ATENÇÃO EM SAÚDE BUCAL.

290
ATENÇÃO EM SAÚDE BUCAL 1 ª Edição SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DE MINAS GERAIS Belo Horizonte, 2006

description

Material de Atenção em Saúde Bucal do Governo do Estado de Minas Gerais.

Transcript of ATENÇÃO EM SAÚDE BUCAL.

  • ATENO EM SADE BUCAL

    1 Edio

    SECRETARIA DE ESTADO DE SADE DE MINAS GERAIS

    Belo Horizonte, 2006

  • GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS

    SECRETARIA DE ESTADO DE SADE DE MINAS GERAIS

    SUPERINTENDNCIA DE ATENO SADE

    GERNCIA DE NORMALIZAO DE ATENO SADE

    GERNCIA DE ATENO BSICA

    COORDENAO ESTADUAL DE SADE BUCAL

    Aporte financeiro

    Este material foi produzido com recursos do Projeto de Expanso e Consolidao da Sade da

    Famlia PROESF

    Projeto grfico e editorao eletrnica

    Casa de Editorao e Arte Ltda.

    Ilustrao

    Mirella Spinelli

    Produo, distribuio e informaes

    Secretaria de Estado de Sade de Minas Gerais

    Rua Sapuca, 429 Floresta

    Belo Horizonte MG

    CEP 30150 050

    Telefone (31) 3273.5100

    E-mail: [email protected]

    Site: www.saude.mg.gov.br

    1 Edio. 2006

    WG

    100

    MI

    AT

    MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Sade. Ateno

    em Sade Bucal.. Belo Horizonte: SAS/MG, 2006.

    290 p.

    1. Sade bucal - Ateno primria. I.Ttulo.

  • AUTORES

    CONSULTORA

    Maria Emi Shimazack

    ORGANIZADORA

    Wanda Taulois-Braga

    ELABORAO

    Wanda Taulois-Braga

    Murilo Fernando de Lima e Silva

    Rosangela de Campos Cordeiro

    Divane Leite Matos

    Fernando Antnio Costa Zuba

    Marisa Lyon

    Jandira Maciel da Silva

  • APRESENTAO

    A situao da sade, hoje, no Brasil e em Minas Gerais, determinada por dois fatores importantes. A cada ano acrescentam-se 200 mil pessoas maiores de 60 anos populao brasileira, gerando uma demanda importante para o sistema de sade (MS, 2005). Somando-se a isso, o cenrio epidemiolgico brasileiro mostra uma transio: as doenas infecciosas que respondiam por 46% das mortes em 1930, em 2003 foram responsveis por apenas 5% da mortalidade, dando lugar s doenas cardiovasculares, aos cnceres e aos acidentes e violncia. frente do grupo das dez principais causas da carga de doena no Brasil j estavam, em 1998, o diabete, a doena isqumica do corao, a doena crebro-vascular e o transtorno depressivo recorrente. Segundo a Organizao Mundial de Sade, at o ano de 2020, as condies crnicas sero responsveis por 60% da carga global de doena nos pases em desenvolvimento (OMS, 2002).

    Este cenrio preocupante impe a necessidade de medidas inovadoras, que mudem a lgica atual de uma rede de servios voltada ao atendimento do agudo para uma rede de ateno s condies crnicas.

    Para responder a essa situao, a Secretaria de Estado de Sade de Minas Gerais estabeleceu como estratgia principal a implantao de redes de ateno sade em cada uma das 75 microrregies do estado que permitam prestar uma assistncia contnua populao. E a pr-condio para a eficcia e a eqidade dessa rede que o seu centro de coordenao seja a ateno primria.

    O programa Sade em Casa, em ato desde 2003, tendo como objetivo a melhoria da ateno primria, est construindo os alicerces para a rede de ateno sade: recuperao e ampliao das unidades bsicas de sade, distribuio de equipamentos, monitoramento atravs da certificao das equipes e avaliao da qualidade da assistncia, da educao permanente para os profissionais e repasse de recursos mensais para cada equipe de sade da famlia, alm da ampliao da lista bsica de medicamentos, dentro do programa Farmcia de Minas.

    Como base para o desenvolvimento dessa estratgia, foram publicadas anteriormente as linhas-guias Ateno ao Pr-natal, Parto e Puerprio, Ateno Sade da Criana e Ateno Hospitalar ao Neonato, e, agora, apresentamos as linhas-guias Ateno Sade do Adolescente, Ateno Sade do Adulto (Hipertenso e Diabete, Tuberculose, Hansenase e Hiv/aids), Ateno Sade do Idoso, Ateno em Sade Mental e Ateno em Sade Bucal e os manuais da Ateno Primria Sade e Pronturio da Famlia. Esse conjunto de diretrizes indicar a direo para a reorganizao dos servios e da construo da rede integrada.

    Esperamos, assim, dar mais um passo na consolidao do SUS em Minas Gerais, melhorando as condies de sade e de vida da nossa populao.

    Secretaria de Estado de Sade de Minas Gerais

  • COMENTRIOS VALIDAO

    Quando nos deparamos com um trabalho deste porte, abrangente, educativo e

    extremamemente objetivo, cumpre-nos a obrigatoriedade de valid-lo, sem nenhuma

    ressalva, a fim de que sirva de orientao aos municpios. A Associao Brasileira de

    Odontologia Seo de Minas Gerais, sente-se muito honrada em ter participado desse

    trabalho, ao lado de outras instituies...

    Queremos parabenizar a Secretaria de Estado da Sade de Minas Gerais pela

    iniciativa de to importante projeto...

    ABO/MG

    O presente documento representa o resultado do trabalho de um grupo de

    profissionais da rea de odontologia e teve como objetivo primordial o estabelecimento

    de uma linha-diretriz...

    No se almeja, evidentemente, rigidez nem simplismo: ao contrrio, chama a

    ateno de toda categoria profissional para a complexidade e as particularidades da

    sade bucal no Brasil e em Minas Gerais...

    O CROMG, chamado a participar deste trabalho, sente-se honrado pela escolha

    e pela oportunidade de realizar, juntamente com outros rgos, um documento de

    capital importncia para a comunidade mineira.

    CRO/MG

  • PREFCIO

    A presente elaborao de diretrizes, feita pela Secretaria de Estado de Sade de

    Minas Gerais/Coordenao Estadual de Sade Bucal num momento bastante significativo

    por estarmos vivenciando os resultados do SB-Brasil e das conferncias de sade nos trs

    nveis de governo, visa melhoria das condies de sade bucal da populao de nosso

    estado por meio da formao de uma rede integral de ateno centrada no avano da

    organizao da ateno primria.

    Este documento est voltado a todos os profissionais de sade bucal que participam da

    construo do SUS em nosso estado, e em especial aos gestores, coordenadores municipais

    de sade bucal e profissionais da odontologia que atuam na ateno para que, alm da

    possibilidade de avanarem na qualificao da sade bucal na ateno primria, possam

    tambm entender a importncia do trabalho de cada um no grande contexto da melhoria

    da sade bucal em Minas Gerais.

    A inteno no fornecer uma normatizao, mas sim, discutir possibilidades de

    organizao da ateno em sade bucal de forma a incentivar e capacitar os municpios a

    discutirem sua realidade local, e a importncia de planejarem, normalizarem e avaliarem

    suas aes. A aplicao dessas diretrizes dever passar por uma discusso local, de forma

    a adapt-las s diferentes realidades, num processo que pode representar um passo

    significativo para o fortalecimento da autonomia dos municpios na conduo dos seus

    servios de sade, a partir de um maior entendimento de suas necessidades, e de como

    atuar de modo a oferecerem uma ateno que v de encontro s mesmas, superando e

    avanando alm dessa prpria Linha-guia.

    As diretrizes propostas podem ser trabalhadas em qualquer municpio que se

    proponha a organizar sua ateno primria em sade bucal, independente da estratgia

    adotada, uma vez que os princpios bsicos norteadores de sua elaborao so os do SUS,

    da Ateno Primria e da Promoo Sade, conforme definido no Manual da Ateno

    Primria, elaborado pela SES/MG, o qual contm a base conceitual para a elaborao

  • da Linha-guia de Sade Bucal. Pelo fato de ser o Programa Sade da Famlia (PSF) a

    estratgia sugerida para a organizao da ateno primria em nvel federal e tambm por

    nosso estado, estaremos, alm disso, desenvolvendo as possibilidades de atuao dentro

    desta proposta, a qual representa um resgate dos mesmos princpios j citados.

    Esta Linha-guia foi elaborada para o momento atual que vivenciamos em relao

    epidemiologia das doenas bucais e organizao da sade bucal no SUS de nosso estado.

    Ela tem, no entanto, um carter dinmico, devendo estar sempre sendo atualizada a partir de

    mudanas no quadro epidemiolgico, nas normatizaes do SUS e nas evidncias cientficas

    em relao abordagem das doenas bucais; de avanos em relao elaborao de

    protocolos para outras doenas e agravos bucais e da evoluo na organizao da rede de

    referncia em sade bucal; e, principalmente, a partir do retorno dado pelos diversos nveis

    de atuao e realidades regionais e locais. Uma verso constantemente atualizada

    deste documento estar disponvel no site www.saude.mg.gov.br.

    Os processos de elaborao e validao desta Linha-guia foram realizados de forma

    interinstitucional, num processo de construo conjunta, e a Coordenao de Sade Bucal

    estar aberta permanentemente, atravs do e-mail [email protected], s

    sugestes que possam contribuir nesse grande desafio representado pela construo da

    sade bucal no SUS em Minas Gerais.

