Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal...

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Universidade de São Paulo Escola de Comunicações e Artes Departamento de Relações Públicas, Turismo e Propaganda ATENTADOS NOS ESTADOS UNIDOS E TRAGÉDIAS NATURAIS NO JAPÃO: A ANÁLISE DO DISCURSO DO JORNAL NACIONAL EM EVENTOS SEPARADOS PELAS CAUSAS, PELO TEMPO E PELO ESPAÇO. Aída Fernanda Stockler Caio Collaro Manoel Gabriele Rodrigues Perobelli Janaina de Azevedo Adao Guilherme Iegawa Sugio Isabela Pagliari Brun Julia Isabel Miranda Travaglini Heitor Begliomini Tolisano Trabalho de Língua Portuguesa, Expressão Oral e Redação I Professora Doutora Roseli Aparecida Figaro Paulino 1

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Trabalho realizado na disciplina de Teoria da ComunicaçãoLíngua Portuguesa - Redação e Expressão Oral I, orientado pela Profa. Dra. Roseli Fígaro, pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Obs: a diagramação está com problemas. Estão faltando alguns questionários socioeconômicos.

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Universidade de São Paulo

Escola de Comunicações e Artes

Departamento de Relações Públicas, Turismo e Propaganda

ATENTADOS NOS ESTADOS UNIDOS E TRAGÉDIAS NATURAIS NO

JAPÃO:  A ANÁLISE DO DISCURSO DO JORNAL NACIONAL EM EVENTOS

SEPARADOS PELAS CAUSAS, PELO TEMPO E PELO ESPAÇO.

Aída Fernanda Stockler

Caio Collaro Manoel

Gabriele Rodrigues Perobelli

Janaina de Azevedo Adao

Guilherme Iegawa Sugio

Isabela Pagliari Brun

Julia Isabel Miranda Travaglini

Heitor Begliomini Tolisano

Trabalho de Língua Portuguesa, Expressão Oral e Redação I

Professora Doutora Roseli Aparecida Figaro Paulino

São Paulo, 2011

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AÍDA FERNANDA STOCKLER

CAIO COLLARO MANOEL

GABRIELE RODRIGUES PEROBELLI

JANAINA DE AZEVEDO ADAO

GUILHERME IEGAWA SUGIO

ISABELA PAGLIARI BRUN

JULIA ISABEL MIRANDA TRAVAGLINI

HEITOR BEGLIOMINI TOLISANO

ATENTADOS NOS ESTADOS UNIDOS E TRAGÉDIAS NATURAIS NO

JAPÃO:  A ANÁLISE DO DISCURSO DO JORNAL NACIONAL EM EVENTOS

SEPARADOS PELAS CAUSAS, PELO TEMPO E PELO ESPAÇO.

Trabalho apresentado à disciplina de Língua Portuguesa, Expressão Oral e

Redação I, ministrada pela Professora Doutora Roseli Aparecida Figaro

Paulino, como parte do requisito para composição da nota final referente ao

primeiro semestre do ano de 2011.

São Paulo,

2011

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SUMÁRIO

1. Introdução

2. O telejornalismo

2.1. O início da televisão brasileira

2. 2. Tv no Brasil: as fases do desenvolvimento

2. 3. A Rede Globo

2. 4. O telejornalismo no Brasil

2. 4. 1. Primeiros passos

2. 4. 2. “O seu repórter Esso”

2. 4. 3. O telejornalismo e a ditadura militar

2. 4. 4. A era digital

3. O Jornal Nacional

3.1. História e evolução do Jornal Nacional.

3.2. Estilo, estrutura e narrativa do Jornal Nacional.

3.3. A linguagem do Jornal Nacional

3.4. Análise Sociolinguística do Jornal Nacional

4. As tragédias analisadas

4. 1. Histórico do ataque terrorista ao World Trade Center

4. 2. Histórico do Terremoto do Japão de 2011

4. 2. 1. Definições

4. 2. 1. 1. Terremoto

4. 2. 1. 2. Tsunami

4. 2. 1. 3. Radioatividade

4. 2. 2. O Terremoto e Tsunami do Japão de 2011

5. Pesquisa e análise sobre a teoria dos valores notícia

análise da edição do jornal nacional de 11 de março de 2011 dentro dos

parâmetros da Teoria dos Valores Notícia

5. 2. De acordo com o impacto

5. 2. De acordo com a empatia com a audiência

6. Análise do discurso

6.1. Terremoto e Tsunami no Japão, ordem das reportagens

6. 2. Ataques ao World Trade Center e ao pentágono: ordem das reportagens

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6. 3. Comparações:

6. 3. 1. A linguagem e as coincidências

6. 3. 2. A linguagem e as diferenças

6. 4. A análise do discurso: as teorias da construção de significados

6. 5. Tabela: número de vezes em que algumas palavras aparecem nas

edições do jn

7. Decupagem das edições analisadas

7.1. Decupagem da edição do jornal nacional de 11 de setembro de 2001

7.2. Decupagem da edição do jornal nacional de 11 de março de 2011

8. 1. Entrevistas

8. 1. 1. Classe a

8. 1. 2. Classe b

8. 1. 3. Classe c

8. 1. 4. Classe d

8. 1. 5. Classe e

8. 2. Entrevistas analisadas

8. 3. Análise sociolinguística das entrevistas realizadas

9. Conclusão

10. Referências Bibliográficas

11. Anexos

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como principal objetivo apresentar uma análise sobre

a cobertura telejornalística do programa Jornal Nacional em duas grandes

tragédias que marcaram nossas vidas: o atentado terrorista aos Estados

Unidos, ocorrido em 11 de Setembro de 2001, e os tsunamis que devastaram o

território japonês em 11 de Março de 2011.

A partir desse tema pretendemos analisar através da sociolinguística o

falar da sociedade brasileira realizando para isso entrevistas em pesquisa de

campo. Junto a essas analises avaliaremos a percepção das tragédias nesse

trabalho abordadas pela população de acordo com o veículo jornalístico mais

popular, o telejornal. Para representar o telejornalismo utilizaremos em nossas

análises o programa Jornal Nacional, líder de audiência e referência na

imprensa nacional.

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2. O TELEJORNALISMO

2.1. O INÍCIO DA TELEVISÃO BRASILEIRA

Sua estréia no Brasil foi em São Paulo, 18 de Setembro, de 1950.

Naquela época, o meio de comunicação mais popular no país era o rádio, e por

isso, a televisão brasileira teve de submeter-se a influência do mesmo,

utilizando seu formato, estrutura, seus artistas e técnicos.

Sua implantação ocorreu quando Assis Chateaubriand, em fevereiro de

1949, conseguiu junto à empresa americana RCA Victor, uma média de 30

toneladas de equipamentos considerados necessários para a montagem da

emissora, e também designou quatro diretores responsáveis pela implantação

da mesma: Dermival Costa Lima coordenador do projeto, Mário Alderighi,

Cassiano Gabus Mendes e George Henry, maestro francês.

A TV-Tupi foi a pioneira e cerca de dois anos antes de sua instalação em

São Paulo, os Diários Associados, almejando melhores resultados com a

inauguração da televisão no Brasil, começaram a difundir uma espécie de

campanha na qual passaram a divulgar que estava para chegar a televisão, ou

o “cinema a domicilio”, como explicavam aos leitores o que seria aquele novo

símbolo de modernidade.

Desde seu inicio, a televisão brasileira tem algumas características: com

exceção das emissoras estatais, o controle acionário das emissoras, voltado

para o lucro, concentra-se nas mãos de uns poucos grupos familiares; todas as

403 geradoras (emissoras comerciais), as 23 emissoras da rede educativa e

mais de 12 mil retransmissoras em funcionamento, sediam-se em áreas

urbanas.

Todavia, também podemos dizer que o tradicional modelo privado de

radiodifusão brasileiro, evoluiu para o que se pode chamar de um sistema

misto, onde os espaços vazios deixados pela livre iniciativa são ocupados pelo

Estado, o qual opera canais destinados a programas educativos.

A concessão de licenças para a exploração de canais sem um plano pré

estabelecido deve ser uma das causas atribuídas ao crescimento inicial da

televisão, a partir de 1950.

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Porém, somente após o golpe militar de 1964, ainda durante a

administração de Juscelino Kubitschek, ocorreu a proliferação de estações de

televisão. Depois do estabelecimento do Ministério das Comunicações, em

1967, o processo de concessão de licenças passou a levar em conta não

apenas as necessidades nacionais, mas também os objetivos do Conselho

Segurança Nacional, de promover o desenvolvimento e integração nacional.

Entretanto, o favoritismo político nas concessões de canais de TV prolongou-se

até o governo da Nova Republica, de José Sarney.

Uma curiosidade que podemos destacar, é que durante as duas

primeiras décadas de nossa televisão, os programas e telejornais eram

identificados pelo nome do patrocinador, como por exemplo, os programas:

“Sabatina Maizena”, “Teatrinho Trol” e “Gincana Kibon”; e os jornais:

“Reportagem Ducal”, “Telenotícias Panair”, “Telejornal Pirelli”, “Telejornal

Bendix” e “Repórter Esso”.

Vale ressaltar que o governo brasileiro sempre esteve entre os maiores

anunciantes do pais, em consequência, aumentando sua influência sobre os

veículos.

2. 2. TV NO BRASIL: AS FASES DO DESENVOLVIMENTO

Para melhor caracterizar e compreender a trajetória e o

desenvolvimento da televisão brasileira, podemos didaticamente dividi-la em

sete fases, na qual cada uma corresponde a um período definido a partir de

acontecimentos que servem de referencia.

Deste modo, verificamos as seguintes fases:

I. A fase elitista (1950 – 1964), quando o acesso do aparelho de

televisão pertencia somente a elite, por este ser considerado um luxo;

II. A fase populista (1964-1975), quando grande parte da

programação era baseada em programas de baixo nível e programas de

auditório, e a televisão era considerada grande símbolo de modernidade;

III. A fase do desenvolvimento tecnológico (1975-1985), quando,

visando a exportação, as redes de TV se aperfeiçoaram e com

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profissionalismo, começaram a produzir seu próprios programas com estimulo

de órgãos oficiais.

IV. A fase da transição e da expansão internacional (1985-1990),

quando se intensificam as exportações de programas, durante a Nova

República;

V. A fase da globalização e da TV paga (1990-2000), quando a

televisão se adapta aos novos rumos da redemocratização e o país busca a

modernidade a qualquer custo;

VI. A fase convergência e da qualidade digital (2000-2010), quando a

tecnologia apontou para uma interatividade cada vez maior dos meios de

comunicação, principalmente a televisão, com a internet e outras tecnologias

de informação. Também é adotado o sistema de televisão digital, onde a

qualidade da imagem televisiva é superior a do sistema analógico;

VII. A fase da portabilidade, mobilidade, interatividade digital (2010-),

quando o mercado de comunicação e o modelo de negocio vão se reestruturar,

devido ao espaço ocupado pelas novas mídias.

2. 3. A REDE GLOBO

A Rede Globo nasce em 26 de abril de 1965 com concessão outorgada

de Juscelino Kubitschek. O dono era Roberto Marinho (dono também do jornal

O Globo) que faz, então, um acordo com a Time-Life, que investia em

emissoras de televisão na América Latina. Porém a parceria é logo desfeita

devido a ilegalidade pela Constituição. Porém, isso não só rendeu audiência

para a Rede Globo devido a briga com a TV Tupi para que a parceira fosse

desfeita como uma vantagem de seis milhões de dólares enquanto a Tupi tinha

sido montada em trezentos mil dólares.

Após adquirir a emissora no Rio de Janeiro, Roberto Marinho adquiriu a

TV Paulista e as Organizações Victor Costa lembrando que a rede nacional

ainda era inexistente.

No dia 26 de abril de 1965 vai ao ar a primeira telenovela, o primeiro

infantil e o primeiro telejornal chamado Tele Globo. Em busca de audiência

das classes mais populares, lançou-se novas programas como “Dercy

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Espetacular” e “Buzina do Chacrinha” e contava com o Sílvio Santos, que era

líder absoluto de audiência. Junto com a audiência adquirida, a emissora

começou a atrair grande elenco de artistas como Francisco Cuoco, Regina

Duarte e Jô Soares.

Em 1969 a emissora se torna pioneira lançando, através do novo

sistema de ondas microondas Embratel, o Jornal Nacional com o papel de

integração do Brasil pela notícia que no ínicio, era apresentado por Cid Moreira

e Hilton Gomes.

Em 70, é pioneira na transmissão da Copa do México e lança uma

novela que vira mega-sucesso, Os Irmãos Coragem.

Em 1972, a Rede Globo foi pioneira na implantação da TV em cores no

Brasil e fortalecida, começa a mudar seu perfil e extinguir os programas

populares. Silvio Santos sobreviveria por mais 4 anos porém como seu

programa era independente, a emissora não podia lucrar com o seu público,

uma das razões das quais ele sai da Globo. Em 73, surge o Globo Esporte,

Globo Repórter e Fantástico é nessa época que José Bonifácio de Oliveira

Sobrinho (o Boni) cria o “Padrão Globo de Qualidade”. Nos anos 70, a Globo

reina sem concorrência com a Excelsior falida e a Tupi em decadência. O

Jornal Nacional e o Fantástico eram sucessos absolutos.

Em 80, com a Manchete e o SBT/TVS, a Globo perde sua hegemonia

mas não sua soberania pois continua líder. Em 1995, a Globo inaugura, em

Jacarepaguá, o Projac que se torna o maior centro de produção de televisão da

América Latina.

Hoje, em 2011, a Globo é a principal emissora do país cobrindo 99,84%

dos municípios brasileiro através de 113 emissoras (incluindo afiliadas). Foi

pioneira nas transmissões a cores e internacionais e na integração nacional

através da notícia (com o Jornal Nacional). Continuou produzindo não só

novelas de sucesso, como também minisséries e especiais totalizando 4420

horas de produção própria por ano, o que a faz a maior produtora de

programas próprios de televisão do mundo, além de ficar com jornalismo 24

horas no ar. Com slogans como “A Globo 90 é nota 100” e “Quem tem Globo,

tem tudo”, a Rede Globo passou a cada vez mais se manter no topo e

permanecer na vida do brasileiro.

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2. 4. O TELEJORNALISMO NO BRASIL

2. 4. 1. Primeiros passos

Criado em meados dos anos 40 nos Estados Unidos como uma forma

de veicular fatos e notícias através do promissor meio televisivo, e, inspirado no

já consagrado rádio, o telejornalismo inovou ao agrupar imagens e sons às

informações e passou a ser um dos principais meios de transmissão de

notícias por todo o mundo.

A história do telejornalismo brasileiro se confunde com a chegada da

televisão no Brasil. No dia 19 de setembro de 1950, apenas um dia após a

inauguração da primeira emissora de TV Tupi, foi ao ar, às 21h30, aquele que

seria considerado o primeiro telejornal da história do país, o “Imagens do Dia”.

Com apresentação do jornalista Maurício Loureiro Gama (1912-2004), o

programa exibia imagens sem edição sobre acontecimentos do dia e durava o

tempo necessário para a exibição de todas as imagens. Os intervalos eram

enormes, o que cansava os telespectadores, muitos chegaram a afirmar que a

televisão tinha data marcada para sair do país. A linguagem ainda era a

mesma praticada nos programas de rádio, frases longas, com muitos adjetivos

que detalhavam o assunto tratado, o locutor narrava os acontecimentos

exatamente como eles haviam ocorrido.

Há época, segundo Piccinin, havia duas correntes telejornalísticas que

norteariam o estilo internacionalmente, o modelo europeu e o modelo norte

americano. O primeiro deles praticava o telejornalismo engajado e partidário,

apoiando correntes políticas abertamente, mas com espaço para

manifestações de diversos pontos de vista. Já nos Estados Unidos, o

telejornalismo seguia a linha “clean”, supostamente imparcial e objetiva, mas

que escondia em sua edição o monopólio do mercado e a manipulação da

informação. O telejornalismo brasileiro se aproximou do estilo consagrado

pelos norte-americanos.

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Apesar das previsões negativas e mesmo sendo inacessível para a

maioria da população, o valor de um aparelho de televisão chegava a ser três

vezes maior do que o mais moderno rádio disponível no mercado, o

eletrodoméstico conquistou o público. O contexto político-econômico da década

de 50 foi fundamental para que isso acontecesse. O país passava por um

importante processo de desenvolvimento, a indústria crescia intensamente, os

centros urbanos começavam a tomar forma através das atividades comerciais,

financeiras, do terceiro setor e educacionais. Tudo era favorável a adesão do

novo meio de comunicação.

2. 4. 2. “O Seu Repórter Esso”

Como dito anteriormente, os primeiros telejornais traziam consigo o

nome de seu patrocinador. Em 01 de abril de 1952, patrocinado pela gigante

petrolífera norte americana Standart Oil Company of Brazil, a Esso, o telejornal

mais icônico da história do Brasil, o “Repórter Esso”, foi ao ar pela primeira vez.

Vindo de uma bem sucedida trajetória no rádio, onde fora criado pelo

Departamento de Imprensa e Propaganda, durante o governo Getúlio Vargas,

com o objetivo de fazer propaganda cultural e ideológica dos Estados Unidos

para o povo brasileiro, o telejornal trazia a pontualidade aliada à credibilidade, e

que até hoje são dois pontos essenciais ao telejornalismo. Com a frase de

abertura “Aqui fala o seu repórter Esso, testemunha ocular da história”, o

noticiário televisivo era o que hoje é chamado de praça TV, ou seja, um

telejornal regional, porém todos com o mesmo padrão. Em São Paulo, o mítico

anúncio era feito pelo apresentador Khalil Filho (1930-1970). Já no Rio de

Janeiro, a imagem de Gontijo Teodoro (1924-2003) ficou marcada como o mais

popular dos repórteres Esso. O “Repórter Esso” estabeleceu um paradigma de

sucesso de audiência e aprovação do público na história do jornalismo,

permanecendo no ar por 18 anos.

Apesar do regionalismo, os telejornais ainda mantinham o sotaque de

“lugar nenhum”. O primeiro informativo televisivo a quebrar esse padrão vocal

foi o Jornal Excelsior, exibido pela TV Excelsior e que depois viria a se chamar

Jornal de Vanguarda.

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2. 4. 3. O Telejornalismo e a Ditadura Militar

Em março de 1964 foi instaurada no Brasil a ditadura militar. O novo

regime, através da censura, mudou drasticamente o curso da história da

televisão e do telejornalismo brasileiros. As emissoras, que operavam canais

concedidos pela administração federal, a partir de 1964, ficaram diretamente

submetidas aos interesses do governo controlador. Foi uma época em que o

cuidado com o que era noticiado era imprescindível, uma vez que, a exibição

de questões políticas poderia ser considerada “desfavorável” ao governo militar

e acabar prejudicando a emissora.

Ainda em 1964, o Ato Institucional N°5, mais conhecido por AI-5, põe fim

a fase expansionista do telejornalismo brasileiro. Sem alternativa, os telejornais

adotaram de vez o modelo norte-americano que dispensava a participação de

jornalistas na apresentação, que, por sua vez, mais parecia com o estilo

consagrado pelo rádio, a locução, e reforçando a figura do âncora. Mesmo com

os avanços técnicos, o telejornalismo e a produção das notícias permaneceram

engessados devido às interferências políticas e à falta de estilo próprio. A

censura aos meios de comunicação promovida pela ditadura militar colocou o

telejornalismo na arbitrária posição de crescer ou morrer.

De acordo com Rezende, “sobre política, a televisão foi omissa ou, como

querem os produtores de seus noticiários, obrigada a ficar omissa, reservando

os seus horários mais nobres para a lacrimonisidade das telenovelas(...)”

(Rezende, 2000:115).

Ao mesmo tempo, as telecomunicações configuravam um importante

influenciador da opinião pública. Naquele ano já se contabilizava no Brasil

mais de 1.600.000 aparelhos televisores e o alcance cada vez maior da

televisão era estratégico para a promoção do novo governo. Assim surge a

Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações), que interligou o Brasil

através de um sistema de rotas de microondas e estabeleceu a estrutura

necessária para a criação de emissoras de abrangência nacional.

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A década de 70 trouxe novo fôlego ao ramo. Em 1 de setembro de 1969,

entrava no ar pela Rede Globo de Televisão o “Jornal Nacional”. Com estúdio

no Rio de Janeiro, mas transmitido ao vivo para outras cinco capitais, São

Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Brasília, o novo programa

carregava consigo um ineditismo em se tratando de técnicas de filmagem,

produção e exibição. O nobre objetivo de integração do território nacional

também escondia uma suspeita afinidade com o governo militar. O sucesso do

“Jornal Nacional” contrastava diretamente com a decadência do ex-líder de

audiência “Repórter Esso”, que acabou por encerrar suas exibições em 31 de

dezembro de 1970.

O surgimento do “Jornal Nacional” representou um divisor de águas na

história do telejornalismo brasileiro. Apesar das arbitrariedades políticas

presentes na redação, o telejornal aperfeiçoou o gênero ao eliminar o improviso

e criou um novo padrão de qualidade que serviria como parâmetro para todas

as outras emissoras dali em diante, o chamado “padrão Globo de qualidade”.

“Claro que não foi a Globo que criou o telejornalismo, mas foi ela que eliminou o

improviso, impôs uma duração rígida no noticiário, copidescou não só o texto

como a entonação e o visual dos locutores, montou um cenário adequado, deu

ritmo à notícia, articulando com excelente “timing” texto e imagem(...)”

(REZENDE, 2000:113)

No início dos anos 80, com a decadência da ditadura militar, os

telejornais voltaram a ganhar espaço e, por fim, consolidaram-se como veículos

de comunicação legítimos. A abertura política e o afrouxamento da censura

incentivaram o surgimento de novos programas de conteúdo jornalístico.

Surgiram o “Vox Populi” na TV Cultura, o “Diário Nacional” na Record, o “Jornal

da Manchete” e o “Telejornal Brasil”, nas recém criadas Rede Manchete e SBT

(Sistema Brasileiro de Televisão), respectivamente. A década de 80 também foi

marcada pelo encerramento das atividades da TV Tupi, que devido a

problemas administrativos e financeiros teve sua concessão cassada pelo

governo federal.

Grandes transformações políticas ocorriam paralelamente às mudanças

no telejornalismo brasileiro. A campanha das “Diretas Já”, defendendo a volta

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do governo civil e do voto direto, foi o grande marco midiático dos anos 80.

Porém, acostumadas ao “silêncio conveniente” do auge da ditadura, muitas

redações de telejornais ainda se autocensuravam e não deram a devida

cobertura aos movimentos revolucionários.

Por fim em 1985, a ditadura militar chegou ao fim.

2. 4. 4. A Era Digital

Os telejornais dos anos 90 foram marcados pelo dinamismo e adaptação

impostos pelo advento da internet e a popularização da TV a cabo. Devido à

maior oferta de conteúdo, os telejornais consagrados não alcançavam mais

recordes de audiência, como era comum. Essa queda de pontos, ao contrário

do que pode parecer, não representava a decadência do telejornalismo, mas

sim, uma mudança no perfil do telespectador, que passou a procurar modelos

cada vez mais específicos e próximos ao seu estilo de vida. Também, o

telejornal volta a ter tom de denúncia, rompendo definitivamente com as

amarras da censura.

Hoje, com o avanço das mídias digitais, os telejornais tentam se adaptar

à emergência da sociedade em rede. A globalização provocou o aumento da

velocidade do fluxo de informações a um nível nunca antes imaginado. A

internet e as novas tecnologias permitiram ao telespectador desenvolver seu

próprio conteúdo jornalístico. O contexto da era digital sentenciou o modelo

tradicional de telejornal, não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. Foi

necessário rever velhos métodos que já não satisfaziam às exigências da nova

sociedade brasileira. Os noticiários se tornaram mais ágeis e atrativos, uma vez

que o telespectador poderia já ter visto a notícia nos sites de internet.

A relação entre o telejornal e seu público, que antes de dava somente no

horário de exibição, foi ampliada com a possibilidade de contato através do

ciberespaço. A internet se tornou, ao mesmo tempo aliada e concorrente do

telejornalismo.

As novas tecnologias transformaram o telejornal no modelo que vemos

hoje, mais interativo, mais pessoal, mas ainda ligado a certos valores

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tradicionais e submetido aos interesses políticos e organizacionais das

emissoras.

A trajetória do telejornalismo no Brasil pode ser resumida em cinco

períodos distintos, desde o improviso típico da década de 50, passando pelo

retrocesso causado pela censura durante a ditadura militar nas décadas de 60

e 70, a padronização e consagração da identidade telejornalística brasileira na

década de 80, a década de 90 e o surgimento de novas possibilidades de

transmissão de notícia e, finalmente, chegando aos anos 2000 que são

marcados pelo dinamismo e interatividade dos telenoticiários.

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3. O JORNAL NACIONAL

O Jornal Nacional é um telejornal transmitido pela Rede Globo de

Televisão. Atualmente o JN vai ao ar de segunda a sábado, entre 20 e 21

horas. Está entre os programas mais vistos na televisão brasileira e é

referência de telejornalismo no país, por sua história, credibilidade e audiência.

O programa também é reconhecido por seu pioneirismo. Foi o primeiro

telejornal a ser transmitido em todo Brasil, o primeiro a apresentar reportagens

em cores e utilizar o som direto. Fo também o primeiro a fazer transmissões

externas ao vivo, o primeiro a fazer transmissões internacionais ao vivo, em

1994.

Apresentando características emblemáticas, como seu cenário, seus

apresentadores, sua estrutura e sua linguagem, o Jornal Nacional passou a

fazer parte da sociedade brasileira. É reconhecido internacionalmente por suas

capacidades jornalísticas, porém é reconhecido principalmente no território

nacional como o melhor telejornal brasileiro.

3.1. HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO JORNAL NACIONAL.

Em 1º de setembro de 1969 foi ao ar o primeiro telejornal transmitido em

rede nacional no Brasil, líder de audiência e referência na imprensa nacional, o

Jornal Nacional. Era gerado na sede da TV Globo, no Rio de Janeiro, e

retransmitido para todas as emissoras da rede, que se localizavam em vários

pontos do país.

Essa primeira edição foi apresentada pelos jornalistas Cid Moreira e

Hilton Gomes que anunciavam “o Jornal Nacional, da Rede Globo, um serviço

de notícias integrando o Brasil Novo”.

O JN foi o primeiro a apresentar reportagens em cores e a usar som

direto, o que o diferenciava dos outros telejornais já existentes. Isso fez Cid

Moreira encerrar a primeira edição com uma frase de efeito: “É o Brasil ao vivo

aí na sua casa. Boa Noite.” O estilo da linguagem utilizada, a narrativa, a

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estrutura e a figura de repórter de vídeo eram de inspirações de telejornais

norte-americanos.

O primeiro slogan utilizado pelo Jornal Nacional, “a notícia unindo seis

milhões de brasileiros”, demonstra uma função que vai além de noticiar fatos, o

objetivo de realmente unir toda a nação brasileira. Assim, as notícias e matéria

deveriam ser de interesse geral e não regional.

Em 1964 se instaura a ditadura militar no Brasil, que só teria fim em

1985. Nove meses antes da estréia do programa, em dezembro de 1968 foi

decretado o AI-5, enrijecendo a censura. Portanto o Jornal Nacional surge em

um momento crítico do jornalismo. Porém, o conceito de um jornal que

englobasse toda a nação era agradável ao governo militar, o qual queria

construir a imagem de país forte, grande e unificado.

Ao longo do tempo, o Jornal Nacional adquire mais adeptos e

telespectadores, aumentando a audiência. De acordo com Chystus, “a Globo

atingiu seu objetivo de tornar-se um modelo para o telejornalismo brasileiro –

mais que isso, tornou-se o modelo único no país de linguagem completamente

diversa” (Chystus apud Mendes, 2006:15).

Em 1977 o Jornal Nacional consegue as primeiras imagens ao vivo do

lado de fora do estúdio, utilizando pela primeira vez equipamentos portáteis.

Uma transmissão ao vivo internacional só aconteceu em 1991, no conflito do

Golfo. E em 1994 a Copa do Mundo é ancorada ao vivo do país-sede, os

Estado Unidos. Um grande passo na história do telejornalismo brasileiro dado

em 17 anos.

No ano de 2000 a transmissão do Jornal Nacional passa a ser feita

diretamente da redação, que é usada como cenário o que pode ser

emblemático.

Em 2001, ano do ataque ao World Trade Center, o JN foi indicado para o

Prêmio Emmy por sua cobertura dos atentados do 11 de setembro. Naquele

dia, sete em cada dez famílias brasileiras estavam sintonizadas no telejornal. É

ainda neste ano que acontece a estréia da página online do programa,

marcando o encontro do telejornalismo com a era digital.

17

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Cinco anos depois, mais um marco na história do telejornalismo

envolvendo o JN: o primeiro brasileiro, Marcos Pontes, viaja até o espaço e o

programa o entrevista em um link direto com a Estação Espacial Internacional.

Hoje o Jornal Nacional além de um telejornal poderia também ser

classificado com um webjornal ou mobilejornal, devido ao alcance do

programa. A televisão chega à internet e o celular carregando consigo o

telejornalismo e o JN.

Com 42 anos de existência, o Jornal Nacional manteve alta sua

audiência, sendo referência na imprensa nacional, transmitindo valores e

unindo a nação brasileira em torno da televisão, diariamente às 20 horas e 30

minutos. Com um histórico de pioneirismo e exclusividade, o programa segue

como destaque na televisão brasileira e da vida da população.

3.2. ESTILO, ESTRUTURA E NARRATIVA DO JORNAL NACIONAL.

O Jornal Nacional, como um telejornal de destaque, assim se caracteriza

devido à sua constante e elevada audiência que, por sua vez, é alcançada

através da identificação que existe entre a população e o programa. Segundo

Gomes, “o programa se relaciona com a sua audiência a partir da construção

de um estilo, que o identifica e que o diferencia dos demais” (Gomes apud

Mendes, 2006:16).

O estilo, que causa a identificação, é composto por características como

a temática, o formato, a estrutura, o cenário, os apresentadores, a linguagem,

entre outros.

A temática e a estrutura do jornal nacional, como já dito, receberam

influências dos telejornais norte-americanos, e apesar de pequenos ajustes no

formato o JN desde seu surgimento segue a mesma linha. O jornal sempre

abordou os assuntos obedecendo a uma escala, como se estivessem em

tópicos: notícias pontuais, política, economia, esportes, sociedade, ciência,

serviços (previsão do tempo, cotação da bolsa de valores...), etc., não

necessariamente em ordem, nem abordando sempre todos esses temas.

Atualmente, o programa ainda apresenta notícias por tema, mas não obedece

18

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escala, os assuntos são aleatórios. As notícias mais importantes ainda são

apresentadas primeiro. Para Camacho,

“A TV Globo faz um telejornal programado para ser o líder do gênero no país

com base em pesquisas rigorosas. De acordo com essas pesquisas, o

telespectador brasileiro, que é diferente do americano, gosta de noticiários em

linguagem simples, com apresentadores fixos e baseados principalmente em

reportagens de serviço, comportamento, saúde, meio ambiente, além de

ciência e tecnologia. Isso chama mais a atenção do que assuntos tidos como

sérios por telespectadores educados.”

O formato do Jornal Nacional se manteve praticamente o mesmo: dois

apresentadores, atrás de uma bancada lêem e comentam notícias, apresentam

reportagens externas realizadas pelos jornalistas, ao vivo ou não. O programa

é composto de notícias curtas, e tempo de duração do telejornal é de no

máximo meia hora e a divisão é baseada em blocos, começando com notícias

de impacto e terminando com assuntos leves.

Existe a constante presença de comentários e depoimentos de

especialistas e a sustentação por números, dados estatísticos e gráficos, o que

acrescenta ao formato do telejornal uma característica didática.

O programa se diferencia de outros telejornais, segundo Gomes (2005)

porque repórteres frequentemente gravam as notícias e as reportagens dos

locais de acontecimento. Esses repórteres são chamados de “enviados

especiais”. Isso só possível devido à capacidade econômica e tecnológica da

TV Globo. A idéia de onipresença do JN acrescenta efeito de credibilidade ao

jornal.

O Jornal Nacional, que atualmente tem trinta minutos de duração, é

estruturado em três ou mais blocos, de aproximadamente dez minutos. Esses

valores podem variar para mais de acordo com a relevância das notícias do

dia. Por exemplo, no dia 11 de março de 2011, data em que aconteceu o

Terremoto No primeiro bloco, os apresentadores começam com a data do dia e

então anunciam as manchetes das notícias das quais tratarão ao longo do

programa, com a música tema do programa tocando ao fundo. Ao fim da

apresentação das manchetes, os apresentadores miram a tela de forma fixa e

19

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convocam o público: veja agora, no Jornal Nacional. Esse pequeno texto

evidencia a estratégia de aproximação com o público.

Após a vinheta, um dos apresentadores inicia a apresentação das

notícias com o famoso e emblemático “boa noite”, que é repetido com maior

ênfase ao fim da edição. Emblemático, pois acentua mais uma vez a

aproximação entre o jornal e os telespectadores. Apresentam-se, portanto,

importantes componentes da identificação entre público e programa.

O cenário, a partir de 2000, é composto por uma bancada em uma

espécie de mezanino dentro da redação do programa. Segundo o site do

programa, que descreve a trajetória do Jornal Nacional, em 2000

“O jornal sai do estúdio e passa a ser apresentado de dentro da redação. O

telespectador pode ver a equipe envolvida na realização do telejornal, tanto na

abertura quanto no início e fim de cada bloco. Um conceito que leva para

dentro da casa do público a própria redação do Jornal Nacional”.

Sendo o cenário a própria redação do jornal, é gerada a sensação de

aproximação do telespectador com o programa e causa efeito de credibilidade

ao jornal, já que a redação é o local onde está sendo recebida, escrita e gerada

a notícia. O telespectador, assistindo a isso tem a percepção de que a notícia é

verdadeira.

Além disso, os apresentadores ficam acima da redação, causando efeito

de que eles estão acima da produção da notícia. Ao fundo, um mapa-múndi em

três dimensões – que a partir de 2010, passa a se movimentar com o uso de

tecnologia digital. Porém, a tecnologia digital aparece desde o início da década:

imagens aparecem ao lado dos apresentadores, representando o tema do qual

trata a notícia. Para isso, faz-se utilização do efeito Chroma-key, uma espécie

de projeção. Os papéis que serviam de roteiro e guia para os apresentadores,

são substituídos por computadores. Ao final da edição em que esse cenário é

utilizado pela primeira vez, William Bonner, atual apresentador comenta sobre

o novo cenário que

“Esse 26 de abril foi um dia especial no jornal nacional, o dia em que nós

passamos a apresentar as principais noticias do Brasil e do mundo aqui, o

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ambiente da nossa redação de jornalismo. E este novo cenário chegou como um

presente, porque nesse 26 de abril de 2000 nós estamos comemorando o

aniversário de um parceria, os 35 anos da TV globo, os 35 anos da Globo com

você.”

Para comemorar os 40 anos do programa no ar, o cenário ganha

inovações, acompanhando as evoluções tecnológicas. No fundo da redação,

uma série de televisões de tela plana apresenta imagens relacionadas às

reportagens. O mapa-múndi ganha movimento e os computadores são

trocados por edições mais recentes.

O JN sempre foi apresentado por uma dupla de âncoras. Cid Moreira e

Hilton Gomes foram os primeiros. Cid Moreira e Sérgio Chapelin formaram a

dupla que por mais tempo apresentou o programa. Posteriormente, assumiram

William Bonner e Lillian Witte Fibe, que por sua vez passou a bancada para

Fátima Bernardes, formou-se então o casal mais conhecido do telejornalismo,

Willian Bonner e Fátima Bernardes, que estão até hoje no comando da

apresentação. A escolha de Fátima no lugar de Lilian configuraria uma

reedição do "casal telejornal" Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, que por muito

tempo foi marca registrada da TV Manchete.

Willian e Fátima já eram casados quando assumiram juntos a

apresentação do programa. Isso gera efeito de um jornal feito por uma família

para outra família, a brasileira, contribuindo para a identificação entre público e

programa. Gomes conclui que

“O exemplo de casal feliz, bonito e bem sucedido é uma peça fundamental na

composição do território limpo, discreto, quase asséptico do programa.

Durante todo jornal, Fátima e Bonner permanecem sentados em suas

bancadas, quase não gesticulam e nem falam entre si. O casal ‘não chama

atenção’, porque ali o espaço de protagonista parece ser reservado apenas

para a ‘notícia’.” (Gomes apud Mendes, 2006:19).

Por muito tempo não houve comunicação entre os apresentadores em

frente às câmeras. Porém, com o passar do tempo e com a grande aprovação

do público – por ser um jornal de família – agora são feitos comentários, há

trocas olhares, há mais naturalidade na apresentação das notícias. Isso 21

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poderia afetar a imparcialidade imposta ao jornal e até mesmo a credibilidade

do programa.

O JN encerrou o ano de 2010 com a pior audiência de sua história. Isso

poderia ser atribuído às mudanças que vêem ocorrendo atualmente no

programa, como a naturalidade mais presente na apresentação. Porém a

principal causa é dada às novelas que antecede e procede ao telejornal na

programação da TV Globo. Essa acusação é possível já que o índice de

audiência do programa varia de acordo com o índice das novelas. É comum

aumentar o número de telespectadores do jornal quando o fim de uma novela

está próximo. O que aconteceu em 2010 e em muitos outros anos foi uma

oscilação no número de público das novelas que desestabilizou a índice do

programa.

3.3. A LINGUAGEM DO JORNAL NACIONAL

Outro fator do programa que vem se alterando ao longo de sua jornada,

é a linguagem utilizada. Por ser um jornal, a linguagem se mantém formal,

porém o Jornal Nacional sempre buscou um tom coloquial e de fácil

entendimento, se afastando dos clássicos telejornalísticos.

De acordo com Mendes (2006), a linguagem do telejornalismo é híbrida,

pois pretende ser coloquial como a fala, mas precisa e clara como a escrita.

Dado que o formato do JN sempre foi constituído de apresentadores que liam

as notícias em frente à câmera, trata-se de um texto escrito para ser falado.

Além da linguagem oral – simples e clara – que abrange de certa forma

a linguagem escrita – formal – existe a linguagem visual, composta pelas

imagens utilizadas para apresentar a notícia e das expressões faciais dos

apresentadores. Todas essas informações se misturam na apresentação das

notícias e formam a linguagem telejornalística da qual se utiliza o programa.

A linguagem verbal utilizada pelos apresentadores é livre de sotaques,

porém existem expressões coloquiais que podem ser identificadas como

características da região Sudeste. Algumas pesquisas afirmam que moradores

da região nordeste do Brasil preferem assistir ao Jornal Nacional ao jornal

regional, no qual os apresentadores possuem sotaque característico dessa

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região. Isso demonstra que a credibilidade do programa acaba por englobar

suas características, inclusive o sotaque, o modo de falar e os termos

utilizados.

Realizando uma comparação entre as edições do JN de 2001 com

edições de 2011 é possível perceber que houve um movimento na linguagem

utilizada. Em 2001, a presença de expressões ou palavras coloquiais era rara,

principalmente na fala dos apresentadores dentro de estúdio. Com pouco mais

de freqüência aparecia coloquialismos na linguagem de repórteres que

apresentavam notícias externas ao vivo. Um exemplo é a fala de uma repórter

no dia 11 de setembro de 2001 sobre a queda de um terceiro prédio em Nova

Iorque. Ela apresentava a notícia ao vivo de Nova Iorque e ao dizer o horário

da queda do terceiro prédio informa que “foi no finalzinho da tarde”. Porém em

toda a edição essa é uma das poucas expressões coloquiais. Toda a

linguagem utilizada na edição é de caráter formal.

Nas edições atuais a informalidade tem maior presença. Entre as

notícias existem comentários dos apresentadores de caráter extremamente

coloquial. E mesmo na narração das notícias a freqüência de expressões

coloquiais é maior. Um exemplo é a conversa que se desenvolve entre William

Bonner e o repórter Roberto Kovalick na edição do dia 11 de março de 2011,

dia em que aconteceu o Terremoto do Japão. Ao final do primeiro bloco,

Bonner introduz seu pensamento da seguinte maneira: “Kovalick, a gente tava

acompanhando aqui atentamente as suas duas reportagens...”. A substituição

do pronome nós pela expressão a gente indica claramente a informalidade do

texto falado. Outro exemplo demonstrando ainda mais nitidamente o

coloquialismo na linguagem dos apresentadores é uso do termo bolada na fala

de Fátima Bernardes sobre impostos, na edição de cinco de maio de 2011 . “O

Jornal Nacional mostrou ontem que a soma dos impostos pagos por todos os

brasileiros este ano já passou de meio trilhão”, anuncia William Bonner. E

Fátima complementa: “Nessa bolada, entra o Imposto de Renda na fonte”.

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3.4. ANÁLISE SOCIOLINGUÍSTICA DO JORNAL NACIONAL

A língua em toda grande civilização é suporte da dinâmica social, se faz

presente nas relações diárias, com os meios de comunicação, com os livros,

com a cultura e com a ciência. O estudo da língua se liga à sociologia quando

vista como uma manifestação da vida em sociedade abrindo um novo campo

de estudo, a sociolinguista. Como afirma Pretti,

“Entre sociedade e língua, de fato, não há uma relação de mera casualidade.

Desde que nascemos, um mundo de signos linguísticos nos cerca, e suas

inúmeras possibilidades comunicativas começam a tornar-se reais a partir o

momento em que, pela imitação e associação, começamos a formular nossas

mensagens” (Pretti, 2005:11)

Dentro da sociolingüística teremos o dialeto social que trata da fala de

uma dada comunidade, restrita por operações de forças sociais aos

representantes de um grupo específico, seja étnico, religioso, econômico ou

educacional.

Não devemos cometer o erro de condicionar diretamente a língua aos

fatores culturais ou étnicos, embora se reconheça que pode haver uma ligação

entre eles. A verdade é que a pesquisa nas línguas das comunidades mais

civilizadas levaria a conclusões contraditórias: de um lado a existência evidente

de certas influências, em particular do fator cultural, mas de outro a

impossibilidade.

