Ateniense platao

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PLATÃO, PLATÃO, O ATENIENSE O ATENIENSE 347442 – SEMINÁRIOS DE FILOSOFIA ANTIGA 137987 - Mito e Filosofia 137987 - Mito e Filosofia 137669 - Tópicos Especiais 137669 - Tópicos Especiais de História da Filosofia Antiga de História da Filosofia Antiga A verdade em Platão A verdade em Platão 1s/2008 Gabriele Cornelli Gabriele Cornelli

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PLATÃO, PLATÃO, O ATENIENSEO ATENIENSE

347442 – SEMINÁRIOS DE FILOSOFIA ANTIGA137987 - Mito e Filosofia137987 - Mito e Filosofia

137669 - Tópicos Especiais 137669 - Tópicos Especiais de História da Filosofia Antigade História da Filosofia Antiga

A verdade em PlatãoA verdade em Platão

1s/2008

Gabriele CornelliGabriele Cornelli

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O que buscamos?O que buscamos?

“Haverá quem precise primeiro de Prozac, e logo depois de Platão, ou de uma combinação de ambos”.

Lou Marinoff. Mais Platão, menos Prozac.

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O que buscamos?O que buscamos?

“Não há nenhum outro escritor que tenha me influenciado tanto e que tenha me introduzido no santuário mais sagrado, não apenas da filosofia, mas do Homem em geral, mais do que este homem divino” (Schleiermacher)

ARNDT, A. (Hrsg.). Schleiermacher Schriften (carta a Brinckmann, 6/6/1800).

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Vida de Platão de Diôgenes L.Vida de Platão de Diôgenes L.Platão nasceu em Atenas. Era filho de Aríston e Perictione, que fazia sua ascendência recuar a Sólon (Diospides era irmão de Sólon e pai de Crítias, de quem Calaiscros era filho, Crítias um dos Trinta, e Gláucon, eram filhos de Calaiscros: Glaucon era pai de Cârmides e de Perictione; de Perictione e de Aríston nasceu Platão, na sexta geração a contar de Sólon; por sua vez. Sólon pretendia descender de Neleus e de Poseidon). Dizem ainda que seu pai traçava sua ascendência até Codros, filho de Melantos. De acordo com o relato de Trásilos, Codros e Melantos diziam-se descendentes de Poseidon.

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Vida de Platão de Diôgenes L.Vida de Platão de Diôgenes L.

Spêusipos, em sua obra Banquete fúnebre de Platão, Clearcos, no Elogio de Platão, e Anaxílades, no segundo livro de sua obra “Dos filósofos”, dizem que era voz corrente em Atenas que Aríston quis violentar Perictione, então na plenitude de sua mocidade, porém não conseguiu; desistindo de seus propósitos impetuosos, Ariston teve um sonho com Apolo, e por isso não a molestou em sua pureza até o parto. Em sua Crônica, Apolodoro situa o nascimento de Platão na 87ª Olimpíada (428-425 a.C), no sétimo dia do mês de Targelion, no mesmo dia em que, segundo os habitantes de Delos, teria nascido Apolo.

(D.L. III, 1-3)

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SchleiermacherSchleiermacher

As edições gregas das obras de Platão costumam ser precedidas por sua biografia, extraída da conhecida coletânea de Diógenes Laércio. No entanto, apenas o apego mais equivocado a um velho costume pode considerar digno de tradição um produto tão grosseiro, compilado sem qualquer juízo.

Friedrich D. E. Schleiermacher. Introdução aos diálogos de Platão. Belo Horizonte, Ed. UFMG, 2002.

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Vida de Platão de Diôgenes L.Vida de Platão de Diôgenes L.

Sócrates viu em sonho que um jovem cisne pousara sobre seus joelhos, que imediatamente voou e começou a cantar docemente; o dia seguinte lhe se apresentou Platão, no qual ele disse ter reconhecido a ave do sonho.

