Atendimento Espiritual - A Teoria Na Pratica

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    Atendimento Espiritual A teoria na prtica

    Sydney Santanna

    Reviso

    Ana Paula Ferreira

    Capa

    LivroPronto Studio e Grfica

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    Atendimento Espiritual - A teoria na prtica

    Copyright Sydney Santanna, 2012

    Verso Impressa:

    Editora

    LP-Books

    www.lp-books.com

    Editor ResponsvelJoo Antonio Carvalho

    Produo editorialLivroPronto Studio e Grfica

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    S231a Santanna, Sydney

    Atendimento Espiritual - A teoria na prtica/Sydney Santanna

    So Paulo: LP-Books, 2012.

    14x21 cm. 330p.

    ISBN 978-85-7869 -322

    1. Espiritismo 2. Apometria 3. Mediunidade 4. Obsesso 5. Magia 6. Mago. I. Ttulo.

    So Paulo, 2012

    1 Edio

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    Sumrio

    INTRODUO ................................................................................................................... 7

    PARTE 1 A TEORIA: DISCUSSO DE CONCEITOS ...................................................... 10

    O PBLICO .................................................................................................................... 11 Doutrinao e orientao ...................................................................................... 11 Orao ................................................................................................................... 13 A f: soluo ou problema? ................................................................................... 17 Os julgamentos e o Bem e o Mal ........................................................................... 24

    O poder da palavra ................................................................................................ 30 Reencarnao como instrumento de aprendizado ................................................ 32

    O CENTROESPRITA E O MDIUM ....................................................................................... 35 O mdium necessrio? ........................................................................................ 35 Mdium potencial .................................................................................................. 38 Os primeiros passos ............................................................................................... 41 Manifestaes medinicas .................................................................................... 44 O estar pronto .................................................................................................... 54 Interao X Envolvimento pessoal ......................................................................... 57 Responsabilidades ................................................................................................. 67 Preparao dos mdiuns ....................................................................................... 70

    A TCNICA ..................................................................................................................... 73 Apometria .............................................................................................................. 73 Faixas de trabalho ................................................................................................. 82 Uso de energia e o poder no astral ........................................................................ 89

    O passe .................................................................................................................. 94 O TRABALHO ................................................................................................................ 100

    Sintonia e vibrao do local de trabalho ............................................................. 100 Afinidade energtica e a reincidncia de problemas ........................................... 103 Obsesso.............................................................................................................. 107

    -Por afinidade ............................................................................................................... 108 -Zombeteiros ................................................................................................................ 109 -Magos Negros ............................................................................................................. 110 -Experincias com aparelhos ........................................................................................ 114 -Ligaes com vidas passadas....................................................................................... 117

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    -Por amor ..................................................................................................................... 121 -A busca por energias e os desequilbrios .................................................................... 125

    A cura .................................................................................................................. 129

    Preparar-se para desencarnar ............................................................................. 132 Princpios bsicos para o trabalho espiritual ....................................................... 133 Condies para a assistncia espiritual ............................................................... 137

    CENTROESPIRITUALISTACASA DALUZ: UM REGISTRO HISTRICO ........................................... 142

    PARTE 2 A PRTICA: ATENDIMENTOS .................................................................. 146

    CONSIDERAES GERAIS ................................................................................................. 147 Identificao do pblico com a Casa Esprita ...................................................... 147 Aspectos comuns aos atendimentos ................................................................... 148 Prticas bsicas ................................................................................................... 155

    ESTUDO DE CASOS ......................................................................................................... 164 Depresso e vampirismo ..................................................................................... 164 Cobranas de vida anterior .................................................................................. 167 Doena fsica originada em vida anterior ............................................................ 172 Relacionamento familiar conturbado .................................................................. 177

    Drogas ................................................................................................................. 182 Vidas anteriores e magia negra........................................................................... 189 Vida anterior e mediunidade ............................................................................... 197 Abissal ................................................................................................................. 203 Depresso e vampirismo ..................................................................................... 211 Mal-estar com causa em vida anterior ................................................................ 221 Depresso, base e mago negro ........................................................................... 228 Vidas anteriores e magia negra........................................................................... 242 ETs / Experincias com duplicatas astrais ........................................................... 252 Mediunidade atormentada / Consulente com manifestaes ............................ 261 Compromissos de vida anterior com magia ........................................................ 272 Cobranas de vida anterior com repercusses fsicas ......................................... 281

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    IntroduoAtendimento espiritual a teoria na prtica um trabalho que pretendeestabelecer relaes entre o que estudado e discutido em livros e grupos deestudo e o que praticado nos trabalhos de atendimento medinico nos centrosespritas. Procuramos abordar estes dois aspectos, a teoria e a prtica, de umaforma integral, pois a experincia medinica no pode dispensar o estudo.Assim como o estudo sem a colocao do aprendizado em prtica se torna umaexperincia incompleta.

    Mdiuns e dirigentes precisam ter a devida conscincia das situaes quesurgem durante os atendimentos. So duas variveis que precisam andar juntassempre para que se completem. Assim, tentamos construir pontes que ligassemo conhecimento terico com a sua aplicao prtica.

    Para tanto, o contedo foi dividido em duas partes. A primeira, a parteterica, trata de assuntos fundamentais para a compreenso do que acontece nosatendimentos medinicos, tentando explicar como se d a interao com aespiritualidade e as influncias energticas e espirituais que podem atuar sobreos encarnados. Aborda, ainda, questes relacionadas com a interao queacontece entre os mdiuns, o pblico e a Casa Esprita, levantando algunsaspectos que podem influenciar positiva ou negativamente nos atendimentosespirituais e no prprio funcionamento da Casa. A segunda parte descreve umasrie de atendimentos onde podem ser observadas as aplicaes prticas do quefoi discutido na parte terica.

    De incio, tentamos inserir as descries dos atendimentos aps cadatpico abordado. Porm, em cada um dos atendimentos h a ocorrncia desituaes que envolvem vrios conceitos tratados ao longo de todo o texto. Issoacabou impossibilitando uma adequada distribuio dos atendimentos entre ostpicos tratados na parte terica, razo pela qual foram reunidos no final.

    Didaticamente falando, sugerimos que seja lida e entendida a primeira parte e depois seja lida a segunda, na qual se verificar a aplicao prtica dosconceitos anteriormente tratados. Porm, fica a critrio do leitor a forma comoser explorado o contedo aqui apresentado.

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    Nosso objetivo abordar questes relevantes aos atendimentos espirituaisrealizados por grupos medinicos em centros espritas sem a pretenso de passar receitas ou querer estabelecer parmetros como verdades, pois cabe a

    cada trabalhador espiritual a busca pelas suas verdades atravs do estudo daDoutrina Esprita e da vivncia da sua prpria espiritualidade. Queremos,simplesmente, repartir nossa experincia em trabalhos de atendimentoespiritual, e o que conseguimos aprender com eles, na esperana de poder ajudade alguma forma a compreenso de como acontece a interao entre os planosmaterial e espiritual.

    Consideraremos cumprido o nosso propsito se os temas tratados a seguirforem capazes de gerar discusses que resultem em melhora da qualidade dos

    atendimentos espirituais. Isso ser mais gratificante e mais produtivo do que asimples aceitao ou adoo do que est exposto nestas pginas.Cogito, ergo sum (Penso, logo existo). Citar Ren Descartes num livro

    que trata da espiritualidade parece um tanto imprprio, pois foi justamente elequem lanou os fundamentos do pensamento cientfico, ou pensamentocartesiano. Sua linha de raciocnio se baseava na premissa de que tudo precisavaser provado por meio de procedimentos metdicos e rejeitava qualquermanifestao de f. A forma original da citao acima Dubito, ergo cogito,ergo sum (Duvido, logo penso, logo existo).

    Foi ento que o homem separou Deus da cincia e da lgica e se criaramdois polos extremos. De um lado, ficou a religio com suas verdadesinquestionveis e sem possibilidade de discusso. De outro, o pensamentocientfico, metdico e frio, que no podia admitir a existncia de nada que no pudesse ser comprovado e repetido experimentalmente seguindo controles e padres muito rgidos. E permaneceram separados por sculos, at que surgissea Doutrina Esprita, que se fundamenta na f raciocinada e capaz de transmitira mensagem divina com lgica e semverdades inquestionveis. Ela nosencoraja a procurar as comprovaes de tudo o que for comunicado porespritos ou experimentado por ns. No podemos usar o mtodo cartesiano para isso, pois seus meios so materiais, mas a vivncia espiritual nos revelamuito.

    Por meio da vivncia da espiritualidade poder ser comprovada avalidade ou no do que est aqui exposto. Ento, fazemos o convite para queseja experimentado na prtica o que estamos colocando em discusso, tendo emmente os cuidados que Kardec nos aconselha, para que no aceitemos como

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    verdadeiro nada que no pudermos verificar como confivel, ao mesmo tempoem que no devemos rejeitar nada sem antes termos explorado suas possibilidades.

    Para finalizar, gostaramos de deixar o registro de como surgiu o presentelivro. Originalmente, grande parte das questes discutidas no decorrer deAtendimento espiritual a teoria na prtica faziam parte de outro livro: Atque a vida nos una. Foi extrado deste porque seu volume ficou excessivo e porque os contedos de ambos poderiam se destinar a pblicos diferentes. Atque a vida nos una um romance destinado ao pblico em geral que procuraesclarecer vrias questes relacionadas espiritualidade de maneira clara edireta, sendo recheado de conceitos bsicos sobre o tema durante toda a estria

    Porm, o fato de ser um romance no o desqualifica como fonte deconhecimentos sobre as questes espirituais.Pelo contrrio, os livros Atendimento espiritual a teoria na prtica e

    At que a vida nos una so leituras que se completam e objetivam proporcionar um melhor entendimento das relaes que podem se estabelecerentre encarnados e desencarnados. Tanto que alguns dos temas tratados aquitambm se encontram em At que a vida nos una, porm abordados commenos profundidade. Apesar de haver alguns tpicos comuns, embora com

    enfoques diferentes, cada um dos livros aborda temas espirituais que no sotratados no outro, razo pela qual recomendamos a leitura de ambos.

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    Parte 1 A Teoria:Discusso de conceitos

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    O pblicoDoutrinao e orientaoA razo da existncia das casas espritas nem sempre fica clara para boa

    parte das pessoas e, at mesmo, para alguns mdiuns, pois h quem confunda omeios com os fins. Como a prpria mediunidade, por exemplo, que apenas ummeio para se chegar finalidade, e no o fim. A vivncia espiritual atravs damediunidade apenas uma consequncia, ou um meio, e no o objetivo a seralcanado.

