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ALEX POETA CASALI Atividades comportamentais e comportamento alimentar de rã-touro, Lithobates catesbeianus (Shaw, 1802), de pigmentação normal e albina em cativeiro. Tese apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Doutor em Psicobiologia. NATAL 2010

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ALEX POETA CASALI

Atividades comportamentais e comportamento alimentar

de rã-touro, Lithobates catesbeianus (Shaw, 1802), de

pigmentação normal e albina em cativeiro.

Tese apresentada à Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, para obtenção do título

de Doutor em Psicobiologia.

NATAL

2010

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ALEX POETA CASALI

Atividades comportamentais e comportamento alimentar

de rã-touro, Lithobates catesbeianus (Shaw, 1802), de

pigmentação normal e albina em cativeiro.

Tese apresentada à Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, para obtenção do título de

Doutor em Psicobiologia.

Orientação: Professora Maria de Fátima Arruda

Coorientação: Professora Cibele Soares Pontes

NATAL

2010

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Biociências

Casali, Alex Poeta.

Atividades comportamentais e comportamento alimentar de rã-touro,

Lithobates catesbeianus (Shaw, 1802), de pigmentação normal e albina

em cativeiro / Alex Poeta Casali. – Natal, RN, 2010.

139 f. : Il.

Orientador: Profª Maria de Fátima Arruda.

Coorientadora: Profª. Cibele Soares Pontes.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Psicobiologia.

1. Rã-touro – Tese. 2. Albinismo – Tese. 3. Comportamento animal –

Tese. I. Arruda, Maria de Fátima. II. Pontes, Cibele Soares. III.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE-CB CDU 597.851

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Título: Atividades comportamentais e comportamento alimentar de rã-touro,

Lithobates catesbeianus (Shaw, 1802), de pigmentação normal e albina em

cativeiro.

Autor: Alex Poeta Casali

Data/local da defesa: 7 DE JUNHO DE 2010 – 09h30min

Anfiteatro das Aves, Centro de Biociências – UFRN

Banca Examinadora:

_________________________________________________________

Prof. ONOFRE MAURÍCIO DE MOURA

Universidade Federal da Paraíba – Campus Bananeiras, PB

_________________________________________________________

Prof. MARCELO LUIS RODRIGUES

Universidade Federal da Paraíba – Campus Areia, PB

_________________________________________________________

Profa. HELDERES PEREGRINO ALVES DA SILVA

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN

_________________________________________________________

Prof. WALLISEN TADASHI HATTORI

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, RN

_________________________________________________________

Profa. CIBELE SOARES PONTES

Universidade Federal Rural do Semiárido, RN

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...”amai-vos, este o primeiro ensinamento; instrui-vos, este o segundo.”..

O Espírito da Verdade. (Paris, 1860).

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Dedicatória

A minha família,

em especial a minha esposa e meu filho

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Agradecimentos:

Agradeço a Deus pelas oportunidades concedidas e a Jesus por ser o grande

guia e exemplo da humanidade, encurtando os caminhos para nossa evolução.

A Professora Cibele Pontes Soares, minha coorientadora, por ter sido a

grande incentivadora deste trabalho em seu primeiro momento, e depois ao longo do

tempo, sem ela nada haveria começado.

A Professora Fátima Arruda, minha orientadora, que me acolheu mesmo

mergulhada em trabalhos, aceitando o desafio de trabalhar uma espécie nova. Pela

valiosa orientação, sem a qual nada teria sido feito.

Aos meus familiares, que tiveram que suportar minha falta de atenção e muita

indisponibilidade nesses anos. Especialmente minha esposa Richélita Casali, que

além de cuidar de mim com muito amor, ajudou no experimento e nas demais fases

do trabalho. A meu filho que, mesmo bebê, me inspirava e dava forças para ir

adiante. A minha mãe e meu pai, que por muitas vezes viajaram 2300 km, para me

substituir na minha função de pai.

Aos colegas do Laboratório de Ranicultura e Produtos da Aquicultura da

Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Centro de Ciências Humanas, Sociais e

Agrárias (CCHSA), pelo convívio e colaboração. Ao Prof. Maurício que sempre

apoiou este trabalho. Especialmente ao funcionário Antônio Rosendo, sempre

disposto a ajudar e dar condições para que eu pudesse executar minha pesquisa.

Aos funcionários “José de Mirinha”, Welton e Anchieta, e aos estagiários que

passaram pelo setor e que, de forma indireta, colaboraram para que tudo fosse

possível.

Aos colegas Wallisen e Felipe, da pós-graduação de psicobiologia, pela

grande ajuda na parte estatística, participando pacientemente das reuniões de

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planejamento de coleta e processamento dos dados, e também pelo esforço em

compartilharem o tempo disponível deles, para a realização desse doutorado.

Aos colegas da pós que cursaram disciplinas comigo, pelo ambiente de

colaboração e trocas de experiências. Aos professores da pós que me auxiliaram a

enxergar esse novo mundo de possibilidades, dentro do comportamento animal. Aos

coordenadores da pós-graduação em psicobiologia, e a minha orientadora, por

compreenderem minha ausência em determinados momentos.

A Professora Helderes Peregrino Alves da Silva, pela valiosa participação na

qualificação, fundamental para traçar rumos, ainda um pouco confusos naquele

momento.

Aos meus alunos da UFPB/CCHSA e ao Colégio Agrícola Vidal de Negreiros

(CAVN), que me inspiram na busca do conhecimento para melhor servi-los.

A todos, que por incompetência minha, esqueci-me de mencionar, mas que

ajudaram nesta importante missão do doutorado.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a Pós-graduação em

Psicobiologia por terem me acolhido nessa jornada.

Ao CCHSA/UFPB e ao CAVN por permitirem a realização de minha pesquisa

sem entraves, compreendendo o objetivo de somar conquistas e conhecimentos a

serem futuramente compartilhados.

Ao CNPq pela concessão de bolsa no primeiro ano de trabalho, fundamental

para dar suporte à realização da pesquisa.

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Sumário

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ................................................................................................... IX

RESUMO ............................................................................................................................ XIII

ABSTRACT ........................................................................................................................ XV

1. APRESENTAÇÃO ............................................................................................................. 1

2 – INTRODUÇÃO GERAL – A IMPORTÂNCIA DE ESTUDOS DE COMPORTAMENTO DE RÃS EM CATIVEIRO, VISANDO A INTRODUÇÃO DE ANIMAIS ALBINOS NOS CRIATÓRIOS COMERCIAIS. ................................................................................................ 3

3. OBJETIVO GERAL ......................................................................................................... 18

3.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................................. 18

3.2. HIPÓTESES E PREDIÇÕES ............................................................................................ 19

4. METODOLOGIA GERAL ................................................................................................ 22

4.1. MATERIAL BIOLÓGICO .................................................................................................. 22

4.2. UNIDADES EXPERIMENTAIS .......................................................................................... 23

5. EXPERIMENTO 1 - ATIVIDADES COMPORTAMENTAIS DIÁRIAS DE RÃ-TOURO COM PIGMENTAÇÃO NORMAL E ALBINA. ............................................................................... 28

5.1. ARTIGO 1 - ATIVIDADES COMPORTAMENTAIS DIÁRIAS DE RÃ-TOURO, LITHOBATES

CATESBEIANUS, EM LABORATÓRIO. ..................................................................................... 28

5.2. – ARTIGO 2 - ATIVIDADES COMPORTAMENTAIS DIÁRIAS DE RÃ-TOURO ALBINAS, LITHOBATES

CATESBEIANUS, EM LABORATÓRIO ...................................................................................... 47

6 – EXPERIMENTO 2. INFLUÊNCIA DOS HORÁRIOS DE OFERTA DO ALIMENTO NA CRIAÇÃO DE ESPÉCIMES ALBINOS DE RÃ-TOURO ...................................................... 67

6.1. – ARTIGO 3 – ATIVIDADES COMPORTAMENTAIS DIÁRIAS DE RÃS-TOURO ALBINAS,

LITHOBATES CATESBEIANUS, ALIMENTADAS EM DIFERENTES HORÁRIOS, EM LABORATÓRIO ..... 67

6.2. – ARTIGO 4 - COMPORTAMENTO ALIMENTAR E DESEMPENHO ZOOTÉCNICO DE RÃS-TOURO

ALBINAS, LITHOBATES CATESBEIANUS, ALIMENTADAS EM DIFERENTES HORÁRIOS, EM

LABORATÓRIO .................................................................................................................... 93

7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 118

8 – CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................................. 124

9 – REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 126

ANEXO .............................................................................................................................. 134

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Lista de ilustrações Metodologia Geral Figura 1 – Rã-touro com pigmentação normal (a) e albina (b).............................. 22

Figura 2 – Minibaias desenvolvidas para experimentação com rãs...................... 23

Figura 3 – Planta baixa (detalhes construtivos da sala de experimentação)........ 24

Figura 4 – Minibaias com tampas em acrílico transparente.................................. 24

Figura 5 – Minibaias com tampas abertas............................................................. 24

Figura 6 – Minibaia com componentes móveis: caixa com água e piso de fibra de vidro...................................................................................................................

25

Figura 7 – Cocho (borda e fundo), rampas (perto e longe) e piscina.................... 26

Figura 8 – Abrigo (embaixo do piso de fibra de vidro)........................................... 27

Artigo 1 Figura 1 – Frequência do comportamento de ingestão de rãs-touro, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).....................................................................

33

Figura 2 – Frequência do comportamento de deslocamento no seco de rãs-touro, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).....................................

34

Figura 3 – Frequência do comportamento de descanso no seco de rãs-touro, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).................................................

35

Figura 4 – Frequência do comportamento de permanência no abrigo de rãs-touro, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).....................................

36

Figura 5 – Frequência do comportamento de deslocamento na água de rãs-touro, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).....................................

36

Figura 6 – Frequência do comportamento de descanso na água de rãs-touro, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).................................................

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Artigo 2 Figura 1 – Frequência do comportamento de ingestão de rãs-touro albinas, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).................................................

53

Figura 2 – Frequência do comportamento de deslocamento no seco de rãs-touro albinas, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h)....

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Figura 3 – Frequência do comportamento de descanso no seco de rãs-touro albinas, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).....................................

55

Figura 4 – Frequência do comportamento de permanência no abrigo de rãs-touro albinas, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).... .

56

Figura 5 – Frequência do comportamento de deslocamento na água de rãs-touro albinas, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h)....

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Figura 6 – Frequência do comportamento de descanso na água de rãs-touro albinas, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).....................................

58

Artigo 3 Figura 1 - Frequências de descanso no seco de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).................................................

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Figura 2 - Frequências de deslocamento no seco de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).................................................

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Figura 3 - Frequências de deslocamento na água de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).................................................

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Figura 4 - Frequências de descanso na água de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).................................................

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Figura 5 - Frequências de permanência no abrigo de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).................................................

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Figura 6 - Frequências de ingestão de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).....................................................................

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Figura 7 - Frequências de disputas de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).....................................................................

82

Artigo 4 Figura 1 - Frequência de Ingestão de rãs-touro albinas no horário de referência (45 minutos antes e depois do amanhecer) e 45 minutos antes e depois das 10 e das 16 h, para a oferta de alimento pela manhã (10 h)..............

102

Figura 2 - Frequência de Ingestão de rãs-touro albinas no horário de referência (45 minutos antes e depois do amanhecer) e 45 minutos antes e depois das 10 e das 16 h, para a oferta de alimento pela tarde (16 h).................

103

Figura 3 - Frequência de Ingestão de rãs-touro albinas no horário de referência (45 minutos antes e depois do amanhecer) e 45 minutos antes e depois das 10 e das 16 h, para a oferta de alimento pela manhã e tarde (10 e 16 h)......................................................................................................................

103

Tabela 1 - Frequência (média ±dp) de disputas de rãs-touro albinas no horário de referência (45 minutos antes e depois do amanhecer) e antes e depois das 10 e das 16 h, para os diferentes tratamentos de oferta de alimento, pela manhã (10 h), pela tarde (16 h), e pela manhã e tarde (10 e 16 h)......................

104

Figura 4 - Latências (médias ±dp) de chegada e de ingestão de rãs-touro albinas para os diferentes horários de oferta de alimento: pela manhã (10 h), pela tarde (16 h), e pela manhã e tarde (10 e 16 h).............................................

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Figura 5 - Ganho de peso (a) e Conversão alimentar (b) (médias ±dp) de rãs-touro albinas para os diferentes horários de oferta de alimento: manhã (10 h), pela tarde (16 h), e pela manhã e tarde (10 e 16 h).............................................

105

Conclusão e discussão geral Tabela I – Hipóteses, predições e resultados obtidos.......................................... 118

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Resumo

O entendimento das atividades comportamentais de rãs-touro em cativeiro é de

grande importância para a indicação de caminhos adequados no manejo da espécie,

visando o uso racional do alimento fornecido. A rã de pigmentação normal é

atualmente usada nos ranários, mas a introdução de animais albinos vem sendo

pesquisada com o objetivo de se obter um produto diferenciado. Assim, esse estudo

objetivou caracterizar as atividades comportamentais de rãs-touro de pigmentação

normal e albinas em cativeiro. No primeiro experimento foram utilizadas 48 rãs-touro

(70,5 ± 25,6 g) alimentadas uma vez ao dia, em horários aleatórios em minibaias. As

atividades comportamentais, obtidas através de filmagens dos animais, foram

semelhantes entre os de pigmentação normal e albinos, sendo destacados os

seguintes comportamentos: a atividade de ingestão que foi mais frequentemente

observada no amanhecer, seguido dos horários da fase de claro; o deslocamento e

o descanso no seco mostraram haver uma relação com a alimentação; houve

indícios de antecipação do horário de alimentação e que o descanso na água

acontece com maior frequência em fase oposta ao da alimentação; e a fase de claro

pode ser recomendada para a oferta de alimentos aos animais pigmentados e

albinos. Já no segundo experimento, foram fixados os horários de alimentação (10 h

ou 16 h), sendo utilizadas 72 rãs-touro albinas em minibaias. Para a análise de

desempenho, o peso inicial foi de 23,8 ± 7,6 g, e quando os animais atingiram 60,0 ±

20,0 g foram feitas as filmagens das atividades comportamentais. Foram

encontradas diferenças significantes entre os diferentes horários de oferta de

alimento testados, para a atividade de ingestão, havendo uma tendência dos

animais se alimentarem no amanhecer e logo após a oferta de alimento fresco. Ficou

evidenciado que os animais, que recebiam alimento somente pela tarde, tiveram

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suas atividades comportamentais alteradas. O uso de dois parcelamentos diários

estimula a rã-touro albina a consumir alimento em diferentes horários do dia, mas

isso não resultou em maior crescimento do animal. O alimento fresco é um estímulo

para os animais se alimentarem, mas a ingestão ocorreu com maior frequência ao

amanhecer, portanto recomendam-se estudos sobre o fornecimento de alimentos

nesse horário. Não foram constatadas evidências de um horário (10 h ou 16 h) mais

adequado para o manejo alimentar dos animais albinos, nem vantagens de se usar

duas ofertas diárias de alimento. Os resultados aqui apresentados trazem

importantes informações sobre o manejo de oferta de alimento e a preferência de

horários das atividades dos animais, ajudando, com informações inéditas, as futuras

pesquisas direcionadas nessa área.

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xv

Abstract

The behavior of bullfrogs reared in captivity must be well understood to support

management practices that use efficient feeding regimes. In general, bullfrogs reared

in captivity have normal pigmentation, but to develop an enhanced product, some

studies have investigated the introduction of albino individuals in frog farms. The

present study characterized the behavior of both pigmented and albino bullfrogs

reared in captivity. In an initial experiment, 48 bullfrogs (70.5 ± 25.6 g) housed in

small stalls were fed once a day at random times. Frogs were filmed and the images

showed that both the pigmented and albino varieties behaved similarly: food intake

was more frequent at dawn followed by light periods; moving and resting in dry areas

may be associated to feeding events; frogs appeared to anticipate feeding time and

to rest in the water more frequently in periods other than feeding time; daylight is the

recommended period for feeding both pigmented and albino frogs. In a second

experiment, 72 albino bullfrogs were fed at fixed times (10 a.m. or 4 p.m.) in small

stalls. An initial weight of 23.8 ± 7.6 g was considered to evaluate frog performance,

and after the animals reached 60.0 ± 20.0 g, they were filmed for behavior analyses.

Food intake varied as a function of feeding time, and frogs were more likely to eat

during the early hours of the day and immediately after receiving fresh food. Frogs

fed only in the afternoon changed their behavior. Food supplied twice a day

stimulated the albino frogs to eat at different times, but did not increase growth.

Although fresh food stimulated feeding behavior, food intake was more frequent at

dawn. Food supplied at this time of day should therefore be further investigated. The

results did not indicate a more suitable feeding time (10 a.m. or 4 p.m.) for albino

bullfrogs, or any advantage in using two feedings per day. The results provide

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important information about bullfrogs in terms of food supply regime and activity

preferences throughout the day. This novel information will contribute to future

studies in this area.

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1

1. Apresentação

Nesta tese optou-se por apresentar os trabalhos desenvolvidos em formato de

artigos para publicação. No sentido de esclarecer aspectos comuns a todos os

temas abordados, foram elaborados: introdução geral, metodologia geral, objetivos,

hipóteses e predições. Posteriormente, apresentaram-se os artigos seguidos das

considerações finais e conclusões gerais.

A introdução geral é composta de uma revisão, onde se buscou apresentar

uma descrição da atividade de ranicultura no Brasil, seguido de justificativas para a

necessidade dos estudos de comportamento em cativeiro para o correto manejo de

rãs-touro, salientando-se sua importância quando se propõe a introdução de animais

albinos em criatórios.

Foi realizado um estudo piloto, para definição das categorias

comportamentais e testes de equipamentos, e posteriormente, dois experimentos,

sendo que o primeiro deu origem a duas publicações, e o segundo deu origem às

outras duas.

No primeiro artigo descrevem-se, de forma inédita, as atividades

comportamentais de rãs-touro em fase pós-metamórfica, ao longo de 24 horas, em

condições de laboratório, que simulam parcialmente o ambiente dos criatórios

comerciais.

No segundo artigo, é apresentada uma análise das atividades

comportamentais de espécimes albinos, a fim de se detectar possíveis necessidades

de cuidados especiais, com a introdução desses animais na criação.

Já no terceiro artigo, é estudado se as variações do horário de oferta de

alimento e do número de ofertas diárias irão influenciar as atividades

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comportamentais diárias de animais albinos, e se existem evidências de vantagens

nas possíveis modificações da distribuição das atividades comportamentais ao longo

das 24 horas.

No quarto artigo, é feita uma análise direcionada ao comportamento alimentar

e ao desempenho zootécnico de animais albinos, em função da variação do horário

de oferta de alimento e do número de ofertas diárias. Nesse estudo, o

comportamento alimentar das rãs é aprofundado e correlacionado com as respostas

de crescimento obtidas, evidenciando-se ou não, se existe um manejo alimentar

mais adequado para melhorias da performance de desenvolvimento dos albinos em

cativeiro. Também foi realizada uma análise comparativa do comportamento

alimentar antes e após o fornecimento de ração, para se avaliar o efeito da atração

do alimento fresco e se os manejos propostos são capazes de mudar os horários

preferidos de alimentação dos animais, observados no primeiro experimento.

Nas considerações finais é feita uma análise das predições inicialmente

propostas, verificando quais foram corroboradas, e a interligação entre os artigos a

fim de se terminar com as conclusões gerais obtidas.

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2 – INTRODUÇÃO GERAL – A importância de estudos de comportamento de rãs em cativeiro, visando a introdução de animais albinos nos criatórios comerciais.

Breve histórico da atividade de ranicultura

A aquicultura é definida como o cultivo de organismos que tenham na água o

seu normal ou mais frequente meio de vida (Decreto nº 2.869, 1998), sendo o

criador de rãs, ou ranicultor, considerado aquicultor (Portaria IBAMA nº 95-N, 1993).

A aquicultura, cultivo racional de organismos aquáticos, inclusive a ranicultura, é

uma atividade zootécnica (Eller & Millani, 2007) participando da estatística de

produção nacional de pescados.

Essa atividade se apresenta como alternativa de produção de alimento de boa

qualidade para a população, com proteína de alto valor biológico. Essas

características influenciaram no crescimento do consumo per capta de pescado de

0,7 kg em 1970, para um pouco mais que 6,0 kg entre 2002-2008 (FAO, 2008). A

criação em cativeiro pode ainda contribuir para a diminuição da exploração dos

estoques pesqueiros naturais.

O Brasil possui excelente potencial para o cultivo de organismos aquáticos,

como as rãs, que são anfíbios, animais pecilotérmicos exigentes em água disponível

e em temperatura, que deve estar entre 25 a 27ºC (Braga & Lima, 2001; Figueiredo,

Agostinho, Baêta & Lima,1999a). O país apresenta clima favorável, água doce em

quantidade e qualidade adequadas. No Brasil, o panorama de desenvolvimento da

aquicultura era bastante favorável, apresentando uma média de crescimento, em

tonelagem, de 21% ao ano, desde 1998 (IBAMA, 2004), mas apresenta uma

estagnação entre 2004 e 2006 (IBAMA 2008), causada por problemas na cadeia

produtiva da carcinocultura.

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O Brasil detém tecnologia própria de produção na ranicultura, sendo um dos poucos

países a desenvolver pesquisas em diferentes sistemas de criação comercial.

Apesar disso, o número de profissionais e instituições de pesquisa nacionais

envolvidos ainda é pequeno, resultando em um campo de trabalho promissor a ser

explorado por pesquisadores. Essa atividade teve início no país na década de 30,

apresentando períodos de crescimento e desenvolvimento técnico nas décadas de

80 e 90. Estima-se que o país contava com aproximadamente 524 ranários

comerciais em operação, em 1998, com uma produção de 379 Ton./ano (Lima, Cruz

& Moura, 1999). ). Segundo IBAMA (2009) o país produziu 603 Ton. de carne de rã

em 2007, movimentando valores estimados em R$ 6.714.500,00.

A rã-touro, Lithobates catesbeianus, é uma espécie exótica no Brasil,

originária da América do Norte (Longo, 1991; Coppo, 2003; Wu, Wang & Adams

2005), e apresentou ótima adaptação ao clima brasileiro, apresentando-se como a

preferida nos criatórios comerciais (Vieira, 1980; Lima & Agostinho, 1992), tornando-

se a espécie mais indicada para criação comercial em todo território nacional devido,

entre outros fatores, a sua prolificidade, adaptação ao cativeiro, crescimento rápido,

e tolerância a baixas temperaturas. Por outro lado, por ser uma espécie exótica, sua

fuga pode causar danos à biodiversidade local e deve ser evitada.

Alimentação de rãs em cativeiro

O fornecimento de alimento para as rãs possui a particularidade de oferecer

dois desafios primordiais a produtores e pesquisadores. O primeiro desafio é o de

tornar o alimento atrativo para o animal, através de seu movimento. O segundo

desafio é o de oferecer dietas que atendam as necessidades nutricionais da rã,

promovendo rápido crescimento e boa conversão alimentar. Atualmente, novos

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desafios surgem, entre eles, o de diminuir o desperdício de ração e assim também

torná-la menos poluente.

O uso exclusivo de insetos na alimentação de rãs era trabalhoso e não

resultava em uma alternativa viável para ranários de grande porte. Assim, o

panorama da ranicultura nacional somente se modificou após a recomendação de

utilização de ração, em proporções de 70 a 80% do total de alimentos fornecidos por

dia (Lima & Agostinho, 1984). Mesmo assim, era necessária a complementação da

ração, com o uso de larvas de mosca como atrativo, na proporção de 20 a 30%

(Lima & Agostinho, 1992). Devido à aversão a luz (fotofobia) que as larvas de mosca

apresentam, esses insetos migram para parte inferior dos cochos, ou seja, embaixo

da ração. Devido a essa particularidade, os animais visualizam a ração se

movimentando, sendo atraídos a ingerir os peletes.

Segundo Lima et al. (1999), a maioria dos ranários em operação em 1998 foi

construída tomando-se como base o Sistema Anfigranja de criação, que por sua vez

recomenda o uso de ração e larvas em cochos.

Vários estudos foram realizados, no sentido de se obter a composição mais

adequada de uma ração para rãs, dentre eles, Monteiro, Lima e Agostinho (1988),

Barbalho (1991), Mazzoni, Carnevia e Rosso (1992) e Casali, Moura, Lima e Silva

(2005), sendo recomendados altos níveis de proteína bruta (> 45% PB), o que

resulta em uma ração de alto custo ao produtor e também com potencial elevado de

poluição. Assemelhando-se a outras atividades aquícolas, na ranicultura a

alimentação artificial é responsável por aproximadamente 40% a 60% dos custos de

produção de um ranário. Esse custo foi estimado por Lima & Agostinho (1992) em

54,8 a 63,0% e por Casali & Lima (2005) em 41,0 a 50,0%.

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Apesar de todos os produtores utilizarem alimento artificial em suas criações,

existem poucas pesquisas sobre comportamento alimentar de rãs em cativeiro. Em

ranários comerciais, a alimentação é normalmente oferecida no período matinal e

uma vez ao dia. No entanto, nenhuma pesquisa determinou se essa conduta é a

mais adequada para a rã-touro. Desta forma, o estudo do comportamento alimentar

das rãs poderá indicar os caminhos para o manejo adequado da espécie em

cativeiro, para um aproveitamento mais adequado do dispendioso alimento

atualmente oferecido, evitando-se desperdícios que por sua vez, podem levar ao

aumento de poluição ambiental.

