ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM UNIDADES DE ENSINO ... · 4.2.1 Calor ... Mapa conceitual construído...
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ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM UNIDADES DE ENSINO
POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVAS
Sérgio Henrique de Oliveira Bezerra
Orientadora:
Profa. Dra. Maria Lúcia de Moraes Costa
Co-orientadora:
Profa. Dra. Maria da Conceição Gemaque de Matos
Belém/PA
Setembro de 2016
ii
ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM UNIDADES DE ENSINO
POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVAS
Sérgio Henrique de Oliveira Bezerra
Orientadora:
Profa. Dra. Maria Lúcia de Moraes Costa
Co-orientadora:
Profa. Dra. Maria da Conceição Gemaque de Matos
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Ensino de Física, da Universidade
Federal do Pará, no Curso de Mestrado Nacional
Profissional de Ensino de Física (MNPEF – Polo 37),
como parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Mestre em Ensino de Física.
Aprovada por:
___________________________________________
Profa. Dra. Maria Lúcia de Moraes Costa – Orientadora
(MNPEF/UFPA)
___________________________________________
Profa. Dra. Silvana Perez – Membro Interno
(MNPEF/UFPA)
___________________________________________
Prof. Dr. Nelson Studart Filho – Membro Externo
(UFABC)
Belém/PA
Setembro de 2016
iv
“Queremos buscar a verdade, não importa aonde ela
nos leve. Mas para encontrá-la, precisaremos tanto de
imaginação quanto de ceticismo. Não teremos medo
de fazer especulações, mas teremos o cuidado de
distinguir a especulação do fato.”
Carl Sagan
vii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente aos meus pais, Regina Bezerra e Sebastião Bezerra, que foram, e são,
os pontos fortes nos quais sempre pude me apoiar, e que desde cedo me incentivaram à
dedicação pelos estudos.
À minha esposa, Fernanda Wariss Bezerra, que sempre esteve ao meu lado, me
ajudando a manter o foco e dando o apoio necessário durante toda a trajetória deste trabalho.
Às minhas irmãs, Reghiane Bezerra e Renata Bezerra, pela confiança e incentivo que
sempre se fizeram presentes em suas palavras.
À minha orientadora Profa. Dra. Maria Lúcia de Moraes Costa e à minha co-
orientadora Profa. Dra. Maria da Conceição Gemaque de Matos, que durante todo o processo
de produção deste trabalho deram valiosas contribuições, sem as quais este não seria possível.
Aos meus alunos, que desde o primeiro momento se mostraram receptivos e
estimulados com as atividades desenvolvidas.
Aos colegas de turma, que durante todo o período de curso, se mostraram prontos a
fazer o que estivesse ao alcance para ajudar.
Aos professores do programa, que sempre foram solícitos e ajudaram com
contribuições, dentro e fora do âmbito de suas disciplinas.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pelo
apoio financeiro por meio de bolsa de estudo, que tornou possível a execução deste trabalho.
viii
RESUMO
ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM UNIDADES DE ENSINO
POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVAS
Sérgio Henrique de Oliveira Bezerra
Orientadora:
Profa. Dra. Maria Lúcia de Moraes Costa
Co-orientadora:
Profa. Dra. Maria da Conceição Gemaque de Matos
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal
do Pará no Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Física (MNPEF – Polo 37), como
parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.
A preocupação em melhor compreender a sala de aula se reflete no grande número de
trabalhos que apresentam como objetivo a análise de práticas pedagógicas já existentes, assim
como a proposição de novas abordagens. Na presente pesquisa, desenvolvida em uma escola
pública estadual da região metropolitana de Belém/PA, tratamos de analisar como atividades
experimentais podem influenciar a eficácia de sequências didáticas, no contexto do Ensino de
Física. Para entender de maneira satisfatória os processos que ocorrem com os estudantes
durante uma situação de ensino e aprendizagem, usamos a Teoria da Aprendizagem
Significativa, uma vez que esta abordagem tem a capacidade de identificar regularidades no
processo mental de aquisição de informações, e fazer a análise de como esse processo ocorre.
Outro aspecto por nós considerado foram as interações entre professor e estudantes ou entre
estudantes, ocorridas durante as atividades em sala de aula. Isto porque, a partir do
entendimento dessas interações, foi possível compreender como o conhecimento se construiu
socialmente, numa dimensão mais abrangente e para além do indivíduo, numa perspectiva
coletiva. Nosso objetivo foi verificar quais impactos, as atividades experimentais, poderiam
representar durante a execução de uma Unidade de Ensino Potencialmente Significativa
(UEPS). Para tanto, utilizamos como instrumentos de coleta e construção de dados, a
confecção de mapas conceituais, a produção de textos a partir de perguntas abertas e a
anotação de informações em diários de bordo, pois tais instrumentos apresentam
características que se harmonizam com as teorias que dão suporte para esta pesquisa.
Palavras Chave: Atividades Experimentais, Unidades de Ensino Potencialmente
Significativas, Ensino de Física.
ix
ABSTRACT
EXPERIMENTAL ACTIVITIES IN POTENTIALLY MEANINGFUL
TEACHING UNITS
Sérgio Henrique de Oliveira Bezerra
Supervisor:
Profa. Dra. Maria Lúcia de Moraes Costa
Co-supervisor:
Profa. Dra. Maria da Conceição Gemaque de Matos
Abstract of master’s thesis submitted to Programa de Pós-Graduação of Universidade Federal
do Pará in the Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF – Polo 37), in
partial fulfillment of the requirements for the degree Mestre em Ensino de Física.
The concern of better understanding the classroom is reflected in the large number of works
that have as objective analyzing pedagogical practices that already exist, as well as proposing
new approaches. In this research, carried out in a public school in the metropolitan region of
Belém / PA, experimental activities were analyzed as an influence of effectiveness of didactic
sequences in the context of Physical Teaching. In order to understand satisfactorily the
processes that occur with students during a teaching and learning situation, the Theory of
Meaningful Learning was applied, since this approach has the ability to identify regularities in
the mental process of acquiring informations and making analysis of how this process occurs.
Another aspect considered was the interactions between teacher and students or among
students occurred during the activities in the classroom. This is because, from the
understanding of these interactions, it was possible to understand how knowledge is
constructed socially, in a broader dimension and beyond the individual, in a collective
perspective. This work aimed to determine what impacts, experimental activities, could
represent for the implementation of a Potentially Meaningful Teaching Unit (PMTU).
Therefore, preparation of conceptual maps, the production of texts from open questions and
annotation of information in logbooks were used as instruments of collects and construction
of data, as these instruments have characteristics that harmonize with the theories that provide
support for this research.
Keywords: Experimental Activities, Potentially Meaningful Teaching Unit, Physics Teaching.