    Um centro esprita uma organizao idealizada, montada e posta emfuncionamento para cumprir determinados papis direcionados a um fim maiora divulgao e a vivncia da Doutrina Esprita. No somente entre os mdiuns,mas tambm entre os que vo at os centros espritas para tomar um passe,ouvir uma palestra ou para um atendimento. Afinal, sem estas pessoas, nohaveria motivo para a existncia de casas espritas. Nem sempre isso fica bemclaro para os mdiuns.

    Muitas instituies mantm cursos para formao e orientao dos seusmdiuns. Um curso de mdiuns faz bem em trabalhar em conjunto a formao prtica do mdium com a informao necessria para o bom trabalho. Paracompletar o quadro s precisaramos acrescentar que, alm dos trabalhadores docentro esprita, os frequentadores da casa tambm precisariam ser estimulados aestudar a Doutrina Esprita e a espiritualidade e aplicar seus ensinamentos na prtica, pois no basta irem at l em busca de solues para os seus problemasse no fizerem o que podem e devem fazer por si mesmos.

    Uma boa parte deles espera que os centros espritas e seus trabalhadoresrealizem os milagres de curar suas doenas, afastar seus obsessores, apaziguarseus lares e seus familiares. Enfim, dar um jeito nas suas vidas! Como bonsespritas que pretendemos ser, ns temos a obrigao de alert-los, sempre que possvel, que isso no existe. Que ningum vai conseguir resolver seus problemas enquanto eles mesmos no fizerem as suas mudanas interiores. Queas melhoras que sentem depois de um atendimento ou de um passe so

    passageiras, sendo permanentes apenas as reformas de atitudes, pensamentosemoes e sentimentos que produzirem em si mesmos.

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    As oportunidades mais diretas e imediatas que existem para se tentaresclarecer estas questes so as palestras proferidas no centro esprita ao pblico. Mas as melhores seriam a formao de cursos ou de grupos de estudos

    voltados ao pblico, nos quais seria estudada a Doutrina Esprita e se debateriacomo viv-la no dia-a-dia de cada um.Entretanto, quando proposta a implementao de grupos de estudos para

    o pblico na casa esprita, no raro surgir algum argumentando que novaleria a pena, que todos acabariam sabendo naturalmente o que seria abordadoque ficar martelando coisas na cabea das pessoas seria o mesmo que chover nomolhado... Alm disso, podem dizer que isso pode acabar ficando chato.

    Porm, pode se enganar feio quem pensa assim! Ns temos a tendnciade achar que os outros sabem de algo s porque ns j sabemos (ou achamosque sabemos!). E alm do mais, o tempo, por si s, no ensina nada a ningumBem, somos obrigados a considerar que alguns, ou vrios, sabem e no fazem oque deveriam fazer porque no querem. Faz parte das suas escolhas, sendo umaresponsabilidade assumida por eles mesmos.

    Porm, h tambm os que j souberam e esqueceram e precisam serrelembrados. E os que nunca souberam porque ainda no tiveram contato comeste conhecimento. Como no h como separar uns dos outros, importante quea mensagem doutrinria seja insistente e dirigida a todos de maneira a incentivaque cada um assuma a responsabilidade por suas prprias vidas. Mesmo que para alguns ela possa se tornar um pouco repetitiva, no importa, pois semprealgo novo ser aprendido.

    O importante que seja divulgada a Doutrina Esprita e os seusensinamentos para que os frequentadores do centro se interessem em estud-la ea incorporem nas suas vidas. Os centros espritas precisam aproveitar asoportunidades que tm para tentarem melhorar as pessoas, despertando nelassentimentos mais nobres e dando-lhes subsdios para que possam expandir aconscincia e o conhecimento espiritual, de modo que consigam compreendermelhor as relaes existentes entre as nossas vidas passadas, presente e futuras esuas implicaes na trilha evolutiva de cada um.

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    Orao

    Todo mundo est acostumado a ouvir que esta ou aquela orao poderosa, que faz isto ou aquilo. Tambm se costuma dizer que orar faz comque nos aproximemos de Deus e que os demnios se afastam. Quem poderia duvidar da sabedoria popular ou dizer o contrrio? Porm, o tema pede umaanlise com um pouco mais de ateno.

    comum vermos pessoas fazendo suas oraes de uma maneiramaquinal, automtica, recitando apressadamente palavras decoradas. possvelat, que durante a orao estejam pensando nos filhos que tm que buscar naescola, no conserto do carro, nos afazeres de casa. O ato de orar, desta forma, pode se tornar to automtico que daria para resolver uma equao matemticaao mesmo tempo em que se faz uma orao. Seria como se a orao estivessesendo processada pelo nosso crebro em segundo plano, como noscomputadores, sem interferir no processamento principal (os filhos, o carro, acasa, etc.). Veja o exemplo a seguir. Leia como est escrito, sem pontuao para pausas, e rapidamente.

    Ave Maria cheia de graa o Senhor convosco bendita sois vs entre asmulheres bendito o fruto do vosso ventre Jesus. Santa Maria mo de Deusrogai por ns pecadores agora e na hora de nossa morte amm.

    Ufa! assim que muita gente faz suas oraes! O que faz com quesurjam alguns questionamentos. Qual o real valor de uma orao feita destamaneira? Poderia ela gerar os efeitos que dela se espera? Sempre se poderargumentar que melhor orar assim, de forma automtica, do que no orar deforma nenhuma. Est certo! No h como negar. Qualquer tentativa de se buscara Deus melhor do que nenhuma. Porm, sempre possvel agregar maisqualidade s tentativas, no mesmo?

    Quem procura viver e estudar a espiritualidade tem mais facilidade paracompreender este tema da maneira como o estamos abordando. Este o caso damaioria dos mdiuns e trabalhadores nos centros espritas. Por outro lado, haqueles que no sabem como se d a interao entre os humanos e Deus ou aespiritualidade. Seja porque no buscaram este conhecimento, ou porque noconseguiram entend-lo, ou porque se deixaram empacotar por prticas e porconceitos tradicionais e ultrapassados, suas vises sobre o assunto sodistorcidas e envolvidas por mitos os mais diversos. Este o caso de alguns (ou

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    muitos, talvez!) que procuram os centros espritas em busca de alguma luz queos guie na penumbra na qual se encontram.

    A est mais uma responsabilidade dos mdiuns e trabalhadores doscentros espritas com seu pblico: orientar as pessoas sobre como estabelecercontatos mais qualificados com a espiritualidade e com Deus. Isso pode parecerredundante e bvio. Porm, precisamos ter sempre em mente que ningum obrigado a saber algo s porque ns achamos que j o sabemos. Mas achar que j sabemos no garante que realmente saibamos. E assim, ainda poderamoscometer erros primrios nas orientaes que passamos.

    Uma das recomendaes mais comuns que se d a qualquer um que procura atendimento num centro esprita a necessidade da prece para seaproximar de Deus e dos seus espritos amparadores, guardies, mentores, anjosda guarda, ou sejam quais forem os nomes que lhes dermos. Porm, no comum que o mdium oriente como se faz isso da melhor maneira. Issoacontece porque supomos que orar uma coisa to comum, to simples e torotineira para qualquer um que no necessrio se alongar em explicaesensinando como faz-lo. Supomos que basta a recomendao, pois todos sabemcomo orar. Mas nem sempre assim.

    Muitas vezes, seria necessrio explicar que a orao uma oportunidademgica que criamos para entrar em contato com Deus e com os espritos quenos acompanham na nossa jornada terrena. E, tambm, para entrarmos emcontato com o nosso prprio esprito, aproximando a nossa conscincia maisligada matria da nossa conscincia mais sutil e criando canais pelo quais possa se estabelecer a comunicao entre elas. Para que isso possa acontecer defato, no basta ajoelhar, unir as mos e repetir palavras aprendidas h muitotempo.

    preciso que o momento da prece seja especial. preciso criar ascondies para que a comunicao mais sutil acontea. preciso que se aquietea mente e se apazige o corao para se tentar chegar o mais prximo possveldo estado no qual se encontra Deus, que a quem endereamos as nossas preces. Se quisermos entregar uma mensagem, precisamos lev-la at a casa dodestinatrio e percorrer os caminhos que conduzem at l. E para isso, precisamos estar em paz e em harmonia conosco mesmos e com o mundo.

    Que maravilha seria se fazer um instrumento da paz de Deus para

    espalhar o amor onde houvesse pessoas cultivando o dio. Para instigar o perdo entre os que se sentem ofendidos. Para unir aqueles que se separaram

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    por qualquer motivo. Para levar a f a quem j a perdeu ou ainda no encontrouPara mostrar caminhos verdadeiros a quem pode tomar caminhos errados. Paramostrar a esperana aos que j no a tm mais. Para alegrar o corao

    mergulhado na dor e na tristeza. Para iluminar a alma que se envolveu emtrevas.E, ao mesmo tempo, consolar quem estiver aflito antes de querer ser

    consolado. Compreender os erros e as limitaes dos outros em vez de quererque compreendam os nossos. Distribuir pelo mundo o amor que tiver, antes dequerer receb-lo.

    Assim, estaremos ajudando a construir o mundo idealizado por Deus parans e nos tornando aptos para desfrutar da sua paz, da sua harmonia e do seuamor. Quando nos doamos para esta causa, na verdade estamos recebendomuito mais. S quando conseguimos perdoar o que consideramos errado oufalho nos outros, teremos os nossos erros e as nossas falhas tambm perdoadasE ao deixarmos de lado as nossas prioridades mundanas e materiais, morrendo para elas, passamos a viver para a vida espiritual, que eterna e a maisimportante.

    Os trs pargrafos anteriores contm a orao de So Francisco. S quede uma maneira diferente. Ou melhor, sua forma est diferente, sem a suaestrutura tradicional e est mais para uma conversa do que para uma prece. Masa mensagem continuou a mesma. E agora? Isso muda alguma coisa? Qual dasduas formas seria melhor?

    Tanto a prece tradicional como a que est acima, ou qualquer outra quealgum possa inventar, ou uma simples conversa informal com Deus, tero omesmo efeito, desde que aquele que estiver orando esteja transmitindo umamensagem para Deus, em vez de apenas palavras. A mensagem o querealmente tem valor.