Estudos comportamentais

O estudo do comportamento, quando aplicada a criação comercial de

animais, está diretamente ligado ao bem-estar animal em ambiente de cativeiro

(Gonyou,1994). As pesquisas em etologia aplicada têm como preocupação o

entendimento e a promoção do bem estar animal, o que tem sido feito por 35 anos,

desde a fundação da ISAE (International Society for Applied Ethology) (Millman,

Duncan, Stauffacher, & Stookey, 2004). Assim, o conhecimento de aspectos ligados

ao comportamento de rã-touro visará trazer informações que poderão atuar

diretamente sobre o aumento da sua produtividade e no atendimento de exigências

atuais do consumidor, em um mercado que requer um produto que cause menos

danos sociais e ambientais.

Existem poucas pesquisas no campo de etologia aplicadas a rãs em cativeiro,

sendo descritos alguns comportamentos de movimentação dos animais entre a área

seca e a área com água, para termorregulação, através da determinação do número

de animais em cada um desses ambientes em diferentes temperaturas, conforme foi

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relatado por Figueiredo, Lima e Baêta (1999b). Não foi encontrado, na literatura

especializada, nenhum trabalho descrevendo o comportamento alimentar de rãs-

touro em cativeiro. Trabalhos de observação desses animais na natureza são mais

comuns. Dentre eles, se encontram os estudos que envolvem reprodução de rãs

(Austin, Dávila, Lougheed, & Boag; 2003; Moorea & Jessop, 2003; Pearl, 2005;

Kaefer, Boelter, & Cechin, 2007), aqueles que tratam comunicação por vocalização

(Bee & Gerhardt, 2001a, 2001b e 2002; Bee, 2002 e 2004; Bee & Bowling, 2002) e

os que estudaram o conteúdo estomacal dos animais (Lima & Agostinho, 1992; Daza

& Castro, 1999; Coppo, 2003; Wu et al., 2005).

No entanto, estas pesquisas pouco se aplicam à situação da criação

comercial de rãs, onde estes animais se encontram em elevadas densidades

populacionais e se alimentam de ração em peletes. Assim, o estudo do

comportamento de rãs, poderá servir de ferramenta importante para a melhoria do

bem-estar animal em cativeiro, podendo exercer uma influência positiva em seu

desempenho zootécnico.

O bem-estar animal pode resultar no aperfeiçoamento de índices de

produtividade e consequentemente na diminuição dos custos de produção. A

aplicação de conhecimentos acerca das atividades diárias e do comportamento

alimentar da rã-touro poderá contribuir para a adequação do manejo técnico diário

dos animais. Hötzel e Machado Filho (2004) advertem que a preocupação do bem

estar animal não pode ser direcionado apenas para a questão de produtividade.

Segundo esses autores, os principais motivos que levam os pesquisadores a estudar

o bem estar animal incluem também as questões éticas, a qualidade do produto final

e o atendimento de exigências internacionais do comércio.

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Os animais alcançam seus melhores níveis de crescimento quando são

submetidos a um mínimo de estresse em seu ambiente de criação, por isso uma

grande preocupação dos pesquisadores é quanto as influências que ambientes de

cativeiro podem causar aos animais. Conforme Duellman e Trueb (1994), a

atividade dos anfíbios vai depender das particularidades do local onde eles habitam.

Øverli et al. (2004) reportaram a complexidade dessas interações em Trutas, onde a

adaptação ao ambiente gera respostas comportamentais, neuroendócrinas e

metabólicas, sendo um fenômeno biológico comum que envolve estresse e

respostas ao nível do eixo hipotámo-pituitária-adrenal, além do sistema nervoso

simpático.

A capacidade dos anfíbios em responder apropriadamente através de seu

comportamento defensivo, frente a uma ameaça, pode afetar a sua sobrevivência

(Coddington & Moore, 2003; Moorea & Jessop, 2003), sendo que o animal dispõe de

um repertório amplo de comportamentos, de acordo com o ambiente, situação

fisiológica e estado reprodutivo (Coddington & Moore, 2003). Estas respostas

comportamentais podem variar entre indivíduos, resultando em diferentes

estratégias, de acordo com o contexto social e ambiental que o animal está exposto

(Moorea & Jessop, 2003).

Os peixes, que também são animais pecilotérmicos e usam o meio aquático

como os anfíbios, foram alvos de diversas pesquisas aplicadas à criação em

cativeiro. Lima & Agostinho (1984) consideraram que os peixes carnívoros têm

ecologia e fisiologia semelhante à rã, que também pode ser considerada carnívora

em sua fase pós-metamórfica (Reeder, 1964; Nishikawa, 2000; Coppo, 2003), e

servem de comparação, na ausência de dados específicos sobre anfíbios.

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Comportamento alimentar

A fase inicial do desenvolvimento de anfíbios (girinos) é totalmente aquática e

se alimenta basicamente de algas (Pryor, 2003), enquanto que a fase pós-

metamorfose apresenta características de espécie carnívora (Reeder, 1964). Coppo

(2003) estudou o aparelho digestivo de anuros e concluiu que o mesmo é

semelhante ao de animais carnívoros. Apesar de semelhanças com os peixes

carnívoros, é importante lembrar que na fase pós-metamórfica o alimento, no

cativeiro, é oferecido fora do ambiente aquático, preservando suas características

por maior tempo, quando comparado ao ambiente de criação de peixes.

Os anuros do gênero Rana, entre eles a Rana catesbeiana (reclassificada para

Lithobates catesbeianus por Frost et al., 1996) possuem comportamento alimentar

compatível com animais predadores, oportunistas, não descriminantes, o que foi

comprovado pelo conteúdo de seu estômago (Parker & Goldsten, 2004). Para Wu et

al. (2005) e Coppo (2003), que reportaram a dieta alimentar de rãs-touro na

natureza, sendo encontrados artrópodes, moluscos, anelídeos e cordatos em seu

estômago, junto com material vegetal e mineral. Dieta semelhante foi descrita por

Lima e Agostinho (1992) e Daza e Castro (1999), que identificaram sequencialmente

os representantes mais importantes para alimentação de rãs na natureza:

coleópteros, peixes, aranhas, grilos, percevejos, rãs e sapos. Trata-se de um

predador generalista que parece se alimentar de tudo que caiba em sua boca e o

tamanho da presa, na natureza, aumenta com o tamanho do animal (Wu et al.,

2005).

Na criação de rãs em cativeiro, a alimentação com presas vivas torna-se sem

praticidade e antieconômica, sendo necessário o uso de alimentos artificiais.

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Segundo Pough (1991), muitos anfíbios respondem apenas ao movimento e ignoram

suas presas favoritas se elas estiverem imóveis. Daí a importância dos criadores de

rãs, em cativeiro, em dar movimento aos peletes de ração inertes (Lima & Agostinho,

1984; Miles, Williams, & Hailey, 2004; Casali, Moura, Mendes, & Nobrega, 2006).

Alguns aspectos do comportamento alimentar de rãs foram descritos por

poucos autores, que usaram diferentes metodologias. Nos ranários, é comum

constatar que os animais procuram submergir na água após ingerirem ração. Busk,

Jensen e Wang (2000), verificaram o intercâmbio de substâncias entre a pele de rãs-

touro e a água que a cercava após sua alimentação, sendo que a água tem

imortância para a hidratação do animal, para as de trocas gasosas (oxigênio e gás

carbônico), e para excreção de compostos nitrogenados (amônia).

O comportamento de antecipação do horário de alimentação pelos animais

pode fornecer importantes informações para a adequação do manejo alimentar em

cativeiro. Segundo Boujard e Leatherland (1992), o horário de alimentação atua

como marcador biológico e pode anular os efeitos de mudanças de claro e escuro,

assim os peixes são capazes de apresentar comportamentos de alimentação

antecipadamente, quando alimentados sempre no mesmo horário. A busca

antecipada do local específico, no horário previsto de alimentação, também foi

descrito para rãs, como na pesquisa de Bergeijk (1967), que demonstrou que a rã-

touro é capaz de aprender o horário de alimentação com pequeno tempo para

adaptação.

Nos anfíbios, o uso da língua para a captura de alimentos, foi estudado por

muitos autores como: Roth; Nishikawa, Wake, Dicke e Matsushima (1990); Anderson

e Nishikawa (1993); Nishikawa (1999); O'reilly, Deban e Nishikawa (2002). Vários

problemas relativos à alimentação de anuros terrestres em cativeiro podem ser

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resultantes do uso de alimentos artificiais, uma vez que, a espécie pode não estar

adaptada para identificar como comida ou para capturar através da língua. Segundo

Nishikawa (2000) a língua tem a função de capturar o alimento, levá-lo à boca e

depois direcioná-lo para o esôfago, ajudando na deglutição. Os anfíbios são capazes

de identificar o tipo e tamanho da presa mudando a forma de capturá-la através do

uso da língua (Nishikawa, Anderson, Deban, & O'reilly, 1992; Anderson & Nishikawa,

1993; Anderson & Nishikawa, 1996; Valdez & Nishikawa, 1997). Já Gray, O'reilly e

Nishikawa (1997) estudaram o hábito da rã de utilizar as patas dianteiras na captura

e transporte do alimento. Assim, para as rãs capturarem o alimento, acredita-se que

haja uma importância significativa da visão que, por sua vez, é dependente da

presença de luz no ambiente.

Pesquisando um anuro de hábito diurno, Hantano, Rocha e Sluis (2002)

reportaram que as atividades padrões do ciclo circadiano são reguladas pelo

fotoperíodo e que a espécie Hylodes phyllodes sofreu influências da luz, umidade do

ar e das chuvas em suas atividades diurnas, assim como foi reportado por Duellman

e Trueb (1994) e Cree (1989) para espécies noturnas. Provavelmente em cativeiro,

existe uma preferência de horário de alimentação, em função da influência da

presença ou ausência de luz no ambiente.

Buchanam (1993), pesquisando hábitos noturnos de anuros, recomendou o uso

de métodos de visão por infravermelho ou ampliadores de visão no escuro (visão

noturna), alegando que muitas pesquisas feitas usaram de luz incandescente ou luz

branca, que podem mudar o comportamento natural dos animais.

O horário de alimentação durante a fase clara do período de 24 h é geralmente

associado a maior eficiência de conversão alimentar do animal, provavelmente

devido as maiores temperaturas do dia, mas Heilman e Spieler (1999), estudando

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Pampo, propuseram que a alimentação do animal deve ser realizada em horários

propícios de acordo com o ritmo circadiano do animal, tirando-se maior proveito de

seu crescimento. Esses autores mostraram que na alimentação de peixes, o horário

de maior apetite e interesse dos animais não é necessariamente a melhor hora para

resultar em seu maior crescimento. Já para Harpaza et al. (2005), estudando a

perca-gigante, observaram que o horário de alimentação diurno ou noturno não

afetou substancialmente o crescimento animal. Mas, quando os dois horários de

alimentação em conjunto foram usados, os resultados mostraram uma melhor

utilização do alimento pelo animal em condições de criação intensiva.

Valdimarsson, Metcalfe, Thorpe e Huntingford (1997), estudando salmões,

traçaram um paralelo entre luz e temperatura, sugerindo que os animais

pecilotérmicos se tornam menos ativos quando a temperatura cai, mas se considera

que seu ritmo comportamental continua sendo modulado pela luminosidade.

Segundo esses autores, a mudança na temperatura seria um indicador de tempo

menos confiável do que a mudança na intensidade luminosa, e ainda lembraram a

relação direta entre estas variáveis, em que a temperatura é influenciada pela luz (a

noite é mais fria que o dia, o inverno mais frio que verão).

O entendimento da distribuição do repertório de comportamentos de rãs em

cativeiro, ao longo das fases de claro e escuro do período de 24 horas, pode ajudar

na indicação de horários mais adequados de fornecimento de ração.

A rã-touro de pigmentação normal é usada em todos os ranários brasileiros,

mas já existem algumas pesquisas sendo feitas com a variedade albina.

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Uso de rãs albinas em cativeiro

O albinismo em rãs-touro se caracteriza pela ausência de pigmentação na

pele e olhos, tornando-se um animal de coloração branco-amarelada, bastante

visível a predadores. Considerando-se que nas diversas espécies animais, as

variedades albinas possuem problemas em seu desenvolvimento, geralmente

associado a problemas de visão e queimaduras de pele, a recomendação do uso de

rãs albinas depende do conhecimento de seu comportamento e desenvolvimento em

cativeiro.

O albinismo em rãs foi pouco documentado, sendo comum encontrar rãs

albinas apenas em “pet shops”, sendo vendidas como animais de estimação, pela

coloração exótica e rara. Algumas características dos animais albinos atraem

pesquisadores para sua utilização, entre elas a diferenciação de um produto de

cativeiro quando comparado à rã caçada na natureza, diminuição de danos

causados por fugas acidentais, pela dificuldade dos albinos em permanecerem vivos

quando soltos na natureza (Lima, 2005), e a possibilidade de obtenção de uma

carne com melhor sabor, coloração e conservação, pela ausência do pigmento

(Moura, 2003).

Apesar das vantagens descritas, são necessárias informações comparativas

da produtividade de albinos em cativeiro, para sua posterior recomendação, em

ranários comerciais. Dessa forma, a observação das atividades comportamentais

durante o período de 24 horas, assim como do comportamento alimentar de rãs

albinas, poderá contribuir na explicação de eventuais diferenças de desempenho

desse animal, quando comparado aos de pigmentação normal.

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Albinismo

Albinismo é a falta de melanina (Hoperskaya, 1975), sendo um distúrbio de

natureza genética em que há redução ou ausência congênita desse pigmento

(Rocha & Moreira, 2007), que é considerado o mais importante dos animais

(Vidaurri-Sotelo, Marcías-Zamora & Cabello, 2005). A melanina dá a cor aos olhos,

pelos e pele, e é sintetizada e depositada por uma organela especializada dos

melanócitos, denominada melanossomo (Orlow, 1997; Stinchcombe, Bossi &

Griffiths, 2004). Uma enzima muito importante, no processo de fabricação da

melanina, está presente no melanossomo e é denominada de Tirosinase, sendo

responsável por uma transformação essencial do aminoácido tirosina (Passeron,

2005; Dessinioti, Stratigos, Rigopoulos & Katsambas, 2009). Os verdadeiros albinos

não possuem grânulos de pigmentos na pele ou no epitélio (Hoperskaya, 1975),

sendo geralmente causado por problemas relacionados às células, organelas ou

enzimas envolvidas no processo de pigmentação.

Diversos genes regulam a produção de melanina e sua distribuição pelos

melanossomos (Dessinioti et al., 2009). Muitas mutações genéticas podem causar

diversas desordens de pigmentação (Hornyak, 2006), as quais foram classificadas

por Passeron (2005) em seis grupos de hipomelanoses, onde ocorrem falhas de:

desenvolvimento embrionário dos melanócitos, melanogênese, biogênese dos

melanossomos, transporte dos melanossomos, sobrevivência dos melanócitos, e

finalmente, falhas causadas por outros processos desconhecidos.

Diversas pesquisas estudaram diferentes formas de manifestação de

problemas com a pigmentação (Passeron, 2005; Schraermeyer & Heimann, 1999;

Dessinioti et al., 2009), entre elas o albinismo, sendo os seguintes tipos descritos por

Orlow (1997), em sua revisão: albinismo oculocutâneo tipos 1 a 3 (OCA 1 a 3 - todo

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o corpo é afetado, totalmente ou parcialmente), albinismo ocular (AO - somente o

olho é afetado), albinismo ocular autossomal recessivo (AROA) e as síndromes de

Chédiak-Higashi e Hermansky Pudlak. As síndromes foram diferenciadas por

Scheinfeld (2003) como sendo os casos de problemas de empacotamento da

melanina e outras proteínas celulares, essa mesma pesquisadora ainda reportou

outras síndromes relacionadas ao albinismo, citando além da Chediak-Higashi

(CHS) e Hermansky-Pudlack (HPS), a Griscelli (GS), a Elejalde (ES), e a Cross-

McKusick-Breen (CMBS).

Uma característica física do albinismo com a ausência de pigmentação na

retina são os olhos róseos resultantes da irrigação sanguínea local (Hoperskaya,

1975; Fish and Wildlife Services, 2009). A importância da pigmentação na retina foi

revisada por Schraermeyer e Heimann (1999), que apresentam diversas funções

ligadas ao olho, e consequentemente, à visão. Um estudo em humanos sobre a

visão estereoscópica (tridimensional) em albinos foi reportado por Lee, King e

Summers (2001), e Neveu, Jeffery, Moore e Dakin (2009) propõem haver uma

ligação entre os problemas estruturais da visão, que albinos apresentam, com

problemas na capacidade de visão dos mesmos.

Outros problemas foram relatados como correlacionados ao albinismo, entre

eles, pode-se citar: aumento do risco de predação (Vidaurri-Sotelo et al., 2005; Fish

and Wildlife Services, 2009); desenvolvimento de câncer de pele (Witkop, 1979;

Kromber, Castle, Zwane, & Jenkins, 1989; Asuquo, Ngim, Ebughe & Bassey, 2009);

problemas ligados imunodeficiência (Stinchcombe et al., 2004); e falhas na

comunicação visual de animais dentro da mesma espécie (Vidaurri-Sotelo et al.,

2005).

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Os problemas de pigmentação, apesar de serem muito estudados em

mamíferos e principalmente nos humanos, também foram pesquisados em anfíbios,

peixes e aves (Hornyak, 2006), tendo o albinismo sido reportado em diversas

classes animais como os anfíbios, répteis, aves e peixes (Binkley, 2001).

Mecanismos genéticos, que levam a alteração na pigmentação animal, foram

estudados em anuros por Sumida e Nishioka (1994) e Nishioka, Ohtani e Sumida

(1987) em Rana japonica e Rana nigromaculata, respectivamente. A coloração dos

animais vem sendo estudada estando ligada, entre outros fatores, a mecanismos de

herdabilidade, ontogenia e comportamentos, sendo que é comum existir cores

diferentes dentro de uma mesma espécie de anuros (Hoffman & Blouin, 2000).

Assim, é provável que problemas ligados à pigmentação podem dar origem a

modificações comportamentais (alimentação, predação, reprodução, mimetismo e

outros) nestes animais.

Nos anfíbios existem relatos de albinismo com diferentes espécies de anuros,

como, por exemplo: Hoperskaya (1975) estudou a espécie Xenopus laevis, Nishioka

et al. 1987 pesquisaram implicações genéticas do albinismo em Rana nigromaculata,

e Smallcombe (1949) reportou albinismo em Rana temporaria. Na espécie

Lithobates catesbeianus, Mitchell e Mcgranaghan (2005) reportaram albinos em

girinos, enquanto que Fish and wildlife services (2009) registrou a ocorrência rara de

albinos no estágio pós-metamórfico, reportando problemas de visão com rãs-touro

albinas mantidas em zoológico, e ainda descreveu as principais características de

exemplares normais dessa espécie como: animais de olhos com coloração cinza ou

amarronzados e pele do corpo variando de verde a marrom escuro. No mesmo

trabalho, foram descritos exemplares albinos como animais que possuíam olhos

róseos e uma fraca coloração amarela na pele. Segundo Binkley (2001), alguns

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17

pigmentos podem aparecer em anuros albinos como no caso da rã Leopardo, onde

é possível ver a cor amarela, assim o animal não seria totalmente branco.

Os albinos despertam bastante interesse no comércio de animais de

estimação, e em pesquisas como marcador biológico e acompanhamento de

transmissão genética de certas características, na produção de triploidia entre outros

(Thorgaard et al., 1995).

Com relação ao desenvolvimento do animal em cativeiro, Dobosz, Kohlmann,

Goryczko, e Kuzminski (2000) encontraram diferenças de crescimento entre três

fenótipos diferentes de trutas, sendo que os albinos obtiveram pior performance.

Resultados semelhantes foram alcançados por Bondari (1983), que encontrou menor

peso e comprimento corporal em bagres (catfish) albinos quando comparados aos

de pigmentação normal. Não foram encontradas, nas referências pesquisadas,

descrições do efeito do albinismo que provem ter influência no comportamento de

rãs em em cativeiro, e se essa possível interferência altera o desempenho dos

animais.

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18

3. OBJETIVO GERAL

Caracterizar a distribuição diária das atividades comportamentais de rãs-

touro, Lithobates catesbeianus, de pigmentação normal e albina, em condições de

laboratório, assim como investigar o comportamento e o desempenho de animais

albinos em função de diferentes manejos alimentares, para sua utilização em

criatórios comerciais.

3.1. Objetivos específicos

a) Descrever as atividades comportamentais diárias de rã-touro de pigmentação

normal (artigo 1) e albina (artigo 2), em laboratório, submetida a horários

aleatórios de oferta do alimento artificial;

b) Estudar o efeito de diferentes horários e frequências de oferta de alimento na

distribuição das atividades comportamentais de rã-touro albina, no período de

24 horas em laboratório (artigo 3); e

c) Comparar a influência de diferentes horários e frequências de oferta de

alimento na frequência de ingestão e das latências de chegada ao cocho e de

ingestão, de rãs albinas (artigo 4).

d) Comparar o desempenho de rã-touro albina em ganho de peso e conversão

alimentar, em função de diferentes manejos alimentares (artigo 4).

e) Caracterizar o comportamento de rãs albinas antes e depois da oferta do

alimento, em diferentes manejos alimentares (artigo 4).

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19

3.2. Hipóteses e predições

Para se atingir os objetivos, foram avaliadas as seguintes hipóteses e

predições:

Hipótese 1 – A rã-touro de pigmentação normal é ativa durante as fases clara e

escura do período de 24 h, existindo, no entanto, um ritmo diário das atividades

comportamentais. (artigo 1)

Predição 1.1: A alimentação dos animais em horários aleatórios

provocará uma distribuição das atividades dentro das 24 horas, mas

cada atividade comportamental estudada apresentará uma distribuição

característica.

Predição 1.2: A rã-touro de pigmentação normal terá preferência pela

fase de claro em suas atividades de deslocamento e alimentação,

quando terá melhor visualização e consequente estímulo do alimento.

Hipótese 2 - A rã touro albina não possui mesmo perfil de distribuição de atividades

comportamentais quando comparada a de pigmentação normal. (artigo 2)

Predição 2.1: A rã-touro albina terá preferência pela fase de escuro em

suas atividades de deslocamento e alimentação, devido a sua possível

fotossensibilidade;

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20

Hipótese 3 – As atividades comportamentais de rã-touro albinas se alteram quando a

alimentação é fornecida em diferentes frequências e horários. (artigo 3)

Predição 3.1: Modificações do horário de fornecimento da ração

alterarão as atividades comportamentais das rãs, aumentando a

atividade de alimentação no momento após colocação do alimento

fresco, devido a sua maior atratividade, seja pela manhã ou pela tarde;

Predição 3.2: A mudança no horário de alimentação dos animais

modificará também outras atividades comportamentais diferentes da

alimentação, como atividades que se realizam na água, em função da

importânca da troca de substâncias entre a mesma e a pele dos

animais, após a alimentação (Busk et al., 2000).

Predição 3.3: Apenas os animais que receberam alimento uma vez ao

dia, apresentarão comportamento de antecipação ao horário de

alimentação (Bergeijk, 1967), por apresentarem maior interesse pelo

alimento.

Hipótese 4 – O comportamento alimentar e o desenvolvimento de rãs-touro albinas

se alteram quando a alimentação é fornecida em dois horários, quando comparado a

apenas uma oferta diária. (artigo 4)

Predição 4.1: O uso de dois parcelamentos diários estimulará as rãs-

touro albinas a consumir alimento em diferentes horários do dia e

consequentemente em maior frequência, o que resultará em maior

crescimento;

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Predição 4.2: Os animais que recebem alimento apenas uma vez ao

dia apresentarão menor latência de chegada ao cocho após oferta,

por permanecerem maior tempo sem estímulo do alimento novo;

Predição 4.3: Animais que recebem alimento apenas uma vez ao dia

apresentarão mais eventos de disputas no momento da alimentação.

Hipótese 5 – O comportamento alimentar de rãs-touro albinas se altera em função

do horário de fornecimento de alimento fresco, apresentado padrões de

comportamento característicos, antes e após o fornecimento de ração (artigo 4).

Predição 5.1: Antes do horário de alimentação, o consumo de

alimento será baixo e após o fornecimento de ração e larva frescas o

consumo aumentará bruscamente.

Predição 5.2: O alimento fresco será o estímulo mais forte que os

animais terão para alimentação durante as 24 horas de observação.

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4. METODOLOGIA GERAL

Foram realizados dois experimentos no Laboratório de Ranicultura e Produtos

da Aquicultura (LRPA) do Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA)

da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), localizado na cidade de Bananeiras PB

(Latitude 06° 45' 00'', Longitude 35° 38' 00'' e altitude de 520m).

