Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS LUÍS FELIPE GUIMARÃES PELLUZI ATIVIDADE RURAL FAMILIAR: ENFOQUE EM UM CASO PRÁTICO DE UMA GRANJA DE CORTE

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Trabalho de conclusão do curso de Ciências Contábeis da Universidade de Mato GrossoCuiabá -MT 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ADMINISTRAÇÃO E CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

LUÍS FELIPE GUIMARÃES PELLUZI

ATIVIDADE RURAL FAMILIAR: ENFOQUE EM UM CASO PRÁTICO

DE UMA GRANJA DE CORTE

CUIABÁ - MT

2013

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LUÍS FELIPE GUIMARÃES PELLUZI

ATIVIDADE RURAL FAMILIAR: ENFOQUE EM UM CASO PRÁTICO

DE UMA GRANJA DE CORTE

Monografia apresentada junto ao Curso de Ciências

Contábeis da Universidade Federal de Mato Grosso,

como requisito para obtenção do título de Bacharel

em Contabilidade.

Orientador: Professor Doutor Benedito Albuquerque da Silva

CUIABÁ - MT

JANEIRO 2013

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LUÍS FELIPE GUIMARÃES PELLUZI

ATIVIDADE RURAL FAMILIAR: ENFOQUE EM UM CASO PRÁTICO

DE UMA GRANJA DE FRANGO DE CORTE

Monografia defendida e aprovada em ____/____/____ pela banca examinadora constituída

pelos professores:

______________________________________Professor

______________________________________Professor

______________________________________Professor

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais e minha madrinha pelo incentivo e apoio necessário em toda minha jornada.

Aos professores da Faculdade de Ciências Contábeis, em especial ao Professor Benedito

Albuquerque da Silva pelo auxilio neste trabalho e ao Professor Adail José pelo apoio a volta

ao curso de Ciências Contábeis.

Aos amigos pela ajuda em diversos momentos.

À Rosângela Aparecida Vicente Söhn pelo suporte ao acesso às bibliografias.

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RESUMO

Esta monografia tem como objetivo desenvolver um estudo sobre a atividade rural familiar, sendo demonstrada sua participação e importância para economia e sociedade brasileira, com um enfoque exclusivo na avicultura, criação de frango de corte. Através desta importância um caso prático real é estudado a fim de avaliar se esta granja é autossustentável e esta sob o que se espera para a atividade rural familiar. Os dados são levantados conforme leis e práticas contábeis pertinentes a este tipo de atividade, sendo estes expostos devidamente neste trabalho. Ao final, foi possível concluir que a contabilização inadequada pelo produtor não traduz a real situação de sua atividade, deste modo o mesmo não possui informações gerencias para tomada de decisões que solucionariam seus problemas.

Palavras-chaves: atividade rural familiar, frango de corte, custo de manutenção.

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ABSTRACT

This monograph aims to develop a study on the rural family activity, and demonstrated its involvement and importance to the economy and society in Brazil, with an exclusive focus on poultry, rearing of broilers. Through this real importance of a practical case is studied in order to assess if this farm is self-sustaining and is under the expected activity for the rural family. Data are collected as laws and accounting practices relevant to this type of activity, which are exposed in this work properly. At the end, we concluded that the improper accounting by the producer does not reflect the real situation of their activity, so it does not have information for managerial decision-making that would sort their problems out.

Keywords: rural family activity, broiler, maintenance cost.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.......................................................................................................................12

1. ASPECTOS GERAIS SOBRE ATIVIDADE RURAL, ATIVIDADE RURAL

FAMILIAR E AVICULTURA..............................................................................................14

2. ASPECTOS CONTÁBEIS E FISCAIS NA ATIVIDADE DE AVICULTURA NA

ÁREA DE PRODUÇÃO DE CARNE...................................................................................18

1.1 ATIVO CIRCULANTE > ESTOQUE:.....................................................................18

1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE > IMOBILIZADO:...................................................19

1.2.1 Depreciação.........................................................................................................19

1.3 ESCRITURAÇÃO.....................................................................................................20

1.3.1 Livro caixa..........................................................................................................20

1.3.2 Registros contábeis.............................................................................................23

1.3.3 Encerramento de exercício..................................................................................25

1.4 IMPOSTO DE RENDA.............................................................................................25

1.4.1 Formas de apuração............................................................................................25

1.4.2 Receita bruta.......................................................................................................26

1.4.3 Reconhecimento da despesa...............................................................................28

1.4.4 Despesa de custeio e investimento......................................................................29

1.4.5 Custo dos bens adquiridos..................................................................................30

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1.4.6 Custo na alienação de imóvel rural.....................................................................31

1.4.7 Aquisição a prazo................................................................................................31

1.4.8 Resultado da Atividade Rural.............................................................................34

1.4.9 Compensação de Prejuízos.................................................................................34

1.5 Classificação Dos Custos...........................................................................................35

1.5.1 Gastos..................................................................................................................35

1.5.2 Investimentos......................................................................................................35

1.5.3 Despesas..............................................................................................................36

1.5.4 Custos..................................................................................................................36

1.5.5 Desembolso.........................................................................................................42

3. CASO PRÁTICO............................................................................................................43

1.6 ABORDAGEM DA GRANJA...................................................................................43

1.7 RESULTADO............................................................................................................43

1.7.1 Mapa de Custos...................................................................................................44

1.7.2 Fase de Confinamento.........................................................................................47

1.7.3 Fase de Piquete...................................................................................................49

CONCLUSÃO.........................................................................................................................53

REFERÊNCIAS......................................................................................................................55

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 – Consumo per Capita de Carne de Frango por quilogramas.................................16Gráfico 02 – Produção de Carne de Frango por milhões de toneladas.....................................16Gráfico 03 – Custos variáveis relativos da primeira fase.........................................................48Gráfico 04 – Custos variáveis relativos da segunda fase..........................................................50Gráfico 05 – Custos e despesas fixas........................................................................................51

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Tabela de depreciação de animais vivos 22Tabela 02 – Cálculo da mão-de-obra direta 44Tabela 03 – Cálculo do custo da ração 45Tabela 04 – Cálculo do custo da matéria-prima pintinhos 45Tabela 05 – Cálculo do custo da medicação 45Tabela 07 – Cálculo da depreciação do poço artesiano 46Tabela 08 – Cálculo do custo da energia elétrica 46Tabela 09 – Outros custos 46Tabela 10 – Custo Direto da fase de confinamento 47Tabela 11 – Custos Indiretos da fase de confinamento 47Tabela 12 – Total dos custos variáveis da primeira fase 47Tabela 13 – Custo direto da fase de piquete 49Tabela 14 – Total dos custos variáveis da segunda fase 49Tabela 15 – Custos fixos 50Tabela 16 – Demonstração de Resultado Econômico 51Tabela 17 – Demonstração de Resultado Financeiro 52

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LISTA DE QUADROS E FIGURAS

Figura 01 – Livro Caixa 24Figura 02 – Livro Caixa Manual 25Figura 03 – Livro Caixa Eletrônico 26Figura 04 – Tabela de custos dos pintinhos em sua primeira e segunda etapa de criação 27Figura 05 – Classificação dos frangos no ativo circulante por qualidade 28Figura 06 – Recebimento de venda a prazo 30Figura 07 – Receita proveniente de cotação a maior conforme contrato celebrado 31Figura 08 – Exemplo escrituração livro caixa devolução de venda 32Figura 09 – Venda de frango com devolução parcial da venda 32Figura 10 – Despesas provenientes a cotação a menor conforme contrato celebrado 32Figura 11 – Pagamento das parcelas da aquisição a prazo 35Figura 12 – Despesas provenientes da aquisição do empréstimo e resevatório 35Figura 13 – Despesas provenientes do pagamento de encargos financeiros 36Figura 14 – Despesas provenientes de pagamento de consórcio 37Figura 15 – Diagrama da classificação de gastos 38Figura 16 – Diagrama de Custo Direto 40Figura 17 – Diagrama de Custo Indireto 42

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LISTA DE ABREVIATURAS

MDS Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

UBABEF União Brasileira de Avicultura

MCR Manual de Crédito Rural

RIR Resolução do Imposto de Renda

IR Imposto de Renda

VTN Valor relativo à Terra Nua

NBC

IAPAR

Normas Brasileiras de Contabilidade

Instituto Agrônomo do Paraná

PROAG

O

Programa de Garantia da Atividade Agropecuária

AGF Aquisições do Governo Federal

NBC Normas Brasileiras de Contabilidade

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa trata sobre a atividade rural familiar com um foque exclusivo para

avicultura, criação de frango de corte. A importância e a grande participação da atividade

familiar na economia brasileira, tanto para os produtores quanto aos consumidores destes

produtos.

A justificativa deste trabalho está em demonstrar a importância da contabilidade

custos e da sua devida mensuração, pois estes fatores demonstram o caminho que o produtor

está seguindo em sua produção, seja um caminho de lucro ou prejuízo, chegando até mesmo,

sem perceber, retirar recursos próprios para alimentar uma atividade sem retorno.

Em vista da importância exposta o estudo busca um caso prático real para se detectar

como anda a saúde financeira de uma granja, levando ao entendimento de como está o

resultado desta, bem como, apontar itens relevantes que poderão nortear os caminhos

contábeis a serem utilizados para mensurar os dados necessários.

A problemática é a relação entre o proprietário e seus levantamentos de dados. O

proprietário da granja apura seus custos? Se ele apura, há alguma metodologia contábil para

que haja uma mensuração adequada? Então como fazer para um controle mais adequado na

apuração dos dados?

Devido ao alto grau de informalidade que predomina na agricultura familiar, os

pequenos produtores não adotam as praticas do registro contábil então, isso pode levá-los ao

desconhecimento dos seus custos e do seu resultado real.

Para alcançar o objetivo deste trabalho o caminho a ser percorrido está em apresentar

os aspectos contábeis voltados para a produção de frango de corte, o regime contábil, neste

caso o regime de caixa, exposições das praticas e das leis vigentes para esta atividade, bem

como casos práticos teóricos para cada lei e por fim o levantamento de dados através

aplicação dos itens apresentados, chegando ao resultado da granja em estudo, usando de uma

tradução mais acessível possível, pensando que este trabalho seja instrumento de auxilio para

um publico não habituado com a contabilidade de custos.