Porem os métodos de estudos são complexos, várias são as tentativas

de classificação dos fatores extralingüísticos, que influenciam na maneira de

falar. Charles Bally (apud Preti, 2005) ressalta a atuação do meio como fator

extralingüístico na criação de um tipo especial de expressão. Assim o meio

compreenderia os estados, isto é, as condições de vida do indivíduo, ou seja,

sua classe social, sua cultura, educação que recebeu, tradições, religião,

princípios morais, ocupações cientificas e artísticas. Desse modo a influência

geográfica é deixada de segundo plano tornando a influência da sociedade que

o cerca muito mais relevante na sua fala.

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Mas tudo isso se complica ainda mais quando percebemos que dentro

de uma sociedade aparentemente homogênea, seres da mesma classe social

e da mesma idade, se diferenciam linguisticamente.

Um fator que tem alterado a percepção linguística das pessoas é a

propaganda, que inteligentemente tem se aproveitado dessas variações para

atingirem seus objetivos, colaborando para que o “erro” na língua seja aceito

pelas comunidades como uma variante válida, desmistificando a linguagem-

padrão.

Um dos fatores que influenciam nessa diversificação da linguística é a

variedade geográfica que conduz a uma oposição fundamental: linguagem

urbana/linguagem rural. A primeira cada vez mais próxima da linguagem

comum, pela ação decisiva que recebe dos fatores culturais (escola, meios de

comunicação de massa, literatura). A segunda mais conservadora e isolada,

extinguindo-se gradualmente com a chegada da civilização.

Outro fator são as variedades socioculturais podem ser influenciadas por

motivos ligados diretamente ao falante (ou ao grupo a que pertence), ou a

situação ou a ambos.

Em um jornal de forma generalizada a linguagem empregada é a culta,

mas no Jornal Nacional teremos algo que transcende um pouco isso, sendo

utilizada não apenas a linguagem culta, mas também livre de qualquer

variedade linguística.

O Brasil por ser um país extremamente heterogêneo trará ao telejornal a

necessidade de uma linguagem que não se aproxime das variedades

geográficas regionais, de faixas etárias, de classe social e étnicas. Portanto o

Jornal Nacional visará atingir todos os públicos de maneira igual, e passando a

mesma informação para todos por meio desta linguagem que se preocupa em

ser neutra a qualquer variedade. Assim, o JN se torna uma autoridade na

transmissão de notícias, ganhando credibilidade que, por sua vez, torna as

notícias e as ideias, transmitidas pelo programa, uma regra e uma verdade.

Com certeza esta é uma das grandes chaves do sucesso do Jornal

Nacional: conseguir ser unanimidade em meio a um público extremamente

heterogêneo e com contradições tão evidentes. Mesmo que a interpretação de

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um indivíduo seja alterada por sua falta de práxis e aprendizado, esta noticia irá

concluir sua busca por um receptor de qualquer maneira.

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4. AS TRAGÉDIAS ANALISADAS

4. 1. HISTÓRICO DO ATAQUE TERRORISTA AO WORLD TRADE

CENTER

Eventos que mudaram completamente o rumo da história mundial, com

consequências sociais, políticas e econômicas, os ataques terroristas de 11 de

setembro de 2001 chocaram o planeta devido a sua brutalidade e enorme

número de vítimas. Foram 2996 mortos, a primeira vez na história em que

terroristas seqüestram aviões para usá-los como mísseis. Símbolos da

hegemonia econômica e militar dos Estados Unidos foram destruídos e a

relativa paz reinante desde o final da Guerra Fria posta a prova.

Às 8h45min, em Nova Iorque, um avião que fora seqüestrado se chocou

contra uma das torres do World Trade Center. Dezoito minutos depois, para

tornar pior o que já parecia inacreditável, outro avião se chocou contra a outra

torre. Aproximadamente duas horas depois, elas desabaram. As imagens,

transmitidas ao vivo para o mundo todo, mostraram o pânico e o horror da

população local. Além desses, mais dois Boeings haviam sido sequestrados,

um deles atingiu o Pentágono, base da inteligência militar norte-americana; o

outro caiu na Pensilvânia, numa área inabitada.

Imediatamente após os atentados, foi dada a ordem de cancelar todos

os vôos em território estadunidense e todos os aviões em percurso na hora do

ataque foram obrigados a pousar. Os vôos internacionais foram redirecionados

para outros países, a maioria para o Canadá.

Os ataques foram atribuídos ao grupo Al Qaeda, que em árabe significa

“A base” ou “A fundação”, um dos grupos terroristas mais perigosos do mundo

que acredita que todos os países mulçumanos deveriam obedecer a um único

líder e a lei deveria ser unificada seguindo os princípios ensinados pelo Corão

(Marguilies, 2003).

A expansão imperialista dos Estados Unidos e sua conseqüente grande

influência no Oriente Médio, tanto política, econômica e culturalmente, fez com

que nascesse um sentimento de revolta entre os fundamentalistas islâmicos. A

influência cultural estadunidense e o seu modo de vida secular foram vistos

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como contrários aos princípios ensinados no Corão e por isso afastam os

seguidores do Islã. (Marguilies, 2003) Esses fundamentalistas fazem uso da

interpretação do Jihad como Guerra Santa para justificar atos extremos na

defesa do islamismo.

Ainda, o apoio norte-americano a Israel, no constante conflito entre

israelitas e palestinos, intensificou o ódio do povo palestino, tendo em vista que

um aliado de seu inimigo, também é seu inimigo. Assim sendo, os Estados

Unidos por muitos eram considerados o grande vilão, que corrompia a cultura

mulçumana e contestava os ensinamentos de seu livro sagrado. Portanto, não

é de se surpreender a grande comemoração ocorrida nas ruas da Palestina

imediatamente após o atentado de 11 de setembro. Foi um grande golpe contra

os defensores de Israel.

O principal mentor dos atentados foi Osama Bin Laden. Osama lutou

com as tropas afegãs contra a invasão soviética na década de 80, e, na época,

os mulçumanos tiveram apoio dos norte-americanos, que interessados em

conter o avanço comunista, financiaram e forneceram armamentos às tropas

afegãs. Mulçumanos de todo o oriente médio se juntaram para lutar no

Afeganistão, essa união fez com que os fundamentalistas islâmicos se

sentissem confiantes para lutar contra o secularismo ocidental. “Agora que os

mulçumanos tinham uma guerrilha armada, dinheiro e treinamento para apoiá-

la, a mensagem do fundamentalismo Islâmico poderia ser passada para outras

partes do mundo.” (Langley, 2006:35)

Osama, nos anos seguintes a guerra contra os soviéticos, se propôs a

reunir homens engajados nessa defesa do Islã. Até 1996, permaneceu no

Sudão, onde conseguiu acumular dinheiro trabalhando legalmente no ramo da

construção enquanto trabalhava paralelamente em estabelecer seu grupo de

Islâmicos militantes, que futuramente seriam reconhecidos mundialmente como

“Al Qaeda”. (Burke, 2003)

Em 1996, Osama se mudou para o Afeganistão, onde começou a se

focar principalmente em seus planos contra o ocidente que culminariam nos

atentados de 11 de setembro.

Os atentados desencadearam a “Guerra ao Terror”, política adotada

pelo então presidente americano George W. Bush para combater o terrorismo,

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capturar Osama Bin Laden e depor o governo Taliban, que para os norte-

americanos, apoiava as ações da Al Qaeda. No dia 1 de maio de 2011, uma

operação especial do exército norte-americano encontrou o esconderijo de Bin

Laden no Paquistão e o executou e jogou seu corpo ao mar.

4. 2. HISTÓRICO DO TERREMOTO DO JAPÃO DE 2011

4. 2. 1. Definições

4. 2. 1. 1. Terremoto

Terremoto ou abalo sísmico é um deslocamento repentino da superfície

da Terra, resultante da ruptura de uma porção rochosa. A ruptura causa uma

liberação de uma enorma quantidade de energia sob a forma de ondas

sísmicas e a principal causa dessa brusca ruptura deriva da movimentação das

placas tectônicas, que leva a um aumento constante da pressão até tal pressão

ser liberada em forma de ondas sísmicas. Os terremotos geralmente são

medidos na Escala Richter, que atribui um número para designar a quantidade

de energia liberada pelo terremoto, e foi criada em 1935 pelos sismólogos

Charles Francis Richter e Beno Gutenberg. Inicialmente a escala foi graduada

apenas de 0 a 9, mas hoje em dia sabe-se que não existe um limite superior.

Terremotos denominados “micro”, ou seja, com uma medição menor que 2

graus na escala Richter, ocorrem em uma frequência de mais de 8000 por dia,

enquanto terremotos de grau 9 a 9,9 ocorrem em uma média de 1 a cada 20

anos. Ainda não foram registrados terremotos na faixa maior que 10 graus na

escala Richter. O terremoto mais forte resgistrado até hoje foi de 22 de maio de

1960 no Chile, o qual a medições chegaram a 9,5 graus na escala Richter.

Os locais de onde se originam os terremotos são chamados de

epicentros, que variam em distância e profundidade. As consequências dos

terremotos podem ser tanto de ordem geofísica, como falhas na superfície

terrestre, tsunamis e alterações na rotação terrestre, como de ordem social e

econômica, como um grande número de vítimas fatais e prejuízos ecônomicos.

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4. 2. 1. 2. Tsunami

Tsunami, palavra de origem japonesa que significa “onda do porto”, ou

maremoto é um conjunto de ondas que deslocam uma enorme quantidade de

água, ocorrendo principalmente em oceanos. A principal causa dos tsunamis

são eventos geológicos, principalmente o terremoto. Porém há outras maneiras

de se produzir um tsunami, como erupções vulcânicas, explosão subamarinas,

deslizamentos de terre, entre outros. Seu grau de devastação é altíssimo

devido as enormes quantidades de água e energia envolvidos.

A maior concentração de tsunamis fica nas costas banhadas pelo

Oceano Pacífico, onde se registram 80% dos tsunamis em todo mundo. As

ondas do tsunami podem percorrer milhares de quilômetros, atingindo

velocidades de até 700 km/h e mais de 10 m de altura. A principal

característica física que difere as ondas normais das tsunamis é o seu

comprimento de onda, que chega até 100 km, enquanto em ondas normais o

comprimento de onda fica por volta de 150 m.

4. 2. 1. 3. Radioatividade

A radioatividade é um fenômeno de ordem tanto natural quanto artificial,

no qual o núcleo de certos elementos químicos emitem radiação, que é um tipo

de propagação de energia, de forma espontânea. Essa propriedade destes

elementos podem ser tanto benéfica, como nos casos de tramentos de

doenças com radioatividade e aparelhos de raio-x, quanto maléfica, como no

caso de vazamento de material radioativo de usinas nucleares. Há vários tipos

de radiação, como as partículas alfa, beta e gama, e as características mais

importantes dela são: a capacidade de ser absorvida e capacidade de

atravessar objetos.

Os efeitos da radioatividade no ser humano podem ser observados tanto

a curto quanto a longo prazo. A curto prazo, o homem em contato com a

radioatividade pode sofrer de distúrbios gastrointestinais, catarata e perde de

cabelo e células sanguíneas. A longo prazo são observados problemas como

diversos tipos de câncer, deficiências congênitas, leucemia e infertilidade

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4. 2. 2. O terremoto e tsunami do Japão de 2011

Em 11 de março de 2011, as 05:46 UTC (14:46 no horário local), um

terremoto de magnitude 8,9 atingiu o Japão, cujo epicentro foi a 160 km da

costa leste da província de Miyagi e a 373 km da capital Tóquio e com uma

profundidade de de 24 km. Este terremoto foi considerado o mais forte a atingir

o Japão e o sétimo mais forte da história mundial.

O terremoto com epicentro em alto mar, gerou alerta de tsunamis em

várias outras partes do mundo, como o Chile e a costa oeste dos EUA. As

ondas de tsunami que atingiram o Japão alcançaram mais de 10 metros de

altura e percorreu mais de 10 km. As filmagens feitas do tsunami mostram seu

grande poder de devastação, no qual carros e casas eram levados pela água.

Várias instalações fabris tiveram focos de incêndio após o terremoto

Uma das mais graves consequências do terremoto foi o acidente

nuclear ocorrido na Central Nuclear de Fukushima I. A tsunami derivada do

sismo danificou o sistema de refrigeração dos reatores nucleares

superaquecendo-os e culminando em uma explosão gerada pelo aumento

excessivo da pressão interna. Com o perigo de vazamento de material

radioativo, houve um alerta de evacuação em um raio de aproximadamente 10

km da usina. Dentro da Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES), o

acidente foi classificado como de nível 7, o nível mais alto dentro dessa escala,

equivalente ao Acidente Nuclear de Chernobyl. Em um raio de 50 km foram

medidos níveis especvialmente perigosos de radioatividade e toda a produção

local de alimentos foi banida do mercado. A quantidade de isótopos radioativos

do iodo e do césio lançados pela explosão é de magnitude próxima a do

Acidente Nuclear de Chernobyl e também houve a detecção de plutônio no solo

próximo a usina. O nível de radiação dentro da usina chegou a ser 1000 vezes

maior do que o permitido e também houve vazamento de material radiotivo

para o mar, com níveis de radioativade até 100 vezes maiores que o permitido.

A primeira divulgação da Polícia Nacional do Japão contabilizou

apenas 60 mortos e 56 desaparecidos, mas os números após um mês da

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tragédia chegam a 13.116 mortos e 14.377 desaparecidos, segundo a Polícia

Nacional do Japão. O número de desabrigados chega a 140 mil pessoas.

O plano de reconstrução do Japão, proposto pelo governo japonês e

empresas, foi estimado em 455,12 bilhões de reais. A primeira etapa do plano

consiste no trabalho de remoção dos escombros, auxílio aos desabrigados,

construção de 70 mil casas e reconstrução da economia local, e o custo total

avaliado desta primeira etapa é de mais de 75 bilhões de reais, mas alguns

políticos japoneses falam em 186 bilhões de reais.

O jornal Asahi Shimbun analisou dados divulgados pela polícia e

apontou que mais da metade das pessoas que morreram no tsunami tinha mais

de 65 anos. Este dado mostra a velocidade e surpresa com que o tsunami

atingiu o país, não havendo tempo para os idosos se locomoverem.

Dados geofísicos de empresas como a Geonet apontam que este

terremoto descolocou o Japão em 4 metros para o leste, além de ter deslocado

o eixo terrestre em 16,9 centímetros e acelerado em 1,8 milhonésimo de

segundo o movimento de rotação terrestre.

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5. PESQUISA E ANÁLISE SOBRE A TEORIA DOS VALORES NOTÍCIA:

ANÁLISE DAS EDIÇÕES DO JORNAL NACIONAL

Existem no jornalismo diversas teorias que classificam os fatos a serem

noticiados com o intuito de determinar se aquele acontecimento irá despertar

ou não o interesse da audiência. Tais teorias são chamadas de Valor Notícia

ou Critério de Noticialbilidade e coincidem com a maioria das redações de

comunicação social.

O valor notícia é um conceito subjetivo que tenta se aproximar dos

valores institucionalizados anteriormente pelo inconsciente coletivo da

audiência. Dessa forma, o fato noticiado surge como um legitimador de tal

inconsciente, contribuindo positivamente para a veiculação do objeto

jornalístico.

Nesta monografia, faremos uso da tipologia do valor notícia

desenvolvida em 1965, pelos sociólogos Johan Goltung e Mari Holboe Huge.

Inicialmente, a teoria de divide em três critérios, a saber, Impacto, Empatia da

Audiência e Pragmatismo da Cobertura. Cada um deles se subdivide em outros

tópicos mais específicos, totalizando 12 critérios.

Existem no jornalismo diversas teorias que classificam os fatos a serem

noticiados com o intuito de determinar se aquele acontecimento irá despertar

ou não o interesse da audiência. Tais teorias são chamadas de Valor Notícia

ou Critério de Noticialbilidade e coincidem com a maioria das redações de

comunicação social.

DE ACORDO COM O IMPACTO

Amplitude - Quanto maior o número de pessoas envolvidas maior a

probabilidade de o evento ser noticiado.

Frequência - Quanto menor for a duração do evento menor a

probabilidade de ser relatado em notícia. Acontecimentos rotineiros podem ser

noticiados se tiverem interesse para um grande número de pessoas.

Negatividade - Notícias negativas são mais atraentes que as positivas.

Entre as más notícias há uma certa hierarquia de preferência do público.

Eventos envolvendo morte tem grande impacto junto à audiência. As mortes

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por assassinato são as que mais atraem interesse. A morte pessoas influentes

também têm grande poder de atração da audiência.

Caráter inesperado - Eventos inesperados têm mais impacto do que

eventos agendados ou previstos.

Clareza - Eventos cujas implicações sejam claras atraem mais a

audiência do que eventos com mais de uma interpretação, ou cuja compreesão

exija conhecimentos acerca dos antecedentes ou contexto desse mesmo

evento.

DE ACORDO COM A EMPATIA COM A AUDIÊNCIA

Personalização - Eventos que possam ser retratados como ações de

indivíduos atraem um maior interesse midiático pela notícia em questão.

Significado - O critério está relacionado com a proximidade geográfica e

cultural que a ocorrência possa ou não ter para o leitor. Notícias sobre

acontecimentos, pessoas e interesses mais próximos da audiência terão um

maior significado para a mesma.

Referência a países de elite - Eventos relacionadas a países mais

poderosos têm maior destaque do que eventos relativos a países de menor

expressão política e econômica.

Referência a pessoas que integram a elite - Eventos que envolvam

pessoas de grande poder aquisitivo, influentes ou famosas recebem uma maior

cobertura noticiosa

DE ACORDO COM O PRAGMATISMO DA COBERTURA

Consonância - Segundo o critério da consonância, os jornalistas têm

esquemas mentais em que prevêem que determinado acontecimento pode vir a

ocorrer. Esta previsão tem a ver com a experiência e rotina do jornalista que

escolhe o que é noticiável em consonância com aquilo que tenha antevisto.

Assim se uma ocorrência corresponder às expectativas do jornalista terá

maiores probabilidades de ser publicada.

Continuidade - Depois de ser publicada, o evento adquire uma certa

inércia. Como a história já foi tornada pública existe uma maior clareza acerca

da mesma e, consequentemente, menor interesse.

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Page 35: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Composição - A estruturação dos fatos noticiosos por seções, cadernos

ou blocos deve ser equilibrada. Assim a importância de um evento não

depende apenas do seu valor-notícia, mas também do seu valor face a outros

eventos.

5. 1. ANÁLISE DA EDIÇÃO DO JORNAL NACIONAL DE 11 DE

SETEMBRO DE 2001 DENTRO DOS PARÂMETROS DA TEORIA DOS

VALORES NOTÍCIA

5. 1. 1. De Acordo com o Impacto

5. 1. 1. 1. Amplitude

A cobertura dos Ataques Terroristas de 11 de setembro cabem

perfeitamente no critério da amplitude. Confirmou-se o número de 2.751

mortes, sendo uma causada por doença pulmonar, anos depois da tragédia,

devido à inalação da poeira que tomou conta do local.

O princípio morto-quilômero, no qual divide-se o número de vítimas

fatais por quilômetro de extensão atingido totaliza 3,43 vítimas por quilômetro².

5. 1. 1. 2. Frequência

O tempo estimado entre a colisão do primeiro avião Boeing com a Torre

Sul e a queda da Torre Norte, período que compreende ainda a queda da

Torre Sul e a colisão de um segundo Boeing com a Torre Norte, é de 86

minutos ou 1 hora e 26 minutos aproximadamente. O fato em si, ao contrário

dos desdobramentos posteriores e de suas implicações políticas, teve uma

duração relativamente curta, o que o tornou fácil de ser noticiado e transmitido

aos telespectadores, não exigindo grandes reflexões para ser assimilado pela

audiência. O Jornal Nacional, com intuito de “ilustrar” o ocorrido, exibiu uma

compilação dos momentos mais impactantes, as colisões e as quedas das

torres, o que tornou a veiculação da notícia ainda mais simples e objetiva.

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5. 1. 1. 3. Negatividade

Por falta de informações confiáveis, o número exato de vítimas fatais

não foi citado na edição analisada. Foi informado o número de possíveis

atingidos, entre pessoas dentro dos edifícios e transeuntes dos arredores,

totalizando 20 mil pessoas envolvidas, feridas ou não. Posteriormente, órgãos

oficiais divulgaram o número de 2.750 vítimas fatais imediatas e uma vítima

fatal posterior.

5. 1. 1. 4. Caráter Inesperado

Não há dúvida de que um ataque terrorista é algo inesperado. Na edição

do JN anlisada, é exibido um trecho que mostra a reação do então presidente

dos Estados Unidos, George W. Bush, ao receber a informação de que “o país

estava sob ataque”. Apesar de, naquele momento, não haverem, ainda, provas

da autoria dos ataques, Osama Bin Laden, autor de outro ataque terrorista as

torres do World Trade Center em 1993, foi anunciado como suspeito em

potencial. Posteriormente a autoria foi confirmada pelo próprio terrorista

saudita, em vídeo divulgado numa rede de TV afegã. A legitimidade do vídeo

de confissão é, até hoje, questionada.

5. 1. 1. 5. Clareza

Para a população não norte americana, devido a descontextualização

política, imediatamente após a divulgação da ocorrência do atentado, houve

uma lacuna de incoompreensão e surpresa. É notável a preocupação da

redação do Jornal Nacional em contextualizar a audiência brasileira. O critério

da clareza é mais um argumento que fundamenta a necessidade do governo

norte americano em apontar um culpado o mais rápido fosse possível. Os

cidadãos daquele país estavam sedentos por esclarecimentos.

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5. 1. 2. De acordo com a empatia com a audiência

5. 1. 2. 1. Personalização

Durante a análise da edição foi possível notar, não apenas por parte dos

meios de comunicação, mas também do governo americano, a necessdiade de

encontrar o autor dos atentados. Osama Bin Laden foi considerado suspeito

em potencial e todas as informações veiculadas posteriormente contribuiram

para legitimar tal versão. No quarto bloco da edição do Jornal Nacional, ao

instante 5’25, a correspondente Zuleide Silva chega a noticiar que um grupo

chamado Exército Vermelho Japonês assumira a responsabilidade pelos

ataques a um jornal da Jordânia, porém o envolvimento de Osama Bin Laden já

havia sido encorporado pela opinião pública fazendo com que a suposta

confissão do grupo japonês fosse tratada com ínfima importância. No instante

4’55 do mesmo bloco, a correspondente chega a dizer que tanto a CIA

(Agência Central e Inteligência) quanto o FBI (Departamento Federal de

Investigação) não tinham nenhuma pista concreta sobre quem seria o

responsável pelos ataques, que a atribuição deste a Osama Bin Laden ocorrera

através de meios não oficiais e justifica: “Apenas o bilionário saudita (Osama

Bin Laden) teria ousadia e recursos suficientes para organizar uma série de

atentados como este”. A personalização é tamanha que o nome de Osama Bin

Laden chega a ser mencionado sete vezes durante a edição, mas o grupo

liderado pelo terrorista e real autor dos ataques, a Al Quaeda, não é citado uma

vez sequer. Tudo isso indica a parcialidade da cobertura jornalística, sempre

favorável a posição norte americana.

5. 1. 2. 2. Significado

Fica bastante claro que a edição do JN foi inteira estruturada de forma a

criar uma identificação do telespectador brasileiro com as pessoas presentes

no momento da colisão das torrres. No primeiro bloco são entrevistados quatro

brasileiros, seus respectivos nomes e profissões são exibidos na tela e uma

narração em off faz uma breve contextualização de quem são, totalizando 60

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segundos da edição. No mesmo bloco, são mostradas cinco pessoas falando

em inglês e aparentemente norte americanas, seus nomes não são

mencionados e suas aparições, juntas, totalizam apenas 20 segundos da

edição.

5. 1. 2. 3. Referência a países de elite

O consolidado poder político e econômico dos Estados Unidos

não é novidade para os meios de comunicação, tampouco para a audiêmcia. A

edição do Jornal Nacional é recheada de expressões que reafirmam essa

posição.

“A maior potência do planeta é alvejada pelo terror.”

“No mais importante centro financeiro do mundo, uma torre

queima depois de ser atingida por um avião.”

“Um acidente tão inimaginável, que imediatamente chamou a

atenção de todo o planeta.”

“O maior ataque terrorista da história da humanidade”

Todos os anúncios acima foram feitos pelos apresentadores

William Bonner e Fátima Bernardes antes que o telejornal completasse um

minuto de exibição.

5. 1. 3. De acordo com o pragmatismo da cobertura midiática

5. 1. 3. 1. Consonância

Em qualquer telejornal os editores chefes estão

instrinsecamente subordinados aos interesses das emissoras, as quais detêm

o poder de escolher o que irá ser noticiado ou não, e, quais fatos terão

destaque na programação.

Na cobertura jornalística não é raro se notar parcialidade

durante a exibição dos fatos. Na edição analisada, a linha editorial se mostra

claramente favorável a causa norte americana, sempre insistindo em mantê-

los na posição de vítimas do atentado, e apesar de nem sempre terem seus

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nomes citados na na barra de informação, os norte americanos tem rosto, voz

e opinião.

Já a cultura árabe é irresponsavelmente generalizada e restrita

ao estereótipo de vilã da situação. São mostratos como uma massa de opinião

homogênea e sequer são inseridos num contexto político econômico.

Aos 15’05 do primeiro bloco, quando o apresentador William

Bonner informa a ocorrência de bombardeios em Cabul, capital do Afeganistão

as imagens são estratégicamente mostradas a partir de um ponto distante

dando a impressão de que o bomabardeio aconteceu num deserto e não teve

vítimas, o que não corresponde a realidade.

Logo depois, nesse mesmo bloco é possível notar uma

mudandaça na tonalidade da fala da repórter Zileide Silva ao afirmar que os

Estados Unidos não tiveram qualquer participação nos bombardeios.

5. 1. 3. 2. Continuidade

A cobertura jornalistica dos atentado de 11 de setembro,

mesmo com abrangência e e implicações políticas extraordinárias,

gradativamente obteve menos interesse do público, e, apesar do elevado rítimo

de divulgação de informações imediatamente após sua ocorrência, nas

semanas seguintes passou a ocupar cada vez menos espaço na programação

do Jornal Nacional.

Recentemente, os ataques voltaram à tona na mídia, devido a

captura e assassinato do terrorista Osama Bin Laden em 1 de maio de 2011,

pelas forças armadas norte americanas.

5. 1. 3. 3. Composição

Praticamente toda a edição do dia 11 de setembro de 2001 do

Jornal Nacional foi dedicada a noticiar os atentados terroristas ao World Trade

Center. As demais notícias foram compiladas e exibidas no quarto bloco em

menos de cinco minutos (quatro minutos e 35 segundos precisamente).

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5. 2. ANÁLISE DA EDIÇÃO DO JORNAL NACIONAL DE 11 DE

MARÇO DE 2011 DENTRO DOS PARÂMETROS DA TEORIA DOS VALORES

NOTÍCIA

5. 2. 1. De Acordo com o Impacto

5. 2. 1. 1. Amplitude

No caso da tragédia japonesa, os números são impressionantes: o abalo

marcado em 8,9 graus na escala Richter (o sétimo maior da história), seguido

por ondas de altura superior a 10 metros, provocaram mais de 11 mil mortos

(6.692 em Miyagi, 3.264 em Iwate e 990 em Fukushima), quase 18 mil

desaparecidos e 200 mil refugiados, o que configura a pior crise do Japão após

a Segunda Guerra Mundial. Houveram também pelo menos 18 mil casas

destruídas e mais de 130 mil edifícios danificados. Esses dados confirmam a

certeza de noticiação do fato, prireiramente, pelo número altíssimo de mortos,

além da proximidade da destruição à capital do país, Tóquio, onde houveram

pequenos abalos posteriores ao principal terremoto. Os primeiros números são

divulgados logo na primeira matéria da série de reportagens a respeito do

terremoto exibidas pelo Jornal Nacional, e gradativamente atualizados e

reportados pelos jornalistas, para reforçar a amplitude da notícia e prender a

atenção do leitor.

5. 2. 1. 2. Frequência

No quesito frequência, ocorre um paradoxo. O tempo de duração do

terremoto foi relativamente curto, geralmente de 1 a 2 minutos. Além dos

sismógrafos terem apontado o terremoto um minuto antes dele acontecer, um

alerta de tsunami foi enviado a toda a costa do nordeste japonês, com intervalo

de mais de uma hora, incluindo 50 países e territórios banhados pelo oceano

pacífico, dentre eles, o Havaí e a costa oeste das Américas. Visto isso, tem-se

uma sequência: um evento que ocorreu em minutos (terremoto) deu uma brexa

de uma hora para outro evento instantâneo (tsunami).

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Na edição do JN, assim como no 11 de semtembro, ocorreu uma

compilação com as imagens mais marcantes da tragédia, que podem ser

facilmente compreendias pelo telespectador, porém, a parte da frequência do

fato, incluindo seus desdobramentos, o que se sobressaiu nessa cobertura, foi

a amplitude.

5. 2. 1. 3. Negatividade

Este critério de valor notícia se encaixa perfeitamente à notícia japonesa.

Foi uma notícia catastrófica, que envolveu muitas mortes e destruição. Nesse

caso, pelo fato do ocorrido ter uma amplitude enorme, como citado acima, a

sensibilidade do espectador ficou ainda mais apurada, do que uma possível

morte por assassinato, ou até mesmo a morte de uma personalidade, como

vale salientar a atenção dada à morte de Michael Jackson em 2009. Durante o

primeiro dia de noticiação do fato pelo Jornal Nacional, os apresentadores já

enfatizavam a negatividade do fato, como forma de impactar, e atrair ainda o

telespectador a exibição da notícia. Logo na introdução ao assunto, Willian

Bonner diz que vilarejos inteiros foram devastados pelo tsunami, seguido por

Fátima Bernardes que reitera dizendo: ‘não é possível saber quantos NÃO

conseguiram escapar’. E durante a reportagem seguinte a essas falas o autor

dela, Roberto Kovalic, inicia sua narração dizendo: ‘Uma imagem

impressionante’, e ao longo das imagens ele narra: ‘bairros inteiros nessa

região foram varridos em minutos’, além de durante toda a exibição há a

repetição do termo ‘mais devastação’.

5. 2. 1. 4. Caráter Inesperado

Apesar de os japoneses terem previsto que após o terremoto, haveria

risco de tsunami, e por isso, mandaram alertas de evacuação das áreas de

risco, o estrago causado pelas ondas, jamais seria esperado com a proporção

que teve. Além do próprio terremoto, que mesmo em meio a tanta tecnologia

não pode ser detectado com antecedência necessária, a força do maremoto, e

em consequência a destruição e o vazamento nuclear, trazendo dúvidas e

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receios quanto a proporção da radiação, foram fatos totalmente inesperados,

que só culminaram no aumento da noticiabilidade.

5. 2. 1. 5. Clareza

O terremoto é um fator claro a todos, independente da cultura, pois a

noticiabilidade não mudou nada acerca dos terremotos anteriores de mais

impacto no Chile e Haiti. Desde o primeiro dia de exibição da noticia, havia uma

matéria exclusiva, para explicar os componentes de um terremoto e de um

tsunami, no caso japonês, chegando até, a explicitarem a origem do termo

‘tsunami’. Fica claro, que apesar dos diferentes caminhos após o ocorrido, seja

político, economico ou humano, o obejtivo é voltar a estabilidade anterior, logo,

aos olhos da maioria do publico que absorve apenas o fato em ambito geral,

pouco procura mais de uma interpretação para o que a noticia traz pronto. E,

como dito acima, que as causas naturais independem de antecedentes (por

possuirem carater inesperado), e o contexto do país é apresentado o

necessário pelo Jornal Nacional, durante o processo de noticiação, o que

define a clareza da noticia.

5. 2. 2. De acordo com a empatia com a audiência

5. 2. 2. 1. Personalização

No caso da tragédia japonesa a personalização é uma questão

polêmica. Apesar da tragédia ter tido uma causa natural, e poder ser explicada

pela ciência, durante as entrevistas que envolviam a construção do trabalho,

inumeros relatos apontaram culpados para o ocorrido. Dentre os mais citados

está o homem, com suas impiedosas ações à natureza, seguido por Deus

como autor da tragédia, forma de castigar e homem, e, por fim, a própria

natureza, que personificada, teria manifestado sua insatisfação perante à

exploração humana. Porém durante a cobertura jornalística do telejornal, as

informações são dadas de forma extremamente impessoal, e assim, não

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pendem para um culpado, apenas descrevem os fatos, como ocorreram,

através de resgates históricos e explicações científicas.

5. 2. 2. 2. Significado

Mais de 20.000 km separam Brasil e Japão, porém além de todos os

veículos que noticiaram a tragédia, o Jornal Nacional, foi até o bairro da

Liberdade, em São Paulo, para aproximar ao máximo o sofrimento da nação, à

ótica brasileira. Por concentrar mais da metade dos descentes diretos de

japoneses no Brasil (no total são 1,5 mi) em São Paulo, a equipe no Jornal, foi

até lá, para procurar casos específicos de famílias aflitas que possuem

parentes no Japão, atrás de informações e situação do ente. Além de São

Paulo, a equipe mostra famílias do Paraná, Belo Horizonte e Belém que estão

na mesma situação de desespero atrás de noticias de seus familiares. O

interessante é que durante essa especificação de pessoas, acontece a análise

de casos bem pessoais ocorridos com esses parentes, que reduzem o todo do

fato, e mostram as consequencias da tragédia para as pessoas narradas,

deixando de lado os prejuízos da nação, ou seja, o apelo emotivo é extremo

nessa abordagem da notícia, e garante a audiência e empatia do publico

expectador.

Ainda na busca da comoção de quem assiste, na edição de 11 de

março, a equipe se desloca à Londrina, no Paraná, com o objetivo de mostrar

uma festa de comemoração da colonia japonesa, que acontecia

simultaneamente aos efeitos colaterais do maremoto. O correspondente Wilson

Kirsche narra mais uma vez os casos das famílias em busca de notícias de

seus parentes brasileiros. Essa busca por empatia se extende pelas próximas

edições.

5. 2. 2. 3. Referência

A psicologia de noticiabilidade chega e ser irônica. Dez anos depois do

atentado terrorista nos Estados Unidos, em que foi usado essa referência a

países de elite, novamente, o critério não muda nada. O Japão ocupa no

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cenário mundial o posto de um país exemplo. Referência em tecnologia,

expectativa de vida, organização, determinação, grande poder político e

destaque econômico apesar de sua situação geográfica. Na edição não há

grande sensacionalismo para exaltar a potência do país, como foi no caso dos

norte-americanos, mas o que a edição não deixa de citar é a ajuda que os

japoneses receberão dos países de elite, como do próprio Estados Unidos,

para se reconstruir. Propositalmente isso é exposto para mostrar ao expectador

os jogos políticos e econômicos por trás das boas ações e dimensionar a

importância do fato, pelo envonvimento de países importantes no caso. Sobre o

Japão apenas é dito: ‘Mesmo num dos países mais desenvolvidos do mundo,

ainda há muitas informações desencontradas ou não confirmadas’.

5. 2. 2. 4. Referência a pessoas que integram a elite

Não houve uma história específica, mas durante a reportagem é citado o

parlamento japonês que estava em reunião no momento do terremoto, e a

reação do primeiro ministro, Naoto Kan, perante ao tremor, que foi deixar o

local. Reapareceu tempo depois em declaração para tranquilizar a população.

5. 2. 3. De acordo com o pragmatismo da cobertura midiática

5. 2. 3. 1. Consonância

Podem-se citar dois exemplos a respeito dessa previsibilade jornalística.

O primeiro, mais óbvio, que são os desdobramentos políticos, econômicos e

humanos da tragédia num olhar mais apurado, informado e experiente, que

pode vir a revelar ao jornalista fatos na iminência de explodir, assim,

aumentando sua noticiabilidade. O segundo exemplo, mais aplicável, é o do

reator nuclear de Fukushima, que no primeiro dia de exibição da tragédia pelo

JN, no dia 11 de março, teve pouco destaque, e a possível previsibilidade do

jornalista em relação a esse assunto, rendeu que o fato tivesse ganhado um

destaque proporcionalmente maior nos dias seguintes da cobertura.

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5. 2. 3. 2. Continuidade

O fato era autossuficiente. Devido as suas vertentes inevitáveis, não foi

necessário que surgissem novidades, era preciso apenas acompanhar o

processo de reconstrução das províncias japonesas, dia após dia. O

interessante é que as reportagens sobre o assunto vão diminuindo dia após

dia, sendo substituida por outras, como aponta a definição de continuidade. No

dia da tragédia dez repostagens foram exibidas, no segundo dia caem para

nove, no terceiro para sete. Atrelado ao conceito de consonância no quarto dia

de exibição voltam a ser dez reportagens, quase que exclusivamente tratando

do reator e da usina nuclear. No quinto dia são cinco reportagens, no sexto,

seis; uma semana depois da tragédia, apenas três notícias e a patir do dia 19

de março, com a visita de Michele e Barack Obama ao Brasil, as reportagens

se diluem por completo. A partir do dia 21 de março aparecem uma ou duas

reportagens sobre o assunto, dividindo espaço com os conflitos no Oriente

Médio, e as enchentes espalhadas pelo Brasil, devido as fortes chuvas de

verão, e no dia 31 de março o jornal passa sem exibir absolutamente sobre o

assunto. O ponto é que o país continua a passar por dificuldades de

recuperação, mas o caso ja caiu no esquecido, ofuscado por acontecimentos

mais noticiáveis.

5. 2. 3. 3. Composição

Este é um tópico que democratiza a noticiabilidade. Pois é justo que

apesar do terremoto e do tsunami terem sido acontecimentos extremamente

marcantes, existem outras coisas acontecendo ao redor do mundo, que

também possuem valor notícia para serem publicadas ou expostas. Trazendo

esse contexto para o Jornal Nacional, o conceito fica ainda mais aplicável, se

tratando do telejornal de maior audiência no país, exibido em horário nobre.

Não é coerente que o Jornal fique num mesmo acontecimento por muitos dias,

deixando de lado outros acontecimentos. Isso abrange a questão da audiência,

desencadeada pelo desinteresse do espectador, que deve, e quer se manter

informado sobre todos os assuntos.

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6. ANÁLISE DO DISCURSO

6. 1. ATAQUES AO WORLD TRADE CENTER E AO PENTÁGONO:

ORDEM DAS REPORTAGENS

Imagens que aparecem ao lado nos apresentadores na bancada:

mapa dos Estados Unidos com a demarcação de uma mira de uma arma

(simulação da nação americana sob ataque), torres do World Trade Center

atingidas e labaredas de fogo, foto de Jader Barbalho, senador brasileiro à

época da edição e de Gustavo Kuerten, tenista brasileiro.

1) Correspondente Edney Silvestre: explicação cronológica da sucessão

dos choques dos aviões, os depoimentos de pessoas desesperadas e

esbaforidas, o desespero demonstrado com imagens de pessoas se

jogando dos prédios em chamas, as indagações a respeito do primeiro

choque e a confirmação com o segundo, a confirmação daquilo de que

mais tinha medo: aquilo era sim proposital, mas ainda não se tinha

certeza da autoria, não se dava um tom de atentado terrorista, a

sucessão das quedas das torres, as dificuldades da polícia e dos

bombeiros. Em entrevista de especialista brasileiro fazendo turismo em

Nova York, aparece a especulação, não oficial, de que o choque dos

aviões não teria sido capaz de derrubar as torres, chegando a suspeitar

da existência de bombas de implosão. Mas é quando a reportagem toma

outra guinada e demonstra como o choque e o fogo teriam sido capazes

de enfraquecer as estruturas dos prédios. E no final, o histórico de

atentados em território americano;

2) Apresentador William Bonner: da bancada, Bonner relata os dados

principais sobre o WTC, os dados sobre sua construção, localização e

dependências, o número de pessoas que ali trabalhavam. Mostra-se um

infográfico sobre as localizações geográficas na região sul da ilha de

Manhattan, onde estavam as torres. Na conclusão, retoma-se o ataque

ao seu estacionamento em fevereiro de 1993. Nessa oportunidade é

feita, pela primeira vez, menção ao “terrorista mais procurado do mundo,

Osama Bin Laden”, de acordo com as palavras de Bonner;

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3) Correspondente Fernando Silva Pinto: agora começa-se a tratar do

choque do avião no Pentágono, em Washington D.C. Para entender as

dimensões do fato, começa-se pela explicação da engenharia do prédio,

sua função e seu funcionamento, ou seja, como seus funcionários

trabalham, a estratégia de evacuação e o início da compreensão do

significado dos atentados, como notamos pela frase do correspondente:

”Não só a violência do ataque e a tragédia que ele provoca assustam os

americanos. A simbologia é muito forte também. O coração das forças

armadas foi atingido. A capital desse país é muito mais vulnerável do

que os cidadãos podiam imaginar.” Diante desse clima de imprevisto,

aparece o discurso do “de medo e incerteza” e, ainda mais, um discurso

que perduraria ainda por muito mais tempo: o discurso de que, a partir

de então, era necessário que se fizesse justiça. Que se fizesse justiça

americana. Só não se sabia ainda justiça contra quem.