D.L. III, 5

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FONTES ANTIGASFONTES ANTIGAS para a vida de Platãopara a vida de Platão

• Cartas (espec. VII)

• Fragmentos de Speusipo (Isnardi Parente)

• Fragmentos de Aristoxeno (Werli)

• Diógenes Laércio. Vidas. Livro III

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Crítias. Sísifo

Houve um tempo em que a vida dos homens era caótica e ferina, e sujeita à força, quando não havia prêmio algum para os bons, nem punição para os malvados. Em seguida, acredito, os homens promulgaram leis punitivas, para que a justiça fosse senhora absoluta de todos, e a violência estivesse ao serviço dela, e, se alguém pecasse, fosse punido. Em seguida, todavia, dado que as leis impediam a eles de fazer violências abertamente, mas secretamente pecavam da mesma forma, então, acredito, que um homem sábio e de grande engenho, por primeiro inventou

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Crítias. Sísifo

o temor dos deuses, para que os malvados sentissem medo, quando agissem, falassem ou pensassem às escondidas. Assim foi introduzida a divindade (theós) como demônio (daímon), florida de vida incorrupta, que houve e vê com a mente, que pensa e provê a tudo, e mostra natureza divina; este ouvirá tudo o que for dito entre os homens e poderá ver todas as ações. Se você tramar alguma maldade silenciosamente, isto não fugirá aos deuses; pois é muita a perspicácia deles.

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Crítias. Sísifo

Afirmando estas coisas, desenvolvia o mais doce dos ensinamentos, encobrindo a verdade com uma narração falsa (pseudei kalypsas ten alútheian lógoi, 26).

Crítias, fr. 88 B 25 DK, 1-26 (Sesto Empirico, Contro i matematici, IX, 54)

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Platão. Timeu

CRÍTIAS - Todos nos que aqui estamos presentes sabemos muito bem que Critias não ignora nenhum dos argumentos dos quais estamos tratando. Escute, Sócrates, uma narração realmente extraordinária, e ainda assim verdadeira, da mesma maneira como antigamente a narrava Sólon, um dos sete sábios. Ele era –de fato – um parente e amigo de meu bisavó Dropides, como ele mesmo menciona muitas vezes em suas obras poéticas.

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Crítias. Sísifo

A Critias, nosso avô, ele contou que as antigas gestas de nossa cidade foram grandes e maravilhosas, mas que com o passar do tempo e com a morte dos homens, foram esquecidas: (...) Crítias era por natureza nobre e forte; participava das discussões filosóficas, e era considerado profano entre os filósofos e filósofo entre os profanos. Foi ele também um tirano, enquanto era um dos Trinta.

Platão.Timeu 20a

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Filostrato. Vidas dos Sofistas

O sofista CrÍtias, apesar de ter derrubado a democracia em Atenas, nem por isso foi malvado (pois a democracia teria caído por si mesma, por ser tão arrogante ao ponto de não obedecer mais nem sequer ao magistrados legítimos); mas foi malvado por conduzir abertamente uma política filo-espartana, entregou os templos e deixou destruir as muras de Lisandro (...) Superou em dureza e crueldade dos Trinta e se acordou com os Espartanos em um projeto absurdo: a Ática, esvaziada do rebanho humano, fosse reduzida a pasto para as ovelhas. Para estes motivos, parece-me o mais malvado entre todos os homens famosos por suas maldades.

Filostrato. Vidas dos Sofistas I, 16

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Vida de Platão de Diôgenes L.Vida de Platão de Diôgenes L.

[Platão] passou pelo Egito. Dizem que Eurípides o teria acompanhado e que, tendo ficado doente naquele lugar, fui curado pelo sacerdotes, graças à cura baseada na água do mar; por isso em algum lugar ele menciona “o mar lava todos os males dos homens” (Ifigênia em Taurides, 1196)

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Platão poetaPlatão poeta

Antologia grega ou palatina:

V. 79

Jogo-te uma maçã, e se de coração me queres.

Dá-me, ao recebê-la, tua virgindade;

Mesmo, prouvera não, que sintas de outro modo, aceita-a,

E pensa em como a beleza dura pouco

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Platão poetaPlatão poeta

Antologia grega ou palatina:

VII. 669

Os astros contemplas, Astro meu. Prouvera eu fosse o céu para poder te contemplar com muitos olhos.

IX. 506

Nove são as musas, dizem alguns. Quanta negligência! Eis aqui a décima: Safo de Lesbos.

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Vida de Platão de Diôgenes L.Vida de Platão de Diôgenes L.

Narra-se que Sócrates viu em seus joelhos, em sonho, um filhote de cisne, cuja plumagem cresceu num instante, e que levantou o vôo para emitir um doce canto. No dia seguinte Platão lhe foi apresentado como discípulo, e imediatamente Sócrates disse que ele era a ave de seu sonho.