Para atender a metodologia a granja em estudo será acompanhada por um período de

quatro meses consecutivos, este período é o ciclo para maturação do produto final, desde sua

aquisição até o momento de sua venda.

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Após toda coleta, os dados serão processados através de uma planilha estruturada, de

maneira específica para este estudo e assim a ter informação para conclusões sobre os custos

de manutenção do objeto em estudo, juntamente com sua situação financeira.

A monografia está divida em seções sendo: na 1ª seção será apresentada uma

discussão teórico-conceitual acerca da atividade rural, agricultura familiar e avicultura, na 2ª

seção serão abordados os aspectos contábeis e fiscais pertinentes à atividade de avicultura e

por fim na 3ª seção será apresentando um caso prático de uma granja.

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1. ASPECTOS GERAIS SOBRE ATIVIDADE RURAL, ATIVIDADE RURAL

FAMILIAR E AVICULTURA

Marion (2007 p. 24) define as empresas rurais sendo “aquelas que exploram a

capacidade produtiva do solo através do cultivo da terra, da criação de animais e da

transformação de determinados produtos agrícolas". Seguindo nesta definição, atividade rural

é o objeto que uma empresa exerce e que este objeto acaba por traduzir tal atividade em uma

empresa rural.

Assumindo a atividade rural como objeto, então ele pode ser exercido pela uma

empresa ou por outrem, no parágrafo acima foi exposta a definição de empresas rurais

conforme Marion, mas se esta atividade for exercida por uma pessoa física ela torna então

atividade rural família. Conforme definição do Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome (MDS) a atividade rural familiar é uma forma de produção rural que é

exercida pelo trabalho familiar, ou seja, é a pessoa física que utiliza desta produção como

fonte de renda.

A atividade rural familiar é responsável pela produção dos principais alimentos

consumidos pela população brasileira, logo que o último Censo Agropecuário (2006)

realizado Pelo Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstrou que cerca

de 60% dos alimentos consumidos pela população brasileira são provenientes de agricultores

familiares, aonde no plantel de aves é responsável por 50%.

Dentro da atividade rural há a atividade agrícola, zootécnica e a agroindustrial. Dentre

elas este trabalho seguirá na atividade zootécnica, criação de animais, em especial a

avicultura, que é a criação de aves e seus derivados para a produção de alimentos,

especialmente a carne e ovos.

Ela abrange em grande escala o frango, contudo em menor escala há também a criação

de gansos, codornas, marrecos, avestruzes e patos.

O setor da avicultura de frango é remanejado em três áreas:

a) Produção de ovos com as galinhas poedeiras;

b) Produção de carne com as aves mais pesadas;

c) A dupla produção (tanto produção de ovos e de carnes).

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Quando relacionada com a produção de carne, é a atividade avícola é mais dinâmica

do setor, desenvolvida na Região Sudeste, principalmente em São Paulo, em 1950. Foi na

década de 70 o período que houve uma maior reorganização do complexo de produção de

carne no Brasil, deslocando-se para outras regiões sendo a atividade liderada então pelos

estados de Santa Catarina e Mato Grosso.

A qualidade, a ideia de um produto saudável e os preços mais acessíveis auxiliou uma

mudança no hábito de consumo de carnes de um país preponderantemente consumidor de

carne bovina para consumo da carne de frango. Haja vista que se trata de bens substitutos, ou

seja, a presença de um bem omite a presença de outro (empiricamente nota-se este fato nas

refeições na qual, em situação comum, ora escolhe carne bovina ora carne de frango).

Com este novo hábito de consumo de carne de frango, observa-se o crescimento do

consumo per capita do mesmo, que em 2000 estava em 29,91kg por habitante e que no ano de

2011 houve um significativo crescimento de 59%, ou seja, 47.38kg por habitante.

Evidente que este aumento da demanda interna leva no aumento da produção, então no

ano de 2000 a produção de 5.98 milhões de toneladas de carne de frango atingiu o número de

13,05 milhões, mais que duplicou.

Há também de notar que dentro do consumo da carne de frango existe também uma

parcela referente á exportação, todavia 70% do consumo são destinadas ao mercado interno, o

que demonstra o Relatório anual do ano de 2012 da União Brasileira de Avicultura

(UBABEF).

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2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

29.9131.82

33.81 33.34 33.89 35.48 35.68 37.02 38.47 38.47

44.0947.38

Consumo per Capita (kg/hab)

Gráfico 01 – Consumo per Capita de Carne de Frango por quilogramas

FONTE: UBABEF. RELATÓRIO ANUAL, 2012, p. 23

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

5.986.74

7.52 7.848.49 8.95 9.34

10.3110.94 10.98

12.2313.05

Produção de Carne de Frango (milhões toneladas)

Gráfico 02 – Produção de Carne de Frango por milhões de toneladas

FONTE: UBABEF. RELATÓRIO ANUAL, 2012, p. 22

O grande aumento do consumo da carne de frango leva o aumento da participação dos

produtores familiares na economia. Na oportunidade desta participação de agricultores

familiares o governo brasileiro, em 2002, criou o Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar (PRONAF).

O PRONAF disponibiliza recursos para tais produtores de porte familiar, lembrando

que não somente para os criadores de frango, tenham como custear a sua produção e a

comercialização de seus produtos, deste modo a incentivar também a métodos de produção

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mais eficientes, que por consequência trazem uma melhoria no uso dos recursos naturais e

puxando também o avanço no padrão de vida da população rural.

Então de acordo com Manual de Crédito Rural (MCR). Resolução nº 3.3559, o

PRONAF destina-se

“ao apoio financeiro das atividades agropecuárias e não-agropecuárias exploradas

mediante emprego direto da força de trabalho da família produtora rural,

entendendo-se por atividades não-agropecuárias os serviços relacionados com

turismo rural, produção artesanal, agronegócio familiar e outras prestações de

serviços no meio rural, que sejam compatíveis com a natureza da exploração rural e

com o melhor emprego da mão-de-obra familiar”

Para acessar os créditos do PRONAF é necessário obter nos sindicatos uma declaração

chamada de Declaração de Aptidão. Após o preenchimento desta declaração, haverá uma

avaliação conforme a renda anual do produtor e as atividades exploradas.

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2. ASPECTOS CONTÁBEIS E FISCAIS NA ATIVIDADE DE AVICULTURA

NA ÁREA DE PRODUÇÃO DE CARNE

A Contabilidade Rural, apesar de seguir as Práticas Contábeis, possui características

próprias, pois o seu ciclo operacional tem um tempo maior que as empresas convencionais,

logo a definição para curto prazo costuma ser maior que um ano. Por exemplo, a criação de

gado, haja vista que o mesmo leva um período de tempo maior do que um ano para nascer,

crescer e estar com tamanho ideal para o abate. Outra característica notável é a presença

muito frequente da contra patrimonial reserva de contingência, devido à imprevisibilidade

das atividades agrícolas (secas, pragas, geadas etc). No entanto, neste estudo será

apresentada somente a contabilização no que toca mais a criação pecuária/avícola.

Para as atividades das Entidades Pecuárias, o registro contábil abrange desde a

fecundação, até a comercialização, dividindo-se em:

a) Cria e recria de animais para comercialização de matrizes;

b) Cria, recria ou compra de animais para engorda e comercialização;

c) Cria, recria ou compra de animais para comercialização de seus produtos derivados,

como.

1.1 ATIVO CIRCULANTE > ESTOQUE:

Portanto, os rebanhos que são de interesses à venda ou a consumo serão registrados

nessa conta e ficarão sujeitos à avaliação de estoque, devido a sua finalidade, pelo preço de

mercado, custo médio ou inventário físico conforme o Parecer Normativo Coordenador de

Sistema de Tributação nº 6/79.

Recomenda-se que a cria recém-nascida seja classificada de início Ativo Circulante >

Estoque até que atinja a idade necessária para realizar suas atividades, feito isto, esta cria

será analisada conforme sua finalidade podendo ser reclassificada para o Imobilizado.

O valor do custo das novas crias poderá ser apurado pelo preço real de custo ou pelo

preço corrente de mercado, nesse último caso podendo gerar uma receita de superveniência

ativa, isto é, aumento do ativo e como contrapartida o aumento líquido do patrimônio.

O produtor adquire para sua propriedade 1.000 unidades de pintinhos ao preço de

mercado de R$ 1,70, totalizando R$ 1.700,00. Ao final do seu exercício social ao inventariar

seu patrimônio ele faz uma nova pesquisa de mercado e verifica que seus pintinhos valem

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agora R$ 2,00, ou seja, ele teve um ganho de R$ 300,00 (R$ 0,30 por unidade). Observa-se

que este ganho de Ativo ocorre sem um correspondente esforço realizado no Passivo, assim

ocasiona-se, como contra partida, o aumento direto do patrimônio.

O desaparecimento ou morte de animais terão seus valores registrados em conta de

resultado como insubsistências ativas, ou seja, diminuição do ativo em contra partida a

diminuição liquida do patrimônio.

Utilizando os dados do exemplo acima, o mesmo produtor que adquirir as 1.000

unidades de pintinhos, ao levantar o seu inventário percebe que houve um sumiço,

proveniente talvez de alguma fuga, de 200 unidades (ao preço de aquisição de R$ 1,70) no

total de R$ 340,00. Este prejuízo decorre independentemente de qualquer ação de terceiros

ou do proprietário, então sua contra partida acaba por ser a diminuição direta de seu

patrimônio.

1.2 ATIVO NÃO CIRCULANTE > IMOBILIZADO:

a) Cria Reprodutora: representado por bovinos, suínos, ovinos, equinos e outros

animais destinados à reprodução, ainda que por inseminação artificial;

b) Cria de Renda: representado por bovinos, suínos, ovinos, equinos e outros animais

que o produtor explora para produção de bens que constituem objeto de suas

atividades;

c) Animais de Trabalho: representados por equinos, bovinos, muares, asininos

destinados a trabalhos agrícolas, sela e transporte.

Nota-se que os animais quando presentes no Imobilizado são passíveis de

Depreciação Acumulada, tal depreciação deverá ocorrer no momento que os animais forem

postos as suas atividades.