4) Correspondente Zileide Silva: de Nova York, a repórter traz o

sentimento da população novaiorquina, que, pela reportagem, era de

incredulidade em relação à vulnerabilidade da qual os norte-americanos

não esperavam jamais sofrer. Fala-se sobre os detalhes sobre os aviões

seqüestrados, que vetores dos atentados. Eram dois da American

Airlines: o que ia de Boston a Los Angeles e se chocou com a primeira

torre e o que ia de Washington D.C. a Los Angeles e atingiu o

Pentágono, e dois da United Airlines: um que partiu de Boston em

direção a Los Angeles e atingiu a segunda torre e outro, que caiu na

Pensilvânia. Aparece o relato gravado, via celular, de uma das

passageiras de um dos voos: “Estamos sendo sequestrados e os

sequestradores estão com facas ou punhais”. E a reportagem acaba

com a situação dos aeroportos nos Estados Unidos, as tentativas de

proteção do território norteamericano e o fechamento do prédio da ONU,

da NASA e dos parques da Disney na Flórida;

5) Correspondente Heloísa Villela: de Nova York, a repórter traça o perfil

do saudita Osama Bin Laden e fala de seu envolvimento com os

atentados a embaixadas norte-americanas na África, na Arábia Saudita

e a um Destroyer americano. Na reportagem, aparecem imagens do

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terrorista nos arquivos da emissora, além de imagens do atentado ao

edifício do governo de Oklahoma, cujo principal suspeito era Bin Laden,

até se comprovar que o autor do atentado era, na realidade, um norte-

americano. Com imagens feitas no Peru, onde encontrava-se Collin

Powell, secretário de Estado norte -americano, é mostrada sua

declaração, em que diz: “Eles podem destruir edifício e matar pessoas,

mas nunca matarão a democracia”. E sobre esse discurso que a ideia de

justiça feita pelos norte-americanos começa a ser construída e

defendida;

6) Apresentador William Bonner: da bancada, Bonner comenta o

bombardeio noturno a Cabul, capital do Afeganistão, e esclarece que tal

bombardeio não fazia parte da resposta militar norte-americana,

havendo suspeitas de que a autoria pertencesse à oposição ao Talebã

em território afegão. Enquanto Bonner narra, aparecem imagens

noturnas fornecidas pela CNN. Como toda imagem de guerra ou ataque

aéreo durante a noite, a imagem servia sequer para ilustrar;

7) Correspondente Zileide Silva: ao vivo, dos escritórios da Rede Globo

em Nova York, Zileide confirma o não envolvimento dos Estados Unidos

nos ataques a Cabul, a que Bonner se referira. Zileide anuncia a queda

de um prédio, vizinho ao World Trade Center, que, de acordo com o que

ela diz, com “as torres e outros cinco edifícios formavam o principal

complexo econômico aqui de Nova York”. Fala-se sobre os escombros e

as buscas por vítimas e por sobreviventes, além da indefinição do

número de vítimas e da suspeita de que o número de mortos possa

chegar a dezena de milhares;

8) Correspondente Arnaldo Duran: de Nova York, o correspondente fala

de como foi o dia do presidente George W. Bush. O presidente recebera

a notícia enquanto participava de atividade em sala escolar, fizera um

pronunciamento e uma oração à população, diz voltar à capital, mas,

depois de ficar desaparecido durante boa parte do dia, reaparece em

uma base militar no estado de Luisiana, fizera um discurso em que

enfatizava a ideia de liberdade atacada, de caça aos responsáveis e de

aplicação se esforços sem medidas e, finalmente, reaparece em

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Page 49: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Washington no fim do dia. Duran também fala do dia da primeira-dama

Laura Bush, que, após um pronunciamento em defesa da garantia de

segurança às crianças de seu país, também teve seu paradeiro e o de

suas filhas não revelado pela Inteligência Americana;

9) Apresentadora Fátima Bernardes: da bancada, Fátima discursa sobre

a derrubada do que o Jornal Nacional decidiu chamar de uma “verdade

incontestável. Até hoje o mundo considerava o sistema de segurança

americano, praticamente, inviolável.” e narra o plano de defesa e de

segurança que os Estados Unidos haviam traçado em maio daquele

ano. Em tal plano, ficava estabelecido que Irã, Iraque e Coreia do Norte

seriam os novos inimigos. Além disso, Fátima relata a palavra de

especialistas sobre a conjuntura política e estratégica norte-americana a

partir de então, além de ressaltar como ficava a situação aérea norte-

americana, uma vez que, esperando ser atacados por mísseis, o ataque

de aviões comerciais não estava previsto pela segurança da potência;

10) Correspondente Jorge Pontual: de Nova York, Pontual trata da

situação da cidade e define “o clima em toda a cidade era de guerra”.

Desde o trânsito até a circulação de pessoas que tentavam se refugiar.

As imagens demonstram as tentativas da Polícia em organizar a

situação; os bancos e as Bolsas de Valores fechadas; as escolas, que

retiveram as crianças; as comparações que as pessoas nas ruas faziam

com o ataque japonês à base norte-americana a Pearl Harbor. Pelas

falas das pessoas, transmitia-se o sentimento das pessoas de ver Nova

York como sua casa. Pela reportagem também cruzam relatos do

espírito de cooperação dos policiais e das filas nos bancos de sangue.

Pontual também mostra o caso das pessoas que não conseguiam

chegar a suas casas por falta de transporte; o caso dos sobreviventes

que conseguiram abandonar as torres a tempo de se salvarem;o caso

dos que acharam que o tremor dos choques dos aviões eram um

terremoto. Nos depoimentos, aparece a compaixão dos sobreviventes

pelos amigos que morreram, além da entrevista com um norte-

americano que fala português e conta o que viu. Aparecem imagens de

Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York, que escapou da tragédia e

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ainda fez discurso “Nova York e a América são mais fortes que esses

bárbaros terroristas. A democracia vai prevalecer”. Novamente, o

discurso da democracia, previamente mencionado por Collin Powell;

11) Repórter Flávio Fachel: do Rio de Janeiro, Fachel mostra a

situação dos aviões e dos aeroportos brasileiros como reflexo dos

atentados em que estiveram envolvidos aviões, além de anunciar o

cancelamento de voos aos Estados Unidos, partindo do Brasil. Na

reportagem, aparecem os depoimentos da tripulação e de alguns

passageiros, sejam os que iam fazer turismo ou visitar parentes. Nesse

cenário, prevalecia a indefinição das decisões tomadas pelas

companhias. Já em relatos de outros passageiros, faz-se menção à 3ª

Guerra Mundial, a indefinição da Infraero (Empresa Brasileira de

Infraestrutura Aeroportuária) e de companhias aéreas em relação à

retomada dos horários de voos, a situação pelos aeroportos do país,

além dos depoimentos de pessoas que desistiram de viajar, inclusive

para lugares como a Europa;

12) Correspondente Zileide Silva: ao vivo, Zileide fala da tentativa

de uma retomada à normalidade e dos problemas que os novaiorquinos

apresentavam com a telefonia e com o funcionamento do metrô. Para o

dia seguinte, Zileide fala do apelo do prefeito Giuliani para que as

pessoas não viessem a Nova York e da situação das escolas católicas e

públicas, que permaneceriam fechadas;

13) Repórter Ernesto Paglia: a reportagem começa pela

contextualização da saída dos Estados Unidos da Conferência sobre

Racismo e Xenofobia, da ONU, como protesto contra definição da

Conferência em considerar Israel um Estado racista. Depois, aparecem

as comemorações de civis em ruas da Palestina, citando referências a

Alá e a imagens de mulheres vestindo burca. Seguem declarações do

embaixador talebã no Afeganistão em condenação aos ataques, os

pêsames de Yasser Arafat, então líder da Autoridade Palestina, ao

presidente Bush e ao povo norte-americano. Então, aparecem os

comentários de Mounir Safatli, jornalista que mora no Oriente Médio,

região onde os países apresentavam medidas que revelavam medo em

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Page 51: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

relação à represália norte-americana. Nessa oportunidade, outro

especialista defende que muçulmanos pacíficos, que, obviamente, são a

imensa maioria, não merecem sofrer as represálias aos terroristas;

14) Apresentadora Fátima Bernardes: da bancada, Fátima fala do

decreto de Ariel Sharon, que decidiu pelo luto de Israel em homenagem

aos que morreram nos atentados, decidindo também pelo fechamento

das fronteiras com o Egito e com a Jordânia. Também é anunciado o

cancelamento de viagem do Ministro da Defesa israelense aos Estados

Unidos;

15) Repórter Alberto Gaspar: em visita a uma mesquita em São

Paulo, Gaspar acompanha a citação ao Alcorão por uma autoridade

islâmica. Tal autoridade fala sobre assassinato e culpa e chama o

episódio de “ato criminoso”. Gaspar visita também a casa de um

militante palestino, onde estão o dono da casa e um judeu. Os dois

fazem parte de uma organização que prega a paz entre os dois povos

(israelense e palestino) e a defesa de que a força não é capaz de

garantir a defesa mundial. Gaspar entrevista também um representante

da juventude islâmica no Brasil, que teme que o preconceito a

muçulmanos causado pelos atentados e defende a condenação somente

de quem praticou. São transmitidas também as declarações de Henry

Sobel, liderança judaica no Brasil, em que defende: “As boas relações

entre a comunidade judaica e a comunidade muçulmana no Brasil vão

continuar sendo relações de respeito mútuo e cordialidade. Não vamos

importar terror para o Brasil.”;

16) Correspondente Marcos Losekann: de Londres, Losekann trata

dos reflexos dos atentados no Reino Unido. Ele fala sobre a sua

pontualidade britânica e de como ela foi abalada pelos atentados, do

funcionamento de seus bancos e Bolsas de Valores, além do medo no

país que, segundo ele, estaria em segundo lugar na preferência para um

futuro ataque terrorista. As imagens demonstram ruas, prédios públicos

e metrôs vazios. Trata-se, então, da explicação diplomática da tensão;

“Hoje, essa amizade histórica deixou os cidadãos daqui com a sensação

de que Londres poderia ser o próximo alvo.” O medo, o pavor, uma nova

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menção à 3ª Guerra Mundial e a pena pelas pessoas é o que aparece

no discurso dos londrinos entrevistados. Na matéria de Losekann

aparecem pronunciamento oficiais das principais autoridades européias:

O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, demonstrou solidariedade, O

presidente da França, Jacques Chirac, falou em monstruosidade. Da

Rússia, o então presidente Vladimir Putin fala em “tragédia terrível”. Já o

chanceler alemão, Gerard Schroeder fala em terrorismo. O Secretário

Geral da OTAN, George Robertson menciona combate, e a cúpula da

União Europeia conclama reunião de emergência. A matéria finaliza com

os detalhes do reforço na segurança de embaixadas norte-americanas

na Europa;

17) Declarações do chanceler brasileiro sobre o novo cenário

geopolítico mundial, as mudanças no funcionamento do sistema, a

compreensão do momento como decisivo, a incompreensão, os efeitos e

a mudança na diplomacia, a seriedade do evento, o alcance do ocorrido

na vida das pessoas. Além da previsão de professores de Política

Internacional sobre papel dos países e a descentralização de poder,

algumas estimativas a respeito da resposta militar americana, a escolha

de países como Iraque e Afeganistão como vítimas ou futuros inimigos,

o medo de uma ameaça nuclear, o fim do isolacionismo norte-americano

desde o início do governo Bush, naquele ano, além das perspectivas

para as novas relações dos Estados Unidos com o mundo;

18) Correspondente Zileide Silva: ao vivo, a repórter mostra

imagens ao vivo da cidade e atualiza as informações sobre brasileiros no

local das tragédias, fala dos brasileiros que trabalhavam no World Trade

Center, mas que sobreviveram, pois estavam atrasados para o trabalho

naquele dia, e a ausência de uma lista oficial de sobreviventes;

19) Repórter Giuliana Morrone: de Brasília, Giuliana relata as

negociações políticas do PMDB com Conselho de Ética em “protelar a

tramitação do requerimento de informação”, conforme declarações do

relatório, contra o senador Jader Barbalho, acusado de ter recebido

recursos desviados do Banpará,

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20) Repórter Caco Barcellos: de Campinas, Barcellos acompanha o

velório e enterro de prefeito, Antonio da Costa de Santos, do PT. Na

noite anterior, o prefeito fora baleado após sair de um shopping. Na

ocasião do cortejo, estavam presentes autoridades do partido, como o

senador Eduardo Suplicy e Lula, e o governador paulista Geraldo

Alckmin. São declaradas as hipóteses da polícia e a de que o prefeito

fizera denúncias sobre corrupção, sugerindo um acerto de contas com

os denunciados;

21) Apresentadora Fátima Bernardes: da bancada, Fátima noticia a

morte do empresário José Ermírio de Moares Filho, presidente do

conselho de Administração do Grupo Votorantim, aos 75 anos;

22) Previsão do tempo com Fabiana Scaranzi;

23) Apresentador William Bonner: da bancada, Bonner relata a

participação do tenista Gustavo Kuerten no Torneio de Tênis da Bahia,

em que foi derrotado pelo brasileiro Flávio Sareta;

24) Correspondente Zileide Silva: ao vivo, a repórter fala das

investigações e da atuação da CIA e do FBI. Surge novamente a

insinuação da autoria dos atentados: “Só o bilionário saudita teria

ousadia e recurso suficientes para organizar uma série de atentados

como esses.”, diz Zileide. Também menciona declarações da Agência de

Notícias espanhola EFE sobre parte de Exército Vermelho Japonês ter

assumido a autoria dos ataques, em resposta aos ataques nucleares

norte-americanos a Hiroshima e Nagasáki. Zileide também anuncia que

as investigações sobre os atentados passariam a ser responsabilidade

do escritório do FBI em Nova York, por ser esse, segundo as palavras

de Zileide, mais eficiente que o escritório da capital nacional. Também

declara que as companhias aéreas confirmaram ter encontrado todos os

demais aviões que estavam desaparecidos naquele dia;

25)Repórter William Wack: de São Paulo, o repórter fala sobre o impacto

dos atentados sobre as bolsas de Nova York nos Estados Unidos, no

Brasil e em outros países, resultando nas baixas e maiores quedas em

inúmeras delas em anos. Wack fala do fechamento do Ibovespa por

causa de quedas maiores que a da desvalorização do real em 1999.

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Isso explica-se pelas falhas técnicas, que forçaram o fechamento pelo

bem dos investidores. Analisam-se a alta do dólar, o cancelamento de

leilões de títulos públicos brasileiros, a elevação do preço do barril de

petróleo e do preço do ouro. Segundo especialista, por qualquer crise

que o mundo sofresse não deveria ser posta culpa nos atentados. “A

economia americana está em processo de desaceleração e isso pode

até chegar a uma recessão. Mas não será por causa dessa tragédia. Na

verdade, a economia é muito mais robusta e não é um acidente, um

ataque terrorista, que vai mudar grandes tendências e movimentos

profundos que estão ocorrendo no mundo.”, diz o especialista;

26)Repórter Heraldo Pereira: a reportagem trata da situação da

embaixada (em Brasília) e dos consulados (no Rio de Janeiro, de São

Paulo e do Recife) norte-americanos no Brasil, do reforço no

policiamento, da situação de preocupação também na embaixada

israelense. Heraldo fala da situação dos aeroportos brasileiros, da nota

do Itamaraty ao condenar o atentado, da preocupação do presidente

Fernando Henrique Cardoso, sua carta ao presidente e ao povo norte-

americanos de solidariedade e de repúdio. Na reportagem, é

mencionada a situação do consulado brasileiro em Nova York. FHC,

então, faz previsões sobre o que pode acontecer ao mundo e as

influencias disso sobre o Brasil. Heraldo mostra a reunião presidencial

com os ministros, e, posteriormente, com o Conselho de Defesa

Nacional, cujas pautas seriam as discussões de como proteger os

cidadãos americanos no Brasil;

27) Repórter José Roberto Burnier: entrevistas com os brasileiros

envolvidos na tragédia, ou melhor, com seus familiares tentando

estabelecer contato com eles, nos Estados Unidos. Burnier retrata a

situação das operadoras de telefonia e mostra relatos de alguns

brasileiros em Nova York: um brasileiro recém chegado a Nova York

conta de seu susto, um advogado brasileiro que viajava com sua família

e, por coincidência, decidiu não pegar um dos voos que foram

sequestrados, um corretor de seguros que trabalhava no 25º andar da

primeira torre atingida, que conseguiu escapar, fugindo pelas escadas

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de incêndio. Aparecem relatos de cheiro de fumaça e combustível no

local, além da menção de graças a Deus;

28)Repórter Roberto Kovalick: de Brasília, Kovalick detalha o esquema

de plantão do Itamaraty para prestar atenção e assistência a familiares

de brasileiros nos Estados Unidos. Fala também da previsão de dois

dias para que ficassem prontas as listas oficias e do plantão de pessoas

no consulado, além de informar sobre um serviço de informações 24

horas de Brasília. Mesmo assim, ainda estavam indefinidas as

condições sobre os mais de 800 mil brasileiros que estavam nos

Estados Unidos e os 300 mil que vivam em Nova York;

29)Correspondente Zileide Silva: em sua última entrada ao vivo, Zileide

anuncia a decisão da Casa Branca pelo pronunciamento de Bush e

adianta algumas falas do discurso, como “Os EUA já foram testados

várias vezes. Sempre venceram” e os pedidos do presidente pelo

retorno à normalidade. Zileide versa sobre a lotação de hospitais em

Nova York, sobre as decisões da United Airlines em liberar dinheiro para

os familiares das vítimas. Também informa que um grupo de oposição

ao Talebã assumiu a autoria das explosões em Cabul. Durante a

transmissão, Zileide confirma ter recebido informações de que a

Inteligência Americana interceptara mensagens de Osama Bin Laden a

respeito dos ataques e finaliza sua participação no telejornal;

30)O Jornal Nacional apresenta uma sequência de imagens daquele dia e

resume com a frase de Fátima Bernardes: “Imagens de filme e que

gostaríamos de ver, tão somente, nas telas de cinema!”;

31)No encerramento, o telespectador é convidado a acompanhar a

programação da emissora, pois, em breve, seria transmitido o

pronunciamento do presidente George W. Bush. Já para novas

informações, o telespectador era convidado a acompanhar o Jornal da

Globo;

6.2. TERREMOTO E TSUNAMI NO JAPÃO, ORDEM DAS

REPORTAGENS

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Imagens no painel de fundo do estúdio: o mapa do Japão com

simulação de emissão de ondas, bandeira trêmula do Japão, imagem de

sismógrafo em movimento sobre uma terra rachada, bandeira dos Estados

Unidos e mapa da Líbia com bandeira trêmula, além do logotipo do Jornal

Nacional e demais oportunidades em que não aparece imagem alguma.

1) Correspondente Roberto Kovalick: painel geral dos acontecimentos,

horários e localização da tragédia, mapas, histórico da criação da escala

Richter, histórico mundial de terremotos, a situação geral do país e de

sua população, grande acervo de imagens, disponibilizo por particulares,

que gravaram a tudo com seus aparelhos celulares;

2) Correspondente Roberto Kovalick: depois de explicar sobre os

terremotos, chega a vez de falar sobre a tsunami no nordeste do Japão,

utilizando-se de imagens de agências internacionais e de emissoras

japonesas, além de imagens aéreas, feitas de helicópteros;

3) Entrada ao vivo do correspondente Roberto Kovalick: tem-se a

primeira atualização de informações, quando surge, pela primeira vez, a

preocupação com a questão das usinas nucleares. Aparece frase do

tipo: “pequeno vazamento de gás radiativo”. E estabelece-se uma

conexão com o acidente nuclear em Chernobyl na Ucrânia, quando

William Bonner diz “o fenômeno natural mais registrado por câmeras da

História”. Não fosse a preocupação com os resultados de um vazamento

de material radiativo, o vazamento em Chernobyl completaria aniversário

de 25 anos no mês seguinte, em 26 de abril;

4) Repórter Sandra Moreyra: explicação de como se formam as tsunamis,

inclusive pela sua etimologia que, coincidentemente, é de origem

nipônica: “tsunami é um termo japonês que significa onda no porto”;

apresentação de infográfico interativo e a palavra de especialista,

comparação da energia do maremoto com a de “centenas de bombas

atômicas”, a explicação e a comprovação com as imagens, a explicação

gráfica do sistema de alerta;

5) Repórter José Roberto Burnier: aparecem as primeiras personagens

brasileiras da notícia. Não são eles os brasileiros que vivem no Japão,

mas sim os seus parentes que aqui estão. Começa-se por demonstrar

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os brasileiros entrando em contato com seus parentes no Japão,

mostram-se imagens do bairro da Liberdade. O desespero transmitido

pelo choro de um pai e sua emoção, ainda maior, quando consegue

finalmente estabelecer contato com seu filho. Posteriormente, no

Paraná, conversa com pais de jogador brasileiro que joga no Japão. Já

em Belo Horizonte, mostra-se a conversa com tradutora que tem

parentes e amigos no Japão. Em Belém, no Pará, uma mãe conta do

filho que trabalha em fábrica atingida. E finaliza-se a matéria com as

falas de um homem com sotaque forte, que expressam como os

japoneses têm mais medo de tsunami de que de terremotos;

6) Participação, ao vivo, do repórter Wilson Kirche: de Londrina, no

Paraná, o repórter fala com os apresentadores direto de uma festa da

colônia de japoneses paranaense. Coincidentemente, 12 de março havia

sido a data escolhida para uma comemoração dessa colônia.

Conversando com as pessoas, a conclusão a que Kirche chega é de que

a “dificuldade de comunicação com parentes, angústia, preocupação” é

o que tem mais atingido essas pessoas;

7) Participação, ao vivo, do correspondente Rodrigo Bocardi: do

escritório de Nova York, Bocardi fala sobre como os Estados Unidos

também podem ser atingidos, já que o estado do Havaí está localizado

no Pacífico, além de imagens de barcos tombados também no litoral da

Califórnia, como reflexo do tsunami no Japão. Barack Obama aparece

em um pronunciamento, no qual demonstra como os Estados Unidos

estariam comprometidos em ajudar as vítimas japonesas, enviando

também navios americanos para socorro no local;

8) Repórter Júlio Mosquera: de Brasília, Mosquera fala do núcleo de

atendimento a brasileiros, do Itamaraty. Na oportunidade, conversa com

Marcos Galvão, embaixador brasileiro em Tóquio e fala da carta oficial

da presidenta ao primeiro-ministro e ao povo japonês e cita uma

passagem: “lamentando a tragédia no país. Ela lembrou o grande

número de brasileiros que vivem por lá e ofereceu ajuda ao governo

japonês” Quem lê a carta é Rodrigo Baena, porta-voz da presidência.

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Não é mencionado se Dilma Rousseff está em Brasília ou se está

participando de algum outro compromisso;

9) Correspondente Delis Ortiz: de Buenos Aires, Ortiz trata da

repercussão das tsunamis nos países sul-americanos cujos litorais estão

voltadas para o Pacífico. Na matéria, aparecem os comentários das

agências de notícias em espanhol e os pronunciamentos de alguns

presidentes. O chileno Sebastián Piñera trata da repercussão do fato na

ilha de Páscoa e aparecem imagens do terremoto e tsunami que

afetaram o Chile em 2010. Já o presidente do Equador, Rafael Correa,

aparece em cadeia nacional para mobilizar a evacuação dos moradores

das ilhas de Galápagos. Já o peruano Alan Garcia discursa pedindo que

a população repetisse e treinasse as simulações feitas. O clima que se

estabelece nesses discursos é o de precaução, uma vez que se as

ondas ainda não haviam chegado à costa sul-americana, elas estariam a

caminho: “Embora as informações oficiais sejam de que as ondas

estejam perdendo forças, Peru, Equador e Chile continuam em estado

de alerta porque a previsão da chegada das ondas é para as próximas

horas”.

10) Apresentador William Bonner: da bancada, Bonner dá a notícia da

morte do ator global Jorge Cherques. Aparecem imagens da carreira do

ator e de sua participação em novelas da Rede Globo.

11) Repórter César Galvão: de Santo André, é retomado o caso da

menina Eloá Pimentel, mantida refém por seu ex-namorado em outubro

de 2008, com sua amiga Nayara Rodrigues. Galvão fala sobre o

cancelamento do julgamento do sequestrador Lindenberg Alves, ex-

namorado da vítima, que a manteve refém durante cem horas;

12) Apresentador William Bonner: da bancada, dá a notícia do caso do

funcionário público que atropelou pessoas em Porto Alegre, durante

manifestação por mais bicicletas. Diferentemente do que alegava a

defesa, o homem não apresentava depressão e, por isso, foi transferido

do hospital em que encontrava-se internado, para um presídio;

13) Repórter Guacira Merlin: fala das notícias sobre as enchentes em São

Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul. A reportagem aparece com

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imagens das enchentes e de suas consequências, da limpeza da

destruição e do salvamento do corpo de criança, encontrado a 400 m de

distância da casa de onde foi arrastada;

14) Previsão do tempo com Flávia Freire: previsões sobre tempo

chuvoso no Brasil, encerrando-se com menção a letra de música “São

as águas me março fechando o verão”;

15) Apresentador William Bonner: da bancada, Bonner fala sobre o

apoio de centrais sindicais à presidenta Diola Rousseff, sobre novas

decisões a respeito do imposto de renda, das correções da tabela, da

inflação e das faixas de tributação;

16) Apresentadora Fátima Bernardes: da bancada, a musa da Copa de

2006 anuncia o retorno do atacante Luís Fabiano ao São Paulo Futebol

Clube

17) Anúncio do Globo Repórter: como em toda edição de sexta-feira,

Sérgio Chapelin aparece no Jornal Nacional para falar sobre os

destaques da edição do dia, que em 12 de março trataria de obesidade

masculina, de jovens que sofrem preconceito por causa da obesidade e,

também, a respeito de alimentação saudável;

18) Correspondente Marcos Losekann: direto de Londres, Losekann fala

das deliberações da União Europeia em relação ao ditador da Líbia

Muammar Gaddaffi, deixando de reconhecê-lo como representante legal

de seu país. Losekann mostra também a reunião dos líderes do bloco

em Bruxelas e sua decisão em reconhecer o chefe do comando rebelde

como novo representante da Líbia. Tal reunião também conclui pela

recusa em se criar uma zona de exclusão da Líbia do espaço aéreo

europeu;

19) Correspondente Roberto Kovalick: ao vivo, Kovalick retoma algumas

das informações dadas ao logo da edição, e informa sobre as últimas

notícias, além de apresentar dados recentes, como a normalização do

sistema telefônico e as primeiras imagens do dia posterior ao do

terremoto e tsunami, proporcionado pela diferença de fuso horário que

há entre o Brasil e o Japão. Na oportunidade, Kovalick anuncia sua ida,

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de trem bala, a Tóquio, capital do país, de modo que anuncia aí também

o início da retomada das atividades desse meio de transporte.

6. 3. COMPARAÇÕES:

6. 3. 1. A linguagem e as coincidências

Apesar dos quase dez anos que separam os acontecimentos em

análise, nos Estados Unidos e no Japão, e, apesar das mudanças pelas quais

passaram a Rede Globo e o próprio Jornal Nacional, muitas são as

características que favorecem ao telespectador manter a identidade com tal

telejornal.

A primeira dessas características já se apresenta pelos próprios

jornalistas que compõem sua bancada. O “casal nacional” está presente em

ambas as oportunidades: William Bonner como âncora e editor-chefe e Fátima

Bernardes, colega de bancada e esposa, também como apresentadora e

editora-executiva.

Mas os personagens que compõem ambas as edições do Jornal

Nacional analisadas vão além. Roberto Kovalick, por exemplo, que em 11 de

setembro aparece falando, de Brasília, sobre o Itamaraty, a previsão para uma

lista oficial dos mortos e o contato com os consulados e com um serviço de

informações, é, na edição de 12 de março de 2011, o contato in loco da Rede

Globo com o local dos acontecimentos, falando, dentre outros aspectos, sobre

as informações gerais, aspectos históricos e geográficos e as informações

recentes.

Também pode-se citar a participação de José Roberto Burnier. Tanto em

11 de setembro quanto em 12 de março, Burnier foi quem trouxe ao Jornal

Nacional as informações sobre os parentes das vítimas no Brasil. A abordagem

repete-se: procura-se uma pessoa ou uma família para servir de personagem

que carregue o sofrimento por possuírem algum parente ou amigo no local dos

acontecimentos, independentemente de terem sofrido qualquer influência

direta, fala-se sobre a dificuldade em se estabelecer contato (no caso de 11 de

setembro, é o próprio Burnier quem consegue falar com o amigo do filho de

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uma das entrevistadas, aparentemente, por causa do nervosismo da

entrevistada ou pelo fato de ela, talvez, não dominar o idioma inglês) e diz-se

sobre as histórias dessa pessoas. No entanto, algo mais importante. São nas

reportagens de Burnier que o Jornal Nacional permitiu, em ambos os casos, a

menção a Deus. Em 12 de março, quem fala sobre Deus é a mãe do jogador

Alex Santos, que viajava em direção a Sendai, com a frase “Eu acho que foi

assim a... A mão de Deus. Acho não, foi! A mão de Deus né, porque realmente

era para eles estarem todos lá, a delegação toda em Sendai.” Já na edição de

11 de setembro, quem fala sobre Deus é a mãe do rapaz com cujo amigo

Burnier conseguiu conversar. Ela diz: “Só tenho que agradecer a Deus, só isso.

Muito obrigada, meu Deus!” Nessa edição, mesmo tendo conversado com

lideranças religiosas, ninguém mais faz menção a Deus.

Também aparece nas duas edições o corresponde da emissora em

Londres Marcos Losekann. Em 11 de setembro, Losekan é quem fala sobre o

cenário e os reflexos dos atentados ao World Trade Center na Europa, falando

sobre os discursos das principais figuras políticas do continente europeu e,

mais precisamente, do ritmo da capital britânica, como sede de um governo

que dá apoio à política externa dos Estados Unidos. Já em 2011, Losekann

aparece no Jornal para falar sobre as decisões da União Europeia em relação

à situação da Líbia.

Em ambas as edições com cinco blocos, foram concentradas no quarto

bloco as notícias que não se enquadravam no panorama do assunto mais

importante do dia: os atentados nos Estados Unidos e o terremoto e tsunami no

Japão. Basicamente, o telespectador encontrou no penúltimo bloco aquelas

notícias que seriam de importância para um telejornal que se presta a ser o

resumo daquilo que aconteceu de mais importante no Brasil e no mundo

naquele dia, mas fora do assunto principal. Em 11 de setembro, o quarto bloco

trazia as notícias do avanço do PMDB nas negociações com o Conselho de

Ética do Senado, a morte do prefeito de Campinas e do empresário José

Ermírio de Moares Filho, a previsão do tempo e a derrota de Gustavo Kuerten

no Torneio de Tênis da Bahia. Já na edição de 12 de março, no quarto bloco

estavam assuntos como o falecimento do ator Jorge Cherques, o julgamento

de Lindemberg Alves, a transferência de um hospital para um presídio de um

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homem que atropelou um grupo de ciclistas em Porto Alegre, as buscas pelo

corpo de uma criança em São Lourenço do Sul, Rio Grande do Sul, a previsão

do tempo, a negociação da presidenta Dilma com as centrais sindicais, a

contratação de Luís Fabiano pelo São Paulo, uma chamada para o Globo

Repórter, ao ar no mesmo dia, após a novela. No caso dessa edição, também

uma matéria sobre decisões da União Européia em relação à Líbia apareceu

no quinto bloco, mas ela foi logo sucedida pelo último aparecimento de

Kovalick.

É de se destacar que a pluralidade de imagens de que a Rede Globo

dispunha deveu-se ao fato de possuir correspondentes próprios em Nova York,

Washington D.C. e no Japão, mais precisamente em Kyoto. No entanto, a

edição de 12 de março supera pelo leque de imagens feitas por pessoas

comuns, que, utilizando de seus aparelhos celulares com câmeras

disponibilizaram seus materiais às grandes emissoras através da Internet.

Assim sendo, o poder de influência de que o Jornal Nacional já goza junto aos

brasileiros é ainda acentuado pelos seus correspondentes que, por estarem no

local de acontecimento, ajudam na fixação da mensagem de que o que as telas

dos computadores mostravam era para ser acreditado, como futuramente

explicaremos.

Quanto às imagens na bancada, se na primeira análise tais imagens

apareciam ao lado dos apresentadores, o novo projeto de imagem do Jornal

Nacional reformulou a ideia, de modo que as imagens aparecem no fundo dos

estúdios da Central de Jornalismo, bem atrás do mezanino onde fica localizada

a bancada.

O discurso se constroi, ao longo de ambas as edições, junto com o

telespectador. De forma que, enquanto o repórter dá a notícia, seja dos

Estados Unidos, seja do Japão, ele espera que o seu telespectador

compreenda que aquela edição vai se construindo, que novas notícias podem

aparecer a qualquer instante.

Ou seja, notícias sobre novos atentados, sobre o paradeiro dos autores

dos atentados, novos tremores de terra ou de maremoto, ou mesmo o

vazamento de material radiativo de usinas ficam na iminência de serem dadas,

ao vivo, seja pelo repórter in loco, seja pelos apresentadores na bancada.

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6. 3. 2. A linguagem e as diferenças

O grande diferencial que as edições do Jornal Nacional apresentam

entre si não se relaciona, diretamente, com o fato de que em um caso temos

um acontecimento de causas humanas e em outro um de causas naturais.

O que o discurso do Jornal Nacional propõe de diferente entre as

edições reflete no tom com que se dão as notícias. É nítida a intenção de se

mostrar em 11 de setembro os Estados Unidos da América, a maior e mais

influente potência do mundo, despreparada em relação aos atentados e, ainda

mais, surpresa por se preparar contra um inimigo nuclear e acabar sendo

atacada por aviões comerciais e, em 12 de março, o Japão, que

exaustivamente treina sua população, para que essa esteja sempre preparada

para terremotos e maremotos, também surpreso, mas pego, desprevenido,

pelas dimensões do acontecimento.

A questão da (im)previsibilidade passa a convencer agora o mundo de

que os norte-americanos não teriam tanto motivo assim para auto-confiança,

como expressa a frase de William Bonner “o país quês e preparava para guerra

nas estrelas é vítima de seus aviões de passageiros” e que, mesmo para um

país conhecido por suas tradições milenares e pela sua disciplina, onde há

uma “população exaustivamente treinada”, de acordo dom Kovalick, as

pessoas se assustam com o imprevisível, como mostram as imagens de

pessoas saindo de um prédio de cuja fachada caem blocos de concreto, um

procedimento proibido pelos manuais de comportamento japoneses para o

caso de terremotos.

Por causa da proximidade cultural, econômica e lingüística, as

referências geográficas no mapa dos Estados Unidos não precisaram ser tão

enfáticas quanto as referências aos nomes de cidades japonesas. Apesar de a

maioria dos brasileiros saberem de Washington D.C. e Nova York, quase todos

desconhecem Sendai, por exemplo.

O mesmo quanto aos líderes políticos desses países. Todos sabiam

quem era George W. Bush, mas desconheciam Naoto Kan, primeiro-ministro

japonês. Mesmo estando no cargo de presidente há poucos meses, a imagem

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de Bush aparece insistentemente, não porque a população desconhecesse sua

figura, mas porque estava em jogo a imagem da maior potência mundial e,

afinal de contas, alguém teria de personificá-la. No momento, ainda não era

hora de o jornalismo demonstrar o ferido como imagem do norte-americano. A

imagem do herói ianque não poderia se confundir com o decepado ou mutilado,

mas sim com o seu líder. Logo após os atentados, quem acabou ganhando

espaço político e de influência foi, surpreendentemente, Rudolph Giuliani,

prefeito de Nova York á época. Diferentemente de Bush, Giuliani não passou o

11 de setembro viajando de avião e se escondendo em bases militares. Ele

esteve nos locais dos atentados, estando, coincidentemente, em um prédio

próximo no exato momento do choque do primeiro avião.

Já para os líderes políticos brasileiros, enquanto o presidente da

República Fernando Henrique Cardoso aparece assistindo ao noticiário,

demonstrando inconformismo, se pronunciando e fazendo uma reunião

ministerial e com demais lideranças, a presidenta Dilma Rousseff não aparece

sequer uma vez, nem ao menos é mencionado onde ela se encontra, se está

em Brasília ou participando de algum outro compromisso. Coincidentemente,

seu porta-voz Rodrigo Baena faz um pronunciamento em frente à mesma

bandeira de onde FHC se pronunciara há pouco menos de dez anos.

Ambos os presidentes demonstraram inconformismo e pesares com os

ocorridos, mandaram cartas para os Estados Unidos e para o Japão e se

ofereceram a prestar socorro, se necessário.

Outra diferença clara, certamente compensada pelos quase dez anos de

avanços tecnológicos, é a disponibilidade de imagens no Japão. O fato de os

japoneses possuírem aparelhos celulares com câmeras digitais integradas, o

fato de as ruas possuírem câmeras de inspeção e monitoramento e as

empresas e prédios manterem circuitos internos de vigilância possibilitou ao

Jornal Nacional e, possivelmente aos telejornais de todo o mundo, uma

abundância de imagens. Isso acabou por possibilitar, por exemplo, que a

edição de 12 de março possuísse reportagens em menor número, porém com

maior abundância de imagens, que não necessariamente aquelas fornecidas

pelas agências internacionais de notícias.

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Também o fato de o escritório da Rede Globo estar localizado em um

edifício em Manhattan permitiu que as entradas, ao vivo, da correspondente

Zileide Silva tivessem como plano de fundo a própria cidade de Nova York,

embora escura por causa do horário.

Roberto Kovalick aparece, ao vivo, de uma estação de trem em Kyoto e

ao telespectador só é possível perceber a correria de uma estação. E como

toda estação, por excelência, já traz consigo a correria do embarque e

desembarque, não é possível definir o que ali é causado pelo terremoto e o que

é pura agitação de uma metrópole japonesa.

Os locais de destruição no Japão são mostrados por Kovalick ao longo

das próximas edições quando ele e sua equipe passam a percorrer as regiões

mais afastadas e afetadas do país.

6. 4. A ANÁLISE DO DISCURSO: AS TEORIAS DA CONSTRUÇÃO DE

SIGNIFICADOS

A análise da enunciação e da produção de campos semânticos no

telejornal, mais especificamente, no caso de nossos estudos, no Jornal

Nacional, da Rede Globo, demonstra, logo de início, duas coisas. Ali, nas duas

edições, cujos textos seguem decupados nesta monografia, estão refletidas as

opiniões dos donos dessa emissora, a família Marinho, e suas intenções em

atrair a simpatia dos seus telespectadores.

Durante muitos anos se acreditou que a opinião de um jornal impresso

estivesse em sua página de número dois, onde podem ser lidos seus editoriais.

“Em geral, os jornais explicitam a sua opinião nos editoriais.” (ABRAMO, C.,

1988, p. 117)

Na realidade, a voz que os teóricos acreditavam falar somente no

editorial, em nome da família proprietária do jornal, se espalha por todas as

suas páginas. De modo que, como resume Cláudio Abramo, é direito do dono

do jornal elidir o nome do redator de uma determinada reportagem. Jornalista

não é sócio do proprietário, mas sim seu funcionário. E é por isso que Abramo

destaca que

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“No jornal, a notícia tem aquela objetividade que foi optada pela empresa e

cooptada pelo jornalista. Ainda que às vezes, de acordo com um entendimento

prévio, o repórter também possa interpretar a notícia. A interpretação não é

opinião. Pode se interpretar o desencadeamento, a concatenação dos fatos e o

significado de certas coisas. (...) É uma interpretação. A opinião fica um passo

além. (...) A necessidade que os jornais têm de limitar a interpretação e a opinião

dos jornalistas vem, primeiro, do fato de a opinião dos jornalistas vem, primeiro,

do fato de a opinião ser centralizada na cúpula do jornal...” (ABRAMO, C., 1988,

p. 117)

O Jornal Nacional não possui em sua programação algum quadro

chamado de “Editorial”. Mas da mesma forma como se dá no jornal impresso,

seu editor-chefe, William Bonner, juntamente com o trabalho de sua equipe, de

Ali Kamel, diretor-executivo da Central Globo de Jornalismo, e de Carlos

Henrique Schroder, diretor geral de Jornalismo e Esporte da Rede Globo,

devem transparecer, diariamente, a cada edição do telejornal, o que seus

proprietários pensam a respeito de um determinado assunto, quais interesse

preferem defender e quais privilégios não estão dispostos a colocar em xeque,

já que muitos teóricos tratam o Jornalismo como um quarto poder, aquele a

quem está incumbida a tarefa de denunciar os abusos dos demais.

No entanto, escolher o que fará parte da edição do Jornal Nacional não

deve responder apenas aos egos e aos interesses de uns poucos. Senão, a

Rede Globo estaria investindo dinheiro e pessoal para que eles mesmos

assistissem ao seu telejornal. Nas reuniões de pauta que Bonner promove,

diariamente, na sala que fica embaixo do mezanino onde se encontra a

bancada do Jornal Nacional, na Central de jornalismo da Rede Globo, no Bairro

do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, é expresso pela frase:

“O Jornal Nacional tem por objetivo mostrar aquilo que de mais importante

aconteceu no Brasil e no mundo, naquele dia, com isenção, pluarlidade, clareza

e correção.” (BONNER, W. 2009, p. 17)

Mas esses parâmetros não norteiam apenas a Rede Globo. Ele deve

servir a todas as emissoras ou veículos de informação, como expressa a frase

a seguir:

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“As informações chegam aos canais competentes em sua forma bruta. Sua

seleção apóia-se em patamares praticamente idênticos para todas as

emissoras: originalidade, presentificação (momento presente), grau de

importância (geográfico, psicológico ou de impacto visual), ou, ainda, o

insólito, o conflituoso – em outros termos: o que desperte o interesse

humano (grifos meus). Entretanto, o que cada emissora elege como relevante

nesse quadro de apresentação constituirá o seu mundo significado (grifos do

autor), resultado dos elementos significativos na sua visão particular.”

(GAVAZZI, S., PAULIUKOINIS, M., SANTOS, L., p. 81)

Podemos concluir, então, que a quando a redação do Jornal Nacional

decidia o que deveria ir ao ar em seu noticiário noturno de exatos trinta e um

minutos, ela teve de selecionar quais os aspectos que mereciam maior ou

menor destaque e, principalmente, a ordem das notícias ao longo do noticiário.