D.L III, 5

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Vida de Platão de Diôgenes L.Vida de Platão de Diôgenes L.

Enquanto se preparava para participar de um concurso de tragédias, passou a ouvir Sócrates em frente ao teatro de Dionísio, e então jogou às chamas seus poemas, exclamando: “Efesto, venha aqui! Platão precisa de ti”.

D.L III, 6

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Os mestres de PlatãoOs mestres de Platão

Aristóteles. Aristóteles. Metafísica Metafísica A, 6, 987ª A, 6, 987ª

Platão em muitos pontos segue a filosofia dos pitagóricos, mas apresenta também características próprias, estranhas á filosofia dos itálicos.

Platão, tendo sido desde jovem amigo de Crátilo e seguidor das doutrinas heraclitianas, segundo as quais todas as coisas sensíveis estão em contínuo fluxo, e das quais não se pode fazer ciência, manteve posteriormente estas convicções. Por sua vez, Sócrates ocupava-se de questões éticas

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Os mestres de PlatãoOs mestres de Platão

e não da natureza em sua totalidade, mas buscava o universal no âmbito destas questões, tendo sido o primeiro a fixar sua atenção nas definições. Platão aceitou esta doutrina socrática, mas acreditou, por causa da convicção acolhida dos heraclitianos, que as definições se referissem a outras realidades e não às realidades sensíveis.

Aristóteles. Metafísica A, 6, 987ª (trad.G. Reale/Marcelo Perine, Loyola, 2002)

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Vida de Platão de Diôgenes L.Vida de Platão de Diôgenes L.

Muitas vezes, por debater com demasiada violência nas indagações filosóficas, seus interlocutores acabavam golpeando-o com os punhos e arrancando-lhe os cabelos: na maior parte dos casos Sócrates era desprezado e ridicularizado.

D.L. II,21

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Aristófanes. Nuvens

• STREPSÍADES – Que loucura, que maluquice! Por culpa de Sócrates, chegar a blasfemar os deuses!. Hermes, caro Hermes, não te adires comigo, não me destruas. Peço perdão: com todas aquele blábláblá, estava delirando. Alías, me dê um conselho: devo denunciá-los ou algo assim? Como dizes? Melhor não me enfronhar em um processo? Tens razão! Melhor incendiar logo a casa deles, destes pilantras! Santia, Santia, venha aqui! Pegue a escada e a marreta, suba em cima do Pensatório (Phrontistérion) e comece a derrubar a casa. Alguém traga para mim a tocha ligada. Agora é com eles: serão uns grandes espertalhões, mas hoje alguém aqui me paga!

• PRIMEIRO DISCÍPULO – Socorro! Socorro!

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Aristófanes. Nuvens

• STREPSÍADES – Agora é contigo, tocha! Veja de lançar uma bela chama!

• SEGUNDO DISCÍPULO – Coitados de nos, quem está incendiando a casa?

• STREPSÍADES – Aquele a quem roubaram o manto.

• SEGUNDO DISCÍPULO – Vai nos arruinar!

• STREPSÍADES – Mas é exatamente aquilo que quero, se a marreta não me decepciona ou não caio antes e quebro meu pescoço.

• SÓCRATES – O que está fazendo em cima do teto?• STREPSÍADES – “Aeroestatizo”, estou aqui em cima a

perscrutar o Sol.

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Aristófanes. Nuvens

• SÓCRATES – Coitado de mim! Estou sufocando...

• DISCÍPULO – Que desgraça! Vou acabar torrado!

• STREPSÍADES – Quem ensinou a vocês a blasfemar os deuses e a curiosar o percurso da Lua? Vamos logo, força, bate! Por um monte de razões – principalmente, como sabe, pela impiedade para com os deuses.

• CORO – Vamos sair: abram o caminho. Por hoje dançamos suficientemente.

Aristófanes. Aristófanes. NuvensNuvens, 1494ss, 1494ss

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Platão. Simpósio

Me dijo, en efecto, Aristodemo que se había tropezado con Sócrates, lavado y con las sandalias puestas, lo cual hacía pocas veces, y que al preguntarle adónde iba elegante le respondió: A la comida en casa de Agatón. Pues ayer logré esquivarlo en la celebración de su victoria, horrorizado por la aglomeración. Pero convine en que hoy haría acto de Presencia y ésa es la razón por la que me he arreglado así, para ir elegante junto a un hombre elegante.