4.1. Material biológico

Para o primeiro experimento, realizado nos mêses de abril e maio de 2008,

foram utilizadas rãs-touro, Lithobates catesbeianus, de pigmentação normal e

albinas (Figura 1), no estágio de pós-metamorfose, provenientes de uma mesma

desova (pai 100% albino, cruzamento com mãe 50% albina). No segundo

experimento, realisado nos meses de outubro, novembro e dezembro de 2008,

foram utilizadas apenas rãs albinas, de outra desova (pai 100% albino, cruzamento

com mãe 50% albina). Todos os animais foram criados desde a desova no próprio

LRPA/CCHSA/UFPB.

Figura 1 – Rã-touro com pigmentação normal (a) e albina (b).

a) b)

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23

4.2. Unidades experimentais

Foi utilizada uma sala de experimentação (figura 2), que tinha porta e janelas,

que foram mantidas fechadas. Durante a fase de claro, havia iluminação artificial por

lâmpadas incandescentes, que forneciam uma luminosidade nas minibaias de 61 ±

19 Lux, durante a noite, não havia iluminação artificial, ficando o ambiente em

escuro total, simulando a maioria dos criatórios brasileiros que se encontram no

sudeste e usam cortinas laterais fechadas durante a noite, para manutenção da

temperatura ambiente. Na sala experimental, as temperaturas de mínima e máxima

e de umidade relativa foram coletadas diariamente, bem como as temperaturas

médias da água da piscina.

Figura 2 – Planta baixa (detalhes construtivos da sala de experimentação).

Os animais foram alojados em 18 minibaias com volume de 55.000 cm3 cada

(figura 3), instaladas dentro da sala de experimentação.

Minibaia

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24

Figura 3 – Minibaias desenvolvidas para experimentação com rãs.

Cada minibaia é formada por uma caixa branca (PVC) com tampas

transparentes para facilitar a observação (Figura 4 e 5).

Figura 4 – Minibaias com tampas em

acrílico transparente.

Figura 5 – Minibaias com tampas

abertas.

Em seu interior existe uma área seca (piso de fibra de vidro) e área com água

(Figura 6).

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25

Figura 6 – Minibaia com componentes móveis: caixa com água e piso de fibra de vidro.

O ambiente de criação (minibaia) podia ser dividido em área seca, composta

de rampas e cocho, e área com água, composta de abrigo e piscina, como descrito a

seguir (Figuras 7 e 8):

Área seca (1447 cm²)

1) Cocho – local onde o alimento era ofertado (300 cm²). Foi subdividido

em: “Borda do cocho” e “Fundo do cocho”,

2) Rampa – Local seco que dava acesso ao cocho (1147 cm²). Foi

subdividida em: rampa “perto do cocho” (499,5 cm²) e “longe do cocho”

(647,5 cm²).

Área com água (1955 cm²)

1) Piscina – Área com água visível a observação (555 cm²).

Piso de fibra

(Área seca)

Área com

água

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2) Abrigo – Área embaixo das rampas e cocho (1400 cm²), onde os

animais tinham maior isolamento. Esse local ficava submerso com água e

não podia ser observado. Devido à inclinação da baia, os animais podiam

respirar fora da água, ou seja, entre a área submersa e o piso (rampa) da

baia, formava-se um pequeno bolsão de ar.

Figura 7 – Cocho (borda e fundo), rampas (perto e longe) e piscina.

Rampa

Perto

Borda do

Cocho

Rampa

Longe

Piscina

Fundo do

Cocho

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Figura 8 – Abrigo (embaixo do piso de fibra de vidro).

Cada minibaia era capaz de abrigar até 10 rãs (50 animais por m2), fornecer

até 140 gramas de ração (cocho) e disponibilizar 12 L de água (piscina), conforme

Casali, Moura, Mendes e Campos (2005).

Foi realizado um estudo piloto, anterior aos experimentos, para determinação

das categorias comportamentais a serem estudadas e do posicionamento de

equipamentos de filmagens.

Foram utilizadas seis câmeras de vigilância com infravermelho (day night, de

10 à 25 mts) do tipo ccd Sharp, com resulução de 1/4, com 420 linhas (marca fvn /

ktc modelo sky-6700), sendo instalada uma câmera para cada minibaia. As câmeras

eram ligadas a uma placa de captura de computador, com capacidade de suportar

até oito unidades, com 240 FPS (Marca VTV, modelo ST- 0824). O computador

possuía um HD de 1 terabyte de capacidade para armasenamento de dados.

Abrigo

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5. Experimento 1 - Atividades comportamentais diárias de

rã-touro com pigmentação normal e albina.

5.1. Artigo 1 - Atividades Comportamentais diárias de rã-touro,

Lithobates catesbeianus, em laboratório.

Alex Poeta Casali¹, Maria de Fátima Arruda², Wallisen Tadashi Hattori², Felipe Nalon

Castro² & Cibele Soares Pontes³.

¹Universidade Federal da Paraíba - UFPB, Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias,

Bananeiras, PB, Brazil.

²Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, Centro de Biociências, Natal, RN, Brazil.

³Universidade Federal Rural do Semiárido - UFERSA, Mossoró, RN, Brasil.

Correspondência: A P Casali, Laboratório de Ranicultura e Produtos da Aquicultura, Departamento de

Gestão e Tecnologia Agroindustrial do CCHSA/UFPB. Campus Universitário, s/n. CEP: 58220-000,

Bananeiras, PB, Brazil, E-mail: [email protected].

RESUMO

Estudos sobre as atividades comportamentais diárias de rãs-touro em laboratório poderão indicar os caminhos para o manejo adequado da espécie. Utilizaram-se 24 rãs-touro, em estádio pós-metamorfose (70,5 ± 25,6 g), alojadas em seis minibaias para a descrição de suas atividades comportamentais diárias. Durante os dez dias de filmagens, a alimentação foi oferecida uma vez ao dia, em horários aleatórios. Foram observados os primeiros 15 minutos de cada hora, de cada minibaia, no período de 24 h. As atividades comportamentais de ingestão e deslocamento no seco foram mais observadas no amanhecer, seguido dos agrupamentos de horários da fase de claro, indicando haver uma relação entre as elas. Já o deslocamento na água teve tendência de aumento de frequência no início da fase de escuro. O descanso no seco foi observado na fase de claro, associado à atividade de ingestão, e na fase de escuro, sugerindo uma antecipação do horário de alimentação. Não houve preferência entre as fases para uso do abrigo. O descanso na água foi mais frequente na fase de escuro indicando uma relação com funções fisiológicas após a alimentação. A fase de claro é recomendada para a oferta de alimentos à rã-touro em laboratório.

PALAVRAS-CHAVES: Rana, ranicultura, etologia aplicada, comportamento animal,

cativeiro.

(Submetido a periódico internacional Qualis A2 - Aquaculture Research) (Normas para publicação - anexo)

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil detém tecnologia própria de produção na criação de rãs em cativeiro

(ranicultura), sendo um dos poucos países a desenvolver pesquisas em diferentes

sistemas de criação comercial. Apesar disso, o número de profissionais e instituições

de pesquisa nacionais envolvidos ainda é pequeno, resultando em um campo de

trabalho promissor a ser explorado por pesquisadores. Essa atividade teve início no

país na década de 30, apresentando períodos de crescimento e desenvolvimento

técnico nas décadas de 80 e 90. Estima-se que, em 1998, o país contava com

aproximadamente 524 ranários comerciais em operação, com uma produção de 379

t ano-1 (Lima, Cruz & Moura, 1999). Segundo IBAMA (2009), o país produziu 603 t

de carne de rã em 2007, movimentando valores estimados em R$ 6.714.500,00.

A rã-touro, Lithobates catesbeianus (Shaw, 1802), é uma espécie exótica no

Brasil, originária da América do Norte (Longo, 1991; Coppo, 2003; Wu, Wang &

Adams 2005) e apresenta ótima adaptação ao clima brasileiro. Essa espécie é a

mais utilizada em todo território nacional (Vieira, 1980; Lima & Agostinho, 1992),

devido a sua prolificidade, adaptação ao cativeiro, crescimento rápido, e tolerância a

baixas temperaturas.

Apesar de todos os produtores utilizarem alimento artificial em seus ranários,

existem poucos conhecimentos a respeito do comportamento alimentar de rãs. Em

criatórios comerciais, a alimentação é normalmente oferecida no período matinal e

uma vez ao dia. No entanto, nenhuma pesquisa determinou se essa conduta é a

mais adequada para essa espécie. Desta forma, o estudo do comportamento

alimentar das rãs poderá indicar os caminhos para o manejo adequado em cativeiro,

para um aproveitamento mais adequado do dispendioso alimento atualmente

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oferecido, evitando-se desperdícios que por sua vez, podem levar ao aumento de

poluição ambiental.

Demonstrando a escassez de pesquisas na área de etologia aplicada a criação

de rãs em cativeiro, apenas foram encontrados relatos de Figueiredo, Agostinho,

Baêta, Lima & Weigert (1999b) da descrição de alguns comportamentos de

deslocamento e permanência dos animais na água ou no seco, em experimentos

que verificaram a mecanismos dos animais para termorregulação. Não foi

encontrado, na literatura especializada, nenhum trabalho descrevendo o

comportamento alimentar de rãs-touro em cativeiro. Trabalhos de observação

desses animais na natureza são mais comuns. Dentre eles, se encontram os

estudos que envolvem reprodução de rãs-touro (Austin, Dávila, Lougheed & Boag;

2003; Moorea & Jessop, 2003; Pearl, 2005; Kaefer, Boelter & Cechin, 2007), aqueles

que tratam comunicação por vocalização (Bee, Perrill & Owen, 2000; Bee &

Gerhardt, 2001a; Bee & Gerhardt, 2001b; Bee, 2002; Bee & Bowling, 2002; Bee &

Gerhardt, 2002; Hantano, Rocha, & Sluis, 2002; Bee, 2004a; Bee, 2004b; Bee &

Klump, 2005) e os que estudaram o conteúdo estomacal dos animais (Wu et al.

2005; Coppo, 2003; Lima & Agostinho, 1992; Daza & Castro, 1999).

No entanto, estas pesquisas pouco se aplicam à situação da criação comercial

de rãs, onde estes animais se encontram em situação de injúrias e estresse (Dias,

De Stéfani, Ferreira, França, Ranzani-Paiva et al., 2009), com elevadas densidades

populacionais e ingerindo alimentos artificiais (ração em forma de peletes). Assim,

objetivou-se com esse trabalho, o estudo do comportamento de rãs-touro, através da

descrição da distribuição diária de suas atividades comportamentais, na fase pós-

metamórfica em condições de laboratório, que poderá servir de ferramenta

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importante para a melhoria do bem-estar animal, e exercer uma influência positiva

em seu desenvolvimento nos criatórios comerciais.

2. MÉTODOS

Foram utilizadas 24 rãs-touro, Lithobates catesbeianus, provenientes de uma mesma

desova, com a idade de aproximadamente 60 dias após metamorfose e 70,5 ± 25,6

g de peso inicial. As observações do comportamento foram desenvolvidas em

laboratório, sendo utilizadas seis minibaias (Casali, 2003) que abrigavam quatro

animais cada (25 rãs m-2), fornecendo um ambiente (55.000 cm³) composto de área

com água (12 L), com abrigo e piscina, e um ambiente seco, com rampas e cocho. A

média das temperaturas de máximas do ambiente foi de 28,7 ± 1,5 ºC, a média das

mínimas foi de 23,9 ± 1,0 ºC, a média das máximas de umidade relativa foi de 85,9

± 3,9% e a média das mínimas foi de 75,4 ± 4,2%. A luminosidade durante a fase de

claro foi de 61 ± 19 lx, enquanto que no escuro foi de 0 lx.

Durante os dez dias de adaptação dos animais ao ambiente de observação, e

depois novamente por mais dez dias quando do acompanhamento com filmagens, a

ração foi oferecida uma vez ao dia, em dez horários diferentes entre 7 h e 17 h, de

forma aleatória por sorteio, com o objetivo de evitar a interferência do horário de

oferta de alimento nas atividades dos animais. A oferta de alimento na fase de

escuro foi evitada pela necessidade de modificação do fotoperíodo. No momento da

colocação do alimento, realizava-se também uma limpeza do ambiente de criação e

troca de água da piscina. A alimentação foi fornecida ad libitum. Foi utilizada uma

ração comercial extrusada padrão para rãs, com 3-4 mm e os seguintes níveis de

garantia do fabricante: 45% de Proteína Bruta, 4% de Extrato Etéreo, 6% de Fibra

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Bruta, 14% de Matéria Mineral e 87,5% de Matéria Seca. Utilizaram-se larvas de

Musca domestica como atrativo alimentar (15%), para dar mobilidade à ração.

As atividades comportamentais, determinadas em um estudo piloto anterior,

foram divididas em duas categorias, sendo a primeira de atividades na água,

composta de: a) Descanso na água - Animais estáticos ou mexendo algum membro,

mas sem se deslocar, sendo boiando ou completamente submerso na piscina; b)

Deslocamento na água - Animais nadando ou em pequenos saltos para sair da

piscina; e c) Permanência no abrigo – Animal entrava no abrigo e não podia ser

visualizado. A segunda categoria era de atividades no seco, composta de; a)

Descanso no seco - Animais estáticos ou mexendo algum membro, mas sem se

deslocar, nas rampas ou na borda e fundo do cocho; e b) Deslocamento no seco -

Animais andando ou em pequenos saltos nas rampas de acesso ao cocho ou na

borda e fundo do cocho; e c) Ingestão – Animal ingerindo larva ou ração, no cocho

ou nas rampas.

As filmagens, realizadas com câmeras dotadas de infravermelho (noturna). O

método de amostragem utilizado na análise das atividades foi o scan, com registro

instantâneo a cada minuto, através da revisão das gravações, quando foram

observados os primeiros 15 minutos de cada hora, de cada minibaia, na fase de

claro e de escuro.

Para efeito das análises, a fase de claro foi considerada entre a hora 5 e 17. A

fase de escuro foi considerada entre hora 18 e 4. Para se ter maior detalhamento

das atividades comportamentais nas 24 horas, foram considerados oito

agrupamentos de horários: 1) Amanhecer (hora 4 a 6); 2) Claro 1 (hora 7 a 9), 3)

Claro 2 (hora 10 a 12), 4) Claro 3 (hora 13 a 15), 5) Escurecer (hora 16 a 18), 6)

Escuro 1 (hora 19 a 21), 7) Escuro 2 (hora 22 a 24); e h) Escuro 3 (hora 1 a 3).

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Análise estatística

Foram aplicados testes para verificação da normalidade e heterogeneidade dos

dados, Shapiro-Wilks e de Levene, respectivamente, quando se constatou a

necessidade da utilização de testes não paramétricos. Para cada atividade

comportamental utilizou-se o teste Kruskal-Wallis, exceto para variável ingestão, na

qual se utilizou o teste Qui-Quadrado. Nas comparações dos agrupamentos de

horários (oito níveis), para as variáveis que apresentaram diferença, realizou-se a

comparação aos pares dos níveis do agrupamento, com o teste Mann-Whitney, com

exceção da ingestão. A representação gráfica dos resultados foi feita usando-se a

mediana e a amplitude interquartílica (75% a 25%).

3. RESULTADOS

Ingestão

A ingestão foi mais frequente na fase de claro (Fig. 1a) quando comparada a fase

de escuro (T = 0; z = -2,2; p = 0,027). Na comparação entre os agrupamentos de

horários (Fig. 1b), também foram encontradas diferenças (χ²(5) = 32,8; p < 0,001).

Houve maior frequência de ingestão ao amanhecer, enquanto que as menores

frequências observadas foram no escuro 1, 2 e 3.

0

1

2

3

4

5

6

Claro Escuro

Inge

stão

(oco

rrê

nci

as p

or

dia

)

Fases

0

0,5

1

1,5

2

Inge

stão

(oco

rrê

nci

as p

or

dia

)

Agrupamentos de horários

Figura 1 – Frequência do comportamento de ingestão de rãs-touro, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

(a) (b)

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Deslocamento no seco

O deslocamento no seco teve distribuição semelhante a atividade de ingestão,

sendo mais comum na fase de claro (Fig. 2a), quando comparado a fase de escuro

(T = 0; z = -2,2; p = 0,027). Foram encontradas diferenças significativas entre os

agrupamentos de horários (Fig. 2b) para essa atividade (H (7) = 31,07; p = 0,001).

Houve maior frequência observada ao amanhecer quando comparado aos demais

agrupamentos (U ≤ 1,5; Z ≤ -2,66; p ≤ 0,008). No claro 1 até o escurecer ocorreram

maiores níveis de deslocamento no seco que no escuro 3 (U ≤ 5; Z ≤ -2,17; p ≤

0,030). Já no Claro 1 e 2 e no escurecer foram observadas maiores frequências

dessa atividade, em relação ao escuro 1 e 2 (U ≤ 5,5; Z ≤ -2,06; p ≤ 0,039). As

demais comparações entre os agrupamentos não apresentaram diferenças (U ≥ 6,5;

Z ≥ -1,89; p ≥ 0,059).

0

1

2

3

4

5

6

Claro Escuro

De

slo

cam

en

to n

o s

eco

(oco

rrê

nci

as p

or

dia

)

Fases

0

0,5

1

1,5

2

De

slo

cam

en

to n

o s

eco

(oco

rrê

nci

as p

or

dia

)

Agrupamentos de horários

Figura 2 – Frequência do comportamento de deslocamento no seco de rãs-touro, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

Descanso no seco

Nas fases de claro e de escuro (Fig. 3a), o descanso no seco não se diferenciou (T =

10; z = -0,11; p = 0,917). Mas, entre os agrupamentos de horários (Fig. 3b) houve

diferenças (H (7) = 24,59 p = 0,001), sendo essa atividade mais observada no

(a) (b)

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35

escuro 3 em relação aos agrupamentos do escurecer até o escuro 2 (U ≤ 5; Z ≤ -

2,08; p ≤ 0,037), seguido do amanhecer, no qual foi mais frequente sua observação,

quando comparado aos agrupamentos de claro 1 até o escuro 2 (U ≤ 3; Z ≤ -2,40; p

≤ 0,016). O escuro 2 por sua vez apresentou frequências maiores desta atividade

quando comparado ao escurecer e no escuro 1 (U ≤ 3; Z ≤ -2,40; p ≤ 0,016). Não

foram observadas diferenças entre os demais agrupamentos (U ≥ 6; Z ≥ -1,92; p ≥

0,055).

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)

Agrupamentos de horários

Figura 3 – Frequência do comportamento de descanso no seco de rãs-touro, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

Permanência no abrigo

Também não foram encontradas diferenças entre as fases (Fig. 4a) para

permanência no abrigo (T = 2; z = -1,78; p = 0,075). Entre os agrupamentos de

horários (Fig. 4b) foram encontradas diferenças (H (7) = 27,97; p = 0,001), sendo

que no claro 1 até o escuro 1 houve maior incidência dessa atividade quando

comparado ao escuro 3 e ao amanhecer (U ≤ 4; Z ≤ -2,24; p ≤ 0,025). O escuro 2

também apresentou maior frequência da atividade quando comparado ao escuro 3 e

amanhecer (U ≤ 5; Z ≤ -2,08; p ≤ 0,037). No claro 1, no escurecer e no escuro 1

houve maior permanência no abrigo quando comparado ao escuro 2 (U ≤ 2; Z ≤ -

(a) (b)

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2,56; p ≤ 0,010). Não houve diferenças entre os demais agrupamentos (U ≥ 6; Z ≥ -

1,92; p ≥ 0,055).

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Agrupamentos de horários

Figura 4 – Frequência do comportamento de permanência no abrigo de rãs-touro, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

Deslocamento na água

Não foram encontradas diferenças entre as fases (Fig. 5a) para deslocamento na

água (T = 9; z = -0,31; p = 0,753). Também não foram encontradas diferenças entre

os agrupamentos de horários (Fig. 5b) para essa atividade (H (7) = 4,86; p = 0,677).

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Agrupamentos de horários

Figura 5 – Frequência do comportamento de deslocamento na água de rãs-touro, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

(a) (b)

(a) (b)

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Descanso na água

Foi observado maior frequência de descanso na água na fase de escuro (Fig. 6a),

quando comparada a fase clara (T = 0; z = -2,2; p = 0,028). Houve diferenças nos

diferentes agrupamentos de horários (Fig. 6b), entre as frequências dos

comportamentos (H (7) = 30,94; p = 0,001), sendo observado maior atividade no

escuro 1, 2 e 3 quando comparado aos outros agrupamentos (U ≤ 5; Z ≤ -2,08; p ≤

0,037). Os demais agrupamentos não se diferiram (U ≥ 6; Z ≥ -1,92; p ≥ 0,055).

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)

Agrupamentos de horários

Figura 6 – Frequência do comportamento de descanso na água de rãs-touro, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

4. DISCUSSÃO

Foram observadas frequências mais elevadas de ingestão ao amanhecer, seguido

dos agrupamentos de fase de claro, sendo que a observação dessa atividade foi

relativamente menor na fase de escuro. O deslocamento foi característico da

transição das fases de claro e de escuro. O deslocamento no seco apresentou um

aumento no amanhecer e ocorreu também durante a fase clara, coincidindo com o

comportamento de ingestão. O deslocamento na água teve pequena tendência de

(a) (b)

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aumento no início da fase de escuro. O abrigo foi usado na fase de claro e de

escuro, sem uma preferência significativa. O descanso no seco foi observado tanto

na fase de claro e de escuro, sendo que na fase de claro, parece seguir a atividade

de alimentação, e na fase de escuro apresenta um aumento e frequência dessa

atividade o amanhecer, sugerindo uma espera pelo alimento. O descanso na água

foi mais frequente na fase de escuro provavelmente ligado a funções fisiológicas.

As atividades de descanso na água, descanso no seco e permanência no

abrigo tiveram maior frequência durante as 24 h de observação, caracterizando

como sendo as atividades de longa duração e preferidas pelos animais, enquanto as

atividades de ingestão, deslocamento na água e no seco tiveram menor frequência,

sendo observadas mais raramente. Segundo Duellman & Trueb (1994), a maioria

dos anfíbios apresenta o tipo de forrageio “passivo” (senta e espera), mas pode

haver espécies com estratégias intermediárias entre o tipo “ativo’ e o “passivo” (Toft,

1981). Assim a atividade de descanso no seco poderia estar relacionado a espera

do alimento, aumentando sua frequência de ocorrência, resultando em uma redução

na frequência de deslocamento do animal, que se torna mais rara para ser

observada.

A água tem grande importância para a troca de substâncias metabólicas após

alimentação de rãs (Busk, Jensen & Wang, 2000), o que pode estar relacionado com

a necessidade desses animais de submergir o corpo na água após alimentação.

Assim, o resultado de aumento da frequência de descanso na água na fase de

escuro, observado nesse trabalho, pode ser resultado do fato de que nessa fase, o

animal tem pouca atividade de alimentação (área seca), e então ele poderia

aproveitar para permanecer mais na água, para os adequados processos fisiológicos

de trocas metabólicas. Segundo Castro (1996), oito horas após ingestão de alimento

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(fubá de milho), o mesmo se encontrava distribuído no estômago (61%), no intestino

delgado (19%) e no intestino grosso (5,33%), inclusive com aparecimento de fezes,

e somente após 48 horas, foi constatado a passagem completa do alimento pelo

trato gastrointestinal do animal.

Os anuros de forma geral utilizam a língua para captura do alimento, sendo

reportadas diferenças entre as espécies. Nishikawa (1999) mensurou média de 252

ms durante o movimento de captura do alimento, com velocidades de 250-400 cm s-1

para Bufo marinus, que apresenta movimento do tipo “alongamento inercial”, como a

rã-touro. Anderson (1993) apresentou um vídeo com Rana pipiens mostrando a

captura de pequenas presas em 308 ms. Assim, pode-se dizer que a ingestão de

alimento pela rã-touro, é uma atividade extremamente rápida, com duração menor

que um segundo, sendo raramente computada através do método instantâneo de

observação, resultando em menor frequência entre todas as atividades descritas

neste trabalho.

A rã-touro apresentou preferência pela atividade de alimentação na fase de

claro, lembrando que a fase de escuro nesse experimento tinha zero lux (0 lx) de

luminosidade, evidenciando a ausência total de luz. Os predadores do tipo “senta e

espera” geralmente desenvolvem boa visão, para a localização do alimento

(Nishikawa, 2000; Duellman & Trueb, 1994), se comportando de forma diferente no

ato de captura conforme tipo de presa (Anderson, 1993; Anderson & Nishikawa,

1993; Anderson & Nishikawa, 1996; Valdez & Nishikawa, 1997; Deban, 1997).

Foram utilizadas larvas de mosca para dar movimento a ração atraindo os animais,

conforme recomendação de Lima & Agostinho (1992). Devido à propriedade de

fotofobia que as larvas de mosca apresentam, esses insetos migram para parte

inferior dos cochos, ou seja, embaixo da ração. Com essa particularidade, os

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animais visualizam a ração se movimentando, sendo atraídos a ingerir os peletes. A

importância da visualização do inseto foi testada por Miles, Williams & Hailey (2004)

em Rana temporaria, que verificaram que a vibração mecânica foi menos eficiente

que a movimentação promovida por larvas de mosca. Nesse mesmo trabalho, o

autor isolou as larvas embaixo da ração, com ajuda de uma membrana transparente

e concluiu que a visualização da larva foi mais importante que sua detecção por

odor, e que os animais consumiram alimento apenas com o estímulo visual da larva.