x
Sumário
Introdução..................................................................................................................................1
Capítulo 1: A Herança de Distintas Comunidades Científicas ............................................4
Capítulo 2: Em Busca de Elementos para Compreender a Sala de Aula ...........................8
2.1 Processos Cognitivos e a Aquisição de Conhecimento pelos Estudantes .....................10
2.2 As Interações Entre os Sujeitos em Sala de Aula ..........................................................16
2.3 Utilização de Sequências Didáticas em Sala de Aula ...................................................20
2.4 Atividades de Laboratório no Ensino de Física .............................................................23
Capítulo 3: Questões Metodológicas para o Desenvolvimento da Pesquisa .....................27
3.1 O Problema de Pesquisa ................................................................................................27
3.2 Objetivos .......................................................................................................................27
3.2. 1 Objetivo Geral ......................................................................................................27
3.2. 2 Objetivos Específicos ...........................................................................................27
3.3 Caracterização do Ambiente Investigado ......................................................................28
3.3.1 A Escola .................................................................................................................28
3.3.2 O grupo de Estudantes ...........................................................................................29
3.3.3 O Laboratório Multidisciplinar de Ciências ..........................................................29
3.4 Abordagem Temática ....................................................................................................31
3.5 Instrumentos de Coleta de Dados ..................................................................................33
3.5.1 Os Mapas Conceituais ...........................................................................................33
3.5.2 A Produção de Textos ............................................................................................35
3.5.3 Suporte de Diários de Bordo .................................................................................36
3.6 Técnicas Usadas para a Análise dos Dados ...................................................................37
3.6.1 Análise dos Mapas Conceituais .............................................................................37
3.6.2 Análise Textual Discursiva ....................................................................................39
Capítulo 4: A Unidade de Ensino Potencialmente Significativa ........................................43
4.1 A Temática Trabalhada .................................................................................................43
4.1.1 Por Que Física Térmica? .......................................................................................43
4.1.2 Por Que Física do Clima? ......................................................................................44
xi
4.2 Conceitos Físicos Abordados na UEPS .........................................................................45
4.2.1 Calor ......................................................................................................................45
4.2.2 Princípio da Conservação da Energia ....................................................................46
4.2.3 Capacidade Térmica ..............................................................................................47
4.2.4 Calor Específico e Quantidade de Calor Sensível .................................................47
4.2.5 Quantidade de Calor Latente .................................................................................47
4.2.6 Relação entre Temperatura e Pressão ....................................................................48
4.3 Conceitos Associados à Física do Clima Abordados na UEPS .....................................49
4.3.1 Umidade Relativa do Ar ........................................................................................46
4.3.2 Pressão Atmosférica ..............................................................................................49
4.3.3 Índice Pluviométrico ..............................................................................................50
4.3.4 Velocidade e Direção do Vento .............................................................................50
4.3.5 Conforto Térmico ..................................................................................................50
4.4 O Planejamento da Sequência Didática .........................................................................52
4.4.1 A Unidade de Ensino Potencialmente Significativa Desenvolvida .......................52
Capítulo 5: A Análise da Sequência Didática ......................................................................59
5.1 A Situação Inicial ..........................................................................................................59
5.2 Experimentos Sobre Processos de Propagação de Calor ...............................................65
5.3 O Experimento sobre Capacidade Térmica e Calor Específico ....................................69
5.4 A Construção dos Aparelhos de uma Estação Meteorológica ......................................73
5.5 Os Mapas Conceituais e a Conclusão da UEPS ............................................................78
Capítulo 6: Conclusões e Perspectivas .................................................................................84
Referências ..............................................................................................................................89
Anexos .....................................................................................................................................93
Apêndice A ............................................................................................................................102
xii
Lista de Figuras
Figura 3.1: Laboratório Multidisciplinar de Ciências ..............................................................30
Figura 3.2: Laboratório Multidisciplinar de Ciências ..............................................................30
Figura 3.3: Mapa conceitual construído por um estudante ......................................................34
Figura 4.1: Representação esquemática da transferência de calor entre dois corpos ...............46
Figura 4.2: Diagrama de fases da água, onde T é o ponto tríplice ...........................................48
Figura 4.3: Diagrama do conforto térmico para Humanos ......................................................51
Figura 4.4: Balão cheio apenas com ar ....................................................................................54
Figura 4.5: Balão cheio com ar e água .....................................................................................54
Figura 4.6: Termômetros próximos à lâmpada incandescente .................................................54
Figura 4.7: Leite sendo depositado no fundo do béquer com água ..........................................55
Figura 4.8: Béquer sendo aquecido pela chama da vela ..........................................................55
Figura 4.9: Aparato montado para o estudo da relação entre temperatura e pressão ...............57
Figura 5.1: Estudantes fazendo anotações após a execução do experimento ..........................65
Figura 5.2: Realização do experimento com balão (bexiga), água e vela ................................67
Figura 5.3: Realização do experimento com calorímetros de baixo custo ...............................69
Figura 5.4: Materiais usados para a construção dos calorímetros de baixo custo ...................71
Figura 5.5: Parte dos aparelhos de monitoramento climático construído pelas equipes ..........74
Figura 5.6: Termômetros construídos com materiais alternativos ...........................................76
Figura 5.7: Equipe apresentando os resultados finais de seu trabalho .....................................77
Figura 5.8: Mapa conceitual construído pelo estudante E24T1 ...............................................79
Figura 5.9: Mapa conceitual construído pelo estudante E24T2 ...............................................80
Figura 5.10: Mapa conceitual construído pelo estudante E6T2 ...............................................81
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 5.1: Categorias referentes à situação inicial .................................................................61
Tabela 5.2: Categorias referentes aos mapas conceituais ........................................................79
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
1
Introdução
O aumento da produção de trabalhos na área de ensino de física pode ser relacionado
ao crescimento do número de pesquisadores que se dedicam, entre outras coisas, a estudar a
dinâmica da sala de aula e as abordagens metodológicas que ali podem ser empregadas. Isto
tem levado a um volume crescente de publicações (livros, periódicos impressos e digitais) nas
áreas voltadas à Educação e ao Ensino. (Comissão Pesquisa em Ensino de Física – PEF).
Este esforço em compreender a sala de aula também pode ser percebido no número
de trabalhos que se apresentam com o objetivo de analisar práticas pedagógicas já existentes,
assim como a proposição de novas abordagens partindo de releituras e apoiadas em novas
teorias. Isto nos indica a tendência de um novo olhar para a sala de aula que pode ser expresso
em trabalhos como Delizoicov e Angotti (1992), Carvalho (1998), Tomazello et al. (2000),
Moraes et al. (2004), dentre outros.
Dentre as teorias que ganharam destaque na segunda metade do século XX e que só
mais recentemente tem sido trabalhada de maneira mais intensa no contesto do ensino,
sobretudo no Brasil, podemos citar a teoria da Aprendizagem Significativa (MOREIRA,
2014). Esta teoria busca descrever como ocorrem os processos de assimilação e retenção
significativa de determinados conhecimentos pela estrutura cognitiva dos indivíduos
(AUSUBEL, 2003).
Como as análises feitas por esta teoria estão relacionadas à estrutura interna e
individual do aprendiz, em situações que se pretende analisar grupos de pessoas – como uma
sala de aula –, é interessante utilizarmos, de forma auxiliar, elementos teóricos que nos
permitam observar como as interações sociais interferem em situações de ensino e
aprendizagem. Igualmente importante é a diversificação de abordagens metodológicas
empregadas durante as aulas, já que a teoria da Aprendizagem Significativa nos mostra que o
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
2
campo cognitivo de cada indivíduo é único e o uso de diferentes formas de trabalho
potencializa atingirmos um número maior de estudantes (MOREIRA, 2014).
Neste contexto, o trabalho aqui desenvolvido busca relacionar elementos desta teoria
a uma metodologia há muito utilizada, e muitas vezes superestimada nas aulas de ciências,
que vem a ser a Experimentação na sala de aula.
Sendo assim, o capítulo 1 desta dissertação intitulado, A Herança de Distintas
Comunidades Científicas, será destinado à apresentação da minha trajetória docente. Nele
buscarei descrever de forma breve os principais momentos da minha formação inicial durante
a graduação em física, assim como irei expor os primeiros passos, já como profissional, que
possibilitaram a tomada de decisão referente à escolha da temática desenvolvida durante a
execução deste trabalho.
No capítulo 2 que tem como título, Em Busca de Elementos para Compreender a
Sala de Aula, farei a discussão dos fundamentos teóricos que serviram como suporte deste
trabalho. Serão apresentados os principais conceitos da teoria da Aprendizagem Significativa
de David Ausubel, pilar teórico central desta pesquisa, buscando relacioná-los ao contexto em
que serão empregados nos capítulos subsequentes. Alguns elementos da abordagem sócio-
histórica de Lev S. Vigotski também serão apresentados e discutidos, uma vez que tais
conceitos desempenharam um papel auxiliar na análise dos dados.
Como este trabalho foi desenvolvido durante a aplicação de uma sequência didática,
ainda no capítulo 2 irei abordar as características principais desta metodologia, apresentando
de maneira mais detalhada as chamadas sequências didáticas conhecidas como Unidade de
Ensino Potencialmente Significativas – UEPS. Como estas sequências foram por mim
utilizadas num contexto de ensino e aprendizagem em que se privilegiou a inserção de
atividades experimentais, serão discutidas as diferentes formas em que podemos a
experimentação em ambientes escolares.
