Atividade de Picking, com estudo de caso da indústria de...
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FACULDADE DE TECNOLOGIA DA BAIXADA SANTISTA
ATIVIDADE DE PICKING, COM ESTUDO DE CASO
DA INDÚSTRIA DE CIGARROS SOUZA CRUZ S/A
AUTOR: RAFAEL PISCIOTTANO LEITÃO
ORIENTADOR: PROFESSOR LUÍS FERNANDO C.
COMPIANI
Santos
2007
ATIVIDADE DE PICKING, COM ESTUDO DE CASO
DA INDÚSTRIA DE CIGARROS SOUZA CRUZ S/A
AUTOR: RAFAEL PISCIOTTANO LEITÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à
Faculdade de Tecnologia da Baixada Santista, como
parte dos requisitos para a obtenção do título de
Tecnólogo em Logística.
Orientador: Professor Luís Fernando Costa Compiani
Santos
2007
FACULDADE DE TECNOLOGIA DA BAIXADA SANTISTA
ATIVIDADE DE PICKING, COM ESTUDO DE CASO
DA INDÚSTRIA DE CIGARROS SOUZA CRUZ S/A
AUTOR: RAFAEL PISCIOTTANO LEITÃO
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no dia 27/06/2007 à Faculdade de Tecnologia
da Baixada Santista – FATEC/BS, como parte dos requisitos para a obtenção do título de
Tecnólogo em Logística com ênfase em transportes.
BANCA EXAMINADORA:
1. Prof. Luís Fernando Costa Compiani:_____________________________________.
2. Prof. Hamilton Pozo:__________________________________________________.
3. Prof. Álvaro Camargo Prado: ___________________________________________.
Santos
2007
Os preguiçosos estão sempre a falar do que tencionam
fazer, do que hão de realizar; aqueles que
verdadeiramente fazem alguma coisa não têm tempo de
falar nem sequer do que fazem.
Goethe
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais, pessoas que desde meu primeiro milésimo de segundo
amam-me o suficiente para que eu saiba viver mas não demasiadamente para que a vida me
engula.
Ao meu irmão que, sempre companheiro, falava as coisas certas nas horas certas (não
sei se intencionalmente ou não).
À minha namorada que em momentos críticos me estimulou com um “termina isso
logo” ao invés de “deixa isso, você encontrará outra coisa pra fazer” e entendeu quando eu
dizia que precisava terminar o trabalho ficando ao meu lado dando sugestões interessantes.
Aos familiares que acompanharam a conclusão desse trabalho e deram todo apoio que
eu precisava.
Ao professor Compiani que, independente do tema escolhido, e como teve tema
escolhido, me apoiou e dava ótimas dicas para conclusão. Pelos bate-papos, e não foram
poucos, que ajudaram neste trabalho, nas decisões do meu emprego, nas decisões acadêmicas.
À Souza Cruz que me recebeu de braços abertos permitindo ampliar meu
conhecimento e desenvolver esse trabalho com um ótimo exemplo prático.
Aos professores Álvaro e Hamilton que participaram, direta e indiretamente da
conclusão desse trabalho e foram convidados a fazer parte da banca examinadora
representando outros professores do curso.
A Deus por estar sempre ao nosso lado dando a força que nos é necessária. Mesmo
que não seja a que desejamos, é a que precisamos.
vi
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................. viii
LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. ix
RESUMO: .................................................................................................................................. x
ABSTRACT .............................................................................................................................. xi
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 12
1. ESCOPO DO ESTUDO ....................................................................................................... 13
1.1 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 13
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 13
1.3 METODOLOGIA ........................................................................................................... 14
2. LOGÍSTICA EMPRESARIAL ............................................................................................ 15
2.1 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTO – SUPLY CHAIN
MANAGEMENT ................................................................................................................. 16
2.1.1 DISTRIBUIÇÃO FÍSICA ....................................................................................... 20
3. FUNÇÃO ARMAZENAGEM DA CADEIA DE SUPRIMENTOS ................................... 25
3.1 CLASSIFICAÇÃO DE PRODUTOS OU MATERIAIS ............................................... 29
3.1.1 CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM AS CARACTERÍSTICAS DO
PRODUTO/MATERIAL ................................................................................................. 29
3.1.2 CLASSIFICAÇÃO POR FINALIDADE DO PRODUTO/MATERIAL ............... 30
3.1.3 CLASSIFICAÇÃO PELA MOVIMENTAÇÃO/GIRO NO ESTOQUE/VENDAS –
CURVA ABC OU “CURVA DE PARETTO” ................................................................ 30
3.2 FORMAS DE DISPOSIÇÃO DO PRODUTO / MATERIAIS NA ÁREA DE
ARMAZENAGEM ............................................................................................................... 31
4. ATIVIDADE DE PICKING ................................................................................................. 34
4.1 QUE PRÍNCIPIOS UTILIZAR PARA ORGANIZAR UMA ATIVIDADE ................ 36
4.2 ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE EM FUNÇÃO DO TEMPO ............................... 37
4.2.1 ESTRUTURAS FIXAS FACILITADORAS PARA ATIVIDADE DE PICKING 39
4.3 ESTRATÉGIAS PARA A ATIVIDADE DE PICKING ............................................... 48
4.3.1 PICKING DISCRETO ............................................................................................ 48
4.3.2 PICKING POR ZONA ............................................................................................ 49
4.3.3 PICKING POR LOTE ............................................................................................. 50
4.3.4 PICKING POR ONDA ............................................................................................ 51
4.3.5 BUCKET BRIGADES ............................................................................................ 52
4.3.6 O SISTEMA DE PICKING BY-LIGHT ................................................................. 54
4.4 COMO ESCOLHER ENTRE DIVERSAS ESTRATÉGIAS E EQUIPAMENTOS ..... 55
5. ESTUDO DE CASO SOUZA CRUZ .................................................................................. 56
5.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO “SOUZA CRUZ” ........................................................ 56
vii
5.1.1 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO INTEGRADA - CID ........................................... 56
5.1.2 VENDA E EMISSÃO DO PEDIDO ....................................................................... 57
5.1.3 ROTEIRIZAÇÃO .................................................................................................... 57
5.1.4 ATIVIDADE DE PICKING NO CID ..................................................................... 57
5.1.5 DESPACHOS E ENTREGAS ................................................................................ 59
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 61
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 63
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Cadeia de Suprimentos ............................................................................................. 16
Figura 2: Visão Cíclica – Cadeia de Suprimentos .................................................................... 17
Figura 3: Visão Push / Pull – Cadeia de Suprimentos .............................................................. 18
Figura 4: Os processos envolvidos na Cadeia de Suprimentos ................................................ 19
Figura 5: Relação de Custos envolvidos em uma Distribuição ................................................ 21
Figura 6: Função do Canal de Distribuição .............................................................................. 22
Figura 7: Tipos de Canais de Distribuição ............................................................................... 23
Figura 8: Fluxo do material dentro do armazem ...................................................................... 27
Figura 9: Triagem do material dentro do armazém .................................................................. 28
Figura 10: Galpão Móvel .......................................................................................................... 32
Figura 11: Fluxo do processo da Atividade de Picking ............................................................ 35
Figura 12: Layout de uma área de armazenagem ..................................................................... 36
Figura 13: Consumo de Tempo do Operador na Atividade de Picking.................................... 38
Figura 14: Tipos e a formação de mezaninos de várias estantes .............................................. 39
Figura 15: Porta-pallets ............................................................................................................ 40
Figura 16: Porta-pallets do tipo Drive-in .................................................................................. 41
Figura 17: Porta-pallets com trilhos de roletes ......................................................................... 42
Figura 18: Porta-pallets do tipo Push-Back .............................................................................. 43
Figura 19: Estante Flow-rack ................................................................................................... 44
Figura 20: Estante do tipo Cantilever ....................................................................................... 44
Figura 21: Sistema para Picking do tipo A-Frame ................................................................... 45
Figura 22: Sistema para Picking do tipo Carrossel .................................................................. 46
Figura 23: Sistema para Picking do Tipo AS/RS ..................................................................... 46
Figura 24: Leitor e Terminal de rádio freqüência (Picking manual) ........................................ 47
Figura 25: Picking Discreto ...................................................................................................... 48
Figura 26: Picking por Zona ..................................................................................................... 49
Figura 27: Picking por Lote ...................................................................................................... 50
Figura 28: Estratégia de Picking Bucket Brigades ................................................................... 53
Figura 29: Visão do processo da estratégia Bucket Brigades de Picking ................................. 54
Figura 30: Estratégia de Picking By-light ................................................................................ 55
Figura 31: Layout da Área de Armazenagem da Souza Cruz .................................................. 58
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Estratégias de Picking ............................................................................................... 51
x
RESUMO:
Este estudo relata a aplicabilidade da função de planejamento para o setor de
armazenagem e expedição. O ambiente corporativo tem se mostrado ávido por redução de
custos e na conquista de novos mercados. A atividade de armazenagem concentra grande
parte de custo dos produtos e pode até vir a ser uma estratégia de conquista de novos clientes.
Se na Cadeia de Suprimentos da empresa a responsividade de entregas exigida pelos clientes
for alta, tal setor passa a ser altamente exigido em suas respostas, e dentro desta área a
atividade de montagem de pedidos se mostra a chave para alcançar o sucesso requerido. Neste
trabalho de pesquisa será abordado inicialmente o panorama do ambiente da Logística
empresarial, buscando compreender os processos e fluxos da cadeia de suprimentos e as
respostas exigidas dentro da função armazenagem. Como todo objeto de estudo e pesquisa,
busca-se conceituar o processo de armazenagem e despacho de produtos de forma lógica e
racional, de forma que os custos relacionados na atividade sejam os menores possíveis e
aceitos por todos os participantes da cadeia de suprimentos, principalmente o que paga e
utiliza do produto, o cliente final. Desta forma criar processos enxutos é uma exigência, assim
os canais de distribuição, a armazenagem e finalmente o preparo / despacho do produto
(Atividade de “picking”), requerem um planejamento cuidadoso na definição de estratégias,
como será visto com o desenvolvimento deste trabalho de pesquisa. Ao final da pesquisa será
abordado um estudo de caso da empresa Souza Cruz S/A com o firme propósito de
demonstrar a praticidade e os objetivos de tal estudo.