1.2.1 Depreciação

Conforme a Instrução Normativa nº 162 de 31.12.98, publicada no Suplemento

Especial Informare nº 02/99, segue a baixo as taxas de depreciação para bens vivos:

TABELA DE DEPRECIAÇÃO

Taxa Anual de 20% Taxa anual de 50%

Bovino Aves vivas

Suíno Galos

Cavalar Galinhas

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Assinino Patos

Muar Gansos

Ovino Peru

Caprino Peruas

---- Galinhas de angola

Tabela 01 – Tabela de depreciação de animais vivos

FONTE: INSTRUÇÃO NORMATIVA nº 162, 1998

Se por fins gerenciais o produtor deseje adotar taxas de depreciação maiores daquela

permitidas pela legislação fiscal, deve proceder a comprovação mediante laudo pericial do

Instituto Nacional de Tecnologia, ou de outra entidade oficial de pesquisa científica ou

tecnológica que valide o critério adotado.

O produtor pode utilizar taxas inferiores às admitidas, ou até mesmo deixar de

contabilizar os encargos de depreciação, haja vista a não há obrigatoriedade do cálculo e

registro da depreciação para esta atividade. Mas, se a produtor adotar esta prática em um

determinado período, não poderá recuperar os valores em períodos posteriores, mediante a

utilização de taxas superiores às máximas admitidas para cada exercício.

Um dado produtor adquire 1.000 unidades de aves vivas no ano de X1 pelo valor

1,50 cada unidade. Neste em que o produtor adquiriu estas aves, por motivos quaisquer, ele

decide não calcular a depreciação delas. Se ele tivesse calculado esta depreciação, este ativo

estaria na situação de R$ 750,00 (sendo R$1.500,00 menos a depreciação de 50%).

Como ele não calculou a depreciação em X1, ele não poderá recuperar este valor de

50% depreciando 100% no ano de X2, embora matematicamente fosse o mesmo que os

devidos 50% do ano de X1 e os 50% do ano de X2.

1.3 ESCRITURAÇÃO

Para a atividade rural de pessoa física utiliza-se para fins tributários o regime de

Caixa, conforme a Resolução do Imposto de Renda (RIR) publicada no Diário Oficial em

29/03/1999.

1.3.1 Livro caixa

O livro Caixa contém todas as entradas e saídas do dinheiro em cédula, não podendo

confundi-lo com o dinheiro disponível em contas de movimentação bancária. Logo uma das

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coisas que se deve saber na hora de escriturar é que o depósito em banco é registrado como

saída e a retirada do banco é registrada como entrada.

O livro deve apresentar campos para o registro de entradas, saídas e saldos, ao lado

do campo histórico, ou seja, descriminação do valor registrado e a data da ocorrência do

fato.

LIVRO CAIXA

MOVIMENTO REFERENTE AO MÊS XX DO ANO YYYY

DATA HISTÓRICO ENTRADA SAÍDA SALDO

Figura 01 – Livro Caixa

FONTE: PORTAL TRIBUTÁRIO

No regime de caixa as despesas e as receitas são devidamente registradas e

reconhecidas somente no ato do seu desembolso ou recebimento. Assim as vendas ou as

aquisições realizadas a prazo somente serão escrituradas no ato financeiro.

No próximo subcapítulo, o qual trata sobre o Imposto de Renda, oportunamente será

estudado sobre os registros das receitas e despesas e a manutenção de seus documentos.

a) Livro caixa manual

Por mais que hoje seja fácil a aquisição de computadores, cada vez mais presente nas

famílias, ainda pode encontrar zonas de agricultura familiar carentes deste meio, ou até

mesmo pessoas ainda não habituadas com o seu uso, para isto o Livro Caixa pode ser

adquirido em papelarias especializadas no fornecimento de livros contábeis e fiscais.

Geralmente os vilarejos de zona rural costumam ter um mercado/papelaria que o

disponibilize, já que nestes lugares são sítios passivos para sua demanda.

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Figura 02 – Livro Caixa Manual

FONTE. GOOGLE, ex LIVRO CAIXA MANUAL

b) Livro caixa eletrônico

Em vista de tal problema, erros possíveis na escrituração manual, a sua escrituração

pode ser feita de forma mecanizada ou em programas de computadores, além de evitar

rasuras e minimizar os erros de somatória, possibilita também, através de funções opcionais,

a assessoria dos controles de contas a pagar e a receber, desta forma auxiliando um melhor

gerenciamento.

Figura 03 – Livro Caixa Eletrônico

FONTE: GOOGLE, ex LIVRO CAIXA ELETRÔNICO

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1.3.2 Registros contábeis

Os registros contábeis devem evidenciar as contas de resultado (receitas, custos e

despesas), com obediência Práticas Contábeis, segundo as Normas Brasileiras Contabilidade

(NBC) T-10, Atividades Agropecuárias.

A avaliação dos animais gerados da cria, ou da compra para recria ou engorda é dada

pelo seu valor original conforme sua formação, incluindo todos os custos (diretos e

indiretos) ocorridos no período, tais como: rações, medicamentos, vacinas, mão-de-obra e

respectivos encargos sociais, combustíveis, energia elétrica, depreciações de prédios,

máquinas e equipamentos utilizados na produção, seguros, fretes entre outros. Os

componentes patrimoniais devem ser analisados da seguinte maneira:

a) O nascimento de animais, conforme o custo acumulado do período (energia elétrica,

mão-de-obra, depreciação do prédio etc), dividido pelo número de animais nascidos;

b) Os custos com os animais devem ser agregados ao valor original à medida que são

incorridos, de acordo com as diversas fases de crescimento;

c) Os estoques de animais devem ser avaliados segundo a idade e a qualidade dos

mesmos;

Admita-se que o produtor adquira 500 unidades de pintinhos pelo valor de R$ 1,50

cada com a finalidade de engorda para posteriormente revende-los. Estes pintinhos possuem

duas etapas em seu ciclo de produção: sendo a primeira etapa o confinamento, com duração

de um mês, e a segunda o piquete, com duração de quatro meses.

Na primeira etapa os custos são: mão-de-obra R$ 560,00; energia elétrica R$ 120,00;

alimentação R$ 15,00; e depreciação do balcão R$ 100,00.

Na segunda etapa os custos são: mão-de-obra R$ 2.240,00; energia elétrica R$

200,00; alimentação R$ 80,00; e depreciação das instalações do piquete R$ 30,00.

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TABELA DE CUSTOS

Primeira Etapa (Confinamento) Segunda Etapa (Piquete)

Custos Valor Custos Valor

Mão-de-obra 560.00 Mão-de-obra 2240.00

Energia elétrica 120.00 Energia elétrica 200.00

Alimentação 15.00 Alimentação 80.00

Depreciação 100.00 Depreciação 30.00

Total 795.00 Total 2550.00

Número de crias 500 Número de crias 500Total unitário 5.1000

Total unitário da etapa anteior 1.5900

Total Unitário 1.5900 Somatória dos totais unitário 6.6900

Figura 04 – Tabela de custos dos pintinhos em sua primeira e segunda etapa de criação

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

A tabela acima demonstra a composição dos custos conforme a fase da vida das

crias, ou seja, as crias do exemplo dado são divididas na fase de confinamento e piquete: a

primeira é quando ainda são pintinhos e não desenvolveram o porte suficiente para criação

em locais abertos. A segunda já é quando os pintinhos desenvolveram o porte necessário

para criação no ambiente aberto.

Nota-se que o custo da etapa anterior é transferido para o final da segunda etapa,

neste caso perfazendo o valor de R$ 6,69 por cria.

Com os dados do exemplo supracitado, admita-se uma nova hipótese, de qual, das

500 crias, já na segunda etapa, isto é, na forma de frango, 50 delas apresentam a bouba

aviária (doença), deste modo diminuindo a qualidade das mesmas.

Conforme o item (c) da NBC T-10, Atividades Agropecuárias, a classificação das

crias em estoque deve ser separadas de acordo com a idade e a qualidade de cada uma,

ficando então no Balanço Patrimonial classificadas da seguinte maneira:

ATIVO CIRCULANTE 3345.00

Estoque 3345.00

Frangos 3010.50

Frangos com doenças 334.50

Figura 05 – Classificação dos frangos no ativo circulante por qualidade

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

Os animais destinados à reprodução ou à produção de derivados, quando deixarem de

ser utilizados para tais finalidades, antes presente no Ativo Não-Circulante > Imobilizado

Page 25: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

25

agora devem ter seus valores transferidos para o Ativo Circulante > Estoque, pelo seu valor

contábil unitário;

As perdas por morte natural devem ser contabilizadas como despesa operacional,

haja vista que este é um risco inerente à atividade;

Os ganhos decorrentes da avaliação de estoques do produto pelo valor de mercado

devem ser contabilizados como receita operacional, em cada exercício social.

1.3.3 Encerramento de exercício

Com o advento da Lei nº 7.450/85, o Imposto de Renda tornou-se obrigatório para

todas as empresas, o exercício social coincidindo com o ano civil, ou seja, de 1º de janeiro a

31 de dezembro.

Essa imposição legal causa sérios prejuízos à contabilidade rural, devido a seu

exercício social que não costuma coincidir com o ano social, por isso nada impede que se

faça o encerramento do exercício conforme o encerramento de sua atividade, ou seja,

coincidente com a época de compra, ou do nascimento das crias ou da venda dos produtos,

pois será de extrema relevância gerencial esta conciliação entre o exercício social rural e

incidência do Imposto de Renda (IR).

1.4 IMPOSTO DE RENDA

O conteúdo a ser apresentado sobre Imposto de Renda está fundamento com o

Regulamento do Imposto de Renda, baixado pelo Decreto nº 3.000, de 26/03/1009, editado

pelo Diário Oficial da União de 29/03/1999 – RIR/99.

O produtor rural é tributado do mesmo modo sob as mesmas regras aplicáveis às

demais pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado,

inclusive sujeitando‐se ao adicional do imposto de renda à alíquota de 10% (dez por cento).

Sendo ela uma micro ou pequena empresa ser facultível pelo sitema Simples Nacional.