Provavelmente a dificuldade de visualização do movimento do alimento na fase de

escuro leva os animais a preferirem a fase de claro para se alimentar.

O comportamento de antecipação do horário de alimentação pelos animais

pode fornecer importantes informações para a adequação do manejo alimentar em

cativeiro, pois pode evidenciar uma preferência de horário de alimentação por parte

dos animais. Segundo Boujard & Leatherland (1992), os peixes são capazes de

apresentar comportamentos de alimentação antecipadamente, quando alimentados

sempre no mesmo horário. A busca antecipada do local específico, no horário

previsto de alimentação, também foi descrito para rãs como na pesquisa de Bergeijk

(1967), que demonstrou que a rã-touro é capaz de aprender o horário de

alimentação com pequeno tempo para adaptação. Neste trabalho houve indícios que

os animais migram para a parte seca da baia até o final da fase de escuro, quando

foi observada uma alta frequência de descanso no seco, que seria a espera do

alimento, antecipando o início de um pico de ingestão, que ocorre com o amanhecer.

Os animais dispõem de um repertório amplo de comportamentos, de acordo

com o ambiente, a situação fisiológica e o estado reprodutivo (Coddington & Moore,

2003). Estas respostas comportamentais podem variar entre indivíduos, em

diferentes estratégias, de acordo com o contexto social e ambiental que o animal

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está exposto (Moorea & Jessop, 2003). Como, nessa pesquisa, foram utilizados

animais jovens (±70 g), fora da idade reprodutiva, comportamentos de interação

entre os animais não foram observados, sendo a alimentação a principal atividade

registrada nessa faixa etária.

Segundo Hodgkison & Hero (2001), muitos anfíbios apresentam

comportamentos semelhantes devido à sua similaridade, como a permeabilidade da

pele, que os torna susceptíveis à desidratação, sendo na maioria dos casos animais

de hábitos noturnos, se refugiando durante o dia e tornando-se ativos à noite

(Duellman & Trueb, 1994). Foi observado que os animais estavam mais ativos

durante o dia, o que pode ter sido influenciado pelo ambiente do cativeiro, que

fornecia proteção contra sol.

Figueiredo et al. (1999b), verificaram uma relação da movimentação dos

animais entre a área seca e a área com água (piscina da baia) com a necessidade

de termorregulação de rã-touro, sendo que as altas temperaturas modificavam a

preferência dos animais pela piscina. Conforme Duellman & Trueb (1994) a atividade

dos anfíbios vai depender do formato do local onde eles habitam. Øverli et al. (2004)

reportaram que a adaptação ao ambiente gera respostas comportamentais,

neuroendócrinas e metabólicas, sendo um fenômeno biológico comum que envolve

estresse e respostas ao nível do eixo hipotámo-pituitária-adrenal, além do sistema

nervoso simpático.

Os peixes, que também são animais pecilotérmicos e usam o meio aquático,

como as os anfíbios, foram alvos de diversas pesquisas aplicadas à criação em

cativeiro. Lima & Agostinho (1984) consideraram que os peixes carnívoros têm

ecologia e fisiologia semelhante à rã, que também pode ser considerada carnívora

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42

em sua fase pós-metamórfica (Reeder 1964; Nishikawa 2000; Coppo, 2003), e

servem de comparação, na ausência de dados específicos sobre anfíbios.

Valdimarsson et al. (1997), estudando peixes carnívoros (Salmões), traçaram

um paralelo entre luz e temperatura, sugerindo que os animais pecilotérmicos se

tornam menos ativos quando a temperatura cai, mas se considera que seu ritmo

comportamental continua o mesmo em função da luminosidade. Segundo esses

autores, a mudança na temperatura seria um indicador de tempo menos confiável do

que a mudança na intensidade luminosa.

Nesse trabalho, as condições de temperatura e luminosidade foram

homogêneas para todos os animais, com luminosidade constante e pequenas

variações de temperatura, consideradas bem próximas da média de 25-27ºC

recomendada a criação de rãs (Braga & Lima, 2001; Figueiredo, Agostinho, Baêta &

Lima, 1999a) e provavelmente insuficientes para alterar o comportamento dos

animais. Considerando ainda que os animais tinham alimentação disponível 24 h ao

dia, e que não havia predadores no ambiente, acredita-se que os animais estavam

em condições adequadas para expressar seus comportamentos sem interferências.

Vale ressaltar que os criatórios comerciais apresentam maiores densidades

populacionais, em baias mais amplas e com menos proteção contra o excesso de

luminosidade, o que deverá ser testado em futuras pesquisas.

Como em todas as atividades aquícolas, na ranicultura a alimentação artificial é

responsável por aproximadamente 40% a 60% dos custos de produção. Esse custo

foi estimado por Lima & Agostinho (1992) em 54,8 a 63,0% e por Casali & Lima

(2005) em 41,0 a 50,0%. A oferta do alimento nos horários de maior procura pode se

constituir em uma estratégia de manejo alimentar para o melhor crescimento de rãs

em cativeiro.

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43

Sendo assim, a partir da constatação da ingestão de alimento

preferencialmente na fase de claro, com alta procura de ração e larvas no

amanhecer (4 as 6 h), o fornecimento de ração fresca imediatamente antes do

amanhecer (3 as 4h) seria indicado, para que a espécie continuasse a expressar sua

preferência de horário sem a interferência humana. Mas, tal prática necessita ser

mais estudada, pois resultaria na necessidade maiores gastos com o manejo dos

animais e de iluminação do ambiente, com consequente alteração do fotoperíodo

natural. Alterações desse tipo podem modificar o comportamento dos animais, pois

segundo Alanärä (1996), o fotoperíodo fornece indicativos visuais para a

alimentação e informações sobre horário do dia e estação do ano. Pesquisando um

anuro de hábito diurno, Hantano et al. (2002) reportaram que as atividades padrões

do ciclo circadiano são finamente reguladas pelo fotoperíodo e que a espécie H.

phnyllodes sofreu influências da luz, entre outros fatores, em suas atividades

diurnas, assim como foi reportado por Duellman & Trueb (1994) e Cree (1989) para

espécies noturnas.

Recomenda-se assim o fornecimento de alimentos durante a fase de claro,

desde que a ração esteja disponível, com atratividade, até o amanhecer seguinte, o

que pode levar a necessidade de oferta do alimento pelo menos duas vezes ao dia

(manhã e tarde).

5. AGRADECIMENTOS

Ao CNPq, ao Departamento de Fisiologia da UFRN e ao Laboratório de Ranicultura

e Produtos da Aquicultura do Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial

do CCHSA-UFPB. Aos colegas Wallisen Tadashi Hattori e Felipe Nalon Castro pela

valiosa ajuda no planejamento de coleta de dados, nas análises estatísticas, nas

interpretações e representações gráficas de resultados.

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6. REFERÊNCIAS

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5.2. – Artigo 2 - Atividades comportamentais diárias de rã-touro

albinas, Lithobates catesbeianus, em laboratório

Alex Poeta Casali¹, Cibele Soares Pontes², Wallisen Tadashi Hattori³, Felipe Nalon

Castro³ & Maria de Fátima Arruda³.

¹Universidade Federal da Paraíba - UFPB, Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias -

CCHSA, Bananeiras, PB, Brazil.

²Universidade Federal Rural do Semiárido - UFERSA, Mossoró, RN, Brasil.

³Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, Centro de Biociências, Natal, RN, Brazil.

Correspondência: A P Casali, Laboratório de Ranicultura e Produtos da Aquicultura, Departamento de

Gestão e Tecnologia Agroindustrial do CCHSA/UFPB. Campus Universitário, s/n. CEP: 58220-000,

Bananeiras, PB, Brazil, E-mail: [email protected]

RESUMO

O entendimento do comportamento da rã-touro albina em cativeiro poderá indicar os caminhos para seu manejo adequado, visando sua introdução nos criatórios comerciais. Realizou-se um experimento com 24 rãs-touro albinas em estádio pós-metamorfico (70,5 ± 25,6 g), alojadas em seis minibaias para a descrição de suas atividades comportamentais. A alimentação foi oferecida uma vez ao dia, em horários aleatórios. A ingestão foi mais frequente ao amanhecer, e nos agrupamentos de horários da fase de claro. O deslocamento foi característica na transição da fase de claro e de escuro. O deslocamento no seco teve maior frequência na fase de claro, sendo relacionado com a alimentação, enquanto que o deslocamento na água foi mais observado na fase de escuro. Não houve diferenças para o uso do abrigo entre fases. O descanso no seco foi observado na fase de claro se relacionando com a atividade de alimentação, e na fase de escuro acentuou-se de forma crescente até o amanhecer, sugerindo uma antecipação (espera) do horário de alimentação. O descanso na água foi mais frequente na fase de escuro. Não existem indícios suficientes de diferenças das atividades comportamentais entre animais albinos e de pigmentação normal, assim, os albinos apresentam grande potencial para criação em cativeiro.

PALAVRAS-CHAVES: Albinismo, Rana, ranicultura, etologia aplicada,

comportamento animal.

(Artigo a ser submetido a um periódico nacional ou internacional)

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1. INTRODUÇÃO

A espécie preferida para criação comercial nos ranários brasileiros é rã-touro,

Lithobates catesbeianus, por ter apresentado ótima adaptação ao clima nacional

(Vieira, 1980; Lima & Agostinho, 1992). Trata-se de uma espécie exótica no país,

sendo originária da América do Norte (Coppo, 2003; Longo, 1991; Wu, Wang &

Adams, 2005).

A rã-touro de pigmentação normal é usada, atualmente, em todos os

criatórios. Fish and wildlife services (2009) descreveu as principais características de

exemplares normais (pigmentados) dessa espécie como: Animais de olhos com

coloração cinza ou amarronzada, e pele do corpo variando de verde ao marrom

escuro. No mesmo trabalho, foram descritos exemplares albinos como animais que

possuíam olhos róseos e uma fraca coloração amarela na pele. Segundo Binkley

(2001), alguns pigmentos podem aparecer em anuros albinos como no caso da rã

Leopardo, onde é possível ver a cor amarela, assim o animal não seria totalmente

branco.

Algumas características dos animais albinos atraem pesquisadores para sua

utilização em criatórios comerciais, entre elas, a diferenciação de um produto de

cativeiro quando comparado à rã caçada na natureza, a obtenção de uma carne com

melhor sabor, coloração e conservação, pela ausência do pigmento (Moura, 2003), e

a diminuição de danos causados por fugas acidentais (Lima, 2005). Por ser exótica,

a fuga da rã-touro pode causar danos à biodiversidade local e deve ser evitada. Os

animais albinos se caracterizam pela ausência de pigmentação na pele, tornando-se

um animal de coloração branco-amarelada, bastante visível a predadores. Desta

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forma, a probabilidade de um animal albino escapar e permanecer na natureza é

menor que a de um animal pigmentado.

Os problemas de pigmentação são muito estudados em mamíferos e

principalmente nos humanos, mas também foram pesquisados em anfíbios, peixes e

aves (Hornyak, 2006), sendo que o albinismo foi reportado em diversas classes

animais como os anfíbios, répteis, aves e peixes (Binkley, 2001).

O albinismo é a falta de melanina (Hoperskaya, 1975), sendo um distúrbio de

natureza genética em que há redução ou ausência congênita desse pigmento

(Rocha & Moreira, 2007), que é considerado o mais importante dos animais

(Vidaurri-Sotelo, Marcías-Zamora & Cabello, 2005).

Nos anfíbios existem relatos de albinismo com diferentes espécies de anuros,

como por exemplo: Hoperskaya (1975) que estudou a espécie Xenopus laevis;

Nishioka, Ohtani e Sumida (1987) pesquisou os genes do albinismo em Rana

nigromaculata; e Smallcombe (1949) reportou albinismo em Rana temporaria. Já

para a rã-touro, Mitchell e Mcgranaghan (2005) reportaram albinos em girinos,

enquanto que Fish and wildlife services (2009) registrou a ocorrência rara de albinos

no estágio pós-metamórfico, divulgando problemas de visão com exemplares

mantidos em zoológico.

É comum encontrar rãs albinas em “pet shops”, sendo vendidas como animais

de estimação, pela coloração exótica e rara. Em pesquisas, os animais albinos

podem ser usados como marcador biológico e no acompanhamento de transmissão

genética de certas características, também na produção de triploidia entre outros

(Thorgaard et al., 1995).

Apesar das características de interesse já descritas sobre os albinos, são

necessárias mais informações, para que possam ser feitas comparações entre esses

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animais e os de pigmentação normal, para sua posterior recomendação, em ranários

comerciais. O estudo do comportamento, quando aplicado à criação comercial de

animais, está diretamente ligado ao bem-estar animal em ambiente de cativeiro

(Gonyou,1994). As pesquisas em etologia aplicada têm como preocupação o

entendimento e a promoção do bem estar animal, o que tem sido feito por muitos

anos, desde a fundação da ISAE (International Society for Applied Ethology)

(Millman, Duncan, Stauffacher & Stookey, 2004).

Assim, o conhecimento de aspectos ligados ao comportamento de rã-touro

visará trazer informações que poderão atuar diretamente sobre o aumento da sua

produtividade e no atendimento de exigências atuais do consumidor, em um

mercado que exige um produto que cause menos danos sociais e ambientais.

Dessa forma, a observação das atividades comportamentais de exemplares

albinos, durante o período de 24 horas, poderá elucidar se existe ou não, a

necessidade de práticas de manejos específicos para esses animais em cativeiro.

2. MÉTODOS

Foram utilizadas 24 rãs-touro albinas, Lithobates catesbeianus, provenientes de uma

mesma desova (pai 100% albino e mãe 50% Albina), com a idade de

aproximadamente 60 dias após metamorfose e 70,5 ± 25,6 g de peso médio inicial.

O experimento foi desenvolvido em laboratório, sendo utilizadas minibaias (Casali,

2003) que abrigavam quatro animais cada (25 m-2) fornecendo um ambiente (55.000

cm³), composto de área com água (12 litros), com abrigo e piscina, e uma área seca,

com rampas e cocho. Durante o período experimental, a média das temperaturas de

máximas do ambiente foi de 28,7 ± 1,5 ºC, a média das mínimas foi de 23,9 ± 1,0

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ºC, a média das máximas de umidade relativa foi de 85,9 ± 3,9% e a média das

mínimas foi de 75,4 ± 4,2%. A luminosidade durante a fase de claro foi de 61 ± 19 lx,

enquanto que no escuro foi de 0 lx.

Durante os dez dias de adaptação dos animais ao ambiente de observação, e

depois novamente por mais dez dias quando do acompanhamento com filmagens, a

ração foi oferecida uma vez ao dia, em dez horários diferentes entre 7 e 17hs, de

forma aleatória por sorteio, com o objetivo de evitar a interferência do horário de

oferta de alimento nas atividades dos animais. A oferta de alimento na fase de

escuro foi evitada pela necessidade de modificação do fotoperíodo. No momento da

colocação do alimento, realizava-se também uma limpeza geral do ambiente de

criação e troca de água da piscina. A alimentação foi fornecida baseada no consumo

de ração e larvas do dia anterior acrescido de 10 %. Foi utilizada uma ração

comercial extrusada padrão para rãs, com 3-4 mm e os seguintes níveis de garantia

do fabricante: 45% de Proteína Bruta, 4% de Extrato Etéreo, 6% de Fibra Bruta, 14%

de Matéria Mineral e 87,5% de Matéria Seca. Foram utilizadas larvas de Musca

domestica como atrativo alimentar (15%), junto à ração.

As atividades comportamentais foram divididas em duas categorias, sendo a

primeira de atividades na água, composta de: a) Descanso na água- Animais

estáticos ou mexendo algum membro, mas sem se deslocar, seja boiando ou

completamente submerso na piscina; b) Deslocamento na água - Animais nadando

ou em pequenos saltos para sair da piscina; e c) Permanência no abrigo – Animal

entrava no abrigo e não podia ser visualizado.

A segunda categoria era de atividades no seco, composta de; a) Descanso

no seco - Animais estáticos ou mexendo algum membro, mas sem se deslocar, nas

rampas ou na borda e fundo do cocho; e b) Deslocamento no seco - Animais

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andando ou em pequenos saltos nas rampas de acesso ao cocho ou na borda e

fundo do cocho; e c) Ingestão – Animal ingerindo larva ou ração, no cocho ou nas

rampas.

As filmagens foram feitas com câmeras dotadas de infravermelho (noturna). O

método de amostragem utilizado na análise das atividades foi o scan, com registro

instantâneo a cada minuto, através da revisão das gravações, quando foram

observados os primeiros 15 minutos de cada hora, do período de 24 horas (fase de

claro e de escuro), de cada minibaia. Foram usadas seis minibaias, com um grupo

contendo quatro animais albinos em cada.

Para efeito das análises, a fase de claro foi considerada entre 05:00 e 17:00

h. A fase de escuro foi considerada entre 18:00 e 4:00 h. Para se obter maior

detalhamento das atividades comportamentais nas 24 horas, foram formados oito

agrupamentos de horários, a saber: a) Amanhecer - hora 4 a 6; b) Claro 1 - hora 7 a

9, c) Claro 2 - hora 10 a 12, d) Claro 3 - hora 13 a 15, e) Escurecer - hora 16 a 18 , f)

Escuro 1 - hora 19 a 21, g) Escuro 2 - hora 22 a 24; e h) Escuro 3 - hora 1 a 3.

Foram aplicados testes para verificação da normalidade e heterogeneidade dos

dados, Shapiro-Wilks e de Levene, respectivamente, quando se constatou a

necessidade da utilização do teste não paramétrico. Para cada atividade utilizou-se

o teste Kruskal-Wallis, exceto para variável ingestão, na qual se utilizou o teste Qui-

Quadrado. Nas comparações dos agrupamentos de horários (oito níveis), para as

variáveis que apresentaram diferença, realizou-se a comparação aos pares dos

níveis do agrupamento, com o teste Mann-Whitney, com exceção da ingestão. A

representação gráfica dos resultados foi feita usando-se a mediana e a amplitude

interquartílica (75% a 25%).

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3. RESULTADOS

Ingestão

A ingestão foi mais frequente na fase clara (Figura 1b) quando comparada a

fase escura (T = 0; z = -2,2; p = 0,027). Na comparação entre os agrupamentos de

horários (Figura 1b), também foram encontradas diferenças (χ²(6) = 18,62; p <

0,005). Houve maior frequência de ingestão ao amanhecer, enquanto que as

menores frequências observadas foram no escuro 1, 2 e 3.

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Agrupamentos de horários

Figura 1 – Frequência do comportamento de ingestão de rãs-touro albinas, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

Deslocamento no seco

O deslocamento no seco teve distribuição semelhante a atividade de ingestão,

sendo mais observado na fase de claro (Figura 2a), quando comparado a fase de

escuro (T = 0; z = -2,2; p = 0,028). Foram encontradas diferenças significativas entre

os agrupamentos de horários (Figura 2b) para a atividade de deslocamento no seco

(H (7) = 29,15; p = 0,001). Houve maior frequência dessa atividade ao amanhecer e

no Claro 3, quando comparado ao Escuro 1, 2 e 3 (U ≤ 1,5; Z ≤ -2,71; p ≤ 0,007). No

amanhecer também houve maior frequência dessa atividade quando comparado ao

(a) (b)

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Claro 2 (U ≤ 4; Z ≤ -2,28 p ≤ 0,023). No claro 1, claro 2 e no escurecer houve

maiores frequências que no escuro 1, 2 e 3 (U ≤ 6; Z ≤ -1,99; p ≤ 0,046). As demais

comparações entre os agrupamentos não apresentaram diferenças (U ≥ 6; Z ≥ -1,94;

p ≥ 0,053).

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)Agrupamentos de horários

Figura 2 – Frequência do comportamento de deslocamento no seco de rãs-touro albinas, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

Descanso no seco

Nas fases de claro e de escuro (Figura 3a), o descanso no seco não se

diferenciou (T = 2; z = -1,78; p = 0,075). Mas, entre os agrupamentos de horários

(Figura 3b) houve diferenças (H (7) = 17,83 p = 0,013), sendo essa atividade mais

observada no amanhecer que no escurecer, escuro 1 e 2 (U ≤ 0; Z ≤ -2,89; p ≤

0,004). No escuro 3 e no claro 1 houve maiores frequências em relação ao escuro (U

≤ 0; Z ≤ -2,89; p ≤ 0,004). As demais comparações entre os agrupamentos não

apresentaram diferenças significativas (U ≥ 6; Z ≥ -1,92; p ≥ 0,055).

(a) (b)

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Agrupamentos de horários

Figura 3 – Frequência do comportamento de descanso no seco de rãs-touro albinas, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

Permanência no abrigo

Também não foram encontradas diferenças entre as fases (Figura 4a) para

permanência no abrigo (T = 6; z = -0,94; p = 0,345). Entre os agrupamentos de

horários (Figura 4b) foram encontradas diferenças (H (7) = 14,29; p = 0,046), sendo

que no escurecer e no escuro 1 houve maior frequência dessa atividade quando

comparado ao escuro 3 e ao amanhecer (U ≤ 3; Z ≤ -2,40; p ≤ 0,016). O escuro 2 e 3

também apresentaram maior frequência da atividade quando comparado ao

amanhecer (U ≤ 5; Z ≤ -2,08; p ≤ 0,037). Não houve diferenças entre os demais

agrupamentos (U ≥ 6; Z ≥ -1,92; p ≥ 0,055).

(a) (b)

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Agrupamentos de horários

Figura 4 – Frequência do comportamento de permanência no abrigo de rãs-touro albinas, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

Deslocamento na água

Não foram encontradas diferenças entre as fases (Figura 5a) para

deslocamento na água (T = 5,5; z = -0,54; p = 0,588). Foram encontradas diferenças

entre os agrupamentos de horários (Figura 5b) para essa atividade (H (7) = 14,54; p

= 0,042). No escurecer houve maior frequência dessa atividade em relação ao claro

1, 2, e 3, e escuro 1 e 3 (U ≤ 5,5; Z ≤ -2,01; p ≤ 0,045). O amanhecer e o escuro 2

apresentaram maiores frequências em relação ao claro 2 (U ≤ 5; Z ≤ -2,10; p ≤

0,036). As demais comparações entre os agrupamentos não apresentaram

diferenças significativas (U ≥ 6; Z ≥ -1,94; p ≥ 0,053).

(a) (b)

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Agrupamentos de horários

Figura 5 – Frequência do comportamento de deslocamento na água de rãs-touro albinas, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

Descanso na água

Foi observado maior frequência de descanso na água na fase de escuro

(Figura 6a), quando comparada a fase clara (T = 0; z = -2,2; p = 0,028). Houve

diferenças nos diferentes agrupamentos de horários (Figura 6b), entre as

frequências desse comportamento (H (7) = 31,45; p = 0,001), sendo observada

maior atividade de descanso na água no escuro 2, quando comparado ao escurecer

(U ≤ 5; Z ≤ -2,08; p ≤ 0,037). No escuro 1, 2 e 3 houve maiores frequências em

relação ao amanhecer e claro 1, 2 e 3 (U ≤ 5; Z ≤ -2,08; p ≤ 0,037). No amanhecer

foram registradas maiores níveis em relação aos claro 1 e 2 (U ≤ 5; Z ≤ -2,08; p ≤

0,037). O escurecer apresentou maior frequência em relação ao claro 2 (U ≤ 5; Z ≤ -

2,08; p ≤ 0,037). Os demais agrupamentos não se diferiram (U ≥ 6; Z ≥ -1,92; p ≥

0,055).

(b) (a)

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Agrupamentos de horários

Figura 6 – Frequência do comportamento de descanso na água de rãs-touro albinas, conforme as fases (a) e os agrupamentos de horários (b): amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

4. DISCUSSÃO

Foi observado para os animais albinos que a atividade de alimentação é a

que mais influencia outras atividades, durante as 24 h. A alimentação foi mais

frequente ao amanhecer, seguido dos demais agrupamentos de horários da fase de

claro. O deslocamento foi característica na transição da fase de claro e de escuro. O

deslocamento no seco teve maior frequencia na fase de claro, provavelmente

relacionado com a alimentação, enquanto que o deslocamento na água foi mais

observado na fase de escuro. O uso do abrigo foi dividido entre a fase de claro e de

escuro. O descanso no seco foi observado tanto na fase de claro como de escuro,

sendo que na fase de claro, segue a atividade de alimentação, e na fase de escuro,

apresenta um incremento de frequência dessa atividade até o amanhecer. O

descanso na água foi mais frequente na fase de escuro.

As rãs albinas apresentaram uma distribuição de atividades comportamentais

similar com as relatadas para animais pigmentados que foram divulgadas em

trabalho prévio (Casali, Arruda, Hattori, Castro & Pontes, no prelo). Em termos

(a) (b)

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59

quantitativos (frequências), também foram observados valores próximos entre

albinos e animais de pigmentação normal, para todas as atividades, o que

demonstra uma semelhança de comportamentos entre eles.

Foi observada, de forma geral, assim como relatado para os animais normais,

que os albinos têm a tendencia de ter as atividades de descanso e deslocamento no

seco ligadas a atividade de alimentação, assim como o descanso no seco em

horários anteriores ao amanhecer também sugeriram uma antecipação do horário de

alimentação, reportado por Bergeijk (1967), como característico na espécie. A

atividade de descanso na água na fase escura, provavelmente também estava

ligada a diminuição de atividades no seco nessa fase, e a importância da água nas

trocas de substâncias metabólicas com o animal (Busk, Jensen & Wang, 2000).