Palavras-chave: armazenagem, logística e picking.
xi
ABSTRACT
This work reports the applicability of planning activity to the expedition and storage
functions. The corporative circle had shown desirous of costs reduction and new markets
effort. The storage activity centralizes de biggest fraction of the end product’s cost and have
power to be a strategy to conquest new clients. If, in the Supply Chain of the enterprise, the
delivery’s responsivity claimed by the client are high, this function are highly required on his
answers and inside storage the order set up looks like a key to reach the required success. This
research work will broach initially the scenery of business logistics, reaching to comprehend
the process and the flood of supply chain and the answers required inside the storage
functions. As all research and study, wants to evaluate the storage process and the forwarding
of products on a logic and reasonable ways, in such wise that the related costs be as small as
possible and accepted by all supply chain users, mainly the one that pays and uses the
manufacture, the final client. From this, create condensed process are an important
requirement, so the distribution channels, storage and preparing/dispatch of product (picking
activity), requires a watchfulness planning on strategy definition, as will be broached on de
development of this research work. At the end of the research will be broached an case of
Souza Cruz S/A enterprise with the aim of show the practicity and goals of that.
Keywords: storage, logistics and picking.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 12
INTRODUÇÃO
O presente estudo segue uma ordem de apresentação e desenvolvimento onde
inicialmente se identifica a situação de estudo e suas implicações estratégicas.
No Capítulo 1 o autor apresenta as justificativas que o levou a pesquisar e desenvolver
o estudo e o porquê da abordagem, definindo os objetivos principais a serem alcançados pelo
estudo e de que forma conduziu sua pesquisa exploratória.
No Capítulo 2 é apresentado um referencial bibliográfico conceituando a “Logística
Empresarial” e seus objetivos estratégicos na cadeia de suprimentos.
No Capítulo 3 através de uma pesquisa por vários autores conceituam-se as funções da
armazenagem para a cadeia de suprimentos, seus objetivos principais para redução de custos e
maximização de resultados.
No Capítulo 4 destaca-se o processo de triagem, montagem e expedição de um pedido,
processo este conhecido por “Atividade de Picking”, referenciado por alguns autores, a
pesquisa aqui demonstra o que é a atividade e como organiza-la.
No Capítulo 5 esta pesquisa referenciada por um “Estudo de Caso” real, pretende
demonstrar o planejamento e a operacionalização de uma “Atividade de Picking”, objeto
central deste trabalho de pesquisa.
O autor em sua conclusão final enfatiza a importância da função de estudo e
planejamento da área de armazenagem, e que este estudo propicia a discussão para novos
projetos ou implementações para o setor.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 13
1. ESCOPO DO ESTUDO
1.1 JUSTIFICATIVA
Com a disseminação do comércio eletrônico, a montagem de pedidos se tornou
estratégica, e seu domínio é fator de economia das empresas. Atualmente existem sistemas
automatizados que ajudam nessa fase da distribuição física. Independente de ser automatizado
ou não, o processo precisa ser estudado e estar alinhado com a estratégia da empresa para se
tornar uma atividade rentável.
Visando esclarecer essas estratégias de montagem de pedidos por picking, o autor visa
estudá-las e esclarecer quais as estratégias são viáveis em que situações.
1.2 OBJETIVOS
Este trabalho, visando dar clareza durante o desenvolvimento, almeja atingir os
seguintes objetivos:
Objetivo 1: mostrar a importância de planejamento para a função armazenagem para que se
atinjam os objetivos empresariais na Cadeia de Suprimentos, a ser exposto nos capítulos 2 e 3.
Objetivo 2: conceituar o assunto “Atividade de Picking” na armazenagem, a ser exposto no
capítulo 4.
Objetivo 3: demonstrar através de um estudo de caso a operacionalização e uma atividade de
picking.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 14
1.3 METODOLOGIA
Os métodos empregados neste estudo foram os seguintes:
1. Levantamento bibliográfico de conceitos de Logística Empresarial, Cadeia de
Suprimentos, armazenagem e administração de estoques.
2. Visita técnica a Indústria de Cigarros Souza Cruz S/A, com o firme propósito de
conhecer e visualizar os processos envolvidos na venda e distribuição.
Assim, o objeto da pesquisa exploratória tende a buscar um melhor conhecimento e
planejamento da cadeia de suprimentos, partindo da racionalização de recursos e aumento de
nível de serviço para o cliente.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 15
2. LOGÍSTICA EMPRESARIAL
As empresas modernas vêm ao longo dos anos compreendendo que a cadeia de
suprimentos deve trabalhar de forma integrada, com todos os participantes bem remunerados,
e com o firme propósito de torná-la ágil, competitiva e lucrativa. Desta forma buscam
constantemente a otimização de processos e redução de custos. Para que isso ocorra, é
necessário que todos os processos estejam alinhados, e que, a missão, visão e valores,
individuais de cada empresa participante da cadeia de suprimentos, estejam estrategicamente
cruzados, que de forma ágil, se adaptem a mudanças, com custos que possam ser absorvidos,
sem perda de competitividade e participação de mercado. A logística é uma ciência que vem
para dar esta resposta ao mercado.
Com o passar dos anos, muitos autores vem conceituando sua importância estratégica
para as empresas. Dornier, Ernst, Fender e Kouvelis (2000, p. 29) têm uma definição para
logística: “Logística é a gestão de fluxos entre o marketing e a produção”. Tal conceito é
tratado de forma mais abrangente por Rodrigues (2003, p. 124): “O conceito de logística
integrada tem uma amplitude muito mais dinâmica e global, abrangendo não somente todas
as tarefas pertinentes à gestão de materiais como também a coordenação sobre os processos
de manufatura, embalagem, manuseio, processamento de pedidos, distribuição e
gerenciamento de informação”.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 16
Figura 1: Cadeia de Suprimentos
Em suma, é de vital importância e estratégico para qualquer empresa, compreender o
que é, como funciona uma cadeia de suprimento, entender os seus ciclos e fazer o
alinhamento correto de forma a torná-la competitiva, lucrativa e de longa duração.
2.1 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTO – SUPLY
CHAIN MANAGEMENT
Segundo Fusco e Sacomano (2007), para uma empresa de pequeno porte, com atuação
de mercado restrita, ou seja, poucos fornecedores, produtos de baixa complexidade e pouco
conteúdo tecnológico, do ponto de vista gerenciamento da cadeia de suprimento, os esforços
empregados são menores e o processo é mais simples e rápido. Porém, para uma empresa de
atuação em vários mercados, seja regional, bem como mundial, administrar relacionamentos
com fornecedores, rede de distribuição (atacadistas, varejistas, operadores logísticos,
transportes, armazéns), a própria produção e até mesmo clientes, é uma operação complexa,
que exige muitos esforços e grandes investimentos para manter a coesão do sistema.
Ainda em Fusco e Sacomano (2007), independente do tipo de empresa, ou ainda, se
sua produção é um produto final para o mercado consumidor ou insumo de transformação em
outro processo de produção, ou mesmo se ela presta apenas serviços facilitadores da
distribuição, indistintamente, pela evolução da competitividade, se vê obrigada a perseguir
maior responsividade no que tange a atendimento às necessidades de mercado. Isto tem
muitas implicações estratégicas na configuração de uma cadeia de suprimentos competitiva e
que atenda as exigências de mercado, tais decisões passam:
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 17
a. Tempo de ciclo: menor tempo de resposta aos clientes;
b. Rastreabilidade de materiais;
c. Atendimento ao cliente: enviar o produto certo ao cliente certo;
d. Administração de informações: pedidos (compra, produção e despacho).
Fusco e Sacomano (2007) concluíram que a responsividade é uma cumplicidade com
os clientes e que o gerenciamento da cadeia de suprimentos acaba por envolver várias
entidades participantes, cada uma em seu ciclo. Entende-se por ciclos na cadeia de
suprimentos como uma seqüência de processos que acontecem dentro e entre diferentes
estágios da cadeia, e que se combina para atender à necessidade de um cliente por um
produto. Há duas maneiras de visualizar os ciclos ou processos realizados na cadeia de
suprimento, visão cíclica ou a visão “push/pull” (processos empurrados / processos puxados).
Na visão cíclica todos os processos da cadeia de suprimento podem ser desmembrados
nos seguintes ciclos de processos: ciclo de pedido do cliente, ciclo de reabastecimento, ciclo
de fabricação e ciclo de suprimento. A visão cíclica de uma cadeia de suprimento é muito útil
ao considerarmos as decisões operacionais, porque ela especifica claramente os papéis e as
responsabilidades de cada componente da cadeia de suprimento. Porém não existe
comunicação em todos os elos, a informação não é compartilhada a todos e por todos os
participantes, as previsões são independentes e isoladas, não transmitindo uma realidade de
mercado.
Figura 2: Visão Cíclica – Cadeia de Suprimentos
Fonte: Chopra e Mendl, 2003.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 18
Já na visão “push/pull”, todos os processo da cadeia de suprimento recaem em uma
das duas categorias, dependendo do tempo de sua execução compatível com a demanda do
cliente. É útil ao considerarmos decisões estratégicas relacionadas ao projeto da cadeia de
suprimento, força uma análise mais global dos processos da cadeia de suprimento ligados ao
pedido do cliente, pode resultar na transferência de responsabilidades de determinados
processos para um estágio diferente da cadeia, desde que essa transferência permita que um
processo “push” se transforme em um processo “pull”. Nos processos “push” são executados
em antecipação aos pedidos dos clientes, a demanda não é conhecida e deve ser prevista.
Esses processos respondem a uma especulação ou previsão e não a uma demanda real. Nos
processos “pull” a execução é iniciada em resposta aos pedidos dos clientes, a demanda é
conhecida com certeza, são processos reativos porque reagem à demanda do cliente.
Figura 3: Visão Push / Pull – Cadeia de Suprimentos
Fonte: Chopra e Mendl, 2003.
Cadeias de suprimentos bem sucedidas gerenciam os fluxos de produtos, de
informações e monetário, para oferecer ao cliente um alto nível de disponibilidade de
produtos, mantendo os custos baixos, ou ainda, cadeia de suprimentos é a estrutura formada
para atender à solicitação do cliente, desde a obtenção da matéria prima até o cliente final,
fazendo produtos e informações correrem em paralelo.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 19
Figura 4: Os processos envolvidos na Cadeia de Suprimentos
Fonte: Freires, 2000.
Na cadeia de suprimentos existem alguns fatores que influenciam no seu perfeito
funcionamento, dentre eles a falta de informações integradas da produção com armazém que
leva algumas empresas a sofrer com prejuízos significativos por excesso de produção. Isto
gera elevados níveis de estoques (capital investido parado) ou produção parada por falta de
matéria-prima, muitas vezes causados pela não administração dos tempos de reabastecimento
e distribuição, influenciados por distâncias entre fornecedores e produtores ou produtores e
mercado consumidor.