1.4.1 Formas de apuração

A apuração do IR ocorre sobre o resultado contabilizado no Livro Caixa, este livro

que obrigatoriamente engloba as receitas, as despesas de custeios e os demais valores que

integram a atividade. (Lei n º 9.250, de 1995, art. 18)

O produtor deverá guardar os documentos, com valor e data, que identifiquem as

receitas e as despesas escrituradas no Livro Caixa, haja vista a comprovação da idoneidade

Page 26: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

26

da contabilização. Quando uma fiscalização é ocorrida e reconhece a ausência dos

documentos comprobatórios, implicará então o arbitramento da base de cálculo no valor de

20% da receita bruta do ano-calendário.

Os documentos citados no parágrafo acima deverão ser mantidos em poder do

proprietário até a sua decadência ou prescrição. Todavia, um produtor que em um aufira

uma receita anual no valor máximo de R$ 56.000,00 torna-se facultativo a guarda dos

documentos, deste modo sendo dispensado o Livro Caixa, porém de qualquer modo a

contabilização dos fatos ocorridos é de suma importância para fins gerenciais.

a) Declaração em conjunto

Os cônjuges poderão facultar pela tributação em conjunto de seus rendimentos,

mesmo que estes rendimentos sejam provenientes de bens que tenham cláusula prevendo a

incomunicabilidade ou inalienabilidade, da atividade rural e das pensões de gozo privativo.

b) Arrendatários, condôminos e parceiros

Os arrendatários, os condôminos e os parceiros na exploração da atividade rural, que

esteja comprovada documentalmente esta situação, pagarão o imposto separadamente, na

proporção dos rendimentos que couberem a cada um.

Na hipótese de parceria rural, o pagamento individual somente ocorrerá aos

rendimentos para o qual o parceiro tiver assumido os riscos inerentes à exploração da

respectiva atividade.

1.4.2 Receita bruta

Constituem a Receita Bruta, conforme o RIR/99:

a) Somatória das Vendas;

b) Valores recebidos de órgãos públicos, tais como auxílios, subsídios, subvenções,

indenizações recebidas do PROAGO (Programa de Garantia da Atividade

Agropecuária) e as Aquisições do Governo Federal (AGF);

c) Montante ressarcido ao produtor agrícola, pela implantação e manutenção da cultura

fumageira (criação de fumo);

d) O Valor dos produtos agrícolas entregues em permuta com outros bens ou então

entregues como forma de pagamento;

Page 27: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

27

e) O valor pelo qual o produtor subscreve os bens utilizados na atividade rural, os

produtos e os animais dela decorrentes, a título da integralização do capital;

f) O valor da alienação de bens utilizados, exclusivamente, na exploração da atividade

rural, exceto o valor da terra nua, ainda que adquiridos pelas modalidades de

arrendamento mercantil e consórcio.

Na atividade rural o reconhecimento das receitas e das despesas se dá pelo regime de

caixa, entretanto o adiantamento de recursos financeiros, recebidos mediantes contrato de

compra e venda, será contabilizado como receita somente no mês da efetiva entrega do

produto. No entanto se após a entrega do produto haja também a devolução de algum valor

(referente a este contrato de compra e venda) está devolução é reconhecida como despesa no

mês em qual ela ocorreu, porém este caso será devidamente tratado no próximo tópico

(Despesas de Custeio e Investimentos).

Se um produtor realizar uma venda a prazo, devido o regime de caixa, ele não

reconhecerá como receita no momento da venda, mas sim no momento do recebimento da(s)

parcela(s), inclusive com a atualização monetária, quando houver.

Hipoteticamente, um produtor, em janeiro, vende a prazo 400 unidades de frango por

R$ 10,00 cada, no total de R$ 4.000,00 para receber este dinheiro somente em abril, ele terá

somente a receita reconhecida quando efetivamente receber os R$ 4.000,00.

DATA HISTÓRICO ENTRADA SAÍDA SALDO

ABRIL Recebimento da realizada em

Janeiro

4.000,00 4.000,00

Figura 06 – Recebimento de venda a prazo

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

Quando se tratar de venda de produtos sujeitos à cotação do mercado, pode ocorrer

uma diferença entre o preço vendido e o preço cotado pelo mercado, esta diferença, a maior,

na venda é reconhecida como receita, lembrando que deve ser mês de seu recebimento.

Um produtor celebra um contrato no mês de janeiro com seu cliente para entregar

10.000 unidades de frango dentro de dois meses. Quando este contrato foi celebrado ele

previa o preço unitário do frango conforme o preço de mercado, que na época estava no

valor de R$9,00 por unidade. Passado os dois meses, em março, a cotação do frango estava

no valor de R$10,00 por unidade, havendo então um ganho de R$1,00 por unidade.

Page 28: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

28

DATA HISTÓRICO ENTRADA SAÍDA SALDO

JANEIRO Venda de 10.000 unidades de

frango conforme contrato

90.000,00 90.000,00

MARÇO Recebimento do valor a maior da

cotação conforme contrato

celebrado

10.000,00 100.000,00

Figura 07 – Receita proveniente de cotação a maior conforme contrato celebrado

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

1.4.3 Reconhecimento da despesa

Já que a atividade rural é contabilizada sob as práticas contábeis de regime de Caixa,

deste modo às despesas são reconhecidas no mês de seus respectivos pagamentos, o mesmo

ocorre na realização de investimentos. (Lei nº 8.023, de 1990, art. 4º, §§ 1º e 2º).

Na seção sobre Receita Bruta, houve o tratamento de contratos de compra e vendas,

quando após a entrega do produto houver também a devolução de algum valor, este valor é

reconhecido como despesa no mês desta devolução. Agora cabe ressaltar que se o valor for

devolvido antes da entrega do produto, não constitui despesa, o que deve ocorrer é a

diminuição do valor recebido pela parte da venda para entrega futura.

Supondo que um produtor vende 100 unidades de frango a R$10,00 para um cliente

no mês de maio e, por descordo qualquer, o cliente devolve 10 unidades de frango, total de

R$100,00 no mês corrente de junho, o vendedor teve uma receita de R$ 1.000,00

inicialmente pela venda das 100 unidades, mas no mês de junho teve uma despesa de

R$100,00 provenientes da devolução.

DATA HISTÓRICO ENTRADA SAÍDA SALDO

MAIO Venda de 100 unidades de frango 1.000,00 1.000,00

JUNH

O

Devolução de venda de 10

unidades de frango

100,00 900,00

Figura 08 – Exemplo escrituração livro caixa devolução de venda

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

Ainda no mesmo exemplo citado acima, se o vendedor devolve, por qualquer motivo,

o valor de R$100,00 ainda no mês me maio, porém o cliente somente devolverá as unidades

de frango em junho, então o que acontece é uma receita no valor total de R$900,00, isto é,

R$9,00 por unidade vendida.

Page 29: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

29

DATA HISTÓRICO ENTRADA SAÍDA SALDO

MAIO Venda de 100 unidades de frango 900,00 900,00

Figura 09 – Venda de frango com devolução parcial da venda

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

Diga-se, num exemplo, quando um contrato é celebrado no dia 23 de março de um

ano X, com a data de entrega do produto para o dia 15 de abril deste mesmo ano corrente,

este contrato já prevê o preço de mercado cotado no dia de sua celebração, 23 de março,

porém na data de sua entrega, 15 de abril, são possíveis que haja alguma variação no preço

de mercado do produto, então o preço é corrigido e a diferença a maior é devolvida para o

contratante, respeitando o reconhecimento como despesa conforme a data de sua devolução.

Seguindo em um exemplo, um produtor celebra este contrato no dia 23 de março

com seu cliente para entregar 10.000 unidades de frango dentro de dois meses. Quando este

contrato foi celebrado ele previa o preço unitário do frango conforme o preço de mercado,

que na época estava no valor de R$ 11,00 por unidade. Passado o tempo devido, 15 de abril,

a cotação do frango estava no valor de R$9,50 por unidade, havendo então uma perda de

R$1,50 por unidade.

DATA HISTÓRICO ENTRADA SAÍDA SALDO

MARÇ

O

Venda de 10.000 unidades de

frango a R$11,00

110.000,00 110.000,00

ABRIL Pagamento do valor a menor da

cotação conforme contrato

celebrado

15.000,00 95.000,00

Figura 10 – Despesas provenientes a cotação a menor conforme contrato celebrado

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

1.4.4 Despesa de custeio e investimento

A prosseguir com a definição de despesas de custeio e investimentos, em aval ao

RIR/99:

a) Gastos ocorridos em prol dos rendimentos e à manutenção da fonte produtora,

relacionados com a natureza da atividade rural exercida.

b) O Valor dos produtos rurais entregues em forma de pagamento de dívida;

c) Os investimentos são a aplicação de recursos financeiros (exceto a parcela desta

aplicação que corresponder ao valor da terra nua), durante o ano-calendário, com

Page 30: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

30

objetivo de desenvolvimento das atividades, expansão e/ou a melhoria da

produtividade.

No artigo 62, parágrafo 2 º da RIR/99, é possível encontrar os incisos que elucidam o

item (c):

I. As benfeitorias resultantes de construção, instalações, melhoramentos e reparos;

II. Culturas permanentes, essências florestais e pastagens artificiais, lembrando que a

terra nua não é considerada como investimento;

III. A aquisição de utensílios e bens, tratores, implementos e equipamentos, máquinas,

motores, veículos de carga ou utilitários de emprego exclusivo na exploração da

atividade rural;

IV. Os animais de trabalho, de produção e de engorda;

V. Os serviços técnicos especializados, devidamente contratados, visando elevar a

eficiência do uso dos recursos da propriedade ou exploração rural, isto é, a

contratação de uma consultoria/assessoria;

VI. Insumos que contribuam destacadamente para a elevação da produtividade, tais

como reprodutores e matrizes, girinos e alevinos, sementes e mudas selecionadas,

corretivos do solo, fertilizantes, vacinas e defensivos vegetais e animais;

VII. Atividades que visem especificamente à elevação sócio-econômica do trabalhador

rural, tais como casas de trabalhadores, prédios e galpões para atividades recreativas,

educacionais e de saúde;

VIII. Estradas que facilitem o acesso ou a circulação na propriedade, ou seja, melhoria da

logística;

IX. Instalação de aparelhagem de comunicação e de energia elétrica;

X. Fornecimento bolsas para formação de técnicos em atividades rurais, inclusive

gerentes de estabelecimentos e contabilistas.

