mantémo nome de Trocano e pertence aos Jesuítas,passando mais tarde aos Carmelitas queaceitaram do Governador do Grão-Pará amissão do Rio Madeira. Foi levada àcategoria de vila em 1º de janeiro de 1756pelo próprio Governador do Grão-Pará, ocapitão-general Francisco Xavier deMendonça Furtado, recebendo o nome deBorba em homenagem a uma cidade econde portugueses, sendo então a primeirapovoação do Amazonas a receber opredicado de Vila. Perdeu tal categoria em1837, voltando à freguesia. Pela LeiProvincial nº 73, de 05 de dezembro de1857, voltou à vila e sede do município,

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mas novamente extinto pela Lei Provincialnº 715, de 28 de abril de 1886 e restauradodefinitivamente pela Lei nº 781, de 26 desetembro de 1888.

“Império, 30 de agosto de 1855, aoVice Pres. Província do Amazonas. Aprovoa criação de agências do correio feitas pelaPresidência do Amazonas na vila de Mauése freguezias de Borba e Serpa (aviso). Ilmo.e Exmo. Sr. – em vista do que ssaPresidência informa em ofício nº 14, de 24de fev, do ano passado, comunico a V. Exa.que fica confirmada a deliberação quetomou a mesma Presidência de criarAgência de Correio na vila de Manes e nasfreguezias de Borba e de Serpa, deconformidade com as instruções expedidaspor este Ministério em 29 de set. de 1851,como também suprimindo a agência damesma forma criada na freguesia deThomar.”. Vencimento do agente de 50%.

COARY. Aldeamento indígena que foicatequisado pelo jesuíta alemão SamuelFritz, no século XVII. Criada paróquia em1709. Sendo elevada a “lugar”, em 1759,rebatizada de Alvelos. Retornou ao nomede Coary em 1839, quando transformadaem freguesia, sendo transferida sua sedepara a foz do Lago de Coary pela Lei nº37, de 30 de setembro de 1854, e elevada àvila pela Lei Provincial nº 287, de 01 demaio de 1874, e instalada em 02 dedezembro daquele ano.

Agência dos correios criada em 1873.

CODAJÁZ. Sita às margens do rioSolimões. Da aldeia dos índios Cudaiás,primitivos habitantes da região, originou-

se a atual cidade de Codajás, fundada em1792, por José da Rocha Thury. Criadafreguesia pela Lei Provincial nº 175, de 30de junho de 1862 como Nossa Senhora dasGraças de Codajáz, e elevada à vila pelaLei Provincial nº 287, de 01 de maio de1874, sendo instalada somente no dia 05de agosto do ano seguinte.

Criada agência dos correios em 1873,conforme Tabella que acompanhou orelatório approvado por Aviso doMinistério da Agricultura, Commercio eObras Públicas de 24 de novembro de1884. Receita, em 1889, de 117$280.

CONCEIÇÃO. Fundada em 1768, porLuis Pereira da Cruz e José RodriguesPreto, nas margens do rio Maués. Seu nomeprimitivo era Lusea. Pela Lei nº 151, de 11de setembro de 1865, passou àdenominação de Vila da Conceição. Omunicípio e o termo judiciário conservarama antiga denominação de Maués.

Agência postal criada pelo Decreto de05 de março de 1846.

ITACOATIARA. A aldeia foi elevada àcondição de vila, em 1759, com o nome deSERPA. Suprimido em 1833, o municípiofoi restaurado pela Lei nº 74, de 10 dedezembro de 1857. A vila recebeu foros decidade pela Lei Provincial nº 383, de 25de abril de 1874, já então chamada deItacoatiara, vocábulo indígena que significa“pedra pintada”.

A agência dos correios foi criada em1855, ou segundo outras fontes em 1860.

JAVARY. Localidade originada de missão

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da Companhia de Jesus, fundada porSamuel Fritz a serviço do governoespanhol, nas margens do rio Solimões, em1869. Após missão miliar, passou para odomínio português. A aldeia de São Paulodos Cambébas foi elevada à categoria devila, em 1817, com o nome de Olivença,perdendo essa categoria, em 1833. Pela Leinº 599, de 01 de junho de 1882, foinovamente à vila com o nome de São Paulode Olivença.

Agência dos correios foi criada em1884.

MAUÉS. Inicialmente, foi denominadaLuséia, e progredindo com o tempotransformou-se em missão carmelita, comnome de Maués. O líder, nessa época, foio frei Joaquim de Santa Luzia. O povoadode Luséa foi fundado pelos portuguesesLuís Pereira da Cruz e José RodriguesPreto, e o trabalho missionário foi entregueaos capuchinhos. Os índios, descontentescom o trabalho escravo que lhes vinhamimpondo, revoltaram-se, o que gerou umasangrenta batalha (1832), com várioscolonos e soldados portugueses mortos. Porum decreto de 25 de junho de 1833 amissão foi considerada vila, sob ainvocação de Nossa Senhora da Conceiçãode Luséia. Em 1853, pela Lei nº 25 de 03de dezembro, da iniciativa do deputadoMarcos Antônio Rodrigues de Souza, a vilatornou-se cidade, chamada São Marcos deMundurucânia.

