Atentados nos Estados Unidos e tragédias naturais do Japão: a análise do discurso do Jornal...
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Universidade de São Paulo
Escola de Comunicações e Artes
Departamento de Relações Públicas, Turismo e Propaganda
ATENTADOS NOS ESTADOS UNIDOS E TRAGÉDIAS NATURAIS NO
JAPÃO: A ANÁLISE DO DISCURSO DO JORNAL NACIONAL EM EVENTOS
SEPARADOS PELAS CAUSAS, PELO TEMPO E PELO ESPAÇO.
Aída Fernanda Stockler
Caio Collaro Manoel
Gabriele Rodrigues Perobelli
Janaina de Azevedo Adao
Guilherme Iegawa Sugio
Isabela Pagliari Brun
Julia Isabel Miranda Travaglini
Heitor Begliomini Tolisano
Trabalho de Língua Portuguesa, Expressão Oral e Redação I
Professora Doutora Roseli Aparecida Figaro Paulino
São Paulo, 2011
1
AÍDA FERNANDA STOCKLER
CAIO COLLARO MANOEL
GABRIELE RODRIGUES PEROBELLI
JANAINA DE AZEVEDO ADAO
GUILHERME IEGAWA SUGIO
ISABELA PAGLIARI BRUN
JULIA ISABEL MIRANDA TRAVAGLINI
HEITOR BEGLIOMINI TOLISANO
ATENTADOS NOS ESTADOS UNIDOS E TRAGÉDIAS NATURAIS NO
JAPÃO: A ANÁLISE DO DISCURSO DO JORNAL NACIONAL EM EVENTOS
SEPARADOS PELAS CAUSAS, PELO TEMPO E PELO ESPAÇO.
Trabalho apresentado à disciplina de Língua Portuguesa, Expressão Oral e
Redação I, ministrada pela Professora Doutora Roseli Aparecida Figaro
Paulino, como parte do requisito para composição da nota final referente ao
primeiro semestre do ano de 2011.
São Paulo,
2011
2
SUMÁRIO
1. Introdução
2. O telejornalismo
2.1. O início da televisão brasileira
2. 2. Tv no Brasil: as fases do desenvolvimento
2. 3. A Rede Globo
2. 4. O telejornalismo no Brasil
2. 4. 1. Primeiros passos
2. 4. 2. “O seu repórter Esso”
2. 4. 3. O telejornalismo e a ditadura militar
2. 4. 4. A era digital
3. O Jornal Nacional
3.1. História e evolução do Jornal Nacional.
3.2. Estilo, estrutura e narrativa do Jornal Nacional.
3.3. A linguagem do Jornal Nacional
3.4. Análise Sociolinguística do Jornal Nacional
4. As tragédias analisadas
4. 1. Histórico do ataque terrorista ao World Trade Center
4. 2. Histórico do Terremoto do Japão de 2011
4. 2. 1. Definições
4. 2. 1. 1. Terremoto
4. 2. 1. 2. Tsunami
4. 2. 1. 3. Radioatividade
4. 2. 2. O Terremoto e Tsunami do Japão de 2011
5. Pesquisa e análise sobre a teoria dos valores notícia
análise da edição do jornal nacional de 11 de março de 2011 dentro dos
parâmetros da Teoria dos Valores Notícia
5. 2. De acordo com o impacto
5. 2. De acordo com a empatia com a audiência
6. Análise do discurso
6.1. Terremoto e Tsunami no Japão, ordem das reportagens
6. 2. Ataques ao World Trade Center e ao pentágono: ordem das reportagens
3
6. 3. Comparações:
6. 3. 1. A linguagem e as coincidências
6. 3. 2. A linguagem e as diferenças
6. 4. A análise do discurso: as teorias da construção de significados
6. 5. Tabela: número de vezes em que algumas palavras aparecem nas
edições do jn
7. Decupagem das edições analisadas
7.1. Decupagem da edição do jornal nacional de 11 de setembro de 2001
7.2. Decupagem da edição do jornal nacional de 11 de março de 2011
8. 1. Entrevistas
8. 1. 1. Classe a
8. 1. 2. Classe b
8. 1. 3. Classe c
8. 1. 4. Classe d
8. 1. 5. Classe e
8. 2. Entrevistas analisadas
8. 3. Análise sociolinguística das entrevistas realizadas
9. Conclusão
10. Referências Bibliográficas
11. Anexos
4
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como principal objetivo apresentar uma análise sobre
a cobertura telejornalística do programa Jornal Nacional em duas grandes
tragédias que marcaram nossas vidas: o atentado terrorista aos Estados
Unidos, ocorrido em 11 de Setembro de 2001, e os tsunamis que devastaram o
território japonês em 11 de Março de 2011.
A partir desse tema pretendemos analisar através da sociolinguística o
falar da sociedade brasileira realizando para isso entrevistas em pesquisa de
campo. Junto a essas analises avaliaremos a percepção das tragédias nesse
trabalho abordadas pela população de acordo com o veículo jornalístico mais
popular, o telejornal. Para representar o telejornalismo utilizaremos em nossas
análises o programa Jornal Nacional, líder de audiência e referência na
imprensa nacional.
5
2. O TELEJORNALISMO
2.1. O INÍCIO DA TELEVISÃO BRASILEIRA
Sua estréia no Brasil foi em São Paulo, 18 de Setembro, de 1950.
Naquela época, o meio de comunicação mais popular no país era o rádio, e por
isso, a televisão brasileira teve de submeter-se a influência do mesmo,
utilizando seu formato, estrutura, seus artistas e técnicos.
Sua implantação ocorreu quando Assis Chateaubriand, em fevereiro de
1949, conseguiu junto à empresa americana RCA Victor, uma média de 30
toneladas de equipamentos considerados necessários para a montagem da
emissora, e também designou quatro diretores responsáveis pela implantação
da mesma: Dermival Costa Lima coordenador do projeto, Mário Alderighi,
Cassiano Gabus Mendes e George Henry, maestro francês.
A TV-Tupi foi a pioneira e cerca de dois anos antes de sua instalação em
São Paulo, os Diários Associados, almejando melhores resultados com a
inauguração da televisão no Brasil, começaram a difundir uma espécie de
campanha na qual passaram a divulgar que estava para chegar a televisão, ou
o “cinema a domicilio”, como explicavam aos leitores o que seria aquele novo
símbolo de modernidade.
Desde seu inicio, a televisão brasileira tem algumas características: com
exceção das emissoras estatais, o controle acionário das emissoras, voltado
para o lucro, concentra-se nas mãos de uns poucos grupos familiares; todas as
403 geradoras (emissoras comerciais), as 23 emissoras da rede educativa e
mais de 12 mil retransmissoras em funcionamento, sediam-se em áreas
urbanas.
Todavia, também podemos dizer que o tradicional modelo privado de
radiodifusão brasileiro, evoluiu para o que se pode chamar de um sistema
misto, onde os espaços vazios deixados pela livre iniciativa são ocupados pelo
Estado, o qual opera canais destinados a programas educativos.
A concessão de licenças para a exploração de canais sem um plano pré
estabelecido deve ser uma das causas atribuídas ao crescimento inicial da
televisão, a partir de 1950.
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Porém, somente após o golpe militar de 1964, ainda durante a
administração de Juscelino Kubitschek, ocorreu a proliferação de estações de
televisão. Depois do estabelecimento do Ministério das Comunicações, em
1967, o processo de concessão de licenças passou a levar em conta não
apenas as necessidades nacionais, mas também os objetivos do Conselho
Segurança Nacional, de promover o desenvolvimento e integração nacional.
Entretanto, o favoritismo político nas concessões de canais de TV prolongou-se
até o governo da Nova Republica, de José Sarney.
Uma curiosidade que podemos destacar, é que durante as duas
primeiras décadas de nossa televisão, os programas e telejornais eram
identificados pelo nome do patrocinador, como por exemplo, os programas:
“Sabatina Maizena”, “Teatrinho Trol” e “Gincana Kibon”; e os jornais:
“Reportagem Ducal”, “Telenotícias Panair”, “Telejornal Pirelli”, “Telejornal
Bendix” e “Repórter Esso”.
Vale ressaltar que o governo brasileiro sempre esteve entre os maiores
anunciantes do pais, em consequência, aumentando sua influência sobre os
veículos.
2. 2. TV NO BRASIL: AS FASES DO DESENVOLVIMENTO
Para melhor caracterizar e compreender a trajetória e o
desenvolvimento da televisão brasileira, podemos didaticamente dividi-la em
sete fases, na qual cada uma corresponde a um período definido a partir de
acontecimentos que servem de referencia.
Deste modo, verificamos as seguintes fases:
I. A fase elitista (1950 – 1964), quando o acesso do aparelho de
televisão pertencia somente a elite, por este ser considerado um luxo;
II. A fase populista (1964-1975), quando grande parte da
programação era baseada em programas de baixo nível e programas de
auditório, e a televisão era considerada grande símbolo de modernidade;
III. A fase do desenvolvimento tecnológico (1975-1985), quando,
visando a exportação, as redes de TV se aperfeiçoaram e com
7
profissionalismo, começaram a produzir seu próprios programas com estimulo
de órgãos oficiais.
IV. A fase da transição e da expansão internacional (1985-1990),
quando se intensificam as exportações de programas, durante a Nova
República;
V. A fase da globalização e da TV paga (1990-2000), quando a
televisão se adapta aos novos rumos da redemocratização e o país busca a
modernidade a qualquer custo;
VI. A fase convergência e da qualidade digital (2000-2010), quando a
tecnologia apontou para uma interatividade cada vez maior dos meios de
comunicação, principalmente a televisão, com a internet e outras tecnologias
de informação. Também é adotado o sistema de televisão digital, onde a
qualidade da imagem televisiva é superior a do sistema analógico;
VII. A fase da portabilidade, mobilidade, interatividade digital (2010-),
quando o mercado de comunicação e o modelo de negocio vão se reestruturar,
devido ao espaço ocupado pelas novas mídias.
2. 3. A REDE GLOBO
A Rede Globo nasce em 26 de abril de 1965 com concessão outorgada
de Juscelino Kubitschek. O dono era Roberto Marinho (dono também do jornal
O Globo) que faz, então, um acordo com a Time-Life, que investia em
emissoras de televisão na América Latina. Porém a parceria é logo desfeita
devido a ilegalidade pela Constituição. Porém, isso não só rendeu audiência
para a Rede Globo devido a briga com a TV Tupi para que a parceira fosse
desfeita como uma vantagem de seis milhões de dólares enquanto a Tupi tinha
sido montada em trezentos mil dólares.
Após adquirir a emissora no Rio de Janeiro, Roberto Marinho adquiriu a
TV Paulista e as Organizações Victor Costa lembrando que a rede nacional
ainda era inexistente.
No dia 26 de abril de 1965 vai ao ar a primeira telenovela, o primeiro
infantil e o primeiro telejornal chamado Tele Globo. Em busca de audiência
das classes mais populares, lançou-se novas programas como “Dercy
8
Espetacular” e “Buzina do Chacrinha” e contava com o Sílvio Santos, que era
líder absoluto de audiência. Junto com a audiência adquirida, a emissora
começou a atrair grande elenco de artistas como Francisco Cuoco, Regina
Duarte e Jô Soares.
Em 1969 a emissora se torna pioneira lançando, através do novo
sistema de ondas microondas Embratel, o Jornal Nacional com o papel de
integração do Brasil pela notícia que no ínicio, era apresentado por Cid Moreira
e Hilton Gomes.
Em 70, é pioneira na transmissão da Copa do México e lança uma
novela que vira mega-sucesso, Os Irmãos Coragem.
Em 1972, a Rede Globo foi pioneira na implantação da TV em cores no
Brasil e fortalecida, começa a mudar seu perfil e extinguir os programas
populares. Silvio Santos sobreviveria por mais 4 anos porém como seu
programa era independente, a emissora não podia lucrar com o seu público,
uma das razões das quais ele sai da Globo. Em 73, surge o Globo Esporte,
Globo Repórter e Fantástico é nessa época que José Bonifácio de Oliveira
Sobrinho (o Boni) cria o “Padrão Globo de Qualidade”. Nos anos 70, a Globo
reina sem concorrência com a Excelsior falida e a Tupi em decadência. O
Jornal Nacional e o Fantástico eram sucessos absolutos.
Em 80, com a Manchete e o SBT/TVS, a Globo perde sua hegemonia
mas não sua soberania pois continua líder. Em 1995, a Globo inaugura, em
Jacarepaguá, o Projac que se torna o maior centro de produção de televisão da
América Latina.
Hoje, em 2011, a Globo é a principal emissora do país cobrindo 99,84%
dos municípios brasileiro através de 113 emissoras (incluindo afiliadas). Foi
pioneira nas transmissões a cores e internacionais e na integração nacional
através da notícia (com o Jornal Nacional). Continuou produzindo não só
novelas de sucesso, como também minisséries e especiais totalizando 4420
horas de produção própria por ano, o que a faz a maior produtora de
programas próprios de televisão do mundo, além de ficar com jornalismo 24
horas no ar. Com slogans como “A Globo 90 é nota 100” e “Quem tem Globo,
tem tudo”, a Rede Globo passou a cada vez mais se manter no topo e
permanecer na vida do brasileiro.
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2. 4. O TELEJORNALISMO NO BRASIL
2. 4. 1. Primeiros passos
Criado em meados dos anos 40 nos Estados Unidos como uma forma
de veicular fatos e notícias através do promissor meio televisivo, e, inspirado no
já consagrado rádio, o telejornalismo inovou ao agrupar imagens e sons às
informações e passou a ser um dos principais meios de transmissão de
notícias por todo o mundo.
A história do telejornalismo brasileiro se confunde com a chegada da
televisão no Brasil. No dia 19 de setembro de 1950, apenas um dia após a
inauguração da primeira emissora de TV Tupi, foi ao ar, às 21h30, aquele que
seria considerado o primeiro telejornal da história do país, o “Imagens do Dia”.
Com apresentação do jornalista Maurício Loureiro Gama (1912-2004), o
programa exibia imagens sem edição sobre acontecimentos do dia e durava o
tempo necessário para a exibição de todas as imagens. Os intervalos eram
enormes, o que cansava os telespectadores, muitos chegaram a afirmar que a
televisão tinha data marcada para sair do país. A linguagem ainda era a
mesma praticada nos programas de rádio, frases longas, com muitos adjetivos
que detalhavam o assunto tratado, o locutor narrava os acontecimentos
exatamente como eles haviam ocorrido.
Há época, segundo Piccinin, havia duas correntes telejornalísticas que
norteariam o estilo internacionalmente, o modelo europeu e o modelo norte
americano. O primeiro deles praticava o telejornalismo engajado e partidário,
apoiando correntes políticas abertamente, mas com espaço para
manifestações de diversos pontos de vista. Já nos Estados Unidos, o
telejornalismo seguia a linha “clean”, supostamente imparcial e objetiva, mas
que escondia em sua edição o monopólio do mercado e a manipulação da
informação. O telejornalismo brasileiro se aproximou do estilo consagrado
pelos norte-americanos.
10
Apesar das previsões negativas e mesmo sendo inacessível para a
maioria da população, o valor de um aparelho de televisão chegava a ser três
vezes maior do que o mais moderno rádio disponível no mercado, o
eletrodoméstico conquistou o público. O contexto político-econômico da década
de 50 foi fundamental para que isso acontecesse. O país passava por um
importante processo de desenvolvimento, a indústria crescia intensamente, os
centros urbanos começavam a tomar forma através das atividades comerciais,
financeiras, do terceiro setor e educacionais. Tudo era favorável a adesão do
novo meio de comunicação.
2. 4. 2. “O Seu Repórter Esso”
Como dito anteriormente, os primeiros telejornais traziam consigo o
nome de seu patrocinador. Em 01 de abril de 1952, patrocinado pela gigante
petrolífera norte americana Standart Oil Company of Brazil, a Esso, o telejornal
mais icônico da história do Brasil, o “Repórter Esso”, foi ao ar pela primeira vez.
Vindo de uma bem sucedida trajetória no rádio, onde fora criado pelo
Departamento de Imprensa e Propaganda, durante o governo Getúlio Vargas,
com o objetivo de fazer propaganda cultural e ideológica dos Estados Unidos
para o povo brasileiro, o telejornal trazia a pontualidade aliada à credibilidade, e
que até hoje são dois pontos essenciais ao telejornalismo. Com a frase de
abertura “Aqui fala o seu repórter Esso, testemunha ocular da história”, o
noticiário televisivo era o que hoje é chamado de praça TV, ou seja, um
telejornal regional, porém todos com o mesmo padrão. Em São Paulo, o mítico
anúncio era feito pelo apresentador Khalil Filho (1930-1970). Já no Rio de
Janeiro, a imagem de Gontijo Teodoro (1924-2003) ficou marcada como o mais
popular dos repórteres Esso. O “Repórter Esso” estabeleceu um paradigma de
sucesso de audiência e aprovação do público na história do jornalismo,
permanecendo no ar por 18 anos.
Apesar do regionalismo, os telejornais ainda mantinham o sotaque de
“lugar nenhum”. O primeiro informativo televisivo a quebrar esse padrão vocal
foi o Jornal Excelsior, exibido pela TV Excelsior e que depois viria a se chamar
Jornal de Vanguarda.
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2. 4. 3. O Telejornalismo e a Ditadura Militar
Em março de 1964 foi instaurada no Brasil a ditadura militar. O novo
regime, através da censura, mudou drasticamente o curso da história da
televisão e do telejornalismo brasileiros. As emissoras, que operavam canais
concedidos pela administração federal, a partir de 1964, ficaram diretamente
submetidas aos interesses do governo controlador. Foi uma época em que o
cuidado com o que era noticiado era imprescindível, uma vez que, a exibição
de questões políticas poderia ser considerada “desfavorável” ao governo militar
e acabar prejudicando a emissora.
Ainda em 1964, o Ato Institucional N°5, mais conhecido por AI-5, põe fim
a fase expansionista do telejornalismo brasileiro. Sem alternativa, os telejornais
adotaram de vez o modelo norte-americano que dispensava a participação de
jornalistas na apresentação, que, por sua vez, mais parecia com o estilo
consagrado pelo rádio, a locução, e reforçando a figura do âncora. Mesmo com
os avanços técnicos, o telejornalismo e a produção das notícias permaneceram
engessados devido às interferências políticas e à falta de estilo próprio. A
censura aos meios de comunicação promovida pela ditadura militar colocou o
telejornalismo na arbitrária posição de crescer ou morrer.
De acordo com Rezende, “sobre política, a televisão foi omissa ou, como
querem os produtores de seus noticiários, obrigada a ficar omissa, reservando
os seus horários mais nobres para a lacrimonisidade das telenovelas(...)”
(Rezende, 2000:115).
Ao mesmo tempo, as telecomunicações configuravam um importante
influenciador da opinião pública. Naquele ano já se contabilizava no Brasil
mais de 1.600.000 aparelhos televisores e o alcance cada vez maior da
televisão era estratégico para a promoção do novo governo. Assim surge a
Embratel (Empresa Brasileira de Telecomunicações), que interligou o Brasil
através de um sistema de rotas de microondas e estabeleceu a estrutura
necessária para a criação de emissoras de abrangência nacional.
12
A década de 70 trouxe novo fôlego ao ramo. Em 1 de setembro de 1969,
entrava no ar pela Rede Globo de Televisão o “Jornal Nacional”. Com estúdio
no Rio de Janeiro, mas transmitido ao vivo para outras cinco capitais, São
Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Brasília, o novo programa
carregava consigo um ineditismo em se tratando de técnicas de filmagem,
produção e exibição. O nobre objetivo de integração do território nacional
também escondia uma suspeita afinidade com o governo militar. O sucesso do
“Jornal Nacional” contrastava diretamente com a decadência do ex-líder de
audiência “Repórter Esso”, que acabou por encerrar suas exibições em 31 de
dezembro de 1970.
O surgimento do “Jornal Nacional” representou um divisor de águas na
história do telejornalismo brasileiro. Apesar das arbitrariedades políticas
presentes na redação, o telejornal aperfeiçoou o gênero ao eliminar o improviso
e criou um novo padrão de qualidade que serviria como parâmetro para todas
as outras emissoras dali em diante, o chamado “padrão Globo de qualidade”.
“Claro que não foi a Globo que criou o telejornalismo, mas foi ela que eliminou o
improviso, impôs uma duração rígida no noticiário, copidescou não só o texto
como a entonação e o visual dos locutores, montou um cenário adequado, deu
ritmo à notícia, articulando com excelente “timing” texto e imagem(...)”
(REZENDE, 2000:113)
No início dos anos 80, com a decadência da ditadura militar, os
telejornais voltaram a ganhar espaço e, por fim, consolidaram-se como veículos
de comunicação legítimos. A abertura política e o afrouxamento da censura
incentivaram o surgimento de novos programas de conteúdo jornalístico.
Surgiram o “Vox Populi” na TV Cultura, o “Diário Nacional” na Record, o “Jornal
da Manchete” e o “Telejornal Brasil”, nas recém criadas Rede Manchete e SBT
(Sistema Brasileiro de Televisão), respectivamente. A década de 80 também foi
marcada pelo encerramento das atividades da TV Tupi, que devido a
problemas administrativos e financeiros teve sua concessão cassada pelo
governo federal.
Grandes transformações políticas ocorriam paralelamente às mudanças
no telejornalismo brasileiro. A campanha das “Diretas Já”, defendendo a volta
13
do governo civil e do voto direto, foi o grande marco midiático dos anos 80.
Porém, acostumadas ao “silêncio conveniente” do auge da ditadura, muitas
redações de telejornais ainda se autocensuravam e não deram a devida
cobertura aos movimentos revolucionários.
Por fim em 1985, a ditadura militar chegou ao fim.
2. 4. 4. A Era Digital
Os telejornais dos anos 90 foram marcados pelo dinamismo e adaptação
impostos pelo advento da internet e a popularização da TV a cabo. Devido à
maior oferta de conteúdo, os telejornais consagrados não alcançavam mais
recordes de audiência, como era comum. Essa queda de pontos, ao contrário
do que pode parecer, não representava a decadência do telejornalismo, mas
sim, uma mudança no perfil do telespectador, que passou a procurar modelos
cada vez mais específicos e próximos ao seu estilo de vida. Também, o
telejornal volta a ter tom de denúncia, rompendo definitivamente com as
amarras da censura.
Hoje, com o avanço das mídias digitais, os telejornais tentam se adaptar
à emergência da sociedade em rede. A globalização provocou o aumento da
velocidade do fluxo de informações a um nível nunca antes imaginado. A
internet e as novas tecnologias permitiram ao telespectador desenvolver seu
próprio conteúdo jornalístico. O contexto da era digital sentenciou o modelo
tradicional de telejornal, não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. Foi
necessário rever velhos métodos que já não satisfaziam às exigências da nova
sociedade brasileira. Os noticiários se tornaram mais ágeis e atrativos, uma vez
que o telespectador poderia já ter visto a notícia nos sites de internet.
A relação entre o telejornal e seu público, que antes de dava somente no
horário de exibição, foi ampliada com a possibilidade de contato através do
ciberespaço. A internet se tornou, ao mesmo tempo aliada e concorrente do
telejornalismo.
As novas tecnologias transformaram o telejornal no modelo que vemos
hoje, mais interativo, mais pessoal, mas ainda ligado a certos valores
14
tradicionais e submetido aos interesses políticos e organizacionais das
emissoras.
A trajetória do telejornalismo no Brasil pode ser resumida em cinco
períodos distintos, desde o improviso típico da década de 50, passando pelo
retrocesso causado pela censura durante a ditadura militar nas décadas de 60
e 70, a padronização e consagração da identidade telejornalística brasileira na
década de 80, a década de 90 e o surgimento de novas possibilidades de
transmissão de notícia e, finalmente, chegando aos anos 2000 que são
marcados pelo dinamismo e interatividade dos telenoticiários.
15
3. O JORNAL NACIONAL
O Jornal Nacional é um telejornal transmitido pela Rede Globo de
Televisão. Atualmente o JN vai ao ar de segunda a sábado, entre 20 e 21
horas. Está entre os programas mais vistos na televisão brasileira e é
referência de telejornalismo no país, por sua história, credibilidade e audiência.
O programa também é reconhecido por seu pioneirismo. Foi o primeiro
telejornal a ser transmitido em todo Brasil, o primeiro a apresentar reportagens
em cores e utilizar o som direto. Fo também o primeiro a fazer transmissões
externas ao vivo, o primeiro a fazer transmissões internacionais ao vivo, em
1994.
Apresentando características emblemáticas, como seu cenário, seus
apresentadores, sua estrutura e sua linguagem, o Jornal Nacional passou a
fazer parte da sociedade brasileira. É reconhecido internacionalmente por suas
capacidades jornalísticas, porém é reconhecido principalmente no território
nacional como o melhor telejornal brasileiro.
3.1. HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO JORNAL NACIONAL.
Em 1º de setembro de 1969 foi ao ar o primeiro telejornal transmitido em
rede nacional no Brasil, líder de audiência e referência na imprensa nacional, o
Jornal Nacional. Era gerado na sede da TV Globo, no Rio de Janeiro, e
retransmitido para todas as emissoras da rede, que se localizavam em vários
pontos do país.
Essa primeira edição foi apresentada pelos jornalistas Cid Moreira e
Hilton Gomes que anunciavam “o Jornal Nacional, da Rede Globo, um serviço
de notícias integrando o Brasil Novo”.
O JN foi o primeiro a apresentar reportagens em cores e a usar som
direto, o que o diferenciava dos outros telejornais já existentes. Isso fez Cid
Moreira encerrar a primeira edição com uma frase de efeito: “É o Brasil ao vivo
aí na sua casa. Boa Noite.” O estilo da linguagem utilizada, a narrativa, a
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estrutura e a figura de repórter de vídeo eram de inspirações de telejornais
norte-americanos.
O primeiro slogan utilizado pelo Jornal Nacional, “a notícia unindo seis
milhões de brasileiros”, demonstra uma função que vai além de noticiar fatos, o
objetivo de realmente unir toda a nação brasileira. Assim, as notícias e matéria
deveriam ser de interesse geral e não regional.
Em 1964 se instaura a ditadura militar no Brasil, que só teria fim em
1985. Nove meses antes da estréia do programa, em dezembro de 1968 foi
decretado o AI-5, enrijecendo a censura. Portanto o Jornal Nacional surge em
um momento crítico do jornalismo. Porém, o conceito de um jornal que
englobasse toda a nação era agradável ao governo militar, o qual queria
construir a imagem de país forte, grande e unificado.
Ao longo do tempo, o Jornal Nacional adquire mais adeptos e
telespectadores, aumentando a audiência. De acordo com Chystus, “a Globo
atingiu seu objetivo de tornar-se um modelo para o telejornalismo brasileiro –
mais que isso, tornou-se o modelo único no país de linguagem completamente
diversa” (Chystus apud Mendes, 2006:15).
Em 1977 o Jornal Nacional consegue as primeiras imagens ao vivo do
lado de fora do estúdio, utilizando pela primeira vez equipamentos portáteis.
Uma transmissão ao vivo internacional só aconteceu em 1991, no conflito do
Golfo. E em 1994 a Copa do Mundo é ancorada ao vivo do país-sede, os
Estado Unidos. Um grande passo na história do telejornalismo brasileiro dado
em 17 anos.
No ano de 2000 a transmissão do Jornal Nacional passa a ser feita
diretamente da redação, que é usada como cenário o que pode ser
emblemático.
Em 2001, ano do ataque ao World Trade Center, o JN foi indicado para o
Prêmio Emmy por sua cobertura dos atentados do 11 de setembro. Naquele
dia, sete em cada dez famílias brasileiras estavam sintonizadas no telejornal. É
ainda neste ano que acontece a estréia da página online do programa,
marcando o encontro do telejornalismo com a era digital.
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Cinco anos depois, mais um marco na história do telejornalismo
envolvendo o JN: o primeiro brasileiro, Marcos Pontes, viaja até o espaço e o
programa o entrevista em um link direto com a Estação Espacial Internacional.
Hoje o Jornal Nacional além de um telejornal poderia também ser
classificado com um webjornal ou mobilejornal, devido ao alcance do
programa. A televisão chega à internet e o celular carregando consigo o
telejornalismo e o JN.
Com 42 anos de existência, o Jornal Nacional manteve alta sua
audiência, sendo referência na imprensa nacional, transmitindo valores e
unindo a nação brasileira em torno da televisão, diariamente às 20 horas e 30
minutos. Com um histórico de pioneirismo e exclusividade, o programa segue
como destaque na televisão brasileira e da vida da população.
3.2. ESTILO, ESTRUTURA E NARRATIVA DO JORNAL NACIONAL.
O Jornal Nacional, como um telejornal de destaque, assim se caracteriza
devido à sua constante e elevada audiência que, por sua vez, é alcançada
através da identificação que existe entre a população e o programa. Segundo
Gomes, “o programa se relaciona com a sua audiência a partir da construção
de um estilo, que o identifica e que o diferencia dos demais” (Gomes apud
Mendes, 2006:16).
O estilo, que causa a identificação, é composto por características como
a temática, o formato, a estrutura, o cenário, os apresentadores, a linguagem,
entre outros.
A temática e a estrutura do jornal nacional, como já dito, receberam
influências dos telejornais norte-americanos, e apesar de pequenos ajustes no
formato o JN desde seu surgimento segue a mesma linha. O jornal sempre
abordou os assuntos obedecendo a uma escala, como se estivessem em
tópicos: notícias pontuais, política, economia, esportes, sociedade, ciência,
serviços (previsão do tempo, cotação da bolsa de valores...), etc., não
necessariamente em ordem, nem abordando sempre todos esses temas.
Atualmente, o programa ainda apresenta notícias por tema, mas não obedece
18
escala, os assuntos são aleatórios. As notícias mais importantes ainda são
apresentadas primeiro. Para Camacho,
“A TV Globo faz um telejornal programado para ser o líder do gênero no país
com base em pesquisas rigorosas. De acordo com essas pesquisas, o
telespectador brasileiro, que é diferente do americano, gosta de noticiários em
linguagem simples, com apresentadores fixos e baseados principalmente em
reportagens de serviço, comportamento, saúde, meio ambiente, além de
ciência e tecnologia. Isso chama mais a atenção do que assuntos tidos como
sérios por telespectadores educados.”
O formato do Jornal Nacional se manteve praticamente o mesmo: dois
apresentadores, atrás de uma bancada lêem e comentam notícias, apresentam
reportagens externas realizadas pelos jornalistas, ao vivo ou não. O programa
é composto de notícias curtas, e tempo de duração do telejornal é de no
máximo meia hora e a divisão é baseada em blocos, começando com notícias
de impacto e terminando com assuntos leves.
Existe a constante presença de comentários e depoimentos de
especialistas e a sustentação por números, dados estatísticos e gráficos, o que
acrescenta ao formato do telejornal uma característica didática.
O programa se diferencia de outros telejornais, segundo Gomes (2005)
porque repórteres frequentemente gravam as notícias e as reportagens dos
locais de acontecimento. Esses repórteres são chamados de “enviados
especiais”. Isso só possível devido à capacidade econômica e tecnológica da
TV Globo. A idéia de onipresença do JN acrescenta efeito de credibilidade ao
jornal.
O Jornal Nacional, que atualmente tem trinta minutos de duração, é
estruturado em três ou mais blocos, de aproximadamente dez minutos. Esses
valores podem variar para mais de acordo com a relevância das notícias do
dia. Por exemplo, no dia 11 de março de 2011, data em que aconteceu o
Terremoto No primeiro bloco, os apresentadores começam com a data do dia e
então anunciam as manchetes das notícias das quais tratarão ao longo do
programa, com a música tema do programa tocando ao fundo. Ao fim da
apresentação das manchetes, os apresentadores miram a tela de forma fixa e
19
convocam o público: veja agora, no Jornal Nacional. Esse pequeno texto
evidencia a estratégia de aproximação com o público.
Após a vinheta, um dos apresentadores inicia a apresentação das
notícias com o famoso e emblemático “boa noite”, que é repetido com maior
ênfase ao fim da edição. Emblemático, pois acentua mais uma vez a
aproximação entre o jornal e os telespectadores. Apresentam-se, portanto,
importantes componentes da identificação entre público e programa.
O cenário, a partir de 2000, é composto por uma bancada em uma
espécie de mezanino dentro da redação do programa. Segundo o site do
programa, que descreve a trajetória do Jornal Nacional, em 2000
“O jornal sai do estúdio e passa a ser apresentado de dentro da redação. O
telespectador pode ver a equipe envolvida na realização do telejornal, tanto na
abertura quanto no início e fim de cada bloco. Um conceito que leva para
dentro da casa do público a própria redação do Jornal Nacional”.
Sendo o cenário a própria redação do jornal, é gerada a sensação de
aproximação do telespectador com o programa e causa efeito de credibilidade
ao jornal, já que a redação é o local onde está sendo recebida, escrita e gerada
a notícia. O telespectador, assistindo a isso tem a percepção de que a notícia é
verdadeira.
Além disso, os apresentadores ficam acima da redação, causando efeito
de que eles estão acima da produção da notícia. Ao fundo, um mapa-múndi em
três dimensões – que a partir de 2010, passa a se movimentar com o uso de
tecnologia digital. Porém, a tecnologia digital aparece desde o início da década:
imagens aparecem ao lado dos apresentadores, representando o tema do qual
trata a notícia. Para isso, faz-se utilização do efeito Chroma-key, uma espécie
de projeção. Os papéis que serviam de roteiro e guia para os apresentadores,
são substituídos por computadores. Ao final da edição em que esse cenário é
utilizado pela primeira vez, William Bonner, atual apresentador comenta sobre
o novo cenário que
“Esse 26 de abril foi um dia especial no jornal nacional, o dia em que nós
passamos a apresentar as principais noticias do Brasil e do mundo aqui, o
20
ambiente da nossa redação de jornalismo. E este novo cenário chegou como um
presente, porque nesse 26 de abril de 2000 nós estamos comemorando o
aniversário de um parceria, os 35 anos da TV globo, os 35 anos da Globo com
você.”
Para comemorar os 40 anos do programa no ar, o cenário ganha
inovações, acompanhando as evoluções tecnológicas. No fundo da redação,
uma série de televisões de tela plana apresenta imagens relacionadas às
reportagens. O mapa-múndi ganha movimento e os computadores são
trocados por edições mais recentes.
O JN sempre foi apresentado por uma dupla de âncoras. Cid Moreira e
Hilton Gomes foram os primeiros. Cid Moreira e Sérgio Chapelin formaram a
dupla que por mais tempo apresentou o programa. Posteriormente, assumiram
William Bonner e Lillian Witte Fibe, que por sua vez passou a bancada para
Fátima Bernardes, formou-se então o casal mais conhecido do telejornalismo,
Willian Bonner e Fátima Bernardes, que estão até hoje no comando da
apresentação. A escolha de Fátima no lugar de Lilian configuraria uma
reedição do "casal telejornal" Eliakim Araújo e Leila Cordeiro, que por muito
tempo foi marca registrada da TV Manchete.
Willian e Fátima já eram casados quando assumiram juntos a
apresentação do programa. Isso gera efeito de um jornal feito por uma família
para outra família, a brasileira, contribuindo para a identificação entre público e
programa. Gomes conclui que
“O exemplo de casal feliz, bonito e bem sucedido é uma peça fundamental na
composição do território limpo, discreto, quase asséptico do programa.
Durante todo jornal, Fátima e Bonner permanecem sentados em suas
bancadas, quase não gesticulam e nem falam entre si. O casal ‘não chama
atenção’, porque ali o espaço de protagonista parece ser reservado apenas
para a ‘notícia’.” (Gomes apud Mendes, 2006:19).
Por muito tempo não houve comunicação entre os apresentadores em
frente às câmeras. Porém, com o passar do tempo e com a grande aprovação
do público – por ser um jornal de família – agora são feitos comentários, há
trocas olhares, há mais naturalidade na apresentação das notícias. Isso 21
poderia afetar a imparcialidade imposta ao jornal e até mesmo a credibilidade
do programa.
O JN encerrou o ano de 2010 com a pior audiência de sua história. Isso
poderia ser atribuído às mudanças que vêem ocorrendo atualmente no
programa, como a naturalidade mais presente na apresentação. Porém a
principal causa é dada às novelas que antecede e procede ao telejornal na
programação da TV Globo. Essa acusação é possível já que o índice de
audiência do programa varia de acordo com o índice das novelas. É comum
aumentar o número de telespectadores do jornal quando o fim de uma novela
está próximo. O que aconteceu em 2010 e em muitos outros anos foi uma
oscilação no número de público das novelas que desestabilizou a índice do
programa.
3.3. A LINGUAGEM DO JORNAL NACIONAL
Outro fator do programa que vem se alterando ao longo de sua jornada,
é a linguagem utilizada. Por ser um jornal, a linguagem se mantém formal,
porém o Jornal Nacional sempre buscou um tom coloquial e de fácil
entendimento, se afastando dos clássicos telejornalísticos.
De acordo com Mendes (2006), a linguagem do telejornalismo é híbrida,
pois pretende ser coloquial como a fala, mas precisa e clara como a escrita.
Dado que o formato do JN sempre foi constituído de apresentadores que liam
as notícias em frente à câmera, trata-se de um texto escrito para ser falado.
Além da linguagem oral – simples e clara – que abrange de certa forma
a linguagem escrita – formal – existe a linguagem visual, composta pelas
imagens utilizadas para apresentar a notícia e das expressões faciais dos
apresentadores. Todas essas informações se misturam na apresentação das
notícias e formam a linguagem telejornalística da qual se utiliza o programa.
A linguagem verbal utilizada pelos apresentadores é livre de sotaques,
porém existem expressões coloquiais que podem ser identificadas como
características da região Sudeste. Algumas pesquisas afirmam que moradores
da região nordeste do Brasil preferem assistir ao Jornal Nacional ao jornal
regional, no qual os apresentadores possuem sotaque característico dessa
22
região. Isso demonstra que a credibilidade do programa acaba por englobar
suas características, inclusive o sotaque, o modo de falar e os termos
utilizados.
Realizando uma comparação entre as edições do JN de 2001 com
edições de 2011 é possível perceber que houve um movimento na linguagem
utilizada. Em 2001, a presença de expressões ou palavras coloquiais era rara,
principalmente na fala dos apresentadores dentro de estúdio. Com pouco mais
de freqüência aparecia coloquialismos na linguagem de repórteres que
apresentavam notícias externas ao vivo. Um exemplo é a fala de uma repórter
no dia 11 de setembro de 2001 sobre a queda de um terceiro prédio em Nova
Iorque. Ela apresentava a notícia ao vivo de Nova Iorque e ao dizer o horário
da queda do terceiro prédio informa que “foi no finalzinho da tarde”. Porém em
toda a edição essa é uma das poucas expressões coloquiais. Toda a
linguagem utilizada na edição é de caráter formal.
Nas edições atuais a informalidade tem maior presença. Entre as
notícias existem comentários dos apresentadores de caráter extremamente
coloquial. E mesmo na narração das notícias a freqüência de expressões
coloquiais é maior. Um exemplo é a conversa que se desenvolve entre William
Bonner e o repórter Roberto Kovalick na edição do dia 11 de março de 2011,
dia em que aconteceu o Terremoto do Japão. Ao final do primeiro bloco,
Bonner introduz seu pensamento da seguinte maneira: “Kovalick, a gente tava
acompanhando aqui atentamente as suas duas reportagens...”. A substituição
do pronome nós pela expressão a gente indica claramente a informalidade do
texto falado. Outro exemplo demonstrando ainda mais nitidamente o
coloquialismo na linguagem dos apresentadores é uso do termo bolada na fala
de Fátima Bernardes sobre impostos, na edição de cinco de maio de 2011 . “O
Jornal Nacional mostrou ontem que a soma dos impostos pagos por todos os
brasileiros este ano já passou de meio trilhão”, anuncia William Bonner. E
Fátima complementa: “Nessa bolada, entra o Imposto de Renda na fonte”.
23
3.4. ANÁLISE SOCIOLINGUÍSTICA DO JORNAL NACIONAL
A língua em toda grande civilização é suporte da dinâmica social, se faz
presente nas relações diárias, com os meios de comunicação, com os livros,
com a cultura e com a ciência. O estudo da língua se liga à sociologia quando
vista como uma manifestação da vida em sociedade abrindo um novo campo
de estudo, a sociolinguista. Como afirma Pretti,
“Entre sociedade e língua, de fato, não há uma relação de mera casualidade.
Desde que nascemos, um mundo de signos linguísticos nos cerca, e suas
inúmeras possibilidades comunicativas começam a tornar-se reais a partir o
momento em que, pela imitação e associação, começamos a formular nossas
mensagens” (Pretti, 2005:11)
Dentro da sociolingüística teremos o dialeto social que trata da fala de
uma dada comunidade, restrita por operações de forças sociais aos
representantes de um grupo específico, seja étnico, religioso, econômico ou
educacional.
Não devemos cometer o erro de condicionar diretamente a língua aos
fatores culturais ou étnicos, embora se reconheça que pode haver uma ligação
entre eles. A verdade é que a pesquisa nas línguas das comunidades mais
civilizadas levaria a conclusões contraditórias: de um lado a existência evidente
de certas influências, em particular do fator cultural, mas de outro a
impossibilidade.