    Entretanto, desde um passado remoto, ficou convencionado que a oraoera a forma que o homem dispunha para se comunicar com Deus. Ento, uns passaram a ensinar aos outros como deveriam fazer para efetivar talcomunicao. No incio, mostraram a mensagem atravs das palavras. Pormcomo costuma acontecer, com o passar do tempo a sua essncia acabouesquecida e foi mantida apenas a forma. Por isso h tanta gente repetindo palavras decoradas pensando que esto se comunicando com Deus.

    Na verdade, as oraes se transformaram em muletas nas quais nosapoiamos quando queremos fazer contato com o mundo espiritual. Da mesma

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    forma que todos os rituais de todas as correntes religiosas. Deus no precisa derituais, nem de recitaes, nem de demonstraes de devoo. Quem precisa detudo isso somos ns, humanos, que envolvemos as questes espirituais e divina

    com a nossa limitada percepo material. Somos ns que precisamosmaterializar aquilo que imaterial para que faa sentido para nossa capacidadede compreenso, que to pequena.

    Um dos efeitos prticos positivos do uso de oraes ou rituais para setentar estabelecer contato com Deus que qualquer um pode faz-lo, sem precisar de intermedirios. Assim, criou-se um canal de acesso livre e permanente para todos que procuram a Deus. Outro fator positivo que asimples disposio orao tende a induzir ao relaxamento, paz, harmonia e

    em consequncia, elevao da vibrao e aproximao com as esferassuperiores da espiritualidade. O efeito negativo que as palavras e os atos setransformaram no principal para muitos, enquanto a essncia ficou em segundo plano.

    Para se transmitir uma mensagem a Deus ou espiritualidade no sonecessrias palavras, pois no so elas que chegam ao destino. Bastaria, porexemplo, um sentimento sincero de remorso por ter feito algo errado. Ou umolhar buscando a Deus num momento de aflio. Ou um sorriso em

    agradecimento e reconhecimento. O canal de comunicao que se estabelececom Deus e com a espiritualidade adequado a sentimentos, emoes evibraes, mas no a palavras. Ou seja, o que ns conseguimos transmitir tudoaquilo que estiver no nosso ntimo, tanto os aspectos positivos como osnegativos.

    Ns estamos transmitindo mensagens Deus o tempo todo, no apenasquando fazemos nossas oraes. Imaginemos algum que viva a orao de SoFrancisco, executando-a no seu dia-a-dia. Esta pessoa no precisaria orar nunca Nem mesmo acreditar em Deus. A sua prpria vida seria uma orao, umacelebrao constante a Deus. Seu ingresso para as esferas superiores daespiritualidade j estaria reservado sem que precise pedir nada. O contrrioaconteceria com quem passa o dia orando, mas no segue o que diz nas oraes

    Como o nosso contato com a espiritualidade constante, a melhor oraoque podemos fazer a nossa prpria vida, ou seja, o modo como vivemos,nossos hbitos, nossos valores, nossos pensamentos e nossas aes. Em resumoo exemplo que podemos estar passando a outros. Precisamos qualificar omximo possvel os nossos atos, o que pensamos, o que sentimos e as nossas

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    atitudes diante dos fatos e das pessoas. Desta forma, estaremos em contato permanente com Deus, sem precisar nem pensar nisso.

    Seria muito til que esta viso da orao fosse passada para aqueles que procuram ajuda espiritual, seja onde for, para que este momento to especial setransforme realmente num ato eficiente de comunicao com Deus e com aespiritualidade, em vez de apenas palavras recitadas. E seria mais til ainda, emais importante, que todos os mdiuns e trabalhadores dos centros espritastambm tivessem esta conscincia para que, quando passassem a receita aalgum, estivessem falando do assunto com autoridade e convico, pois seriaalgo que faria parte da sua prpria vida.

    A f: soluo ou problema?Aqui ns vamos tratar de uma questo bastante delicada, que sempre

    causa polmica e discusso quando abordada, pois a f uma coisa muito caras pessoas e toca fundo no esprito de cada um. Por isso, necessrio queestejamos com a mente aberta e com o corao livre de conceitos predefinidos para podermos analisar o assunto sem paixes e tirar algum proveito do que est

    exposto a seguir. Ento, j que estamos combinados assim, sigamos em frente.Coisas incrveis acontecem por causa da f. Espritas conversam com osmortos para convenc-los a seguirem um caminho melhor. Carmelitas seenclausuram num convento a vida inteira para se aproximarem de Deus.Muulmanos fazem jejum e flagelam o corpo em determinadas datas para purificarem seus espritos. Catlicos confessam seus pecados a umintermedirio de Deus na Terra para serem perdoados. Hindus veneram algunsanimais porque h deuses habitando seus corpos, enquanto seguidores de outras

    linhas religiosas os sacrificam em rituais.Muito se houve falar, e se recomenda a quem procura socorro espiritual,

    que preciso ter f e que s com f se conseguir superar os obstculos quesurgem na vida. s vezes, isso dito com tanta nfase que quem ouve chega aentender que basta ter f e mais nada. Mas, afinal de contas, preciso ter f emqu? Em Deus? Em Jesus? Na espiritualidade? Nos santos? No galhinho dearruda?

    Recomendaes do tipo preciso ter f so vagas e dificilmente daro bons resultados por um motivo muito simples. F algo pessoal. Cada um tem a

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    sua. F escolha e crena. Cada um escolhe no que quer acreditar. Por isso,simplesmente aconselhar que algum baseie sua vida na f poder ter efeitosduvidosos, pois quem aconselha nunca saber qual a f daquele a quem est

    aconselhando.Muitas pessoas de boa vontade e caridosas discordam veementemente das

    afirmaes acima. natural que assim acontea, pois cada um tem f na sua f,seja ela qual for. Por favor, no entenda isso como crtica ou julgamento, masapenas como uma constatao, um fato, uma anlise. Nem que estamos tentandodizer que no se deve ter f em nada. Longe disso.

    O que estamos tentando demonstrar que a f, sozinha, no tem o poderde ser uma base segura para se pautar uma vida, pois o fato de algum acreditarem algo no faz com que esta pessoa melhore apenas porque ela acreditanaquilo. A f, sozinha, no leva reforma interior. Nem ao aprimoramento doesprito. Em alguns casos, pelo contrrio, pode at perpetuar maus hbitos porque algum acredita que procedendo daquela maneira est sendo fiel suaf.

    Tudo pode acontecer quando algum segue a sua f cegamente, pois,sendo ela cega, no permite que se enxergue mais nada alm dela mesma. Etambm tapa os ouvidos do seu seguidor contra qualquer argumento que noesteja de acordo com ela. E cria uma blindagem no corao e na mente para queeles no sejam contaminados com qualquer coisa que contrarie a sua f. Vista por este ngulo, a f pode at ser perigosa se tomar feies de fanatismo.

    Para no nos perdermos em generalidades, analisemos a questo atravsde exemplos histricos que demonstram como a humanidade j cometeu errosgravssimos por causa da f.

    Em nome de Deus, h alguns sculos foram institudas as cruzadas,

    quando exrcitos foram mobilizados para levar a palavra de Deus aos povos nocatlicos. Os cruzados eram os soldados de Deus e estavam a Seu servio nanobre misso de espalhar a Sua mensagem e salvar as almas que estavam perdidas por terem uma crena diferente. Eles acreditavam piamente nisso e seempenhavam na sua misso sem se preocuparem nem mesmo com a prpriavida, pois sua luta era em nome de Deus.

    Os cruzados eram movidos pela f. A f que eles tinham no permitia quevissem que a espada era um meio imprprio para se levar Deus a quem elesachavam que dEle estava afastado. A f que eles tinham tambm no deixouque percebessem a manipulao que sofriam pela igreja catlica e pelos reis

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    europeus da poca, que mascararam os seus reais objetivos levando os cruzadosa crerem que agiam em nome de Deus. Na verdade, a inteno dos idealizadoresdas cruzadas era expulsar os mouros, povos rabes vindos do norte da frica

    que j dominavam o sul da Europa.A ttulo de incentivo, para motivar ainda mais os soldados, ficou

    institudo que poderiam ficar com tudo o que conseguissem levar dos locais quefossem por eles libertados. Isso fez com que as cruzadas atravessassem o marmediterrneo e se expandissem contra os povos rabes. Alguns cruzados, principalmente os comandantes, agiam motivados pelas riquezas que poderiamsaquear, mas a maioria guerreava pela f que tinham no que faziam.

    Em um atendimento, pudemos constatar a f inabalvel que os moviaquando nos deparamos com o esprito de um cruzado que se encontrava ligado aeste passado e ainda continuava firme nos seus propsitos junto com outroscompanheiros. Por mais que argumentssemos com ele, foi impossvelconvenc-lo de que estava errado ao usar as armas e a morte de inocentes comoinstrumento de Deus. Para tudo o que se falasse, ele respondia que agia emnome de Deus. Conforme a sua f, ele entendia que no matava ningum, maslibertava suas almas perdidas. Ele no fazia ningum sofrer, mas mostrava ocaminho de Deus.

    E suplicou algumas vezes a Deus, com profundo sentimento, que no permitisse que o nosso grupo o afastasse da sua sagrada misso. Talvez tenhasido esta a maior demonstrao de f que j assistimos nos nossos trabalhos! Sconseguimos libert-lo, e a seus companheiros, quando lhes mostramos quehoje a palavra de Deus se propaga de outra forma e propusemos a eles quecontinuassem servindo a Deus, mas usando o amor em vez de armas a partir deento. E assim, por poderem se manter na sua f apenas mudando seus mtodosos soldados cruzados seguiram felizes e agradecidos a Deus, acompanhando osespritos que vieram acolh-los e esclarec-los sobre a nova misso que lhescaberia.

    Tambm em nome de Deus, foi criada a inquisio, chamada de santa pela igreja. Embora a motivao real para a sua implantao possa ser ocontrole que a igreja catlica queria manter sobre o povo para manter as pessoas presas a ela a qualquer custo, a inquisio s pde ser aplicada, e tersobrevivido tanto tempo, porque os catlicos acreditaram nela. Assim, asmilhares de pessoas que foram vitimadas de forma brutal pela inquisio,morreram por causa da f que os catlicos tinham nos representantes de Deus na

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    Terra (os padres) e nas orientaes que vinham da casa de Deus (a igrejacatlica).

