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ROSEANE PEREIRA DA SILVA
ATIVIDADES DE PRODUÇÃO DE TEXTOS NO LIVRO DIDÁTICO
DE ALFABETIZAÇÃO: o caso do Novo Letra Viva
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Educação da Universidade Federal
de Pernambuco, como requisito
parcial para obtenção do grau de
Mestre em Educação.
Orientadora: Profa. Dra. Eliana Borges Correia de Albuqu erque
RECIFE
2004
Silva, Roseane Pereira da
Atividades de produ ção de textos no livro didático de alfabetização: o caso do Novo Letra Viva / Roseane Pereira da Silva. – Recife : O Autor, 2004.
173 folhas : il ., fig., quadros. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal
de Pernambuco. CE. Educação, 2005. Inclui bibliografia. 1. Educação – Alfabetização – Produ ção de texto.
2. Livro d idático – Educação infantil – 3. Ensino fund amental. I. Título. 372.45 CDU (2.ed.)
UFPE 372.011 CDD (22.ed.) BC2005-038
3
AGRADECIMENTOS A Deus, essa força que desconhecemos, mas que existe em cada um de nós e
em cada realização da vida.
Aos irmãos de luz que estiveram comigo sempre, em muitos momentos difíceis
dessa caminhada. Obrigado!
A Eliana Albuquerque, minha mestra, que nas diferenças fez com que eu
evoluísse nas diferentes dimensões do ser.
Aos meus pais, que mesmo sem acesso à cultura escrita, me fizeram entender
a importância dela para a vida.
A Marques, Bruno e Danillo por tudo que eles representam na minha vida.
A CAE, especialmente a Mariângela, Rosinei, Arminda, Ester, Ronaldo
Guilherme e Ronaldo Vasconcelos - pelo acolhimento fraterno sempre que foi
preciso.
A Rosa Pinto e Missiene Borges, não sei como agradecê-las.
A Telma Ferraz Leal por acreditar que sempre vale a pena investir em alunos
considerados “fracos” pela academia!
4
A Eliete Santiago, meu muito obrigado por fazer-me acreditar que existe um ser
pesquisador em cada um de nós.
A alguns professores da graduação, que são especiais para mim: Tereza Didier
e Alice Botler.
Aos amigos antigos, dos quais estive muito distante em presença, mas que não
os esqueço jamais: Alexandre Simão, Everson Melquíades e Tatiana Araújo.
Aos amigos novos: Cleriston, Cláudio, Micheline, Marília, frutos salutares da
convivência no mestrado.
Aos meus sete irmãos, especialmente Ricardo, que mesmo distante é um dos
meus maiores torcedores.
Ao grupo do GEFOPPE - Gilda Guimarães e todas as meninas antigas e
novas. Adoro vocês!
A Alda, pelo apoio nas dúvidas surgidas durante esse trabalho.
À CAPES, pela Bolsa de pesquisa.
Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para conclusão desse
trabalho. Muito obrigado a todos!
5
SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ..........................................................................................3
RESUMO ............................................................................................................7
ABSTRACT.........................................................................................................8
INTRODUÇÃO....................................................................................................9
CAPÍTULO 1 Marco Teórico .............................................................................16
1.1 O texto como unidade de análise.............................................................17
1.2 Gêneros textuais/discurso........................................................................20
1.3 Produção de texto: ação cognitiva e social ..............................................26
1.3.1 Produção de textos: a escola como interlocutor dos textos escritos. .31
1.3.2 Produção de textos na alfabetização .................................................40
1.3.3 Produção de textos nos Livros didáticos............................................51
CAPÍTULO 2 Aspectos Metodológicos .............................................................57
2.1 A escolha do livro Novo Letra Viva ..........................................................58
2.2 Caracterização do livro Novo Letra Viva ..................................................60
2.3 A metodologia de análise do Novo Letra Viva..........................................61
CAPÍTULO 3 Atividades de produção de textos escritos no livro didático de
alfabetização: o caso do Novo Letra Viva. ........................................................63
3.1 Que textos os alunos são solicitados a produzir? ....................................64
3.2 Produção de histórias ..............................................................................71
3.2.1 As Condições de Produção de história ..............................................71
3.2.2 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
de história....................................................................................................80
3.3 Produção de listas....................................................................................97
3.3.1 As condições de produção de listas...................................................97
3.3.2 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
de listas.....................................................................................................110
6
3. 4 As produções textuais das diferentes esferas de circulação.................120
3.4.1 As condições de produção dos gêneros publicitários.......................120
3.4.2 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
dos gêneros publicitários...........................................................................125
3.4.3 As condições de produção dos textos epistolares ...........................129
3.4.4 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
de textos epistolares .................................................................................133
3.4.5 As condições de produção dos gêneros jornalísticos.......................137
3.4.6 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
dos gêneros jornalísticos...........................................................................141
3.4.7 As condições de produção dos gêneros instrucionais......................143
3.4.8 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
de gêneros instrucionais ...........................................................................146
3.5 As condições de produção de outros gêneros .......................................149
3.5.1 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
de outros gêneros .....................................................................................154
Considerações Finais......................................................................................161
Referências Bibliográficas...............................................................................168
7
RESUMO A pesquisa descrita nesse trabalho analisou as atividades de produção de
textos em um livro didático de alfabetização – o Novo Letra Viva –
considerando os critérios do PNLD para a produção de textos escritos.
Evidenciamos que o livro promove um tipo de escolarização que atende à
concepção enunciativa da linguagem que está subjacente nos critérios
presentes na ficha de avaliação do PNLD 2004. Nesse sentido, os alunos
foram solicitados a produzir diferentes gêneros e dos diferentes domínios
sociais de comunicação. Os gêneros sugeridos para a produção são longos e
curtos. No primeiro caso, os alunos foram solicitados a escrever
individualmente; no segundo, algumas vezes, o professor foi o escriba. No
entanto, não houve, por parte das autoras, uma preocupação com a
progressão (escrever textos curtos no início do ano e mais longos no final do
ano). Assim, as autoras do livro conceberam os alunos alfabetizandos como
produtores de textos em potencial. Quanto aos critérios do PNLD, observamos
que em relação à tipologia as crianças foram levadas a produzir diferentes
gêneros e tipos textuais. No que diz respeito às condições de produção, com
exceção da definição do gênero a ser produzido, os outros aspectos se
restringiram, na maioria das situações, ao contexto escolar. Já os aspectos
relacionados à construção da textualidade, no geral, foram melhores
explicitados, portanto, mais fáceis de serem escolarizados. No que se refere à
avaliação dos textos produzidos, constatamos que esse critério surgiu no
Manual do Professor com o objetivo de avaliar, através das produções textuais,
o nível de escrita do aluno. Concluímos que as propostas de atividades de
produção de textos escritos no Novo Letra Viva contemplam os diferentes
critérios postulados pelo PNLD. No entanto, julgamos que alguns dos critérios
das condições de produção encontraram limites impostos pela natureza da
instituição escolar.
8
ABSTRACT The research described in this work analyzed the text production analyses in a
didactical book of beginning reading – the “Novo Letra Viva” – considering the
PNLD (National Program of Didactical Books) criteria for the written text
production. We have highlighted that the book promotes a sort of schooling
which meets a discoursive language conception, which underlies the criteria of
the evaluation sheet of the PNDL 2004. Thus, students were asked to produce
different genres in the different social domains of communication. The
suggested genres are of a great and short length. In the first case, students
were asked to write individually; in the second case, sometimes, the teacher
was the writer. Nevertheless, there was not, from the authors, any worry with
progression (to write short texts at the beginning of the year and longer texts at
the end). Thus the authors of the book perceived beginners as potential text
producers. As for the PNDL criteria, we have found relating to the typology
produced different genres and types of text. As for the production conditions, a
part from the genre definition to be produced, the other features were restricted,
most of the situations, to the school context. Relating the features connected to
text construction, on the whole, were better specified, and thus, easier to be
schooled. Concerning the evaluation of the texts produced, we have found that
the criteria came from the teacher’s book with the aim of evaluating, through
text production, the level of the students writing. We have concluded that the
proposals of written text production activities in the “Novo Letra Viva” take up
the different criteria put forward by the PNDL. However, we think that some of
the production conditions criteria have limits, because of the school institution
criteria.
9
INTRODUÇÃO
10
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa
preconizam que desde a alfabetização é preciso estar atento tanto às questões
notacionais, quanto aos aspectos discursivos da língua. Então, colocar já nesta
etapa de ensino “o que se escreve”, “para quem se escreve”, e “com que
finalidades se escreve”, faz-se necessário. Tal pressuposto advém de um
discurso acadêmico desenvolvido principalmente na última década: o que
relaciona alfabetização ao processo de letramento.
Nessa perspectiva, a criança precisa não só se apropriar do sistema de
escrita alfabético, mas, também, desenvolver as habilidades de leitura e
produção de textos orais e escritos. O ato de ensinar a ler e escrever – a
alfabetização – deve se relacionar ao uso da leitura e da escrita de maneira a
alcançar objetivos em diferentes contextos em que essas práticas são
desenvolvidas, ação que tem sido denominada de letramento. Soares (2000)
faz uma distinção entre esses termos, afirmando que alfabetização
corresponderia à ação de ensinar a ler e a escrever enquanto letramento, que
vai além de saber ler e escrever, é “resultado da ação de ensinar e aprender as
práticas sociais de leitura e escrita” (p. 39). No entanto, parece-nos que na
prática e nos discursos os termos/conceitos de alfabetização e letramento têm
sido confundidos constantemente, sem que sejam consideradas as devidas
especificidades.
11
No Brasil, o conceito de ser alfabetizado colocado pelos institutos de
pesquisas sofreu transformações ao longo das décadas, passando da escrita
do próprio nome, na década de 40, à escrita e leitura de um bilhete simples, na
década de 501, o que resultou em uma ampliação do conceito de alfabetização
que passou a incluir, de certa forma, a dimensão do letramento.
Esse fenômeno – de aproximação ou sobreposição dos conceitos - tem
sido ampliado, tendo em vista que, atualmente, o nível de alfabetização
funcional é medido pelo critério de anos de escolarização2. Segundo Soares
(2003), fica implícito que “após alguns anos de aprendizagem escolar, o
indivíduo terá não só aprendido a ler e escrever, mas também a fazer uso da
leitura e escrita” (p. 6).
Compreendemos, no entanto, que essas aproximações têm suas
explicações. Nos meados da década de 80, contribuições advindas do campo
da Psicologia, mais especificamente dos estudos sobre a psicogênese da
língua escrita desenvolvidos por Ferreiro e Teberosky (1999), tiveram grande
repercussão no Brasil influenciando, sobremaneira, as discussões,
investigações e produção sobre a alfabetização no país. As autoras
advogavam que as crianças se apropriam do sistema de escrita alfabético
através de um processo construtivo, pois é na interação com o objeto de
conhecimento - a escrita - em práticas sociais realizadas em diferentes
contextos que as crianças pensam sobre o sistema de escrita alfabético e
aprendem sobre os diferentes textos escritos. Observamos que há, nesse
1 Concepção que perdurou até o censo de 2000. 2 Sobretudo, nos casos das Pesquisas Nacionais por Amostragem de Domicílios (PNADs)
(SOARES, 2003).
12
movimento, uma aproximação ao conceito de letramento (sem que fosse assim
nomeado pelas autoras3) que se firmaria anos mais tarde.
É no final da década de 80 que esse conceito parece ter sido introduzido
oficialmente nos discursos acadêmicos. Segundo Soares (2000 e 2003), a
primeira obra a notificar o termo foi o livro No mundo da escrita: uma
perspectiva psicolingüística, de Mary Kato (São Paulo: Ática, 1986). Nele, Kato
afirma que “(...) a chamada norma-padrão, ou língua falada culta é
conseqüência do letramento (...)”. Em outra obra, Adultos não alfabetizados: o
avesso do avesso, de Leda Verdiani Tfouni (Campinas: Editora Pontes, 1988),
a autora faz uma distinção entre alfabetização e letramento logo no primeiro
capítulo. A partir daí outros livros foram lançados no mercado, tendo como
título os referidos conceitos.
A despeito das aproximações entre os conceitos, destacamos a
necessidade de considerar as especificidades de cada um, para que um termo
não venha a ofuscar o outro. As contribuições da Teoria Psicogenética da
língua escrita se apresentam como uma revolução conceitual em relação às
concepções tradicionais de alfabetização. Alfabetizar-se aqui deixa de ser o
domínio de uma técnica de transcrição de um código e passa a ser um sistema
representacional; de objeto escolar a objeto cultural. É, pois, uma
aprendizagem conceitual, ou seja, “um processo interno e individual de
compreensão do modo de construção desse sistema, sem separação entre a
leitura e a escrita e mediante a interação do sujeito com o objeto de
conhecimento” (MORTATI, 2000, p. 267).
3 Em artigo publicado na Revista Nova Escola (maio de 2003), Emília Ferreiro afirma não
aceitar a coexistência dos termos alfabetização e letramento.
13
Nessa concepção, os alunos precisam compreender de que forma o
sistema funciona, ou seja, o que a escrita representa e como essa
representação é notada no papel (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999;
FERREIRO, 1988). Tal é a complexidade dessa tarefa conceitual, pois nela
estão implícitos alguns princípios os quais os alunos precisam compreender em
relação ao sistema de escrita alfabético, dentre eles: que a relação grafofônica
não tem relação com as propriedades do objeto; que utilizamos símbolos
convencionais (26 letras) para representar os fonemas; que toda sílaba tem
uma vogal; que as sílabas podem variar quanto às combinações entre
consoantes, vogais e semivogais (CV, CCV, CVSv, etc.); que o sentido da
escrita é da direita para a esquerda (LEMLE, 2002; LEAL, 2004a). A
compreensão desses princípios é essencial para que o indivíduo se torne
alfabetizado.
Em relação ao termo letramento, podemos ter pessoas não
alfabetizadas, mas que, por se inserirem em práticas de leitura e escrita,
apresentam experiências de letramento. Morais e Albuquerque (2004)
mostram, através de exemplos de cartas produzidas por personagens do Filme
Central do Brasil, de Walter Salles, que pessoas analfabetas fazem uso da
escrita para atender a determinados fins. De acordo com Morais e Albuquerque
(op. cit.), o filme mostra “a realidade de milhões de brasileiros que não sabem
ler e escrever, mas que lêem e escrevem através da mediação de outras
pessoas”. Portanto, se entendemos letramento como um conjunto de práticas
sociais orais e escritas de uma sociedade, certamente podemos afirmar que
existem pessoas letradas que não são alfabetizadas. Mas, é possível ser
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alfabetizado e não fazer uso das práticas de leitura e escrita para atingir
determinados fins?
Soares (2003) baseada em Kirsch e Jungeblut (1986) aponta que nos
Estados Unidos os jovens “graduados na high school não dominavam as
habilidades de leitura demandadas em práticas sociais e profissionais que
envolviam a escrita”4 (p. 4). Como conclusão do estudo sobre as habilidades de
leitura e produção dos jovens norte-americanos, os autores afirmam que o
problema não estava na illiteracy (no não saber ler e escrever), mas na literacy
(no não domínio da leitura e da escrita).
Assim como Soares (2003), queremos destacar com essas colocações o
reconhecimento das especificidades desses conceitos, pois alfabetizar e letrar
são duas ações distintas, mas inseparáveis. O ideal, segundo a referida autora,
seria “alfabetizar letrando”. Dito de outra forma, “ensinar a ler e escrever no
contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo
se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado” (2000, p. 47).
Como já afirmado, pessoas não alfabetizadas produzem textos orais e
escrevem mediadas por outras pessoas. Mas, como articular a aprendizagem
do sistema de escrita alfabético com a produção de textos escritos? Góes e
Smolka (1995, p. 55) alertam para o fato de que o indivíduo precisa coordenar
várias operações no processo de elaboração escrita:
(...) o sujeito tem que coordenar o fluxo do pensamento, em que se entrecruzam o discurso interior e as formulações dos enunciados, com as operações, quase sempre mais lentas, do registrar. Detém-se para decidir o que dirá em seguida; interrompe para evocar a forma ortográfica de palavras; hesita ao retomar o enunciado interrompido (...).
4 Segundo a autora, esses dados foram obtidos a partir das avaliações realizadas pelo National
Assessment of Educational Progress (NAEP).
15
Essa complexidade precisa ser levada em consideração na
sistematização do ensino. Se tais operações são difíceis para pessoas mais
experientes, será consideravelmente ainda mais para os alunos alfabetizandos.
Logo, consideramos importante distinguir dois processos de produção de
textos: o que ocorre em nível da oralidade, ainda que envolva textos escritos
(quando crianças ou adultos analfabetos ditam um texto para que outra pessoa
escreva), e a produção do texto escrito, em que o sujeito tem que se preocupar
com os aspectos discursivos e notacionais.
Sabemos que, de um modo geral, as crianças antes de chegarem na
escola entram em contato com diferentes tipos de textos e o conhecimento que
desenvolvem nessas situações precisa ser considerado. Desde a década de 80
os discursos acadêmicos e oficiais apontam para a necessidade de a escola
escolarizar as práticas sociais de leitura e produção de textos.
Os livros didáticos de alfabetização, como um dos materiais – e muito
importante – de apoio para a organização do trabalho do professor, vêm
passando por reformulações a fim de contemplarem as discussões teórico-
metodológicas na área. Nesse sentido, eles têm contemplado tanto atividades
de leitura de diferentes gêneros, como atividades de produção de textos.
Pretendemos, com o desenvolvimento dessa pesquisa, investigar quais as
propostas de produção de textos escritos nos livros didáticos de alfabetização,
mais especificamente no livro Novo Letra Viva, com o intuito de perceber como
esse livro está contemplando esse eixo do ensino da Língua Portuguesa.
16
CAPÍTULO 1 Marco Teórico
17
A alfabetização na perspectiva do letramento, preconizada nos
documentos oficiais que orientam o ensino nas escolas, está subsidiada numa
perspectiva enunciativa da linguagem. A compreensão desse processo
também está presente nos critérios de avaliação dos livros didáticos no
PNLD/20045, os quais contemplam as dimensões lingüística e interacional.
Nesse sentido, faz-se necessário discutirmos sobre as concepções de texto,
gêneros e produção de textos que estão subjacentes nessa perspectiva.
1.1 O texto como unidade de análise
Os estudos mais contemporâneos sobre a Linguagem têm o texto como
unidade de análise. Tal orientação advém das pesquisas, principalmente no
âmbito da Lingüística Textual. Os teóricos dessa tendência argumentam que a
explicação saussureana do funcionamento da língua ao nível da frase não
daria conta do funcionamento do texto e que, em decorrência disso, a limitação
da competência a nível da frase em nada se identificaria com a competência
textual. Segundo Bentes (2001),
(...) o surgimento dos estudos sobre o texto faz parte de um amplo esforço teórico, com perspectivas e métodos diferenciados, de constituição de um outro campo (em oposição ao campo construído pela Lingüística Estrutural), que procura ir além dos limites da frase, que procura reintroduzir , em seu
5 O Programa Nacional do Livro Didático é uma iniciativa do MEC e seus objetivos básicos são
a aquisição e distribuição, universal e gratuita, de livros didáticos para os alunos das escolas públicas do Ensino Fundamental. Desde 1995, este objetivo foi ampliado e o PNLD passou, também, a avaliar os livros didáticos inscritos no programa. Em 1996 foi publicado o 1º Guia do Livro Didático, contendo pareceres e recomendações sobre os livros inscritos.
18
escopo teórico, o sujeito e a situação de comunicação, excluídos das pesquisas sobre a linguagem pelos postulados dessa mesma Lingüística Estrutural (...)(p. 245).6
Portanto, ter o texto como unidade de análise da linguagem em uso
parece imprescindível numa lógica sociointeracionista. Se a linguagem constitui
um espaço para estabelecer relações sociais, nos quais os indivíduos são
sujeitos, o texto coloca-se como um elemento mediador dessas relações.
Considerando que a linguagem é "um signo mediador por excelência, pois ela
carrega em si os conceitos generalizados e elaborados pela cultura humana"
(PAIVA, 1996, p. 93), o texto, dada uma situação de interlocução, mediatiza
essas relações, pois é através dele (e não somente), que se faz uso da
linguagem. Ele é, portanto, um "produto lingüístico" (MIRANDA, 1995, p. 20),
no qual se opera a cooperação entre autor e leitor.
O texto, no interior de uma lógica socionteracionista, é possuidor de um
caráter de incompletude que o identifica como um produto inacabado, no qual
as intenções do autor são inscritas e ressignificadas pelo leitor/ouvinte. Tal
pressuposto, embora coerente com as perspectivas que concebem o usuário
da língua como sujeito ativo que atribui significados e que, dotado dos
conhecimentos sobre as práticas sociais, utiliza os recursos da língua para
produzir efeitos sobre seus interlocutores, não é necessariamente
compartilhado ou conscientemente representado pelos profissionais do ensino
que dizem adotar abordagens sociointeracionistas. Miranda (2000), em seu
estudo sobre os currículos de Língua Portuguesa, aponta que apesar das
propostas curriculares tomarem o texto como unidade de análise, ainda se
6 Grifo nosso
19
privilegia a frase, principalmente no trabalho com os conteúdos gramaticais.