Uma característica marcante do albinismo são os olhos róseos resultantes da

irrigação sanguínea local, já que os albinos têm ausência de pigmentação na retina

(Fish and Wildlife Services, 2009; Hoperskaya, 1975). Problemas na visão, como a

fotossensibilidade, diminuição de sua acuidade e o estagmo, são relacionados ao

albinismo (Suzuki & Tomita, 2008). A pigmentação da retina foi revisada por

Schraermeyer e Heimann (1999), e a mesma apresenta diversas funções ligadas ao

olho e, consequentemente, à visão. Neveu, Jeffery, Moore, e Dakin (2009)

propuseram haver uma ligação entre os problemas estruturais da visão, que albinos

apresentam, com problemas na capacidade de visão dos mesmos. Um estudo sobre

a visão estereoscópica (tridimensional) em albinos foi reportado por Lee, King e

Summers (2001).

Não existem estudos sobre problemas de pigmentação na retina de rãs-touro,

assim não se sabe se animais albinos possuem verdadeiramente problemas de

visão, e qual o grau dos mesmos. As consequências seriam a possibilidade de afetar

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60

uma função muito importante desse sentido, que é a identificação do alimento. Neste

trabalho na alimentação dos animais, foram utilizadas larvas de mosca que tem a

função de dar movimento a ração atraindo as rãs, conforme recomendação de Lima

e Agostinho (1992). O predador do tipo senta e espera, como a rã, geralmente

necessita desenvolver boa visão para visualização do alimento (Duellman & Trueb,

1994; Nishikawa, 2000). A visão também muda o comportamento do ato de captura

conforme a identificação do tipo de presa (Anderson, 1993; Anderson & Nishikawa,

1993; Anderson & Nishikawa, 1996; Deban, 1997; Valdez & Nishikawa, 1997).

A importância da visualização do inseto foi testada por Miles, Williams e Hailey

(2004) em Rana temporaria, que verificaram que a vibração mecânica foi menos

eficiente que a movimentação promovida por larvas de mosca. Nesse mesmo

trabalho, o autor isolou as larvas embaixo da ração, com ajuda de uma membrana

transparente e concluiu que a visualização da larva foi mais importante que sua

detecção por odor, e que os animais consumiram alimento apenas com o estímulo

visual da larva.

Assim, neste trabalho, os animais albinos preferiram se alimentar durante o

dia, sem diferenças significativas em relação ao comportamento alimentar de

animais pigmentados, sugerindo que possíveis problemas de visão dos albinos são

insuficientes para atrapalhar a identificação do alimento, ou inexistem, sendo

recomendadas pesquisas específicas sobre o tema. Provavelmente, a espécie tenha

maior dificuldade de identificar o alimento com ausência total de luz, pois houve

baixa ingestão na fase de escuro.

Não foram encontrados na literatura pesquisada trabalhos que mostrassem o

efeito da intensidade luminosa em rãs, mas uma pesquisa que abordou a quantidade

de horas de luz durante o ciclo de 24 h (fotoperíodo), realizada por Figueiredo,

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61

Agostinho, Baêta e Lima (2001), demonstrou alterações no desenvolvimento do

aparelho reprodutor de rãs-touro. Problemas relacionados à fotofobia em albinos

foram descritos em humanos (Hutton & Spritz, 2008) e em alguns animais, como por

exemplo, macacos (Ding, Wang, Bai, Zhou & Zhang, 2000) e bois (Coban & Yildiz,

2005), mas não se sabe se eles ocorrem em rãs. A fotofobia em rãs albinas poderia

levar esses animais a evitar horários durante o dia, quando naturalmente existe alta

luminosidade, passando a ter comportamento compatível com animais noturnos.

Neste trabalho, foram tomados cuidados necessários na pesquisa de animais

noturnos quando se optou por não usar iluminação na fase escura, conjugado com

câmeras de infravermelho, para não influenciar em possíveis comportamentos

noturnos. Conforme Buchanam (1993) pesquisando hábitos noturnos de anuros, é

recomendado o uso de métodos de visão por infravermelho ou ampliadores de visão

no escuro (visão noturna). Esse autor alega que muitas pesquisas feitas usaram de

luz incandescente ou luz branca, que podem mudar o comportamento natural dos

animais.

Segundo Duellman e Trueb (1994), anfíbios de hábitos noturnos se refugiam

durante o dia e tornam-se ativos à noite, o que não foi observado neste trabalho,

para os animais albinos. Portanto, com o controle da luminosidade, que foi baixa e

constante durante o dia, e totalmente ausente à noite, não houve evidências de

mudança de atividades comportamentais de rãs albinas por uma possível maior

sensibilidade a intensidade luminosa.

O câncer de pele foi relatado em humanos albinos por Witkop (1979),

Kromber Castle, Zwane, e Jenkins (1989) e Asuquo, Ngim, Ebughe, e Bassey

(2009), mas sua ocorrência está em função da quantidade de luminosidade

absorvida pela pele desprotegida. Neste trabalho os animais estavam sob baixa

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62

luminosidade, o que resultou na ausência de indícios de alterações na pele dos

albinos, portanto, esse fator não foi problema para o desenvolvimento dessas rãs em

cativeiro.

Também foram relatados problemas ligados a imunodeficiência em animais

albinos (Stinchcombe, Bossi, & Griffiths, 2004). Durante o experimento, não houve

evidências de rãs doentes e não ocorreu morte de nenhum animal.

Mecanismos genéticos, que levam a alteração na pigmentação animal, foram

estudados em anuros por Sumida & Nishioka (1994) e Nishioka, Ohtani, e Sumida

(1987) em Rana japonica e Rana nigromaculata, respectivamente. A coloração dos

animais vem sendo estudada estando ligada, entre outros fatores, a mecanismos de

herdabilidade, ontogenia e comportamentos, sendo que é comum existir cores

diferentes dentro de uma mesma espécie de anuros (Hoffman & Blouin, 2000).

Assim, é provável que problemas ligados à pigmentação possam dar origem a

modificações comportamentais (níveis de predação, reprodução e mimetismo)

nestes animais.

Vidaurri-Sotelo, Marcías-Zamora, e Cabello (2005) comentaram que as falhas

na comunicação visual de animais dentro da mesma espécie poderiam estar

relacionadas com problemas de pigmentação dos mesmos. Neste trabalho, as rãs

estavam longe de predadores e ainda muito jovens, não haviam atingido a idade

adulta de reprodução, o que pode ter contribuído para a ausência de constatação de

comportamentos alterados, devido à pigmentação atípica de albinos.

Considerando que o pico de alimentação das rãs albinas ocorreu no

amanhecer e na fase de claro, recomenda-se para os animais albinos, da mesma

forma que foi recomendado para rãs de pigmentação normal por Casali, Arruda,

Hattori, Castro e Pontes (no prelo), que a alimentação seja fornecida na fase de

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claro, sendo de grande importância que os animais encontrem ração e larvas

disponíveis para o consumo no amanhecer.

Assim, em função das semelhanças entre atividades comportamentais de

albinos e animais de pigmentação normal, não houve evidências de necessidade

uma alteração de conduta no manejo diário em um ranário. Portanto, a partir da

análise dos comportamentos aqui observados, os animais albinos apresentam um

bom potencial para serem usados na ranicultura. Mas, novas pesquisas são

recomendadas para se testar se o ambiente de ranários comerciais pode prejudicar

o desenvolvimento de albinos, por exemplo, a influência da iluminação direta do sol.

5. AGRADECIMENTOS

Ao CNPq, ao Departamento de Fisiologia da UFRN e ao Laboratório de

Ranicultura e Produtos da Aquicultura do Departamento de Gestão e Tecnologia

Agroindustrial do CCHSA-UFPB. Aos colegas Wallisen Tadashi Hattori e Felipe

Nalon Castro pela valiosa ajuda no planejamento de coleta de dados, nas análises

estatísticas, nas interpretações e representações gráficas de resultados.

6. REFERÊNCIAS

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6 – Experimento 2. Influência dos horários de oferta do

alimento na criação de espécimes albinos de rã-touro

6.1. – Artigo 3 – Atividades comportamentais diárias de rãs-touro

albinas, Lithobates catesbeianus, alimentadas em diferentes

horários, em laboratório

Alex Poeta Casali¹, Maria de Fátima Arruda², Wallisen Tadashi Hattori², Felipe Nalon

Castro² & Cibele Soares Pontes³.

¹Universidade Federal da Paraíba - UFPB, Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias,

Bananeiras, PB, Brazil.

²Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, Centro de Biociências, Natal, RN, Brazil.

³Universidade Federal Rural do Semiárido - UFERSA, Mossoró, RN, Brasil.

Correspondência: A P Casali, Laboratório de Ranicultura e Produtos da Aquicultura, Departamento de

Gestão e Tecnologia Agroindustrial do CCHSA/UFPB. Campus Universitário, s/n. CEP: 58220-000,

Bananeiras, PB, Brazil, E-mail: [email protected].

RESUMO

Foram utilizadas 72 rãs-touro albinas em estádio pós-metamorfico (60 ± 20 g), alojadas em 18 minibaias para a descrição de suas atividades comportamentais. A alimentação foi oferecida de três formas: a) Manhã (10 h); b) Tarde (16 h); e c) Manhã (10 h) e tarde (16 h). Foram encontradas diferenças estatísticas entre os horários de oferta de alimento, para a atividade de ingestão, havendo uma tendência dos animais se alimentarem no amanhecer e logo após a oferta de alimento fresco. Não foi encontrada diferença para o uso de abrigo. Para os animais que a recebiam ração apenas pela tarde, o descanso no seco foi significativamente mais frequente no período anterior a oferta de alimentação, enquanto que o deslocamento no seco foi menos frequente sugerindo uma antecipação (espera) da oferta de alimento. Logo após a oferta de alimento somente pela tarde, o deslocamento no seco passa a ser mais observado e o deslocamento na água passa a ter menos frequência. O descanso na água foi mais observado na fase de escuro, pelos animais que recebiam alimentação apenas a tarde. Ficou evidenciado que o fornecimento de alimento apenas no horário da tarde foi o manejo alimentar que mais alterou as atividades comportamentais dos animais.

PALAVRAS-CHAVES: Albinismo, Rana, ranicultura, horário de alimentação,

comportamento animal.

(Artigo a ser submetido a um periódico nacional ou internacional)

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1. INTRODUÇÃO

A criação de rãs é uma atividade produtiva estabelecida no Brasil desde a

década de 30, apesar disso, existem poucas pesquisas realizadas para auxiliar os

produtores, denominados ranicultores, em seu manejo diário com os animais. O

estudo do comportamento de rãs em cativeiro será essencial para servir de

ferramenta para a melhoria do bem-estar animal nesse ambiente, indicando práticas

de manejos mais adequados, nos locais de criação, denominados ranários.

A maioria dos criatórios do Brasil se baseia no Sistema Anfigranja de criação de

rãs (Lima, Moura, & Cruz, 1999), que se constitui em um conjunto de instalações

(baias com piscina, cocho e abrigo), e técnicas de manejo. Atualmente todos os

produtores utilizam animais de pigmentação normal em seus criatórios, mas já

existem pesquisas que visam a introdução de albinos nos ranários.

O albinismo em rãs foi pouco documentado, sendo comum encontrar rãs

albinas apenas em “pet shops”, sendo vendidas como animais de estimação, pela

coloração exótica e rara. Algumas características dos animais albinos atraem

pesquisadores para sua utilização, entre elas a diferenciação de um produto de

cativeiro quando comparado à rã caçada na natureza, diminuição de danos

causados por fugas acidentais (Lima, 2005), e a obtenção de uma carne com melhor

sabor, coloração e conservação, pela ausência do pigmento (Moura, 2003).

Apesar das vantagens descritas, são necessárias informações comparativas

das atividades comportamentais de albinos em cativeiro, para o manejo adequado

desse animal, e posteriormente sua recomendação, em ranários comerciais.

Trabalhos de observação de rãs na natureza, visando o comportamento

reprodutivo, vocalização e comportamento alimentar (conteúdo estomacal) são

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comuns. No entanto, estas pesquisas pouco se aplicam à situação da criação

comercial de rãs, onde estes animais se encontram em elevadas densidades

populacionais e se alimentam de ração em peletes.

Uma tentativa de interpretação do comportamento de rãs em cativeiro foi feita

em trabalho pioneiro por Figueiredo, Lima, e Baêta (1999), em experimentos que

verificaram a movimentação de rãs, para termorregulação, entre a área seca e a

área com água (piscina da baia).

Em criações intensivas os horários de oferecimento do alimento são

escolhidos pela praticidade do trabalho e não por questões fisiológicas dos animais.

O que acontece é que muitas vezes esses horários podem não coincidir, resultando

em prejuízos para os animais, portanto, essa informação é de grande importância

para o planejamento da produção (Reddy, Leatherland, Khan, & Boujard 1994).

Considerando que são raras as informações sobre a fisiologia e ecologia de

rãs, aplicadas ao comportamento, os peixes carnívoros são animais que mais se

assemelham a rã, segundo Lima e Agostinho (1984), e portando poderiam ser

usados em análises comparativas. Esses mesmos autores recomendaram o uso de

ração de trutas no manejo alimentar de rãs. Os estudos com peixes carnívoros são

numerosos e trazem importantes informações que podem ser explorados na

ranicultura.

Segundo Heilman e Spieler (1999) os animais são organismos rítmicos, com

um grande arranjo circadiano com períodos de 24 h de ritmos fisiológicos e de

comportamentos, que integram a vida deles com as mudanças temporais do

ambiente. Vários autores sugeriram que a utilização do alimento pode ser melhorada

entendendo o ciclo circadiano de alimentação (Wang, Hayward, & Noltie, 1998;

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Kadri, Metcalfe, Huntingford, & Thorpe, 1991; Boujard & Leatherland, 1992; Madrid,

Azzaydi, Zamora, & Sánchez-Vázquez, 1997).

Trabalhando com peixes, Blanco-Vives e Sánchez-Vázquez (2009) chamam a

atenção que os organismos vivos, desenvolveram oscilações em seu relógio

biológico que permitem a eles que antecipem algumas mudanças cíclicas do

ambiente (associados a ciclos geofísicos). O mesmo raciocínio foi desenvolvido por

Feillet, Albrecht, e Challet (2006) quando citam que o relógio circadiano é um

mecanismo autônomo de tempo que permite os animais a predizer e se adaptar ao

ritmo de luminosidade, temperatura e disponibilidade de alimento do ambiente. O

interesse no ritmo circadiano é compreensível porque o mesmo está diretamente

envolvido na organização temporal e espacial do animal e em sua capacidade de

prever acontecimentos em resposta a repetição de eventos (Boujard & Leatherland,

1992).

Assim, os pesquisadores vêm buscando aumentar a eficiência alimentar nos

criatórios, através de pesquisas que envolvem o horário de alimentação, na intenção

de sincronizá-lo com o ritmo diário de apetite do animal (Sánchez-Vázquez, 1996).

Segundo Wang et al. (1998), a determinação da frequência de oferta de alimento

deve ser feita não apenas pelos resultados de crescimento e conversão alimentar,

mas baseado nas influencias sobre o padrão de alimentação diário dos animais,

inclusive para se determinar as quantidades mais adequadas de cada oferta. Muitos

trabalhos foram realizados testando diferentes dietas para as rãs e verificaram

mudanças em seu desempenho zootécnico, mas sem correlacionar ao

comportamento dos animais.

Na ranicultura é comum o alimento estar disponível 24 h para os animais, que

podem se alimentar com livre acesso ao mesmo. Em sua pesquisa Biswas, Jena,

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Singh, Patmajhi, e Muduli (2006) alertam que os animais devem ter acesso ao

alimento para ótimo crescimento, mas a alimentação, em quantidades acima do

necessário pode levar a piores conversões alimentares, aumento de custo de

produção, como também ao acúmulo de sobras, afetando a qualidade do ambiente

de criação. Para Wang, Kong, Li, e Bureau (2007) a frequência alimentar e a

quantidade oferecida são muito importantes para a ingestão de alimento pelo animal,

seu crescimento e as sobras no ambiente de criação.

Heilman e Spieler (1999) concluíram que a diminuição do custo de produção

pode ser resultado da combinação do horário de alimentação com o horário em que

o organismo animal está mais preparado para converter comida em crescimento

proteico. Considerando que alimentação representa aproximadamente 40% a 60%

dos custos de produção de um ranário, sendo estimado por Lima e Agostinho (1992)

em 54,8 a 63,0% e por Casali e Lima (2005) em 41,0 a 50,0%, o adequado manejo

alimentar da espécie é fundamental para um possível aumento de produtividade e

otimização do custo-benefício.

Em ranários comerciais, a alimentação é normalmente oferecida pela manhã e

apenas uma vez ao dia. No entanto, nenhuma pesquisa determinou se essa conduta

é a mais adequada para a rã-touro. Desta forma, o estudo do das atividades

comportamentais das rãs, durante o ciclo de 24 h, poderá indicar os caminhos para o

manejo adequado da espécie em cativeiro, para um aproveitamento mais adequado

do dispendioso alimento atualmente oferecido, evitando-se desperdícios, que por

sua vez, podem levar ao aumento de poluição ambiental. Objetivou-se com esse

trabalho, estudar o efeito de diferentes horários de alimentação nas atividades

comportamentais de rãs-touro albinas em cativeiro.

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72

2. MÉTODOS

Foram utilizadas 72 rãs-touro, Lithobates catesbeianus, albinas provenientes

de uma mesma desova (pai 100% albino e mãe 50% Albina), com a idade de

aproximadamente 55 dias após metamorfose e 60 ± 20 g de peso médio inicial. O

experimento foi desenvolvido em laboratório, sendo utilizadas 18 minibaias (Casali,

2003) que abrigavam quatro animais fornecendo um ambiente (55.000 cm³)

composto de área com água (12 litros), com abrigo e piscina, e um ambiente seco,

com rampas e cocho. Durante o período experimental, a média das temperaturas

das máximas do ambiente foi de 30,3 ± 1,3 ºC, a média das mínimas foi de 24,4 ±

0,7 ºC, a média das máximas de umidade relativa foi de 81,1 ± 2,1% e a média das

mínimas foi de 67,6 ± 5,9%. A luminosidade durante o período de claro foi de 61 ±

19 Lux, enquanto que no escuro foi de +-0 Lux.

A ração foi oferecida nas seguintes combinações de horários de alimentação:

a) uma vez ao dia pela manhã (10 h - manejo padrão dos ranários comerciais); b)

uma vez ao dia pela tarde (16 h); e c) duas vezes ao dia, (10 e 16 h). No momento

da colocação do alimento, realizava-se também uma limpeza geral do ambiente de

criação e troca de água da piscina. A alimentação foi fornecida baseada no consumo

de ração e larvas do dia anterior acrescido de 10 %. Foi utilizada uma ração

comercial extrusada padrão para rãs, com 3-4 mm e os seguintes níveis de garantia

do fabricante: 45% de Proteína Bruta, 4% de Extrato Etéreo, 6% de Fibra Bruta, 14%

de Matéria Mineral e 87,5% de Matéria Seca. Utilizaram-se larvas de Musca

domestica como atrativo alimentar (15%), junto à ração.

As atividades comportamentais foram divididas em duas categorias, sendo a

primeira de atividades na água, composta de: a) Descanso na água- Animais

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73

estáticos ou mexendo algum membro, mas sem se deslocar, sendo boiando ou

completamente submerso na piscina; b) Deslocamento na água - Animais nadando

ou em pequenos saltos para sair da piscina; e c) Permanência no abrigo – Animal

entrava no abrigo e não podia ser visualizado.

A segunda categoria era de atividades no seco, composta de; a) Descanso no

seco - Animais estáticos ou mexendo algum membro, mas sem se deslocar, nas

rampas ou na borda e fundo do cocho; e b) Deslocamento no seco - Animais

andando ou em pequenos saltos nas rampas de acesso ao cocho ou na borda e

fundo do cocho; e c) Ingestão – Animal ingerindo larva ou ração, no cocho ou nas

rampas.

As filmagens, realizadas após 30 dias de adaptação dos animais ao ambiente

de criação, foram feitas por seis dias consecutivos, com câmeras dotadas de

infravermelho (noturna). O método de registro utilizado na análise das atividades de

ingestão e de disputas foi de amostragem comportamental (behavior sampling) e das

demais atividades foi o scan, com registro instantâneo, com intervalo de um minuto,

através do playback das gravações. Em ambos os casos, em cada minibaia foram

observados os primeiros 15 minutos de cada hora, no período de 24 horas, durante

os seis dias.

Para efeito das análises, a fase de claro foi considerada entre a hora 5 e 17. A

fase de escuro foi considerada entre hora 18 e 4. Para se obter maior detalhamento

das atividades comportamentais nas 24 horas, foram formados oito agrupamentos

de horários, a saber: a) Amanhecer - hora 4 a 6; b) Claro 1 - hora 7 a 9, c) Claro 2 -

hora 10 a 12, d) Claro 3 - hora 13 a 15, e) Escurecer - hora 16 a 18 , f) Escuro 1 -

hora 19 a 21, g) Escuro 2 - hora 22 a 24; e h) Escuro 3 - hora 1 a 3.

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74

Para a análise estatística, foi adotado o nível de 5% de significância na

avaliação dos resultados das seis repetições por tratamento. Foram aplicados testes

para verificação da normalidade e heterogeneidade dos dados, shapiro-Wilks e de

Levene, respectivamente, quando se constatou a necessidade da utilização do teste

não paramétrico Kruskal-Wallis, e quando necessário na comparação aos pares das

medianas das atividades foi usado o teste Mann-Whitney. A representação gráfica

dos resultados foi feita usando-se a medianas e a amplitude interquartílica (75% a

25%).

3. RESULTADOS

Descanso no seco

Foram encontradas diferenças significantes para a atividade de descanso no

seco em diferentes agrupamentos de horários (Figura 1).

Ao amanhecer foram encontradas diferenças significativas entre as frequências

observadas de descanso no seco, nos diferentes horários de alimentação (H (2) =

6,43 p = 0,040). Os animais que recebiam alimentação as 10 e 16 h apresentaram

níveis mais elevados que os animais que recebiam alimento apenas as 10 h (U =

5,5; Z = -2,01; p = 0,045) e apenas as 16 h (U = 4; Z = -2,24; p = 0,025). Não houve

diferença (U = 14; Z = -0,64; p = 0,522) para esse comportamento entre os animais

que recebiam alimentação apenas as 10 h e apenas as 16 h.

No claro 3, foram encontradas diferenças significativas entre as frequências

nos horários de alimentação (H (2) = 7,38 p = 0,025). No horário de alimentação

apenas as 16 h houve maior frequência que nos horários em que os animais

recebiam alimento apenas as 10 h (U = 4; Z = -2,24; p = 0,025) e as 10 e 16 h (U =

3; Z = -2,40; p = 0,016). Nos horários de alimentação apenas as 10 h e as 10 e 16 h

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75

não houve diferenças entre frequências desse comportamento (U = 17; Z = -0,16; p

= 0,873).

Ao escurecer foram encontradas diferenças significativas entre as frequências

observadas nos horários de alimentação (H (2) = 10,56 p = 0,005). O horário de

alimentação apenas pela manhã teve menor nível da atividade quando comparado

aos animais que recebiam alimento apenas a tarde (U = 0; Z = -2,88; p = 0,004) e

pela manhã e tarde (U = 2; Z = -2,56; p = 0,010). Os horários de alimentação apenas

pela tarde e pela manhã e tarde não apresentaram diferenças para esse

comportamento (U = 13; Z = -0,80; p = 0,423).

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Horários de fornecimento de alimento e Agrupamentos de horários

Oferta de alimentoInício do Claro 2Início do EscurecerInício do Claro 2 e do Escurecer

Figura 1 - Frequências de descanso no seco de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

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Deslocamento no seco

Foram encontradas diferenças estatísticas para a atividade de deslocamento

no seco em diversos agrupamentos de horários (Figura 2). No claro 2 foram

encontradas diferenças significativas entre as frequências observadas de

deslocamento no seco entre os diferentes horários de alimentação (H (2) =8,82 p =

0,012). Os animais que recebiam alimento as 16 h tiveram menor frequência de

deslocamento quando comparados ao observado nos horários de alimentação das

10 h (U = 3; Z = -2,68; p = 0,007) e 10 e 16 h (U = 3; Z = -2,68; p = 0,007). Nos

horários de alimentação de apenas as 10 h e 10 e 16 h não foram constatadas

diferenças entre as frequências observadas (U = 15,5; Z = -0,41; p = 0,683).

No escurecer também foram encontradas diferenças entre as frequências

observadas nos diferentes horários de alimentação (H (2) = 7,69; p = 0,021). No

horário de alimentação das 16 h observou-se maior frequência que nos horários de

as 10 h (U = 3; Z = -2,45; p = 0,014) e 10 e 16 h (U = 4; Z = -2,27; p = 0,023). Nos

horários de alimentação de apenas as 10 h, e 10 e 16 h não foram observadas

diferenças entre as frequências desse comportamento (U = 15; Z = -0,50; p = 0,616).