Mencionado um Decreto de 05 demarço de 1846, criando agência postal.Todavia: “Império, 30 de agosto de 1855,ao Vice Pres. Província do Amazonas.

Aprovo a criação de agências do correiofeitas pela Presidência do Amazonas navila de Maués e freguezias de Borba eSerpa (aviso). Ilmo. e Exmo. Sr. – em vistado que ssa Presidência informa em ofícionº 14, de 24 de fev, do ano passado,comunico a V. Exa. que fica confirmada adeliberação que tomou a mesmaPresidência de criar Agência de Correiona vila de Manes e nas freguezias de Borbae de Serpa, de conformidade com asinstruções expedidas por este Ministérioem 29 de set. de 1851, como tambémsuprimindo a agência da mesma formacriada na freguesia de Thomar.”. Háevidente erro na grafia, pois se refere à Vilade Maués, e não de Manés.

SERPA. Em 1655, é criada, pelo PadreAntônio Vieira, a Missão de Arroquis naIlha do Albi. Em 1757, os habitantes daAldeia dos Abacaxis são transferidos paraa margem esquerda do Amazonas ondeatualmente está a cidade de Itacoatiara. Em1758, Francisco Xavier de Mendonça passapelo local em sua segunda viagem pelaregião, com a finalidade de instalar acapitania de São José do Rio Negro. Em1759, a aldeia é elevada à vila comdenominação de Serpa. Em 1833 passandoà freguesia ou colégio eleitoral,dependendo do termo da vila de Manaus esob a invocação de Nossa Senhora doRosário de Serpa. O município deItacoatiara foi criado pela Lei nº 74 de 10de dezembro de 1857. Mas no ano de 1858,outra vez, é erigida em vila, com o nomede Nossa Senhora do Rosário de Serpa. Em27 de novembro de 1871, pelo Decreto

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Imperial nº 5.146, é criado o termojudiciário de Serpa. Em 10 de fevereiro de1872, através do Decreto Imperial nº 5.210,o termo judiciário de Serpa é reunido aode Silves. Em 25 de abril de 1874, a Lei nº283, eleva a antiga vila de Serpa à categoriade cidade, com o nome de Itacoatiara.

“Império, 30 de agosto de 1855, aoVice Pres. Província do Amazonas. Aprovoa criação de agências do correio feitas pelaPresidência do Amazonas na vila de Mauése freguezias de Borba e Serpa (aviso). Ilmo.e Exmo. Sr. – em vista do que ssaPresidência informa em ofício nº 14, de 24de fev, do ano passado, comunico a V. Exa.que fica confirmada a deliberação quetomou a mesma Presidência de criarAgência de Correio na vila de Manes e nasfreguezias de Borba e de Serpa, deconformidade com as instruções expedidaspor este Ministério em 29 de set. de 1851,como também suprimindo a agência damesma forma criada na freguesia deThomar.”.

SILVES. Situada a 250 km de Manaus, ébanhada pelo Lago Canaçari, formado pelaconfluência de cinco tributários do RioAmazonas: Rio Urubu, Rio Itabani, RioSanabani, Igarapé Açu, e Igarapé PontaGrossa. A história de Silves estáintimamente associada à de Itapiranga, porjá terem formado uma mesma unidadeadministrativa, com as atuais respectivassedes se alternando no decurso do tempocomo sede do município que entãoenglobava a ambos. O povoamento daregião tem seu marco inicial da fundaçãoda Missão do Saracá, por Frei Raimundo,

da Ordem das Mercês, em 1660. Em 1663,sangrentas lutas são travadas entre oscolonizadores portugueses e os indígenasperto da foz do rio Urubu, até a chegada,no final desse ano, de Pedro da CostaFavela, que aí desembarca parte de suatropa para a manutenção da ordem. Em1759, a já aldeia de Saracá é elevada à vila,com a denominação de Silves e como sededo município de igual nome. O municípioé extinto em 1833 e restabelecido em 1852.

Criada agência dos correios em 1873,conforme Tabella que acompanhou orelatório aprovado por Aviso do Ministérioda Agricultura, Commercio e ObrasPúblicas de 24 de novembro de 1884.

TABATINGA. Derivada do povoado deSão Francisco Xavier de Tabatinga, namargem esquerda do rio Solimões, a cidadefoi fundada na primeira metade do séculoXVIII, por Fernando da Costa AtaídeNeves,que transferiu para região umdestacamento militar do Javari - mais aosul, na fronteira Brasil-Peru - estabelecendoum posto de guarda de fronteiras entre osdomínios de Portugal e Espanha. O fortede São Francisco Xavier foi fundado em1776.

Agência postal criada pela Portaria de05 de julho de 1864.