Porem os métodos de estudos são complexos, várias são as tentativas
de classificação dos fatores extralingüísticos, que influenciam na maneira de
falar. Charles Bally (apud Preti, 2005) ressalta a atuação do meio como fator
extralingüístico na criação de um tipo especial de expressão. Assim o meio
compreenderia os estados, isto é, as condições de vida do indivíduo, ou seja,
sua classe social, sua cultura, educação que recebeu, tradições, religião,
princípios morais, ocupações cientificas e artísticas. Desse modo a influência
geográfica é deixada de segundo plano tornando a influência da sociedade que
o cerca muito mais relevante na sua fala.
24
Mas tudo isso se complica ainda mais quando percebemos que dentro
de uma sociedade aparentemente homogênea, seres da mesma classe social
e da mesma idade, se diferenciam linguisticamente.
Um fator que tem alterado a percepção linguística das pessoas é a
propaganda, que inteligentemente tem se aproveitado dessas variações para
atingirem seus objetivos, colaborando para que o “erro” na língua seja aceito
pelas comunidades como uma variante válida, desmistificando a linguagem-
padrão.
Um dos fatores que influenciam nessa diversificação da linguística é a
variedade geográfica que conduz a uma oposição fundamental: linguagem
urbana/linguagem rural. A primeira cada vez mais próxima da linguagem
comum, pela ação decisiva que recebe dos fatores culturais (escola, meios de
comunicação de massa, literatura). A segunda mais conservadora e isolada,
extinguindo-se gradualmente com a chegada da civilização.
Outro fator são as variedades socioculturais podem ser influenciadas por
motivos ligados diretamente ao falante (ou ao grupo a que pertence), ou a
situação ou a ambos.
Em um jornal de forma generalizada a linguagem empregada é a culta,
mas no Jornal Nacional teremos algo que transcende um pouco isso, sendo
utilizada não apenas a linguagem culta, mas também livre de qualquer
variedade linguística.
O Brasil por ser um país extremamente heterogêneo trará ao telejornal a
necessidade de uma linguagem que não se aproxime das variedades
geográficas regionais, de faixas etárias, de classe social e étnicas. Portanto o
Jornal Nacional visará atingir todos os públicos de maneira igual, e passando a
mesma informação para todos por meio desta linguagem que se preocupa em
ser neutra a qualquer variedade. Assim, o JN se torna uma autoridade na
transmissão de notícias, ganhando credibilidade que, por sua vez, torna as
notícias e as ideias, transmitidas pelo programa, uma regra e uma verdade.
Com certeza esta é uma das grandes chaves do sucesso do Jornal
Nacional: conseguir ser unanimidade em meio a um público extremamente
heterogêneo e com contradições tão evidentes. Mesmo que a interpretação de
25
um indivíduo seja alterada por sua falta de práxis e aprendizado, esta noticia irá
concluir sua busca por um receptor de qualquer maneira.
26
4. AS TRAGÉDIAS ANALISADAS
4. 1. HISTÓRICO DO ATAQUE TERRORISTA AO WORLD TRADE
CENTER
Eventos que mudaram completamente o rumo da história mundial, com
consequências sociais, políticas e econômicas, os ataques terroristas de 11 de
setembro de 2001 chocaram o planeta devido a sua brutalidade e enorme
número de vítimas. Foram 2996 mortos, a primeira vez na história em que
terroristas seqüestram aviões para usá-los como mísseis. Símbolos da
hegemonia econômica e militar dos Estados Unidos foram destruídos e a
relativa paz reinante desde o final da Guerra Fria posta a prova.
Às 8h45min, em Nova Iorque, um avião que fora seqüestrado se chocou
contra uma das torres do World Trade Center. Dezoito minutos depois, para
tornar pior o que já parecia inacreditável, outro avião se chocou contra a outra
torre. Aproximadamente duas horas depois, elas desabaram. As imagens,
transmitidas ao vivo para o mundo todo, mostraram o pânico e o horror da
população local. Além desses, mais dois Boeings haviam sido sequestrados,
um deles atingiu o Pentágono, base da inteligência militar norte-americana; o
outro caiu na Pensilvânia, numa área inabitada.
Imediatamente após os atentados, foi dada a ordem de cancelar todos
os vôos em território estadunidense e todos os aviões em percurso na hora do
ataque foram obrigados a pousar. Os vôos internacionais foram redirecionados
para outros países, a maioria para o Canadá.
Os ataques foram atribuídos ao grupo Al Qaeda, que em árabe significa
“A base” ou “A fundação”, um dos grupos terroristas mais perigosos do mundo
que acredita que todos os países mulçumanos deveriam obedecer a um único
líder e a lei deveria ser unificada seguindo os princípios ensinados pelo Corão
(Marguilies, 2003).
A expansão imperialista dos Estados Unidos e sua conseqüente grande
influência no Oriente Médio, tanto política, econômica e culturalmente, fez com
que nascesse um sentimento de revolta entre os fundamentalistas islâmicos. A
influência cultural estadunidense e o seu modo de vida secular foram vistos
27
como contrários aos princípios ensinados no Corão e por isso afastam os
seguidores do Islã. (Marguilies, 2003) Esses fundamentalistas fazem uso da
interpretação do Jihad como Guerra Santa para justificar atos extremos na
defesa do islamismo.
Ainda, o apoio norte-americano a Israel, no constante conflito entre
israelitas e palestinos, intensificou o ódio do povo palestino, tendo em vista que
um aliado de seu inimigo, também é seu inimigo. Assim sendo, os Estados
Unidos por muitos eram considerados o grande vilão, que corrompia a cultura
mulçumana e contestava os ensinamentos de seu livro sagrado. Portanto, não
é de se surpreender a grande comemoração ocorrida nas ruas da Palestina
imediatamente após o atentado de 11 de setembro. Foi um grande golpe contra
os defensores de Israel.
O principal mentor dos atentados foi Osama Bin Laden. Osama lutou
com as tropas afegãs contra a invasão soviética na década de 80, e, na época,
os mulçumanos tiveram apoio dos norte-americanos, que interessados em
conter o avanço comunista, financiaram e forneceram armamentos às tropas
afegãs. Mulçumanos de todo o oriente médio se juntaram para lutar no
Afeganistão, essa união fez com que os fundamentalistas islâmicos se
sentissem confiantes para lutar contra o secularismo ocidental. “Agora que os
mulçumanos tinham uma guerrilha armada, dinheiro e treinamento para apoiá-
la, a mensagem do fundamentalismo Islâmico poderia ser passada para outras
partes do mundo.” (Langley, 2006:35)
Osama, nos anos seguintes a guerra contra os soviéticos, se propôs a
reunir homens engajados nessa defesa do Islã. Até 1996, permaneceu no
Sudão, onde conseguiu acumular dinheiro trabalhando legalmente no ramo da
construção enquanto trabalhava paralelamente em estabelecer seu grupo de
Islâmicos militantes, que futuramente seriam reconhecidos mundialmente como
“Al Qaeda”. (Burke, 2003)
Em 1996, Osama se mudou para o Afeganistão, onde começou a se
focar principalmente em seus planos contra o ocidente que culminariam nos
atentados de 11 de setembro.
Os atentados desencadearam a “Guerra ao Terror”, política adotada
pelo então presidente americano George W. Bush para combater o terrorismo,
28
capturar Osama Bin Laden e depor o governo Taliban, que para os norte-
americanos, apoiava as ações da Al Qaeda. No dia 1 de maio de 2011, uma
operação especial do exército norte-americano encontrou o esconderijo de Bin
Laden no Paquistão e o executou e jogou seu corpo ao mar.
4. 2. HISTÓRICO DO TERREMOTO DO JAPÃO DE 2011
4. 2. 1. Definições
4. 2. 1. 1. Terremoto
Terremoto ou abalo sísmico é um deslocamento repentino da superfície
da Terra, resultante da ruptura de uma porção rochosa. A ruptura causa uma
liberação de uma enorma quantidade de energia sob a forma de ondas
sísmicas e a principal causa dessa brusca ruptura deriva da movimentação das
placas tectônicas, que leva a um aumento constante da pressão até tal pressão
ser liberada em forma de ondas sísmicas. Os terremotos geralmente são
medidos na Escala Richter, que atribui um número para designar a quantidade
de energia liberada pelo terremoto, e foi criada em 1935 pelos sismólogos
Charles Francis Richter e Beno Gutenberg. Inicialmente a escala foi graduada
apenas de 0 a 9, mas hoje em dia sabe-se que não existe um limite superior.
Terremotos denominados “micro”, ou seja, com uma medição menor que 2
graus na escala Richter, ocorrem em uma frequência de mais de 8000 por dia,
enquanto terremotos de grau 9 a 9,9 ocorrem em uma média de 1 a cada 20
anos. Ainda não foram registrados terremotos na faixa maior que 10 graus na
escala Richter. O terremoto mais forte resgistrado até hoje foi de 22 de maio de
1960 no Chile, o qual a medições chegaram a 9,5 graus na escala Richter.
Os locais de onde se originam os terremotos são chamados de
epicentros, que variam em distância e profundidade. As consequências dos
terremotos podem ser tanto de ordem geofísica, como falhas na superfície
terrestre, tsunamis e alterações na rotação terrestre, como de ordem social e
econômica, como um grande número de vítimas fatais e prejuízos ecônomicos.
29
4. 2. 1. 2. Tsunami
Tsunami, palavra de origem japonesa que significa “onda do porto”, ou
maremoto é um conjunto de ondas que deslocam uma enorme quantidade de
água, ocorrendo principalmente em oceanos. A principal causa dos tsunamis
são eventos geológicos, principalmente o terremoto. Porém há outras maneiras
de se produzir um tsunami, como erupções vulcânicas, explosão subamarinas,
deslizamentos de terre, entre outros. Seu grau de devastação é altíssimo
devido as enormes quantidades de água e energia envolvidos.
A maior concentração de tsunamis fica nas costas banhadas pelo
Oceano Pacífico, onde se registram 80% dos tsunamis em todo mundo. As
ondas do tsunami podem percorrer milhares de quilômetros, atingindo
velocidades de até 700 km/h e mais de 10 m de altura. A principal
característica física que difere as ondas normais das tsunamis é o seu
comprimento de onda, que chega até 100 km, enquanto em ondas normais o
comprimento de onda fica por volta de 150 m.
4. 2. 1. 3. Radioatividade
A radioatividade é um fenômeno de ordem tanto natural quanto artificial,
no qual o núcleo de certos elementos químicos emitem radiação, que é um tipo
de propagação de energia, de forma espontânea. Essa propriedade destes
elementos podem ser tanto benéfica, como nos casos de tramentos de
doenças com radioatividade e aparelhos de raio-x, quanto maléfica, como no
caso de vazamento de material radioativo de usinas nucleares. Há vários tipos
de radiação, como as partículas alfa, beta e gama, e as características mais
importantes dela são: a capacidade de ser absorvida e capacidade de
atravessar objetos.
Os efeitos da radioatividade no ser humano podem ser observados tanto
a curto quanto a longo prazo. A curto prazo, o homem em contato com a
radioatividade pode sofrer de distúrbios gastrointestinais, catarata e perde de
cabelo e células sanguíneas. A longo prazo são observados problemas como
diversos tipos de câncer, deficiências congênitas, leucemia e infertilidade
30
4. 2. 2. O terremoto e tsunami do Japão de 2011
Em 11 de março de 2011, as 05:46 UTC (14:46 no horário local), um
terremoto de magnitude 8,9 atingiu o Japão, cujo epicentro foi a 160 km da
costa leste da província de Miyagi e a 373 km da capital Tóquio e com uma
profundidade de de 24 km. Este terremoto foi considerado o mais forte a atingir
o Japão e o sétimo mais forte da história mundial.
O terremoto com epicentro em alto mar, gerou alerta de tsunamis em
várias outras partes do mundo, como o Chile e a costa oeste dos EUA. As
ondas de tsunami que atingiram o Japão alcançaram mais de 10 metros de
altura e percorreu mais de 10 km. As filmagens feitas do tsunami mostram seu
grande poder de devastação, no qual carros e casas eram levados pela água.
Várias instalações fabris tiveram focos de incêndio após o terremoto
Uma das mais graves consequências do terremoto foi o acidente
nuclear ocorrido na Central Nuclear de Fukushima I. A tsunami derivada do
sismo danificou o sistema de refrigeração dos reatores nucleares
superaquecendo-os e culminando em uma explosão gerada pelo aumento
excessivo da pressão interna. Com o perigo de vazamento de material
radioativo, houve um alerta de evacuação em um raio de aproximadamente 10
km da usina. Dentro da Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES), o
acidente foi classificado como de nível 7, o nível mais alto dentro dessa escala,
equivalente ao Acidente Nuclear de Chernobyl. Em um raio de 50 km foram
medidos níveis especvialmente perigosos de radioatividade e toda a produção
local de alimentos foi banida do mercado. A quantidade de isótopos radioativos
do iodo e do césio lançados pela explosão é de magnitude próxima a do
Acidente Nuclear de Chernobyl e também houve a detecção de plutônio no solo
próximo a usina. O nível de radiação dentro da usina chegou a ser 1000 vezes
maior do que o permitido e também houve vazamento de material radiotivo
para o mar, com níveis de radioativade até 100 vezes maiores que o permitido.
A primeira divulgação da Polícia Nacional do Japão contabilizou
apenas 60 mortos e 56 desaparecidos, mas os números após um mês da
31
tragédia chegam a 13.116 mortos e 14.377 desaparecidos, segundo a Polícia
Nacional do Japão. O número de desabrigados chega a 140 mil pessoas.
O plano de reconstrução do Japão, proposto pelo governo japonês e
empresas, foi estimado em 455,12 bilhões de reais. A primeira etapa do plano
consiste no trabalho de remoção dos escombros, auxílio aos desabrigados,
construção de 70 mil casas e reconstrução da economia local, e o custo total
avaliado desta primeira etapa é de mais de 75 bilhões de reais, mas alguns
políticos japoneses falam em 186 bilhões de reais.
O jornal Asahi Shimbun analisou dados divulgados pela polícia e
apontou que mais da metade das pessoas que morreram no tsunami tinha mais
de 65 anos. Este dado mostra a velocidade e surpresa com que o tsunami
atingiu o país, não havendo tempo para os idosos se locomoverem.
Dados geofísicos de empresas como a Geonet apontam que este
terremoto descolocou o Japão em 4 metros para o leste, além de ter deslocado
o eixo terrestre em 16,9 centímetros e acelerado em 1,8 milhonésimo de
segundo o movimento de rotação terrestre.
32
5. PESQUISA E ANÁLISE SOBRE A TEORIA DOS VALORES NOTÍCIA:
ANÁLISE DAS EDIÇÕES DO JORNAL NACIONAL
Existem no jornalismo diversas teorias que classificam os fatos a serem
noticiados com o intuito de determinar se aquele acontecimento irá despertar
ou não o interesse da audiência. Tais teorias são chamadas de Valor Notícia
ou Critério de Noticialbilidade e coincidem com a maioria das redações de
comunicação social.
O valor notícia é um conceito subjetivo que tenta se aproximar dos
valores institucionalizados anteriormente pelo inconsciente coletivo da
audiência. Dessa forma, o fato noticiado surge como um legitimador de tal
inconsciente, contribuindo positivamente para a veiculação do objeto
jornalístico.
Nesta monografia, faremos uso da tipologia do valor notícia
desenvolvida em 1965, pelos sociólogos Johan Goltung e Mari Holboe Huge.
Inicialmente, a teoria de divide em três critérios, a saber, Impacto, Empatia da
Audiência e Pragmatismo da Cobertura. Cada um deles se subdivide em outros
tópicos mais específicos, totalizando 12 critérios.
Existem no jornalismo diversas teorias que classificam os fatos a serem
noticiados com o intuito de determinar se aquele acontecimento irá despertar
ou não o interesse da audiência. Tais teorias são chamadas de Valor Notícia
ou Critério de Noticialbilidade e coincidem com a maioria das redações de
comunicação social.
DE ACORDO COM O IMPACTO
Amplitude - Quanto maior o número de pessoas envolvidas maior a
probabilidade de o evento ser noticiado.
Frequência - Quanto menor for a duração do evento menor a
probabilidade de ser relatado em notícia. Acontecimentos rotineiros podem ser
noticiados se tiverem interesse para um grande número de pessoas.
Negatividade - Notícias negativas são mais atraentes que as positivas.
Entre as más notícias há uma certa hierarquia de preferência do público.
Eventos envolvendo morte tem grande impacto junto à audiência. As mortes
33
por assassinato são as que mais atraem interesse. A morte pessoas influentes
também têm grande poder de atração da audiência.
Caráter inesperado - Eventos inesperados têm mais impacto do que
eventos agendados ou previstos.
Clareza - Eventos cujas implicações sejam claras atraem mais a
audiência do que eventos com mais de uma interpretação, ou cuja compreesão
exija conhecimentos acerca dos antecedentes ou contexto desse mesmo
evento.
DE ACORDO COM A EMPATIA COM A AUDIÊNCIA
Personalização - Eventos que possam ser retratados como ações de
indivíduos atraem um maior interesse midiático pela notícia em questão.
Significado - O critério está relacionado com a proximidade geográfica e
cultural que a ocorrência possa ou não ter para o leitor. Notícias sobre
acontecimentos, pessoas e interesses mais próximos da audiência terão um
maior significado para a mesma.
Referência a países de elite - Eventos relacionadas a países mais
poderosos têm maior destaque do que eventos relativos a países de menor
expressão política e econômica.
Referência a pessoas que integram a elite - Eventos que envolvam
pessoas de grande poder aquisitivo, influentes ou famosas recebem uma maior
cobertura noticiosa
DE ACORDO COM O PRAGMATISMO DA COBERTURA
Consonância - Segundo o critério da consonância, os jornalistas têm
esquemas mentais em que prevêem que determinado acontecimento pode vir a
ocorrer. Esta previsão tem a ver com a experiência e rotina do jornalista que
escolhe o que é noticiável em consonância com aquilo que tenha antevisto.
Assim se uma ocorrência corresponder às expectativas do jornalista terá
maiores probabilidades de ser publicada.
Continuidade - Depois de ser publicada, o evento adquire uma certa
inércia. Como a história já foi tornada pública existe uma maior clareza acerca
da mesma e, consequentemente, menor interesse.
34
Composição - A estruturação dos fatos noticiosos por seções, cadernos
ou blocos deve ser equilibrada. Assim a importância de um evento não
depende apenas do seu valor-notícia, mas também do seu valor face a outros
eventos.
5. 1. ANÁLISE DA EDIÇÃO DO JORNAL NACIONAL DE 11 DE
SETEMBRO DE 2001 DENTRO DOS PARÂMETROS DA TEORIA DOS
VALORES NOTÍCIA
5. 1. 1. De Acordo com o Impacto
5. 1. 1. 1. Amplitude
A cobertura dos Ataques Terroristas de 11 de setembro cabem
perfeitamente no critério da amplitude. Confirmou-se o número de 2.751
mortes, sendo uma causada por doença pulmonar, anos depois da tragédia,
devido à inalação da poeira que tomou conta do local.
O princípio morto-quilômero, no qual divide-se o número de vítimas
fatais por quilômetro de extensão atingido totaliza 3,43 vítimas por quilômetro².
5. 1. 1. 2. Frequência
O tempo estimado entre a colisão do primeiro avião Boeing com a Torre
Sul e a queda da Torre Norte, período que compreende ainda a queda da
Torre Sul e a colisão de um segundo Boeing com a Torre Norte, é de 86
minutos ou 1 hora e 26 minutos aproximadamente. O fato em si, ao contrário
dos desdobramentos posteriores e de suas implicações políticas, teve uma
duração relativamente curta, o que o tornou fácil de ser noticiado e transmitido
aos telespectadores, não exigindo grandes reflexões para ser assimilado pela
audiência. O Jornal Nacional, com intuito de “ilustrar” o ocorrido, exibiu uma
compilação dos momentos mais impactantes, as colisões e as quedas das
torres, o que tornou a veiculação da notícia ainda mais simples e objetiva.
35
5. 1. 1. 3. Negatividade
Por falta de informações confiáveis, o número exato de vítimas fatais
não foi citado na edição analisada. Foi informado o número de possíveis
atingidos, entre pessoas dentro dos edifícios e transeuntes dos arredores,
totalizando 20 mil pessoas envolvidas, feridas ou não. Posteriormente, órgãos
oficiais divulgaram o número de 2.750 vítimas fatais imediatas e uma vítima
fatal posterior.
5. 1. 1. 4. Caráter Inesperado
Não há dúvida de que um ataque terrorista é algo inesperado. Na edição
do JN anlisada, é exibido um trecho que mostra a reação do então presidente
dos Estados Unidos, George W. Bush, ao receber a informação de que “o país
estava sob ataque”. Apesar de, naquele momento, não haverem, ainda, provas
da autoria dos ataques, Osama Bin Laden, autor de outro ataque terrorista as
torres do World Trade Center em 1993, foi anunciado como suspeito em
potencial. Posteriormente a autoria foi confirmada pelo próprio terrorista
saudita, em vídeo divulgado numa rede de TV afegã. A legitimidade do vídeo
de confissão é, até hoje, questionada.
5. 1. 1. 5. Clareza
Para a população não norte americana, devido a descontextualização
política, imediatamente após a divulgação da ocorrência do atentado, houve
uma lacuna de incoompreensão e surpresa. É notável a preocupação da
redação do Jornal Nacional em contextualizar a audiência brasileira. O critério
da clareza é mais um argumento que fundamenta a necessidade do governo
norte americano em apontar um culpado o mais rápido fosse possível. Os
cidadãos daquele país estavam sedentos por esclarecimentos.
36
5. 1. 2. De acordo com a empatia com a audiência
5. 1. 2. 1. Personalização
Durante a análise da edição foi possível notar, não apenas por parte dos
meios de comunicação, mas também do governo americano, a necessdiade de
encontrar o autor dos atentados. Osama Bin Laden foi considerado suspeito
em potencial e todas as informações veiculadas posteriormente contribuiram
para legitimar tal versão. No quarto bloco da edição do Jornal Nacional, ao
instante 5’25, a correspondente Zuleide Silva chega a noticiar que um grupo
chamado Exército Vermelho Japonês assumira a responsabilidade pelos
ataques a um jornal da Jordânia, porém o envolvimento de Osama Bin Laden já
havia sido encorporado pela opinião pública fazendo com que a suposta
confissão do grupo japonês fosse tratada com ínfima importância. No instante
4’55 do mesmo bloco, a correspondente chega a dizer que tanto a CIA
(Agência Central e Inteligência) quanto o FBI (Departamento Federal de
Investigação) não tinham nenhuma pista concreta sobre quem seria o
responsável pelos ataques, que a atribuição deste a Osama Bin Laden ocorrera
através de meios não oficiais e justifica: “Apenas o bilionário saudita (Osama
Bin Laden) teria ousadia e recursos suficientes para organizar uma série de
atentados como este”. A personalização é tamanha que o nome de Osama Bin
Laden chega a ser mencionado sete vezes durante a edição, mas o grupo
liderado pelo terrorista e real autor dos ataques, a Al Quaeda, não é citado uma
vez sequer. Tudo isso indica a parcialidade da cobertura jornalística, sempre
favorável a posição norte americana.
5. 1. 2. 2. Significado
Fica bastante claro que a edição do JN foi inteira estruturada de forma a
criar uma identificação do telespectador brasileiro com as pessoas presentes
no momento da colisão das torrres. No primeiro bloco são entrevistados quatro
brasileiros, seus respectivos nomes e profissões são exibidos na tela e uma
narração em off faz uma breve contextualização de quem são, totalizando 60
37
segundos da edição. No mesmo bloco, são mostradas cinco pessoas falando
em inglês e aparentemente norte americanas, seus nomes não são
mencionados e suas aparições, juntas, totalizam apenas 20 segundos da
edição.
5. 1. 2. 3. Referência a países de elite
O consolidado poder político e econômico dos Estados Unidos
não é novidade para os meios de comunicação, tampouco para a audiêmcia. A
edição do Jornal Nacional é recheada de expressões que reafirmam essa
posição.
“A maior potência do planeta é alvejada pelo terror.”
“No mais importante centro financeiro do mundo, uma torre
queima depois de ser atingida por um avião.”
“Um acidente tão inimaginável, que imediatamente chamou a
atenção de todo o planeta.”
“O maior ataque terrorista da história da humanidade”
Todos os anúncios acima foram feitos pelos apresentadores
William Bonner e Fátima Bernardes antes que o telejornal completasse um
minuto de exibição.
5. 1. 3. De acordo com o pragmatismo da cobertura midiática
5. 1. 3. 1. Consonância
Em qualquer telejornal os editores chefes estão
instrinsecamente subordinados aos interesses das emissoras, as quais detêm
o poder de escolher o que irá ser noticiado ou não, e, quais fatos terão
destaque na programação.
Na cobertura jornalística não é raro se notar parcialidade
durante a exibição dos fatos. Na edição analisada, a linha editorial se mostra
claramente favorável a causa norte americana, sempre insistindo em mantê-
los na posição de vítimas do atentado, e apesar de nem sempre terem seus
38
nomes citados na na barra de informação, os norte americanos tem rosto, voz
e opinião.
Já a cultura árabe é irresponsavelmente generalizada e restrita
ao estereótipo de vilã da situação. São mostratos como uma massa de opinião
homogênea e sequer são inseridos num contexto político econômico.
Aos 15’05 do primeiro bloco, quando o apresentador William
Bonner informa a ocorrência de bombardeios em Cabul, capital do Afeganistão
as imagens são estratégicamente mostradas a partir de um ponto distante
dando a impressão de que o bomabardeio aconteceu num deserto e não teve
vítimas, o que não corresponde a realidade.
Logo depois, nesse mesmo bloco é possível notar uma
mudandaça na tonalidade da fala da repórter Zileide Silva ao afirmar que os
Estados Unidos não tiveram qualquer participação nos bombardeios.
5. 1. 3. 2. Continuidade
A cobertura jornalistica dos atentado de 11 de setembro,
mesmo com abrangência e e implicações políticas extraordinárias,
gradativamente obteve menos interesse do público, e, apesar do elevado rítimo
de divulgação de informações imediatamente após sua ocorrência, nas
semanas seguintes passou a ocupar cada vez menos espaço na programação
do Jornal Nacional.
Recentemente, os ataques voltaram à tona na mídia, devido a
captura e assassinato do terrorista Osama Bin Laden em 1 de maio de 2011,
pelas forças armadas norte americanas.
5. 1. 3. 3. Composição
Praticamente toda a edição do dia 11 de setembro de 2001 do
Jornal Nacional foi dedicada a noticiar os atentados terroristas ao World Trade
Center. As demais notícias foram compiladas e exibidas no quarto bloco em
menos de cinco minutos (quatro minutos e 35 segundos precisamente).
39
5. 2. ANÁLISE DA EDIÇÃO DO JORNAL NACIONAL DE 11 DE
MARÇO DE 2011 DENTRO DOS PARÂMETROS DA TEORIA DOS VALORES
NOTÍCIA
5. 2. 1. De Acordo com o Impacto
5. 2. 1. 1. Amplitude
No caso da tragédia japonesa, os números são impressionantes: o abalo
marcado em 8,9 graus na escala Richter (o sétimo maior da história), seguido
por ondas de altura superior a 10 metros, provocaram mais de 11 mil mortos
(6.692 em Miyagi, 3.264 em Iwate e 990 em Fukushima), quase 18 mil
desaparecidos e 200 mil refugiados, o que configura a pior crise do Japão após
a Segunda Guerra Mundial. Houveram também pelo menos 18 mil casas
destruídas e mais de 130 mil edifícios danificados. Esses dados confirmam a
certeza de noticiação do fato, prireiramente, pelo número altíssimo de mortos,
além da proximidade da destruição à capital do país, Tóquio, onde houveram
pequenos abalos posteriores ao principal terremoto. Os primeiros números são
divulgados logo na primeira matéria da série de reportagens a respeito do
terremoto exibidas pelo Jornal Nacional, e gradativamente atualizados e
reportados pelos jornalistas, para reforçar a amplitude da notícia e prender a
atenção do leitor.
5. 2. 1. 2. Frequência
No quesito frequência, ocorre um paradoxo. O tempo de duração do
terremoto foi relativamente curto, geralmente de 1 a 2 minutos. Além dos
sismógrafos terem apontado o terremoto um minuto antes dele acontecer, um
alerta de tsunami foi enviado a toda a costa do nordeste japonês, com intervalo
de mais de uma hora, incluindo 50 países e territórios banhados pelo oceano
pacífico, dentre eles, o Havaí e a costa oeste das Américas. Visto isso, tem-se
uma sequência: um evento que ocorreu em minutos (terremoto) deu uma brexa
de uma hora para outro evento instantâneo (tsunami).
40
Na edição do JN, assim como no 11 de semtembro, ocorreu uma
compilação com as imagens mais marcantes da tragédia, que podem ser
facilmente compreendias pelo telespectador, porém, a parte da frequência do
fato, incluindo seus desdobramentos, o que se sobressaiu nessa cobertura, foi
a amplitude.
5. 2. 1. 3. Negatividade
Este critério de valor notícia se encaixa perfeitamente à notícia japonesa.
Foi uma notícia catastrófica, que envolveu muitas mortes e destruição. Nesse
caso, pelo fato do ocorrido ter uma amplitude enorme, como citado acima, a
sensibilidade do espectador ficou ainda mais apurada, do que uma possível
morte por assassinato, ou até mesmo a morte de uma personalidade, como
vale salientar a atenção dada à morte de Michael Jackson em 2009. Durante o
primeiro dia de noticiação do fato pelo Jornal Nacional, os apresentadores já
enfatizavam a negatividade do fato, como forma de impactar, e atrair ainda o
telespectador a exibição da notícia. Logo na introdução ao assunto, Willian
Bonner diz que vilarejos inteiros foram devastados pelo tsunami, seguido por
Fátima Bernardes que reitera dizendo: ‘não é possível saber quantos NÃO
conseguiram escapar’. E durante a reportagem seguinte a essas falas o autor
dela, Roberto Kovalic, inicia sua narração dizendo: ‘Uma imagem
impressionante’, e ao longo das imagens ele narra: ‘bairros inteiros nessa
região foram varridos em minutos’, além de durante toda a exibição há a
repetição do termo ‘mais devastação’.
5. 2. 1. 4. Caráter Inesperado
Apesar de os japoneses terem previsto que após o terremoto, haveria
risco de tsunami, e por isso, mandaram alertas de evacuação das áreas de
risco, o estrago causado pelas ondas, jamais seria esperado com a proporção
que teve. Além do próprio terremoto, que mesmo em meio a tanta tecnologia
não pode ser detectado com antecedência necessária, a força do maremoto, e
em consequência a destruição e o vazamento nuclear, trazendo dúvidas e
41
receios quanto a proporção da radiação, foram fatos totalmente inesperados,
que só culminaram no aumento da noticiabilidade.
5. 2. 1. 5. Clareza
O terremoto é um fator claro a todos, independente da cultura, pois a
noticiabilidade não mudou nada acerca dos terremotos anteriores de mais
impacto no Chile e Haiti. Desde o primeiro dia de exibição da noticia, havia uma
matéria exclusiva, para explicar os componentes de um terremoto e de um
tsunami, no caso japonês, chegando até, a explicitarem a origem do termo
‘tsunami’. Fica claro, que apesar dos diferentes caminhos após o ocorrido, seja
político, economico ou humano, o obejtivo é voltar a estabilidade anterior, logo,
aos olhos da maioria do publico que absorve apenas o fato em ambito geral,
pouco procura mais de uma interpretação para o que a noticia traz pronto. E,
como dito acima, que as causas naturais independem de antecedentes (por
possuirem carater inesperado), e o contexto do país é apresentado o
necessário pelo Jornal Nacional, durante o processo de noticiação, o que
define a clareza da noticia.
5. 2. 2. De acordo com a empatia com a audiência
5. 2. 2. 1. Personalização
No caso da tragédia japonesa a personalização é uma questão
polêmica. Apesar da tragédia ter tido uma causa natural, e poder ser explicada
pela ciência, durante as entrevistas que envolviam a construção do trabalho,
inumeros relatos apontaram culpados para o ocorrido. Dentre os mais citados
está o homem, com suas impiedosas ações à natureza, seguido por Deus
como autor da tragédia, forma de castigar e homem, e, por fim, a própria
natureza, que personificada, teria manifestado sua insatisfação perante à
exploração humana. Porém durante a cobertura jornalística do telejornal, as
informações são dadas de forma extremamente impessoal, e assim, não
42
pendem para um culpado, apenas descrevem os fatos, como ocorreram,
através de resgates históricos e explicações científicas.
5. 2. 2. 2. Significado
Mais de 20.000 km separam Brasil e Japão, porém além de todos os
veículos que noticiaram a tragédia, o Jornal Nacional, foi até o bairro da
Liberdade, em São Paulo, para aproximar ao máximo o sofrimento da nação, à
ótica brasileira. Por concentrar mais da metade dos descentes diretos de
japoneses no Brasil (no total são 1,5 mi) em São Paulo, a equipe no Jornal, foi
até lá, para procurar casos específicos de famílias aflitas que possuem
parentes no Japão, atrás de informações e situação do ente. Além de São
Paulo, a equipe mostra famílias do Paraná, Belo Horizonte e Belém que estão
na mesma situação de desespero atrás de noticias de seus familiares. O
interessante é que durante essa especificação de pessoas, acontece a análise
de casos bem pessoais ocorridos com esses parentes, que reduzem o todo do
fato, e mostram as consequencias da tragédia para as pessoas narradas,
deixando de lado os prejuízos da nação, ou seja, o apelo emotivo é extremo
nessa abordagem da notícia, e garante a audiência e empatia do publico
expectador.
Ainda na busca da comoção de quem assiste, na edição de 11 de
março, a equipe se desloca à Londrina, no Paraná, com o objetivo de mostrar
uma festa de comemoração da colonia japonesa, que acontecia
simultaneamente aos efeitos colaterais do maremoto. O correspondente Wilson
Kirsche narra mais uma vez os casos das famílias em busca de notícias de
seus parentes brasileiros. Essa busca por empatia se extende pelas próximas
edições.
5. 2. 2. 3. Referência
A psicologia de noticiabilidade chega e ser irônica. Dez anos depois do
atentado terrorista nos Estados Unidos, em que foi usado essa referência a
países de elite, novamente, o critério não muda nada. O Japão ocupa no
43
cenário mundial o posto de um país exemplo. Referência em tecnologia,
expectativa de vida, organização, determinação, grande poder político e
destaque econômico apesar de sua situação geográfica. Na edição não há
grande sensacionalismo para exaltar a potência do país, como foi no caso dos
norte-americanos, mas o que a edição não deixa de citar é a ajuda que os
japoneses receberão dos países de elite, como do próprio Estados Unidos,
para se reconstruir. Propositalmente isso é exposto para mostrar ao expectador
os jogos políticos e econômicos por trás das boas ações e dimensionar a
importância do fato, pelo envonvimento de países importantes no caso. Sobre o
Japão apenas é dito: ‘Mesmo num dos países mais desenvolvidos do mundo,
ainda há muitas informações desencontradas ou não confirmadas’.
5. 2. 2. 4. Referência a pessoas que integram a elite
Não houve uma história específica, mas durante a reportagem é citado o
parlamento japonês que estava em reunião no momento do terremoto, e a
reação do primeiro ministro, Naoto Kan, perante ao tremor, que foi deixar o
local. Reapareceu tempo depois em declaração para tranquilizar a população.
5. 2. 3. De acordo com o pragmatismo da cobertura midiática
5. 2. 3. 1. Consonância
Podem-se citar dois exemplos a respeito dessa previsibilade jornalística.
O primeiro, mais óbvio, que são os desdobramentos políticos, econômicos e
humanos da tragédia num olhar mais apurado, informado e experiente, que
pode vir a revelar ao jornalista fatos na iminência de explodir, assim,
aumentando sua noticiabilidade. O segundo exemplo, mais aplicável, é o do
reator nuclear de Fukushima, que no primeiro dia de exibição da tragédia pelo
JN, no dia 11 de março, teve pouco destaque, e a possível previsibilidade do
jornalista em relação a esse assunto, rendeu que o fato tivesse ganhado um
destaque proporcionalmente maior nos dias seguintes da cobertura.
44
5. 2. 3. 2. Continuidade
O fato era autossuficiente. Devido as suas vertentes inevitáveis, não foi
necessário que surgissem novidades, era preciso apenas acompanhar o
processo de reconstrução das províncias japonesas, dia após dia. O
interessante é que as reportagens sobre o assunto vão diminuindo dia após
dia, sendo substituida por outras, como aponta a definição de continuidade. No
dia da tragédia dez repostagens foram exibidas, no segundo dia caem para
nove, no terceiro para sete. Atrelado ao conceito de consonância no quarto dia
de exibição voltam a ser dez reportagens, quase que exclusivamente tratando
do reator e da usina nuclear. No quinto dia são cinco reportagens, no sexto,
seis; uma semana depois da tragédia, apenas três notícias e a patir do dia 19
de março, com a visita de Michele e Barack Obama ao Brasil, as reportagens
se diluem por completo. A partir do dia 21 de março aparecem uma ou duas
reportagens sobre o assunto, dividindo espaço com os conflitos no Oriente
Médio, e as enchentes espalhadas pelo Brasil, devido as fortes chuvas de
verão, e no dia 31 de março o jornal passa sem exibir absolutamente sobre o
assunto. O ponto é que o país continua a passar por dificuldades de
recuperação, mas o caso ja caiu no esquecido, ofuscado por acontecimentos
mais noticiáveis.
5. 2. 3. 3. Composição
Este é um tópico que democratiza a noticiabilidade. Pois é justo que
apesar do terremoto e do tsunami terem sido acontecimentos extremamente
marcantes, existem outras coisas acontecendo ao redor do mundo, que
também possuem valor notícia para serem publicadas ou expostas. Trazendo
esse contexto para o Jornal Nacional, o conceito fica ainda mais aplicável, se
tratando do telejornal de maior audiência no país, exibido em horário nobre.
Não é coerente que o Jornal fique num mesmo acontecimento por muitos dias,
deixando de lado outros acontecimentos. Isso abrange a questão da audiência,
desencadeada pelo desinteresse do espectador, que deve, e quer se manter
informado sobre todos os assuntos.
45
6. ANÁLISE DO DISCURSO
6. 1. ATAQUES AO WORLD TRADE CENTER E AO PENTÁGONO:
ORDEM DAS REPORTAGENS
Imagens que aparecem ao lado nos apresentadores na bancada:
mapa dos Estados Unidos com a demarcação de uma mira de uma arma
(simulação da nação americana sob ataque), torres do World Trade Center
atingidas e labaredas de fogo, foto de Jader Barbalho, senador brasileiro à
época da edição e de Gustavo Kuerten, tenista brasileiro.
1) Correspondente Edney Silvestre: explicação cronológica da sucessão
dos choques dos aviões, os depoimentos de pessoas desesperadas e
esbaforidas, o desespero demonstrado com imagens de pessoas se
jogando dos prédios em chamas, as indagações a respeito do primeiro
choque e a confirmação com o segundo, a confirmação daquilo de que
mais tinha medo: aquilo era sim proposital, mas ainda não se tinha
certeza da autoria, não se dava um tom de atentado terrorista, a
sucessão das quedas das torres, as dificuldades da polícia e dos
bombeiros. Em entrevista de especialista brasileiro fazendo turismo em
Nova York, aparece a especulação, não oficial, de que o choque dos
aviões não teria sido capaz de derrubar as torres, chegando a suspeitar
da existência de bombas de implosão. Mas é quando a reportagem toma
outra guinada e demonstra como o choque e o fogo teriam sido capazes
de enfraquecer as estruturas dos prédios. E no final, o histórico de
atentados em território americano;
2) Apresentador William Bonner: da bancada, Bonner relata os dados
principais sobre o WTC, os dados sobre sua construção, localização e
dependências, o número de pessoas que ali trabalhavam. Mostra-se um
infográfico sobre as localizações geográficas na região sul da ilha de
Manhattan, onde estavam as torres. Na conclusão, retoma-se o ataque
ao seu estacionamento em fevereiro de 1993. Nessa oportunidade é
feita, pela primeira vez, menção ao “terrorista mais procurado do mundo,
Osama Bin Laden”, de acordo com as palavras de Bonner;
46
3) Correspondente Fernando Silva Pinto: agora começa-se a tratar do
choque do avião no Pentágono, em Washington D.C. Para entender as
dimensões do fato, começa-se pela explicação da engenharia do prédio,
sua função e seu funcionamento, ou seja, como seus funcionários
trabalham, a estratégia de evacuação e o início da compreensão do
significado dos atentados, como notamos pela frase do correspondente:
”Não só a violência do ataque e a tragédia que ele provoca assustam os
americanos. A simbologia é muito forte também. O coração das forças
armadas foi atingido. A capital desse país é muito mais vulnerável do
que os cidadãos podiam imaginar.” Diante desse clima de imprevisto,
aparece o discurso do “de medo e incerteza” e, ainda mais, um discurso
que perduraria ainda por muito mais tempo: o discurso de que, a partir
de então, era necessário que se fizesse justiça. Que se fizesse justiça
americana. Só não se sabia ainda justiça contra quem.
