Aterros sobre solos moles - Vila Franca Xira (Portugal)

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    ATERROS EXPERIMENTAIS SOBRE FUNDAES LODOSASNA ZONA DE MARINHAS DO MULATO, VILA FRANCA DE XIRA

    EXPERIMENTAL EMBANKMENTS ON SOFT SOILS

    IN THE AREA OF MARINHAS DO MULATO, VILA FRANCA DE XIRA

    Guedes de Melo, Pedro,Instituto Superior Tcnico, Lisboa, Portugal, [email protected]

    CONSULGEO, Lisboa, Portugal, [email protected]

    RESUMO

    Na zona de Marinhas do Mulato, em Vila Franca de Xira, foi recentemente levado a cabo um

    estudo geotcnico, visando a construo de um conjunto de aterros, no qual teve particular

    incidncia na caracterizao de uma formao lodosa ocorrente na fundao desses aterros.Inseridos neste estudo foram executados quatro aterros experimentais na fundao dos quais foram

    instaladas malhas de geodrenos com diferentes espaamentos para avaliar da eficincia deste tipo

    de soluo na acelerao do processo de consolidao. O comportamento destes aterros foi

    acompanhado durante cerca de 18 meses. Apresentam-se, neste trabalho, os principais aspectos do

    estudo elaborado para a caracterizao da formao lodosa, fornecendo-se os valores obtidos para

    os principais parmetros que controlam o comportamento destes materiais.

    ABSTRACT

    In the area of Marinhas do Mulato, Vila Franca de Xira, it was recently executed a geotechnical

    study for the construction of a series of embankments, specially focused on the characterization

    of the muddy materials occurring in the embankments foundations. This study included the

    execution of four experimental embankments in that area and in their foundation it was installed

    different grids of geodrains for evaluating the efficiency of this type of solution in the acceleration

    of the consolidation process. The behavior of these embankments was monitored during 18 months.

    It is presented in this paper the main aspects of the study and the set of values for the main

    geotechnical parameters that control the behavior of the muddy materials.

    1. INTRODUO

    Na zona de Marinhas do Mulato, em Vila Franca de Xira, foi recentemente levado a cabo umestudo bastante completo de caracterizao da fundao lodosa de um conjunto de aterros que se

    pretende construir no local. Este estudo envolveu um vasto programa de prospeco, o qual incluiu

    um significativo nmero de ensaios in situ e em laboratrio.

    Inserido no estudo, foram executados quatro aterros experimentais (ver Figura 1) com o objectivo

    de analisar a evoluo do processo de consolidao da sua fundao lodosa. Sob os quatro aterros

    esses materiais lodosos apresentam espessura varivel e para o estudo foram instaladas malhas de

    geodrenos com diferentes espaamentos para avaliar da eficincia deste tipo de soluo na

    acelerao do processo de consolidao. Sob um desses aterros no foi instalada qualquer malha

    de geodrenos. O comportamento dos aterros foi monitorizado com 18 marcas de medio de

    assentamentos, instaladas prximo da superfcie do terreno, e com 14 clulas de medio da

    tar ao men principal

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    Sondagem

    Marca de assentamento

    Clula de presso intersticialRIO TEJO

    Aterro 1

    Aterro 2

    Aterro 3

    Aterro 4

    M1 M2M3 M4

    M5 M6

    M7 M8

    M9 M10

    M11M12

    M13 M14

    M15 M16M17 M18

    C7a/C7b

    C8a/C8b

    C5a/C5b

    C6a/C6b

    C4

    C3

    C1a/C1b

    C2a/C2b

    0 50m 100m 150m

    Escala

    Figura 1 - Planta geral da zona com localizao dos aterros experimentais.

    presso da gua intersticial instaladas na fundao lodosa. Estes equipamentos esto ainda em

    operao, dispondo-se, no momento, de dados relativos a cerca de 18 meses.

    Com este trabalho pretende-se apresentar os principais resultados do estudo elaborado uma vez que

    envolveu um conjunto de meios de caracterizao invulgares, em particular se se atender a que eles

    foram executados no mbito de um trabalho prtico de Engenharia Geotcnica e no no mbito deum programa de investigao. Procura-se, deste modo, apresentar um conjunto significativo de

    dados geotcnicos de caracterizao dos materiais lodosos validados atravs da observao do

    comportamento de aterros experimentais, situao pouco habitual.