Simpósio 174a

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Platão. Simpósio

Cuando Sócrates hubo dicho esto, me contó Aristodemo que los demás le elogiaron, pero que Aristófanes intentó decir algo, puesto que Sócrates al hablar le había mencionado a propósito de su discurso. Mas de pronto la puerta del patio fue golpeada y se produjo un gran ruido como de participantes en una fiesta, y se oyó el sonido de una flautista. Entonces Agatón dijo: - Esclavos, id a ver y si es alguno de nuestros conocidos, hacedle pasar; pero si no, decid que no estamos bebiendo, sino que estamos durmiendo ya. No mucho después se oyó en el patio la voz de Alcibíades, fuertemente borracho, preguntando a grandes gritos dónde estaba Agatón y pidiendo que le llevaran junto a él. Le condujeron entonces hasta ellos, así

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Platão. Simpósio

como a la flautista que le sostenía y a algunos otros de sus acompañantes, pero él se detuvo en la puerta, coronado con una tupida corona de hiedra y violetas y con muchas cintas sobre la cabeza, y dijo: - Salud, caballeros. ¿Acogéis como compañero de bebida a un hombre que está totalmente borracho, o debemos marcharnos tan pronto como hayamos coronado a Agatón, que es a lo que hemos venido? Ayer, en efecto, dijo, no me fue posible venir, pero ahora vengo con estas cintas sobre la cabeza, para de mi cabeza coronar la cabeza del hombre más sabio y más bello, si se me permite hablar así. ¿Os burláis de mí porque estoy borracho? Pues, aunque os riáis, yo sé bien que digo la verdad. Pero decidme enseguida: ¿entro en los términos acordados, o no?, ¿beberéis conmigo, o no?

Simpósio 212c-213aSimpósio 212c-213a

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Mutilação das Hermas

Plutarco (Vita de Alcibiade, 18, 6)

AkroteriàzoAkroteriàzo

Tucidides (VI, 27, 1)

PròsopaPròsopa

Aristófanes

Se vocês têm juízo, vistam novamente Se vocês têm juízo, vistam novamente o manto, para que não os veja alguém o manto, para que não os veja alguém dos que têm a mania de mutilar as dos que têm a mania de mutilar as hermashermas. (Lisistrata, 1094-1095)

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Alcebíades

Temia a maioria a grande anormalidade [praticada] com relação a seu corpo.

TucídidesTucídides. Hist. VI.15. Hist. VI.15

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Criton 52d-53b

Sócrates- "Que fazes", diriam, "senão ladear as convenções e acordos que conosco firmaste sem coação, sem engodo, sem a urgência de resolver em tempo exíguo, mas através de setenta anos, durante os quais te era facultado emigrar, se nós te desprazíamos e se descobrisses serem injustas as convenções? Mas tu não preferiste nem Esparta nem Creta, que vives dizendo dotadas de boas leis, nem qualquer das outras cidades, gregas ou estrangeiras; daqui não te afasta-te mais do que os coxos, os cegos e outros mutilados, tanto, mais do que aos outros

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Criton 52d-53b

atenienses, te agradava a cidade, bem como nós, as Leis, evidentemente; pois a que agradaria uma cidade com exceção das leis? Agora, porém, não é? não manténs os compromissos! Sim, Sócrates, tu os manterás, se nos atenderes, e não te sujeitarás ao ridículo de abandonar a cidade. Vamos, reflete; ladeando os compromissos e cometendo semelhante falta, que benefício trarás para ti e para teus amigos? Que teus amigos também correrão o perigo serem exilados e privados de cidadania e de seus bens, está fora de dúvida; quanto a ti, para começar, se partires para

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Criton 52d-53b

uma das cidades mais próximas - digamos Tebas ou Mégara, que ambas têm boas leis- ali entrarás, Sócrates, como inimigo de suas instituições; todos quanto zelam por suas cidades te olharão de través, como um destruidor das leis; consolidarás a reputação de teus juízes, de sorte que pareçam haver-te julgado escorreitamente, porque todo violador das leis bem pode ser tido como corruptor dos jovens e dos levianos. Ou acaso evitarás, as cidades de boas leis e os homens mais morigerados? E valerá a pena viveres com esse comportamento? Ou entrarás em contato com eles