4) Correspondente Zileide Silva: de Nova York, a repórter traz o
sentimento da população novaiorquina, que, pela reportagem, era de
incredulidade em relação à vulnerabilidade da qual os norte-americanos
não esperavam jamais sofrer. Fala-se sobre os detalhes sobre os aviões
seqüestrados, que vetores dos atentados. Eram dois da American
Airlines: o que ia de Boston a Los Angeles e se chocou com a primeira
torre e o que ia de Washington D.C. a Los Angeles e atingiu o
Pentágono, e dois da United Airlines: um que partiu de Boston em
direção a Los Angeles e atingiu a segunda torre e outro, que caiu na
Pensilvânia. Aparece o relato gravado, via celular, de uma das
passageiras de um dos voos: “Estamos sendo sequestrados e os
sequestradores estão com facas ou punhais”. E a reportagem acaba
com a situação dos aeroportos nos Estados Unidos, as tentativas de
proteção do território norteamericano e o fechamento do prédio da ONU,
da NASA e dos parques da Disney na Flórida;
5) Correspondente Heloísa Villela: de Nova York, a repórter traça o perfil
do saudita Osama Bin Laden e fala de seu envolvimento com os
atentados a embaixadas norte-americanas na África, na Arábia Saudita
e a um Destroyer americano. Na reportagem, aparecem imagens do
47
terrorista nos arquivos da emissora, além de imagens do atentado ao
edifício do governo de Oklahoma, cujo principal suspeito era Bin Laden,
até se comprovar que o autor do atentado era, na realidade, um norte-
americano. Com imagens feitas no Peru, onde encontrava-se Collin
Powell, secretário de Estado norte -americano, é mostrada sua
declaração, em que diz: “Eles podem destruir edifício e matar pessoas,
mas nunca matarão a democracia”. E sobre esse discurso que a ideia de
justiça feita pelos norte-americanos começa a ser construída e
defendida;
6) Apresentador William Bonner: da bancada, Bonner comenta o
bombardeio noturno a Cabul, capital do Afeganistão, e esclarece que tal
bombardeio não fazia parte da resposta militar norte-americana,
havendo suspeitas de que a autoria pertencesse à oposição ao Talebã
em território afegão. Enquanto Bonner narra, aparecem imagens
noturnas fornecidas pela CNN. Como toda imagem de guerra ou ataque
aéreo durante a noite, a imagem servia sequer para ilustrar;
7) Correspondente Zileide Silva: ao vivo, dos escritórios da Rede Globo
em Nova York, Zileide confirma o não envolvimento dos Estados Unidos
nos ataques a Cabul, a que Bonner se referira. Zileide anuncia a queda
de um prédio, vizinho ao World Trade Center, que, de acordo com o que
ela diz, com “as torres e outros cinco edifícios formavam o principal
complexo econômico aqui de Nova York”. Fala-se sobre os escombros e
as buscas por vítimas e por sobreviventes, além da indefinição do
número de vítimas e da suspeita de que o número de mortos possa
chegar a dezena de milhares;
8) Correspondente Arnaldo Duran: de Nova York, o correspondente fala
de como foi o dia do presidente George W. Bush. O presidente recebera
a notícia enquanto participava de atividade em sala escolar, fizera um
pronunciamento e uma oração à população, diz voltar à capital, mas,
depois de ficar desaparecido durante boa parte do dia, reaparece em
uma base militar no estado de Luisiana, fizera um discurso em que
enfatizava a ideia de liberdade atacada, de caça aos responsáveis e de
aplicação se esforços sem medidas e, finalmente, reaparece em
48
Washington no fim do dia. Duran também fala do dia da primeira-dama
Laura Bush, que, após um pronunciamento em defesa da garantia de
segurança às crianças de seu país, também teve seu paradeiro e o de
suas filhas não revelado pela Inteligência Americana;
9) Apresentadora Fátima Bernardes: da bancada, Fátima discursa sobre
a derrubada do que o Jornal Nacional decidiu chamar de uma “verdade
incontestável. Até hoje o mundo considerava o sistema de segurança
americano, praticamente, inviolável.” e narra o plano de defesa e de
segurança que os Estados Unidos haviam traçado em maio daquele
ano. Em tal plano, ficava estabelecido que Irã, Iraque e Coreia do Norte
seriam os novos inimigos. Além disso, Fátima relata a palavra de
especialistas sobre a conjuntura política e estratégica norte-americana a
partir de então, além de ressaltar como ficava a situação aérea norte-
americana, uma vez que, esperando ser atacados por mísseis, o ataque
de aviões comerciais não estava previsto pela segurança da potência;
10) Correspondente Jorge Pontual: de Nova York, Pontual trata da
situação da cidade e define “o clima em toda a cidade era de guerra”.
Desde o trânsito até a circulação de pessoas que tentavam se refugiar.
As imagens demonstram as tentativas da Polícia em organizar a
situação; os bancos e as Bolsas de Valores fechadas; as escolas, que
retiveram as crianças; as comparações que as pessoas nas ruas faziam
com o ataque japonês à base norte-americana a Pearl Harbor. Pelas
falas das pessoas, transmitia-se o sentimento das pessoas de ver Nova
York como sua casa. Pela reportagem também cruzam relatos do
espírito de cooperação dos policiais e das filas nos bancos de sangue.
Pontual também mostra o caso das pessoas que não conseguiam
chegar a suas casas por falta de transporte; o caso dos sobreviventes
que conseguiram abandonar as torres a tempo de se salvarem;o caso
dos que acharam que o tremor dos choques dos aviões eram um
terremoto. Nos depoimentos, aparece a compaixão dos sobreviventes
pelos amigos que morreram, além da entrevista com um norte-
americano que fala português e conta o que viu. Aparecem imagens de
Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York, que escapou da tragédia e
49
ainda fez discurso “Nova York e a América são mais fortes que esses
bárbaros terroristas. A democracia vai prevalecer”. Novamente, o
discurso da democracia, previamente mencionado por Collin Powell;
11) Repórter Flávio Fachel: do Rio de Janeiro, Fachel mostra a
situação dos aviões e dos aeroportos brasileiros como reflexo dos
atentados em que estiveram envolvidos aviões, além de anunciar o
cancelamento de voos aos Estados Unidos, partindo do Brasil. Na
reportagem, aparecem os depoimentos da tripulação e de alguns
passageiros, sejam os que iam fazer turismo ou visitar parentes. Nesse
cenário, prevalecia a indefinição das decisões tomadas pelas
companhias. Já em relatos de outros passageiros, faz-se menção à 3ª
Guerra Mundial, a indefinição da Infraero (Empresa Brasileira de
Infraestrutura Aeroportuária) e de companhias aéreas em relação à
retomada dos horários de voos, a situação pelos aeroportos do país,
além dos depoimentos de pessoas que desistiram de viajar, inclusive
para lugares como a Europa;
12) Correspondente Zileide Silva: ao vivo, Zileide fala da tentativa
de uma retomada à normalidade e dos problemas que os novaiorquinos
apresentavam com a telefonia e com o funcionamento do metrô. Para o
dia seguinte, Zileide fala do apelo do prefeito Giuliani para que as
pessoas não viessem a Nova York e da situação das escolas católicas e
públicas, que permaneceriam fechadas;
13) Repórter Ernesto Paglia: a reportagem começa pela
contextualização da saída dos Estados Unidos da Conferência sobre
Racismo e Xenofobia, da ONU, como protesto contra definição da
Conferência em considerar Israel um Estado racista. Depois, aparecem
as comemorações de civis em ruas da Palestina, citando referências a
Alá e a imagens de mulheres vestindo burca. Seguem declarações do
embaixador talebã no Afeganistão em condenação aos ataques, os
pêsames de Yasser Arafat, então líder da Autoridade Palestina, ao
presidente Bush e ao povo norte-americano. Então, aparecem os
comentários de Mounir Safatli, jornalista que mora no Oriente Médio,
região onde os países apresentavam medidas que revelavam medo em
50
relação à represália norte-americana. Nessa oportunidade, outro
especialista defende que muçulmanos pacíficos, que, obviamente, são a
imensa maioria, não merecem sofrer as represálias aos terroristas;
14) Apresentadora Fátima Bernardes: da bancada, Fátima fala do
decreto de Ariel Sharon, que decidiu pelo luto de Israel em homenagem
aos que morreram nos atentados, decidindo também pelo fechamento
das fronteiras com o Egito e com a Jordânia. Também é anunciado o
cancelamento de viagem do Ministro da Defesa israelense aos Estados
Unidos;
15) Repórter Alberto Gaspar: em visita a uma mesquita em São
Paulo, Gaspar acompanha a citação ao Alcorão por uma autoridade
islâmica. Tal autoridade fala sobre assassinato e culpa e chama o
episódio de “ato criminoso”. Gaspar visita também a casa de um
militante palestino, onde estão o dono da casa e um judeu. Os dois
fazem parte de uma organização que prega a paz entre os dois povos
(israelense e palestino) e a defesa de que a força não é capaz de
garantir a defesa mundial. Gaspar entrevista também um representante
da juventude islâmica no Brasil, que teme que o preconceito a
muçulmanos causado pelos atentados e defende a condenação somente
de quem praticou. São transmitidas também as declarações de Henry
Sobel, liderança judaica no Brasil, em que defende: “As boas relações
entre a comunidade judaica e a comunidade muçulmana no Brasil vão
continuar sendo relações de respeito mútuo e cordialidade. Não vamos
importar terror para o Brasil.”;
16) Correspondente Marcos Losekann: de Londres, Losekann trata
dos reflexos dos atentados no Reino Unido. Ele fala sobre a sua
pontualidade britânica e de como ela foi abalada pelos atentados, do
funcionamento de seus bancos e Bolsas de Valores, além do medo no
país que, segundo ele, estaria em segundo lugar na preferência para um
futuro ataque terrorista. As imagens demonstram ruas, prédios públicos
e metrôs vazios. Trata-se, então, da explicação diplomática da tensão;
“Hoje, essa amizade histórica deixou os cidadãos daqui com a sensação
de que Londres poderia ser o próximo alvo.” O medo, o pavor, uma nova
51
menção à 3ª Guerra Mundial e a pena pelas pessoas é o que aparece
no discurso dos londrinos entrevistados. Na matéria de Losekann
aparecem pronunciamento oficiais das principais autoridades européias:
O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, demonstrou solidariedade, O
presidente da França, Jacques Chirac, falou em monstruosidade. Da
Rússia, o então presidente Vladimir Putin fala em “tragédia terrível”. Já o
chanceler alemão, Gerard Schroeder fala em terrorismo. O Secretário
Geral da OTAN, George Robertson menciona combate, e a cúpula da
União Europeia conclama reunião de emergência. A matéria finaliza com
os detalhes do reforço na segurança de embaixadas norte-americanas
na Europa;
17) Declarações do chanceler brasileiro sobre o novo cenário
geopolítico mundial, as mudanças no funcionamento do sistema, a
compreensão do momento como decisivo, a incompreensão, os efeitos e
a mudança na diplomacia, a seriedade do evento, o alcance do ocorrido
na vida das pessoas. Além da previsão de professores de Política
Internacional sobre papel dos países e a descentralização de poder,
algumas estimativas a respeito da resposta militar americana, a escolha
de países como Iraque e Afeganistão como vítimas ou futuros inimigos,
o medo de uma ameaça nuclear, o fim do isolacionismo norte-americano
desde o início do governo Bush, naquele ano, além das perspectivas
para as novas relações dos Estados Unidos com o mundo;
18) Correspondente Zileide Silva: ao vivo, a repórter mostra
imagens ao vivo da cidade e atualiza as informações sobre brasileiros no
local das tragédias, fala dos brasileiros que trabalhavam no World Trade
Center, mas que sobreviveram, pois estavam atrasados para o trabalho
naquele dia, e a ausência de uma lista oficial de sobreviventes;
19) Repórter Giuliana Morrone: de Brasília, Giuliana relata as
negociações políticas do PMDB com Conselho de Ética em “protelar a
tramitação do requerimento de informação”, conforme declarações do
relatório, contra o senador Jader Barbalho, acusado de ter recebido
recursos desviados do Banpará,
52
20) Repórter Caco Barcellos: de Campinas, Barcellos acompanha o
velório e enterro de prefeito, Antonio da Costa de Santos, do PT. Na
noite anterior, o prefeito fora baleado após sair de um shopping. Na
ocasião do cortejo, estavam presentes autoridades do partido, como o
senador Eduardo Suplicy e Lula, e o governador paulista Geraldo
Alckmin. São declaradas as hipóteses da polícia e a de que o prefeito
fizera denúncias sobre corrupção, sugerindo um acerto de contas com
os denunciados;
21) Apresentadora Fátima Bernardes: da bancada, Fátima noticia a
morte do empresário José Ermírio de Moares Filho, presidente do
conselho de Administração do Grupo Votorantim, aos 75 anos;
22) Previsão do tempo com Fabiana Scaranzi;
23) Apresentador William Bonner: da bancada, Bonner relata a
participação do tenista Gustavo Kuerten no Torneio de Tênis da Bahia,
em que foi derrotado pelo brasileiro Flávio Sareta;
24) Correspondente Zileide Silva: ao vivo, a repórter fala das
investigações e da atuação da CIA e do FBI. Surge novamente a
insinuação da autoria dos atentados: “Só o bilionário saudita teria
ousadia e recurso suficientes para organizar uma série de atentados
como esses.”, diz Zileide. Também menciona declarações da Agência de
Notícias espanhola EFE sobre parte de Exército Vermelho Japonês ter
assumido a autoria dos ataques, em resposta aos ataques nucleares
norte-americanos a Hiroshima e Nagasáki. Zileide também anuncia que
as investigações sobre os atentados passariam a ser responsabilidade
do escritório do FBI em Nova York, por ser esse, segundo as palavras
de Zileide, mais eficiente que o escritório da capital nacional. Também
declara que as companhias aéreas confirmaram ter encontrado todos os
demais aviões que estavam desaparecidos naquele dia;
25)Repórter William Wack: de São Paulo, o repórter fala sobre o impacto
dos atentados sobre as bolsas de Nova York nos Estados Unidos, no
Brasil e em outros países, resultando nas baixas e maiores quedas em
inúmeras delas em anos. Wack fala do fechamento do Ibovespa por
causa de quedas maiores que a da desvalorização do real em 1999.
53
Isso explica-se pelas falhas técnicas, que forçaram o fechamento pelo
bem dos investidores. Analisam-se a alta do dólar, o cancelamento de
leilões de títulos públicos brasileiros, a elevação do preço do barril de
petróleo e do preço do ouro. Segundo especialista, por qualquer crise
que o mundo sofresse não deveria ser posta culpa nos atentados. “A
economia americana está em processo de desaceleração e isso pode
até chegar a uma recessão. Mas não será por causa dessa tragédia. Na
verdade, a economia é muito mais robusta e não é um acidente, um
ataque terrorista, que vai mudar grandes tendências e movimentos
profundos que estão ocorrendo no mundo.”, diz o especialista;
26)Repórter Heraldo Pereira: a reportagem trata da situação da
embaixada (em Brasília) e dos consulados (no Rio de Janeiro, de São
Paulo e do Recife) norte-americanos no Brasil, do reforço no
policiamento, da situação de preocupação também na embaixada
israelense. Heraldo fala da situação dos aeroportos brasileiros, da nota
do Itamaraty ao condenar o atentado, da preocupação do presidente
Fernando Henrique Cardoso, sua carta ao presidente e ao povo norte-
americanos de solidariedade e de repúdio. Na reportagem, é
mencionada a situação do consulado brasileiro em Nova York. FHC,
então, faz previsões sobre o que pode acontecer ao mundo e as
influencias disso sobre o Brasil. Heraldo mostra a reunião presidencial
com os ministros, e, posteriormente, com o Conselho de Defesa
Nacional, cujas pautas seriam as discussões de como proteger os
cidadãos americanos no Brasil;
27) Repórter José Roberto Burnier: entrevistas com os brasileiros
envolvidos na tragédia, ou melhor, com seus familiares tentando
estabelecer contato com eles, nos Estados Unidos. Burnier retrata a
situação das operadoras de telefonia e mostra relatos de alguns
brasileiros em Nova York: um brasileiro recém chegado a Nova York
conta de seu susto, um advogado brasileiro que viajava com sua família
e, por coincidência, decidiu não pegar um dos voos que foram
sequestrados, um corretor de seguros que trabalhava no 25º andar da
primeira torre atingida, que conseguiu escapar, fugindo pelas escadas
54
de incêndio. Aparecem relatos de cheiro de fumaça e combustível no
local, além da menção de graças a Deus;
28)Repórter Roberto Kovalick: de Brasília, Kovalick detalha o esquema
de plantão do Itamaraty para prestar atenção e assistência a familiares
de brasileiros nos Estados Unidos. Fala também da previsão de dois
dias para que ficassem prontas as listas oficias e do plantão de pessoas
no consulado, além de informar sobre um serviço de informações 24
horas de Brasília. Mesmo assim, ainda estavam indefinidas as
condições sobre os mais de 800 mil brasileiros que estavam nos
Estados Unidos e os 300 mil que vivam em Nova York;
29)Correspondente Zileide Silva: em sua última entrada ao vivo, Zileide
anuncia a decisão da Casa Branca pelo pronunciamento de Bush e
adianta algumas falas do discurso, como “Os EUA já foram testados
várias vezes. Sempre venceram” e os pedidos do presidente pelo
retorno à normalidade. Zileide versa sobre a lotação de hospitais em
Nova York, sobre as decisões da United Airlines em liberar dinheiro para
os familiares das vítimas. Também informa que um grupo de oposição
ao Talebã assumiu a autoria das explosões em Cabul. Durante a
transmissão, Zileide confirma ter recebido informações de que a
Inteligência Americana interceptara mensagens de Osama Bin Laden a
respeito dos ataques e finaliza sua participação no telejornal;
30)O Jornal Nacional apresenta uma sequência de imagens daquele dia e
resume com a frase de Fátima Bernardes: “Imagens de filme e que
gostaríamos de ver, tão somente, nas telas de cinema!”;
31)No encerramento, o telespectador é convidado a acompanhar a
programação da emissora, pois, em breve, seria transmitido o
pronunciamento do presidente George W. Bush. Já para novas
informações, o telespectador era convidado a acompanhar o Jornal da
Globo;
6.2. TERREMOTO E TSUNAMI NO JAPÃO, ORDEM DAS
REPORTAGENS
55
Imagens no painel de fundo do estúdio: o mapa do Japão com
simulação de emissão de ondas, bandeira trêmula do Japão, imagem de
sismógrafo em movimento sobre uma terra rachada, bandeira dos Estados
Unidos e mapa da Líbia com bandeira trêmula, além do logotipo do Jornal
Nacional e demais oportunidades em que não aparece imagem alguma.
1) Correspondente Roberto Kovalick: painel geral dos acontecimentos,
horários e localização da tragédia, mapas, histórico da criação da escala
Richter, histórico mundial de terremotos, a situação geral do país e de
sua população, grande acervo de imagens, disponibilizo por particulares,
que gravaram a tudo com seus aparelhos celulares;
2) Correspondente Roberto Kovalick: depois de explicar sobre os
terremotos, chega a vez de falar sobre a tsunami no nordeste do Japão,
utilizando-se de imagens de agências internacionais e de emissoras
japonesas, além de imagens aéreas, feitas de helicópteros;
3) Entrada ao vivo do correspondente Roberto Kovalick: tem-se a
primeira atualização de informações, quando surge, pela primeira vez, a
preocupação com a questão das usinas nucleares. Aparece frase do
tipo: “pequeno vazamento de gás radiativo”. E estabelece-se uma
conexão com o acidente nuclear em Chernobyl na Ucrânia, quando
William Bonner diz “o fenômeno natural mais registrado por câmeras da
História”. Não fosse a preocupação com os resultados de um vazamento
de material radiativo, o vazamento em Chernobyl completaria aniversário
de 25 anos no mês seguinte, em 26 de abril;
4) Repórter Sandra Moreyra: explicação de como se formam as tsunamis,
inclusive pela sua etimologia que, coincidentemente, é de origem
nipônica: “tsunami é um termo japonês que significa onda no porto”;
apresentação de infográfico interativo e a palavra de especialista,
comparação da energia do maremoto com a de “centenas de bombas
atômicas”, a explicação e a comprovação com as imagens, a explicação
gráfica do sistema de alerta;
5) Repórter José Roberto Burnier: aparecem as primeiras personagens
brasileiras da notícia. Não são eles os brasileiros que vivem no Japão,
mas sim os seus parentes que aqui estão. Começa-se por demonstrar
56
os brasileiros entrando em contato com seus parentes no Japão,
mostram-se imagens do bairro da Liberdade. O desespero transmitido
pelo choro de um pai e sua emoção, ainda maior, quando consegue
finalmente estabelecer contato com seu filho. Posteriormente, no
Paraná, conversa com pais de jogador brasileiro que joga no Japão. Já
em Belo Horizonte, mostra-se a conversa com tradutora que tem
parentes e amigos no Japão. Em Belém, no Pará, uma mãe conta do
filho que trabalha em fábrica atingida. E finaliza-se a matéria com as
falas de um homem com sotaque forte, que expressam como os
japoneses têm mais medo de tsunami de que de terremotos;
6) Participação, ao vivo, do repórter Wilson Kirche: de Londrina, no
Paraná, o repórter fala com os apresentadores direto de uma festa da
colônia de japoneses paranaense. Coincidentemente, 12 de março havia
sido a data escolhida para uma comemoração dessa colônia.
Conversando com as pessoas, a conclusão a que Kirche chega é de que
a “dificuldade de comunicação com parentes, angústia, preocupação” é
o que tem mais atingido essas pessoas;
7) Participação, ao vivo, do correspondente Rodrigo Bocardi: do
escritório de Nova York, Bocardi fala sobre como os Estados Unidos
também podem ser atingidos, já que o estado do Havaí está localizado
no Pacífico, além de imagens de barcos tombados também no litoral da
Califórnia, como reflexo do tsunami no Japão. Barack Obama aparece
em um pronunciamento, no qual demonstra como os Estados Unidos
estariam comprometidos em ajudar as vítimas japonesas, enviando
também navios americanos para socorro no local;
8) Repórter Júlio Mosquera: de Brasília, Mosquera fala do núcleo de
atendimento a brasileiros, do Itamaraty. Na oportunidade, conversa com
Marcos Galvão, embaixador brasileiro em Tóquio e fala da carta oficial
da presidenta ao primeiro-ministro e ao povo japonês e cita uma
passagem: “lamentando a tragédia no país. Ela lembrou o grande
número de brasileiros que vivem por lá e ofereceu ajuda ao governo
japonês” Quem lê a carta é Rodrigo Baena, porta-voz da presidência.
57
Não é mencionado se Dilma Rousseff está em Brasília ou se está
participando de algum outro compromisso;
9) Correspondente Delis Ortiz: de Buenos Aires, Ortiz trata da
repercussão das tsunamis nos países sul-americanos cujos litorais estão
voltadas para o Pacífico. Na matéria, aparecem os comentários das
agências de notícias em espanhol e os pronunciamentos de alguns
presidentes. O chileno Sebastián Piñera trata da repercussão do fato na
ilha de Páscoa e aparecem imagens do terremoto e tsunami que
afetaram o Chile em 2010. Já o presidente do Equador, Rafael Correa,
aparece em cadeia nacional para mobilizar a evacuação dos moradores
das ilhas de Galápagos. Já o peruano Alan Garcia discursa pedindo que
a população repetisse e treinasse as simulações feitas. O clima que se
estabelece nesses discursos é o de precaução, uma vez que se as
ondas ainda não haviam chegado à costa sul-americana, elas estariam a
caminho: “Embora as informações oficiais sejam de que as ondas
estejam perdendo forças, Peru, Equador e Chile continuam em estado
de alerta porque a previsão da chegada das ondas é para as próximas
horas”.
10) Apresentador William Bonner: da bancada, Bonner dá a notícia da
morte do ator global Jorge Cherques. Aparecem imagens da carreira do
ator e de sua participação em novelas da Rede Globo.
11) Repórter César Galvão: de Santo André, é retomado o caso da
menina Eloá Pimentel, mantida refém por seu ex-namorado em outubro
de 2008, com sua amiga Nayara Rodrigues. Galvão fala sobre o
cancelamento do julgamento do sequestrador Lindenberg Alves, ex-
namorado da vítima, que a manteve refém durante cem horas;
12) Apresentador William Bonner: da bancada, dá a notícia do caso do
funcionário público que atropelou pessoas em Porto Alegre, durante
manifestação por mais bicicletas. Diferentemente do que alegava a
defesa, o homem não apresentava depressão e, por isso, foi transferido
do hospital em que encontrava-se internado, para um presídio;
13) Repórter Guacira Merlin: fala das notícias sobre as enchentes em São
Lourenço do Sul, no Rio Grande do Sul. A reportagem aparece com
58
imagens das enchentes e de suas consequências, da limpeza da
destruição e do salvamento do corpo de criança, encontrado a 400 m de
distância da casa de onde foi arrastada;
14) Previsão do tempo com Flávia Freire: previsões sobre tempo
chuvoso no Brasil, encerrando-se com menção a letra de música “São
as águas me março fechando o verão”;
15) Apresentador William Bonner: da bancada, Bonner fala sobre o
apoio de centrais sindicais à presidenta Diola Rousseff, sobre novas
decisões a respeito do imposto de renda, das correções da tabela, da
inflação e das faixas de tributação;
16) Apresentadora Fátima Bernardes: da bancada, a musa da Copa de
2006 anuncia o retorno do atacante Luís Fabiano ao São Paulo Futebol
Clube
17) Anúncio do Globo Repórter: como em toda edição de sexta-feira,
Sérgio Chapelin aparece no Jornal Nacional para falar sobre os
destaques da edição do dia, que em 12 de março trataria de obesidade
masculina, de jovens que sofrem preconceito por causa da obesidade e,
também, a respeito de alimentação saudável;
18) Correspondente Marcos Losekann: direto de Londres, Losekann fala
das deliberações da União Europeia em relação ao ditador da Líbia
Muammar Gaddaffi, deixando de reconhecê-lo como representante legal
de seu país. Losekann mostra também a reunião dos líderes do bloco
em Bruxelas e sua decisão em reconhecer o chefe do comando rebelde
como novo representante da Líbia. Tal reunião também conclui pela
recusa em se criar uma zona de exclusão da Líbia do espaço aéreo
europeu;
19) Correspondente Roberto Kovalick: ao vivo, Kovalick retoma algumas
das informações dadas ao logo da edição, e informa sobre as últimas
notícias, além de apresentar dados recentes, como a normalização do
sistema telefônico e as primeiras imagens do dia posterior ao do
terremoto e tsunami, proporcionado pela diferença de fuso horário que
há entre o Brasil e o Japão. Na oportunidade, Kovalick anuncia sua ida,
59
de trem bala, a Tóquio, capital do país, de modo que anuncia aí também
o início da retomada das atividades desse meio de transporte.
6. 3. COMPARAÇÕES:
6. 3. 1. A linguagem e as coincidências
Apesar dos quase dez anos que separam os acontecimentos em
análise, nos Estados Unidos e no Japão, e, apesar das mudanças pelas quais
passaram a Rede Globo e o próprio Jornal Nacional, muitas são as
características que favorecem ao telespectador manter a identidade com tal
telejornal.
A primeira dessas características já se apresenta pelos próprios
jornalistas que compõem sua bancada. O “casal nacional” está presente em
ambas as oportunidades: William Bonner como âncora e editor-chefe e Fátima
Bernardes, colega de bancada e esposa, também como apresentadora e
editora-executiva.
Mas os personagens que compõem ambas as edições do Jornal
Nacional analisadas vão além. Roberto Kovalick, por exemplo, que em 11 de
setembro aparece falando, de Brasília, sobre o Itamaraty, a previsão para uma
lista oficial dos mortos e o contato com os consulados e com um serviço de
informações, é, na edição de 12 de março de 2011, o contato in loco da Rede
Globo com o local dos acontecimentos, falando, dentre outros aspectos, sobre
as informações gerais, aspectos históricos e geográficos e as informações
recentes.
Também pode-se citar a participação de José Roberto Burnier. Tanto em
11 de setembro quanto em 12 de março, Burnier foi quem trouxe ao Jornal
Nacional as informações sobre os parentes das vítimas no Brasil. A abordagem
repete-se: procura-se uma pessoa ou uma família para servir de personagem
que carregue o sofrimento por possuírem algum parente ou amigo no local dos
acontecimentos, independentemente de terem sofrido qualquer influência
direta, fala-se sobre a dificuldade em se estabelecer contato (no caso de 11 de
setembro, é o próprio Burnier quem consegue falar com o amigo do filho de
60
uma das entrevistadas, aparentemente, por causa do nervosismo da
entrevistada ou pelo fato de ela, talvez, não dominar o idioma inglês) e diz-se
sobre as histórias dessa pessoas. No entanto, algo mais importante. São nas
reportagens de Burnier que o Jornal Nacional permitiu, em ambos os casos, a
menção a Deus. Em 12 de março, quem fala sobre Deus é a mãe do jogador
Alex Santos, que viajava em direção a Sendai, com a frase “Eu acho que foi
assim a... A mão de Deus. Acho não, foi! A mão de Deus né, porque realmente
era para eles estarem todos lá, a delegação toda em Sendai.” Já na edição de
11 de setembro, quem fala sobre Deus é a mãe do rapaz com cujo amigo
Burnier conseguiu conversar. Ela diz: “Só tenho que agradecer a Deus, só isso.
Muito obrigada, meu Deus!” Nessa edição, mesmo tendo conversado com
lideranças religiosas, ninguém mais faz menção a Deus.
Também aparece nas duas edições o corresponde da emissora em
Londres Marcos Losekann. Em 11 de setembro, Losekan é quem fala sobre o
cenário e os reflexos dos atentados ao World Trade Center na Europa, falando
sobre os discursos das principais figuras políticas do continente europeu e,
mais precisamente, do ritmo da capital britânica, como sede de um governo
que dá apoio à política externa dos Estados Unidos. Já em 2011, Losekann
aparece no Jornal para falar sobre as decisões da União Europeia em relação
à situação da Líbia.
Em ambas as edições com cinco blocos, foram concentradas no quarto
bloco as notícias que não se enquadravam no panorama do assunto mais
importante do dia: os atentados nos Estados Unidos e o terremoto e tsunami no
Japão. Basicamente, o telespectador encontrou no penúltimo bloco aquelas
notícias que seriam de importância para um telejornal que se presta a ser o
resumo daquilo que aconteceu de mais importante no Brasil e no mundo
naquele dia, mas fora do assunto principal. Em 11 de setembro, o quarto bloco
trazia as notícias do avanço do PMDB nas negociações com o Conselho de
Ética do Senado, a morte do prefeito de Campinas e do empresário José
Ermírio de Moares Filho, a previsão do tempo e a derrota de Gustavo Kuerten
no Torneio de Tênis da Bahia. Já na edição de 12 de março, no quarto bloco
estavam assuntos como o falecimento do ator Jorge Cherques, o julgamento
de Lindemberg Alves, a transferência de um hospital para um presídio de um
61
homem que atropelou um grupo de ciclistas em Porto Alegre, as buscas pelo
corpo de uma criança em São Lourenço do Sul, Rio Grande do Sul, a previsão
do tempo, a negociação da presidenta Dilma com as centrais sindicais, a
contratação de Luís Fabiano pelo São Paulo, uma chamada para o Globo
Repórter, ao ar no mesmo dia, após a novela. No caso dessa edição, também
uma matéria sobre decisões da União Européia em relação à Líbia apareceu
no quinto bloco, mas ela foi logo sucedida pelo último aparecimento de
Kovalick.
É de se destacar que a pluralidade de imagens de que a Rede Globo
dispunha deveu-se ao fato de possuir correspondentes próprios em Nova York,
Washington D.C. e no Japão, mais precisamente em Kyoto. No entanto, a
edição de 12 de março supera pelo leque de imagens feitas por pessoas
comuns, que, utilizando de seus aparelhos celulares com câmeras
disponibilizaram seus materiais às grandes emissoras através da Internet.
Assim sendo, o poder de influência de que o Jornal Nacional já goza junto aos
brasileiros é ainda acentuado pelos seus correspondentes que, por estarem no
local de acontecimento, ajudam na fixação da mensagem de que o que as telas
dos computadores mostravam era para ser acreditado, como futuramente
explicaremos.
Quanto às imagens na bancada, se na primeira análise tais imagens
apareciam ao lado dos apresentadores, o novo projeto de imagem do Jornal
Nacional reformulou a ideia, de modo que as imagens aparecem no fundo dos
estúdios da Central de Jornalismo, bem atrás do mezanino onde fica localizada
a bancada.
O discurso se constroi, ao longo de ambas as edições, junto com o
telespectador. De forma que, enquanto o repórter dá a notícia, seja dos
Estados Unidos, seja do Japão, ele espera que o seu telespectador
compreenda que aquela edição vai se construindo, que novas notícias podem
aparecer a qualquer instante.
Ou seja, notícias sobre novos atentados, sobre o paradeiro dos autores
dos atentados, novos tremores de terra ou de maremoto, ou mesmo o
vazamento de material radiativo de usinas ficam na iminência de serem dadas,
ao vivo, seja pelo repórter in loco, seja pelos apresentadores na bancada.
62
6. 3. 2. A linguagem e as diferenças
O grande diferencial que as edições do Jornal Nacional apresentam
entre si não se relaciona, diretamente, com o fato de que em um caso temos
um acontecimento de causas humanas e em outro um de causas naturais.
O que o discurso do Jornal Nacional propõe de diferente entre as
edições reflete no tom com que se dão as notícias. É nítida a intenção de se
mostrar em 11 de setembro os Estados Unidos da América, a maior e mais
influente potência do mundo, despreparada em relação aos atentados e, ainda
mais, surpresa por se preparar contra um inimigo nuclear e acabar sendo
atacada por aviões comerciais e, em 12 de março, o Japão, que
exaustivamente treina sua população, para que essa esteja sempre preparada
para terremotos e maremotos, também surpreso, mas pego, desprevenido,
pelas dimensões do acontecimento.
A questão da (im)previsibilidade passa a convencer agora o mundo de
que os norte-americanos não teriam tanto motivo assim para auto-confiança,
como expressa a frase de William Bonner “o país quês e preparava para guerra
nas estrelas é vítima de seus aviões de passageiros” e que, mesmo para um
país conhecido por suas tradições milenares e pela sua disciplina, onde há
uma “população exaustivamente treinada”, de acordo dom Kovalick, as
pessoas se assustam com o imprevisível, como mostram as imagens de
pessoas saindo de um prédio de cuja fachada caem blocos de concreto, um
procedimento proibido pelos manuais de comportamento japoneses para o
caso de terremotos.
Por causa da proximidade cultural, econômica e lingüística, as
referências geográficas no mapa dos Estados Unidos não precisaram ser tão
enfáticas quanto as referências aos nomes de cidades japonesas. Apesar de a
maioria dos brasileiros saberem de Washington D.C. e Nova York, quase todos
desconhecem Sendai, por exemplo.
O mesmo quanto aos líderes políticos desses países. Todos sabiam
quem era George W. Bush, mas desconheciam Naoto Kan, primeiro-ministro
japonês. Mesmo estando no cargo de presidente há poucos meses, a imagem
63
de Bush aparece insistentemente, não porque a população desconhecesse sua
figura, mas porque estava em jogo a imagem da maior potência mundial e,
afinal de contas, alguém teria de personificá-la. No momento, ainda não era
hora de o jornalismo demonstrar o ferido como imagem do norte-americano. A
imagem do herói ianque não poderia se confundir com o decepado ou mutilado,
mas sim com o seu líder. Logo após os atentados, quem acabou ganhando
espaço político e de influência foi, surpreendentemente, Rudolph Giuliani,
prefeito de Nova York á época. Diferentemente de Bush, Giuliani não passou o
11 de setembro viajando de avião e se escondendo em bases militares. Ele
esteve nos locais dos atentados, estando, coincidentemente, em um prédio
próximo no exato momento do choque do primeiro avião.
Já para os líderes políticos brasileiros, enquanto o presidente da
República Fernando Henrique Cardoso aparece assistindo ao noticiário,
demonstrando inconformismo, se pronunciando e fazendo uma reunião
ministerial e com demais lideranças, a presidenta Dilma Rousseff não aparece
sequer uma vez, nem ao menos é mencionado onde ela se encontra, se está
em Brasília ou participando de algum outro compromisso. Coincidentemente,
seu porta-voz Rodrigo Baena faz um pronunciamento em frente à mesma
bandeira de onde FHC se pronunciara há pouco menos de dez anos.
Ambos os presidentes demonstraram inconformismo e pesares com os
ocorridos, mandaram cartas para os Estados Unidos e para o Japão e se
ofereceram a prestar socorro, se necessário.
Outra diferença clara, certamente compensada pelos quase dez anos de
avanços tecnológicos, é a disponibilidade de imagens no Japão. O fato de os
japoneses possuírem aparelhos celulares com câmeras digitais integradas, o
fato de as ruas possuírem câmeras de inspeção e monitoramento e as
empresas e prédios manterem circuitos internos de vigilância possibilitou ao
Jornal Nacional e, possivelmente aos telejornais de todo o mundo, uma
abundância de imagens. Isso acabou por possibilitar, por exemplo, que a
edição de 12 de março possuísse reportagens em menor número, porém com
maior abundância de imagens, que não necessariamente aquelas fornecidas
pelas agências internacionais de notícias.
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Também o fato de o escritório da Rede Globo estar localizado em um
edifício em Manhattan permitiu que as entradas, ao vivo, da correspondente
Zileide Silva tivessem como plano de fundo a própria cidade de Nova York,
embora escura por causa do horário.
Roberto Kovalick aparece, ao vivo, de uma estação de trem em Kyoto e
ao telespectador só é possível perceber a correria de uma estação. E como
toda estação, por excelência, já traz consigo a correria do embarque e
desembarque, não é possível definir o que ali é causado pelo terremoto e o que
é pura agitação de uma metrópole japonesa.
Os locais de destruição no Japão são mostrados por Kovalick ao longo
das próximas edições quando ele e sua equipe passam a percorrer as regiões
mais afastadas e afetadas do país.
6. 4. A ANÁLISE DO DISCURSO: AS TEORIAS DA CONSTRUÇÃO DE
SIGNIFICADOS
A análise da enunciação e da produção de campos semânticos no
telejornal, mais especificamente, no caso de nossos estudos, no Jornal
Nacional, da Rede Globo, demonstra, logo de início, duas coisas. Ali, nas duas
edições, cujos textos seguem decupados nesta monografia, estão refletidas as
opiniões dos donos dessa emissora, a família Marinho, e suas intenções em
atrair a simpatia dos seus telespectadores.
Durante muitos anos se acreditou que a opinião de um jornal impresso
estivesse em sua página de número dois, onde podem ser lidos seus editoriais.
“Em geral, os jornais explicitam a sua opinião nos editoriais.” (ABRAMO, C.,
1988, p. 117)
Na realidade, a voz que os teóricos acreditavam falar somente no
editorial, em nome da família proprietária do jornal, se espalha por todas as
suas páginas. De modo que, como resume Cláudio Abramo, é direito do dono
do jornal elidir o nome do redator de uma determinada reportagem. Jornalista
não é sócio do proprietário, mas sim seu funcionário. E é por isso que Abramo
destaca que
65
“No jornal, a notícia tem aquela objetividade que foi optada pela empresa e
cooptada pelo jornalista. Ainda que às vezes, de acordo com um entendimento
prévio, o repórter também possa interpretar a notícia. A interpretação não é
opinião. Pode se interpretar o desencadeamento, a concatenação dos fatos e o
significado de certas coisas. (...) É uma interpretação. A opinião fica um passo
além. (...) A necessidade que os jornais têm de limitar a interpretação e a opinião
dos jornalistas vem, primeiro, do fato de a opinião dos jornalistas vem, primeiro,
do fato de a opinião ser centralizada na cúpula do jornal...” (ABRAMO, C., 1988,
p. 117)
O Jornal Nacional não possui em sua programação algum quadro
chamado de “Editorial”. Mas da mesma forma como se dá no jornal impresso,
seu editor-chefe, William Bonner, juntamente com o trabalho de sua equipe, de
Ali Kamel, diretor-executivo da Central Globo de Jornalismo, e de Carlos
Henrique Schroder, diretor geral de Jornalismo e Esporte da Rede Globo,
devem transparecer, diariamente, a cada edição do telejornal, o que seus
proprietários pensam a respeito de um determinado assunto, quais interesse
preferem defender e quais privilégios não estão dispostos a colocar em xeque,
já que muitos teóricos tratam o Jornalismo como um quarto poder, aquele a
quem está incumbida a tarefa de denunciar os abusos dos demais.
No entanto, escolher o que fará parte da edição do Jornal Nacional não
deve responder apenas aos egos e aos interesses de uns poucos. Senão, a
Rede Globo estaria investindo dinheiro e pessoal para que eles mesmos
assistissem ao seu telejornal. Nas reuniões de pauta que Bonner promove,
diariamente, na sala que fica embaixo do mezanino onde se encontra a
bancada do Jornal Nacional, na Central de jornalismo da Rede Globo, no Bairro
do Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, é expresso pela frase:
“O Jornal Nacional tem por objetivo mostrar aquilo que de mais importante
aconteceu no Brasil e no mundo, naquele dia, com isenção, pluarlidade, clareza
e correção.” (BONNER, W. 2009, p. 17)
Mas esses parâmetros não norteiam apenas a Rede Globo. Ele deve
servir a todas as emissoras ou veículos de informação, como expressa a frase
a seguir:
66
“As informações chegam aos canais competentes em sua forma bruta. Sua
seleção apóia-se em patamares praticamente idênticos para todas as
emissoras: originalidade, presentificação (momento presente), grau de
importância (geográfico, psicológico ou de impacto visual), ou, ainda, o
insólito, o conflituoso – em outros termos: o que desperte o interesse
humano (grifos meus). Entretanto, o que cada emissora elege como relevante
nesse quadro de apresentação constituirá o seu mundo significado (grifos do
autor), resultado dos elementos significativos na sua visão particular.”
