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Tiragem: 3000 País: Portugal Period.: Mensal Âmbito: Regional Pág: 13 Cores: Cor Área: 26,50 x 34,50 cm² Corte: 1 de 4 ID: 56939924 01-12-2014 Associação «Cumeadas» na luta contra a desertificação do Interior

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Associação «Cumeadas» na luta

contra a desertificação do Interior

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ESPECIAL CUMEADAS / Entidade premiada pela Confragri em 2014

Quando falamos de reflorestação e dos programas que se lhes assiste temos que ter em conta um sem número de medidas tomadas em prol de um combate à desertificação não apenas física, mas muito, humana. É repovoar os solos e repovoar as casas. É dinamizar a economia dos lugares e absorver as raízes e tradições que se vão mesclando com as novas tendências de vida. Telma Marques é a presidente da Cumeadas e Ana Gancho a coordenadora da equipa, instalada num gabinete no Pereiro, que diariamente trabalha no apoio aos proprietários de terras deste território. As responsáveis dão-nos conta das dificuldades que enfrentam perante vários constrangimentos. Desde logo, a presidente reconhece que a equipa que possui não é suficiente para fazer face ao serviço, mas garante que a prioridade passa por equilibrar as contas e assegurar os salários. “Desde que entrei que não estamos em falta com nenhum salário e isso é o mais importante”, diz, recordando que a decisão de encurtar a equipa perante as adversidades financeiras veio já da anterior direção. Agora, Telma Mar-ques assegura que antes das contas equilibradas não há espaço para fazer crescer o número de colaboradores. Dar resposta a candidaturas na área agrícola, actualmente, só é possível graças a uma parceria com uma empresa, pois neste gabinete locali-zado no coração do Pereiro não exis-tem técnicos especializados na área. “Mas a solução da parceria pareceu-nos ideal, face à impossibilidade de contratarmos novos quadros”, insiste Telma Marques, sublinhando que “aqui nenhum proprietário de terras que queira fazer uma candidatura na área da agricultura fica sem resposta, uma vez que é encaminhado para a

entidade parceira”.Ana Gancho é engenheira florestal

e coordena a equipa desta associação que agrega cerca de 330 proprietários associados. Veio de Lisboa em 2009 e não se arrepende da mudança. Ao contrário de muitos jovens que decidem partir do Baixo Guadiana à procura de novas oportunidades, para Ana a prioridade foi sempre viver “a sul do Tejo”. Essa convicção fe-la candidatar-se a uma vaga para um lugar na associação florestal. “Ao início não foi simples a adaptação a um registo de vida muito diferente” daquele a que se habituou na grande cidade de Lisboa, mas rapidamente se sentiu integrada e daqui, garante-nos, não pretende sair tão cedo.

Instalação de Pinheiro Manso não deu os resultados esperados

Aquando da realização de uma visita do Reitor da Universidade do Algarve ao concelho de Alcoutim, em Abril deste ano, Ana Gancho fez ques-tão de lançar a ideia de uma parceria com a Universidade do Algarve para um estudo sobre o facto do pinheiro manso que foi utilizado para reflo-restar o nordeste algarvio não estar a dar, na sua maioria, rendimento. Este é um fenómeno para o qual as responsáveis na Cumeadas alertam e que pode até passar despercebido para muitos. “São muito poucos os proprietários florestais que dão nota de rendimento com os seus pinheiros, mas, efectivamente, indo ao terreno é bastante perceptível que a maioria não está a produzir”. Este problema identificado pela associação é de sobremaneira valorizado pelos téc-nicos liderados por Ana Gancho que temem que dentro de muito pouco

tempo os terrenos, até agora mantidos com apoios para o efeito venham a ser abandonados.