1.4.5 Custo dos bens adquiridos

Os bens adquiridos, entre o período de 1º de janeiro de 1992 até 31 de dezembro de

1995, são contabilizados pelo seu montante de aquisição, isto é, somatório de todo valor

despendido na aquisição do mesmo, por exemplo, frete, juros de empréstimo, juros passivos,

parcelas, etc, bem como correção monetária do até esta data.

Para os bens adquiridos até do dia 31 de dezembro de 1991 o custo do bem é

mensurado pelo valor de mercado avaliado nesta data. E para os bens aqduiridos depois a

Page 31: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

31

partir do dia 1º de janeiro de 1996 os bens são contabilizados pelo seu montante de

aquisição, porém não é permitda qualquer correção monetária.

a) Quando recebido por meio de permuta

Se por ventura o produtor adquiriu tal bem por meio de permuta, o custo deste bem

adquirido é equivalente ao valor da mercadoria dada em permuta acrescido da torna paga.

b) Quando recebido por meio de doações

Na hipótese do bem ter sido por intermédio de doações ou herança, o custo deste

bem pode ser dado: pelo valor mensurado na avaliação do inventário; ou então pelo valor a

qual este bem foi atribuído para que seja base de cálculo do imposto sobre transmissões.

1.4.6 Custo na alienação de imóvel rural

Considera-se o custo do imóvel rural o valor relativo à terra nua (VTN). Porém existe

um detalhe no que toca a data de aquisição deste imóvel e a finalidade do mesmo.

Se a terra foi adquirida para fins de ganhos de capital deve-se observar a sua data de

aquisição, pois se a mesma foi adquirida a partir de 19 de dezembro de 1996, considera-se o

seu custo o valor da terra nua conforme o Documento de Informação e Apuração do ITR,

todavia se ela foi adquirida antes desta data, será considerado o custo de aquisição o valor

que consta na escritura pública deste imóvel.

Nos demais fins, ou seja, excluindo-se a hipótese de aquisição para o intuito de

ganhos de capital, utiliza-se como regra geral o custo VTN.

1.4.7 Aquisição a prazo

Devido à disponibilidade de dinheiro ou outros fatores, o produtor pode fazer alguma

aquisição a prazo, esta aquisição será considerada somente como despesa no mês do

desembolso de cada parcela.

Um produtor decide por adquirir um reservatório de 50.000 litros no valor de

R$6.000,00 para auxiliar em sua produção. Porém ele não disponibiliza de todo este valor,

recorrendo então ao financiamento em três parcelas iguais de R$ 2.000,00, a ser pagas todo

dia 25 de cada mês, a começar pelo mês de sua aquisição, mês de julho.

Page 32: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

32

DATA HISTÓRICO ENTRAD

A

SAÍDA SALDO

JULHO Pagamento da primeira parcela 2.000,00 (2.000,00)

AGOSTO Pagamento da segunda parcela 2.000,00 (4.000,00)

SETEMBRO Pagamento da terceira parcela 2.000,00 (6.000,00)

Figura 11 – Pagamento das parcelas da aquisição a prazo

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

a) Empréstimos

É comum a utilização de empréstimo para aquisição de bens, financiamento rural,

todavia será considerada despesa o mês em que o bem adquirido foi pago e não no mês do

pagamento do empréstimo.

Utilizando do exemplo citado anteriormente, o produtor para adquirir o reservatório

de 50.000 litros opta por fazer um empréstimo bancário. Ele efetua no mês no final de maio

para pagamento no mês de agosto. E com o dinheiro do empréstimo ele adquire o devido

reservatório. Sendo então no mês de julho feita a aquisição do resevatório e o devido

reconhecimento da despesa proveniente aquisição do bem

DATA HISTÓRICO ENTRAD

A

SAÍDA SALDO

MAIO Aquisição de empréstimo

bancário

6.000,00 6.000,00

JUNHO Aquisição do reservatório de

50.000 litros

6.000,00 0,0

Figura 12 – Despesas provenientes da aquisição do empréstimo e resevatório

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

Muitas vezes os empréstimos estão embutidos de alguns encargos financeiros, sejam,

por exemplo, os juros, taxas administrativas, etc, tais encargos ocorridos poderão ser

deduzidos da receita bruta no mês de seus pagamentos, ressaltando que a atualização

monetária, se presente, para este caso não é dedutível.

Ainda no exemplo do resevatório de 50.000 litros, o produtor ao contrair o

empréstimo teve como encargos financeiros o valor de R$300,00, que serão pagos em duas

parcelas iguais de R$150,00 a patir do mês de junho. Nestes dois de junho e julho, o

produtor teve respectivamente a receita bruta de R$1.000,00 e R$800,00, oriunda da venda

de frangos.

Page 33: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

33

DATA HISTÓRICO ENTRAD

A

SAÍDA SALDO

JUNHO Venda de frangos 1.000,00

JUNHO Pagamento da primeira parcela do

encargo financeiro

150,00 850,00

JULHO Venda de frangos 800,00 1.650,00

JULHO Pagamento da segunda parcela do

encargo financeiro

150,0 1.500,00

Figura 13 – Despesas provenientes do pagamento de encargos financeiros

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

Os empréstimos destinados ao financiamento da atividade rural, devidamente

comprovado que foram utilizados tão exclusivamente para este fim, não poderão ser

utilizados para justificar um acréscimo patrimonial.

Seguindo com o exemplo, caso o produtor após a contração do empréstimo tenha

efetuado uma nova cotação de resevatórios e encotrasse um mais barato, no caso, ao valor de

R$5.500,00, a diferença dos R$500,00 totalizados da diferença entre o preço da primeira

cotação, R$6.000,00, e da segunda cotação, não poderá ser adicionado em seu patrimonio, já

que o empréstimo previamente contraido previa como objeto a aquisição do resevatório de

50.000 litros no valor de R$6.000,00.

a) Consórcios

Todavia o produtor pode escolher por formas alternativas para fomentar sua

aquisição, como, por exemplo, o consórcio. Entretanto nem sempre o pagamento do

consórcio acarreta na aquisição do bem, então (em conformidade com RIR/99) o pagamento

das parcelas deste consórcio ainda não contemplado não poderão ser reconhecidas como

despesa, mesmo que este evento seja o devido desembolso. Então somente com a devida

contemplação do bem é que as parcelas pagas serão conhecidas como despesas e

devidamente deduzidas das receitas.

Um produtor projeta a expansão de seus negócios para um futuro não muito perto,

para tal ele planeja adquirir um novo veículo. Não havendo muita pressa para aquisição

deste, o produtor decide por contrair uma carta de consórcio que será paga em 24 parcelas

mensais no valor de R$500,00 cada.

Page 34: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

34

O consórcio foi contraído no mês de fevereiro do ano X1 tal como o pagamento da

primeira parcela também ocorreu neste. Então no mês de novembro deste mesmo ano

corrente este produtor foi contemplado pelo consórcio, logo as oito parcelas anteriores a

contemplação passam a ser reconhecidas como despesas, bem como todas as demais depois

da carta contemplada.

DATA HISTÓRICO ENTRAD

A

SAÍDA SALDO

NOVEMBRO Reconhecimento das parcelas

pagas antes da contemplação

4.000,00

NOVEMBRO Pagamento parcela de nº 09 500,00 (4.500,00)

Figura 14 – Despesas provenientes de pagamento de consórcio

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

1.4.8 Resultado da Atividade Rural

O resultado da atividade rural a diferença entre o valor da receita bruta recebida e o

das despesas pagas no ano-calendário (regime de Caixa), correspondente a todos os imóveis

rurais da pessoa física. (Lei n º 8.023, de 1990, art. 4 º, e Lei n º 8.383, de 1991, art. 14).

Se a atividade rural é exercida em comum ao casal, deverá ser apurado o IR aos

cônjuges conforme a participação proporcional de cada um nesta atividade, podendo ser

apurado opcionalmente na declaração em conjunto dos cônjuges.

1.4.9 Compensação de Prejuízos

Na presença de resultado positivo a pessoa física poderá compensar este resultado

com prejuízos apurados em anos-calendário anteriores. (Lei n º 9.250, de 1995, art. 19).

Todavia existem alguns tópicos que devem ser observados, porque nem todas as despesas

são passiveis de dedução, conforme as condições a seguir:

a) Resultado positivo obtido no exterior, com resultado negativo obtido no País;

b) Atividade rural, exercida no Brasil o proprietário é residente ou domiciliado

no exterior.

O IR permite que, quando o saldo do prejuízo apurado não foi absorvido pelo

produtor principal, haja o rateio deste saldo entre os outros produtores e/ou sucessores

legítimos. Esta divisão é dada de forma proporcional conforme a parcela de participação da

unidade rural de cada beneficiário. Deve-se observar que estes beneficiários não podem ser

Page 35: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

35

optantes pelo Lucro Presumido. É evidente que esta compensação é mediante somente a

apresentação do Livro Caixa.

1.5 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS

Cotidianamente quando se trata de gastos, custos e despesas todos tendem a

apresentar o mesmo significado, porém se tratando da Contabilidade de Custos estes itens

citados acima possuem significados distintos, logo é necessário conhecer seus respectivos

significados para que se tenha a apuração sistemática da apuração dos custos.

1.5.1 Gastos

Em Megliorini (2007 p. 07)

“gastos correspondem aos compromissos financeiros assumidos por uma empresa

no tocante à aquisição de recursos que serão consumidos no ambiente fabril para

fabricação do produto; mercadorias para revenda; recursos para a realização de

serviços; recursos a ser consumidos no ambiente de admnistração; recursos a ser

consumidos no ambiente comercial.”

Quando um produtor adquire tanto a vista ou a prazo algum compromisso financeiro,

seja pagamento de alguma despesa, seja custo de algum serviço contratado ou mesmo

aquisição de um bem é traduzido como gasto.

Muita atenção neste conceito de gasto, porque facilmente pode se confundi-lo com

investimentos, despesas e custos, entretanto estes itens na verdade são subclassificações dos

gastos, a ser explicados abaixo:

Figura 15 – Diagrama da classificação de gastos

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

1.5.2 Investimentos

Segundo Megliorini (2007 p. 07)

“investimentos correspondem à parcela dos gastos registrada em contas do ativo da

empresa. Podem se referir à aquisição de matéria-prima, mercadorias para revenda

Page 36: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

36

e materiais diversos (registrados em contas representativas de estoque), à aquisição

de máquinas ou veículos (registrados em contas do imobilizado) ou mesmo à

aquisição de ações de outras empresas”.