(GAVAZZI, S., PAULIUKOINIS, M., SANTOS, L., p. 81)
Podemos concluir, então, que a quando a redação do Jornal Nacional
decidia o que deveria ir ao ar em seu noticiário noturno de exatos trinta e um
minutos, ela teve de selecionar quais os aspectos que mereciam maior ou
menor destaque e, principalmente, a ordem das notícias ao longo do noticiário.
Reza a lenda que no jornalismo impresso, o redator ou o copydesk deve
aplicar a técnica da pirâmide invertida. Isso significa falar dos assuntos mais
importantes numa matéria logo em seu início, deixando para o final o que
tivesse menor relevância, podendo ser suprimido sem qualquer prejuízo ao seu
entendimento total. Essa técnica surgiu na época em que as notícias eram
datilografadas, recortadas com estiletes e coladas no espelho da página de
jornal. E como quem escrevia a matéria não era quem a levava para a
montagem da página na gráfica, era interessante deixar o menos importante
para o fim, pois, se fosse para “cair” alguma coisa, que caísse o menos
importante. E é dessa maneira que ainda se faz jornalismo impresso.
Porém, as duas edições analisadas demonstram funcionamento
parecido: aproveita-se o início para explicar o que aconteceu, demonstra-se
com recursos visuais e imagens as repercussões do fato, dá-se vez aos
especialistas, para que também eles digam o que seus estudos têm
comprovado, enfatiza-se os reflexos do acontecido primeiramente, no local da
ocorrência, depois, os reflexos aqui no Brasil, parte-se para a análise dos
reflexos nos países que mantêm influência no mundo todo, desvia-se do
assunto para tratar das demais matérias que um telejornal nacional se presta a
fazer e retoma-se o assunto pelas atualizações e últimas informações.
67
Mas só pode se permitir isso o jornal que já tiver adquirido, junto ao seu
público, toda a credibilidade de que necessita para representar seu público na
esfera da opinião pública.
“Para ser aceito, o Sujeito comunicante precisa reforçar a veracidade daquilo
que diz, já que não se traduz diretamente uma ideia, mas uma configuração
discursiva dela. Dessa forma, a estruturação lingüística destina-se a garantir a
credibilidade da instância de produção. Mesmo em um texto de caráter
informativo – quando se espera que o Sujeito interpretante depreenda o
sentido-, é necessário também fazê-lo aceitar as informações como válidas,
acreditar nelas, perceber a relevância de alguns fatos e realizar as ações
sugeridas pelos comandos implícitos do texto. Em termos retóricos, os atos
discursivos procuram não só informar, como também modificar
comportamentos.” (GAVAZZI, S., PAULIUKOINIS, M., SANTOS, L., p. 83)
Também explicam as autoras adiante em seu texto:
“O Sujeito Comunicante (a emissora de televisão) está legitimado como detentor
do Saber e constrói sua credibilidade na imagem da competência da Instituição
a que pertence. Por sua vez o Sujeito interpretante (telespectador) é alguém
que, em princípio, compartilha da mesma competência ideológica, das mesmas
crenças do Jornal apresentado, o que lhe permite ‘construir’ modelos
interpretativos, durante a exibição do noticiário, ou atualizar antigos referenciais
para o reconhecimento de novos.” (GAVAZZI, S., PAULIUKOINIS, M., SANTOS,
L., p. 85)
Por estarmos tratando de edições do Jornal Nacional em que há
claramente o foco em acontecimentos inesperados e que, por isso, merecem
maior destaque ao longo de toda edição, podemos perceber como a narrativa
dos fatos e a conclusão de seus efeitos e de suas conseqüências se constroem
ao longo do noticiário. Ou seja, como são muitas as informações a se verificar,
muitos os dados a se interpretar e inúmeros os nomes a se citar, o Jornal
Nacional pretende segurar a sua audiência ao longo de todos os seus trinta e
um minutos (e, dessa forma, manter os televisores deste país ligados desde a
novela das 19 horas até a das 21 horas), causando em seu telespectador a
impressão de que ele só estará bem informado se assistir ao programa inteiro.
68
“A manutenção da audiência configura o objetivo primeiro de qualquer emissora.
Na realidade, o público-alvo possui uma expectativa, que deve ser preenchida
de forma adequada, para que haja uma cumplicidade entre o Sujeito
comunicante (emissora) e o interpretante (telespectador). A credibilidade dos
telejornais será responsável pela persuasão diária do telespectador (...).”
(GAVAZZI, S., PAULIUKOINIS, M., SANTOS, L., p. 97)
Mas não é somente durante noticiários dessa dimensão que isso
acontece no Jornal Nacional. O contrato com o público é diário e renova-se a
cada edição:
“Sabe-se que todo ato comunicativo é negociado, resulta de uma co-construção
de sentido, no instante da interação; considera-se toda mensagem como
resultado de uma operação interativa, onde se deve levar em conta as
condições de produção do texto e o reconhecimento da intenção dos sujeitos
envolvidos.” (GAVAZZI, S., PAULIUKOINIS, M., SANTOS, L., p. 84)
O noticiário constrói, junto com os seus telespectadores, não apenas a
notícia daquele dia, em si, mas todo um campo de ideias e de significados, que
acabam por formar nos telespectadores uma opinião, certamente, diferente da
que esse telespectador tivesse até então. Noticiário e telespectador
compartilham do mundo em que vivem, mas o modo como este constrói suas
opiniões acerca desse mundo dependerá, dentre inúmeros fatores, de como
aquele decide construir sua narrativa. Incluindo as palavras que o noticiário
decide utilizar. (Veja tabela abaixo)
6. 5. TABELA: NÚMERO DE VEZES EM QUE ALGUMAS PALAVRAS
APARECEM NAS EDIÇÕES DO JN
Palavra (seja falada
ou escrita na forma
de Gerador de
Caracteres)
Número de vezes em
que aparece a palavra
na edição do Jornal
Nacional de 11 de
setembro de 2001
Número de vezes em
que aparece a palavra
na edição do Jornal
Nacional de 12 de
março de 2011
69
Deus 3 vezes 2 vezes
Tragédia 7 vezes 7 vezes
Terror 9 vezes Nenhuma
terrorismo ou
terrorista(s)
31 vezes Nenhuma
atentado(s) 34 vezes Nenhuma
Pior 1 vez 2 vezes
oficial(ais) (mente) 3 vezes 3 vezes
Catástrofe Nenhuma 1 vez
ataque(s) 27 vezes Nenhuma
Desastre Nenhuma 1 vez
mau(s) Nenhuma Nenhuma
Desgraça 1 vez Nenhuma
Caos 2 vezes Nenhuma
horror/horrorizado(a) 2 vezes Nenhuma
Horrível 5 vezes Nenhuma
normal/normalizado(a) 5 vezes 5 vezes
Natureza Nenhuma Nenhuma
humano(a) Nenhuma 2 vezes
Humanidade 3 vezes Nenhuma
humanitário(a) Nenhuma 2 vezes
Como é possível notar, a questão da imprevisibilidade de que três
aviões atingissem dois símbolos do poderio norte-americano, fosse econômico
no caso das torres gêmeas, fosse militar no caso do Pentágono, fez da edição
de 11 de setembro uma repetição de palavras de ordem, como: terrorismo ou
terrorista, atentado e ataque.
Já o mesmo número de vezes é falado em tragédia para ambos os fatos
e também em normalidade, referindo-se à tentativa das autoridades locais em
retornar às condições prévias nesses dois países.
A respeito da palavra “Deus”, sua ocorrência se dá, em ambas as
edições, nas falas de familiares que não conseguem estabelecer contato com
70
seus parentes nos locais dos acontecimentos. Quem fala isso não são os
repórteres, nem os apresentadores.
Na edição de 11 de setembro, quem fala Deus é a mulher que consegue
estabelecer contato com um amigo de seu filho, por intermédio de telefonema
de Burnier, e também o funcionário de uma corretora, que funcionava no
primeiro prédio a ser atingido e agradece por não ter havido pânico no
momento da saída da multidão. Já em 12 de março, quem fala Deus é a mãe
do jogador Alex Santos, agradecendo pelo fato de seu filho ter tido interrompida
sua viagem, cujo destino era Sendai. A mulher, inicialmente, cogita a
participação divina, até que conclui: “Acho não, foi! A mão de Deus né, porque
realmente era para eles estarem todos lá, a delegação toda em Sendai.”
Nas edições analisadas, o uso de determinadas palavras e as suas
repetições também tornam clara a intenção do telejornalismo em ensinar algo
ao seu telespectador, como explica Alfredo Vizeu, professor do programa de
pós-graduação em Comunicação da UFPE:
“Entendemos que o noticiário televisivo através de operações/construções
didáticas pode contribuir para que os homens e mulheres possam compreender
o mundo da vida, o cotidiano tenso e permeado por conflitos ao qual eles têm
cada vez menos acesso. Para tanto partimos do pressuposto que o noticiário da
televisão é um lugar de referência. Ou seja, ele nos mostra que o mundo existe,
está presente na ‘telinha’. O que os jornalistas fazem diariamente é ‘organizar o
mundo’ procurando torná-lo mais compreensível (...)” (VIZEU, Alfredo, 2009, p.
77)
As imagens a seguir foram feitas através do site Wordle –
Beautiful Word Clouds , disponível em <www.wordle.net>. Nele, está disponível
uma ferramenta capaz de montar Word Clouds, cuja tradução para o Português
seria nuvens de palavras. A intenção em demonstrar essas imagens é permitir,
visualmente, que seja notado como algumas palavras foram usadas com mais
ou menos freqüência nas edições analisadas do Jornal Nacional, uma vez que,
comparativamente, o tamanho de cada palavra corresponde à quantidade de
vezes que ela é pronunciada, conforme visto nas decupagens.
71
Figura: “Word Cloud” formada pelas palavras da decupagem da edição do jornal Nacional, em
11 de setembro de 2001.
Figura: “Word Cloud” formada pelas palavras da decupagem da edição do Jornal Nacional, em
12 de março de 2011.
Para todos os efeitos de análise, não há distinção entre o
posicionamento horizontal e vertical das palavras, uma vez que nisso encontra-
se uma escolha de caráter meramente estético. Também não importa a ordem
em que tais palavras aparecem. Além de que não aparecem as palavras: ‘que’,
72
‘os’, ‘as’, ‘um’, ‘uma’, ‘com’, ‘para’, ‘dos’, ‘foi’ e ‘não’, pois foram descartadas da
análise, visto que apresentavam grande frequência de uso, sem influenciar de
modo efetivo os objetivos deste estudo.
O que o telejornalismo faz é decidir quais os assuntos de maior
relevância, coloca-os em ordem e apresenta aos seus telespectadores como se
o que ali estivesse sendo transmitido não fossem algumas notícias do mundo,
mas sim, as notícias do mundo. E quando o apresentador fala, ele pensa estar
ensinando aos telespectadores. No exemplo das edições do Jornal Nacional
analisadas, vemos a intenção de agrupar notícias e ensinar aos
telespectadores, a exemplo de palavras em outras línguas, como o inglês e o
japonês, e algumas localizações geográficas, através de mapas e de
infográficos.
No entanto, apesar da pretensão de ser escola, o telejornalismo esbarra,
a exemplo das duas edições analisadas, no problema que é quanto ao fazer
com que os demais creiam no que as imagens mostram. Como explica Vizeu,
“Acreditamos que a televisão na sociedade contemporânea cumpre essa
função de reforçar que a realidade existe. ”(VIZEU, 2009, p. 77). Ou seja,
diante da queda de dois arranha-céus e de um quartel-general, símbolos do
poderio econômico e militar da maior potência do mundo, e diante da
derrubada de edifícios e de correntes de água invadindo o país onde a tradição
zela pela perfeição e pelo treinamento e disciplina, os telejornais serviram para
confirmar junto aos seus telespectadores que aquelas imagens que
presenciavam eram, de fato, reais.
De acordo com Eugênio Bucci, as torres gêmeas da região sul da ilha de
Manhattan eram o “duplo cetro” que amarrava na ordem do simbólico, na
ordem do visível toda uma teia de assuntos e reflexos do que ele chama de “a
velha ‘nova ordem mundial” (BUCCI, 2009, p. 63) Para ele, mais do que os
milhares de mortos, vítimas dos atentados, o 11 de setembro foi responsável
por criar em todos os telespectadores, que assistiam às transmissões, a
sensação comparável à de um mutilado de guerra. Da mesma forma como um
combatente é mutilado e perde um de seus membros, após o 11 de setembro,
nós que assistimos ao telejornal nos tornamos mutilados, seja em nossos
73
olhares, seja nas questões da linguagem e dos campos de sentido e de
significado.
“No lugar das duas torres, irrompeu o vazio. O ato terrorista de 11 de setembro
descosturou a paisagem e, mais ainda, abriu um rasgo na linguagem, esgarçou
a ideologia, deixando ver o lado escuro do avesso do cenário. O ato terrorista
interferiu na instância do olhar, que conecta a sociedade consigo mesma, e,
assim, conseguiu o inacreditável: feriu o corpo de cada um, tanto daqueles a
quem pôde matar sob os escombros dos edifícios como daqueles a quem, na
forma de um show, alcançou como imagem.” (BUCCI, 2009, p. 64)
Com o anúncio dos episódios e desdobramentos do ataque de 11 de
setembro, o telejornalista teve também a função de permitir que seus
telespectadores acreditassem no que estavam vendo:
“Naquele dia, as plateias, adestradas para crer nos próprios olhos, foram
confrontadas com a sensação exasperante de ter de duvidar deles, nem que
fosse por uns poucos segundos. O golpe que desfigurava o horizonte de Nova
Iorque desfigurava também o que estava ordenado para ser visto. Por um
instante, fugaz mas traumático, ver não foi sinônimo de reconhecer (a
reafirmação imaginária opera pela reiteração): foi sinônimo de desconhecer.
Aquilo que se via pela TV parecia um evento indigno de crédito. Foi sintomático
o empenho de inúmeros locutores de televisão, de vários países, em avisar os
telespectadores de que aquelas cenas não eram filme de ficção, não eram
efeitos especiais, mas um registro jornalístico dos fatos. O incrível era para ser
crível. O impossível era o factual. Era preciso advertir o público de que o
inconcebível era simplesmente, a partir daquele momento, uma nova
conformação do visível e, em consequência, uma nova conformação da
verdade. Mesmo assim, os olhos duvidavam.” (BUCCI, 2009, p.66/67)
Tudo isso porque é atribuído ao nível da imagem a capacidade de tronar
as coisas reais ou, até mesmo, verdadeiras. Como Bucci declara: “É na
imagem e pela imagem que as verdades do nosso tempo são feitas e desfeitas.
Ferir a imagem é, em alguma medida, ferir a verdade.” (BUCCI, 2009, p. 64)
Como Bucci explica adiante em seu texto, isso se dá pelo fato de que os olhos
têm deixado de servir de nossas ferramentas, passando a servir de instância,
74
na qual atuam os fatores sociais para que o que servir de verdadeiro seja ali,
na instância do olhar, consolidado.
“Isso nos ajuda a pensar um pouco mais na definição dessa verdade que se
constrói no olhar. Ela não é o que se constata no visível com o aparelho ocular.
Ela deve ser formulada de um outro móvel: a verdade é o que é visível, mais que
um suporte em que os signos se deixam olhar, é um sistema que ordena os
signos.” (BUCCI, 2009, p. 66)
Bucci resume a sensação dos telespectadores e dos jornalistas no
episódio de 11 de setembro, mas a sua definição certamente cabe para o
terremoto e tsunami no Japão:
“No instante do trauma, porém, a dor no olhar era intensa. Foi como se os
apresentadores dissessem: ‘Você está, como sempre esteve e sempre estará,
autorizado a crer em seus olhos. Sobretudo agora’. O sujeito-telespectador era
desafiado a se rearranjar internamente para encontrar um novo caminho por
meio do qual pudesse se relacionar com a verdade, essa entidade pertencente
ao visível, enquanto seus olhos pareciam incapazes de ver qualquer coisa além
do vazio aterrorizante. Terror, de fato. Nesse plano, o plano do olhar, o atentado
de 11 de setembro foi efetivamente um ato de terror. Em outros termos, foi um
atentado que marcou o ingresso da lógica do terror dentro da lógica do
espetáculo, em uma plenitude jamais verificada antes. Duvidar dos próprios
olhos marcou o contato com o trauma: a exemplo do mutilado de guerra que
tenta mover um músculo que já não possui, o mutilado do olhar tenta acionar um
ícone, carregado de sentido imaginário, e se dá conta de que esse ícone já não
existe- e seu sentido imaginário virou poeira negra, fumaça, carnificina.” (BUCCI,
2009, p. 67)
Apesar da complexidade do assunto e das palavras em línguas
estrangeiras, a questão da linguagem demonstra como palavras que a
população geral captaria como difíceis são substituídas por palavras mais
simples e, aquelas que devem ser utilizadas, inevitavelmente, são explicadas,
como, por exemplo, a palavra tsunami. Como explica Iluska Coutinho, a
“simplicidade do telejornalismo” é um “atributo que seria capaz de garantir o
entendimento da mensagem televisiva e ainda atrair a audiência.” E, adiante no
texto de Coutinho, podemos ver como não só a linguagem, mas a fluência dos 75
repórteres e a ausência de trancos e de em suas falas, contribuem para a
compreensão do texto falado, embora possamos identificar, por exemplo, nas
participações ao vivo da correspondente Zileide Silva alguns engasgos,
principalmente quando a mesma faz sua última participação no quinto bloco da
edição do Jornal Nacional e, enquanto fala ao microfone, recebe informações:
“Eu tenho mais uma informação aqui: que a Inteligência Americana está... tá
difícil, a gente tá recebendo essas informações, ao vivo, que a Inteligência
Americana conseguiu interceptar mensagens de Osama Bin Laden sobre os
ataques. Esta é a última informação que nós estamos acabando de receber
aqui no escritório da Globo”.
É de se destacar o que Coutinho chama de “aproximação com a
dramaturgia”. Não bastasse estar situado entre duas telenovelas, o que fica
aqui sugerido é como a própria estrutura interna do Jornal Nacional segue a
lógica da dramaticidade, “reforçada na medida em que o discurso da TV teria a
mediação do espetáculo, comum às mensagens de ficção jornalística”
A explicação de Eugênio Bucci para isso mistura o envolvimento de
algumas sensações que o noticiário televisivo tenta causar em seu público. E
por trás desse comportamento, Bucci declara que o telejornalismo brasileiro
consegue contar quais coisas aconteceram, mas não é capaz de contextualizá-
las, e faz a seguinte observação:
“(...) ao jornalismo, seja ele de rádio ou de jornal, não basta informar. Ele precisa
chamar a atenção, precisa surpreender, assustar. Os produtos jornalísticos são
produtos culturais e, nessa condição, fazem o seu próprio espetáculo para a
platéia. Como se fossem produtos de puro entretenimento, buscam um vínculo
afetivo com o freguês. Mas o que se dá na televisão é mais que isso – e na
televisão brasileira é duas vezes mais” (Bucci APUD Coutinho, p. 2)
A questão do telejornalismo como espelho do que acontece de mais
importante no mundo coloca-se novamente, desta vez, como um espelho que
reflete os espetáculos do mundo, ou seja, como explica Coutinho, espelhos
“ainda que complexos”. Sendo o fenômeno físico da reflexão um dos assuntos
mais simples, por exemplo, dos estudos de Física de um estudante, entender o
que está por trás da queda das torres do World Trade Center e do Pentágono e
76
dos fenômenos sísmicos nas terras distantes orientais não se propõe como
algo simples. Aliás, a tentativa do telejornalismo é de tentar fazer isso da
maneira simples.
Para Michael Schudson, o que vemos os repórteres fazendo na tela é
utilizar de suas capacidades de criatividade e de imaginação para, utilizando-se
do arsenal de informações de que dispõem, contar para os demais uma
história. É sugerido que por terem presenciado o que é uma metrópole
apavorada porque foi atingida, uma capital de um país em pânico porque seu
centro de inteligência militar continua ameaçado e num país onde, embora as
pessoas estejam acostumadas a tremores de terra freqüentes, a magnitude do
evento foi tamanha que até se esqueceram dos procedimentos que deveriam
tomar, esses repórteres podem e são convidados a contar aos telespectadores
ansiosos uma história, com enredo, trama, desfecho e tudo mais o que uma
fábula (como o próprio Schudson sugere):
“Era uma vez; é a partir daí que se define o ponto de partida, ou formatação da
história, de estórias e narrativas, ainda que isso não signifique uma redução de
sua importância. É a partir do ‘era uma vez’ que as coisas acontecem, e é em
função dessa forma de contar e não de interesses, valores ou interpretações
livres, que se mantém a história, a narrativa, o conto.” (Schudson apud Coutinho,
p. 6)
A respeito dessa função que teria o repórter, Coutinho explica as
definições de Reuven Frank: “o maior poder do telejornalismo não estaria na
transmissão de informação, mas na transmissão de experiências, por meio do
consumo das estórias apresentadas em cada noticiário”. Sendo impossível que
todos nós, telespectadores, estivéssemos nos locais dos acontecimentos,
“ficamos informados”, como é costumeiramente dito a respeito da pessoa que
acompanha noticiários, através do que viveram os repórteres nas suas viagens
pelo mundo da notícia. Ou como menciona Coutinho a respeito dos estudos
sobre o programa telejornalístico norte-americano 60 Minutes seriam três os
papéis de um repórter: “detetive, analista e turista”.
Ao relatar essa sua experiência, o repórter deve também abrir espaço
para que ali também sejam relatadas as experiências que, de fato, viveram o
77
episódio. É por isso que se diz que no jornalismo a notícia só pode ser
veiculada se tiver o seu personagem. Como trata Coutinho “A utilização do
recurso do personagem tornaria a narrativa televisiva mais concreta para os
telespectadores por meio da identificação com o problema descrito na matéria”.
E em ambas as edições analisadas, verificou-se a existência de personagens
que, de certa forma, viveram os fatos, cada um a sua maneira.
E dentro do que Coutinho chama de “limites de credibilidade”, é possível
notar como o apelo junto ás pessoas se dá, mais do que de maneira racional,
ou pelo menos inicialmente, com “uma medida de emoção”: já que “as notícias
de TV devem falar de pessoas e não de instituições”, a forma de amarrar a
narrativa em torno da compreensão e interesse do telespectador, como em
qualquer história, faz uso do apelo sentimental. Impossível a quem vê sentir-se
indiferente a pessoas se jogando de prédios com mais de cem andares porque
estão esbaforidos e apavorados com o calor do incêndio, ou não temer pelo
bem de toda a Humanidade quando o local menos provável para ser atacado,
tamanha a vigilância e inteligência militar que o envolve, acaba sendo alvo de
terrorismo, ou não ser atingido quando pessoas morrem por causa de tremores
de terras e são arrastadas pelas marés, ou, ainda mais impossível ou curioso:
não sentir-se afetado quando se vê num telejornal, de onde se buscam
notícias, um parente ou um amigo em desespero porque está desinformado em
relação ao paradeiro e às condições de alguém querido ou próximo.
78
7. DECUPAGEM DAS EDIÇÕES ANALISADAS
7.1. DECUPAGEM DA EDIÇÃO DO JORNAL NACIONAL DE 11 DE
SETEMBRO DE 2001
TEMPO IMAGENS SONS
2
segundos
Fátima Bernardes -
estúdios
Onze de setembro de 2001.
3
segundos
William Bonner
estúdios
Uma terça-feira que vai marcar a História da
Humanidade.
3
segundos
Fumaça saindo do
WTC e pessoas
correndo em direção à
câmera
A maior potência do planeta é alvejada pelo
terror.
2
segundos
WB - estúdios O World Trade Center, Nova York.
5
segundos
FB – estúdios
WTC pegando fogo e
saindo fumaça
No mais importante centro financeiro do
mundo, uma torre queima depois de ser
atingida por um avião.
5
segundos
Pessoa balança lenço
branco da janela do
WTC e avião se
choca com a segunda
torre
Enquanto o incêndio avança no arranha-céu,
um segundo avião é jogado contra a torre
vizinha.
3
segundos
Fogo na segunda
torre e nuvem de
fumaça em ambas,
com vista geral de
Manhattan e posterior
zoom no local dos
atentados
Um outro avião!
Oh, my God!
7 FB – estúdios e início
do desabamento de
E em menos de duas horas, dois dos prédios
mais altos do mundo se desfazem em uma
79
segundos uma das torres, com
nuvem de fumaça
montanha de poeira e fumaça.
8
segundos
WB – estúdios, vista
geral do Pentágono
incendiado e imagem
do foco do incêndio
Na cidade sede do poder americano, outra
aeronave despenca sobre o Pentágono, o
centro de Inteligência militar.
2
segundos
FB – estúdios E mais um Boeing cai na Pensilvânia.
2
segundos
WB – estúdios O planeta em alerta geral.
3
segundos
FB – estúdios Chefes de Estado condenam o banho de
sangue.
2
segundos
WB – estúdios E reforçam a segurança nas fronteiras.
5
segundos
FB – estúdios Bolsas de valor e moedas internacionais são
abaladas pelos atentados.
6
segundos
WB – estúdios,
homens, mulheres e
crianças
comemorando nas
ruas, com os braços
levantados
Nos territórios ocupados por Israel, palestinos
comemoram a maior ofensiva terrorista de
todos os tempos.
6
segundos
FB – estúdios e
imagens da CNN de
ataques aéreos
noturnos com
legendas em inglês e
com o símbolo da
emissora
E na madrugada, no mundo árabe, explosões.
Mísseis riscam o céu de Kabul, a capital do
Afeganistão.
5
segundos
WB - estúdios O JN mostra a análise de especialistas sobre
as conseqüências dos ataques.
80
3
segundos
Poeira formada no
local do atentado,
com raio de sol no
canto superior
esquerdo
O depoimento dos brasileiros que
testemunharam a tragédia.
4
segundos
WB - estúdios O apoio oficial aos que estão nos Estados
Unidos.
5
segundos
Pessoas andam por
entre os carros, em
meio à poeira
O dia em que os americanos experimentaram
o horror de uma grande guerra.
4
segundos
WB - estúdios O JN está começando agora.
15
segundos
Foco no logo do JN e
nos fundos do
estúdio,
movimentação da
câmera à esquerda da
redação e foco na
bancada do JN, com
seus apresentadores
Vinheta
33
segundos
FB – estúdios
GC: Fátima
Bernardes; mapa dos
EUA com mira, torres
do WTC e fogo
Boa noite. Eram oito horas e quarenta e cinco
minutos da manhã em NY. Nove e quarenta e
cinco em Brasília. Um avião americano de
passageiros batia em cheio numa das torres
do WTC. Um acidente tão inimaginável, que
imediatamente chamou a atenção de todo o
planeta. Mas não era acidente. Mas não era
acidente. Para perplexidade do mundo inteiro,
foram-se registrando acontecimentos que
nenhum roteirista de Hollywood imaginou. E
era tudo real. Estava começando o maior
atentado terrorista de todos os tempos.
36 WTC pegando fogo; O edifício mais alto de NY em chamas.
81
segundos pessoas acenam com
lenços em meio à
fumaça da janela;
nuvem de fumaça sai
da 1ª torre até que a
2ª torre é atingida pela
direita e sai nuvem de
fogo e fumaça pela
esquerda; pessoas
vêem do chão o
choque com a 2ª
torre; os prédios
próximos ao local do
ataque
Angústia, acenos, gritos de socorro nas
janelas. O maior ataque terrorista da História
da Humanidade começou com o choque de
um avião seqüestrado pouco antes. As
imagens estavam sendo transmitidos pela TV,
ao vivo, quando, dezoito minutos depois, um
outro avião se aproxima pela direita do quadro
e bate na outra torre.
3
segundos
GC: Luciano Fabello,
comerciário.
Luciano fala ao
microfone enquanto
transeuntes
caminham no sentido
oposto à câmera
Isso é uma coisa horrível, horrível, horrível.
62
segundos
Transeuntes passam
pelas ruas,
apressadamente;
algumas pessoas se
abaixam; policiais
coordenam as
movimentações nas
ruas; carros acionam
suas buzinas;
transeuntes choram,
gritam e se confortam
com os demais;
Nas ruas próximas do atentado correria.
(pessoas falam em inglês). Lágrimas. As
pessoas estão pulando das janelas, ela diz.
Aumenta o desespero. A todo momento,
alguém se jogava lá de cima. Os dois aviões
que se chocaram contra o WTC tinham sido
seqüestrados. As torres, construídas para
resistir até o choque de um Boeing 727, tinham
sido atingidas por dois aviões maiores: jatos
767, sequestrados em Boston. Os dois aviões
levavam passageiros. O presidente dos
Estados Unidos George Bush confirma: foi um
82
mulher dá entrevista
ao microfone,
apontando para o
local, inspira
profundamente o ar e
limpa os olhos; visão
panorâmica de
pessoas se jogando
das torres; câmera
acompanha o trajeto
do avião que se
chocou contra a 2ª
torre, com relógio na
tela marcando
9h04min; imagem do
2º choque, do chão;
presidente Bush em
pronunciamento em
ambão com logo da
Presidência dos EUA,
com crianças e
adultos ao fundo;
mulher dá entrevista,
ao microfone, com
transeuntes ao fundo
atentado terrorista. A brasileira Bruna Paixão
trabalha num restaurante que fica perto do
WTC.
20
segundos
GC: Bruna Paixão,
estudante;
transeuntes no fundo
da tela
Mas as pessoas “tavam” correndo, tipo
correndo nas ruas, desesperadas, sem saber o
que fazer. E elas entravam no restaurante,
pediam pra usar o telefone, porque elas não
conseguiram usar o telefone público. E iam ao
banheiro, vomitar. Era um desespero. Muita
gente machucada chegou no restaurante
também. Muita gente nervosa, chorando, foi
83
um caos. Nunca vi uma coisa como essa. Foi
um caos.
59
segundos
GC: Edney Silvestre,
Nova York; repórter
fala ao microfone,
com imagens de
prédios em chama no
canto superior direito
da tela; barulho de
sirenes; queda da
torre norte, com
fumaça; queda da
segunda torre, com
fumaça e fogo;
pessoas assistem à
queda e começam a
se movimentar;
pessoas andam em
grupo em meio à
nuvem de fumaça;
pessoas correm do
local; homem dá
entrevista
Toda a área próxima ao atentado ficou
fechada. Lá onde estavam os prédios do WTC,
só fumaça. Os dois edifícios de 110 andares
vieram abaixo após as explosões. A primeira
torre a cair foi a do norte. (barulho de sirene)
Pouco depois, às 10 e 25 da manhã, os
andares superiores da segunda torre
começam a ceder e vêm abaixo. (barulho da
queda) O capelão brasileiro Hélio dos Anjos foi
ajudar as vítimas.
16
segundos
GC: Hélio dos Anjos,
capelão; dá entrevista
ao microfone, com
imagem de fumaça
local no canto
superior direito da tela
E lá estavam as autoridades, pessoas do Fire
Department, dos bombeiros. E tinha pessoas
em choque e eu comecei também a ficar muito
nervoso, porque começou a vir muita fumaça.
E a gente não sabia se subia, pegava o
elevador, se descia. E os bombeiros: calma,
calma. Olha foi, foi terrível.
8
segundos
Ambulâncias cobertas
de pó; escolta de
motos da polícia;
As ambulâncias, ainda cobertas de pó, não
param. Polícia, bombeiros e equipes de
socorro aumentam a cada momento. As
84
carros dos bombeiros;
WTC com fumaça,
antes da queda;
homem dá entrevista;
ataque à 2ª torre
fundações das torres são de aço. O
engenheiro brasileiro, Carlos Levy, diz que é
improvável que apenas o choque dos aviões
pudesse levar os prédios abaixo.
12
segundos
GC: Carlos Levy,
engenheiro;
transeuntes passando
nas calçadas
As próprias imagens assustam com a
velocidade (...). Fica difícil acreditar que
apenas o choque dos aviões e as explosões
causassem o desabamento dos prédios de
uma maneira tão rápida. As próprias imagens
assustam com a velocidade com que ocorreu.
7
segundos
Monte de escombros
despenca, com
fumaça, se choca
contra o chão;
pessoas no local
passam a correr;
bombeiros e policiais
se movimentam
Há suspeitas de que os prédios tenham sido
implodidos pelos terroristas.
2
segundos
Parte superior da torre
despenca, em meio a
nuvem preta de
fumaça
Oh my God! Oh my God!
36
segundos
Queda da parte
superior da torre, em
meio a nuvem preta
de fumaça; fumaça e
fogo saem do lado
oposto ao do choque
com a 2ª torre; nuvem
preta de fumaça
alcança pessoas em
fuga, nas ruas;
Alguns especialistas acham que o WTC
acabou ruindo por uma combinação de fatores:
o choque do avião, as explosões que se
seguiram, mais o fogo, enfraqueceram a
estrutura dos andares superiores. E o peso
deles, ao cair, levou o resto. O ataque ao WTC
é o maior já ocorrido em solo americano,
desde que os japoneses bombardearam Pearl
Harbor. Lá foram mortos 2280 soldados, 68
civis. Foi o que levou os EUA a entrar na 2ª
85
policiais, bombeiros,
paramédicos e civis
dão assistência a
feridos; panorama
geral de Manhattan,
com nuvem de poeira
e outro prédios
Guerra Mundial.
10
segundos
WB – estúdios
GC:William Bonner;
mapa dos EUA com
mira, torres do WTC e
fogo
Com 110 andares e 417 metros de altura, as
torres gêmeas do WTC eram os prédios mais
altos de NY.
49
segundos
Voz de William
Bonner; Imagens de
arquivo do WTC: as
duas torres, sua
entrada, detalhes de
suas vidraças,
panorama da região
sul da ilha de
Manhattan, turistas;
maquete virtual com
indicações da ilha, da
Estátua da Liberdade,
do Brooklyn e de
Nova Jersey; o WTC
em 1993; a fumaça do
atentado; bombeiros
no local; paramédicos
dão atendimento a
vítimas; escombros;
Osama Bin Laden
caminha entre
O edifício abrigava lojas e escritórios de 430
empresas, onde trabalhavam 50 mil pessoas.
Começou a ser construído em 1970, numa
tentativa do governo do estado de Nova York
de revitalizar o sul da ilha de Manhattan.
Desde então, o prédio, o 5º mais alto do
mundo e o 2º dos EUA virou ponto turístico.
Dos dois terraços do edifício, era possível ver
a Estátua da Liberdade ao sul, o bairro do
Brooklyn a leste e a cidade de Nova Jersey a
oeste. Em fevereiro de 1993, o WTC foi alvo
de um ataque a bomba que matou seis
pessoas e deixou mais de mil feridos. A
responsabilidade pelo atentado, há oito anos,
foi assumida pelo terrorista mais procurado do
mundo, Osama Bin Laden.
86
homens de faces
cobertas e
descobertas e com
armas
7
segundos
FB – estúdios
GC: Fátima
Bernardes; mapa dos
EUA com mira, torres
do WTC e fogo
Além da destruição em NY, o terror atacou o
símbolo do poder militar dos EUA: o
Pentágono.
140
segundo
Vista geral do
Pentágono, com
fumaça; pessoas e
policiais do lado de
fora da face oeste do
Pentágono;
bombeiros tentam
apagar o fogo com
água de uma
mangueira; homens
olham o local do
acidente; vista do
local do outro lado da
avenida; funcionários,
uniformizados ou
vestindo ternos,
caminham na calçada;
GC: Fernando Silva
Pinto, Washington;
repórter com o local
do acidente no canto
superior direito da
tela; transeuntes
liberados de seus
Exatos quarenta minutos depois de o 2º avião
atingir o WTC em NY, os militares que
trabalhavam na face oeste do Pentágono
tiveram, durante breves momentos, uma visão
de pesadelo. Um Boeing 757 da companhia
aérea United mergulhando diretamente contra
o prédio. O impacto abriu uma cratera numa
das faces dessa construção imensa, que é, na
verdade, um sanduíche de cinco edifícios, um
dentro do outro. Todos com seis andares de
altura. Das dezenas de portas do Pentágono,
milhares de funcionários foram retirados às
pressas. Não só a violência do ataque e a
tragédia que ele provoca assustam os
americanos. A simbologia é muito forte
também. O coração das forças armadas foi
atingido. A capital desse país é muito mais
vulnerável do que os cidadãos podiam
imaginar. Os que trabalham em Washington e
moram fora da cidade, nos subúrbios, saíram
dos escritórios ouvindo informações de que
uma outra explosão teria acontecido ao lado
do Departamento de Estado e outra, ainda,
próxima ao Capitólio. O clima na capital da
87
trabalhos; carros em
fila; carro da Polícia;
carro da Polícia
bloqueando a
passagem de veículos
em fila; fumaça e o
Capitólio ao fundo,
entre postes e fios
elétricos; bombeiros
tentando apagar o
fogo com mangueira;
ambulâncias,
helicópteros, carros e
pedestres do lado de
fora do Pentágono;
homem entrevistado,
ao microfone, com
óculos de sol; homem
meio calvo, de
cabelos grisalhos, dá
entrevista, ao
microfone; homem
calvo, de óculos
escuros, também é
entrevistado; foco na
fumaça que sai dos
prédios; câmera
percorre face oeste do
Pentágono, com
fumaça e paredes
escuras, da esquerda
para direita; almirante
americano em
maior potência do mundo era de medo e
incerteza. A possibilidade de novos ataques
estava na mente de todos. Em pouco tempo,
Washington praticamente parou. Todo o
pessoal foi retirado da Casa Branca e do
Congresso. Funcionários federais foram
dispensados em toda a cidade. Este rapaz
está surpreso. Diz que esperava que o
Pentágono fosse mais seguro. Os terroristas
estão enganados em achar que conseguiram o
objetivo deles. Vão ser condenados por 99%
da população do mundo, ele diz. E este outro
diz que deve haver retribuição. É um crime,
tem que haver justiça. Um estado de alerta nas
Forças Armadas americanas foi acionado logo
depois do atentado contra o Pentágono. Dois
porta-aviões nucleares e vários cruzadores
foram dirigidos para a defesa dos litorais do
país. A explicação do vice-almirante Steven
Pietropauli, essa tarde, foi curta. Nós estamos,
ainda, sob ataque. Até agora, o Pentágono
não está divulgando a lista dos funcionários
atingidos no atentado. Sabe-se que 35
pessoas estão feridas e não há informações
sobre mortes.
88
entrevista, primeiro
em coletiva de
imprensa, rodeado
por pessoas e,
posteriormente, em
entrevista individual,
com pessoas em seu
entorno; fumaça no
prédio; vista
panorâmica;
helicóptero durante
pouso; panorama
10
segundos
WB – estúdios
GC:William Bonner;
mapa dos EUA com
mira, torres do WTC e
fogo
A sequência dos acontecimentos levou o
governo americano a acionar o plano de
emergência. Nunca na História tantos aviões
foram seqüestrados ao mesmo tempo.
156
segundos
Mulher dando
entrevista, com
pessoas transitando ou
paradas, olhando para
ponto fixo; imagem
aérea da ilha de
Manhattan; carros e
pessoas sob a poeira;
GC: reportagem,
Zileide Silva; pessoas
correndo entre
caminhões dos
bombeiros, fugindo da
fumaça; helicóptero
durante pouso; avião
durante voo;
Esta americana, uma nova-iorquina, ela
conseguiu explicar como os americanos estão
se sentindo hoje. É horrível. Eu não podia
imaginar que isso poderia acontecer que
somos tão vulneráveis assim. Os EUA, o país
mais poderoso, o mais rico do mundo. Teve um
momento hoje em que o Departamento de
Aviação americano perdeu o contato. Não
sabia onde estavam oito aviões, quatro tinham
sido seqüestrados. Dois da American Airlines.
O que se chocou com a 1ª torre ia de Boston
para Los Angeles. O outro, que atingiu o
Pentágono, ia de Washington também para Los
Angeles. Segundo a empresa, os dois aviões
levavam 158 passageiros e dezessete
tripulantes. Os outros dois aviões eram da
89
infográfico com avião e
mapa da América do
Norte, com destaque
em laranja para os
EUA; GC: American
Airlines, com a foto da
1ª torre atingida e
demarcação no mapa
de Boston e Los
Angeles, também com
foto do Pentágono e
demarcação no mapa
de Washington e Los
Angeles; GC: 158
passageiros e 17
tripulantes; GC: United
Airline, com a foto da
2ª torre atingida e
demarcação no mapa
de Boston e Los
Angeles; GC: 56
passageiros e 9
tripulantes;
demarcação no mapa
da Pensilvânia , com
foto de avião e GC: 38
passageiros e 7
tripulantes; queda das
torres; rua coberta de
poeira branca e poeira
escura entre os
prédios; fumaça nos
prédios; vista
United Airlines. O que atingiu a 2ª torre fazia a
rota Boston – Los Angeles. Com nove
tripulantes e 56 passageiros. E o que caiu na
Pensilvânia. Um avião com 38 passageiros e
sete tripulantes. Uma das passageiras desse
avião, com um celular, conseguiu avisar ao
marido: estamos sendo sequestrados e os
seqüestradores estão com facas ou punhais. A
United não informou se o avião caiu antes de
atingir algum alvo terrorista ou se por uma
outra razão. Todos os passageiros e tripulantes
desses quatro aviões, 285 pessoas morreram.
