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ATIVIDADE 2Aluno (a): Helena Pereira de Sousa Professora: Terezinha Baz de Lima Para a elaborao deste trabalho com o propsito de explorar a discusso em toda a sua amplitude, foi organizado um processo de anlise dos cinco livros didticos. A escola escolhida para a realizao da pesquisa foi a Escola Municipal Firmicico de Barros que atende aos segmentos da Educao Infantil a 4 srie do Ensino Fundamental I.A instituio tem capacidade para atender 1.200 alunos, sendo que a freqncia atual de 1.020. Os alunos que estudam nesta escola so em grande maioria do prprio bairro que est localizada, no Bairro Pedra Noventa. A escolha do bairro se deu pela predominncia de afro-descendentes, a partir do momento em que se torna mais interessante perceber como se d a relao destes educandos com as imagens sociais que representam o negro no livro didtico numa localidade onde a populao educacional majoritariamente negra.A clientela da escola segundo dados estatsticos analisados pela Coordenadora Pedaggica da escola majoritariamente constituda por famlias de classe baixa. Para a realizao da pesquisa foi analisado cinco livros didticos do Primeiro ano do Ensino Fundamental I da referida escola.Para fazer a anlise procurei constatar quantas vezes aparecem personagens negros nestes livros didticos e qual o tratamento dado a cada um deles e tambm perceber se h algum personagem negro famoso no campo da poltica, cincia, artes, esporte que estejam ilustrados nestes livros.O livro analisado foi o de Lngua Portuguesa: Porta aberta alfabetizao, cujas autoras so: Isabela Carpaneda e Angiolina Bragana e o livro do ano de 2005 ps implementao da Lei10. 639 de 2003. Neste livro, das 165 imagens que aparecem apenas 19 vezes est presente a imagem de uma pessoa negra, num percentual de 88,5% contra 11,5%, tal diferena evidencia que os nmeros pendem em favor dos personagens brancos. Se levarmos em considerao o efeito disto na construo da identidade da criana de etnia no branca, fica visvel que o livro didtico termina funcionando na prtica como um instrumento que naturaliza processos que so sociais e contribuem para corroborar a ideologia do branqueamento. Analiso neste livro algumas das imagens mais significativas aonde a criana negra desvalorizada e est em condies subalternas se comparado com crianas brancas.No anexo I o texto presente no livro, nos apresenta um conto de histria, onde uma criana conta uma histria para seus colegas da turma, das 10 crianas que aparecem na histria, apenas 1 criana negra as outras so brancas de cabelo liso.No anexo II aparece a imagem do chapeuzinho vermelho, representada por uma criana branca de olhos azuis. As tradicionais histrias infantis sempre trazem consigo o estigma de perpetuar o estigma da classe dominante.No anexo III, aparece historinha do boi da cara preta, aonde, na histria o boi assusta a personagem da Mnica, no aparece durante a histria, imagem do boi, apenas da Mnica. Interessante perceber que o boi da cara preta, histria infantil to conhecida, tem a cara pintada exatamente de preto e visto como mal e perigoso, porque necessariamente a cor preta neste caso sinnimo de maldade? Porque o boi no poderia ter a cara branca ou amarela ou qualquer outra cor diferente de preta. A verdade que a cor preta na nossa sociedade ainda a representao de uma coisa ruim, que no nos faz bem, este mais um tipo de preconceito que existe no mundo atual e que sem dvida disseminado no livro didticos.No Anexo IV o livro ao trabalhar a letra f do alfabeto apresenta a palavra fada para exemplific-la e representa essa personagem atravs de uma criana branca e loira, abaixo da personagem aparecem trs crianas pequenas cada uma com um instrumento musical, uma com um pandeiro, outra com um timbal e a ltima com um cavaquinho. As personagens de historinhas que aparecem no dia-a-dia da criana geralmente esto representadas por crianas brancas, principalmente quando as histrias no so nacionais, dificilmente so representadas por crianas negras para representar a personagem principal, estas crianas aparecem nas histrias, como no caso acima