Exclui-se, pois, a situação de interação em favor da gramática tradicional.
Na verdade, observa-se, muitas vezes, que o texto é visto como um
produto acabado, no qual os significados estão cristalizados. Pensa-se,
geralmente, que as divergências quanto à interpretação do texto são
provocadas apenas por inabilidade de quem produziu ou de quem leu/ouviu o
texto. Tais concepções confluem para as representações de linguagem como
código. Essas representações distanciam o professor de uma prática mais
consistente de elaboração de textos na escola, e nelas os elementos sociais de
uso da linguagem não são valorizados. O texto é produzido apenas para que o
aluno se aproprie da escrita.
É perceptível, pois, que essa lógica de texto como produto acabado se
opõe de forma explícita à concepção de texto como produto lingüístico. Nessa
perspectiva, como defende Miranda (1995), o texto se realiza nas práticas
comunicativas de linguagem. Segundo Koch (2002), em uma perspectiva
interacional de língua, os sujeitos são atores sociais e o texto é, portanto, o
lugar de interação. Assim como Koch (op. cit.), concebemos texto como
lugar de constituição e de interação de sujeitos sociais, como evento, portanto, em que convergem ações lingüísticas, cognitivas e sociais (Beaugrande, 1997). Ações por meio das quais se constróem interativamente os objetos de discurso e as múltiplas propostas de sentidos, como função de escolhas operadas pelo co-enunciador entre as inumeráveis possibilidades de organização textual que cada língua lhes oferece (p. 9).
Nesse sentido, pode-se perceber a noção de linguagem como atividade,
em que as ações – lingüísticas, cognitivas e sociais - orientar-se-ão para
atender a objetivos intermediários (da interação entre os sujeitos) necessários
20
para a realização da atividade como um todo. Sendo, pois, o texto mediador
desse processo interlocutivo, a prática de produção de textos na escola não
pode prescindir de desenvolver um trabalho com os diferentes gêneros
textuais, uma vez que é através dos gêneros que efetuamos qualquer forma de
comunicação.
Dessa maneira, ao tratar as práticas de produção de textos na escola,
numa perspectiva sociointeracionista de língua, é impossível não discutir sobre
os gêneros textuais.
1.2 Gêneros textuais/discurso
Bakhtin (2000, p. 279) define os gêneros como tipos relativamente
estáveis de enunciados, elaborados em cada esfera da utilização da língua. As
mais diversas atividades humanas são mediadas por atividades de linguagem.
Portanto, os gêneros do discurso não estariam desvinculados das esferas
desse uso, uma vez que se entende por discurso algo que demanda uma
representação do mundo, assim como uma ação, e que, de uma forma ou de
outra, pressupõe um enunciado.
Segundo o referido autor, o enunciado é "a unidade real da comunicação
verbal ", pois "a fala só existe, na realidade, na forma concreta dos enunciados
de um indivíduo: do sujeito de um discurso-fala" (BAKTHIN, 2000, p. 287/293).
Os gêneros do discurso são, nessa concepção, historicamente
construídos, pois, assim como a diversidade desses gêneros, a atividade
humana é incomensurável, e, dessa forma, cada época tem, é claro, um
repertório próprio. Esses gêneros também se desenvolvem e tornam-se cada
vez mais complexos em concomitância com cada esfera de utilização da
21
língua. Isso não valida dizer que os gêneros do discurso não têm estruturas
próprias. O que se quer dizer é que essas fronteiras são fluidas e determinadas
pelas características das situações de interação mediadas pelos gêneros. A
esse respeito, Bakhtin afirma que
Essa alternância dos sujeitos falantes que traça fronteiras estritas entre os enunciados nas diversas esferas da atividade e da existência humana, conforme as diferentes atribuições da língua e as condições e situações variadas da comunicação, é diversamente caracterizada e adota formas variadas (2000, p. 294).
Assim, uma vez que nas diversas situações de produção considera-se
todo processo de enunciação - o tempo, o lugar, papéis representados pelos
interlocutores, imagens recíprocas, relações sociais, objetivos envolvidos -,
pode-se eleger tais elementos da interação como condições de produção. De
acordo com Koch (2001, p. 13), são esses elementos que determinam o
"porquê se diz alguma coisa" e o "porquê se diz daquela forma". Os gêneros
são, portanto, “artefatos culturais construídos historicamente pelo ser humano”
(MARCUSCHI, 2002, p. 30).
Enquanto artefatos culturais, os gêneros são de natureza extremamente
diversificada, uma vez que cada cultura elabora seus tipos de enunciados.
Essa diversidade textual presente na sociedade é marcada por algumas
regularidades, que, por ser originalmente de ordem social, parece causar
indecisões conceituais quando na denominação dos gêneros. Fato comum, por
exemplo, é a não clareza no uso dos conceitos Tipo textual e Gênero textual.
Alguns autores (SILVA, 1999; MARCUSCHI, 2002) revelam a necessidade de
distinção entre tipo e gênero textual.
A esse respeito, Silva (op. cit.) postula que
22
tipo textual é uma noção que remete ao funcionamento da constituição estrutural do texto, isto é, um texto, pertencente a um dado gênero discursivo, pode trazer na sua configuração vários tipos textuais como a narração, descrição, dissertação/argumentação e injunção, os quais confeccionam a tessitura do texto, ou, nas palavras de Bakhtin, constituem a estrutura composicional do texto, segundo os padrões do gênero (p. 101).
A autora diz ainda que
Esses modos enunciativos [narração, descrição, argumentação etc.] assumem função específica e variável na constituição do texto, em razão da finalidade comunicativa que este engloba. Por exemplo, as seqüências narrativas não se inscrevem da mesma maneira na construção do sermão, da notícia, no conto de fadas, da conversação espontânea, etc. (p. 101).
Entendemos, como Silva (1999), que os tipos textuais dizem respeito à
estrutura interna de configuração do texto. É interessante observar que, assim
como os gêneros, os tipos também podem variar de acordo com a finalidade da
interação a que se presta.
A compreensão de que os tipos textuais constituem a estrutura interna
do texto também é compartilhada por Marcuschi (2002):
Usamos a expressão tipo textual para designar uma espécie de construção teórica definida pela sua natureza lingüística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas) (p. 22).
Ao diferenciar tipo de gênero textual, Marcuschi afirma que
usamos a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referir aos textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica. Se os tipos são meia dúzia, os gêneros são inúmeros: sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete (...) etc. (p. 22-23).
23
Logo, as situações de interação são orientadas pelo uso dessas formas
relativamente estáveis de enunciado que são organizados segundo a intenção
comunicativa. Por isso, ao mudar o gênero, modificamos a forma de realizar
lingüisticamente os objetivos da interação comunicativa.
Assim sendo, os gêneros são de difícil classificação. Marcuschi (2002)
afirma que estudos alemães chegaram a classificar 4000 gêneros. Disso
decorre, segundo o autor, a desistência progressiva das teorias em classificar
os gêneros. No entanto, a despeito dessas dificuldades de classificação, Dolz e
Schneuwly (2004a) apresentam um agrupamento dos gêneros, segundo seus
domínios sociais de comunicação, seus aspectos tipológicos e suas
capacidades de linguagem, são eles:
1. Domínio da Cultura literária ficcional, da ordem do narrar, que diz respeito
às capacidades de linguagem destinadas à “mimeses da ação através da
criação da intriga no domínio do verossímil” (conto de fadas, fábula, lenda,
narrativa de aventura etc.).
2. Domínio da Documentação e memorização das ações humanas, da ordem
do relatar, que se relaciona com “a representação pelo discurso de
experiências vividas, situadas no tempo” (relatos de experiência vivida,
curriculum vitae, biografia etc.).
3. Domínio da Discussão de problemas controversos, da ordem do
argumentar, que diz respeito à “sustentação, refutação e negociação de
tomadas de posição” (carta de leitor, editorial, ensaio, textos de opinião
etc.).
24
4. Domínio da Transmissão e construção de saberes, da ordem do expor, que
se relaciona com a “apresentação textual de diferentes formas de saberes”
(exposição oral, seminário, tomadas de notas, relatório científico etc.).
5. Domínio das Instruções e prescrições, da ordem do descrever ações,
relacionado à capacidade de linguagem de regulação mútua de
comportamentos (instruções de uso, instruções de montagem, regras de
jogo, etc.).
De acordo com os autores, esses agrupamentos tratam-se “mais
prosaicamente de dispor de um instrumento suficientemente fundado
teoricamente para resolver provisoriamente problemas práticos [didáticos]” (p.
59).
Assim como estes autores, concebemos que as práticas de linguagem
na escola são organizadas através dos gêneros textuais, uma vez que “toda
forma de comunicação, portanto, também aquela centrada na aprendizagem,
cristaliza-se em formas de linguagem específicas” (DOLZ e SCHNEUWLY,
2004b, p. 75-76). São os gêneros que constituem essas “linguagens
específicas”. Na escola, os gêneros são, então, tanto objetos de comunicação,
como de ensino e aprendizagem, causando assim um desdobramento (termo
utilizado pelos autores).
Dolz e Schneuwly (op. cit.) afirmam que há, no interior da escola, três
formas de tratar o ensino da escrita e da fala e, que, todas têm em comum “o
fato de colocarem de forma central o problema do gênero” , que eles definem
como tipos ideais, apesar de admitirem que, na verdade, elas aparecem de
forma mista, porém com algumas tendências predominantes; são elas:
25
Desaparecimento da comunicação: O gênero torna-se uma pura forma
lingüística cujo objetivo é seu domínio. Aqui, o gênero transforma-se em
expressão do pensamento da experiência ou da percepção. Nessa concepção,
os gêneros escolares são pontos de referência para a progressão escolar,
especificamente na esfera da redação. Seqüências estereotipadas “balizam o
avanço através das séries escolares”, tendo como as mais comuns, a
descrição, a narração e a dissertação.
A escola como lugar de comunicação: a escola é concebida como lugar de
comunicação e as atividades escolares, como ocasiões de produção e
recepção de textos. Como postulam os autores (op. cit.), “trata-se, também
nessa concepção, de gêneros escolares, que são, porém, resultado do
funcionamento mesmo da comunicação escolar e cuja a especificidade é o
resultado desse funcionamento”
Negação da escola como lugar específico de comunicação: é como se os
gêneros pudessem entrar como tais na escola - como se houvesse uma
continuidade absoluta entre o que é externo e o que é interno. Nesse sentido,
há uma negação da escola como lugar particular de comunicação.
Dadas as devidas particularidades de cada forma de tratar os gêneros
textuais na escola, os autores levantam a questão de definir as “contribuições
possíveis de cada uma”, para um redimensionamento dos gêneros como objeto
de trabalho para o desenvolvimento da linguagem. Em seu discurso teórico,
eles apontam para a necessidade de se reconhecer a especificidade da escola
como espaço de circulação e produção de gêneros textuais. É, pois, sobre a
produção de textos que discutiremos a seguir.
26
1.3 Produção de texto: ação cognitiva e social
Coerentemente com a noção de que a linguagem é atividade7
constituída na interação entre os sujeitos e de que o texto é um elemento
mediador do processo de interlocução, adotamos a idéia de que a produção de
textos é trabalho, na medida em que impõe ação cognitiva e social.
Se adotarmos o conceito de trabalho como "prática de um sujeito agindo
sobre um mundo para transformá-lo", como afirma Leite (1997, p. 25), podemos
propor que a produção de texto é um trabalho que possibilita, aos seus
usuários, caminhos para agir e transformar a sociedade. Dessa forma,
entendemos que o desenvolvimento da capacidade de produzir bons textos
escritos, papel fundamental da instituição escolar, não é resultado de um dom
inato a ser aperfeiçoado, mas, sim, resultado de um processo longo de
apropriação de práticas culturais historicamente desenvolvidas, e que, através
do acesso aos eventos de letramento e às situações sistematizadas de reflexão
sobre a língua, alcança-se o domínio da autonomia no uso da língua nessa
modalidade.
A respeito desse processo de apropriação, Albuquerque (2002, p. 5)
postula que
apropriar-se de alguma coisa não parece ser um ato passivo de recebimento de algo pronto e acabado, mas relaciona-se a um processo ativo por parte de um sujeito que realiza uma adequação/ajustamento entre o que lhe está sendo apresentado e aquilo que já tem desenvolvido em relação a esse objeto. Apropriar-se requer um sujeito – aquele que vai realizar esse ato – e um objeto específico que será "apropriado" por esse sujeito.
7 Atividade pode ser decomposta em ações que não são necessariamente orientadas pelos
motivos originais que impulsionaram sua realização, mas sim, por objetivos intermediários necessários à execução da atividade como um todo (Leal, 2004, citando Bronckart, 1996).
27
Defendemos, então, que a apropriação das práticas culturais
historicamente construídas se dá de forma ativa. Nesse sentido, produzir textos
é uma atividade social e cognitiva em que o produtor do texto escrito é um ser
ativo, que mobiliza diferentes operações para atingir um determinado objetivo.
Como as diferentes esferas das atividades humanas (as práticas culturais)
estão relacionadas aos modos de utilização da língua e essa utilização se dá
por gêneros orais e escritos8, podemos dizer ainda que “produzir textos implica
em escolher um determinado gênero discursivo e essa escolha se faz em
função de para quê se escreve, para quem se escreve, em que esfera e sobre
que suporte deverá circular o texto produzido” (COSTA VAL, 2003, p. 129).
Nessa concepção, o domínio da capacidade de produzir textos exige
que os alunos ajam enquanto sujeitos de uma determinada realidade que têm
algo a dizer, e que, por isso, precisam usar os recursos lingüísticos disponíveis
para atingir as metas estabelecidas na situação de interação. Assim, ao traçar
objetivos, facilita-se, de certa forma, que as ações lingüísticas convirjam para a
criação de um texto que seja eficiente para os propósitos estabelecidos e,
como toda prática discursiva pressupõe uma representação de mundo que
engloba os vários segmentos sociais (político, econômico, cultural, e,
sobretudo, ideológico), é essencial que os alunos percebam o quão podem agir
sobre o mundo que os cerca.
Então, se através do estudo crítico acerca da linguagem podemos não
só reconhecer os discursos ideológicos, mas também transformá-los, é certo,
pois, afirmar que a atividade de produção de textos envolve uma ação social e
cognitiva, pois é "através da linguagem enquanto ação sobre o outro (ou
processo comunicativo) e enquanto ação sobre o mundo (processo cognitivo)
8 Segundo a concepção bakhtiniana (2000).
28
que a criança constrói a linguagem enquanto objeto sobre o qual vai poder
operar" (LEMOS,1977 apud BRITTO, 1997, p. 125).
Nesse sentido, se a aprendizagem de gêneros escritos demanda, no
mínimo, duas dimensões, uma de ordem cognitiva e outra de ordem social, as
quais atuam paralelamente no momento da elaboração escrita, parece-nos que
o contexto de produção engloba esses dois aspectos. Para tratar do tema em
pauta, faz-se necessário explicitar qual é a concepção de contexto de produção
que assumimos nesta investigação.
Segundo Bronckart (1999, p. 93), o contexto de produção é definido
como "o conjunto dos parâmetros que podem exercer influência sobre a forma
como o texto é organizado". Tais parâmetros aparecem agrupados em dois
planos: o contexto físico e o contexto da interação. O contexto físico se
inscreve numa ação verbal concreta e pode ser definido por parâmetros bem
precisos, são eles:
O lugar de produ ção: o lugar físico em que o texto é produzido;
O momento de produ ção: a extensão do tempo durante a qual o texto
é produzido;
O emissor (ou p rodu tor, ou locutor): a pessoa que produz
fisicamente o texto, podendo essa produção ser efetuada na
modalidade oral ou escrita;
O receptor: a (ou as) pessoa(s) que pode(m) perceber(ou receber)
concretamente o texto (BRONCKART, 1999, p. 93).
29
Já o contexto da interação se instaura num âmbito das atividades de
formação social, e neles estão inclusos o mundo social com seus valores,
normas e regras e o mundo subjetivo, que diz respeito “à imagem que o agente
dá de si ao agir” (BRONCKART, ibid). Para esse contexto, há também
parâmetros bem peculiares:
O lugar social: no quadro de qual formação social, de qual instituição
ou, de forma mais geral, em que modo de interação o texto é
produzido: escola, família, mídia, exército, interação comercial,
interação informal, etc.
A posição social do emissor (que lhe dá seu estatuto de enun ciador):
qual é o papel social que o emissor desempenha na interação em
curso: papel de professor, de pai, de cliente, de superior hierárquico, de
amigo, etc.
A posição social do receptor (que lhe dá seu estatuto de destinatário):
qual é o papel social atribuído ao receptor do texto: papel de aluno, de
criança, de colega, de subordinado, de amigo, etc.
O ob jetivo (ou objetivos) da interação: qual é, do ponto de vista do
enunciador, o efeito (ou os efeitos) que o texto pode produzir no
destinatário? (BRONCKART, 1999, p. 94).
Como bem coloca Bronckart,
embora esse esquema possa ser utilizado para uma primeira introdução à problemática do contexto, ele deve ser completado, particularmente com a distinção das dimensões físicas e sociosubjetivas (emissor-enuciador e receptor-destinatário) e com uma clarificação acerca da problemática dos objetivos (op. cit.)
30
Esta análise que Bronckart (1999) nos coloca é bem mais profunda,
também, no tocante aos objetivos, uma vez que ele afirma que as funções
expressiva, referencial, conativa, etc., propostas por Roman Jackbson (2001),
são muito gerais. O autor aponta que se deve conhecer os objetivos da ação
de linguagem à qual o texto está articulado: convencer alguém com um texto
de propaganda, diverti-lo com uma piada e tantos outros objetivos. Portanto, as
funções e objetivos colocados pela concepção de linguagem da Teoria da
Comunicação não dariam conta da infinidade de gêneros textuais, segundo a
concepção backhtiniana que adotamos neste trabalho.
Bronckart (ibid) reitera o caráter social do fenômeno lingüístico. Explicar
os parâmetros físicos e o contexto de interação em separado não nos autoriza
a compreender aquelas duas dimensões como momentos distintos, mas seria
uma possível estratégia de tratar as várias faces do processo de interação
verbal.
De um modo geral, as diferentes pesquisas em produção de textos –
final da década de 80 até a atualidade - têm apontado a necessidade de
reiterar o caráter social do fenômeno lingüístico. Os resultados dessas
pesquisas mostram como melhores desempenhos nos textos escritos aqueles
provenientes de situações de ensino e aprendizagem em que os alunos são
expostos às atividades de letramento e atividades de reflexão sobre a língua,
que mais se aproximam de uso social real. Na realidade, as pesquisas ratificam
o que havíamos dito: ser produtor de bons textos é um longo processo de
apropriação de práticas culturais e sociais historicamente construídas.
Mas, o que significa produzir textos na escola?
31
1.3.1 Produção de textos: a escola como interlocutor dos textos esc ritos.
Desde a década de 80 notificamos pesquisas que versam sobre os
efeitos do processo de escolarização nos textos dos alunos. Naquela época,
foram marcantes os estudos que tinham como foco de análise a redação
escolar. Dentre outros autores, os trabalhos de Lemos (1977), Pécora (1980),
Britto (1997), Franchi (1998) e Costa Val (1999) apontaram os efeitos
causados, nos textos dos alunos, pelo seu interlocutor em potencial – a escola.
Essas investigações retratavam, de uma forma ou de outra, como se
encontrava a produção de textos na escola.
Lemos (1977) em seu estudo sobre redações de vestibular observou que
os problemas nas redações dos vestibulandos estão relacionados a um
procedimento lingüístico, que ela denominou estratégias de preenchimento, em
que os alunos operavam com modelos preexistentes à sua reflexão. Nesse
sentido, a organização sintático-semântica de seu discurso não representaria o
produto de sua reflexão sobre o tema, mas, ao contrário, de um arcabouço ou
esquema, preenchido com fragmentos de reflexões ou evocações
desarticuladas (p. 62).
Esses dados parecem indicar, de certa forma, os efeitos da escola nos
textos dos alunos que, pelo seu treinamento e instrução, parecem bloquear a
adaptação dos recursos lingüísticos que já dispõem na modalidade oral para o
registro escrito. Estudo semelhante foi desenvolvido por Pécora (1980),
constatando considerações idênticas.