«Regulamento 2080» provocou boom na reflorestação do nordeste algarvio

Em 1994 foi o nordeste algarvio que registou um maior número de instalações de pinheiro manso. Ana Gancho fala-nos do «boom» que esta realidade representou e que na altura, entre 1994 e 1999, mexeu muito com a economia local. “Os terrenos foram dinamizados, surgiram muitos projetistas e empreiteiros florestais”, conta-nos. Estávamos no âmbito do «Regulamento 2080» que se apresen-tou como uma oportunidade para os proprietários de terrenos desgasta-dos por uma agricultura intensiva, e que através de uma política florestal viram a oportunidade de obter algum rendimento desses terrenos. Foram repovoados milhares de hectares de terrenos. Em cada hectare cerca de 830 pinheiros mansos e por cada hec-tare o proprietário poderia receber entre 150 e 200 euros de subsídio. A este apoio foi dado o nome de «Perda de Rendimento» que representa um valor aproximado daquele que seria o rendimento auferido pelos pro-prietários com a prática da agricul-tura. Na verdade, a maioria destes terrenos, solos agrícolas, há muito que não eram aproveitados para a agricultura e o «Regulamento 2080» apareceu como um incentivo aos proprietários; um estímulo no com-bate à desertificação. Uma tentativa de povoamento. E resultou do ponto de vista da adesão.

Este programa previa que o valor de apoio anual vigorasse ao longo de

Telma Marques assumiu em 2012 a presidência da associação «Cumeadas», cuja sede está instalada na localidade do Pereiro, concelho de Alcoutim. Esta é uma entidade que tem uma área social que abrange dois municípios do Baixo Guadiana - Alcoutim e Castro Marim - e com uma equipa de oito pessoas desenvolve um trabalho no combate à desertificação física e humana.

Susana H. de Sousa

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duas décadas. Ou seja, durante 20 anos os proprietários que tivessem instalado espécies florestais de acordo com a medida de incentivo teriam o seu apoio assegurado face à conversão de terrenos agrícolas para florestais.

Em 2014 encontramo-nos numa altura em que esses 20 anos estão a esgotar-se e agora no seio da associa-ção Cumeadas surge uma preocupa-ção evidente. A dúvida que subsiste é a de saber como vai ficar o nordeste algarvio depois de os proprietários deixarem de ver assegurado o seu ren-dimento face a uma espécie florestal que na sua esmagadora maioria não está a produzir.

“Manter os terrenos tem custos e quando terminarem as subvenções o facto da maioria dos proprietários não tirar rendimento dos pinheiros não é evidente que façam a manutenção desses terrenos”. Ana Gancho alerta mesmo que “daqui a 10 anos a rea-lidade nesta região pode ser muito diferente, para pior, se não houver incentivos para os proprietários”. A técnica explica que há muitos terre-nos abandonados e que a esmagadora maioria dos que são povoados são-no graças aos incentivos. “A nossa área social, que abrange Castro Marim e Alcoutim tem muitos terrenos que estão abandonados pelas mais varia-das razões; os proprietários não resi-dem cá, ou já faleceram e são diversos os casos das heranças em divisas que não se mostram processos simples”, lembra Ana Gancho.

Perceber o parco rendimento do pinheiro manso não é possível antes de um estudo que se debruce seria-mente sobre a problemática, frisam em uníssono presidente e coordena-dora da associação.

Antes do Pinheiro a

Azinheira

Antes da instalação de pinheiro manso no nordeste algarvio houve a tentativa de instalar a Azinheira. “Esta é uma espécie autóctone, muito querida pelas pessoas daqui porque culturalmente servia para alimenta-ção do gado e proporcionava muitas sombras. Mas na verdade teve um índice de mortalidade na ordem dos 90% e levou à conversão sucessiva das instalações por pinheiro manso”. Ana Gancho conta-nos um pouco da história recente das instalações flo-restais que se foram sucedendo para a protecção dos solos. Passados cerca de 20 anos, e graças à instalação do pinheiro manso, “os solos podem estar já diferentes e regenerados ao ponto de voltar a aceitar espécies como a azinheira tão típica daqui”, ressalva a coordenadora.