Reza a lenda que no jornalismo impresso, o redator ou o copydesk deve

aplicar a técnica da pirâmide invertida. Isso significa falar dos assuntos mais

importantes numa matéria logo em seu início, deixando para o final o que

tivesse menor relevância, podendo ser suprimido sem qualquer prejuízo ao seu

entendimento total. Essa técnica surgiu na época em que as notícias eram

datilografadas, recortadas com estiletes e coladas no espelho da página de

jornal. E como quem escrevia a matéria não era quem a levava para a

montagem da página na gráfica, era interessante deixar o menos importante

para o fim, pois, se fosse para “cair” alguma coisa, que caísse o menos

importante. E é dessa maneira que ainda se faz jornalismo impresso.

Porém, as duas edições analisadas demonstram funcionamento

parecido: aproveita-se o início para explicar o que aconteceu, demonstra-se

com recursos visuais e imagens as repercussões do fato, dá-se vez aos

especialistas, para que também eles digam o que seus estudos têm

comprovado, enfatiza-se os reflexos do acontecido primeiramente, no local da

ocorrência, depois, os reflexos aqui no Brasil, parte-se para a análise dos

reflexos nos países que mantêm influência no mundo todo, desvia-se do

assunto para tratar das demais matérias que um telejornal nacional se presta a

fazer e retoma-se o assunto pelas atualizações e últimas informações.

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Mas só pode se permitir isso o jornal que já tiver adquirido, junto ao seu

público, toda a credibilidade de que necessita para representar seu público na

esfera da opinião pública.

“Para ser aceito, o Sujeito comunicante precisa reforçar a veracidade daquilo

que diz, já que não se traduz diretamente uma ideia, mas uma configuração

discursiva dela. Dessa forma, a estruturação lingüística destina-se a garantir a

credibilidade da instância de produção. Mesmo em um texto de caráter

informativo – quando se espera que o Sujeito interpretante depreenda o

sentido-, é necessário também fazê-lo aceitar as informações como válidas,

acreditar nelas, perceber a relevância de alguns fatos e realizar as ações

sugeridas pelos comandos implícitos do texto. Em termos retóricos, os atos

discursivos procuram não só informar, como também modificar

comportamentos.” (GAVAZZI, S., PAULIUKOINIS, M., SANTOS, L., p. 83)

Também explicam as autoras adiante em seu texto:

“O Sujeito Comunicante (a emissora de televisão) está legitimado como detentor

do Saber e constrói sua credibilidade na imagem da competência da Instituição

a que pertence. Por sua vez o Sujeito interpretante (telespectador) é alguém

que, em princípio, compartilha da mesma competência ideológica, das mesmas

crenças do Jornal apresentado, o que lhe permite ‘construir’ modelos

interpretativos, durante a exibição do noticiário, ou atualizar antigos referenciais

para o reconhecimento de novos.” (GAVAZZI, S., PAULIUKOINIS, M., SANTOS,

L., p. 85)

Por estarmos tratando de edições do Jornal Nacional em que há

claramente o foco em acontecimentos inesperados e que, por isso, merecem

maior destaque ao longo de toda edição, podemos perceber como a narrativa

dos fatos e a conclusão de seus efeitos e de suas conseqüências se constroem

ao longo do noticiário. Ou seja, como são muitas as informações a se verificar,

muitos os dados a se interpretar e inúmeros os nomes a se citar, o Jornal

Nacional pretende segurar a sua audiência ao longo de todos os seus trinta e

um minutos (e, dessa forma, manter os televisores deste país ligados desde a

novela das 19 horas até a das 21 horas), causando em seu telespectador a

impressão de que ele só estará bem informado se assistir ao programa inteiro.

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“A manutenção da audiência configura o objetivo primeiro de qualquer emissora.

Na realidade, o público-alvo possui uma expectativa, que deve ser preenchida

de forma adequada, para que haja uma cumplicidade entre o Sujeito

comunicante (emissora) e o interpretante (telespectador). A credibilidade dos

telejornais será responsável pela persuasão diária do telespectador (...).”

(GAVAZZI, S., PAULIUKOINIS, M., SANTOS, L., p. 97)

Mas não é somente durante noticiários dessa dimensão que isso

acontece no Jornal Nacional. O contrato com o público é diário e renova-se a

cada edição:

“Sabe-se que todo ato comunicativo é negociado, resulta de uma co-construção

de sentido, no instante da interação; considera-se toda mensagem como

resultado de uma operação interativa, onde se deve levar em conta as

condições de produção do texto e o reconhecimento da intenção dos sujeitos

envolvidos.” (GAVAZZI, S., PAULIUKOINIS, M., SANTOS, L., p. 84)

O noticiário constrói, junto com os seus telespectadores, não apenas a

notícia daquele dia, em si, mas todo um campo de ideias e de significados, que

acabam por formar nos telespectadores uma opinião, certamente, diferente da

que esse telespectador tivesse até então. Noticiário e telespectador

compartilham do mundo em que vivem, mas o modo como este constrói suas

opiniões acerca desse mundo dependerá, dentre inúmeros fatores, de como

aquele decide construir sua narrativa. Incluindo as palavras que o noticiário

decide utilizar. (Veja tabela abaixo)

6. 5. TABELA: NÚMERO DE VEZES EM QUE ALGUMAS PALAVRAS

APARECEM NAS EDIÇÕES DO JN

Palavra (seja falada

ou escrita na forma

de Gerador de

Caracteres)

Número de vezes em

que aparece a palavra

na edição do Jornal

Nacional de 11 de

setembro de 2001

Número de vezes em

que aparece a palavra

na edição do Jornal

Nacional de 12 de

março de 2011

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Deus 3 vezes 2 vezes

Tragédia 7 vezes 7 vezes

Terror 9 vezes Nenhuma

terrorismo ou

terrorista(s)

31 vezes Nenhuma

atentado(s) 34 vezes Nenhuma

Pior 1 vez 2 vezes

oficial(ais) (mente) 3 vezes 3 vezes

Catástrofe Nenhuma 1 vez

ataque(s) 27 vezes Nenhuma

Desastre Nenhuma 1 vez

mau(s) Nenhuma Nenhuma

Desgraça 1 vez Nenhuma

Caos 2 vezes Nenhuma

horror/horrorizado(a) 2 vezes Nenhuma

Horrível 5 vezes Nenhuma

normal/normalizado(a) 5 vezes 5 vezes

Natureza Nenhuma Nenhuma

humano(a) Nenhuma 2 vezes

Humanidade 3 vezes Nenhuma

humanitário(a) Nenhuma 2 vezes

Como é possível notar, a questão da imprevisibilidade de que três

aviões atingissem dois símbolos do poderio norte-americano, fosse econômico

no caso das torres gêmeas, fosse militar no caso do Pentágono, fez da edição

de 11 de setembro uma repetição de palavras de ordem, como: terrorismo ou

terrorista, atentado e ataque.

Já o mesmo número de vezes é falado em tragédia para ambos os fatos

e também em normalidade, referindo-se à tentativa das autoridades locais em

retornar às condições prévias nesses dois países.

A respeito da palavra “Deus”, sua ocorrência se dá, em ambas as

edições, nas falas de familiares que não conseguem estabelecer contato com

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seus parentes nos locais dos acontecimentos. Quem fala isso não são os

repórteres, nem os apresentadores.

Na edição de 11 de setembro, quem fala Deus é a mulher que consegue

estabelecer contato com um amigo de seu filho, por intermédio de telefonema

de Burnier, e também o funcionário de uma corretora, que funcionava no

primeiro prédio a ser atingido e agradece por não ter havido pânico no

momento da saída da multidão. Já em 12 de março, quem fala Deus é a mãe

do jogador Alex Santos, agradecendo pelo fato de seu filho ter tido interrompida

sua viagem, cujo destino era Sendai. A mulher, inicialmente, cogita a

participação divina, até que conclui: “Acho não, foi! A mão de Deus né, porque

realmente era para eles estarem todos lá, a delegação toda em Sendai.”

Nas edições analisadas, o uso de determinadas palavras e as suas

repetições também tornam clara a intenção do telejornalismo em ensinar algo

ao seu telespectador, como explica Alfredo Vizeu, professor do programa de

pós-graduação em Comunicação da UFPE:

“Entendemos que o noticiário televisivo através de operações/construções

didáticas pode contribuir para que os homens e mulheres possam compreender

o mundo da vida, o cotidiano tenso e permeado por conflitos ao qual eles têm

cada vez menos acesso. Para tanto partimos do pressuposto que o noticiário da

televisão é um lugar de referência. Ou seja, ele nos mostra que o mundo existe,

está presente na ‘telinha’. O que os jornalistas fazem diariamente é ‘organizar o

mundo’ procurando torná-lo mais compreensível (...)” (VIZEU, Alfredo, 2009, p.

77)

As imagens a seguir foram feitas através do site Wordle –

Beautiful Word Clouds , disponível em <www.wordle.net>. Nele, está disponível

uma ferramenta capaz de montar Word Clouds, cuja tradução para o Português

seria nuvens de palavras. A intenção em demonstrar essas imagens é permitir,

visualmente, que seja notado como algumas palavras foram usadas com mais

ou menos freqüência nas edições analisadas do Jornal Nacional, uma vez que,

comparativamente, o tamanho de cada palavra corresponde à quantidade de

vezes que ela é pronunciada, conforme visto nas decupagens.

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Figura: “Word Cloud” formada pelas palavras da decupagem da edição do jornal Nacional, em

11 de setembro de 2001.

Figura: “Word Cloud” formada pelas palavras da decupagem da edição do Jornal Nacional, em

12 de março de 2011.

Para todos os efeitos de análise, não há distinção entre o

posicionamento horizontal e vertical das palavras, uma vez que nisso encontra-

se uma escolha de caráter meramente estético. Também não importa a ordem

em que tais palavras aparecem. Além de que não aparecem as palavras: ‘que’,

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‘os’, ‘as’, ‘um’, ‘uma’, ‘com’, ‘para’, ‘dos’, ‘foi’ e ‘não’, pois foram descartadas da

análise, visto que apresentavam grande frequência de uso, sem influenciar de

modo efetivo os objetivos deste estudo.

O que o telejornalismo faz é decidir quais os assuntos de maior

relevância, coloca-os em ordem e apresenta aos seus telespectadores como se

o que ali estivesse sendo transmitido não fossem algumas notícias do mundo,

mas sim, as notícias do mundo. E quando o apresentador fala, ele pensa estar

ensinando aos telespectadores. No exemplo das edições do Jornal Nacional

analisadas, vemos a intenção de agrupar notícias e ensinar aos

telespectadores, a exemplo de palavras em outras línguas, como o inglês e o

japonês, e algumas localizações geográficas, através de mapas e de

infográficos.

No entanto, apesar da pretensão de ser escola, o telejornalismo esbarra,

a exemplo das duas edições analisadas, no problema que é quanto ao fazer

com que os demais creiam no que as imagens mostram. Como explica Vizeu,

“Acreditamos que a televisão na sociedade contemporânea cumpre essa

função de reforçar que a realidade existe. ”(VIZEU, 2009, p. 77). Ou seja,

diante da queda de dois arranha-céus e de um quartel-general, símbolos do

poderio econômico e militar da maior potência do mundo, e diante da

derrubada de edifícios e de correntes de água invadindo o país onde a tradição

zela pela perfeição e pelo treinamento e disciplina, os telejornais serviram para

confirmar junto aos seus telespectadores que aquelas imagens que

presenciavam eram, de fato, reais.

De acordo com Eugênio Bucci, as torres gêmeas da região sul da ilha de

Manhattan eram o “duplo cetro” que amarrava na ordem do simbólico, na

ordem do visível toda uma teia de assuntos e reflexos do que ele chama de “a

velha ‘nova ordem mundial” (BUCCI, 2009, p. 63) Para ele, mais do que os

milhares de mortos, vítimas dos atentados, o 11 de setembro foi responsável

por criar em todos os telespectadores, que assistiam às transmissões, a

sensação comparável à de um mutilado de guerra. Da mesma forma como um

combatente é mutilado e perde um de seus membros, após o 11 de setembro,

nós que assistimos ao telejornal nos tornamos mutilados, seja em nossos

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olhares, seja nas questões da linguagem e dos campos de sentido e de

significado.

“No lugar das duas torres, irrompeu o vazio. O ato terrorista de 11 de setembro

descosturou a paisagem e, mais ainda, abriu um rasgo na linguagem, esgarçou

a ideologia, deixando ver o lado escuro do avesso do cenário. O ato terrorista

interferiu na instância do olhar, que conecta a sociedade consigo mesma, e,

assim, conseguiu o inacreditável: feriu o corpo de cada um, tanto daqueles a

quem pôde matar sob os escombros dos edifícios como daqueles a quem, na

forma de um show, alcançou como imagem.” (BUCCI, 2009, p. 64)

Com o anúncio dos episódios e desdobramentos do ataque de 11 de

setembro, o telejornalista teve também a função de permitir que seus

telespectadores acreditassem no que estavam vendo:

“Naquele dia, as plateias, adestradas para crer nos próprios olhos, foram

confrontadas com a sensação exasperante de ter de duvidar deles, nem que

fosse por uns poucos segundos. O golpe que desfigurava o horizonte de Nova

Iorque desfigurava também o que estava ordenado para ser visto. Por um

instante, fugaz mas traumático, ver não foi sinônimo de reconhecer (a

reafirmação imaginária opera pela reiteração): foi sinônimo de desconhecer.

Aquilo que se via pela TV parecia um evento indigno de crédito. Foi sintomático

o empenho de inúmeros locutores de televisão, de vários países, em avisar os

telespectadores de que aquelas cenas não eram filme de ficção, não eram

efeitos especiais, mas um registro jornalístico dos fatos. O incrível era para ser

crível. O impossível era o factual. Era preciso advertir o público de que o

inconcebível era simplesmente, a partir daquele momento, uma nova

conformação do visível e, em consequência, uma nova conformação da

verdade. Mesmo assim, os olhos duvidavam.” (BUCCI, 2009, p.66/67)

Tudo isso porque é atribuído ao nível da imagem a capacidade de tronar

as coisas reais ou, até mesmo, verdadeiras. Como Bucci declara: “É na

imagem e pela imagem que as verdades do nosso tempo são feitas e desfeitas.

Ferir a imagem é, em alguma medida, ferir a verdade.” (BUCCI, 2009, p. 64)

Como Bucci explica adiante em seu texto, isso se dá pelo fato de que os olhos

têm deixado de servir de nossas ferramentas, passando a servir de instância,

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na qual atuam os fatores sociais para que o que servir de verdadeiro seja ali,

na instância do olhar, consolidado.

“Isso nos ajuda a pensar um pouco mais na definição dessa verdade que se

constrói no olhar. Ela não é o que se constata no visível com o aparelho ocular.

Ela deve ser formulada de um outro móvel: a verdade é o que é visível, mais que

um suporte em que os signos se deixam olhar, é um sistema que ordena os

signos.” (BUCCI, 2009, p. 66)

Bucci resume a sensação dos telespectadores e dos jornalistas no

episódio de 11 de setembro, mas a sua definição certamente cabe para o

terremoto e tsunami no Japão:

“No instante do trauma, porém, a dor no olhar era intensa. Foi como se os

apresentadores dissessem: ‘Você está, como sempre esteve e sempre estará,

autorizado a crer em seus olhos. Sobretudo agora’. O sujeito-telespectador era

desafiado a se rearranjar internamente para encontrar um novo caminho por

meio do qual pudesse se relacionar com a verdade, essa entidade pertencente

ao visível, enquanto seus olhos pareciam incapazes de ver qualquer coisa além

do vazio aterrorizante. Terror, de fato. Nesse plano, o plano do olhar, o atentado

de 11 de setembro foi efetivamente um ato de terror. Em outros termos, foi um

atentado que marcou o ingresso da lógica do terror dentro da lógica do

espetáculo, em uma plenitude jamais verificada antes. Duvidar dos próprios

olhos marcou o contato com o trauma: a exemplo do mutilado de guerra que

tenta mover um músculo que já não possui, o mutilado do olhar tenta acionar um

ícone, carregado de sentido imaginário, e se dá conta de que esse ícone já não

existe- e seu sentido imaginário virou poeira negra, fumaça, carnificina.” (BUCCI,

2009, p. 67)

Apesar da complexidade do assunto e das palavras em línguas

estrangeiras, a questão da linguagem demonstra como palavras que a

população geral captaria como difíceis são substituídas por palavras mais

simples e, aquelas que devem ser utilizadas, inevitavelmente, são explicadas,

como, por exemplo, a palavra tsunami. Como explica Iluska Coutinho, a

“simplicidade do telejornalismo” é um “atributo que seria capaz de garantir o

entendimento da mensagem televisiva e ainda atrair a audiência.” E, adiante no

texto de Coutinho, podemos ver como não só a linguagem, mas a fluência dos 75

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repórteres e a ausência de trancos e de em suas falas, contribuem para a

compreensão do texto falado, embora possamos identificar, por exemplo, nas

participações ao vivo da correspondente Zileide Silva alguns engasgos,

principalmente quando a mesma faz sua última participação no quinto bloco da

edição do Jornal Nacional e, enquanto fala ao microfone, recebe informações:

“Eu tenho mais uma informação aqui: que a Inteligência Americana está... tá

difícil, a gente tá recebendo essas informações, ao vivo, que a Inteligência

Americana conseguiu interceptar mensagens de Osama Bin Laden sobre os

ataques. Esta é a última informação que nós estamos acabando de receber

aqui no escritório da Globo”.

É de se destacar o que Coutinho chama de “aproximação com a

dramaturgia”. Não bastasse estar situado entre duas telenovelas, o que fica

aqui sugerido é como a própria estrutura interna do Jornal Nacional segue a

lógica da dramaticidade, “reforçada na medida em que o discurso da TV teria a

mediação do espetáculo, comum às mensagens de ficção jornalística”

A explicação de Eugênio Bucci para isso mistura o envolvimento de

algumas sensações que o noticiário televisivo tenta causar em seu público. E

por trás desse comportamento, Bucci declara que o telejornalismo brasileiro

consegue contar quais coisas aconteceram, mas não é capaz de contextualizá-

las, e faz a seguinte observação:

“(...) ao jornalismo, seja ele de rádio ou de jornal, não basta informar. Ele precisa

chamar a atenção, precisa surpreender, assustar. Os produtos jornalísticos são

produtos culturais e, nessa condição, fazem o seu próprio espetáculo para a

platéia. Como se fossem produtos de puro entretenimento, buscam um vínculo

afetivo com o freguês. Mas o que se dá na televisão é mais que isso – e na

televisão brasileira é duas vezes mais” (Bucci APUD Coutinho, p. 2)

A questão do telejornalismo como espelho do que acontece de mais

importante no mundo coloca-se novamente, desta vez, como um espelho que

reflete os espetáculos do mundo, ou seja, como explica Coutinho, espelhos

“ainda que complexos”. Sendo o fenômeno físico da reflexão um dos assuntos

mais simples, por exemplo, dos estudos de Física de um estudante, entender o

que está por trás da queda das torres do World Trade Center e do Pentágono e

76

Page 77: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

dos fenômenos sísmicos nas terras distantes orientais não se propõe como

algo simples. Aliás, a tentativa do telejornalismo é de tentar fazer isso da

maneira simples.

Para Michael Schudson, o que vemos os repórteres fazendo na tela é

utilizar de suas capacidades de criatividade e de imaginação para, utilizando-se

do arsenal de informações de que dispõem, contar para os demais uma

história. É sugerido que por terem presenciado o que é uma metrópole

apavorada porque foi atingida, uma capital de um país em pânico porque seu

centro de inteligência militar continua ameaçado e num país onde, embora as

pessoas estejam acostumadas a tremores de terra freqüentes, a magnitude do

evento foi tamanha que até se esqueceram dos procedimentos que deveriam

tomar, esses repórteres podem e são convidados a contar aos telespectadores

ansiosos uma história, com enredo, trama, desfecho e tudo mais o que uma

fábula (como o próprio Schudson sugere):

“Era uma vez; é a partir daí que se define o ponto de partida, ou formatação da

história, de estórias e narrativas, ainda que isso não signifique uma redução de

sua importância. É a partir do ‘era uma vez’ que as coisas acontecem, e é em

função dessa forma de contar e não de interesses, valores ou interpretações

livres, que se mantém a história, a narrativa, o conto.” (Schudson apud Coutinho,

p. 6)

A respeito dessa função que teria o repórter, Coutinho explica as

definições de Reuven Frank: “o maior poder do telejornalismo não estaria na

transmissão de informação, mas na transmissão de experiências, por meio do

consumo das estórias apresentadas em cada noticiário”. Sendo impossível que

todos nós, telespectadores, estivéssemos nos locais dos acontecimentos,

“ficamos informados”, como é costumeiramente dito a respeito da pessoa que

acompanha noticiários, através do que viveram os repórteres nas suas viagens

pelo mundo da notícia. Ou como menciona Coutinho a respeito dos estudos

sobre o programa telejornalístico norte-americano 60 Minutes seriam três os

papéis de um repórter: “detetive, analista e turista”.

Ao relatar essa sua experiência, o repórter deve também abrir espaço

para que ali também sejam relatadas as experiências que, de fato, viveram o

77

Page 78: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

episódio. É por isso que se diz que no jornalismo a notícia só pode ser

veiculada se tiver o seu personagem. Como trata Coutinho “A utilização do

recurso do personagem tornaria a narrativa televisiva mais concreta para os

telespectadores por meio da identificação com o problema descrito na matéria”.

E em ambas as edições analisadas, verificou-se a existência de personagens

que, de certa forma, viveram os fatos, cada um a sua maneira.

E dentro do que Coutinho chama de “limites de credibilidade”, é possível

notar como o apelo junto ás pessoas se dá, mais do que de maneira racional,

ou pelo menos inicialmente, com “uma medida de emoção”: já que “as notícias

de TV devem falar de pessoas e não de instituições”, a forma de amarrar a

narrativa em torno da compreensão e interesse do telespectador, como em

qualquer história, faz uso do apelo sentimental. Impossível a quem vê sentir-se

indiferente a pessoas se jogando de prédios com mais de cem andares porque

estão esbaforidos e apavorados com o calor do incêndio, ou não temer pelo

bem de toda a Humanidade quando o local menos provável para ser atacado,

tamanha a vigilância e inteligência militar que o envolve, acaba sendo alvo de

terrorismo, ou não ser atingido quando pessoas morrem por causa de tremores

de terras e são arrastadas pelas marés, ou, ainda mais impossível ou curioso:

não sentir-se afetado quando se vê num telejornal, de onde se buscam

notícias, um parente ou um amigo em desespero porque está desinformado em

relação ao paradeiro e às condições de alguém querido ou próximo.

78

Page 79: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

7. DECUPAGEM DAS EDIÇÕES ANALISADAS

7.1. DECUPAGEM DA EDIÇÃO DO JORNAL NACIONAL DE 11 DE

SETEMBRO DE 2001

TEMPO IMAGENS SONS

2

segundos

Fátima Bernardes -

estúdios

Onze de setembro de 2001.

3

segundos

William Bonner

estúdios

Uma terça-feira que vai marcar a História da

Humanidade.

3

segundos

Fumaça saindo do

WTC e pessoas

correndo em direção à

câmera

A maior potência do planeta é alvejada pelo

terror.

2

segundos

WB - estúdios O World Trade Center, Nova York.

5

segundos

FB – estúdios

WTC pegando fogo e

saindo fumaça

No mais importante centro financeiro do

mundo, uma torre queima depois de ser

atingida por um avião.

5

segundos

Pessoa balança lenço

branco da janela do

WTC e avião se

choca com a segunda

torre

Enquanto o incêndio avança no arranha-céu,

um segundo avião é jogado contra a torre

vizinha.

3

segundos

Fogo na segunda

torre e nuvem de

fumaça em ambas,

com vista geral de

Manhattan e posterior

zoom no local dos

atentados

Um outro avião!

Oh, my God!

7 FB – estúdios e início

do desabamento de

E em menos de duas horas, dois dos prédios

mais altos do mundo se desfazem em uma

79

Page 80: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

segundos uma das torres, com

nuvem de fumaça

montanha de poeira e fumaça.

8

segundos

WB – estúdios, vista

geral do Pentágono

incendiado e imagem

do foco do incêndio

Na cidade sede do poder americano, outra

aeronave despenca sobre o Pentágono, o

centro de Inteligência militar.

2

segundos

FB – estúdios E mais um Boeing cai na Pensilvânia.

2

segundos

WB – estúdios O planeta em alerta geral.

3

segundos

FB – estúdios Chefes de Estado condenam o banho de

sangue.

2

segundos

WB – estúdios E reforçam a segurança nas fronteiras.

5

segundos

FB – estúdios Bolsas de valor e moedas internacionais são

abaladas pelos atentados.

6

segundos

WB – estúdios,

homens, mulheres e

crianças

comemorando nas

ruas, com os braços

levantados

Nos territórios ocupados por Israel, palestinos

comemoram a maior ofensiva terrorista de

todos os tempos.

6

segundos

FB – estúdios e

imagens da CNN de

ataques aéreos

noturnos com

legendas em inglês e

com o símbolo da

emissora

E na madrugada, no mundo árabe, explosões.

Mísseis riscam o céu de Kabul, a capital do

Afeganistão.

5

segundos

WB - estúdios O JN mostra a análise de especialistas sobre

as conseqüências dos ataques.

80

Page 81: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

3

segundos

Poeira formada no

local do atentado,

com raio de sol no

canto superior

esquerdo

O depoimento dos brasileiros que

testemunharam a tragédia.

4

segundos

WB - estúdios O apoio oficial aos que estão nos Estados

Unidos.

5

segundos

Pessoas andam por

entre os carros, em

meio à poeira

O dia em que os americanos experimentaram

o horror de uma grande guerra.

4

segundos

WB - estúdios O JN está começando agora.

15

segundos

Foco no logo do JN e

nos fundos do

estúdio,

movimentação da

câmera à esquerda da

redação e foco na

bancada do JN, com

seus apresentadores

Vinheta

33

segundos

FB – estúdios

GC: Fátima

Bernardes; mapa dos

EUA com mira, torres

do WTC e fogo

Boa noite. Eram oito horas e quarenta e cinco

minutos da manhã em NY. Nove e quarenta e

cinco em Brasília. Um avião americano de

passageiros batia em cheio numa das torres

do WTC. Um acidente tão inimaginável, que

imediatamente chamou a atenção de todo o

planeta. Mas não era acidente. Mas não era

acidente. Para perplexidade do mundo inteiro,

foram-se registrando acontecimentos que

nenhum roteirista de Hollywood imaginou. E

era tudo real. Estava começando o maior

atentado terrorista de todos os tempos.

36 WTC pegando fogo; O edifício mais alto de NY em chamas.

81

Page 82: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

segundos pessoas acenam com

lenços em meio à

fumaça da janela;

nuvem de fumaça sai

da 1ª torre até que a

2ª torre é atingida pela

direita e sai nuvem de

fogo e fumaça pela

esquerda; pessoas

vêem do chão o

choque com a 2ª

torre; os prédios

próximos ao local do

ataque

Angústia, acenos, gritos de socorro nas

janelas. O maior ataque terrorista da História

da Humanidade começou com o choque de

um avião seqüestrado pouco antes. As

imagens estavam sendo transmitidos pela TV,

ao vivo, quando, dezoito minutos depois, um

outro avião se aproxima pela direita do quadro

e bate na outra torre.

3

segundos

GC: Luciano Fabello,

comerciário.

Luciano fala ao

microfone enquanto

transeuntes

caminham no sentido

oposto à câmera

Isso é uma coisa horrível, horrível, horrível.

62

segundos

Transeuntes passam

pelas ruas,

apressadamente;

algumas pessoas se

abaixam; policiais

coordenam as

movimentações nas

ruas; carros acionam

suas buzinas;

transeuntes choram,

gritam e se confortam

com os demais;

Nas ruas próximas do atentado correria.

(pessoas falam em inglês). Lágrimas. As

pessoas estão pulando das janelas, ela diz.

Aumenta o desespero. A todo momento,

alguém se jogava lá de cima. Os dois aviões

que se chocaram contra o WTC tinham sido

seqüestrados. As torres, construídas para

resistir até o choque de um Boeing 727, tinham

sido atingidas por dois aviões maiores: jatos

767, sequestrados em Boston. Os dois aviões

levavam passageiros. O presidente dos

Estados Unidos George Bush confirma: foi um

82

Page 83: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

mulher dá entrevista

ao microfone,

apontando para o

local, inspira

profundamente o ar e

limpa os olhos; visão

panorâmica de

pessoas se jogando

das torres; câmera

acompanha o trajeto

do avião que se

chocou contra a 2ª

torre, com relógio na

tela marcando

9h04min; imagem do

2º choque, do chão;

presidente Bush em

pronunciamento em

ambão com logo da

Presidência dos EUA,

com crianças e

adultos ao fundo;

mulher dá entrevista,

ao microfone, com

transeuntes ao fundo

atentado terrorista. A brasileira Bruna Paixão

trabalha num restaurante que fica perto do

WTC.

20

segundos

GC: Bruna Paixão,

estudante;

transeuntes no fundo

da tela

Mas as pessoas “tavam” correndo, tipo

correndo nas ruas, desesperadas, sem saber o

que fazer. E elas entravam no restaurante,

pediam pra usar o telefone, porque elas não

conseguiram usar o telefone público. E iam ao

banheiro, vomitar. Era um desespero. Muita

gente machucada chegou no restaurante

também. Muita gente nervosa, chorando, foi

83

Page 84: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

um caos. Nunca vi uma coisa como essa. Foi

um caos.

59

segundos

GC: Edney Silvestre,

Nova York; repórter

fala ao microfone,

com imagens de

prédios em chama no

canto superior direito

da tela; barulho de

sirenes; queda da

torre norte, com

fumaça; queda da

segunda torre, com

fumaça e fogo;

pessoas assistem à

queda e começam a

se movimentar;

pessoas andam em

grupo em meio à

nuvem de fumaça;

pessoas correm do

local; homem dá

entrevista

Toda a área próxima ao atentado ficou

fechada. Lá onde estavam os prédios do WTC,

só fumaça. Os dois edifícios de 110 andares

vieram abaixo após as explosões. A primeira

torre a cair foi a do norte. (barulho de sirene)

Pouco depois, às 10 e 25 da manhã, os

andares superiores da segunda torre

começam a ceder e vêm abaixo. (barulho da

queda) O capelão brasileiro Hélio dos Anjos foi

ajudar as vítimas.

16

segundos

GC: Hélio dos Anjos,

capelão; dá entrevista

ao microfone, com

imagem de fumaça

local no canto

superior direito da tela

E lá estavam as autoridades, pessoas do Fire

Department, dos bombeiros. E tinha pessoas

em choque e eu comecei também a ficar muito

nervoso, porque começou a vir muita fumaça.

E a gente não sabia se subia, pegava o

elevador, se descia. E os bombeiros: calma,

calma. Olha foi, foi terrível.

8

segundos

Ambulâncias cobertas

de pó; escolta de

motos da polícia;

As ambulâncias, ainda cobertas de pó, não

param. Polícia, bombeiros e equipes de

socorro aumentam a cada momento. As

84

Page 85: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

carros dos bombeiros;

WTC com fumaça,

antes da queda;

homem dá entrevista;

ataque à 2ª torre

fundações das torres são de aço. O

engenheiro brasileiro, Carlos Levy, diz que é

improvável que apenas o choque dos aviões

pudesse levar os prédios abaixo.

12

segundos

GC: Carlos Levy,

engenheiro;

transeuntes passando

nas calçadas

As próprias imagens assustam com a

velocidade (...). Fica difícil acreditar que

apenas o choque dos aviões e as explosões

causassem o desabamento dos prédios de

uma maneira tão rápida. As próprias imagens

assustam com a velocidade com que ocorreu.

7

segundos

Monte de escombros

despenca, com

fumaça, se choca

contra o chão;

pessoas no local

passam a correr;

bombeiros e policiais

se movimentam

Há suspeitas de que os prédios tenham sido

implodidos pelos terroristas.

2

segundos

Parte superior da torre

despenca, em meio a

nuvem preta de

fumaça

Oh my God! Oh my God!

36

segundos

Queda da parte

superior da torre, em

meio a nuvem preta

de fumaça; fumaça e

fogo saem do lado

oposto ao do choque

com a 2ª torre; nuvem

preta de fumaça

alcança pessoas em

fuga, nas ruas;

Alguns especialistas acham que o WTC

acabou ruindo por uma combinação de fatores:

o choque do avião, as explosões que se

seguiram, mais o fogo, enfraqueceram a

estrutura dos andares superiores. E o peso

deles, ao cair, levou o resto. O ataque ao WTC

é o maior já ocorrido em solo americano,

desde que os japoneses bombardearam Pearl

Harbor. Lá foram mortos 2280 soldados, 68

civis. Foi o que levou os EUA a entrar na 2ª

85

Page 86: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

policiais, bombeiros,

paramédicos e civis

dão assistência a

feridos; panorama

geral de Manhattan,

com nuvem de poeira

e outro prédios

Guerra Mundial.

10

segundos

WB – estúdios

GC:William Bonner;

mapa dos EUA com

mira, torres do WTC e

fogo

Com 110 andares e 417 metros de altura, as

torres gêmeas do WTC eram os prédios mais

altos de NY.

49

segundos

Voz de William

Bonner; Imagens de

arquivo do WTC: as

duas torres, sua

entrada, detalhes de

suas vidraças,

panorama da região

sul da ilha de

Manhattan, turistas;

maquete virtual com

indicações da ilha, da

Estátua da Liberdade,

do Brooklyn e de

Nova Jersey; o WTC

em 1993; a fumaça do

atentado; bombeiros

no local; paramédicos

dão atendimento a

vítimas; escombros;

Osama Bin Laden

caminha entre

O edifício abrigava lojas e escritórios de 430

empresas, onde trabalhavam 50 mil pessoas.

Começou a ser construído em 1970, numa

tentativa do governo do estado de Nova York

de revitalizar o sul da ilha de Manhattan.

Desde então, o prédio, o 5º mais alto do

mundo e o 2º dos EUA virou ponto turístico.

Dos dois terraços do edifício, era possível ver

a Estátua da Liberdade ao sul, o bairro do

Brooklyn a leste e a cidade de Nova Jersey a

oeste. Em fevereiro de 1993, o WTC foi alvo

de um ataque a bomba que matou seis

pessoas e deixou mais de mil feridos. A

responsabilidade pelo atentado, há oito anos,

foi assumida pelo terrorista mais procurado do

mundo, Osama Bin Laden.

86

Page 87: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

homens de faces

cobertas e

descobertas e com

armas

7

segundos

FB – estúdios

GC: Fátima

Bernardes; mapa dos

EUA com mira, torres

do WTC e fogo

Além da destruição em NY, o terror atacou o

símbolo do poder militar dos EUA: o

Pentágono.

140

segundo

Vista geral do

Pentágono, com

fumaça; pessoas e

policiais do lado de

fora da face oeste do

Pentágono;

bombeiros tentam

apagar o fogo com

água de uma

mangueira; homens

olham o local do

acidente; vista do

local do outro lado da

avenida; funcionários,

uniformizados ou

vestindo ternos,

caminham na calçada;

GC: Fernando Silva

Pinto, Washington;

repórter com o local

do acidente no canto

superior direito da

tela; transeuntes

liberados de seus

Exatos quarenta minutos depois de o 2º avião

atingir o WTC em NY, os militares que

trabalhavam na face oeste do Pentágono

tiveram, durante breves momentos, uma visão

de pesadelo. Um Boeing 757 da companhia

aérea United mergulhando diretamente contra

o prédio. O impacto abriu uma cratera numa

das faces dessa construção imensa, que é, na

verdade, um sanduíche de cinco edifícios, um

dentro do outro. Todos com seis andares de

altura. Das dezenas de portas do Pentágono,

milhares de funcionários foram retirados às

pressas. Não só a violência do ataque e a

tragédia que ele provoca assustam os

americanos. A simbologia é muito forte

também. O coração das forças armadas foi

atingido. A capital desse país é muito mais

vulnerável do que os cidadãos podiam

imaginar. Os que trabalham em Washington e

moram fora da cidade, nos subúrbios, saíram

dos escritórios ouvindo informações de que

uma outra explosão teria acontecido ao lado

do Departamento de Estado e outra, ainda,

próxima ao Capitólio. O clima na capital da

87

Page 88: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

trabalhos; carros em

fila; carro da Polícia;

carro da Polícia

bloqueando a

passagem de veículos

em fila; fumaça e o

Capitólio ao fundo,

entre postes e fios

elétricos; bombeiros

tentando apagar o

fogo com mangueira;

ambulâncias,

helicópteros, carros e

pedestres do lado de

fora do Pentágono;

homem entrevistado,

ao microfone, com

óculos de sol; homem

meio calvo, de

cabelos grisalhos, dá

entrevista, ao

microfone; homem

calvo, de óculos

escuros, também é

entrevistado; foco na

fumaça que sai dos

prédios; câmera

percorre face oeste do

Pentágono, com

fumaça e paredes

escuras, da esquerda

para direita; almirante

americano em

maior potência do mundo era de medo e

incerteza. A possibilidade de novos ataques

estava na mente de todos. Em pouco tempo,

Washington praticamente parou. Todo o

pessoal foi retirado da Casa Branca e do

Congresso. Funcionários federais foram

dispensados em toda a cidade. Este rapaz

está surpreso. Diz que esperava que o

Pentágono fosse mais seguro. Os terroristas

estão enganados em achar que conseguiram o

objetivo deles. Vão ser condenados por 99%

da população do mundo, ele diz. E este outro

diz que deve haver retribuição. É um crime,

tem que haver justiça. Um estado de alerta nas

Forças Armadas americanas foi acionado logo

depois do atentado contra o Pentágono. Dois

porta-aviões nucleares e vários cruzadores

foram dirigidos para a defesa dos litorais do

país. A explicação do vice-almirante Steven

Pietropauli, essa tarde, foi curta. Nós estamos,

ainda, sob ataque. Até agora, o Pentágono

não está divulgando a lista dos funcionários

atingidos no atentado. Sabe-se que 35

pessoas estão feridas e não há informações

sobre mortes.

88

Page 89: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

entrevista, primeiro

em coletiva de

imprensa, rodeado

por pessoas e,

posteriormente, em

entrevista individual,

com pessoas em seu

entorno; fumaça no

prédio; vista

panorâmica;

helicóptero durante

pouso; panorama

10

segundos

WB – estúdios

GC:William Bonner;

mapa dos EUA com

mira, torres do WTC e

fogo

A sequência dos acontecimentos levou o

governo americano a acionar o plano de

emergência. Nunca na História tantos aviões

foram seqüestrados ao mesmo tempo.

156

segundos

Mulher dando

entrevista, com

pessoas transitando ou

paradas, olhando para

ponto fixo; imagem

aérea da ilha de

Manhattan; carros e

pessoas sob a poeira;

GC: reportagem,

Zileide Silva; pessoas

correndo entre

caminhões dos

bombeiros, fugindo da

fumaça; helicóptero

durante pouso; avião

durante voo;

Esta americana, uma nova-iorquina, ela

conseguiu explicar como os americanos estão

se sentindo hoje. É horrível. Eu não podia

imaginar que isso poderia acontecer que

somos tão vulneráveis assim. Os EUA, o país

mais poderoso, o mais rico do mundo. Teve um

momento hoje em que o Departamento de

Aviação americano perdeu o contato. Não

sabia onde estavam oito aviões, quatro tinham

sido seqüestrados. Dois da American Airlines.

O que se chocou com a 1ª torre ia de Boston

para Los Angeles. O outro, que atingiu o

Pentágono, ia de Washington também para Los

Angeles. Segundo a empresa, os dois aviões

levavam 158 passageiros e dezessete

tripulantes. Os outros dois aviões eram da

89

Page 90: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

infográfico com avião e

mapa da América do

Norte, com destaque

em laranja para os

EUA; GC: American

Airlines, com a foto da

1ª torre atingida e

demarcação no mapa

de Boston e Los

Angeles, também com

foto do Pentágono e

demarcação no mapa

de Washington e Los

Angeles; GC: 158

passageiros e 17

tripulantes; GC: United

Airline, com a foto da

2ª torre atingida e

demarcação no mapa

de Boston e Los

Angeles; GC: 56

passageiros e 9

tripulantes;

demarcação no mapa

da Pensilvânia , com

foto de avião e GC: 38

passageiros e 7

tripulantes; queda das

torres; rua coberta de

poeira branca e poeira

escura entre os

prédios; fumaça nos

prédios; vista

United Airlines. O que atingiu a 2ª torre fazia a

rota Boston – Los Angeles. Com nove

tripulantes e 56 passageiros. E o que caiu na

Pensilvânia. Um avião com 38 passageiros e

sete tripulantes. Uma das passageiras desse

avião, com um celular, conseguiu avisar ao

marido: estamos sendo sequestrados e os

seqüestradores estão com facas ou punhais. A

United não informou se o avião caiu antes de

atingir algum alvo terrorista ou se por uma

outra razão. Todos os passageiros e tripulantes

desses quatro aviões, 285 pessoas morreram.

Logo após o primeiro choque, na torre do WTC,

o plano de emergência dos EUA contra

ataques terroristas foi acionado. E, pela

primeira vez na história americana, essa

imagem, aeroportos super movimentados, não

foi vista. Todos os aeroportos do país foram

fechados, para pousos e decolagens. 40 mil

vôos foram cancelados. Os outros, transferidos

para o Canadá. O departamento de aviação

civil informou que eles só voltam a funcionar,

talvez, a partir de amanhã, ao meio dia. A

fronteira com o México foi e continua fechada e

alvos em potencial, prédios, monumentos,

pontes, túneis, tudo o que poderia ser atingido

por outros atentados foi isolado ou

desocupado, inclusive o prédio das Nações

Unidas, em Nova York. Na Flórida, a NASA,

Agência Espacial Americana, entrou em estado

de emergência máxima. A Disney fechou os

parques na Flórida. Em Seatle, um dos

principais pontos turísticos da cidade, esta

90

Page 91: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

panorâmica de

Manhattan, com o

WTC ao centro; avião

da Air France taxiando

em pista de aeroporto;

avião da Air France

levantando voo; avião

durante voo; avião

levantando voo; placas

de trânsito e bandeira

mexicana na fronteira

dos EUA com o

México; trem;

helicóptero;

monumento de

Abraham Lincoln;

pontes; caminhões de

bombeiros em alta

velocidade; prédio da

ONU; centro de

controle da NASA;

desfile de carros da

Disney; castelo da

Bela Adormecida na

Disney; vista

panorâmica de Seattle;

cúpula da Space

Needle; parte

destruída do

Pentágono, de foco a

vista panorâmica

torre, foi fechada. Eram os EUA tentando se

proteger.