Pécora (ibid) analisou redações escolares (vestibulandos), investigando
as estratégias que os alunos utilizavam no momento da produção. Na análise,
o autor identificou que havia nessas redações o que ele denominou de
32
estratégia de preenchimento, onde o aluno redigia com um conteúdo qualquer,
e com recursos lingüísticos estereotipados o que se esperava que ele
desenvolvesse no momento da produção. Escrevia-se para preencher
determinados pré-requisitos que se esperava de quem escrevia. Apontou ainda
que os produtores com acesso restrito a interlocutores orais e a ausência do
interlocutor dificulta a obtenção de coesão do texto. A coesão e outros
aspectos da textualidade foram investigados por Costa Val (1999) em redações
de vestibular.
À luz do referencial teórico da Lingüística Textual do final da década de
60, que investigava os princípios constitutivos do texto e os fatores
responsáveis por sua produção e recepção, Costa Val (1999) analisou
redações de vestibular, na tentativa de identificar os problemas existentes
nessas redações e sugerir possíveis trabalhos para a produção escrita na
escola.
O corpus de investigação constou de 100 redações dos candidatos do
curso de Letras da UFMG do ano de 1983, da segunda etapa do vestibular.
Para avaliar a coerência e a coesão das redações, a autora utilizou os
requisitos colocados por Charolles (1978 in COSTA VAL, 1999), os quais ela
denomina de continuidade, progressão, não-contradição e articulação. Os
demais fatores da textualidade foram analisados pelo que propuseram
Beaugrande e Dressler (1983)9. Além disso, foram consideradas as condições
de produção dos textos – as contingências históricas, políticas e sociais -,
assim como o contexto imediato (o vestibular), e os papéis desenvolvidos tanto
pelos produtores, como pelos recebedores dos textos.
9 Para aprofundar, ver Costa Val, 1999.
33
Os resultados da análise indicam que os alunos tiveram um bom
desempenho tanto no plano da superfície textual, mostrando um bom nível de
coesão, como no que se refere aos aspectos externos à substância do texto:
estruturação formal (distribuição de parágrafos) e correção gramatical. Em
relação ao primeiro, 90% dos alunos obedeceram ao modelo preestabelecido a
esse tipo de texto; e no segundo aspecto, 85% apresentaram um bom nível de
adequação gramatical, variando de bom a médio padrão.
Em contrapartida, as falhas no item informatividade, no patamar de
73%, e coerência (não-contradição externa e articulação), respectivamente
64% e 56%, diminuíram o nível de textualidade das redações. É bom salientar
que os itens de coerência citados dizem respeito à coerência externa, portanto,
no âmbito das relações texto e realidade. A autora questiona se não teria o
treinamento ocupado o espaço da originalidade, assim como do controle do
explícito e implícito no texto. Talvez, o relevante índice de previsibilidade, em
torno de 45% dos textos, revele os efeitos do treinamento no quesito produção
de texto na escola – redação escolar. Nesses 45%, as redações eram
“praticamente iguais” e a recorrência de argumentos com frases de efeitos
ficaram em torno de 33%.
Em relação aos resultados positivos - coesão e adequação gramatical -
a autora afirma que há um razoável sucesso na aprendizagem dos aspectos
envolvidos na produção de textos para os quais a escola orienta, ou melhor,
“instrui e treina”. No entanto, tais resultados, de boa utilização dos recursos
formais, não contribuíram para uma configuração conceitual condizente e, por
isso, das redações possuírem baixa informatividade e coerência externa. É
possível que as condições - escrever de improviso, para um interlocutor temido
34
e desconhecido, e mais, sobre um tema imposto -, contribuam, de certa forma,
para a degradação da textualidade nessas redações.
É interessante salientar, como faz a autora, que esses dados apesar de
serem de vestibulandos, são, em sua maioria, de estudantes que não tiveram
oportunidades de fazerem cursinhos e similares10, portanto, são alunos
treinados pela escola regular.
Como se vê, a referida pesquisa centrou-se na avaliação dos aspectos
da textualidade das redações, apontando que a escola, de uma forma ou de
outra, tem conseguido dar conta dos aspectos relacionados à formalidade da
escrita. No entanto, efetivamente, mostrou que as questões formais apesar de
serem importantes, não têm um peso significante para que o aluno tenha um
bom nível de textualidade.
Parece, então, que não é a ausência do interlocutor, apenas, mas sua
forte presença - um interlocutor avaliador e punitivo -, que dificulta a escrita do
texto na escola. Compreendemos que o interlocutor cumpre papel fulcral no
processo interativo da linguagem, pois segundo Bakhtin, ”toda palavra
comporta duas faces. Ela é determinada tanto pelo fato de que procede de
alguém, como pelo fato de que se dirige para alguém” (2002, p. 113).
Britto (1997), analisando as condições de produção de texto na escola,
afirma que é justamente na forte presença do interlocutor e de sua imagem que
residem as dificuldades dos estudantes. Na verdade, os alunos sabem para
quem, exatamente, estão escrevendo - para o professor - e sabem também o
que se espera deles: que se escreva dentro dos padrões estipulados uma vez
que seus textos serão avaliados. O autor conclui o trabalho afirmando que a
10 Dados obtidos, pela autora, a partir de um Questionário de informações sócio-econômicas
elaborado pelo MEC e aplicado aos candidatos do vestibular.
35
menor ou maior presença dos procedimentos lingüísticos que os alunos
utilizam na escrita depende não só dos recursos que os alunos dispõem, mas
da imagem que se tem do interlocutor e da língua culta, e essa imagem de
língua se relaciona com a imagem que o aluno tem do interlocutor. A escola é,
portanto, interlocutor privilegiado e determinador na estrutura do discurso dos
alunos.
Portanto, a produção de textos na escola é
(...) marcada, em sua origem, por uma situação muito particular, onde são negadas à língua algumas de suas características básicas de emprego, a saber: a sua funcionalidade; a subjetividade de seus locutores e seus interlocutores e o seu papel mediador da relação homem-mundo (BRITTO, 1997, p. 126).
As crianças do ensino fundamental parecem já compreender esse jogo
da escola. O estudo de Franchi (1998)11, realizado com crianças da 3ª série de
uma escola pública, analisou as “redações" dessas crianças e observou que as
primeiras redações foram estereotipadas, tanto no que diz respeito à estrutura
narrativa, como à organização lingüística do texto. As crianças, nesse nível de
ensino, já tinham uma concepção sobre a que modelo deveriam responder:
uma fórmula determinada que se aproximava do texto do adulto. Isso impedia
não só que as crianças fizessem textos autônomos e criativos, assim como não
lhes permitiam experiência com os diversos usos da língua escrita, que é o que
propõe o trabalho com os gêneros do discurso.
É interessante salientar que, apesar das diferentes condições de
produção entre os estudos de Lemos e Pécora, em relação ao de Franchi (op.
11 Salientamos que outras análises foram realizadas. Focamos apenas o que nos interessava
para o referido trabalho.
36
cit.), os resultados não são tão diferentes. Parece-nos então que há clareza,
por parte dos alunos dos diferentes níveis, do jogo que se joga na instituição
escolar ao se produzir textos escritos.
Estudos mais recentes têm apontado resultados não muito diferentes em
relação às conseqüências da escolarização sobre os textos dos alunos. Costa
(2000 apud LEAL, 2004b), analisando um texto de um aluno do 3º ano do
ensino médio, identificou as marcas escolares no texto escrito. Esse estudo
revelou, também, que o aluno não é sujeito do seu discurso, recorrendo, assim,
a chavões e a “arcabouços fornecidos pela escola”. A autora afirma que
o aluno não tem o que dizer sobre o tema porque seu conhecimento de mundo ou suas leituras não são suficientes para fornecer-lhes dados relevantes. Além disso, ele não se mostra enquanto sujeito de seu discurso. Ao contrário, está preso a uma estrutura pré-estabelecida (...); a clichês escolares (Nos dias atuais...Hoje...; Em nosso meio...); e o ao discurso da escola, à fala do professor, o que demonstra o nível de assujeitamento dos alunos aos padrões ditados pela escola (p. 51).
Essas constatações fazem com que nos reportemos aos estudos já
descritos nesse trabalho: compor um texto escrito não depende apenas dos
conhecimentos lingüísticos que os alunos dispõem ou não, mas também da
representação que se tem desse interlocutor institucional.
Miranda (1995), ao analisar os comandos para a produção de textos
escritos e os textos dos alunos a partir de situações didáticas de sala de aula,
evidenciou que a escrita desse aluno é mediada pela imagem que se tem do
professor e da escrita escolar. Uma segunda constatação é que isso não
acontece apenas com a dissertação escolar. Segundo a autora, para fugir da
“cadeia” interativa – professor e aluno – têm sido propostas situações forjadas
37
de interação12, mediadas pela escrita, em que alunos e professores fingem ser
outros interlocutores, tornando o trabalho de produção ainda mais complexo,
uma vez que as representações acerca dos interlocutores são ampliadas.
Compreendemos que essas situações forjadas são, de certa forma, para
atender a uma concepção enunciativa da linguagem, na qual a teoria dos
gêneros do discurso norteia as atividades de produção de texto.13 No entanto,
na tentativa de ampliar o universo de interlocução é preciso respeitar que a
escola tem características próprias, que devem ser levadas em consideração,
quando no planejamento de atividades que envolvem a produção dos
diferentes gêneros. Assim, concordamos com Miranda (op. cit.) quando ela
afirma: “(...) se não podemos romper radicalmente com a artificialidade da
função comunicativa na escola - é possível deixar emergir diferentes jogos de
imagem construídas pelos alunos, que são diferentes entre si e diferentes do
professor” (p. 28).
Se, pois, o processo de escolarização é inevitável, é preciso que na
organização do trabalho pedagógico do ensino da escrita os conhecimentos
não sejam deformados.
Alguns trabalhos sobre os efeitos da escolarização sobre a escrita dos
alunos têm mostrado que dependendo das condições de produção, os alunos
conseguem elaborar melhores textos. Silva (2000) analisou os efeitos das
diferentes estratégias didáticas sobre a elaboração escrita dos alunos em
textos produzidos por crianças da 4ª série da escola pública em diferentes
situações didáticas de produção de história. A autora aponta que é necessário
12 Essa análise foi realizada a partir de produção de cartas. Numa delas, os alunos deveriam
escrever para o Papa denunciando a hipocrisia humana. 13 Concepção presente nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa – PCNs.
38
refletir sobre as situações e os comandos das atividades, uma vez que a forma
como são conduzidas as atividades de produção escrita influencia
decisivamente na produção escrita dos alunos.
A análise das produções escritas dos alunos a partir de diferentes
estratégias didáticas evidencia os efeitos dessas situações sobre o texto do
aluno. Rosenblat (2000 apud LEAL, 2004), analisando produções de alunos de
2ª série em diferentes situações escolares e com diferentes gêneros, apontou
os efeitos das condições de produção nos textos produzidos e os efeitos da
intervenção na elaboração do gênero ensaio argumentativo escolar. De uma
maneira geral, observou-se que tanto as representações que se tem da
situação de interação (e do interlocutor), quanto as estratégias didáticas e
intervenções desenvolvidas em sala de aula influenciam no material escrito.
Adentrando um pouco mais no estudo de Rosenblat (2000), a autora
aponta “a importância de se instanciar o discurso em situações reais e
significativas” (p. 191), pois a situação de escrita de uma carta, solicitando a
compra de uma caixa de madeira para os livros da biblioteca da sala à pessoa
responsável pela compra desse tipo de material da escola, fez com que os
alunos participassem de situações efetivas de enunciação. Nesse estudo,
levantou-se entre outras hipóteses, a de que
(...) os alunos elaboraram justificativas para o pedido porque estavam inseridos em uma real situação de produção e não diante da ficcionalização de uma situação criada artificialmente e exclusivamente para o exercício da produção, o que é característico das atividades escolares (p. 191).
Os efeitos das condições de produção e da intervenção nos textos dos
alunos também foram observados por Leal (2004b). Ao investigar sobre as
39
estratégias de argumentação adotadas por crianças de 8 a 12 anos14 e os
efeitos do contexto escolar sobre o desenvolvimento dessas estratégias, a
autora concluiu que as estratégias de argumentação utilizadas foram
determinadas pelas representações que esses alunos tinham da prática de
produção de textos na escola. Assim, as dificuldades das crianças em
argumentar apontadas por outros estudos podem se relacionar com propostas
didáticas “inadequadas” que, segundo a referida autora, não promoviam
práticas de escrita diversificadas.
Nesse sentido, pode-se perceber que a imagem que os alunos têm das
práticas de escrita na escola são representadas no texto escrito em diferentes
situações de produção, diferentes níveis e em diferentes épocas, o que é
comprovado pelas pesquisas aqui descritas. Tais constatações apontam para a
necessidade de se investigar os processos didáticos que envolvem as
atividades de produção de textos na escola, atentando para as especificidades
postas pela instituição escolar.
Concluímos então que articular a aprendizagem de produção de textos
escritos às práticas sociais de leitura e escrita é imprescindível na formação de
escritores competentes. Entretanto, compreendemos as especificidades da
escola e a inevitável escolarização dos gêneros escritos. Como a apropriação
dessas práticas escritas percorre um longo caminho, defendemos, assim como
os discursos oficiais que orientam o ensino nessa área, que esse trabalho deva
ser desenvolvido desde a alfabetização, como já afirmamos nesse trabalho.
14 A argumentação foi investigada em relação a textos escritos.
40
1.3.2 Produção de textos na alfabetização
A pesquisa desenvolvida por Teberosky (1994) com crianças e adultos
em processo de alfabetização é um bom exemplo de como a exposição a
eventos de letramento desde a Educação Infantil é uma boa oportunidade para
que o indivíduo produza textos autonomamente.
Teberosky (1994) investigou sobre o processo de apropriação de
habilidades textuais na alfabetização tendo em vista dois objetivos: i) avaliar
como as condições de situação de produção influenciam nos resultados dos
textos escritos dos alunos; ii) mostrar que alunos em processo de
alfabetização, tanto crianças como adultos, são capazes de produzir diferentes
textos escritos.
A autora propôs um trabalho de intervenção nas condições de produção
dos textos. Para tanto, foram propostas duas atividades de simulação: uma de
reescrita de uma notícia e a outra a reconstrução de um texto de um autor
como se tratasse de um quebra-cabeça. Nessa segunda atividade os alunos
eram solicitados a reconstituir o texto como estava no livro15. Na atividade de
reescrita da notícia, a professora sugeriu aos alunos que a reescrevessem
como se fossem jornalistas.
A metodologia do trabalho/atividade foi a mesma para os dois grupos:
crianças de 8/9 anos e adultos em processo de alfabetização. No entanto,
havia um diferencial entre esses dois grupos: as alunas adultas estavam
menos habituadas a escrever textos mais longos, e era a primeira vez que
escreviam “como se fossem jornalistas”. As crianças, por sua vez, já estavam
habituadas com esse tipo de trabalho desde a pré-escola16.
15 A autora discutiu, apenas, a primeira atividade. 16 Termo utilizado pela autora.
41
Diante dessa situação de produção - escrever como se fossem
jornalistas - a autora verificou que alunos de 8 e 9 anos atendiam às condições
necessárias para que se fizesse uma notícia nos diferentes domínios, seja do
ponto de vista sintático, da própria organização textual e de ordem semântica.
Na análise dos textos desses alunos, observou-se um atendimento à escrita
convencional do gênero notícia: frases curtas, construções diretas, sujeitos em
oposição, repetição de organizações sintáticas, concentração de informação no
começo, voz anônima do jornalista, etc. Logo, pode-se dizer que o grupo de
crianças assumiu o papel que deveria ser desenvolvido pelo jornalista.
Já na análise dos textos das alunas adultas, observa-se que, apesar do
contexto ter sido semelhante ao das crianças, a tarefa foi interpretada
diferentemente por esse grupo de alunas. Os dados apontados por Teberosky
(ibid.) para esse grupo foram os seguintes:
� 29,54% do total reproduziram as notícias com fidelidade;
� 36,36% do total produziram um resumo;
� 27,27% produziram um comentário e;
� 4,54% copiaram o texto fonte (apesar da proibição).
Analisando esses dados, a autora afirma que diferentemente das
crianças, as alunas adultas não viveram a situação de reescrita como “natural”;
“parecia que elas esperavam ser avaliadas por sua capacidade de
compreensão do conteúdo informativo ou de expressão do seu ponto de vista,
mas do que por sua retenção e reprodução do texto fonte” (ibid, p. 126). Outros
aspectos que apresentaram diferenças entre os grupos observados foram
quanto:
42
� ao nível do tipo de texto obtido: informativo; comentário; narração;
� à forma de apresentação do conteúdo informativo;
� ao ponto de vista adotado e;
� à organização global do texto.
É bom salientar que o texto-fonte (modelo) sobre Analfabetismo
funcional na Catalunha provocou maior quantidade de comentários. Inclusive,
as narrativas de experiências pessoais foram advindas apenas desse texto-
fonte. Este dado foi apontado como um dos que influenciaram os resultados
dos textos obtidos.
As demais explicações levantadas pela autora relativas às diferenças
entre os textos das crianças e das alunas adultas foram: i) normas escolares
implícitas, do tipo adicionar informações aos conhecimentos já existentes, por
isso, sugestões, por parte da professora17, do tipo “o que você acha e diga o
que você entendeu” são recorrentes nesse tipo de atividade, como uma forma
de estimular a escrita; ii) a imagem que alguns professores têm da tarefa: o
trabalho de reescrita é visto como um trabalho a partir do texto para entender a
mensagem, e não um trabalho sobre o texto; iii) a norma social interna das
alunas adultas: é esperado que as alunas adultas emitam uma opinião
“socialmente aceitável”; iv) a norma lingüística pode originar atitudes diferentes:
uma em informar o que leu ou ouviu, outra em narrar o que se escutou ou leu.
No estudo mencionado, observamos que dentre os fatores apontados
pela autora, as condições da situação de produção de textos influenciaram
significativamente no resultado do material lingüístico desenvolvido pelos dois
17 Essa professora, para obter a produção escrita, se esquecia da ordem original, escrever
como jornalista, e incentivou as alunas a emitir opiniões.
43
grupos analisados. Noutros termos, o contexto de interação instaurado no
âmbito da formação social, onde aparece incluído o mundo social e subjetivo
dos produtores dos textos, influenciou na escrita dos textos.
Observamos, pois, que ao deslocar a posição social do emissor, altera-
se as demandas cognitivas postas para a elaboração escrita, e isso aconteceu
com os dois grupos investigados. Por um lado, as crianças ao aceitar o papel
de jornalistas, foram fiéis ao gênero textual, atendendo integralmente às
características da notícia. Sabe-se, no entanto, que esse grupo de crianças foi
exposto a situações escolares semelhantes desde a pré-escola e, por isso, tem
mais acesso a eventos de letramentos e sistematização da língua escrita. Por
outro lado, as alunas adultas, ao rejeitarem a paródia de imitar um jornalista, já
sabem o que se espera delas – que emitam uma opinião sobre o que leram ou
ouviram, o que pode ter sido ajudado pelas sugestões de perguntas feitas pela
professora. Além disso, era a primeira vez que produziam textos mais longos.
Portanto, apesar de ser uma situação simulada da realidade em que se
forja a escrita de um especialista, pudemos observar que as produções
textuais, por parte das crianças, foram adequadas ao gênero, diferente dos
resultados apontados por Miranda (1995) já comentados nesse trabalho.
Parece-nos importante observar que, algumas vezes, é possível forjar
situações reais de escrita em sala de aula sem se interferir negativamente na
produção escrita dos alunos. Já as produções das alunas adultas em processo
de alfabetização apresentaram resultados diferentes e um dos motivos, dentre
outros, tinha a ver com a representação social que as “produtoras de textos”
tinham delas mesmas e de quem iria ler o texto. É tanto que mais de 50% dos
textos foram os que, de certa forma, emitiam algum conhecimento, seja ele um
44
comentário ou um resumo do texto lido. Temos, então, produtores de textos -
física e socialmente - produzindo uma ação de linguagem que é cognitiva, mas
também social e subjetiva.
De um modo geral, a pesquisa evidenciou a importância de desenvolver
atividades de produção de textos desde a Educação Infantil, uma vez que
tivemos como melhores textos (notícias) os que foram escritos pelas crianças
que já desenvolviam esse tipo de trabalho de reflexão sobre o texto escrito
desde do início da sua escolarização. E o fato das alunas adultas terem
produzido diferentes textos mostrou que, em processo de alfabetização, é
possível trabalhar com diferentes gêneros textuais.
A importância de investir em práticas pedagógicas que desde as séries
iniciais envolvam os diversos gêneros textuais já tinha sido objeto de
investigação dos estudos de Teberosky (2002). Essa autora discute sobre as
perspectivas de uma prática pedagógica em que as crianças de 5 a 8 anos
tenham contato com diversos tipos de textos18, advogando que o trabalho com
a diversidade textual em sala impulsiona o domínio da leitura e da escrita,
através de situações de usos reais da língua escrita. Os “tipos” escolhidos pela
autora – notícias, anúncios, narrativas, poesias, nomes e títulos - têm em
comum dois aspectos considerados importantes: i) o fato de serem transmitidos
pela oralidade, e ii) os tipos textuais apresentam regularidades de construção
canônica. Esses aspectos fazem com que as crianças adquiram
conhecimentos devido à sua regularidade e freqüência de contato.