    Coordenao Estadual de Sade Bucal / MG

  • SUMRIO

    Introduo .................................................................... 13

    I. A infra-estrutura ...................................................... 21

    1.1 A rea fsica ...................................................... 23

    1.2 Equipamentos/instrumental ............................... 24

    1.3 Material de consumo odontolgico .................... 29

    1.4 Manuteno dos equipamentos ........................ 30

    II. Os recursos humanos e o processo de trabalho ........ 31

    2.1 Os recursos humanos em sade bucal ............... 33

    2.2 As competncias dos profissionais da

    equipe de sade bucal na ateno primria .........33

    2.3 O processo de trabalho ..................................... 38

    2.4 A formao em trabalho

    e a educao continuada .................................. 39

    2.5 A integrao servio x academia ....................... 39

    2.6 As condies de trabalho e os fatores

    de risco presentes nas atividades dos

    profissionais da odontologia .............................. 40

    2.7 A ergonomia odontolgica ................................ 44

    III. A biossegurana em odontologia ............................. 49

    3.1 As medidas de biossegurana ............................ 49

    IV. As evidncias cientficas sobre as principais

    doenas bucais ........................................................ 61

    4.1 A crie dentria ................................................ 63

    4.2 A doena periodontal ........................................ 65

    4.3 O cncer bucal .................................................. 67

    4.4 A m-ocluso .................................................... 70

    V. A sade bucal na ateno primria .......................... 73

    5.1 As principais aes ........................................... 76

    VI. O atendimento especializado ................................. 133

    6.1 A radiologia .................................................... 136

    6.2 A endodontia .................................................. 137

    6.3 A periodontia .................................................. 140

    6.4 A prtese removvel parcial ou total ................ 141

    6.5 Outros procedimentos de prtese

    (com exceo das prteses parcial e total) ....... 143

    6.6 A cirurgia ........................................................ 145

    6.7 O diagnstico de leses de mucosa ................. 147

    6.8 A ortodontia ................................................... 149

  • VII. A ateno em sade bucal por ciclos de vida ....... 151

    7.1 A sade bucal do beb (0 a 1 ano) .................. 153

    7.2 A criana de 2 a 5 anos .................................. 157

    7.3 A criana de 6 a 9 anos .................................. 161

    7.4 O adolescente (10 a 19 anos) .......................... 161

    7.5 O adulto (20 a 59 anos) .................................. 165

    7.6 O idoso (a partir de 60 anos) .......................... 169

    VIII. A sade bucal na ateno por condio sistmica ...175

    8.1 A gestante ....................................................... 177

    8.2 O paciente com necessidades especiais (PNE) .... 182

    8.3 O diabtico ..................................................... 189

    8.4 O hipertenso ................................................... 192

    8.5 O portador de tuberculose .............................. 194

    8.6 O portador de hansenase ............................... 195

    8.7 O usurio portador de HIV ............................. 196

    IX. O financiamento em sade bucal na

    ateno primria ................................................... 201

    X. O sistema de informao e indicadores em sade

    bucal na ateno primria ..................................... 205

    10.1 Os sistemas de informao do sus .................. 207

    10.2 Os indicadores de sade bucal ....................... 215

    XI. O planejamento em sade bucal ............................ 225

    11.1 As etapas do planejamento ............................. 227

    11.2 Os parmetros para o planejamento .............. 235

    11.3 Procedimentos mnimos de sade bucal

    a serem realizados na ateno primria

    com os recursos do PAB .................................. 236

    11.4 A sade bucal nos instrumentos de

    gesto do SUS ................................................ 238

    XII. O controle social .................................................. 239

    XIII. A sade bucal no programa sade da famlia ....... 243

    13.1 A normalizao para a implantao das

    equipes de sade bucal no PSF ....................... 245

    XIV. A rede de referncia em sade bucal .................... 251

    Anexos ....................................................................... 261

    Referncias bibliogrficas ............................................ 277

  • 13

    INTRODUO

    INTRODUO

    A boca um rgo que, alm de importante para a alimentao, est ligado

    fundamentalmente ao processo de socializao. Atravs da boca nos relacionamos com

    as pessoas e com o mundo, utilizando a fala, a aparncia, o beijo, o prazer de saborear os

    alimentos e o sorriso.

    Problemas bucais podem causar dor, infeco, dificuldade em falar ou mastigar,

    limites na alimentao, ausncia da escola e aparncia ruim, problemas esses que podem

    influenciar na sade geral, nos estudos, no trabalho, na vida social e na qualidade de vida.

    A falta de acesso aos meios para manter a sade bucal pode significar um processo de

    excluso social.

    Apesar dos determinantes das doenas bucais serem bem conhecidos e de existirem

    mtodos efetivos para sua preveno, as doenas bucais so consideradas importantes

    problemas de sade pblica devido sua prevalncia e impacto nos indivduos e na

    sociedade.

    Dados preliminares do levantamento SB-Brasil realizado em Minas Gerais em 2003,

    apontam alguns dados sobre a situao da sade bucal em nosso estado.

    Em relao crie dentria, quase 22% das crianas de 18 a 36 meses apresentaram

    pelo menos um dente decduo comprometido por crie, sendo que aos 05 anos essa

    proporo aumentou para 52,3%. O ndice CPOD aos 12 anos foi de 2,01; nos adolescentes

    (15 a 19 anos) foi de 5,90; nos adultos (35 a 44 anos) foi de 20,78 e nos idosos (65 a 74

    anos) foi de 29,19.

    Em relao perda dentria, aos 18 anos 4% j estavam completamente desdentados.

    Entre os adultos, 17,3% no possuam nenhum dente funcional, e, desses, 27,7%

    necessitavam de, pelo menos, uma prtese total removvel (superior ou inferior). Apenas

    55,9% dos adultos possuam no mnimo 20 dentes. Entre os idosos a situao bastante

    crtica: de um total de 32 dentes, 28 dentes j foram perdidos, em mdia, por pessoa.

    Somente 5,5% possuam no mnimo 20 dentes e 72,3% eram desdentados sendo que,

    destes, 55,9% necessitavam de pelo menos uma prtese total removvel.

    Dados relativos condio periodontal mostraram que apenas cerca de 18,0% dos

    adultos e 4,0% dos idosos apresentaram gengivas sadias, isto , sem sinais de doena

    periodontal. O clculo dental foi a condio mais observada entre esses dois grupos etrios.

    Tambm foi observada a presena de bolsa periodontal igual ou maior que 4mm em 13,3%

    dos adultos e 5,1% dos idosos.

    Do total de pessoas entrevistadas, 6,7% relataram nunca ter ido ao dentista, com

    percentuais de 10,6%; 2,3% e 4,3% nos grupos etrios de 15 a 19 anos, 35 a 44 anos e 65

    a 74 anos, respectivamente.

  • 14

    ATENO EM SADE BUCAL

    Na Tabela 1 podemos observar que somente nas crianas de 12 anos a meta da

    Organizao Mundial de Sade (OMS) para o ano 2000 foi atingida. Mesmo assim, a

    doena crie nessa idade representa um grave problema de sade pblica, uma vez que

    cerca de 40% do ndice CPOD composto por dentes cariados e no tratados.

    Com relao s outras faixas etrias, os resultados obtidos foram bastante preocupantes

    e bem distantes das metas definidas.

    Tabela 1 Dados do Estado de Minas Gerais* comparados aos dados da Regio Sudeste e Metas da Organizao Mundial da Sade OMS/FDI.

    PROJETO SB-Brasil em Minas Gerais, 2003

    Proporo decrianas de

    5 anoslivres de crie

    CPOD aos 12 anos

    Proporo deadolescentes

    (18 anos) com todos os

    dentes

    Proporo deadultos com

    20 ou + dentes

    Proporo deidosos com

    20 ou + dentes

    Meta OMS

    200050% Menor que 3,0 85% 75% 50%

    SB Regio

    Sudeste44,9% 2,30 66,5% 62,4% 9,3%

    SB Minas

    Gerais

    47,7% (ceo = 0)

    46,5% (ceo e

    CPOD = 0)

    2,01 72,5%55,9% e 17,3%

    de desdentados

    5,5% e 72,3%

    de desdentados

    *Dados Preliminares

    Outros dados preliminares do SB-Brasil em Minas Gerais se encontram nas tabelas abaixo:

    Tabela 2 Distribuio do ndice CPOD mdio, mnimo e mximo e desvio-padro segundo grupo etrio, em uma amostra de 7.811 participantes com idade igual ou maior que 12 anos. Projeto SB-Brasil em Minas Gerais, 2003

    Grupo etrio CPOD mdio Desvio-padro CPOD mnimo CPOD mximo

    12 anos 2,01 2,53 0 24

    15 a 19 anos 5,90 4,68 0 25

    35 a 44 anos 20,78 7,71 0 32

    65 a 74 anos 29,19 6,04 0 32

  • 15

    INTRODUO

    Tabela 3 Distribuio percentual dos componentes internos do CPOD segundo grupo etrio, em uma amostra de 7.811 participantes com idade igual ou maior que 12 anos. Projeto SB-Brasil em Minas Gerais, 2003

    Grupo etrio

    Composio percentual do CPOD

    Dentes cariados Dentes restaurados Dentes perdidos

    12 anos 41,4 % 54,9 % 3,7 %

    15 a 19 anos 32,2 % 58,7 % 9,1 %

    35 a 44 anos 10,6 % 31,7 % 57,7 %

    65 a 74 anos 2,2 % 2,0 % 95,8 %

    Tabela 4 Distribuio do ndice ceo mdio, mnimo, mximo e desvio-padro segundo grupo etrio, em uma amostra de 5.243 participantes com idade entre 18 a 36 meses e 5 anos. Projeto SB-Brasil em Minas Gerais, 2003

    Grupo etrio ceo mdio Desvio-padro ceo mnimo ceo mximo

    18 a 36 meses 0,93 2,37 0 20

    05 anos 2,43 3,44 0 20

    Tabela 5 Distribuio percentual dos componentes internos do ceo segundo grupo etrio, em uma amostra de 5.243 participantes com idade entre 18 a 36 meses e 5 anos. Projeto SB-Brasil em Minas Gerais, 2003

    Grupo etrio

    Composio percentual do ceo

    Dentes cariados Dentes restaurados Dentes perdidos

    18 a 36 meses 97,2 % 2,3 % 0,5 %

    05 anos 77,3 % 20,5 % 2,2 %

  • 16

    ATENO EM SADE BUCAL

    Tabela 6 Distribuio do ndice de fluorose segundo grupo etrio, em uma amostra de 5.948 participantes com idade igual a 12 anos e de 15 a 19 anos. Projeto SB-Brasil em Minas Gerais, 2003

    Condio12 anos 15 a 19 anos

    no % no %

    Sem Fluorose 3.397 82,6 1.678 91,4

    Normal 3.085 75,0 1.575 85,8

    Questionvel 312 7,6 103 5,6

    Com Fluorose 685 16,7 130 7,1

    Muito leve 375 9,1 68 3,7

    Leve 175 4,3 36 2,0

    Moderada 89 2,2 20 1,1

    Severa 46 1,1 6 0,3

    Sem informao/excludo 30 0,7 28 1,5

    Total 4.112 100,0 1.836 100,0

    Tabela 7 Distribuio percentual do ndice Periodontal Comunitrio CPI segundo grupo etrio e segundo maior grau de condio periodontal, observada em uma amostra de 7.811 participantes do Projeto SB-Brasil em Minas Gerais, 2003

    Grupo etrio Hgido Sangramento ClculoBolsa de

    4 a 5 mm

    Bolsa

    6 mmExcludo

    12 anos 58,4 % 20,9 % 20,7 % 0,0 % 0,0 % 0,0 %

    15 a 19 anos 49,3 % 17,5 % 30,9 % 1,8 % 0,3 % 0,2 %

    35 a 44 anos 17,6 % 7,7 % 45,5 % 13,3 % 2,6 % 13,3 %

    65 a 74 anos 4,0 % 1,7 % 13,0 % 5,1 % 1,1 % 75,1 %

    O ndice de M-ocluso, preconizado pela Organizao Mundial de Sade em 1987, foi utilizado para avaliar esta condio na idade de 5 anos. A condio normal foi observada em 62,9% (n = 2.365) e a m-ocluso em 35,2% (n = 1.326) destas crianas, sendo 19,8% e 15,4% de condies leve e moderada/severa, respectivamente.

    Nos grupos etrios de 12 anos e de 15 a 19 anos, foi usado o ndice de Esttica Dental DAI, que avalia as anormalidades dento-faciais. Este ndice tem como base as informaes sobre as condies da dentio, espao e ocluso. Em torno de 60% dos indivduos dos dois grupos etrios apresentaram uma ocluso normal. A m-ocluso foi observada em 37,6% dos indivduos de 12 anos e 34,0% dos de 15 a 19 anos, sendo que a m-ocluso definida foi mais observada entre estes dois grupos etrios (Tabela 8).

  • 17

    INTRODUO

    Tabela 8 ndice de Esttica Dental DAI em uma amostra de 5.948 participantes com idade de 12 e 15 a 19 anos. Projeto SB-Brasil em Minas Gerais, 2003

    ndice de Esttica Dental12 anos* 15 a 19 anos*

    n % n %

    Ocluso normal 2.563 62,4 1.210 66,0

    M-ocluso: 1.543 37,6 624 34,0

    definida 843 20,6 316 17,2

    severa 412 10,0 159 8,7

    muito severa/incapacitante 288 7,0 149 8,1

    * 06 indivduos de 12 anos e 02 de 15 a 19 anos sem informao.