Logo após o primeiro choque, na torre do WTC,
o plano de emergência dos EUA contra
ataques terroristas foi acionado. E, pela
primeira vez na história americana, essa
imagem, aeroportos super movimentados, não
foi vista. Todos os aeroportos do país foram
fechados, para pousos e decolagens. 40 mil
vôos foram cancelados. Os outros, transferidos
para o Canadá. O departamento de aviação
civil informou que eles só voltam a funcionar,
talvez, a partir de amanhã, ao meio dia. A
fronteira com o México foi e continua fechada e
alvos em potencial, prédios, monumentos,
pontes, túneis, tudo o que poderia ser atingido
por outros atentados foi isolado ou
desocupado, inclusive o prédio das Nações
Unidas, em Nova York. Na Flórida, a NASA,
Agência Espacial Americana, entrou em estado
de emergência máxima. A Disney fechou os
parques na Flórida. Em Seatle, um dos
principais pontos turísticos da cidade, esta
90
panorâmica de
Manhattan, com o
WTC ao centro; avião
da Air France taxiando
em pista de aeroporto;
avião da Air France
levantando voo; avião
durante voo; avião
levantando voo; placas
de trânsito e bandeira
mexicana na fronteira
dos EUA com o
México; trem;
helicóptero;
monumento de
Abraham Lincoln;
pontes; caminhões de
bombeiros em alta
velocidade; prédio da
ONU; centro de
controle da NASA;
desfile de carros da
Disney; castelo da
Bela Adormecida na
Disney; vista
panorâmica de Seattle;
cúpula da Space
Needle; parte
destruída do
Pentágono, de foco a
vista panorâmica
torre, foi fechada. Eram os EUA tentando se
proteger.
11
segundos
FB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
Na História recente, os americanos sofreram
diversas ações terroristas, nem todas
91
torres do WTC e fogo promovidas por estrangeiros. Mas o maior de
todos os suspeitos é árabe
117
segundos
Osama Bin Laden em
pronunciamento;
soldado talebã com
rádio de patrulha;
pessoas vestidas com
trajes árabes e com
armas; escombros das
embaixadas
americanas no Quênia
e na Tanzânia em
1998; civis socorrendo
os feridos desses
atentados; imagens de
helicóptero do local;
pessoas no local dos
escombros; Bin Laden
com arma na mão,
sentado sobre
almofada, com mapa-
múndi ao fundo;
soldados em patrulha;
Bin Laden, com roupas
militares, em
entrevista, com arma à
sua direita; escombros
de bases militares
americanas na Arábia
Saudita; imagem da
Al-Jazeera do
Destroyer USS-CO
atacado; Bin Laden
O primeiro nome da lista de suspeitos é o do
saudita Osama Bin Laden, considerado o
inimigo número um dos EUA. Ele vive no
Afeganistão, protegido pelo governo Talebã.
Em 1998, Bin Laden teria financiado os
atentados a embaixadas americanas na África.
Foram duas embaixadas do Quênia e da
Tanzânia, ao mesmo tempo. 224 pessoas
morreram. Quatro terroristas ligados a Osama
Bin Laden foram julgados e condenados a
prisão perpétua nos EUA. Há menos de três
semanas, Bin Laden teria ameaçado organizar
um atentado como o de hoje. Uma fonte do FBI
disse à rede de televisão NBC que Osama Bin
Laden deve estar por trás dos ataques. Ele é
suspeito de outros ataques a bases americanas
na Arábia Saudita, em 1995 e 96, e ao
Destroyer USS- CO, no Iêmen, no ano
passado. Há anos o governo americano pede a
extradição de Bin Laden, mas o Afeganistão
nega o pedido. Bush já tinha avisado: vai
responsabilizar o Afeganistão por qualquer
ataque de Bin Laden. As autoridades
americanas estão evitando falar em suspeitos.
O último atentado que os EUA sofreram em
território americano aconteceu em 1995, em
Oklahoma. O carro bomba que destruiu o
edifício do governo federal matou 168 pessoas.
Os americanos logo suspeitaram de
extremistas árabes. Depois o FBI pegou o
verdadeiro culpado: uma americano, Timothy
92
atirando, cercado de
homens; Bin Laden em
entrevista e com um
entrevistador; repórter
nos EUA; GC: Heloísa
Vilela, Nova York;
transeuntes na
calçada, com tráfego e
barulho de veículos;
carros incendiados;
prédio em chamas,
com fumaça e
escombros; vista
aérea; vista do chão;
foco nos andares do
prédio destruído e
queimado; imagem
aérea e ampla das
redondezas; Timothy
McVeigh, em roupa
laranja, cercado de
policiais e agentes do
FBI; Collin Powell e
autoridade peruana em
palácio do governo
peruano; vista ampla
de sala de reuniões;
Powell falando ao
microfone
McVeigh, que foi executado em junho deste
ano. Na hora em que aviões explodiam em
prédios americanos, o secretário de Estado
Colin Powell, estava no Peru. Ele interrompeu a
visita oficial para voltar aos EUA. Antes de
embarcar o general da Guerra do Golfo
mandou um recado aos terroristas. Eles podem
destruir edifício e matar pessoas, mas nunca
matarão a democracia. “They will never be
allowed to kill the spirit of democracy”.
29
segundos
WB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo;
imagens cedidas pela
Durante a madrugada, no Oriente, a capital do
Afeganistão começou a ser bombardeada. As
imagens da rede CNN mostram mísseis e
armas antiaéreas em ação nos arredores de
93
CNN de ataques de
mísseis e armas
antiaéreas a Kabul
durante a noite; GC:
CNN Exclusive,
Breaking News,
“America under
attack”, “Explosions in
Kabul, Afghanistan”,
“Nic Robertson live via
videophone from
Kabul, Afghanistan”
Kabul. As explosões começaram por volta das
seis e meia da tarde, horário de Brasília.
Assessores da presidência dos EUA disseram
que não houve ataques americanos no
Afeganistão e levantaram a hipótese de que o
bombardeio tenha sido obra da oposição ao
governo Talebã.
5
segundos
FB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
Vamos agora, ao vivo, a NY. A repórter Zileide
Silva tem novas informações.
67
segundos
GC: Zileide Silva, Nova
York; ao vivo, do
escritório da Globo em
Nova York; jornalista
na parte central da
tela, com imagem de
Nova York, durante a
noite, ao fundo; vista
panorâmica de
Manhattan, com
fumaça escura saindo
do local do atentado e
com detalhe oval no
canto direito inferior da
tela; prédio desabando
no detalhe; jornalista
no centro da tela; vista
de Nova York durante
Fátima, esta informação, de que os EUA não
têm nada a ver com esses ataques em Kabul
foi confirmada agora há pouco pelo Secretário
de Defesa americano. E aqui em NY, um
terceiro prédio, que ficava ao lado das torres
gêmeas caiu também. Foi no finalzinho da
tarde. Ele tinha 47 andares. Esse prédio, as
torres e outros cinco edifícios formavam o
principal complexo econômico aqui de NY.
Agora, sete e meia da noite aqui em NY, oito e
meia aí no Brasil, um exército de dez mil
pessoas está no local, vasculhando os
escombros, em busca de vítimas e
sobreviventes. Segundo o prefeito de NY, pelo
menos 2100 pessoas ficaram feridas, só aqui
em NY. Seiscentas foram hospitalizadas.
Quase doze horas após o atentado, é
impossível saber quantas pessoas morreram.
94
a noite; jornalista no
centro da tela;
Mas pelo menos, como vinte mil estavam nos
prédios, ou próximas a eles durante os
atentados, o número de mortos pode chegar a
dezena de milhares. Bonner.
7
segundos
WB – bancada do JN,
com os dois
apresentadores;
imagem mais ampla,
se aproximando de
apresentadores
Em instante, o país quês e preparava para
guerra nas estrelas é vítima de seus aviões de
passageiros
6
segundos
FB – imagem mais
próxima da bancada;
corte para imagem de
pessoas feridas,
enquadrada por
moldura azul; GC: JN:
depois do ataque
E o atendimento aos feridos numa cidade
paralisada pelo terror.
9
segundos
WB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
O presidente americano, George Bush, estava
fora de Washington quando aconteceram os
atentados.
95
segundos
Bush em sala de aula;
alguém se aproxima
de Bush e sussurra
algo em seu ouvido;
Bush em ambão com
símbolo do
Presidência, com
crianças e adultos
atrás, em minuto de
silêncio, de cabeças
baixas; Bush acena,
pouco antes de
embarcar no Força
Quando os ataques começaram, o presidente
Bush participava de um congresso sobre
educação na Flórida.
Foi na sala de aula que ele recebeu a notícia.
Bush pediu orações e um minuto de silêncio
pelas vítimas. Depois anunciou que estava
voltando a Washington. Mais tarde, Bush
apareceu num lugar mais distante da capital
ainda, numa base aérea no estado de Luisiana.
“Freedom itself was attacked this morning by
faithless cowards”. Bush disse que a liberdade
foi atacada por covardes sem fé e que ela seria
defendida. O presidente prometeu caçar e punir
95
Aérea 1; Bush passa
por policiais e
assessores e prepara-
se para coletiva de
imprensa em base
aérea, é fotografado
enquanto se
pronuncia, com duas
bandeiras americanas
ao fundo e sai da sala;
primeira-dama
americana entra em
sala, acompanhada de
dois homens, um
deles, senador; foco
em Laura Bush, no
centro da tela;
jornalista no centro da
imagem, com
transeuntes e
automóveis ao fundo;
GC: Arnaldo Duran,
Nova York;
os responsáveis. E garantiu: está sendo feito
tudo que é necessário para proteger a
população. Há oito meses no poder, Bush
enfrenta a primeira grande prova: o maior
ataque terrorista já realizado em território
americano. Ele diz que as forças do país estão
sendo testadas e que vão passar nos testes. A
primeira-dama, Laura Bush, faria um
pronunciamento no Senado, sobre educação.
Ao lado do senador Edward Kennedy, ela
garantiu que as crianças do país estão
protegidas: “…that children, everywhere in our
country, that they are safe”. A primeira-dama e
as filhas foram levadas para um lugar não
revelado. George Bush deixou a base aérea de
Luisiana e foi para outra base aérea, no estado
de Nebraska, no centro dos EUA, bem longe de
Washington. Mas já voltou à capital. A Casa
Branca anunciou que ele fará um
pronunciamento logo mais às nove horas, dez
da noite, em Brasília.
12
segundos
FB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
Os ataques terroristas surpreenderam também
por derrubarem o que parecia uma verdade
incontestável. Até hoje o mundo considerava o
sistema de segurança americano,
praticamente, inviolável.
32
segundos
Narração de Fátima
Bernardes; Bush
durante
pronunciamento,
escoltado por militares;
Os inimigos mudaram. Foi com essa frase que
o presidente George Bush anunciou o início de
um novo projeto antimísseis americano, em
maio deste ano. Depois da Guerra Fria, o
inimigo não era mais a Rússia. O terror poderia
96
mapa da Ásia, com
destaque em laranja
para alguns países;
GC: Russia, Iarq, Iran,
North Korea; vídeo de
lançamento de
foguete, na parte
central da tela, com
expansão para toda a
tela; animação de
satélites na órbita
terrestre; ataque
terrorista à 2ª torre do
WTC
atacar do Irã, do Iraque e da Coreia do Norte.
O sistema de sessenta bilhões de dólares vai
criar armas capazes de derrubar mísseis
inimigos logo após o lançamento. Só que o
ataque não veio do espaço. Foi despachado
por aviões civis e americanos.
9
segundos
GC: Clóvis Brigadão,
cientista político;
entrevista sem
microfone de mão,
com mapa da América
do Norte no fundo da
sala, à direita do vídeo
Significa que nenhum sistema de segurança
mais perfeito é infalível. E o terrorismo é
exatamente isso: é a surpresa.
11
segundos
GC: João Roberto M.
Filho, Núcleo Estudos
Estratégicos –
Unicamp; entrevista
com microfone de
mão, de emissora
afiliada EPTV, com
livros em estantes, ao
fundo
Agora sim é que a gente vai poder dizer que
isso era previsível. Mas até aí nunca ninguém
imaginou que iam se encontrar pilotos de avião
a jato disponíveis a se suicidar atacando um
prédio. Quer dizer, era impossível prever isso.
16
segundos
Aviões decolando e
taxiando em aeroporto;
visão panorâmica de
Todos os dias mais de vinte mil aviões decolam
e pousam nos EUA. A questão agora é saber
como foi possível levar um Boeing ao
97
Pentágono com
fumaça; imagem aérea
do Pentágono;
escombros com
fumaça;
Pentágono, sem que ele fosse interceptado
muito antes de atingir um alvo tão estratégico.
6
segundos
WB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
Com uma população em pânico e os
transportes interrompidos, NY parou.
127
segundos
Tráfego de veículos
com foco de fumaça
no horizonte; GC:
imagens: Hélio
Alvarez; oficiais do FBI
e pedestres
caminhando,
apressadamente;
pessoas correm e se
escondem atrás de
veículo;
engarrafamento de
veículos sob viaduto;
policiais coordenando
tráfego; porta giratória
impedida por faixas;
rua devastada e com
poeira; tráfego de
ambulâncias e de
carros de bombeiros;
repórter na Times
Square, caminhando
em direção à câmera;
GC: Jorge Pontual,
Nova York; homem
O clima em toda a cidade era de guerra. Mesmo em lugares onde só se via de longe a fumaça de incêndio. Todos os túneis e pontes que levam à ilha de Manhattan foram fechados. As bolsas e os bancos não chegaram a abrir. As escolas ficaram com as crianças, porque os pais não puderam buscá-las. Só as ambulâncias circulavam, levando feridos para todos os hospitais da cidade. Times Square, o coração de NY, parou. As pessoas andam de um lado pra outro na rua, em estado de choque. “É uma guerra, é como Pearl Harbor, quando o Japão nos atacou de surpresa”. Esta não quer revide: “Destruíram a minha casa, o símbolo da minha cidade, mas a América tem que responder com amor”. “NY vai dar a volta por cima”, disse o policial. “Nós sempre levantamos a cabeça”. Os novaiorquinos demonstraram solidariedade, fazendo fila nas portas dos bancos de sangue. Sem metrô nem ônibus, o jeito foi voltar a pé pra casa ou sentar na calçada, pra ver no telão as notícias da tragédia. Esta se desesperou. “Quero ir para casa”, era tudo o que ela conseguia dizer. Muitos eram sobreviventes, que andaram mais de sessenta quarteirões, ainda surpresos por estarem vivos. “Nós estávamos sendo retirados do segundo prédio quando o avião caiu. Tudo tremeu, parecia um terremoto. Meus amigos que estavam nos andares de cima devem ter tido uma morte horrível. Muitos pularam lá do alto”. Este estava ao lado do primeiro prédio
98
com óculos e gravata
dá entrevista, num vão
entre dois edifícios;
mulher de roupas
azuis e óculos violetas
é entrevistada, com
rua, transeuntes e
carros ao fundo;
policial de uniforme e
óculos escuros
concede entrevista em
meio à multidão;
pessoas na fila de
doação de sangue;
pessoas andando
pelas ruas; foco em
pessoas, sentadas e
em pé, na calçada,
voltadas a um telão,
que, posteriormente,
também é mostrado;
mulher fala ao telefone
e fala ao microfone
enquanto procura
número de telefone em
sua agenda no celular;
imagem de cima de
pedestres; pessoas
conversando com
policiais; homem de
camisa branca
concede entrevista
com edifícios e
quando ele desabou. Ainda levava poeira dos sapatos. “Saí correndo a toda. A nuvem dos escombros atrás. Muita gente caiu e morreu sob os destroços”. Este ficou encurralado entre o rio e o incêndio. “Só escapei de morrer asfixiado porque alguém me deu uma toalha molhada”. Charles Mozart trabalha em Wall Street e viu de perto o que aconteceu.
99
pessoas no plano de
fundo; homem de
gravata mostra seus
sapatos com poeira da
queda das torres e
volta a conceder
entrevista, com vão de
edifícios no plano de
fundo; rapaz de
camisa azul fala e
gesticula, com edifícios
e pessoas caminhando
no plano de fundo;
rapaz de camisa
branca caminha entre
a multidão, em direção
à câmera
28
segundos
Homem de camisa
branca dá entrevista,
com pessoas no plano
de fundo; parede de
fumaça se alastra por
entre caminhões dos
bombeiros; homem
fala e gesticula com a
mão direita
“Não havia visibilidade nenhuma e não havia
forma de respirar fora dos prédios. E o pessoal
ia correndo pra Wall Street, com uma parede
de fumaça e neblina atrás. Todos cobrindo
suas caras com lenço com água, indo em
direção oposta ao WTC. Nem todo mundo foi
assim à parte leste da cidade para poder subir
andando assim, ao norte. Agora, os primeiros
dez blocos não davam pra avançar muito. Não
tinha trânsito, só veículos de emergência.
19
segundos
Nuvem de poeira, vista
do chão, com pessoas
tentando fugir; prefeito
de NY caminha em
direção à câmera, com
bombeiros e outras
O prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani,
estava num prédio ao lado do WTC. Chegou a
ficar preso nos escombros, mas conseguiu sair
pelo subsolo. “NY e a América são mais fortes
que esses bárbaros terroristas. A democracia
vai prevalecer”.
100
pessoas atrás,
empurra com a mão
um microfone e leva
máscara até seu rosto;
pessoas atravessam
esquina empoeirada;
prefeito concede
entrevista coletiva,
com um relógio
analógico e dois
homens atrás; vista
aérea da ilha de
Manhattan, com
nuvem de fumaça
8
segundos
FB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
No Brasil, 30 voos para os EUA foram
cancelados. Dois aviões, que já estavam lá,
tiveram de voltar.
11
segundos
Saguão de aeroporto
vazio; painel de voos
com cancelamento;
avião da TAM
pousando
Pouco depois do atentado, o painel do
aeroporto informava: todos os vôos previstos
para os EUA foram cancelados. Aviões que já
estavam no ar receberam ordens de
interromper a viagem.
5
segundos
Comandante
uniformizado dá
entrevista a repórteres
de algumas emissoras
de TV; GC: Luiz
Francisco Postigo,
comandante do avião;
flashes de máquinas
fotográficas sobre o
comandante
A companhia me informou que era pra retornar,
devido ao ataque terrorista e que eu não ia
conseguir pousar lá.
101
5
segundos
Passageiros e sua
bagagem no carrinho
de mão, pelos
corredores do
aeroporto; homem leva
idosa em cadeira de
rodas em direção a
balcão de atendimento
Os passageiros deste vôo da TAM, que ia de
São Paulo para Miami, ficaram assustados.
9
segundos
Passageiro concede
entrevista a emissoras
de TV, em frente à
porta de trânsito de
passageiros; GC:
Nelson Moreira,
estudante; pessoas
com carrinho de
bagagem e
cinegrafista aparecem
caminhando
A tripulação ajudou a gente a se acalmar, tudo.
A gente não sabia o que tava acontecendo,
entendeu? Só via o avião voltando e depois
que o comandante informou pra gente.
6
segundos
Senhora concede
entrevista, rodeada por
repórteres de
emissoras de TV; GC:
Diva Pedrosa,
aposentada
Eu tô nervosa, porque eu tenho minha família,
minha filha lá, com meus netos e meu genro,
né, lógico, e eu ia visitá-los.
31
segundos
Avião da TAM
taxiando; vista de
aeroporto por um
alambrado; mulher fala
ao telefone público;
pessoas em frente ao
balcão de check-in da
Varig Brasil; placa da
Outro vôo da TAM, que ia de Brasília para
Miami, fez escala em Manaus. E não seguiu
viagem. Por telefone, as pessoas tentavam
saber notícias de Nova York. Dois aviões da
Varig que saíram de São Paulo foram
desviados para duas cidades no México. Por
precaução, a United Airlines decidiu
interromper vários vôos. Inclusive o deste
102
United Airlines; avião
da United estacionado
em aeroporto; pessoas
com suas bagagens
em seus carrinhos;
saguão de aeroporto
com pessoas
aguardando e se
cumprimentando;
grupo, que saiu de Boston ontem à noite,
mesma cidade onde um dos aviões foi
sequestrado. Os passageiros foram obrigados
a trocar de companhia em São Paulo, para
conseguir chegar ao Rio de Janeiro.
4
segundos
Moça dá entrevista, ao
microfone; GC: Priscila
Antonello, estudante
Eu fiquei horrorizada porque podia ter sido
comigo, questão de horas.
3
segundos
Mulher é entrevistada;
olha inicialmente para
baixo e só depois para
o repórter
Eu entrei em pânico e pensei logo na terceira
Guerra Mundial.
8
segundos
Moça com olhar aflito;
ela corre em direção a
passageira que chega
e a abraça
apertadamente
Esta estudante esperava a chegada da mãe,
que vinha de NY. Quando soube que vários
aviões foram seqüestrados, entrou em pânico.
12
segundos
Moça dá entrevista;
GC: Renata Teixeira,
estudante; sua visão
não permanece fixa,
até que em seus olhos
aparecem lágrimas e
ela leva sua mão até
eles, para secá-los
O cara ainda falou que cinco estavam sumidos,
não tinha informação e eu comecei a chorar.
Falei: putz, minha mãe, né, que tava vindo de
lá. Só o desespero, não pensei em nada.
29
segundos
Repórter fala em frente
a painel de voos de
aeroporto; GC: Flávio
Fachel, Rio de Janeiro;
Nos aeroportos, pouca informação. Durante o
dia, nem a Infraero nem as companhias aéreas
sabiam dizer o que vai acontecer com os vôos
entre Brasil e EUA previstos para os próximos
103
pessoas em fila, com
suas bagagens;
funcionários checam
documentação; facas e
tesouras sobre a
mesa; imagens do
raio-X de bagagens no
aeroporto; vista da
fachada do aeroporto
de Belo Horizonte;
pessoas caminhando
pelo saguão; casal
aguardando, com seu
carrinho de bagagem
dias. A segurança nos aeroportos do país foi
reforçada. Em Salvador, facas e tesouras
identificadas pelo raio-X foram retiradas das
bagagens. Em Belo Horizonte, até veículos
foram revistados. A tragédia fez muita gente
mudar os planos no balcão do aeroporto. Este
grupo cancelou uma viagem para a Europa.
6
segundos
Homem de óculos se
explica e gesticula com
a mão direita; GC:
Gilberto da Silva,
aposentado
Nós estamos muito preocupados com essa
evolução do que houve nos EUA, né?
6
segundos
Mulher de óculos
concede entrevista;
GC: Maria de Lourdes,
aposentada; saguão
de aeroporto com
movimentação de
pessoas
A situação está muito perigosa, né, muito difícil.
Os aviões estão sendo seqüestrados. Prefiro
voltar pra casa.
7
segundos
WB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
E voltamos ao vivo aos Estados Unidos.
Zileide, qual é a situação de momento aí em
NY?
43
segundos
Repórter fala ao vivo
de escritório da TV
Globo em NY; GC:
Zileide Sila, Nova
Bonner, Manhattan começa a tentar a voltar ao
normal. Hoje cedo, as comunicações aqui na
cidade, praticamente, pararam. Os celulares
não funcionavam. Completar uma ligação para
104
York; ao vivo; da
janela, algumas luzes
de edifícios de NY e o
reflexo de alguns
televisores do
escritório
outro país era, praticamente, impossível. Uma
situação difícil, mas é o que está previsto, é o
que deve acontecer quando um plano de
emergência é acionado. Agora a situação é um
pouco mais normal. Algumas linhas do metrô já
estão funcionando. Túneis e pontes foram
liberados, mas apenas para quem quer deixar a
cidade. E o prefeito de NY fez um apelo. Pediu
para que as pessoas não venham para NY
amanhã, já que as investigações continuam. As
escolas públicas e as escolas católicas não vão
ter aulas amanhã. Fátima.
6
segundos
Bancada do JN com os
dois apresentadores e
visão panorâmica da
redação; câmera se
aproxima e é possível
ver mais detalhes da
redação, em plano
inferior
Em instantes, especialistas analisam as
conseqüências do terror para o futuro do
planeta.
7
segundos
Câmera quase sobre a
bancada; quebra de
imagem; GC: a
celebração do ódio;
dentro de uma moldura
azul, sucedem
imagens de: pessoas,
na maioria jovens e
crianças, festejam em
trono de uma van em
movimento, enquanto
uma das pessoas
levanta uma bandeira
E nos territórios ocupados por Israel, palestinos
comemoram o banho de sangue.
105
da Palestina; pessoas,
dentre elas,
novamente como na
cena anterior, crianças
e adultos, comemoram
na calçada em frente a
um comércio e a
bandeira da Palestina
volta a aparecer
17
segundos
Logotipo do JN; FB –
estúdios; mapa dos
EUA com mira, torres
do WTC e fogo
Há menos de uma semana, os EUA se
retiraram da Conferência da ONU sobre
racismo e xenofobia na África do Sul. Foi um
protesto contra decisão de se classificar Israel,
como país racista. Posições como esta
alimentaram, ao longo dos anos, o ódio de
extremistas muçulmanos.
60
segundos
Carro passa
lentamente pelo vídeo;
algumas pessoas
sobre a calçada, em
frente a um comércio;
crianças e adultos
comemoram em frente
a comércio; aparece a
bandeira palestina;
pessoas comemoram
em torno de van, que
anda lentamente;
algumas crianças
carregam a bandeira
palestina; mulher com
lenço na cabeça
aparece comemorando
Terror na América, festa no Oriente Médio. Nas
ruas dos territórios palestinos ocupados por
Israel, os americanos são vistos como amigos
do inimigo israelense. Portanto, inimigos que
merecem o pior. Alá é maior, grita este grupo.
Pra exibir felicidade, o dono da loja distribui
doces. Há muita gente disposta a festejar a
desgraça alheia diante das câmeras
internacionais. Mas os líderes do mundo
islâmico querem se distanciar do terror. O
embaixador do regime Talebã afegão, o mais
radical entre os governos islâmicos, condenou
o ataque. Com ar grave e preocupado, o
palestino Yasser Arafat oferece os pêsames ao
presidente Bush e ao povo americano. “É um
ataque terrível”, diz ele. “Estou completamente
chocado. É inacreditável”. A rápida condenação
106
entre adultos e
crianças; comerciante
leva prato com doce
para pessoas que
comemoram em frente
a sua loja; motorista de
van passa buzinando;
ele e pessoas nas ruas
fazem sinal de vitória
com os dedos; adultos
e crianças
comemoram, batendo
palmas e pulando;
homem de barba longa
e turbante preto na
cabeça dá entrevista
ao microfone; Yasser
Arafat concede
entrevista coletiva,
cercado de repórteres,
autoridades, poiliciais
e seguranças; Arafat e
homem de terno,
ambos sentados em
poltronas, em
conversa informal em
sala reservada;
repórter ao telefone,
em sala de estúdio,
com imagem do
ataque ao WTC em
monitor de televisão
revela o medo que toma conta do mundo árabe
e muçulmano. Confirma do Oriente Médio o
jornalista Mounir Safatli.
58 Mapa que compreende Líbano, Síria, Jordânia, Iraque, Irã e Líbia.
107
segundos parte da Europa, do
norte da África e do
Oriente Médio, com
divisão política dos
países em amarelo e
divisões do plano físico
dos territórios em
verde; países em
destaque laranja com
GC: Líbano, Síria,
Jordânia, Iraque, Irã e
Líbia; destaque para o
Líbano, com
demarcação para
Beirute, à esquerda da
tela; GC: Mounir
Safatli, pelo telefone;
imagem congelada das
torres do WTC, com
fogo e fumaça, em
tons de vermelho, à
direita; pessoas
marchando, perfiladas,
com bandeiras e fotos
nas mãos e fumaça
escura; logotipo da
Globo com GC:
Arquivo;
congestionamento de
veículos em rua de
algum lugar, que
aparenta se no Oriente
Médio; logotipo da
Esses seis países colocaram suas forças
armadas em estado de alerta máximo. Há um
temor generalizado sobre qual será a reação
americana diante das acusações de que
extremistas muçulmanos estariam por trás dos
atentados nos EUA. As facções palestinas tidas
como suspeitas também estão em alerta nos
acampamentos de refugiados na Jordânia,
Síria e Líbano. E quase todos os países árabes
favoráveis à causa palestina, o clima é de
tensão. Todos estão preocupados com a
reação, que já começou vinda do Ocidente.
Aqui no Líbano, por exemplo, cinco
companhias aéreas internacionais
suspenderam seus voos para Beirute, apesar
de o primeiro-ministro libanês Rafic Hariri se
apressar em lamentar os atentados e
encaminhar condolências ao povo americano,
num sinal de que o Líbano nada tem a ver com
o que aconteceu nos EUA.
108
Globo com GC:
Arquivo; militares,
portando armas, em
posto de guarita, por
onde passam veículos;
logotipo da Globo com
GC: Arquivo; vista de
cidade, com torre com
relógio ao centro e
veículos e bicicleta
com cesta passando;
logotipo da Globo com
GC: Arquivo;
panorama de avenida
larga e pouco
movimentada de
cidade aparentemente
islâmica, com minarete
de mesquita no canto
esquerdo da tela;
logotipo da Globo com
GC: Arquivo;
transeuntes na
calçada, algumas
mulheres com lenço
cobrindo seus cabelos;
logotipo da Globo com
GC: Arquivo; pessoas
sentadas em mesinhas
de restaurante, uma
mulher de pano
cobrindo a cabeça e
homem lendo jornal;
109
logotipo da Globo com
GC: Arquivo; pessoas
atravessando a rua,
dentre elas, mulheres
de pano cobrindo a
cabeça; logotipo da
Globo com GC:
Arquivo; trânsito de
veículos e pessoas na
calçada, olhando
vitrines e caminhando;
logotipo da Globo com
GC: Arquivo
37
segundos
Crianças, jovens e
adultos sobem
ladeira; homens
atiram objetos, atrás
de barricada; militares
armados se
posicionam atrás de
barricada de pedras;
homens conversando
e se movimentando
em praça; rapaz
movimenta bandeira
palestina de cima de
uma casa; repórter
em avenida com
movimentação de
carros e de
transeuntes, com
microfone de mão;
GC: Ernesto Paglia,
A festa nos campos de refugiados palestinos é
inflamada por quase um ano de confrontos
diários com a força de ocupação israelense.
Mas a maioria dos habitantes do mundo árabe,
que nada tem a ver com o terror, vai dormir
hoje com medo de uma retaliação americana.
Mas quem teme sofrer o maior prejuízo de
todos é a imensa e pacífica comunidade
muçulmana que vive aqui na Europa.
Preocupado com uma onda de preconceito
antiárabe, o especialista britânico alerta:
“Radicais terroristas não podem ser
confundidos com a imensa população
muçulmana, que trabalha e respeita as leis
pelo mundo afora”.
110
Londres; homem
calvo e com bigode
espesso, de roupa
social em frente a
uma planta,
respondendo a uma
pergunta
13
segundos
FB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
O primeiro-ministro israelense Ariel Sharon
decretou luto no país. As fronteiras com o
Egito e a Jordânia foram fechadas, como
medida de segurança. E o ministro da Defesa
cancelou uma viagem que faria nos próximos
dias aos EUA.
8
segundos
WB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
Aqui no Brasil, lideranças islâmicas e judaicas
condenaram os atentados. E fizeram um apelo
a favor da paz.
8
segundos
Minarete de mesquita
cor de marfim;
imagem percorre de
alto a baixo, até
aparecer muro com
pichações; homem
trajando terno fazendo
reverência durante em
oração, sobre tapete
colorido; homem se
levanta e torna a se
abaixar
Na mesquita no bairro paulistano do Cambuci,
uma oração pela paz, citando o Alcorão, livro
sagrado do islamismo.
7
segundos
Homem da imagem
anterior fala ao
microfone; GC:
Mohamed Murad,
presid. Soc.
Se nos matarmos uma pessoa, é como tivesse
matado toda a Humanidade. Então, nós
deploramos este ato criminoso.
111
Muçulmana de S.
Paulo; entrevistado
demonstra firmeza no
olhar e nas palavras,
movimentando
bastante sua cabeça
34
segundos
Repórter com
microfone de mão e
altar muçulmano ao
fundo direito da tela;
GC: Alberto Gaspar,
São Paulo; repórter
movimenta sua mão;
panfletos preto e
branco da campanha
palestina de retomada
de territórios
ocupados; homem
fala ao celular,
sentado em poltrona;
outro homem, ao lado
do que fala ao celular,
também sentado,
conversa; os dois
homens estão lado-a-
lado e o que fala ao
celular segura no
braço direito do outro;
pomba branca com
balança no bico e
referências às
bandeiras brasileira,
israelense (na asa
Ofensa à religião, atentados como o de hoje
nos EUA, são condenados também por
entidades muçulmanas de caráter mais
político, que atuam em São Paulo. Abaixo a
ocupação. A frase cobre as paredes da casa
onde encontramos um militante palestino. Ao
lado dele, um judeu. Juntos, eles lideram uma
entidade que prega a paz entre os dois povos.
Pra eles, o fato de a maior potência do planeta
não ter conseguido se defender do ataque de
hoje mostra que a força não vai garantir a
segurança mundial.
112
esquerda do pombo)
e palestina (na asa
direita); homens
sentados em poltrona,
conversando, com
mesa e xícara de café
ao centro; homens
vistos de outro
ângulo, de onde
podem ser vistos os
panfletos da
campanha palestina.
8
segundos
Homem calvo e de
barba grisalha,
vestindo roupa
branca; GC: Michael
Haradom, líder
pacifista
Nós podemos tentar acabar com o terrorismo
pela força ou podemos tentara acabar com o
terrorismo pela paz.
9
segundos
Homem de cabelo
grisalho, camisa
social e agasalho
esportivo; GC: Emir
Murad, líder pacifista;
homem movimenta
suas mãos
Porque não é possível que o mundo, que a
ONU, que os governos mundiais, deixem isso
acontecer mais uma vez.
8
segundos
Homem de terno e
barba, analisando
livro, sentado em
mesinha do que
parece ser uma
cafeteria ou
restaurante; imagem
foca rosto do homem
No Rio, este representante da juventude
islâmica tem medo que o atentado estimule o
preconceito contra os muçulmanos.
113
e depois seu livro;
12
segundos
Homem da imagem
anterior, falando, com
microfone de mão;
GC: Jihad
Hammadeh, vice-
pres. Juventude
Islâmica
Que se apure os atentados, que se veja,
realmente, quem fez isso. E que se condene
quem praticou isso. Não as demais pessoas.
Generalizar isso é uma injustiça
20
segundos
Homem vestindo
terno e kipá cor de
vinho, em entrevista
coletiva; GC: Henry
Sobel, pres. da
Congregação
Israelita; autoridade
enfatiza sua fala com
gestos com sua mão
direita
As boas relações entre a comunidade judaica
e a comunidade muçulmana no Brasil vão
continuar sendo relações de respeito mútuo e
cordialidade. Não vamos importar terror para o
Brasil.
15
segundos
FB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
Na Grã-Bretanha, faltavam quinze minutos
para as duas horas da tarde quando o primeiro
avião se chocou contra uma das torres do
WTC. A partir daquele momento, não só o
país, como toda a Europa parou, atônita, para
saber o que estava acontecendo.
143
segundos
Foco em relógio com
números romanos
marcando as
16h56min, com rapaz
desfocado; pessoas
olhando atentamente
para algo, com ônibus
vermelho de dois
andares, no plano de
A tradicional pontualidade britânica, hoje, não
funcionou. O país parou diante da TV para
assistir às notícias que chegavam ao vivo dos
EUA. No centro de Londres, ninguém esperou
até as cinco da tarde pra sair do trabalho.
Lojas, bares e, principalmente, prédios
públicos foram esvaziados. A bolsa de valores
fechou o pregão duas horas antes do horário
normal. As linhas de metrô chegaram a ser
114
fundo; TV em canal
de notícias britânico;
multidão olhando para
vitrine, onde assistem
às notícias;
transeuntes passam e
param no local onde
se encontra a
multidão em frente a
televisão; imagem
feita de carro pelas
ruas, mostrando
prédios e ruas vazios;
fachada da Bolsa de
valores britânica, com
poucos transeuntes
passando pela
calçada; imagem do
hall de entrada da
Bolsa de valores
britânica, vazia, pelo
vidro de entrada e de
porta-giratória;
entrada da estação de
metrô londrino
Camden Town
Station, onde se vê
placa do
“Underground”;
televisores com os
horários de partida e
pouso de voos,
seguido de saguão de
interrompidas. Todos os vôos sobre a capital
da Grã-Bretanha foram proibidos. E os vôos
para os EUA suspensos. O Canary Wharf, o
prédio mais alto de Londres, também ficou
vazio. Esse clima tenso entre os britânicos
encontra uma explicação, principalmente, no
campo da diplomacia. A Grã-Bretanha é a
principal aliada dos EUA. Costuma apoiar o
governo americano em todas as decisões
políticas. Hoje, essa amizade histórica deixou
os cidadãos daqui com a sensação de que
Londres poderia ser o próximo alvo. “Estou
com muito medo”, diz a moça, “também tenho
pena das pessoas inocentes que morreram”.
Este homem se diz apavorado. “Meu receio é
de que isso provoque a terceira Guerra
Mundial”. O primeiro-ministro Tony Blair
cancelou uma reunião ministerial para fazer
um pronunciamento. “Estamos solidários com
o povo americanos. O mundo precisa se unir
para erradicar o terrorismo.” De toda a Europa
partiram manifestações no mesmo sentido. O
presidente da França, Jacques Chirac,
chamou de monstruoso o que aconteceu na
América. O presidente da Rússia, Vladimir
Putin, disse que foi uma tragédia terrível e
convocou uma reunião ministerial para discutir
a segurança. O chanceler federal alemão,
Gerard Schroeder, classificou o ato terrorista
de abominável. E o secretário geral da OTAN,
George Robertson, conclamou o mundo a
formar uma frente comum pra combater o
terrorismo. A União Europeia já convocou uma
115
aeroporto, lotado de
passageiros, sentados
e circulando; televisor
com horários de
partidas de voos,
onde se lê
“Departures”; vista de
alto a baixo de prédio
com vidros
espelhados; policial
londrino com capa
amarela ajuda a
evacuar prédio pela
porta, de onde saem
pessoas, caminhando;
repórter na parte
central da tela, com
microfone de mão,
transeuntes e veículos
passando; repórter
em calçada, na curva
de onde transitam
veículos; GC: Marcos
Losekann, Londres;
mulher de cabelos
loiros e encaracolados
concede entrevista,
com carros e ônibus
passando pela rua;
rapaz dá entrevista,
interpelado pelo
repórter enquanto
assistia às notícias de
reunião de emergência pra discutir um plano
de ação. Todas as embaixadas americanas na
Europa e na Ásia tiveram a segurança
reforçada. Em Londres, diante das barreiras de
isolamento, foram deixados buquês de flores.
Homenagem às vítimas da violência, que hoje,
abalou o mundo.
116
vitrine de loja, da
calçada; outras
pessoas aparecem na
tela, assistindo à TV;
primeiro-ministro Tony
Blair anda por
auditório, vestindo
terno e com papel nas
mãos; Blair para em
palanque; close de
imagem em Blair,
enquanto ele faz seu
pronunciamento e é
iluminado por flashes
de fotografias;
fotógrafos perfilados;
presidente francês,
Jacques Chirac, em
palanque da Faculté
des Métiers, com
bandeira francesa e
da União Europeia no
fundo, com flashes;
presidente russo
Vladimir Putin, em
pronunciamento, em
frente à bandeira
russa, sem flashes de
fotografias; chanceler
alemão, em palanque,
em frente a parede
azul, com flashes de
fotógrafos; executivos
117
da OTAN em reunião,
enquanto homem
indicado pela placa
“chairman” faz
pronunciamento, com
movimentação de
executivos ao seu
lado e no fundo;
executivos em pé,
com militar nos
fundos, enquanto um
deles faz
pronunciamento;
movimentação em
frente a prédio de
embaixada americana
na Europa, com
homem saindo,
carregando materiais;
carro blindado verde,
avançando em frente
a guarita; prédio de
outra embaixada
americana, onde se
vê bandeira e águia
americana;
ramalhetes de flores
colocados sobre
grade de isolamento;
vista geral de prédio
de embaixada, pela
grade de segurança;
foco da imagem na
118
águia e a bandeira
trêmula
17
segundos
WB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
Os analistas políticos são unânimes em dizer
que o mundo será outro depois desta terça-
feira. O ministro das Relações Exteriores do
Brasil, Celso Lafer, disse que a situação é de
gravidade única, de conseqüências ainda
imprevisíveis.
33
segundos
Homem de cabelo
grisalho, com traje
social, falando ao
microfone de mão,
com ponto de escuta
em seu ouvido; GC:
Celso Lafer, min.
Relações Exteriores;
ministro olha para a
câmera, para os lados
e para baixo
É um episódio decisivo. Ele muda o
funcionamento do sistema internacional. Ele
coloca as sombras da incompreensão no
centro da vida mundial. Isso terá um efeito
grande sobre tudo e sobre todos e mudará a
maneira pela qual conduzimos a ação
diplomática. Este evento é mais sério do que
qualquer outro nos últimos tempos e ele tem
um alcance maior do que foi o fim da Guerra
Fria e a queda do Muro de Berlim.