A distribuição física de bens está se tornando um ponto estratégico no mundo
corporativo. O desenvolvimento de técnicas, equipamentos, softwares para esta área
especificamente, vem reduzindo custos consideráveis para a distribuição. A conseqüente
necessidade de pessoal qualificado para o gerenciamento vem trazendo ganhos significativos
de eficiência e eficácia nos processos que envolvem a correta gestão dos armazéns. Dentro da
área de armazenagem existem processos cruciais e de alto custo que podem determinar o
sucesso ou fracasso de uma empresa. Alguns deles ao invés de agregar valor ao produto
encarecem-no e pode acarretar perda de participação no mercado. Desta forma, conhecer e
desenvolver estratégias para os setores de recebimento, expedição, estocagem e gestão de
pedidos é de vital importância para o sucesso da cadeia de suprimento.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 20
2.1.1 DISTRIBUIÇÃO FÍSICA
Segundo Ballou (2007, p. 40) “Distribuição física é o ramo da logística empresarial
que trata da movimentação, estocagem e processamento de pedidos dos produtos finais da
firma”. Afirma também que estas atividades consomem cerca de 2/3 dos custos logísticos da
empresa. Para administrar esses custos, podemos dividi-los em três classes:
a. Custos Administrativos: são custos ligados a pessoal, emissão de documentos,
gastos com limpeza, água, luz, telefone, segurança patrimonial, segurança do
trabalho, materiais de escritório;
b. Custos de Transportes: envolve custos com a frota, como seguro, impostos,
manutenção, combustível, depreciação (vide gráfico com a relação custo
manutenção x valor comercial do veículo mais adiante);
c. Custos de Distribuição: envolve os custos com movimentação e armazenagem da
carga, processamento de pedidos, tempo de armazenagem do produto pronto
dentro do armazém.
Para a real compreensão e melhor visualização das estratégias, o planejamento da
distribuição física é dividido em três níveis, a saber:
1. Estratégico: define a configuração do sistema de distribuição (localização, modal de
transporte a ser utilizado, sistema de processamento dos pedidos). Ballou (2007, p. 43)
o define em uma pergunta: “Como vai ser o nosso sistema de distribuição?”;
2. Tático: define a melhor maneira de usar os recursos, busca a maneira de agir tendo a
maior eficiência. Realiza um planejamento rotineiro dos fluxos dos canais de
distribuição. Ballou (2007, p. 43) o define em uma pergunta: “Como o sistema de
distribuição pode ser utilizado da melhor maneira possível?”;
3. Operacional: define a rotina diária para garantir o produto final pronto para que
percorra os canais de distribuição até o cliente final. Ballou (2007, p. 43) o define com
uma afirmação: “Vamos fazer a mercadoria sair!”.
Cada atividade desenvolvida em um sistema de distribuição possui particularidades
em seu comportamento, de maneira que o custo evolui a maior ou a menor de acordo com a
configuração e a quantidade de material movimentado. Cada atividade se comporta de uma
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 21
maneira peculiar e específica. Desta forma as decisões de planejamento são analisadas pelos
impactos nos custos finais de uma operação, conforme o gráfico a seguir.
Figura 5: Relação de Custos envolvidos em uma Distribuição
O sucesso de um sistema de distribuição física está diretamente ligado à criação de
canais de ligação com o mercado consumidor. Segundo Dornier, Ernst, Fender e Kouvelis
(2000, p. 304) existem basicamente três versões distintas para a criação de tais canais: “a
funcional, a utilidade do consumidor e o modelo de postergação e especulação”.
Visão funcional: esta visão trata a necessidade do cliente como variável exógena, ou
seja, como algo que ele externaliza e o canal se adapta a esse desejo, ou seja, a
estrutura do canal, que pode assumir as seguintes características: comprimento
(quantidade de intermediários), largura (quantidade de intermediários por camada),
multiplicidade (quantidade de canais empregados);
Visão de utilidade do consumidor: este modelo enfatiza funções de marketing de
acordo com o segmento do mercado, visa o equilíbrio entre o mercado e a alocação de
recursos. As variáveis utilizadas para tomada de decisão são: preço, produto,
promoção e praça (os quatro P’s do marketing – mix de marketing);
Visão de postergação e especulação: esta visão está associada ao grau de risco
relacionado ao ganho especulativo a partir de dois conceitos antagônicos:
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 22
1) A postergação permite que o produto seja mantido no modo semi-
acabado até o último momento possível. Isso faz com que o estoque de
produto pronto seja adiado o máximo possível.
2) A especulação faz com que o produto seja terminado o quanto antes
buscando as economias de escala. O risco econômico é maior.
Os canais de distribuição têm concentrado em si o papel de: indução da demanda, a
satisfação da demanda, serviço de pós-venda e propiciar a troca de informações em todos os
estágios.
Figura 6: Função do Canal de Distribuição
Em fase inicial, os canais de distribuição eram tradicionalmente vistos como estruturas
mercadológicas verticais, aonde a responsabilidade era transferida de um segmento da cadeia
de suprimento para a seguinte, como um bastão é passado numa corrida de revezamento.
Nesse tipo de estrutura vertical, os demais elementos da cadeia de suprimento, além do
varejista, desempenham papéis de apoio, atuando nos bastidores do processo. Os papéis de
alguns intermediários na cadeia de suprimento, incluindo principalmente o atacadista e o
distribuidor, estão sendo revistos. Em muitos tipos de comércio, a participação desses
intermediários está ameaçada. Novas formas de canais diretos estão surgindo e os canais
indiretos, por sua vez, estão se tornando mais curtos (menor número de intermediários). Todas
essas mudanças visam obter maior valor final para o consumidor, tirando partido das
mudanças tecnológicas e de mercado observadas atualmente.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 23
Uma evolução aos canais de distribuição verticais é a adoção de um canal híbrido, que
altera diretamente as relações dentro da cadeia de suprimentos e traz consigo o problema da
compensação financeira aos elementos da cadeia de suprimento que realizam novas funções.
Agora o elemento da cadeia de suprimento que tem relacionamento direto com o cliente não é
mais o responsável por executar todas as funções do canal. É necessário realizar uma
compensação monetária entre os elementos da cadeia, o que obriga as parte a uma grande
transparência na troca de informações e maior precisão no cálculo dos custos envolvidos.
Além disso, é necessário definir esquemas de parcerias bem estruturados, com compromissos
de médio e longo prazo e objetivos claros. Algumas vezes, um dos elementos da cadeia de
suprimento assume parte das funções sem provocar alterações significativas na estrutura do
canal. Na figura a seguir temos uma visão dos chamados canais de distribuição verticais e da
possibilidade da formação de formas híbridas de distribuição.
Figura 7: Tipos de Canais de Distribuição
Uma outra forma de melhorar o desempenho no gerenciamento da cadeia de
suprimento é utilizar mais de um canal de distribuição, ou chamado de canal de distribuição
múltiplo. Isso ocorre em função da diversidade de tipos de consumidor. Esse tipo de
estruturação dos canais de distribuição melhora as condições globais de competitividade da
cadeia, mas não é isento de problemas. A grande incógnita é a área cinzenta do mercado
consumidor que fica entre os vários tipos de cliente.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 24
Independente do canal de distribuição administrado e operado por uma empresa e da
responsividade empregada em direção ao mercado, uma questão muito importante é a área de
armazenagem, pois os custos envolvidos em estocagem (capital parado, obsolescência,
degradação) são altos. Desenvolvem-se hoje pesquisas baseadas em conceitos enxutos, como
o just in time, que procuram diminuir a quantidade em estoque e utilizar a produção na sua
máxima eficiência, diminuindo o lead time de entrega, mantendo menos capital parado na
área de estocagem.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 25
3. FUNÇÃO ARMAZENAGEM DA CADEIA DE
SUPRIMENTOS
Segundo Viana (2006), o objetivo primordial do armazenamento é utilizar o espaço
nas três dimensões, da maneira mais eficiente possível. As instalações do armazém devem
proporcionar a movimentação rápida e fácil dos materiais desde o recebimento até a
expedição. Desta forma a definição delas passa por algumas decisões e cuidados a serem
observados:
a. Determinação de recinto coberto ou não;
b. Definição adequada do layout;
c. Definição de uma política de preservação, com embalagens plenamente convenientes
aos materiais;
d. Ordem, arrumação e limpeza, de forma constante;
e. Segurança patrimonial, contra furtos, incêndio etc.
Ao se aperfeiçoar a armazenagem, obtém-se:
a. Máxima utilização do espaço (ocupação do espaço);
b. Efetiva utilização dos recursos disponíveis (mão-de-obra e equipamentos);
c. Pronto acesso a todos os itens (seletividade);
d. Máxima proteção aos itens estocados;
e. Boa organização;
f. Satisfação das necessidades dos clientes.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 26
Como já mencionado anteriormente, ao final do item 2.1.1 deste trabalho de pesquisa,
a área de armazenagem para atingir seu objetivo principal de ocupação de forma eficiente,
utiliza-se de conceitos enxutos, ou seja, princípios da manufatura enxuta, ou ainda, o “Sistema
Toyota de Produção”.
O Sistema Toyota de Produção surgiu logo após a Segunda Guerra Mundial, época em
que a indústria japonesa estava passando por momentos de baixa produtividade. Nessa época:
“(...) um grupo de gerentes da Toyota (...) visitaram uma instalação nova para eles: um
supermercado americano. Ali, eles viram pequenas quantidades de latarias e de vidros sendo
substituídas na medida em que os consumidores as retiravam da prateleira” (Reinaldo A.
Moura – Kanban, a simplicidade do controle de produção. Página 8 e 9)
Com esse método em vista, implantaram na Toyota o sistema que puxava a produção
ao invés de empurrar. Como base usaram o Kanban para o controle da produção e o just-in-
time para a redução de armazéns. O sistema tem por objetivo aumentar a eficiência da
produção pela eliminação contínua de desperdícios e re-trabalhos, garantidos pelo controle de
qualidade em cada fase do processo produtivo. Os sistemas de gestão desenvolvidos por
Taylor e Ford predominaram de forma eficiente e amadurecida até a década de 50, e
procuravam reduzir os custos unitários dos produtos através da produção em larga escala e
especialização do trabalho no chão de fábrica. Em contrapartida, o Sistema Toyota de
Produção visa à produção em lotes unitários e a multifuncionalidade no chão de fábrica. A
base de sustentação do Sistema Toyota de Produção é a absoluta eliminação do desperdício e
os pilares necessários à sustentação é o “Just-In-Time” e a “Automação dos processos”.
De acordo com Taiichi Ohno (1988): “Os valores sociais mudaram. Agora, não
podemos vender nossos produtos a não ser que nos coloquemos dentro dos corações de
nossos consumidores, cada um dos quais tem conceitos e gostos diferentes. Hoje, o mundo
industrial foi forçado a dominar de verdade o sistema de produção múltiplo, em pequenas
quantidades”.