Nada mais que um gasto efetuado com objetivo de adquirir um bem que irá

engendrar um bem ou produto, sendo este bem adquirido algum dos itens descritos

conforme a definição acima.

1.5.3 Despesas

Para Megliorini (2007 p. 07) “despesas correspondem à parcela dos gastos

consumida para administrar a empresa e realizar as vendas, isto é, para gerar a receita”. São

os gastos de caráter administrativos que o produtor contrai a fim de atingir o objeto da

empresa.

1.5.4 Custos

Os custos conforme Megliorini (2007 p. 07) “correspondem à parcela dos gastos

consumida no ambiente fabril para a fabricação do produto, pela aquisição de mercadorias

para revenda e para a realização de serviços”.

É quando o produtor está consumindo seus recursos disponíveis (Ativo) para

transformá-lo em seu devido produto, e é este produto que muitas vezes é o objetivo final do

produtor. Em regra geral, os custos são todos os gastos ocorridos para produção. A aquisição

de insumos seja ela matéria-prima ou até mesmo a mão-de-obra ambos têm um valor

expresso em moeda, então quando se combina estes insumos para se produzir os produtos se

têm também uma combinação de valores monetários que representam o custo da produção.

Estes custos são apurados conforme a transformação dos seus respectivos insumos,

mas devido a diversos processos de produção, imposições legais, metodologia de estudo, os

custos começam adquirir outras faces menos familiares entre si, levando a subclassificações

e até mesmo a não-identificação total de seu valor monetário, deste modo a necessitar de

arbitrariedades do gestor para ele defina a respectiva origem deste custo, realizando a sua

apuração monetária, todavia lembrando que esta apuração não mais estará completamente

fiel a sua apropriação de insumos, haja vista a subjetividade do seu gestor.

Em face deste dado impasse existe outros métodos, tidos como contemporâneos, que

buscam chegar cada vez mais fiel a seu devido valor monetário, como, destaque de exemplo,

Page 37: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

37

o custeio ABC, no entanto neste trabalho somente será abordado o custeio tradicional

conhecido como variável.

Contudo, antes de entrar no custeio variável é necessário o estudo dos custos

segundo sua classificação: quanto a sua apropriação no processo produtivo (direto e

indireto) e quanto ao seu comportamento nos diversos volumes de produção (fixo e

variável).

Na ideia de custos, qualquer insumo despedindo para produção é um custo, pode ser

a matéria-prima, energia elétrica ou até mesmo a alimentação de algum funcionário do

quadro de produção. Para tanto, existem custos que mesmo incorridos na produção não é

possível a sua identificação/contagem direta com o produto, neste caso trata-se de custo

indireto.

a) Custo direto

Segundo Megliorini (2007 p. 09) “são os custos apropriados aos produtos conforme o

consumo”, em regra, para que seja classificado como custo direto é necessária que haja

possibilidade de mensuração exata do custo ligado com a produção. Esta ligação entre o

custo e o produto não pode conter interferência de métodos matemáticos ou outros auxílios

que apenas demonstrem abstratamente ou aproximadamente o custo. O que deve proceder é

a utilização de métodos e/ou equipamentos com capacidade de revelar precisamente o custo

de ocorrido em cada produto, para então classificá-lo como custo direto.

Figura 16 – Diagrama de Custo Direto

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

Suponha que um produtor ao criar 100 unidades de frango utilize mensalmente 1,50

kg de ração por cabeça, totalizando 150 kg de ração no mês, Este exemplo é uma boa

Page 38: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

38

situação que permite identificar um custo direto (ração), pois é visível a fácil a fiel

mensuração da quantidade de ração utilizada na criação de frango, quer dizer que, para cada

cabeça de frango o produtor facilmente registrará 1,50 kg de ração por cabeça.

b) Mão-de-Obra direta

Megliorini (2007 p. 31) cita a mão-de-obra direta

“os funcionários que atuam diretamente na transformação da matéria prima em

produto. No entando, o custo em que esses funcionários representam não pode ser

tratado como cusgto direto sem que antes se analise seu trabalho sobre as horas

trabalhadas”.

Por natureza a mão-de-obra direta é um custo direto, mas desde que esta mão-de-

obra esteja sendo utilizada para concretizar o objeto da atividade.

Suponha que um funcionário é contratado por um salário mais os encargos no total

de R$1.000,00, onde sua função seja o manejo necessário para produção de ovos em uma

granja e que sem este manejo a produção não ocorreria. Este funcionário está disponível

para granja num total de 176 horas no mês, isto quer dizer que, dividindo seu salário mais

encargos pela disponibilidade de horas, R$1.000,00 / 176 horas, o custo da mão-de-obra

deste funcionário é R$5,68 por hora.

Caso destas 176 horas o dado funcionário desempenha 10 horas para executar outras

tarefas que não estão diretamente ligadas com objetivo da empresa, por exemplo, para

limpeza da granja, então estas 10 horas serão classificada como mão-de-obra indireta, desta

maneira será um custo indireto.

c) Matéria-Prima

É considerada matéria-prima segundo Megliorini (2007 p. 21)

“os materiais adquiridos que integram os produtos. [...] Para que a matéria prima

seja considerada custo direto, além de ela ter de integrar o produto, é preciso

quantificar seu consumo no produto.”

Em uma atividade em que o produto final é o frango de corte, o pintinho adquirido é

considerado matéria-prima direta pelo fato dele ser o “material” adquirido que dará origem

ao produto final, pois de fato sem o material pintinho não haverá o frango. Naturalmente a

matéria-prima é classificada como custo direto.

Page 39: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

39

É evidente que o pintinho precisa da ração para então atingir a fase de frango, mesmo

sendo a ração importante para a formação do frango ela não integram fisicamente o produto

e por isto eles são classificados como materiais indiretos, isto é, um custo indireto.

d) Custo indireto

Os custos indiretos também fazem partem do produto final, porém a sua identificação

não está disponível de primeira vista, isto quer dizer que, o produtor deve utilizar de algum

critério de rateio para sua mensuração, deixando o custo encontrado não mais fiel com o que

de fato ocorreu. Para Megliorini (2007 p. 09) os custos indiretos “são os custos apropriados

aos produtos em função de uma base de rateio ou outro critério de apropriação”.

Diga-se que este mesmo produtor que cria 100 unidades de frango utiliza um

climatizador em seu galpão de criação para manter as crias em condições adequadas e ao

final do mês chega à fatura da energia elétrica da propriedade no valor de R$280,00.

Nesta circunstância o produtor jamais identificará quanto cada frango consumiu

desta conta, já que não existe nenhum medidor/método exato que diga quanto um frango

gasta exatamente da luz. Além disso, pode haver que, esta mesma conta englobe outros

consumos, além do climatizador, que não estão relacionados com a produção, em outras

palavras, a identificação do consumo fiel ocorrido na produção (crias de frango) não é

facilmente identificável. Mas o que fazer então? É aqui que entra os rateios, o produtor

utiliza de algum critério para fazer a divisão do custo indireto por cada unidade de produto

(conforme o exemplo leia-se cabeça de frango).

Mantendo a mesma circunstância, o produtor sabe (via auxílio de algum engenheiro

eletricistas) que o climatizador consumiu, daquela conta de R$280,00, o valor aproximado

de R$130,00, isto quer dizer que, se ele dividir os R$130,00 pelo número de crias (100

cabeças) ele encontrará o custo médio unitário de energia elétrica de R$1,30.

Perceba que mesmo alcançando um valor unitário de R$1,30 o produtor teve que

forçar uma interferência para ligar o ponto entre cada unidade de produto com o consumo da

energia elétrica, para tanto utilizou de um auxilio técnico para identificar o custo médio do

climatizador (o que não torna mais um valor fiel), além do fato que ele adotou um critério de

rateio neste processo, dividiu os R$130,00 pelo número de produtos (crias de frango), outro

fato que também força a conexão entre o custo da energia e o produto.

Page 40: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

40

Figura 17 – Diagrama de Custo Indireto

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

Já observado anteriormente que os custos se comportam de maneira direta ou indireta

conforme a possibilidade de identificação/mensuração, contudo os custos também podem se

comportar conforme o volume de produção, permanecendo fixos ou indiretos.

e) Custos fixos

Para Megliorini “são aqueles que decorrem da manutenção da estrutura produtiva da

empresa, independendo da quantidade que venha a ser fabricada dentro do limite da

capacidade instalada.”, ou seja, independente da quantidade produzida ele permanece o

mesmo.

Um balcão utilizado para o confinamento das novas crias (pintinhos) possui,

conforme critérios gerenciais, uma depreciação de R$100,00. Nota que quem possui tal

depreciação é o galpão (estrutura de produção) e não as crias, isto quer dizer que,

independente de qualquer quantidade de novas crias produzidas neste galpão, sua

depreciação vai permanecer fixa no valor de R$100,00.

Segundo o exemplo acima, se o produtor produzir 01 ou 100 unidades de crias, o seu

custo total será o mesmo, porém o seu custo unitário tende a diminuir com o aumento das

crias, a lógica, de que, a produzir 01 unidade seu custo é de R$100,00 por unidade, mas ao

produzir 100 unidades seu custo já cai para R$1,00 por unidade, e, assim sucessivamente.

Page 41: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

41

1 10 19 28 37 46 55 64 73 82 91100

R$ 0.00

R$ 20.00

R$ 40.00

R$ 60.00

R$ 80.00

R$ 100.00

R$ 120.00

Custo fixo

Custo Fixo TotalCusto Fixo Unitário

Unidades de frango

Cust

o em

reai

s

Gráfico 03 – Custo variável total e unitário

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

f) Custos variáveis

Segundo Megliorini “os custos variáveis são aqueles que aumentam ou diminuem

conforme o volume de produção”. Estão ligados em si com o produto, então, quanto maior a

produção necessariamente o custo variável deverá aumentar, o mesmo vale para o processo

inverso, quanto menor a produção menor o custo variável. Lógica contrária do custo fixo.

No mesmo exemplo dado no custo fixo, adota-se que o produtor para adquirir um

cria (pintinhos) ele paga R$2,00 por unidade. Assim, para iniciar uma nova cadeia produtiva

ele decide comprar mais 100 unidades de cria, alcançando o montante de R$200,00.