26
segundos
Homem de óculos,
falando, em um
jardim, onde se vê
janelas, paredes
cobertas de plantas
trepadeiras e uma
cruz de alvenaria; GC:
Reginaldo Nasser,
prof. Pol. Internacional
PUC – SP;
entrevistado não olha
para a câmera, mas
para o repórter, que
não aparece na
Então eu acho que os países europeus e os
outro blocos do mundo, quer dizer, a América
Latina, entendeu, os vários organismos, a
Organização dos Estados Americanos, eles
têm que tomar um papel mais ativo no mundo.
Ou seja, o mundo deve ter uma
descentralização de poder. Essa é uma
questão que pode ser feita até a médio prazo.
A curto prazo, os EUA vão mudar
completamente o seu sistema de vigilância
interna.
119
filmagem
48
segundos
Homem calvo, fala em
um ambiente fechado,
com planta e quadro
no fundo; GC:
Fernando Abrucio,
prof. Pol. Internacional
PUC – SP; professor
gesticula bastante,
mas não olha para a
câmera; olha em
direção a
entrevistador, que não
aparece na filmagem
Eu acho que haverá, pelo menos, três
repostas. Uma resposta militar muito forte
contra algum país. Eles vão tentar escolher, se
não conseguirem descobrir quem foi, vão
tentar escolher uns países e os dois
candidatos sérios a tomarem um ataque
maciço, que, oxalá, não seja nuclear, são
Iraque e Afeganistão. A segunda resposta é
uma resposta que vai obrigar o presidente
Bush a sair do isolacionismo e, a partir de um
relacionamento internacional com seus
aliados, com os países democráticos, ter uma
política mais forte contra o terrorismo. E uma
terceira reação, fundamental, é o problema do
Oriente Médio. O presidente Clinton tentou
fazer a paz. O presidente Bush esqueceu o
Oriente Médio. Vai ser obrigado a relembrar o
Oriente Médio.
8
segundos
FB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
E voltamos, ao vivo, aos EUA, com a repórter
Zileide Silva. Zileide, que informações nós
temos sobre os brasileiros em NY?
62
segundos
Repórter no escritório
da rede Globo em NY,
com imagem de NY à
noite, na janela e
reflexo de televisores
no vidro; GC: vivo,
sobre o emblema da
emissora; esquina de
NY, durante a noite,
com carro
estacionado na
Fátima, o governo brasileiro informou que dez
empresas brasileiras tinham escritórios nas
torres do WTC. Muitos brasileiros eram
funcionários de corretoras. Estas imagens são
de NY agora à noite. Imagens ao vivo. E esses
funcionários brasileiros se concentravam,
principalmente, no 25º e 107º andar das torres.
Brasileiros que não conseguiram chegar ao
trabalho ligaram para a redação da Rede
Globo aqui em NY. Assustados, eles diziam
não ter informações sobre os colegas que
120
intersecção das ruas;
pessoas atravessam
na faixa de pedestres;
repórter com
microfone de mão
estavam no prédio. Além desses funcionários,
um outro grupo de brasileiros trabalhava ali.
Engraxates, no subsolo do prédio, onde
funcionava um shopping Center e operavam
várias linhas de metrô e trem. Até agora o
consulado brasileiro não divulgou a lista com
as vítimas. Segundo o consulado porque ainda
não se sabe a nacionalidade deles. E não é só
o consulado brasileiro. Até agora, nenhuma
lista foi divulgada com essa relação. Bonner.
7
segundos
Dois apresentadores
na bancada do JN;
imagem se aproxima
da bancada,
percorrendo-a, até
chegar aos
apresentadores
Daqui a pouco, bolsas de valores e moedas
internacionais são abaladas pelos atentados.
7
segundos
Bancada com
apresentadores;
borda em azul, com
símbolo do JN e
imagem de policiais
militares do estado de
São Paulo em torno
de um veículo Palio,
cercados de pessoas;
GC: barbárie; imagem
de homem (prefeito
de Campinas,
assassinado na noite
anterior) em
pronunciamento, com
E veja também: a polícia suspeita que o
assassinato do prefeito de Campinas foi crime
político.
121
microfone
13
segundos
Símbolo do JN em
azul; FB – estúdios,
com imagem
congelada do senador
Jader Barbalho no
canto superior
esquerdo da
apresentadora; fundo
marrom, com listras
Está pronto o relatório da Comissão do
Conselho de Ética que incrimina o senador
Jader Barbalho no caso de desvio de dinheiro
do Banpará. O documento deve ser
apresentado amanhã.
64
segundos
Três homens (entre
eles Romeu Tuma,
autoridades do
PMDB, conversam em
torno de mesa de
escritório; foco em
Romeu Tuma; foco
em documento, onde
se lê; “Conselho de
Ética e Decoro
Parlamentar,
Comissão de Inquérito
, Relatório”; nova
imagem do
documento, com
destaque, onde se lê:
“abuso de suas
atribuições de
Presidente desta
Casa” e “protelar a
tramitação do
requerimento de
informação.”; novo
O PMDB pediu prazo e conseguiu adiar por
um dia a leitura do relatório no Conselho de
Ética. Nas 82 páginas, o documento diz que o
senador Jader Barbalho abusou de suas
atribuições de presidente do Senado, adiando
a tramitação de um requerimento que pedia
informações do Banco Central. Um
comportamento que configura indício de
improbidade administrativa. O relatório diz
ainda que há provas irrefutáveis de que o
senador Jader Barbalho recebeu recursos
desviados do Banpará. E que ele faltou com a
verdade ao negar vinculação com aplicações
do Banpará. E também, quando disse, em
depoimento, que não atrapalhou as
investigações no Senado. O relatório conclui
que há provas materiais e testemunhais
suficientes para abertura de processo por falta
de decoro parlamentar. A leitura do relatório
está prevista para amanhã. Mas o PMDB,
partido do senador Jader Barbalho, quer,
primeiro, retomar o comando do Conselho de
Ética, que está com o PFL. E vai insistir na
122
documento, em cujo
destaque se lê:
“configura indício de
prática de ato de
improbidade
administrativa” (grifos
próprios do relatório);
em novo documento
do relatório, se lê no
destaque: “provas
irrefutáveis de
recebimento pelo
Senador JADER
BARBALHO (grifos
próprios do relatório)
de recursos havidos
dos desfalques.”; em
outra parte do
relatório: “Faltou ainda
com a verdade o
Senador JADER
BARBALHO (grifos
próprios do relatório)
inclusive ao negar
qualquer vinculação
aos resíduos das
aplicações”; em nova
página do documento,
há o destaque para o
item “Q”:
“retardamento da
tramitação” e
“tramitação foi
eleição do novo presidente do Conselho antes
da votação do relatório.
123
protelada”; em novo
documento, há o
destaque: “A
suficiência de provas
materiais e
testemunhais” e
“abertura de processo
por falta de decoro
parlamentar”; repórter
com microfone de
mão; GC: Giuliana
Morrone, Brasília
7
segundos
FB – estúdios, com
imagem congelada do
senador Jader
Barbalho no canto
superior esquerdo da
apresentadora; fundo
marrom, com listras
O senador Jader Barbalho disse que não vai
comentar o relatório da Comissão do Conselho
de Ética porque ainda não teve acesso ao
documento.
9
segundos
WB – estúdios, com a
Redação do JN ao
fundo, onde são vistos
televisores e pessoas
transitando
Mais de 50 mil pessoas acompanharam o
velório e o enterro do prefeito de Campinas,
Antônio da Costa Santos, do PT. Ele foi
assassinado ontem à noite.
18
segundos
Prefeito de Campinas
durante
pronunciamento; GC:
Arquivo, sobre o
emblema da
emissora; foco no
rosto do prefeito; rua
escura, com pstes de
iluminação e giroflex
O prefeito Antônio da Costa Santos, o Toninho
do PT, foi vítima da violência que abala
Campinas. Ele foi assassinado quando saía de
um shopping center, onde havia comprado
roupas. Baleado, perdeu o controle do carro
que dirigia e bateu num painel de propaganda.
124
ligado de carro da
polícia; foco na
movimentação de
pessoas, em rua onde
há carros
estacionados; policiais
militares e pessoas
em torno de veículo
Palio, que bateu em
placa de propaganda;
peritos, alguns com
luvas, averiguam
dentro do veículo
2
segundos
Policial militar dá
entrevista a emissora
da EPTV, afiliada na
Rede Globo em
Campinas, olhando
para entrevistador
O mais provável do que uma tentativa de
roubo.
7
segundos
Eduardo Suplicy
conversa com mulher;
José Genuíno
cumprimentando
outros homens
Ainda na madrugada, dirigentes do PT
estiveram no local do crime e levantaram a
hipótese de atentado político.
5
segundos
Suplicy fala com a
imprensa; GC: Sem.
Eduardo Suplicy, PT –
SP; é entrevistado por
várias emissoras
Nestes últimos meses, houve sim ameaças ao
prefeito Toninho.
6
segundos
Lula também é
entrevistado por
vários repórteres de
emissoras diversas e
Era uma figura que despertava nessa cidade
uma esperança enorme.
125
é fotografado; GC:
Luís Inácio Lula da
Silva, pres. de honra
do PT; Lula fala de
lado para a câmera
30
segundos
Repórter fala, com
microfone na mão, em
frente a parede
branca; GC: Caco
Barcellos, Campinas,
SP; repórter aponta
para onde balas
perfuraram o carro, na
janela traseira
esquerda, na porta
dianteira esquerda e
para as marcas de
sangue no assento do
banco do motorista;
posteriormente,
aponta para veículo
nos fundos da tela;
close na parte da
frente do carro, onde
há batida; depois,
aponta para amasso
no veículo do prefeito,
na parte da frente;
retorno da imagem
para o repórter
Testemunhas ouvidas logo depois do crime
disseram que o prefeito foi atacado por dois
homens, que estavam numa moto. Eles
dispararam três tiros: um, atingiu aqui, esta
janela traseira; outro, a porta dianteira; e o
terceiro foi fatal. Há muitas marcas de sangue
aqui dentro. A polícia suspeita que aquele
carro apreendido tenha participado da ação.
Ele está batido na frente, do lado direito. E o
carro do prefeito também está amassado aqui,
ó. É possível que ele tenha sido interceptado
no caminho.
14
segundos
Governador do estado
de São Paulo fala
para entrevistador da
A polícia está levantando várias hipóteses, né.
Quer dizer, eu acho que é precipitado a gente
estar colocando alternativas. O importante é
126
EPTV; GC:Geraldo
Alckmin, governador
de São Paulo;
governador não olha
para a câmera, mas
para o entrevistador;
pessoas no fundo da
tela fazem barulho
que o caso, há um empenho absoluto no
sentido de esclarecer e prender os criminosos.
32
segundos
Velório do prefeito
num saguão, onde se
lê: Palácio dos
Jequitibás; caixão
com o corpo do
prefeito no centro e
multidão em volta;
guarda de honra na
escolta, banner em
homenagem ao
prefeito, onde se vê o
símbolo do PT, com
pessoa
movimentando
bandeira; policiais
carregam,
atravessando
multidão, o caixão,
sobre o qual está
colocada bandeira do
Brasil; caminhões do
corpo de Bombeiros
atravessam rua com
multidão nas
calçadas; sobre um
O crime parou Campinas hoje. Mais de 50 mil
pessoas foram ao velório. No final da tarde,
uma multidão acompanhou o cortejo pelas
principais ruas da cidade. Arquiteto, professor
universitário, Toninho do PT se destacou na
política local por fazer uma série de denúncias
de corrupção. Aos 49 anos, deixa a mulher e
uma filha. Foi enterrado com a bandeira do
Brasil, sob uma salva de palmas.
127
dos caminhões está o
caixão, com flores;
imagem do cortejo
fúnebre do plano
terrestre; imagens
aéreas do cortejo
pelas ruas de
Campinas; policiais
carregando o caixão
com bandeira
nacional,
atravessando a
multidão; mulheres
se abraçam e se
consolam ao lado do
caixão, co multidão ao
lado; pessoas jogam
flores em direção ao
caixão, que atravessa
a multidão, carregado
por policiais militares;
multidão bate palmas
e continuam a jogar
flores
17
segundos
FB – estúdios, com a
Redação do JN ao
fundo, onde são vistos
televisores e pessoas
transitando; imagem
de José Ermírio;
pessoas sobem
escadas; fila de
homens se dirige a
Morreu hoje em São Paulo, aos 75 anos, o
empresário José Ermírio de Moares Filho,
presidente do conselho de Administração do
Grupo Votorantim. O empresário sofria de
câncer. O corpo dele está sendo velado no
hospital da Beneficiência Portuguesa, em São
Paulo, e será cremado amanhã, às 10 horas.
128
uma mulher, para
poder cumprimentá-la
26
segundos
GC: JN – Tempo;
mulher do tempo no
canto direito da tela;
GC: Fabiana
Scaranzi; Fabiana em
frente a mapa
interativo do Brasil,
com divisão política
dos estados e
simulação de nuvens
e marés; Fabiana faz
movimento com a
mão, indicando
movimentação de ar;
surgem manchas de
tons escuros e claros
sobre o mapa, além
de desenhos de sol,
nuvem clara com sol e
nuvem escura e com
riscos de chuva;
Fabiana estende mão
sobre as áreas
escuras do mapa;
aponta para áreas
verdes no mapa;
sobre o mapa,
desaparecem
indicações anteriores
e surgem manchas
laranja, amarela, azul
Quarta-feira com previsão de chuva em boa
parte do Brasil. Uma frente fria avança pelo
litoral do sudeste em direção ao sul da Bahia e
deixa o tempo chuvoso na faixa escura, que
vai até o leste paulista. Chove o dia todo
também do Acre ao Roraima. Sol nas outras
áreas com chuva à tarde de Minas Gerais ao
Amapá. A temperatura diminui no sul. Mínima
de 8°C em Curitiba e máxima de 37° em
Palmas.
129
e azul claro, além de
indicações de
temperaturas, em
graus, na escala
Celsius; Fabiana
aponta, no mapa,
para Curitiba e,
posteriormente, para
Palmas
22
segundos
WB – estúdios;
imagem de Guga,
com bola de tênis
amarela, com plano
de fundo marrom,
listrado, à direita
apresentador; quadra
de tênis, em jogo de
Guga contra Saretta;
movimentação de
jogadores com suas
raquetes; placar do
jogo mostra Guga
(BRA) 6, 2 e 0 e
Saretta (BRA) 4, 6 e
0; movimentação de
jogadores na quadra;
jogador comemora e
se ajoelha; jogadores
se cumprimentam no
centro da quadra,
sobre a rede;
jogadores batem nas
costas um do outro e
Gustavo Kuerten foi eliminado na primeira
rodada do torneio de tênis da Bahia. Guga
enfrentou outro brasileiro, Flávio Saretta, de 21
anos. Depois de vencer com facilidade o
primeiro set por 6-4, Gustavo Kuerten foi
surpreendido. Saretta empatou o jogo, com 6-
2, no segundo set, e acabou fechando a
partida com 6-4, no terceiro.
130
caminham em direção
à lateral da quadra;
10
segundos
FB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
Voltamos com novas informações sobre os
atentados terroristas nos EUA. Ao vivo, de NY,
Zileide Silva diz como estão as investigações.
89
segundos
Repórter no centro da
tela, com microfone
de mão; GC: vivo,
sobre o emblema da
emissora, com
imagem de Nova York
durante a noite na
janela e reflexo de
televisores; repórter
fala olhando para a
tela; repórter olha
para um papel de
anotações que tem
em suas mãos;
imagem noturna de
esquina em NY, onde
há carro circulando e
pessoas atravessando
a faixa de pedestre;
repórter fala, olhando
para a tela e,
novamente, olha para
seu papel
Fátima, o FBI acaba de abrir uma página na
internet pedindo para que as pessoas mandem
informações que possam levar aos autores
desses atentados. A CIA e o FBI não têm
nenhuma pista concreta até agora. Essa é a
informação oficial. Mas funcionários do
Pentágono disseram, hoje cedo, que tinham
informações do envolvimento de Osama Bin
Laden. Segundo eles, só o bilionário saudita
teria ousadia e recurso suficientes para
organizar uma série de atentados como esses.
O exército americano está em alerta máximo.
E se for necessário, pronto para agir. Agora há
pouco, a Agência de Notícias Espanhola, EFE,
disse que um grupo chamado Exército
Vermelho Japonês teria assumido a autoria do
atentado. Um integrante do grupo telefonou
para um jornal na Jordânia, dizendo que era
uma retaliação aos ataques nucleares a
Hiroshima e Nagasaki, em 1945. E apesar de
a sede do FBI ser em Washington, toda a
investigação sobre essa série de atentados
será conduzida pelo escritório do FBI aqui em
NY. Esse escritório é muito mais eficiente. Foi
ele que investigou e solucionou o atentado de
1993. E agora há pouco, a empresa aérea
American Airlines informou que todos os
aviões dela que estavam desaparecidos já
131
foram localizados. Bonner
13
segundos
WB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
As explosões nos EUA provocaram uma onda
que, em segundos, atingiu os principais
mercados financeiros do mundo. Bolsas de
valores interromperam os negócios. E as que
funcionaram tiveram quedas violentas.
96
segundos
Imagem do início da
queda de uma das
torres, em meio a
nuvem de fumaça
escura e fogo, até que
antena do topo
desaparece; voz de
americano fazendo
anúncio no rádio;
queda da torre, vista
de outro plano,
terrestre; abre a
imagem para mostrar
outros prédios de NY,
enquanto uma das
torres despenca,
soltando fumaça e
derrubando
escombros; mapa-
múndi político e físico;
destaque para os
EUA em laranja, onde
se lê “Nova York”; dá-
se um close na
Europa; destaque em
laranja para a Grã-
Bretanha, onde se lê
As torres gêmeas, arrasadas pelo atentado,
abrigavam mesas de operadoras de mercado
do mundo inteiro, no coração do Capitalismo
globalizado. O impacto imediato foi muito mais
além do que transformar um símbolo em
fumaça. As bolsas de NY, ali perto, e a bolsa
eletrônica da Nasdaq, pelas quais pulsa a
economia mundial, nem chegaram a abrir. A
onda de choque da explosão atingiu em cheio
os mercados europeus. A bolsa de Londres
fechou em baixa de 5,72%, a maior queda dos
últimos 35 meses. A de Paris, baixa de 7, 39%.
Há dois anos não caía tanto. Frankfurt, queda
de 8,49%, maior baixa dos últimos 32 meses.
Bolsa de Milão: baixa de 7,79%. No México, as
ações 5,55%. Na Argentina, o pregão foi
interrompido quando a queda bateu 5,2%. Pela
primeira vez, nos últimos dez anos, na Bolsa
de Valores de São Paulo, os negócios foram
suspensos. As 11h15min da manhã, o pregão
já acumulava a queda de 9,18%, a maior
desde janeiro de 1999, quando houve a
desvalorização do real. Com o resultado de
hoje, a Bovespa já contabiliza baixa de
29,04%, este ano. A paralisação dos negócios
na Bolsa de Valores de São Paulo não foi
apenas o resultado do horror e da emoção
132
“Londres -5,72%, 35
meses”; destaque em
laranja para a França,
onde se lê “Paris -
7,39%, 24 meses”;
destaque em laranja
para a Alemanha,
onde se lê “Frankfurt -
8,49%, 32 meses”;
destaque em laranja
para a Itália, onde se
lê “Milão -7,79%”;
destaque em laranja
para o México, onde
se lê “-5,55%”;
destaque em laranja
para a Argentina,
onde se lê “ -5,20%”;
imagem do saguão da
Bolsa de Valores de
São Paulo, com o
pregão suspenso e
com poucos
acionistas; papéis e
telefones; gráfico
eletrônico do painel
da Bovespa, onde se
lê “Evolução da
Ibobespa”; GC:
Ibovespa: -9,18%;
pessoas conversando
no saguão; vista do
alto do saguão; painel
provocados pelas imagens vindas dos EUA,
entre os operadores. A bolsa, simplesmente,
não tinha mais condições de fixar preços.
133
eletrônico central da
Bovespa, com
balcões das
operadoras; centro de
informática da Bolsa;
repórter com
microfone de mão, no
mezanino da
Bovespa; GC: William
Wack, São Paulo;
poucas pessoas são
vistas no saguão da
Bolsa;
10
segundos
Executivo fornece
entrevista; GC:
Eduardo Brener; pres.
em exercício da
Bovespa; painéis e
telefones no plano de
fundo das imagens;
O motivo de nós fecharmos foi, extremamente,
técnico. Não há informações encontradas de
todos os cantos, então nós achamos por bem
dos investidores, em geral, encerrar as
atividades do pregão pelo dia de hoje.
43
segundos
Pessoas falando ao
telefone;
negociadores em
mesas com
computadores;
negociadores em
torno de mesas com
computadores e
telefones; GC: US$ 1
= R$ 2,66; fachada do
Banco Central do
Brasil; vista ampla da
fachada, da entrada e
Houve poucos negócios nas mesas de câmbio,
com o dólar batendo novo recorde, 2 reais e
66 centavos, alta de 2,03%, apesar de
intervenção do Banco Central. Diante do clima
de nervosismo, o governo preferiu cancelar
três leilões de títulos públicos, num total 4,7
bilhões de reais em papéis. Refletindo temores
de conflitos no Oriente Médio, o preço do barril
de petróleo subiu 13% e chegou aos 31,05
dólares. Outro sintoma de insegurança: o ouro
na Bolsa de Metais de Londres teve alta de
7%. Mas, economistas acham que o impacto
imediato do atentado em NY se desfaz,
134
do prédio todo do BC,
durante a noite; portas
giratórias da entrada;
vista aérea de
plataforma petrolífera
no oceano; barril de
petróleo rolando em
esteira; GC: barril de
petróleo: +13%, US$
31,05; escritório da
Bolsa de Metais de
Londres, com baias,
computadores,
documentos, armários
e pessoas; executivos
se conversam,
enquanto um outro
fala ao telefone; GC:
ouro: + 7%; painel
eletrônico da Bolsa
londrina; especialista
conversa com
repórter,
movimentando-se e
gesticulando com as
mãos
também, a curto prazo.
31
segundos
Especialista fala,
olhando para
entrevistador, que não
aparece; GC: Eduardo
Gianetti, economista;
economista gesticula
com as mãos e
Nós estamos sob o impacto de uma grande
tragédia. É natural que, num primeiro
momento, a reação seja de uma certa histeria,
movida pelo pânico de uns e pela especulação
de outros, que tentam tirar proveito da
situação. Mas isso não é permanente. Isso vai
durar alguns dias. A vida depois volta ao
135
movimenta a cabeça normal. A economia americana está em
processo de desaceleração e isso pode até
chegar a uma recessão. Mas não será por
causa dessa tragédia. Na verdade, a economia
é muito mais robusta e não é um acidente, um
ataque terrorista, que vai mudar grandes
tendências e movimentos profundos que estão
ocorrendo no mundo.
5
segundos
FB – estúdios;
bancada com os dois
apresentadores;
imagem vai se
aproximando
Veja a seguir: a aflição das famílias de
brasileiros que estão em NY.
7
segundos
WB – estúdios;
aproxima-se dos
apresentadores;
aparece quadro com
borda azul, onde se
vêem pessoas
correndo entre os
escombros e a
fumaça, próximos a
carros da polícia e
emblema do JN; GC:
escombros
E as últimas informações sobre o dia que vai
marcar a história.
15
segundos
FB – estúdios - mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
O presidente Fernando Henrique convocou
uma reunião de emergência para discutir os
reflexos que os atentados terroristas podem ter
na economia brasileira. A segurança foi
reforçada nos consulados e na embaixada
americana.
57
segundos
Fachada da
Embaixada dos
A embaixada americana em Brasília liberou
todos os funcionários e ficou fechada. Na
136
Estados Unidos da
América; vista aberta
do portão de entrada;
cancela e guarita da
embaixada; viatura do
BOPE, com alguns
policiais; bandeira
norte-americana
hasteada; fachada da
embaixada;
movimentação de
automóvel em frente à
embaixada de Israel;
seguranças na
calçada; segurança
ao lado de carro;
movimentação de
policiais e de
fotógrafos em frente
ao consulado
americano; pessoas
atravessando portão;
movimentação de
carros; pessoas
atravessando saguão
de aeroporto com
carrinho e bagagem;
fila de check-in;
segurança de
aeroporto batem
revista em
passageiro, com
instrumento de
porta, reforço no policiamento. Um
comunicado pediu que os americanos que
vivem no Brasil redobrem a segurança. Quem
trabalha na Embaixada de Israel também teve
de sair. E a polícia aumentou a vigilância. No
Rio, o esquadrão antibombas fez uma revista
no consulado americano. Os funcionários
tiveram que deixar o prédio. Consulados de
São Paulo, do Recife também foram
desocupados. O comando da Aeronáutica
liberou os aeroportos nacionais aos aviões que
não puderem descer nos EUA, além de
recomendar maior fiscalização no embarque
de passageiros. O Itamaraty divulgou uma
nota, condenando a violência e lamentando as
mortes. O presidente Fernando Henrique
Cardoso, se dizendo chocado e com uma
preocupação extrema, acompanhou tudo pela
televisão no Palácio da Alvorada.
137
verificação de objetos
metálicos; vista geral
e em movimento do
Palácio do Itamaraty;
presidente FHC,
sentado em cadeira
de madeira, sobre
tapete, em sala de
madeira, com
cadeiras vazias e
telefones ao lado,
com quadro na
parede e televisão e
rádio sobre estantes;
televisão ligada; foco
na face esquerda de
FHC, com flashes de
fotografia
2
segundos
Presidente se vira
para câmeras; fixa o
olhar e faz cara séria
Isso é uma loucura. É uma guerra, realmente.
18
segundos
Carta assinada pelo
presidente FHC ao
presidente George W.
Bush; foco no
destinatário da carta
(A Sua Excelência o
Senhor George W.
Bush, Presidente dos
Estados Unidos,
Washington – DC,
EUA); foco no detalhe
da carta (“transmitir-
O presidente mandou uma carta de
solidariedade ao presidente dos EUA, George
W. Bush, e repudiou o ato terrorista. Num
pronunciamento, o presidente se mostrou
preocupado também com os brasileiros que
estão nos EUA e determinou que eles
recebam toda assistência do consulado.
138
lhe a expressão de
nossa solidariedade
nesse momento
extremamente
difícil ... O Brasil
condena nos termos
mais fortes possíveis
todas as formas de
terrorismo”);
presidente FHC em
pronunciamento, de
terno creme, camisa
azul e gravata xadrez;
em frente a dois
microfones e foto de
bandeira trêmula do
Brasil
45
segundos
Presidente FHC em
pronunciamento, de
terno creme, camisa
azul e gravata xadrez;
em frente a dois
microfones e foto de
bandeira trêmula do
Brasil; fotógrafos,
filmadores e
jornalistas; presidente
olha para a comitiva e
para baixo, para suas
anotações; flashes de
máquinas
fotográficas;
Em NY, já existe no Consulado, um conjunto
de telefones à disposição dos brasileiros, para
que eles possam acalmar as suas famílias e
mostrar que nadas lhes aconteceu. É provável
que, diante da virulência dos atos praticados,
haja conseqüências em todo o mundo,
principalmente, econômicas. E o Brasil é parte
do sistema mundial e pode vir a ser, direta ou
indiretamente, afetado por essas turbulências.
É inegável que, se não houver uma ação
atenta do governo, as consequências podem
ser maiores. E nós estamos atentos.
39 Repórter com Para se antecipar às consequências deste
139
segundos microfone de mão, em
frente a janelas
iluminadas; GC:
Heraldo Pereira,
Brasília; presidente
Fernando Henrique e
vice-presidente Marco
Maciel se assentam,
em mesa de reunião
com brasão da
presidência e uma
bandeira; flashes de
máquinas fotográficas
sobre os dois;
ministros com
uniformes de Exército,
sentados, e homens
de terno atrás;
ministros em mesa de
reunião com o
presidente, sentados,
lado a lado; reunião
do presidente com o
encarregado de
negócios dos EUA e
outras autoridades,
em sala com
poltronas e mesa de
centro; fotógrafos
tiram foto da reunião
episódio e tentar fazer uma avaliação,
principalmente dos desdobramentos na
economia brasileira, o presidente Fernando
Henrique Cardoso chamou quatro ministros,
inclusive o da Fazenda, Pedro Malan. A
reunião foi a portas fechadas. Depois, o
presidente convocou o Conselho de Defesa
Nacional. O governo vai fazer uma análise dos
reflexos da situação dos EUA, aqui no Brasil.
O Conselho foi comunicado das medidas para
proteger os cidadãos americanos. E o
presidente Fernando Henrique tranquilizou o
encarregado de negócios dos EUA, que está
respondendo pela Embaixada Americana em
Brasília.
12
segundos
WB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
Até agora há pouco, o Itamaraty ainda não
tinha conseguido notícias sobre possíveis
vítimas brasileiras. Entre os que sobreviveram
140
aos atentados, há relatos impressionantes.
26
segundos
Mulher de cabelos
brancos, sentada em
frente a uma escada,
limpa seu nariz e seus
olhos com um lenço;
mulher ajeita casaco a
aparenta ter lágrimas
nos olhos; mãos de
mulher idosa
segurando porta-
retrato com foto de
homem de terno,
cabelo penteado e
óculos; câmera abre a
imagem para mostrar
também a mulher
olhando para a foto;
mulher limpa olho
com lenço de pano e
gesticula com a mão;
repórter sentado em
sofá escuro, falando
em inglês ao telefone,
com o microfone da
Rede Globo na mão
direita e o telefone na
mão esquerda; mulher
limpando o rosto com
o lenço
Apreensão em São Paulo. Dona Cecília
passou a manhã tentando contato com o filho
Cleyton, que mora em NY. Não conseguiu. As
primeiras notícias vieram só à tarde. “Is he
fine? Is he fine?”Um amigo confirma que
Cleyton está bem. Só então Dona Cecília se
acalma.
7
segundos
Mulher suspira,
movimenta a boca,
leva a mão direita ao
Só tenho que agradecer a Deus, só isso. Muito
obrigada, meu Deus!
141
rosto e olha pro alto;
GC: Cecília Cardoso,
mãe de Cleiton;
mulher fecha os
olhos, une as mãos e
as leva ao rosto, em
sinal de oração
42
segundos
Mulher de cabelo
grisalho fala ao
telefone; central de
tele-atendimento de
operadora de
telefonia, com
operadores em
cabines individuais,
contíguas e frente-a-
frente, com headset e
computador nas
mesas; barulho de
pessoas falando em
ambiente fechado;
foco em uma das
atendentes, com um
atendente ao fundo;
GC: 08007032111;
mulher olhando
fixamente para baixo;
foto de rapaz com
agasalho, sobre uma
plataforma de
embarque, em frente
a um trem parado;
foto do mesmo rapaz,
O congestionamento das linhas aumentou a
angústia de quem procurava informações
sobre parentes nos EUA. Em uma das
operadoras, as ligações aumentaram 40
vezes. Um número de serviço foi posto à
disposição do usuário: 0800-703-2111. Em
Uberaba, Dona Nilda ainda espera alguma
notícia sobre o filho Thiago. Há quatro meses
em NY, ele servia café em três andares do
WTC. Em Goiânia, os irmãos de Fabrício
Guimarães ouviram, incrédulos, o relato dele.
Fabrício embarcou ontem à noite e chegou
hoje cedo a NY.
142
apoiado em uma
sacada, com visa para
uma paisagem urbana
e para um rio, ao
fundo; casal sentado
em sofá branco; o
homem apoiado no
encosto do sofá, com
a perna cruzada, e a
mulher com postura
ereta; foto de homem
com camisa marrom
em frente a uma
janela
33
segundos
GC: Fabrício
Guimarães, por
telefone; foto do rapaz
de imagem anterior;
fundo vermelho cor de
sangue; imagem
parada do choque do
segundo avião com o
WTC no canto direito
da tela; “Eu cheguei,
acho que uns quinze
ou vinte minutos antes
da explosão, eu
cheguei em NY. E o
taxista me chamou a
atenção”. (mudança
de texto) “Eu estava
na Long Island
Express Highway. E
Eu cheguei, acho que uns quinze ou vinte
minutos antes da explosão, eu cheguei em NY.
E o taxista me chamou a atenção. Eu tava na
Long Island Express Highway. E deu pra ver
muito bem a explosão, em si. E quando eu
estava chegando, mais ou menos, perto do
meu objetivo, que é, mais ou menos, três ou
quatro quadras do WTC, foi quando eu vi a
queda da primeira torre, que foi uma coisa
assim, muito, mas muito assustadora. Foi uma
das coisas mais assustadoras que eu já vi em
toda a minha vida.
143
deu pra ver muito bem
a explosão, em si. E
quando eu estava
chegando, mais ou
menos” (mudança de
texto) “perto do meu
objetivo, que é, mais
ou menos, três ou
quatro quadras do
WTC, foi quando eu vi
a queda da primeira
torre, que foi uma
coisa assim, muito,”
(mudança de texto)
“mas muito
assustadora. Foi uma
das coisas mais
assustadoras que eu
já vi em toda a minha
vida.”
8
segundos
Imagem parada de
homem com traje
social e óculos, com
fundo azul claro
Por pouco, o advogado Paulo Lins e Silva não
tomou o vôo de Boston. Justamente o avião
que bateu na segunda torre.
15
segundos
GC: Paulo Lins e
Silva, por telefone;
foto do homem da
imagem anterior;
fundo vermelho cor de
sangue; imagem
parada do choque do
segundo avião com o
WTC no canto direito
Não entrei nesse vôo pra NY, porque era um
vôo muito cedo e nós estávamos exaustos
voltando de Montreal pra pegar um vôo que
retardou demais. Tô muito nervoso aqui nos
EUA, porque eu estou com a minha família e
nós não sabemos quando é que nós vamos
sair.
144
da tela; “Não entrei
nesse vôo pra NY,
porque era um vôo
muito cedo e nós
estávamos exaustos
voltando de Montreal”
(mudança de texto) “
para pegar um vôo
que retardou demais.
Eu estou muito
nervoso aqui nos
EUA, porque eu
estou” (mudança de
texto) “com a minha
família e nós não
sabemos quando é
que nós vamos sair.”
7
segundos
Imagem congelada de
homem de camisa
azul, falando ao
microfone de mão de
emissora afiliada à
Rede Globo
Funcionário de uma corretora, Larry Pinto de
Farias Junior, conseguiu sair do WTC a tempo.
41
segundos
Imagem congelada do
ataque ao segundo
prédio; imagem é
fechada na direita da
tela; aparece quadro
vermelho cor de
sangue; GC: Larry
Pinto de Farias Jr.,
por telefone, com foto
do homem da imagem
Eu estava trabalhando. Nós ouvimos aquele
estrondo, aquele barulho muito forte. Eu
trabalhava no 25 º andar. Parecia a sensação
de um terremoto. O edifício balançou e
balançou forte mesmo, muito forte. E aí nós
fomos pras saídas de emergência, pras saídas
de incêndio. O medo maior foram dois medos.
(tom de risada sarcástica e, ao mesmo tempo,
nervosa) O primeiro medo foi na escada de
incêndio, porque não pode entrar pra nenhum
145
anterior; “Eu estava
trabalhando. Nós
ouvimos aquele
estrondo, aquele
barulho muito forte.
Eu trabalhava no 25 º
andar. Parecia a
sensação de um
terremoto.” (mudança
de texto) “O edifício
balançou e balançou
forte mesmo, muito
forte. E aí nós fomos
pras saídas de
emergência, pras
saídas de incêndio. O
medo maior foram
dois medos.”
(mudança de texto) “O
primeiro medo foi na
escada de incêndio,
porque não pode
entrar pra nenhum
andar. Aquelas portas
corta-fogo não têm
acesso aos andares e
começou” (mudança
de texto) “a subir a
fumaça e um cheiro
muito forte de
combustível. Deu
medo. E para descer
25 andares de
andar. Aquelas portas corta-fogo não têm
acesso aos andares e começou a subir a
fumaça e um cheiro muito forte de
combustível. Deu medo. E pra descer 25
andares de escada, com milhares de pessoas
tentando descer ao mesmo tempo. Graças a
Deus, não teve, não teve pânico. O segundo
avião se chocou contra a outra torre enquanto
eu estava na escada. Eu não vi.
146
escada, com milhares
de pessoas tentando
descer” (mudança de
texto) “ao mesmo
tempo. Graças a
Deus, não teve, não
teve pânico. O
segundo avião se
chocou contra a outra
torre enquanto eu
estava na escada. Eu
não vi.”
11
segundos
FB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
O Itamaraty montou um esquema de plantão
para dar informações a parentes de brasileiros
que moram nos EUA. O repórter Roberto
Kovalick tem as informações.
38
segundos
Repórter com
microfone de mão;
carros passam no
fundo, escuro por
causa do horário e da
pouca iluminação;
GC: vivo, sobre o
emblema da
emissora; GC:
Roberto Kovalick,
Brasília; repórter olha
para caderno de
anotações; GC:
Itamaraty: 61-411
6456
O consulado brasileiro em NY recebeu a
informação da polícia americana de que só em
dois dias, no mínimo, será possível saber se
há brasileiros entre as vítimas. Segundo o
Itamaraty, o prédio, onde funciona o
consulado, foi desocupado, mas uma pequena
equipe permanece lá, para dar informações.
De acordo com o Itamaraty, 800 mil brasileiros
estão nos EUA; 300 mil em NY. E para dar
informações às famílias no Brasil, o Itamaraty
criou um serviço de informações, que vai
funcionar 24 horas por dia. O telefone é o
seguinte: 61, que é o código de Brasília,
quatrocentos e onze, sessenta e quatro,
cinqüenta e seis. Bonner.
7
segundos
WB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
E agora, as últimas informações, ao vivo, de
147
torres do WTC e fogo NY, com a correspondente Zileide Silva.
78
segundos
GC: vivo, sobre o
emblema da
emissora; repórter no
centro da tela, em
janela do escritório da
Globo em Nova York,
com imagem de Nova
York, durante a noite,
ao fundo; presidente
Bush descendo de
helicóptero
presidencial;
presidente faz
continência a oficial
que o aguarda em
solo, num lugar
arborizado e
ensolarado, e
caminha ao lado do
helicóptero; repórter
no escritório da Globo
em NY, falando ao
microfone; repórter
olha para seu papel
de anotações e lê o
que está escrito;
repórter movimenta
bastante a cabeça,
demonstrando
cansaço e confusão;
repórter fala, olhando
fixamente para a
Bonner, daqui a pouco, o presidente
americano, George Bush, faz um
pronunciamento à nação. Ele já está na Casa
Branca. E o tom do discurso vai ser de
retaliação e impaciência. Ele vai dizer aos
americanos: “Os EUA já foram testados várias
vezes. Sempre venceram”. E agora, segundo
ele, “não vai ser diferente”. Mas o presidente
também vai fazer um apelo ao povo
americano, para que o país volte ao normal. E
os 170 hospitais de NY estão lotados. As
vítimas estão sendo levadas para hospitais de
outras cidades. E a empresa aérea United
Airlines acaba de informar que está liberando,
inicialmente, 25 mil dólares para os parentes
das vítimas. E o grupo de oposição ao Talebã
assumiu a autoria das explosões em Kabul. Eu
tenho mais uma informação aqui: que a
Inteligência Americana está... tá difícil, a gente
tá recebendo essas informações, ao vivo, que
a Inteligência Americana conseguiu interceptar
mensagens de Osama Bin Laden sobre os
ataques. Esta é a última informação que nós
estamos acabando de receber aqui no
escritório da Globo, em NY. Fátima.
148
câmera, ao dar as
últimas informações
que a Redação
recebera da
Inteligência
Americana
20
segundos
FB – estúdios; mapa
dos EUA com mira,
torres do WTC e fogo
O mundo assistiu hoje ao mais brutal de todos
os ataques terroristas. Sem armas químicas,
sem bombas atômicas. Aviões foram lançados
contra símbolos do poderio americano. O
pânico instalado no coração econômico do
planeta. Imagens de filme e que gostaríamos
de ver, tão somente, nas telas de cinema.
61
segundos
Sucessão de
imagens: fumaça
saindo de uma das
torres do WTC;
pessoa pendurada na
janela de uma das
torres, em meio a
fumaça, ameaçando
se jogar; pessoa se
jogando do prédio;
pessoa acenando
com pano branco, de
uma das janelas;
fumaça em uma das
torres, pessoas
comentando o
ocorrido, em inglês,
quando o segundo
avião se choca com a
outra torre; pessoas
Oh my God! Oh my God! With my own eyes!
Oh my God! Get off! Here it comes, we’re
getting behind the car! It’s … incredible!
149
gritam oh my God!”;
nuvem de fumaça e
fogo saem da
segunda torre; alguém
diz em português
“Outro avião”; choque
com a segunda torre,
visto de baixo, com
imagem tremida;
nuvem de fumaça
escura sae das duas
torres; duas mulheres,
apavoradas, se
protegem atrás de
veículo, quando um
homem chega para
escoltá-las; pedaço de
uma das torres
despenca em meio a
nuvem de fumaça, e
se choca com outro
edifício; bombeiros
olham para a queda
da torre; pessoas
correm em meio a
corredor de
caminhões do Corpo
de Bombeiros de NY,
tentando fugir de
nuvem de poeira que
se aproxima, por
causa da queda da
torre; outro grupo de
150
pessoas corre,
inclusive alguns
membros do Corpo de
Bombeiros, com a
fumaça ainda mais
próxima; militar tenta
escoltar seu colega de
corporação, com
respiração ofegante,
e o acomoda na
sarjeta; policial grita
“Get off!”, para que o
cinegrafista se
afastasse; início do
despencamento de
uma das torres,
começando por seu
topo; nuvem de
fumaça escura e fogo
se espalham,
escondendo a antena
que havia no topo da
torre; imagem
anterior, vista de
plano do chão; nuvem
escura, com partes
dos escombros, e
barulho da fumaça se
espalhando;
cinegrafista diz, em
inglês “Here it comes.