    Neste trabalho comea-se por apresentar as caractersticas geolgicas locais e os resultados dos

    ensaios de caracterizao da formao lodosa. Seguidamente so apresentados os aspectos mais

    relevantes dos aterros aterros experimentais executados, incluindo-se uma descrio do sistema de

    monitorizao instalado. Finalmente so apresentados os resultados da monitorizao do processo

    de consolidao da fundao lodosa (por limitao de espao apenas sero apresentados os

    resultados das marcas de assentamento), definindo-se os valores dos principais parmetros de

    clculo que efectivamente condicionaram o comportamento da fundao lodosa.

    2. PERFIL GEOLGICO DO LOCAL

    As condies geolgico-geotcnicas locais foram avaliadas em duas campanhas de prospeco

    realizadas em 1997 e em 2002 pela empresa Teixeira Duarte, S.A [1] e [2]. As sondagens

    realizadas (ver Figura 1) permitiram identificar os complexos que seguidamente se referem.

    Formaes actuais a recentes

    C1A - Depsitos de aterro arenosos, areno-argilosos e argilosos (SPT mdio entre 10 e 20 golpes).

    C1B - Depsitos aluvionares constitudos por lodos muito moles (SPT quase sempre nulo).

    C1C -Depsitos aluvionares constitudos por areias de granulometria varivel, lodosas, areo e

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    ndicedeplasticidade(%)

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

    Limite de liquidez (%)

    Figura 2 - Carta de plasticidades

    seixos dispersos (SPT entre 10 e 30 golpes).

    Formao quaternria

    C2 - Formao heterognea constituda por areias, por vezes argilosas, areo e seixos dispersos,

    medianamente compactas a muito compactas (SPT mdio entre 30 golpes e a nega).

    Formao miocnicaC3 - Formao heterognea constituda por arenitos de granulometria varivel, margosos a

    calcrios e argilosos (SPT correspondendo nega").

    3. CARACTERIZAO GEOTCNICA DA FORMAO LODOSA

    Para a caracterizao da formao lodosa foram realizados vrios ensaios in situ e em laboratrio.

    Estes resultados so apresentados no estudo elaborado por Consulgeo [3]. Dada a proximidade e

    semelhana das caractersticas dos materiais detectados nesta zona e na zona do Forte da Casa

    (situada na proximidade e para a qual j foi realizado um estudo de caracterizao geotcnica

    semelhante), no presente trabalho os respectivos resultados foram considerados conjuntamente.

    3.1 Granulometria

    A anlise granulomtrica mostrou tratar-se de materiais finos, com percentagens passadas no

    peneiro n200 ASTM em regra superiores a 80% e com percentagens de argila da ordem de 40%.

    A maioria das amostras ensaiadas (total de 23) contm uma percentagem de areia inferior a 5%.

    Cinco das amostras mostraram conter uma percentagem de areia superior, varivel entre 20 e 40%.

    3.2 Plasticidade

    Trata-se de materiais de alta plasticidade (ver Carta de plasticidades na Figura 2), com valores do

    limite de liquidez da ordem de 60 a 70% e valores do ndice de plasticidade da ordem de 30 e 40%.

    3.3 Compressibilidade

    Das curvas de compressibilidade obtidas nos ensaios edomtricos (ver Figura 3) obteve-se, para

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    ndice

    de

    vazios

    1 10 100 1000 10000

    Tenso efectiva (kPa)

    Figura 3 - Curvas de compresso dos lodos

    1E-05

    1E-04

    1E-03

    1E-02

    1E-01

    1E+00

    Velocidadedeconsolidao

    (mm/min)

    0.1 1 10 100 1000

    Tempo (min)

    Figura 4 - Curvas de consolidao dos lodos para o patamar de carga 50kPa-80kPa

    a curva mdia de compresso virgem um ndice de compressibilidade Cc de 0.75 e um valor de e0(ndice de vazios para uma tenso vertical efectiva unitria) de 2.9. Estes materiais lodosos foram

    considerados no estudo como normalmente consolidados.