    Atualmente temos notcias frequentes de atos extraordinrios da mais pura f, nos quais fiis se explodem no meio do povo, matando e mutilandocentenas de pessoas s vezes, para a glria de Deus. Eles no se preocupam emmorrer, pois, segundo a sua f, ao morrerem como mrtires eles sero levadosao paraso e desfrutaro da companhia de Deus para sempre. E ainda sero premiados por Deus com uma boa quantidade de mulheres virgens por causa doseu nobre ato de f, que no s enalteceu o nome de Deus, como liquidou comuma poro de infiis. Assim agem, porque assim creem. Ou seja, tm f nisso e justificam plenamente seus atos por serem feitos em nome de Deus.

    Tambm comum assistirmos pela televiso, ao vivo, homens disparandofoguetes contra seus inimigos e invocando a Deus para que Sua mo guie os projteis lanados para que eles atinjam seus alvos. Ou seja, os infiis, aquelesque no compartilham da sua f e que devem morrer por isso.

    Sempre que pensamos em f, quase automtico pensarmos em Deus, emreligio ou algo sagrado. Porm, como crena, a f no se limita s esferasreligiosas. Ela ultrapassa todas as fronteiras que possamos criar, s vezes deforma to ou mais daninha como as que se relacionam com alguma religio.

    Talvez o exemplo mais forte diste tipo de f seja a segunda guerramundial. Ela se iniciou por motivos econmicos e polticos. Mas se manteve por quatro anos, e com tanta fora, por causa da f. Um homem achou que suaraa era superior s demais e conseguiu convencer seu povo disso. Um povointeiro, convencido de sua superioridade, no podia admitir que o mundo noestivesse aos seus ps.

    Esta era a f que sustentava o nazismo de Hitler. Era uma f to grande,

    to forte e to enraizada em cada cidado, que por pouco o mundo no foidominado pelo nazismo. Foi por golpes do acaso e da sorte que isso noaconteceu. E, paradoxalmente, tambm por causa do excesso de f dos prpriosnazistas. Eles se consideravam to superiores ao resto do mundo quedesprezaram riscos.

    Os nazistas tinham frentes de batalha se espalhando por toda a Europa, para as quais precisavam deslocar recursos e ateno. Mas tinham tanta f em smesmos, que resolveram ampli-las e decidiram atacar a Rssia, que at entose mantinha neutra na guerra. Talvez tivessem obtido xito se o rigorosoinverno russo no tivesse chegado dois meses antes do previsto e dizimado o

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    exrcito alemo que l se encontrava antes que conseguisse entrar em MoscouFoi ali que o nazismo comeou a perder a guerra. Mas no a f. At o ltimomomento, e mesmo depois de terminada a guerra, a f que tinham permaneceu

    inalterada e, mesmo derrotados, continuaram agindo como seres superiores queachavam que eram.Outro tipo de f que no se relaciona com Deus ou com religio a que

    nossa comunidade global vive hoje: a f no dinheiro, no poder e no consumo Ns temos tanta f na forma como a sociedade humana se estruturou queignoramos todos os avisos que nos so dados diariamente sobre os danos queestamos causando ao planeta e a ns mesmos, psquica e fisicamente. Estamosnos transformando numa multido de doidos vivendo quase que empilhados un

    em cima dos outros, em ambientes cada vez menos favorveis vida.Convivemos com a guerra em vrios pases e com todo tipo de desajustessociais e violncia urbana.

    Ns respiramos um ar cada vez mais poludo e comemos alimentos cadavez mais prejudiciais sade. Quem no tem acesso a alimentos est subnutridoe morrendo por isso. Quem tem acesso a alimentos est cada vez mais obeso etambm est morrendo por isso. Por tudo isso estar acontecendo de formagradual, pouco a pouco, acabamos nos acostumando com estas lentas

    transformaes e achando que as novas situaes que vo surgindo que sonormais. Nosso planeta e nossa sociedade esto agonizando e ns continuamosa agir como se nada estivesse acontecendo, com exceo de algumas vozessolitrias que insistem em alertar o mundo.

    O motivo para ficarmos to apticos diante da nova realidadeinsustentvel que vem se desenvolvendo que ns no queremos acreditar que anossa vida, to bem estruturada e to certinha, possa ser modificada. Preferimoscrer que a humanidade vai encontrar as sadas para todos os problemas quesurgirem. assim que parece acontecer sempre. Esta a nossa f! Acreditamosque, de alguma forma, no futuro poderemos contar com empregos, atendimentomdico, escolas e toda a infraestrutura necessria para continuarmos vivendocomo sempre vivemos. E deixamos de ver que ns nunca vivemos como semprevivemos, pois tudo muda o tempo todo.

    Preferimos continuar ignorando os avisos que nos so dados sobre aimpossibilidade de manuteno dos nossos ritmos de consumo e de crescimentoeconmico e populacional. No existem recursos suficientes para isso na Terramas ns temos f que as solues sero encontradas. Acreditamos que, quando

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    chegar a hora, ser investido o que for preciso para encontr-las. Para pensar e planejar as solues, ns mantemos estruturas de poder muito fortes, elegemonossos representantes e contamos com pesquisadores e cientistas altamente

    capazes. L no fundo, nossa sociedade mantm a f na capacidade humana emresolver os problemas que ela mesma cria. E assim, ns achamos que no precisamos nos preocupar com o nosso futuro da forma como deveramos econtinuamos piorando a situao dia aps dia.

    Tudo o que discutimos acima so manifestaes de f. So elas quemovem as nossas vidas para tudo. Ns seguimos sempre os caminhos que anossa f nos indica. E, como vimos, o simples fato de se ter f em algo, noquer dizer que isso seja positivo como se costuma pensar, pois os bons ou maus

    frutos que colheremos do que cremos vo depender da qualidade da nossa f oude onde ns a colocamos. Todos ns temos f, sem exceo. Mesmo quem dizno ter f em nada, tem a sua f: em nada. Ou seja, tem f que nada existe que possa alterar uma situao ou nela interferir.

    A f remove montanhas, ensina a Bblia. As montanhas seriam osobstculos que encontramos durante a vida. Alguns deles, por serem tograndes, poderiam ser comparados a uma montanha, mas, mesmo assim, podemser superados pela f firme e forte. Esta passagem se refere f em Deus, mas

    vale para qualquer coisa e para qualquer tipo de f. Hoje ns sabemos que aenergia gerada pelo pensamento e pela vontade atua diretamente no universo para a realizao do que imaginarmos. Esta a fora da f.

    Finalmente, depois de tanta argumentao, podemos chegar conclusode que ns no precisamos dizer a ningum que preciso ter f, pois todos j atm, cada um sua maneira. Este conceito pode ser til, ainda mais seestivermos participando de atendimentos espirituais, pois evitaria que passssemos orientaes vagas e imprecisas. Se acharmos que o consulente estsem f, de nada adianta apenas lhe dizer que precisa t-la, pois, se ele no tem af que achamos que deveria ter, porque ainda no a descobriu. Ou a f queestamos propondo no lhe serve.

    Seria mais importante tentar direcionar a f que algum j possui, mesmoque seja a f em nada, para algo que possa lhe trazer paz de esprito, equilbriocompreenso dos motivos pelos quais est realizando sua jornada, entre outrascoisas. Mas sempre respeitando a caminhada de quem estivermos aconselhandoconscientes de que no existe ningum no mundo capaz de distribuir umareceita de felicidade e de bem-estar a outros, pois somos todos diferentes.

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    Assim, se algum possui uma f, e ela lhe serve, e seu desejocompartilh-la com outros, ento oferea-a. Mas sem imposies. Sem pressoSem ameaas. Proceder desta maneira s faz as pessoas se afastarem. Todo

    mundo sabe que o que bom aceito naturalmente sem precisar que se forcegoela abaixo. Por isso, o melhor caminho o convencimento, odesenvolvimento da conscincia e a conquista do conhecimento.

    Evitemos ser cegos tentando guiar outros cegos, pois, quando cairmos no buraco, estaremos levando outros conosco. Evitemos ser propagadores de umaf cega porque a f cega tambm surda, muda e paraltica, pois no ouve nadano diz nada e no chega a lugar nenhum. A Doutrina Esprita prope um tipodiferente de f: a f raciocinada, baseada no conhecimento e na lgica. Sigamos

    ento, esta proposta, com amor e paz no corao, para tentarmos levar uma luzqueles que julgamos estarem na escurido para que possam enxergar melhor oscaminhos que ainda tm a percorrer.

    E, muito importante, tentemos permitir que aqueles que vierem a serorientados por ns caminhem com suas prprias pernas. Apesar do amor quetemos no peito e do desejo de ajudar a todos a se melhorarem, precisamosresistir bravamente tendncia que temos de querermos resolver os problemasde todo mundo e de colocar os outros nas nossas costas para serem carregados

    por ns. Em vez disso, ao nos dirigirmos a algum, ofereamos boas orientaeno sentido de elevar sua autoestima, de despertar-lhe a fora necessria paraenfrentar seus desafios e, principalmente, de lhe proporcionar uma base seguraonde poder se apoiar e descobrir um sentido para a prpria vida.

    Para tanto, uma boa alternativa apresentar a Doutrina Esprita. Mesmoque a Doutrina no venha a ser adotada como filosofia de vida por quem entrarem contato com ela, sempre haver novos conceitos e ensinamentosincorporados sua vida, fortalecendo a f na realidade espiritual, muito maisverdadeira do que a que vivemos aqui no plano material e do que aquelas que professam princpios inquestionveis e imutveis baseadas apenas na crena. Eassim, a f, direcionada para conceitos reais, concretos e lgicos, assumir suafora plena como agente transformador capaz de colocar o esprito encarnadoem um patamar evolutivo mais elevado. Ento, sim, poderamos dizer que a funida ao conhecimento e embasada pela razo, poder efetivamente removermontanhas.