Posteriormente, já no capítulo 3 que tem como título, Questões Metodológicas para
o Desenvolvimento da Pesquisa, são apresentados os objetivos (geral e específicos) deste
trabalho, assim como o problema de pesquisa que se buscou investigar. Outros elementos de
natureza metodológica também se encontram neste capítulo, como informações acerca do
ambiente investigado; apresentação dos instrumentos utilizados para coleta de dados e; as
técnicas usadas para a análise dos dados.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
3
No capítulo seguinte, A Unidade de Ensino Potencialmente Significativa, busquei
justificar o motivo de se utilizar as UEPS, mais especificamente, os motivos que levaram à
escolha do tema (Física Térmica) usado ao longo da sequência de ensino. Foram abordados de
maneira sucinta os principais conceitos sobre Física Térmica e Física do Clima discutidos
com os estudantes durante todo o desenvolvimento da sequência, e por fim, apresentada de
maneira detalhada, aula a aula, a UEPS implementada, explicitando os objetivos de cada
atividade desenvolvida.
No capítulo 5, A Análise da Sequência Didática, que teve como propósito apresentar
à análise dos materiais coletados ao longo de todo o processo, foram utilizadas as ferramentas
de análise descritas no capítulo 3 para que, partindo dos materiais produzidos e coletados
junto aos estudantes, fosse possível o exame da sequência didática de conjunto.
Posteriormente, no último capítulo, foram feitas as conclusões do trabalho e
apontadas algumas perspectivas futuras que podem ser desenvolvidas partindo do que aqui foi
apresentado.
É importante destacar que, como este trabalho é uma produção desenvolvida durante
um curso de mestrado profissional, após o texto regular da dissertação, se encontra um
apêndice que trás o produto educacional produzido a partir das atividades desenvolvidas. Tal
produto consiste em um texto de apoio para professores da educação básica, mais
especificamente àqueles que trabalham com a disciplina Física no ensino médio, que busca
dar orientações de como desenvolverem em suas aulas atividades semelhantes a aqui
apresentada. Este texto de apoio, chamado Atividades Experimentais em Sequências Didáticas
de Física, apresenta algumas discussões de caráter teórico, mas principalmente orientações
práticas, com rico acervo de roteiros experimentais e outras informações para os professores,
que os ajudarão a planejar e executar seus próprios experimentos durantes as aulas.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
4
Capítulo 1
A Herança de Distintas Comunidades Científicas
Para compreender os possíveis acertos, erros e tomadas de decisão ocorridas no
percurso da elaboração/execução do presente trabalho, acredito ser conveniente apresentar
alguns elementos de caráter histórico-contextuais que remontam meus primeiros passos dados
na carreira acadêmica, e que também caracterizo como responsáveis pela minha leitura de
mundo, concepção de Ciência e que, consequentemente, permeia todo o meu fazer científico,
assim como constitui minha identidade enquanto professor de Física.
Ao ingressar em 2000 na Universidade Federal do Pará (UFPA), no curso de
Bacharelado em Física, cheguei nesta instituição com a expectativa de que o referido curso
daria as respostas que desde o início da adolescência perseguia, fruto do meu interesse pelas
Ciências, que desde as últimas séries do ensino fundamental, ganharam a minha predileção no
tocante às disciplinas escolares. As dúvidas consistiam basicamente de pequenas curiosidades
acerca do mecanismo de funcionamento de fenômenos da natureza, que foram geradas neste
que considero um dos momentos mais frutíferos e importantes de minha vida escolar.
Em pouco tempo de curso já começava a perceber que, não só a maioria de minhas
dúvidas iniciais não desapareciam, como uma série de outras surgiam quase que
quotidianamente. A princípio poderíamos considerar este processo muito interessante, porém
o que me trazia bastante angustia naquele momento, e que cada vez iria tomando maiores
dimensões, era a dificuldade de conseguir ver no que eu estava estudando, por mais que me
esforçasse, uma ligação com a realidade, com a natureza, visto o alto grau de abstração da
maioria das disciplinas do curso de Física.
Apesar desta situação, em momento algum pensei na possibilidade de abandonar o
curso, percebendo em pouco tempo que não era o único a viver este dilema. Talvez aí esteja
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
5
um dos motivos do grande índice de evasão existente no curso de Física e que infelizmente
não parece algo exclusivo deste curso.
Já cursando o terceiro semestre, vim a fazer parte de um grupo de pesquisa na área de
Teoria Quântica de Campos e considero este momento como um marco, pois foi a
oportunidade que tive de conhecer de perto a dinâmica de pesquisas desenvolvidas em Física
teórica. Esta experiência me fez perceber que, apesar do interesse em fazer pesquisa, a aérea
de meu maior interesse naquele momento era outra, a saber, o Ensino de Física, o que fez com
que eu tomasse a decisão de mudar para o curso de Licenciatura em Física.
Julgo importante ressaltar que até este momento, devido a um claro direcionamento
técnico então existente no curso, tanto de Licenciatura quanto de Bacharelado, as
pouquíssimas leituras as quais tinha tido acesso relacionadas com questões referentes à
epistemologia das Ciências, mesmo que de forma bastante superficial, adivinham
principalmente das influências extracurriculares, como conversas de corredor com os
professores e colegas da universidade.
Os dois eixos paralelos e bem definidos existentes até então na grade curricular do
curso de Licenciatura em Física, a saber, o das disciplinas de ‘física’ e o das disciplinas
‘pedagógicas’ como eram/são chamadas, aliados com o modelo três-mais-um (três anos de
disciplinas específicas e um de disciplinas pedagógicas), que tem sua origem na década de 30
e perduram até hoje, tornavam mínimas as diferenças entre o curso de Licenciatura e o de
Bacharelado em Física, e passavam a falsa ideia de que para ser um bom professor é
suficiente que se tenha o máximo de conhecimento das disciplinas de Física (SCHNETZLER,
2000).
Este fato por algumas vezes me fez refletir sobre o acerto ou não de minha decisão
quanto à migração de um curso para o outro, reflexão que ganhava força principalmente
quando a possibilidade do desenvolvimento de pesquisas científicas – algo que a muito me
atraía – parecia cada vez mais distante, haja vista a clara atribuição que corriqueira e
erroneamente vemos quanto às carreiras de licenciado – os que dão aula – e bacharel – os que
fazem pesquisa.
Alguns meses após ter trocado de curso, tive conhecimento da existência do Clube de
Ciências da UFPA (CCIUFPA), projeto de extensão da UFPA que visa, através de aulas
organizadas por grupos interdisciplinares de professores-estagiários, trabalhar diferentes
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
6
metodologias de ensino de ciências com alunos do ensino fundamental e médio. No começo
de 2003, já tendo uma noção do funcionamento interno deste projeto, nele ingressei após ter
feito um curso de capacitação onde pude conhecer alguns autores que trabalham na área de
Educação em Ciências e, devido à filosofia de trabalho do referido projeto, pude ter contato
com metodologias de ensino que eu classificaria como não-convencionais. Vim a integrar
uma equipe de professores-estagiários, que era composta, além de mim, por mais dois
graduandos do curso de Química e uma graduanda do curso de Biologia, equipe esta que era
responsável por planejar e executar as aulas em uma turma de alunos de 7ª e 8ª séries do
ensino fundamental.
Com isso foi possível pela primeira vez desde meu ingresso na universidade, a partir
de situações concretas, ter a noção da complexidade de trabalhar em um espaço educacional;
observar suas contradições; perceber a importância da argumentação e da interação no
processo de ensino-aprendizagem; encarar as dificuldades e as particularidades,
principalmente as existentes em um espaço não-formal; assim como responder para eu mesmo
se esta nova carreira era a que eu, de fato, queria seguir. Foi justamente este trabalho
desenvolvido no CCIUFPA e os resultados alcançados com ele, que me motivaram a
continuar a trabalhar e pesquisar sobre as possíveis contribuições que espaços não-formais,
assim como, as metodologias diferenciadas que geralmente são trabalhadas nestes espaços,
podem proporcionar ao processo educacional.
