Atividade Anti Carcinogenica

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CRANBERRY, ROMÃ E AMEIXA: AÇÃO ANTICARCINOGÊNICA Originária do norte dos Estados Unidos 1 , a cranberry e seus produtos (sucos, principalmente) são amplamente conhecidos por suas propriedades benéficas contra infecções do trato genitourinário 2 . Além disso, ainda são muito estudados por sua ação antioxidante, associada, principalmente, aos fitoquímicos presentes em sua composição, como os flavonoides (antocianinas, flavonóis, flavan-3-óis ou catequinas, e antocianidinas) e taninos condensados (proantocianidinas e elagitaninos) 2,3 . Os extratos de cranberry ainda exercem importante atividade quimiopreventiva, que é atribuída, em parte, à ação antioxidante de seus compostos bioativos. Isto indica que a fruta e seu suco, por conterem estes compostos, possam exercer, também, esta ação contra o câncer. Os taninos têm a capacidade de se complexar a íons metálicos, seqüestrar radicais livres e neutralizar espécies oxidantes, prevenindo, portanto, mutagenicidade e/ou carcinogenicidade causada por danos oxidativos ao DNA 4,5 . Os flavonoides, por sua vez, além de exercerem efeito antioxidante, ainda modulam a atividade de enzimas citosólicas e microssomais – que formam metabólitos cancerígenos envolvidos na fisiopatogenia do tumor 6 –, regulam o ciclo celular do carcinoma e inibem a sinalização de enzimas de sinalização envolvidas na proliferação, angiogênese e apoptose 7 . Outra fruta que tem sido intensamente estudada sob a abordagem de quimioproteção é a romã (Punica granatum L.), um fruto originário do território asiático, sendo seu extrato usado desde o século passado para o tratamento de diversas condições como úlceras, hemorragias, patologias do trato respiratório, entre outras 8,9 . Assim como o cranberry, a romã (bem como seu suco) apresenta uma variedade de fitoquímicos que garantem ação antioxidante e anti-inflamatória, como flavonoides, antocianinas, ácidos orgânicos, entre outros 8 . Evidências mostram que tais compostos presentes suco de romã auxiliam na proteção e prevenção contra a obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão e hipercolesterolemia 9,10 . As propriedades anticâncer da romã remetem aos efeitos antiproliferativos, anti-invasivos e anti- metastáticos 11 , induzindo a morte celular via apoptose em uma gama de linhagem de células cancerígenas 12 . Contudo, estudos experimentais em humanos com os sucos de cranberry e romã ainda são escassos. Todavia, recentes ensaios in vitro, com diversas linhagens de células tumorais, evidenciaram resultados promissores, que vão desde a modulação da expressão gênica à inibição da viabilidade celular e ação pró-apoptótica:

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CRANBERRY, ROMÃ E AMEIXA: AÇÃO ANTICARCINOGÊNICA Originária do norte dos Estados Unidos1, a cranberry e seus produtos (sucos, principalmente) são amplamente conhecidos por suas propriedades benéficas contra infecções do trato genitourinário2. Além disso, ainda são muito estudados por sua ação antioxidante, associada, principalmente, aos fitoquímicos presentes em sua composição, como os flavonoides (antocianinas, flavonóis, flavan-3-óis ou catequinas, e antocianidinas) e taninos condensados (proantocianidinas e elagitaninos)2,3. Os extratos de cranberry ainda exercem importante atividade quimiopreventiva, que é atribuída, em parte, à ação antioxidante de seus compostos bioativos. Isto indica que a fruta e seu suco, por conterem estes compostos, possam exercer, também, esta ação contra o câncer. Os taninos têm a capacidade de se complexar a íons metálicos, seqüestrar radicais livres e neutralizar espécies oxidantes, prevenindo, portanto, mutagenicidade e/ou carcinogenicidade causada por danos oxidativos ao DNA4,5. Os flavonoides, por sua vez, além de exercerem efeito antioxidante, ainda modulam a atividade de enzimas citosólicas e microssomais – que formam metabólitos cancerígenos envolvidos na fisiopatogenia do tumor6 –, regulam o ciclo celular do carcinoma e inibem a sinalização de enzimas de sinalização envolvidas na proliferação, angiogênese e apoptose7. Outra fruta que tem sido intensamente estudada sob a abordagem de quimioproteção é a romã (Punica