11

segundos

FB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

Na História recente, os americanos sofreram

diversas ações terroristas, nem todas

91

Page 92: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

torres do WTC e fogo promovidas por estrangeiros. Mas o maior de

todos os suspeitos é árabe

117

segundos

Osama Bin Laden em

pronunciamento;

soldado talebã com

rádio de patrulha;

pessoas vestidas com

trajes árabes e com

armas; escombros das

embaixadas

americanas no Quênia

e na Tanzânia em

1998; civis socorrendo

os feridos desses

atentados; imagens de

helicóptero do local;

pessoas no local dos

escombros; Bin Laden

com arma na mão,

sentado sobre

almofada, com mapa-

múndi ao fundo;

soldados em patrulha;

Bin Laden, com roupas

militares, em

entrevista, com arma à

sua direita; escombros

de bases militares

americanas na Arábia

Saudita; imagem da

Al-Jazeera do

Destroyer USS-CO

atacado; Bin Laden

O primeiro nome da lista de suspeitos é o do

saudita Osama Bin Laden, considerado o

inimigo número um dos EUA. Ele vive no

Afeganistão, protegido pelo governo Talebã.

Em 1998, Bin Laden teria financiado os

atentados a embaixadas americanas na África.

Foram duas embaixadas do Quênia e da

Tanzânia, ao mesmo tempo. 224 pessoas

morreram. Quatro terroristas ligados a Osama

Bin Laden foram julgados e condenados a

prisão perpétua nos EUA. Há menos de três

semanas, Bin Laden teria ameaçado organizar

um atentado como o de hoje. Uma fonte do FBI

disse à rede de televisão NBC que Osama Bin

Laden deve estar por trás dos ataques. Ele é

suspeito de outros ataques a bases americanas

na Arábia Saudita, em 1995 e 96, e ao

Destroyer USS- CO, no Iêmen, no ano

passado. Há anos o governo americano pede a

extradição de Bin Laden, mas o Afeganistão

nega o pedido. Bush já tinha avisado: vai

responsabilizar o Afeganistão por qualquer

ataque de Bin Laden. As autoridades

americanas estão evitando falar em suspeitos.

O último atentado que os EUA sofreram em

território americano aconteceu em 1995, em

Oklahoma. O carro bomba que destruiu o

edifício do governo federal matou 168 pessoas.

Os americanos logo suspeitaram de

extremistas árabes. Depois o FBI pegou o

verdadeiro culpado: uma americano, Timothy

92

Page 93: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

atirando, cercado de

homens; Bin Laden em

entrevista e com um

entrevistador; repórter

nos EUA; GC: Heloísa

Vilela, Nova York;

transeuntes na

calçada, com tráfego e

barulho de veículos;

carros incendiados;

prédio em chamas,

com fumaça e

escombros; vista

aérea; vista do chão;

foco nos andares do

prédio destruído e

queimado; imagem

aérea e ampla das

redondezas; Timothy

McVeigh, em roupa

laranja, cercado de

policiais e agentes do

FBI; Collin Powell e

autoridade peruana em

palácio do governo

peruano; vista ampla

de sala de reuniões;

Powell falando ao

microfone

McVeigh, que foi executado em junho deste

ano. Na hora em que aviões explodiam em

prédios americanos, o secretário de Estado

Colin Powell, estava no Peru. Ele interrompeu a

visita oficial para voltar aos EUA. Antes de

embarcar o general da Guerra do Golfo

mandou um recado aos terroristas. Eles podem

destruir edifício e matar pessoas, mas nunca

matarão a democracia. “They will never be

allowed to kill the spirit of democracy”.

29

segundos

WB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo;

imagens cedidas pela

Durante a madrugada, no Oriente, a capital do

Afeganistão começou a ser bombardeada. As

imagens da rede CNN mostram mísseis e

armas antiaéreas em ação nos arredores de

93

Page 94: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

CNN de ataques de

mísseis e armas

antiaéreas a Kabul

durante a noite; GC:

CNN Exclusive,

Breaking News,

“America under

attack”, “Explosions in

Kabul, Afghanistan”,

“Nic Robertson live via

videophone from

Kabul, Afghanistan”

Kabul. As explosões começaram por volta das

seis e meia da tarde, horário de Brasília.

Assessores da presidência dos EUA disseram

que não houve ataques americanos no

Afeganistão e levantaram a hipótese de que o

bombardeio tenha sido obra da oposição ao

governo Talebã.

5

segundos

FB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

Vamos agora, ao vivo, a NY. A repórter Zileide

Silva tem novas informações.

67

segundos

GC: Zileide Silva, Nova

York; ao vivo, do

escritório da Globo em

Nova York; jornalista

na parte central da

tela, com imagem de

Nova York, durante a

noite, ao fundo; vista

panorâmica de

Manhattan, com

fumaça escura saindo

do local do atentado e

com detalhe oval no

canto direito inferior da

tela; prédio desabando

no detalhe; jornalista

no centro da tela; vista

de Nova York durante

Fátima, esta informação, de que os EUA não

têm nada a ver com esses ataques em Kabul

foi confirmada agora há pouco pelo Secretário

de Defesa americano. E aqui em NY, um

terceiro prédio, que ficava ao lado das torres

gêmeas caiu também. Foi no finalzinho da

tarde. Ele tinha 47 andares. Esse prédio, as

torres e outros cinco edifícios formavam o

principal complexo econômico aqui de NY.

Agora, sete e meia da noite aqui em NY, oito e

meia aí no Brasil, um exército de dez mil

pessoas está no local, vasculhando os

escombros, em busca de vítimas e

sobreviventes. Segundo o prefeito de NY, pelo

menos 2100 pessoas ficaram feridas, só aqui

em NY. Seiscentas foram hospitalizadas.

Quase doze horas após o atentado, é

impossível saber quantas pessoas morreram.

94

Page 95: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

a noite; jornalista no

centro da tela;

Mas pelo menos, como vinte mil estavam nos

prédios, ou próximas a eles durante os

atentados, o número de mortos pode chegar a

dezena de milhares. Bonner.

7

segundos

WB – bancada do JN,

com os dois

apresentadores;

imagem mais ampla,

se aproximando de

apresentadores

Em instante, o país quês e preparava para

guerra nas estrelas é vítima de seus aviões de

passageiros

6

segundos

FB – imagem mais

próxima da bancada;

corte para imagem de

pessoas feridas,

enquadrada por

moldura azul; GC: JN:

depois do ataque

E o atendimento aos feridos numa cidade

paralisada pelo terror.

9

segundos

WB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

O presidente americano, George Bush, estava

fora de Washington quando aconteceram os

atentados.

95

segundos

Bush em sala de aula;

alguém se aproxima

de Bush e sussurra

algo em seu ouvido;

Bush em ambão com

símbolo do

Presidência, com

crianças e adultos

atrás, em minuto de

silêncio, de cabeças

baixas; Bush acena,

pouco antes de

embarcar no Força

Quando os ataques começaram, o presidente

Bush participava de um congresso sobre

educação na Flórida.

Foi na sala de aula que ele recebeu a notícia.

Bush pediu orações e um minuto de silêncio

pelas vítimas. Depois anunciou que estava

voltando a Washington. Mais tarde, Bush

apareceu num lugar mais distante da capital

ainda, numa base aérea no estado de Luisiana.

“Freedom itself was attacked this morning by

faithless cowards”. Bush disse que a liberdade

foi atacada por covardes sem fé e que ela seria

defendida. O presidente prometeu caçar e punir

95

Page 96: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Aérea 1; Bush passa

por policiais e

assessores e prepara-

se para coletiva de

imprensa em base

aérea, é fotografado

enquanto se

pronuncia, com duas

bandeiras americanas

ao fundo e sai da sala;

primeira-dama

americana entra em

sala, acompanhada de

dois homens, um

deles, senador; foco

em Laura Bush, no

centro da tela;

jornalista no centro da

imagem, com

transeuntes e

automóveis ao fundo;

GC: Arnaldo Duran,

Nova York;

os responsáveis. E garantiu: está sendo feito

tudo que é necessário para proteger a

população. Há oito meses no poder, Bush

enfrenta a primeira grande prova: o maior

ataque terrorista já realizado em território

americano. Ele diz que as forças do país estão

sendo testadas e que vão passar nos testes. A

primeira-dama, Laura Bush, faria um

pronunciamento no Senado, sobre educação.

Ao lado do senador Edward Kennedy, ela

garantiu que as crianças do país estão

protegidas: “…that children, everywhere in our

country, that they are safe”. A primeira-dama e

as filhas foram levadas para um lugar não

revelado. George Bush deixou a base aérea de

Luisiana e foi para outra base aérea, no estado

de Nebraska, no centro dos EUA, bem longe de

Washington. Mas já voltou à capital. A Casa

Branca anunciou que ele fará um

pronunciamento logo mais às nove horas, dez

da noite, em Brasília.

12

segundos

FB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

Os ataques terroristas surpreenderam também

por derrubarem o que parecia uma verdade

incontestável. Até hoje o mundo considerava o

sistema de segurança americano,

praticamente, inviolável.

32

segundos

Narração de Fátima

Bernardes; Bush

durante

pronunciamento,

escoltado por militares;

Os inimigos mudaram. Foi com essa frase que

o presidente George Bush anunciou o início de

um novo projeto antimísseis americano, em

maio deste ano. Depois da Guerra Fria, o

inimigo não era mais a Rússia. O terror poderia

96

Page 97: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

mapa da Ásia, com

destaque em laranja

para alguns países;

GC: Russia, Iarq, Iran,

North Korea; vídeo de

lançamento de

foguete, na parte

central da tela, com

expansão para toda a

tela; animação de

satélites na órbita

terrestre; ataque

terrorista à 2ª torre do

WTC

atacar do Irã, do Iraque e da Coreia do Norte.

O sistema de sessenta bilhões de dólares vai

criar armas capazes de derrubar mísseis

inimigos logo após o lançamento. Só que o

ataque não veio do espaço. Foi despachado

por aviões civis e americanos.

9

segundos

GC: Clóvis Brigadão,

cientista político;

entrevista sem

microfone de mão,

com mapa da América

do Norte no fundo da

sala, à direita do vídeo

Significa que nenhum sistema de segurança

mais perfeito é infalível. E o terrorismo é

exatamente isso: é a surpresa.

11

segundos

GC: João Roberto M.

Filho, Núcleo Estudos

Estratégicos –

Unicamp; entrevista

com microfone de

mão, de emissora

afiliada EPTV, com

livros em estantes, ao

fundo

Agora sim é que a gente vai poder dizer que

isso era previsível. Mas até aí nunca ninguém

imaginou que iam se encontrar pilotos de avião

a jato disponíveis a se suicidar atacando um

prédio. Quer dizer, era impossível prever isso.

16

segundos

Aviões decolando e

taxiando em aeroporto;

visão panorâmica de

Todos os dias mais de vinte mil aviões decolam

e pousam nos EUA. A questão agora é saber

como foi possível levar um Boeing ao

97

Page 98: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Pentágono com

fumaça; imagem aérea

do Pentágono;

escombros com

fumaça;

Pentágono, sem que ele fosse interceptado

muito antes de atingir um alvo tão estratégico.

6

segundos

WB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

Com uma população em pânico e os

transportes interrompidos, NY parou.

127

segundos

Tráfego de veículos

com foco de fumaça

no horizonte; GC:

imagens: Hélio

Alvarez; oficiais do FBI

e pedestres

caminhando,

apressadamente;

pessoas correm e se

escondem atrás de

veículo;

engarrafamento de

veículos sob viaduto;

policiais coordenando

tráfego; porta giratória

impedida por faixas;

rua devastada e com

poeira; tráfego de

ambulâncias e de

carros de bombeiros;

repórter na Times

Square, caminhando

em direção à câmera;

GC: Jorge Pontual,

Nova York; homem

O clima em toda a cidade era de guerra. Mesmo em lugares onde só se via de longe a fumaça de incêndio. Todos os túneis e pontes que levam à ilha de Manhattan foram fechados. As bolsas e os bancos não chegaram a abrir. As escolas ficaram com as crianças, porque os pais não puderam buscá-las. Só as ambulâncias circulavam, levando feridos para todos os hospitais da cidade. Times Square, o coração de NY, parou. As pessoas andam de um lado pra outro na rua, em estado de choque. “É uma guerra, é como Pearl Harbor, quando o Japão nos atacou de surpresa”. Esta não quer revide: “Destruíram a minha casa, o símbolo da minha cidade, mas a América tem que responder com amor”. “NY vai dar a volta por cima”, disse o policial. “Nós sempre levantamos a cabeça”. Os novaiorquinos demonstraram solidariedade, fazendo fila nas portas dos bancos de sangue. Sem metrô nem ônibus, o jeito foi voltar a pé pra casa ou sentar na calçada, pra ver no telão as notícias da tragédia. Esta se desesperou. “Quero ir para casa”, era tudo o que ela conseguia dizer. Muitos eram sobreviventes, que andaram mais de sessenta quarteirões, ainda surpresos por estarem vivos. “Nós estávamos sendo retirados do segundo prédio quando o avião caiu. Tudo tremeu, parecia um terremoto. Meus amigos que estavam nos andares de cima devem ter tido uma morte horrível. Muitos pularam lá do alto”. Este estava ao lado do primeiro prédio

98

Page 99: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

com óculos e gravata

dá entrevista, num vão

entre dois edifícios;

mulher de roupas

azuis e óculos violetas

é entrevistada, com

rua, transeuntes e

carros ao fundo;

policial de uniforme e

óculos escuros

concede entrevista em

meio à multidão;

pessoas na fila de

doação de sangue;

pessoas andando

pelas ruas; foco em

pessoas, sentadas e

em pé, na calçada,

voltadas a um telão,

que, posteriormente,

também é mostrado;

mulher fala ao telefone

e fala ao microfone

enquanto procura

número de telefone em

sua agenda no celular;

imagem de cima de

pedestres; pessoas

conversando com

policiais; homem de

camisa branca

concede entrevista

com edifícios e

quando ele desabou. Ainda levava poeira dos sapatos. “Saí correndo a toda. A nuvem dos escombros atrás. Muita gente caiu e morreu sob os destroços”. Este ficou encurralado entre o rio e o incêndio. “Só escapei de morrer asfixiado porque alguém me deu uma toalha molhada”. Charles Mozart trabalha em Wall Street e viu de perto o que aconteceu.

99

Page 100: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

pessoas no plano de

fundo; homem de

gravata mostra seus

sapatos com poeira da

queda das torres e

volta a conceder

entrevista, com vão de

edifícios no plano de

fundo; rapaz de

camisa azul fala e

gesticula, com edifícios

e pessoas caminhando

no plano de fundo;

rapaz de camisa

branca caminha entre

a multidão, em direção

à câmera

28

segundos

Homem de camisa

branca dá entrevista,

com pessoas no plano

de fundo; parede de

fumaça se alastra por

entre caminhões dos

bombeiros; homem

fala e gesticula com a

mão direita

“Não havia visibilidade nenhuma e não havia

forma de respirar fora dos prédios. E o pessoal

ia correndo pra Wall Street, com uma parede

de fumaça e neblina atrás. Todos cobrindo

suas caras com lenço com água, indo em

direção oposta ao WTC. Nem todo mundo foi

assim à parte leste da cidade para poder subir

andando assim, ao norte. Agora, os primeiros

dez blocos não davam pra avançar muito. Não

tinha trânsito, só veículos de emergência.

19

segundos

Nuvem de poeira, vista

do chão, com pessoas

tentando fugir; prefeito

de NY caminha em

direção à câmera, com

bombeiros e outras

O prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani,

estava num prédio ao lado do WTC. Chegou a

ficar preso nos escombros, mas conseguiu sair

pelo subsolo. “NY e a América são mais fortes

que esses bárbaros terroristas. A democracia

vai prevalecer”.

100

Page 101: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

pessoas atrás,

empurra com a mão

um microfone e leva

máscara até seu rosto;

pessoas atravessam

esquina empoeirada;

prefeito concede

entrevista coletiva,

com um relógio

analógico e dois

homens atrás; vista

aérea da ilha de

Manhattan, com

nuvem de fumaça

8

segundos

FB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

No Brasil, 30 voos para os EUA foram

cancelados. Dois aviões, que já estavam lá,

tiveram de voltar.

11

segundos

Saguão de aeroporto

vazio; painel de voos

com cancelamento;

avião da TAM

pousando

Pouco depois do atentado, o painel do

aeroporto informava: todos os vôos previstos

para os EUA foram cancelados. Aviões que já

estavam no ar receberam ordens de

interromper a viagem.

5

segundos

Comandante

uniformizado dá

entrevista a repórteres

de algumas emissoras

de TV; GC: Luiz

Francisco Postigo,

comandante do avião;

flashes de máquinas

fotográficas sobre o

comandante

A companhia me informou que era pra retornar,

devido ao ataque terrorista e que eu não ia

conseguir pousar lá.

101

Page 102: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

5

segundos

Passageiros e sua

bagagem no carrinho

de mão, pelos

corredores do

aeroporto; homem leva

idosa em cadeira de

rodas em direção a

balcão de atendimento

Os passageiros deste vôo da TAM, que ia de

São Paulo para Miami, ficaram assustados.

9

segundos

Passageiro concede

entrevista a emissoras

de TV, em frente à

porta de trânsito de

passageiros; GC:

Nelson Moreira,

estudante; pessoas

com carrinho de

bagagem e

cinegrafista aparecem

caminhando

A tripulação ajudou a gente a se acalmar, tudo.

A gente não sabia o que tava acontecendo,

entendeu? Só via o avião voltando e depois

que o comandante informou pra gente.

6

segundos

Senhora concede

entrevista, rodeada por

repórteres de

emissoras de TV; GC:

Diva Pedrosa,

aposentada

Eu tô nervosa, porque eu tenho minha família,

minha filha lá, com meus netos e meu genro,

né, lógico, e eu ia visitá-los.

31

segundos

Avião da TAM

taxiando; vista de

aeroporto por um

alambrado; mulher fala

ao telefone público;

pessoas em frente ao

balcão de check-in da

Varig Brasil; placa da

Outro vôo da TAM, que ia de Brasília para

Miami, fez escala em Manaus. E não seguiu

viagem. Por telefone, as pessoas tentavam

saber notícias de Nova York. Dois aviões da

Varig que saíram de São Paulo foram

desviados para duas cidades no México. Por

precaução, a United Airlines decidiu

interromper vários vôos. Inclusive o deste

102

Page 103: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

United Airlines; avião

da United estacionado

em aeroporto; pessoas

com suas bagagens

em seus carrinhos;

saguão de aeroporto

com pessoas

aguardando e se

cumprimentando;

grupo, que saiu de Boston ontem à noite,

mesma cidade onde um dos aviões foi

sequestrado. Os passageiros foram obrigados

a trocar de companhia em São Paulo, para

conseguir chegar ao Rio de Janeiro.

4

segundos

Moça dá entrevista, ao

microfone; GC: Priscila

Antonello, estudante

Eu fiquei horrorizada porque podia ter sido

comigo, questão de horas.

3

segundos

Mulher é entrevistada;

olha inicialmente para

baixo e só depois para

o repórter

Eu entrei em pânico e pensei logo na terceira

Guerra Mundial.

8

segundos

Moça com olhar aflito;

ela corre em direção a

passageira que chega

e a abraça

apertadamente

Esta estudante esperava a chegada da mãe,

que vinha de NY. Quando soube que vários

aviões foram seqüestrados, entrou em pânico.

12

segundos

Moça dá entrevista;

GC: Renata Teixeira,

estudante; sua visão

não permanece fixa,

até que em seus olhos

aparecem lágrimas e

ela leva sua mão até

eles, para secá-los

O cara ainda falou que cinco estavam sumidos,

não tinha informação e eu comecei a chorar.

Falei: putz, minha mãe, né, que tava vindo de

lá. Só o desespero, não pensei em nada.

29

segundos

Repórter fala em frente

a painel de voos de

aeroporto; GC: Flávio

Fachel, Rio de Janeiro;

Nos aeroportos, pouca informação. Durante o

dia, nem a Infraero nem as companhias aéreas

sabiam dizer o que vai acontecer com os vôos

entre Brasil e EUA previstos para os próximos

103

Page 104: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

pessoas em fila, com

suas bagagens;

funcionários checam

documentação; facas e

tesouras sobre a

mesa; imagens do

raio-X de bagagens no

aeroporto; vista da

fachada do aeroporto

de Belo Horizonte;

pessoas caminhando

pelo saguão; casal

aguardando, com seu

carrinho de bagagem

dias. A segurança nos aeroportos do país foi

reforçada. Em Salvador, facas e tesouras

identificadas pelo raio-X foram retiradas das

bagagens. Em Belo Horizonte, até veículos

foram revistados. A tragédia fez muita gente

mudar os planos no balcão do aeroporto. Este

grupo cancelou uma viagem para a Europa.

6

segundos

Homem de óculos se

explica e gesticula com

a mão direita; GC:

Gilberto da Silva,

aposentado

Nós estamos muito preocupados com essa

evolução do que houve nos EUA, né?

6

segundos

Mulher de óculos

concede entrevista;

GC: Maria de Lourdes,

aposentada; saguão

de aeroporto com

movimentação de

pessoas

A situação está muito perigosa, né, muito difícil.

Os aviões estão sendo seqüestrados. Prefiro

voltar pra casa.

7

segundos

WB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

E voltamos ao vivo aos Estados Unidos.

Zileide, qual é a situação de momento aí em

NY?

43

segundos

Repórter fala ao vivo

de escritório da TV

Globo em NY; GC:

Zileide Sila, Nova

Bonner, Manhattan começa a tentar a voltar ao

normal. Hoje cedo, as comunicações aqui na

cidade, praticamente, pararam. Os celulares

não funcionavam. Completar uma ligação para

104

Page 105: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

York; ao vivo; da

janela, algumas luzes

de edifícios de NY e o

reflexo de alguns

televisores do

escritório

outro país era, praticamente, impossível. Uma

situação difícil, mas é o que está previsto, é o

que deve acontecer quando um plano de

emergência é acionado. Agora a situação é um

pouco mais normal. Algumas linhas do metrô já

estão funcionando. Túneis e pontes foram

liberados, mas apenas para quem quer deixar a

cidade. E o prefeito de NY fez um apelo. Pediu

para que as pessoas não venham para NY

amanhã, já que as investigações continuam. As

escolas públicas e as escolas católicas não vão

ter aulas amanhã. Fátima.

6

segundos

Bancada do JN com os

dois apresentadores e

visão panorâmica da

redação; câmera se

aproxima e é possível

ver mais detalhes da

redação, em plano

inferior

Em instantes, especialistas analisam as

conseqüências do terror para o futuro do

planeta.

7

segundos

Câmera quase sobre a

bancada; quebra de

imagem; GC: a

celebração do ódio;

dentro de uma moldura

azul, sucedem

imagens de: pessoas,

na maioria jovens e

crianças, festejam em

trono de uma van em

movimento, enquanto

uma das pessoas

levanta uma bandeira

E nos territórios ocupados por Israel, palestinos

comemoram o banho de sangue.

105

Page 106: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

da Palestina; pessoas,

dentre elas,

novamente como na

cena anterior, crianças

e adultos, comemoram

na calçada em frente a

um comércio e a

bandeira da Palestina

volta a aparecer

17

segundos

Logotipo do JN; FB –

estúdios; mapa dos

EUA com mira, torres

do WTC e fogo

Há menos de uma semana, os EUA se

retiraram da Conferência da ONU sobre

racismo e xenofobia na África do Sul. Foi um

protesto contra decisão de se classificar Israel,

como país racista. Posições como esta

alimentaram, ao longo dos anos, o ódio de

extremistas muçulmanos.

60

segundos

Carro passa

lentamente pelo vídeo;

algumas pessoas

sobre a calçada, em

frente a um comércio;

crianças e adultos

comemoram em frente

a comércio; aparece a

bandeira palestina;

pessoas comemoram

em torno de van, que

anda lentamente;

algumas crianças

carregam a bandeira

palestina; mulher com

lenço na cabeça

aparece comemorando

Terror na América, festa no Oriente Médio. Nas

ruas dos territórios palestinos ocupados por

Israel, os americanos são vistos como amigos

do inimigo israelense. Portanto, inimigos que

merecem o pior. Alá é maior, grita este grupo.

Pra exibir felicidade, o dono da loja distribui

doces. Há muita gente disposta a festejar a

desgraça alheia diante das câmeras

internacionais. Mas os líderes do mundo

islâmico querem se distanciar do terror. O

embaixador do regime Talebã afegão, o mais

radical entre os governos islâmicos, condenou

o ataque. Com ar grave e preocupado, o

palestino Yasser Arafat oferece os pêsames ao

presidente Bush e ao povo americano. “É um

ataque terrível”, diz ele. “Estou completamente

chocado. É inacreditável”. A rápida condenação

106

Page 107: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

entre adultos e

crianças; comerciante

leva prato com doce

para pessoas que

comemoram em frente

a sua loja; motorista de

van passa buzinando;

ele e pessoas nas ruas

fazem sinal de vitória

com os dedos; adultos

e crianças

comemoram, batendo

palmas e pulando;

homem de barba longa

e turbante preto na

cabeça dá entrevista

ao microfone; Yasser

Arafat concede

entrevista coletiva,

cercado de repórteres,

autoridades, poiliciais

e seguranças; Arafat e

homem de terno,

ambos sentados em

poltronas, em

conversa informal em

sala reservada;

repórter ao telefone,

em sala de estúdio,

com imagem do

ataque ao WTC em

monitor de televisão

revela o medo que toma conta do mundo árabe

e muçulmano. Confirma do Oriente Médio o

jornalista Mounir Safatli.

58 Mapa que compreende Líbano, Síria, Jordânia, Iraque, Irã e Líbia.

107

Page 108: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

segundos parte da Europa, do

norte da África e do

Oriente Médio, com

divisão política dos

países em amarelo e

divisões do plano físico

dos territórios em

verde; países em

destaque laranja com

GC: Líbano, Síria,

Jordânia, Iraque, Irã e

Líbia; destaque para o

Líbano, com

demarcação para

Beirute, à esquerda da

tela; GC: Mounir

Safatli, pelo telefone;

imagem congelada das

torres do WTC, com

fogo e fumaça, em

tons de vermelho, à

direita; pessoas

marchando, perfiladas,

com bandeiras e fotos

nas mãos e fumaça

escura; logotipo da

Globo com GC:

Arquivo;

congestionamento de

veículos em rua de

algum lugar, que

aparenta se no Oriente

Médio; logotipo da

Esses seis países colocaram suas forças

armadas em estado de alerta máximo. Há um

temor generalizado sobre qual será a reação

americana diante das acusações de que

extremistas muçulmanos estariam por trás dos

atentados nos EUA. As facções palestinas tidas

como suspeitas também estão em alerta nos

acampamentos de refugiados na Jordânia,

Síria e Líbano. E quase todos os países árabes

favoráveis à causa palestina, o clima é de

tensão. Todos estão preocupados com a

reação, que já começou vinda do Ocidente.

Aqui no Líbano, por exemplo, cinco

companhias aéreas internacionais

suspenderam seus voos para Beirute, apesar

de o primeiro-ministro libanês Rafic Hariri se

apressar em lamentar os atentados e

encaminhar condolências ao povo americano,

num sinal de que o Líbano nada tem a ver com

o que aconteceu nos EUA.

108

Page 109: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Globo com GC:

Arquivo; militares,

portando armas, em

posto de guarita, por

onde passam veículos;

logotipo da Globo com

GC: Arquivo; vista de

cidade, com torre com

relógio ao centro e

veículos e bicicleta

com cesta passando;

logotipo da Globo com

GC: Arquivo;

panorama de avenida

larga e pouco

movimentada de

cidade aparentemente

islâmica, com minarete

de mesquita no canto

esquerdo da tela;

logotipo da Globo com

GC: Arquivo;

transeuntes na

calçada, algumas

mulheres com lenço

cobrindo seus cabelos;

logotipo da Globo com

GC: Arquivo; pessoas

sentadas em mesinhas

de restaurante, uma

mulher de pano

cobrindo a cabeça e

homem lendo jornal;

109

Page 110: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

logotipo da Globo com

GC: Arquivo; pessoas

atravessando a rua,

dentre elas, mulheres

de pano cobrindo a

cabeça; logotipo da

Globo com GC:

Arquivo; trânsito de

veículos e pessoas na

calçada, olhando

vitrines e caminhando;

logotipo da Globo com

GC: Arquivo

37

segundos

Crianças, jovens e

adultos sobem

ladeira; homens

atiram objetos, atrás

de barricada; militares

armados se

posicionam atrás de

barricada de pedras;

homens conversando

e se movimentando

em praça; rapaz

movimenta bandeira

palestina de cima de

uma casa; repórter

em avenida com

movimentação de

carros e de

transeuntes, com

microfone de mão;

GC: Ernesto Paglia,

A festa nos campos de refugiados palestinos é

inflamada por quase um ano de confrontos

diários com a força de ocupação israelense.

Mas a maioria dos habitantes do mundo árabe,

que nada tem a ver com o terror, vai dormir

hoje com medo de uma retaliação americana.

Mas quem teme sofrer o maior prejuízo de

todos é a imensa e pacífica comunidade

muçulmana que vive aqui na Europa.

Preocupado com uma onda de preconceito

antiárabe, o especialista britânico alerta:

“Radicais terroristas não podem ser

confundidos com a imensa população

muçulmana, que trabalha e respeita as leis

pelo mundo afora”.

110

Page 111: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Londres; homem

calvo e com bigode

espesso, de roupa

social em frente a

uma planta,

respondendo a uma

pergunta

13

segundos

FB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

O primeiro-ministro israelense Ariel Sharon

decretou luto no país. As fronteiras com o

Egito e a Jordânia foram fechadas, como

medida de segurança. E o ministro da Defesa

cancelou uma viagem que faria nos próximos

dias aos EUA.

8

segundos

WB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

Aqui no Brasil, lideranças islâmicas e judaicas

condenaram os atentados. E fizeram um apelo

a favor da paz.

8

segundos

Minarete de mesquita

cor de marfim;

imagem percorre de

alto a baixo, até

aparecer muro com

pichações; homem

trajando terno fazendo

reverência durante em

oração, sobre tapete

colorido; homem se

levanta e torna a se

abaixar

Na mesquita no bairro paulistano do Cambuci,

uma oração pela paz, citando o Alcorão, livro

sagrado do islamismo.

7

segundos

Homem da imagem

anterior fala ao

microfone; GC:

Mohamed Murad,

presid. Soc.

Se nos matarmos uma pessoa, é como tivesse

matado toda a Humanidade. Então, nós

deploramos este ato criminoso.

111

Page 112: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Muçulmana de S.

Paulo; entrevistado

demonstra firmeza no

olhar e nas palavras,

movimentando

bastante sua cabeça

34

segundos

Repórter com

microfone de mão e

altar muçulmano ao

fundo direito da tela;

GC: Alberto Gaspar,

São Paulo; repórter

movimenta sua mão;

panfletos preto e

branco da campanha

palestina de retomada

de territórios

ocupados; homem

fala ao celular,

sentado em poltrona;

outro homem, ao lado

do que fala ao celular,

também sentado,

conversa; os dois

homens estão lado-a-

lado e o que fala ao

celular segura no

braço direito do outro;

pomba branca com

balança no bico e

referências às

bandeiras brasileira,

israelense (na asa

Ofensa à religião, atentados como o de hoje

nos EUA, são condenados também por

entidades muçulmanas de caráter mais

político, que atuam em São Paulo. Abaixo a

ocupação. A frase cobre as paredes da casa

onde encontramos um militante palestino. Ao

lado dele, um judeu. Juntos, eles lideram uma

entidade que prega a paz entre os dois povos.

Pra eles, o fato de a maior potência do planeta

não ter conseguido se defender do ataque de

hoje mostra que a força não vai garantir a

segurança mundial.

112

Page 113: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

esquerda do pombo)

e palestina (na asa

direita); homens

sentados em poltrona,

conversando, com

mesa e xícara de café

ao centro; homens

vistos de outro

ângulo, de onde

podem ser vistos os

panfletos da

campanha palestina.

8

segundos

Homem calvo e de

barba grisalha,

vestindo roupa

branca; GC: Michael

Haradom, líder

pacifista

Nós podemos tentar acabar com o terrorismo

pela força ou podemos tentara acabar com o

terrorismo pela paz.

9

segundos

Homem de cabelo

grisalho, camisa

social e agasalho

esportivo; GC: Emir

Murad, líder pacifista;

homem movimenta

suas mãos

Porque não é possível que o mundo, que a

ONU, que os governos mundiais, deixem isso

acontecer mais uma vez.

8

segundos

Homem de terno e

barba, analisando

livro, sentado em

mesinha do que

parece ser uma

cafeteria ou

restaurante; imagem

foca rosto do homem

No Rio, este representante da juventude

islâmica tem medo que o atentado estimule o

preconceito contra os muçulmanos.

113

Page 114: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

e depois seu livro;

12

segundos

Homem da imagem

anterior, falando, com

microfone de mão;

GC: Jihad

Hammadeh, vice-

pres. Juventude

Islâmica

Que se apure os atentados, que se veja,

realmente, quem fez isso. E que se condene

quem praticou isso. Não as demais pessoas.

Generalizar isso é uma injustiça

20

segundos

Homem vestindo

terno e kipá cor de

vinho, em entrevista

coletiva; GC: Henry

Sobel, pres. da

Congregação

Israelita; autoridade

enfatiza sua fala com

gestos com sua mão

direita

As boas relações entre a comunidade judaica

e a comunidade muçulmana no Brasil vão

continuar sendo relações de respeito mútuo e

cordialidade. Não vamos importar terror para o

Brasil.

15

segundos

FB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

Na Grã-Bretanha, faltavam quinze minutos

para as duas horas da tarde quando o primeiro

avião se chocou contra uma das torres do

WTC. A partir daquele momento, não só o

país, como toda a Europa parou, atônita, para

saber o que estava acontecendo.

143

segundos

Foco em relógio com

números romanos

marcando as

16h56min, com rapaz

desfocado; pessoas

olhando atentamente

para algo, com ônibus

vermelho de dois

andares, no plano de

A tradicional pontualidade britânica, hoje, não

funcionou. O país parou diante da TV para

assistir às notícias que chegavam ao vivo dos

EUA. No centro de Londres, ninguém esperou

até as cinco da tarde pra sair do trabalho.

Lojas, bares e, principalmente, prédios

públicos foram esvaziados. A bolsa de valores

fechou o pregão duas horas antes do horário

normal. As linhas de metrô chegaram a ser

114

Page 115: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

fundo; TV em canal

de notícias britânico;

multidão olhando para

vitrine, onde assistem

às notícias;

transeuntes passam e

param no local onde

se encontra a

multidão em frente a

televisão; imagem

feita de carro pelas

ruas, mostrando

prédios e ruas vazios;

fachada da Bolsa de

valores britânica, com

poucos transeuntes

passando pela

calçada; imagem do

hall de entrada da

Bolsa de valores

britânica, vazia, pelo

vidro de entrada e de

porta-giratória;

entrada da estação de

metrô londrino

Camden Town

Station, onde se vê

placa do

“Underground”;

televisores com os

horários de partida e

pouso de voos,

seguido de saguão de

interrompidas. Todos os vôos sobre a capital

da Grã-Bretanha foram proibidos. E os vôos

para os EUA suspensos. O Canary Wharf, o

prédio mais alto de Londres, também ficou

vazio. Esse clima tenso entre os britânicos

encontra uma explicação, principalmente, no

campo da diplomacia. A Grã-Bretanha é a

principal aliada dos EUA. Costuma apoiar o

governo americano em todas as decisões

políticas. Hoje, essa amizade histórica deixou

os cidadãos daqui com a sensação de que

Londres poderia ser o próximo alvo. “Estou

com muito medo”, diz a moça, “também tenho

pena das pessoas inocentes que morreram”.

Este homem se diz apavorado. “Meu receio é

de que isso provoque a terceira Guerra

Mundial”. O primeiro-ministro Tony Blair

cancelou uma reunião ministerial para fazer

um pronunciamento. “Estamos solidários com

o povo americanos. O mundo precisa se unir

para erradicar o terrorismo.” De toda a Europa

partiram manifestações no mesmo sentido. O

presidente da França, Jacques Chirac,

chamou de monstruoso o que aconteceu na

América. O presidente da Rússia, Vladimir

Putin, disse que foi uma tragédia terrível e

convocou uma reunião ministerial para discutir

a segurança. O chanceler federal alemão,

Gerard Schroeder, classificou o ato terrorista

de abominável. E o secretário geral da OTAN,

George Robertson, conclamou o mundo a

formar uma frente comum pra combater o

terrorismo. A União Europeia já convocou uma

115

Page 116: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

aeroporto, lotado de

passageiros, sentados

e circulando; televisor

com horários de

partidas de voos,

onde se lê

“Departures”; vista de

alto a baixo de prédio

com vidros

espelhados; policial

londrino com capa

amarela ajuda a

evacuar prédio pela

porta, de onde saem

pessoas, caminhando;

repórter na parte

central da tela, com

microfone de mão,

transeuntes e veículos

passando; repórter

em calçada, na curva

de onde transitam

veículos; GC: Marcos

Losekann, Londres;

mulher de cabelos

loiros e encaracolados

concede entrevista,

com carros e ônibus

passando pela rua;

rapaz dá entrevista,

interpelado pelo

repórter enquanto

assistia às notícias de

reunião de emergência pra discutir um plano

de ação. Todas as embaixadas americanas na

Europa e na Ásia tiveram a segurança

reforçada. Em Londres, diante das barreiras de

isolamento, foram deixados buquês de flores.

Homenagem às vítimas da violência, que hoje,

abalou o mundo.

116

Page 117: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

vitrine de loja, da

calçada; outras

pessoas aparecem na

tela, assistindo à TV;

primeiro-ministro Tony

Blair anda por

auditório, vestindo

terno e com papel nas

mãos; Blair para em

palanque; close de

imagem em Blair,

enquanto ele faz seu

pronunciamento e é

iluminado por flashes

de fotografias;

fotógrafos perfilados;

presidente francês,

Jacques Chirac, em

palanque da Faculté

des Métiers, com

bandeira francesa e

da União Europeia no

fundo, com flashes;

presidente russo

Vladimir Putin, em

pronunciamento, em

frente à bandeira

russa, sem flashes de

fotografias; chanceler

alemão, em palanque,

em frente a parede

azul, com flashes de

fotógrafos; executivos

117

Page 118: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

da OTAN em reunião,

enquanto homem

indicado pela placa

“chairman” faz

pronunciamento, com

movimentação de

executivos ao seu

lado e no fundo;

executivos em pé,

com militar nos

fundos, enquanto um

deles faz

pronunciamento;

movimentação em

frente a prédio de

embaixada americana

na Europa, com

homem saindo,

carregando materiais;

carro blindado verde,

avançando em frente

a guarita; prédio de

outra embaixada

americana, onde se

vê bandeira e águia

americana;

ramalhetes de flores

colocados sobre

grade de isolamento;

vista geral de prédio

de embaixada, pela

grade de segurança;

foco da imagem na

118

Page 119: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

águia e a bandeira

trêmula

17

segundos

WB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

Os analistas políticos são unânimes em dizer

que o mundo será outro depois desta terça-

feira. O ministro das Relações Exteriores do

Brasil, Celso Lafer, disse que a situação é de

gravidade única, de conseqüências ainda

imprevisíveis.

33

segundos

Homem de cabelo

grisalho, com traje

social, falando ao

microfone de mão,

com ponto de escuta

em seu ouvido; GC:

Celso Lafer, min.

Relações Exteriores;

ministro olha para a

câmera, para os lados

e para baixo

É um episódio decisivo. Ele muda o

funcionamento do sistema internacional. Ele

coloca as sombras da incompreensão no

centro da vida mundial. Isso terá um efeito

grande sobre tudo e sobre todos e mudará a

maneira pela qual conduzimos a ação

diplomática. Este evento é mais sério do que

qualquer outro nos últimos tempos e ele tem

um alcance maior do que foi o fim da Guerra

Fria e a queda do Muro de Berlim.

26

segundos

Homem de óculos,

falando, em um

jardim, onde se vê

janelas, paredes

cobertas de plantas

trepadeiras e uma

cruz de alvenaria; GC:

Reginaldo Nasser,

prof. Pol. Internacional

PUC – SP;

entrevistado não olha

para a câmera, mas

para o repórter, que

não aparece na

Então eu acho que os países europeus e os

outro blocos do mundo, quer dizer, a América

Latina, entendeu, os vários organismos, a

Organização dos Estados Americanos, eles

têm que tomar um papel mais ativo no mundo.

Ou seja, o mundo deve ter uma

descentralização de poder. Essa é uma

questão que pode ser feita até a médio prazo.

A curto prazo, os EUA vão mudar

completamente o seu sistema de vigilância

interna.

119

Page 120: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

filmagem

48

segundos

Homem calvo, fala em

um ambiente fechado,

com planta e quadro

no fundo; GC:

Fernando Abrucio,

prof. Pol. Internacional

PUC – SP; professor

gesticula bastante,

mas não olha para a

câmera; olha em

direção a

entrevistador, que não

aparece na filmagem

Eu acho que haverá, pelo menos, três

repostas. Uma resposta militar muito forte

contra algum país. Eles vão tentar escolher, se

não conseguirem descobrir quem foi, vão

tentar escolher uns países e os dois

candidatos sérios a tomarem um ataque

maciço, que, oxalá, não seja nuclear, são

Iraque e Afeganistão. A segunda resposta é

uma resposta que vai obrigar o presidente

Bush a sair do isolacionismo e, a partir de um

relacionamento internacional com seus

aliados, com os países democráticos, ter uma

política mais forte contra o terrorismo. E uma

terceira reação, fundamental, é o problema do

Oriente Médio. O presidente Clinton tentou

fazer a paz. O presidente Bush esqueceu o

Oriente Médio. Vai ser obrigado a relembrar o

Oriente Médio.