Em meados de 2007, já licenciado em Física, entrei para a rede pública estadual de
ensino do Pará. Em poucos meses fui convidado a coordenar o Laboratório Multidisciplinar
de Ciências (LMC) de uma das escolas onde trabalhava (e ainda trabalho) como professor de
Física. Após um breve período de organização dos materiais, catalogação e manutenção de
equipamentos existentes no LMC, comecei a desenvolver atividades nesse espaço. Neste
momento comecei a colocar em prática parte do que havia aprendido no CCIUFPA em
relação às atividades experimentais e projetos de investigação em ciências com alunos do
ensino fundamental e médio.
A principal contribuição que a minha vivência no LMC desde então me possibilitou,
foi enxergar não só a Educação em Ciências como uma área científica, mas perceber a sala de
aula e o laboratório didático como espaços muito ricos e propícios à campo de investigação, e
portanto, passível de construção de conhecimentos e contribuição para a comunidade
científica e escolar.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
7
Partindo da ideia de que todo trabalho científico, na área do Ensino de Ciências, deve
se propor a entender um dado fenômeno e, se possível, sugerir possíveis soluções para
problemas identificados, é que me proponho a entender como o trabalho com atividades
práticas, com o apoio do laboratório didático, pode auxiliar a aquisição de Aprendizagem
Significativa de conceitos de Ciências, mais especificamente aqueles associados à Física.
Esta ideia surge do incômodo de perceber a subutilização desses espaços
(Laboratórios Multidisciplinares de Ciências) encontrados em várias escolas públicas
estaduais do Pará. Como parte da inquietação que levou à produção deste trabalho está
relacionada com o pouco ou nenhum uso dos laboratórios, ou a sua utilização de maneira
pouco produtiva, é que proponho estudar métodos baseados na teoria da Aprendizagem
Significativa para o desenvolvimento de sequências de ensino nesses espaços.
No capítulo seguinte, apresentarei as teorias que darão suporte a esta pesquisa,
destacando suas principais ideias, que serão usadas ao longo do estudo. Utilizarei a escrita
focada na 1ª pessoa do plural, por entender que no decorrer do texto as ideias que serão por
mim construídas, sempre terão diferentes influências teóricas.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
8
Capítulo 2
Em Busca de Elementos para Compreender a Sala de Aula
Podemos perceber o crescimento do número de pesquisadores que se dedicam a
estudar a dinâmica da sala de aula na atualidade. Isto pode ser identificado pelo volume
crescente de publicações (livros, periódicos impressos e digitais) nas áreas voltadas à
Educação e ao Ensino (Comissão Pesquisa em Ensino de Física – PEF).
A preocupação em melhor compreender a sala de aula também se reflete no número
de trabalhos que se apresentam como objetivo de analisar práticas pedagógicas já existentes,
assim como a proposição de novas abordagens partindo de releituras e apoiadas em novas
teorias. Como referência desses trabalhos podemos citar Delizoicov e Angotti (1992),
Carvalho (1998), Tomazello et al. (2000), Moraes et al. (2004), dentre outros. Este aumento
de produção pode ser interpretado como uma nova maneira de entender a sala de aula.
Na busca de evidenciar os aspectos que dão sustentação ao surgimento dessas novas
abordagens, é possível identificarmos dois pontos fundamentais: primeiramente destacamos
as fortes críticas às pedagogias consideradas conservadoras (como o escolanovismo e o
tecnicismo) e aos modelos de ensino por elas fundamentado; não menos importante e
intimamente ligado ao aspecto anterior, observamos o aparecimento de vivências de novas
práticas pedagógicas orientadas por novos pressupostos de aprendizagem, na tentativa de
romper com os já estabelecidos (DAMAZIO, 1997).
Ainda que tenhamos uma diversidade de matrizes teóricas servindo como referência
para tais estudos, é possível identificar que um dos pontos em comum às diferentes linhas de
pensamento é a admissão da complexidade dos processos que se desenvolvem nos ambientes
escolares. Tais pesquisas trazem como foco a formação de professores; processos de ensino
aprendizagem; a interação entre os atores escolares; práticas pedagógicas inovadoras; entre
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
9
outros. Porém, a grande maioria tem como base as teorias que se enquadram no campo
cognitivistas/construtivista (MOREIRA, 1997).
As teorias pertencentes a este campo começaram a ganhar força na década de 60 na
Europa e principalmente nos Estados Unidos, com o questionamento do modelo de formação
dos estudantes baseada em teorias do campo comportamentalista/behaviorista. Com o
lançamento do primeiro satélite artificial, o Sputinik, pela União Soviética em 1957, as
potências ocidentais foram obrigadas a se debruçar sobre a formação científica de seus
indivíduos, não demorando aparecer os que defendiam que a formação deveria ser feita sobre
novas bases. Foi então que os processos de discussão acerca da formação científica (ensino
das ciências em geral) começaram a ganhar destaque.
A justificativa desse empreendimento baseava-se na ideia de que a formação
de uma elite que garantisse a hegemonia norte-americana na conquista do
espaço dependia, em boa parte, de uma escola secundária em que os cursos
das Ciências identificassem e incentivassem jovens talentos a seguir
carreiras científicas. (KRASILCHIC, 2000, p. 85).
A efervescência de ideias do pós-guerra, o embate entre essas duas correntes de
pensamento (comportamentalismo x cognitivismo) e os fatos históricos nesse conturbado
período, tem relação direta com o que observamos no modelo educacional hoje adotado em
nossas escolas.
Num primeiro momento, as mudanças almejadas ficaram a cargo daqueles que
historicamente eram vistos como a vanguarda da produção científica (renomados
cientistas/pesquisadores acadêmicos). Foram produzidos então os planos de ação que
deveriam ser implementados nas escolas secundárias. Esse movimento que nasce nos Estados
Unidos, tem sua versão no Brasil e não demora a ser propagandeado como um método
eficiente de ensinar ciências. Como resultado, foi produzida literatura especializada para
diferentes disciplinas científicas, no caso da Física, o PSSC (Physical Science Study
Committee).
Com a ideia de que o Ensino de Ciências deveria ser orientado à formação de
pequenos cientistas, não demorou a se destacar o papel central da experimentação nesta visão.
Nascia assim o mito que resiste ainda hoje no ideário de muitos profissionais da educação, de
que o método experimental no Ensino de Ciências é sinônimo de excelência na educação
científica.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
10
Os alunos investigam os fenômenos físicos, ao invés de, simplesmente,
verificarem as conclusões conhecidas. Ao realizar experiências cujo
resultado, de antemão, lhe é desconhecido, fica o aluno tomado por uma
sensação de participação pessoal nas descobertas científicas. (PSSC, 1963, p.
213).
Essa ideia, e a própria metodologia proposta pelos planos elaborados pelos cientistas,
ainda guardava muito da visão behaviorista de ensino, estimulando o ensino por repetição,
mostrando assim, que as mudanças tendem a ocorrer de forma lenta, complexa e não linear
(KRASILCHIC, 2000).
Foi necessária a formação de uma nova geração de profissionais, especializados em
Ensino de Ciências, para que essa visão começasse a ser superada. Num primeiro momento o
prestígio de grandes cientistas continuou falando mais alto que as ideias dos novos
profissionais, porém, aos poucos foi possível o desenvolvimento e, mais recentemente, a
consolidação da área de ensino de ciências, produzida por profissionais formados para esse
fim.
2.1. Processos Cognitivos e a Aquisição de Conhecimento pelos
Estudantes
Para entendermos de maneira satisfatória os processos que ocorrem com os
estudantes durante uma situação de ensino e aprendizagem, se faz necessário utilizarmos uma
teoria que descreva o uso e armazenamento de informações, assim como a compreensão e
transformação de conceitos envolvidos na cognição do indivíduo acontece. Desta forma,
optaremos em usar uma abordagem teórica que tenha filiação na corrente cognitivista, mais
especificamente, a Teoria da Aprendizagem Significativa (AUSUBEL, 2003), por entender
que esta abordagem tem a capacidade de identificar regularidades no processo mental de
aquisição de informações e fazer a análise de como esse processo ocorre.
A teoria da Aprendizagem Significativa busca descrever, de maneira ampla, como
ocorrem os processos de assimilação e retenção significativa de determinados conhecimentos
pela estrutura cognitiva dos indivíduos (AUSUBEL, 2003).