    Tabela 9 Distribuio da necessidade de prtese dentria superior segundo o grupo etrio em uma amostra de 3.699 participantes do Projeto SB-Brasil em Minas Gerais, 2003

    Necessidade de

    prtese dentria

    superior

    15 a 19 anos 35 a 44 anos 65 a 74 anos

    n % n % n %

    No necessita 1.689 92,0 850 63,8 297 56,0

    Necessita: 119 6,5 476 35,7 233 44,0

    - prtese fixa ou

    parcial removvel107 5,8 289 21,7 33 6,2

    - combinao de

    prteses12 0,7 123 9,2 16 3,0

    - prtese total 64 4,8 184 34,8

    Sem informao 28 1,5 7 0,5

    Tabela 10 Distribuio da necessidade de prtese dentria inferior segundo o grupo etrio em uma amostra de 3.699 participantes do Projeto SB-Brasil em Minas Gerais, 2003

    Necessidade de

    prtese dentria

    inferior

    15 a 19 anos 35 a 44 anos 65 a 74 anos

    n % n % n %

    No necessita 1.464 79,8 412 30,9 199 37,5

    Necessita: 344 18,7 915 68,6 330 62,3

    - prtese fixa ou

    parcial removvel291 15,8 517 38,8 75 14,2

    - combinao de

    prteses53 2,9 326 24,4 31 5,8

    - prtese total 72 5,4 224 42,3

    Sem informao 28 1,5 6 0,5 1 0,2

  • 18

    ATENO EM SADE BUCAL

    Os resultados do SB-Brasil apontam para uma tendncia ao controle da crie dentria e doena periodontal em escolares, mas ainda com necessidade de ateno ao grupo de polarizao, em detrimento do restante da populao, que se apresenta com grande demanda por aes integrais de promoo sade, preveno, tratamento e reabilitao.

    Dentro da realidade epidemiolgica das condies bucais em nosso estado, essa Linha-guia tem como:

    Objetivos gerais

    Contribuir para a melhoria das condies de sade bucal da populao de nosso estado com equidade.

    Contribuir para a formao de uma rede integral de ateno em sade bucal a partir da organizao da ateno primria. Fornecer orientaes e instrumentos para a organizao da ateno primria em sade bucal, a partir dos princpios do SUS, de Promoo Sade e da Ateno Primria, e dentro de um modelo no centrado apenas na assistncia doena, mas, principalmente, na promoo de sade e interveno nos fatores que a colocam em risco.

    Objetivos especficos

    Aumentar o acesso da populao ateno em sade bucal, reduzindo as inequidades.

    Incentivar o atendimento planejado e no baseado apenas na demanda espontnea, transformando gradualmente o perfil do atendimento de aes centradas nos casos agudos para aes centradas no acompanhamento e no cuidado.

    Universalizar os procedimentos de promoo sade e preveno, principalmente a fluoretao da gua de abastecimento, as aes educativas e a escovao com dentifrcio fluoretado.

    Exercer o princpio da equidade, orientando para que, em caso de necessidade de priorizao de atendimento, seja feita a priorizao de acordo com critrios de risco ou necessidade, ou seja, priorizando os usurios mais necessitados.

    Oferecer uma ateno baseada no cuidado, na escuta, que leve responsabilizao conjunta pela sade e criao de vnculo. A co-responsabilidade sobre a sade bucal dos usurios da rea de abrangncia da equipe passa a ser tambm da equipe de sade, tornando-se essencial a vigilncia sade, a deteco de risco e a busca ativa.

    Incentivar o investimento em infra-estrutura adequada para o trabalho da equipe de sade bucal.

  • 19

    INTRODUO

    Oferecer um tratamento de qualidade, resolutivo, com oferta de procedimentos mais conclusivos e baseados em evidncias cientficas atualizadas, e de intervenes adequadas.

    Sugerir fluxos de atendimento de forma a organizar o atendimento dentro das unidades de sade.

    Incentivar os procedimentos preventivos e conservadores em relao aos procedimentos mutiladores, incentivando tambm o diagnstico precoce de modo a se deter a progresso da doena.

    Avanar no processo de trabalho em equipe, de forma a promover a integrao da ateno em sade bucal com a ateno prestada pela equipe de sade.

    Oferecer de forma integral aes de promoo sade, preveno, tratamento e reabilitao, de acordo com a necessidade, investindo na melhoria da oferta

    de servios de ateno especializada em sade bucal, de forma a garantir essa

    integralidade de aes.

    Oferecer protocolos de abordagem para as principais doenas bucais, baseados em evidncias cientficas. Na impossibilidade de reproduzirmos na totalidade

    os conhecimentos disponveis na literatura das diversas reas, sero oferecidas

    propostas mnimas de atuao, sem que isso invalide o compromisso dos profissionais

    e do servio em relao atualizao permanente de seus conhecimentos.

    Fornecer uma ferramenta de trabalho. Apesar de essa Linha-guia estar direcionada principalmente para a abordagem integral da crie, da doena periodontal e do

    cncer bucal, e para a preveno da fluorose e da m-ocluso, possvel que,

    a partir de um levantamento local dos problemas bucais, a mesma metodologia

    possa ser utilizada pelos municpios na construo de propostas para lidar com

    outras situaes consideradas prioritrias em suas realidades locais.

    Estabelecer critrios para a formao da rede de referncia em sade bucal e fluxos de referncia e contra-referncia, de modo a se avanar na organizao, e

    garantir a articulao da ateno primria com os servios de referncia.

    Estimular a educao continuada dos profissionais. Fortalecer o controle social nos processos de planejamento, monitoramento e

    avaliao das aes de sade bucal.

    Explorar as competncias dos profissionais de sade bucal na ateno primria de modo a se avanar na formao de trabalhadores para o SUS/MG e na orientao

    para a formao continuada dos profissionais.

    Obter avanos na qualidade dos sistemas de informao e das pactuaes. Incentivar os gestores em relao ao investimento no desenho de polticas

    apropriadas sua realidade, no sistema de informao e no monitoramento e

    avaliao.

  • I. A INFRA-ESTRUTURA

  • 23

    A INFRA-ESTRUTURA

    Para assegurar a dignidade no trabalho para profissionais e usurios, a plena utilizao da capacidade instalada da rede de servios e as condies necessrias para a realizao de um trabalho de qualidade com respeito s normas de biossegurana, devero ser garantidas a adequao da rea fsica, o suprimento de instrumental e material de consumo e a conservao, manuteno e reposio dos equipamentos odontolgicos.

    1.1 A REA FSICA

    Para a instalao e o funcionamento de estabelecimentos que prestam servio odontolgico deve-se definir:

    Localizao do consultrio

    Deve ser localizado na rea de abrangncia da equipe.

    Em local ao qual toda a populao adscrita tenha acesso.

    Preferencialmente, na Unidade de Sade (US) de forma a permitir o trabalho multiprofissional e a interao com a equipe de sade.

    Projeto arquitetnico

    importante uma consulta prvia autoridade sanitria competente quanto ao local de instalao e ao projeto arquitetnico para construo ou reforma de estabelecimento que vise oferecer atendimento odontolgico.

    Todo servio odontolgico deve ter um CD como responsvel tcnico perante a vigilncia sanitria.

    As principais deliberaes a respeito da rea fsica do consultrio odontolgico esto contidas na Resoluo RDC no 50 de 21/02/2002 da ANVISA que contm, entre outras, as seguintes deliberaes:

    Consultrio deve ter rea mnima de 9m2 e ser dotado de bancada com pia e local ventilado para instalao de compressor.

    Consultrio coletivo deve possuir uma distncia mnima livre para cada cadeira odontolgica de 0,8m na cabeceira e 1 metro nas laterais, delimitado por divisrias com altura mnima de 1,5m.

    Deve dispor de iluminao natural e possuir ventilao natural ou forada. Devem existir os seguintes ambientes de apoio: sala de espera, depsito de material

    de limpeza, sanitrio e Central de Material Esterilizado.No caso de consultrios isolados, o depsito de material pode ser um carrinho de limpeza. A Central de Material Esterilizado pode ser dispensada, e utilizada uma bancada com pia e equipamentos de esterilizao, desde que sejam estabelecidas rotinas de manuseio e assepsia dos materiais a serem esterilizados.

  • 24

    ATENO EM SADE BUCAL

    Ambientes opcionais: sanitrios para funcionrios, depsito de equipamentos/materiais, sala administrativa, copa, local para escovao coletiva e sala multimdia. Um local para escovao coletiva que garanta um mnimo de privacidade ao usurio deveria ser disponibilizado em todas as unidades de sade de forma a viabilizar essa importante ao nos grupos operativos.

    ainda indispensvel prever condies para o acesso adequado e seguro aos usurios portadores de necessidades especiais, tanto nas reas destinadas ao pblico, quanto aos funcionrios. Essas normas so definidas pela Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) e se apresentam contidas na RDC no 50.

    Alvar Sanitrio (Licena de Funcionamento)

    Todo consultrio ou clnica odontolgica deve requerer junto Vigilncia Sanitria local a licena de funcionamento (Alvar Sanitrio) antes de iniciar o seu funcionamento, aps a construo ou adequao da rea fsica.

    A licena de funcionamento tem validade de um ano, devendo ser renovada de acordo com as normas da VISA local.

    1.2 EQUIPAMENTOS/INSTRUMENTAL

    A seguir sero descritos os equipamentos e instrumentais necessrios para a realizao dos procedimentos mnimos da ateno primria em sade bucal, e os municpios devem adaptar o nmero de instrumentais s suas necessidades, devendo ser sempre observada a adequao do instrumental para a resolubilidade do atendimento e para o respeito s normas de biossegurana.

    As equipes de sade bucal do PSF recebem um incentivo inicial para compra de instrumental e equipamentos, que deve ser utilizado com o objetivo de adequar sua infra-estrutura fsica ao atendimento.