O sistema enxuto visa eliminar:
1. Superprodução, a maior fonte de desperdício;
2. Tempo de espera, refere-se a materiais que aguardam em filas para serem processados;
3. Transporte, nunca geram valor agregado no produto;
4. Processamento, algumas operações de um processo poderiam nem existir;
5. Estoque, sua redução ocorrerá através de sua causa raiz;
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 27
6. Movimentação;
7. Defeitos, produzir produtos defeituosos significa desperdiçar materiais, mão-de-obra,
movimentação de materiais defeituosos e outros.
As evoluções nas áreas de gestão e de equipamentos de alta tecnologia, como não
poderiam deixar de ser, estendeu seus múltiplos benefícios à área de armazenagem, tanto pela
introdução de novos métodos de racionalização dos fluxos de distribuição de produtos, como
pela adequação de instalações e equipamentos para movimentação física de cargas. Na figura
a seguir podemos analisar o fluxo que os materiais podem via a sofrer dentro da área de
armazenagem.
Figura 8: Fluxo do material dentro do armazém
Para a correta gestão dos fluxos dos diversos materiais dentro da área de armazenagem
e a escolha correta dos equipamentos facilitadores de acomodação e movimentação, faz-se
necessário conhecer as formas de classificação de materiais. Tais classificações visam
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 28
padronizar os procedimentos operacionais a serem adotados garantindo assim a eficiência,
eficácia e efetividade para o setor e resultados esperados com a correta utilização dos
recursos, a saber, financeiros, mão-de-obra e equipamentos. Podemos classificar os materiais
das seguintes formas:
1. Características do produto/material;
2. Finalidade do produto/material;
3. Pela movimentação (giro de estoque/vendas) deste produto/material.
Na figura a seguir demonstra-se o fluxo e uma série de procedimentos que o gestor de
um armazém deve tomar com o material dando entrada no setor.
Figura 9: Triagem do material dentro do armazém
Fonte: Moura (1997)
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 29
3.1 CLASSIFICAÇÃO DE PRODUTOS OU MATERIAIS
3.1.1 CLASSIFICAÇÃO DE ACORDO COM AS CARACTERÍSTICAS DO
PRODUTO/MATERIAL
Segundo Viana (2006), as características mais importantes do produto que influenciam
a estratégia de distribuição estão os atributos do próprio produto sendo eles: peso, volume,
valor, perecibilidade, inflamabilidade e substitutibilidade. Nas suas várias combinações, estes
atributos indicam as necessidades para armazenagem, estoques, transporte, manuseio e
processamento do pedido. Essas combinações são mais bem discutidas se divididas em quatro
categorias:
Relação peso – volume: a relação peso-volume (densidade) de um produto é
particularmente significativa, pois os custos de transporte e armazenagem estão
diretamente relacionados com ela. À medida que a densidade do produto aumenta, os
custos de estocagem, de transporte e porcentagem do preço de vendas diminuem.
Apesar de o preço poder ser reduzido pelos menores custos logísticos, a armazenagem
e o transporte são apenas dois dos muitos fatores que atuam na formação do preço.
Assim, os custos logísticos totais podem declinar mais rapidamente que o preço.
Relação valor – peso: O valor do produto que está sendo movimentado e estocado é
um fator importante no desenvolvimento de uma estratégia logística. Custos de
estoque são particularmente susceptíveis ao valor. Quando expressamos o valor com
relação ao peso (obtendo a razão, ou seja, o valor específico), algumas compensações
óbvias de custos emergem e auxiliam a planejar o sistema logístico. Se o produto tem
uma relação valor-peso elevada, a reação típica é minimizar o estoque mantido.
Naturalmente, algumas empresas tentam ajustar uma relação valor-peso desfavorável
pela alteração dos procedimentos de avaliação de custos pela mudança do valor ou
pela revisão dos requisitos de embalamento para alterar o peso.
Substitutibilidade: quando o consumidor nota pouca ou nenhuma diferença entre o
produto da empresa e os de seus concorrentes, diz-se que o produto é altamente
substituível. Ou seja, o consumidor compra prontamente uma segunda marca caso a
primeira não esteja disponível imediatamente. Ela pode ser encarada em termos de
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 30
vendas perdidas pelo fornecedor. O especialista em logística trata com vendas
perdidas através de alternativas de transporte, de estocagem ou ambas.
Características de risco: as características de risco do produto referem-se aos
atributos de valor, perecibilidade, inflamabilidade, tendência à explosão e facilidade
de roubo. Quando um produto mostra alto risco em uma ou mais dessas características,
ele impõe uma série de restrições ao sistema de distribuição. Tanto os custos de
transporte como de estoque são maiores em termos tanto absolutos como em termos de
porcentagem do preço de venda.
3.1.2 CLASSIFICAÇÃO POR FINALIDADE DO PRODUTO/MATERIAL
Ainda em Viana (2006), uma característica fundamental dos materiais, para estudo da
armazenagem, é a finalidade, ou objetivo, de utilização dos mesmos pela empresa. De acordo
com esta característica, os materiais podem ser classificados da seguinte maneira:
1. Produtos acabados - aqueles que são objeto de comércio por parte da empresa, como
resultado do seu processo produtivo;
2. Materiais diretos - aqueles que, diretamente ou mediante transformações físico-
químicas adequadas, se incorporam ao produto, total ou parcialmente;
3. Materiais indiretos - todo o restante que a empresa utiliza e não se incorpora ao
produto final. Este último grupo pode ser subdividido também da seguinte maneira:
a. Materiais complementares - os que, não sendo diretos, intervêm de forma
imediata no processo de produção – ferramentas;
b. Materiais auxiliares - os que, não sendo diretos, intervêm no processo
produtivo, favorecendo-o. Por exemplo, os combustíveis e lubrificantes para
veículos auxiliares; em geral, documentos técnicos e administrativos.
3.1.3 CLASSIFICAÇÃO PELA MOVIMENTAÇÃO/GIRO NO ESTOQUE/VENDAS –
CURVA ABC OU “CURVA DE PARETTO”
Conforme Viana (2006), a curva ABC é particularmente útil para o planejamento da
distribuição quando os produtos são agrupados ou classificados conforme seu nível de vendas.
Os itens A são os pertencentes ao grupo dos 20% superiores, os próximos 30% são os itens B
e os 50% restantes compõem os itens da classe C. Cada categoria de itens pode ter uma
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 31
distribuição diferente. Por exemplo, itens A podem receber distribuição extensiva e ter altos
níveis de disponibilidade, enquanto itens C podem ser distribuídos apenas a partir de um
único depósito central com níveis de estoque menores do que os praticados para itens A. Itens
classe B podem ter uma estratégia intermediária de distribuição. As classificações de produtos
são arbitrárias. A questão é que nem todos os itens de produtos devem receber o mesmo
tratamento logístico. O conceito da curva ABC, com sua decorrente classificação de produtos
tem sua lógica baseada no nível de vendas para decidir quais produtos devem receber
diferentes níveis de tratamento logístico.
Freqüentemente, devido ao grande número de itens (SKU’s - stock keeping unit –
unidades mantidas em estoques) do armazém, torna-se difícil à classificação de todos os
materiais. Porém, tais classificações são vistas como de suma importância para a área de
gestão de materiais, pois ajuda a identificar as formas corretas de disposição dos
produtos/materiais dentro da área de armazenagem.
3.2 FORMAS DE DISPOSIÇÃO DO PRODUTO / MATERIAIS NA ÁREA
DE ARMAZENAGEM
Viana (2006) propõe que além de considerar as classificações abordadas no item 3.1
deste trabalho de pesquisa, os esquemas de armazenagem a ser escolhido dependem também:
da situação geográfica de suas instalações, da natureza de seus estoques, tamanhos e
respectivo valor. Não existem regras taxativas que regulem o modo como os
produtos/materiais devem ser dispostos no armazém, motivo pelo qual se deve analisar, em
conjunto, todos os aspectos já analisados, para, então, decidir pelo tipo de arranjo físico mais
conveniente, selecionando qual das alternativas melhor atende a seu fluxo de materiais, sendo
eles:
1. Armazenagem por agrupamento: esse critério facilita as tarefas de arrumação e
busca, mas nem sempre permite o melhor aproveitamento do espaço.
2. Armazenagem por tamanhos (acomodabilidade): esse critério permite bom
aproveitamento do espaço.
3. Armazenagem por freqüência: esse critério implica armazenar tão próximo quanto
possível da saída os materiais que tenham maior freqüência de movimento.
4. Armazenagem especial: por meio desse critério, destacam-se:
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 32
a. Ambiente climatizado: destina-se a materiais cujas propriedades físicas
exigem tratamento especial;
b. Inflamáveis: os produtos inflamáveis devem ser armazenados em ambientes
próprios e isolados, projetados sob rígidas normas de segurança;
c. Perecíveis: os produtos perecíveis devem ser armazenados segundo o método
FIFO (First In First Out), ou seja, primeiro que entra primeiro que sai.
5. Armazenagem em área externa: devido a sua natureza, muitos materiais podem ser
armazenados em áreas externas, contíguas ao Almoxarifado, o que diminui os custos
e, em paralelo, amplia o espaço interno para materiais que necessitam de proteção em
área coberta.
6. Coberturas alternativas: a escassez de área e o custo de construção são dois
componentes significativos na de terminante de um Almoxarifado. Destacamos dois
modelos entre os tipos existentes:
a. Galpão fixo;
b. Galpão móvel.
Figura 10: Galpão Móvel
Fonte: Viana (2006)
Dentro de tais análises de definição de classificação e formas de armazenagem, não se
deve desprezar o custo pela falta do produto/material, por não encontrá-lo na área ou por não
tê-lo em estoque, pois dependendo da complexidade do processo aonde tal produto/material
venha a ser utilizado, ou ainda, o produto final ter um alto valor no mercado consumidor e até
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 33
mesmo quando se tratar de um produto/material comercializado em um mercado que exige
alta responsividade. Neste cenário, a falta de um item de baixo valor é suficiente para estagnar
a produção, gerar perdas de grandes dimensões para a empresa, tais como a perda de mercado
por não oferecer o produto acabado.
Para minimizar tais impactos na área de armazenagem, com os custos agregados na
atividade, e da natureza da operação ou da complexidade dos materiais, estudos vem sendo
realizados para identificar e desenvolver equipamentos e estratégias de operacionalização do
setor, hoje conhecido como “Atividade de Picking”, ou seja, atividade de coleta e despacho de
produtos/materiais dentro de uma área de armazenagem de um centro de distribuição dos mais
variados fins e produtos.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 34
4. ATIVIDADE DE PICKING
O principal fator a ser atribuído à evolução da armazenagem no mundo nas duas
últimas duas décadas foi o aumento da exigência dos clientes. Um recente estudo sobre
automação na área de armazenagem analisou os centros de distribuição de três grandes
empresas no Brasil - Chocolates Garoto, Souza Cruz e Lojas Americanas - e identificou a
melhoria da qualidade do serviço e/ou produto como o principal motivador de seus
investimentos nesta área. Outra pesquisa periódica indica que a freqüência e o prazo de
entrega estão entre as três principais dimensões de serviço, avaliadas pelo varejo. A
importância dada a essas duas dimensões é relacionada aos programas de redução do nível de
estoque - como JIT (just in time), QR (quick response = resposta rápida) e reposição contínua
-, cujos alicerces estão apoiados no aumento da freqüência e na diminuição do prazo de
entrega.