    3.4 Consolidao primria

    O coeficiente de consolidao primria vertical , cv, foi determinado para os resultados obtidos nos

    patamares de carga 50kPa-80kPa e 160kPa-310kPa. Na interpretao dos resultados foi utilizado

    o mtodo de Parkin [4]. Este autor mostrou que o diagrama de variao da velocidade de

    consolidao no tempo, quando representado em escala bilogartmica, apresenta um declive de -0.5para valores do grau de consolidao inferiores a 50% (isto , para valores de Tv inferiores a

    0.1967), aumentando em seguida sistematicamente. O ajuste da curva terica aos valores

    experimentais permite identificar o ponto de alterao do declive (ao qual corresponde o grau de

    consolidao de 50%) e estimar o valor de cv a partir de cv=0.1967d2/t50, sendo d o comprimento

    inicial de drenagem e t50 o tempo correspondente a 50% de consolidao primria. A curva obtida

    para o primeiro dos referidos patamares de carga apresentada na Figura 4. Como se pode observar

    existe uma reduzida disperso de resultados, a qual, em parte, pode ser explicada pelo facto de a

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    Cota(m)

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

    cu (kPa)

    Valores de pico

    Valores residuais

    Figura 5 - Resultados dos ensaios de corte rotativo

    altura dos provetes ensaiados ser um pouco varivel. Da interpretao dos resultados obtiveram-se

    valores de cv de 3.9x10-4cm2 /s e 3.5x10-4cm2 /s, respectivamente, para o primeiro e segundo

    patamares de carga, tendo-se definido como valor representativo 4x10-4cm2/s.

    3.5 Resistncia ao corte

    A resistncia ao corte no drenada foi avaliada in situ atravs de ensaios de corte rotativo. Destes

    ensaios obtiveram-se os valores da coeso no drenada, cu, de pico e residuais apresentados na

    Figura 5, na qual notria a tendncia para o aumento dos valores de pico com a reduo da cota.

    Para a caracterizao da resistncia ao corte foram ainda realizados ensaios de compresso triaxial

    do tipo consolidados no drenados, com medio de presses intersticiais. Os resultados obtidos

    so apresentados na Figura 6 (onde s=( 1+

    3)/2, t=(

    1-

    3)/2). Dessa figura pode concluir-se que

    os dois conjuntos de valores obtidos se ajustam razoavelmente segundo alinhamentos rectos, aos

    quais esto associados CU=15 e cCU=0 (tenses totais) e =29 e c=0 (tenses efectivas). Foi

    ainda determinado para estes materiais um peso volmico saturado de 16,1kN/m3.

    4. ATERROS EXPERIMENTAIS

    O estudo de caracterizao da fundao lodosa dos aterros incluiu a construo de quatro aterros

    experimentais (ver Figura 1). Trata-se de aterros com cerca de 2.5m de altura, na fundao de trs

    dos quais foram instaladas malhas de geodrenos, sempre com distribuio triangular em planta mas

    com diferentes espaamentos (ver Quadro 1). Todos os aterros so constitudos por uma camada

    inicial de regularizao de material de aterro compactado com cerca de 0.3m de altura, sobre a qual

    foi colocada uma camada de areia com 0.5m de altura, sobre a qual por sua vez foi colocada uma

    camada de material de aterro compactado com cerca de 1.7m de altura. Nos vrios aterros, osgeodrenos foram sempre instalados aps a colocao da camada de areia. Para acompanhar a

    evoluo do processo de consolidao da fundao foram instaladas 18 marcas para medio de

    assentamentos e 14 clulas de medio da presso intersticial (ver Figura 1). De referir que as

    marcas de assentamento foram instaladas aps a colocao das camadas de aterro de regularizao

    e de areia, pelo que os resultados no incluem o incio do processo de consolidao.

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    s, s' (kPa)

    Tenses totais

    Tenses efectivas

    Figura 6 - Resultados dos ensaios triaxiais do tipo CU

    5. ANLISE DOS RESULTADOS DOS ATERROS EXPERIMENTAIS

    5.1 Aspectos gerais da anlise

    A evoluo do comportamento das marcas de assentamento e das clulas de medio da presso

    intersticial tem vindo a ser acompanhada, dispondo-se j de um conjunto muito significativo de

    resultados de observao cobrindo cerca de 18meses de observaes.