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    Os julgamentos e o Bem e o Mal

    Para tratar de questes to complexas e subjetivas como o bem e o mal eo julgamento, seremos obrigados a entrar em terreno perigoso, movedio, ondeuma palavra mal colocada pode levar a interpretaes distorcidas e criarconfuso. Para minimizar esta possibilidade, precisaremos levar em conta que anatureza humana est completamente envolvida pela dualidade. at umanecessidade de sobrevivncia estabelecer parmetros baseados em conceitosopostos para podermos tocar as nossas vidas. Certo ou errado. Bem ou malForte ou fraco. Claro ou escuro. Para um lado ou para outro. Yin ou yang. E

    assim por diante, numa sequncia sem fim.Tudo no nosso mundo dual. A humanidade dual. Isso uma armadilhada qual o homem no pode escapar, pois sempre precisar estabelecer relaesentre as coisas e entre as pessoas para chegar a concluses sobre tudo na vida e para tomar decises. Ns sempre teremos que fazer comparaes entre polosopostos para decidir algo. Em ltima anlise, isso julgamento e ns estamos julgando o tempo todo.

    Nossa dualidade contrasta com a ideia que fazemos de Deus como um seruno. Como seres humanos, ns s podemos imaginar o que venha a ser isso,sem a possibilidade de experiment-lo. Nossa situao to complicada que precisaramos nos basear na nossa dualidade para podermos nos expressar atmesmo se tentssemos explicar a unidade de Deus. Por isso, para que o quevamos discutir a seguir seja bem aproveitado, ser necessrio tentar sair um pouco da nossa concepo usual de existncia e imaginar os motivos pelos quaiestamos vivendo no mundo no qual nos encontramos. Afinal, parece que nossanica alternativa a imaginao, pois no temos como experimentar o mundo

    divino enquanto estivermos na matria. Ento, j que s nos resta a teoria,vamos em frente.Sempre que algum chega num grupo medinico para receber

    atendimento, leva consigo suas angstias, suas inseguranas e seus dramas. Unstiveram que lutar consigo mesmos at conseguirem ir ao centro esprita. Outrostiveram que ir contra a vontade de familiares ou amigos, que no queriam quefossem. Outros, ainda, tiveram que vencer limitaes de todo tipo at chegareml. Felizmente, a maioria no chega a enfrentar dificuldades como estas para procurar atendimento.

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    No importa qual seja o caso, todos os que buscam atendimento numgrupo medinico chegam de corao aberto e acabam expondo sua vida, suaintimidade e seus segredos aos membros do grupo, pessoas que nunca viram

    antes. Eles trazem suas dores, suas aflies, seus incmodos, suas lutas, suasinconformidades com a vida, na esperana de conseguirem foras e orientaes para superarem seus obstculos. Fazem isso porque confiam em algo. Nosmdiuns, nos espritos, na Doutrina Esprita, no centro esprita, na ideia quefazem das pessoas que l trabalham, em representaes diversas que elesmesmos criam, alm de muitas outras possibilidades. At mesmo na santidadedos mdiuns...!

    Surgem muitas estrias e situaes diferentes nos atendimentos, algumas

    delas bastante delicadas. s vezes, at difcil para o mdium no se envolveremocionalmente com o relato de algum caso. Com tudo isso, d para entender aenorme responsabilidade que cabe a cada um dos trabalhadores de um centroesprita com relao aos que o procuram por qualquer motivo. Ela no pode serresumida a um cdigo envolvendo tica ou moral que discipline condutas erelaes entre as pessoas. Tal responsabilidade precisa se estender ao ntimo decada um dos trabalhadores, mdiuns ou no, at mesmo para ajudar a elevar asvibraes do local.

    O enredo da vida de cada um nico e deve ser respeitado profundamente. Ningum pode conhecer completamente o que levou algum aenfrentar o que estiver enfrentando ou viver a situao que estiver vivendo. Porisso, de fundamental importncia se iniciar, desenvolver e concluir osatendimentos sem qualquer tipo de julgamento ou ideia pr-concebida sobre oconsulente ou sobre o caso trazido por ele. Caso contrrio, fatalmente haver acontaminao do atendimento pela predisposio dos mdiuns em seguir porcaminhos que acham serem os melhores, segundo seu julgamento pessoal, em

    vez de se deixarem guiar pela espiritualidade para encontrarem as reais solues para os consulentes.A tendncia ao julgamento algo to forte e to enraizado em ns que

    afeta no apenas o trabalho espiritual, mas a nossa vida como um todo. Muitasvezes, nem percebemos que julgamos fatos e pessoas automtica einconscientemente. Da a dificuldade natural que temos em controlar este nossoimpulso, s vezes daninho e perverso. Mas, como no devemos desanimar emfrente s dificuldades, pois elas s existem para que aprendamos com elas,

    vamos explorar a questo para tentar entender como se d este processo dentrode ns para termos condies de domin-lo.

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    O ser humano tem a tendncia de espelhar o mundo a partir de si mesmo,carregando seus conceitos de bem e mal e de certo e errado para esta imagem demundo que criou. justamente nestes conceitos que nos baseamos para fazer os

    nossos julgamentos. Sendo assim, ento qualquer julgamento que fizermos falho porque leva em conta apenas aquela parte infinitamente pequena douniverso composta por nossas convices e por nossos conceitos. S isso jseria motivo suficiente para evitarmos julgar os outros, mas ainda existe outrarazo.

    Certo e errado no existem! Bem e mal tambm no!Como isso seria possvel? Afinal, todos os aspectos das nossas vidas so

    baseados nos conceitos que temos de bem e mal e de certo e errado! Sem elesno existiriam as leis, nem a sociedade, nem nada! Seria o caos! Veja aqui ascontradies que somos obrigados a cometer por causa da nossa dualidade: secerto e errado no existem, certo ou errado dizer que no existem?

    Argumentos no faltariam para tentar contestar uma afirmao to polmica como esta. Porm, certo e errado e bem e mal so invenes dahumanidade com um nico objetivo: tentar organizar o caos social.

    Pode haver quem ache que estes conceitos no foram inventados pelo

    homem. Que eles simplesmente existem, sempre existiram. Que so anteriores humanidade. Porm, se a humanidade desaparecesse agora, o certo e o errado eo bem e o mal tambm desapareceriam da Terra, pois estes conceitos se aplicamsomente humanidade. Se a raa humana deixasse de existir, restaria apenas avida selvagem, natural, sem tica e sem moral.

    Ento, se estes conceitos dependem da existncia da raa humana paraque eles tambm existam, eles no existem por si s e tambm no existiramsempre. Antes de existirem, foi preciso que seres humanos se agrupassem e

    estabelecessem padres ticos e morais, algumas vezes agindo contra a sua prpria natureza, para poderem criar seus conceitos de certo e errado e de bem emal.

    Nas leis estabelecidas por uma sociedade, seja ela um clube ou umanao, esto registrados os conceitos de certo e errado e de bem e mal queaquela sociedade admite e adota. Faamos um pequeno exerccio: escolha aconstituio de qualquer pas do mundo. Agora, responda uma coisa: se voclevar esta constituio com voc para todos os demais pases, quantos poderoconcordar com ela? E quantos podero adot-la?

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    A resposta bvia seria que todos concordariam com algumas coisas ediscordariam de outras, mas nenhum pas iria adotar a constituio de outrodepois de todo o trabalho que tiveram para elaborar a sua. Mas no seria s pelo

    trabalho que tiveram para estabelecer as suas constituies, mas porque cada pas tem suas leis e costumes estabelecidos conforme seus prprios princpiosdo que seja certo e errado, os quais se consolidaram durante toda a histria doseu povo.

    Para no restar dvidas, vamos inverter o foco indo para o polo oposto: para a individualidade! Ento, voc escreveria em um papel a relao de tudo oque considera certo e errado e tudo o que acha que seja o bem e o mal. Agoraem vez de levar uma constituio, voc estar levando a sua relao para

    mostrar para o mundo todo. Voc acha que todas as pessoas do mundoconcordaro com a sua relao? bvio que no, no mesmo? E por que no concordariam, se voc

    relacionou tudo o que certo e errado e bem e mal? Porque os conceitos de beme mal e de certo e errado so pessoais e so construdos durante a vida. At seuvizinho discordaria de algumas coisas que estariam na sua relao. simples,no?

    Estes conceitos so relativos, ou seja, tm relao com um indivduo, comum grupo, com um tempo e com um lugar. Cada indivduo tem os seus prpriosconceitos, os quais se basearam nos do grupo onde foi criado. Os conceitosdeste grupo tambm se basearam nos de outro grupo maior, e assim por diante,at se chegar aos conceitos de bem e mal e de certo e errado que regem um pase o prprio planeta. E eles tambm mudam constantemente. Mudam de umlugar para outro e de tempos em tempos num mesmo lugar. Assim, o que hoje considerado certo, em um lugar pode ter sido considerado errado em outrapoca e pode ser considerado errado hoje em outro lugar.

    Alm dos aspectos pessoais, h tambm questes coletivas que envolvemo julgamento de uns sobre outros. interessante perceber como certas situaesque se criam foram pessoas e grupos tanto a se unirem como a se distinguirematravs de rtulos e identificaes. Tomemos como exemplo o nosso prpriomeio, onde frequentamos ou trabalhamos com a espiritualidade, apenas parafalarmos de ns mesmos.

    cada vez mais comum ouvir pessoas qualificando um local como

    centro esprita kardecista para diferenci-lo de outros locais que tambmtrabalham com a espiritualidade e ou com mdiuns. Vamos explorar o

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    significado que adquiriu a expresso esprita kardecista neste contexto. So popularmente chamados de kardecistas os centros, grupos ou pessoas que tm por base a Doutrina Esprita, codificada por Allan Kardec.

    Parece redundncia, pois, se foi Kardec quem codificou a DoutrinaEsprita, quem esprita obrigatoriamente kardecista e vice-versa. No s parece redundncia, como realmente ! Mesmo assim, muitos seguidores daDoutrina Esprita passaram a usar a qualificao kardecista como umaidentificao para no serem confundidos com outros grupos e pessoas quetambm passaram a se chamar de espritas sem o serem. E o pblico tambmadotou esta mesma qualificao para diferenciar as instituies.

    A maioria daqueles que se dizem espritas indevidamente faz isso pordesconhecimento, mesmo. Pensam que, por receberem ou trabalharem comalguma entidade (esprito), esto qualificadas a se intitular de espritas, mesmoque as bases da corrente religiosa qual pertencem nada tenham a ver com osensinamentos da Doutrina Esprita. Muitas vezes, eles nunca tiveram nemmesmo contato com as obras bsicas do espiritismo. s vezes acontece de se leruma placa onde est escrito Centro Esprita ..., entrar no lugar e se depararcom ritos e atividades completamente avessas ao espiritismo.