    Equipamentos

    Aparelho fotopolimerizador Amalgamador: seu uso deve ser sempre incentivado Cadeira odontolgica Compressor (com filtro de ar) Cuspideira com sugador Equipo odontolgico com seringa trplice, caneta de alta rotao, micromotor e

    mesa auxiliar

    Autoclave ou estufa com termmetro Mocho

  • 25

    A INFRA-ESTRUTURA

    Refletor Apoio: mesa, cadeira, armrio com chave para armazenagem de material, lixeira

    com pedal, porta papel toalha, porta sabo lquido

    Instrumental

    Cabo para espelho bucal

    Espelho bucal

    Pina clnica odontolgica

    Sonda exploradora dupla

    Sonda periodontal milimetrada

    Colher de dentina dupla

    Porta-Hidrxido de Clcio

    Saca broca

    Seringa Carpule para anestesia

    Extirpa nervos

    Lima endodntica tipo Kerr, ns 08 e 10

    Esculpidor tipo Hollemback

    Esptula para cimento

    Placa de vidro

    Brunidor

    Condensadores para amlgama

    Porta amlgama

    Porta matriz em ao inoxidvel

    Pote Dappen

    Esptula teflon

    Condensador plstico

    Abridores de boca

    Gral, pistilo, capuz e balana para manipulao de amlgama em caso de ausncia do amalgamador (o uso do amalgamador sempre aconselhvel)

  • 26

    ATENO EM SADE BUCAL

    Jogo de curetas para raspagem supra e subgengival

    Alavanca curva esquerda adulto

    Alavanca curva direita adulto

    Alavanca reta adulto

    Alavanca reta infantil

    Cabo para bisturi n 3

    Cureta dupla de Lucas n 85

    Alveoltomo

    Frceps adulto ns 01, 18 L, 17, 18R, 69, 150 e 151

    Lima para osso ns 12

    Pina Goiva

    Porta agulha para sutura

    Sindesmtomo (Instrumento de Wallis n 02)

    Tesoura cirrgica curva pequena

    Frceps infantis ns 01, 17, 18L e 18R

    Perfurador de Ainsworth para lenol de borracha

    Grampos para isolamento absoluto

    Porta-grampos

    Arco de Young

    Gral de borracha para manipulao de material de moldagem e gesso

    Esptula para manipulao de material de moldagem

    Moldeiras totais

    Medidores para alginato e gesso

    Compasso de Willys

    Estetoscpio e Esfigmomanmetro (podero ser usados os da equipe de sade)

    Lamparina

    Pina para instrumental

    Porta algodo

    Prendedor de guardanapos

    Tesoura inox

  • 27

    A INFRA-ESTRUTURA

    COMPOSIO DE ESTOJO CLNICO PARA OBTURAO COM AMLGAMA

    (COMPLEMENTO AO DE DENTSTICA)

    ITE

    NS

    BrunidorCondensador

    Esculpidor tipo HollenbackPorta amlgama

    Porta matriz em ao inoxidvelPote Dappen

    De modo a facilitar a organizao dos instrumentais para uso na clnica, segue-se a seguinte sugesto de composio de estojos para atendimento:

    COMPOSIO DE ESTOJO PARA EXAME CLNICO/ APLICAO DE SELANTE

    ITE

    NS

    Cabo para espelho bucalEspelho bucal

    Pina clnica odontolgicaSonda exploradora dupla

    Sonda periodontal milimetrada

    COMPOSIO DE ESTOJO CLNICO PARA

    DENTSTICA E ATENDIMENTO URGNCIA/EMERGNCIA

    ITE

    NS

    Cabo para espelho bucalColher de dentina dupla

    Espelho bucal Pina clnica odontolgicaPorta hidrxido de clcio

    Saca brocaSeringa carpule para anestesia

    Sonda exploradora dupla

    COMPOSIO DE ESTOJO CLNICO PARA PULPOTOMIA E URGNCIAS

    ENDODNTICAS (COMPLEMENTO AO ESTOJO PARA DENTSTICA

    E ATENDIMENTO URGNCIA/EMERGNCIA)Perfurador de Ainsworth para lenol de borracha

    Grampos para isolamento absolutoPorta gramposArco de YoungExtirpa nervos

    Lima endodntica tipo Kerr, ns 08 e 10

    COMPOSIO DE ESTOJO CLNICO PARA FORRAMENTO DE CAVIDADE/RESTAURAO

    COM MATERIAL PROVISRIO

    ITE

    NS Esculpidor

    Esptula para cimentoPlaca de vidro

  • 28

    ATENO EM SADE BUCAL

    COMPOSIO DE ESTOJO CLNICO PARA OBTURAO COM MATERIAL ESTTICO

    (COMPLEMENTO AO DE DENTSTICA)

    ITE

    NS Placa de vidro

    Esptula teflonCondensador plstico

    COMPOSIO DE ESTOJO CLNICO PARA RASPAGEM GENGIVAL:

    ITE

    NS

    Cabo para espelho bucalJogo de curetas Espelho bucal

    Pina clnica odontolgica Sonda exploradora dupla

    Sonda milimetradaPote dappen

    COMPOSIO DE ESTOJO PARA CIRURGIA ODONTOLGICA

    ITE

    NS

    Alavanca curva esquerda adultoAlavanca curva direita adulto

    Alavanca reta adultoAlavanca reta infantilCabo para bisturi n 3

    Cabo para espelho bucalCureta dupla de Lucas n 85

    AlveoltomoEspelho bucal Frceps n 01

    Frceps n 18 L adultoFrceps n 17 adulto

    Frceps n 18R adultoFrceps n 69 adulto

    Frceps n 150 adultoFrceps n 151 adulto

    Lima para osso n 12Pina clnica odontolgica

    Pina GoivaPorta agulha para sutura

    Seringa carpule para anestesiaSindesmtomo (instrumento de Wallis n 02)

    Tesoura cirrgica curva pequena

    COMPOSIO DE ESTOJO COM FRCEPS INFANTIS

    ITE

    NS

    Frceps n 1Frceps n 17

    Frceps n 18LFrceps n 18RSindesmtomo

    Seringa Carpule para anestesia

  • 29

    A INFRA-ESTRUTURA

    COMPOSIO DE ESTOJO CLNICO PARA REMOO DE SUTURAIT

    EN

    SCabo de espelho bucal

    Espelho bucal Pina clnica odontolgica

    Tesoura Cirrgica curva pequena

    COMPOSIO DE ESTOJO CLNICO PARA MOLDAGEM E ADAPTAO DE PRTESE (devero ainda ser acrescentados os instrumentais clnicos de apoio de acordo com deciso da equipe)

    ITE

    NS

    Gral de borrachaEsptula para manipulao de material de moldagem

    MoldeirasMedidores para alginato e gesso

    Compasso de Willys

    1.3 MATERIAL DE CONSUMO ODONTOLGICO

    Material para clnica: ponta descartvel para sugador, rolo de algodo, algodo, agulha descartvel, tubetes anestsicos com vasoconstritor, tubetes anestsicos sem

    vasoconstritor, anestsico tpico, brocas para alta e baixa rotao, guardanapo de

    papel, soro fisiolgico, cariosttico, carbono.

    Material para forramento e restaurao provisria: ionmero de vidro, hidrxido de clcio (base e catalisador), cimento de xido de zinco e eugenol (p e lquido),

    cimento restaurador modificado, xido de zinco e eugenol de presa rpida.

    Material para amlgama: matriz inox, cunha de madeira, mercrio, limalha, brocas para polimento de amlgama.

    Material para restaurao esttica: tira de polister, tira de lixa, resina, ataque cido, brocas para polimento de resina.

    Material para cirurgia: gaze, fio de sutura, lmina de bisturi, agulha de sutura.

    Material para controle de placa bacteriana: fucsina bsica, fio dental, dentifrcio fluoretado, escova dental.

    Material para limpeza profissional/raspagem gengival: taa de borracha, escova de Robinson, pasta profiltica.

    Material para urgncias endodnticas e pulpotomia: hidrxido de clcio P.A., paramonoclorofenol canforado, seringas descartveis para irrigao, lenol de

    borracha, hipoclorito de Na a 1%, soro fisiolgico.

  • 30

    ATENO EM SADE BUCAL

    Material para moldagem e adaptao de prtese: alginato, gesso pedra, gesso comum, cera em lmina, cera utilidade, vaselina, lpis cpia, lcool para lamparina,

    pasta zinquenlica, broca de tungstnio, broca de pedra montada, ponta de borracha abrasiva, mandril para lixa, discos de lixa.

    Material biossegurana: cobertura para pontas (descrito no captulo de biossegurana); plstico porta detritos; luva; mscara; gorro; culos; glutaraldedo 2%, lcool iodado 2%; lcool 70%, hipoclorito de sdio a 1%.

    Material preveno: flor gel acidulado, selante.

    1.4 MANUTENO DOS EQUIPAMENTOS

    A manuteno de um servio de assistncia tcnica fundamental para evitar paralisaes desnecessrias no atendimento.

    Os seguintes cuidados devem ser seguidos na rotina da assistncia de forma a contribuir para maior conservao dos equipamentos e diminuio da necessidade de reparos tcnicos:

    Canetas de alta e baixa rotao: lubrificar no incio de cada turno de trabalho.

    Compressor: drenar todos os dias aps o atendimento para evitar o acmulo de gua, leo e ferrugem. Observar barulhos diferentes do habitual. Trocar o leo a cada trs a quatro meses.

    Cadeira: observar o manual do fabricante. recomendvel deix-la em posio zero no final do expediente.

    Ao final do expediente, deve-se desligar o refletor, a gua da unidade auxiliar e as tomadas.

  • II. OS RECURSOS HUMANOS

    E O PROCESSO DE TRABALHO

  • 33

    OS RECURSOS HUMANOS E O PROCESSO DE TRABALHO

    2.1 OS RECURSOS HUMANOS EM SADE BUCAL

    Cirurgio-Dentista (CD): formao superior em curso de odontologia.

    Tcnico em Higiene Dental (THD): formao em THD no nvel de segundo grau, com carga horria mnima de 2.200 horas.

    Auxiliar de Consultrio Dentrio (ACD): o ACD deve ter o primeiro grau completo e formao de ACD com carga horria mnima de 300 horas.

    Tcnico em Prtese Dentria (TPD): deve possuir certificado de concluso do curso de Prtese Dentria de 2.200 horas.

    Auxiliar de Prtese Dentria (APD): deve possuir certificado de APD.Todos os profissionais devero estar inscritos no CRO-MG.

    2.2 AS COMPETNCIAS DOS PROFISSIONAIS DA EQUIPE DE SADE BUCAL NA ATENO PRIMRIA

    A seguir sero descritas as competncias dos profissionais das equipes de sade bucal, com base nas definies legais para cada categoria profissional, nas possibilidades de atuao desses profissionais na ateno primria, e nas atribuies definidas pela Portaria 648/MS de 28/03/2006.

    O conceito de competncia ser trabalhado como capacidade de enfrentar situaes e acontecimentos prprios de uma atividade profissional.

    Cada municpio poder acrescentar as competncias especficas definidas localmente para cada profissional, respeitando as atribuies legais.

    Competncias comuns aos profissionais de sade bucal da equipe de sade bucal (CD, THD E ACD)

    Participar dos processos de planejamento, acompanhamento e avaliao das aes de sade bucal desenvolvidas no territrio de abrangncia das unidades bsicas de sade.

    Participar do processo de territorializao e mapeamento da rea de atuao da equipe, identificando grupos, famlias, e indivduos expostos a riscos e atualizar essas informaes continuamente.

    Participar da priorizao de situaes a serem acompanhadas no planejamento local.

    Realizar o cuidado em sade da populao adscrita utilizando todos os espaos possveis de serem trabalhados.

    Realizar aes de ateno integral conforme a necessidade de sade da populao local, bem como as previstas nas prioridades e protocolos de gesto local.

  • 34

    ATENO EM SADE BUCAL

    Garantir a integralidade da ateno.

    Realizar busca ativa e notificao de doenas e agravos de notificao compulsria, de outros agravos e situaes de importncia local.

    Realizar escuta qualificada das necessidades dos usurios em todas as aes, proporcionando atendimento humanizado e viabilizando o estabelecimento de vnculo.

    Responsabilizar-se pela populao adscrita, mantendo a coordenao do cuidado mesmo quando esta necessita de ateno em outros nveis do sistema de sade.

    Garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas nacionais de informao da ateno bsica.

    Interagir com o usurio e seus familiares, identificando suas necessidades, expectativas e barreiras em relao sade bucal.

    Estar sempre alerta aos sinais de risco em sade bucal de forma a fazer o encaminhamento necessrio.

    Estimular e executar medidas de promoo sade (aes educativas e intersetoriais, desenvolvendo tambm habilidades de relacionamento e negociao).

    Realizar trabalho com lideranas locais, identificando parceiros e recursos na comunidade que possam potencializar aes intersetoriais.

    Acompanhar e apoiar o desenvolvimento e participao dos trabalhos da equipe de sade no tocante sade bucal.