A regularidade apontada por Teberosky (ibid) diz respeito a:
18 A autora denomina tipo e não gêneros textuais.
45
Notícias: responder às seguintes perguntas: o que, onde, como, quem,
para que, etc. Há uma necessidade de mencionar o lugar e o tempo do fato,
suas causas e conseqüências.
A forma canônica dos contos infantis afeta o conteúdo desse tipo de
texto. Tem-se então, a fórmula inicial – era uma vez; os tempos no pretérito
perfeito; as referências espaciais e temporais, etc. Esses são recursos
discursivos sempre presentes nesse tipo textual.
Nas poesias, as rimas, o ritmo, a repetição sonora também são
regularidades que podem ajudar o iniciante a se apropriar da língua que se
escreve. Portanto, é diferente daquela baseada, apenas, nos seus aspectos
gráficos.
Com essa metodologia a autora levanta três importantes questões para
a prática pedagógica do ensino de língua que estão relacionadas com os textos
escolhidos:
• Reconhecer que as crianças possuem conhecimento sobre a linguagem
que se escreve. Para isso, a autora faz um trabalho com notícias, narrativas
e poemas.
• Considerar a representação que a criança faz da língua escrita: o que se
pode escrever. O trabalho pedagógico é desenvolvido com nomes e títulos.
• Viabilizar um enfoque interativo: texto/autor e texto/contexto.
A autora advoga que esse tipo de trabalho evitaria ou amenizaria as
dificuldades que os alunos apresentam/enfrentam na leitura e redação de
textos escritos, que são resultantes de uma prática que oferece um leque
reduzido de textos.
46
O referido estudo sugere o trabalho com a diversidade textual e com
textos que apresentam regularidade e freqüência de contato para empreender
a linguagem que se escreve e a que se pode escrever, a fim de proporcionar o
“descobrimento” da organização discursiva dos textos escritos. Abaurre e
Mayrink-Sabinson e Fiad (2003) vêm reiterar essa necessidade do trabalho
com a diversidade textual de forma significativa (mais próximo do uso real na
escola), a fim de empreender uma apropriação de habilidades textuais-
discursivas pelas crianças. E mais precisamente porque a maioria das crianças
depende da escola para ter contato com textos mais complexos que circulam
na sociedade.
Abaurre e Mayrink-Sabinson e Fiad (op. cit.), para tratar da diferenciação
de gêneros discursivos nos momentos iniciais da aquisição da escrita,
analisaram produções escritas de crianças das séries iniciais de escolas
públicas e particulares em situações escolares e não escolares. A metodologia
de análise dessas produções foi realizada sob a perspectiva indiciária de
investigação, em que o detalhe e o singular são reveladores do que se quer
conhecer (ABAURRE et alii, 1997 in ABAURRE et alii, 2003).
Os textos analisados pelas autoras indicam que a apropriação de um
mesmo gênero por diferentes sujeitos, ao realizar uma mesma proposta,
permite pensar em diferentes conhecimentos em construção sobre um gênero
determinado, o que talvez seja o caso dos gêneros híbridos19. Como colocam
as autoras, essa característica parece evidenciar a dinamicidade da
constituição social dos gêneros, colocada por Bakhtin. Uma outra hipótese é
que esse aspecto parece estar estreitamente ligado aos tipos de atividades em
19 Quando um gênero assume a função de outro (MARCUSCHI, 2002).
47
que os sujeitos participam, uma vez que as produções das crianças em
situações não escolares apresentavam maiores habilidades textuais
discursivas – o gênero era melhor definido. Assim, a diferenciação dos gêneros
é realizada quanto mais a atividade de produção textual for mais próxima das
atividades reais de escrita. Na escrita de uma carta, por exemplo, um dos
sujeitos em situação não escolar demonstra maior habilidade textual de que em
uma situação escolar.
De maneira geral, a análise dos textos das crianças em fase inicial de
escrita permitiu que as autoras concluíssem que, quando as crianças são
inseridas em atividades significativas de produção (práticas sociais de leitura e
escrita), elas expõem mais visivelmente os conhecimentos que têm sobre
gêneros do que aquelas que não participam dessas atividades. Essa conclusão
pôde ser feita a partir da comparação entre as atividades que eram escolares e
as que não eram escolares. Nas atividades onde, de fato, o produtor do texto
tinha o que dizer e para quem dizer algo, desde que esse quem não fosse um
avaliador, os textos se apresentavam melhores do que os das situações
escolares.
Desse modo, é preciso considerar os conhecimentos dos alunos acerca
dos variados gêneros e tipos textuais na prática de ensino de produção textual,
assim como garantir a inserção das crianças em práticas sociais de leitura e
escrita desde a Educação Infantil.
Diferentes autores, além dos já citados, têm apontado para a relação
entre o conhecimento dos gêneros e os efeitos sobre os textos das crianças.
Goulart (2003), Barros e Costa Val (2003) evidenciam como o conhecimento
48
que se tem de determinado gênero ajuda na reflexão sobre o texto a ser
produzido, seja ele oral ou escrito.
Goulart (op. cit.) analisou a atividade de reflexão sobre a língua escrita
durante o processo de produção de texto em alunos em processo de
alfabetização. Esse estudo foi realizado com 10 crianças ao longo de três
semestres: 2º semestre da alfabetização e 1º e 2º semestres da primeira série.
Na primeira etapa foram analisados 203 textos produzidos em aula. Destes, 41
eram argumentativos, 47 narrativos e 115 descritivos. Para análise do trabalho
em foco, foram escolhidos 12 textos descritivos, 5 narrativos e 5
argumentativos. O critério de escolha dos textos foi a ênfase dada pela
professora a textos descritivos. Partindo de um paradigma indiciário de análise,
o que se constituiu como dados foram os indícios de manipulação do material
lingüístico, portanto as marcas deixadas pelas crianças nos textos, da reflexão
realizada, num sentido de reelaboração desses textos na perspectiva sintático-
discursiva.
A autora afirma que a escolha por diferentes tipos textuais se deu
porque os diferentes tipos demandam diferentes organizações discursivas.
Estas diferentes organizações discursivas podem acarretar problemas
diferentes para as crianças, e possivelmente soluções diferenciadas serão
tomadas durante o processamento do texto (a autora afirma isso com base em
KATO, 1986, 2000).
Na análise dos dados, a autora percebeu que o conhecimento das
crianças se torna mais complexo à medida que eles buscam recursos para
expressar os sentimentos desejados em diferentes textos. Para a autora, esse
resultado é revelador de sujeitos na/da linguagem.
49
Os conhecimentos lingüísticos que os alunos demonstraram durante o
processo de reflexão sobre o texto parecem ter sido acessados devido ao
contato e leitura dos textos escritos que circulavam em sala de aula
(GOULART, ibid). Essas crianças fazem parte de uma escola pública em que a
produção de textos é “ponto de chegada e de partida” no trabalho de língua
materna. Nessa escola, a alfabetização visava garantir a inserção dos alunos
em práticas sociais letradas.
Logo, esses estudos empíricos têm concorrido para as afirmações já
feitas nesse trabalho de que a produção de textos se constitui numa atividade
cognitiva, social e também lingüística, uma vez que os sujeitos para melhor se
expressarem em seus textos colocaram em jogo diferentes conhecimentos
lingüísticos. Evidencia, também, a importância do trabalho com os diferentes
tipos e gêneros textuais desde a alfabetização.
Entretanto, é instigante para nós o fato dos textos terem sido coletados a
partir do 2º semestre da alfabetização20. Pressupomos que, de alguma forma,
esses alunos já dispunham de algum conhecimento sobre a base alfabética, o
que pode ter facilitado a reflexão e a produção dos textos escritos.
Concebemos, assim como Bronckart (1999), que o contexto de produção
está instaurado tanto em um contexto de interação, quanto em um contexto
físico que deve ser levado em consideração na produção dos textos escritos,
principalmente na alfabetização. Há, portanto, um papel em branco, o lugar
físico em que o texto é produzido, o produtor, a pessoa que produz fisicamente
o texto escrito e os receptores (interlocutores) que recebem fisicamente esse
texto em que se operacionalizarão os conhecimentos que os alunos já dispõem
20 Goulart (2003) faz essa explicitação.
50
sobre os textos. Mas, como dar conta desse contexto quando ainda não existe
uma compreensão da base alfabética da escrita? Esse parece ser um
problema para a produção de textos na alfabetização.
Enfatizamos o texto escrito porque o contexto físico na modalidade oral
parece não se constituir como problema, tendo em vista que as pesquisas
evidenciam a possibilidade de crianças não alfabetizadas produzirem textos
antes de saberem escrever tendo o professor como “escriba”, o que não ocorre
com a produção de textos escritos. Tanto é verdade que as pesquisas aqui
elencadas são de crianças que já haviam se apropriado do sistema de notação
alfabética21.
É preciso, pois, diferenciar a produção de textos em que as crianças
ditam e a professora escreve e a escrita efetiva destes textos pelas crianças.
Como alunos que não se apropriaram do sistema de escrita podem escrever
textos? Eles escrevem ou produzem textos?
É certo afirmar que as crianças dispõem de conhecimentos da
linguagem que se escreve mesmo antes de estarem alfabetizadas. Mas como
essa escrita é representada no papel demanda outra aprendizagem conceitual.
Os resultados da pesquisa de Barros e Costa Val validam essa afirmação.
Barros e Costa Val (2003), na análise de atividades de produção de
textos injuntivos por crianças de uma primeira série do Ensino Fundamental22,
de escola pública, apontam que as crianças em processo de alfabetização já
demonstravam conhecimentos em relação aos textos escritos e que esse tipo
de texto facilita a composição (produção oral do texto), no entanto “a produção
21 Os textos produzidos pelos alunos evidenciam que eles estão, na verdade, se apropriando
da competência ortográfica da escrita. 22 As crianças não tinham experiência de Educação Infantil e estavam no primeiro ano escolar.
51
de textos destinados ao funcionamento escrito traz dificuldade para as
crianças, na medida em que requer a representação verbal, lexicalizada e
sintactizada (...)” (p. 164).
Compreendemos, assim, que as crianças têm conhecimentos da
linguagem que se usa para escrever, mas as que estão em processo efetivo de
alfabetização apresentam dificuldades de representá-la (grafá-la) no papel.
Parece interessante investigar como é possível articular a aprendizagem dos
diferentes gêneros escritos com a apropriação do sistema alfabético.
Nesse trabalho, nos deteremos, precisamente, na análise das propostas
de produção de textos escritos em livro de alfabetização, recomendado pelo
PNLD, tendo em vista que o livro didático é o instrumento pedagógico mais
difundido, onde são veiculados os conhecimentos construídos e aceitos
socialmente.
1.3.3 Produção de textos nos Livros didáticos
Os livros didáticos têm sido objeto de investigação científica em
diferentes épocas e em diferentes dimensões. No entanto, a partir da década
de 90, quando passou a ser alvo da avaliação dos especialistas, através do
Programa Nacional do Livro Didático/PNLD, este objeto tomou maiores
proporções na pesquisa científica. Avaliados, os livros didáticos passaram a ser
recomendados, ou não, para serem utilizados nas escolas públicas de todo o
País, pelo Guia Nacional do Livro Didático.
A partir dessa avaliação, os autores de livros didáticos e editores
passaram a considerar, progressivamente, os critérios estabelecidos pelo
52
PNLD nas reformulações dos livros. Por sua vez, esses critérios estabelecidos
estão subsidiados pelos novos paradigmas do ensino de Língua Portuguesa.
Sendo assim, parece relevante fazer um estudo de como as atividades
de produção de textos se apresentam nos livros didáticos de alfabetização,
uma vez que estes têm passado por mudanças para atender aos novos
paradigmas teórico-metodológicos no ensino de Língua Portuguesa, e mais
precisamente da alfabetização.
Os critérios adotados nas fichas de avaliação do PNLD para a produção
de textos escritos estão relacionados à concepção enunciativa da linguagem.
Esses critérios dizem respeito à tipologia textual, condições de produção,
aspectos necessários para a construção da textualidade e avaliação dos textos
produzidos. No entanto, as pesquisas desenvolvidas até o momento23 sobre a
produção de textos no livro didático, além de se concentrarem no segundo
segmento do Ensino Fundamental (5ª a 8ª série), focam suas análises,
principalmente, nos aspectos semânticos-formais da textualidade.
Ramos (1999) analisou o tratamento didático dado à produção textual
em quatro livros de Língua Portuguesa voltados à 8ª série do Ensino
Fundamental utilizados em escolas públicas. A autora concluiu que: a) os
manuais para o professor dos livros didáticos não apresentam uma teoria
coerente e bem fundamentada sobre a produção textual, b) a teoria posta nos
manuais não corresponde às propostas de produção textual veiculadas no livro
do aluno, e c) as propostas de produção de textos do livro dos alunos não são
situações comunicativas reais, não definindo destinatários para seus textos, o
que dificulta, segundo a autora, a competência em produzir textos escritos.
23 Das que tivemos conhecimento.
53
Diante desses resultados, pode-se observar a idéia subjacente de que
as atividades de produção de textos devem ser realizadas em situações
comunicativas reais e que, nelas, sejam definidos os interlocutores do texto,
peça fundamental para que haja enunciado, a fim de não prejudicar o
desenvolvimento da competência textual do aluno. No entanto, será que as
atividades do livro didático podem dar conta dessas situações interlocutivas
“reais” que ocorrem fora do espaço escolar? E a especificidade da escola,
como está sendo considerada? Esses destinatários podem ser os colegas da
sala e o professor?
O trabalho de Silva (1999) apontou que em alguns livros didáticos as
atividades de produção de textos “projetam” atos de interlocução. Essa autora,
ao analisar três coleções de 5ª à 8ª série de Língua Portuguesa, buscou
investigar em que medida o autor do livro didático contribui para que a
produção de texto na escola se constitua como um ato de interlocução. As
propostas de atividades de produção de textos foram analisadas sob uma
perspectiva enunciativa da linguagem, baseadas nas idéias de Geraldi (1993,
p. 137) em relação aos aspectos necessários para se produzir um texto: para
que? (o motivo), para quem? (interlocutor), o que? (assunto/tema), em que
situação? (situação concreta em que ocorrerá a interação), como? (estratégias
discursivas e recursos lingüísticos para realizar a interação pretendida), a
função e gênero/tipo. Ela considerou, portanto, aspectos que estão
cristalizados na maioria dos critérios propostos para a produção de texto, pelo
PNLD, e que indicam se as atividades de produção de textos escritos
promovem, ou não, situações em que os alunos participem de práticas sociais
de escrita que não sejam apenas a escolar. A análise dos resultados
54
evidenciou que a maioria das atividades de produção de textos nos Livros
didáticos analisados é atividade para desenvolver habilidades de escrita que se
relacionam ao espaço escolar; apenas uma coleção propiciava atos de
interlocução.
Salientamos que apesar da autora afirmar que em uma coleção
projetavam-se atos de interlocução, a maioria das atividades dessa coleção
tinha como destinatários os alunos e o professor da sala, assim como as
situações de interação se restringiam ao contexto da sala de aula, o que
comprova as limitações de se desenvolver atividades de produção de textos
envolvendo situações comunicativas reais na escola.
É certo afirmar que os critérios presentes na ficha do PNLD para a
avaliação das propostas de produção de textos escritos contemplam a
dimensão interacional e lingüística e foi sob essa perspectiva e a partir desses
critérios que Costa Val (2003) analisou as atividades de produção escrita em
14 coleções inscritas no PNLD de 2002. Dessas, 11 eram recomendadas
(recomendadas e recomendadas com ressalvas) e 3 eram coleções
excluídas24. Os resultados evidenciaram que as atividades de produção de
textos nas coleções recomendadas são concebidas como um trabalho de
reflexão nas instâncias formal e semântica. Já nas obras excluídas, segundo a
pesquisadora, a produção textual “costuma ser atrelada à imaginação e à
inspiração, mais do que ao empenho consciente e orientado de quem escreve”
(p. 150). A análise dos índices gerais25 revela que os livros investigados
apresentaram um trabalho com diversos gêneros e tipos textuais escritos,
24 Segundo a autora, essas coleções representavam 40% das coleções avaliadas no PNLD
2002. 25 Cômputo dos percentuais relativos aos critérios de avaliação do PNLD de 2002 das 14
coleções.
55
assim como sugestões em relação à temática, perfazendo um total de 93%.
Outros aspectos bem desenvolvidos nas propostas de escrita dizem respeito à
clareza e à formulação das propostas, bem como contribuições para a forma
composicional do texto, atingindo, cada um, o percentual de 79%. Em
contrapartida, os critérios relativos às condições de produção dos textos
pareciam não ser priorizados nas coleções, variando entre 14% e 36%.
Desses, os mais ausentes foram o de indicação do dialeto e registro (14%) e os
de indicação de destinatário e circulação do texto, que ficaram em torno de
29%, respectivamente.
Esses resultados revelam dados curiosos. Parece-nos que os baixos
índices de indicação de destinatário e de circulação do texto estão
relacionados, de certa forma, com o lugar de interação em que esses textos
são produzidos: a escola. Seria preciso indicar esses critérios se, de certa
forma, alunos e professores, no contrato implícito do jogo que se joga na
escola, já sabem quem são os destinatários e onde de fato circularão os
textos? Claro que é possível se extrapolar o contexto escolar em relação a
destinatários e espaço de circulação do texto, mas não se pode excluí-lo, uma
vez que é nesse espaço que os textos efetivamente são produzidos e que, a
princípio, o professor será leitor, ainda que outros interlocutores sejam
considerados.
Por outro lado, os resultados em relação à explicitação do gênero a ser
produzido, à contribuição para a elaboração temática, à forma composicional
do texto e à clareza na formulação das propostas indicam que as denúncias
feitas pelos estudos acadêmicos em relação aos aspectos negativos das
propostas de produção de textos escritos na escola têm sido levadas em
56
consideração, quando na organização do livro didático, fato que está atrelado,
certamente, à avaliação que os livros didáticos são submetidos, o que
demonstra a importância do PNLD para esse processo.
Como se vê, as pesquisas em relação à produção de textos escritos nos
livros didáticos têm centrado suas análises em níveis de ensino em que os
alunos já dominam a escrita. No entanto, nos interessa saber que atividades de
produção de textos escritos são propostas em livros didáticos de alfabetização.
Nosso objetivo com o desenvolvimento desse trabalho é investigar as
atividades de produção de textos em um livro didático de alfabetização – o
Novo Letra Viva - considerando os critérios do PNLD para a produção de textos
escritos.
57
CAPÍTULO 2 Aspectos Metodo lógicos
58
2.1 A escolha do livro Novo Letra Viva
Nesse trabalho, parte-se do pressuposto de que os livros didáticos são
um dos instrumentos importantes para a organização do trabalho do professor.
Assim, elegemos como objeto de análise um livro didático de alfabetização – o
Novo Letra Viva. Mas, por que um único livro e por que o Novo Letra Viva?
Ao iniciar a investigação pensamos em analisar dois livros: Português –
uma proposta para o letramento, de Glayds Rocha, e o Novo Letra Viva, de
Maria Alice Setubal, Beatriz Lomônaco e Izabel Brunsizian. O primeiro, por
enunciar em seu título uma proposta de alfabetização para o letramento, talvez
pudesse responder à famosa pergunta dos professores em cursos de formação
– como alfabetizar letrando? O segundo por ter sido pioneiro em oferecer
propostas metodológicas alternativas em alfabetização, o que será detalhado
mais adiante.
No desenvolvimento da investigação, constatamos que não podíamos
analisar as atividades de produção de textos sem que fizéssemos o
mapeamento de todas as atividades de escrita presentes no livro, uma vez que
identificamos atividades de produção de textos que não estavam presentes na
sessão destinada a essa atividade.
Dessa maneira, fizemos um levantamento de todas as atividades
presentes no livro a fim de distinguir o que era produção de textos escritos e o
que não era. Concluído o levantamento, constatamos que um dos livros – o
59
Novo letra Viva - possuía 44 propostas de atividades de produção de textos
escritos, fato curioso para um livro de alfabetização, pois numa busca mais
informal constatamos que, em sua maioria, os livros didáticos de alfabetização
comportam entre 14 e 17 propostas de produção textual. O que representa
essa quantidade de atividades?
A opção pelo Novo Letra Viva se deu, portanto, por diferentes motivos,
dentre eles: 1) por seu teor histórico; 2) pela quantidade de propostas de
produção de textos, como já apontamos. Segundo Mourão (2001), o Letra Viva,
como era chamado, foi um livro pioneiro em apresentar alternativas de ordem
conceitual e metodológica para o processo inicial de alfabetização. Esse livro,
além de ter sido premiado como melhor livro didático pela Câmara Brasileira do
Livro, também recebeu a menção de recomendado na avaliação de livros
didáticos do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD 1998 e 2001).