    Um pensamento comum que poderamos ter ao nos depararmos com umasituao destas seria que, um dia, aqueles que agem assim sero cobrados porisso. Bem, talvez sim, talvez no! Depender apenas da inteno dosresponsveis e da conscincia do que esto fazendo. Mas quem pensa destaforma, este sim, talvez seja cobrado, pois, apesar de no ter nada a ver com issoest julgando. Seria um erro se intitular esprita sem o ser? Quem poderia dizercom segurana?

    Se h grupos que se dizem espritas sem saber que no o so, se estes seintitulam espritas indevidamente por falta de conhecimento, no podemosconden-los, mas apenas considerar que esto trilhando um caminho em buscadas suas verdades. Nem mesmo podemos afirmar, s por este motivo, que umgrupo certo e outro errado, ou que um bom e outro ruim. Podemos, nomximo, constatar que h diferenas entre as prticas e as crenas.

    No h necessidade de julgamento. Ao acharmos que algum seriacobrado um dia, estamos pressupondo que foi cometido um erro, um crime, oualgo que merecesse punio. E ento, estaremos julgando e condenando,

    baseados nos nossos conceitos e nos nossos conhecimentos.

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    Por mais que estejamos convencidos de estarmos certos, ser que o queacreditamos mesmo verdade? Quantas vezes durante a vida descobrimos quealgo que tnhamos como certo, no qual acreditvamos profundamente, estava

    errado? Ou, pelo menos, que precisava ser revisto em alguns pontos? Por isso, recomendvel que tenhamos cuidado com os nossos julgamentos, principalmente porque no temos como avaliar a caminhada de ningum, poisno h como calar as sandlias de outros e repisar seus caminhos.

    Diante de tantas possibilidades sobre o que poderia ser o certo e o errado,como poderamos fazer julgamentos com base nos nossos conceitosindividuais? Nada garante que aquilo que achamos ser certo, realmente o sejaAlm disso, tudo o que acreditamos resume-se em apenas uma coisa: crena. E

    as verdades e falsidades que compem nosso conjunto de crenas soapenas as nossas opes de aceit-las ou no como verdades. Ou seja, cada umescolhe, segundo seus critrios, o que ser verdade para si. Nada falso ouverdadeiro s porque algum acredita que seja falso ou verdadeiro.

    Eis o perigo do julgamento, pois ele se basear sempre em princpios ecrenas muito pessoais. O que julgamos errado em outro, pode ser o certo paraele. O que achamos que deveria acontecer de uma maneira, outros acharo quedeveria acontecer de outra. E assim por diante, haver uma infinidade de

    opinies sobre uma mesma questo. E quem, ciente de que cada um criou ummundo particular e diferente para si, poderia dar ou tirar a razo deste oudaquele? Quem, de s conscincia, poderia atribuir a si a sabedoria e o podernecessrios para o julgamento sobre outros?

    Estas palavras no devem ser interpretadas como um incentivo para quefiquemos alheios ao mundo. Nem para que abandonemos os conceitos e princpios que dirigem as nossas vidas. Muito pelo contrrio, eles devem seraperfeioados e depurados sempre! Mas eles devem ser usados para nsmesmos e no para avaliarmos ou julgarmos os outros, at mesmo porque osnossos prprios conceitos mudam com o tempo. Assim, aquele que julgaralgum hoje, poder ter que rever seu julgamento amanh por ter mudado suamaneira de pensar. Neste caso, como ficaria se, por causa de um julgamento,aquele que um dia foi julgado teve algum prejuzo? Talvez no seja mais possvel reparar o dano causado.

    Por isso, se voc tiver que julgar algum, julgue apenas a si mesmo paraavanar na sua prpria trilha evolutiva. Deixe que aqueles que se acham donosda verdade faam os julgamentos de outros. Apenas observe e nunca ache que

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    voc que est certo. Seno, se um dia voc descobrir que est errado, suaresistncia natural de rever seus conceitos, poder fazer com que voc ignore asua descoberta e ainda construa as desculpas que forem necessrias para no

    precisar mudar em nada.

    O poder da palavra Nos trabalhos de atendimento medinico, ao nos dirigirmos aos

    consulentes, temos que ter conscincia do poder da palavra. Ningum podeavaliar como algo que dissermos ir ser captado por quem nos ouve, pois ser

    ele quem dar o significado das palavras que lhe so dirigidas. Assim, oentendimento do que dito depende de diversos aspectos pessoais do ouvintecomo: a ateno que est dando ao assunto, sua inteligncia, sua cultura geralseu conhecimento especfico sobre o que est sendo tratado, sua disposio, seuhumor, entre muitas outras coisas. Depende at mesmo da simpatia ou antipatiaque o ouvinte sente por quem est falando.

    Ns costumamos imaginar que uma mensagem clara ser entendida portodos com o significado pretendido por quem estiver falando. Porm,

    impossvel saber como algum vai processar uma informao que lhe chega, pois os fatores que esto influenciando o ouvinte naquele momento sodesconhecidos de quem fala. Por isso, grande a responsabilidade que temosquando tentamos passar uma mensagem, uma informao ou um conselho aalgum.

    Ainda mais quando no conhecemos o nosso ouvinte, como o caso das pessoas atendidas nos grupos medinicos. Ns precisamos estar muitoconscientes de que os que nos ouvem podem ter limitaes e escolher bem as

    palavras, explicar com pacincia, usar exemplos e verificar como a mensagemfoi compreendida, at termos uma razovel certeza da assimilao do quecomunicamos. um processo um pouco complicado, no ? Pois vamosacrescentar mais um complicador, ento: aquele que fala!

    Quem fala tambm sofre as mesmas influncias do ouvinte. Ou ser que,s por ter algo a dizer a algum, por ser mdium ou dirigente, por ter estudadoum pouco, transforma-se em um super ser humano? claro que no, apesar dealguns daqueles que esto sendo atendidos acharem que sim! Todos os fatores

    de influncia que determinam a compreenso da mensagem por quem ouvevalem tambm para quem a transmite. Ou seja, a ateno que est dando ao

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    assunto, sua inteligncia, sua cultura geral, seu conhecimento especfico sobre oque est sendo tratado, sua disposio, seu humor, a simpatia ou antipatia que ocomunicante sente pela pessoa a quem est falando, e uma srie de outros

    fatores, iro influenciar a qualidade da transmisso da mensagem.Alm disso, mencionamos tambm a clareza da mensagem. Se

    avaliarmos as vrias formas de mensagens que recebemos no nosso dia-a-diavamos perceber que muitas delas so incompletas e que precisamos buscar maisinformaes para complet-las. Algumas sero mais difceis de serementendidas e, no raro, levaro a concluses distorcidas. Outras, ainda, no faroqualquer sentido. No so muitas as mensagens que chegam completas efazendo sentido.

    Ao tomarmos conscincia de todos estes fatores, vamos verificar asdificuldades que envolvem uma comunicao eficiente e poderemos identificardiversos detalhes que podem influenciar a transmisso e a compreenso de umamensagem. Por isso, devemos estar sempre atentos ao que falamos. Sempre!Em qualquer situao, com qualquer pessoa! As palavras tm muita fora eassumem vida prpria depois de faladas ou escritas. Ao contrrio do que dizem impossvel engoli-las de volta ou apag-las depois de lidas, pois ficamgravadas nos coraes das pessoas. Algumas poucas palavras podem mudar a

    vida de algum, para melhor ou para pior, dependendo do que for dito e decomo for dito! Na condio de trabalhadores espirituais e mdiuns de grupo de

    atendimento, ns temos uma grande responsabilidade com aqueles que seapresentam para receberem nossa assistncia. Quem procura um atendimentoespiritual pode estar carente, desorientado, muitas vezes desesperado, esperandoque lhe seja mostrada uma luz que lhe sirva de guia. E eles veem os mdiuns etrabalhadores dos centros espritas como os portadores desta luz. Por isso temosque ter muito cuidado com as orientaes que passamos. Temos que tentar prever como algum, naquela situao, poder interpret-las.

    Ns temos a tendncia de achar que os outros deveriam entender as coisasexatamente como ns. Afinal, ns estamos sempre certos, no mesmo? Almdisso, se ns podemos entender algo, como algum poderia no entender? Nsestamos sempre procurando fazer com que o mundo externo funcione comouma cpia do nosso prprio mundo interno. Assim, sempre que precisamos deum parmetro, ns nos baseamos em ns mesmos e podemos ignorar que existe

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    uma infinidade de individualidades, cada uma delas com suas caractersticascapacidades e limitaes prprias.

    Desta forma, seria aconselhvel tomar o mximo cuidado com o quefalamos e tentar se colocar no lugar de quem est nossa frente. No para julg-lo, mas para tentar sentir se o que estamos lhe dizendo faz sentido e pode seraplicado na situao que ele est vivendo. Para tentar entender suas eventuaislimitaes. Para, enfim, tentar perceber se estamos agindo com amor e com justia.

    Quando falarmos qualquer coisa a algum, pensemos, antes de tudo, se oque estamos aconselhando tambm serve para ns mesmos. E se ns tambmno estamos precisando corrigir algumas coisas nas nossas vidas seguindo asorientaes que estivermos passando ao consulente.

    Reencarnao como instrumento de aprendizado comum se pensar que as casas espritas existem para lidar com os

    espritos. De certo modo, esta afirmao est correta, pois, afinal, ns somosespritos. E quando melhoramos, quem melhora o esprito que habita o nossocorpo. A confuso comea no momento que definimos como espritos apenasos que j desencarnaram.

    Voc j se deu conta disso? Vejamos como acontece! Quandoconversamos com algum, estaremos falando com uma pessoa, com um amigocom um familiar, com sabe-se l o qu. Mas nunca diramos que estamosfalando com um esprito. A menos que ele j tivesse desencarnado... Da, comonum passe de mgica, ele teria virado esprito! Porm, antes de qualquer coisans somos espritos.Sempre !

    Estar encarnado ou desencarnado so apenas situaes transitrias pelasquais o esprito vai passando alternadamente na sua escalada evolutiva. Assimno lgico pensar que temos que esperar o esprito desencarnar para que possareceber esclarecimentos quanto espiritualidade. Pelo contrrio, a prtica e oconhecimento das leis espirituais tm muito mais valor para o esprito enquantoele estiver encarnado, justamente por estar limitado pelo corpo fsico e sujeitos paixes e s iluses da vida mundana, do que quando se encontrar liberto no plano espiritual, pois as verdadeiras lies do esprito so aprendidas na carne.