    Atuar no desenvolvimento de atividades de educao permanente voltadas para a equipe e trabalhadores da unidade de sade.

    Executar aes bsicas de vigilncia sade em sua rea de abrangncia. Organizar o processo de trabalho de acordo com as diretrizes da ateno primria

    e do plano municipal de sade bucal.

    Sensibilizar as famlias para a importncia da sade bucal na manuteno da sade e da qualidade de vida.

    Programar e realizar visitas domiciliares de acordo com as necessidades identificadas.

    Advogar em defesa das causas da sade pblica em geral e de sade bucal em particular.

    Estimular o controle social e a participao da comunidade nas aes de sade bucal.

    Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades refrentes sade bucal com os demais membros da equipe de sade, buscando aproximar e integrar aes de sade de forma multidisciplinar.

  • 35

    OS RECURSOS HUMANOS E O PROCESSO DE TRABALHO

    Competncias especficas do cirurgio-dentista (CD)

    Realizar os procedimentos clnicos da ateno bsica em sade bucal. Realizar diagnstico com a finalidade de obter o perfil epidemiolgico de sade

    bucal da comunidade para planejamento.

    Definir prioridades junto com a equipe e a comunidade. Realizar atendimentos de urgncia/emergncia odontolgicas. Executar as aes de ateno integral, aliando a atuao clnica de sade coletiva,

    assistindo famlias, indivduos ou grupos especficos, de acordo com plano de prioridades locais, com resolubilidade.

    Coordenar e participar de aes coletivas voltadas para a promoo e preveno em sade bucal.

    Programar e supervisionar o fornecimento de insumos necessrios para as aes de sade bucal.

    Supervisionar o trabalho desenvolvido pelo THD e pelo ACD. Contribuir e participar das atividades de educao permanente do THD, ACD e

    ESF.

    Fornecer os dados sobre os procedimentos de sua competncia realizados para registro no sistema de informao (SIAB e SIA) e acompanhar o seu lanamento.

    Participar de pactos para qualificao e resolubilidade do servio, incluindo o Pacto da Ateno Bsica.

    Fortalecer o controle social com o fornecimento de informaes sobre sade bucal e tomada de decises conjunta com a comunidade.

    Fornecer informaes sobre sade bucal para pessoas em posio estratgica de deciso em favor de polticas pblicas que possam interferir sobre os determinantes de sade bucal.

    Encaminhar e orientar os usurios que apresentarem problemas mais complexos a outros nveis de especializao, assegurando o seu retorno e acompanhamento, inclusive para fins de complementao do tratamento.

    O Projeto de Lei 1140/03 encontra-se em tramitao com o objetivo de regulamentar o exerccio das profisses de THD e ACD. Caso seja aprovado integralmente, acontecero alteraes no nome dessas categorias profissionais e nas suas competncias.

    As competncias definidas atualmente para estas categorias so:

    Competncias especficas do tcnico em higiene dental (THD)

    Compete ao THD, sob superviso do CD e na proporo mxima de 1 (um) CD para 5 (cinco) THDs, as seguintes atividades:

  • 36

    ATENO EM SADE BUCAL

    Colaborar nos levantamentos epidemiolgicos como coordenador, monitor e anotador.

    Colaborar nos programas educativos de sade bucal.

    Educar e orientar os usurios ou grupos de usurios sobre preveno e tratamento das doenas bucais e apoiar as atividades dos ACD e ACS nas aes de preveno e promoo de sade bucal.

    Realizar procedimentos clnicos de sua competncia:

    teste de vitalidade pulpar;

    remoo de indutos, placas e clculos supragengivais;

    aplicao de substncias para preveno de crie dentria;

    insero e condensao de substncias restauradoras;

    polimento de restauraes, vedando-se a escultura;

    limpeza e antissepsia do campo operatrio;

    remoo de suturas;

    confeco de modelos e preparo de moldeiras.

    Responder pela administrao da clnica.

    Fornecer os dados sobre os procedimentos de sua competncia realizados para registro no sistema de informao (SIAB e SIA) e acompanhar o seu lanamento.

    Participar da capacitao do ACD.

    Supervisionar, sob delegao, o trabalho do ACD.

    Competncias especficas do auxiliar de consultrio dentrio (ACD)

    As funes do ACD tambm podem ser realizadas pelo THD.

    O ACD poder execer as seguintes funes sob a superviso do CD ou do THD:

    Preparar o usurio para atendimento.

    Auxiliar no atendimento ao usurio.

    Preparar e organizar instrumental e material necessrios.

    Instrumentalizar o CD ou THD durante a realizao de procedimentos clnicos.

    Manipular materiais de uso odontolgico.

    Promover isolamento do campo operatrio.

    Selecionar moldeiras e confeccionar modelos em gesso.

    Realizar aes de promoo e preveno em sade bucal para famlias, grupos e indivduos, mediante planejamento local e protocolos de ateno sade.

    Agendar consultas.

  • 37

    OS RECURSOS HUMANOS E O PROCESSO DE TRABALHO

    Preencher fichas clnicas e manter o arquivo e o fichrio em ordem.

    Participar do gerenciamento de insumos.

    Cuidar da manuteno e conservao dos equipamentos odontolgicos.

    Proceder lavagem, desinfeco e esterilizao de instrumentais e equipamentos utilizados.

    Possibilidades de atuao do agente comunitrio de sade (ACS) em sade bucal

    O agente comunitrio de sade parte da equipe de sade do PSF e tem um papel muito importante em:

    Desenvolver aes de promoo sade bucal.

    Identificar espaos coletivos e grupos sociais para o desenvolvimento das aes educativas e preventivas em sade bucal.

    Identificar necessidades, barreiras e risco em relao sade bucal junto s famlias.

    Identificar usurios com necessidade de encaminhamento equipe de sade bucal a partir do conhecimento da priorizao do atendimento e dos sinais de risco.

    Identificar usurios com necessidade de visita domiciliar por parte da equipe de sade bucal.

    Nesse sentido, torna-se importante que seja definido um contedo para a capacitao desse profissional por parte da equipe.

    Em relao aos profissionais de sade bucal dos laboratrios de prtese dentria,

    podemos relacionar as seguintes competncias:

    Competncias especficas do tcnico em prtese dentria (TPD)

    Executar a parte mecnica dos trabalhos odontolgicos.

    Ser responsvel perante o servio de fiscalizao respectivo.

    Realizar treinamento de auxiliares e serventes do laboratrio de prtese odontolgica.

    Competncias especficas do auxiliar de prtese dentria (APD)

    Compete ao APD realizar, sob superviso do CD ou TPD:

  • 38

    ATENO EM SADE BUCAL

    Reproduo de modelos, vazamento de moldes, montagem de modelos em

    articuladores, prensagem de peas protticas em resina acrlica, fundio

    em metais, incluses simples, confeco de moldeiras individuais, curagem,

    acabamento e polimento de peas protticas.

    O trabalho auxiliar na equipe de sade bucal

    A participao do THD na equipe de sade bucal muito importante, sendo sua atuao clnica essencial.

    Ao potencializarmos ao mximo o seu trabalho, estaremos tambm potencializando o trabalho do CD, o qual poder se dedicar aos procedimentos de sua competncia

    exclusiva, incrementando, assim, a resolubilidade do trabalho da equipe.

    A presena de pessoal auxiliar na equipe e a utilizao desses profissionais dentro das suas competncias significa um avano na utilizao das medidas educativas

    e preventivas no mbito da ateno em sade bucal.

    2.3 O PROCESSO DE TRABALHO

    O trabalho em equipe fundamental no processo da organizao da ateno primria em sade bucal.

    Essa mudana de postura est ligada a um redirecionamento do trabalho centrado em aes individuais, como tem sido a lgica da organizao atual, para um

    trabalho conjunto, tanto em nvel da prpria equipe de sade bucal como em

    nvel de equipe de sade.

    Isso significa a possibilidade de insero dos profissionais de sade bucal na equipe de sade, formando um contexto de equipe nica, e no mais duas equipes trabalhando de forma distinta, alm de favorecer a abordagem do indivduo como um todo.

    Processo de trabalho

    No nvel de equipe de sade bucal

    Planejamento, avaliao e tomada de decises em conjunto;

    Valorizao do saber de cada categoria profissional, otimizando suas potencialidades e aumentando a satisfao no trabalho e a resolubilidade da ateno;

    Aprendizado constante no trabalho, a partir da reflexo sobre aes do seu dia-a-dia, num processo de adaptao constante s necessidades da ateno.

  • 39

    OS RECURSOS HUMANOS E O PROCESSO DE TRABALHO

    No nvel de equipe de sade

    Trabalho multiprofissional, com planejamento e avaliao em conjunto de aes por ciclo de vida e por fatores de risco comum a vrias doenas. As aes devero ser planejadas de forma conjunta entre os profissionais para que elas se complementem e no se sobreponham;

    Entendimento da realidade epidemiolgica e dos riscos sade como um todo, fazendo com que a equipe de sade bucal participe de uma co-responsabilizao coletiva da equipe pela sade da populao da rea de abrangncia;

    Trabalho de disseminao de informaes sobre sinais de risco sade bucal para os profissionais da equipe de sade.

    2.4 A FORMAO EM TRABALHO E A EDUCAO CONTINUADA

    A operacionalizao da organizao da sade bucal na ateno primria depende fundamentalmente de um trabalho de capacitao e educao continuada dos profissionais.

    A educao continuada permite a capacitao dos profissionais para responder s contnuas necessidades da ateno e da organizao do servio, que so dinmicas.

    Os gestores devem estar sempre abertos para a importncia da educao continuada no nvel de servio de forma a estar capacitando os profissionais a realizarem de forma qualificada as atividades que so de sua competncia, adequando-as s necessidades de sade da populao.

    No sentido de orientar a formao em trabalho na sade, esto se definindo os Plos de Educao Permanente, cujo objetivo maior se encontra em possibilitar

    um espao em que servio e academia discutam a necessidade e o planejamento

    da formao, dentro dos princpios do SUS e de um contexto das realidades loco-

    regionais.

    2.5 A INTEGRAO SERVIO X ACADEMIA

    A integrao entre academia e servio dever ser sempre incentivada, de forma a aumentarmos os espaos de interao e troca de experincias entre os dois setores,

    e a avanarmos na qualificao da ateno, na formao de recursos humanos em

    sade bucal para o SUS, na construo de saberes comuns, e no desenvolvimento

    de agendas de pesquisa conjunta.

  • 40

    ATENO EM SADE BUCAL

    So exemplos dessas aes: a participao nos plos de educao permanente, as atividades de extenso das universidades, como os estgios supervisionados, e as

    atividades de pesquisa relacionadas ao servio.

    A Coordenao Estadual de Sade Bucal/SES-MG encontra-se participando do desenvolvimento do Programa Sorriso no Campo, atravs do qual alunos das

    Faculdades de Odontologia de Minas Gerais prestam a ateno em sade bucal

    prioritariamente s populaes rurais das Regies Central e do Norte de Minas,

    e dos Vales do Jequitinhonha, do So Mateus e do Mucuri durante o perodo de

    frias, recebendo bolsas oferecidas pela SES atravs do Programa PISE (Programa

    de Integrao Servio Ensino).