No ambiente escolar, a aprendizagem significativa pode ser entendida como o
processo no qual um conhecimento novo se vincula de forma não arbitrária e substantiva
(não-literal) à estrutura cognitiva do estudante. Não arbitraria, pois o novo conhecimento não
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
11
se relaciona com qualquer conhecimento previamente existente no campo cognitivo do
estudante, mas com aqueles que são especificamente relevantes. Substantiva, pois se refere à
substância/essência do conhecimento trabalhado, e não necessariamente às palavras usadas
para expressá-los (não-literal) (MOREIRA; CABALLERO; RODRÍGUEZ, 1997).
Para que este tipo de aprendizagem seja concretizado também é necessária a
apresentação de um material potencialmente significativo. É considerado material
potencialmente significativo o conjunto de informações que encontre na estrutura cognitiva do
estudante ideias âncoras, os chamados subsunçores, com as quais seja possível se relacionar o
novo conhecimento. Desta forma, só podemos falar em material potencialmente significativo
num contexto individual, já que o campo cognitivo de uma pessoa é sempre único
(MOREIRA, 2006).
Tomando como referência Moreira (2006), no contexto deste trabalho, trazemos
como sujeitos na pesquisa estudantes do 2º ano do ensino médio, e como ponto de partida, o
contato prévio da turma com o conceito de energia, normalmente abordado nos conteúdos
trabalhados no 1º ano do ensino médio. Este possível conhecimento prévio pode ser usado
como subsunçor para a aprendizagem do conceito de calor, já que ao apresentá-lo como uma
forma de energia, esse novo conceito irá se conectar a outros já existentes na estrutura
cognitiva do estudante e isto, possivelmente, ocorrerá segundo algumas relações que para o
indivíduo parecem lógicas.
Mesmo admitindo o pluralismo observado em grupos de estudantes da mesma série,
com faixa etária e condições socioeconômicas semelhantes, independente da escola a ser
analisada, assumiremos que, ao se trabalhar com este tipo de abordagem no ambiente escolar,
o processo de seriação normalmente adotado pelas escolas traga critérios que façam o
agrupamento de estudantes terem certo grau de semelhança acerca dos conhecimentos
específicos presentes em seus campos cognitivos. Desta forma, em alguns casos,
empregaremos o termo potencialmente significativo em situações que envolvam grupos de
estudantes, assumindo o risco de perda parcial de precisão na aplicação do termo em questão.
Nestas situações teremos um grupo de indivíduos previamente selecionados (estudantes de
uma determinada série).
Diferentemente do processo de aprendizagem significativa, os processos de
aprendizagem por memorização, que acontecem de maneira naturalmente recorrente, têm
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
12
como característica à relação de novos conhecimentos com os já existentes na estrutura
cognitiva do aprendiz de forma arbitrária e literal.
Visto que, por exemplo, os membros de estímulo e de resposta específicos
de um determinado par de adjetivos, numa aprendizagem de associação de
pares, estão ligados de uma forma puramente arbitrária, não existe base
possível para relacionar de modo não arbitrário a tarefa de aprendizagem à
estrutura cognitiva de alguém e o aprendiz deve também lembrar-se
literalmente da resposta para cada palavra de estímulo (não pode utilizar
sinônimos). (AUSUBEL, 2003, p. 4)
Como implicação direta deste processo, percebemos a vulnerabilidade dos
conhecimentos recém-aprendidos à materiais semelhantes, ou seja, quando um aluno aprende
algum conceito por memorização, ele tende a confundi-lo com outros conceitos com mais
facilidade, pois em sua estrutura cognitiva este se apresenta como uma palavra a qual o
significado não tem relação com uma estrutura mais geral. Além disso, os conhecimentos
relacionados à memorização tendem a ficar retidos na estrutura cognitiva por curtos períodos
de tempo (AUSUBEL, 2003).
Vale lembrar que as aprendizagens por memorização e significativa não são
necessariamente dicotômicas e em muitos casos apresentam-se de forma complementar, sendo
difícil definir a fronteira do contínuo memorização-significativo (AUSUBEL, 2003).
É possível identificar três tipos de aprendizagem significativa: representacional,
conceitual e proposicional (MOREIRA, 2014).
A aprendizagem representacional, associada à atribuição de nomes, ocorre quando o
significado dos símbolos arbitrários se equipara ao objeto em si, também podendo ocorrer
com acontecimentos. Esta forma de aprendizagem significativa é a que mais se assemelha à
aprendizagem mecânica.
A aprendizagem conceitual, que tem um aspecto mais amplo do que a
representacional, refere-se a atributos específicos que podem designar um grupo de objetos,
situações ou propriedades. Podemos identificar dois métodos para este tipo de aprendizagem:
a formação conceitual, que está associada à aquisição de conceitos através de experiências
diretas, é normalmente associada à crianças pequenas; a assimilação conceitual, que ocorre
quando o indivíduo já dispõe de um vocabulário rico, permite que a aquisição de novos
conceitos seja feita pela combinação dos já existentes em sua estrutura cognitiva. Esta é a
forma dominante de aprendizagem conceitual em crianças na idade escolar e adultos.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
13
Destacamos o caráter abstrato que carrega todos os tipos de conceitos, em especial os
conceitos científicos, por se tratarem de atributos comuns a uma determinada categoria de
objetos, fenômenos ou propriedades.
A última forma de aprendizagem significativa é a proposicional. Com grau de
complexidade mais elevado, refere-se à aquisição de uma ideia, podendo ser composta de
várias palavras, que só tem sentido se analisada em sua totalidade. Ela pode entrar no campo
cognitivo do indivíduo de forma subordinada à ideias que ele já apresenta (de forma a
completar ou estender uma informação já disponível, como um exemplo); pode entrar de
forma subordinante, ou seja, como uma ideia mais generalista e que irá servir para organizar
ideias previamente existentes; ou de forma combinatória, quando utiliza ideias disponíveis na
estrutura cognitiva, mas não necessariamente acima ou abaixo na organização hierárquica
frente a essas ideias.
Durante a apresentação do conceito de calor, caso o estudante exiba o entendimento
mais geral da ideia de energia, enquanto quantidade associada a situações que apresentem
algum tipo de mudança (transformação), o subsunçor irá potencializar a aprendizagem
subordinada, uma vez que o conceito de calor é um caso específico da ideia mais geral de
energia. Se ele tiver em seu campo cognitivo a ideia de energia associada às diferentes formas
vistas no ano letivo anterior (energia cinética, energia potencial gravitacional e energia
potencial elástica), o subsunçor auxiliará na aprendizagem significativa combinatória, uma
vez que o novo conceito não é hierarquicamente mais abrangente que outras formas de
energia. Mas se a ideia mais geral for aprendida com base em situações específicas, teremos
um exemplo de aprendizagem subordinante ou superordenada.
É fundamental reconhecer que este processo de aprendizagem significativa, diferente
da aprendizagem mecânica, não estabelece entre o novo conhecimento e os já existentes uma
relação simples de adição. Ao contrário, tanto o conhecimento recém-adquirido pelo aluno
quanto os já presentes em seu campo cognitivo tendem a interagir de forma complexa durante
o processo de assimilação, fazendo com que ambos sofram modificações, ou até fusões.
O processo de assimilação pode ser melhor entendido a partir do esquema abaixo:
Nova informação Subsunçor Produto da interação
a A a’A’
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
14
Inicialmente uma nova informação potencialmente significativa a é apresentada ao
indivíduo. Essa informação tenderá se relacionar com um subsunçor A pré-existente, e a
interação entre eles produzirá modificações em ambos, o que apresentará como produto a’A’.
No transcorrer do tempo ocorrerá um segundo estágio do processo de assimilação em
que os componentes antes dissociáveis a e A, passarão a figurar como uma nova unidade A’
com elementos residuais dos que lhe deram origem, porém com a retenção do que para o
indivíduo é essencial na relação entre eles. Este estágio conhecido como assimilação
obliteradora tem como características o abandono (esquecimento) de informações
desnecessárias (tendência de assimilação do que é o mais importante da informação);
indissociabilidade entre os conceitos inicialmente apresentados e; a formação de um novo
subsunçor A’.