Somando-se a essas credenciais, pesquisas desenvolvidas pelo Centro de
Alfabetização e Leitura (CEALE) apontaram que o livro tornou-se referência
para a produção de outros livros didáticos inscritos no PNLD de 2001. Além
desses critérios, a procura pelo Novo Letra Viva pela escola pública tem sido
tão grande que a editora não conseguiu disponibilizá-lo para a Rede Privada no
último ano.
Enfim, se o referido livro foi considerado nacionalmente como uma
referência para a aprendizagem inicial da leitura e escrita, como esse mesmo
livro desenvolve as atividades de produção de textos escritos para alunos em
processo de alfabetização? De que forma os critérios da ficha do PNLD estão
presentes nas propostas do livro? São essas questões que pretendemos
responder com o desenvolvimento dessa pesquisa.
60
2.2 Caracterização do livro Novo Letra Viva
O Novo Letra Viva – Programa de leitura e escrita/alfabetização - é uma
publicação do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação
Comunitária - CENPEC e da editora Formato, do ano de 2001. Segundo
Mourão (op. cit.), o Letra Viva foi um dos primeiros livros didáticos lançados no
mercado pela Formato, assim como é a única publicação comercializada do
CENPEC. Esse Centro de Estudos é uma organização não-governamental sem
fins lucrativos, que desenvolve trabalhos nas áreas de prática pedagógica,
Gestão escolar e Gestão de sistemas e políticas públicas, Educação e
Comunidade.
Em princípio, o livro Letra Viva era um material didático voltado para a
formação de professores do Programa de leitura e escrita/PLE – elaborado
pelas professoras Maria Alice Setúbal, Beatriz Almeida Bessa e Rita de Cássia
Monteiro Espinosa, e desenvolvido pelo CENPEC. Esse Programa foi testado e
implantado em diversas escolas públicas do estado de São Paulo, tornando-se
livro anos mais tarde, pelas mãos de Maria Alice Setubal, Beatriz Lomônaco e
Izabel Brunsizian. Essas autoras foram professoras alfabetizadoras no final dos
anos 80, justamente na época em que surgia o movimento construtivista na
educação.
Todo o conjunto de credenciais aqui apresentadas, especialmente o fato
do livro ter feito parte de um processo de formação de professores
alfabetizadores, assim como as autoras terem sido professoras alfabetizadoras
e formadoras de alfabetizadores, orientou a escolha do livro.
O Novo Letra Viva é organizado em 12 unidades temáticas que fazem
parte do universo infantil. Essas unidades são subdivididas em lições, que ora
61
começam por textos verbais e não-verbais, ora são iniciadas por algum tipo de
atividade que dá seqüência à atividade da lição anterior26. Portanto, difere da
maioria dos livros, pois não possui uma organização canônica de Livro didático
- um texto para leitura -, seguido de interpretação oral, atividades de linguagem
oral e produção de textos. As atividades de leitura, escrita, interpretação oral,
linguagem oral e produção de textos não são nomeadas pelas autoras do livro,
logo o aluno não é informado sobre o tipo de atividade que irá desenvolver – se
de linguagem oral, interpretação etc. Na realidade, essas atividades aparecem
distribuídas aleatoriamente, indicadas por números (lição 7, atividade 1, 2,
etc.)27. Constatamos a presença de diferentes gêneros textuais, mas em
contrapartida, encontramos ainda textos didáticos e sem autoria que foram
escritos especialmente para o livro. Verificamos, ainda, uma forte presença de
atividades de reflexão sobre o sistema de escrita alfabético, assim como uma
grande quantidade de atividades de produção textual, em torno de 44, que
serão analisadas no próximo capítulo.
2.3 A metodo log ia de análise do Novo Letra Viva
Para analisar as atividades de produção de textos escritos do livro Novo
Letra Viva, tomamos como referência os critérios presentes na ficha de
avaliação para a produção de textos escritos do PNLD-2004, que envolviam
aspectos relacionados tanto às condições de produção dos textos como à
contribuição para o desenvolvimento da textualidade no aluno. Para tal, não
nos restringimos à análise dos comandos das atividades de produção de textos
26 Como as lições das páginas 166 e 167. 27 Essa apresentação também motivou a análise de todas as atividades que compunham o
livro, uma vez que não era possível localizar explicitamente as atividades de produção de textos.
62
em si, mas em como as outras atividades que as antecediam ou sucediam
contemplavam esses critérios.
63
CAPÍTULO 3 Atividades de produ ção de textos esc ritos no livro
didático de alfabetização: o caso do Novo Letra Viva.
64
Para analisar as atividades de produção textual sugeridas no livro
investigado, utilizamos os critérios adotados na ficha de análise do PNLD/2004
para a produção de textos escritos. Esses critérios compreendem quatro blocos
– Tipologia, Condições de produção, Contribuição para a construção da
textualidade pelo aluno e Avaliação dos textos produzidos.
3.1 Que textos os alunos são solicitados a produzir?
A tabela 1 apresenta a quantidade de atividades de produção de textos
organizadas por gêneros/tipos (ou ainda suportes), indicadas nas propostas do
livro.
65
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Observando a tabela 1, verificamos uma expressiva variedade de
propostas de produção textual. Os alunos são solicitados a escrever 17
gêneros textuais diferentes, distribuídos em 44 atividades de produção.28
Temos, então, não só uma significativa variedade de gêneros a produzir, mas
também uma grande quantidade de propostas de produção. Parece-nos, pois,
um quantitativo bastante elevado em se tratando de propostas de produção
textual em um Livro didático de Alfabetização.
É importante destacar a existência de uma concentração de atividades
de produção de história (31,8%) seguida da produção de listas (22,7%). Assim,
a maioria das atividades de produção de textos (54,5%) se restringe a esses
dois gêneros textuais. Dos quinze gêneros restantes, um - o relato - está
presente em três atividades; três gêneros (carta, propaganda e falas de balões)
são produzidos duas vezes ao longo das unidades, e os outros onze gêneros
aparecem em apenas uma atividade.
Quanto à variedade de gêneros, compreendemos que o fato dos alunos
em início de aquisição da escrita produzirem 11 gêneros textuais diferentes
uma só vez não garante a apropriação desses gêneros escritos. Defendemos
que essas produções promovem, na verdade, o contato com a diversidade de
gêneros, possibilitando ao aluno refletir sobre seus diferentes usos e funções.
No que se refere à tipologia29, identificamos três categorias: narrativa
(história, carta familiar, relatos), injuntiva (regras, instrução de montagem e
aviso) e descritiva (anúncio). Observa-se, então, que a argumentação e a
28 Retomando a distinção entre gênero, tipo e suporte, chamamos de gêneros os diferentes
textos que os alunos devem produzir, embora algumas vezes se trate de suporte textual (como no caso do jornal).
29 A respeito das seqüências tipológicas, esse trabalho assume a classificação utilizada por Marcuschi (2002).
67
exposição não foram contempladas nas atividades propostas, provavelmente
por exigirem elaborações mais complexas por parte de quem escreve o texto.
Segundo Marcuschi (2002), os textos expositivos apresentam,
predominantemente, seqüências analíticas ou explicativas e os argumentativos
se constituem de seqüências contrastivas explícitas. Entendemos que essas
seqüências são bem mais complexas do que as descritivas e as injuntivas.
Nesta última, por exemplo, as seqüências são imperativas, logo, os verbos
estão no imperativo e seus enunciados sugerem ação, por isso são mais fáceis
de escrever, como, por exemplo, no gênero aviso, explorado e solicitado para
a produção textual nesse livro didático (pág. 60 do Novo Letra Viva).
Em consonância com o que foi apontado, constatamos ainda que as
propostas de produção contemplam os diferentes domínios sociais da
comunicação colocados por Dolz e Schneuwly (2004a). Nas atividades
propostas temos produções textuais do domínio da Cultura literária ficcional, da
ordem do narrar (história), domínio da documentação e memorização das
ações humanas, da ordem do relatar (diferentes relatos) e o domínio das
instruções e prescrições, da ordem do descrever ações (regras e instruções de
montagem).
Observamos, pois, que os domínios de discussão de problemas sociais
controversos, da ordem do argumentar e o de transmissão de saberes, da
ordem do expor, não foram contemplados nas atividades propostas.
Pressupomos que, para as autoras, tais domínios não são adequados para os
alunos que estão se apropriando do sistema, uma vez que eles não teriam
como desenvolver essas habilidades, já que os gêneros que ali se inserem
parecem exigir construções lingüísticas mais complexas para um perfil de aluno
68
em processo de alfabetização. Nesse nível de ensino a preocupação com o
que a escrita representa (nota) e como ela é representada (grafada) no papel,
já é por si só uma tarefa conceitual bastante complexa.
Retomando a tabela 1, ao analisar as atividades de produção por
unidades, observamos que a distribuição é bastante eqüitativa, variando entre
3 ou 5 produções por unidade. Apenas na unidade 1 os alunos não são
solicitados a produzir textos escritos. Das 11 unidades que sugerem produção,
em 9 delas os alunos produzem histórias, e em 8 os alunos produzem lista.
Assim, embora haja uma concentração dos gêneros história e lista, podemos
observar que tais sugestões de produções são distribuídas eqüitativamente nas
unidades do livro.
Das doze unidades do livro, nove são temáticas e três se misturam com
gêneros ou portadores de textos (unidade 7: Jornais e revistas; unidade 8:
Histórias, e a unidade 11: Música). Dessa forma, a distribuição dos textos por
unidade está vinculada à temática da unidade. Se ela não corresponde a um
gênero/suporte específico, envolve a produção de diferentes gêneros. Por
exemplo, na unidade 2 – Escola – os alunos produzem gêneros diferentes
relacionados à temática escola (uma lista de objetos usados em sala, uma
história sobre um acontecimento interessante vivenciado na escola etc.).
Seguindo essa característica, temos na unidade 3 – Rua – produções textuais
que, em sua maioria, fazem referência à temática em questão (relato escrito do
passeio na rua da escola, escrita de uma lista de lojas de rua que os alunos
conhecem etc.). Na unidade 6 – festas juninas - os alunos produzem lista de
convidados para uma festa junina, regras para confecção de balões e uma
história a partir de palavras que estão relacionadas à temática do São João.
69
Enfim, a maioria das unidades, excetuando-se aquelas cujos temas se
confundem com um gênero específico, segue essa característica (4, 5, 9, 10 e
12). Portanto, a organização do livro didático em unidade temática predispõe
produções de diferentes gêneros vinculados ao tema da unidade.
Nas unidades cujas temáticas se confundem com gêneros/suporte de
textos, observamos uma predominância de produção do gênero em questão.
Por exemplo, na unidade 8 – História – os alunos são solicitados a produzirem
quase que exclusivamente histórias: das quatro produções solicitadas 3 são
histórias e 1 é fala de balão com ilustração da história de chapeuzinho
vermelho. Na unidade 7 – Jornais e revistas – as atividades de produção
envolvem gêneros jornalísticos (manchete, carta de leitor) e um jornal30.
Investigando um pouco mais os gêneros solicitados para produção ao
longo do livro, constatamos que dos 17 gêneros sugeridos para a produção, 11
deles correspondem a gêneros curtos, compostos por palavras, frases ou
períodos curtos, os quais exigem dos alunos uma preocupação maior com o
“notar”. É o caso do gênero lista e do rótulo (solicitação da escrita do nome do
produto).
Como apontado no marco teórico, na aprendizagem do sistema de
notação alfabética, os alunos precisam empreender uma tarefa conceitual
bastante complexa, centrando esforços para compreender o que a escrita
representa e como essa representação é notada no papel em branco
(FERREIRO e TEBEROSKY, 1999; FERREIRO, 1988). Nesse processo, para
entender que a escrita representa pautas sonoras, os alunos precisam
30 A autora propõe a produção de um jornal, mas não especifica o gênero.
70
desenvolver habilidades de análise fonológica (MORAIS e ALBUQUERQUE,
2004).
Pressupomos, então, que a escolha por alguns gêneros textuais para
serem produzidos no livro didático analisado esteja relacionada à natureza
complexa da apropriação do sistema de notação alfabética. Assim, alguns
desses gêneros podem permitir, por parte do aluno, maior engajamento com a
reflexão dos princípios que regem o sistema notacional. Refletindo sobre a
escrita das palavras (lista e rótulo), frases (anúncio e manchete) e períodos
curtos (propaganda), os alunos terão mais facilidade em decidir quais letras
colocar e em que ordem pôr, como as sílabas são compostas no interior das
palavras, qual a direção que essa escrita obedece, quais são as relações entre
a fala e a escrita etc.
Tal fenômeno mostra-nos que esse livro didático tem tentado trabalhar
com os diferentes gêneros que circulam fora do espaço escolar, considerando
o nível de aquisição da escrita dos alunos. No caso em questão, estamos
falando de crianças que ainda estão se apropriando do sistema de escrita
alfabética e que são solicitadas a produzir diferentes textos nas unidades do
livro didático.
As propostas de produção desses diferentes gêneros são o que
investigaremos a seguir, analisando as condições de produção das atividades,
sugeridas e como elas contribuem para a construção da textualidade.
Considerando o quantitativo de atividades de produção de histórias e listas, as
duas seções seguintes discutirão a produção de cada um desses gêneros
respectivamente. Em um terceiro momento, analisamos as atividades de
71
produção de textos que circulam em diferentes esferas da sociedade
(publicitário, jornalístico, etc). Por fim, analisaremos outros gêneros.
3.2 Produção de histórias
3.2.1 As Condições de Produção de história Para análise desses aspectos, utilizamos os critérios presentes na ficha
de avaliação do PNLD/2004 relacionados a esse item - (a) Indicação de
objetivos para a produção; b) Indicação de destinatário(s) para o texto; c)
Indicação do contexto social de circulação do texto; d) indicação de veículo ou
suporte; e) Indicação de gênero/tipo, e f) Indicação de dialeto e/ou registro. Nos
critérios a, b e e fizemos uma subdivisão em indicação para o aluno e indicação
para o professor. Optamos por essa subdivisão, quando no levantamento das
atividades observamos que, algumas vezes, esses critérios eram indicados
diferentemente para professor e para o aluno.
O Quadro 1 apresenta as condições de produção de histórias.
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76
Analisando o quadro 1, identificamos que 6 das 14 atividades (42,8%) de
produção de história envolvem, de alguma forma, gravuras. As demais
atividades (57,2%) estão distribuídas em diferentes estratégias didáticas:
continuar história (2 ocorrências); recontar história (2 ocorrências), sendo uma
coletiva e outra individual (tanto para a continuação, como para o reconto); e
outros (4 ocorrências), que envolve a produção de história a partir de palavras
(1 ocorrência); a produção coletiva de história (inventar a história para a
professora escrever (2 ocorrências) e contar um caso interessante (1
ocorrência). Nesse sentido, observamos que além da expressiva quantidade de
atividades de produção de história, verificamos também diferentes estratégias
didáticas para a produção desse gênero).
Focando os critérios envolvidos nas condições de produção de texto,
verificamos que a explicitação do gênero é feita para o aluno em todas as
atividades de produção (100%). No Manual do professor a indicação do gênero
está presente em quatro atividades (28,5%). Assim podemos inferir que a
preocupação das autoras desse livro reside em definir gênero para o produtor
do texto em potencial.
Destacamos, no entanto, que embora haja delimitação do gênero a ser
produzido, ao observar os comandos dados para a produção verificamos que
alguns deles se relacionam a outros gêneros ou tipos de textos. Como exemplo
temos a atividade da página 74, unidade 4:
77
Escrever o que pode existir por trás da porta parece induzir mais à
produção de uma descrição da cena imaginada do que a uma produção de
história com todos os elementos que a constituem (cenário, situação-problema,
resolução da situação-problema e o desfecho). Um outro exemplo que pode
induzir à produção de um texto descritivo é a atividade a seguir (página 86, da
unidade 4):
78
Solicitar que o aluno escreva “o que está acontecendo em cada cena da
história” pode levá-lo, apenas, a descrever as gravuras tais como elas se
apresentam, sem inserir em seus textos os elementos necessários à
construção de uma história (SPINILLO, 1991; LINS e SILVA, 1994; SILVA,
2001). Observamos, portanto, que as situações de produção de textos que
induzem outros gêneros ou tipos estão, de certa forma, relacionadas às
estratégias de produção que envolvem gravuras. Mais adiante, na análise da
tabela das contribuições para a textualidade, discutiremos um pouco mais
essas atividades.
No que diz respeito à indicação de objetivos para a produção,
observamos um baixo índice de explicitação de objetivos tanto para o aluno
(14,2%), como para o professor (21,4%). Nesse último caso, identificamos uma
atividade (pág.157) em que o objetivo aparece no Manual do Professor,
embora não tenha sido identificada no comando da atividade.
A indicação do destinatário para o texto é feita explicitamente em 10 das
14 atividades propostas (71,4%). Se essa indicação é feita para o aluno,
conseqüentemente o é para o professor. Mas, se levarmos em consideração o
Manual do Professor, observaremos que esse critério só é indicado uma única
vez (7,1%). Apesar do alto índice de indicação desse importante critério para a
produção, registramos que os destinatários dos textos se restringem à sala de
aula (92,8%).
Seguindo essa mesma perspectiva, os contextos de circulação dos
textos produzidos também não extrapolam a comunidade escolar, ficando
restrito ao interior da sala de aula em 13 das 14 atividades propostas (92,8%)33.
33 Salientamos que estamos nos referindo ao contexto de circulação inferido, pois não há
indicação explícita.
79
Salientamos, ainda, que eles, na maioria das vezes, aparecem implícitos nos
comandos.
Em relação aos suportes dos textos escritos, encontramos três que
foram utilizados, cada um, quatro vezes: o livro didático, o caderno e o quadro.
O critério de dialeto e registro não é indicado em nenhuma das
atividades propostas.
Esses dados apontam que as condições de produção do gênero história,
quando são exploradas, estão voltadas para o interior da sala de aula, uma vez
que os alunos produzem para o professor e colegas, em suportes escolares
(caderno, livro e quadro) e suas produções na maioria das vezes não circulam
em outros espaços.
É importante refletirmos sobre o fato de que o gênero “história” é
tradicionalmente escolar. Fora dessa instituição as crianças lêem, ouvem
contos clássicos, lendas, casos, etc. e produzem, no seu cotidiano,
principalmente, de forma oral, relatos do que vivenciam. Na escola, o gênero
“história” vem englobando esses diferentes gêneros narrativos e outros textos,
como descrição de cenas. Assim, o gênero “história”, que os alunos são
solicitados a produzir na escola, envolve vários gêneros. Quanto à indicação de
objetivos para a produção, estes se relacionam com a função social do texto,
que no caso de história, não é única e nem tão explícita.
Para complementar a análise sobre as propostas de produção textual de
história, comentaremos a seguir os critérios referentes à Contribuição para
construção da textualidade pelo aluno e a avaliação dos textos produzidos.
80
3.2.2 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
de história
Utilizamos, para análise das atividades34 no que diz respeito à
Contribuição para a construção da textualidade pelo aluno, os critérios
adotados na ficha de avaliação do PNLD/2004, que se relacionam com os
aspectos necessários para a elaboração de um texto: Contribuição para a
elaboração temática; Contribuição para a construção da forma composicional
do texto; Contribuição para a elaboração de acordo com as convenções da
escrita; Contribuição para as operações exigidas na produção – (a) propostas
de planejamento, b) propostas de revisão de texto, c) propostas de
reelaboração de textos – e Correção dos conceitos mobilizados.
O quadro 2 apresenta os critérios de textualidade presentes nas
diferentes atividades de produção de histórias.
34 Esses critérios foram analisados em todas as atividades de produção do livro.
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87 A análise do quadro 2 nos permite afirmar que entre os critérios
adotados pelo PNLD para a Contribuição para a construção da textualidade
pelo aluno, a Contribuição para a elaboração temática, a Contribuição para a
construção da forma composicional do texto e as propostas de planejamento
são os de maior presença nas propostas de atividades de produção de história.
Das 14 atividades de produção de histórias, em 13 (92,8%) há presença
de contribuição para a elaboração temática. Assim, este é o aspecto mais
presente, e está relacionado a dois fatores: estratégias de produção e
organização do livro em unidades temáticas. Produzir com apoio de gravuras
ou de um texto lido parece contribuir para a elaboração temática. Como já
comentado na seção anterior, no total são seis atividades que envolvem
gravuras. Dessa forma, a própria ilustração sugere o tema sobre o qual o aluno
vai desenvolver o texto, o que pode contribuir para a elaboração temática.
Porém, é interessante ressaltar que em uma atividade (74/3), descrita na seção
anterior, em que o aluno era solicitado a escrever “o que existia por trás da
porta”, a gravura não contribui para a construção temática.