    2.6 AS CONDIES DE TRABALHO E OS FATORES DE RISCO PRESENTES NAS ATIVIDADES DOS PROFISSIONAIS DA ODONTOLOGIA

    A prtica da odontologia pode gerar danos irreversveis aos profissionais que a

    realizam, visto que o trabalho exige concentrao e preciso, o campo de atuao restrito

    e h contato do profissional com fluidos corporais do usurio e com materiais txicos.

    importante enfatizar que todos os profissionais que trabalham na rea odontolgica (CD,

    ACD, THD, TPD e APD) esto sujeitos aos riscos.

    Uma anlise do ambiente e das condies de trabalho mostrar os pontos crticos

    do trabalho, por meio do estudo da atividade real dos trabalhadores. A partir da, ser

    possvel a identificao dos riscos e suas caractersticas moduladoras intensidade, durao

    e freqncia, visando deteco do desequilbrio encontrado entre os postos de trabalho

    e o homem, situao passvel de propiciar um aumento da carga de trabalho e ocasionar

    conseqncias negativas para a sade.

    Fatores de risco na prtica da odontologia

    Os fatores de risco presentes no local de trabalho podem causar diretamente

    um problema de sade ou favorecer as reaes fisiopatolgicas que determinam seu

    aparecimento. Entre esses fatores podemos destacar:

    1. Ligados organizao do trabalho: inflexibilidade, alta intensidade do ritmo de

    trabalho, execuo de grande quantidade de movimentos repetitivos, sobrecarga

    de determinados grupos musculares, ausncia de controle sobre o modo e ritmo de

    trabalho, ausncia de pausas, exigncia de produtividade, falta de conhecimento e

    domnio das tcnicas para o manuseio dos equipamentos e instrumentais.

  • 41

    OS RECURSOS HUMANOS E O PROCESSO DE TRABALHO

    2. Fatores fsicos: vo desde instrumentais e equipamentos inadequados e mal instalados at rudos, vibraes, radiaes secundrias, jato de areia e polimentos (laboratrios de prtese odontolgica) e calor.

    3. Fatores biolgicos: materiais contendo sangue ou fluidos corpreos (algodo, gaze, curativos, resduos de cirurgias, modelo de gesso, moldagens, aerossol do jato de bicarbonato e das peas de mo, principalmente a alta rotao).

    4. Fatores qumicos: dentro do universo de substncias qumicas que os profissionais da odontologia utilizam, o mercrio (Hg) que mais causa preocupao, em funo de sua alta toxicidade. Ser comentado parte. Outras substncias:

    Formaldedo Vapores irritantes, odor desagradvel e comprovado potencial carcinognico. Pode causar cncer de nasofaringe, cncer nasosinusal e irritaes nos olhos, nariz e garganta.

    Glutaraldedos Composto txico, irritante da pele, mucosas e olhos.

    Fenol sinttico Os compostos fenlicos so txicos quando ingeridos e irritantes para a pele e olhos.

    Cloro Os compostos liberadores de cloro so txicos, causando irritao da pele e olhos. Quando ingeridos, provocam irritao e corroso das membranas mucosas. A inalao do cido hipoclorito provoca tosse e choque, podendo causar irritao severa do trato respiratrio.

    Quaternrio de amnia Baixa toxicidade, porm pode causar irritao e sensibilidade da pele.

    xido de etileno Alta toxicidade do gs.

    Doenas relacionadas ao trabalho odontolgico e a classificao no CID X

    1. Doenas infecciosas e parasitrias relacionadas ao trabalho (Grupo I do CID-10): Tuberculose (A15 e A19), Hepatites virais (B15 e B19), Doena do vrus da imunodeficincia humana HIV (B20 e B24), Dermatofitose (B 35), outras micoses superficiais (B36).

    2. Transtornos Mentais e do Comportamento relacionados ao trabalho (Grupo V da CID-10): Neurastenia [inclui Sndrome da Fadiga] (F48.0); Outros transtornos neurticos especificados [inclui Neurose Profissional] (F 48.8); Transtorno do ciclo viglia-sono devido a fatores no-orgnicos (F51.2; Z56.6 e Y96); Sensao de Estar Acabado [Sndrome de Burn Out ou Sndrome do Esgotamento Profissional] (Z73.0).

  • 42

    ATENO EM SADE BUCAL

    3. Doenas da pele e do tecido subcutneo relacionadas ao trabalho (Grupo

    XII da CID-10): Dermatoses Ppulo-Pustulosas e suas complicaes infecciosas

    (L08. 9); Dermatites alrgicas de contato (L23); Dermatites de contato por irritantes

    (L24); Dermatite por fotocontato (L56.2); Radiodermatites (aguda, crnica, no

    especificada) (L58).

    4. Doenas do Sistema Osteomuscular e do Tecido Conjuntivo relacionadas

    ao trabalho (Grupo XIII da CID-10)

    Algumas doenas e riscos ocupacionais de maior importncia na odontologia

    LER/DORT (Leses por Esforos Repetitivos/Distrbios Osteomusculares

    Relacionados ao Trabalho) na Odontologia

    As manifestaes clnicas das LER/DORT so bastante numerosas, e variam desde

    patologias bem-definidas e que proporcionam um diagnstico rpido, at sndromes

    dolorosas crnicas de gnese multifatorial, muitas vezes coincidindo com aspectos

    psicolgicos importantes e diversos sintomas no funcionais (parestesias, cefalia, cansao,

    sensao de inchao, dificuldade de concentrao e de memria, etc.), que podem dificultar

    o diagnstico.

    Grande parte dos acometidos relata dor regional ou difusa e ausncia de sinais clnicos.

    Ainda alguns acometidos apresentam dores que se espalham por todo o membro, com

    intercorrncia de sintomas em outras regies (regio cervical, parede torcica e dorsal).

    Entre os fatores de risco de acometimento das LER/DORT encontrados nos servios

    odontolgicos,podemos citar: repetitividade de movimentos, uso de fora, posturas estticas

    e/ou antinaturais, longas jornadas de trabalho, fatores organizacionais e psicossociais,

    condies individuais do trabalhador e estresse.

    Acredita-se que a disponibilizao de informao precisa sobre o assunto pode ser

    considerada um fator importante dentro da preveno, j que facilita a definio dos fatores

    causais e a sua interceptao.

    Modificaes no aspecto fsico do ambiente, tais como substituio de instrumentais

    e equipamentos para propiciarem posturas confortveis, representam atitudes preventivas,

    porm essas mudanas isoladas so insuficientes. Medidas relacionadas organizao do

    trabalho so capazes de causar maior impacto. Podemos citar:

    Reduo dos fatores estressantes do trabalho, como mudanas na organizao para diminuir a presso e aumento do controle sobre o seu trabalho pelo trabalhador.

    Introduo de rodzios para propiciar diversidade de tarefas com o intuito de diminuir o efeito de repetitividade.

  • 43

    OS RECURSOS HUMANOS E O PROCESSO DE TRABALHO

    Introduo de perodos de descanso e/ou ginstica de pausa em atividades que exijam movimentos repetitivos e posies estticas.

    Respeito capacidade individual.As atividades fsicas regulares tambm so apontadas como fatores preventivos, pois

    aumentam a capacidade fsica. alm de ajudarem no controle do estresse.

    Perda Auditiva Induzida pelo Rudo PAIR

    O CD e equipe, alm do motor de alta rotao, esto expostos a outras fontes

    geradoras de rudo, como sugadores, ar-condicionado, motor de baixa rotao, compressor

    e amalgamador. A exposio constante a rudo de forte intensidade pode resultar em uma

    perda temporria ou permanente de audio, denominada PAIR (Perda Auditiva Induzida

    pelo Rudo).

    Concomitantemente ao rudo, pode contribuir ainda mais para o aumento da perda

    auditiva a presena de alguns produtos ototxicos, como taxa de mercrio acima dos

    padres de normalidade.

    Como medida de preveno, recomenda-se a realizao peridica de audiometria

    por um profissional capacitado (fonoaudilogo ou otorrinolaringologista), assim como a

    adoo de um Programa de Conservao Auditiva (PCA), que um conjunto de medidas

    profilticas com o objetivo de impedir que determinadas condies de trabalho provoquem

    a deteriorao da audio, entre as quais podem-se destacar: reduo do rudo ambiental,

    equipamento de proteo individual e campanhas de educao e informao, alm da j

    citada audiometria peridica.

    Contaminao por mercrio

    Os profissionais que ficam constantemente expostos ao mercrio, um metal pesado,

    comumente apresentam valores de mercrio na urina superiores ao limite de tolerncia

    biolgica.

    O momento de maior risco de contaminao do mercrio durante a preparao do

    amlgama de prata. Se este cair, contaminando o ambiente de trabalho, torna-se necessria

    a descontaminao ambiental, e, embora seja um processo extremamente difcil, essencial.

    Nota-se a predominncia da transferncia do metal atravs das mos, alimentos e cigarros.

    Durante a remoo de restauraes ocorre a liberao do metal, sob a forma de vapor e

    de poeira de amlgama.

    O mercrio ingerido pelo CD e equipe fica alojado nos sistemas nervoso e renal

    causando patologias irreparveis. Os sintomas iniciais da intoxicao crnica por mercrio

    so a inquietude, a irritabilidade, a insnia, a sialorria, a gengivite e o tremor das mos.

  • 44

    ATENO EM SADE BUCAL

    Os profissionais intoxicados podem desenvolver ainda o Mal de Parkinson, chegando a ter

    dificuldade de se alimentar e de se locomover, e, nos casos mais avanados da doena,

    podem chegar deficincia renal aguda por deteriorao do sistema renal.

    Como manusear o mercrio de forma a evitar a contaminao ser discutido no

    Captulo de Biossegurana em Odontologia.

    Radiao secundria

    Os CD e equipe, alm das tcnicas radiogrficas, devero conhecer os fenmenos

    fsicos que ocorrem durante e aps a emisso dos raios-X e os meios de radioproteo

    contra a sua ao deletria. Esses raios-x so produzidos dentro de um tubo que, por

    sua vez, est dentro de uma calota protetora revestida de chumbo, na qual existe uma

    abertura que delimita o feixe de radiao primrio realmente til na formao da imagem.

    Qualquer objeto alcanado pela radiao funciona como emissor de radiao secundria ou

    espalhada, que prejudicial aos tecidos. A dose elevada acima de um certo nvel teria um

    efeito determinstico, causando a morte da clula. No entanto, mesmo que no ultrapassem

    o limite de tolerncia, as doses, durante vrios anos, podem causar modificaes celulares,

    levando a uma circulao de malignidade que caracteriza o efeito chamado estocstico.

    A proteo radiolgica baseia-se no trip distncia, tempo e blindagem. O dentista

    deve se proteger mantendo a distancia mnima de 2 metros entre ele e a ampola ou cabea

    do paciente atravs de um fio disparador com esse comprimento. Se as dimenses da

    sala no permitirem, o dentista e sua equipe devem ficar fora da sala assim como o boto

    disparador do aparelho. Se isto no for possvel, ele deve ficar lateralmente atrs do paciente

    em um ngulo de 90 e 135 relativo direo do feixe primrio, para evitar a radiao

    espalhada.

    2.7 A ERGONOMIA ODONTOLGICA

    O objetivo da ergonomia proporcionar a adaptao das condies de trabalho s caractersticas psicofisiolgicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar o

    mximo de conforto, segurana e desempenho eficiente.

    Aspectos importantes para o atendimento

    Agendar, planejar o atendimento.

    Conhecimento da capacidade de trabalho diria e semanal da equipe.

  • 45

    OS RECURSOS HUMANOS E O PROCESSO DE TRABALHO

    O excesso de trabalho pode causar desgaste cardaco, hipertenso, fadiga, artrites, fibroses, calcificaes, cansao muscular, ansiedade, frustraes, tenses

    emocionais e angstia.

    recomendvel uma jornada mxima de 50 a 60 horas semanais.