De acordo com Rodrigues (2007), em seu artigo, a atividade de “picking” pode ser
definida como a atividade responsável pela coleta do mix correto de produtos, em suas
quantidades corretas da área de armazenagem para satisfazer as necessidades do consumidor.
Dependendo do tipo de armazém, 30% a 40% do custo de mão-de-obra estão associados à
atividade de picking. Além disso, a grande proliferação do número de produtos resultado
direto não só de lançamentos, como também da grande variedade de modelos, cores e
embalagens e o crescente aumento das entregas diretas ao consumidor fruto das vendas por
catálogos, pela internet, pelo telefone, ou até mesmo por lojas que passaram a trabalhar
apenas com mercadorias expostas em mostruário, também trouxeram novas demandas para as
operações de armazenagem. Como resposta, a esses desafios, as empresas reestruturam as
suas operações de armazenagem para atender ao aumento do número de pedidos (resultado da
maior freqüência de entrega e da entrega direta ao consumidor), a uma maior variedade de
itens (devido à proliferação do número de produtos) em um tempo menor (resultado do
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 35
encurtamento do prazo de entrega). Assim, os armazéns de produto acabado com a finalidade
de estocar mercadorias, estão dando lugar aos centros de distribuição, cujo foco principal está
sobre a atividade de picking.
O aumento da importância desta atividade fez com que novos investimentos fossem
feitos nesta área, principalmente nos sistemas de separação. Para se ter uma idéia da
representatividade dos custos desta atividade em média o picking é responsável por 60% dos
custos de um centro de distribuição. Para entendermos a atividade de picking (Coleta,
separação e preparação de pedidos) é importante apresentarmos sua inserção entre as
principais atividades de armazenagem. De uma maneira simples, todos os tipos de armazéns
possuem as seguintes funções descritas na figura a seguir:
Figura 11: Fluxo do processo da Atividade de Picking
Fonte: http://www.centrodelogistica.com.br/new/fs-busca.htm?fr-picking.htm (acessado 15/06/2007 as 14:14 h)
Aliado ao custo, o tempo dessa atividade influi de maneira substancial no tempo de
ciclo de pedido, ou seja, o tempo entre a recepção de um pedido do cliente e a entrega correta
dos produtos. O aumento progressivo das necessidades (e exigências) dos consumidores e da
competição trouxe diversas conseqüências para a atividade de armazenagem. Tais
conseqüências podem ser traduzidas em tendências gerais que podem ser observadas em
diversos setores:
Proliferação do número de SKUs (Stock Keeping Unit = unidade mantida em
estoque).
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 36
Aumento do Número de Pedidos: as menores quantidades de lote implicam em um
aumento no número de pedidos ao longo do tempo.
Concentração em Grandes Armazéns.
Entregas para o dia seguinte.
Além dessas tendências, as empresas perceberam a importância da utilização do
serviço como diferencial de valor agregado em seus produtos. A qualidade do produto passa a
ser um pré-requisito e serviços como entrega em domicílio e vendas pela internet aumentaram
o nível de exigência e produtividade das atividades de armazenagem e transporte. Dessa
forma, a atividade de picking deve ser flexível para assegurar uma operação dentro das
necessidades determinadas pelo cliente, utilizando sistemas de controle e monitoramento que
suportem os níveis de serviço e qualidade diagnosticados.
4.1 QUE PRÍNCIPIOS UTILIZAR PARA ORGANIZAR UMA
ATIVIDADE
Independente do tamanho, volume, tipos de estoque, necessidades do consumidor e
tipos de sistemas de controle da operação do armazém, existem certos princípios que se
aplicam bem em qualquer atividade de picking. São princípios que devem guiar o
posicionamento de produtos dentro da área de armazenagem e o fluxo de informação e
documentos.
1. O primeiro passo é a identificação dos produtos de maior giro.
Figura 12: Layout de uma área de armazenagem
FONTE: Rodrigues (2007)
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 37
Segundo Rodrigues (2007) o objetivo é priorizar a minimização da distância entre o
operador que efetua a coleta e os produtos a serem coletados. Dessa forma, os
produtos de maior giro devem ser colocados na região mais próxima da atividade de
separação (1). As esteiras (7) eliminam a movimentação na recepção da lista de
produtos e no envio para o despacho. Interessante reservar uma área (2) para a
armazenagem e coleta de produtos de pequenas dimensões e alto volume. Deve ser
planejada uma área para o recebimento (3) de produtos que alimentarão as regiões (1)
e (2). De forma análoga, uma área de expedição deve ser dimensionada (4) com linhas
suficientes para evitar a acumulação ou fila na linha de picking. As esteiras que levam
os pedidos completos da área de picking para a área de expedição (5) devem possuir
altura elevada para aproveitamento do espaço no chão. Na região (6) temos todos os
produtos de pequeno e médio volumes, armazenados em pallets. Este é um exemplo
bastante genérico, mas a filosofia é aplicável em vários casos.
2. Utilização de documentações claras e de fácil operacionalização.
3. Organizar os pedidos de acordo com as configurações físicas, de forma a diminuir a
movimentação.
4. Manter um sistema eficiente de localização de produtos.
5. O operador deve ser avaliado pelos erros.
6. Evitar contagem de produtos durante a coleta.
7. Eliminação de documentos em papel: existem tecnologias que estão se tornando cada
vez mais acessíveis, reduzindo e até eliminando o fluxo de papéis, incluindo leitores
de código de barras, sistemas de reconhecimento de voz e terminais de rádio
freqüência.
Tais filosofias norteiam o planejamento da atividade de picking. No entanto, várias
tecnologias e estratégias podem ser utilizadas e planejar uma atividade de picking não é uma
tarefa simples.
4.2 ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE EM FUNÇÃO DO TEMPO
Conforme Rodrigues (2007), a atividade de separação de pedidos é intensiva em
movimentação de materiais. Dependendo do tipo de armazém, cerca de 30% a 40% de seu
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 38
custo está diretamente associado à atividade de separação de pedidos. Isso ocorre porque o
número de trabalhadores e o tempo associado a essa atividade são maiores que nas outras
atividades de armazenagem. Através de estudos de sistemas de separação de pedidos mais
típicos, onde temos uma grande utilização de documentos em papel e operações de
deslocamento e coleta de produtos, temos informações de como é gasto o tempo do operador
nessa atividade. No gráfico a seguir demonstra-se a distribuição dos tempos durante uma
coleta e através destes dados busca-se desenvolver procedimentos que minimizem os
impactos decorrentes da atividade.
Figura 13: Consumo de Tempo do Operador na Atividade de Picking
FONTE: Rodrigues (2007)
Através dos gráficos, observamos que a maior parte do tempo gasto pelos operadores
está na movimentação para a coleta e colocação de produtos na linha de picking. Ou seja, um
objetivo fundamental para uma boa produtividade de um sistema de separação de pedidos é a
minimização dos tempos de deslocamento ou movimentação. A forma como organizamos a
estratégia de picking está associada diretamente com o tempo de movimentação. Por
estratégia de picking entendemos a forma como organizamos o processo de separação de
pedidos, planejando a quantidade de operadores por pedido, o número de diferentes produtos
pegos em cada coleta e os períodos para agendamento ou agrupamento de pedidos durante um
turno. Desta forma se torna imprescindível o conhecimento e a escolha correta de
equipamentos de movimentação e estruturas de armazenamento que facilitem o processo de
busca e coleta, diminuindo os tempos e minimizando os custos envolvidos na atividade. Nos
itens a seguir, serão exemplificados alguns equipamentos que facilitam e agilizam a atividade
de picking, tornando-se estratégico para várias empresas o estudo e o planejamento correto
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 39
para a aquisição de tais recursos, com o firme propósito de reduzir o custo unitário de pedidos
e requisições de produtos/materiais.
4.2.1 ESTRUTURAS FIXAS FACILITADORAS PARA ATIVIDADE DE PICKING
Um dos princípios fundamentais na armazenagem, como já visto, é a correta utilização
do espaço disponível, o que demanda estudo exaustivo das cargas, níveis e estruturas para
armazenagem, como também dos meios mecânicos a utilizar. A esse respeito, cabe considerar
que o peso e o volume das cargas, além dos meios previstos para a entrada e saída de
materiais, influem de forma determinante sobre a estrutura e o dimensionamento de seus
elementos construtivos. De conformidade com o peso, volume e forma de manuseio dos
materiais a armazenar, as estruturas podem, de maneira simples, ser classificadas em duas
categorias, quais sejam, leves e pesadas. Assim, destacamos, entre outros, os seguintes tipos
básicos de estruturas metálicas para armazenagem:
1. Estrutura leve em prateleira de bandejas: trata-se de estantes metálicas constituídas
com colunas em perfis de chapa de aço dobrada, perfuradas continuamente segundo
determinado passo, e prateleiras, também em chapa de aço dobrada, com posição
regulável na altura, adequadas ao armazenamento de materiais leves.
Figura 14: Tipos e a formação de mezaninos de várias estantes
Fonte: http://www.movitech.com.br/bertolini_estantes.htm (acessado em 18/05/07 - 15:10 h)
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 40
2. Estrutura porta-pallet: trata-se de estrutura pesada, na qual as prateleiras são
substituídas por plano de carga constituído por um par de vigas que se encaixam em
colunas, com possibilidade de regulagem de altura. Os pallets são armazenados e
retirados individualmente por empilhadeiras que se movimentam em corredores.