8

segundos

FB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

E voltamos, ao vivo, aos EUA, com a repórter

Zileide Silva. Zileide, que informações nós

temos sobre os brasileiros em NY?

62

segundos

Repórter no escritório

da rede Globo em NY,

com imagem de NY à

noite, na janela e

reflexo de televisores

no vidro; GC: vivo,

sobre o emblema da

emissora; esquina de

NY, durante a noite,

com carro

estacionado na

Fátima, o governo brasileiro informou que dez

empresas brasileiras tinham escritórios nas

torres do WTC. Muitos brasileiros eram

funcionários de corretoras. Estas imagens são

de NY agora à noite. Imagens ao vivo. E esses

funcionários brasileiros se concentravam,

principalmente, no 25º e 107º andar das torres.

Brasileiros que não conseguiram chegar ao

trabalho ligaram para a redação da Rede

Globo aqui em NY. Assustados, eles diziam

não ter informações sobre os colegas que

120

Page 121: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

intersecção das ruas;

pessoas atravessam

na faixa de pedestres;

repórter com

microfone de mão

estavam no prédio. Além desses funcionários,

um outro grupo de brasileiros trabalhava ali.

Engraxates, no subsolo do prédio, onde

funcionava um shopping Center e operavam

várias linhas de metrô e trem. Até agora o

consulado brasileiro não divulgou a lista com

as vítimas. Segundo o consulado porque ainda

não se sabe a nacionalidade deles. E não é só

o consulado brasileiro. Até agora, nenhuma

lista foi divulgada com essa relação. Bonner.

7

segundos

Dois apresentadores

na bancada do JN;

imagem se aproxima

da bancada,

percorrendo-a, até

chegar aos

apresentadores

Daqui a pouco, bolsas de valores e moedas

internacionais são abaladas pelos atentados.

7

segundos

Bancada com

apresentadores;

borda em azul, com

símbolo do JN e

imagem de policiais

militares do estado de

São Paulo em torno

de um veículo Palio,

cercados de pessoas;

GC: barbárie; imagem

de homem (prefeito

de Campinas,

assassinado na noite

anterior) em

pronunciamento, com

E veja também: a polícia suspeita que o

assassinato do prefeito de Campinas foi crime

político.

121

Page 122: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

microfone

13

segundos

Símbolo do JN em

azul; FB – estúdios,

com imagem

congelada do senador

Jader Barbalho no

canto superior

esquerdo da

apresentadora; fundo

marrom, com listras

Está pronto o relatório da Comissão do

Conselho de Ética que incrimina o senador

Jader Barbalho no caso de desvio de dinheiro

do Banpará. O documento deve ser

apresentado amanhã.

64

segundos

Três homens (entre

eles Romeu Tuma,

autoridades do

PMDB, conversam em

torno de mesa de

escritório; foco em

Romeu Tuma; foco

em documento, onde

se lê; “Conselho de

Ética e Decoro

Parlamentar,

Comissão de Inquérito

, Relatório”; nova

imagem do

documento, com

destaque, onde se lê:

“abuso de suas

atribuições de

Presidente desta

Casa” e “protelar a

tramitação do

requerimento de

informação.”; novo

O PMDB pediu prazo e conseguiu adiar por

um dia a leitura do relatório no Conselho de

Ética. Nas 82 páginas, o documento diz que o

senador Jader Barbalho abusou de suas

atribuições de presidente do Senado, adiando

a tramitação de um requerimento que pedia

informações do Banco Central. Um

comportamento que configura indício de

improbidade administrativa. O relatório diz

ainda que há provas irrefutáveis de que o

senador Jader Barbalho recebeu recursos

desviados do Banpará. E que ele faltou com a

verdade ao negar vinculação com aplicações

do Banpará. E também, quando disse, em

depoimento, que não atrapalhou as

investigações no Senado. O relatório conclui

que há provas materiais e testemunhais

suficientes para abertura de processo por falta

de decoro parlamentar. A leitura do relatório

está prevista para amanhã. Mas o PMDB,

partido do senador Jader Barbalho, quer,

primeiro, retomar o comando do Conselho de

Ética, que está com o PFL. E vai insistir na

122

Page 123: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

documento, em cujo

destaque se lê:

“configura indício de

prática de ato de

improbidade

administrativa” (grifos

próprios do relatório);

em novo documento

do relatório, se lê no

destaque: “provas

irrefutáveis de

recebimento pelo

Senador JADER

BARBALHO (grifos

próprios do relatório)

de recursos havidos

dos desfalques.”; em

outra parte do

relatório: “Faltou ainda

com a verdade o

Senador JADER

BARBALHO (grifos

próprios do relatório)

inclusive ao negar

qualquer vinculação

aos resíduos das

aplicações”; em nova

página do documento,

há o destaque para o

item “Q”:

“retardamento da

tramitação” e

“tramitação foi

eleição do novo presidente do Conselho antes

da votação do relatório.

123

Page 124: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

protelada”; em novo

documento, há o

destaque: “A

suficiência de provas

materiais e

testemunhais” e

“abertura de processo

por falta de decoro

parlamentar”; repórter

com microfone de

mão; GC: Giuliana

Morrone, Brasília

7

segundos

FB – estúdios, com

imagem congelada do

senador Jader

Barbalho no canto

superior esquerdo da

apresentadora; fundo

marrom, com listras

O senador Jader Barbalho disse que não vai

comentar o relatório da Comissão do Conselho

de Ética porque ainda não teve acesso ao

documento.

9

segundos

WB – estúdios, com a

Redação do JN ao

fundo, onde são vistos

televisores e pessoas

transitando

Mais de 50 mil pessoas acompanharam o

velório e o enterro do prefeito de Campinas,

Antônio da Costa Santos, do PT. Ele foi

assassinado ontem à noite.

18

segundos

Prefeito de Campinas

durante

pronunciamento; GC:

Arquivo, sobre o

emblema da

emissora; foco no

rosto do prefeito; rua

escura, com pstes de

iluminação e giroflex

O prefeito Antônio da Costa Santos, o Toninho

do PT, foi vítima da violência que abala

Campinas. Ele foi assassinado quando saía de

um shopping center, onde havia comprado

roupas. Baleado, perdeu o controle do carro

que dirigia e bateu num painel de propaganda.

124

Page 125: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

ligado de carro da

polícia; foco na

movimentação de

pessoas, em rua onde

há carros

estacionados; policiais

militares e pessoas

em torno de veículo

Palio, que bateu em

placa de propaganda;

peritos, alguns com

luvas, averiguam

dentro do veículo

2

segundos

Policial militar dá

entrevista a emissora

da EPTV, afiliada na

Rede Globo em

Campinas, olhando

para entrevistador

O mais provável do que uma tentativa de

roubo.

7

segundos

Eduardo Suplicy

conversa com mulher;

José Genuíno

cumprimentando

outros homens

Ainda na madrugada, dirigentes do PT

estiveram no local do crime e levantaram a

hipótese de atentado político.

5

segundos

Suplicy fala com a

imprensa; GC: Sem.

Eduardo Suplicy, PT –

SP; é entrevistado por

várias emissoras

Nestes últimos meses, houve sim ameaças ao

prefeito Toninho.

6

segundos

Lula também é

entrevistado por

vários repórteres de

emissoras diversas e

Era uma figura que despertava nessa cidade

uma esperança enorme.

125

Page 126: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

é fotografado; GC:

Luís Inácio Lula da

Silva, pres. de honra

do PT; Lula fala de

lado para a câmera

30

segundos

Repórter fala, com

microfone na mão, em

frente a parede

branca; GC: Caco

Barcellos, Campinas,

SP; repórter aponta

para onde balas

perfuraram o carro, na

janela traseira

esquerda, na porta

dianteira esquerda e

para as marcas de

sangue no assento do

banco do motorista;

posteriormente,

aponta para veículo

nos fundos da tela;

close na parte da

frente do carro, onde

há batida; depois,

aponta para amasso

no veículo do prefeito,

na parte da frente;

retorno da imagem

para o repórter

Testemunhas ouvidas logo depois do crime

disseram que o prefeito foi atacado por dois

homens, que estavam numa moto. Eles

dispararam três tiros: um, atingiu aqui, esta

janela traseira; outro, a porta dianteira; e o

terceiro foi fatal. Há muitas marcas de sangue

aqui dentro. A polícia suspeita que aquele

carro apreendido tenha participado da ação.

Ele está batido na frente, do lado direito. E o

carro do prefeito também está amassado aqui,

ó. É possível que ele tenha sido interceptado

no caminho.

14

segundos

Governador do estado

de São Paulo fala

para entrevistador da

A polícia está levantando várias hipóteses, né.

Quer dizer, eu acho que é precipitado a gente

estar colocando alternativas. O importante é

126

Page 127: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

EPTV; GC:Geraldo

Alckmin, governador

de São Paulo;

governador não olha

para a câmera, mas

para o entrevistador;

pessoas no fundo da

tela fazem barulho

que o caso, há um empenho absoluto no

sentido de esclarecer e prender os criminosos.

32

segundos

Velório do prefeito

num saguão, onde se

lê: Palácio dos

Jequitibás; caixão

com o corpo do

prefeito no centro e

multidão em volta;

guarda de honra na

escolta, banner em

homenagem ao

prefeito, onde se vê o

símbolo do PT, com

pessoa

movimentando

bandeira; policiais

carregam,

atravessando

multidão, o caixão,

sobre o qual está

colocada bandeira do

Brasil; caminhões do

corpo de Bombeiros

atravessam rua com

multidão nas

calçadas; sobre um

O crime parou Campinas hoje. Mais de 50 mil

pessoas foram ao velório. No final da tarde,

uma multidão acompanhou o cortejo pelas

principais ruas da cidade. Arquiteto, professor

universitário, Toninho do PT se destacou na

política local por fazer uma série de denúncias

de corrupção. Aos 49 anos, deixa a mulher e

uma filha. Foi enterrado com a bandeira do

Brasil, sob uma salva de palmas.

127

Page 128: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

dos caminhões está o

caixão, com flores;

imagem do cortejo

fúnebre do plano

terrestre; imagens

aéreas do cortejo

pelas ruas de

Campinas; policiais

carregando o caixão

com bandeira

nacional,

atravessando a

multidão; mulheres

se abraçam e se

consolam ao lado do

caixão, co multidão ao

lado; pessoas jogam

flores em direção ao

caixão, que atravessa

a multidão, carregado

por policiais militares;

multidão bate palmas

e continuam a jogar

flores

17

segundos

FB – estúdios, com a

Redação do JN ao

fundo, onde são vistos

televisores e pessoas

transitando; imagem

de José Ermírio;

pessoas sobem

escadas; fila de

homens se dirige a

Morreu hoje em São Paulo, aos 75 anos, o

empresário José Ermírio de Moares Filho,

presidente do conselho de Administração do

Grupo Votorantim. O empresário sofria de

câncer. O corpo dele está sendo velado no

hospital da Beneficiência Portuguesa, em São

Paulo, e será cremado amanhã, às 10 horas.

128

Page 129: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

uma mulher, para

poder cumprimentá-la

26

segundos

GC: JN – Tempo;

mulher do tempo no

canto direito da tela;

GC: Fabiana

Scaranzi; Fabiana em

frente a mapa

interativo do Brasil,

com divisão política

dos estados e

simulação de nuvens

e marés; Fabiana faz

movimento com a

mão, indicando

movimentação de ar;

surgem manchas de

tons escuros e claros

sobre o mapa, além

de desenhos de sol,

nuvem clara com sol e

nuvem escura e com

riscos de chuva;

Fabiana estende mão

sobre as áreas

escuras do mapa;

aponta para áreas

verdes no mapa;

sobre o mapa,

desaparecem

indicações anteriores

e surgem manchas

laranja, amarela, azul

Quarta-feira com previsão de chuva em boa

parte do Brasil. Uma frente fria avança pelo

litoral do sudeste em direção ao sul da Bahia e

deixa o tempo chuvoso na faixa escura, que

vai até o leste paulista. Chove o dia todo

também do Acre ao Roraima. Sol nas outras

áreas com chuva à tarde de Minas Gerais ao

Amapá. A temperatura diminui no sul. Mínima

de 8°C em Curitiba e máxima de 37° em

Palmas.

129

Page 130: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

e azul claro, além de

indicações de

temperaturas, em

graus, na escala

Celsius; Fabiana

aponta, no mapa,

para Curitiba e,

posteriormente, para

Palmas

22

segundos

WB – estúdios;

imagem de Guga,

com bola de tênis

amarela, com plano

de fundo marrom,

listrado, à direita

apresentador; quadra

de tênis, em jogo de

Guga contra Saretta;

movimentação de

jogadores com suas

raquetes; placar do

jogo mostra Guga

(BRA) 6, 2 e 0 e

Saretta (BRA) 4, 6 e

0; movimentação de

jogadores na quadra;

jogador comemora e

se ajoelha; jogadores

se cumprimentam no

centro da quadra,

sobre a rede;

jogadores batem nas

costas um do outro e

Gustavo Kuerten foi eliminado na primeira

rodada do torneio de tênis da Bahia. Guga

enfrentou outro brasileiro, Flávio Saretta, de 21

anos. Depois de vencer com facilidade o

primeiro set por 6-4, Gustavo Kuerten foi

surpreendido. Saretta empatou o jogo, com 6-

2, no segundo set, e acabou fechando a

partida com 6-4, no terceiro.

130

Page 131: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

caminham em direção

à lateral da quadra;

10

segundos

FB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

Voltamos com novas informações sobre os

atentados terroristas nos EUA. Ao vivo, de NY,

Zileide Silva diz como estão as investigações.

89

segundos

Repórter no centro da

tela, com microfone

de mão; GC: vivo,

sobre o emblema da

emissora, com

imagem de Nova York

durante a noite na

janela e reflexo de

televisores; repórter

fala olhando para a

tela; repórter olha

para um papel de

anotações que tem

em suas mãos;

imagem noturna de

esquina em NY, onde

há carro circulando e

pessoas atravessando

a faixa de pedestre;

repórter fala, olhando

para a tela e,

novamente, olha para

seu papel

Fátima, o FBI acaba de abrir uma página na

internet pedindo para que as pessoas mandem

informações que possam levar aos autores

desses atentados. A CIA e o FBI não têm

nenhuma pista concreta até agora. Essa é a

informação oficial. Mas funcionários do

Pentágono disseram, hoje cedo, que tinham

informações do envolvimento de Osama Bin

Laden. Segundo eles, só o bilionário saudita

teria ousadia e recurso suficientes para

organizar uma série de atentados como esses.

O exército americano está em alerta máximo.

E se for necessário, pronto para agir. Agora há

pouco, a Agência de Notícias Espanhola, EFE,

disse que um grupo chamado Exército

Vermelho Japonês teria assumido a autoria do

atentado. Um integrante do grupo telefonou

para um jornal na Jordânia, dizendo que era

uma retaliação aos ataques nucleares a

Hiroshima e Nagasaki, em 1945. E apesar de

a sede do FBI ser em Washington, toda a

investigação sobre essa série de atentados

será conduzida pelo escritório do FBI aqui em

NY. Esse escritório é muito mais eficiente. Foi

ele que investigou e solucionou o atentado de

1993. E agora há pouco, a empresa aérea

American Airlines informou que todos os

aviões dela que estavam desaparecidos já

131

Page 132: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

foram localizados. Bonner

13

segundos

WB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

As explosões nos EUA provocaram uma onda

que, em segundos, atingiu os principais

mercados financeiros do mundo. Bolsas de

valores interromperam os negócios. E as que

funcionaram tiveram quedas violentas.

96

segundos

Imagem do início da

queda de uma das

torres, em meio a

nuvem de fumaça

escura e fogo, até que

antena do topo

desaparece; voz de

americano fazendo

anúncio no rádio;

queda da torre, vista

de outro plano,

terrestre; abre a

imagem para mostrar

outros prédios de NY,

enquanto uma das

torres despenca,

soltando fumaça e

derrubando

escombros; mapa-

múndi político e físico;

destaque para os

EUA em laranja, onde

se lê “Nova York”; dá-

se um close na

Europa; destaque em

laranja para a Grã-

Bretanha, onde se lê

As torres gêmeas, arrasadas pelo atentado,

abrigavam mesas de operadoras de mercado

do mundo inteiro, no coração do Capitalismo

globalizado. O impacto imediato foi muito mais

além do que transformar um símbolo em

fumaça. As bolsas de NY, ali perto, e a bolsa

eletrônica da Nasdaq, pelas quais pulsa a

economia mundial, nem chegaram a abrir. A

onda de choque da explosão atingiu em cheio

os mercados europeus. A bolsa de Londres

fechou em baixa de 5,72%, a maior queda dos

últimos 35 meses. A de Paris, baixa de 7, 39%.

Há dois anos não caía tanto. Frankfurt, queda

de 8,49%, maior baixa dos últimos 32 meses.

Bolsa de Milão: baixa de 7,79%. No México, as

ações 5,55%. Na Argentina, o pregão foi

interrompido quando a queda bateu 5,2%. Pela

primeira vez, nos últimos dez anos, na Bolsa

de Valores de São Paulo, os negócios foram

suspensos. As 11h15min da manhã, o pregão

já acumulava a queda de 9,18%, a maior

desde janeiro de 1999, quando houve a

desvalorização do real. Com o resultado de

hoje, a Bovespa já contabiliza baixa de

29,04%, este ano. A paralisação dos negócios

na Bolsa de Valores de São Paulo não foi

apenas o resultado do horror e da emoção

132

Page 133: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

“Londres -5,72%, 35

meses”; destaque em

laranja para a França,

onde se lê “Paris -

7,39%, 24 meses”;

destaque em laranja

para a Alemanha,

onde se lê “Frankfurt -

8,49%, 32 meses”;

destaque em laranja

para a Itália, onde se

lê “Milão -7,79%”;

destaque em laranja

para o México, onde

se lê “-5,55%”;

destaque em laranja

para a Argentina,

onde se lê “ -5,20%”;

imagem do saguão da

Bolsa de Valores de

São Paulo, com o

pregão suspenso e

com poucos

acionistas; papéis e

telefones; gráfico

eletrônico do painel

da Bovespa, onde se

lê “Evolução da

Ibobespa”; GC:

Ibovespa: -9,18%;

pessoas conversando

no saguão; vista do

alto do saguão; painel

provocados pelas imagens vindas dos EUA,

entre os operadores. A bolsa, simplesmente,

não tinha mais condições de fixar preços.

133

Page 134: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

eletrônico central da

Bovespa, com

balcões das

operadoras; centro de

informática da Bolsa;

repórter com

microfone de mão, no

mezanino da

Bovespa; GC: William

Wack, São Paulo;

poucas pessoas são

vistas no saguão da

Bolsa;

10

segundos

Executivo fornece

entrevista; GC:

Eduardo Brener; pres.

em exercício da

Bovespa; painéis e

telefones no plano de

fundo das imagens;

O motivo de nós fecharmos foi, extremamente,

técnico. Não há informações encontradas de

todos os cantos, então nós achamos por bem

dos investidores, em geral, encerrar as

atividades do pregão pelo dia de hoje.

43

segundos

Pessoas falando ao

telefone;

negociadores em

mesas com

computadores;

negociadores em

torno de mesas com

computadores e

telefones; GC: US$ 1

= R$ 2,66; fachada do

Banco Central do

Brasil; vista ampla da

fachada, da entrada e

Houve poucos negócios nas mesas de câmbio,

com o dólar batendo novo recorde, 2 reais e

66 centavos, alta de 2,03%, apesar de

intervenção do Banco Central. Diante do clima

de nervosismo, o governo preferiu cancelar

três leilões de títulos públicos, num total 4,7

bilhões de reais em papéis. Refletindo temores

de conflitos no Oriente Médio, o preço do barril

de petróleo subiu 13% e chegou aos 31,05

dólares. Outro sintoma de insegurança: o ouro

na Bolsa de Metais de Londres teve alta de

7%. Mas, economistas acham que o impacto

imediato do atentado em NY se desfaz,

134

Page 135: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

do prédio todo do BC,

durante a noite; portas

giratórias da entrada;

vista aérea de

plataforma petrolífera

no oceano; barril de

petróleo rolando em

esteira; GC: barril de

petróleo: +13%, US$

31,05; escritório da

Bolsa de Metais de

Londres, com baias,

computadores,

documentos, armários

e pessoas; executivos

se conversam,

enquanto um outro

fala ao telefone; GC:

ouro: + 7%; painel

eletrônico da Bolsa

londrina; especialista

conversa com

repórter,

movimentando-se e

gesticulando com as

mãos

também, a curto prazo.

31

segundos

Especialista fala,

olhando para

entrevistador, que não

aparece; GC: Eduardo

Gianetti, economista;

economista gesticula

com as mãos e

Nós estamos sob o impacto de uma grande

tragédia. É natural que, num primeiro

momento, a reação seja de uma certa histeria,

movida pelo pânico de uns e pela especulação

de outros, que tentam tirar proveito da

situação. Mas isso não é permanente. Isso vai

durar alguns dias. A vida depois volta ao

135

Page 136: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

movimenta a cabeça normal. A economia americana está em

processo de desaceleração e isso pode até

chegar a uma recessão. Mas não será por

causa dessa tragédia. Na verdade, a economia

é muito mais robusta e não é um acidente, um

ataque terrorista, que vai mudar grandes

tendências e movimentos profundos que estão

ocorrendo no mundo.

5

segundos

FB – estúdios;

bancada com os dois

apresentadores;

imagem vai se

aproximando

Veja a seguir: a aflição das famílias de

brasileiros que estão em NY.

7

segundos

WB – estúdios;

aproxima-se dos

apresentadores;

aparece quadro com

borda azul, onde se

vêem pessoas

correndo entre os

escombros e a

fumaça, próximos a

carros da polícia e

emblema do JN; GC:

escombros

E as últimas informações sobre o dia que vai

marcar a história.

15

segundos

FB – estúdios - mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

O presidente Fernando Henrique convocou

uma reunião de emergência para discutir os

reflexos que os atentados terroristas podem ter

na economia brasileira. A segurança foi

reforçada nos consulados e na embaixada

americana.

57

segundos

Fachada da

Embaixada dos

A embaixada americana em Brasília liberou

todos os funcionários e ficou fechada. Na

136

Page 137: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Estados Unidos da

América; vista aberta

do portão de entrada;

cancela e guarita da

embaixada; viatura do

BOPE, com alguns

policiais; bandeira

norte-americana

hasteada; fachada da

embaixada;

movimentação de

automóvel em frente à

embaixada de Israel;

seguranças na

calçada; segurança

ao lado de carro;

movimentação de

policiais e de

fotógrafos em frente

ao consulado

americano; pessoas

atravessando portão;

movimentação de

carros; pessoas

atravessando saguão

de aeroporto com

carrinho e bagagem;

fila de check-in;

segurança de

aeroporto batem

revista em

passageiro, com

instrumento de

porta, reforço no policiamento. Um

comunicado pediu que os americanos que

vivem no Brasil redobrem a segurança. Quem

trabalha na Embaixada de Israel também teve

de sair. E a polícia aumentou a vigilância. No

Rio, o esquadrão antibombas fez uma revista

no consulado americano. Os funcionários

tiveram que deixar o prédio. Consulados de

São Paulo, do Recife também foram

desocupados. O comando da Aeronáutica

liberou os aeroportos nacionais aos aviões que

não puderem descer nos EUA, além de

recomendar maior fiscalização no embarque

de passageiros. O Itamaraty divulgou uma

nota, condenando a violência e lamentando as

mortes. O presidente Fernando Henrique

Cardoso, se dizendo chocado e com uma

preocupação extrema, acompanhou tudo pela

televisão no Palácio da Alvorada.

137

Page 138: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

verificação de objetos

metálicos; vista geral

e em movimento do

Palácio do Itamaraty;

presidente FHC,

sentado em cadeira

de madeira, sobre

tapete, em sala de

madeira, com

cadeiras vazias e

telefones ao lado,

com quadro na

parede e televisão e

rádio sobre estantes;

televisão ligada; foco

na face esquerda de

FHC, com flashes de

fotografia

2

segundos

Presidente se vira

para câmeras; fixa o

olhar e faz cara séria

Isso é uma loucura. É uma guerra, realmente.

18

segundos

Carta assinada pelo

presidente FHC ao

presidente George W.

Bush; foco no

destinatário da carta

(A Sua Excelência o

Senhor George W.

Bush, Presidente dos

Estados Unidos,

Washington – DC,

EUA); foco no detalhe

da carta (“transmitir-

O presidente mandou uma carta de

solidariedade ao presidente dos EUA, George

W. Bush, e repudiou o ato terrorista. Num

pronunciamento, o presidente se mostrou

preocupado também com os brasileiros que

estão nos EUA e determinou que eles

recebam toda assistência do consulado.

138

Page 139: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

lhe a expressão de

nossa solidariedade

nesse momento

extremamente

difícil ... O Brasil

condena nos termos

mais fortes possíveis

todas as formas de

terrorismo”);

presidente FHC em

pronunciamento, de

terno creme, camisa

azul e gravata xadrez;

em frente a dois

microfones e foto de

bandeira trêmula do

Brasil

45

segundos

Presidente FHC em

pronunciamento, de

terno creme, camisa

azul e gravata xadrez;

em frente a dois

microfones e foto de

bandeira trêmula do

Brasil; fotógrafos,

filmadores e

jornalistas; presidente

olha para a comitiva e

para baixo, para suas

anotações; flashes de

máquinas

fotográficas;

Em NY, já existe no Consulado, um conjunto

de telefones à disposição dos brasileiros, para

que eles possam acalmar as suas famílias e

mostrar que nadas lhes aconteceu. É provável

que, diante da virulência dos atos praticados,

haja conseqüências em todo o mundo,

principalmente, econômicas. E o Brasil é parte

do sistema mundial e pode vir a ser, direta ou

indiretamente, afetado por essas turbulências.

É inegável que, se não houver uma ação

atenta do governo, as consequências podem

ser maiores. E nós estamos atentos.

39 Repórter com Para se antecipar às consequências deste

139

Page 140: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

segundos microfone de mão, em

frente a janelas

iluminadas; GC:

Heraldo Pereira,

Brasília; presidente

Fernando Henrique e

vice-presidente Marco

Maciel se assentam,

em mesa de reunião

com brasão da

presidência e uma

bandeira; flashes de

máquinas fotográficas

sobre os dois;

ministros com

uniformes de Exército,

sentados, e homens

de terno atrás;

ministros em mesa de

reunião com o

presidente, sentados,

lado a lado; reunião

do presidente com o

encarregado de

negócios dos EUA e

outras autoridades,

em sala com

poltronas e mesa de

centro; fotógrafos

tiram foto da reunião

episódio e tentar fazer uma avaliação,

principalmente dos desdobramentos na

economia brasileira, o presidente Fernando

Henrique Cardoso chamou quatro ministros,

inclusive o da Fazenda, Pedro Malan. A

reunião foi a portas fechadas. Depois, o

presidente convocou o Conselho de Defesa

Nacional. O governo vai fazer uma análise dos

reflexos da situação dos EUA, aqui no Brasil.

O Conselho foi comunicado das medidas para

proteger os cidadãos americanos. E o

presidente Fernando Henrique tranquilizou o

encarregado de negócios dos EUA, que está

respondendo pela Embaixada Americana em

Brasília.

12

segundos

WB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

Até agora há pouco, o Itamaraty ainda não

tinha conseguido notícias sobre possíveis

vítimas brasileiras. Entre os que sobreviveram

140

Page 141: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

aos atentados, há relatos impressionantes.

26

segundos

Mulher de cabelos

brancos, sentada em

frente a uma escada,

limpa seu nariz e seus

olhos com um lenço;

mulher ajeita casaco a

aparenta ter lágrimas

nos olhos; mãos de

mulher idosa

segurando porta-

retrato com foto de

homem de terno,

cabelo penteado e

óculos; câmera abre a

imagem para mostrar

também a mulher

olhando para a foto;

mulher limpa olho

com lenço de pano e

gesticula com a mão;

repórter sentado em

sofá escuro, falando

em inglês ao telefone,

com o microfone da

Rede Globo na mão

direita e o telefone na

mão esquerda; mulher

limpando o rosto com

o lenço

Apreensão em São Paulo. Dona Cecília

passou a manhã tentando contato com o filho

Cleyton, que mora em NY. Não conseguiu. As

primeiras notícias vieram só à tarde. “Is he

fine? Is he fine?”Um amigo confirma que

Cleyton está bem. Só então Dona Cecília se

acalma.

7

segundos

Mulher suspira,

movimenta a boca,

leva a mão direita ao

Só tenho que agradecer a Deus, só isso. Muito

obrigada, meu Deus!

141

Page 142: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

rosto e olha pro alto;

GC: Cecília Cardoso,

mãe de Cleiton;

mulher fecha os

olhos, une as mãos e

as leva ao rosto, em

sinal de oração

42

segundos

Mulher de cabelo

grisalho fala ao

telefone; central de

tele-atendimento de

operadora de

telefonia, com

operadores em

cabines individuais,

contíguas e frente-a-

frente, com headset e

computador nas

mesas; barulho de

pessoas falando em

ambiente fechado;

foco em uma das

atendentes, com um

atendente ao fundo;

GC: 08007032111;

mulher olhando

fixamente para baixo;

foto de rapaz com

agasalho, sobre uma

plataforma de

embarque, em frente

a um trem parado;

foto do mesmo rapaz,

O congestionamento das linhas aumentou a

angústia de quem procurava informações

sobre parentes nos EUA. Em uma das

operadoras, as ligações aumentaram 40

vezes. Um número de serviço foi posto à

disposição do usuário: 0800-703-2111. Em

Uberaba, Dona Nilda ainda espera alguma

notícia sobre o filho Thiago. Há quatro meses

em NY, ele servia café em três andares do

WTC. Em Goiânia, os irmãos de Fabrício

Guimarães ouviram, incrédulos, o relato dele.

Fabrício embarcou ontem à noite e chegou

hoje cedo a NY.

142

Page 143: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

apoiado em uma

sacada, com visa para

uma paisagem urbana

e para um rio, ao

fundo; casal sentado

em sofá branco; o

homem apoiado no

encosto do sofá, com

a perna cruzada, e a

mulher com postura

ereta; foto de homem

com camisa marrom

em frente a uma

janela

33

segundos

GC: Fabrício

Guimarães, por

telefone; foto do rapaz

de imagem anterior;

fundo vermelho cor de

sangue; imagem

parada do choque do

segundo avião com o

WTC no canto direito

da tela; “Eu cheguei,

acho que uns quinze

ou vinte minutos antes

da explosão, eu

cheguei em NY. E o

taxista me chamou a

atenção”. (mudança

de texto) “Eu estava

na Long Island

Express Highway. E

Eu cheguei, acho que uns quinze ou vinte

minutos antes da explosão, eu cheguei em NY.

E o taxista me chamou a atenção. Eu tava na

Long Island Express Highway. E deu pra ver

muito bem a explosão, em si. E quando eu

estava chegando, mais ou menos, perto do

meu objetivo, que é, mais ou menos, três ou

quatro quadras do WTC, foi quando eu vi a

queda da primeira torre, que foi uma coisa

assim, muito, mas muito assustadora. Foi uma

das coisas mais assustadoras que eu já vi em

toda a minha vida.

143

Page 144: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

deu pra ver muito bem

a explosão, em si. E

quando eu estava

chegando, mais ou

menos” (mudança de

texto) “perto do meu

objetivo, que é, mais

ou menos, três ou

quatro quadras do

WTC, foi quando eu vi

a queda da primeira

torre, que foi uma

coisa assim, muito,”

(mudança de texto)

“mas muito

assustadora. Foi uma

das coisas mais

assustadoras que eu

já vi em toda a minha

vida.”

8

segundos

Imagem parada de

homem com traje

social e óculos, com

fundo azul claro

Por pouco, o advogado Paulo Lins e Silva não

tomou o vôo de Boston. Justamente o avião

que bateu na segunda torre.

15

segundos

GC: Paulo Lins e

Silva, por telefone;

foto do homem da

imagem anterior;

fundo vermelho cor de

sangue; imagem

parada do choque do

segundo avião com o

WTC no canto direito

Não entrei nesse vôo pra NY, porque era um

vôo muito cedo e nós estávamos exaustos

voltando de Montreal pra pegar um vôo que

retardou demais. Tô muito nervoso aqui nos

EUA, porque eu estou com a minha família e

nós não sabemos quando é que nós vamos

sair.

144

Page 145: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

da tela; “Não entrei

nesse vôo pra NY,

porque era um vôo

muito cedo e nós

estávamos exaustos

voltando de Montreal”

(mudança de texto) “

para pegar um vôo

que retardou demais.

Eu estou muito

nervoso aqui nos

EUA, porque eu

estou” (mudança de

texto) “com a minha

família e nós não

sabemos quando é

que nós vamos sair.”

7

segundos

Imagem congelada de

homem de camisa

azul, falando ao

microfone de mão de

emissora afiliada à

Rede Globo

Funcionário de uma corretora, Larry Pinto de

Farias Junior, conseguiu sair do WTC a tempo.

41

segundos

Imagem congelada do

ataque ao segundo

prédio; imagem é

fechada na direita da

tela; aparece quadro

vermelho cor de

sangue; GC: Larry

Pinto de Farias Jr.,

por telefone, com foto

do homem da imagem

Eu estava trabalhando. Nós ouvimos aquele

estrondo, aquele barulho muito forte. Eu

trabalhava no 25 º andar. Parecia a sensação

de um terremoto. O edifício balançou e

balançou forte mesmo, muito forte. E aí nós

fomos pras saídas de emergência, pras saídas

de incêndio. O medo maior foram dois medos.

(tom de risada sarcástica e, ao mesmo tempo,

nervosa) O primeiro medo foi na escada de

incêndio, porque não pode entrar pra nenhum

145

Page 146: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

anterior; “Eu estava

trabalhando. Nós

ouvimos aquele

estrondo, aquele

barulho muito forte.

Eu trabalhava no 25 º

andar. Parecia a

sensação de um

terremoto.” (mudança

de texto) “O edifício

balançou e balançou

forte mesmo, muito

forte. E aí nós fomos

pras saídas de

emergência, pras

saídas de incêndio. O

medo maior foram

dois medos.”

(mudança de texto) “O

primeiro medo foi na

escada de incêndio,

porque não pode

entrar pra nenhum

andar. Aquelas portas

corta-fogo não têm

acesso aos andares e

começou” (mudança

de texto) “a subir a

fumaça e um cheiro

muito forte de

combustível. Deu

medo. E para descer

25 andares de

andar. Aquelas portas corta-fogo não têm

acesso aos andares e começou a subir a

fumaça e um cheiro muito forte de

combustível. Deu medo. E pra descer 25

andares de escada, com milhares de pessoas

tentando descer ao mesmo tempo. Graças a

Deus, não teve, não teve pânico. O segundo

avião se chocou contra a outra torre enquanto

eu estava na escada. Eu não vi.

146

Page 147: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

escada, com milhares

de pessoas tentando

descer” (mudança de

texto) “ao mesmo

tempo. Graças a

Deus, não teve, não

teve pânico. O

segundo avião se

chocou contra a outra

torre enquanto eu

estava na escada. Eu

não vi.”

11

segundos

FB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

O Itamaraty montou um esquema de plantão

para dar informações a parentes de brasileiros

que moram nos EUA. O repórter Roberto

Kovalick tem as informações.

38

segundos

Repórter com

microfone de mão;

carros passam no

fundo, escuro por

causa do horário e da

pouca iluminação;

GC: vivo, sobre o

emblema da

emissora; GC:

Roberto Kovalick,

Brasília; repórter olha

para caderno de

anotações; GC:

Itamaraty: 61-411

6456

O consulado brasileiro em NY recebeu a

informação da polícia americana de que só em

dois dias, no mínimo, será possível saber se

há brasileiros entre as vítimas. Segundo o

Itamaraty, o prédio, onde funciona o

consulado, foi desocupado, mas uma pequena

equipe permanece lá, para dar informações.

De acordo com o Itamaraty, 800 mil brasileiros

estão nos EUA; 300 mil em NY. E para dar

informações às famílias no Brasil, o Itamaraty

criou um serviço de informações, que vai

funcionar 24 horas por dia. O telefone é o

seguinte: 61, que é o código de Brasília,

quatrocentos e onze, sessenta e quatro,

cinqüenta e seis. Bonner.

7

segundos

WB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

E agora, as últimas informações, ao vivo, de

147

Page 148: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

torres do WTC e fogo NY, com a correspondente Zileide Silva.

78

segundos

GC: vivo, sobre o

emblema da

emissora; repórter no

centro da tela, em

janela do escritório da

Globo em Nova York,

com imagem de Nova

York, durante a noite,

ao fundo; presidente

Bush descendo de

helicóptero

presidencial;

presidente faz

continência a oficial

que o aguarda em

solo, num lugar

arborizado e

ensolarado, e

caminha ao lado do

helicóptero; repórter

no escritório da Globo

em NY, falando ao

microfone; repórter

olha para seu papel

de anotações e lê o

que está escrito;

repórter movimenta

bastante a cabeça,

demonstrando

cansaço e confusão;

repórter fala, olhando

fixamente para a

Bonner, daqui a pouco, o presidente

americano, George Bush, faz um

pronunciamento à nação. Ele já está na Casa

Branca. E o tom do discurso vai ser de

retaliação e impaciência. Ele vai dizer aos

americanos: “Os EUA já foram testados várias

vezes. Sempre venceram”. E agora, segundo

ele, “não vai ser diferente”. Mas o presidente

também vai fazer um apelo ao povo

americano, para que o país volte ao normal. E

os 170 hospitais de NY estão lotados. As

vítimas estão sendo levadas para hospitais de

outras cidades. E a empresa aérea United

Airlines acaba de informar que está liberando,

inicialmente, 25 mil dólares para os parentes

das vítimas. E o grupo de oposição ao Talebã

assumiu a autoria das explosões em Kabul. Eu

tenho mais uma informação aqui: que a

Inteligência Americana está... tá difícil, a gente

tá recebendo essas informações, ao vivo, que

a Inteligência Americana conseguiu interceptar

mensagens de Osama Bin Laden sobre os

ataques. Esta é a última informação que nós

estamos acabando de receber aqui no

escritório da Globo, em NY. Fátima.

148

Page 149: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

câmera, ao dar as

últimas informações

que a Redação

recebera da

Inteligência

Americana

20

segundos

FB – estúdios; mapa

dos EUA com mira,

torres do WTC e fogo

O mundo assistiu hoje ao mais brutal de todos

os ataques terroristas. Sem armas químicas,

sem bombas atômicas. Aviões foram lançados

contra símbolos do poderio americano. O

pânico instalado no coração econômico do

planeta. Imagens de filme e que gostaríamos

de ver, tão somente, nas telas de cinema.

61

segundos

Sucessão de

imagens: fumaça

saindo de uma das

torres do WTC;

pessoa pendurada na

janela de uma das

torres, em meio a

fumaça, ameaçando

se jogar; pessoa se

jogando do prédio;

pessoa acenando

com pano branco, de

uma das janelas;

fumaça em uma das

torres, pessoas

comentando o

ocorrido, em inglês,

quando o segundo

avião se choca com a

outra torre; pessoas

Oh my God! Oh my God! With my own eyes!

Oh my God! Get off! Here it comes, we’re

getting behind the car! It’s … incredible!

149

Page 150: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

gritam oh my God!”;

nuvem de fumaça e

fogo saem da

segunda torre; alguém

diz em português

“Outro avião”; choque

com a segunda torre,

visto de baixo, com

imagem tremida;

nuvem de fumaça

escura sae das duas

torres; duas mulheres,

apavoradas, se

protegem atrás de

veículo, quando um

homem chega para

escoltá-las; pedaço de

uma das torres

despenca em meio a

nuvem de fumaça, e

se choca com outro

edifício; bombeiros

olham para a queda

da torre; pessoas

correm em meio a

corredor de

caminhões do Corpo

de Bombeiros de NY,

tentando fugir de

nuvem de poeira que

se aproxima, por

causa da queda da

torre; outro grupo de

150

Page 151: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

pessoas corre,

inclusive alguns

membros do Corpo de

Bombeiros, com a

fumaça ainda mais

próxima; militar tenta

escoltar seu colega de

corporação, com

respiração ofegante,

e o acomoda na

sarjeta; policial grita

“Get off!”, para que o

cinegrafista se

afastasse; início do

despencamento de

uma das torres,

começando por seu

topo; nuvem de

fumaça escura e fogo

se espalham,

escondendo a antena

que havia no topo da

torre; imagem

anterior, vista de

plano do chão; nuvem

escura, com partes

dos escombros, e

barulho da fumaça se

espalhando;

cinegrafista diz, em

inglês “Here it comes.

We’re getting behind

the car”; câmera

151

Page 152: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

trêmula mostra roda

de veículo, com

fumaça se

aproximando,

enquanto cinegrafista

tenta se proteger e diz

“It’s incredible!” e

imagem fica toda

escura; policial

escolta mulher

debilitada pelo

acidente, enquanto

outras pessoas

caminham em meio à

fumaça; duas pessoas

se apóiam uma na

outra para se

locomoverem, com

suas faces cobertas

por lenço; policiais e

bombeiros remexendo

os escombros;

homem caminha, co

face ensanguentada,

enquanto outro home,

de traje social, corre;

dois homens escoltam

uma terceira pessoa,

debilitada, que não

consegue andar; vista

geral do local dos

atentados, com

muitos tons de cinza,

152

Page 153: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

preto e branco e

fumaça, com pessoas

nas ruas; vista

panorâmica da ilha de

Manhattan, com

fumaça se elevando

por todo o céu

azulado; tela fica

escura

16

segundos

FB – estúdios;

símbolo do JN

Nós voltaremos a qualquer momento, com

outras informações sobre os atentados

terroristas nos EUA e com o pronunciamento,

ao vivo, do presidente americano George

Bush. E ainda novos detalhes dos ataques, do

socorro às vítimas, as reação do governo

americano, você vai ver no Jornal da Globo.

