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ARTIGO

Atendimento familiar em Gestalt Terapia

Fernanda Sousa Teixeira

RESUMO: Este artigo tem como finalidade descrever brevemente como

acontece o atendimento familiar na Gestalt Terapia e sublinhar alguns aspectos fundamentais a este atendimento. Assim como no atendimento individual ou de grupo na Gestalt Terapia, no atendimento familiar estar e utilizar o presente uma forma gestaltica de promover o experimentar de novas possibilidades de ao e atitude de maneira a reconfigurar o cenrio familiar.

Palavras-chaves: Atendimento familiar; Gestalt Terapia; dinmica familiar e

reconhecimento sensorial.

Neste artigo procurei salientar alguns aspectos fundamentais para o andamento de um atendimento familiar na Gestalt Terapia. Os outros pontos que no foram mencionados possuem caractersticas to importantes quanto aos que privilegiei neste estudo.

Um dos pontos fundamentais para a chegada da famlia a crena que o terapeuta precisa ter com relao capacidade de transformao e reformulao do cliente/famlia, uma das crenas imprescindveis para o inicio do trabalho. At para conseguir que a famlia acredite na sua fora implcita que a faz estar procurando ajuda. Ou seja, ajudar a famlia reconhecer sua prpria capacidade de auto-reformulao e transformao com seus limites e possibilidade de vida.

O desejo da famlia de se cuidar e o reconhecimento de que necessitam de uma ajuda teraputica o inicio da chegada a terapia. Cabe ao terapeuta acolher esta demanda com muito respeito e cuidado at porque esse o combustvel motivacional que vai fazer com que a famlia se mantenha emocionalmente na terapia, a necessidade de melhorar. As resistncias e os medos so muitos, mas essa necessidade de sade emocional precisa estar nos desejos da famlia para bancar enfrentarem conjuntamente um espao teraputico.

O atendimento familiar na GT tem como foco utilizar a dinmica e as trocas que acontecessem no presente momento da terapia como recurso principal de interveno para a famlia, como coloca Miriam Polster:

Os sistemas sensoriais e motores do individuo s podem funcionar no presente, e da perspectiva dessas funes que a experincia presente pode ser palpvel e viva.

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No atendimento utilizar o presente trazer para o momento o que aparece para o reconhecimento sensorial consigo mesmo, reconhecer a tenso gerada, a frustrao sentida, observar e sentir como o corpo se movimenta, se incomoda e sente no aqui e agora. E, a sim, a possibilidade ou escolha de mudar ou no ser utilizada terapeuticamente. Para isso, se torna fundamental e respeitoso favorecer que cada membro da famlia atendida tenha voz e tempo equivalentes dentro da mesma sesso e, que da mesma forma, importante que o membro mais calado se sinta presente e tambm participante da sesso familiar. Os tericos e estudiosos da GT afirmam que viver no presente ter qualidade de presena e de vida.

No atendimento familiar como no individual ou em grupo, os limites da terapia precisam ser bem demarcados e claros para os clientes, pois a dinmica familiar se apresenta por vezes como um objeto de muitas pontas e arestas, e o sobrar ou faltar dentro dos limites da sesso pode acarretar alguns sentimentos de perda e menos valia, para alguns participantes do grupo familiar. Dentro da tica gestltica, estes sentimentos emergidos ou despertados durante a sesso teraputica nos membros da famlia devem ser reutilizados na prpria dinmica familiar de forma a propiciar que os mesmos reconheam seus sentimentos e possam experimentar mudar ou permanecer.

O Gestalt Terapeuta no atendimento familiar vai favorecer que sejam experimentadas novas formas de expresso de maneira a reconfigurar a vida presente dos participantes estimulando que os participantes tenham cada um sua vez e se responsabilizem pelo espao que est escolhendo configurar para si. Com isso, o campo familiar cada vez mais vai se encorajar a experimentar reconstruir novas possibilidades de ao. Conforme a vinculao e confiana no terapeuta e no espao teraputico vai se aprofundando e aproximando, a confiana do cliente em si mesmo vai se desenvolvendo tambm.

O terapeuta vai ensinar a escutar, a ser escutado; ver e ser visto; sentir e ser sentido por meio do dar se conta, das vivencias inacabadas sendo revividas e reconfiguradas; enfocando a energia existente no campo teraputico para a prpria dinmica familiar apresentada de forma a favorecer que novos encontros aconteam na mesma famlia.