É possível identificar na Teoria da Aprendizagem Significativa dois princípios
programáticos, a saber, diferenciação progressiva e reconciliação integrativa (MOREIRA,
2014).
Diferenciação progressiva se relaciona mais especificamente à aprendizagem
significativa subordinada. Ela trata da diferenciação sofrida por conceitos subsunçores toda
vez que este é mobilizado para a assimilação de um conceito novo, o que progressivamente
faz com que o subsunçor se diferencie do que ele era antes da sequência de várias interações
com conceitos novos (MOREIRA, 2014).
Ao abordarmos em sala de aula o conceito de temperatura, podemos buscar como
subsunçor a ideia que o estudante geralmente apresenta sobre os conceitos quente e frio. Caso
o estudante ainda não tenha discutido de maneira formal estes dois últimos conceitos,
provavelmente eles estarão relacionados às sensações térmicas vivenciadas pelo indivíduo, a
partir dos seus órgãos dos sentidos, ao longo de sua vida. Ao se deparar com o conceito
formal de temperatura, eles poderão sofrer mudanças sucessivas incorporando significados
que sejam lógicos para o estudante e passarão a um maior grau de abrangência e
complexidade.
Produto da interação Novo subsunçor
a’A’ A’
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
15
É importante destacar que o termo progressiva não deve ser confundido com linear,
pois, o conjunto de sucessivas transformações pode produzir como resultado um conceito
subsunçor que é essencialmente diferente daquele que lhe deu origem, e a profundidade dessa
diferença não pode ser relacionada com a quantidade de interações que o subsunçor sofreu, ou
seja, um subsunçor mais elaborado não é necessariamente aquele mais antigo e que tenha
passado por um número maior de interações. Isso revela uma interação dialética entre os
conceitos novos e os já existentes no campo cognitivo do indivíduo, no sentido de que, num
mesmo processo, os conceitos mudam, o outro e a si mesmo, produzindo como resultado a
síntese proveniente da assimilação obliteradora (MOREIRA, 2014).
A reconciliação integrativa, por sua vez, está relacionada principalmente à
aprendizagem significativa subordinante e combinatória. Trata-se da reorganização das
informações assimiladas pelo indivíduo, o que pode gerar novos conceitos. Durante a
reorganização das novas informações, o indivíduo tende a acomodá-las de forma que
interajam de maneira lógica com informações mais generalizantes. Esse processo é
fundamental para apontar relações entre ideias, reconciliar discrepâncias e apontar
similaridades entre conceitos existentes no campo cognitivo do indivíduo (MOREIRA, 2014).
Neste contexto, embora aparentemente a teoria molecular (ideia de que toda matéria
é composta por átomos e moléculas) pareça mais simples, este conceito é muito mais
abrangente do que a ideia de temperatura, quente e frio, logo, caso esta teoria seja
apresentada ao estudante após ele ter aprendido esses três conceitos, eles ganharão um novo
significado e, possivelmente, serão mais facilmente percebidos como ideias relacionadas e
logicamente subordinadas à teoria molecular.
Ausubel parte de duas hipóteses, de que é mais fácil aprender algo mais geral e
posteriormente, de maneira paulatina, ir discutindo informações (aplicações) específicas desse
conceito e; a organização de uma disciplina se faz de forma hierárquica no campo cognitivo
do aluno, o que facilitaria a incorporação primeiro de ideias mais gerais e posteriormente a
incorporação de conceitos menos inclusivos e mais diferenciados. O que, no exemplo em
questão, significaria optar pela apresentação da teoria molecular no início da sequência, para
que em seguida fossem discutidos conceitos hierarquicamente menos abrangentes.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
16
2.2. As Interações Entre os Sujeitos em Sala de Aula
Outro aspecto igualmente relevante a ser discutido são as interações entre professor e
estudante ou entre estudantes, ocorrida durante as atividades em sala de aula. Isto porque a
partir do entendimento dessas interações é possível compreender como o conhecimento se
constrói socialmente, numa dimensão mais abrangente e para além do indivíduo, numa
perspectiva coletiva. Desta forma utilizaremos como base de nosso estudo as ideia propostas
por Vigotski para tal discussão.
O psicólogo Lev S. Vigotski apresentou significativas contribuições para os estudos
sobre o papel do diálogo e da mediação na construção de conhecimento, no processo de
ensino-aprendizagem e as diferentes interações entre sujeitos, partindo da ideia de que a
atividade cognitiva é intersubjetiva e discursiva (Fontana, 2000). Considerava que a ação do
sujeito sobre o objeto é mediada socialmente, por outros sujeitos e pelos signos.
É interessante precisar o conceito de signo para a abordagem de Vigotski, chamada
de sociocultural ou sócio-histórica, no que tange sua relação com formas especificamente
humanas de interação. Segundo Vigotski (2007), a premissa de correntes psicológicas que
consideravam a criança como um “adulto em miniatura”, com todas as capacidades já
presentes, esperando apenas o momento de sua maturação, por muitos anos impediu que
estudos detalhados fossem desenvolvidos para que se pudesse compreender o uso de signos
pelos humanos, o que inevitavelmente influenciou a percepção que até então se tinha sobre a
fala.
Ainda de acordo com Vigotski (2007):
O momento de maior significado no curso do desenvolvimento intelectual,
que dá origem às formas puramente humanas de inteligência prática e
abstrata, acontece quando a fala e a atividade prática, então duas linhas
completamente independentes de desenvolvimento, convergem. (p. 27).
A importância dos signos e seus significados vão além da simples transmissão de um
determinado pensamento. Além de possibilitar a mediação com outros indivíduos, a fala, que
necessariamente se utiliza de signos, também constitui e organiza o pensamento, mesmo
admitindo que do ponto de vista do desenvolvimento ontogenético (ou da história do
indivíduo), pensamento e fala têm raízes diferentes e que só em um determinado momento,
depois de se encontrarem, o pensamento torna-se verbal e a fala racional (VIGOTSKI, 2007).
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
17
Dessa forma, signo e instrumento desempenham papel semelhante. O primeiro
orientado internamente age sobre a atividade psicológica; o segundo orientado externamente,
age sobre o trabalho, aqui entendido como interação material do homem com o ambiente.
Nesse contexto, todo comportamento tipicamente humano (função psicológica superior) nasce
precisamente da utilização de signos e instrumentos simultaneamente (VIGOTSKI, 2007).
Com base a uma interpretação histórica, trabalho e atividade psicológica, mesmo
sendo elementos diferentes, estão intimamente relacionados. Se por um lado, atividade
psicológica implica conhecimento, por outro, trabalho é um tipo de atividade que implica
produção. A relação entre esses dois tipos de atividade se dá de maneira diferente no plano
filogenético (ou da história da espécie) e no plano ontogenético. No primeiro caso, a atividade
cognitiva é, simultaneamente, a causa e efeito da atividade de produção; no segundo caso, a
atividade cognitiva pressupõe a atividade produtiva, uma vez que conhecer implica a
conversão dos saberes historicamente produzidos pelos homens em saberes do indivíduo
(PINO, 2001).
Vigotski busca fazer a análise e a estruturação dos fenômenos não como produtos,
mais como processos em movimento e mudança. Ele elege como um dos principais focos de
estudo a linguagem, compreendida não apenas em seu aspecto comunicativo, mas como
organizadora do pensamento e planejadora da ação, mostrando dessa forma sua importância
nas dimensões ontogenética e filogenética de nosso desenvolvimento.
Concordando com Vigotski, podemos destacar a importância de se trabalhar em sala
de aula com atividades que estimulem a comunicação verbal ou escrita, entre professores e
estudantes. No decorrer de atividades que estimulem o uso da linguagem e da comunicação
verbal o estudante é estimulado a pensar de maneira lógica e sequencial sobre o que está
falando, contribuindo para que ele não apenas dê novos significados aos conceitos que já
apresenta, como também identifique relações entre estes – reconciliação integrativa.
Buscando estabelecer uma abordagem alternativa as posições existentes em seu
tempo, quanto à relação entre desenvolvimento e a capacidade de aprendizado do estudante,
Vigotski (2007) elabora o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) onde
destaca o papel das interações na compreensão da relação acima citada, criando uma
importante ferramenta que permitiu não só a explicação, como também o estudo da tese da
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
18
transformação do funcionamento interpessoal em intrapessoal ou, de outra forma, da gênese
social dos processos individuais.