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Criton 52d-53b

e discorrerás, sem acanhamento... sobre o que, Sócrates? Sobre os teus assuntos daqui? Sobre o supremo valor que tem para a humanidade a virtude, a justiça, assim como a legalidade e as leis? E não achas que o papel de Sócrates se manifestará indecoroso? Tens de achar. Admitamos que, afastando-se desses lugares, vás para a Tessália, para junto dos hóspedes de Critão, porque lá sobeja a desordem e a licença, e quiçá gostariam de te ouvir contar como foi cômica a tua fuga da prisão, em travesti, metido num

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Criton 52d-53b

surrão de couro ou noutro disfarce habitual dos evadidos, e dissimulando esse jeito que é teu. Não haverá quem diga que, homem de idade, com pouco tempo provável de vida, não te pejaste de te agarres tão pegajosamente à existência, burlando as leis mais veneráveis?

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Processo a Sócrates

Sócrates é culpado diante da lei por não reconhecer os deuses que a cidade reconhece e por ter introduzido divindades novas; e é culpado ainda por corromper os jovens.

Xen. Mem. X 1.1.1

Os seus adversários acusaram-no no julgamento de não reconhecer os deuses que são reconhecidos pela cidade, e de, em sua vez, introduzir novas divindades e de corromper os jovens.

Xen. Ap. 10

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Processo a Sócrates

Sócrates - diz ele [Meleto] - é culpado de corromper os jovens e de não reconhecer os deuses que a cidade reconhece, mas, em sua vez, novas divindades.

Pl. Ap.24b-c

Ele, pelo que diz, sabe de que modo é que eu corrompo os jovens e quem são aqueles que eu corrompo. […] Diz ele que eu sou um criador de deuses e que, como crio novos deuses, não acredito nos antigos; essa é a razão pela qual fui indiciado por ele. É o que ele diz.

Pl. Euth.2c; 3b

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Platão. Carta VII

Quando moço,aconteceu comigo o que se dá com todos: firmei o propósito, tão logo me tornasse independente, de ingressar na política (...). Não passou muito tempo para me dar conta que aqueles homens faziam aparecer o governo anterior como uma idade de ouro. Entre outras coisas, ele decidiram que um amigo meu, mais velho do que eu, Sócrates, um homem que não hesito em considerar o mais justo entre todos de seu tempo, devesse ir junto com outras pessoas

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Platão. Carta VII

prender um cidadão condenado a morte: queria, desta forma, quisesse ele ou não, torná-lo cúmplice. Ele porém não quis obedecer e preferiu arriscar sua vida antes de ser envolvido em suas ações malvadas. E eu, vendo este e outros graves abusos, fiquei indignado e me mantive distante dessas ações nefandas.

Platão.Carta Sétima 324b-325a

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Platão. Carta VII

Aconteceu porém que algumas pessoas Aconteceu porém que algumas pessoas poderosas arrastaram o meu amigo Sócrates poderosas arrastaram o meu amigo Sócrates para o tribunal, com a acusação mais para o tribunal, com a acusação mais infamante e menos de todas adequada a uma infamante e menos de todas adequada a uma pessoa como ele: a acusação de impiedade, pessoa como ele: a acusação de impiedade, pela qual foi condenado e morto, apesar dele pela qual foi condenado e morto, apesar dele não ter participado da prisão de um dos não ter participado da prisão de um dos amigos deles, entre aqueles que então sofriam amigos deles, entre aqueles que então sofriam as penas do exílio.as penas do exílio.

Carta Sétima 325 c

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Platão. Carta VII

Observava tudo isso e os homens que se Observava tudo isso e os homens que se ocupavam de política, e as leis, e os costumes ocupavam de política, e as leis, e os costumes – e quanto mais eu observava e avançava nos – e quanto mais eu observava e avançava nos anos, tanto mais parecia difícil que pudesse anos, tanto mais parecia difícil que pudesse ocupar-me de política honestamente. Não se ocupar-me de política honestamente. Não se podia fazer nada sem amigos, sem podia fazer nada sem amigos, sem companheiros dignos de confiança, e era companheiros dignos de confiança, e era difícil achar amigos destes tipo entre as difícil achar amigos destes tipo entre as pessoas daquele tempo, dado que a cidade pessoas daquele tempo, dado que a cidade não era mais governada com base nosnão era mais governada com base nos