Em relação ao reconto de uma história (2 ocorrências) e continuação e
continuação de história (2 ocorrências), o tema sobre o qual o aluno deve
produzir se encontra veiculado no texto lido, o que facilita na elaboração do
texto. Quanto à organização do livro em unidades temáticas, os textos lidos e
as discussões sobre o tema podem contribuir para a produção do texto, se este
tiver relação com a história. Assim, na unidade escola, a atividade de produzir
“um caso interessante que tenha acontecido na escola” (p. 33) é facilitada por
todas as atividades que a antecederam e que envolveram o tema escola.
88 Analisando a coluna de Contribuição para a construção da forma
composicional do texto, identificamos que em 9 das 14 (64,2%) atividades
propostas de produção de história há indícios de contribuição para a
organização da estrutura textual.
Explorando melhor esse critério, observamos que das cinco atividades
que não contribuíram para a organização da estrutura do texto, quatro
envolvem gravuras. Concluímos, então, que apesar das gravuras ajudarem, de
certa forma, a elaboração temática do texto a ser produzido, o mesmo não
acontece quando se trata da contribuição para a construção da forma
composicional.
Tomemos como exemplo a atividade da página 74/3, apresentada em
seção anterior. Nela a autora sugere ao aluno que ele complete a ilustração
desenhando uma casa para a porta, e em seguida pede para produzir uma
história imaginando o que há por trás da porta. Fazer isso parece não exigir do
aluno a criação de uma cadeia de eventos, uma situação-problema, a
resolução dessa situação-problema e o desfecho, para que ele produza uma
história. Portanto, produzir uma história a partir da gravura de uma porta, não
ajuda o aluno a pensar na estrutura composicional do texto. Somando a essa
questão, o comando dado – “No caderno, escreva como souber, uma história
sobre o que você imagina que exista por trás da porta” -, observamos que ele
sugere uma descrição. Apesar dos alunos terem lido e ouvido histórias em
outras atividades do livro, acreditamos que esses aspectos do contexto
imediato não ajudam na produção do gênero solicitado.
Esse dado parece não se diferenciar substancialmente, quando falamos
em produção que envolve seqüência de gravuras, ao menos nas atividades
89 propostas no livro didático analisado. A da página 86/4 (já ilustrada na página
16, deste trabalho), por exemplo, não ajuda o aluno na inserção de episódios
para a composição textual. Assim como a quantidade (3) e a qualidade das
gravuras podem interferir na organização textual, o comando dado para a
produção - “escrevam o que está acontecendo em cada cena da história
abaixo” (p. 86) - não ajuda o aluno a pensar na organização desse gênero, uma
vez que sugere um texto descritivo. Uma determinada seqüência de gravuras
pode até suscitar uma história, mas quando combinada a outros elementos
presentes na atividade como um todo pode não ajudar o aluno a desenvolver o
gênero solicitado. A atividade a seguir é representativa do que estamos
afirmando (pág.105, unidade 5).
90 Nessa atividade podemos identificar dois aspectos que, em conjunto,
não colaboram para a construção da forma composicional do texto, são eles:
as perguntas feitas a partir das gravuras e o comando dado para a produção. A
seqüência de gravuras, observada isoladamente, parece permitir, de alguma
forma, a construção de uma história. Ao observamos, por exemplo, as figuras
do pássaro e do tatu nos três quadros, percebemos que elas exprimem, de
alguma maneira, situações e “comportamentos” bem diferentes um do outro,
assim como o conjunto dos quadros revela momentos diferentes da caça à
minhoca, podendo resultar, portanto, na elaboração de uma trama.
No entanto, a associação das gravuras aos demais encaminhamentos
dessa atividade não ajuda na composição de uma história. Primeiro, as
perguntas feitas a partir da seqüência de gravuras (sua formulação) induzem
os alunos a respondê-las, sem que para isso se precise pensar na elaboração
de uma trama para a história. Segundo, o comando “escrevam no caderno a
história que os quadrinhos mostram” em conjunto com as perguntas já feitas
contribui para a construção de um texto descritivo.
Já na atividade da pág. 83, observamos que, além da gravura, as
autoras fazem questões que contribuem tanto para a forma composicional,
como para o planejamento do texto a ser escrito. A sugestão de observar a
cena, “imaginando” quem vai chegar e o que vai acontecer, permite, de certa
forma, que o aluno possa elaborar seqüências narrativas – de apresentação de
personagens e um enredo (o que vai acontecer) -, constitutivo do gênero
história. Entretanto, o lugar de produção (físico), que diz respeito a um dos
parâmetros do contexto físico de produção35 em que o aluno irá operar sua
ação verbal, pode limitar a produção do aluno, tendo em vista que ele só terá
91 disponível um espaço de sete linhas para produzir a história. Apesar de
entendermos que os parâmetros do contexto físico são indissociáveis dos
parâmetros do contexto de interação, compreendemos que esse fator pode
interferir no texto do aluno.
Uma outra atividade de composição a partir de gravura que pode
culminar na produção do gênero história é a atividade a seguir (pág.191,
unidade 10):
35 Retomando os conceitos de Bronckart postos no marco teórico (1999)
92
Identificamos nessa atividade que o conjunto – gravura, comando e a
atividade que antecede a de produção escrita propriamente dita – contribui
para a composição do gênero. A atividade de Linguagem Oral em que os
alunos são levados a discutir sobre brincadeiras de faz-de-conta permite que
se possa gerar idéias para a composição do texto (1). Os comandos dados nas
atividades 2 e 3 – “Agora, faça de conta que este cinto tem uma fivela mágica.
Desenhe a fivela mágica” e invente uma história sobre o que acontece quando
você usa o cinto com a fivela mágica – contribuem não só para planejamento
do texto, mas também para sua forma composicional, uma vez que pensar no
que acontece quando se usa o cinto com a fivela mágica induz, de certa forma,
a criar uma situação-problema para o texto a ser produzido. Juntamente com a
gravura, as atividades que antecedem a produção em si formam um conjunto
de estratégias que ajudam o aluno a produzir uma história. Em contrapartida, o
espaço físico cedido para o aluno escrever o texto pode dificultar e interferir na
93 materialização do texto. Ocorre aqui o mesmo fenômeno da atividade da
página 83, que já foi comentada.
Assim, não é toda atividade de produção de história a partir de gravura
que não contribui para a forma composicional do texto (ver LINS e SILVA,
1994). É necessário analisar o conjunto da atividade.
As atividades de recontar a história e as atividades de continuar uma
história (com a sugestão de uma situação-problema), como apresentam
modelos antes da criança produzir o texto, contribuem para a organização da
estrutura textual. Portanto, as estratégias de recontar e continuar uma história
ajudam não só a elaboração temática, mas muito satisfatoriamente na forma
composicional. Nessas estratégias não se exigirá (muito) do aluno a
preocupação com apresentação de personagens, cenário ou até mesmo com a
trama da história, uma vez que ela já está posta no texto lido (livro de
literatura), ou parcialmente presente na história iniciada. Os alunos se deterão,
portanto, na escrita do que ouviram ou leram, ajudados é claro, pelos modelos
aos quais foram expostos.
No que se refere às convenções da escrita, só localizamos uma
atividade de produção de história em que as autoras ressaltam esse aspecto
articulado com a produção textual (191/10). Mesmo assim o fazem no Manual
do professor, como critério avaliativo (seção de avaliação).
Aproveite essa produção para avaliar a escrita das crianças, verificando individualmente o que escreveram e o que queriam escrever; (...) Escreva lembretes nos trabalhos sobre as regras ortográficas e gramaticais que, porventura, tenham deixado de usar (...) (Manual do professor, pág. 58).
Esse dado parece coerente com a proposta do livro que tem como
objetivo a escrita espontânea, pois o relevante para as autoras é a aquisição do
94 sistema de escrita alfabético. Afirmamos isso com base tanto no fato de não
termos assinalado a sistematização desse item (Convenções da escrita) nas
atividades de produção de textos solicitadas, como também nas afirmações
feitas no Manual do professor sobre a “escrita”:
Quanto à escrita: Introduzimos também novas formas de produção de textos, como descrição de uma cena ou a narrativa de uma seqüência em quadrinhos, com o objetivo de auxiliar a escrita espontânea.(...) (Manual do professor, pág.38).
Porém, é importante destacar que há várias atividades relacionadas às
Convenções da escrita, mas que são desvinculadas das atividades de
produção de texto. Assim, as autoras se preocupam, desde o início do ano, em
levar os alunos a produzirem textos diferentes, mesmo que não o escrevam de
forma convencional ou que, para isso, produzem tendo o professor como
escriba.
Das Operações exigidas para a produção, o item planejamento é
computado em 9 das 14 atividades (64,2%), o que representa um índice
bastante significativo na contribuição para a textualidade. Observamos ainda
que o planejamento está presente em situações variadas, ora no próprio
comando da atividade de produção textual, ora nas atividades que antecedem
a produção escrita em si (principalmente na atividade de Linguagem Oral),
como podemos observar no quadro 2.
Um olhar mais detalhado acerca das contribuições para os critérios de
maior presença para a construção da textualidade pelo aluno (elaboração
temática, forma composicional e planejamento) nos revela que essas
contribuições estão presentes nas atividades que antecedem a produção
textual de fato.
95 Quanto às operações de revisão e reelaboração, elas perfazem,
respectivamente, 35,7% e 28,5% de presença do total das atividades
sugeridas. Salientamos, no entanto, que não detectamos nenhum comando
explícito de “revisão textual”, do tipo revise o texto que você escreveu.
Contudo, compreendemos que a leitura do texto depois de escrito (pelo próprio
aluno ou por seus pares), a releitura ou ainda a discussão sobre o texto lido e a
sugestão dada ao aluno de “pensar numa forma de deixar o texto melhor”
(como na atividade da pág. 74/3) não só contribuem para a revisão do texto,
mas, inclusive para a reelaboração do mesmo.
Em relação à correção dos conceitos mobilizados, observamos
problemas conceituais na atividade da pág. 105, da unidade 5, citada
anteriormente (pág. 28). As autoras solicitam que os alunos vejam “a história
em quadrinhos” e em seguida pedem que escrevam “a história que os
quadrinhos mostram”. Observamos, então, dois conceitos envolvidos para uma
mesma produção: História em quadrinhos e história. Em primeiro lugar,
sabemos que a seqüência de gravuras apresentada não se constitui no gênero
“história em quadrinhos”. Do mesmo modo, os quadrinhos não mostram uma
história. Na realidade, o aluno precisa desenvolver uma história a partir das
gravuras (ou dos quadros). Dessa maneira, no comando temos informações
que conduzem à sistematização do conceito de história e de história em
quadrinhos de forma equivocada.
Em relação aos critérios de avaliação dos textos produzidos, estes estão
presentes no Manual do Professor, quando se trata de avaliar, a partir da
atividade de produção de texto, a evolução da escrita dos alunos, como pode
ser observado no seguinte extrato:
96 “(...) observe o desenvolvimento da escrita individual através de”: Lição 1 – atividade 4 (...) Lição 10 – atividade 2 (pág. 74/3) (manual do professor, pág. 37).
Explorando o Manual do professor, observamos que nas unidades de 1
a 6, as autoras indicam quais são as atividades que servem de instrumento
para a análise e avaliação. Nas demais, 7 a 12, todas as atividades de escrita
espontânea podem servir para a avaliação da escrita do aluno:
Nesta unidade [8], há uma série de atividade de produção de textos, a partir das quais você pode avaliar a escrita de seus alunos (manual do professor pág. 54). Todas as atividades de escrita espontânea desta unidade [10] continuam a ser valiosos instrumentos de análise e avaliação do desenvolvimento de seus alunos (manual do professor, pág. 59). Ao final desta unidade [11], proponha uma escrita livre sobre um tema de interesse das crianças e observe como desenvolveram a seqüência lógica, a estruturação das frases e se aprenderam as regras ortográficas apresentadas nas duas últimas unidades (...).
Assim, as autoras relacionam a produção de textos com a apropriação
do sistema de escrita, uma vez que as produções dos alunos podem servir de
instrumento de avaliação do nível de escrita (hipótese) em que a criança se
encontra em relação à psicogênese. Paralelamente, observa-se que há uma
preocupação, também, no desenvolvimento da habilidade de produção de
textos que requer mais do que saber escrever/notar. No entanto, elas não
sugerem que o professor avalie o texto do aluno na perspectiva das condições
de produção e da textualidade.
A seguir examinaremos as condições de produção de listas, o segundo
gênero mais presente nesse livro.
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3.3.1 As condições de produção de listas
O quadro 3 apresenta as atividades de listas, segundo as condições de
produção.
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102
Observando o quadro 3, das condições de produção do gênero lista,
identificamos que, na coluna de explicitação do gênero, a autora indica o
gênero para o aluno nas dez atividades de lista propostas (100%). Logo,
implicitamente, a indicação também é feita para o professor. Mas, apesar de
haver presença de delimitação do gênero em todas as atividades propostas, o
livro não desenvolve um trabalho com os demais fatores que estão ligados ao
conceito de gênero: usos e funções sociais do texto escrito, perfil do
destinatário, o contexto de circulação e o suporte36. Estes, quando são citados,
como podemos observar no quadro 3, se restringem ao contexto escolar. É
interessante ver o porquê desse trabalho não ser realizado de forma que
contemple os demais fatores relacionados ao gênero.
Na indicação de objetivo para a produção para o aluno, por exemplo,
constatamos que quando os objetivos são indicados (em cinco atividades),
80% deles são escolares (em quatro atividades). Então, os alunos são
solicitados a escrever para sistematizar conhecimentos sobre algum conteúdo,
tipos de lojas (1), aprender a ordem alfabética (2) e sistematizar os vários
sentidos de uma palavra (1).
Detectamos que na coluna de indicação de objetivo para o professor, na
atividade da página 224, da unidade 12 (última atividade de produção de lista),
o objetivo posto para o professor (no MP) é diferente daquele colocado para o
aluno. As autoras indicam como objetivo da atividade a troca de
correspondências para o desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita
(objetivo escolar); já no comando, aparece um objetivo social (se comunicar
36 Estamos nos referindo à produção de lista.
103
com os colegas)37. Nessa atividade, podemos dizer que as autoras articulam a
concepção de escrita como prática social com a aprendizagem escolar do
gênero e do sistema de escrita.
De 10 atividades propostas, apenas duas fugiram de objetivos
eminentemente escolares: a atividade da página 119/6 e a da página 224/12,
recém comentada.
Na atividade da página 119 da unidade 6, apresentada a seguir,
verificamos uma tentativa de aproximação da situação de uso do gênero lista
na sociedade, a partir da sugestão de produção de uma lista de convidados:
Como podemos observar há, no comando dado, a criação de uma
situação imaginária em que o gênero lista é revestido de sua função social.
Afirmar que “quando preparamos uma festa, precisamos fazer uma lista de
convidados” parece indicar que a lista de convidados tem como finalidade
37 Esse fato justifica o motivo pelo qual optamos em subdividir alguns critérios das condições de
produção em: para o aluno e para o professor.
104
contribuir para a organização da festa, o que de fato concorre para o modo
como utilizamos lista fora do contexto escolar. A partir da lista de convidados
contabilizamos a quantidade de bebidas, comidas, mesas e cadeiras que
precisamos usar na festa. Ainda podemos usar esse tipo de lista para o
controle de entrada de pessoas no recinto da festa. Assim, para a primeira
finalidade a lista não precisa ser necessariamente em ordem alfabética. Já para
a segunda, a ordem alfabética agilizaria a identificação das pessoas. Ou seja,
mudando a finalidade da lista, modifica-se, também, sua organização textual.
Contudo, observando a continuidade da atividade acima, percebemos
que as autoras não conseguem fazer articulação entre o ensino da ordem
alfabética e sua relação com o gênero. Dito de outra forma, não explorou o
para que se ordena alfabeticamente uma lista de convidados. Concluímos
então que, apesar das autoras tentarem articular a atividade de produção
textual com situações reais de produção de textos, os objetivos escolares
relacionados à aprendizagem de conteúdos específicos (no caso, a ordem
alfabética) se sobressaem e terminam por descontextualizar a atividade.
Observa-se, então, uma dificuldade encontrada pelos autores dos livros
didáticos na transposição dos conteúdos de produção de textos fora da escola
para o interior dela.
Já na atividade da página 224, unidade 12, apresentada a seguir
(atividade 3), o gênero lista é usado com finalidades do contexto social de
produção, uma vez que os alunos são solicitados a fazer uma lista de
endereços para que eles possam consultar quando quiserem se comunicar
com os colegas durante as férias. Essa é a única atividade de lista que é de
fato uma situação de uso real da escrita. Mesmo que o suporte tenha sido o
105
caderno escolar, a finalidade não mudou, uma vez que os alunos poderão
consultá-lo para estabelecer contato com os amigos.
Como as atividades de produção giram em torno de objetivos escolares,
os destinatários são quase sempre os colegas de sala e o professor (80%); em
10% não há indicação e nos outros 10% são destinatários imaginários. Embora
as atividades tenham circulado no âmbito escolar, pensamos que as autoras
poderiam ter aproveitado a atividade da página 119, da unidade 6 (analisada
anteriormente), por exemplo, para explorar os diferentes destinatários da lista
de convidados. Mesmo que ficassem só nas possibilidades, a atividade de
refletir sobre os possíveis leitores de um gênero textual já é um trabalho que
envolve os demais fatores relacionados ao conceito de gênero (destinatários,
objetivos da produção, esfera de circulação etc). Nessa atividade, por exemplo,
temos diferentes destinatários: i) o dono da festa e os organizadores (do
buffet), quando a lista serve para contabilizar alguns itens da festa e ii) os
funcionários que ficam responsáveis pela entrada dos convidados no recinto.
Nesse segundo caso, a lista de convidados em ordem alfabética facilitaria o
trabalho. Portanto, temos, inclusive, organizações textuais diferentes para as
diferentes finalidades em que o texto é escrito (como já dito).
106
Salientamos que não estamos negando a função da escola, mas, que é
possível e necessário relacionar o ensino do gênero à prática social da escrita.
Tanto é verdade que as autoras já acenam para essa perspectiva.
Na realidade, o que se observa na maioria das atividades de produção
de lista (nesse livro didático) é que esse gênero é produzido para sistematizar
conhecimentos, desde aqueles relacionados ao sistema de escrita alfabético,
uma vez que os alunos são levados a refletir sobre a escrita das palavras, até
os de ordem semântica, como foi a escrita de lista dos vários sentidos da
palavra perder (217/12).
Se observarmos mais detalhadamente, perceberemos que a maioria das
atividades de produção de listas corresponde à escrita de palavras a partir de
alguma questão, como pode ser observado na atividade da página 137, da
unidade 7 (atividade 4 dessa página).
Se transformarmos o comando dado numa questão, podemos dizer que
as autoras perguntam aos alunos quais os alimentos que eles gostam de
107
comer e eles devem escrever as palavras no caderno. Isso acontece em 80%
das atividades (excetuando-se apenas as das páginas 119, unidade 6 e 224 da
unidade 12). Nessas atividades, a reflexão sobre a escrita da palavra – quais
letras pôr e em que ordem – parece que está em primeiro plano. As finalidades
e seus devidos interlocutores cumprem um papel elementar nesse tipo de
atividade.
Portanto, compreendemos que o texto a ser produzido não é
necessariamente uma lista, pelo menos no contexto em que esse gênero é
produzido na sociedade. Fora da escola produzimos listas de compras, lista de
convidados, lista de freqüência (caderneta escolar, lista telefônica etc). Nessa
perspectiva, as listas possuem organizações específicas, finalidades e
destinatários específicos. A seguir, temos o exemplo de uma lista de
compras38:
108
Podemos observar, então, que não necessariamente a lista precisa ser
em ordem alfabética; o que é determinante nesse tipo de lista é sua
organização por classe de produtos. Aqui, a finalidade principal é o apoio à
memória. Vale destacar, porém, que nem sempre essa é a finalidade do gênero
lista. Vimos anteriormente que a lista de convidados pode ter diferentes
objetivos e, portanto, diferentes organizações textuais.
As afirmações que fizemos concorrem para a concepção bakhtiana de
gênero presente nesse trabalho e, portanto, como ele surge na sociedade. As
listas que citamos são listas do contexto histórico atual que se prestam a
determinadas atividades e finalidades e que surgem (ou surgiram) para atender
determinadas condições sócio-históricas de produção.
Teberosky (2002) coloca que as listas surgiram na Mesopotâmia por
conta do aumento e da concentração de riqueza, uma vez que era preciso
inventariar suas entradas e saídas. Assim, as primeiras listas são de escrita
cuneiforme, que era um inventário de salários e remessas. O gênero
objetivava, então, o controle da riqueza do povo Mesopotâmico. No contexto
mais contemporâneo, esse controle de entrada e saída de remessas ganhou o
formato de um “Livro de registro de entrada e saída”, que circula (circulava) no
setor de contabilidade de algumas empresas. Os gêneros sofrem, portanto,
transformações para atender às condições sócio-históricas de produção.