Page 94: Atividades comportamentais e comportamento alimentar de rã ... · Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Casali, Alex Poeta.

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Horários de fornecimento de alimento e Agrupamentos de horários

Oferta de alimentoInício do Claro 2Início do EscurecerInício do Claro 2 e do Escurecer

Figura 2 - Frequências de deslocamento no seco de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

Deslocamento na água

Foram encontradas diferenças estatísticas para a atividade de deslocamento

na água apenas em um agrupamento de horário (Figura 3). No claro 3 foram

encontradas diferenças entre as frequências dessa atvidade nos diferentes horários

de alimentação (H (2) = 8,72; p = 0,013). Os animais que recebiam alimento apenas

as 16 h apresentaram menor frequência desse comportamento que nos horários de

somente as 10 h (U = 1; Z = -2,86; p = 0,004) e 10 e 16 h (U = 4,5; Z = -2,33; p =

0,020). Não houve diferenças entre as frequências observadas nos horários de 10 h

e 10 e 16 h (U = 17; Z = -0,16; p = 0,869).

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Horários de fornecimento de alimento e Agrupamentos de horários

Oferta de alimentoInício do Claro 2Início do EscurecerInício do Claro 2 e do Escurecer

Figura 3 - Frequências de deslocamento na água de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

Descanso na água

Foram encontradas diferenças estatísticas para a atividade de descanso na

água apenas em um agrupamento de horário (Figura 4). No escuro 2 foram

encontradas diferenças significativas entre as frequências observadas dessa

atividade nos diferentes horários de alimentação (H (2) = 8,99 p = 0,011). Observou-

se maior frequência desse comportamento no horário de alimentação das 16 h

quando comparado com os horários das 10 h (U = 2; Z = -2,56; p = 0,010) e 10 e 16

h (U = 2; Z = -2,56; p = 0,010). Nos horários de alimentação de apenas as 10 h e 10

e 16 h não houve diferenças entre as frequências observadas (U = 17; Z = -0,16; p =

0,873).

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Horários de fornecimento de alimento e Agrupamentos de horários

Oferta de alimentoInício do Claro 2Início do EscurecerInício do Claro 2 e do Escurecer

Figura 4 - Frequências de descanso na água de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

Permanência no Abrigo:

Não foram encontradas diferenças significativas, em nenhum dos

agrupamentos de horários (Figura 5), entre as frequências de observação do animal

que permanecia no abrigo nos horários de alimentação pesquisados (H (2) = 5,15 p

= 0,076).

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Horários de fornecimento de alimento e Agrupamentos de horários

Oferta de alimentoInício do Claro 2Início do EscurecerInício do Claro 2 e do Escurecer

Figura 5 - Frequências de permanência no abrigo de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

Ingestão:

Foram encontradas diferenças estatísticas para a atividade de ingestão em

diferentes agrupamentos de horários (Figura 6). No claro 2, observaram-se

diferenças entre os horários de oferta de alimento (H (2) < 10,73; p > 0,005), quando

os animais que recebiam alimento apenas as 16 h tiveram menor frequência da

atividade, comparado aos animais que recebiam alimento apenas as 10 h (U = 2; Z =

-2,57; p = 0,010) e os que recebiam as 10 e 16 h (U = 0; Z = -2,89; p = 0,004). Os

animais que recebiam alimento apenas as 10 h e as 10 e 16 h não apresentaram

diferença (U = 12; Z = -0,96; p = 0,337). No escurecer, observaram-se diferenças

entre os horários de oferta de alimento (H (2) < 13,16; p > 0,001). Os animais que

recebiam alimento apenas as 16 h apresentaram maior frequência dessa atividade,

Page 98: Atividades comportamentais e comportamento alimentar de rã ... · Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de Biociências Casali, Alex Poeta.

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que os que recebiam alimento apenas as 10 h (U = 0; Z = -2,89; p = 0,004) e as 10 e

16 h (U = 3; Z = -2,41; p = 0,016). E os animais que recebiam alimento as 10 e 16 h

tiveram maior frequência da atividade quando comprado aos animais que recebiam

alimento apenas as 10 h (U = 2; Z = -2,57; p = 0,010). Não foram encontradas

diferenças significativas entre os horários de alimentação para frequência de

ingestão nos agrupamentos de horários do amanhecer, claro 1 e 3 e escuro 1 a 3 (H

(2) < 3,75; p > 0,154).

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Horários de fornecimento de alimento e Agrupamentos de horários

Oferta de alimentoInício do Claro 2Início do EscurecerInício do Claro 2 e do Escurecer

Figura 6 - Frequências de ingestão de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

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Disputas:

Em virtude da raridade da observação desse comportamento, não foi

possível realizar análise estatística (Figura 7). Observa-se que os poucos registros

dessa atividade aconteceram principalmente ao amanhecer.

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Horários de fornecimento de alimento e Agrupamentos de horários

Oferta de alimentoInício do Claro 2Início do EscurecerInício do Claro 2 e do Escurecer

Figura 7 - Frequências de disputas de rãs-touro albinas, dos diferentes horários de oferta de alimentos: manhã (10 h), tarde (16 h), e manhã e tarde (10 e 16 h), conforme os agrupamentos de horários: amanhecer (4-6 h), claro 1 (7-9 h), claro 2 (10-12 h), claro 3 (13-15 h), escurecer (16-18 h), escuro 1 (19-21 h), escuro 2 (22-24 h) e escuro 3 (1-3 h).

4. DISCUSSÃO

Com os resultados obtidos ficou evidenciado que os animais que recebiam

alimento somente as 10 h e os que recebiam as 10 e 16 h tiveram uma distribuição

de atividades comportamentais mais equivalentes, e que o fornecimento de alimento

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83

apenas as 16 h provocou maiores interferências nas atividades das rãs. As principais

diferenças de atividades comportamentais registradas podem ser assim resumidas:

No agrupamento de horário em que as rãs recebiam alimento fresco, observou-se

maior frequência de ingestão, quando comparado aos demais, com excessão do

agrupamento de horário do amanhecer. Assim, de forma geral, houve uma tendência

comum dos animais preferirem se alimentar no amanhecer e logo após a oferta de

alimento fresco. Não foi encontrada diferença para o uso de Abrigo. No tratamento

em que os animais recebiam ração apenas pela tarde, o descanso no seco foi mais

observado no agrupamento de horário anterior a oferta de alimentação, enquanto

que o deslocamento no seco teve menor frequência. Logo após a oferta de alimento

somente pela tarde, o deslocamento no seco passa a ser mais observado e o

deslocamento na água passa a ter menor frequência. O descanso na água foi mais

observado na fase de escuro 2, pelos animais que recebiam alimentação apenas a

tarde.

Considerando que a alimentação dos animais era fornecida na parte seca da

baia, acredita-se que grande parte da atividade de descanso no seco estava

associada e representava a espera pelo alimento, que ocorria anterior ao seu

fornecimento. Segundo Duellman e Trueb (1994), a maioria dos anfíbios apresenta o

tipo de forrageamento “passivo” (senta e espera).

Segundo Boujard e Leatherland (1992), os peixes são capazes de apresentar

comportamentos de alimentação antecipadamente, quando alimentados sempre no

mesmo horário. O comportamento de antecipação do horário de alimentação pelos

animais pode fornecer importantes informações para a adequação do manejo

alimentar em cativeiro. A busca antecipada do local específico, no horário previsto

de alimentação, também foi descrito para rãs como na pesquisa de Bergeijk (1967),

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84

que demonstrou que a rã-touro é capaz de aprender o horário de alimentação com

pequeno tempo para adaptação.

Neste trabalho os animais que recebiam alimento apenas as 16 h se

posicionavam na área seca perto do cocho, na atividade de descanso no seco, em

agrupamento de horário anterior ao fornecimento de alimento, que pode representar

a espera pela ração e larvas frescas. Provavelmente, para os animais que recebiam

alimento duas vezes ao dia, o alimento não oferecia o mesmo nível de atratividade,

por eles já estarem saciados, justificando a menor frequência do comportamento de

espera do mesmo, a tarde. Já para os animais que recebiam alimento apenas pela

manhã (10 h), esses apresentaram menor frequência da atividade de descanso no

seco, o que pode ser justificado pela falta de atratividade do alimento no cocho a

tarde (16 h), levando esses animais a praticarem atividades diferentes daquelas

ligadas à alimentação.

Segundo Dwyer, Brown, Parrish, e Lall (2002) a menor frequência de oferta de

alimento torna os peixes mais ativos durante a alimentação, e pode levar a

antecipação do horário de alimentação, o que poderia otimizar a ingestão e a

eficiência de utilização do alimento (Chen & Purser, 2001). Os peixes, que também

são animais pecilotérmicos e usam o meio aquático, como as os anfíbios, foram

alvos de diversas pesquisas aplicadas à criação em cativeiro. Lima e Agostinho

(1984) consideraram que os peixes carnívoros têm ecologia e fisiologia semelhante

à rã, que também pode ser considerada carnívora em sua fase pós-metamórfica

(Reeder 1964; Nishikawa 2000; Coppo, 2003), e servem de comparação, na

ausência de dados específicos sobre anfíbios.

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Quanto ao deslocamento no seco, os resultados obtidos estão de acordo com

Casali, Arruda, Hattori, Castro e Pontes (no prelo) que consideraram que esta

atividade está correlacionada com a alimentação, o que pode ser visto novamente

comparando os animais que recebiam alimento apenas a tarde. Esses animais

apresentaram menor deslocamento justamente no horário de fornecimento de

alimento pela manhã (claro 2), e foram os que apresentaram maior atividade no

fornecimento de alimento da tarde (escurecer). Segundo Dwyer et al. (2002) peixes

que recebem alimento com menos frequência comem maior quantidade por horário

de oferta e tem mais atividade de procura por alimento. No caso das rãs, nesse

estudo, o deslocamento como procura pelo alimento não foi evidenciado, e sim foi

observado que, em geral, o animal tinha necessidade de ir a piscina da baia, para

terminar o processo de ingestão (deglutição) nesse ambiente, e, portanto, tinha que

se locomover de volta até a posição cocho para uma nova ingestão, o que

aumentava a frequência de deslocamento no seco, no horário de fornecimento de

alimento.

Foi observado, nesse trabalho, que houve menor deslocamento na água no

período que antecede o fornecimento de alimento pela tarde, pelos animais que

recebiam alimento apenas nesse horário, o que é justificado pelo fato dos mesmos

estarem com maior atividade de descanso no seco. Também foi observado que

esses mesmos animais foram os que mais permaneceram na água no escuro 2,

após o fornecimento de ração a tarde (escurecer), o que indica haver uma ligação

entre a atividade de descanso na água e a alimentação.

Busk, Jensen e Wang (2000) realizando o primeiro estudo em um vertebrado

pecilotérmico usando cânulas, emergiram os animais em água após a alimentação

para medir as trocas de substâncias entre a rã e o meio, demonstrando sua

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importância. Assim, provavelmente esse comportamento está associado à ausência

de alimentação nesse horário e a necessidade de trocas metabólicas do animal com

a água. Portanto, aqueles animais que ingeriram mais ração ao escurecer

necessitavam permanecer mais tempo em descanso na água no escuro 2.

Segundo Sánchez-Muros et al. (2003) o horário de alimentação pode

influenciar no metabolismo animal, modificando ciclos endócrinos envolvidos com

secreções que participam da digestão, assim se for possível coincidir com o ritmo

natural do animal, pode-se conseguir uma melhor utilização da dieta.

A atividade de ingestão foi registrada com baixa frequência, o que muitas

vezes dificulta as análises estatísticas, porque a mesma ocorre com uma elevada

rapidez nos anuros (Nishikawa, 1999; Anderson, 1993), somado ao fato de sua

frequência ser rara (Casali, Arruda, Pontes, Hattori, & Castro, no prelo), e também

pelo o alto teor nutritivo da ração (Casali, Moura, Lima, & Silva, 2005), o que faz com

que pequenas porções já satisfaçam nutricionalmente o animal, justificando a

necessidade do uso de um método de amostragem diferenciada (amostragem

comportamental).

Foram encontradas diferenças estatísticas significantes entre os tratamentos,

para a frequência de ingestão, sendo estas diferenças observadas nos

agrupamentos de horários de fornecimento de alimento fresco (claro 2 e escurecer),

fazendo com que houvesse alto consumo do mesmo, enquanto que os animais que

não recebiam alimento fresco apresentavam baixa ingestão no mesmo agrupamento

de horário.

Houve também uma tendência de todos os animais se alimentarem ao

amanhecer, corroborando os resultados de Casali, Arruda, Hattori, Castro e Pontes

(no prelo). Madrid et al. 1997 testou a preferência do horário de alimentação de

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peixes, medindo as sobras de ração, e afirmou que o conhecimento do horário

preferido pelo animal para alimentação é de grade importância para a criação. Para

Bolliet, Jarry, e Boujard (2004) existem evidencias que o horário de alimentação

afeta o crescimento de peixe, interagindo com ritmos sincronizados pelo fotoperíodo,

envolvendo metabolismo de nutrientes, ingestão de alimento. Para esse autor, a

truta seria um peixe capaz de se adaptar ao horário de disponibilidade do alimento, e

assim o horário de preferência natural do animal, não precisa ser necessariamente o

horário de oferta de alimento.

Os animais apresentaram baixos níveis de disputa pelo alimento. Foi

observado que as disputas ocorreram na fase escura e principalmente ao

amanhecer. Segundo, Folkvord e Otterab (1993) quando os animais ficam sem se

alimentar, seja pela baixa disponibilidade do alimento ou pela alimentação com

menor frequência, haverá um aumento das agressões e canibalismo, principalmente

animais mais jovens, o que não foi observado estatisticamente neste trabalho.

Apesar disso, observou-se uma tendência compatível com aquilo que foi citado pelos

autores, já que os animais que recebiam alimento apenas uma vez ao dia tiveram,

numericamente, mais disputas quando comparado aos que receberam alimento

duas vezes ao dia. Segundo Jobling (1982), Wang et al. (1998) e Wang et al. (2007)

aumentando a frequência alimentar, diminui-se a variação de tamanho em algumas

espécies de peixes, causada pela hierarquia formada na disputa de alimento. Mas

para Thomassen e Fjara, (1996) não houve diferença quando se aumentava o

número de alimentações por dia, nem no aumento de disputas, nem no crescimento

e tamanho de salmões.

Na criação de animais aquáticos existe grande preocupação com a

disponibilidade de alimento para os mesmos, visto que o ambiente muitas vezes não

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permite a visualização do alimento. As rãs, apesar de usarem o meio aquático, são

geralmente alimentadas na parte seca do cativeiro, facilitando a observação do

alimento. No entanto, as rãs necessitam de movimento na ração, dado com o uso de

larvas, para serem estimuladas ao consumo (Lima & Agostinho, 1992; Miles,

Williams, & Hailey, 2004; Casali, Moura, Mendes, & Nobrega, 2006). As larvas por

sua vez tendem a estarem mais ativas logo após seu fornecimento, diminuindo sua

atividade com o tempo, devido à diminuição de temperatura no ambiente do cocho.

Se por um lado o fornecimento de ração várias vezes ao dia pode contribuir com o

aumento de custo de produção, por outro lado, pode estimular a maior ingestão de

ração pela maior atividade das larvas. Os resultados obtidos nesse estudo indicam

que mesmo a ração estando disponível no período de 24 h para as rãs albinas, o

alimento fresco parece estimular os animais a buscarem o cocho logo após seu

fornecimento, e em função disso, outros comportamentos se sucedem.

Essas mudanças comportamentais em função do horário de fornecimento do

alimento foram mais observadas no tratamento que recebia alimento apenas a tarde,

pelo comportamento de antecipação do horário de oferta de ração, pela mudança no

perfil de deslocamento no seco e na água, e posteriormente a permanência na água

por maior tempo, quando comparado aos demais tratamentos. Assim, existem

evidências suficientes que o horário de fornecimento do alimento altera as atividades

comportamentais de rãs albinas, sendo necessário se saber em futuras pesquisas,

se essas mudanças comportamentais são suficientes para afetar o crescimento e os

gastos de ração com os animais.

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5. AGRADECIMENTOS

Ao CNPq, ao Departamento de Fisiologia da UFRN e ao Laboratório de Ranicultura

e Produtos da Aquicultura do Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial

do CCHSA-UFPB. Aos colegas Wallisen Tadashi Hattori e Felipe Nalon Castro pela

valiosa ajuda no planejamento de coleta de dados, nas análises estatísticas, nas

interpretações e representações gráficas de resultados.

6. REFERÊNCIAS

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6.2. – Artigo 4 - Comportamento alimentar e desempenho

zootécnico de rãs-touro albinas, Lithobates catesbeianus,

alimentadas em diferentes horários, em laboratório

Alex Poeta Casali¹, Cibele Soares Pontes², Wallisen Tadashi Hattori³, Felipe Nalon

Castro³ & Maria de Fátima Arruda³.

¹Universidade Federal da Paraíba - UFPB, Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias -

CCHSA, Bananeiras, PB, Brazil.

²Universidade Federal Rural do Semiárido - UFERSA, Mossoró, RN, Brasil.

³Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, Centro de Biociências, Natal, RN, Brazil.

Correspondência: A P Casali, Laboratório de Ranicultura e Produtos da Aquicultura, Departamento de

Gestão e Tecnologia Agroindustrial do CCHSA/UFPB. Campus Universitário, s/n. CEP: 58220-000,

Bananeiras, PB, Brazil, E-mail: [email protected].

RESUMO

Foram utilizadas 72 rãs-touro albinas em estádio pós-metamorfico (23,8 ± 7,6 g), alojadas em 18 minibaias. A alimentação foi oferecida em três tratamentos: a) 10 h (padrão); b) 16 h; e c) 10 h e 16 h. Foram observados os 45 minutos anteriores e posteriores ao horário do amanhecer (5 h- referência), e do horário de fornecimento de alimento. Foram encontradas diferenças para ingestões, nos horários de antes e depois do fornecimento de alimento pela manhã, e antes e depois do fornecimento de alimento pela tarde, indicando haver uma atratividade dos animais pelo alimento fresco. Houve uma tendência geral dos animais ingerirem mais alimento no amanhecer, quando a luminosidade é um estímulo acentuado sobre o comportamento alimentar de rãs-touro albinas. Não houve diferenças estatísticas para as disputas entre os animais, mas houve uma tendência das mesmas ocorrerem no amanhecer. Foram encontradas diferenças para as latências de chegada ao cocho e de ingestão, havendo indícios que a busca por alimento ao amanhecer reflete de forma diferenciada nos comportamentos dos diferentes tratamentos. Não foram encontradas diferenças para ganho de peso e conversão alimentar dos animais. O produtor poderá continuar a utilizar o manejo padrão de oferta de alimento pela manhã, sem prejuízos de produtividade.

PALAVRAS-CHAVES: Albinismo, Rana, ranicultura, horário de alimentação,

comportamento animal.

(Artigo a ser submetido a um periódico nacional ou internacional)

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1. INTRODUÇÃO

A aquicultura é definida como o cultivo de organismos que tenham na água o seu

normal ou mais frequente meio de vida (Decreto no 2.869, 1998), sendo que o

criador de rãs, ou ranicultor, é considerado aquicultor (Portaria IBAMA nº 95-N,

1993). Dessa forma, o cultivo racional de organismos aquáticos, atividade zootécnica

mais conhecida como aquicultura (Eller & Millani, 2007), engloba a ranicultura, que é

a criação de rãs em cativeiro. Essa atividade presente no Brasil participa da

estatística de produção de pescados desse país, e estima-se que o mesmo contava,

em 1998, com aproximadamente 524 ranários comerciais em operação, e uma

produção de 379 Ton./ano (Lima, Cruz, & Moura, 1999). ). Segundo IBAMA (2009) o

país produziu 603 t de carne de rã em 2007, movimentando valores estimados em

R$ 6.714.500,00.

A fase inicial do desenvolvimento de anfíbios (girinos) é totalmente aquática e

se alimenta basicamente de algas (Pryor 2003), enquanto que a fase pós-

metamorfose apresenta características de espécie carnívora (Reeder 1964). Vários

estudos foram feitos, no sentido de se obter a composição mais adequada de uma

ração para rãs, dentre eles, Monteiro, Lima, e Agostinho (1988), Barbalho (1991),

Mazzoni, Carnevia, e Rosso (1992) e Casali, Moura, Lima, e Silva (2005), sendo

recomendados altos níveis de proteína bruta (> 45% PB), o que resulta em uma

ração de alto custo ao produtor e também com potencial elevado de poluição.

Apesar de todos os produtores utilizarem alimento artificial em suas criações,

pesquisas sobre comportamento alimentar de rãs em cativeiro são raras.

A maioria dos criatórios do Brasil se baseiam no Sistema Anfigranja de criação

de rãs (Lima et al., 1999), que se constitui em um conjunto de instalações (baias

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com piscina, cocho e abrigo), e técnicas de manejo. Atualmente todos os produtores

utilizam animais de pigmentação normal em seus criatórios, mas já existem

pesquisas que visam a introdução de albinos nos ranários.

O albinismo é a falta de melanina (Hoperskaya, 1975), sendo um distúrbio de

natureza genética em que há redução ou ausência congênita desse pigmento

(Rocha & Moreira, 2007), que é considerado o mais importante dos animais

(Vidaurri-Sotelo, Marcías-Zamora, & Cabello, 2005). Os animais albinos despertam

bastante interesse no comércio de animais de estimação, e em pesquisas como

marcador biológico e acompanhamento de transmissão genética de certas

características, na produção de triploidia entre outros (Thorgaard et al., 1995).

Já existem algumas pesquisas sendo feitas com a variedade de rã albina, que

nessa espécie se caracteriza pela ausência de pigmentação na pele e olhos,

tornando-se um animal de coloração branco-amarelada, bastante visível a

predadores. Algumas características dos animais albinos atraem pesquisadores para

sua utilização, entre elas a diferenciação de um produto de cativeiro quando

comparado à rã caçada na natureza, a diminuição de danos causados por fugas

acidentais (Lima, 2005), e a possibilidade de obtenção de uma carne com melhor

sabor, coloração e conservação, pela ausência do pigmento (Moura, 2003). Apesar

das vantagens descritas, são necessárias informações comparativas da

produtividade de albinos em cativeiro, para sua posterior recomendação, em

ranários comerciais.

Trabalhando com peixes, Reddy, Leatherland, Khan, e Boujard (1994) alertam

que em criações intensivas, os horários de oferecimento do alimento são escolhidos

pela praticidade do trabalho e não por questões fisiológicas dos animais e que esses

horários podem não coincidir. Assim o horário de oferta do alimento não coincide

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com o horário em que fisiologicamente seria melhor para o animal se alimentar,

resultando em prejuízos para os animais, segundo esses autores. Portanto a

determinação do horário de oferta de ração é de grande importância para o

planejamento da produção.

Em trabalho prévio Casali, Arruda, Hattori, Castro e Pontes (no prelo)

constataram que o horário de alimentação é capaz de modificar as atividades

comportamentais dos animais, mesmo com a ração disponível 24 h para as rãs.

Resta saber se a mudanças de horários e frequências de alimentação pode afetar o

desempenho dos animais e quais as possíveis explicações para os resultados

obtidos.

Para se estudar as ótimas quantidades e frequências de oferta do alimento,

Wang, Kong, Li, e Bureau (2007) alertam que os resultados são determinadas por

numerosos fatores internos, como genética (espécie e linhagens), estado fisiológico

e fatores externos como: composição do alimento, ambiente e manejo alimentar.

Considerando que o aumento no ritmo de crescimento do animal representa

maior produtividade nos criatórios, os pesquisadores buscam alternativas no manejo

alimentar que levem a esse resultado. Crescimento esse que segundo Biswas, Jena,

Singh, Patmajhi, e Muduli (2006) é determinado pelo tipo de ração oferecida, sua

frequência de oferta, a ingestão e sua absorção pelo animal, em todos os estágios

de criação. Em pesquisas que envolveram peixes, que são animais pecilotérmicos e

dependem do meio aquático, como as rãs, diversos autores como Heilman e Spieler

(1999), Boujard e Leatherland (1992), Boujard (1995), Boujard, Gelineau, e Corraze

(1995), e Gelineau, Mambrini, Leatherland, e Boujard (1996), desenvolveram

estudos com diferentes espécies reportando que o crescimento e a engorda dos

animais são dependentes do horário de oferta de alimento aos mesmos. Segundo

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Reddy et al. (1994) uma das explicações para esse fato é que quando os animais

não são alimentados no horário de preferência deles, é possível haver perda de

desempenho, afetado pela falta de sincronia entre a oferta de alimento e ritmo

hormonal do animal.

Uma grande preocupação dos pesquisadores no ambiente de criação, está no

desperdício de alimento, ou seja, as sobras que tem alto poder de poluição. Em sua

pesquisa Biswas et al. (2006) alertam que os animais deviam ter acesso ao alimento

para ótimo crescimento, mas a alimentação acima do necessário pode levar a piores

conversões alimentares, aumento de custo de produção, como também ao acúmulo

de sobras afetando a qualidade do ambiente de criação. Da mesma forma, a

preocupação com o desperdício foi relatada por Wang et al. (2007) que afirmaram

que a frequência alimentar e a quantidade oferecida são muito importantes para a

ingestão de alimento pelo animal, seu crescimento e as sobras no ambiente de

criação.