    Corrigir hbitos defeituosos de trabalho.

    importante utilizar mochos de base ampla (05 rodas), trabalhar em equipe com auxiliar (quatro mos), colocar o usurio na posio supina (exceto em casos

    em que a condio sistmica do usurio impossibilite essa posio), ter viso em

    todos os quadrantes e utilizar equipamento correto de acordo com a tcnica de

    trabalho adotada.

    A rea til de trabalho do profissional deve estar dentro de um crculo com 01 metro de dimetro (espao mximo de pega) que pode ser alcanado com

    o movimento de brao. Deve-se ter tudo a um alcance mnimo, eliminando-se

    movimentos suprfluos, tores exageradas ou inclinaes laterais.

    A rea total do consultrio no deve ter mais que 03 metros de largura para no ser antiergonmico. Nessa rea ficam as pias e armrios fixos (em forma de U),

    sendo que as gavetas, quando abertas, devem cair dentro de um crculo de 1,5m

    de raio.

    Ideal a posio de 9 h para o CD e 15 h para a auxiliar (posies consagradas em ergonomia), que permite trabalhar com viso direta, tanto da mandbula como

    da maxila. A perna esquerda do CD fica posicionada sob o encosto da cadeira, e a

    direita ao lado do brao direito da cadeira. Para CD canhoto, a posio invertida

    com a auxiliar. Com a regulagem do encosto da cadeira possvel ainda a posio

    de 12 h com viso indireta e o usurio na posio supina.

    A postura incorreta pode afetar seriamente a sade do profissional, levando a deformaes irreversveis da coluna vertebral.

    Sentar-se no mocho com as coxas paralelas ao cho formando um ngulo de 90 com as pernas e os ps apoiados no cho. Acima de 90 haver maior compresso

    da circulao venosa de retorno com conseqente aparecimento de varizes.

    Manter as costas retas e apoiadas no encosto do mocho na regio renal e a cabea ligeiramente inclinada para baixo.

    Trabalhar com os cotovelos junto ao corpo ou apoiados em local que esteja ao nvel dos mesmos, com todos os membros descontrados para prevenir a bursite.

  • 46

    ATENO EM SADE BUCAL

    Ajustar a altura da cadeira de tal maneira que uma das pernas do CD possa ser colocada sob o encosto, sem sofrer presso e sincronizadas com as pernas da

    auxiliar.

    Posicionar o cabeote para baixo quando o trabalho for realizado na maxila, para cima e para frente quando for na mandbula.

    Posicionar o usurio deitado na cadeira de modo que a boca do mesmo fique no mesmo nvel dos seus joelhos.

    Manter uma distncia de 30 cm da boca do usurio.

    Posicionar o refletor frente do usurio para trabalhar na maxila e perpen-dicularmente cabea do mesmo para o trabalho na mandbula.

    Utilizar sugadores de alta potncia, evitando que o usurio utilize a cuspideira, o que acarreta mudanas constantes da posio e perda de tempo.

    A cada 90 minutos de atendimento deve ser feito um intervalo de 10 minutos.

    Outras regulamentaes gerais sobre ergonomia se encontram na NR17 Norma Regulamentadora do Ministrio do Trabalho.

  • III. A BIOSSEGURANA

    EM ODONTOLOGIA

  • 49

    A BISSEGURANA EM ODONTOLOGIA

    Anteriormente discusso sobre normalizao em biossegurana, devemos enfatizar o papel da conscientizao sobre a importncia do controle de infeco, como forma de garantir uma co-responsabilizao dos profissionais da equipe de sade bucal no desenvolvimento de uma ao de vigilncia e cuidado com a sade e a segurana da equipe, dos usurios que se colocam com confiana sob a responsabilidade dos profissionais, e da populao em geral.

    O cuidado com o meio ambiente tambm deve ser foco de ateno dos profissionais de sade bucal, visto que a falta de gerenciamento dos resduos estar contribuindo para causar danos cumulativos ao nosso meio, principalmente gua, fator fundamental dentro de qualquer rotina de biossegurana.

    Algumas medidas fundamentais de biossegurana sero apresentadas a seguir, devendo a rotina de trabalho, baseada nessas medidas, ser definida pela equipe local, de modo a ajust-la sua demanda, ao seu processo de trabalho e aos recursos humanos disponveis.

    As medidas a seguir devem ser adotadas universalmente como forma eficaz de reduo do risco ocupacional e de transmisso de agentes infecciosos nos servios de sade. So indicadas para todos os profissionais e em relao a todos os usurios, em todas as situaes de tratamento.

    3.1 AS MEDIDAS DE BIOSSEGURANA

    3.1.1 Medidas individuais de proteo para os profissionais das equipes de sade bucal

    Imunizao

    fundamental que todos os profissionais de odontologia sejam vacinados com 03 doses da vacina contra o vrus da Hepatite B.

    recomendado ainda que se vacinem contra difteria, rubola, parotidite virtica, sarampo e tambm contra ttano, apesar de pequeno risco ocupacional.

    Profissionais que exercem atividades em instituies e hospitais onde haja contato com usurios com tuberculose ou portadores de HIV devem se vacinar contra a tuberculose.

    Lavagem das mos

    Lavar as mos com freqncia , isoladamente, a ao mais importante para a preveno e o controle de infeco.

    Deve-se lavar as mos com sabonete lquido antes do atendimento, ao calar as luvas, e aps a remoo das mesmas.

  • 50

    ATENO EM SADE BUCAL

    Retirar anis, relgios e pulseiras, ensaboar mos (as unhas devem ser mantidas aparadas) e metade do antebrao por no mnimo 15 segundos, esfregando entre cada dedo.

    Caso faa uso da escova, recomenda-se a de cerdas macias, destinada apenas escovao das unhas e espaos subungueais.

    Enxaguar e secar com toalhas de papel, no tocando a torneira aps lavar as mos.

    Profissionais com leses nas mos ou dermatites devem abster-se de atender os usurios ou de manipular instrumentos e equipamentos at o desaparecimento dessas leses.

    Uso de barreiras ou equipamentos de proteo individual (EPI)

    Luvas

    Existem as luvas para procedimentos e as cirrgicas estreis, que devem ser escolhidas de acordo com o trabalho a ser realizado. O uso de duas luvas indicado para procedimentos cirrgicos com sangramento profuso.

    Fazer trocas de luvas a cada atendimento, usando-se um par exclusivo de luvas para cada usurio e descartando-o imediatamente aps o uso.

    importante no manipular objetos fora do campo de trabalho enquanto estiver de luvas, e no tocar na sua parte externa ao remov-las.

    Caso as luvas sejam rasgadas durante o atendimento, as mos devem ser lavadas e outras luvas colocadas.

    Luvas de plstico: so usadas como sobre-luvas quando houver necessidade de manusear artigos fora do campo de trabalho.

    Luvas grossas de tecido ou outro material: para manuseio de material esterilizado quente.

    Luvas para limpeza: devem ser de borracha grossa e cano longo, e, se no estiverem rasgadas ou furadas, podem ser descontaminadas e reutilizadas.

    Mscaras

    O ideal que no toquem os lbios e as narinas, no embacem o protetor ocular, e que sejam removidas aps o uso.

    Deve ser usada a mscara com tripla proteo.

    Quando for absolutamente essencial o atendimento a usurios com infeco ativa, como tuberculosos, mscaras especiais devem ser usadas (mscara respirador Ref 1860). Ver captulo A sade bucal na ateno por condio de vida.

  • 51

    OS RECURSOS HUMANOS E O PROCESSO DE TRABALHO

    Protetores oculares

    culos comuns no oferecem proteo adequada e os protetores oculares com proteo lateral devem ser usados.

    Aps o uso, os protetores devem ser descontaminados.

    Se possvel, os protetores oculares tambm devem ser fornecidos aos usurios, pois alguns procedimentos oferecem risco de contaminao. Na falta de protetores, uma alternativa recomendar ao usurio que permanea com os olhos fechados.

    Avental

    Deve ser usado sempre, ser de tecido ou descartvel, e ter colarinho alto e mangas longas.

    No se deve usar roupas comuns durante o atendimento, pois elas ficaro contaminadas.

    importante retirar o avental todas as vezes que sair do consultrio, e no manipul-lo quando contaminado.

    Deve ser trocado diariamente, e, aps o uso, deve ser colocado em saco plstico para lavagem posterior, incluindo molho em gua sanitria. No deve ser lavado junto com as outras roupas.

    Gorro

    Os aerossis causam contaminao dos cabelos, que devero estar sempre presos embaixo do gorro.

    Deve ser preferencialmente descartvel e cobrir todo o cabelo e orelha.

    3.1.2 Orientao em caso de acidente de trabalho com exposio a material biolgico de risco

    Aps um acidente com objetos prfuro-cortantes ou contato com mucosa/pele no intacta, deve-se tirar as luvas e lavar o local com gua e sabo efusivamente.

    No se deve provocar sangramento do local ferido e nem aumentar a rea lesada, a fim de minimizar a exposio ao material infectante.

    No caso de exposio da mucosa ocular, irrig-la abundantemente com soro fisiolgico ou gua.

    Aps os cuidados locais, o acidentado deve seguir os passos do Protocolo de Atendimento ao Acidentado com Material Biolgico elaborado pela Comisso Estadual de Biossegurana e em publicao pela SES/MG. Sempre que for possvel

    detectar o usurio que foi a fonte de contaminao, importante encaminh-lo ao

  • 52

    ATENO EM SADE BUCAL

    aconselhamento, de forma a conscientiz-lo da importncia de participar tambm

    do cumprimento do protocolo.

    Para se garantir o mximo de eficcia na ateno ps-acidente de trabalho, o ideal que a procura por atendimento seja feita em um prazo de at 48 horas.

    fundamental que cada Unidade de Sade tenha disponvel um protocolo, juntamente com os fluxos de encaminhamento.

    A Portaria MS n 777 de abril/04 define que os acidentes de trabalho com exposio a material biolgico so de notificao compulsria, com lanamento no sistema

    SINAN (Sistema de Informao de Agravos e Notificao).

    3.1.3 Medidas especficas direcionadas ao controle da disseminao de microorganismos

    Cuidados com o ambiente do consultrio, equipamentos e superfcies

    Todas as superfcies que so passveis de contaminao devem ser descontaminadas com soluo desinfetante.

    Algumas superfcies devem ainda ser cobertas com filme de PVC transparente, folha de alumnio ou capa plstica. Esse material deve ser trocado entre um usurio

    e outro com o uso de luvas. Incluem-se:

    Ala e interruptor do foco.

    Haste da mesa auxiliar.

    Pontas de alta e baixa rotaes.

    Seringa trplice.

    Ponta do fotopolimerizador.

    Ponta da mangueira do sugador.

    Ponta do aparelho ultra-snico.

    Botes de acionamento dos diferentes equipamentos.

    Em geral, o processo de limpeza e desinfeco de bancadas e equipamentos

    odontolgicos pode ser realizado de acordo com o Quadro I.