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    O aprendizado e a busca pela evoluo so as razes pela qual ns passamos um tempo vivendo em um corpo fsico aqui pela Terra, ou em outrolocal, e depois regressamos ao plano espiritual, e depois a outro corpo fsico, e

    depois ao plano espiritual, num longo vai-e-vem, at conseguirmos assumir eviver as leis divinas como atributos permanentes do nosso prprio ser. Quandonos encontramos desencarnados, nossas percepes se tornam mais claras, o quenos possibilita identificar mais facilmente nossas falhas e a necessidade quetemos de desenvolver e aprimorar determinados aspectos da nossa personalidade. Ento, uma nova encarnao planejada para este fim,oportunizando que o esprito viva experincias que o ajudaro a superar suasimperfeies.

    Como o esprito estar limitado mental e fisicamente pelo corpo queestar vestindo, no se lembrar do que foi planejado. Poder contar, nomximo, com alguma intuio, lampejos ou sensaes, a indicar-lhe de formavaga se est no rumo traado ou no. O perodo que o esprito passa encarnado a fase das conquistas, onde ele tem que lutar principalmente contra si mesmo para se aprimorar. Quando desencarnado, o esprito tem condies de avaliar seos objetivos traados para as encarnaes anteriores foram atingidos e, maisuma vez, planejar as seguintes.

    Com relao a este assunto, comum que surjam dvidas e se criemdiscusses. Mas h uma questo, em especial, que costuma ser de difcilcompreenso para um bom nmero de pessoas. Se na espiritualidade existemtodos os recursos possveis, muito mais do que na matria, por quesimplesmente no ensinado aos espritos tudo o que eles precisam aprender lmesmo? Simplesmente porque tal aprendizado consciente se d apenas no nvemental. Ento, o esprito apenas saber, porque lhe foi passado umconhecimento. Por outro lado, se o aprendizado acontecer atravs de

    experincias vividas pelo esprito, tendo ele que superar as suas prpriaslimitaes mais as impostas pela matria, e sentindo no seu mago as situaesda vida material, o quadro se torna bem diferente.

    Todo progresso alcanado pelo esprito em cada encarnao passa aconstituir um patrimnio pessoal definitivo, pois s ser obtido atravs doaperfeioamento moral e sentimental, e no apenas intelectual. Estudar eadquirir conhecimento muito fcil, mas colocar o conhecimento prova de smesmo e se superar no . O verdadeiro progresso s ocorre quando o esprito

    tem oportunidade para colocar em prtica as lies que aprendeu no planoespiritual sobre o amor, a fraternidade, a paz, a comunho universal, a

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    fraternidade, o perdo, e tantas outras coisas, vivendo em um ambiente hostil echeio de iluses, como a matria, e revestido de um corpo fsico que lheentorpece as faculdades espirituais.

    A superao destas barreiras ser a prova definitiva, para o prprioesprito, de que conseguiu vencer as suas imperfeies e est caminhando emdireo a Deus. Neste sentido, a Doutrina Esprita uma ferramenta preciosa para que o ser humano tome conhecimento da espiritualidade e daresponsabilidade que tem consigo mesmo e com os outros. Assim, no sedeixar demorar no seu caminho e ir removendo os obstculos que surgiremum a um, marchando firme para o aperfeioamento prprio e para oautoconhecimento, deixando no seu rastro um mundo um pouco melhor.

    Para que cada um possa progredir na sua evoluo espiritual, muitoimportante tomar conhecimento de um mundo onde tudo e todos so norteados por valores com significado real e livres de iluses, diferente deste no qualvivemos. Neste sentido, os trabalhos desenvolvidos nos centros espritas para aconscientizao dos seus frequentadores e mdiuns para tal situao, cumprecom um dos mais nobres objetivos da Doutrina Esprita: acordar o espritoadormecido na matria para a vida verdadeira, que continuar muito alm dofim do corpo fsico que est usando no momento.

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    O Centro Esprita e o mdiumO mdium necessrio?Talvez aqui esteja a pergunta que todo mdium j fez ou far um dia: se,

    ao desencarnar, o esprito se desliga da matria e passa para um plano maissutil, onde existem outros espritos que podem auxili-lo, qual a necessidadede ns, mdiuns encarnados, atuarmos em trabalhos espirituais?

    Quando surge esta dvida, a situao pode se complicar ainda mais se omdium comear a procurar respostas perguntando a vrias pessoas. Em geralobtm-se vrias respostas diferentes, quase todas incompletas. Uns dizem que preciso trabalhar espiritualmente para aprender sobre o assunto. Outros queatravs deste trabalho, poderamos estar resgatandokarmas adquiridos em vidas passadas quando teramos utilizado mal a mediunidade ou a magia. Tambmdizem que o trabalho espiritual uma forma de caridade, uma doao pessoal detempo, de dedicao, para ajudar os outros. Alm destas, surgem ainda outras

    respostas, mas quase nunca respondendo pergunta central: qual a realnecessidade de mdiuns em trabalhos espirituais?Apesar de ser um excelente aprendizado, isso apenas uma consequncia

    do trabalho, mas no o motivo. Quanto ao resgatekrmico , uma questoindividual que poderia valer para alguns, mas para outros no, no podendo serapontado como motivo geral. Quem faz o trabalho espiritual por caridade, o faz por opo, como poderia estar fazendo qualquer outro tipo de caridade. Por issotambm no podemos apont-la como necessidade para o trabalho de mdiuns

    E assim por diante, qualquer coisa que se diga no responde pergunta por ummotivo muito simples:no existe resposta para esta pergunta . E no existeresposta por outro motivo tambm muito simples:a pergunta est errada!

    O erro em questionar a necessidade de pessoas encarnadas nos trabalhosespirituais no est no questionamento em si, mas em alguns conceitos errneosque passaram a acompanhar a questo da espiritualidade como se fossem partedela ou nela estivessem embutidos. Note que na pergunta em questo existeminverdades que parecem verdades por causa destes conceitos. A primeira delas

    que o esprito se desliga da matria ao desencarnar. A segunda que o esprito passa para um plano mais sutil aps o desencarne.

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    Estes conceitos se popularizaram de tal forma que dificilmente se percebeo erro quando algum fala. Espera-se que assim acontea naturalmente. o quetodos esperam. Este o pensamento comum, mas no o que acontece em

    muitos casos. Ns temos exemplos bem claros nos atendimentos, onde muitosespritos ficam to ligados a fatos traumticos de vidas anteriores, que aindacontinuam presos, por muito tempo, s situaes penosas pelas quais passarams vezes sculos.

    Quando isso acontece, depois do desencarne eles no se desligam damatria. Pelo contrrio, continuam vivendo como se estivessem encarnados erepetindo suas rotinas ou tomando providncias como se ainda possussemcorpos fsicos. Eles ainda continuam com todos os pensamentos, ansiedades

    sensaes, desejos e preocupaes que tinham antes de desencarnar, s quevivendo em uma dimenso diferente, muito mais prxima do plano material doque dos planos sutis que idealizamos.

    No entanto, apesar de prisioneiros da situao h tanto tempo, podem serlibertados em alguns minutos pela interveno de mdiuns encarnados. Aochegarmos a este ponto da questo, seria bom explorar os motivos que no permitiram que estes espritos se libertassem da situao dolorosa antes dosmdiuns intervirem, j que no difcil convenc-los. Eles nunca deixaram de

    ter assistncia espiritual enquanto estavam l, mas, mesmo assim, no foramlevados para um plano mais sutil. De tempos em tempos, espritos amparadoressocorristas, percorrem as zonas astrais em busca de espritos que precisam serresgatados. Ao encontr-los, tentam lhes mostrar a situao na qual seencontram, mas muitos no conseguem enxergar por acreditarem que aindaesto encarnados. Os amparadores os visitam vrias vezes nos locais onde elesesto imantados. Em cada visita, alguns os acompanham e saem de l, enquantooutros no podem ou no querem ser convencidos e l permanecem.

    justamente a que encontraremos a resposta se reformularmos a pergunta inicial! Em vez de perguntarmos por que necessrio mdiunsencarnados em trabalhos espirituais, deveramos perguntar: como mdiunsencarnados podem ajudar em trabalhos espirituais? Os espritos que seencontram aprisionados numa faixa vibratria ou em alguma faixa de passadoficam numa espcie de limbo que se situa, energeticamente falando, entre o plano material e os planos mais sutis. Eles tm uma vibrao prxima damatria por pensarem que ainda esto nela e suas conscincias estarem focadas

    nos corpos energticos mais densos.

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    Para atuarem naquele plano de vibrao mais baixa, os espritosamparadores precisam baixar suas frequncias para serem percebidos pelosespritos sofredores. Ns, encarnados, ao contrrio, s vezes precisamos elevar a

    nossa frequncia para conseguirmos ter contato com faixas energticas que parans sutil, j que estamos impregnados da energia mais densa da matria.Porm, esta energia densa no nos abandona mesmo quando elevamos a nossafrequncia, nem quando nossos corpos energticos esto desdobrados do corpofsico. Ns ainda continuamos impregnados da energia da matria e, no trabalhomedinico, quando fazemos contato com os espritos por meio dos nossoscorpos mais sutis, ns a levamos conosco.

    Eles sentem a nossa energia densa, principalmente nos casos de

    incorporao, causando-lhes um choque energtico que facilita muito o trabalhode doutrinao e convencimento. Na verdade, ao terem contato com a nossaenergia densa, eles recebem uma parte dela, sendo supridos temporariamente dacarncia energtica que nem mesmo sabiam que tinham. Eles no tmconscincia deste processo, mas experimentam algo diferente. Eles se sentemdiferentes. Esta a oportunidade ideal para o grupo harmoniz-los e reequilibrlos utilizando a energia densa dos mdiuns, que est disponvel e abundante. um recurso que facilita muito o trabalho medinico.

    Todos ns temos todas estas energias sem precisar de qualquer esforo.Mas apenas t-las no resolve nada. Para poder utiliz-las, necessriodesenvolver aptides, as quais so conquistas individuais que precisam sertrabalhadas. O que difere energeticamente uma pessoa de outra o quanto cadauma desenvolveu de cada tipo de energia que possui. Ou, simplesmente, o nvelde domnio que tem sobre suas prprias energias e capacidades.