Figura 15: Porta-pallets
Fonte: http://www.movitech.com.br/bertolini_p_pallet_deslizante.htm (acessado em18/05/07 - 15:30 h)
A estrutura porta-pallet convencional gerou sistemas para alta densidade e para
armazenagem dinâmica. Os sistemas para alta densidade são conhecidos como drive-
in e drive-through, enquanto a armazenagem dinâmica, além dela própria, gerou a
variação push-back.
i. Drive-in: proporciona solução otimizada para aproveitamento do espaço
disponível. Trata-se de porta-pallet constituído por bloco contínuo, não
separado por corredores intermediários, por meio do qual as empilhadeiras
movimentam-se dentro da própria estrutura, para depositar ou retirar
materiais. O drive-in é recomendado para grande quantidade e pequena
variedade de materiais. As movimentações de entrada e saída são efetuadas
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 41
em separado, com o estoque manipulado de uma só vez em intervalos
prolongados. Esse sistema oferece, entre outras, as seguintes vantagens:
a. excelente aproveitamento da área disponível, maximizando o volume
armazenado pela virtual ausência de corredores;
b. armazenamento, na metade da área, do mesmo número de pallets de um
porta-pallet convencional;
c. quando comparado com outro sistema de alta densidade, o investimento é
relativamente baixo, proporcionando baixo custo por lugar/pallet;
d. utilização de vários tipos de empilhadeiras, com mínimas modificações na
estrutura de proteção ao operador;
e. não havendo superposição de cargas, eliminação do esmagamento acidental
ou mesmo da queda de pilhas.
Em contrapartida, registram-se certos inconvenientes:
a. movimentação dos pallets que estão à frente, para atingir os do meio;
b. movimentação do estoque, retirando-se por último o que entrou primeiro,
condição que limita a variedade dos materiais selecionados para
armazenamento, não se prestando, evidentemente, a perecíveis.
Figura 16: Porta-pallets do tipo Drive-in
Fonte: http://www.movitech.com.br/bertolini_drive_in.htm (acessado em 18/05/07 as 16:10 h)
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 42
ii. Drive-through: as desvantagens existentes no sistema drive-in, no qual a
empilhadeira o adentra, são contornadas pelo sistema drive-through, em que
a empilhadeira o atravessa, o que, na prática, gera a alimentação por um lado
e a retirada pelo lado oposto.
iii. Armazenagem dinâmica: sistema indicado para materiais a serem
armazenados de conformidade com o princípio FIFO (First In First Out), ou
seja, primeiro que entra primeiro que sai. Corredores de acesso somente
serão necessários nas duas fases da operação, para carga e descarga dos
pallets. Pelo fato de vários túneis (pistas) serem montados lado a lado, o
espaço disponível para armazenagem é utilizado de forma otimizada. O fluxo
é automático, com os pallets movimentando-se sobre pistas de rolos ou de
trilhos de roletes, por ação da gravidade, sem necessidade de empilhadeiras e
operadores, mantendo-se em velocidade constante, pois são usados, em toda
extensão das pistas, reguladores de velocidade. O sistema possui também, ao
final do percurso, o separador de pallets, que proporciona a retirada fácil,
rápida e segura do primeiro pallet da pista.
Figura 17: Porta-pallets com trilhos de roletes
Fonte: http://www.movitech.com.br/bertolini_drive_dinamico.htm (acessado em 18/05/07 as 16:30 h)
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 43
iv. Push-Back: funcionando como variante do modelo dinâmico, trata-se de
sistema por impulsão, que melhora a rotatividade e aumenta a seletividade,
perfeito para até 4 (quatro) pallets de profundidade, utilizando-se apenas um
corredor para colocação e retirada do pallet. O pallet colocado no trilho é
empurrado pelo pallet seguinte aclive acima, e assim até o último pallet. Na
retirada deste último pallet todos os demais, por gravidade, descem uma
posição.
Figura 18: Porta-pallets do tipo Push-Back
Fonte: http://www.movitech.com.br/bertolini_push_back.htm (acessado em 18/05/07 as 17:05 h)
3. Armazenagem pelo sistema flow-rack: o modelo flow-rack foi concebido para
materiais de pequeno volume e peso, cuja armazenagem dispensa a utilização de
pallet. Trata-se de sistema que atende materiais de até no máximo 80 kg/m, indicado
para a utilização do FIFO, por meio de trilhos apoiados sobre longarinas que permitem
ajustar a altura e regulagem para inclinação. Os materiais são carregados pelo lado
mais alto e descarregados pela frente, permitindo fácil acesso e rápida reposição.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 44
Figura 19: Estante Flow-rack
Fonte: http://www.movitech.com.br/bertolini_flow_rack.htm (acessado em 18/05/07 as 17:15 h)
4. Estrutura cantilever: estrutura típica para armazenagem de peças de grande
comprimento, barras, tubos e perfis, constituída por uma série de cavaletes, formados
por colunas perfuradas nas quais se encaixam os braços em balanço, cuja altura é
regulável. Os cavaletes são interligados por intermédio de distanciadores. Os materiais
armazenados nessa estrutura são manuseados por empilhadeira lateral.
Figura 20: Estante do tipo Cantilever
Fonte: http://www.movitech.com.br/bertolini_cantilever.htm (acessado em 18/05/07 as 17:20 h)
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 45
4.2.2 Equipamentos móveis, de alta tecnologia, facilitadores para atividade de picking
1. A-Frame: é um sistema de alta produtividade capaz de separar centenas de pedidos
em um curto espaço de tempo, com grande precisão e com um reduzido quadro de
pessoal. Este é um sistema modular, integrado por uma esteira transportadora, sobre a
qual existe uma estrutura composta de uma série de canais que cobre ambos os lados
da esteira. Cada canal trabalha com um determinado SKU, tendo capacidade de
armazenar diversas unidades, que ficam empilhadas em sua respectiva estrutura.
Figura 21: Sistema para Picking do tipo A-Frame
Fonte: Rodrigues (2007)
O sistema de comando do A-Frame controla a ejeção dos produtos de cada canal na
esteira e cada seção da esteira é associada a um determinado pedido. No final da linha,
os produtos são automaticamente transferidos para caixas e transportados para as
outras áreas de picking, ou diretamente para área de embarque, caso o pedido esteja
completo. Diversos módulos de A-Frame podem ser utilizados - tanto em série quanto
em paralelo - para que seja aumentada a capacidade do sistema. Além disso, esta
tecnologia também pode ser utilizada em conjunto com outros sistemas de separação.
Este tipo de sistema permite uma separação bastante rápida com alta produtividade, no
entanto apresenta algumas restrições de uso relativas a fragilidade e/ou formato dos
itens manuseados.
2. Carrossel: são equipamentos rotacionais, verticais ou horizontais, que acondicionam
os produtos com a função de trazê-los até o operador, eliminando os tempos
associados ao seu deslocamento e a procura de produtos. A principal vantagem deste
sistema é permitir uma operação com uma grande variedade de itens. Além disso, o
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 46
carrossel vertical também permite um bom aproveitamento de espaço por aproveitar o
pé direito do prédio.
Figura 22: Sistema para Picking do tipo Carrossel
Fonte: Rodrigues (2007)
3. Os sistemas de estocagem e coleta automáticos (AS/RS): são capazes de operar com
unidades de movimentação mais fracionadas são conhecidos como miniload. No
entanto, mesmo os miniload são capazes de operar apenas com caixas, ou itens de
grande volume. O seu funcionamento é bastante parecido com o do transelevador (unit
load). Entre as principais vantagens do miniload pode-se destacar a sua precisão e
velocidade, além da potencialidade de operar com uma grande variedade de itens.
Figura 23: Sistema para Picking do Tipo AS/RS
Fonte: Rodrigues (2007)
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 47
4. A separação por rádio freqüência: este tipo de sistema se apóia na comunicação por
rádio freqüência para auxiliar o operador na coleta dos itens. Para isso, o operador
utiliza um terminal de mão ou um terminal preso ao braço que indica sempre o
endereço do próximo produto e o número de unidades a ser coletadas. Ao realizar a
coleta dos itens, o operador faz a leitura do código de barra dos produtos, através do
terminal manual, que confere a coleta e indica o endereço do próximo produto a ser
coletado. Este tipo de tecnologia está sendo bastante utilizada no Brasil pelo seu baixo
custo e alta flexibilidade. A sua grande desvantagem está relacionada a sua
performance que é limitada pela velocidade de deslocamento do operador.
Figura 24: Leitor e Terminal de rádio freqüência (Picking manual)
Fonte: Rodrigues (2007)
Soluções tecnológicas de armazenagem como Carrossel, miniloads, sistemas AS/RS
(Automatic Storage e Retrieval Systems = sistemas de estocagem e coleta automáticos) e
WMS (Warehouse Management System – Sistema de gestão de armazéns) são combinações
de equipamentos e sistemas de controle que deslocam, armazenam e coletam produtos com
alta precisão e velocidade, dependendo do grau de automação. Tais sistemas também reduzem
o tempo de movimentação do operador, pois tem como objetivo trazer os produtos específicos
no momento da separação, além de redução no tempo de contagem. Equipamentos como
códigos de barras, leitores óticos, reduzem o tempo de procura e documentação.
Geralmente, durante o planejamento de um sistema para a atividade de picking, as
considerações sobre estratégias são pouco avaliadas ou desprezadas, partindo-se diretamente
para a adoção de tecnologias e pacotes de soluções. Dependendo do tipo de processo da
empresa, isso pode acarretar num investimento em equipamento e sistemas desnecessários,
que poderiam ser solucionados apenas com uma alteração nas estratégias de organização dos
operadores.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 48
4.3 ESTRATÉGIAS PARA A ATIVIDADE DE PICKING
Segundo Rodrigues (2007), em seu artigo de pesquisa, existem quatro procedimentos
básicos para organizar a atividade de picking. Esses procedimentos são caracterizados como
procedimentos "puros". Geralmente o que se observa é uma composição ou mistura de
diferentes estratégias, gerando estratégias mistas de organização do picking. Basicamente,
durante a definição de qual estratégia utilizar, é necessário verificar as seguintes questões:
Operadores por pedido.
Produtos por pedido.
Períodos para agendamento.
4.3.1 PICKING DISCRETO
Nesse procedimento, cada operador é responsável por um pedido por vez e pega
apenas um produto de cada vez. Existe apenas uma janela de agendamento por turno. Esse
tipo de organização possui uma série de vantagens, principalmente por ser a mais simples,
adequando-se perfeitamente quando toda a documentação está em papel. O risco de erros na
atividade é reduzido, por existir apenas um documento para cada ordem de separação de
produtos. No entanto, é o procedimento menos produtivo, pois como o operador deve
completar toda a ordem de separação, o tempo de deslocamento é muito maior que nos outros
procedimentos.
Figura 25: Picking Discreto
Fonte: Rodrigues (2007)
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 49
Importante notar que cada pedido é iniciado e completo por apenas um operador e que
apenas um produto é pego por vez. O primeiro operador que acabar seu trabalho, que no
exemplo seria o terceiro operador, pegaria o próximo pedido (Pedido 4, não exemplificado).