Conforme Lee, Hwang, e Cho (2000) quando o peixe é alimentado

insuficientemente ou excessivamente, seu crescimento e eficiência alimentar

decrescem, o que resulta em aumento de custos de produção, piora da qualidade do

ambiente de criação especialmente quando há sobras. Também comentando sobre

o custo de produção, Heilman e Spieler (1999) concluíram que a diminuição do

mesmo pode ser resultado da combinação do horário de alimentação com o horário

em que o organismo animal está mais preparado para converter comida em

crescimento proteico.

Considerando que na ranicultura a alimentação representa aproximadamente

40% a 60% dos custos de produção de um ranário (Lima & Agostinho,1992; Casali &

Lima, 2005) o adequado manejo de fornecimento de ração para a espécie é

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fundamental para o aumento de produtividade. Esse mesmo raciocínio foi

desenvolvido em pesquisas com criação de peixes, quando Wu, Saoud, Miller, e

Davis (2004) afirmaram que considerando que o maior custo de produção está nos

gastos de alimentação, sendo importante obter o máximo de informações para se

chegar ao maior crescimento e eficiência alimentar e, portanto a menores custos de

produção.

Normalmente, a alimentação é oferecida no período matinal e apenas uma

vez ao dia nos ranários brasileiros. Considerando que o excedente de ração nos

criatórios comerciais quando destinado ao ambiente, poderá causar modificações no

mesmo, o estudo sobre comportamento alimentar de rãs será fundamental, podendo

indicar se o manejo padrão, atualmente usado, é adequado, com a possibilidade de

propostas de novos caminhos para o manejo da espécie em cativeiro. Assim como

um melhor gerenciamento do uso da ração dos animais poderá levar a um

aproveitamento melhor desse dispendioso alimento atualmente oferecido. Dessa

forma, objetivou-se com esse trabalho, estudar o efeito de diferentes horários e

frequências de alimentação no comportamento alimentar e no desempenho

zootécnico de rãs-touro albinas em cativeiro.

2. MÉTODOS

Foram utilizadas 72 rãs-touro, Lithobates catesbeianus, albinas provenientes

de uma mesma desova (pai 100% albino e mãe 50% Albina), com a idade de

aproximadamente 40 dias após metamorfose e 23,8 ± 7,6 g de peso médio inicial. O

experimento foi desenvolvido em laboratório, sendo utilizadas minibaias (Casali,

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99

2003) que abrigavam quatro animais cada (25 m-2) fornecendo um ambiente (55.000

cm³) composto de área com água (12 litros), com abrigo e piscina, e um ambiente

seco, com rampas e cocho. Durante o período experimental, a média das

temperaturas das máximas do ambiente foi de 30,3 ± 1,3 ºC, a média das mínimas

foi de 24,4 ± 0,7 ºC, a média das máximas de umidade relativa foi de 81,1 ± 2,1% e

a média das mínimas foi de 67,6 ± 5,9%. A luminosidade durante o período de claro

foi de 61 ± 19 Lux, enquanto que no escuro foi de +-0 Lux.

A ração foi oferecida em combinações de horários de alimentação, que foram

testadas, formando os tratamentos: 1) uma vez ao dia pela manhã (10 h - manejo

padrão dos ranários comerciais); 2) uma vez ao dia pela tarde (16 h); e 3) duas

vezes ao dia, pela manhã e pela tarde (10 e 16 h). No momento da colocação do

alimento, aproveitava-se para efetuar uma limpeza geral do ambiente de criação e

troca de água da piscina. A alimentação foi fornecida baseada no consumo de ração

e larvas do dia anterior acrescido de 10 %. Foi utilizada uma ração comercial

extrusada padrão para rãs, com 3-4 mm e os seguintes níveis de garantia: 45% de

Proteína Bruta, 4% de Extrato Etéreo, 6% de Fibra Bruta, 14% de Matéria Mineral e

87,5% de Matéria Seca. Utilizaram-se larvas de Musca domestica como atrativo

alimentar (15%), junto à ração.

Após 30 dias de adaptação dos animais ao ambiente de criação, quando os

mesmos tinham 60 ± 20 g de peso, foram realizadas as filmagens com câmeras

dotadas de infravermelho (noturna). Foi utilizada a amostragem comportamental

(behaviour sampling), sendo observados, durante seis dias, os 45 minutos anteriores

e posteriores ao horário de fornecimento de alimento fresco, pela manhã (10 h), e

pela tarde (16 h). Também foi feita uma análise usando como referência os 45

minutos antes e depois do amanhecer (5 h), a fim de se comparar qual dos horários

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100

(manhã, tarde ou amanhecer) é mais importante na alimentação dos animais. Foi

considerado como referência o amanhecer, que conforme Casali, Arruda, Hattori,

Castro & Pontes (no prelo), foi o horário de ingestão preferido dos animais quando

os mesmos recebiam alimento em horários aleatórios.

As variáveis usadas na avaliação do comportamento alimentar foram: a)

frequência de ingestões (de ração e/ou larvas); b) frequência de disputas entre os

animais, que era representado pelas perseguições e montadas entre os mesmos, na

área perto do cocho; c) latência de chegada ao cocho, medida através da

mensuração do tempo (segundos) decorrido entre a oferta do alimento e a chegada

do animal ao cocho, e d) latência de ingestão, medida através da mensuração do

tempo (segundos) decorrido entre a chegada ao cocho e a ingestão do alimento.

No tratamento que recebia alimentação pela manhã e tarde (10 e 16 h), foi

considerada a média de latência entre os dois horários.

Para análise do desempenho zootécnico dos animais, o período experimental

teve duração total de 75 dias e as seguintes variáveis foram monitoradas: a) Ganho

de peso médio por dia (g) (GPD = peso final – inicial/número de dias do período); e,

b) Conversão alimentar aparente (CAA = CRL ÷ GPD), sendo CRL = consumo médio

de alimento (g) = ração e larvas ofertados por dia – sobra do cocho. Em todas as

pesagens foi utilizada uma balança eletrônica digital com precisão de 0,2 g.

Para a análise estatística das variáveis de comportamento alimentar, foi

utilizado adotado o nível de 5% de significância. Foram aplicados testes para

verificação da normalidade e heterogeneidade dos dados, shapiro-Wilks e de

Levene, respectivamente, quando se constatou a necessidade da utilização do teste

não paramétrico, comparou-se a frequência de alimentação entre o período antes e

depois do horário previsto para cada tratamento, utilizando o teste Wilcoxon. Para

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101

comparar as latências de alimentação (chegada e ingestão) utilizou-se a análise de

variância de medidas independentes (post hoc Bonferroni), e para as comparações

entre os tratamentos para conversão alimentar e ganho de peso foi utilizado o GLM

Univariado. A representação gráfica dos resultados das análises não paramétricas

foi feita usando-se a mediana e a amplitude interquartílica (75% a 25%), enquanto

nas análises paramétricas foram usados a média e seu desvio padrão.

3. RESULTADOS

Ingestões

Foi realizada análise estatística apenas para os horários de oferta de alimento

fresco, sendo representado graficamente, como valor de referência, o horário do

amanhecer do dia (Figura 1, 2 e 3). De forma geral, as observações das frequências

de ingestão antes e depois dos horários de alimentação só mostraram diferença

quando de fato havia alimento fresco no horário.

Para o tratamento no qual o alimento foi fornecido pela manhã (10 h),

observou-se (Figura 1) diferença na frequência de ingestões para a comparação

entre antes (Mediana = 0,17) e depois (Mediana = 5,92) no horário da manhã (Z = -

2,20; p = 0,028; r = -0,90), e não entre antes (Mediana = 0,33) e depois (Mediana =

0,33) no horário da tarde (Z = -0,82; p = 0,414; r = -0,33).

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0

5

10

15

20

25

30

35

40

Antes das 5 h

Depois das 5 h

Antes das 10 h

Depois das 10 h

Antes das 16 h

Depois das 16 h

Inge

stão

(o

corr

ên

cia

po

r d

ia)

Horários de observação

Figura 1 - Frequência de Ingestão de rãs-touro albinas no horário de referência (45 minutos antes e depois do amanhecer) e 45 minutos antes e depois das 10 e das 16 h, para a oferta de alimento pela manhã (10 h).

Para os animais que recebiam alimento a tarde (16 h), observou-se (Figura 2)

diferença na frequência de ingestões para a comparação entre antes (Mediana =

0,42) e depois (Mediana = 22,42) no horário da tarde (Z = -2,20; p = 0,028; r = -0,90)

e não entre antes (Mediana = 0,50) e depois (Mediana = 0,50) no horário da manhã

(Z = -0,27; p = 0,785; r = -0,11).

Para o tratamento no qual o alimento foi fornecido pela manhã e pela tarde

(10 e 16 h), observou-se (Figura 3) diferença na frequência alimentar para a

comparação entre antes (Mediana = 0,17) e depois (Mediana = 10,08) no horário da

manhã (Z = -2,20; p = 0,028; r = -0,90) e entre antes (Mediana = 0,92) e depois

(Mediana = 7,67) no horário da tarde (Z = -1,99; p = 0,46; r = -0,81).

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0

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Antes das 5 h

Depois das 5 h

Antes das 10 h

Depois das 10 h

Antes das 16 h

Depois das 16 h

Inge

stão

(o

corr

ên

cia

po

r d

ia)

Horários de observação

Figura 2 - Frequência de Ingestão de rãs-touro albinas no horário de referência (45 minutos antes e depois do amanhecer) e 45 minutos antes e depois das 10 e das 16 h, para a oferta de alimento pela tarde (16 h).

0

5

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35

40

Antes das 5 h

Depois das 5 h

Antes das 10 h

Depois das 10 h

Antes das 16 h

Depois das 16 h

Inge

stão

(o

corr

ên

cia

po

r d

ia)

Horários de observação

Figura 3 - Frequência de Ingestão de rãs-touro albinas no horário de referência (45 minutos antes e depois do amanhecer) e 45 minutos antes e depois das 10 e das 16 h, para a oferta de alimento pela manhã e tarde (10 e 16 h).

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104

Disputas

Não foi possível fazer análise estatística para os dados coletados de

frequência de disputas, devido a raridade em que as mesmas foram observadas

(Tabela 1).

Tabela 1 - Frequência (média ±dp) de disputas de rãs-touro albinas no horário de referência (45 minutos antes e depois do amanhecer) e antes e depois das 10 e das 16 h, para os diferentes tratamentos de oferta de alimento, pela manhã (10 h), pela tarde (16 h), e pela manhã e tarde (10 e 16 h).

Antes do

amanhecer

Depois do

amanhecer

Antes

das 10 h

Depois

das 10 h

Antes das

16 h

Depois

das 16 h

Manhã (10 h) 0,3 ± 0,6 0,0 ± 0,2 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0

Tarde (16 h) 0,4 ± 1,0 0,2 ± 0,6 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0

Manhã e

Tarde

(10 e 16 h) 0,2 ± 0,2 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0

Latências

Foram encontradas diferenças estatísticas entre os tratamentos na análise

das latências (Figura 4) de chegada ao cocho (F (2,15) = 5,06; p = 0,021) e de

ingestão (F (2,15) = 4,47; p = 0,030). Para a latência de chegada, verificou-se

diferença significantiva entre os horários de oferta de alimento somente as 10 h e

somente as 16 h quando os animais apresentaram menor latência (p = 0,020). O

horário de oferta de alimento de 10 h e16 h não diferiu dos demais (p > 0,210). Para

a latência de ingestão, verificou-se também diferença significantiva entre os horários

de oferta de alimento somente as 10 h e somente as 16 h quando também os

animais apresentaram menor latência (p = 0,032). O horário de oferta de alimento de

10 h e 16 h não diferiu dos demais (p > 0,177).

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0

200

400

600

800

1000

1200

Chegada Ingestão

La

tên

cia

s (

s)

Tipo de Latência

Manhã

Tarde

Manhã e Tarde

Figura 4 - Latências (médias ±dp) de chegada e de ingestão de rãs-touro albinas para os diferentes horários de oferta de alimento: pela manhã (10 h), pela tarde (16 h), e pela manhã e tarde (10 e 16 h).

Índices zootécnicos

Já a análise dos índices zootécnicos de produção (figuras 5a e 5b), mostrou

não haver diferenças na comparação entre os tratamentos, para o ganho de peso

(F(2,15) = 1,03; p = 0,380) dos animais que se alimentavam somente pela manhã

(Média = 2,69; DP = ±0,28), somente a tarde (Média = 2,76; DP = ±0,38) e manhã e

tarde (Média = 2,98; DP = ±0,44), e para conversão alimentar (F(2,15) = 2,60; p =

0,107) dos animais que se alimentavam somente pela manhã (Média = 2,02; DP =

±0,35), somente a tarde (Média = 2,14; DP = ±0,60) e manhã e tarde (Média = 1,62;

DP = ±0,13).

0

1

2

3

4

5

Ga

nh

o d

e P

es

o (

g)

Horários de oferta de alimento

ManhãTarde

Manha e Tarde

0

1

2

3

Co

nvers

ão

Alim

en

tar

Horários de oferta de alimento

ManhãTardeManha e Tarde

Figura 5 - Ganho de peso (a) e Conversão alimentar (b) (médias ±dp) de rãs-touro albinas para os diferentes horários de oferta de alimento: manhã (10 h), pela tarde (16 h), e pela manhã e tarde (10 e 16 h).

(a) (b)

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106

4. DISCUSSÃO

Ao investigar se o horário de oferta de alimento pode interferir no

comportamento alimentar e no desempenho de rãs albinas, foi observado que houve

diferença entre os tratamentos para a frequência de ingestão de alimento nos

horários de antes e depois da oferta de alimento pela manhã, e também antes e

depois da oferta da tarde. O amanhecer foi o horário preferido dos animais para

ingestão de alimento. Não houve diferenças estatísticas para as disputas entre os

animais, mas da mesma forma que a ingestão, percebeu-se uma tendência das

mesmas ocorrerem em maior frequência ao amanhecer. Foram encontradas

diferenças entre as latências de chegada ao cocho e de ingestão. As demais

variáveis estudadas não apresentaram diferenças, sugerindo que os animais se

adaptaram bem aos diferentes manejos alimentares testados.

A análise mostrou que os horários de oferta de alimento durante o dia (manhã

e tarde) os animais sempre foram atraídos pelo alimento fresco, pois existem

diferenças significativas entre as ingestões antes e após seu oferecimento,

independente do horário e do número de ofertas.

Considerando que foram utilizadas larvas de mosca para dar movimento a

ração, conforme recomendação de Lima e Agostinho (1992), os animais eram

atraídos a ingerir os peletes. Isso ocorria devido à aversão a luz (fotofobia) que as

larvas de mosca apresentam, assim esses insetos migram para parte inferior dos

cochos, ou seja, embaixo da ração. A importância da visualização do inseto foi

testada por Miles, Williams, e Hailey (2004) em Rana temporaria, que verificaram

que a vibração mecânica foi menos eficiente que a movimentação promovida por

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larvas de mosca. Nesse mesmo trabalho, o autor isolou as larvas embaixo da ração,

com ajuda de uma membrana transparente e concluiu que a visualização da larva foi

mais importante que sua detecção por odor, e que os animais consumiram alimento

apenas com o estímulo visual da larva. Assim tudo indica que a maior atividade das

larvas no momento de oferta de ração, leva os animais ao cocho, enquanto que

quando as larvas permanecem muito tempo neste local, elas reduzem sua atividade,

provavelmente devido à diminuição da temperatura, e assim atraem menos os

animais.

Ao se analisar cada tratamento testado, quanto às ingestões após a oferta de

alimento fresco, observa-se que os animais que recebiam alimento apenas pela

manhã (10 h), não apresentaram alta frequência de ingestão nesse horário, o que só

pode ser compreendido se for levado em consideração a ingestão que ocorre no

amanhecer (5 h), que representa um tempo de espera de 5 h apenas, entre os

horários de pico de alimentação. Os animais que recebiam alimento apenas a tarde

(16 h) tiveram maior frequência de ingestão neste horário, o que deve estar

relacionado com o maior intervalo entre alimentações, que neste caso equivale a

uma espera de 11 h, em relação ao amanhecer (5h). Quando comparado ao

tratamento que recebia alimento pela manhã e tarde, o período de espera é de no

máximo 6 h entre alimentações. A menor frequência de oferta de alimento torna os

animais mais ativos e interessados na ração durante a alimentação (Dwyer, Brown,

Parrish, & Lall, 2002), o que poderia justificar os resultados aqui obtidos.

Quando se compararam os três horários de observação (Amanhecer, manhã

e tarde), no amanhecer (referência) ocorreu maior parte das ingestões,

demonstrando que provavelmente a mudança de luminosidade (fase escura para

clara) seja um estímulo que leva os animais a procurar o alimento. Assim o

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amanhecer tem grande importância para a alimentação das rãs e resultou em maior

frequência de ingestão por parte dos animais que o próprio estímulo do alimento

fresco.

Valdimarsson, Metcalfe, Thorpe, e Huntingford (1997), estudando salmões,

traçaram um paralelo, entre luz e temperatura, sugerindo que os animais

pecilotérmicos se tornam menos ativos quando a temperatura cai, mas se considera

que seu ritmo comportamental continua o mesmo em função da luminosidade. Ao

que tudo indica o fato de que, ao amanhecer, os animais estavam com maior tempo

de jejum (espera), sendo 13 h para os animais que recebiam alimento apenas pela

tarde (16 h) e pela manha e tarde (10 e 16 h), e 19 h para queles que recebiam

alimento apenas pela manhã, aliado a mudança de luminosidade desse horário,

resultaram em um somatório de estimulos para as rãs se alimentarem em maior

frequência.

A elevada ingestão de ração e larvas ao amanhecer, também foi ralatada por

Casali et al. (prelo), mas como recomendado por esses autores, o fornecimento de

ração fresca imediatamente antes desse horário necessita ser mais estudada, pois

resultaria na necessidade maiores gastos com o manejo dos animais e de

iluminação do ambiente (madrugada), com consequente alteração do fotoperíodo

natural, que tem grande importância para as rãs (Hantano et al. 2002; Duellman &

Trueb, 1994; Cree, 1989).

Um dos comportamentos que estão diretamente ligados a alimentação é a

disputa pelo alimento. Neste trabalho, não houve diferenças estatísticas entre a

frequência de disputas dos animais, provavelmente devido a raridade do

comportamento, o que também foi relatado por Thomassen e Fjara (1996) que não

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acharam diferenças para o aumento de ofertas de alimentações por dia, nem no

aumento de disputas, nem na diferença de tamanho de peixes.

No entanto, neste trabalho observou-se uma tendência, numérica apenas, de

que o maior número de ofertas de alimento levou a diminuição de disputas. Segundo

Wang, Hayward, e Noltie (1998) existem vantagens na aplicação de maiores

frequências de oferta de alimento, o que poderia ser explicado pelo fato de que

aumentando a frequência de oferta de ração pode levar a maior oportunidade de

ingestão para todos os animais, seja por diminuição de agressividade dos

dominantes ou pela maior presença de alimento no ambiente dos subordinados. Os

mesmos autores afirmaram em concordância com Wang et al. (2007) e Jobling

(1982) que aumentando a frequência alimentar, se diminui a variação de tamanho

dos animais, causada pela hierarquia formada na disputa de alimento. Foi observado

que as disputas ocorreram preferencialmente no período do amanhecer, o que pode

ser explicado pelo fato desse período ser posterior ao maior tempo de jejum dos

animais.

Segundo Folkvord e Ottera (1993) quando o bacalhau fica sem se alimentar,

por muito tempo, pode haver agressões e até mesmo canibalismo, principalmente

nos peixes mais jovens. Já Kadri, Metcalfe, Huntingford, e Thorpe (1997)

trabalhando com salmões, sugere que o alto nível de agressão, no amanhecer, pode

estar associado com o restabelecimento da hierarquia social que pode se perder na

fase de escuro.

A análise do tempo de latência dos animais após oferta de alimento leva a

importantes informações sobre a atratividade que o mesmo exerce sobre as rãs. Foi

observado que os animais que recebiam alimento apenas pela tarde, tiveram a

menor média de latência, provavelmente pelo mesmo motivo que levou a eles terem

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maior frequência de ingestão, o intervalo (espera de 11 h) entre refeições, quando

comparados aos demais tratamentos. Assim, o tratamento que recebia alimento

apenas pela manhã, não apresentou latências baixas, porque novamente é

necessário considerar que as ingestões ocorriam não só no horário de oferta de

alimento, mas ao amanhecer também, resultando em um intervalo de tempo menor

entre refeições (espera de 5 h).

As latências de ingestão tiveram baixo valor numérico. Assim, quando os

animais chegam ao cocho, nos horários observados, eles realizam uma rápida

captura e ingestão do alimento, sendo que novamente os animais que recebiam

alimento apenas a tarde, tiveram menores médias desse parâmetro, mais uma vez

demonstrando seu maior interesse pelo mesmo, provavelmente em função do maior

intervalo entre picos de ingestões.

Os peixes, principalmente as trutas, que tem fisiologia relativamente

semelhante com as rãs (Lima & Agostinho, 1984) foram alvo de muitos trabalhos

para a determinação do melhor horário de alimentação, e segundo Reddy et al.

(1994) os resultados são muitas vezes contraditórios, provavelmente devido as

diferentes condições experimentais.

Vários autores encontraram diferenças quanto ofertaram ração aos animais

em diferentes horários ou frequências (Wang et al., 1998; Wang et al., 2007; Garcia

& Villarroel, 2009; Wang, Xu, & Kestemont, 2009; Goldan, Popper, & Karplus, 1997;.

Jarboe & Grant, 1997; Madrid, Azzaydi, Zamora, & Sánchez-Vázquez, 1997;

Heilman & Spieler, 1999). Segundo Heilman e Spieler (1999), parte do argumento de

se estudar o comportamento alimentar dos animais é o fato de se assumir que o

horário preferido pelo animal também é o horário de melhor conversão alimentar.

Assim os animais selecionariam os mais eficientes horários de alimentação do ponto

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111

de vista energético. Esses autores concluíram que os peixes alimentados na fase

escura cresceram mais quando comparados aos alimentados na fase clara, e

propuseram algumas explicações, como o fato da menor atividade noturna do animal

fazer com que o alimento se converta mais no crescimento somático, do que para

dar condições ao animal de se mover imediatamente, que é característico da fase de

claro.

Boujard (1995) estudando o peixe noturno Silurus glanis encontrou que o

mesmo pode ser treinado para se alimentar durante o dia, mas, neste caso, seu

consumo de alimento é reduzido. Boujard, Gelineau, e Corraze (1995) alimentaram

os animais ao amanhecer e na fase de escuro (24:00 h) e encontraram maior

ingestão e crescimento para os animais alimentados pela manhã. Estes autores

concluíram que o horário de alimentação influenciou a ingestão e crescimento de

truta.

Outros autores já discordam, e não encontraram diferenças para o uso de

maior frequência ou horários definidos de oferta da ração (Biswas et al., 2006; Lee et

al., 2000; Thomassen & Fjara, 1996; Guinea & Femandez, 1997; Reddy et al., 1994;

e Wu et al., 2004). Conforme Guinea e Femandez (1997) quando se forneceu uma

quantidade de ração satisfatória aos animais, o maior número de ofertas diárias não

resultou em crescimento de Sparus aurata. Reddy et al. (1994) não encontraram

influencia do horário de alimentação no crescimento de trutas, quando fornecia

alimentação em excesso, mas teve indícios de menor desempenho com o

fornecimento de ração em quantidades abaixo do padrão para a espécie. Já Wu et

al. (2004) encontraram resultados que indicam que não houve vantagens do

oferecimento de ração várias vezes ao dia, ou do horário de fornecimento ou do

jejum (intermitente), quando bagres de canal foram alimentados até a saciedade.

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112

Neste trabalho, não foram encontradas diferenças estatísticas para ganho de

peso e conversão alimentar, de Lithobates catesbeianus. Tudo indica que o fato da

ração estar disponível no período de 24 h aos animais, mesmo que em diferentes

níveis de atratividade, foi suficiente para deixar os animais saciados em todos os

tratamentos. Logicamente o maior número de ofertas leva ao aumento de custos de

produção, o que deve ser evitado.

Independente do horário de oferta de alimento, nesse trabalho, os resultados

de ganho de peso por dia dos animais albinos foram melhores aos relatos de por

Lima, Casali e Agostinho (2003) para animais de pigmentação normal em ranários

comerciais (1,2 a 1,7 g), enquanto que os valores de conversão alimentar foram

piores (1,3). Já quando comparados aos resultados apresentados por Casali, Moura,

Mendes e Campos (2005), em densidade de criação aproximada em minibaias,

houve um maior ganho de peso por dia dos albinos em relação às rãs de

pigmentação normal (2,18g) e uma equivalência de conversão alimentar (1,62).