Jovens agricultores representam esperança

A Cumeadas tem como função maior reverter a realidade de um nordeste algarvio que está cada vez mais desertificado. As mais recentes estatísticas nos Censos 2011 indicam que o concelho de Alcoutim foi o que a nível nacional perdeu mais popula-ção entre 2001 e 2011.

Contudo, Telma Marques confirma ao JBG que “são cada vez mais os jovens com projectos agrícolas que recorrem à Cumeadas para poderem candidatar-se a fundos”. Nesses casos são encaminhados para uma empresa especializada na elaboração desses projectos, mas nestes primeiros con-tactos no Pereiro deixam sinais de esperança. “Aqui realizamos o ser-viço de parcelário (de acordo com

as características de cada parcela de terreno) e verificamos, claramente, que são muitas as intenções de jovens agricultores para investirem em cul-tivo de alfarrobeira e medronheiro, e muitos são aqueles que querem seguir o ramo da apicultura”. Estas informações coincidem com as que têm sido veiculadas publicamente pelo director regional de agricultura, que dá como crescente o número de jovens agricultores [dos 18 aos 40 anos] nos concelhos de Castro Marim e Alcoutim.

Cumeadas distinguida em 2014

O trabalho da Cumeadas foi dis-tinguido em 2014 pela Confragri – a Confederação Nacional das Coo-perativas. A distinção baseou-se no número de «Pedidos Únicos» - candi-daturas de financiamento agrícola e florestal - realizadas na associação no período que decorre de 1 Fevereiro a 30 de Abril. Este é um trabalho com “um peso burocrático muito grande”, contextualiza Ana Gancho que explica que o facto de a Cumeadas ser uma entidade acreditada pela Confragri “também permite um conjunto de funções que contribuem para a sus-tentabilidade da associação”.

A Cumeadas presta serviços nos concelhos de Alcoutim e Castro Marim. Existem protocolos estabe-lecidos tanto com entidades públi-cas como privadas que permitem assegurar os vencimentos e as despesas globais das equipas. Têm uma equipa de sapadores florestais que atua no concelho de Alcoutim, nomeadamente com um protocolo estabelecido entre a União de Fre-guesias de Alcoutim/Pereiro e a câmara municipal de Alcoutim.

A atuação da associação «Cumeadas» é, também, realizada em Zonas de Intervenção Florestal (ZIF). Neste momento são seis ZIF, envolvendo os concelhos de Castro Marim e Alcoutim.

Atuação Associação «Cumeadas»

- Elaboração de projectos- Investimento nas explorações agrícolas: Aquisição de equipamentos e alfaias agrícolas Novas plantações Infra-estruturas agrícolas - Elaboração e acompanhamento de projectos - Beneficiação de povoamentos florestais - Florestação de terras agrícolas - Gestão Multifuncional - Recepção de candidaturas às ajudas ao rendimento dos agricultores- Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas - Alteração de Modos de Produção Agrícola - Protecção da Biodiversidade Doméstica - Intervenções Territoriais Integradas

- Asistência técnica no encaminhamento para programas de financia-mento disponíveis e adequados a cada caso

- Informação e apoio a projectos florestais- Substituição de espécies - Transferências de titularidade - Pedidos de exclusão de áreas por expropriações ou outros - Apoio e acompanhamento técnico a trabalhos de manutenção em

povoamentos florestais - Elaboração de Planos de Gestão Florestal (PGF)- Elaboração de cartografia digital e levantamentos GPS- Preenchimento e entrega dos pedidos de licenciamento de queima-

das e de cortes ou podas de sobreiros e azinheiras- Preenchimento e entrega do manifesto de produção suberícola (pro-

dução de cortiça em cru)- Apoio técnico e informação actualizada nas mais diversas áreas

- Ana Costa (Eng. Florestal)- Ana Gancho (Eng. Florestal)- Inês Brito (Admnistrativa)Sapadores Florestais:- Diamantino Gonçalves- José Justo- Manuel Inácio- Paulo Fernandes

Equipa instalada no Pereiro

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