  • 53

    OS RECURSOS HUMANOS E O PROCESSO DE TRABALHO

    Superfcie

    Limpeza DesinfecoBarreira

    MecnicaProduto Mtodo Freqncia Produto Mtodo Frequncia

    Mocho gua e sabo

    Frico com algodo

    A cada turno

    lcool a 70%

    Frico com

    algodo

    A cada turno

    Refletor gua e sabo

    Frico com algodo

    A cada turno

    lcool a 70%

    Frico com

    algodo

    A cada usurio

    Filme PVC, saqui-

    nho plstico

    Cadeira gua e sabo

    Frico com algodo

    A cada turno

    lcool a 70%

    Frico com

    algodo

    A cada usurio

    Filme PVC, saqui-

    nho plstico

    Bancadas de

    trabalho

    gua e sabo

    Frico com algodo

    A cada usurio

    Hipoclorito a 1%.

    (exceto as de metal e mrmore)ou lcool a

    70%

    Frico com

    algodo

    A cada usurio

    Pano de Campo

    Pontas gua e sabo

    Colocar em movimento

    para eliminao da gua por 20 a 30 seg

    Frico com algodo

    A cada usurio

    lcool iodado a 1% e neutra- lizao

    com lcool

    Frico por 2

    minutos com gaze

    A cada usurio

    Filme PVC, saqui-

    nho plstico

    Cuspideira gua e sabo

    Borrifar e remover os

    resduos com papel toalhaLimpar filtro

    A cada usurio

    Hipoclorito a 1%

    Borrifar A cada usurio

    Mangueira do

    Sugador

    gua e sabo

    Fazer uma mistura

    com gua e detergente

    Frico com algodo na

    parte externa

    Sugar dessa mistura,

    jogando o resto na cuspideira

    A cada usurio

    A cada usurio

    Hipoclorito a 1%

    ou lcool a

    70%

    Frico na parte externa

    A cada usurio

    Equipa- mentos

    Perifricos (amalgamador, fotopolimeriza

    dor, etc)

    gua e sabo

    Frico com algodo

    A cada usurio

    lcool a 70%

    Frico com

    algodo

    A cada usurio

    Filme PVC, saqui-

    nho plstico

    Quadro I Orientao para limpeza e desinfeco de bancadas e equipamentos do consultrio odontolgico

    Adaptado de Controle de Infeco em Odontologia. Manual de Normas e Rotinas Tcnicas, UFMG, 2003.

  • 54

    ATENO EM SADE BUCAL

    Aps o trmino do expediente os reservatrios de gua da seringa trplice e da caneta de alta rotao devem ser esvaziados para evitar proliferao de microorganismos.

    Superfcies contaminadas por sangue devem ser imediatamente limpas com hipoclorito de sdio a 1%.

    Para a limpeza de paredes e pisos, recomenda-se gua e sabo.

    Cuidados com o instrumental

    Os instrumentais a serem utilizados no atendimento devem passar por um processo de esterilizao, que compreende as seguintes etapas:

    Desinfeco

    A desinfeco um processo que destri grande parte dos microorganismos patognicos.

    Pode ser feita com soluo de lcool etlico a 70% (fazer desinfeco por frico em trs etapas intercaladas pelo tempo de secagem natural, totalizando 10 minutos), cido paractico a 0,2% (imerso por 10 minutos), glutaraldedo a 2% (imerso por 30 minutos), hipoclorito de sdio a 1% (imerso por 30 minutos), detergentes enzimticos ou gua em ebulio, quando no houver outro recurso (imerso por 15 minutos).

    O hipoclorito de sdio no deve ser utilizado para desinfeco de metais pela sua ao corrosiva.

    Lavagem e Enxgue

    Lavar com gua e sabo, removendo todos os resduos e friccionando com escova.Enxaguar.

    Durante a limpeza dos instrumentos, podem-se disseminar microorganismos atravs de aerossis ou haver contaminao, devendo-se, portanto, usar sempre EPI e evitar o uso de jato de gua muito forte ou pia muito rasa.

    Secagem

    A secagem deve ser feita com pano limpo e seco.

    Empacotamento

    Quando indicado, deve ser feito com selamento hermtico para garantir a integridade do processo de esterilizao, identificando o contedo e a data.

    O modo de realizar o empacotamento depender do meio de esterilizao a ser utilizado e ser descrito a seguir.

  • 55

    OS RECURSOS HUMANOS E O PROCESSO DE TRABALHO

    Esterilizao

    um processo em que os microorganismos so completamente eliminados, sendo utilizado para garantir o uso seguro dos instrumentais.

    Meios de esterilizao

    Estufa

    O material deve ser mantido na estufa a 170o C por 1 hora. Temperatura superior a 170o C pode alterar o corte dos instrumentais.

    necessria a colocao de um termmetro na estufa para constante aferio da temperatura.

    A estufa deve ser mantida fechada durante o processo de esterilizao. Caso contrrio, a perda de calor dever ser compensada, pois h interrupo do ciclo.

    Material a ser esterilizado em estufa: brocas (ao, carbide, tungstnio ou pedra), instrumental de endodontia, moldeiras inox, instrumental, bandejas ou caixas de metal, placas e potes de vidro.

    Empacotar o instrumental a ser esterilizado em caixas metlicas fechadas.

    Passos: a) Temperatura atinge 170o C; b) Carregamento da cmara interna com o material; c) Ciclo de 1 hora sem abrir a estufa; d) Resfriamento do material; e) Armazenagem.

    Autoclave

    o aparelho que garante a eficincia do processo de esterilizao e seu uso deve ser sempre incentivado em substituio estufa.

    A esterilizao pelo vapor sob presso ocorre em trs tipos de autoclave:

    Gravitacional: 15 a 30 minutos, a uma temperatura de 121 a 127oC e 01 atm de presso;

    Pr-vcuo: 04 a 07 minutos, a uma temperatura de 132 a 134oC e 02 atm de presso;

    Cicloflash: recomendada para esterilizao apenas em situaes de necessidade de uso imediato do artigo, como em casos de ausncia de artigo

    de reposio.

    Material a ser esterilizado em autoclave: brocas (ao, carbide, tungstnio ou pedra), instrumental de endodontia, moldeiras inox, instrumental, bandejas ou caixas de metal, placas e potes de vidro.

    O empacotamento deve ser feito em tecido permevel de algodo cru de campo

    duplo (no pode ser passado para no vedar os orifcios), pacotes de papel

    crepado, vidro ou embalagem de filme plstico. Embalagens de papel ou filme

  • 56

    ATENO EM SADE BUCAL

    plstico devem ter o ar removido antes da selagem, pois o ar atua como um obstculo transmisso de calor e umidade.

    Esterilizao qumica

    Imerso em soluo aquosa de glutaraldeido a 2% por 10 horas, somente quando no for possvel a esterilizao em estufa ou autoclave.

    Material a ser esterilizado quimicamente: instrumental para resina, saca-brocas, escova de Robson, taas de borracha, moldeiras plsticas e outros materiais plsticos.

    Colocar o material em recipientes plsticos fechados para esterilizao qumica.

    Aps a esterilizao do instrumental deve ser feito enxge rigoroso com soro fisiolgico, gua destilada ou gua estril (gua esterilizada em autoclave) e secagem obrigatria com compressas esterilizadas.

    Testes

    A eficincia do processo de esterilizao deve ser comprovada atravs de mtodos fsicos, qumicos e biolgicos:

    Fsicos: dizem respeito ao desempenho do equipamento. Qumicos: consistem no uso de tiras de papel impregnadas com tintas

    termocrmicas que alteram a colorao quando expostas temperatura por tempo suficiente.

    Biolgicos: uso de tiras de papel impregnadas com esporos de bactrias, que so expostas ao ciclo de esterilizao para comprovao da destruio dos microorganismos.

    O teste deve ser feito semanalmente.

    Armazenamento do material esterilizado

    Quando uma caixa aberta, no se pode mais garantir a esterilidade do instrumental.

    Os artigos esterilizados devem ser armazenados em condies adequadas, evitando-se a sua contaminao.

    O local da estocagem deve ser limpo, protegido do meio externo, e utilizado apenas para este fim.

    Nessas condies, a esterilidade do material preservada por at 7 dias. No caso de esterilizao em autoclave, o tempo de armazenamento varia de 15 (tecido de algodo) a 30 dias (papel crepado).

    Cuidados com material de moldagem, modelos e prteses

    A limpeza e desinfeco de material de moldagem, modelos e prteses pode ser realizada com base no Quadro II.

  • 57

    OS RECURSOS HUMANOS E O PROCESSO DE TRABALHO

    Material Limpeza Desinfeco Tcnica

    Moldagem alginatoLavagem gua

    correnteIodforos/Hipoclorito a 1% Asperso

    GessoLavagem gua

    correnteHipoclorito a 1% Asperso

    Prtese removvel metal/

    acrlico

    Lavagem gua

    correnteHipoclorito a 1% Imerso por 10 minutos

    Registros ceraLavagem gua

    correnteIodforos

    Lavar-borrifar-lavar-

    borrifar, deixando mido

    por 10 minutos aps a

    segunda borrifada

    Quadro II Limpeza e desinfeco de modelos, moldagens e prteses

    ADAPTADO de Controle de Infeco em Odontologia Manual de Normas e Rotinas Tcnicas, UFMG, 2003.

    3.1.4 Gerenciamento de resduos

    O servio dever elaborar e implantar o PGRSS (Plano de gerenciamento de resduos de servio de sade) conforme a RDC n 43 de 25/02/2003 da ANVISA, e

    todo servio dever ter um RT (Responsvel Tcnico) de nvel superior responsvel

    pelo PGRSS.

    O gerenciamento tido como um instrumento capaz de minimizar ou at mesmo impedir os efeitos adversos causados pelos resduos slidos de sade, do ponto de

    vista sanitrio, ambiental e ocupacional.

    Tipos de resduos produzidos pelo atendimento odontolgico

    Resduos Biolgicos Grupo A

    So resduos potencialmente infectantes, devido possvel presena de agentes biolgicos que podem apresentar riscos de infeco.

    Devem ser embalados adequadamente em sacos plsticos brancos leitosos, com simbologia de RESDUO INFECTANTE. Exemplo: recipientes e materiais contendo sangue ou lquidos corpreos (luvas, culos, mscaras, gaze, etc.) e peas anatmicas.

    O uso de sacos individuais pequenos (como os usados para sanduches) como porta detritos permite o descarte prtico e seguro desses dejetos.

  • 58

    ATENO EM SADE BUCAL

    Resduos Qumicos Grupo B

    Resduos qumicos so resduos contendo substncias qumicas que apresentam riscos sade pblica ou ao meio ambiente. Exemplo: Saneantes e desinfetantes.

    Devem ser condicionados em recipientes individualizados, de compatibilidade qumica com o resduo de forma a evitar reao qumica entre os componentes e no permeveis e encaminhados para empresa devidamente licenciada pelo rgo ambiental competente para tratamento.

    Metais pesados

    MERCRIO: para o seu manuseio, devem ser adotadas as seguintes medidas:

    armazenar o mercrio em recipientes inquebrveis e vedados;

    usar amalgamadores mecnicos seguros, sem vazamentos;

    no expor os frascos de mercrio e os amalgamadores luz solar direta ou proximidade de fontes de calor (estufa, autoclave, ar condicionado, etc);

    usar cpsulas hermeticamente vedadas durante o processo de amalgamao;

    utilizar a proporo exata de mercrio na liga;

    usar tcnica de manipulao de amlgama que evite o toque das mos, usando EPI (luvas, mscara e gorro);

    remover os excessos da fase Gama 02 da liga utilizando dedeiras de borracha;

    no utilizar condensadores ultra-snicos a fim de minimizar o calor;

    fazer a remoo de restauraes de amlgama sob refrigerao (spray ar-gua);

    importante, na remoo, o uso de