4.3.2 PICKING POR ZONA
Nessa forma de organização, as áreas de armazenagem são divididas em zonas. Cada
zona possui determinados produtos. Cada operador da atividade de picking está relacionado
com uma dessas zonas. Quando uma ordem de pedido chega, cada operador pega todas as
linhas de produtos referidas a esse pedido que fazem parte da sua zona de trabalho. Se o
pedido estiver completo, ele pode ser despachado. Caso contrário, ele irá para a próxima zona
de picking e o próximo operador colocará os produtos necessários. Esse tipo de procedimento
é mais utilizado quando temos diferenças de produtividade entre os trabalhadores ou
diferenças de equipamentos/tecnologias utilizadas na área de picking. Com isso, as zonas de
picking são determinadas de forma até obtermos um balanceamento da carga de trabalho entre
as zonas. Existe apenas um período para o agendamento da atividade de picking.
Figura 26: Picking por Zona
Fonte: Rodrigues (2007)
Como comentado anteriormente, é uma estratégia ideal quando temos tecnologias
diferentes ou quando a produtividade dos operadores não é homogênea. No nosso exemplo, o
operador 1 é o mais produtivo, ficando com 2 produtos na sua zona de picking. Com isso,
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 50
temos um aumento de produtividade com relação à estratégia anterior, porém a operação é um
pouco mais complexa.
4.3.3 PICKING POR LOTE
No procedimento anterior, diferentes produtos são coletados para completar um pedido
por vez. No picking por lote o procedimento ocorre de modo diferente: o operador espera a
acumulação de um certo número de pedidos. Em seguida, são observados os produtos comuns
a vários pedidos. Quando o operador faz a coleta, ele pega a soma das quantidades de cada
produto, necessárias para atender todos os pedidos. Em seguida, ele distribui as quantidades
coletadas por cada pedido. Por trabalhar com vários pedidos por coleta, esse tipo de
procedimento possui um ganho de produtividade em relação aos outros. No entanto, é
indicado apenas quando os produtos são coletados na maioria em quantidades fracionadas
(não em caixas), e quando os pedidos possuem poucos produtos diferentes (1 a 4) e pequenos
volumes. O ganho de produtividade ocorre pela redução de tempo em trânsito dos operadores.
Um ponto negativo desse procedimento é sua maior complexidade e sua necessidade de
utilizar severas mensurações para minimizar os riscos de erros. Tais mensurações podem ser
feitas utilizando as soluções tecnológicas atuais. Novamente, temos apenas um período para o
agendamento (programação) da atividade de picking.
Figura 27: Picking por Lote
Fonte: Rodrigues (2007)
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 51
No picking por lote, um pedido é processado apenas por um operador, e diferentes
produtos são coletados em cada pega. Isso acelera a produtividade, mas como comentamos, é
indicado apenas para configurações com poucos produtos.
4.3.4 PICKING POR ONDA
Esse método é similar ao picking discreto. Ou seja, cada operador é responsável por
um tipo de produto por vez. A diferença está no agendamento de um número de pedidos ao
longo do turno. Geralmente esse tipo de procedimento é utilizado para coordenar as funções
de separação de pedidos e despacho.
Além das estratégias apresentadas anteriormente, temos as combinações entre
estratégias puras. A estratégia de picking por zona-lote, por exemplo, é a estratégia de zona,
onde cada operador é responsável por determinado número de produtos, e onde os pedidos são
agrupados em lote. Podemos resumir na matriz seguinte, as diferentes estratégias de atividade
de picking, as consideradas puras e as mistas.
Tabela 1: Estratégias de Picking
Fonte: Rodrigues (2007)
Uma estratégia de organização da atividade de picking mais recente e inovadora é
chamada de bucket-brigades. Desenvolvida por professores da Georgia Tech, ela se diferencia
das anteriores por ser uma estratégia que torna o sistema ajustado automaticamente
(balanceado).
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 52
4.3.5 BUCKET BRIGADES
Segundo Rodrigues (2007), a estratégia de picking “Bucket-Brigades” tem sido
utilizada em linhas de produção pela sua funcionalidade de auto-balanceamento. A seguir
algumas empresas que tem utilizado essa estratégia com resultados expressivos:
1. Blockbuster Music: atividade de picking.
2. Subway: aplicou a estratégia na montagem de sanduíches.
3. Mitsubishi Consumer Electronics America: montagem de televisores e embalagens de
telefones celulares.
4. Readers Digest: obteve 8% de aumento na produtividade do picking e uma redução de
35% nos erros de coleta e separação.
Uma grande dificuldade após a escolha da estratégia de picking a ser adotada, está na
necessidade de balanceamento da linha, para que nenhum operador ou equipamento fique
sobrecarregado e para que a linha de produção tenha sua capacidade máxima. Esses ajustem
devem ser feitos periodicamente e utilizadas as mais recentes e precisas informações
disponíveis. Uma grande promessa dessa nova estratégia é o fato dela ser auto balanceável.
Ou seja, aumentando ou diminuindo a taxa de pedidos, o sistema é organizado de tal forma
que existe um auto-ajuste, sem aumentar nem diminuir a ocupação dos operadores.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 53
Figura 28: Estratégia de Picking Bucket-Brigades
Fonte: Rodrigues (2007)
Podemos entender o funcionamento dessa estratégia através da figura anterior.
Suponha que o sistema possua três operadores. Os operadores trabalham de modo discreto, ou
seja, não existem zonas nem lotes de pedidos. O operador no final da linha (3) é mais
produtivo que o segundo operador (2) que, por conseguinte é mais produtivo que o primeiro
operador (1). Por mais produtivo, entendemos que o operador realiza o mesmo movimento ou
operação em um menor espaço de tempo. A estratégia começa com o operador 3 processando
o primeiro pedido, o operador 2 o segundo pedido e o operador 1 processando o terceiro
pedido. Existem outros pedidos em fila esperando para serem processados, como será
mostrada na figura seguinte. Em seguida, o operador 3 termina de completar um pedido
(quadro 2). Nesse momento existe uma realocação do trabalho de cada operador (quadros 3 e
4). O operador 3 pega o pedido que o operador 2 estava trabalhando. O operador 2 pega o
pedido que o operador 1 estava trabalhando e o operador 1 pega um novo pedido que estava
na fila de espera. Quando o operador 3 completa a coleta de produtos desse pedido, o
processo se reinicia.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 54
Figura 29: Visão do processo da estratégia Bucket-Brigades de Picking
Operador 3 Operador 2 Operador 1
Pedido 1 Pedido 2 Pedido 3
Pedido 2 Pedido 3 Pedido 4
DESPACHO ENTRADA
Pedido 3 Pedido 4 Pedido 5
Pedido (N) Pedido (N+1) Pedido (N+2)
Fonte: o autor.
NOTA: a linha de coleta é balanceada pelo operador 3, o mais rápido. O processo mantém um sequêncial lógico de
entrada e saída das listas de pedido.
Apesar de parecer uma estratégia aparentemente simples, ela exige uma rigorosa
coordenação entre os operadores, um estudo prévio de produtividade de cada um e uma
preparação dos pedidos de acordo com a configuração física dos racks. No entanto, é
matematicamente comprovado que essa estratégia de organização do trabalho faz com que os
trabalhadores gravitem em torno da ótima divisão do trabalho, eliminando a atividade de
balanceamento e planejamento. Podemos então apontar como principais benefícios da
utilização de estratégia de Bucket-Brigades:
Redução de necessidade de planejamento e administração, pois torna a linha se auto
balanceável;
Processo se torna mais ágil e flexível pelo auto-ajuste;
Aumento de unidades processadas, além da tendência de divisão ótima do trabalho;
Trabalho secundário reduzido e qualidade aumentada pela redução do work-in-
process.
4.3.6 O SISTEMA DE PICKING BY-LIGHT
Segundo Rodrigues (2007), este sistema concilia performance e flexibilidade
conseguindo, graças a isso, ser um dos sistemas mais difundidos no Brasil. O picking by-light,
demonstrado na figura a seguir, integra a utilização de esteiras rolantes, leitores óticos e
sensores com as tradicionais estruturas flow racks manuseadas por operadores.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 55
Figura 30: Estratégia de Picking By-light
Fonte: Rodrigues (2007)
O bom desempenho deste sistema é obtido através da disposição dos produtos ao redor
dos funcionários, que coletam apenas os produtos da sua estação de trabalho, não precisando
se locomover nem movimentar as caixas dos pedidos que são transportadas de forma
automática por meio de uma correia transportadora. Além disso, os mostradores digitais de
cada posição do flow-rack indicam automaticamente o local e o número de unidades que
devem ser coletados, tornando desnecessário o picking-list, o que acelera o processo de coleta
dos operadores. A flexibilidade é resultado da participação dos operadores no manuseio, que
além de considerar as características específicas de cada produto, inclusive a fragilidade,
possa, simultaneamente, coletar e organizar os produtos nas caixas de entrega.
4.4 COMO ESCOLHER ENTRE DIVERSAS ESTRATÉGIAS E
EQUIPAMENTOS
Conforme Rodrigues (2007), através de modelos computacionais (softwares de
simulação) é possível mensurar operacionalmente e financeiramente o custo de cada
alternativa, observando se o custo é compatível com o desempenho desejado do sistema. Uma
das vantagens do uso de simulações é a de evitar a compra antecipada de equipamentos ou
contratação de recursos, já que todas as alternativas podem ser modeladas e testadas
“virtualmente”.
No capítulo a seguir o autor deste trabalho de pesquisa pretende elucidar o assunto
tratado, demonstrando através de um estudo de caso a importância da atividade de picking.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 56
5. ESTUDO DE CASO SOUZA CRUZ
O autor deste trabalho de pesquisa, em visita ao “Centro Integrado de Distribuição da
Souza Cruz (CID – SP)” na cidade de São Paulo, onde são distribuídos cerca de 85 milhões de
cigarros para aproximadamente 9,5 mil clientes todos os dias. Esta visita permitiu conhecer as
instalações físicas e os procedimentos operacionais da empresa.
O sistema que a empresa adota consegue manter o lead time de entrega em 24 horas
para as regiões da Grande São Paulo e Baixada Santista e áreas do interior localizadas num
raio de 100 km da CID-SP. A Souza Cruz oferece um tempo de ressuprimento curto para seus
clientes a fim de ajudá-los a manter um estoque pequeno de produtos e, consequentemente,
menor quantidade de capital parado. Para tal êxito o seu processo de picking, como os já
vistos no capítulo 4 deste trabalho, teve que ser revisto. A seguir será demonstrado o seu
desenvolvimento atual.
5.1 DESCRIÇÃO DO PROCESSO “SOUZA CRUZ”
5.1.1 CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO INTEGRADA - CID
A localização CID foi estrategicamente escolhida, situado numa região de grande
concentração de consumidores e ramais rodoviários para várias outras regiões, é situado às
margens da Marginal do Rio Tietê em São Paulo, ao lado do viaduto da Avenida Salim Farah
Maluf, perto da saída das rodovias Presidente Dutra, Fernão Dias e Airton Senna. Possui fácil
acesso para as Rodovias dos Bandeirantes, Anhanguera, Castelo Branco e Régis Bittencourt
apenas trafegando pela Marginal ou pela Rodovia Presidente Dutra, acessando o Rodoanel.