Observa-se que o custo variável esta ligado com o produto e não mais com a

estrutura produtiva, isto quer dizer que, o custo variável aumenta ou diminui conforme a

quantidade produzida. Se no exemplo acima o produtor fosse adquirir 200 unidades de cria

seu custo variável seria de R$400,00. Logo, no custo variável o seu custo total varia

conforme a quantidade produzida, mas permanece fixo/constante se o for observado

unitariamente, dado, tanto para 200 unidades quanto para 100 unidades de cria o seu custo

de aquisição é de R$2,00 por unidade.

Page 42: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

42

1 11 21 31 41 51 61 71 81 91R$ 0.00

R$ 50.00

R$ 100.00

R$ 150.00

R$ 200.00

R$ 250.00

Custo variável

Custo Variável TotalCusto Variável Unitário

Unidades de frango

Cust

o em

reai

s

Gráfico 04 – Custo variável total e unitário

FONTE: AUTORIA PRÓPRIA

1.5.5 Desembolso

Padoveze (2009 p. 314) cita o desembolso como “os atos financeiros de pagar uma

dívida, um serviço ou um bem ou um direito adquirido. É a execução financeira dos gastos e

investimentos da empresa”, ou seja, ele ocorre no exato momento que o produtor paga com

seu caixa/banco o gasto. Assim quando um gasto é contraído a vista este é ao mesmo tem

um desembolso, porém quando um gasto é assumido via duplicata, por exemplo, este será

desembolso exclusivamente no momento que a duplicata for efetivamente paga.

Nota que no regime de caixa os gastos são contabilizados somente no momento de

seu desembolso, pode-se assegurar para este caso específico que os gastos são os mesmo que

desembolsos.

Page 43: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

43

3. CASO PRÁTICO

Nesta ultima seção será realizado um estudo do custo de manutenção de uma granja

de frangos de corte. Seu tamanho e características se enquadram nos moldes de atividade

rural familiar. Ela está situada no cinturão verde do município de Cuiabá – MT.

1.6 ABORDAGEM DA GRANJA

Nela são produzidos frangos da raça Label Rouge, trata-se de uma raça francesa,

desenvolvida na década 80 com o intuito de substituir o faisão. Sua criação é diferente da

criação industrial, aproxima-se do que usualmente fala-se de frango caipira.

O ciclo de produção (desde a aquisição dos pintinhos até a engorda suficiente para a

revenda do frango) é de 120 dias, no final deste ciclo os frangos estão com o peso

aproximadamente de 3,0 a 3,5kg e prontos para a revenda e destino final de abate. Sendo

que a primeira deste ciclo (fase de pintinhos) é de 30 dias.

O produtor trabalha de modo informal em sua granja, desde a não contabilização dos

fatos ocorridos até a não emissão fiscal sobre as vendas efetuadas. Por este fato o trabalho

analisa o resultado somente a fins gerenciais, os impostos incidentes sobre as compras e

vendas são apurados.

1.7 RESULTADO

Nesta subseção serão apresentados os itens que integram os custos de produção desta

granja, bem como sua definição e sua natureza.

A metodologia de custeio abordada neste caso é a do custeio variável. O custeio

variável segundo Megliorini (2007 p. 119) “os custos fixos não são apropriados aos

produtos”. Os custos fixos são apurados separadamente, sendo os custos variáveis apurados

de acordo com sua fase de acontecimento, neste caso, confinamento e piquete, em

conformidade com a NBC T-10.

Os custos diretos e indiretos na fase de confinamento são apurados e totalizados. Este

total é então transferido para segunda fase, piquete. Os custos diretos e indiretos na fase de

piquete são apurados e totalizados. Com os custos totais das duas fases encontra-se o custo

variável total de produção desta granja

Page 44: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

44

Das vendas realizadas pelo produtor é deduzido o custo variável total da receita, esta

diferença dá origem à margem de contribuição, que é definida por Megliorini (2007 p. 114)

como “o montante que resta do preço de venda de um produto depois da dedução de seus

custos e despesas variáveis”. Dividida a margem de contribuição pelas unidades vendidas dá

o resultado da margem de contribuição unitária.

Como no método de custeio variável os custos fixos não são apropriados no produto

iguais aos custos variáveis, então com a dada margem de contribuição que os custos fixos

fazem as deduções e por fim chegando ao resultado, seja lucro ou prejuízo.

1.7.1 Mapa de Custos

Mapa de Custos

Mão de Obra Total

Jornade de trabalho horas 8

Dias disponíveis no mês dias 22

Total de horas disponíves horas 176

Salário R$ 622.00

Inss (12%) R$ 74.64

13o Salário R$ 51.83

Férias R$ 69.10

Tabela 02 – Cálculo da mão-de-obra direta

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

A mão-de-obra refere-se ao zelador contratado para o manejo das crias, pequenas

manutenções das instalações, limpeza e outras atividades conforme necessidade desta granja.

Considera-se esta mão-de-obra direta, pois o emprego da mesma esta diretamente

ligada com objetivo da atividade desta granja.

Jornade de trabalho horas 8

Dias disponíveis no mês dias 22

Total de horas disponíves horas 176

Salário R$ 622.00

Tabela 03 – Cálculo do custo da ração

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

A ração integra diretamente na formação dos frangos, considera-se ela custo direto.

Pelluzi LFG, 04/02/13,
Adicionei este trecho abordando sobre a metodologia de custeio utilizada no estudo, no caso o custeio varável. Coloquei também uma breve funcionalidade do custeio, segunda citação devida.
Page 45: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

45

Salário R$ 622.00

Inss (12%) R$ 74.64

Tabela 04 – Cálculo do custo da matéria-prima pintinhos

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

Os pintinhos são a matéria prima que se transformarão no frango, dando origem ao

produto final da granja. Por ser a matéria prima são por natureza custo direto.

Salário R$ 622.00

Inss (12%) R$ 74.64

13o Salário R$ 51.83

Férias R$ 69.10

Tabela 05 – Cálculo do custo da medicação

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

A medicação refere-se ao Tylan 200, remédio utilizado para combater a bouba

aviária, doença muito comum entre os pintinhos, causando a sua cegueira e depois sua

morte, quando não tratada.

Ela é considerada como custo indireto, porque ela não é aplicada em todas as crias,

mas os custos dessas aplicações são absorvidos por todos sofrendo então processo de rateio

arbitrário.

Ração Total

Saco de ração R$ 30.00

Quantidade disponível quilos 40

Custo por quilo R$ 0.75

Tabela 06 – Cálculo da depreciação do barracão

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

O barracão é o piquete no qual as crias, já em fase de frango, ficam. Seu custo é fixo,

sendo a depreciação calculada mensalmente conforme a vida útil de 25 anos. Esta data é

adotada segundo práticas contábeis para instalações e edificações.

Quantidade disponível quilos 40

Custo por quilo R$ 0.75

Pinto Total

Custo unitário R$ 1.65

Tabela 07 – Cálculo da depreciação do poço artesiano

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

Page 46: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

46

O poço artesiano é utilizado para o abastecimento da água que integra a nutrição das

crias. Sua depreciação é calculada mensalmente conforme a vida útil de 25 anos. Esta data é

adotada conforme estipulação médica da duração de um poço artesiano.

Quantidade disponível quilos 40

Custo por quilo R$ 0.75

Tabela 08 – Cálculo do custo da energia elétrica

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

A energia elétrica refere-se ao consumo mensal da mesma. Ela é dada como um

custo fixo, pois seu consumo não esta ligado ao número de produção das crias.

Seu valor apresentado é um valor médio, pois parte do consumo representa o

consumo familiar não referente à atividade granja. Outro ponto é que o nível e o tipo de

atividade apresentada na granja possui um padrão para com o consumo da energia que

viabiliza sua mensuração media apresentada.

Depreciação mensal R$ 20.83

Tabela 09 – Outros custos

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

Outros custos e despesas representam os gastos não mensurados pelo proprietário e

que também se encontra em uma situação inviável de calcular, por causa não arquivamento

de informações relevantes. Porém mesmo não havendo um conhecimento concreto destes

valores estes gastos existem.

O valor de R$300,00 foi um valor arbitrário fomentado conforme conhecimento

empírico do proprietário.

1.7.2 Fase de Confinamento

Conforme as NBC T-10, Atividades Agropecuárias, as crias devem ser separadas

segundo sua fase, sendo sua primeira esta de confinamento.

A produção de frango começa com a criação de 1000 pintinhos, aplicação da mão-

de-obra para os devidos cuidados na formação do frango e o consumo de 1200 quilos ao

total desta fase.

Page 47: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

47

Os pintinhos ficam confinados em um quarto por um período de 30 dias, até

ganharam o devido porte para serem transferidos para o piquete. As instalações físicas deste

confinamento faz parte de um cômodo da residência particular da família.

A existência de confusão entre a entidade familiar e a granja tornou inviável a

mensuração dos custos desta instalação, devido à carência de informações.

Primeira Etapa (Confinamento)

Custo Direto Total

Mão de Obra R$ 4.6453 176 horas R$ 817.58

Pinto R$ 1.6500 1000 unidades R$ 1,650.00

Tabela 10 – Custo Direto da fase de confinamento

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

Mapa de Custos

Tabela 11 – Custos Indiretos da fase de confinamento

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

Total R$ 3,367.58

Custo Indireto Total

Medicação R$ 0.38 200 doses R$ 76.00

Total R$ 76.00

Tabela 12 – Total dos custos variáveis da primeira fase

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

O custo unitário total é a somatória de todos os custos variáveis diretos e indiretos

nesta fase de confinamento, dividido pelo numero de crias, neste caso 1.000 unidades,

perfazendo o valor de R$3,4436 por unidade.

Porém este custo é válido caso as 1.000 unidades estivessem vivas, entretanto como

houve a quebra de 500 unidades há então o rateio desta quebra pelas demais crias

remanescentes.

Para fazer o rateio foi acolhido o valor de R$1.721,79, que é o total equivalente das

500 unidades mortas nesta fase. Na medida em que as unidades remanescentes acabam por

absorver os custos das unidades mortas, então o custo total passa ser a somatória do custo

inicial de R$3.443,58 mais o custo não financeiro de R$1.721,79 da quebra, em outras

Page 48: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

48

palavras, foi como se para idealizar a produção das 1.000 nesta etapa tivesse saído por

R$5.165,37.