Para o entendimento desta relação, de acordo com Vigotski, é fundamental a
identificação de dois níveis, a saber: o nível de desenvolvimento real, que viria representar os
ciclos de desenvolvimento completos, ou seja, aqueles que se referem aos problemas que os
estudantes conseguem resolver sem a ajuda de outra pessoa mais experiente; e o nível de
desenvolvimento potencial, que representa até onde o estudante, agora em colaboração com o
professor ou outro aluno, pode chegar. É com base nesses dois níveis que Vigotski define
ZDP:
A zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não
amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que
amadurecerão, mas que estão presentes em estado embrionário [...] O nível
de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento mental
retrospectivamente, enquanto a zona de desenvolvimento proximal
caracteriza o desenvolvimento mental prospectivamente. (VIGOTSKI, 2007,
p. 97).
Com isso, Vigotski utilizando uma abordagem genética para o estudo do
desenvolvimento humano, conseguiu articular em um só conceito elementos constituintes do
passado, presente e futuro social do indivíduo, orientados para uma visão de processo (em
movimento).
Desta forma esse conceito é a base para o entendimento da relação entre
desenvolvimento e aprendizado. O aprendizado não seria o mesmo que desenvolvimento, ou
estaria à sua espera, como se pensava até então. Mas de acordo com Vigotski (2007), o bom
aprendizado é somente aquele que se adianta ao desenvolvimento.
A natureza prospectiva contida nesta visão é evidenciada a partir do momento em
que se estabelece como índice mais sensível o nível de desenvolvimento potencial, no que
tange o desenvolvimento e as possibilidades de atividade mental futura do aluno, ou seja, dá-
se atenção ao que ainda (pode) estar por vir, o que, de forma natural, nos remete a análise de
um processo em curso e não de algo já consumado (produto).
Nisso consiste a importância de um aprendizado adequadamente organizado, do qual
decorrerá desenvolvimento mental e colocará outros vários processos de desenvolvimento em
ação, que só dessa forma são possíveis de acontecer. Deste modo, o bom aprendizado é um
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
19
aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções psicológicas
culturalmente e especificamente humanas (VIGOTSKI, 2007).
Assim, é interessante destacar a mediação como possibilidade para a interação com o
outro, seja na relação estudante-professor ou estudante-estudante, propiciando a construção de
conhecimento e a troca com outro, pois a interação dialógica, na qual se abre espaço para se
ouvir diferentes vozes, é que se pode vir a se desenvolver o respeito mútuo e o senso de
justiça. Esta elaboração que coloca a dependência das interações como fundamental, nos
revela a forte visão social da teoria em foco.
É interessante perceber o papel atribuído ao outro na criação dos níveis de
desenvolvimento potencial, assim como em sua transformação em desenvolvimento real, o
que por muitos autores é tida uma relação social harmoniosa.
Em estudos realizados com crianças, Góes (2001, p. 85) nos mostra que:
Nos esforços da professora para articular o instrucional e o disciplinar, para
manejar os focos de atenção e para conduzir as crianças a elaborações quase-
categoriais, podemos ver que o papel do outro é contraditório, e que o jogo
dialógico, que constitui a relação entre sujeitos, não tende apenas a uma
direção; abrange circunscrição, expansão, dispersão e estabilização de
significados e envolve o deslocamento forçado de certas operações de
conhecimento.
Afastamos desta forma, a visão harmoniosa de algumas correntes que tratam a
questão da interação entre sujeitos a partir de visões idealizadas e nos alinhamos às teses mais
gerais de Vigotski, assumindo que a asserção “ajuda do outro” seria referente à participação,
harmoniosa ou não, do outro nas experiências que propiciaram aprendizagem,
consequentemente, desenvolvimento no indivíduo (GÓES, 2001).
Ao fazermos uma análise atenta das teorias de Vigotski e Ausubel, é possível
encontrarmos alguns pontos de convergência e até de complementaridade. Um orientado para
a análise de fatores externos e coletivos e o outro com enfoque interno, mas ambos dando real
importância para a interação entre indivíduos durante os processos. Sendo assim, Moreira
(1997, p. 9), nos diz que:
Tem, portanto, muito sentido falar em aprendizagem significativa em um
enfoque vygotskyano à aprendizagem. A tal ponto que se poderia inverter o
argumento e dizer que tem muito sentido falar em interação social
vygotskyana em uma perspectiva ausubeliana à aprendizagem. Quer dizer, a
aprendizagem significativa depende de interação social, i.e., de intercâmbio,
troca, de significados via interação social.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
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2.3. Utilização de Sequências Didáticas em Sala de Aula
Atualmente muitos pesquisadores discutem a importância de o ensino de
determinados conceitos científicos serem tratados como parte integrante de
módulos/sequências de aulas, que tragam um significado mais completo a estes conceitos
(BELLUCCO e CARVALHO, 2014; MOREIRA, 2011; RODRIGUES e FERREIRA, 2011).
Esta forma de abordar e planejar o trabalho no ambiente da sala de aula tem relação direta
com uma percepção diferenciada acerca desse ambiente.
Apoiando-se em uma visão mais abrangente do ensino de tópicos de ciências
(entendidos aqui como conjunto de conceitos inter-relacionados), é possível perceber que para
que um determinado conteúdo específico tenha significado para o estudante, se faz necessário
que relações entre esse tópico com outros conceitos teóricos, assim como conhecimentos do
cotidiano do estudante, sejam estabelecidas. Isto demanda que o planejamento deve abarcar
um grupo de várias aulas pensadas de maneira sequencial e complementares, o que,
necessariamente leva a uma análise mais criteriosa de como trabalhar esse tópico específico,
tanto a respeito da dimensão epistemológica quanto metodológica.
Partindo das ideias de Martine Méheut, Rodrigues e Ferreira (2011) argumentam que
as sequências de ensino-aprendizagem1 têm o objetivo de auxiliar os estudantes a
compreender o conhecimento científico. Segundo esta visão, que se denomina de
Construtivista Integrada, para se construir uma sequência de ensino-aprendizagem é
necessário observar quatro componentes básicos: o estudante, o professor, o conhecimento
científico e o mundo material, que estariam interligados a partir de duas dimensões, a saber: a
epistemológica e a pedagógica.
Para a proposta de desenho de uma sequência de ensino-aprendizagem nesta
abordagem, é necessário apresentar critérios de justificação a priori, tais como o
estabelecimento dos objetivos da sequência, das dificuldades que possivelmente serão
vivenciadas, possíveis lacunas conceituais e conflitos cognitivos que serão observados,
objetivando, assim, tornar a sequência mais clara para que sua implementação seja facilitada.
Também se faz necessário o estabelecimento de critérios de validação a posteriori, os quais
1 Rodrigues e Ferreira (2011) usam o termo TLS, do inglês Teaching Learning Sequences.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
21
consideram duas possibilidades: a validação externa ou comparativa (que tem como foco
analisar a sequência) e a validação interna (que tem como foco analisar o que foi aprendido
pelo estudante) (RODRIGUES e FERREIRA, 2011).
Apoiando-se nas pesquisas da área, Belluco e Carvalho (2014) também propõe
adotar a utilização de sequências didáticas para o trabalho de disciplinas científicas em
ambientes de aprendizagem. A proposta por eles desenvolvida, chamada de Sequências de
Ensino Investigativas (SEI), apresenta como característica central o estímulo à argumentação
por parte do estudante, que de acordo com a filiação teórica que sustenta esta proposta, é um
dos pontos fundamentais do processo de ensino-aprendizagem.
Durante a elaboração/execução de uma SEI, são importantes as seguintes etapas:
elaboração e teste de hipóteses; argumentação; solução/explicação do problema e; construção
do raciocínio proporcional. Devemos ressaltar que nem sempre é possível testar hipóteses
levantadas em sala de aula, o que nos remete à pesquisa na literatura da área (BELLUCCO e
CARVALHO, 2014).