Até amanhã.

13

segundos

WB – estúdios;

símbolo do JN;

imagem da bancada

do JN, com seus dois

apresentadores, em

direção à Redação,

que fica abaixo do

mezanino onde a

bancada se encontra;

movimentação de

jornalistas e editores

na Redação; logotipo

da Globo; GC: Central

Globo de Jornalismo;

diretor responsável:

Carlos Henrique

Até amanhã.

153

Page 154: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Schroder; © 2001 TV

Tempo Imagens Sons

2 s Fátima Bernardes -

estúdios

Um terremoto avassalador no Japão.

2 s Willian Bonner - estúdios 8,9 graus na escala Richter.

2 s FB - estúdios O maior registrado no país.

3 s WB – estúdios O sétimo pior do mundo.

11 s Imagens gravadas por

celulares de um

escritório, um

restaurante, um super

mercado, uma residência

e das ruas do Japão

sendo abalada pelo

terremoto, ênfase para os

gritos e o desespero dos

presentes nos vídeos.

2 s FB – estúdios Em seguida o tsunami

2 s WB - estúdios Ondas gigantes nas águas do pacifico

15 s Imagens aéreas

mostrando a chegada do

tsunami nas cidades da

costa do Japão.

2 s FB - estúdios O número de mortos passa de 300.

4 s WB - estúdios Visinhos de um reator nuclear danificado são

retirados da área.

4 s Imagens da emissora

japonesa (NHK)

mostrando a usina

nuclear em uma tomada

aérea

WB - E o governo admite que pode haver um

pequeno vazamento de vapor radioativo.

2 s FB - estúdios Nossos repórteres trazem as informações ao vivo do

154

7.2. DECUPAGEM DA EDIÇÃO DO JORNAL NACIONAL DE 11 DE MARÇO DE 2011

Page 155: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Japão.

3 s WB – estúdios Os novos tremores q assustaram o país.

2 s FB – estúdios A aflição dos parentes no Brasil.

3 s Presidente dos EUA

Barack Obama

discursando e

oferecendo ajuda ao

Japão

WB – E a oferta de ajuda dos lideres de outras

nações.

5 s FB - estúdios Veja também o reinicio do processo que investiga o

assassinato da adolescente Eloá em São Paulo.

2 s WB - estúdios Agora, no Jornal Nacional.

4 s Vinheta do JN Musica da abertura do JN.

1 s WB e FB nos estúdios do

JN.

FB – Boa noite!

1 s WB e FB nos estúdios do

JN.

WB – Boa noite!

10 s WB e FB nos estúdios do

JN.

FB – No pior terremoto de que se tem registro no

Japão as autoridades já confirmaram oficialmente

mais de 350 mortes e 500 pessoas estão

desaparecidas

10 s WB e FB nos estúdios do

JN.

WB – Um minuto antes do tremor sismógrafos

acionaram o sistema nacional de alerta, foi no

período da tarde no Japão, madrugada aqui no

Brasil.

16 s Imagens gravadas por

aparelhos celulares

mostram situações

enfrentadas pelos

japoneses durante o

terremoto, um escritório,

um restaurante e

pessoas correndo nas

Eram duas e quarenta e seis da tarde no Japão.

Duas e quarenta e seis da manhã no Brasil. Quando

o terremoto sacudiu a costa nordeste do país

155

Page 156: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

ruas.

5 s Mapa do Japão

mostrando o epicentro do

terremoto.

O epicentro foi no oceano pacifico a 373 km da

capital Tóquio.

3 s O mapa se abre para

mostrar a profundidade

do epicentro.

Numa profundidade de 24 km.

18 s Imagens amadoras de

pessoas nas ruas e

dentro de uma biblioteca

no momento do tremor.

O fenômeno foi sentido na China a cerca de 2000 km

de distancia, segundo o serviço geológico dos EUA o

tremor foi de 8,9 graus na escala Richter, as

autoridades japonesas informaram que chegou a 8,8

graus.

5 s Imagens do inventor da

escala Richter, Charles

Francis Richter.

A escala foi criada em 1935, pelo sismólogo Charles

Francis Richter.

8 s -Mapa da America do sul

com destaque para o

Chile.

-Com o nome do país,a

data 1960 e a escala do

terremoto (9,5).

O terremoto mais devastador registrado até hoje foi o

de 9,5 graus no Chile, em 1960

9 s Mapa do Japão, com o

nome do país, data de

1923 e a escala do

terremoto (7,9).

No Japão o mais forte havia sido em 1923, quando a

capital Tóquio foi sacudida por um tremor de 7,9

graus

10 s -Imagens da NHK world.

-GC: Breaking news,

powerful quake rocks

Japan.

-Escritório sendo

sacudido pelos tremores.

O de hoje foi tão forte q mudou o eixo da terra em 25

cm, de acordo com o instituto nacional de geofísica e

vulcanologia da Itália.

33 s -Escritórios sendo

sacudidos pelos

Nos escritórios muitas pessoas buscaram refugio em

baixo das mesas ou sob os batentes das portas, que

156

Page 157: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

tremores.

-Pessoas desesperadas,

gritando, objetos caindo e

todos buscando se

proteger.

-Uma mulher tenta salvar

um monitor que caia

durante os tremores.

-Outra mulher na rua, de

frente para a câmera esta

descrevendo em japonês

o que está acontecendo.

Atrás dela, passam

correndo um grupo de

pessoas que escapam de

serem atingidas por

escombros.

protegem da queda de rebocos, mas mesmo num

país onde toda população é exaustivamente treinada

em casos de terremoto, o pânico levou muitas

pessoas a cometerem erros. Esta mulher saiu de

baixo da mesa para segurar um monitor. Já este

grupo deixou correndo o prédio enquanto blocos de

concreto caiam do alto.

8 s Escritório sendo sacudido

pelo terremoto.

Estantes, moveis e diversos objetos eram sacudidos

com força ou despencavam no chão.

7 s -Supermercado sendo

sacudido.

-Mulher tentando segurar

as prateleiras, para

salvar os produtos.

Nos mercados os produtos se espalharam pelos

corredores.

20 s Casa de uma mulher

sendo abalada pelo

terremoto, ela fugindo da

casa e se deitando no

chão.

Uma mulher filmou o momento do tremor. Com muito

esforço ela conseguiu sair e ficou deitada na calçada

enquanto a terra tremia.

4 s Estrada que foi atingida

pelo terremoto, se

desnivelou em um metro.

A estrada se partiu ao meio e uma parte afundou

quase um metro.

8 s Capital Tóquio tomada Os serviços de metro, trens e aeroportos foram

157

Page 158: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

por pessoas e pelo

medo.

totalmente suspensos. E era muito difícil falar ao

telefone.

10 s -Imagens da NHK world.

-GC: Breaking news,

M8.4 quake hits Japan.

-Tomada aérea de uma

cidade e ao fundo

edifícios em chamas.

-Refinaria em Chiba, em

chamas e uma bola de

fogo é formada.

Incêndios foram registrados em toda costa nordeste,

o mais forte na refinaria em Chiba, uma bola de fogo

gigantesca podia ser vista de longe.

30 s -Imagens da NHK world.

-Usinas nucleares sendo

atingidas pelos tremores.

-Tomada aérea da usina

nuclear de Fukushima

após os tremores.

-Imagens das ruas de

Fukushima mostram

escombros e o que

restou da cidade.

-Imagens do teto de

gesso de um shopping

desabando.

Quatro usinas nucleares estão na área atingida pelo

terremoto. A situação mais delicada seria no reator

nuclear na região de Fukushima, onde 3000

moradores deixaram as casas e o governo decretou

zona de emergência nuclear.

As autoridades descartaram qualquer vazamento de

material radioativo, mas as agencias de noticias

informaram que o sistema que resfria o reator

atingido pelo terremoto estaria com problemas.

14 s -Parlamento japonês

sendo sacudido pelo

terremoto.

-Primeiro ministro

japonês assustado.

-Após o terremoto, o

primeiro ministro foi a

publico discursar.

O parlamento estava reunido no momento do

terremoto, o primeiro ministro Naoto Kan olhava para

cima com o rosto assustado, assim que pode ele

deixou o local.

Reapareceu para tentar tranqüilizar a população

24 s Roberto Kovalick aparece Durante a madrugada aqui no Japão a terra voltou a

158

Page 159: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

em uma janela, direto do

Japão, e ao lado da

janela mostra-se o mapa

do Japão dando ênfase

na cidade de Kyoto onde

o repórter se encontrava.

tremer varias vezes por causa dos choques

secundários, e um novo terremoto foi registrado

desta vez no oeste do país, o epicentro foi na

província de Niigata uma região montanhosa o que

provocou deslizamentos e avalanches. Esses

tremores também foram sentidos na capital, Tóquio,

onde os prédios voltaram a balançar.

20 s -WB e FB nos estúdios

do JN.

-WB comenta a noticia

olhando para a câmera e

para FB. E também

gesticula com as mãos.

-FB também da a notícia

olhando para a câmera e

para WB.

WB – Pois é, pouco mais de uma hora depois

daquele primeiro tremor de terra as ondas gigantes

formadas no oceano Pacifico atingiram o nordeste do

Japão e vilarejos inteiros foram devastados pelo

tsunami.

FB – Os moradores receberam alertas para que

procurassem lugares seguros, mas ainda não é

possível saber quantos não conseguiram escapar.

50 s -Imagens da NHK world.

GC: Breaking news,

tsunami hits.

-Mapa do Japão no canto

superior esquerdo

mostrando a localização

da cidade.

-Imagens da onda do

tsunami atingindo os

vilarejos japoneses.

-Plantações são tomadas

pela onda de entulhos, e

casas são também

levadas.

Uma imagem impressionante! O tsunami invade uma

área rural da província de Miyagi no nordeste do

Japão, a água arrasta tudo, casas, carros e até

armazéns.

A onda cheia de destroços avança pelos terrenos e

pelas plantações e chega bem perto de uma estrada.

O entulho passa por cima de um canal de irrigação.

Numa outra cena é possível ver que entre as

residências arrastadas, algumas estavam pegando

fogo.

Bairros inteiros nessa região foram varridos em

poucos minutos.

37 s -Imagens da NHK world.

-Mapa do Japão no canto

superior esquerdo

No porto de kamaishi mais devastação carros são

arrastados como se fossem de brinquedo. Momentos

depois vários barcos também são levados pela

159

Page 160: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

mostrando a localização

da cidade.

-Porto de Kamaishi

devastado pela onda do

tsunami e tomado pelas

águas.

-Os carros são

arrastados pela força das

águas.

-Por cima da correnteza

esta um viaduto com

carros e pessoas que

tentam fugir da

devastação.

correnteza, que não para, as embarcações passam

por baixo de um viaduto por onde motoristas tentam

escapar com seus veículos. No outro ponto um barco

grande, provavelmente um pesqueiro, é levado pelo

tsunami e bate com força no quebra mar.

43 s -Imagens da NHK world.

-Mapa do Japão no canto

superior esquerdo

mostrando a localização

da cidade.

-Porto de Miyako sendo

tomado pelas águas do

tsunami.

-Carros e containers são

levados pela água.

-A onda passa pelos

prédios e casas de

Miyako devastando-os.

Câmeras também registram o momento em que o

tsunami chega ao porto de Miyako, vários carros e

pequenos containers foram levados. Uma onda

lateral se juntou a principal e dezenas de veículos

foram jogados, pouco depois uma espécie de

redemoinho se formou.

Perto dali foi possível ver a onda passando ao lado

dos prédios e casas.

9 s -Imagens da NHK world.

-Mapa do Japão no canto

superior esquerdo

mostrando a localização

da cidade.

Um outro redemoinho foi visto perto da cidade de

Fukushima, uma lancha a deriva ficou no meio da

correnteza

160

Page 161: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

-Redemoinho formado no

litoral de Fukushima e

uma lancha a deriva no

redemoinho.

31 s -Imagens da JNN (Japan

news network)

-Mapa do Japão no canto

superior esquerdo

mostrando a localização

da cidade.

-Água invadindo o

aeroporto de Sendai, e

em pouco tempo

tomando toda sua

extensão.

-Pessoas ficaram ilhadas

no teto do prédio

principal do aeroporto.

Na cidade de Sendai, câmeras de segurança

registraram o momento em que a água invadiu a

pista do aeroporto e foi logo encoberta.

Os carrinhos de bagagem foram arrastados.

Funcionários e passageiros fugiram para o teto do

terminal principal e ficaram a espera do socorro. O

prédio ficou ilhado, não era possível saber o que era

pista e o que era estacionamento.

26 s -Imagens da NHK world.

-GC: Breakin news, M8.4

quake hits Japan.

-Mapa do Japão no canto

superior esquerdo

mostrando a localização

da cidade.

-Onda do tsunami

batendo muito forte em

um píer.

-Um navio cargueiro

virado no meio da cidade

de Hachinohe.

Numa outra área na cidade de Hachinohe mais

devastação a água atinge um píer com uma força

tremenda, barcos são jogados uns contra os outros.

A força do tsunami foi tamanha que arrastou um

navio de carga que ficou virado em cima de uma rua,

em meio aos prédios

17 s -Imagens da JNN Varias regiões costeiras ficaram alagadas, como esta

161

Page 162: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

-Mapa do Japão no canto

superior esquerdo

mostrando a localização

da cidade.

-Barcos da marina de

Ibaraki completamente

destruídos.

-Containers que estavam

no porto se espalharam

pela área alagada.

em Ibaraki.

As imagens aéreas mostram barcos de uma marina

destruídos e containers de um porto espalhados em

uma área alagada.

8 s -Imagens da NHK world.

-GC: Breaking news,

tsunami hits

-Um homem agita um

lençol branco, na janela

de dentro de uma casa,

pedindo por ajuda.

-Todo um bairro

inundado.

Numa das áreas devastadas um morador agita um

lençol branco de dentro da casa. Toda vizinhança

ficou inundada.

20 s -Imagens da NHK world

-Mapa do Japão no canto

superior esquerdo

mostrando a localização

da cidade.

-Casas sumindo com a

passagem da onda.

-Cena impressionante de

um prédio vindo a baixo

com o impacto do

tsunami.

Em Iwate foi possível ver como um bairro inteiro foi

arrastado pelo tsunami.

A onda chegou destruindo varias casas, até que

atingiu um prédio pequeno bem na frente da câmera

e o prédio inteiro veio a baixo.

162

Page 163: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

35 s -Imagens da NHK world

-Ondas avançando para

o continente.

-Barcos sendo levados

pela correnteza.

-Mapa do Japão com o

epicentro e suas ondas

de magnetude.

Estas imagens aéreas revelam que varias ondas

gigantes chegaram na costa leste do Japão.

Elas vieram em serie, atingiram áreas que já estavam

alagadas.

Imediatamente após o tremor de terra alertas de

tsunami chegaram a ser emitidos para 50 países e

territórios banhados pelo oceano Pacífico, incluindo o

Havaí e a costa oeste das Américas. Até o momento

não houve relatos de danos fora do Japão, e vários

alertas já foram suspensos.

31 s Roberto Kovalick aparece

em uma janela, direto do

Japão, e ao lado da

janela mostra-se o mapa

do Japão dando ênfase

na cidade de Kyoto onde

o repórter se encontrava.

-Fotos da devastação

provocada pelo tsunami

são passadas enquanto

Kovalick comenta.

No Japão o alerta de tsunami foi emitido minutos

depois do tremor de terra, os moradores das regiões

costeiras foram alertados por mensagens nas

emissoras de TV, nas rádios e também por telefone

celular, mas até o momento não se sabe quantas

pessoas tiveram tempo suficiente de abandonar suas

casas e buscar abrigos antes da chegada das ondas

gigantes que atingiram a costa japonesa exatamente

uma hora e quatro minutos depois do terremoto.

38 s -Imagens dos estragos

causados pelo tsunami

-O barco vencendo as

ondas do tsunami e

conseguindo escapar

com vida.

As autoridades japonesas ainda não sabem

exatamente o tamanho da devastação provocada

pelo tsunami, mesmo num dos países mais

desenvolvidos do mundo ainda há muitas

informações desencontradas ou não confirmadas,

como a de que trens inteiros teriam sido carregados

pelas ondas.

Este vídeo divulgado pela TV japonesa mostrou a

coragem da tripulação de um barco que enfrentou a

serie de ondas gigantes, para que a embarcação não

virasse o comandante acelerou na direção das ondas

163

Page 164: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

e assim conseguiu escapar

25 s FB e WB nos estúdios do

JN.

FB – Já é manhã de sábado no Japão e nós vamos

conversar ao vivo pela internet com o correspondente

Roberto Kovalick.

- Bom Dia Kovalick, você já tem alguma informação

atualizada sobre a situação daquela usina nuclear,

do reator super aquecido em Fukushima?

53 s Roberto Kovalick aparece

em uma janela (ao vivo),

direto do Japão, e ao

lado da janela mostra-se

o mapa do Japão dando

ênfase na cidade de

Kyoto onde o repórter se

encontrava.

RK – Boa noite Willian! Boa noite Fátima!

Eu estou aqui na estação de trem de Kyoto, onde a

situação aos poucos está sendo normalizada, o

primeiro trem bala em direção a Tóquio saiu as 6:14

da madrugada, sinal de que na parte sul do Japão a

situação já esta um pouco melhor. Agora, na parte

norte ainda é bastante preocupante. Em Fukushima

realmente, é... houve um pequeno vazamento de gás

radioativo e o índice de radioatividade no portão da

usina, que agente está vendo agora, é de oito vezes

o normal, já na sala de controle central é de mil vezes

o normal, mas até agora não há noticias de feridos ou

de que alguém tenha sido contaminado. Agora, num

raio de 10 km em volta dessa usina é proibido entrar

e os moradores foram retirados. Willian e Fátima.

30 s FB e WB nos estúdios do

JN.

WB – Kovalick, agente estava acompanhando aqui

atentamente as suas duas primeiras reportagens

nessa edição do jornal nacional e elas nos fazem

imaginar que talvez este tenha sido o fenômeno

natural mais registrado por câmeras da historia, não

me lembro de ter visto nada com uma profusão de

imagens como esta, mas não há imagens e não há

informações ainda sobre possíveis conseqüências

dos tremores secundários que se deram aí, de

madrugada, quando era o período da tarde aqui no

164

Page 165: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Brasil.

Você tem alguma informação sobre esses tremores?

1 min e

20 s

Roberto Kovalick aparece

em uma janela (ao vivo),

direto do Japão, e ao

lado da janela mostra-se

o mapa do Japão dando

ênfase na cidade de

Kyoto onde o repórter se

encontrava.

RK – Olha Willian, foi uma madrugada de uma tensão

enorme em grande parte do Japão, dá pra

seguramente dizer que mais da metade da população

japonesa não dormiu a noite por causa que a terra

não parava de tremer, em Tóquio os prédios

balançaram a madrugada inteira, tanto em função

dos choques secundários lá na região sudeste...

aliás, nordeste do país como por causa de um outro

terremoto que ocorreu lá na província de Niigata. E

agora, imagens da manhã mostram a cidade de

Sendai, que foi a mais atingida, com uma coluna de

fumaça, de fogo... Um incêndio que agente está

vendo aí, que ocorreu... Está ocorrendo nesta cidade

de Sendai que é a capital de Niigata.

Já... Aliás... Capital de... De... De... De... Miyage, já

na província de Niigata que fica no oeste do Japão e

onde ocorreu um terremoto bem forte de madrugada,

houve vários deslizamentos e as... Os... Equipes de

socorro estão buscando nesse momento, tentando

descobrir se há carros em baixo desses

deslizamentos, dessas avalanches de neve, já que é

uma região montanhosa e o terremoto fez com que

houvesse avalanches que encobriram carros

provavelmente e pelo menos duas casas, porem os

moradores foram retirados.

20 s FB e WB nos estúdios do

JN.

WB – Kovalick, obrigado pela sua participação!

Nosso correspondente no Japão volta ainda nesta

edição com outras informações sobre esta tragédia

no Japão. A seguir! Aqui no Brasil a aflição de quem

tem parentes no Japão.

165

Page 166: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

FB – E como se forma o tsunami!

4 s Vinheta do JN.

Bloco 2 Bloco 2 Bloco 2

Tempo Imagens Sons

8 s -FB e WB nos estúdios

do JN.

-Atrás dos dois ancoras a

imagem do globo e o

epicentro do terremoto

sinalizado neste globo.

O tremor que provocou o tsunami no Japão foi no

fundo do mar, mas muito perto da superfície, por isso

mesmo tão devastador.

32 s -Imagens já vistas na

reportagem anterior dos

carros e contêineres

sendo arrastados por um

redemoinho formado pelo

encontro de duas ondas.

-Ondas gigantes

atingindo a costa

-Uma animação

explicativa do tsunami.

Um turbilhão de carros, contêineres, navios, tudo na

mesma enxurrada. A imagem do tsunami é sempre

assustadora, o tsunami é um termo japonês que

significa onda no porto, é uma serie de ondas

gigantes. Quase sempre, tem origem num terremoto

no fundo do mar, também chamado de maremoto,

provocado pela movimentação de placas imensas de

rocha, quando elas se movimentam liberam uma

energia enorme.

18 s -Moacyr Duarte –

professor da COPPE –

UFRJ explica com gestos

as formas de terremoto,

encavalamento e

deslocamento lateral.

-Atrás estão

computadores com

imagens do Japão

devastado pelo tsunami.

Existe um desequilíbrio das forças entre as placas e

ou ela se sobrepõe, encavalamento como se fosse

um degrau, ou ela se desloca lateralmente, em

qualquer dos casos a quantidade de energia liberada

é equivalente a centenas de bombas atômicas e faz

um efeito devastador.

40 s -Repórter Sandra Moreira

falando de uma praia do

O mar sempre tem impacto na costa, nas

tempestades, os ventos provocam a ressaca com

166

Page 167: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Rio de Janeiro, com

ondas batendo no

paredão atrás dela.

-Animação mostrando o

tsunami se aproximando

da costa, ganhando

altura e invadindo o litoral

japonês, a velocidade da

onda é mostrada e sua

altura também.

ondas altas, mas as ondas se formam e se quebram

em momentos diferentes, o tsunami não, forma uma

onda com centenas de quilômetros de extensão e

que avança em bloco. O tsunami é uma onda muito

veloz, o tsunami que varreu parte do litoral japonês

viajou a 700 Km/h, quase velocidade de um jato

comercial, ao se aproximar da costa a velocidade

diminui, mas a altura cresce à medida que o fundo do

mar fica mais raso, as ondas de hoje chegaram a 10

m.

10 s -Moacyr Duarte –

professor da COPPE –

UFRJ.

-Atrás estão

computadores com

imagens do Japão

devastado pelo tsunami.

A primeira onda leva uma grande massa de detritos,

então ela tem uma consistência quase pastosa na

sua frente, pela quantidade de detritos, os detritos na

frente da onda funcionam como uma espécie de

moedor né.

16 s -Imagens já mostradas

na reportagem anterior,

das pessoas ilhadas no

teto do aeroporto.

-Animação explicando o

funcionamento das bóias

de alerta no meio do

oceano.

O que evita uma perda de vidas ainda maior é o

sistema de alarmes, um conjunto de bóias em linha

no meio do oceano, nas ondas comuns cada bóia se

eleva em um momento, no tsunami todas as bóias se

elevam ao mesmo tempo e é dado o alerta.

14 s -Imagens de cidades

devastadas pelo tsunami.

-Moacyr Duarte –

professor da COPPE –

UFRJ.

-Atrás estão

computadores com

imagens do Japão

A velocidade de deslocamento do fenômeno é muito

maior do que qualquer ser humano pode se deslocar

sob suas próprias pernas, então a um individuo

desavisado não há condição de reação diante do

avanço de um tsunami.

167

Page 168: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

devastado pelo tsunami.

9 s FB e WB nos estúdios do

JN.

WB – Desde as primeiras informações sobre o

terremoto, ainda de madrugada, brasileiros passaram

a buscar noticias dos parentes no Japão.

2 min e

29 s

-O repórter foi a casa dos

parentes de brasileiros

que habitam o Japão.

-Mostram os parentes

dos brasileiros residentes

no Japão tentando obter

noticias.

-Todos estão com o rosto

tenso, mostram

apreensão.

-O repórter fala direto das

ruas da Liberdade,

famoso bairro japonês

em São Paulo.

-Animação mostrando o

caminho de Nagoya para

Sendai, onde o jogador

Alex Santos era pra estar

no momento do tsunami.

Por telefone, pela internet, pela televisão, por onde

era possível quem tem parentes no Japão buscava

noticias.

Yasuhiro Yajima – aposentado – Tentei já duas vezes

e... Telefone... Sistema telefônico está bloqueado.

Um milhão e meio de descendentes diretos de

japoneses vivem hoje no Brasil, desses quase a

metade mora na grande São Paulo e nessa sexta

feira a tradicional serenidade desses japoneses foi

substituída pela angustia.

O comerciante Toki Takeda de São Paulo mostra no

mapa que o filho mora ao sul da área mais atingida.

Toki Takeda – comerciante – Preocupa bastante,

embora esteja distante, mas a preocupação é muita.

(Com voz chorosa.)

Depois de muita insistência conseguiu o que tanto

queria, ouvir a voz do filho.

TT – Oi filho! Se tá bem? Tudo jóia?

Filho – Foi bem feio mesmo, viu, pai? Porque tem

prédio que caiu. Tem o aeroporto aqui de Sendai, por

exemplo, parece uma praia né, cheia de água.

Em Maringá no norte do Paraná os pais de Alex

168

Page 169: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Santos, brasileiro que joga no time de Nagoya,

conseguiram conversar com o filho pela internet.

Alex Santos – jogador – Agente teve um pouquinho

de sorte aí.

Ele contou que a equipe de futebol estava no trem, a

caminho justamente de Sendai, a viajem foi

interrompida a tempo.

Mãe de Alex Santos – Eu acho que foi assim a... A

mão de Deus. Acho não, foi! A mão de Deus né,

porque realmente era para eles estarem todos lá, a

delegação toda em Sendai.

Em Belo Horizonte Helena tentou por mais de 12

horas contatos com tios, primos e amigos que moram

perto de Sendai, nada.

Helena Tanaka - tradutora – É desesperador agente

realmente não sabe o que pode ter acontecido, é isso

que mais preocupa.

Dona Luzia que mora em Belém continua muito

preocupada, o filho dela trabalha numa fabrica que

foi atingida pelas ondas. Maxwell esta num abrigo

com outros 37 brasileiros.

Luzia Penha – Aí foi que ele ligou e falou, “Mãe eu to

parcialmente bem, to machucado com muito frio, mas

to bem!”

Koichi Nakazawa, que nasceu em Miyagui na região

de Sendai, explica que os japoneses tem mais medo

169

Page 170: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

de tsunami do que de terremoto.

Koichi Nakazawa – Para tremor, preparado! Mas

tsunami (risos) não tem... Não tem jeito né! Não tem

defende né!

9 s FB e WB nos estúdios do

JN.

FB – Agora veja só, esta tragédia coincidiu com uma

data que a colônia japonesa de Londrina no Paraná

tinha escolhido para celebrar a sua cultura.

10 s -FB e WB nos estúdios

do JN.

-Uma janela se abre para

o repórter Wilson

Kirsche.

FB – Wilson Kirsche, boa noite! Qual foi o impacto

destas noticias tão tristes do Japão ai neste

encontro?

WK – Boa noite Fátima, boa noite a todos!

28 s -Wilson Kirsche direto de

Londrina no local do

evento de celebração da

cultura japonesa.

-Imagens da praça onde

ocorre a celebração da

imigração japonesa em

Londrina. Algumas

pessoas, lanternas

tipicamente japonesas

penduradas pela praça,

crianças brincando.

WK – A programação foi mantida, mas o tom é outro,

com certeza menos alegre. As centenas de pessoas

que estão aqui não conseguem ignorar os eventos lá

no Japão. Daqui a pouco inclusive, o pessoal deve

fazer um minuto de silencio em homenagem as

vitimas. Fátima nos estamos na praça Tomi

Nakagawa no centro de Londrina, ela foi inaugurada

em 2008 para comemorar os 100 anos da migração

japonesa no Brasil. Hoje por coincidência, como você

disse, palco da festa.

42 s -FB e WB nos estúdios

do JN.

-Uma janela se abre para

o repórter Wilson

Kirsche.

FB – Agora Wilson Kirsche você me diga uma coisa,

você encontrou algum parente de... o algum

brasileiro... É... Com parente brasileiro morando lá no

Japão nessa região mais atingida?

WK – Olha Fátima as estimativas apontam que são

170

Page 171: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

sessenta mil brasileiros descendentes de japoneses

trabalhando em empresas lá no Japão, não se sabe

ao certo quantos estão nos lugares atingidos pelos

terremotos e tsunamis. Eu conversei com vários

parentes desses chamados decasséguis, eles falam

da dificuldade de comunicação com os parentes, da

angustia, da preocupação, mas por enquanto

felizmente não há relato de vitimas. Willian Bonner.

WB – Brigado Kirscher uma boa noite pra você e

brigado pela participação.

6 s FB e WB nos estúdios do

JN.

WB – Daqui a pouco, governos estrangeiros

oferecem ajuda ao Japão.

FB – Países sul americanos banhados pelo Pacifico

passam o dia em alerta.

4 s Vinheta do JN.

TOTAL

6 min e

31s

Bloco 3 Bloco 3 Bloco 3

Tempo Imagens Sons

7 s -FB e WB nos estúdios

do JN.

- Atrás do dois ancoras a

imagem da bandeira dos

EUA.

WB – Moradores dos estados americanos do Havaí e

do Alasca passaram horas sob a ameaça de um

tsunami hoje!

2 min e

33 s

-FB e WB nos estúdios

do JN.

-Uma janela se abre para

o correspondente do JN

nos EUA, Rodrigo

WB – Rodrigo Bocardi boa noite pra você, que

balanço você tem aí dos reflexos do terremoto

japonês nos Estados Unidos?

RB – Oi William! Oi Fatima! Boa noite a todos!

171

Page 172: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Bocardi.

-Imagens de um posto no

Havaí, lotado de carros.

-Barcos da costa da

Califórnia, uns virados,

outros somente

espalhados.

Obviamente foi um dia de extremo alerta na costa

oeste dos Estados Unidos isso porque o tsunami que

atingiu o Japão ele viajou pra cá... Pro Pacifico, pra

outra costa do lado de cá numa velocidade de

aproximadamente 800 km/h como já dissemos aqui é

uma velocidade de um jato comercial, mas mesmo

assim deu tempo de alertar a população. No Havaí

foram acionadas sirenes pra alertar as pessoas e

muitas saíram correndo para lugares mais altos .

Agente vê ai um posto de gasolina. As pessoas

fizeram fila nos postos para abastecer os carros pra

tentar fugir das ondas gigantes. A preocupação lá

durante toda manhã foi com relação ao tamanho

dessas ondas, mas o que se viu foi que elas não

chegaram a tanto, imaginava-se três metros de altura

e chegaram a aproximadamente um metro com

menos força felizmente. Na Califórnia as autoridades

dispararam telefonemas, são sistemas eletrônicos

com mensagens eletrônicas para que as pessoas

saíssem da região costeira. E ai agente vê os barcos

como ficaram. O mar agitado, bastante agitado

chegou a virar alguns barcos por lá. No Oregon

também que tem costa ali no... No... No Pacifico é...

As pessoas foram alertadas com sirene para que não

chegassem até a praia, lá quatro pessoas chegaram

a ser arrastadas, mas depois elas chegaram a ser

localizadas. Willian.

WB – Agora Rodrigo com relação a possíveis ações

de ajuda internacional para o governo japonês, pro

povo japonês, que informações você tem pra gente?

RB – Agente viu que o governo japonês pediu

172

Page 173: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

oficialmente ajuda ao governo americano e Barack

Obama prontamente ele forneceu essa ajuda. Fez

um anuncio mais cedo dizendo que prestou as

condolências às famílias das vitimas e disse que os

Estados Unidos já têm um porta aviões no Japão e

que outro navios vão seguir pra lá. O navio Escex

que está na Malásia vai para o Japão a qualquer

momento. O Blue Ridge está sendo abastecido com

material para a assistência humanitária em Singapura

e vai partir amanhã também. Além disso, há o navio

Ronald Reagan ancorado perto da Coréia pronto

para ajudar os japoneses. Aí esta o Ronald Reagan.

Quarenta e cinco países ofereceram apoio ao Japão,

Australia, Nova Zelândia e Coréia do Sul, além dos

Estados Unidos, já estão empenhados no resgate de

vitimas e na busca por desaparecidos lá no Japão.

Willian, Fátima!

FB – Brigada Rodrigo, boa noite a você!

12 s -FB e WB nos estúdios

do JN.

FB – Aqui no Brasil o ministério de relações

exteriores montou um plantão para atender quem

busca noticias de parentes no Japão. Até o momento

o Itamaraty não tem informações de que haja

brasileiros entre as vitimas da tragédia.

7 s - Escritório do ministério

de relações publicas com

as atendentes recebendo

ligações de brasileiros

com parentes no Japão.

A procura por informações foi mais intensa durante a

manhã no núcleo de atendimento a brasileiros em

Brasília.

8 s - Eduardo Gradilone

subsecretario das

comunidades brasileiras

dando entrevista com o

EG – Nós ficaremos só tranquilos depois que

tivermos recebido todas as informações e todas as

garantias de que não há brasileiros envolvidos

173

Page 174: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

mapa mundial atrás.

47 s - Imagens exteriores da

embaixada do Brasil no

Japão.

- Julio Mosquera

(repórter) no telefone

falando com o

embaixador brasileiro no

Japão (Marcos Galvão).

-Mapa do Japão

indicando a cidade de

Tókio e a foto do

embaixador ao lado.

JM - A embaixada do Brasil no Japão recebeu mais

de dois mil e-mails e centenas de telefonemas ao

longo da madrugada e vai manter regime de plantão

de 24 horas para atendimento ao publico.

O embaixador Marcos Galvão de Tókio disse por

telefone que não há noticias de brasileiros entre as

vitimas do terremoto.

MG – Essa informação é corroborada pelas

autoridades japonesas com quem nós estamos em

contato, com o ministério de negócios estrangeiros

do Japão, que nos informa que não há vitimas até o

momento registradas de nacionalidade que não seja

japonesa e não há vitimas brasileiras.

JM - A maior preocupação agora é fazer contato com

os 800 brasileiros que vivem nas três cidades mais

atingidas.

MG – Nós estamos tentando fazer esse contato a

partir da embaixada, tendo e, mas tendo dificuldade

em fazê-lo em função de as comunicações não terem

sido ainda restabelecidas nessas áreas.

12 s Julio Mosquera (repórter)

na frente do congresso

nacional em Brasilia.

JM – A presidente Dilma Rousseff enviou carta ao

primeiro ministro do Japão Naoto Kan lamentando a

tragédia no país, ela lembrou o grande numero de

brasileiros que vivem por lá e ofereceu ajuda ao

governo japonês

14 s -Porta voz da presidência

(Rodrigo Baena) se

JM – A mensagem foi lida pelo porta voz da

174

Page 175: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

posicionando para ler a

mensagem enviada ao

primeiro ministro japonês.

-Ao fundo a bandeira

brasileira.

presidência!

RM – A mobilização, competência e empenho com

que a nação japonesa responderá a este desastre

natural permitirão ao seu país uma rápida

recuperação.

13 s -FB e WB nos estúdios

do JN.

WB – O terremoto no Japão disparou uma alerta de

tsunami nos países sul americanos que são voltados

pro oceano Pacífico e agora a noite este alerta foi

ampliado no Chile.

32 s -Imagens de uma

televisão passando um

telejornal chileno.

-Reunião do presidente

chileno (Sebastián

Piñeda) com seus

assessores.

-Imagens do terremoto

recente no Chile.

As agências de noticias em espanhol passaram o dia

debatendo o risco de tsunami na região. O presidente

do Chile, Sebastián Piñeda, foi o primeiro a pedir

calma, mas fechou portos e escolas de algumas

cidades e pediu aos cinco mil moradores e turistas da

ilha de páscoa que se juntassem no aeroporto para

uma eventual retirada. A ilha seria a primeira afetada

em caso de ondas gigantes. Há um ano o Chile foi

vitima de um forte terremoto e de um tsunami.

13 s -Presidente do Equador

(Rafael Correa)

discursando em um

telejornal.

O presidente do Equador Rafael Correa falou em

cadeia nacional. Mandou retirar as pessoas das ilhas

Galápagos e pediu a população costeira para se

refugiar em regiões mais altas.

8 s -Presidente do Peru

(Alan Garcia)

conversando com seus

assessores.

O presidente do Peru, Alan Garcia, pediu a

população que repetissem os exercícios feitos nas

simulações de terremoto.

27 s -Delis Ortiz (repórter)

falando direto do porto de

Buenos Aires na

Argentina.

O governo argentino ofereceu tropas especializadas

em resgates para ajudar o Japão, os chamados

“castos blancos”, organização de assistência

humanitária começam a se deslocar para a região da

tragédia. Embora as informações oficias sejam as de

que as ondas estão perdendo forças, Peru, Equador

e Chile continuam em estado de alerta por que a

175

Page 176: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

previsão de chegada das ondas é para as próximas

horas.

11 s -FB e WB nos estúdios

do JN.

FB – Nós voltaremos ainda nesta edição com as

ultimas informações sobre a catástrofe no Japao.

WB – E a seguir, volta a estaca zero o processo que

apura o assassinato da adolescente Eloá.

4 s Vinheta do JN.

TOTAL

6 min e

4s

Bloco 4 Bloco 4 Bloco 4

Tempo Imagens Sons

26 s WB nos estúdios do JN.

Imagens de Jorge

Cherques atuando em

novelas da rede Globo.

WB – Morreu hoje no Rio de Janeiro, aos 83 anos, o

ator Jorge Cherques. Ele estava internado num

centro de terapia intensiva e teve falência de

múltiplos órgãos.

Em quase 50 anos de carreira Jorge Cherques fez 33

filmes e atuou em 16 novelas da rede Globo, entre

elas, “Suave Veneno” e “Sonho Meu”. O corpo do

ator Jorge Cherques será sepultado no domingo.

12 s FB nos estúdios do JN. FB – O processo do caso Eloá voltou a estaca zero

depois que o julgamento do acusado de seqüestrar e

matar a garota foi cancelado. Cinco testemunhas

prestaram depoimento hoje em Santo André.

1 min e

15 s

-Imagens do acusado

sendo deixado de

camburão na delegacia.

-Imagens de Outubro de

2008 quando ocorreu o

fato.

-Imagens da chegada

das duas vitimas ao

A presença de Lindemberg Alves preso há dois anos

e meio era obrigatória na audiência, Nayara

Rodrigues foi a primeira das cinco testemunhas a

depor e pediu que o réu fosse retirado. Ela disse ao

juiz que Lindemberg não se conformava com o fim do

namoro com Eloá Pimentel em outubro de 2008

Nayara e dois amigos, Yago e Vitor, foram ao

apartamento de Eloá fazer um trabalho escolar,

176

Page 177: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

hospital.

-Chegada de Nayara ao

tribunal.

Limdemberg já estava lá e mantinha a ex namorada

refém, os rapazes foram libertados primeiro, Nayara

deixou o apartamento no segundo dia de cativeiro,

mas voltou para negociar a libertação da amiga.

Depois de 100 horas de seqüestro a policia invadiu o

apartamento.

(SOM DE TIRO!)

Nayara levou um tiro na boca, também baleada Eloá

morreu no hospital, Lindemberg foi preso. O irmão de

Eloá e o primeiro policial militar a chegar ao cativeiro

também prestaram depoimento.

Lindemberg deveria ter ido a júri popular no mês

passado, mas a defesa alegou que não teve acesso

a depoimentos e provas, e todo processo do

julgamento foi cancelado. As testemunhas agora

voltam ao tribunal. Na semana que vem serão

ouvidas as de defesa e só depois o juiz dirá se

Lindemberg irá ou não a júri popular.

25 s WB nos estúdios do JN.

Imagens de Ricardo Neis

atropelando os mais de

20 ciclistas. E saindo do

hospital e se

encaminhando para o

presídio.

WB – A justiça transferiu de um hospital para um

presídio o homem que atropelou um grupo de

ciclistas em Porto Alegre. O instituto psiquiátrico

Forense constatou que ele não sofre de depressão.

No fim do mês passado o funcionário público Ricardo

Neis atropelou mais de 20 pessoas durante

manifestação por mais bicicletas na cidade. Ele feriu

12 pessoas e fugiu sem prestar socorro.

10 s FB nos estúdios do JN. FB – Na enchente na cidade gaucha de São

Lourenço do Sul as equipes de busca encontraram

hoje o corpo de uma criança de 12 anos. A defesa

civil corrigiu o número de mortos pra sete.

177

Page 178: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

1 min e

19 s

Repórter Guacira Merlin

mostrando na floresta de

eucalipto os destroços da

casa.

Mae do menino de 12

anos morto na enxurrada

sendo consolada pelos

demais parentes.

Janice moradora de São

Lourenço do Sul que foi

resgatada da enchente

agradecendo ao seu

vizinho pelo salvamento.

GM - Para as equipes de salvamento a prioridade é

resgatar as pessoas doentes que estão em áreas

isoladas. Na cidade, calçadas destruídas, casas em

pedaços e veículos arrastados pela enxurrada. Essa

mata de eucaliptos que fica a vários metros do rio

São Lourenço foi alagada e a força da correnteza foi

tanta que carregou esta casa ela ficou em vários

pedaços, aqui olha ainda estão as roupas, os

brinquedos e os móveis dos moradores, tudo

destruído. No meio da sala moveis amontoados

cobertos de lama eletrodomésticos espalhados pelo

chão. Márcia conseguiu salvar os filhos e agora tem

medo de trazê-los pra casa.