TEFFÉ. Em 1718, Frei André tentandoevitar novos ataques espanhóis, subiu o RioTefé, onde encontrou um lago e fixou-se àmargem direita com seus peregrinos.Alguns anos depois foi assinado o Tratadode Madrid pelos reis de Espanha e Portugal,este tratado visava dar fim às lutas entre os

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dois países pela posse das terras. Mesmoassim, Teffé ainda causava discussão sobreos limites das terras de Portugal e Espanha.Em 1759, Portugal elevou à categoria devila, sendo dado o nome de vila de Egapara essa região. Fazendo parte daCapitania de São José do Rio Negro. Adiscussão sobre os limites das terras dosespanhóis continuava, até que estesenviaram uma expedição demarcadoracomandada por D. Francisco de Requenaque ocupou todo o Solimões até a vila deEga. Até que, em 1787, o português ManoelLobo d’Almada assume a capitania de SãoJosé do Rio Negro e expulsa os espanhóis.Em 1833, por ocasião da divisão territorial,o governo da província do Pará obtém ocontrole de Ega, e ignora a denominaçãovila de Ega e restitui o nome de Teffé. Coma criação da Comarca do Solimões em1853, que compreendia as vilas de FonteBoa, São Paulo de Olivença e BenjaminConstant, Tefé foi escolhida para ser a sededa comarca. Elevada à categoria de cidadeem 15 de junho de 1855, pela ResoluçãoProvincial nº 44 da mesma data, ficandoestabelecido o nome que perdura até hojeo de Tefé.

Agência postal criada pelo Decreto de5 de março de 1829. Vencimento do agentede 50%. Ainda com a denominação deEgas, tinha receita orçada para 1851/52 em85$200.

THOMAR. Antigo povoado de Bararoá,nas margens do rio Negro. Foi elevado àvila em 1758, com o nome de Thomar.Perdeu tal categoria em 1833, como váriasoutras localidades da região.

Provavelmente a agência dos correiosfoi criada quando da reforma havida peloDecreto de 05 de março de 1829, mas nãotemos informações seguras a esse respeito.“Império, 30 de agosto de 1855, ao VicePres. Província do Amazonas. Aprovo acriação de agências do correio feitas pelaPresidência do Amazonas na vila de Mauése freguezias de Borba e Serpa (aviso). Ilmo.e Exmo. Sr. – em vista do que ssaPresidência informa em ofício nº 14, de 24de fev, do ano passado, comunico a V. Exa.que fica confirmada a deliberação quetomou a mesma Presidência de criarAgência de Correio na vila de Manes e nasfreguezias de Borba e de Serpa, deconformidade com as instruções expedidaspor este Ministério em 29 de set. de 1851,como também suprimindo a agência damesma forma criada na freguesia deThomar.”. Portanto, em 1855 foi extintaaquela agência postal.

BIBLIOGRAFIA

IBGE. Enciclopédia dos MunicípiosBrasileiros, 1959.KOESTER, Reinhold. Carimbologia doBrasil Clássico, 1985/1992.LUTTERBACH, José Antônio V. AHistória Postal no Brasil Colonial,publicado na Revista Mosaico nº 35, deagosto de 2002.

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MONTEIRO, Nova. Administrações eAgencias Postaes do Brasil Império,publicado na Revista Brasil Filatélico nº21 de maio de 1935.

SANTOS, Áureo G. Agências de CorreiosCriadas e Suprimidas em 1851, 1855, 1856e 1857, publicado na Revista BrasilFilatélico nº 181, de julho de 1977.

ECT é líder em confiança pela 8ª vez

Os Correios foram eleitos pela oitava vez consecutiva a instituição maisconfiável do Brasil na pesquisa Marcas de Confiança 2009, realizada pela re-vista Seleções do Reader’s Digest, com respaldo técnico do Ibope Inteligên-cia.

A empresa obteve 85% dos votos na categoria Instituições/Organizações,superando o Real (76%) e as Forças Armadas (66%).

O objetivo da pesquisa é avaliar a confiança dos brasileiros em marcas,instituições e profissões. A oitava edição foi realizada via internet commonitoramento do Ibope, em junho de 2009, e levou em consideração umaamostra de 1,5 mil questionários.

O presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio, atribui a conquis-ta aos empregados da ECT: “A atitude de cada profissional, de total respeito eprioridade ao cliente, associada a uma política acertada de investimento eminfraestrutura, permite a proximidade e a oferta de serviços e produtos de qua-lidade aos cidadãos e às grandes organizações. Isso dá aos Correios uma con-dição inigualável, inclusive na avaliação dos concorrentes.”

A entrega do prêmio será no dia 4 de agosto, a partir 8h, em um café-da-manhã para empresários, publicitários, formadores de opinião e imprensacredenciada, na cidade de São Paulo. Durante o evento, o ex-presidente e soci-ólogo Fernando Henrique Cardoso vai apresentar uma palestra sobre o tema“confiança”.

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