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Platão. Carta VII

costumes tradicionais, e era igualmente difícil criar costumes tradicionais, e era igualmente difícil criar novas usanças. Quanto às leis escritas e às regras, novas usanças. Quanto às leis escritas e às regras, elas estavam se corrompendo com extraordinária elas estavam se corrompendo com extraordinária rapidez, de tal maneira que apesar de desejar me rapidez, de tal maneira que apesar de desejar me ocupar da vida pública, vendo como tudo estava ocupar da vida pública, vendo como tudo estava desgovernado, acabei ficando perdido, me senti desgovernado, acabei ficando perdido, me senti desamparado; e todavia continuava a esperar que desamparado; e todavia continuava a esperar que pudesse haver uma melhoria nas usanças e nos pudesse haver uma melhoria nas usanças e nos costumes, e sobretudo no governo: e esperava a costumes, e sobretudo no governo: e esperava a ocasião propícia para agir.ocasião propícia para agir.

Carta Sétima 325 c-e

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Porta da Academia

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Proclus

‘‘Platão [...] deu um imenso impulso a Platão [...] deu um imenso impulso a toda a ciência matemática e em toda a ciência matemática e em particular à geometria, pelo apaixonado particular à geometria, pelo apaixonado estudo que a isso dedicou e que estudo que a isso dedicou e que divulgou quer recheando seus escritos divulgou quer recheando seus escritos de raciocínios matemáticos, quer de raciocínios matemáticos, quer despertando em toda parte a despertando em toda parte a admiração por estes estudos naqueles admiração por estes estudos naqueles que se dedicam à filosofia (In pr. que se dedicam à filosofia (In pr. Eucl. Eucl. P. 66 Friedl)P. 66 Friedl)

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Platão e a história da matemática

Platão é importante na história da Platão é importante na história da matemática principalmente por seu papel matemática principalmente por seu papel como inspirador e guia de outros e talvez a como inspirador e guia de outros e talvez a ele se deva a distinção clara que se fez na ele se deva a distinção clara que se fez na Grécia Antiga entre aritmética (no sentido de Grécia Antiga entre aritmética (no sentido de teoria do números) e logística (a técnica da teoria do números) e logística (a técnica da computação)computação)

BOYER, C. História da matemática. Brasília: Ed. da Universidade de Brasília, 1974, p. 63.

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Proclus sobre Tales

[Tales] foi o primeiro que, tendo ido ao [Tales] foi o primeiro que, tendo ido ao Egito – trouxe de lá esta doutrina e a Egito – trouxe de lá esta doutrina e a introduziu na Grécia, e ele próprio fez introduziu na Grécia, e ele próprio fez muitas descobertas e, de muitas, muitas descobertas e, de muitas, deixou uma idéia aos seus sucessores, deixou uma idéia aos seus sucessores, abordando alguns problemas de modo abordando alguns problemas de modo mais geral, e outros de modo mais mais geral, e outros de modo mais prático (prático (In Eucl.In Eucl. 65,3). 65,3).

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Platão e a história da matemática

Praticamente não existem documentos Praticamente não existem documentos matemáticos ou científicos até os dias de Platão no matemáticos ou científicos até os dias de Platão no quarto século a.C. No entanto, durante a segunda quarto século a.C. No entanto, durante a segunda metade do quinto século circularam relatos metade do quinto século circularam relatos persistentes e consistentes sobre um punhado de persistentes e consistentes sobre um punhado de matemáticos que evidentemente estavam matemáticos que evidentemente estavam intensamente preocupados com problemas que intensamente preocupados com problemas que formaram a base da maior parte dos formaram a base da maior parte dos desenvolvimentos posteriores na geometria.desenvolvimentos posteriores na geometria.

BOYER, C. História da matemática. Brasília: Ed. da Universidade de Brasília, 1974, p. 63.