Parece, então, que uma atividade importante para a criança se
alfabetizar, que é a escrita de palavras, precisa estar relacionada a um gênero,
uma vez que os discursos oficial e acadêmico dos últimos anos preconizam a
necessidade de se alfabetizar com textos, como havíamos falado na introdução
38 Essa é uma lista de compras produzida numa situação real de uso: uma pessoa fez a lista
para que a secretária pudesse fazer a feira semanal.
109
desse trabalho. E essa “ditadura dos textos” 39 parece modificar os gêneros no
contexto do livro didático. É o que acontece em 8 das 10 produções de listas
propostas no livro didático analisado. Nele, solicita-se que as crianças
escrevam palavras de alguma natureza (objetos usados na escola, animais
etc), o que constitui em atividade importante para quem está se alfabetizando.
No entanto, é preciso transformar essa atividade em produção de texto, e um
gênero parece se adequar a esse contexto: a lista. Assim a escrita de palavras
parece está se transformando em escrita de listas. Esta atividade de escrita de
palavras não corresponde às listas que se produzem na sociedade e talvez, por
isso, os aspectos que dizem respeito à organização textual não estejam
presentes em relação a listas que extrapolam o contexto escolar, o que será
discutido a seguir.
Em concordância com a perspectiva escolar do ensino dos gêneros, o
contexto de circulação, o veículo e o suporte ficam restritos ao âmbito da sala
de aula. Assim, o contexto de circulação é a sala de aula em 9 das 10
atividades propostas (90%) e, mesmo assim, estão implícitos. Completando
esse perfil, o livro didático e o caderno são os suportes textuais de todas as
atividades propostas (100%), inclusive, para a produção de lista de endereços
que circulará fora do contexto escolar.
Em relação ao dialeto e registro não computamos nenhuma ocorrência
nas propostas de produção de texto.
Para completar um pouco mais essa investigação, analisaremos, a
seguir, a textualidade e avaliação.
39 Termo utilizado por Artur Morais.
110
3.3.2 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
de listas
O quadro 4 apresenta alguns aspectos das atividades de produção que
se caracterizam (ou não) como contribuições para a construção da textualidade
pelo aluno para o gênero lista e a avaliação dos textos produzidos.
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115
A análise do quadro 4 evidencia que a contribuição temática continua
sendo um dos critérios mais recorrente no livro didático. Verificamos que em
100% das atividades de produções de lista (a qual o livro se propõe) há um
trabalho em torno do tema que deverá ser produzido o texto. Nessas
atividades, a contribuição para a elaboração temática ora está ligada à própria
organização da unidade (que é temática), ora aos textos e atividades que
antecedem a produção, ou seja, se solicita que as crianças escrevam listas
relacionadas à temática da unidade ou a algum texto lido. A exemplo, temos a
atividade seguinte (pág.187, unidade 10):
Como podemos constatar, a produção escrita nessa atividade está
relacionada diretamente à temática da unidade: BRINCADEIRAS.
Já a próxima atividade relaciona-se com o texto lido anteriormente40
(pág. 217, unidade 1):
40 O nome do texto é “A menina que vivia perdendo”, de Ana Maria Machado, retirado da
revista Recreio. São Paulo: Abril, [s.d].
116
Podemos dizer, então, que a contribuição temática nem sempre se
encerra na atividade de produção em si; ela pode aparecer tanto nas atividades
que vêm antes da produção, como nas que vêm depois. Sendo assim, as
análises em relação à produção de textos nos livros didáticos devem ser
realizadas levando em consideração todas as atividades do livro, uma vez que
as contribuições para a construção da textualidade pelo aluno, em muitos
casos, foram identificadas fora dos comandos dados para a produção textual.
Esse movimento não é diferente em relação à contribuição para a forma
composicional do texto.
Na coluna que informa acerca da contribuição para a forma
composicional do texto, observamos que em 90% das atividades há
contribuições que ajudam o aluno a organizar textualmente as listas que as
autoras sugerem. Assim como a contribuição temática, as colaborações para a
estrutura do texto aparecem fora dos comandos dados para a produção. No
caso das listas, as contribuições vêm dos modelos textuais oferecidos (lidos e
117
produzidos) ao longo do livro (nas páginas 32, 39, 42 e 50). As atividades da
página 42, da unidade 2, são ilustrativas do que estamos afirmando:
A primeira atividade da página solicita que os alunos liguem as palavras
organizadas em lista a seus objetos correspondentes. Assim, ela se constitui
em leitura de palavras de um mesmo campo semântico (objetos do estojo
escolar). Observamos que a disposição espacial das palavras, além de se
relacionar com o gênero lista, facilita a realização da atividade em si – ligar as
palavras aos respectivos desenhos. Analisando os outros comandos dessa
mesma atividade, concluímos que as autoras queriam realizar reflexões sobre
a escrita das palavras, chamado a atenção para o tamanho delas, letras que
possuem, etc. Assim, essa é uma atividade de leitura relacionada à
aprendizagem do sistema de escrita.
118
Analisando a atividade seguinte à anterior, observamos que as autoras
sugerem a produção de uma lista de objetos usados na escola, o que não é tão
diferente da atividade anterior (objetos da sala), uma vez que se trata do
mesmo gênero e temática. Entendemos, pois, que os alunos poderão se
influenciar pelo texto anterior e produzirem uma lista com uma organização
textual parecida com aquela (uma palavra abaixo da outra). Compreendemos
ainda que a finalidade da produção desse gênero parece ser a escrita de
palavras para a aprendizagem da aquisição da escrita, assim como na
atividade anterior. Assim, o que as autoras estão chamando de lista
corresponde à escrita de palavras relacionadas a uma temática específica.
Já na única produção de lista, que é de fato uma situação de uso da
escrita (a lista de endereços), não conseguimos identificar uma contribuição
para sua forma composicional, haja vista que as outras listas lidas e produzidas
se diferenciam dessa última. Somando-se a esse fator, observamos que o
comando dado se limita a propor uma lista com o nome e endereços dos
colegas, sem que discuta sua organização textual - quais os componentes do
endereço -, se é em ordem alfabética, como utilizamos esses endereços para
mandar correspondência, etc. Assim, nem os modelos já lidos e produzidos,
nem o comando dado para essa atividade ajudam na composição do gênero.
Tais contribuições deverão ser encaminhadas a partir das intervenções feitas
pelo professor, se assim ele decidir (atividade já apresentada neste trabalho).
Enfim, para escrever lista de palavras - uma abaixo da outra -
detectamos que em 80% das atividades há contribuição para a forma
composicional, tendo em vista que veiculam no livro vários desses exemplos.
Mas, na situação de uso real desse gênero - lista de endereços - não
119
conseguimos identificar na atividade de produção de texto ou nas que a
antecedem uma ajuda para a organização textual do gênero solicitado.
Continuando nossa exploração das contribuições para a textualidade
pelo aluno, observamos que o critério relativo às convenções da escrita não foi
identificado explicitamente em nenhuma atividade de produção de lista, uma
vez que não verificamos questionamentos a esse respeito relacionados com a
produção textual em si. Dizemos que não localizamos explicitamente, porque
entendemos que ao produzir essas listas de palavras os alunos que estão se
apropriando do sistema de escrita alfabético irão refletir sobre alguns aspectos
do sistema.
Das operações exigidas para a produção, as propostas de planejamento
permanecem com alto índice de ocorrência (80%). Esse critério, algumas
vezes, é desenvolvido no próprio comando da atividade (3), ou nas atividades e
textos lidos anteriormente (5). Nas demais operações (revisão e reelaboração),
é interessante observar que as propostas de revisão de texto tiveram um
aumento considerável saindo de 35,7% (nas produções de história) para 50%
de presença nas atividades de lista. Esse dado parece estar, também,
relacionado à apropriação do sistema de escrita, uma vez que a leitura é uma
das exigências para o aluno refletir sobre as palavras escritas e suas
propriedades, tornando sua escrita objeto de reflexão. Na leitura do gênero
lista, o aluno pode se deter na análise das palavras, refletindo sobre sua
composição - que letras e/ou sílabas possuem -, pensar em palavras que
começam e terminam com o mesmo som, etc.
É bom esclarecer que entendemos como propostas de revisão a leitura
do texto escrito, a comparação com as listas de outros pares e a reescrita do
120
texto em ordem alfabética. Alertamos para o fato de que não computamos em
nenhuma das atividades de produção de lista, um comando do tipo “revise o
texto que escreveu”, mas que as atividades acima elencadas propiciam algum
tipo de revisão textual. No que diz respeito à reelaboração, só conseguimos
observar uma única atividade (10%) que propicia esse tipo de operação
(atividade da pág. 104, já exposta anteriormente).
No tocante aos critérios de correção dos conceitos mobilizados não
computamos nenhum aspecto que pudesse induzir os alunos a erros
conceituais.
O critério de avaliação dos textos produzidos é indicado indiretamente,
no livro didático, em apenas uma atividade (10%). Na realidade, esse critério é
comentado e proposto no Manual do professor na atividade 119, da unidade 6,
(atividade analisada na página 42 desse trabalho). A partir da próxima seção os
gêneros estarão agrupados por esferas de circulação.
3. 4 As produções textuais das diferentes es feras de circulação
3.4.1 As condições de produção do s gêneros publicitários
Os gêneros publicitários solicitados para a produção foram: aviso,
propaganda e anúncio.
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123
A análise do quadro 5 evidencia que apesar das atividades sugerirem
produções de gêneros que circulam fora da escola, isso não significa,
necessariamente, que a escolha desse gênero incida diretamente sobre os
demais componentes que estão no entorno do conceito de gênero. Dito de
outra forma: produzir um gênero, via livro didático, não significa definir para
esse gênero interlocutores, objetivos, esfera e suporte, que lhes são próprios.
A leitura do quadro ratifica o que estamos afirmando. Podemos
constatar, então, que o gênero é explicitado em todas as atividades desse
bloco (100%). Entretanto, os objetivos para a produção, ora são indicados com
características que são próprias do contexto social – avisar algo importante,
convencer as pessoas a comprarem algum produto – ora não são indicados.
Assim como os demais critérios – destinatário, contexto de circulação e veículo
- são, todos eles, relacionados à sala de aula (100% das atividades).
Tais afirmações e constatações não nos autorizam a afirmar que os
alunos não se apropriarão dos gêneros, como eles se apresentam na
sociedade. Pelo contrário, as atividades desse bloco são bem elaboradas e
levam o aluno a refletir sobre o gênero e suas características. A exemplo,
temos a atividade da página 64, da unidade 3.
124
A análise dessa atividade permite-nos afirmar que no processo de
escolarização dos gêneros publicitários, os alunos são solicitados a
experimentar situações imaginárias de produção textual em que os gêneros se
aproximam de seu uso real. Nessa atividade, as autoras levam os alunos a
vivenciarem diferentes papéis, tanto de leitor em potencial do texto, quando de
produtor. Isso fica claro no primeiro enunciado da atividade: “Se você fosse o
dono de uma loja de brinquedos, o que escreveria num cartaz para vender
mais brinquedos”. Esse enunciado permite que as crianças desenvolvam tanto
o papel de comprador do objeto, quanto o de persuador do objeto a ser
vendido. E esse deve (ou deveria!) ser o movimento normal da pessoa que
escreve: se deslocar para o papel do outro, ou seja, pensar nos seus possíveis
leitores. Pois, como bem afirmou Bakhtin (2000), ӎ sob uma maior ou menor
influência do destinatário e da sua presumida resposta que o locutor seleciona
todos os recursos lingüísticos de que necessita” (p. 326).
Além de promover esse movimento, as autoras ainda acenam para a
preocupação com o registro sugerindo que o aluno explicite o que pensou para
inventar a propaganda e por que eles acham que ela difere de um aviso,
levando-os a refletir sobre que tipos de registros utilizamos numa propaganda e
num aviso.
Enfim, essa atividade é um bom exemplo para a pergunta que Miranda
(2000, p. 81-82) fazia em seu estudo:
(...) em que medida a escola pode conciliar a atividade de interação com a língua escrita, de forma mais significativa possível, e também assumir o seu papel pedagógico, de certa forma, artificial, de propiciar o aprendizado sistemático da língua.
125
3.4.2 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
dos gêneros publicitários
A seguir apresentaremos o quadro 6, que trata das contribuições para a
textualidade e avaliação dos gêneros publicitários.
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Nesse quadro, observamos que há contribuição para elaboração
temática nas atividades que sugerem produção de propaganda. Já nas outras
duas situações – produção do aviso e do anúncio – a questão temática está
ausente. Relacionamos essa ausência ao contexto de produção, pois a
temática dependerá das necessidades que poderão surgir na sala de aula e
que, portanto, estão ligadas aos interlocutores (colegas da sala).
O trabalho em relação ao critério de contribuição para a forma
composicional é bem desenvolvido nos gêneros publicitários (100%). As
autoras oferecem modelos, exploram esses modelos em atividades que
precedem a atividade de produção textual, discutindo sobre semelhanças e
diferenças, discutem bem as características desses textos em todas as
atividades que são propostas (aviso, anúncio e propaganda).
Essas discussões não estão, necessariamente, nos comandos das
atividades de produção de texto, mas nas seqüências de atividades que as
precedem. Por isso não podemos analisar uma atividade de produção de texto
no livro didático, observando, apenas, os comandos dados para a produção, o
que já foi colocado anteriormente.
No nosso entender, investigar apenas o comando de produção limitaria a
análise do conjunto de critérios envolvidos na produção de textos escritos
propostos no PNLD. As sugestões dos textos publicitários são um exemplo do
que estamos argumentando, uma vez que as autoras propõem uma série de
seqüências didáticas para a exploração desses gêneros.
Destacamos ainda que as discussões acerca das características dos
gêneros tanto ajudam na organização textual, como no planejamento do texto
escrito, que nesse bloco está presente em 100% das atividades. Sendo assim,
129
podemos afirmar que a exploração do critério de contribuição para a forma
composicional do texto incide diretamente na operação de planejamento do
texto. É o que a análise desse livro tem confirmado.
Continuando a investigação, observamos que as demais operações
exigidas para a produção – revisão e reelaboração – são independentes da
operação de planejamento. Ou seja, o fato de computarmos a presença desta
operação não incidiu nas demais, pois só identificamos estratégias de revisão e
reelaboração em uma atividade (64/3). Na verdade, essas operações incidem
diretamente na avaliação dos textos produzidos, uma vez que quando
revisamos um texto ou reelaboramos esse texto há, mesmo que indiretamente,
uma avaliação ou auto-avaliação do texto que foi produzido (observar o quadro
6).
Não computamos aspectos que induzam a erros conceituais e nem
exploração quanto às convenções da escrita relacionadas à atividade de
produção textual. Observamos que nas atividades propostas, os alunos
poderão aprender sobre o gênero e sobre os conceitos que estão em seu
entorno, embora esses textos tenham ficado restritos ao contexto escolar,
tendo como suporte o livro didático.
3.4.3 As condições de produção do s textos epistolares
No quadro a seguir discutiremos a respeito das condições de produções
de textos epistolares (Quadro 7).
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Os gêneros epistolares solicitados para a produção foram carta e bilhete.
Investigando as informações contidas no quadro 7, constatamos que as
atividades de produção dos gêneros epistolares trazem a explicitação do
gênero em seus comandos, como também a indicação de objetivos para a
produção e destinatários, mesmo que esses sejam imaginários.
Em relação ao contexto de circulação, em duas atividades ele se
restringe ao ambiente escolar, e nelas os alunos devem escrever também num
material escolar: o caderno. Na terceira atividade – de produção de carta para
um parente - embora não haja explicitação de suporte da escrita, imagina-se
que o texto deve ser escrito em uma folha específica e que irá circular fora do
espaço escolar, embora em um primeiro momento, circule nele, uma vez que o
professor vai ser o primeiro leitor.
A atividade da página 147, da unidade 7, sugere que os alunos
escrevam uma carta que vai circular especificamente na sala de aula. Mas no
comando, as autoras fazem uma discussão a respeito das condições de
produção de uma carta:
133
Então, apesar dos critérios de produção da carta não serem legítimos, uma vez
que os alunos não vão escrever para um interlocutor real com um objetivo real,
a estratégia de discutir sobre as características desse gênero a partir da leitura
de uma carta e da discussão oral sobre suas condições de produção faz com
que, de alguma forma, os alunos possam se apropriar dos conceitos
necessários à produção desse gênero.
3.4.4 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
de textos epistolares
A seguir, faremos algumas considerações acerca das contribuições para
a textualidade nas atividades de produção de textos epistolares (QUADRO 8)
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136
Observando o quadro 8, verificamos que nas três atividades há
indicação do conteúdo da carta. Nas duas primeiras atividades, a temática está
presente no texto lido com base no qual os alunos devem escrever seus textos
(eles vão responder a uma carta e um bilhete). Já na última atividade, a
temática é sugerida no comando. Entretanto, é importante destacar que a
contribuição para a elaboração temática irá depender da finalidade da carta ou
do bilhete a ser produzido.
Quanto à forma composicional, observamos que esse item foi explorado
nas três atividades, seja a partir de um modelo dado, seja a partir da indicação
das características do gênero no comando da atividade. A exploração com
base nos modelos oferecidos contribui não só para a compreensão da forma
composicional, como também para o planejamento da escrita, critérios
presentes em 100% das atividades e que estão relacionados, assim como em
outras atividades já discutidas, às atividades precedentes à atividade de
produção de texto em si.
Em relação aos critérios de revisão e reelaboração, sabemos pelas
informações do quadro 8 que esses continuam sendo pouco explorados no
livro analisado, pois as crianças quase não são levadas a revisar ou a
reelaborar o texto escrito. Na realidade, apesar de encontrarmos revisão na
leitura do escrito em uma das atividades aqui sugeridas (147/7 ver quadro 8),
observamos que nas produções do gênero lista essa operação estava mais
presente (em torno de 50%). Pressupomos que esse fato tem relação com o
nível da escrita, alunos que estão se apropriando do sistema de escrita
alfabético. Assim, revisar e reelaborar algumas palavras parece ser uma tarefa
137
menos complexa do que revisar outros gêneros solicitados para a produção
nesse livro didático.
É interessante apontar como é reincidente a relação, no livro didático
analisado, entre a revisão/reelaboração e os critérios de avaliação. Aqui, a
revisão pode, também, suscitar uma auto-avaliação. Salientamos, porém, que
os critérios de avaliação continuam sendo sugeridos no Manual do professor
em todas as unidades, mas visando a evolução da escrita da criança e não a
apropriação do gênero em si.
3.4.5 As condições de produção do s gêneros jornalísticos
O quadro 9 a seguir traz os aspectos relativos às condições de produção
do gênero manchete e do suporte textual jornal.
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139
Explorando o quadro 9 observamos que as autoras, nessas atividades,
conseguiram desenvolver um trabalho em torno do conceito de gênero, pois, ao
analisarmos os comandos percebemos que elas não só explicitaram o
gênero/suporte do texto a ser produzido nas duas atividades propostas, como
também colocaram objetivos para a produção. Somando-se a esses aspectos,
a reflexão posta nesses comandos - Imagine que esta foto ilustra uma notícia
da primeira página de um jornal. Qual seria a manchete dessa notícia? (em
relação à manchete); Escolham um nome para o jornal e discutam; que
assuntos terá o jornal? Como ele será ilustrado? Que tipos de letras serão
usadas? (em relação ao jornalzinho) - leva os alunos a pensar sobre as
características do gênero a ser produzido.
A produção da manchete, por exemplo, é precedida de atividades que
exploram o jornal, pois os alunos devem:
1. Folhear o jornal que trazem de casa;
2. Localizar nome do jornal, preço e data.
3. Discutir sobre a notícia mais importante da primeira página e
responder a pergunta:
• Qual é a notícia mais importante da primeira página do jornal? Como
você descobriu? ......................................
Por fim, as autoras apontam a seguinte informação: O título da primeira
página chama-se manchete.
Portanto, há toda uma seqüência de atividades que precedem a
produção da manchete. Os alunos são solicitados a escrever sobre algo que foi
explorado anteriormente. É interessante observar que essas atividades
parecem estar relacionadas com o perfil dos usuários desse livro, que são
140
alunos que estão se apropriando do sistema de escrita. Assim eles têm de
responder a questões que exigem reconhecimento de características
discursivas do jornal (Qual é a notícia mais importante da primeira página do
jornal? Como você descobriu?), mas que, em contrapartida, quanto à escrita do
gênero solicitado, eles podem se deter mais tranqüilamente com o notar.
Quanto à produção do jornal, essa também é precedida de várias
atividades que se refletem sobre as características de diferentes gêneros
presentes no jornal (notícia, anúncio etc.):
1. Produção de manchete (pág. 130);
2. Leitura e discussão do gênero notícia (pág. 132);
3. Leitura, discussão e produção de anúncio (pág. 135);
4. Leitura de tira (pág. 137).
Embora haja todas essas atividades que elencamos, a produção do
jornalzinho parece-nos mais complexa, pois são muitas demandas cognitivas
acionadas para serem desenvolvidas por alunos alfabetizandos. Inclusive, o
comando da atividade sugere que cada grupo se encarregue de uma parte do
jornal, que pode envolver a produção de diferentes gêneros. Pressupomos
assim que o desenvolvimento dessa atividade dependerá do professor.