We’re getting behind
the car”; câmera
151
trêmula mostra roda
de veículo, com
fumaça se
aproximando,
enquanto cinegrafista
tenta se proteger e diz
“It’s incredible!” e
imagem fica toda
escura; policial
escolta mulher
debilitada pelo
acidente, enquanto
outras pessoas
caminham em meio à
fumaça; duas pessoas
se apóiam uma na
outra para se
locomoverem, com
suas faces cobertas
por lenço; policiais e
bombeiros remexendo
os escombros;
homem caminha, co
face ensanguentada,
enquanto outro home,
de traje social, corre;
dois homens escoltam
uma terceira pessoa,
debilitada, que não
consegue andar; vista
geral do local dos
atentados, com
muitos tons de cinza,
152
preto e branco e
fumaça, com pessoas
nas ruas; vista
panorâmica da ilha de
Manhattan, com
fumaça se elevando
por todo o céu
azulado; tela fica
escura
16
segundos
FB – estúdios;
símbolo do JN
Nós voltaremos a qualquer momento, com
outras informações sobre os atentados
terroristas nos EUA e com o pronunciamento,
ao vivo, do presidente americano George
Bush. E ainda novos detalhes dos ataques, do
socorro às vítimas, as reação do governo
americano, você vai ver no Jornal da Globo.
Até amanhã.
13
segundos
WB – estúdios;
símbolo do JN;
imagem da bancada
do JN, com seus dois
apresentadores, em
direção à Redação,
que fica abaixo do
mezanino onde a
bancada se encontra;
movimentação de
jornalistas e editores
na Redação; logotipo
da Globo; GC: Central
Globo de Jornalismo;
diretor responsável:
Carlos Henrique
Até amanhã.
153
Schroder; © 2001 TV
Tempo Imagens Sons
2 s Fátima Bernardes -
estúdios
Um terremoto avassalador no Japão.
2 s Willian Bonner - estúdios 8,9 graus na escala Richter.
2 s FB - estúdios O maior registrado no país.
3 s WB – estúdios O sétimo pior do mundo.
11 s Imagens gravadas por
celulares de um
escritório, um
restaurante, um super
mercado, uma residência
e das ruas do Japão
sendo abalada pelo
terremoto, ênfase para os
gritos e o desespero dos
presentes nos vídeos.
2 s FB – estúdios Em seguida o tsunami
2 s WB - estúdios Ondas gigantes nas águas do pacifico
15 s Imagens aéreas
mostrando a chegada do
tsunami nas cidades da
costa do Japão.
2 s FB - estúdios O número de mortos passa de 300.
4 s WB - estúdios Visinhos de um reator nuclear danificado são
retirados da área.
4 s Imagens da emissora
japonesa (NHK)
mostrando a usina
nuclear em uma tomada
aérea
WB - E o governo admite que pode haver um
pequeno vazamento de vapor radioativo.
2 s FB - estúdios Nossos repórteres trazem as informações ao vivo do
154
7.2. DECUPAGEM DA EDIÇÃO DO JORNAL NACIONAL DE 11 DE MARÇO DE 2011
Japão.
3 s WB – estúdios Os novos tremores q assustaram o país.
2 s FB – estúdios A aflição dos parentes no Brasil.
3 s Presidente dos EUA
Barack Obama
discursando e
oferecendo ajuda ao
Japão
WB – E a oferta de ajuda dos lideres de outras
nações.
5 s FB - estúdios Veja também o reinicio do processo que investiga o
assassinato da adolescente Eloá em São Paulo.
2 s WB - estúdios Agora, no Jornal Nacional.
4 s Vinheta do JN Musica da abertura do JN.
1 s WB e FB nos estúdios do
JN.
FB – Boa noite!
1 s WB e FB nos estúdios do
JN.
WB – Boa noite!
10 s WB e FB nos estúdios do
JN.
FB – No pior terremoto de que se tem registro no
Japão as autoridades já confirmaram oficialmente
mais de 350 mortes e 500 pessoas estão
desaparecidas
10 s WB e FB nos estúdios do
JN.
WB – Um minuto antes do tremor sismógrafos
acionaram o sistema nacional de alerta, foi no
período da tarde no Japão, madrugada aqui no
Brasil.
16 s Imagens gravadas por
aparelhos celulares
mostram situações
enfrentadas pelos
japoneses durante o
terremoto, um escritório,
um restaurante e
pessoas correndo nas
Eram duas e quarenta e seis da tarde no Japão.
Duas e quarenta e seis da manhã no Brasil. Quando
o terremoto sacudiu a costa nordeste do país
155
ruas.
5 s Mapa do Japão
mostrando o epicentro do
terremoto.
O epicentro foi no oceano pacifico a 373 km da
capital Tóquio.
3 s O mapa se abre para
mostrar a profundidade
do epicentro.
Numa profundidade de 24 km.
18 s Imagens amadoras de
pessoas nas ruas e
dentro de uma biblioteca
no momento do tremor.
O fenômeno foi sentido na China a cerca de 2000 km
de distancia, segundo o serviço geológico dos EUA o
tremor foi de 8,9 graus na escala Richter, as
autoridades japonesas informaram que chegou a 8,8
graus.
5 s Imagens do inventor da
escala Richter, Charles
Francis Richter.
A escala foi criada em 1935, pelo sismólogo Charles
Francis Richter.
8 s -Mapa da America do sul
com destaque para o
Chile.
-Com o nome do país,a
data 1960 e a escala do
terremoto (9,5).
O terremoto mais devastador registrado até hoje foi o
de 9,5 graus no Chile, em 1960
9 s Mapa do Japão, com o
nome do país, data de
1923 e a escala do
terremoto (7,9).
No Japão o mais forte havia sido em 1923, quando a
capital Tóquio foi sacudida por um tremor de 7,9
graus
10 s -Imagens da NHK world.
-GC: Breaking news,
powerful quake rocks
Japan.
-Escritório sendo
sacudido pelos tremores.
O de hoje foi tão forte q mudou o eixo da terra em 25
cm, de acordo com o instituto nacional de geofísica e
vulcanologia da Itália.
33 s -Escritórios sendo
sacudidos pelos
Nos escritórios muitas pessoas buscaram refugio em
baixo das mesas ou sob os batentes das portas, que
156
tremores.
-Pessoas desesperadas,
gritando, objetos caindo e
todos buscando se
proteger.
-Uma mulher tenta salvar
um monitor que caia
durante os tremores.
-Outra mulher na rua, de
frente para a câmera esta
descrevendo em japonês
o que está acontecendo.
Atrás dela, passam
correndo um grupo de
pessoas que escapam de
serem atingidas por
escombros.
protegem da queda de rebocos, mas mesmo num
país onde toda população é exaustivamente treinada
em casos de terremoto, o pânico levou muitas
pessoas a cometerem erros. Esta mulher saiu de
baixo da mesa para segurar um monitor. Já este
grupo deixou correndo o prédio enquanto blocos de
concreto caiam do alto.
8 s Escritório sendo sacudido
pelo terremoto.
Estantes, moveis e diversos objetos eram sacudidos
com força ou despencavam no chão.
7 s -Supermercado sendo
sacudido.
-Mulher tentando segurar
as prateleiras, para
salvar os produtos.
Nos mercados os produtos se espalharam pelos
corredores.
20 s Casa de uma mulher
sendo abalada pelo
terremoto, ela fugindo da
casa e se deitando no
chão.
Uma mulher filmou o momento do tremor. Com muito
esforço ela conseguiu sair e ficou deitada na calçada
enquanto a terra tremia.
4 s Estrada que foi atingida
pelo terremoto, se
desnivelou em um metro.
A estrada se partiu ao meio e uma parte afundou
quase um metro.
8 s Capital Tóquio tomada Os serviços de metro, trens e aeroportos foram
157
por pessoas e pelo
medo.
totalmente suspensos. E era muito difícil falar ao
telefone.
10 s -Imagens da NHK world.
-GC: Breaking news,
M8.4 quake hits Japan.
-Tomada aérea de uma
cidade e ao fundo
edifícios em chamas.
-Refinaria em Chiba, em
chamas e uma bola de
fogo é formada.
Incêndios foram registrados em toda costa nordeste,
o mais forte na refinaria em Chiba, uma bola de fogo
gigantesca podia ser vista de longe.
30 s -Imagens da NHK world.
-Usinas nucleares sendo
atingidas pelos tremores.
-Tomada aérea da usina
nuclear de Fukushima
após os tremores.
-Imagens das ruas de
Fukushima mostram
escombros e o que
restou da cidade.
-Imagens do teto de
gesso de um shopping
desabando.
Quatro usinas nucleares estão na área atingida pelo
terremoto. A situação mais delicada seria no reator
nuclear na região de Fukushima, onde 3000
moradores deixaram as casas e o governo decretou
zona de emergência nuclear.
As autoridades descartaram qualquer vazamento de
material radioativo, mas as agencias de noticias
informaram que o sistema que resfria o reator
atingido pelo terremoto estaria com problemas.
14 s -Parlamento japonês
sendo sacudido pelo
terremoto.
-Primeiro ministro
japonês assustado.
-Após o terremoto, o
primeiro ministro foi a
publico discursar.
O parlamento estava reunido no momento do
terremoto, o primeiro ministro Naoto Kan olhava para
cima com o rosto assustado, assim que pode ele
deixou o local.
Reapareceu para tentar tranqüilizar a população
24 s Roberto Kovalick aparece Durante a madrugada aqui no Japão a terra voltou a
158
em uma janela, direto do
Japão, e ao lado da
janela mostra-se o mapa
do Japão dando ênfase
na cidade de Kyoto onde
o repórter se encontrava.
tremer varias vezes por causa dos choques
secundários, e um novo terremoto foi registrado
desta vez no oeste do país, o epicentro foi na
província de Niigata uma região montanhosa o que
provocou deslizamentos e avalanches. Esses
tremores também foram sentidos na capital, Tóquio,
onde os prédios voltaram a balançar.
20 s -WB e FB nos estúdios
do JN.
-WB comenta a noticia
olhando para a câmera e
para FB. E também
gesticula com as mãos.
-FB também da a notícia
olhando para a câmera e
para WB.
WB – Pois é, pouco mais de uma hora depois
daquele primeiro tremor de terra as ondas gigantes
formadas no oceano Pacifico atingiram o nordeste do
Japão e vilarejos inteiros foram devastados pelo
tsunami.
FB – Os moradores receberam alertas para que
procurassem lugares seguros, mas ainda não é
possível saber quantos não conseguiram escapar.
50 s -Imagens da NHK world.
GC: Breaking news,
tsunami hits.
-Mapa do Japão no canto
superior esquerdo
mostrando a localização
da cidade.
-Imagens da onda do
tsunami atingindo os
vilarejos japoneses.
-Plantações são tomadas
pela onda de entulhos, e
casas são também
levadas.
Uma imagem impressionante! O tsunami invade uma
área rural da província de Miyagi no nordeste do
Japão, a água arrasta tudo, casas, carros e até
armazéns.
A onda cheia de destroços avança pelos terrenos e
pelas plantações e chega bem perto de uma estrada.
O entulho passa por cima de um canal de irrigação.
Numa outra cena é possível ver que entre as
residências arrastadas, algumas estavam pegando
fogo.
Bairros inteiros nessa região foram varridos em
poucos minutos.
37 s -Imagens da NHK world.
-Mapa do Japão no canto
superior esquerdo
No porto de kamaishi mais devastação carros são
arrastados como se fossem de brinquedo. Momentos
depois vários barcos também são levados pela
159
mostrando a localização
da cidade.
-Porto de Kamaishi
devastado pela onda do
tsunami e tomado pelas
águas.
-Os carros são
arrastados pela força das
águas.
-Por cima da correnteza
esta um viaduto com
carros e pessoas que
tentam fugir da
devastação.
correnteza, que não para, as embarcações passam
por baixo de um viaduto por onde motoristas tentam
escapar com seus veículos. No outro ponto um barco
grande, provavelmente um pesqueiro, é levado pelo
tsunami e bate com força no quebra mar.
43 s -Imagens da NHK world.
-Mapa do Japão no canto
superior esquerdo
mostrando a localização
da cidade.
-Porto de Miyako sendo
tomado pelas águas do
tsunami.
-Carros e containers são
levados pela água.
-A onda passa pelos
prédios e casas de
Miyako devastando-os.
Câmeras também registram o momento em que o
tsunami chega ao porto de Miyako, vários carros e
pequenos containers foram levados. Uma onda
lateral se juntou a principal e dezenas de veículos
foram jogados, pouco depois uma espécie de
redemoinho se formou.
Perto dali foi possível ver a onda passando ao lado
dos prédios e casas.
9 s -Imagens da NHK world.
-Mapa do Japão no canto
superior esquerdo
mostrando a localização
da cidade.
Um outro redemoinho foi visto perto da cidade de
Fukushima, uma lancha a deriva ficou no meio da
correnteza
160
-Redemoinho formado no
litoral de Fukushima e
uma lancha a deriva no
redemoinho.
31 s -Imagens da JNN (Japan
news network)
-Mapa do Japão no canto
superior esquerdo
mostrando a localização
da cidade.
-Água invadindo o
aeroporto de Sendai, e
em pouco tempo
tomando toda sua
extensão.
-Pessoas ficaram ilhadas
no teto do prédio
principal do aeroporto.
Na cidade de Sendai, câmeras de segurança
registraram o momento em que a água invadiu a
pista do aeroporto e foi logo encoberta.
Os carrinhos de bagagem foram arrastados.
Funcionários e passageiros fugiram para o teto do
terminal principal e ficaram a espera do socorro. O
prédio ficou ilhado, não era possível saber o que era
pista e o que era estacionamento.
26 s -Imagens da NHK world.
-GC: Breakin news, M8.4
quake hits Japan.
-Mapa do Japão no canto
superior esquerdo
mostrando a localização
da cidade.
-Onda do tsunami
batendo muito forte em
um píer.
-Um navio cargueiro
virado no meio da cidade
de Hachinohe.
Numa outra área na cidade de Hachinohe mais
devastação a água atinge um píer com uma força
tremenda, barcos são jogados uns contra os outros.
A força do tsunami foi tamanha que arrastou um
navio de carga que ficou virado em cima de uma rua,
em meio aos prédios
17 s -Imagens da JNN Varias regiões costeiras ficaram alagadas, como esta
161
-Mapa do Japão no canto
superior esquerdo
mostrando a localização
da cidade.
-Barcos da marina de
Ibaraki completamente
destruídos.
-Containers que estavam
no porto se espalharam
pela área alagada.
em Ibaraki.
As imagens aéreas mostram barcos de uma marina
destruídos e containers de um porto espalhados em
uma área alagada.
8 s -Imagens da NHK world.
-GC: Breaking news,
tsunami hits
-Um homem agita um
lençol branco, na janela
de dentro de uma casa,
pedindo por ajuda.
-Todo um bairro
inundado.
Numa das áreas devastadas um morador agita um
lençol branco de dentro da casa. Toda vizinhança
ficou inundada.
20 s -Imagens da NHK world
-Mapa do Japão no canto
superior esquerdo
mostrando a localização
da cidade.
-Casas sumindo com a
passagem da onda.
-Cena impressionante de
um prédio vindo a baixo
com o impacto do
tsunami.
Em Iwate foi possível ver como um bairro inteiro foi
arrastado pelo tsunami.
A onda chegou destruindo varias casas, até que
atingiu um prédio pequeno bem na frente da câmera
e o prédio inteiro veio a baixo.
162
35 s -Imagens da NHK world
-Ondas avançando para
o continente.
-Barcos sendo levados
pela correnteza.
-Mapa do Japão com o
epicentro e suas ondas
de magnetude.
Estas imagens aéreas revelam que varias ondas
gigantes chegaram na costa leste do Japão.
Elas vieram em serie, atingiram áreas que já estavam
alagadas.
Imediatamente após o tremor de terra alertas de
tsunami chegaram a ser emitidos para 50 países e
territórios banhados pelo oceano Pacífico, incluindo o
Havaí e a costa oeste das Américas. Até o momento
não houve relatos de danos fora do Japão, e vários
alertas já foram suspensos.
31 s Roberto Kovalick aparece
em uma janela, direto do
Japão, e ao lado da
janela mostra-se o mapa
do Japão dando ênfase
na cidade de Kyoto onde
o repórter se encontrava.
-Fotos da devastação
provocada pelo tsunami
são passadas enquanto
Kovalick comenta.
No Japão o alerta de tsunami foi emitido minutos
depois do tremor de terra, os moradores das regiões
costeiras foram alertados por mensagens nas
emissoras de TV, nas rádios e também por telefone
celular, mas até o momento não se sabe quantas
pessoas tiveram tempo suficiente de abandonar suas
casas e buscar abrigos antes da chegada das ondas
gigantes que atingiram a costa japonesa exatamente
uma hora e quatro minutos depois do terremoto.
38 s -Imagens dos estragos
causados pelo tsunami
-O barco vencendo as
ondas do tsunami e
conseguindo escapar
com vida.
As autoridades japonesas ainda não sabem
exatamente o tamanho da devastação provocada
pelo tsunami, mesmo num dos países mais
desenvolvidos do mundo ainda há muitas
informações desencontradas ou não confirmadas,
como a de que trens inteiros teriam sido carregados
pelas ondas.
Este vídeo divulgado pela TV japonesa mostrou a
coragem da tripulação de um barco que enfrentou a
serie de ondas gigantes, para que a embarcação não
virasse o comandante acelerou na direção das ondas
163
e assim conseguiu escapar
25 s FB e WB nos estúdios do
JN.
FB – Já é manhã de sábado no Japão e nós vamos
conversar ao vivo pela internet com o correspondente
Roberto Kovalick.
- Bom Dia Kovalick, você já tem alguma informação
atualizada sobre a situação daquela usina nuclear,
do reator super aquecido em Fukushima?
53 s Roberto Kovalick aparece
em uma janela (ao vivo),
direto do Japão, e ao
lado da janela mostra-se
o mapa do Japão dando
ênfase na cidade de
Kyoto onde o repórter se
encontrava.
RK – Boa noite Willian! Boa noite Fátima!
Eu estou aqui na estação de trem de Kyoto, onde a
situação aos poucos está sendo normalizada, o
primeiro trem bala em direção a Tóquio saiu as 6:14
da madrugada, sinal de que na parte sul do Japão a
situação já esta um pouco melhor. Agora, na parte
norte ainda é bastante preocupante. Em Fukushima
realmente, é... houve um pequeno vazamento de gás
radioativo e o índice de radioatividade no portão da
usina, que agente está vendo agora, é de oito vezes
o normal, já na sala de controle central é de mil vezes
o normal, mas até agora não há noticias de feridos ou
de que alguém tenha sido contaminado. Agora, num
raio de 10 km em volta dessa usina é proibido entrar
e os moradores foram retirados. Willian e Fátima.
30 s FB e WB nos estúdios do
JN.
WB – Kovalick, agente estava acompanhando aqui
atentamente as suas duas primeiras reportagens
nessa edição do jornal nacional e elas nos fazem
imaginar que talvez este tenha sido o fenômeno
natural mais registrado por câmeras da historia, não
me lembro de ter visto nada com uma profusão de
imagens como esta, mas não há imagens e não há
informações ainda sobre possíveis conseqüências
dos tremores secundários que se deram aí, de
madrugada, quando era o período da tarde aqui no
164
Brasil.
Você tem alguma informação sobre esses tremores?
1 min e
20 s
Roberto Kovalick aparece
em uma janela (ao vivo),
direto do Japão, e ao
lado da janela mostra-se
o mapa do Japão dando
ênfase na cidade de
Kyoto onde o repórter se
encontrava.
RK – Olha Willian, foi uma madrugada de uma tensão
enorme em grande parte do Japão, dá pra
seguramente dizer que mais da metade da população
japonesa não dormiu a noite por causa que a terra
não parava de tremer, em Tóquio os prédios
balançaram a madrugada inteira, tanto em função
dos choques secundários lá na região sudeste...
aliás, nordeste do país como por causa de um outro
terremoto que ocorreu lá na província de Niigata. E
agora, imagens da manhã mostram a cidade de
Sendai, que foi a mais atingida, com uma coluna de
fumaça, de fogo... Um incêndio que agente está
vendo aí, que ocorreu... Está ocorrendo nesta cidade
de Sendai que é a capital de Niigata.
Já... Aliás... Capital de... De... De... De... Miyage, já
na província de Niigata que fica no oeste do Japão e
onde ocorreu um terremoto bem forte de madrugada,
houve vários deslizamentos e as... Os... Equipes de
socorro estão buscando nesse momento, tentando
descobrir se há carros em baixo desses
deslizamentos, dessas avalanches de neve, já que é
uma região montanhosa e o terremoto fez com que
houvesse avalanches que encobriram carros
provavelmente e pelo menos duas casas, porem os
moradores foram retirados.
20 s FB e WB nos estúdios do
JN.
WB – Kovalick, obrigado pela sua participação!
Nosso correspondente no Japão volta ainda nesta
edição com outras informações sobre esta tragédia
no Japão. A seguir! Aqui no Brasil a aflição de quem
tem parentes no Japão.
165
FB – E como se forma o tsunami!
4 s Vinheta do JN.
Bloco 2 Bloco 2 Bloco 2
Tempo Imagens Sons
8 s -FB e WB nos estúdios
do JN.
-Atrás dos dois ancoras a
imagem do globo e o
epicentro do terremoto
sinalizado neste globo.
O tremor que provocou o tsunami no Japão foi no
fundo do mar, mas muito perto da superfície, por isso
mesmo tão devastador.
32 s -Imagens já vistas na
reportagem anterior dos
carros e contêineres
sendo arrastados por um
redemoinho formado pelo
encontro de duas ondas.
-Ondas gigantes
atingindo a costa
-Uma animação
explicativa do tsunami.
Um turbilhão de carros, contêineres, navios, tudo na
mesma enxurrada. A imagem do tsunami é sempre
assustadora, o tsunami é um termo japonês que
significa onda no porto, é uma serie de ondas
gigantes. Quase sempre, tem origem num terremoto
no fundo do mar, também chamado de maremoto,
provocado pela movimentação de placas imensas de
rocha, quando elas se movimentam liberam uma
energia enorme.
18 s -Moacyr Duarte –
professor da COPPE –
UFRJ explica com gestos
as formas de terremoto,
encavalamento e
deslocamento lateral.
-Atrás estão
computadores com
imagens do Japão
devastado pelo tsunami.
Existe um desequilíbrio das forças entre as placas e
ou ela se sobrepõe, encavalamento como se fosse
um degrau, ou ela se desloca lateralmente, em
qualquer dos casos a quantidade de energia liberada
é equivalente a centenas de bombas atômicas e faz
um efeito devastador.
40 s -Repórter Sandra Moreira
falando de uma praia do
O mar sempre tem impacto na costa, nas
tempestades, os ventos provocam a ressaca com
166
Rio de Janeiro, com
ondas batendo no
paredão atrás dela.
-Animação mostrando o
tsunami se aproximando
da costa, ganhando
altura e invadindo o litoral
japonês, a velocidade da
onda é mostrada e sua
altura também.
ondas altas, mas as ondas se formam e se quebram
em momentos diferentes, o tsunami não, forma uma
onda com centenas de quilômetros de extensão e
que avança em bloco. O tsunami é uma onda muito
veloz, o tsunami que varreu parte do litoral japonês
viajou a 700 Km/h, quase velocidade de um jato
comercial, ao se aproximar da costa a velocidade
diminui, mas a altura cresce à medida que o fundo do
mar fica mais raso, as ondas de hoje chegaram a 10
m.
10 s -Moacyr Duarte –
professor da COPPE –
UFRJ.
-Atrás estão
computadores com
imagens do Japão
devastado pelo tsunami.
A primeira onda leva uma grande massa de detritos,
então ela tem uma consistência quase pastosa na
sua frente, pela quantidade de detritos, os detritos na
frente da onda funcionam como uma espécie de
moedor né.
16 s -Imagens já mostradas
na reportagem anterior,
das pessoas ilhadas no
teto do aeroporto.
-Animação explicando o
funcionamento das bóias
de alerta no meio do
oceano.
O que evita uma perda de vidas ainda maior é o
sistema de alarmes, um conjunto de bóias em linha
no meio do oceano, nas ondas comuns cada bóia se
eleva em um momento, no tsunami todas as bóias se
elevam ao mesmo tempo e é dado o alerta.
14 s -Imagens de cidades
devastadas pelo tsunami.
-Moacyr Duarte –
professor da COPPE –
UFRJ.
-Atrás estão
computadores com
imagens do Japão
A velocidade de deslocamento do fenômeno é muito
maior do que qualquer ser humano pode se deslocar
sob suas próprias pernas, então a um individuo
desavisado não há condição de reação diante do
avanço de um tsunami.
167
devastado pelo tsunami.
9 s FB e WB nos estúdios do
JN.
WB – Desde as primeiras informações sobre o
terremoto, ainda de madrugada, brasileiros passaram
a buscar noticias dos parentes no Japão.
2 min e
29 s
-O repórter foi a casa dos
parentes de brasileiros
que habitam o Japão.
-Mostram os parentes
dos brasileiros residentes
no Japão tentando obter
noticias.
-Todos estão com o rosto
tenso, mostram
apreensão.
-O repórter fala direto das
ruas da Liberdade,
famoso bairro japonês
em São Paulo.
-Animação mostrando o
caminho de Nagoya para
Sendai, onde o jogador
Alex Santos era pra estar
no momento do tsunami.
Por telefone, pela internet, pela televisão, por onde
era possível quem tem parentes no Japão buscava
noticias.
Yasuhiro Yajima – aposentado – Tentei já duas vezes
e... Telefone... Sistema telefônico está bloqueado.
Um milhão e meio de descendentes diretos de
japoneses vivem hoje no Brasil, desses quase a
metade mora na grande São Paulo e nessa sexta
feira a tradicional serenidade desses japoneses foi
substituída pela angustia.
O comerciante Toki Takeda de São Paulo mostra no
mapa que o filho mora ao sul da área mais atingida.
Toki Takeda – comerciante – Preocupa bastante,
embora esteja distante, mas a preocupação é muita.
(Com voz chorosa.)
Depois de muita insistência conseguiu o que tanto
queria, ouvir a voz do filho.
TT – Oi filho! Se tá bem? Tudo jóia?
Filho – Foi bem feio mesmo, viu, pai? Porque tem
prédio que caiu. Tem o aeroporto aqui de Sendai, por
exemplo, parece uma praia né, cheia de água.
Em Maringá no norte do Paraná os pais de Alex
168
Santos, brasileiro que joga no time de Nagoya,
conseguiram conversar com o filho pela internet.
Alex Santos – jogador – Agente teve um pouquinho
de sorte aí.
Ele contou que a equipe de futebol estava no trem, a
caminho justamente de Sendai, a viajem foi
interrompida a tempo.
Mãe de Alex Santos – Eu acho que foi assim a... A
mão de Deus. Acho não, foi! A mão de Deus né,
porque realmente era para eles estarem todos lá, a
delegação toda em Sendai.
Em Belo Horizonte Helena tentou por mais de 12
horas contatos com tios, primos e amigos que moram
perto de Sendai, nada.
Helena Tanaka - tradutora – É desesperador agente
realmente não sabe o que pode ter acontecido, é isso
que mais preocupa.
Dona Luzia que mora em Belém continua muito
preocupada, o filho dela trabalha numa fabrica que
foi atingida pelas ondas. Maxwell esta num abrigo
com outros 37 brasileiros.
Luzia Penha – Aí foi que ele ligou e falou, “Mãe eu to
parcialmente bem, to machucado com muito frio, mas
to bem!”
Koichi Nakazawa, que nasceu em Miyagui na região
de Sendai, explica que os japoneses tem mais medo
169
de tsunami do que de terremoto.
Koichi Nakazawa – Para tremor, preparado! Mas
tsunami (risos) não tem... Não tem jeito né! Não tem
defende né!
9 s FB e WB nos estúdios do
JN.
FB – Agora veja só, esta tragédia coincidiu com uma
data que a colônia japonesa de Londrina no Paraná
tinha escolhido para celebrar a sua cultura.
10 s -FB e WB nos estúdios
do JN.
-Uma janela se abre para
o repórter Wilson
Kirsche.
FB – Wilson Kirsche, boa noite! Qual foi o impacto
destas noticias tão tristes do Japão ai neste
encontro?
WK – Boa noite Fátima, boa noite a todos!
28 s -Wilson Kirsche direto de
Londrina no local do
evento de celebração da
cultura japonesa.
-Imagens da praça onde
ocorre a celebração da
imigração japonesa em
Londrina. Algumas
pessoas, lanternas
tipicamente japonesas
penduradas pela praça,
crianças brincando.
WK – A programação foi mantida, mas o tom é outro,
com certeza menos alegre. As centenas de pessoas
que estão aqui não conseguem ignorar os eventos lá
no Japão. Daqui a pouco inclusive, o pessoal deve
fazer um minuto de silencio em homenagem as
vitimas. Fátima nos estamos na praça Tomi
Nakagawa no centro de Londrina, ela foi inaugurada
em 2008 para comemorar os 100 anos da migração
japonesa no Brasil. Hoje por coincidência, como você
disse, palco da festa.
42 s -FB e WB nos estúdios
do JN.
-Uma janela se abre para
o repórter Wilson
Kirsche.
FB – Agora Wilson Kirsche você me diga uma coisa,
você encontrou algum parente de... o algum
brasileiro... É... Com parente brasileiro morando lá no
Japão nessa região mais atingida?
WK – Olha Fátima as estimativas apontam que são
170
sessenta mil brasileiros descendentes de japoneses
trabalhando em empresas lá no Japão, não se sabe
ao certo quantos estão nos lugares atingidos pelos
terremotos e tsunamis. Eu conversei com vários
parentes desses chamados decasséguis, eles falam
da dificuldade de comunicação com os parentes, da
angustia, da preocupação, mas por enquanto
felizmente não há relato de vitimas. Willian Bonner.
WB – Brigado Kirscher uma boa noite pra você e
brigado pela participação.
6 s FB e WB nos estúdios do
JN.
WB – Daqui a pouco, governos estrangeiros
oferecem ajuda ao Japão.
FB – Países sul americanos banhados pelo Pacifico
passam o dia em alerta.
4 s Vinheta do JN.
TOTAL
6 min e
31s
Bloco 3 Bloco 3 Bloco 3
Tempo Imagens Sons
7 s -FB e WB nos estúdios
do JN.
- Atrás do dois ancoras a
imagem da bandeira dos
EUA.
WB – Moradores dos estados americanos do Havaí e
do Alasca passaram horas sob a ameaça de um
tsunami hoje!
2 min e
33 s
-FB e WB nos estúdios
do JN.
-Uma janela se abre para
o correspondente do JN
nos EUA, Rodrigo
WB – Rodrigo Bocardi boa noite pra você, que
balanço você tem aí dos reflexos do terremoto
japonês nos Estados Unidos?
RB – Oi William! Oi Fatima! Boa noite a todos!
171
Bocardi.
-Imagens de um posto no
Havaí, lotado de carros.
-Barcos da costa da
Califórnia, uns virados,
outros somente
espalhados.
Obviamente foi um dia de extremo alerta na costa
oeste dos Estados Unidos isso porque o tsunami que
atingiu o Japão ele viajou pra cá... Pro Pacifico, pra
outra costa do lado de cá numa velocidade de
aproximadamente 800 km/h como já dissemos aqui é
uma velocidade de um jato comercial, mas mesmo
assim deu tempo de alertar a população. No Havaí
foram acionadas sirenes pra alertar as pessoas e
muitas saíram correndo para lugares mais altos .
Agente vê ai um posto de gasolina. As pessoas
fizeram fila nos postos para abastecer os carros pra
tentar fugir das ondas gigantes. A preocupação lá
durante toda manhã foi com relação ao tamanho
dessas ondas, mas o que se viu foi que elas não
chegaram a tanto, imaginava-se três metros de altura
e chegaram a aproximadamente um metro com
menos força felizmente. Na Califórnia as autoridades
dispararam telefonemas, são sistemas eletrônicos
com mensagens eletrônicas para que as pessoas
saíssem da região costeira. E ai agente vê os barcos
como ficaram. O mar agitado, bastante agitado
chegou a virar alguns barcos por lá. No Oregon
também que tem costa ali no... No... No Pacifico é...
As pessoas foram alertadas com sirene para que não
chegassem até a praia, lá quatro pessoas chegaram
a ser arrastadas, mas depois elas chegaram a ser
localizadas. Willian.
WB – Agora Rodrigo com relação a possíveis ações
de ajuda internacional para o governo japonês, pro
povo japonês, que informações você tem pra gente?
RB – Agente viu que o governo japonês pediu
172
oficialmente ajuda ao governo americano e Barack
Obama prontamente ele forneceu essa ajuda. Fez
um anuncio mais cedo dizendo que prestou as
condolências às famílias das vitimas e disse que os
Estados Unidos já têm um porta aviões no Japão e
que outro navios vão seguir pra lá. O navio Escex
que está na Malásia vai para o Japão a qualquer
momento. O Blue Ridge está sendo abastecido com
material para a assistência humanitária em Singapura
e vai partir amanhã também. Além disso, há o navio
Ronald Reagan ancorado perto da Coréia pronto
para ajudar os japoneses. Aí esta o Ronald Reagan.
Quarenta e cinco países ofereceram apoio ao Japão,
Australia, Nova Zelândia e Coréia do Sul, além dos
Estados Unidos, já estão empenhados no resgate de
vitimas e na busca por desaparecidos lá no Japão.
Willian, Fátima!
FB – Brigada Rodrigo, boa noite a você!
12 s -FB e WB nos estúdios
do JN.
FB – Aqui no Brasil o ministério de relações
exteriores montou um plantão para atender quem
busca noticias de parentes no Japão. Até o momento
o Itamaraty não tem informações de que haja
brasileiros entre as vitimas da tragédia.
7 s - Escritório do ministério
de relações publicas com
as atendentes recebendo
ligações de brasileiros
com parentes no Japão.
A procura por informações foi mais intensa durante a
manhã no núcleo de atendimento a brasileiros em
Brasília.
8 s - Eduardo Gradilone
subsecretario das
comunidades brasileiras
dando entrevista com o
EG – Nós ficaremos só tranquilos depois que
tivermos recebido todas as informações e todas as
garantias de que não há brasileiros envolvidos
173
mapa mundial atrás.
47 s - Imagens exteriores da
embaixada do Brasil no
Japão.
- Julio Mosquera
(repórter) no telefone
falando com o
embaixador brasileiro no
Japão (Marcos Galvão).
-Mapa do Japão
indicando a cidade de
Tókio e a foto do
embaixador ao lado.
JM - A embaixada do Brasil no Japão recebeu mais
de dois mil e-mails e centenas de telefonemas ao
longo da madrugada e vai manter regime de plantão
de 24 horas para atendimento ao publico.
O embaixador Marcos Galvão de Tókio disse por
telefone que não há noticias de brasileiros entre as
vitimas do terremoto.
MG – Essa informação é corroborada pelas
autoridades japonesas com quem nós estamos em
contato, com o ministério de negócios estrangeiros
do Japão, que nos informa que não há vitimas até o
momento registradas de nacionalidade que não seja
japonesa e não há vitimas brasileiras.
JM - A maior preocupação agora é fazer contato com
os 800 brasileiros que vivem nas três cidades mais
atingidas.
MG – Nós estamos tentando fazer esse contato a
partir da embaixada, tendo e, mas tendo dificuldade
em fazê-lo em função de as comunicações não terem
sido ainda restabelecidas nessas áreas.
12 s Julio Mosquera (repórter)
na frente do congresso
nacional em Brasilia.
JM – A presidente Dilma Rousseff enviou carta ao
primeiro ministro do Japão Naoto Kan lamentando a
tragédia no país, ela lembrou o grande numero de
brasileiros que vivem por lá e ofereceu ajuda ao
governo japonês
14 s -Porta voz da presidência
(Rodrigo Baena) se
JM – A mensagem foi lida pelo porta voz da
174
posicionando para ler a
mensagem enviada ao
primeiro ministro japonês.
-Ao fundo a bandeira
brasileira.
presidência!
RM – A mobilização, competência e empenho com
que a nação japonesa responderá a este desastre
natural permitirão ao seu país uma rápida
recuperação.
13 s -FB e WB nos estúdios
do JN.
WB – O terremoto no Japão disparou uma alerta de
tsunami nos países sul americanos que são voltados
pro oceano Pacífico e agora a noite este alerta foi
ampliado no Chile.
32 s -Imagens de uma
televisão passando um
telejornal chileno.
-Reunião do presidente
chileno (Sebastián
Piñeda) com seus
assessores.
-Imagens do terremoto
recente no Chile.
As agências de noticias em espanhol passaram o dia
debatendo o risco de tsunami na região. O presidente
do Chile, Sebastián Piñeda, foi o primeiro a pedir
calma, mas fechou portos e escolas de algumas
cidades e pediu aos cinco mil moradores e turistas da
ilha de páscoa que se juntassem no aeroporto para
uma eventual retirada. A ilha seria a primeira afetada
em caso de ondas gigantes. Há um ano o Chile foi
vitima de um forte terremoto e de um tsunami.
13 s -Presidente do Equador
(Rafael Correa)
discursando em um
telejornal.
O presidente do Equador Rafael Correa falou em
cadeia nacional. Mandou retirar as pessoas das ilhas
Galápagos e pediu a população costeira para se
refugiar em regiões mais altas.
8 s -Presidente do Peru
(Alan Garcia)
conversando com seus
assessores.
O presidente do Peru, Alan Garcia, pediu a
população que repetissem os exercícios feitos nas
simulações de terremoto.
27 s -Delis Ortiz (repórter)
falando direto do porto de
Buenos Aires na
Argentina.
O governo argentino ofereceu tropas especializadas
em resgates para ajudar o Japão, os chamados
“castos blancos”, organização de assistência
humanitária começam a se deslocar para a região da
tragédia. Embora as informações oficias sejam as de
que as ondas estão perdendo forças, Peru, Equador
e Chile continuam em estado de alerta por que a
175
previsão de chegada das ondas é para as próximas
horas.
11 s -FB e WB nos estúdios
do JN.
FB – Nós voltaremos ainda nesta edição com as
ultimas informações sobre a catástrofe no Japao.
WB – E a seguir, volta a estaca zero o processo que
apura o assassinato da adolescente Eloá.
4 s Vinheta do JN.
TOTAL
6 min e
4s
Bloco 4 Bloco 4 Bloco 4
Tempo Imagens Sons
26 s WB nos estúdios do JN.
Imagens de Jorge
Cherques atuando em
novelas da rede Globo.
WB – Morreu hoje no Rio de Janeiro, aos 83 anos, o
ator Jorge Cherques. Ele estava internado num
centro de terapia intensiva e teve falência de
múltiplos órgãos.
Em quase 50 anos de carreira Jorge Cherques fez 33
filmes e atuou em 16 novelas da rede Globo, entre
elas, “Suave Veneno” e “Sonho Meu”. O corpo do
ator Jorge Cherques será sepultado no domingo.
12 s FB nos estúdios do JN. FB – O processo do caso Eloá voltou a estaca zero
depois que o julgamento do acusado de seqüestrar e
matar a garota foi cancelado. Cinco testemunhas
prestaram depoimento hoje em Santo André.
1 min e
15 s
-Imagens do acusado
sendo deixado de
camburão na delegacia.
-Imagens de Outubro de
2008 quando ocorreu o
fato.
-Imagens da chegada
das duas vitimas ao
A presença de Lindemberg Alves preso há dois anos
e meio era obrigatória na audiência, Nayara
Rodrigues foi a primeira das cinco testemunhas a
depor e pediu que o réu fosse retirado. Ela disse ao
juiz que Lindemberg não se conformava com o fim do
namoro com Eloá Pimentel em outubro de 2008
Nayara e dois amigos, Yago e Vitor, foram ao
apartamento de Eloá fazer um trabalho escolar,
176
hospital.
-Chegada de Nayara ao
tribunal.
Limdemberg já estava lá e mantinha a ex namorada
refém, os rapazes foram libertados primeiro, Nayara
deixou o apartamento no segundo dia de cativeiro,
mas voltou para negociar a libertação da amiga.
Depois de 100 horas de seqüestro a policia invadiu o
apartamento.
(SOM DE TIRO!)
Nayara levou um tiro na boca, também baleada Eloá
morreu no hospital, Lindemberg foi preso. O irmão de
Eloá e o primeiro policial militar a chegar ao cativeiro
também prestaram depoimento.
Lindemberg deveria ter ido a júri popular no mês
passado, mas a defesa alegou que não teve acesso
a depoimentos e provas, e todo processo do
julgamento foi cancelado. As testemunhas agora
voltam ao tribunal. Na semana que vem serão
ouvidas as de defesa e só depois o juiz dirá se
Lindemberg irá ou não a júri popular.
25 s WB nos estúdios do JN.
Imagens de Ricardo Neis
atropelando os mais de
20 ciclistas. E saindo do
hospital e se
encaminhando para o
presídio.
WB – A justiça transferiu de um hospital para um
presídio o homem que atropelou um grupo de
ciclistas em Porto Alegre. O instituto psiquiátrico
Forense constatou que ele não sofre de depressão.