    Para a anlise dos resultados obtidos procurou-se modelar numericamente o comportamento da

    fundao lodosa para que fosse possvel associar ao comportamento observado nas 18 marcas e 14

    clulas um nico conjunto de valores de parmetros geotcnicos. Foi, assim, desenvolvida uma

    soluo baseada no mtodo das diferenas finitas, a qual foi programada numa folha de clculo porforma a permitir obter, para cada equipamento, um rpido ajuste entre modelo numrico e dados

    de observao. Essa soluo, detalhadamente descrita em [5], permite, simultaneamente: reproduzir o comportamento de marcas de assentamentos e de clulas de presso intersticial; fazer intervir os parmetros clssicos que controlam o processo de consolidao; ter em conta o efeito conjugado da drenagem vertical e da drenagem radial na consolidao,

    no sentido de reproduzir a presena de fronteiras permeveis no topo e/ou base da camada

    lodosa e ainda a eventual existncia de geodrenos verticais; variar o carregamento ao longo do tempo, por forma a ter em conta, em qualquer instante do

    processo de consolidao, um aumento da cota do aterro; variar as condies de drenagem no tempo, como por exemplo, a associada instalao de

    geodrenos aps a construo, mesmo que faseada, dos aterros;

    Quadro 1 - Caractersticas gerais dos aterros e equipamentos de observao

    Aterroespaamento

    geodrenos (m)

    cota superf.

    terreno (m)

    cota topo

    lodos (m)

    cota base

    lodos (m)

    marcas de

    assentamento

    clulas de presso

    intersticial

    1 1.7 3.0 0.0 -8.5 M1 a M4 C1 e C2

    2 s/geod. 3.0 0.0 -5.0 M5 a M10 C3 e C4

    3 1.4 2.6 0.0 -9.5 M11 a M14 C5 e C6

    4 2.0 2.7 0.0 -12.5 M15 a M18 C7 e C8

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    variar os coeficientes de consolidao horizontal e vertical dos lodos ao longo do tempo.

    5.2 Curvas de resultados

    Por limitao de espao, no trabalho que agora se apresenta apenas ser abordados o

    comportamento das marcas de assentamento. Os resultados obtidos nas clulas de medio da

    presso intersticial podem ser encontrados em [5].

    Os resultados do estudo realizado para as marcas de assentamento de cada um dos quatro aterros

    so apresentados nas Figuras 7 a 10. Nestas figuras so apresentadas trs curvas de valores: uma

    relativa aos resultados da observao, outra relativa aplicao da soluo numrica e a terceira

    correspondente evoluo da cota do aterro no tempo.

    Curva de resultados de observao: Esta curva corresponde s leituras efectuadas em cada marca.

    De referir que os primeiros registos disponveis correspondem a uma fase na qual o processo de

    consolidao dos lodos estava j em curso. Assim, o assentamento real associado primeira leiturateve que ser obtido da explorao do modelo numrico para o perodo anterior a essa leitura.

    Curva da aplicao da soluo numrica: Na aplicao da soluo numrica desenvolvida foram

    considerados os valores dos parmetros de clculo obtidos dos ensaios laboratoriais para a

    formao lodosa: Cc=0.75, e=2.9+0.75log v, cv=4x10-4cm2/s e

    sat=16,1kN/m3. Relativamente ao

    coeficiente de consolidao radial, cvr, o valor considerado, uma vez que este no foi objecto de

    qualquer determinao experimental, resultou j da compatibilizao dos comportamentos das

    curvas de dados de observao e resultados numricos. O valor obtido foi de cvr=4x10-4cm2/s, isto

    , igual ao coeficiente de consolidao vertical. Por ltimo, admitiu-se para os materiais de aterro

    um peso volmico de 19kN/m3 e considerou-se que o nvel fretico na zona se situava cota +1,0m

    (este valor confirmado pelos resultados obtidos nas clulas de presso intersticial instaladas).

    Curva de evoluo da cota do aterro no tempo: A curva de evoluo no tempo da cota do aterro

    apresentada para permitir a anlise da evoluo do comportamento das marcas no tempo.

    Juntamente com o conjunto de valores dos parmetros de clculo definidos para a formao lodosa

    e a geometria da obra, a evoluo no tempo da cota do aterro constitui um dos dados principais a

    introduzir no modelo numrico desenvolvido para a obteno do comportamento final da marca.

    5.3 Aplicao da soluo numrica

    5.3.1 Resultados do Aterro 1

    Na fundao deste aterro foi instalada uma malha triangular de geodrenos espaados de 1.7m,

    atravessando os 8.5m de espessura de lodos. O comportamento registado nas 4 marcas instaladas

    neste aterro , como se pode ver na Figura 7, diferenciado. A aplicao do modelo numrico base

    (modelo considerando os valores dos parmetros definidos na prospeco geotcnica) conduziu

    curva de assentamentos que reproduz, de forma muito prxima, o comportamento das marcas M3

    e M4. Admite-se que o comportamento distinto das marcas M1 e M2 deve estar associado a uma

    eventual sobreconsolidao dos lodos neste local, tanto mais que este aterro se situa na

    proximidade de zona anteriormente ocupada por construes. A curva do modelo numrico que se

    apresenta para reproduzir o comportamento destas marcas M1 e M2 foi obtida admitindo como

    nica alterao ao modelo base que a cota inicial do terreno se situava a 3.8m em vez de 3.0m,

    considerando-se, deste modo, de forma indirecta, a eventual sobreconsolidao dos lodos.