Salientamos, porém, que mesmo que os alunos não consigam fazer o
jornalzinho (desses que circulam no interior da escola), eles podem, através
dessa atividade, refletir sobre as seções de um jornal, uma vez que o comando
dado para a produção permite fazer essa reflexão.
Todo esse trabalho é realizado articulando os textos escritos
socialmente e a aprendizagem dos gêneros na escola. Por isso, os
destinatários, os suportes e o contexto de circulação dos textos estão voltados
141
para o interior da escola nas duas atividades sugeridas. Assim, no processo de
escolarização desses gêneros para a sala de aula, observou-se que as
atividades de produção buscaram se aproximar do real no que diz respeito às
finalidades, mas se restringiram ao contexto escolar.
3.4.6 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
dos gêneros jornalísticos
A seguir, no quadro 10, teceremos alguns comentários a respeito da
textualidade e avaliação nesses gêneros.
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A observação do quadro 10 revela o quanto a questão das
características dos gêneros solicitados para a produção é relevante no livro
analisado. Ao investigarmos a coluna referente à forma composicional do texto,
por exemplo, verificamos que são as seqüências de atividades que antecedem
a atividade de produção textual que norteiam a discussão da forma
composicional do texto nas duas atividades propostas.
Essa característica l das atividades de produção também é revelada nos
comandos dados para a produção, que, na realidade, com seus
questionamentos sugerem o planejamento do texto a partir de uma reflexão
acerca da organização textual do gênero. É fato, então, que os critérios de
contribuição para a forma composicional do texto e o planejamento estão
estreitamente relacionados. Um olhar nos quadros de contribuições para a
textualidade pelo aluno declara a afirmação feita.
A ausência dos critérios de revisão e reelaboração parece indicar, de
certa forma, que o texto depois de escrito não é retomado. Nessas atividades,
não há sequer indicação da leitura do que foi escrito para os colegas de sala.
Apenas no Manual do professor eles são indicados para avaliar a evolução da
escrita pelo aluno.
3.4.7 As condições de produção do s gêneros instrucionais
Dando continuidade à análise das propostas de produção de textos,
abordaremos a seguir, no quadro 11, as condições de produção desses
gêneros.
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145
Os gêneros solicitados para a produção foram instruções de montagem
e regras de jogo (para a brincadeira queimada). Nessas situações, o professor
é o escriba dos alunos.
Investigando um pouco mais o quadro 11, observamos que, quando o
gênero (instruções) tem relação direta com o domínio social de comunicação41,
dificulta, de certa forma, a explicitação do gênero no comando da atividade. Por
exemplo, na atividade da pág. 125, unidade 6, em que a professora não
conseguiu explicitar o gênero - instrução de montagem - coincide com o
domínio das instruções e prescrições.
Apesar das atividades de produção se reportarem a gêneros produzidos
na esfera social, esses foram adaptados para o contexto escolar; por isso, os
objetivos para a produção estarem entre o limiar das finalidades reais e
escolares - redigir instruções para confeccionar um balão e sistematizar as
regras do jogo queimada. Temos, então, a aprendizagem escolar do gênero
associada, de certa forma, à prática social da escrita, indicado, nesse bloco
pela escolha do gênero e pelo objetivo para a produção.
Os demais critérios - destinatários, suporte e contexto de circulação -
são, exclusivamente, voltados para o interior da sala de aula nas duas
atividades propostas. Dialeto e/ou registro continua sendo um critério ausente
nas propostas que já foram analisadas até aqui. Essa ausência parece se
relacionar com o nível de ensino da alfabetização. Será que a preocupação
com o dialeto é realmente pertinente para os alunos em fase de alfabetização?
A análise desse livro didático indica que não é o momento de levar em
41 Retomando a classificação feita por Schneuwly e Dolz (2004).
146
consideração já que as crianças ainda estão se apropriando do sistema de
escrita alfabético.
3.4.8 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
de gêneros instrucionais
A seguir teceremos considerações a respeito das contribuições para a
textualidade e avaliação (quadro 12).
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A leitura desse quadro aponta um dado novo em relação ao que temos
observado nas outras produções - publicitários e jornalísticos. A ausência de
contribuição para a forma composicional dos gêneros instrucionais não incidiu
diretamente na operação de planejamento, tendo em vista que apesar de não
haver contribuições que ajudassem os alunos a pensar na organização textual,
as atividades de linguagem oral, ajudadas pelo comando das atividades,
colaboraram para o planejamento do texto escrito.
O item de contribuição temática continua sendo computado nas
atividades do Novo Letra Viva. Na produção desses gêneros, as contribuições
partem de atividades orais, ora precedidas da atividade de produção textual,
ora postas no próprio comando da atividade. Assim, dialogar sobre o que se
quer escrever pode ajudar na composição temática do texto.
É interessante observar que a produção desses gêneros é oral, tendo o
professor como escriba, diferindo assim de outros gêneros – manchete, bilhete,
listas, anúncios, aviso – em que os alunos são solicitados a escrever. Esse
dado confirma o argumento que tínhamos feito anteriormente, que nesse livro
didático, os alunos são solicitados a produzir (escrever) textos curtos, exceto
história. Portanto, as autoras promovem uma articulação entre a apropriação
do sistema de escrita com atividades de produção textual que levam em
consideração o nível de aquisição da escrita.
As operações de revisão e reelaboração continuam ausentes,
coincidindo com o critério de avaliação dos textos produzidos.
149
3.5 As condições de produção de outros gêneros
A seguir, no quadro 13, as condições de produção de diferentes gêneros
que não conseguimos encaixar nos outros agrupamentos. Os gêneros
solicitados para a produção são “fala de balão” (2), capa de livro (1), relatos (3),
conversa/diálogo (1), poema (versos) (1) e rótulos (1).
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153
O quadro 13 aponta alguns dados diferentes daqueles que foram
apresentados até o momento, mas coincidindo um com a análise dos gêneros
instrucionais. O primeiro deles é quanto à explicitação do gênero. Se em
relação aos demais gêneros organizados por esfera ou não (como história e
lista) tínhamos computado em torno de 90 e 100% de explicitação do gênero,
nesse bloco de atividades essa percentagem baixou para 44,4%. Em termos
percentuais é uma mudança bastante significativa e confirma a hipótese
anterior que havíamos levantado que os gêneros mais escolares parecem
difíceis de serem explicitados nos comandos das atividades no livro didático.
Uma investigação mais detalhada permite-nos confirmar que essa
ausência de explicitação tem relação direta com o gênero a ser produzido.
Verificamos, pois, que os gêneros mais relacionados à escola - relatos de
experiência (3), diálogo (1) e fala de balões (1) – não foram explicitados nos
comandos das atividades. Somamos a esse pressuposto, um outro: quanto
mais predominar o tipo no gênero, menos esse gênero é explicitado nos
comandos. Nesse bloco, temos como exemplo o diálogo dos personagens nos
balões (157/8).
Essa questão se reflete, também, no objetivo indicado para a produção,
pois nas quatro produções (44,4%) em que não foram indicados objetivos para
a produção, todos eles tinham como predominância um tipo textual –
balões/diálogo nos balões (2), diálogo (1) e versos (1). E os demais objetivos
estão relacionados à sistematização de atividades na escola (atividades 55/3 e
201/11) ou à aprendizagem escolar do gênero (capa de livro - 48/2 e rótulos -
93/4).
154
Os outros critérios das condições de produções desse grupo de gêneros
foram pouco explicitados, portanto, acompanharam o decréscimo dos critérios
já citados. Assim, os destinatários que antes eram voltados a pessoas da
comunidade escolar, nessas propostas de atividades são apontados em
apenas duas atividades (22,2%). O contexto em que circularão esses textos
não são explicitados em quaisquer atividades, embora saibamos que é a sala
de aula. Conseqüentemente, o suporte continua sendo o livro didático, sendo
citado em 3 atividades (33,3%).
A total ausência de indicação de dialeto e registro nas atividades
propostas desse livro suscita um olhar mais minucioso em relação a esse
critério. Pesquisas em outros livros e a sua real possibilidade de ser discutido
desde a alfabetização precisam ser realizadas.
3.5.1 Construção da textualidade e avaliação nas atividades de produção
de outros gêneros
No próximo quadro (14), comentaremos a respeito dos critérios para a
construção da textualidade pelo aluno e avaliação dessas produções.
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158
Ao investigar o quadro 14, observamos que dos critérios colocados para
a Construção da textualidade pelo aluno, a elaboração temática e o
planejamento são os únicos que são explorados em quase todas as propostas
de produção, havendo, respectivamente, presença desses critérios em 88,8% e
100% das atividades.
Compreendemos, então, que a questão do gênero (o fato de serem mais
escolares) e da predominância do tipo no gênero textual (verso e diálogo), que
havíamos comentado na seção anterior (nas condições de produção), não
afetam nem a elaboração temática, nem a operação de planejamento, uma vez
que eles são explorados (e presentes) nas atividades de produção solicitadas
(ver quadro 14).
Observamos ainda que as contribuições para esses dois critérios, ora
estão nas atividades que antecedem a produção textual, ora no próprio
comando da atividade. Na operação de planejamento, por exemplo, 66,6% das
colaborações para planejar o texto estão no comando da atividade e 33,3%
estão nas atividades que antecedem a produção de textos. A exemplo, temos a
produção do gênero capa de livro (48/2):
159
Observando o conjunto de atividades da pág. 48, identificamos que a
atividade que precede a de produção textual (atividade 7) faz uma exploração
do gênero que deverá ser produzido na atividade seguinte (os alunos são
solicitados a observarem e lerem informações contidas em algumas capas de
livros). Portanto, as atividades que estão em torno da atividade de produção
textual contribuem para a elaboração do texto.
Sabemos que a produção da capa do livro exige dos alunos a escrita de
algumas palavras, e por isso está relacionado às especificidades de pessoas
que estão em aquisição do sistema alfabético de escrita. Como havíamos
apontado, essa parece ser uma preocupação das autoras do Novo Letra Viva.
Como já dito, outro elemento que ajuda na elaboração do texto é o
comando da própria atividade. O comando pode contribuir para o planejamento
do texto, quando a partir dele é possível gerar idéias para o texto a ser escrito,
como no exemplo (observar a atividade 201/11 – no quadro):
“Você já assistiu a um show de músicas? Como foi? Que cantores participaram? Escreva, em seu caderno, do que você mais gostou num show a que assistiu ao vivo ou pela televisão”.
Se a escolha do gênero e a predominância do tipo no gênero não
afetaram os critérios acima comentados, eles tiveram reflexo no item
Contribuição para a forma composicional do texto. Ao cruzar as informações
das colunas de explicitação do gênero e da Forma composicional, identificamos
uma semelhança entre as duas: nas atividades em que os gêneros não foram
explicitados (os gêneros mais escolares), também não foi possível computar
contribuições que ajudassem o aluno a pensar na organização do texto.
160
Outros critérios parecem estar relacionados. Como já afirmado, parece
que, de fato, o critério de avaliação está relacionado às operações de revisão e
reelaboração, uma vez que ele também está ausente em 8 atividades das 9
propostas, assim como a revisão e a reelaboração.
A avaliação do gênero produzido foi indicada, apenas, no Manual do
Professor e para a atividade da página 55, da unidade 3, visando o
desenvolvimento da aquisição da escrita. Salientamos, porém, que o item de
avaliação é discutido em seção específica no Manual do professor. Entretanto,
a discussão abrange as atividades como um todo.
Enfim, para entender como as propostas de produção de textos escritos
no livro didático estão contemplando esse eixo de Língua portuguesa, faz-se
necessário analisar todas as atividades do livro, pois observamos que alguns
dos critérios propostos pelo PNLD - condições de produção e, mais
especificamente, a Contribuição para a construção da textualidade – não
estavam presentes em atividades de produção de textos em si, mas em
atividades que as antecediam. Essa estratégia parece-nos importante se não
quisermos tirar conclusões parciais ou equivocadas a respeito das atividades
de produção de textos escritos no livro didático.
161
Considerações Finais
162
Concluindo este trabalho, podemos dizer em linhas gerais que a
abordagem metodológica referente ao eixo de produção de textos escritos no
Novo Letra Viva promove um tipo de escolarização que atende à concepção
enunciativa da linguagem que está subjacente nos critérios presentes na ficha
de avaliação do PNLD 2004. Mais ainda, consegue articular as atividades de
produção textual aos processos envolvidos na alfabetização.
Nesse sentido, ao mesmo tempo em que os alunos são solicitados a
produzirem diferentes gêneros escritos, as especificidades relativas à
apropriação do sistema de escrita alfabético são também levadas em
consideração, pois na construção das propostas de atividades de produção de
textos, os seguintes aspectos foram levados em consideração:
1. Presença de gêneros diferentes, envolvendo tanto textos curtos
quanto outros mais longos. No primeiro caso, no geral os alunos são
solicitados a escreverem sozinhos; no segundo, algumas vezes, o
professor aparece como escriba;
2. Preocupação das autoras de que o professor avalie, através das
produções das crianças, o nível de escrita em que elas se encontram;
3. Há gêneros que possuem, em sua constituição, seqüências tipológicas
- a descrição, a narração e a injunção – que, lingüisticamente, se
apresentam mais fáceis do que os expositivos e argumentativos.
163
4. Apesar das autoras contemplarem situações de produção textual
envolvendo diferentes gêneros e tipos, tanto longos quanto curtos, não
há uma preocupação com a questão da progressão. Por exemplo, a
produção de listas aparece ao longo de todo o livro e com
concentração maior na última unidade. Já em relação às histórias, elas
foram produzidas em maior quantidade na primeira parte do livro (até a
6ª unidade). Como podemos observar, as autoras não solicitaram que
os alunos produzissem textos mais fáceis no início do ano e, à medida
que avançassem na apropriação do sistema de escrita, fossem
solicitados a produzir, sozinhos, textos mais longos e complexos.
As atividades de produção de textos escritos se apresentam
basicamente em quatro blocos: produção de histórias, produção de listas,
produção de gêneros das diferentes esferas de circulação e outros gêneros.
Em relação ao gênero história, observa-se que ele parece substituir o
gênero “redação escolar”. Em muitas situações, por exemplo, o contexto de
produção é tipicamente escolar, não havendo situações similares fora da
escola, como é o caso da produção a partir de gravuras. Nós lemos, em nosso
cotidiano, livros com textos não verbais, histórias em quadrinhos, mas não
produzimos textos a partir de gravuras como nas situações tradicionalmente
escolares e também propostas pelas autoras. Nesse caso, a realização de uma
atividade com intenção comunicativa fica em segundo plano ou mesmo
negada, pois o principal objetivo da produção é o aprendizado da escrita, o que
não deixa de ser importante para esse nível de ensino.
164
Ainda em relação à produção de histórias, observamos que os objetivos
para a produção do texto não foram explicitados. Das 14 situações de
produção de histórias, em apenas dois momentos houve definição dos
objetivos: contar uma história divertida (escrever para divertir alguém) e
escrever um livro para presentear uma pessoa querida. Nesse último caso,
podemos perceber que o objetivo se confunde com o destinatário, o que sugere
que as próprias características do gênero história dificultam a definição de
objetivos para a produção que ultrapassem a aprendizagem do gênero e/ou da
escrita.
No que diz respeito à produção de listas, observa-se que essas
produções, em sua grande maioria, substituem o trabalho de escrita de
palavras. Assim, os alunos poderão refletir sobre a composição das palavras
(fazer escolha de letras e composição das sílabas, por exemplo) não se
preocupando com os aspectos discursivos. No entanto, observamos que as
finalidades e os interlocutores ocupam um papel elementar na produção
desses gêneros, uma vez que das dez atividades presentes no livro, em
apenas duas as autoras propuseram produção de listas que se assemelhavam
a uma prática social. Assim, a ênfase na produção desse “gênero” parece ser
uma forma de transformar as atividades de escrita de palavras, essenciais para
a apropriação do sistema, em produção de textos.
Em relação à produção dos gêneros que circulam nas diferentes esferas
– anúncio, manchete, propaganda, etc. - observamos que, apesar das
produções serem destinadas a interlocutores da sala de aula e circularem no
interior da escola, elas promovem a reflexão sobre as características dos
gêneros e sobre seus contextos sociais de produção. Os modelos oferecidos
165
pelas autoras e as seqüências de atividades propostas possibilitaram reflexões
sobre os aspectos relacionados ao conteúdo temático e à organização textual
do gênero. Um outro fato interessante é que as propostas de planejamento
estiveram presentes nas atividades envolvendo a produção desses gêneros e
envolveram uma reflexão sobre o conteúdo dos textos, suas organizações, etc.
Assim, a escolha desses gêneros (aviso, anúncio, manchete,
propaganda, capa de livro) para as atividades de produção, por outro lado,
ajuda o aluno que está em processo inicial da aquisição da leitura e escrita a
escrever de forma autônoma, uma vez que se trata de textos curtos e de fácil
registro. Dessa maneira, ele pode refletir sobre aspectos do sistema e sobre os
aspectos discursivos dos diferentes gêneros.
Em relação à presença dos critérios adotados pelo PNLD, observamos:
• Quanto à tipologia: as crianças são levadas a produzir diferentes gêneros e
tipos textuais.
• Quanto às condições de produção, a explicitação do gênero foi o critério
mais presente entre os avaliados. Percebemos também que os critérios
relacionados a esse eixo estiveram mais presentes nos gêneros que, de
certa forma, possuíam uma função pragmática. Talvez por isso as
atividades de produção dos gêneros mais próximos do contexto escolar (as
histórias e as listas) tenham envolvido com menor freqüência a explicitação
dos objetivos para a produção. Em relação aos demais critérios –
destinatário, contexto de circulação e veículo/suporte - quando indicados se
restringiram ao interior da escola, o que mostra os limites da escolarização
das práticas sociais de produção de textos.
166
No que diz respeito aos critérios para a construção da textualidade,
constatamos que a contribuição para a elaboração temática, a forma
composicional e o planejamento são aspectos sempre presentes, e que
aparecem, muitas vezes, em atividades que antecedem a produção textual em
si, fato que demonstra que a atividade de produção de textos escritos não se
encerra no comando da atividade propriamente dita.
Em relação à pouca presença de sugestão de revisão textual,
entendemos que este fato pode estar relacionado ou ao nível de ensino
(alfabetização) ou a uma concepção de texto como produto acabado. Para
chegarmos a uma conclusão, precisaríamos analisar esse aspecto em livros de
séries mais avançadas. Consideramos, no entanto, que para alunos que estão
se alfabetizando, esse processo poderia levá-los a refletir tanto sobre os
aspectos discursivos, quanto sobre os notacionais.
Parece que, em relação à produção de textos, os aspectos relacionados
com a contribuição da textualidade, no geral, são mais fáceis de serem
escolarizados do que a definição das condições de produção, uma vez que
foram melhor contemplados no livro analisado.
Em relação às condições de produção, com exceção da definição do
gênero a ser produzido, os outros aspectos se restringiram, na maioria das
situações, ao contexto escolar. Assim, não é fácil para os autores dos livros e,
conseqüentemente, para os professores organizarem atividades envolvendo
uma situação real de comunicação que extrapole esse espaço, ou pelo menos
fazer isso de forma mais recorrente. Uma das possibilidades de romper com a
artificialidade da produção e se pensar em interlocutores diferentes é a criação
167
de uma situação imaginária, o que foi explorado pelas autoras em alguns
momentos.
Ainda sobre o critério de Contribuição para a construção da textualidade,
as autoras propuseram, em diversos momentos, uma reflexão sobre as
características do texto a ser produzido, muitas vezes a partir da leitura de um
texto-modelo, e isto, de certa forma, fazia com que os alunos refletissem
também sobre os usos e funções do texto em questão.
Enfim, consideramos que as autoras, ao promoverem atividades de
produção de gêneros diferentes, ainda que alguns tenham sido utilizados uma
única vez, se preocuparam em possibilitar que os alunos que estão se
alfabetizando tivessem contato com diferentes situações de produção escrita, o
que contempla um trabalho na perspectiva do letramento.
Esse estudo, no entanto, restringiu-se à análise de um único livro
didático e se apoiou nos critérios presentes na ficha de avaliação do PNLD-
2004. É importante que investigações futuras analisem a produção de textos
escritos em outros livros de alfabetização, avaliados com diferentes menções, e
que envolvam também outros níveis de ensino. Da mesma forma, faz-se
necessário analisar as estratégias de uso que os docentes fazem das
atividades de produção presentes e como elas se relacionam ou se distanciam
das propostas das autoras e das orientações didáticas presentes no manual do
professor.
168
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