No fim do mês passado o funcionário público Ricardo
Neis atropelou mais de 20 pessoas durante
manifestação por mais bicicletas na cidade. Ele feriu
12 pessoas e fugiu sem prestar socorro.
10 s FB nos estúdios do JN. FB – Na enchente na cidade gaucha de São
Lourenço do Sul as equipes de busca encontraram
hoje o corpo de uma criança de 12 anos. A defesa
civil corrigiu o número de mortos pra sete.
177
1 min e
19 s
Repórter Guacira Merlin
mostrando na floresta de
eucalipto os destroços da
casa.
Mae do menino de 12
anos morto na enxurrada
sendo consolada pelos
demais parentes.
Janice moradora de São
Lourenço do Sul que foi
resgatada da enchente
agradecendo ao seu
vizinho pelo salvamento.
GM - Para as equipes de salvamento a prioridade é
resgatar as pessoas doentes que estão em áreas
isoladas. Na cidade, calçadas destruídas, casas em
pedaços e veículos arrastados pela enxurrada. Essa
mata de eucaliptos que fica a vários metros do rio
São Lourenço foi alagada e a força da correnteza foi
tanta que carregou esta casa ela ficou em vários
pedaços, aqui olha ainda estão as roupas, os
brinquedos e os móveis dos moradores, tudo
destruído. No meio da sala moveis amontoados
cobertos de lama eletrodomésticos espalhados pelo
chão. Márcia conseguiu salvar os filhos e agora tem
medo de trazê-los pra casa.
Marcia – Eu não tenho mais nada... Nada... Termino
tudo, estrago tudo!
GM – Na noite da tragédia sem conseguir ligar para o
190 moradores deixaram essa mensagem no celular
de um amigo.
Ligação de celular:
Pai – Manda um barco, manda uma coisa aqui. Tem
criança.
Filha – Diz que é urgente, pai! Diz que é urgente!
Pai – É urgente.
GM – Hoje o corpo do filho deles de 12 anos foi
encontrado a cerca de 400 metros da casa.
Janice só conseguiu escapar da correnteza com a
ajuda do vizinho,
Janice – Ele é meu amigo pro resto da vida!
178
Vizinho – Mas eu sempre fui teu amigo e sou, mas
salvar uma vida humana não tem dinheiro que pague,
não tem valor no mundo!
58 s Vinheta do JN tempo.
Mapa do Brasil com
indicações das nuvens e
logo após das
temperaturas mínimas e
máximas para as
capitais. Flavia Freire
apresenta o clima.
FF – Os temporais vão continuar em boa parte do
Brasil, nessa noite no leste do Paraná e no sul de
São Paulo a chuva forte pode vir com ventos, raios e
granizo. É o calor e a alta umidade que vão formar as
nuvens de tempestade.
Amanhã a previsão é de mais chuva nessas áreas,
pode chover bastante também no litoral de Santa
Catarina e do Espírito Santo, e no sul da Bahia, mas
aí é por outro motivo: ventos úmidos vindos do mar.
Nas outras regiões do país o sábado será típico de
verão, sol pela manhã e chuva isolada a tarde. A
exceção é o oeste do Rio Grande do Sul que terá céu
aberto o dia todo.
A mínima será de 19 graus em Brasília, a máxima
chega aos 32 em Porto Alegre, quatro a mais que o
normal pra essa época e em Porto Velho o calor
atinge 35 graus. Nas próximas semanas a tendência
é de muita chuva principalmente entre o Espírito
Santo, a Bahia e o Tocantins.
25 s WB nos estúdios do JN. WB – A presidente Dilma Rousseff recebeu hoje o
apoio de centrais sindicais para aplicar uma correção
de 4,5% na tabela do imposto de renda este ano. O
governo se comprometeu a negociar uma regra para
a correção da tabela nos próximos anos com base na
meta da inflação e também ficou de estudar a criação
de novas faixas de tributação com alíquotas
diferenciáveis.
179
13 s FB nos estúdios do JN. FB - O São Paulo Futebol Clube terá de volta o
atacante Luis Fabiano um ídolo da torcida tricolor que
estava no Sevilla da Espanha, Fabiano tem 30 anos
e custou 17 milhões de reais, ele deve se apresentar
no dia 30 de março.
6 s WB e FB nos estúdios do
JN.
WB – O Globo Repórter de hoje vai revelar que
nunca tantos brasileiros estiveram com excesso de
peso.
45 s Sérgio Chapelin
apresenta as atrações do
Globo Repórter.
SC – A cada ano crescem quase 2% o numero de
homens e mulheres acima das medidas.
Uma diferença difícil de explicar, os homens estão
mais gordos do que as mulheres? A dieta de um
herói, filho de doceira ele chegou aos 98 kg, como
aprendeu a resistir as tentações e emagreceu?
Preconceito e dor, duas jovens descriminadas por
causa da obesidade aprendem a se defender e
contam como correndo e lutando recuperaram a
alegria de viver! Família que emagrece unida
permanece mais leve? Crianças vão para a cozinha e
descobrem os segredos da alimentação saudável.
Hoje no Globo Repórter!
9 s WB e FB nos estúdios do
JN.
FB – A seguir, união européia deixa de reconhecer
Kadahfi como representante da Líbia.
WB – E do Japão as ultimas informações do
correspondente Roberto Kovalick.
4 s Vinheta do JN.
TOTAL
6 min e
22 s
Bloco 5 Bloco 5 Bloco 5
Tempo Imagens Sons
180
18 s WB e FB nos estúdios do
JN.
WB – A União Europeia deixou de reconhecer o
ditador Muammar al-Gaddafi como representante da
Líbia, mas rejeitou a proposta de criar areas em que
aviões libios seriam proibidos de voar.
FB – Em varias regioes do pais os tanques e avioes
de guerra continuam em ação contra os rebeldes.
181
1 min e
37 s
Imagens da emissora
líbia de televisão das
tropas do ditador se
agitando.
Festa de soldados que defendem o ditador
Muammar al-Gaddafi o motivo seria a reconquista de
Ras Lanuf cede do mais importante porto da Líbia. A
tv estatal tambem exibem imagens que seriam da
cidade comemorando a suposta vitoria das milicias
do ditador.
Mas as agencias de noticias registraram outra
situação, rebeldes no comando, povo na rua contra
Muammar al-Gaddafi, nem a informação de que as
tropas do governo haviam alvejado depositos de
combustível em Ras Lanuf foi confirmada.
As circunstâncias mostram que além do campo de
batalha existe uma guerra de propaganda que o
ditador Gaddafi faz de tudo para tentar vencer.
Em Bruxelas na Belgica, os lideres da União
Europeia chegaram a um concenso, o bloco exige
que o ditador deixe o gorverno imediatamente e
apartir de agora só reconhece o conselho nacional da
Líbia, o comando rebelde, como representante do
país.
A União Europeia acabou não aprovando a zona de
exclusão aérea na Líbia que poderia servir para
impedir o uso de helicopteros e aviões do governo
contra os rebeldes, mas o assunto nao foi encerrado
nas próximas semanas será discutido com a liga
árabe e com representantes da ONU. A União
Europeia entende que qualquer ação militar na Libia
depende de apoio total.
182
10 s WB e FB nos estúdios do
JN.
FB – E antes de encerrar essa edição o
correspondente Roberto Kovalick tráz ao vivo do
Japão as ultima informações sobre consequências do
terremoto e do tsunami. Kovalick!
1 min e
5 s
Roberto Kovalick em uma
janela e ao lado o globo
com ênfase no mapa do
Japão situando a cidade
de Kyoto de onde fala o
repórter.
RK – Boa Noite Fátima! Agente viu agora pouco a
preocupação dos brasileiros e dos japoneses que
moram no Brasil com os parentes que moram aqui no
Japão já que não conseguem fazer contato. A boa
noticia é que o sistema telefônico já está
praticamente normalizado, porém sobrecarregado.
Agora, as imagens da manhã, as primeiras imagens
da manhã mostram que os incêndios da região
atingida ainda não foram controlados, na área
costeira carros ainda são consumidos pelas chamas
isso acontece na província de Ibaraki. Já nas regiões
mais atingidas pelo tsunami como na província de
Almori navios gigantes foram arrastados e acabaram
no meio da rua, imagens realmente impressionantes.
Aqui em Kyoto onde está nossa equipe agente sentiu
o primeiro terremoto, o prédio onde nós estávamos
realmente balançou bastante.
Eu agora vou pegar o próximo trem bala, o sistema já
está funcionando aqui, e estou indo para Tókio e
volto com mais informações nos nossos telejornais.
Bonner, Fátima.
183
20 s WB e FB nos estúdios do
JN.
WB – Um bom dia pra você ai no Japão, boa viagem
Kovalick. Kovalick que hoje o dia inteiro trouxe
informações para os espectadores brasileiros aqui na
Globo, desde o Bom dia Brasil com essa tragédia
japonesa.
Você terá outras notícias logo mais no Jornal da
Globo depois de “Por toda minha vida”. Boa noite!
FB – Uma boa noite pra você, até amanhã!
20 s Redação do JN em uma
tomada aérea enquanto
passam os créditos do
jornal.
Musica do JN.
TOTAL
3 min e
50 s
8. PESQUISA DE CAMPO
8. 1. ENTREVISTAS
8. 1. 1. Classe A
Entrevista 1: Bete
Entrevistador: Quando você pensa em alguma tragédia, qual a pior que você pensa?
B: Uma tragédia?
184
Entrevistador: É, pode ser pessoal, política, econômica.
B: Uma tragédia? Ah, os tsunamis todos aí né.
Entrevistador: Qual a impressão que você tem quando se fala em árabes, japoneses e norte americanos?
B: Em guerra né.
Entrevistador: Os três?
B: Os três.
Entrevistador: O que você pensa quando ouve a palavra terrorismo?
B: Nos árabes.
Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão?
B: O que eu acho?
Entrevistador: É o que você acha que provocou esse desastre?
B: O que provocou não sei. Não sei.
Entrevistador: Na sua opinião, quais foram as conseqüências do atentado de 11 de setembro para o mundo?
B: Nossa, terríveis. Tanto é que tá até agora todo mundo traumatizado e com medo de retaliação né? Agora com outros atentados né.
Entrevistador: E agora a última pergunta. Se algum desses fatos tivesse ocorrido no Brasil, como é que você acha que o governo e os cidadãos reagiriam?
B: Bom, eu com certeza estaria fora daqui. Hahaha agora eu não sei, eu acho o brasileiro muito acomodado , eu não sei o que que o nosso governo faria, ele quer muito.. panos quentes né, muito devagar ainda, mas enfim, cada um mora no país que merece.
Entrevista 2: Dania
Entrevistador: Qual a pior tragédia de que você se lembra? Pessoal, política,
econômica, qualquer uma, a primeira que te vier a cabeça.
D: Haha tem tantas. Torre.
185
Entrevistador: O que você pensa quando se fala em árabes, japoneses e norte
americanos?
D: O que eu penso quando falam nessas, quando falam nessas pessoas?
Entrevistador: É, nessas nacionalidades.
D: Os japoneses, organizadíssimos; árabes ainda procurando a identidade
deles; qual o outro?
Entrevistador: Norte-americanos.
D: Huum, haha... perdidíssimos, ignorantíssimos.
Entrevistador: O que você pensa quando ouve a palavra terrorismo?
D: O que a palavra terrorismo me lembra? É que é tão abrangente terrorismo,
pode ser terrorismo, terrorismo, aquele né, dos muçulmanos enfim, das
guerras, pode ser terrorismo mental que as pessoas fazem, talvez a pior, então
terrorismo.. aí você pergunta o que eu penso? Ééé, cra, po, quer dizer, poda a
criatividade das pessoas, poda a espontaneidade das pessoas, isso é o que o
terrorismo quer dizer.
Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão?
D: Deus. O que provocou? Deus.
Entrevistador: Na sua opinião, quais foram as conseqüências do atentado de
11 de setembro para o mundo?
D: Ah, uma chamada pra todo mundo se tocar que existem outros povos, que
os Estados Unidos, quer dizer, os americanos não são essa soberania, não são
isso tudo. Ééé assim foi até pra eles mesmo, que a ignorância tava no próprio
país, então nem eles sabiam deles. Quem eram e o que eles plantaram ao
longo dos anos pelo mundo quer dizer. O povo em si não sabe, os militares
sabem. Então eles entenderam que o país não é tão perfeito assim, como
qualquer outro pais, mas eles tinham essa, essa, esse , galoposos que diz que
eles eram os perfeitos e não são, então foi um alerta pra todo mundo né, e que
existem outros povos também, como os árabes que realmente deram um grito
de guerra e também são maltratados. Reivindicação de todos os povos.
Entrevistador: E agora a última pergunta. Se algum desses fatos tivesse
ocorrido no Brasil, como é que você acha que o governo e os cidadãos
reagiriam?
186
D: O cidadão brasileiro ia se dar as mãos. Como sempre o governo, haha, o
governo, o governo ia fazer a mesma coisa, ia se ajuntar com o povo. E no
final, o governo brasileiro é muito, naife, pelo menos era, é muito povo, na hora
que é pra ser, na hora de desgraça mesmo ele vira povo, que seja PT, que seja
PMDB, que seja que for, vira, tem um povo brasileiro, vira povo único.
8. 1. 2. Classe B
Entrevista 1: Jane
Entrevistador: O que você pensa quando se fala em árabes, japoneses e norte americanos?
J: Hahaha ah mentira? Hahaha não tem como...
Entrevistador: Conta qualquer coisa, o que te vier á cabeça.
J: Árabes eu não tenho nada a ver com a cultura deles. Né, apesar de eu ter um tio aa aa, da Árabia mesmo, mas eu não tenho nada a ver com a cultura deles. Pai da Sara. Saudade. O outro qual é que tu falou?
Entrevistador: Japoneses.
J: Acho a cultura deles, assim, (interrupção da outra mulher gritando: ah já falei cultura, cultura e rindo) tia! hahah... acho fria.
Entrevistador: E norte-americanos?
J: Norte-americanos... É, interessante, convidativo.
Entrevistador: O que você pensa quando ouve a palavra terrorismo?
J: Terrorismo? (outra mulher grita: ai o pavor... Terror) hummm... tragédia né.
Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão?
J: Homem, Homem-Bala né.. Que que há, desculp, que que, que...
Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão, no começo do ano?
J: Bom, como eu sou espiritual pra caramba, a não aceitação de Jesus naquele povo. Tá, e agora o final dos tempos tá vindo a, tá tendo esse retorno sabe, e começa por lá mesmo... Tá que esses lugares tudo vão ser bem prejudicados, tendeu? Eles mesmos que buscaram isso.
187
Entrevistador: Na sua opinião, quais foram as conseqüências do atentado de 11 de setembro para o mundo?
J: ... para o mundo? Para o mundo, bom, primeiro que a saudade né, dos que foram né pelos que ficaram os parentes, pra mim é isso aí, o resto em termos materiais eles fazem até coisa melhor, maior do que tinha lá antes, tendeu? Eu acho que é isso daí...
Entrevistador: E a última: Se algum desses fatos tivesse ocorrido no Brasil, um tsunami como do Japão, 11 de Setembro, como é que você acha que o governo e os cidadãos reagiriam?
D: Ai ah eles, muitas coisas aqui já estão ocorrendo assim terríveis né, mas, hamm, ia ser o fim né, porque eles iam se assustar muito mais né, porque aqui é é, Brasil geralmente, ele éee, a gente tem essa, é é essa fama assim da gente ter muita paz aqui né, Brasil né, eee é um lugar assim bem, hamm, prestigiado, exatamente pela paz né, se acontece um negócio desse, é o fim né, o caos né... mundial né.
Entrevista 2: Pedro
Entrevistador: Qual a pior tragédia de que você se lembra? Pessoal, política,
econômica...
P: Não sei assim, de cabeça, é difícil lembrar.
Entrevistador: Alguma coisa que aconteceu com você, sei lá, o que te vier a
cabeça quando se fala em tragédia
P: O, sei lá, acidente do meu irmão, não sei.
Entrevistador:Tá, e qual a impressão que você tem de árabes, japoneses e
norte americanos?
P: Norte americanos se acham o dono do mundo, chineses..
Entrevistador: Japoneses.
P: Japoneses, poten, maior potência mundial eu acho.
Entrevistador: E árabes?
P: Os excluídos.
Entrevistador: O que você pensa quando ouve a palavra terrorismo?
P: Árabes.
Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão?
188
P: Ahh... putz que pergunta. Pô eu não sei, acho que foi uma fatalidade assim
da natureza, sei lá, pelos lugares que eles vivem sabe.
Entrevistador: Na sua opinião, quais foram as conseqüências do atentado de
11 de setembro para o mundo?
P: Pô, eu acho que de uma certa forma eles atentaram contra a economia
mundial, num certo ponto de vista, acho que foi maior assim.
Entrevistador: E agora a última. Se algum desses fatos tivesse ocorrido no
Brasil, como é que você acha que o governo e os cidadãos reagiriam?
P: Nossa. Ó eu não sei, essa eu não sei responder não.
8. 1. 3. Classe C
Entrevista 1
Entrevista 2
8. 1. 4. Classe D
Entrevista 1: Juliana
Entrevistador: Quando você pensa em alguma tragédia, qual a pior que você
pensa?
J: A pior que eu penso, em criança.
Entrevistador: Que você acha de árabes, japoneses e norte americanos?
J: Como assim, os árabe é os judeus?
Entrevistador: É qual a impressão que você tem, quando você pensa..
J: Ah, eles não falam com a gente, eles desprezam entendeu e como se eles
tivessem medo, entendeu, então pra eles a gente parece que não é gente igual
189
a ele... so que quando a gente morre a gente vai pro mesmo lugar.. A e os
japoneses, ah não tenho o que dizer deles, os japoneses não são muito...
Entrevistador: O que você pensa quando ouve a palavra terrorismo?
J: Terrorismo? Ah medo...
Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão, que teve
no começo do ano?
J: No começo do ano? Ah, falta de atenção... os costumes, as coisas, tem
muita ciência que ta muito bem avançada que dava pra ver imprevisto né.. e
não fizeram nada... pelas pessoas que tavam lá.
Entrevistador: Na sua opinião, depois do ataque as torres gêmeas que teve a
muito tempo atrás, o que mudou no mundo?
J: Ah muita coisa... Muita coisa mudou. Até mesmo as opinião das pessoas
agora de viagem, muita coisa, muita gente agora tem medo.
Entrevistador: E a última. O que você acha de algum desses dois ter
acontecido, se tivesse ocorrido no Brasil: o tsunami ou as torres gêmeas. Como
você acha que a gente teria reagido?
J: Ah eu não sei porque aqui já tem tanta coisa ruim se acontecesse mais daí
pronto... hahahaha... não mais é, já tem tanta coisa que acontece que é ruim
pra gente, se acontece isso daí então.
Entrevista 2: Leandro
Entrevistador: Qual a pior tragédia que você se lembra?
L: A que eu fiz (risos). O atentado que eu fiz.
Entrevistador: O que você pensa, na sua cabeça o que vem sobre árabes,
japoneses e norte americanos. Quando você pensa nesse povo, o que vem na
sua cabeça?
L: O Osama, eu penso nele. No atentado que ele já fez. É da hora, o chapa aí.
Eu quero fazer igual também.
Entrevistador: O que vem na sua cabeça quando você escuta a palavra
terrorismo?
190
L: Eu acho que me da alegria, hein?
Entrevistador: Alegria, por que?
L: Dá, porque eu gosto de fazer isso.
Entrevistador: O que você pensa que provocou, o que causou aquele desastre
no Japão? No começo desse ano, aquele terremoto, a tsunami e tudo mais.
L: Ah (fala incompreensível). Isso daí não dá pra falar não, sobre isso.
Entrevistador: O que você acha que mudou no mundo depois daquele atentado
nos Estados Unidos, das Torres Gêmeas e tudo mais. O que você acha que
mudou no mundo?
L: Ah num mudou nada. Só revolta contra os terrorista, lá.
Entrevistador: E se uma dessas coisas acontecesse no Brasil, atentado ou
terremoto, você acha que a gente conseguiria suportar isso? Você acha que o
Brasil conseguiria suportar isso?
L: Num sei não, mas eu queria me envolver no terrorista desse (risos). Eu
queria me envolver pra fazer um terror desses aí.
Entrevistador: Demoro, Leandro. Obrigadão.
8. 1. 5. Classe E
Entrevista 1: Wendel
Entrevistador: Wendel, é o seguinte: qual é a pior tragédia que você se lembra?
W: Aah, quando eu troquei tiro com a polícia, tio..
Entrevistador: É? Bom, beleza. E o que você acha dos árabes, japoneses e
norte americanos?
W: Aah são tudo guerrilheira. Os cara guerria pela vida deles, né meu? Pra
sobrevive com toda violência do mundo como é que tá hoje em dia
Entrevistador: Entendi. O que pensa quando ouve a palavra terrorismo?
191
W: Aah, eu já penso em guerra. Em guerra, em destruição.
Entrevistador: O que você acha que provocou o desastre no Japão? Não sei se
você se lembra daquele terremoto que teve no começo do ano.
W: O tsunami?
Entrevistador: Isso.
W: Eu tava preso quando eu tava vendo esses negócio pela televisão, do
tsunami aí.
Entrevistador: Que que você acha que provocou esse desastre?
W: Ah, eu falo pru seis, isso foi coisa de Deus, né meu? Pra acontecer uma
tragédia dessas daí tem que ser só Deus pra mesmo pra fazer aí essa
destruição.
Entrevistador: Na sua opinião, quais foram as consequências do 11 de
setembro pro mundo? Que que mudou depois daquele ataque?
W: Mudou em nada. Continuou do mesmo jeito. Do mesmo jeito.
Entrevistador: Se um desses.. tsunami, desses atentados acontecesse no
Brasil, você acha que a gente ia ter capacidade de conseguir suportar?
W: Não ia ter não. Nós não ia ter capacidade de suportar, porque são muito
forte. São muitas coisas muito forte, água, vento, esses negócio.. Terremoto.
Num segura essa parte aqui de São Paulo não segura não.
Entrevistador: Obrigado Wendel, é só isso.
Entrevista 2: Raul
Entrevistador: Raul, seguinte, vou começar aqui. Primeira pergunta é: qual a
pior tragédia que você se lembra?
R: Da Praça da Sé.
Entrevistador: Da Praça da Sé?
R: É.
Entrevistador: Qual foi a tragédia?
R: A chacina que teve lá.
Entrevistador: E o que você pensa a respeito de árabes, japoneses e norte
americanos? O que você pensa a respeito desses povos?
192
R: Aah, num sei né, cada um é cada um né? Num penso nada. De um lado ou
do outro tá tudo (?).
Entrevistador: O que você pensa quando escuta a palavra terrorismo?
R: Aah terrorismo.. Só a palavra já diz né? Terror, né? O cara num dorme, já
pensa o que vai acontecer com ele também.
Entrevistador: O que você pensa que causou aquele desastre no Japão?
Aquele terremoto, aquela tsunami, tudo mais. O que você acha que causou
isso?
R: Eu acho que eles estão brincando com Deus né? Tá com aquele, como é..
Bomba nuclear, usina nuclear. Pra que que eles querem fazer isso? Aí quando
dis.. quando para de.. para de funcionar o negócio, dá problema, vai por risco
naquela área e quem tiver perto morre né, um tempo.
Entrevistador: Na sua opinião, depois daquele atentado nos Estados Unidos
que caiu as torres e tudo mais. O que você acha que mudou no mundo.
R: Aah, mudou varias coisas. O modo de pensar nos aviões, no aeroporto.
Entrevistador: Você acha que se algum desses fatos acontecesse no Brasil, um
atentado, um terremoto, essas catástrofes. Você acha que o Brasil está
preparado para isso?
R: Tá não, tá não. Eu acho que eles pensam que nunca vai acontecer aqui. Né
não? Porque brasileiro só fecha a porta depois de roubado né?
Entrevistador: Bom, beleza. Brigadão, hein?
8. 2. ENTREVISTAS ANALISADAS
Ao sairmos às ruas com o objetivo de realizar uma pesquisa que tinha o
intuito de analisar os níveis de fala da sociedade, estabelecemos naturalmente
alguns estereótipos mentalmente. Uma pessoa de classe A, por exemplo,
possuiria certo estereótipo, como estar bem vestida, falar corretamente, possuir
um amplo vocabulário, e assim por diante. Já uma pessoa de classe C ou D
estaria com vestimentas mais simples e teria um vocabulário mais limitado,
enquanto uma pessoa de classe E teria certa dificuldade para se comunicar.
Contudo, como a maioria dos estereótipos impostos, apenas uma parcela
do que encontramos na realidade os seguem.
193
Ao realizarmos as entrevistas em diversos locais da cidade de São
Paulo, pudemos perceber que alguns se expressavam melhor do que outros, e
essa pessoa que se expressava melhor não se encontrava necessariamente
em uma classe econômica superior. Assim, pudemos concluir que a aplicação
de um questionário socioeconômico tem por objetivo apenas determinar posses
materiais, e a língua falada consiste em um bem imaterial, portanto intangível,
e assim seria impossível a existência de um padrão do tipo, classe tal é de um
jeito, classe tal é de outro. Das 50 entrevistas realizadas destacamos 10, e
dessas 10 entrevistas pudemos avaliar os níveis de fala de cada pessoa
entrevistada.
Dentro da classe A, podemos encontrar opiniões bastante divergentes,
como ocorre também nas outras classes socioeconômicas. Uma das
entrevistadas escolhidas, Bete, não desenvolve muito suas idéias, e dá apenas
respostas curtas de forma direta. Apresenta concordância verbal e nominal
quase perfeita, com apenas alguns deslizes devido à oralidade, utilizando o
“né” como uma procura por diálogo com o entrevistador, caracterizando a
função fática da linguagem. Na sua opinião, o povo árabe, japonês e americano
são sinônimos de guerras e o povo árabe é associado, mais especificamente à
guerra. Reconhece o terror e o medo de retaliação causado pelos atentados de
11 de setembro, mas não consegue encontrar uma razão para que os mesmos
tenham acontecido. Porém, quando perguntada sobre a reação do governo se
algo semelhante acontecesse no Brasil, Bete faz questão de não se incluir na
população brasileira, caracterizando-o como acomodado, e ainda diz que o
governo não conseguiria solucionar um possível atentado no país.
Já a outra entrevistada, Dania, apresenta opiniões bem divergentes,
quando comparada com as de Bete. Desenvolve mais suas idéias, também
com boa concordância verbal e nominal, bom vocabulário, e começa dizendo
que seu primeiro pensamento quando se fala em tragédias são os atentados de
11 de setembro, as Torres Gêmeas. Consegue diferenciar os povos como:
japoneses são um povo organizado, os árabes procuram por uma identidade e
os norte-americanos são ignorantes. Porém, associa os muçulmanos como
terroristas que buscam por guerra, e levanta outra questão: do que ela chamou
de “terrorismo mental”, que de acordo com ela, poda a criatividade das
194
pessoas. Sua crença em Deus surge quando perguntada sobre as causas do
tsunami no Japão, e considera o 11 de setembro como um alerta aos povos,
principalmente aos americanos de que existem outros povos no mundo, e que
sua soberania não é eterna. Acredita que, no eventual acontecimento de uma
tragédia no Brasil, a população se uniria, assim como o governo. Utiliza
também muito a expressão “né” e “é que”, usando a função fática, além de
repetir a pergunta em sua resposta para ter certeza de que entendeu a
questão.
Na classe B, também encontramos divergências quanto as opiniões,
sempre com uma grande influência da religiosidade do entrevistado. Nossa
primeira entrevistada, Jane, considera que não tem nada a ver com a cultura
árabe, apesar de ter uma certa ascendência, prefere não responder a pergunta.
Porém, quando perguntada sobre os japoneses os considera uma “cultura fria”
e os norte-americanos uma cultura “interessante e convidativa”. Não associa os
árabes ao terrorismo diretamente, considera o próprio terrorismo como uma
verdadeira tragédia. Sua religiosidade aparece quando perguntada sobre os
tsunamis no Japão: eles seriam conseqüência da “não aceitação de Jesus” por
parte do povo japonês, que a tragédia seria um sinal do “fim dos tempos” e que
a população mesma teria buscado por isso. Seus principais sinais da oralidade
também são o “né”, “haam”, “ééééééé”, que praticamente a impediu de criar um
raciocínio na última pergunta. Quando perguntada sobre as conseqüências do
11 de setembro, ressalta apenas a perda humana, falando que a perda
econômica é recuperável, ficando apenas a saudade das pessoas vitimadas.
Acredita que se algo semelhante ocorresse no Brasil, seria o caos, e nada
poderia ser feito pelo governo para resolver.
Para Pedro, o outro entrevistado, a primeira tragédia que vem à mente é
uma tragédia pessoal. Os norte-americanos, em sua opinião, se consideram os
donos do mundo, os japoneses seriam a maior potência mundial e os árabes,
além de serem sinônimo de terrorismo, são os excluídos do mundo. Suas
principais marcas de oralidade são o “pô” e o “putz” que surgem em quase toda
frase, tendo boa concordância verbal e nominal. Considera os tsunamis do
Japão como uma fatalidade natural, sem culpar ninguém, e ressalta apenas os
prejuízos econômicos do 11 de setembro para o mundo. Quando perguntado
195
da ação do governo perante uma situação semelhante, diz não saber
responder a pergunta e termina a entrevista.
A primeira entrevistada da Classe D, Juliana, quando perguntada sobre
uma tragédia pensa diretamente em uma ocorrida em sua vida. Também não
soube diferenciar a cultura árabe da religião judaica, dessa forma, não concluiu
seu raciocínio em muitas perguntas relacionadas, porém refere-se aos árabes
como um povo que tem medo de relacionar-se com os outros povos e não o
contrário. Seu discurso possui muitas marcas de oralidade como “tavam”,
“davam”, “né”, procurando por um diálogo com o entrevistador. Associa
diretamente o medo com terrorismo, e o atentado de 11 de setembro teve
como principal conseqüência, em sua opinião, o medo generalizado. Quando
perguntada pela culpa dos tsunamis no Japão, cita a tecnologia que o país tem
disponível, e diz que o grande problema foi que ela não foi utilizada para avisar
a população, e considera que o Brasil já possui muita coisa ruim acontecendo,
e não quer nem considerar a possibilidade de que algo semelhante aconteça
conosco.
A entrevista de Leandro pode ser vista de duas maneiras: ou o
entrevistado está brincando com o assunto ou ele realmente tem uma opinião
formada sobre o assunto e apóia os movimentos terroristas. Pelas risadas e
pouco desenvolvimento do assunto, creio que a primeira opção é mais válida.
Também não se sabe se o entrevistado de fato foi autor de algum crime, que
no caso ele autointitula “um atentado”. Ele começa declarando sua simpatia
para com o terrorismo e cita Osama, considerando-o um herói, mas não tem
nenhuma declaração quando se trata dos japoneses e norte-americanos.
Utiliza a palavra terrorismo como sinônimo de alegria, não conseguindo
também, falar qualquer coisa relacionada com os tsunamis no Japão, além de
manifestar interesse em participar de um possível atentado no Brasil. Na
Classe D podemos perceber o surgimento de gírias como “da hora”, “chapa”, e
marcas de oralidade como “hein”, entre outros.
O primeiro entrevistado da Classe E, Wendel, não consegue
desenvolver muito suas idéias, apesar de tê-las prontas em sua cabeça. Sua
relação com a violência é uma tragédia própria relacionada com a vida nas
ruas, e sua visão dos povos japonês, árabe e norte-americano é uma imagem
196
agressiva. Quando perguntado sobre terrorismo, associa rapidamente à guerra
e à destruição, mas não enxerga nenhuma conseqüência quanto aos atentados
de 11 de setembro. Por se encontrar na prisão quando ocorreram os tsunamis
no Japão, não consegue deixar nenhuma opinião, apesar de achar que as
tragédias sejam causadas por Deus. Não possui muita concordância verbal ou
nominal e apresenta muita desesperança quando perguntado quais seriam as
conseqüências se algo semelhante acontecesse no Brasil.
Já o segundo entrevistado, Raul, demonstra bom conhecimento sobre o
assunto, além de possuir opiniões formadas sobre o assunto, mesmo que não
desenvolva bem sua resposta, com pouca concordância nominal e verbal, além
das marcas de oralidade, como o “né” característico. Ao pensar em tragédia,
lembra diretamente da chacina na Praça da Sé, e associa terrorismo com
terror, medo. Sua religiosidade aparece quando perguntado quem causou os
tsunamis no Japão, falando diretamente de Deus, além de citar o problema das
usinas nucleares e seu perigo de vazamento, demonstrando conhecimento
sobre a tragédia. Ao ser perguntado sobre as conseqüências do 11 de
setembro, a primeira coisa que fala é o aumento de segurança nos aeroportos,
e diz ainda que o Brasil não está preparado se algo semelhante acontecer, e
que só estaremos preparados quando acontecer algo, “porque brasileiro só
fecha a porta depois de roubado né?”.
9. CONCLUSÃO
A análise do discurso do texto televisivo através das duas edições
analisadas do Jornal Nacional demonstrou que, apesar de suas especificidades
quanto ao local, tempo, resultados e conseqüências, podemos traçar o perfil
Globo de se fazer telejornalismo.
Apesar de as situações propostas tenderem ao improviso e à agilidade
em se concentrar em uma edição aquilo que de mais importante o Jornal
Nacional encara como digno de completar os seus trinta e um minutos no ar,
seus repórteres, porque são treinados e habituados, conseguem elaborar suas
197
sentenças com a clareza de que o brasileiro comum necessita para
compreender e processar as notícias.
Os repórteres não somente contam o que viram. Eles exteriorizam aquilo
que puderam vivenciar e trazer consigo de suas idas ao local dos
acontecimentos. Mas não só da experiência dos repórteres é que vive o
telejornalismo. Ele só consegue, no Brasil, ser a fonte principal de notícias para
a maioria dos brasileiros, porque conta sobre o reflexo dos episódios nas vidas
de outros seres humanos, tentando contar como e quais são seus sentimentos,
quais as conseqüências que se mantem em suas vidas e quais os reflexos da
História em seu futuro.
Como anteriormente dissemos, a particularidade que se pôde verficar
em ambas as edições é quanto à construção, notícia a notícia, de um discurso,
para que o telespectador só se sentisse plenamente satisfeito se tivesse
acompanhado a todo o desenrolar da trama: da explicação do ocorrido até a
última entrada, ao vivo, do correspondente internacional, no último bloco da
edição. Ou melhor, se estivesse presente, atento em frente à tela, do boa noite
inicial até o boa noite final dos simpáticos apresentadores.
A questão que a narrativa do Jornal Nacional propõe de mais forte na
edição de 11 de setembro é uma tentativa de expressar o medo que os norte-
americanos, mas também a população mundial toda, sentia. A nação mais bem
protegida e mais vigiada do mundo era atacada, não por ogivas nucleares, mas
por aviões comerciais de sua frota nacional, em dois de seus mais importantes
símbolos, um econômico e outro militar, em duas de suas principais cidades. O
ataque na ordem do simbólico assustou a todos. Quando ninguém imaginava
que pessoas pudessem cometer um ato daqueles, naquelas dimensões, o
mundo teve de se despertar para todo um campo de palavras e de significados
referentes a terrorismo, extremismo e Guerra Santa.
Já para a narrativa dos fatos no Japão, a construção se dá em torno de
entender como um país, onde as pessoas já estão acostumadas com
terremotos e com tradições, a magnitude de uma tragédia natural fez com que
toda a população deixasse de tomar as providências padrões, devido ao
choque com o inesperado e com o imprevisível. Além de, no final da edição, já
ficar esboçado qual seria a grande preocupação dos japoneses nas semanas
198
subseqüentes. Reconstruir o país em tempo e estatísticas recordes era coisa
que não surpreenderia a ninguém. A grande preocupação surgiria quando
descobriu-se que sim, algumas das usinas nucleares japonesas estavam
danificadas e ofereciam perigo às pessoas em seu entorno, através do ara
atmosférico e da alimentação ingerida.
Depois de uma década de William Bonner como editor chefe desse
telejornal com mais de quarenta décadas de existência e apesar de suas
mudanças, o que faz do Jornal Nacional a maior referência de telejornalismo no
Brasil é algo que ele mesmo criou e consolidou. O sotaque de seus repórteres
e apresentadores, o tom de suas abordagens, a ordem de suas matérias e a
estrutura de sua linguagem, simples, porém preocupada com sua função
didática, fática e educadora, a fluência e o timing de seus assuntos, isso tudo
se mantem durante as análises porque este é o jeito Jornal Nacional de ser.
Hoje os apresentadores sorriem ao vivo, olham um para o outro e, ainda mais,
enquanto um deles fala, o outro pode até mover o corpo e a cabeça, como
forma de demonstrar. Mas mesmo nos momentos de maior descontração,
frases como a de William Bonner quando Fátima viaja como correspondente,
como fez nas Copas de 2006, na Alemanha, e de 2010, na África do Sul, e pela
Caravana JN de 2006, “Onde está você, Fátima Bernardes?” demonstram que,
sim, o Jornal Nacional tem momentos de brechas. Mas ele não deixa de ser o
Jornal Nacional. Boa noite!
10. REFERÊNCIAS BIBLIOFRÁFICAS
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Paulo: Companhia das Letras, 1988.
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crítica. In: COUTINHO, Iluska (org.). Florianópolis: Insular, 2010.
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e suas fronteiras com a indústria do entretenimento, as fontes, os governos, os
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200
GAVAZZI, Sigrid Castro., PAULIUKONI, Maria Aparecida Lino., SANTOS,
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ZAHAR, Jorge. Jornal Nacional: A notícia faz história. Rio de Janeiro: Memória
Globo, 2004.
11. ANEXOS
Questionários socioeconômicos realizados para análise das entrevistas.
Classe A
Nome: Bete
Idade: 58 anos
202
Sexo: Feminino
Local: Oscar Freire
QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO
0 1 2 3 4 ou +
Televisão em cores 0 1 2 X 4Rádio 0 1 X 3 4
Banheiro 0 4 5 6 XAutomóvel 0 4 X 9 9
Empregada Mensalista 0 X 4 4 4Máquina de Lavar 0 2 X 2 2
Vídeo Cassete ou DVD 0 2 X 2 2Geladeira 0 4 X 4 4Freezer 0 X 2 2 2
GRAU DE INSTRUÇÃO
Analfabeto/Primário Incompleto Analfabeto/Até 3ª Série Fundamental
0
Primário Completo/ Ginasial Incompleto
Até 4ª Série Fundamental 1
Ginasial Completo/ Colegial Incompleto
Fundamental Completo 2
Colegial Completo/ Superior Incompleto
Médio Completo 4
Superior Completo Superior Completo X
Nome: Dania
Idade: 47 anos
Sexo: Feminino
Local: Oscar Freire
QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO
0 1 2 3 4 ou +
Televisão em cores 0 1 X 3 4Rádio 0 X 2 3 4
Banheiro 0 4 5 6 XAutomóvel 0 4 7 X 9
Empregada Mensalista 0 X 4 4 4
203
Máquina de Lavar 0 2 X 2 2Vídeo Cassete ou DVD 0 2 X 2 2
Geladeira 0 4 X 4 4Freezer 0 X 2 2 2
GRAU DE INSTRUÇÃO
Analfabeto/Primário Incompleto Analfabeto/Até 3ª Série Fundamental
0
Primário Completo/ Ginasial Incompleto
Até 4ª Série Fundamental 1
Ginasial Completo/ Colegial Incompleto
Fundamental Completo 2
Colegial Completo/ Superior Incompleto
Médio Completo 4
Superior Completo Superior Completo X
Classe B
Nome: Pedro
Idade: 24 anos
Sexo: Masculino
Local: Oscar Freire
QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO
0 1 2 3 4 ou
+
Televisão em cores 0 1 X 3 4
Rádio 0 X 2 3 4
Banheiro 0 4 X 6 7
Automóvel 0 X 7 9 9
Empregada Mensalista X 3 4 4 4
Máquina de Lavar 0 X 2 2 2
Vídeo Cassete ou DVD 0 X 2 2 2
Geladeira 0 X 4 4 4
Freezer X 2 2 2 2
204
GRAU DE INSTRUÇÃO
Analfabeto/Primário Incompleto Analfabeto/Até 3ª Série
Fundamental
0
Primário Completo/ Ginasial
Incompleto
Até 4ª Série Fundamental 1
Ginasial Completo/ Colegial
Incompleto
Fundamental Completo 2
Colegial Completo/ Superior
Incompleto
Médio Completo 4
Superior Completo Superior Completo X
Nome: Jane
Idade: 50 anos
Sexo: Feminino
Local: Oscar Freire
QUESTIONÁRIO SOCIOECONÔMICO
0 1 2 3 4 ou
+
Televisão em cores 0 1 2 X 4
Rádio 0 1 X 3 4
Banheiro 0 X 5 6 7
Automóvel X 4 7 9 9
Empregada Mensalista X 3 4 4 4
Máquina de Lavar X 2 2 2 2
Vídeo Cassete ou DVD 0 2 X 2 2
Geladeira 0 X 4 4 4
Freezer 0 X 2 2 2
GRAU DE INSTRUÇÃO
Analfabeto/Primário Incompleto Analfabeto/Até 3ª Série
Fundamental
0
Primário Completo/ Ginasial Até 4ª Série Fundamental 1205
Incompleto
Ginasial Completo/ Colegial
Incompleto
Fundamental Completo 2
Colegial Completo/ Superior
Incompleto
Médio Completo 4
Superior Completo Superior Completo X
206