Sabendo da metodologia de causa e efeito da ciência contábil, o que no traduz em

para todo crédito há um débito, a saída dos pintinhos pela sua morte necessariamente dá

entrada a entrada aos custos derivados desta morte, mesmo embora não demonstrado uma

saída financeira.

16%

32%

17%

1%

33%

Custo Variável(fase de confinamento)

Mão de ObraPintinhoRaçãoMedicaçãoQuebra

Gráfico 03 – Custos variáveis relativos da fase da primeira fase.

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

Observa-se a grande participação da quebra na composição dos custos sendo ela

responsável por 33% do custo total. Esta composição é evidentemente alta, pois desde logo

observa seu custo maior que o próprio custo para aquisição dos pintinhos.

O custo da quebra se torna maior que os próprios custos para aquisição dos pintinhos,

pois junto a ele, está toda a mão-de-obra, ração e até mesmo medicamentos que foram

despendidos, mas que por fim acabaram se perdendo com a morte das crias.

É normal que uma produção apresente uma quebra em seus processos, entretanto

verifica-se que esta quebra é devida uma anomalia em seus processos, a doença da bouba

aviária. É imprescindível que o produtor busque as causas da doença e faça os devidos

tratamentos em suas crias para tornar a quebra um valor comum desta atividade, 0,5 a 1,5%

segundo manual de boas práticas disponível no Instituto Agrônomo do Paraná (IAPAR).

Page 49: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

49

1.7.3 Fase de Piquete

Esta fase é a segunda e a última fase na produção nesta atividade, após alcançarem o

porto necessário, o que ocorre num período de 30 dias, os pintinhos são transportados para o

piquete.

O piquete é um balcão aonde há a presença dos custos fixos da depreciação do

mesmo e do poço artesiano. Alem dos custos fixos se matem a mão-de-obra do manejo dos

frangos e outras ações diretas para a sua produção.

O tempo de duração desta ultima fase é de três meses, até que os frangos atinjam o

porte aproximado de 3,5 kg.

Total

Custo Indireto

Medicação R$ 0.38 200 doses

Total

Tabela 13 – Custo direto da fase de piquete

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

O custo do frango nada mais é que o valor total dos custos na primeira fase e que foi

transportado para esta segunda fase de produção, porém aquele valor unitário de R$5,1654

passa a ser R$10,3307, pois como agora há 500 unidades, logo o valor total que antes era

dividido por 1.000 unidades é dividido pelas 500 unidades presentes.

Total

Tabela 14 – Total dos custos variáveis da segunda fase

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

Page 50: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

50

27%

57%

16%

Custo Variável(fase de piquete)

Mão de ObraFrangoRação

Gráfico 04 – Custos variáveis relativos da segunda fase

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

A composição do custo variável do gráfico acima demonstra uma grande

participação do frango, porque dentro dele há a grande participação das quebras dos

pintinhos que vieram absorvidas naquela primeira fase de confinamento.

Seguindo a metodologia de custeio variável da qual os custos fixos não são

absorvidos pelo produto, segue no final os custos fixos ocorridos neste processo de

produção, período de quatro meses.

Total dos Custos Variáveis 1000 unidades

Custo unitário total

Quebra 500 unidades

Custo da quebra 500 unidades

Tabela 15 – Custos fixos

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

Page 51: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

51

45%

55%

Custo e Despesa Fixa

Energia EletricaDepreciação

Gráfico 05 – Custos e despesas fixas

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

Na subseção 4.2.1. Mapa de Custos está discriminado os itens que compõem a

depreciação, sendo o barracão com R$133,33 e o poço artesiano com R$20,83,

mensalmente.

Com todos os custos apurados e com a informação de que o preço de venda dos

frangos praticado pelo produtor é de R$ 15,00 a unidade, segue na tabela abaixo a

demonstração de resultado desta atividade. Nota que para esta atividade não há incidência

de impostos.

Total

R$ 1.65 Segunda Etapa (Piquete)

Total Custo Direto

R$ 38.00 Mão de Obra

100 Frango

R$ 0.38 Ração

Tabela 16 – Demonstração de Resultado Econômico

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

No final deste ciclo de quatro meses o produtor ao invés de auferir lucros ele acaba

por ter um resultado negativo no total de R$2.959,77. Em uma primeira análise é possível

dizer que este prejuízo vem das mortes causadas pela doença, pois sem esta morte o custo

unitário do frango dos frangos que é de R$10,3307 por 500 unidades passaria ser

R$3,4436, mas por 1.000 unidades.

Page 52: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

52

Com este resultado hipotético de R$3,4436 o custo unitário variável do frango

passaria ser então R$11,11991, gerando uma margem de contribuição de R$3,80 por

unidades. Além de uma margem contribuição positiva, há outro fator muito importante que

é mais 500 unidades disponibilizadas para venda.

Caso o produtor efetivasse a venda ideal das 1.000 unidades, ele chegaria a um

resultado positivo de R$2384,23.

A tabela a seguir irá demonstrar o resultado financeiro desta atividade. A

Demonstração de Resultado Financeiro abrange somente os custos e despesas que de fato

representam o desembolso, logo a depreciação e a despesa com a quebra dos pintos não

serão incluídas.

R$ 20.83 Preço de Venda

Custo Variavel

Total Margem de Contribuição

R$ 125.00 Custo e Despesas Fixas

Outros Custos e Despesas

Resultado

Tabela 17 – Demonstração de Resultado Financeiro

FONTE: DADOS APURADOS NA GRANJA EM ESTUDO

Nesta demonstração financeira o produtor já consegue auferir algum lucro, porém

este lucro esta longe do ideal que pode ser alcançado, pois além de ter sido ignorado os

custos não financeiros ele ainda tem a quebra de 500 unidades do frango.

Mesmo embora o custo com a quebra não for considerado, sendo então os R$

R$3.443,58 o custo unitário não é necessariamente R$3,4436 conforme está na Tabela 13 –

Total dos custos variáveis da primeira fase, porque este valor está para 1.000 unidades,

logo, por razões matemáticas, este custo deve duplicar, já que as unidades caíram pela

metade, significando R$R$6,8872.

Além do custo unitário ainda maior, o produtor tem 500 unidades a menos para

efetuar sua venda e estas 500 unidades são crucias, já que a margem de contribuição da

mesma é extremamente baixa (R$0,3574, o que não representa nem 1% do preço de

venda), então seu ganho, neste caso, deveria vir pela venda em grande quantidade.

Page 53: Atividade rural familiar: Enfoque em caso prático e uma granja de corte

53

CONCLUSÃO

No caso prático verificou-se que o produtor tem um grande prejuízo com as mortes

dos pintinhos causadas pela doença da bouba viária. O Prejuízo é devido ao fato de que estas

mortes mais que duplicam o custo unitário, fato que diminui drasticamente a margem de

contribuição do mesmo.

Não somente com custo unitário maior, houve também o desperdício da mão-de-

obra, ração e medicamentos empregados, pois estes elementos não se converteram no

produto final frango. Explica o custo unitário ser maior do que o dobro, mesmo com a

quebra pela metade.

Uma observação sobre esta atividade é que por se tratar de uma atividade rural

familiar ela acaba por se misturar com assuntos familiares, até pela própria natureza desta

atividade, ou seja, o principio contábil da Entidade não é praticado, deste modo a dificultar a

ótica dos custos, isto é, torna-se muitas vezes infactível levantar dados importantes para

gestão.

Observou-se o produtor não detém conhecimentos relevantes de contabilidade, fato

que leva para o problema no parágrafo anterior sobre o levantamento de dados e outras

ações adjacentes, como mapeamento dos custos, identificação de resultado, segregação da

atividade fim da atividade familiar.

Todos os fatores mencionados anteriormente, desde a segregação das atividades até o

levantamento de dados, acabam por camuflar o prejuízo desta atividade, pois ele é em sua

grande parte ocasionado por fatores não financeiro. Então o produtor não habituado com a

percepção de custos que não sejam explícitos em desembolso imediato não consegue fazer a

boa gestão destes e assim auferir ganhos em seu resultado, até mesmo acaba por retirar

dinheiro de sua família para custear sua atividade sequer sem perceber isto.

A pesquisa teve sua utilidade em demonstrar e instruir o produtor a necessidade da

contabilização adequada, bem como a aplicação do princípio contábil da Entidade. Assim

obter informações úteis e necessárias para gerenciar suas atividades, pois como dito

anteriormente o custo pode não ter um caráter de desembolso, o que torna mais difícil sua

percepção e deste modo seu controle efetivo.

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Recomenda-se em primeiro passo que o produtor saiba separar os recursos

particulares familiar dos recursos de sua atividade rural, assim respeitando o principio

contábil da Entidade. Com as devidas segregações o produtor consegue mais facilmente

levantar os dados necessários e referentes à sua atividade rural, gerenciando-a de maneira

mais adequada e obtendo mais sucesso em suas tomadas de decisões.

A primeira etapa de um trabalho que visa somar a qualidade da atividade rural

familiar indica-se a apuração contábil de outros produtores familiares brasileiros. Já que tal

carrega demasiada importância para a economia e sociedade nacional, apontada na primeira

seção deste trabalho.

Além destas apurações segue em conjunto o trabalho de orientação e “alfabetização”

contábil para esses produtores para viabilizar uma produção rentável e que ao invés

desperdiçar os recursos da família venha a ser outra fonte de renda, pois conforme a hipótese

inicial apresentada eles não efetuam a devida contabilização de sua atividade. Para fazer

com que a atividade rural familiar permaneça sustentável em sua essência e até mesmo

evitando que ela torne-se uma atividade autodestrutiva para seu produtor é crucial a

contabilização adequada.

O trabalho informal deste produtor carrega consigo além do prejuízo não percebido

por causa das desinformações, como o prejuízo a nação, pois a informalidade neste caso está

acompanhada também da sonegação fiscal, na medida em que o produtor não emite a nota

fiscal sobre as vendas efetuadas.

Pelluzi LFG, 04/02/13,
Adicionei este parágrafo como uma breve conclusão da informalidade do produtor, como consequência a a não emissão da nota fiscal sobre a venda.
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REFERÊNCIAS

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