com papis bem menores que crianas brancas e muitas vezes representando funes menos valorizadas e at sem prestgio na nossa sociedade.No anexo V, aparece na imagem cinco crianas apontando para um outdoor. Destas cinco crianas h uma criana negra, a nica que no tem cabelos suficientes para cobrir sua cabea dando impresso de que sua cabea maior que das outras crianas que possuem cabelo por toda cabea.Ao trabalhar as letras a + n, o livro d como exemplo a palavra anjo e ilustra anjinhos representados por crianas brancas de cachinhos dourados (anexo VI). Ser que as crianas do nosso Brasil esto representadas mais por anjinhos brancos ou anjinhos negros? Porque a realidade que est presente na nossa sociedade no representada de maneira correta nos nossos livros didticos? Como nossas crianas afro-descendentes devem se sentir quando anjos so representados por crianas que quase no fazem parte da vida social delas? Um sentimento de excluso deve fazer parte da vida dessas crianas e esse tipo de situao que a Lei 10.639/2003 dever trabalhar cada vez mais para que isso no exista.Na pgina 163 aparece no livro uma histria chamada o tor e tem como figura ilustrativa uma senhora negra (anexo VII), dando muitas risadas, com os seguintes trajes: avental, luvas e pano amarrado a cabea. Essa imagem nos remete uma idia que muito divulgada na nossa sociedade de que os trabalhos serviais esto a cargo das pessoas negras.Na pgina 199 aparecem algumas crianas representando vrios papis do dia-a-dia, como por exemplo, escovando os dentes, brincando, tomando banho (anexo VIII). Destas crianas algumas so negras. de fundamental importncia representar crianas negras desenvolvendo este tipo de papel para desenvolver sua integrao social junto com outras crianas, colocando-as no mesmo patamar das crianas brancas.Na pgina 236 aparecem trs cantores de uma banda de marcha, destes trs, apenas um representado por uma criana negra (anexo IX), mostrando mais uma vez que a criana negra sempre est em minoria, nunca representado um grupo de colegas em que todos so negros ou esto em maioria, assim percebe-se que a imagem do mesmo muitas vezes somente aparece para no deix-lo totalmente de fora das ilustraes.Assim, durante a anlise deste livro, foi possvel identificar que a imagem do negro ainda muito limitada neste veculo de aprendizagem. Sem falar que durante a anlise no foi encontrado a criana ou adulto negro desenvolvendo algum tipo de atividade valorizada pela sociedade, apenas apresenta-se como ator coadjuvante. preciso que a imagem do negro no livro didtico seja imediatamente modificada, precisando assumir papis sociais mais respeitados e valorizados na sociedade, a tal ponto que uma criana negra, branca ou ndia ou qualquer outra cor que esteja estudando nestes livros didticos possam perceber que a oportunidade de ter um emprego e uma vida social digna direito de todos e todas e no somente dos brancos.No h nesse livro didtico, nenhuma representao de pessoas importantes que sejam negras e conhecidas nos dias atuais. O que h nesse livro didtico uma valorizao da criana branca que no representa a realidade que acerca o nosso Pas, afinal nossas crianas brasileiras mais se assemelham com crianas brancas de cabelos lisos e olhos azuis? Ou com as crianas mestias que so filhas de pais negros e mes negras que mesclaram o nosso Pas no momento em que desembarcaram dos navios negreiros vindos da frica e se misturaram com ndios e europeus? preciso de uma vez por todas apresentar o nosso Pas como ele verdadeiramente .Mesmo com o esforo da lei 10.639/2003 em modificar nos nossos espaos educativos, idias, imagens e aes discriminatrias, ainda muito fcil encontrar essa discriminao nesse ambiente, aonde deveria reinar a incluso de todos e todas sem menosprezos por algum ser diferente no importa em que sentido.

REFERNCIASARANHA, Maria Lucia de Arruda.Histria da Educao. Editora Moderna 1996.BRAGANA, Angiolina Domanico.Porta Aberta: alfabetizao/ Angiolina Bragana, Isabella Carpaneda. 2. Ed. So Paulo: FTD, 2005.BRASIL, Secretaria de Educao Fundamental.Parmetros curriculares Nacionais: Lngua Portuguesa. Braslia, 1997 p. 14.