Assim, as principais evidências observadas neste trabalho, podem ser assim

resumidas: o uso de dois parcelamentos diários estimula a rã-touro albina a

consumir alimento em diferentes horários do dia, embora isso não resulte em maior

crescimento; os animais que recebem alimento apenas a tarde apresentam menor

latência de chegada ao cocho e de ingestão, e mais eventos de disputas por

alimento, por permanecerem maior tempo sem estímulo do alimento novo (jejum);

antes do horário de alimentação, o consumo de alimento é baixo e após o

fornecimento de ração e larva frescas o consumo aumenta bruscamente; o alimento

fresco é um estímulo para os animais se alimentarem, mas o amanhecer parece

atuar como um estímulo ambiental que também interfere com grande importância no

comportamento alimentar das rãs; e, não houve diferenças entre o fornecimento de

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113

ração e larvas as 10h, que é o manejo tradicional dos ranários, e as alternativas de

se oferecer alimento as 16 h, e a de oferecer duas vezes ao dia, portanto, os

produtores podem continuar a executar o manejo padrão de oferta de alimento pela

manhã sem prejuízos de produtividade.

5. AGRADECIMENTOS

Ao CNPq, ao Departamento de Fisiologia da UFRN e ao Laboratório de Ranicultura

e Produtos da Aquicultura do Departamento de Gestão e Tecnologia Agroindustrial

do CCHSA-UFPB. Aos colegas Wallisen Tadashi Hattori e Felipe Nalon Castro pela

valiosa ajuda no planejamento de coleta de dados, nas análises estatísticas, nas

interpretações e representações gráficas de resultados.

6. REFERÊNCIAS

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7 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, foram avaliadas as atividades comportamentais de rã-touro,

de pigmentação normal e albina, em cativeiro, com ênfase no comportamento

alimentar de albinos. Na Tabela I, pode ser observada uma análise das hipóteses e

suas predições corroboradas ou não.

Tabela I – Hipóteses, predições e resultados obtidos.

Hipótese 1 – A rã-touro de pigmentação normal é ativa durante a fase de claro e de escuro do período de 24 h, existindo, no entanto, um ritmo diário das atividades comportamentais. (artigo 1)

Predições Resultados Conclusão

Predição 1.1: A alimentação dos animais em horários aleatórios provocará uma distribuição das atividades dentro das 24 horas, mas cada atividade comportamental estudada apresentará uma distribuição característica. Predição 1.2: A rã-touro de pigmentação normal terá preferência pela fase de claro em suas atividades de alimentação, quando terá melhor visualização e consequente estímulo do alimento

As atividades foram distribuídas nas 24 h, existindo preferências de horários para a realização de algumas delas. Os pigmentados se deslocaram no seco e se alimentaram preferencialmente na fase de claro

Corroborada Corroborada

Hipótese 2 - A rã touro albina não possui mesmo perfil de distribuição de atividades comportamentais quando comparada a de pigmentação normal. (artigo 2)

Predições Resultados Conclusão

Predição 2.1: A rã-touro albina terá preferência pela fase de escuro em suas atividades de deslocamento e alimentação, devido a sua possível fotossensibilidade; .

Os albinos se deslocaram no seco e se alimentaram preferencialmente na fase de claro

Não Corroborada

Hipótese 3 – As atividades comportamentais de rã-touro albinas se alteram quando a alimentação é fornecida em diferentes frequências e horários (manhã ou tarde). (artigo 3)

Predições Resultados Conclusão

Predição 3.1: Modificações do horário de fornecimento da ração alterarão as atividades comportamentais de rãs, aumentando a atividade de alimentação no momento após colocação do alimento fresco, devido a sua maior atratividade, seja pela manhã ou pela tarde; Predição 3.2: A mudança no horário de alimentação dos animais modificará também outras atividades comportamentais diferentes da alimentação, como atividades que se realizam na água, em função da importânca da troca de substâncias entre a mesma e a pele dos animais, após a alimentação (Busk et al. 2000); Predição 3.3: Apenas os animais que receberam alimento uma vez ao dia, apresentarão comportamento de antecipação ao horário de alimentação (Bergeijk, 1967), por apresentarem maior interesse pelo alimento.

Houve maior atividade de ingestão, nos horários em que era ofertado alimento fresco em todos os tratamentos. Os animais que recebiam alimentação apenas pela tarde permaneceram na água mais tempo na fase de escuro. O comportamento de antecipação do horário de alimentação foi observado antes do amanhecer de forma igual para todos os tratamentos. Os animais que recebiam alimento apenas pela tarde apresentaram indícios de antecipação nesse turno.

Corroborada Corroborada Não Corroborada

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Hipótese 4 – O comportamento alimentar e o desenvolvimento de rã-touro albinas se altera quando a alimentação é fornecida de forma parcelada, quando comparado a apenas uma oferta diária. (artigo 4)

Predições Resultados Conclusão

Predição 4.1: O uso de dois parcelamentos diários estimulará as rãs-touro albinas a consumir alimento em diferentes horários do dia e consequentemente em maior frequência, o que resulta em maior crescimento; Predição 4.2: Os animais que recebem alimento apenas uma vez ao dia apresentarão menor latência de chegada ao cocho após oferta, por permanecerem maior tempo sem estímulo do alimento novo; Predição 4.3: Animais que recebem alimento apenas uma vez ao dia apresentarão mais eventos de disputas no momento da alimentação.

Os animais ingeriram alimentos em diferentes horários, mas isso não resultou em maior crescimento. Houve menor latência de chegada apenas para os animais que recebiam alimento pela tarde. Houve disputas apenas ao amanhecer e não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos.

Não Corroborada Não Corroborada Não Corroborada

Hipótese 5 – O comportamento alimentar de rã-touro albinas se altera em função do horário de fornecimento de alimento fresco, apresentado padrões de comportamento característicos, antes e após o fornecimento de ração (artigo 4).

Predições Resultados Conclusão

Predição 5.1: Antes do horário de alimentação, o consumo de alimento será baixo e após o fornecimento de ração fresca o consumo aumentará bruscamente. Predição 5.2: O alimento fresco será o estímulo mais forte que os animais terão para alimentação durante as 24 horas de observação.

Houve aumento de ingestão significativo após oferta de alimento fresco Ao amanhecer houve maior ingestão de alimento em todos os tratamentos

Corroborada Não Corroborada

Baseado na importância de pesquisas em comportamento animal para a

criação de rãs em cativeiro, esse trabalho teve início com a elaboração de um

estudo visando a descrição das atividades comportamentais desses animais em

laboratório. No primeiro estudo, o alimento é ofertado em horários aleatórios, apenas

ao longo da fase de claro (das 07:00 h as 17:00 h), pois a oferta de ração e larvas

em fase de escuro implicaria em alteração do fotoperíodo, pela necessidade de

iluminação durante o manejo. De forma geral, as atividades comportamentais de

animais albinos e de pigmentação normal foram muito similares, sendo destacados

os seguintes comportamentos:

a) A atividade de ingestão foi mais observada no amanhecer, seguido dos

horários da fase de claro. Essa observação de alimentação ao amanhecer é de

grande importância para o manejo adequado da espécie, já que não foi encontrada

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tal descrição na literatura, e que geralmente nesse momento os animais não são

observados nos criatórios. A prática de deixar alimento disponível com atratividade

até o dia posterior passa a ser então recomendada para os ranicultures. A tendência

dos animais preferirem a fase de claro está de acordo com Nishikawa (2000) e

Duellman & Trueb (1994), pois os predadores do tipo “senta e espera” geralmente

desenvolvem boa visão para a localização do alimento, sendo dependente de luz

para sua visualização. Considerando o uso de larvas de moscas como atrativo

alimentar, conforme recomendação de Lima & Agostinho (1992), os animais terão

maior visualização das mesmas na fase de claro.

b) O deslocamento foi característico na transição das fases de claro e de

escuro, sendo o deslocamento no seco com pico no amanhecer e mais observado

na fase de claro, indicando uma relação com a alimentação. Esse resultado também

está de acordo com Duellman & Trueb (1994), pois a maioria dos anfíbios apresenta

o tipo de forrageio “passivo”, sendo o deslocamento minimamente usado no

momento de captura do alimento e no deslocamento para as áreas de alimentação.

c) O abrigo foi usado tanto na fase de claro como de escuro, sem preferências.

Apesar de o abrigo oferecer segurança aos animais, nesse estudo as condições

laboratoriais proporcionavam um ambiente de baixo estresse, diminuindo a

importância do uso do mesmo, quando comparado aos ranários, onde pode haver

maior movimentação de pessoas e outros animais. O fato de haver água no

microambiente do abrigo, também pode ter feito com que muitas vezes o animal

permanecesse neste local em função da mesma, e não em busca de refugio.

d) O descanso no seco foi observado tanto na fase de claro como de escuro,

sendo que na fase de claro está associado à atividade de ingestão, e na fase de

escuro apresenta uma elevação da frequência dessa atividade até o amanhecer,

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sugerindo uma antecipação do horário de alimentação. A antecipação do horário de

alimentação já foi descrito para essa espécie por Bergeijk (1967), e o descanso no

seco então, sugere uma espera pelo alimento. Assim percebe-se uma sincronia

dessa atividade com a alimentação dos animais.

e) O descanso na água foi mais frequente na fase de escuro indicando uma

relação com a necessidade de água no metabolismo desses animais, corroborando

Busk, Jensen e Wang (2000) que detalharam as trocas metabólicas do animal com o

ambiente aquático. Além disso, é preciso considerar que nessa fase ocorre uma

diminuição de atividades no seco, com redução de atividades de alimentação, assim

os animais tem menor necessidade de estar nesse ambiente.

Com os resultados e a análise das atividades comportamentais de rãs albinas e

de pigmentação normal, a fase de claro é recomendada para a oferta de alimentos

aos animais. Recomenda-se a realização de estudos sobre o fornecimento de

alimento antes do amanhecer, pois tal prática, se feita por pessoas, pode modificar o

fotoperíodo que os animais recebem, pela necessidade de iluminação do ambiente

neste horário, o que deve ser pesquisado, pois a luz tem grande importância para o

comportamento alimentar de rãs (Hantano et al., 2002). A utilização de

alimentadores automáticos na ranicultura (Oliveira et al., 2007) pode ser um

importante aliado para o fornecimento de alimento ao amanhecer.

Não existiram indícios suficientes para a necessidade de adoção de manejo

alimentar diferente para albinos de rã-touro em cativeiro, o que é um importante

estímulo para sua utilização, caso seja de interesse do ranicultor.

Após essa primeira etapa, quando se identificou os horários mais adequados

para oferta de alimento e o fato da importância do alimento estar disponível até o

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amanhecer seguinte, partiu-se para uma segunda etapa de experimentação, quando

se utilizaram apenas animais albinos, e se forneceu o alimento em horários fixos.

Optou-se pelo fornecimento de alimento: 1) pela manhã (10 h), manejo

tradicional dos ranários; 2) pela tarde (16 h), visando dar melhores condições para

maior atratividade do alimento no amanhecer seguinte; e 3) pela manhã (10 h) e

pela tarde (16 h), que necessariamente teria que resultar em uma importante

diferença positiva nas atividades comportamentais e no crescimento das rãs, pois

implicaria em maiores gastos com o manejo alimentar dos animais.

Destacam-se os seguintes resultados para o segundo experimento:

a) Foram encontradas diferenças estatísticas entre os diferentes horários de

oferta de alimento, para a atividade de Ingestão, que apresentou uma tendência dos

albinos se alimentarem no amanhecer e logo após a oferta de alimento fresco. Aqui

foi corroborado o resultado do primeiro experimento, que deixou clara a preferência

de horário para alimentação desses animais ao amanhecer. Também ficou clara a

relação entre a maior atratividade do alimento fresco e seu consumo, corroborando a

importância da larva para fornecer atratividade a ração na alimentação de rãs

(Casali, Moura, Mendes, & Nobrega, 2006; Lima e Agostinho, 1992; Miles, Williams,

e Hailey, 2004).

b) Não foi encontrada diferença para permanência no abrigo, demonstrando

que os horários de alimentação não foram capazes de resultar em uma modificação

na preferência pelo uso do abrigo, que continuou semelhante aos resultados do

primeiro experimento.

c) Os animais que recebiam ração apenas pela tarde tiveram mais frequência

de descanso no seco no período anterior a oferta de alimentação, enquanto que o

deslocamento no seco foi menos frequente, sugerindo uma antecipação (espera) da

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oferta de alimento. O fornecimento de alimento apenas a tarde resultou em maior

frequência de descanso na água na fase de escuro, sugerindo uma correlação com

o fato dos animais se alimentarem mais no escurecer e, portanto, na sequência,

permaneciam maior tempo no ambiente aquático, provavelmente para trocas

metabólicas nesse local.

d) Ficou evidenciado que os animais que recebiam alimento somente pela

manhã e pela manhã e tarde tiveram atividades comportamentais mais equivalentes,

e que o fornecimento de alimento apenas no horário da tarde foi o manejo alimentar

que provocou maiores interferências nas atividades dos albinos. Aqui se torna

necessário refletir que a maioria dos ranários adota o manejo alimentar pela manhã,

prática que vem sendo utilizada desde o inicio da ranicultura, o que pode sugerir

uma adaptação desses animais a essa técnica de manejo em cativeiro.

e) O uso de dois parcelamentos diários estimulou a rã-touro albina a consumir

alimento em diferentes horários do dia, mas isso não resultou em maior crescimento

do animal. O fator econômico é de grande importância nas criações comerciais e o

aumento de gastos com mão de obra, muitas vezes só é adotado frente a ganhos de

produtividade que não ficaram evidenciados neste trabalho.

f) Antes do horário de alimentação, a ingestão de alimento é baixa, e após o

fornecimento de ração e larvas, o consumo aumenta bruscamente. Assim, o

alimento fresco é um estímulo para os albinos se alimentarem, mas o amanhecer

parece atuar como um estímulo ambiental biológico que também interfere com

relevante importância no comportamento alimentar das rãs.

g) Não foram constatadas vantagens de se executar o manejo alimentar dos

animais albinos pela tarde (16 h), nem ganhos ao se usar duas ofertas diárias de

alimento, quando comparado a oferta pela manhã (10 h), portanto, o produtor poderá

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continuar a executar o manejo padrão de oferta de alimento da maioria dos ranários

(pela manhã) sem prejuízos no crescimento das rãs e nos gastos de ração.

Neste trabalho foram investigados as atividades comportamentais e o

comportamento alimentar de rãs-touro em cativeiro, trazendo importantes

informações sobre o manejo de oferta de alimento e as preferências de horários dos

animais por atividades na água ou no seco, ajudando, com informações inéditas, as

futuras pesquisas direcionadas nessa área.

Também ficou evidenciado que, em laboratório, animais albinos possuem

atividades equivalentes aos de pigmentação normal e, portanto, necessitam serem

testados em situações de maiores injúrias e estresse, como descrito por Dias, De

Stéfani, Ferreira, França, Ranzani-Paiva et al., (2009) como sendo o ambiente dos

criatórios comerciais atuais. Esses resultados são importantes para estimular novos

estudos em busca da compreensão do comportamento de rãs em cativeiro, para que

se possam sugerir métodos de criação mais adequados, com menor desperdício de

alimento, visando produtividade e o bem estar animal.

8 – CONCLUSÕES GERAIS

1 – As rãs-touro albinas e de pigmentação normal apresentam preferência pela

fase de claro para atividades comportamentais ligadas à alimentação, que ocorre no

seco, e na fase de escuro preferem o descanso na água.

2 – Os albinos apresentam um bom potencial para uso nos criatórios

comerciais uma vez que apresentam atividades comportamentais equivalentes aos

de pigmentação normal.

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3 - O alimento fresco com atratividade é um importante estímulo para as rãs se

alimentarem.

4 – É importante que ao amanhecer o alimento esteja com maior atratividade,

pois nele há maior frequência da atividade de ingestão, independente do horário em

que o alimento é disponibilizado no cocho, sendo recomendadas pesquisas com o

fornecimento de alimento fresco neste horário.

5 – Não existem vantagens ao se executar o manejo alimentar dos animais

albinos pela tarde (16 h), ou ao se usar duas ofertas diárias de alimento, quando

comparado ao manejo tradicional de fornecimento pela manhã (10 h), resultando em

produtividades equivalentes.

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9 – REFERÊNCIAS

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ANEXO

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Comprovante de submissão do Artigo

Thank you for submitting your manuscript to Aquaculture Research

Manuscript ID: ARE-OA-10-May-384

Title: Daily behavioral activities of the bullfrog Lithobates catesbeianus under laboratory conditions.

Authors:

Casali, Alex Arruda, Maria Pontes, Cibele Hattori, Wallisen Castro, Felipe

Date Submitted: 23-May-2010

Manuscript ARE-OA-10-May-384 - Aquaculture Research Domingo, 23 de Maio de 2010 18:45 De: "[email protected]" <[email protected]>Adicionar remetente à lista de contatos Para:[email protected] Cc:[email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] 23-May-2010 Dear Prof. Casali, Your manuscript entitled "Daily behavioral activities of the bullfrog Lithobates catesbeianus under laboratory conditions." has been successfully submitted online and is presently being given full consideration for publication in Aquaculture Research. Your manuscript ID is ARE-OA-10-May-384. Please mention the above manuscript ID in all future correspondence or when calling the Editorial Office with questions. If there are any changes in your mailing or e-mail addresses, please log into ScholarOne Manuscripts (previously known as Manuscript Central) at http://mc.manuscriptcentral.com/are and edit your user information accordingly. You can also view the status of your manuscript at any time by entering your Author Centre after logging into http://mc.manuscriptcentral.com/are . Co-authors: Please contact the Editorial Office as soon as possible if you disagree with being listed as a co-author for this manuscript. Thank you for submitting your manuscript to Aquaculture Research. Yours sincerely, Editorial Office, Aquaculture Research

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO NA AQUACULTURE RESEARCH http://www.wiley.com/bw/journal.asp?ref=1355-557x

TopAuthor Guidelines Content of Author Guidelines: 1. General, 2. Ethical Guidelines, 3. Submission of Manuscripts, 4. Manuscript Types Accepted, 5. Manuscript Format and Structure, 6. After Acceptance. Relevant Documents: Exclusive Licence Form, Colour Work Agreement Form Useful Websites: Submission Site, Articles published in Aquaculture Research, Author Services, Blackwell Publishing's Ethical Guidelines, Guidelines for 5. MANUSCRIPT FORMAT AND STRUCTURE 5.1. Format All sections of the typescript should be on one side of A4 paper, double-spaced and with 30mm margins. A font size of 12pt should be used. Line numbering should be included, with numbering to continue from the first line to the end of the text (reference list). Line numbers should be continuous throughout the manuscript and NOT start over on each page. Articles are accepted for publication only at the discretion of the Editors. Authors will be notified when a decision on their paper is reached. Language: The language of publication is English. Authors for whom English is a second language must have their manuscript professionally edited by an English speaking person before submission to make sure the English is of high quality. It is preferred that manuscripts are professionally edited. A list of independent suppliers of editing services can be found at http://authorservices.wiley.com/bauthor/english_language.asp. Japanese authors can also find a list of local English improvement services at http://www.wiley.co.jp/journals/editcontribute.html. All services are paid for and arranged by the author, and use of one of these services does not guarantee acceptance or preference for publication. Manuscripts in which poor English makes it difficult or impossible to review will be returned to authors without review. Units and Spellings: Systeme International (SI) units should be used. The salinity of sea water should be given as gL-1. Use the form gmL-1 not g/ml. Avoid the use of g per 100 g, for example in food composition, use g kg-1. If other units are used, these should be defined on first appearance in terms of SI units, e.g. mmHg. Spelling should conform to that used in the Concise Oxford Dictionary published by Oxford University Press. Abbreviations of chemical and other names should be defined when first mentioned in the text unless they are commonly used and internationally known and accepted. Scientific Names and Statistics: Complete scientific names, including the authority with correct taxonomic disposition, should be given when organisms are first mentioned in the text and in tables, figures and key words together with authorities in brackets, e.g. 'rainbow trout, Oncoryhnchus mykiss (Walbaum)' but 'Atlantic salmon Salmo salar L.' without brackets. For further information see American Fisheries Society Special Publication No. 20, A List of Common and Scientific Names of Fishes from the United States and Canada. Carry out and describe all appropriate statistical analyses. 5.2. Structure A manuscript (original article) should consist of the following sections: Title page: This should include: - the full title of the paper

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- the full names of all the authors - the name(s) and address(es) of the institution(s) at which the work was carried out (the present address of the authors, if different from the above, should appear in a footnote) - the name, address, telephone and fax numbers, and e-mail address of the author to whom all correspondence and proofs should be sent - a suggested running title of not more than 50 characters, including spaces - four to six keywords for indexing purposes Main text: Generally, all papers should be divided into the following sections and appear in the order: (1) Abstract or Summary, not exceeding 150-200 words, (2) Introduction, (3) Materials and Methods, (4) Results, (5) Discussion, (6) Acknowledgments, (7) References, (8) Figure legends, (9) Tables, (10) Figures. The Results and Discussion sections may be combined and may contain subheadings. The Materials and Methods section should be sufficiently detailed to enable the experiments to be reproduced. Trade names should be capitalized and the manufacturer's name and location (town, state/county, country) included. All pages must be numbered consecutively from the title page, and include the acknowledgments, references and figure legends, which should be submitted on separate sheets following the main text. The preferred position of tables and figures in the text should be indicated in the left-hand margin. Optimizing Your Abstract for Search Engines Many students and researchers looking for information online will use search engines such as Google, Yahoo or similar. By optimizing your article for search engines, you will increase the chance of someone finding it. This in turn will make it more likely to be viewed and/or cited in another work. We have compiled these guidelines to enable you to maximize the web-friendliness of the most public part of your article. 5.3. References (Harvard style) References should be cited in the text by author and date, e.g. Lie & Hemre (1990). Joint authors should be referred to in full at the first mention and thereafter by et al. if there are more than two, e.g. Lie et al. (1990). More than one paper from the same author(s) in the same year must be identified by the letters a, b, c, etc. placed after the year of publication. Listings of references in the text should be chronological. At the end of the paper, references should be listed alphabetically according to the first named author. The full titles of papers, chapters and books should be given, with the first and last page numbers. For example: Chapman D.W. (1971) Production. In: Methods of the Assessment of Fish Production in Freshwater (ed. by W.S. Ricker), pp. 199-214. Blackwell Scientific Publications Ltd, Oxford. Utting, S.D. (1986) A preliminary study on growth of Crassostrea gigas larvae and spat in relation to dietary protein. Aquaculture 56, 123-128. Authors are responsible for the accuracy of their references. References should only be cited as 'in press' if they have been accepted for publication. Manuscripts in preparation, unpublished reports and reports not readily available should not be cited. Personal communications should be cited as such in the text. It is the authors' responsibility to obtain permission from colleagues to include their work as a personal communication. A letter of permission should accompany the manuscript. The Editor and Publisher recommend that citation of online published papers and other material should be done via a DOI (digital object identifier), which all reputable

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online published material should have - see www.doi.org/ for more information. If an author cites anything which does not have a DOI they run the risk of the cited material not being traceable. We recommend the use of a tool such as EndNote or Reference Manager for reference management and formatting. EndNote reference styles can be searched for here: www.endnote.com/support/enstyles.asp Reference Manager reference styles can be searched for here: www.refman.com/support/rmstyles.asp 5.4. Tables, Figures and Figure Legends Tables: Tables should be self-explanatory and include only essential data. Each table must be typewritten on a separate sheet and should be numbered consecutively with Arabic numerals, e.g. Table 1, and given a short caption. No vertical rules should be used. Units should appear in parentheses in the column headings and not in the body of the table. All abbreviations should be defined in a footnote. Figures: Illustrations should be referred to in the text as figures using Arabic numbers, e.g. Fig.1, Fig.2 etc. in order of appearance. Photographs and photomicrographs should be unmounted glossy prints and should not be retouched. Labelling, including scale bars if necessary, should be clearly indicated. Magnifications should be included in the legend. Line drawings should be on separate sheets of paper; lettering should be on an overlay or photocopy and should be no less than 4 mm high for a 50% reduction. Please note, each figure should have a separate legend; these should be grouped on a separate page at the end of the manuscript. All symbols and abbreviations should be clearly explained. Avoid using tints if possible; if they are essential to the understanding of the figure, try to make them coarse. Preparation of Electronic Figures for Publication: Although low quality images are adequate for review purposes, print publication requires high quality images to prevent the final product being blurred or fuzzy. Submit EPS (line art) or TIFF (halftone/photographs) files only. MS PowerPoint and Word Graphics are unsuitable for printed pictures. Do not use pixel-oriented programmes. Scans (TIFF only) should have a resolution of at least 300 dpi (halftone) or 600 to 1200 dpi (line drawings) in relation to the reproduction size (see below). Please submit the data for figures in black and white or submit a Colour Work Agreement Form (see Colour Charges below). EPS files should be saved with fonts embedded (and with a TIFF preview if possible). For scanned images, the scanning resolution (at final image size) should be as follows to ensure good reproduction: line art: >600 dpi; halftones (including gel photographs): >300 dpi; figures containing both halftone and line images: >600 dpi. Further information can be obtained at Blackwell Publishing's guidelines for figures: http://authorservices.wiley.com/bauthor/illustration.asp Check your electronic artwork before submitting it: www.blackwellpublishing.com/bauthor/eachecklist.asp Permissions: If all or parts of previously published tables and figures are used, permission must be obtained from the copyright holder concerned. It is the author's responsibility to obtain these in writing and provide copies to the Publisher. Colour Charges: It is the policy of Aquaculture Research for authors to pay the full cost for the reproduction of their colour artwork. Therefore, please note that if there is colour artwork in your manuscript when it is accepted for publication, Blackwell

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