Têm acesso também às Rodovias Anchieta e Imigrantes, mas para isso é necessário cruzar a
cidade.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 57
O armazém tem um pé direito de 10 metros, possui 1152 posições para pallets e conta
corredores de 1,5 metros. O giro de 2,5 dias com uma margem de segurança para agüentar até
4 dias sem comprometer a operação. Conforme o item 3.2 este trabalho de pesquisa, a Souza
Cruz utiliza a organização descrita no item 3 – Armazenagem por freqüência. Os produtos de
maior giro, como as marcas “Free e Derby”, ficam nos porta-pallets mais próximos à saída.
5.1.2 VENDA E EMISSÃO DO PEDIDO
Através de uma ligação telefônica, ou por uma visita de um representante da Souza
Cruz, é feito o pedido. Neste último, o mesmo registra as vendas em um PDA (Personal
digital assistants - Assistente Pessoal Digital, é um computador de dimensões reduzidas)
internamente chamado de terminal portátil de venda (TPV) e em um horário determinado ele
envia os pedidos para o centro de processamento de dados sincronizando via infravermelho do
PDA e o telefone celular, onde são enviadas todas as informações por sistema GPRS (General
Packet Radio Service, é um serviço móvel de transmissão de dados, disponível aos usuários
dos telefones celulares GSM e IS-136 móveis).
5.1.3 ROTEIRIZAÇÃO
Na central de processamento de dados da empresa os pedidos chegam e são
organizados e o software roteiriza dor monta os vários trajetos dos motoristas. O mesmo
possui informações sobre as áreas de maior risco de roubos, se há demanda de maior
preocupação com segurança. Existe um profissional que verifica as rotas formadas e realiza as
modificações necessárias para tornar as entregas mais eficientes e eficazes.
Definida a roteirização, as notas fiscais dos pedidos são emitidas na ordem em que
devem ser entregues aos clientes. Esta ordem é passada para cada motorista pela manhã,
momentos antes de iniciar a entrega dos pedidos.
5.1.4 ATIVIDADE DE PICKING NO CID
No mesmo momento que as notas fiscais são emitidas o pedido começa a ser
processado no armazém. A figura a seguir observar-se-á configuração física do CID e o
processo operacional da atividade no local.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 58
Figura 31: Layout da Área de Armazenagem da Souza Cruz
Fonte: o autor
As caixas com os pacotes de cigarros chegam ao armazém da Souza Cruz em carretas,
são descarregados em docas específicas (1) para essa operação que contam com plataformas
niveladoras e transportadores contínuos flexíveis para descarga dessas caixas que são
paletizadas (2) e destinadas aos porta-pallets (3). Dos porta-pallets vão para a entrada do
picking, seja ele manual (4) ou automático (6 e 7).
O picking manual utiliza a estratégia por zona. Os operadores se posicionam em frente
ao flow-rack para receber uma caixa com uma etiqueta dizendo a quantidade de cada produto
no pedido. Sendo assim, o primeiro operador monta a caixa, coloca a etiqueta nela e, se for o
caso, coloca o produto que lhe foi designado. Após essa operação, ele envia a caixa para o
operador seguinte que observa a etiqueta e, se for o caso, coloca o produto designado para ele
e assim sucessivamente até o final da linha de montagem do pedido. No CID-SP existem 4
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 59
linhas de montagem de pedidos manual. Estas linhas disputam um prêmio interno para a linha
com melhor eficiência (montagem do maior número de pedidos por turno com a menor
quantidade de erro). É uma forma de incentivar os operadores a trabalhar de maneira rápida,
porém com atenção.
O picking automático é dotado de flow-racks automáticos (6). Esses flow-racks
recebem os dados da CPD já roteirizados e liberam os pedidos de acordo com a roteirização
feita e a velocidade dos operadores montarem os pedidos no final da linha (7). Após o
recebimento dos dados, o sistema libera as quantidades exatas para um determinado pedido. O
operador acompanha o pedido que irá montar em um monitor (7.1). Enquanto aguarda a
chegada dos pacotes, o operador coloca uma bandeja de plástico com um código de barras na
lateral externa da mesma sobre a esteira (7.2) e monta uma caixa sobre essa bandeja
colocando na parte externa da caixa a etiqueta do pedido. Assim que chegam os pacotes do
pedido, ele confere com as quantidades mostradas no monitor, coloca os produtos dentro da
caixa e empurra a bandeja na esteira, fazendo que o leitor de código de barras leia a etiqueta
da caixa e interprete que aquele pedido já foi finalizado e pode ser encaminhado para a
roteirização. Neste mesmo instante o sistema já faz a leitura do próximo pedido para esse
operador e, enquanto aguarda a chegada dos produtos ele tem o tempo correto para colocar
uma nova bandeja na esteira e montar uma nova caixa.
Enquanto isso, a caixa montada anteriormente passa pela esteira onde é colocada em
ordem (lembrando que existem os pedidos dos outros operadores) para ser alocada no veículo
de entrega seguindo FILO (first in, last out).
Existem as marcas de menor giro ou marcas com embalagens diferenciadas e que não
utilizam dos flow-racks automáticos, pois é inviável (por motivo econômico e formato
incompatível respectivamente) o uso desse aparelho para elas. Para isso existe uma área com
um flow-rack manual (7.4) onde um operador acompanha por um monitor o pedido que tem
que ser montado realizando o procedimento praticamente igual aos que recebe os produtos da
máquina. Após todo esse processo, as caixas, passam por uma nova contagem (7.5), são
fechadas e paletizadas para entrar no veículo que fará a distribuição.
5.1.5 DESPACHOS E ENTREGAS
O motorista chega pela manhã a CID-SP e encontra o veículo abastecido e pronto para
sair do local com a carga e as notas fiscais na seqüência que deverá ser entregue os pedidos. A
cada entrega o motorista registra em um aparelho chamado de PCA (Prestação de contas
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 60
automático) que consiste num sistema automático de prestação de contas das entregas, onde
as informações são enviadas pela mesma interface do TPV ao setor de controladoria para a
contabilização das movimentações financeiras confrontando os resultados finais das entregas
e apurando qualquer divergência entre o montante e a forma de pagamento que foram
enviados para a Souza Cruz. Ao fim do dia o veículo é lavado e abastecido para nova
operação no dia seguinte.
Cada veículo possui sistema de rastreamento por GPS (Global Position System –
sistema de rastreamento por satélite) e sistema de rádio. Caso tenha qualquer problema, de
natureza mecânica ou roubo (conforme descrito no item 3.1.1.4), a Souza Cruz consegue
emitir um pedido e então colocar um veículo que faça as entregas restantes comprometendo
pouco o prazo de entrega. Existe também um sistema para controle do abastecimento da frota
que fornece dados importantes como consumo de combustível. Toda a frota é dotada de
sistema de gás como combustível (tanto vans quanto veículos pequenos).
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 61
CONCLUSÃO
O autor deste trabalho entende que a busca por economia nas grandes empresas está
atrelado muitas vezes redução de custos e para que isto aconteça devem reavaliar suas
estratégias logísticas.
A cada instante, novas tecnologias são descobertas, sejam elas em equipamentos ou
em procedimentos, às vezes ocasionada por uma necessidade, como o caso do Sistema Toyota
de Produção (processos enxuto), um grande marco estratégico na administração da produção,
conceitos e tecnologia que se alastra pelo mundo empresarial.
Ao proposto no objetivo 1, a função armazenagem, que envolve uma quantidade muito
grande de recursos da empresa e que merece a atenção especial por parte de seus dirigentes.
Este trabalho de pesquisa embasado num referencial teórico, exposto nos capítulos 2 e 3,
deixou claro a importância da armazenagem para os processos logísticos do produto em
direção ao mercado de consumo, a responsividade da cadeia de suprimentos para com o
cliente, e para que isto ocorra, ficou claro que, a tecnologia, seja com equipamentos ou
softwares de gestão, bem como novos procedimentos e formas de gestão de materiais são
imprescindíveis. Manter uma rede de fornecedores e prestadores de serviços logísticos de
confiança é estratégico pois ajuda a reduzir custos. Como foi abordado por Gerson dos
Santos, houve um tempo em que colocavam qualquer pessoa para tomar conta dos
almoxarifados pois não se davam conta da importância da atividade para a empresa. Hoje são
profissionais altamente qualificados os responsáveis por essa atividade por haver o
entendimento que a atividade concentra uma gama de recursos da empresa muito grande.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 62
Ao proposto no objetivo 2, o autor conceitua e fundamenta a atividade de picking,
assunto pertinente pois com o desenvolvimento e o nível de exigência do mercado
consumidor, as empresas buscam ter alta responsividade em resposta aos clientes.
Demonstrando a importância estratégica de planejamento da atividade, escolha de tecnologias
adequadas de acordo com a configuração física da empresa, adaptando sistemas e
procedimentos que ajudam a gerir esse processo tão importante, que visam diminuir a
quantidade de erros em pedidos, fazendo chegar apenas o que foi solicitado pelo cliente no
prazo combinado.
Ao proposto no objetivo 3 e tratado no capítulo 5 deste trabalho de pesquisa, o autor
com a construção do estudo de caso da empresa Souza Cruz S/A, demonstra na prática a
importância da função armazenagem para a logística empresarial, e demonstra como uma
empresa pode obter uma vantagem no uso estratégico de sua área de montagem de pedidos,
ou seja, “picking”. A Souza Cruz S/A em sua atividade de picking, automatizada e implantada
recentemente com sucesso, se consolida frente aos seus concorrentes, conforme o Sr Heliomar
a empresa obteve redução de custos pelo fluxo contínuo e pela diminuição dos lead-times dos
processos operacionais tanto da produção, bem como do administrativo e também do
despacho dos produtos, a informação hoje é obtida em tempo real, que proporciona que a
tomada de decisão, independente se é no nível estratégico, ou tático, ou ainda no operacional,
é facilitada e mais rápida, o produto passou a ter alta visibilidade, com um estoque enxuto e
suficiente para atender a seus clientes em 24 horas. Esta visita técnica para o autor veio a
somar em seus conhecimentos, pois ao visto em sala de aula como teoria acadêmica, se junta
agora à visão operacional de processo conhecida, e a importância do estudo e do assunto.
Por essas razões o autor conclui que o estudo das estratégias de picking se torna
imprescindível e que deve ser aperfeiçoado e estudado frequentemente, e com isto novos
estudos devam ser apresentados com esta finalidade.
Atividade de picking, com estudo de caso da indústria de cigarros Souza Cruz S/A - 63
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