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    Cotadoaterro(m

    )

    08-2003 11-2003 02-2004 05-2004 08-2004 11-2004 02-2005

    Data

    Cota do aterro

    Observao

    M1/M2

    M3/M4

    Modelo numrico

    Figura 7 - Assentamentos do Aterro 1

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    Assentamento(cm

    )

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    Cotadoaterro(m

    )

    08-2003 11-2003 02-2004 05-2004 08-2004 11-2004 02-2005

    Data

    Cota do aterro

    M9/M10M7/M8

    M5/M6

    ObservaoModelo numrico

    Figura 8 - Assentamentos do Aterro 2

    5.3.2 Resultados do Aterro 2

    Na fundao deste aterro no foi instalada qualquer malha de geodrenos nos 5m de espessura de

    lodos. A drenagem, neste caso, apenas possvel pelo topo e base da formao lodosa. Tal como

    no Aterro 1, tambm neste caso as marcas mostraram comportamento distinto (ver Figura 8). Neste

    caso, no entanto, as diferenas parece estarem associadas a diferentes velocidades do processo de

    consolidao. Fazendo-se variar no modelo numrico base apenas o valor coeficiente de

    consolidao vertical obteve-se, para valores desse parmetro de 8x10-4cm2/s e de 16x10-4cm2/s,

    as curvas que se apresentam na Figura 8 sobrepostas aos dados de observao, respectivamente,

    das marcas M7 e M8 e das marcas M5 e M6. Nessa figura, a curva superior corresponde aplicao do modelo base (cv=4x10-4cm2/s). Como se verifica, o ajuste conseguido entre modelo

    numrico e resultados de observao bastante bom, sendo que foi o modelo base que conduziu

    s menores velocidades de consolidao. Admite-se que na zona do aterro onde a velocidades de

    consolidao dos lodos parecem ser mais elevadas possam ocorrer, no seio da camada lodosa,

    nveis de material mais permevel, os quais, reduzindo o caminho de percolao, aceleram o

    processo de consolidao. O efeito da eventual presena destes nveis permeveis faz-se notar com

    maior evidncia no comportamento deste aterro face aos restantes, uma vez que nestes ltimos o

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    Cotadoaterro(m

    )

    08-2003 11-2003 02-2004 05-2004 08-2004 11-2004 02-2005

    Data

    Cota do aterro

    Observao

    M15/M16

    M17/M18Modelo numrico

    Figura 10 - Assentamentos do Aterro 4

    fundao lodosa. De entre estes valores merece particular destaque aquele associado ao coeficiente

    de consolidao radial, que no tinha sido objecto de qualquer determinao experimental e que

    foi identificado com este estudo com sendo igual ao coeficiente de consolidao radial. Os

    restantes valores so idnticos aos estimados com base no programa de ensaios realizado.

    7.AGRADECIMENTOS

    O autor agradece empresa Teixeira Duarte, S.A. a possibilidade de levar a cabo, no mbito de um

    trabalho prtico de Engenharia Geotcnica, um estudo to completo como aquele apresentado eainda a autorizao concedida para a divulgao dos seus resultados.78

    8.REFERNCIAS

    [1] Teixeira Duarte, S.A. (1997). TD VIA - Plano de pormenor entre Santa Iria da Azoia e Alverca.

    Estudo Prvio. Reconhecimento Geotcnico.

    [2] Teixeira Duarte, S.A. (2002). TD VIA - Loteamento das Marinhas do Mulato, Vila Franca de

    Xira. Reconhecimento Geotcnico.

    [3]Consulgeo (2003). TD VIA - Loteamento em Marinhas do Mulato, Vila Franca de Xira.

    Estudo Geotcnico.

    [4] Parkin, A. (1978). Coefficient of consolidation by the velocity method. Gotechnique, Vol. 28,No.4, pp.472-474.

    [5]Guedes de Melo, P. (2005). Avaliao numrica do desenvolvimento do processo de

    consolidao de solos moles associado utilizao de geodrenos. 2as Jornadas Luso-Espanholas

    de Geotecnia, LNEC.