    Por isso existem pessoas mais embrutecidas e outras maisespiritualizadas. Existem algumas mais voltadas para determinadascaractersticas e outras mais voltadas para outras caractersticas. Umas so maismentais, outras mais emocionais, e assim por diante, at o infinito. Junte a tudoisso a bagagem de conhecimentos e experincias que cada um acumulou emsuas diversas vidas passadas e teremos um quadro formado pela grande miradede personalidades existente na humanidade. E para cada uma delas haver umespao disponvel para o trabalho com amor e fraternidade.

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    Mdium potencial

    O tipo de mediunidade que cada mdium apresenta, assim como a forma,a intensidade e a qualidade com as quais ir se manifestar, dependem muito dassuas caractersticas pessoais. por isso que nunca vamos encontrarmanifestaes medinicas iguais, mesmo entre mdiuns que tm o mesmo tipode mediunidade. Mas no isso o que realmente tem importncia para oexerccio da mediunidade.

    Existem duas caractersticas necessrias para algum poder serconsiderado um bom mdium: o amor e a disciplina. Entre muitas outras queainda h, estas so primordiais. Infelizmente, alguns acham que quanto maismanifestaes diferentes algum apresentar e quanto mais frequentes forem,melhor ser o mdium. Porm, isso de nada valer se o mdium no estiversendo movido pelo amor e sustentado pelo conhecimento, pelo autocontrole, pela disciplina e pelo bom senso. Se no for assim, teremos que considerarcomo os melhores mdiuns, aqueles que esto internados nos hospcios, tidoscomo loucos, apresentando manifestaes constantes de obsessores e vises deoutros planos que so tratadas como alucinaes.

    O ser humano carrega consigo as caractersticas da matria e do esprito.Est no meio destes dois planos. ponte entre eles. Ento, s por isso, j se pode dizer que todos so mdiuns. Muitos, porm, ainda no se deram contadisso e deixaram de desenvolver suas potencialidades espirituais. Outros, que jas tm desenvolvidas desde outras encarnaes, as abafaram nesta por medo, por presso dos familiares e da sociedade, por ignorncia ou por outros motivosOutros, ainda, no querem nem saber! H tambm aqueles que sentem asmanifestaes medinicas, mas no as identificam como tal.

    Quando nos deparamos com algum destes casos, comum querermosajudar de alguma forma. Porm, preciso respeitar a vontade de cada um eentender que nem tudo o que serve para ns, ser bom tambm para outra pessoa. Cada um tem o seu momento e qualquer tentativa que se faa em horaerrada tender a fracassar. Como ningum sabe quando o momento certoacontece, a nica coisa que nos cabe alertar quando surgir a oportunidade. Oresto cabe pessoa envolvida decidir. Isso o exerccio do livre-arbtrio. Eledeve ser respeitado sempre.

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    Enquanto no houver a deciso de encarar sua mediunidade e se preparar para us-la, ou pelo menos control-la, o mdium ter apenas a potencialidadeda mediunidade consciente. o que se pode chamar de mdium potencial, isto

    , aquela pessoa que tem a capacidade de se comunicar de alguma forma com os planos espirituais, mas que no sabe o que isso. Ou sabe, mas se recusa aaceitar suas faculdades ou no se preocupa em desenvolv-las. comum quetenha desconfiana com relao ao envolvimento com espritos por descrenaou por desconhecimento sobre o assunto. Mesmo quando algum o alerta sobrea mediunidade nele percebida e sobre as interferncias que ela pode produzir nasua vida, comum o mdium em potencial no aceitar que algo de fora possaestar lhe provocando algum distrbio. No se pode condenar tal atitude, pois eleest certo. Na verdade, no algo de fora que interfere na sua vida, mas, sim,algo que faz parte dele mesmo: sua mediunidade descontrolada.

    comum, tambm, que o mdium potencial encontre vrias dificuldadesna sua vida e enfrente obstculos visivelmente desproporcionais para conseguiralgo, surgindo empecilhos inesperados que acabam atrapalhando-o. At quesente que h algo alm do normal no seu caso. Geralmente, isso que o faz buscar ajuda nos centros espritas.

    Esta a oportunidade de levar-lhe esclarecimentos sobre o seu caso. Sem

    alarde, sem espalhafato, sem pressionar, sem incutir medo, sem lhe colocarobrigaes, os mdiuns que estiverem atendendo-o devem inform-lo, comtranquilidade e serenidade, sobre algumas questes bsicas que envolvem o seurelacionamento com a espiritualidade. O consulente precisa saber que:

    possui uma via de comunicao aberta e atuante com a espiri-tualidade;

    a capacidade de interao com o plano espiritual se chama me-

    diunidade; a mediunidade precisa ser trabalhada para se obter o domnio sobre

    ela; pode-se comparar a mediunidade com o cavalgar, cabendo ao

    mdium escolher se vai largar as rdeas do cavalo e deix-lo ir paraonde quiser ou se vai gui-lo, assumindo o controle sobre ele, eaproveitar a oportunidade para algo til;

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    a mediunidade independe da vontade de quem a possui, ou seja, noadianta nada o mdium neg-la ou no a querer, pois no lhe dadaesta escolha;

    o melhor que se pode fazer com ela control-la e, se quiser, utiliz-la para ajudar quem precisar;

    quando o mdium no tem o controle deste processo, ele apenassofre as consequncias sem usufruir qualquer benefcio, podendo atchegar a ser controlado como uma marionete;

    seria muito bom frequentar uma escola de mdiuns para aprender alidar com a mediunidade;

    o fato de aprender a lidar com a sua mediunidade e frequentar umaescola no obriga ningum a trabalhar em grupos medinicos, sendoesta uma deciso a ser tomada se o mdium potencial assim o quiser.

    Porm, h uma questo importantssima que no pode deixar de serlevada em conta nestes casos: cada um tem seu prprio tempo. Tudo deveacontecer no tempo e na oportunidade certos, quando tudo estiver pronto paraque acontea de forma til e saudvel a todos os envolvidos. preciso respeitaro processo de maturao da questo pelo mdium potencial. Seno, seuinteresse e sua determinao podem no ser suficientes e ele poder desistir nomeio do caminho.

    Se a questo for encaminhada adequadamente desde o incio, o mdium potencial poder adquirir certo controle sobre o processo de comunicao queocorre entre ele e a espiritualidade e entender como funciona esta interaoDepois, ele descobrir que s isso no basta. Ele precisar se reciclar, reveratitudes, pensamentos e aes, pois tudo o que pensamos e fazemos gera uma

    energia que perceptvel nos planos sutis e atrai as energias semelhantes que alse encontram. Aprender que ser bom para ele tentar ser mais calmo e mais paciente, vigiar seus pensamentos, escolher melhor os lugares aonde vai e procurar agir sempre de forma justa e amorosa, tentando ajudar quem puder eno prejudicar ningum e, desta forma, acabar gerando energias maisqualificadas, que atraem as energias deste tipo e distanciam as negativas.

    Mas tudo isso no acontecer de um dia para outro. Vrios anos deatitudes e de hbitos enraizados precisam ser reprogramados mentalmente. Este

    um caminho que leva tempo para ser percorrido. Toda mudana faz parte deum processo que se inicia, desenvolve-se e, um dia, termina.

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    Termina? No. Este processo no termina nunca! Quanto mais coisasnovas forem descobertas, quanto melhor algum for se tornando, mais desafiosestabelecer para si mesmo, mais longe querer enxergar, mais alto querer

    chegar. Este processo tem nome: chama-se evoluo!

    Os primeiros passosPara abordarmos a questo da mediunidade, precisamos estar conscientes

    de que todos ns somos mdiuns. Cada um com suas particularidades, cada umcom sua prpria intensidade, todos temos algum tipo de interao e de

    comunicao com os planos espirituais. Ns somos indivduos diferentes,nicos. Por isso, generalizar no seria o ideal. Mas, apenas para facilitar oentendimento, podemos considerar que um bom nmero dos que procuramtrabalhar com a espiritualidade se encaixam em um de dois casos clssicos.Claro, entre esses dois extremos, h uma infinidade de possibilidades, masvamos simplificar para podermos entender melhor.

    No primeiro caso esto aqueles que tm sua mediunidade j aflorada, namaioria das vezes causando-lhes transtornos diversos por no saberem como

    control-la. Geralmente buscam socorro nas casas espritas por causa disso eacabam desenvolvendo seu potencial e trabalhando em grupos medinicos. Nosegundo caso, esto aqueles que no apresentam qualquer efeito especial, masidentificam-se com a Doutrina Esprita e desejam praticar seus ensinamentosativamente.

    Chamar as faculdades medinicas de efeito especial, como nos filmes, uma brincadeira que fazemos. No deve ser levada a srio, at mesmo porque o processo medinico natural e est ao alcance de todos, no existindo nada de

    especial nele.H mdiuns que levam algum tempo para apresentar alguma percepo

    consciente da espiritualidade ou manifestao medinica explcita. s vezes,vrios anos. s vezes, nunca. Alguns mdiuns iniciantes costumam se sentirconstrangidos quando no conseguem ter manifestaes, apesar das insistentesafirmaes sobre a importncia que eles tm para o trabalho do grupo mesmoassim. compreensvel tal sentimento. Como o mdium ainda no tem a percepo apurada para distinguir o papel que desempenha no grupo, sua

    experincia pessoal lhe mostra apenas que ele no serve para nada ali. Duranteos atendimentos, uns mdiuns sentem algumas coisas, outros veem, outros

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    incorporam entidades, outros transmitem mensagens, outros psicografam,outros intuem, enquanto ele apenas est presente ali, achando-se sem qualquerserventia, sem poder contribuir de alguma maneira. E acaba se sentindo

    inferiorizado por isso. E pior ainda, pode pensar que talvez esteja atatrapalhando o trabalho!Se voc est passando por isso, no precisa se preocupar. Voc est

    dentro da normalidade. Este um pensamento tpico de quem est iniciando a prtica medinica e ainda no percebeu o imenso aparato espiritual que suportaos trabalhos nas casas espritas. Na verdade, no culpa do mdium. Aexpectativa de todos que quem trabalha num centro esprita capaz demanifestaes medinicas diversas.

    Apenas para ilustrar melhor a questo, peo licena para citar meu prprio exemplo. Comecei trabalhando no passe. Depois fui para um grupo deatendimento anotando os casos nas fichas dos consulentes. A seguir passei atreinar para dirigir trabalhos auxiliando o dirigente e, um ano depois, estavadirigindo um g