Marcia – Eu não tenho mais nada... Nada... Termino

tudo, estrago tudo!

GM – Na noite da tragédia sem conseguir ligar para o

190 moradores deixaram essa mensagem no celular

de um amigo.

Ligação de celular:

Pai – Manda um barco, manda uma coisa aqui. Tem

criança.

Filha – Diz que é urgente, pai! Diz que é urgente!

Pai – É urgente.

GM – Hoje o corpo do filho deles de 12 anos foi

encontrado a cerca de 400 metros da casa.

Janice só conseguiu escapar da correnteza com a

ajuda do vizinho,

Janice – Ele é meu amigo pro resto da vida!

178

Page 179: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Vizinho – Mas eu sempre fui teu amigo e sou, mas

salvar uma vida humana não tem dinheiro que pague,

não tem valor no mundo!

58 s Vinheta do JN tempo.

Mapa do Brasil com

indicações das nuvens e

logo após das

temperaturas mínimas e

máximas para as

capitais. Flavia Freire

apresenta o clima.

FF – Os temporais vão continuar em boa parte do

Brasil, nessa noite no leste do Paraná e no sul de

São Paulo a chuva forte pode vir com ventos, raios e

granizo. É o calor e a alta umidade que vão formar as

nuvens de tempestade.

Amanhã a previsão é de mais chuva nessas áreas,

pode chover bastante também no litoral de Santa

Catarina e do Espírito Santo, e no sul da Bahia, mas

aí é por outro motivo: ventos úmidos vindos do mar.

Nas outras regiões do país o sábado será típico de

verão, sol pela manhã e chuva isolada a tarde. A

exceção é o oeste do Rio Grande do Sul que terá céu

aberto o dia todo.

A mínima será de 19 graus em Brasília, a máxima

chega aos 32 em Porto Alegre, quatro a mais que o

normal pra essa época e em Porto Velho o calor

atinge 35 graus. Nas próximas semanas a tendência

é de muita chuva principalmente entre o Espírito

Santo, a Bahia e o Tocantins.

25 s WB nos estúdios do JN. WB – A presidente Dilma Rousseff recebeu hoje o

apoio de centrais sindicais para aplicar uma correção

de 4,5% na tabela do imposto de renda este ano. O

governo se comprometeu a negociar uma regra para

a correção da tabela nos próximos anos com base na

meta da inflação e também ficou de estudar a criação

de novas faixas de tributação com alíquotas

diferenciáveis.

179

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13 s FB nos estúdios do JN. FB - O São Paulo Futebol Clube terá de volta o

atacante Luis Fabiano um ídolo da torcida tricolor que

estava no Sevilla da Espanha, Fabiano tem 30 anos

e custou 17 milhões de reais, ele deve se apresentar

no dia 30 de março.

6 s WB e FB nos estúdios do

JN.

WB – O Globo Repórter de hoje vai revelar que

nunca tantos brasileiros estiveram com excesso de

peso.

45 s Sérgio Chapelin

apresenta as atrações do

Globo Repórter.

SC – A cada ano crescem quase 2% o numero de

homens e mulheres acima das medidas.

Uma diferença difícil de explicar, os homens estão

mais gordos do que as mulheres? A dieta de um

herói, filho de doceira ele chegou aos 98 kg, como

aprendeu a resistir as tentações e emagreceu?

Preconceito e dor, duas jovens descriminadas por

causa da obesidade aprendem a se defender e

contam como correndo e lutando recuperaram a

alegria de viver! Família que emagrece unida

permanece mais leve? Crianças vão para a cozinha e

descobrem os segredos da alimentação saudável.

Hoje no Globo Repórter!

9 s WB e FB nos estúdios do

JN.

FB – A seguir, união européia deixa de reconhecer

Kadahfi como representante da Líbia.

WB – E do Japão as ultimas informações do

correspondente Roberto Kovalick.

4 s Vinheta do JN.

TOTAL

6 min e

22 s

Bloco 5 Bloco 5 Bloco 5

Tempo Imagens Sons

180

Page 181: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

18 s WB e FB nos estúdios do

JN.

WB – A União Europeia deixou de reconhecer o

ditador Muammar al-Gaddafi como representante da

Líbia, mas rejeitou a proposta de criar areas em que

aviões libios seriam proibidos de voar.

FB – Em varias regioes do pais os tanques e avioes

de guerra continuam em ação contra os rebeldes.

181

Page 182: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

1 min e

37 s

Imagens da emissora

líbia de televisão das

tropas do ditador se

agitando.

Festa de soldados que defendem o ditador

Muammar al-Gaddafi o motivo seria a reconquista de

Ras Lanuf cede do mais importante porto da Líbia. A

tv estatal tambem exibem imagens que seriam da

cidade comemorando a suposta vitoria das milicias

do ditador.

Mas as agencias de noticias registraram outra

situação, rebeldes no comando, povo na rua contra

Muammar al-Gaddafi, nem a informação de que as

tropas do governo haviam alvejado depositos de

combustível em Ras Lanuf foi confirmada.

As circunstâncias mostram que além do campo de

batalha existe uma guerra de propaganda que o

ditador Gaddafi faz de tudo para tentar vencer.

Em Bruxelas na Belgica, os lideres da União

Europeia chegaram a um concenso, o bloco exige

que o ditador deixe o gorverno imediatamente e

apartir de agora só reconhece o conselho nacional da

Líbia, o comando rebelde, como representante do

país.

A União Europeia acabou não aprovando a zona de

exclusão aérea na Líbia que poderia servir para

impedir o uso de helicopteros e aviões do governo

contra os rebeldes, mas o assunto nao foi encerrado

nas próximas semanas será discutido com a liga

árabe e com representantes da ONU. A União

Europeia entende que qualquer ação militar na Libia

depende de apoio total.

182

Page 183: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

10 s WB e FB nos estúdios do

JN.

FB – E antes de encerrar essa edição o

correspondente Roberto Kovalick tráz ao vivo do

Japão as ultima informações sobre consequências do

terremoto e do tsunami. Kovalick!

1 min e

5 s

Roberto Kovalick em uma

janela e ao lado o globo

com ênfase no mapa do

Japão situando a cidade

de Kyoto de onde fala o

repórter.

RK – Boa Noite Fátima! Agente viu agora pouco a

preocupação dos brasileiros e dos japoneses que

moram no Brasil com os parentes que moram aqui no

Japão já que não conseguem fazer contato. A boa

noticia é que o sistema telefônico já está

praticamente normalizado, porém sobrecarregado.

Agora, as imagens da manhã, as primeiras imagens

da manhã mostram que os incêndios da região

atingida ainda não foram controlados, na área

costeira carros ainda são consumidos pelas chamas

isso acontece na província de Ibaraki. Já nas regiões

mais atingidas pelo tsunami como na província de

Almori navios gigantes foram arrastados e acabaram

no meio da rua, imagens realmente impressionantes.

Aqui em Kyoto onde está nossa equipe agente sentiu

o primeiro terremoto, o prédio onde nós estávamos

realmente balançou bastante.

Eu agora vou pegar o próximo trem bala, o sistema já

está funcionando aqui, e estou indo para Tókio e

volto com mais informações nos nossos telejornais.

Bonner, Fátima.

183

Page 184: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

20 s WB e FB nos estúdios do

JN.

WB – Um bom dia pra você ai no Japão, boa viagem

Kovalick. Kovalick que hoje o dia inteiro trouxe

informações para os espectadores brasileiros aqui na

Globo, desde o Bom dia Brasil com essa tragédia

japonesa.

Você terá outras notícias logo mais no Jornal da

Globo depois de “Por toda minha vida”. Boa noite!

FB – Uma boa noite pra você, até amanhã!

20 s Redação do JN em uma

tomada aérea enquanto

passam os créditos do

jornal.

Musica do JN.

TOTAL

3 min e

50 s

8. PESQUISA DE CAMPO

8. 1. ENTREVISTAS

8. 1. 1. Classe A

Entrevista 1: Bete

Entrevistador: Quando você pensa em alguma tragédia, qual a pior que você pensa?

B: Uma tragédia?

184

Page 185: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Entrevistador: É, pode ser pessoal, política, econômica.

B: Uma tragédia? Ah, os tsunamis todos aí né.

Entrevistador: Qual a impressão que você tem quando se fala em árabes, japoneses e norte americanos?

B: Em guerra né.

Entrevistador: Os três?

B: Os três.

Entrevistador: O que você pensa quando ouve a palavra terrorismo?

B: Nos árabes.

Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão?

B: O que eu acho?

Entrevistador: É o que você acha que provocou esse desastre?

B: O que provocou não sei. Não sei.

Entrevistador: Na sua opinião, quais foram as conseqüências do atentado de 11 de setembro para o mundo?

B: Nossa, terríveis. Tanto é que tá até agora todo mundo traumatizado e com medo de retaliação né? Agora com outros atentados né.

Entrevistador: E agora a última pergunta. Se algum desses fatos tivesse ocorrido no Brasil, como é que você acha que o governo e os cidadãos reagiriam?

B: Bom, eu com certeza estaria fora daqui. Hahaha agora eu não sei, eu acho o brasileiro muito acomodado , eu não sei o que que o nosso governo faria, ele quer muito.. panos quentes né, muito devagar ainda, mas enfim, cada um mora no país que merece.

Entrevista 2: Dania

Entrevistador: Qual a pior tragédia de que você se lembra? Pessoal, política,

econômica, qualquer uma, a primeira que te vier a cabeça.

D: Haha tem tantas. Torre.

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Page 186: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

Entrevistador: O que você pensa quando se fala em árabes, japoneses e norte

americanos?

D: O que eu penso quando falam nessas, quando falam nessas pessoas?

Entrevistador: É, nessas nacionalidades.

D: Os japoneses, organizadíssimos; árabes ainda procurando a identidade

deles; qual o outro?

Entrevistador: Norte-americanos.

D: Huum, haha... perdidíssimos, ignorantíssimos.

Entrevistador: O que você pensa quando ouve a palavra terrorismo?

D: O que a palavra terrorismo me lembra? É que é tão abrangente terrorismo,

pode ser terrorismo, terrorismo, aquele né, dos muçulmanos enfim, das

guerras, pode ser terrorismo mental que as pessoas fazem, talvez a pior, então

terrorismo.. aí você pergunta o que eu penso? Ééé, cra, po, quer dizer, poda a

criatividade das pessoas, poda a espontaneidade das pessoas, isso é o que o

terrorismo quer dizer.

Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão?

D: Deus. O que provocou? Deus.

Entrevistador: Na sua opinião, quais foram as conseqüências do atentado de

11 de setembro para o mundo?

D: Ah, uma chamada pra todo mundo se tocar que existem outros povos, que

os Estados Unidos, quer dizer, os americanos não são essa soberania, não são

isso tudo. Ééé assim foi até pra eles mesmo, que a ignorância tava no próprio

país, então nem eles sabiam deles. Quem eram e o que eles plantaram ao

longo dos anos pelo mundo quer dizer. O povo em si não sabe, os militares

sabem. Então eles entenderam que o país não é tão perfeito assim, como

qualquer outro pais, mas eles tinham essa, essa, esse , galoposos que diz que

eles eram os perfeitos e não são, então foi um alerta pra todo mundo né, e que

existem outros povos também, como os árabes que realmente deram um grito

de guerra e também são maltratados. Reivindicação de todos os povos.

Entrevistador: E agora a última pergunta. Se algum desses fatos tivesse

ocorrido no Brasil, como é que você acha que o governo e os cidadãos

reagiriam?

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Page 187: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

D: O cidadão brasileiro ia se dar as mãos. Como sempre o governo, haha, o

governo, o governo ia fazer a mesma coisa, ia se ajuntar com o povo. E no

final, o governo brasileiro é muito, naife, pelo menos era, é muito povo, na hora

que é pra ser, na hora de desgraça mesmo ele vira povo, que seja PT, que seja

PMDB, que seja que for, vira, tem um povo brasileiro, vira povo único.

8. 1. 2. Classe B

Entrevista 1: Jane

Entrevistador: O que você pensa quando se fala em árabes, japoneses e norte americanos?

J: Hahaha ah mentira? Hahaha não tem como...

Entrevistador: Conta qualquer coisa, o que te vier á cabeça.

J: Árabes eu não tenho nada a ver com a cultura deles. Né, apesar de eu ter um tio aa aa, da Árabia mesmo, mas eu não tenho nada a ver com a cultura deles. Pai da Sara. Saudade. O outro qual é que tu falou?

Entrevistador: Japoneses.

J: Acho a cultura deles, assim, (interrupção da outra mulher gritando: ah já falei cultura, cultura e rindo) tia! hahah... acho fria.

Entrevistador: E norte-americanos?

J: Norte-americanos... É, interessante, convidativo.

Entrevistador: O que você pensa quando ouve a palavra terrorismo?

J: Terrorismo? (outra mulher grita: ai o pavor... Terror) hummm... tragédia né.

Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão?

J: Homem, Homem-Bala né.. Que que há, desculp, que que, que...

Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão, no começo do ano?

J: Bom, como eu sou espiritual pra caramba, a não aceitação de Jesus naquele povo. Tá, e agora o final dos tempos tá vindo a, tá tendo esse retorno sabe, e começa por lá mesmo... Tá que esses lugares tudo vão ser bem prejudicados, tendeu? Eles mesmos que buscaram isso.

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Entrevistador: Na sua opinião, quais foram as conseqüências do atentado de 11 de setembro para o mundo?

J: ... para o mundo? Para o mundo, bom, primeiro que a saudade né, dos que foram né pelos que ficaram os parentes, pra mim é isso aí, o resto em termos materiais eles fazem até coisa melhor, maior do que tinha lá antes, tendeu? Eu acho que é isso daí...

Entrevistador: E a última: Se algum desses fatos tivesse ocorrido no Brasil, um tsunami como do Japão, 11 de Setembro, como é que você acha que o governo e os cidadãos reagiriam?

D: Ai ah eles, muitas coisas aqui já estão ocorrendo assim terríveis né, mas, hamm, ia ser o fim né, porque eles iam se assustar muito mais né, porque aqui é é, Brasil geralmente, ele éee, a gente tem essa, é é essa fama assim da gente ter muita paz aqui né, Brasil né, eee é um lugar assim bem, hamm, prestigiado, exatamente pela paz né, se acontece um negócio desse, é o fim né, o caos né... mundial né.

Entrevista 2: Pedro

Entrevistador: Qual a pior tragédia de que você se lembra? Pessoal, política,

econômica...

P: Não sei assim, de cabeça, é difícil lembrar.

Entrevistador: Alguma coisa que aconteceu com você, sei lá, o que te vier a

cabeça quando se fala em tragédia

P: O, sei lá, acidente do meu irmão, não sei.

Entrevistador:Tá, e qual a impressão que você tem de árabes, japoneses e

norte americanos?

P: Norte americanos se acham o dono do mundo, chineses..

Entrevistador: Japoneses.

P: Japoneses, poten, maior potência mundial eu acho.

Entrevistador: E árabes?

P: Os excluídos.

Entrevistador: O que você pensa quando ouve a palavra terrorismo?

P: Árabes.

Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão?

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Page 189: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

P: Ahh... putz que pergunta. Pô eu não sei, acho que foi uma fatalidade assim

da natureza, sei lá, pelos lugares que eles vivem sabe.

Entrevistador: Na sua opinião, quais foram as conseqüências do atentado de

11 de setembro para o mundo?

P: Pô, eu acho que de uma certa forma eles atentaram contra a economia

mundial, num certo ponto de vista, acho que foi maior assim.

Entrevistador: E agora a última. Se algum desses fatos tivesse ocorrido no

Brasil, como é que você acha que o governo e os cidadãos reagiriam?

P: Nossa. Ó eu não sei, essa eu não sei responder não.

8. 1. 3. Classe C

Entrevista 1

Entrevista 2

8. 1. 4. Classe D

Entrevista 1: Juliana

Entrevistador: Quando você pensa em alguma tragédia, qual a pior que você

pensa?

J: A pior que eu penso, em criança.

Entrevistador: Que você acha de árabes, japoneses e norte americanos?

J: Como assim, os árabe é os judeus?

Entrevistador: É qual a impressão que você tem, quando você pensa..

J: Ah, eles não falam com a gente, eles desprezam entendeu e como se eles

tivessem medo, entendeu, então pra eles a gente parece que não é gente igual

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Page 190: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

a ele... so que quando a gente morre a gente vai pro mesmo lugar.. A e os

japoneses, ah não tenho o que dizer deles, os japoneses não são muito...

Entrevistador: O que você pensa quando ouve a palavra terrorismo?

J: Terrorismo? Ah medo...

Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão, que teve

no começo do ano?

J: No começo do ano? Ah, falta de atenção... os costumes, as coisas, tem

muita ciência que ta muito bem avançada que dava pra ver imprevisto né.. e

não fizeram nada... pelas pessoas que tavam lá.

Entrevistador: Na sua opinião, depois do ataque as torres gêmeas que teve a

muito tempo atrás, o que mudou no mundo?

J: Ah muita coisa... Muita coisa mudou. Até mesmo as opinião das pessoas

agora de viagem, muita coisa, muita gente agora tem medo.

Entrevistador: E a última. O que você acha de algum desses dois ter

acontecido, se tivesse ocorrido no Brasil: o tsunami ou as torres gêmeas. Como

você acha que a gente teria reagido?

J: Ah eu não sei porque aqui já tem tanta coisa ruim se acontecesse mais daí

pronto... hahahaha... não mais é, já tem tanta coisa que acontece que é ruim

pra gente, se acontece isso daí então.

Entrevista 2: Leandro

Entrevistador: Qual a pior tragédia que você se lembra?

L: A que eu fiz (risos). O atentado que eu fiz.

Entrevistador: O que você pensa, na sua cabeça o que vem sobre árabes,

japoneses e norte americanos. Quando você pensa nesse povo, o que vem na

sua cabeça?

L: O Osama, eu penso nele. No atentado que ele já fez. É da hora, o chapa aí.

Eu quero fazer igual também.

Entrevistador: O que vem na sua cabeça quando você escuta a palavra

terrorismo?

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Page 191: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

L: Eu acho que me da alegria, hein?

Entrevistador: Alegria, por que?

L: Dá, porque eu gosto de fazer isso.

Entrevistador: O que você pensa que provocou, o que causou aquele desastre

no Japão? No começo desse ano, aquele terremoto, a tsunami e tudo mais.

L: Ah (fala incompreensível). Isso daí não dá pra falar não, sobre isso.

Entrevistador: O que você acha que mudou no mundo depois daquele atentado

nos Estados Unidos, das Torres Gêmeas e tudo mais. O que você acha que

mudou no mundo?

L: Ah num mudou nada. Só revolta contra os terrorista, lá.

Entrevistador: E se uma dessas coisas acontecesse no Brasil, atentado ou

terremoto, você acha que a gente conseguiria suportar isso? Você acha que o

Brasil conseguiria suportar isso?

L: Num sei não, mas eu queria me envolver no terrorista desse (risos). Eu

queria me envolver pra fazer um terror desses aí.

Entrevistador: Demoro, Leandro. Obrigadão.

8. 1. 5. Classe E

Entrevista 1: Wendel

Entrevistador: Wendel, é o seguinte: qual é a pior tragédia que você se lembra?

W: Aah, quando eu troquei tiro com a polícia, tio..

Entrevistador: É? Bom, beleza. E o que você acha dos árabes, japoneses e

norte americanos?

W: Aah são tudo guerrilheira. Os cara guerria pela vida deles, né meu? Pra

sobrevive com toda violência do mundo como é que tá hoje em dia

Entrevistador: Entendi. O que pensa quando ouve a palavra terrorismo?

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Page 192: Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal Nacional em eventos separados pelas causas, pelo tempo e pelo espaço

W: Aah, eu já penso em guerra. Em guerra, em destruição.

Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão? Não sei se

você se lembra daquele terremoto que teve no começo do ano.

W: O tsunami?

Entrevistador: Isso.

W: Eu tava preso quando eu tava vendo esses negócio pela televisão, do

tsunami aí.

Entrevistador: Que que você acha que provocou esse desastre?

W: Ah, eu falo pru seis, isso foi coisa de Deus, né meu? Pra acontecer uma

tragédia dessas daí tem que ser só Deus pra mesmo pra fazer aí essa

destruição.

Entrevistador: Na sua opinião, quais foram as consequências do 11 de

setembro pro mundo? Que que mudou depois daquele ataque?

W: Mudou em nada. Continuou do mesmo jeito. Do mesmo jeito.

Entrevistador: Se um desses.. tsunami, desses atentados acontecesse no

Brasil, você acha que a gente ia ter capacidade de conseguir suportar?

W: Não ia ter não. Nós não ia ter capacidade de suportar, porque são muito

forte. São muitas coisas muito forte, água, vento, esses negócio.. Terremoto.

Num segura essa parte aqui de São Paulo não segura não.

Entrevistador: Obrigado Wendel, é só isso.

Entrevista 2: Raul

Entrevistador: Raul, seguinte, vou começar aqui. Primeira pergunta é: qual a

pior tragédia que você se lembra?

R: Da Praça da Sé.

Entrevistador: Da Praça da Sé?

R: É.

Entrevistador: Qual foi a tragédia?

R: A chacina que teve lá.

Entrevistador: E o que você pensa a respeito de árabes, japoneses e norte

americanos? O que você pensa a respeito desses povos?

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R: Aah, num sei né, cada um é cada um né? Num penso nada. De um lado ou

do outro tá tudo (?).

Entrevistador: O que você pensa quando escuta a palavra terrorismo?

R: Aah terrorismo.. Só a palavra já diz né? Terror, né? O cara num dorme, já

pensa o que vai acontecer com ele também.

Entrevistador: O que você pensa que causou aquele desastre no Japão?

Aquele terremoto, aquela tsunami, tudo mais. O que você acha que causou

isso?

R: Eu acho que eles estão brincando com Deus né? Tá com aquele, como é..

Bomba nuclear, usina nuclear. Pra que que eles querem fazer isso? Aí quando

dis.. quando para de.. para de funcionar o negócio, dá problema, vai por risco

naquela área e quem tiver perto morre né, um tempo.

Entrevistador: Na sua opinião, depois daquele atentado nos Estados Unidos

que caiu as torres e tudo mais. O que você acha que mudou no mundo.

R: Aah, mudou varias coisas. O modo de pensar nos aviões, no aeroporto.

Entrevistador: Você acha que se algum desses fatos acontecesse no Brasil, um

atentado, um terremoto, essas catástrofes. Você acha que o Brasil está

preparado para isso?

R: Tá não, tá não. Eu acho que eles pensam que nunca vai acontecer aqui. Né

não? Porque brasileiro só fecha a porta depois de roubado né?

Entrevistador: Bom, beleza. Brigadão, hein?

8. 2. ENTREVISTAS ANALISADAS

Ao sairmos às ruas com o objetivo de realizar uma pesquisa que tinha o

intuito de analisar os níveis de fala da sociedade, estabelecemos naturalmente

alguns estereótipos mentalmente. Uma pessoa de classe A, por exemplo,

possuiria certo estereótipo, como estar bem vestida, falar corretamente, possuir

um amplo vocabulário, e assim por diante. Já uma pessoa de classe C ou D

estaria com vestimentas mais simples e teria um vocabulário mais limitado,

enquanto uma pessoa de classe E teria certa dificuldade para se comunicar.

Contudo, como a maioria dos estereótipos impostos, apenas uma parcela

do que encontramos na realidade os seguem.

193

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Ao realizarmos as entrevistas em diversos locais da cidade de São

Paulo, pudemos perceber que alguns se expressavam melhor do que outros, e

essa pessoa que se expressava melhor não se encontrava necessariamente

em uma classe econômica superior. Assim, pudemos concluir que a aplicação

de um questionário socioeconômico tem por objetivo apenas determinar posses

materiais, e a língua falada consiste em um bem imaterial, portanto intangível,

e assim seria impossível a existência de um padrão do tipo, classe tal é de um

jeito, classe tal é de outro. Das 50 entrevistas realizadas destacamos 10, e

dessas 10 entrevistas pudemos avaliar os níveis de fala de cada pessoa

entrevistada.

Dentro da classe A, podemos encontrar opiniões bastante divergentes,

como ocorre também nas outras classes socioeconômicas. Uma das

entrevistadas escolhidas, Bete, não desenvolve muito suas idéias, e dá apenas

respostas curtas de forma direta. Apresenta concordância verbal e nominal

quase perfeita, com apenas alguns deslizes devido à oralidade, utilizando o

“né” como uma procura por diálogo com o entrevistador, caracterizando a

função fática da linguagem. Na sua opinião, o povo árabe, japonês e americano

são sinônimos de guerras e o povo árabe é associado, mais especificamente à

guerra. Reconhece o terror e o medo de retaliação causado pelos atentados de

11 de setembro, mas não consegue encontrar uma razão para que os mesmos

tenham acontecido. Porém, quando perguntada sobre a reação do governo se

algo semelhante acontecesse no Brasil, Bete faz questão de não se incluir na

população brasileira, caracterizando-o como acomodado, e ainda diz que o

governo não conseguiria solucionar um possível atentado no país.

Já a outra entrevistada, Dania, apresenta opiniões bem divergentes,

quando comparada com as de Bete. Desenvolve mais suas idéias, também

com boa concordância verbal e nominal, bom vocabulário, e começa dizendo

que seu primeiro pensamento quando se fala em tragédias são os atentados de

11 de setembro, as Torres Gêmeas. Consegue diferenciar os povos como:

japoneses são um povo organizado, os árabes procuram por uma identidade e

os norte-americanos são ignorantes. Porém, associa os muçulmanos como

terroristas que buscam por guerra, e levanta outra questão: do que ela chamou

de “terrorismo mental”, que de acordo com ela, poda a criatividade das

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pessoas. Sua crença em Deus surge quando perguntada sobre as causas do

tsunami no Japão, e considera o 11 de setembro como um alerta aos povos,

principalmente aos americanos de que existem outros povos no mundo, e que

sua soberania não é eterna. Acredita que, no eventual acontecimento de uma

tragédia no Brasil, a população se uniria, assim como o governo. Utiliza

também muito a expressão “né” e “é que”, usando a função fática, além de

repetir a pergunta em sua resposta para ter certeza de que entendeu a

questão.

Na classe B, também encontramos divergências quanto as opiniões,

sempre com uma grande influência da religiosidade do entrevistado. Nossa

primeira entrevistada, Jane, considera que não tem nada a ver com a cultura

árabe, apesar de ter uma certa ascendência, prefere não responder a pergunta.

Porém, quando perguntada sobre os japoneses os considera uma “cultura fria”

e os norte-americanos uma cultura “interessante e convidativa”. Não associa os

árabes ao terrorismo diretamente, considera o próprio terrorismo como uma

verdadeira tragédia. Sua religiosidade aparece quando perguntada sobre os

tsunamis no Japão: eles seriam conseqüência da “não aceitação de Jesus” por

parte do povo japonês, que a tragédia seria um sinal do “fim dos tempos” e que

a população mesma teria buscado por isso. Seus principais sinais da oralidade

também são o “né”, “haam”, “ééééééé”, que praticamente a impediu de criar um

raciocínio na última pergunta. Quando perguntada sobre as conseqüências do

11 de setembro, ressalta apenas a perda humana, falando que a perda

econômica é recuperável, ficando apenas a saudade das pessoas vitimadas.

Acredita que se algo semelhante ocorresse no Brasil, seria o caos, e nada

poderia ser feito pelo governo para resolver.

Para Pedro, o outro entrevistado, a primeira tragédia que vem à mente é

uma tragédia pessoal. Os norte-americanos, em sua opinião, se consideram os

donos do mundo, os japoneses seriam a maior potência mundial e os árabes,

além de serem sinônimo de terrorismo, são os excluídos do mundo. Suas

principais marcas de oralidade são o “pô” e o “putz” que surgem em quase toda

frase, tendo boa concordância verbal e nominal. Considera os tsunamis do

Japão como uma fatalidade natural, sem culpar ninguém, e ressalta apenas os

prejuízos econômicos do 11 de setembro para o mundo. Quando perguntado

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da ação do governo perante uma situação semelhante, diz não saber

responder a pergunta e termina a entrevista.

A primeira entrevistada da Classe D, Juliana, quando perguntada sobre

uma tragédia pensa diretamente em uma ocorrida em sua vida. Também não

soube diferenciar a cultura árabe da religião judaica, dessa forma, não concluiu

seu raciocínio em muitas perguntas relacionadas, porém refere-se aos árabes

como um povo que tem medo de relacionar-se com os outros povos e não o

contrário. Seu discurso possui muitas marcas de oralidade como “tavam”,

“davam”, “né”, procurando por um diálogo com o entrevistador. Associa

diretamente o medo com terrorismo, e o atentado de 11 de setembro teve

como principal conseqüência, em sua opinião, o medo generalizado. Quando

perguntada pela culpa dos tsunamis no Japão, cita a tecnologia que o país tem

disponível, e diz que o grande problema foi que ela não foi utilizada para avisar

a população, e considera que o Brasil já possui muita coisa ruim acontecendo,

e não quer nem considerar a possibilidade de que algo semelhante aconteça

conosco.

A entrevista de Leandro pode ser vista de duas maneiras: ou o

entrevistado está brincando com o assunto ou ele realmente tem uma opinião

formada sobre o assunto e apóia os movimentos terroristas. Pelas risadas e

pouco desenvolvimento do assunto, creio que a primeira opção é mais válida.

Também não se sabe se o entrevistado de fato foi autor de algum crime, que

no caso ele autointitula “um atentado”. Ele começa declarando sua simpatia

para com o terrorismo e cita Osama, considerando-o um herói, mas não tem

nenhuma declaração quando se trata dos japoneses e norte-americanos.

Utiliza a palavra terrorismo como sinônimo de alegria, não conseguindo

também, falar qualquer coisa relacionada com os tsunamis no Japão, além de

manifestar interesse em participar de um possível atentado no Brasil. Na

Classe D podemos perceber o surgimento de gírias como “da hora”, “chapa”, e

marcas de oralidade como “hein”, entre outros.

O primeiro entrevistado da Classe E, Wendel, não consegue

desenvolver muito suas idéias, apesar de tê-las prontas em sua cabeça. Sua

relação com a violência é uma tragédia própria relacionada com a vida nas

ruas, e sua visão dos povos japonês, árabe e norte-americano é uma imagem

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agressiva. Quando perguntado sobre terrorismo, associa rapidamente à guerra

e à destruição, mas não enxerga nenhuma conseqüência quanto aos atentados

de 11 de setembro. Por se encontrar na prisão quando ocorreram os tsunamis

no Japão, não consegue deixar nenhuma opinião, apesar de achar que as

tragédias sejam causadas por Deus. Não possui muita concordância verbal ou

nominal e apresenta muita desesperança quando perguntado quais seriam as

conseqüências se algo semelhante acontecesse no Brasil.

Já o segundo entrevistado, Raul, demonstra bom conhecimento sobre o

assunto, além de possuir opiniões formadas sobre o assunto, mesmo que não

desenvolva bem sua resposta, com pouca concordância nominal e verbal, além

das marcas de oralidade, como o “né” característico. Ao pensar em tragédia,

lembra diretamente da chacina na Praça da Sé, e associa terrorismo com

terror, medo. Sua religiosidade aparece quando perguntado quem causou os

tsunamis no Japão, falando diretamente de Deus, além de citar o problema das

usinas nucleares e seu perigo de vazamento, demonstrando conhecimento

sobre a tragédia. Ao ser perguntado sobre as conseqüências do 11 de

setembro, a primeira coisa que fala é o aumento de segurança nos aeroportos,

e diz ainda que o Brasil não está preparado se algo semelhante acontecer, e

que só estaremos preparados quando acontecer algo, “porque brasileiro só

fecha a porta depois de roubado né?”.

9. CONCLUSÃO

A análise do discurso do texto televisivo através das duas edições

analisadas do Jornal Nacional demonstrou que, apesar de suas especificidades

quanto ao local, tempo, resultados e conseqüências, podemos traçar o perfil

Globo de se fazer telejornalismo.

Apesar de as situações propostas tenderem ao improviso e à agilidade

em se concentrar em uma edição aquilo que de mais importante o Jornal

Nacional encara como digno de completar os seus trinta e um minutos no ar,

seus repórteres, porque são treinados e habituados, conseguem elaborar suas

197

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sentenças com a clareza de que o brasileiro comum necessita para

compreender e processar as notícias.

Os repórteres não somente contam o que viram. Eles exteriorizam aquilo

que puderam vivenciar e trazer consigo de suas idas ao local dos

acontecimentos. Mas não só da experiência dos repórteres é que vive o

telejornalismo. Ele só consegue, no Brasil, ser a fonte principal de notícias para

a maioria dos brasileiros, porque conta sobre o reflexo dos episódios nas vidas

de outros seres humanos, tentando contar como e quais são seus sentimentos,

quais as conseqüências que se mantem em suas vidas e quais os reflexos da

História em seu futuro.

Como anteriormente dissemos, a particularidade que se pôde verficar

em ambas as edições é quanto à construção, notícia a notícia, de um discurso,

para que o telespectador só se sentisse plenamente satisfeito se tivesse

acompanhado a todo o desenrolar da trama: da explicação do ocorrido até a

última entrada, ao vivo, do correspondente internacional, no último bloco da

edição. Ou melhor, se estivesse presente, atento em frente à tela, do boa noite

inicial até o boa noite final dos simpáticos apresentadores.

A questão que a narrativa do Jornal Nacional propõe de mais forte na

edição de 11 de setembro é uma tentativa de expressar o medo que os norte-

americanos, mas também a população mundial toda, sentia. A nação mais bem

protegida e mais vigiada do mundo era atacada, não por ogivas nucleares, mas

por aviões comerciais de sua frota nacional, em dois de seus mais importantes

símbolos, um econômico e outro militar, em duas de suas principais cidades. O

ataque na ordem do simbólico assustou a todos. Quando ninguém imaginava

que pessoas pudessem cometer um ato daqueles, naquelas dimensões, o

mundo teve de se despertar para todo um campo de palavras e de significados

referentes a terrorismo, extremismo e Guerra Santa.

Já para a narrativa dos fatos no Japão, a construção se dá em torno de

entender como um país, onde as pessoas já estão acostumadas com

terremotos e com tradições, a magnitude de uma tragédia natural fez com que

toda a população deixasse de tomar as providências padrões, devido ao

choque com o inesperado e com o imprevisível. Além de, no final da edição, já

ficar esboçado qual seria a grande preocupação dos japoneses nas semanas

198

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subseqüentes. Reconstruir o país em tempo e estatísticas recordes era coisa

que não surpreenderia a ninguém. A grande preocupação surgiria quando

descobriu-se que sim, algumas das usinas nucleares japonesas estavam

danificadas e ofereciam perigo às pessoas em seu entorno, através do ara

atmosférico e da alimentação ingerida.

Depois de uma década de William Bonner como editor chefe desse

telejornal com mais de quarenta décadas de existência e apesar de suas

mudanças, o que faz do Jornal Nacional a maior referência de telejornalismo no

Brasil é algo que ele mesmo criou e consolidou. O sotaque de seus repórteres

e apresentadores, o tom de suas abordagens, a ordem de suas matérias e a

estrutura de sua linguagem, simples, porém preocupada com sua função

didática, fática e educadora, a fluência e o timing de seus assuntos, isso tudo

se mantem durante as análises porque este é o jeito Jornal Nacional de ser.

Hoje os apresentadores sorriem ao vivo, olham um para o outro e, ainda mais,

enquanto um deles fala, o outro pode até mover o corpo e a cabeça, como

forma de demonstrar. Mas mesmo nos momentos de maior descontração,

frases como a de William Bonner quando Fátima viaja como correspondente,

como fez nas Copas de 2006, na Alemanha, e de 2010, na África do Sul, e pela

Caravana JN de 2006, “Onde está você, Fátima Bernardes?” demonstram que,

sim, o Jornal Nacional tem momentos de brechas. Mas ele não deixa de ser o

Jornal Nacional. Boa noite!

10. REFERÊNCIAS BIBLIOFRÁFICAS

ABRAMO, Cláudio. A regra do jogo: o Jornalismo e a Ética do Marceneiro, São

Paulo: Companhia das Letras, 1988.

ANKERKRONE, Elmo. Telejornais que fizeram história. Sampa Online, 2011.

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crítica. In: COUTINHO, Iluska (org.). Florianópolis: Insular, 2010.

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BUCCI, Eugênio. A imprensa e o dever da liberdade: A independência editorial

e suas fronteiras com a indústria do entretenimento, as fontes, os governos, os

corporativismos, o poder econômico e as ONGs, São Paulo: Contexto, 2009.

BURKE, Jason. Al-Qaeda: the true story of radical Islam. Nova Iorque: I.B.

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Witte Fibe, a pessoa certa no lugar errado, sai do Jornal Nacional. Revista

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COUTINHO, Iluska. Telejornalismo no Brasil: um olhar sobre os reflexos do

padrão americano, trabalho apresentado no V Encontro dos Núcleos de

Pesquisa da Intercom.

G1: Obama confirma morte de Osama Bin Laden. Disponível em

<http://g1.globo.com/mundo/noticia/2011/05/obama-confirma-morte-de-osama-

bin-laden.html> Acesso em: 22 jun. 2011.

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GAVAZZI, Sigrid Castro., PAULIUKONI, Maria Aparecida Lino., SANTOS,

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LANGLEY, Andrew. September 11: Attack on America. Minnesota: Compass

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Iorque: The Rosen Publishing Group, 2003. Disponível em:

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MELLO, Jaciara. Telejornalismo no Brasil. Disponível em: <http://

www.bocc.ubi.pt/pag/bocc-mello-telejornalismo.pdf>. Acesso em: 13 abr. 2011

MENDES, Conrado Moreira. O falar do Jornal Nacional: produção e recepção

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PEREIRA, Lívia Cirne de Azevedo. Os Avanços Tecnológicos no

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PRETI, Dino. Socioinguistica: os níveis de fala (um estudo sociolingüístico do

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VIZEU, Alfredo. O telejornalismo como lugar de referência e a função

pedagógica. Revista FAMECOS, Porto Alegre, dezembro de 2009. Número 40,

Perspectivas do Jornalismo, p. 77 a 83

ZAHAR, Jorge. Jornal Nacional: A notícia faz história. Rio de Janeiro: Memória

Globo, 2004.

11. ANEXOS

Questionários socioeconômicos realizados para análise das entrevistas.

Classe A

Nome: Bete

Idade: 58 anos

202

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Sexo: Feminino

Local: Oscar Freire

QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO

0 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores 0 1 2 X 4Rádio 0 1 X 3 4

Banheiro 0 4 5 6 XAutomóvel 0 4 X 9 9

Empregada Mensalista 0 X 4 4 4Máquina de Lavar 0 2 X 2 2

Vídeo Cassete ou DVD 0 2 X 2 2Geladeira 0 4 X 4 4Freezer 0 X 2 2 2

GRAU DE INSTRUÇÃO

Analfabeto/Primário Incompleto Analfabeto/Até 3ª Série Fundamental

0

Primário Completo/ Ginasial Incompleto

Até 4ª Série Fundamental 1

Ginasial Completo/ Colegial Incompleto

Fundamental Completo 2

Colegial Completo/ Superior Incompleto

Médio Completo 4

Superior Completo Superior Completo X

Nome: Dania

Idade: 47 anos

Sexo: Feminino

Local: Oscar Freire

QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO

0 1 2 3 4 ou +

Televisão em cores 0 1 X 3 4Rádio 0 X 2 3 4

Banheiro 0 4 5 6 XAutomóvel 0 4 7 X 9

Empregada Mensalista 0 X 4 4 4

203

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Máquina de Lavar 0 2 X 2 2Vídeo Cassete ou DVD 0 2 X 2 2

Geladeira 0 4 X 4 4Freezer 0 X 2 2 2

GRAU DE INSTRUÇÃO

Analfabeto/Primário Incompleto Analfabeto/Até 3ª Série Fundamental

0

Primário Completo/ Ginasial Incompleto

Até 4ª Série Fundamental 1

Ginasial Completo/ Colegial Incompleto

Fundamental Completo 2

Colegial Completo/ Superior Incompleto

Médio Completo 4

Superior Completo Superior Completo X

Classe B

Nome: Pedro

Idade: 24 anos

Sexo: Masculino

Local: Oscar Freire

QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO

0 1 2 3 4 ou

+

Televisão em cores 0 1 X 3 4

Rádio 0 X 2 3 4

Banheiro 0 4 X 6 7

Automóvel 0 X 7 9 9

Empregada Mensalista X 3 4 4 4

Máquina de Lavar 0 X 2 2 2

Vídeo Cassete ou DVD 0 X 2 2 2

Geladeira 0 X 4 4 4

Freezer X 2 2 2 2

204

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GRAU DE INSTRUÇÃO

Analfabeto/Primário Incompleto Analfabeto/Até 3ª Série

Fundamental

0

Primário Completo/ Ginasial

Incompleto

Até 4ª Série Fundamental 1

Ginasial Completo/ Colegial

Incompleto

Fundamental Completo 2

Colegial Completo/ Superior

Incompleto

Médio Completo 4

Superior Completo Superior Completo X

Nome: Jane

Idade: 50 anos

Sexo: Feminino

Local: Oscar Freire

QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO

0 1 2 3 4 ou

+

Televisão em cores 0 1 2 X 4

Rádio 0 1 X 3 4

Banheiro 0 X 5 6 7

Automóvel X 4 7 9 9

Empregada Mensalista X 3 4 4 4

Máquina de Lavar X 2 2 2 2

Vídeo Cassete ou DVD 0 2 X 2 2

Geladeira 0 X 4 4 4

Freezer 0 X 2 2 2

GRAU DE INSTRUÇÃO

Analfabeto/Primário Incompleto Analfabeto/Até 3ª Série

Fundamental

0

Primário Completo/ Ginasial Até 4ª Série Fundamental 1205

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Incompleto

Ginasial Completo/ Colegial

Incompleto

Fundamental Completo 2

Colegial Completo/ Superior

Incompleto

Médio Completo 4

Superior Completo Superior Completo X

206