granatum L.), um fruto originário do território asiático, sendo seu extrato usado desde o século passado para o tratamento de diversas condições como úlceras, hemorragias, patologias do trato respiratório, entre outras8,9. Assim como o cranberry, a romã (bem como seu suco) apresenta uma variedade de fitoquímicos que garantem ação antioxidante e anti-inflamatória, como flavonoides, antocianinas, ácidos orgânicos, entre outros8. Evidências mostram que tais compostos presentes suco de romã auxiliam na proteção e prevenção contra a obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, hipertensão e hipercolesterolemia9,10. As propriedades anticâncer da romã remetem aos efeitos antiproliferativos, anti-invasivos e anti-metastáticos11, induzindo a morte celular via apoptose em uma gama de linhagem de células cancerígenas12. Contudo, estudos experimentais em humanos com os sucos de cranberry e romã ainda são escassos. Todavia, recentes ensaios in vitro, com diversas linhagens de células tumorais, evidenciaram resultados promissores, que vão desde a modulação da expressão gênica à inibição da viabilidade celular e ação pró-apoptótica:

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Kresty e colaboradores13 verificaram que o extrato de cranberry foi capaz de modular a expressão gênica e induzir rapidamente a apoptose de células de câncer de pulmão da linhagem NCI-H460.

Déziel e colaboradores14 encontraram redução significativa da viabilidade celular de células de carcinoma de próstata.

Ainda, em outras linhagens celulares, como de câncer de ovário e células endoteliais, houve aumento na citotoxicidade, redução significativa da viabilidade celular e angiogênese15. Estudo in vitro com linhagem de células leucêmicas investigou o potencial efeito do extrato do suco de romã sobre a indução da apoptose e inibição da proliferação celular em oito linhagens de células leucêmicas diferentes (4 linfoides e 4 mieloides) e em linhagens de células hematopoiéticas não-tumorais (células controle). Foi encontrado que o extrato do suco de romã induziu a apoptose em todas as linhagens de células, incluindo as células controle, e, além disso, promoveu o arraste do ciclo celular. Os autores sugerem que o extrato do suco de romã é uma arma útil no tratamento da leucemia12. Outro estudo também in vitro de células prostáticas cancerosas revelou que o suco de romã reduziu significantemente os níveis de citocinas/quimiocinas pró-inflamatórias, como a IL-6, IL-12p40 e IL-1β, diminuindo, portanto, a inflamação e seu impacto na progressão do câncer16. A ameixa, bem como o seu suco, também é conhecida pelo seu teor de fibras e atividade antioxidante, sendo esta atribuída a sua grande quantidade de polifenóis e compostos fenólicos encontrados em sua composição17,18. Portanto, de maneira semelhante aos sucos de cranberry e romã, o suco de ameixa pode desempenhar atividade quimiopreventiva como resultado desta ação antioxidante. Tem sido reportado, também, que certos tipos de ameixas são coadjuvantes valiosos no tratamento de diversas condições como diabetes mellitus, inflamação, úlceras e diarreia. Estudos pré-clínicos têm mostrado que essa fruta possui propriedades antineoplásicas, quimioprotetoras e radioprotetoras19. No estudo de Fuji e colaboradores20, foi investigado o efeito citotóxico do suco de ameixa concentrado em duas linhagens de células cancerígenas do cólon. Foi encontrado que o suco de ameixa reduziu a viabilidade das duas linhagens de células cancerígenas, sem afetar as células colônicas normais, com maior ênfase sobre a linhagem Caco-2, em que o suco de ameixa concentrado promoveu a supressão da proliferação e induziu a apoptose20. Dentro deste contexto, os sucos de cranberry, romã e ameixa da Juxx® podem, juntamente com uma dieta equilibrada e saudável, contribuir para reduzir o risco de desenvolvimento de câncer, uma vez que, além

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de contribuir para a ingestão diária dos compostos fitoquímicos anteriormente citados, tem capacidade antioxidante comprovada pela análise laboratorial do índice ORAC (Oxygen Radical Absorption Capacity). Referências Bibliográficas 1. SEERAM, N.P. Berry fruits: compositional elements, biochemical activities, and the impact of their intake on human health,

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