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Platão. Carta VII

Enfim, compreendi que o mau governo era um Enfim, compreendi que o mau governo era um mal comum a todas as cidades, e que suas mal comum a todas as cidades, e que suas leis não eram curáveis se não com uma leis não eram curáveis se não com uma preparação extraordinária unida a muita sorte; preparação extraordinária unida a muita sorte; e fui obrigado a reconhecer que somente a e fui obrigado a reconhecer que somente a verdadeira filosofia permite distinguir o que é verdadeira filosofia permite distinguir o que é justo, tanto na vida pública como naquela justo, tanto na vida pública como naquela privada. Compreendi que as gerações privada. Compreendi que as gerações humanas não se libertarão dos males se antes humanas não se libertarão dos males se antes não chegarem ao poder os filósofos não chegarem ao poder os filósofos verdadeiros – ou se os governantes dasverdadeiros – ou se os governantes das

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Platão. Carta VII

cidades não se tornarem, por sorte divina, cidades não se tornarem, por sorte divina, filósofos.filósofos.

Com estes pensamentos na cabeça, vim para a Com estes pensamentos na cabeça, vim para a Itália e para a Sicília pela primeira vez. Mas logo Itália e para a Sicília pela primeira vez. Mas logo ao chegar, não gostei nada do estilo de vida que ao chegar, não gostei nada do estilo de vida que chamam de feliz: os freqüentes banquetes chamam de feliz: os freqüentes banquetes itálicos e siracusanos, se empanturrar de comida itálicos e siracusanos, se empanturrar de comida duas vezes ao dia e jamais dormir sozinhos à duas vezes ao dia e jamais dormir sozinhos à noite; enfim, todos os hábitos conexos a este noite; enfim, todos os hábitos conexos a este estilo de vida.estilo de vida.

Carta Sétima 326 a-b

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Platão. Carta VII

Com estes e muitos outros argumentos ele Com estes e muitos outros argumentos ele [Díon] me exortava a ir; nutria, todavia, alguns [Díon] me exortava a ir; nutria, todavia, alguns temores pois, tratando-se de jovens e temores pois, tratando-se de jovens e conhecendo seus impulsos volúveis e conhecendo seus impulsos volúveis e contraditórios, não sabia como pudesse contraditórios, não sabia como pudesse acabar; sabia todavia que Díon possuía um acabar; sabia todavia que Díon possuía um caráter sério e equilibrado apesar de sua caráter sério e equilibrado apesar de sua idade.idade.

Todavia hesitava, em dúvida se era o caso de Todavia hesitava, em dúvida se era o caso de escutá-lo e partir, ou não. Enfim decidi, escutá-lo e partir, ou não. Enfim decidi,

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Platão. Carta VII

pensado ser esta a ocasião mais adequada para pensado ser esta a ocasião mais adequada para traduzir em prática as doutrinas relativas às traduzir em prática as doutrinas relativas às constituições e ao governo do estado. Era suficiente constituições e ao governo do estado. Era suficiente que eu persuadisse um homem só, para que que eu persuadisse um homem só, para que pudesse fazer todo o bem possível.pudesse fazer todo o bem possível.

Com estes propósitos e com esta determinação, me Com estes propósitos e com esta determinação, me pus a viajar: não pelas razões que alguns pus a viajar: não pelas razões que alguns suspeitavam, mas por sentir vergonha de mim suspeitavam, mas por sentir vergonha de mim mesmo, mesmo, por parecer somente palavra frente a mim mesmo, e incapaz de me envolver em alguma , e incapaz de me envolver em alguma ação.ação.

Carta Sétima 328c-d

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Para não parecer Para não parecer somente palavra somente palavra

frente a mim mesmofrente a mim mesmo

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Platão. Carta VII

Foi assim que até aquela data eu trabalhei em Foi assim que até aquela data eu trabalhei em prol da filosofia e dos meus amigos. A partir de prol da filosofia e dos meus amigos. A partir de então, vivemos, eu e Dionísio, da seguinte então, vivemos, eu e Dionísio, da seguinte maneira: eu, olhando para fora, como maneira: eu, olhando para fora, como passarinho impaciente de escapar da prisãopassarinho impaciente de escapar da prisão; ; Dionísio, excogitando algum meio de Dionísio, excogitando algum meio de acalmarme, porém sem me entregar a menor acalmarme, porém sem me entregar a menor parcela dos bens de Dion. E contudo, a Sicília parcela dos bens de Dion. E contudo, a Sicília inteirinha nos tinha na conta de grandes inteirinha nos tinha na conta de grandes amigos.amigos.

Carta Sétima 347e348a