As atividades que possuem um caráter investigativo têm como principal
objetivo o desenvolvimento da autonomia, do senso crítico e da capacidade
de avaliar e resolver problemas. Quando os alunos realizam atividades com
essa característica na área de Ciências, eles exploram, interagem e
experimentam o mundo natural (VINTURI et al., 2014, p. 13).
Outra abordagem metodológica que também se utiliza de sequências didáticas são as
Unidades de Ensino Potencialmente Significativas – UEPS (Moreira, 2011), que busca incluir
os conceitos trabalhados dentro de um corpo coerente de conhecimentos preexistentes no
campo cognitivo do aprendiz. Partindo do pressuposto de que para haver ensino deve haver,
necessariamente, aprendizagem, essas unidades têm como objetivo o desenvolvimento de
sequências didáticas que sejam potencialmente facilitadoras da aprendizagem significativa.
Segundo Moreira (2011, p. 2), as Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
“são sequências de ensino fundamentadas teoricamente, voltadas para a aprendizagem
significativa, não mecânica, que podem estimular a pesquisa aplicada em ensino, aquela
voltada diretamente à sala de aula”.
Neste sentido, as UEPS tendem a apresentar características que se harmonizam com
esta visão, apresentando um grupo ideias centrais, dentre as quais podemos destacar: a
variável que mais influencia a aprendizagem é o conhecimento prévio do aluno; cabe ao aluno
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
22
decidir se quer aprender determinado conhecimento significativamente; os materiais
instrucionais introdutórios (organizadores prévios) devem trazer, ainda que de forma
incipiente, a relação entre novos conhecimentos e conhecimentos prévios; a linguagem e a
interação são à base para a apreensão de significados e; o professor tem o papel de provedor
de situações-problema que desencadeiem a aprendizagem significativa e de organizador do
ensino e mediador de significados. (MOREIRA, 2011).
Para o desenvolvimento de uma UEPS, podemos seguir alguns passos que são
organizados de forma a fazer que nossa sequência didática esteja de acordo com o referencial
teórico à ela associada (MOREIRA, 2011). São eles:
1. Definição do assunto a ser trabalhado nas aulas, sendo importante para o professor ter claro
os aspectos procedimentais e declarativos que se deseja abordar.
2. Criação de situações que permitam os estudantes externalizarem seus conhecimentos
prévios sobre o assunto.
3. Proposição de situações problema em vários momentos ao longo da sequência, com
diferentes graus de complexidade, possibilitando a interação de conhecimentos prévios,
conhecimentos recém adquiridos e reelaboração conceitual.
4. Apresentação do conhecimento a ser trabalhado levando-se em conta a Diferenciação
Progressiva, fazendo ao longo do trabalho a retomada de aspectos mais gerais e estruturantes
para o tópico trabalhado.
5. Finalização da sequência com a retomada das características mais gerais, buscando a
Reconciliação Integrativa.
Nas etapas que compõe a sequência, se privilegia o desenvolvimento de atividades
colaborativas, mas não se excluem atividades de caráter individual. Por buscarmos
constantemente estimular a autonomia dos estudantes, em alguns casos eles podem ser os
propositores das situações problemas a serem analisadas, desde que isso se dê no âmbito do
tópico estudado.
Não obstante os pontos 1 e 5 acima sejam naturalmente associados, respectivamente,
ao início e ao final da UEPS, não devemos tomar os demais pontos como uma receita linear e
rígida. A diversidade do ambiente de sala de aula, a experiência do professor responsável pela
aplicação da sequência e, principalmente, o retorno da turma durante as atividades devem ser
observados e levados em conta para possíveis correções/mudanças. Aqui é fundamental
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
23
chamarmos a atenção para o fato de esta metodologia ser orientada à avaliação do processo
que se desenvolve durante toda a sequência e não simplesmente do produto observado ao seu
final.
Deste modo, é importante utilizarmos parâmetros de avaliação da UEPS que estejam
em consonância com seu aporte teórico, ou seja, utilizar ferramentas que consigam fornecer
evidências de aprendizagem significativa por parte dos estudantes ao longo do processo.
Análise das discussões/argumentos em grandes e pequenos grupos, análise de respostas de
questionários abertos sobre problemas propostos, elaboração de mapas conceituais produzidos
individualmente ou em grupo e exposição em forma de seminários de materiais produzidos ao
longo das aulas, são algumas opções que podem auxiliar o professor no processo de avaliação.
Por entender que esse tipo de sequência apresenta os elementos desejados para o
nosso estudo, optaremos em usar as UEPS durante o nosso trabalho. A diversificação das
estratégias de ensino, que deve ser um traço marcante deste tipo de metodologia, nos permite
supor que a utilização de atividades práticas, associadas ao laboratório didático, pode ser de
grande auxílio na dinamização das UEPS, estimulando ambientes propícios para a interação
entre estudantes, professor e os aspectos declarativos e procedimentais dos tópicos estudados.
2.4. Atividades de Laboratório no Ensino de Física
Quando falamos em experimentos executados em sala de aula, logo lembramos de
algumas opiniões comumente emitidas acerca deste tema: sinônimo de excelência na sala de
aula, dificuldade em sua implementação devido às limitações estruturais das escolas, vivência
do método científico pelo aluno, entre outras. Opiniões estas que perduram, principalmente
entre educadores que não tem ou não tiveram acesso às pesquisas desenvolvidas na área.
(CACHAPUZ et al., 2011).
Porém, é fácil perceber o universo de abordagens que podem ser desenvolvidas tendo
como foco principal o trabalho experimental. A análise destas atividades, tanto pelos seus
aspectos logísticos, metodológicos ou epistemológicos, quanto pelo alto grau de
complexidade que apresentam, deve ser feita cuidadosamente para que contribuam de fato
para discussões acerca das reais potencialidades do trabalho experimental nas aulas de
ciências.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
24
É difícil afirmar com precisão, o momento exato em que essas atividades foram
iniciadas com cunho didático. Se tomarmos como referência a assim chamada modernidade –
no início no século XVII –, um dos primeiros registros históricos mencionando a
experimentação como política oficial de estado, com fins didáticos, data de 1882, na
Inglaterra, onde se declarou que “o ensino dos alunos em matérias científicas se levará a cabo
principalmente com experimentos” (HODSON, 1994. p 299).
No Brasil, apesar das inúmeras evidências e registros documentais indicarem que as
escolas já adotavam experimentações como recursos didáticos há muitos anos, foi somente a
partir da década de 50 que “as mudanças curriculares incluíam a substituição dos métodos
expositivos pelos chamados métodos ativos, dentre os quais tinha preponderância o
laboratório” (KRASILCHIK, 1987. p 7).
Logo, se experimentações já fazem parte da vida oficial das escolas a décadas e sua
implementação ainda encontra forte oposição e, mesmo sabendo que esta tendência já figurou
como uma das principais nas pesquisas em educação em ciências, podemos concluir que os
resultados de tais pesquisas não estão atingindo seus objetivos, ou seja, chegar aos
profissionais de educação e servir como subsídios para suas atividades.
Deste modo, é fundamental compreender quais abordagens estão por trás dos
diferentes tipos de atividades experimentais utilizados em sala de aula. Segundo Cachapuz et
al. (2011), podemos identificar duas visões que norteiam as atividades experimentais:
empirista e racionalista.
Na perspectiva empirista, que guarda forte relação com uma visão indutivista do
conhecimento científico, todo o conhecimento advém da experiência, a qual é vista como
manipulação de variáveis existentes no fenômeno estudado, com as leis e teorias sendo
deduzidas a partir dessas experiências. Nesta visão o papel da experimentação é
primordialmente o de ratificar de maneira positiva resultados já previstos anteriormente e
obtidos através de dados observacionais. “O que importa numa perspectiva empirista, olhada
pelo lado didático, são os resultados finais independentemente dos processos de sua
obtenção”. (CACHAPUZ et al., 2011, p. 96).
Em ambientes escolares, sejam salas de aula ou laboratórios didáticos, atividades
experimentais orientadas por esta visão tendem a ser desenvolvidas com pouca autonomia
intelectual do aluno. Estes apenas seguem o passo-a-passo do que o professor está explicando
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
25
ou lhes solicita fazer. Também apresentam pouca ou nenhuma autonomia manipulativa, ou
seja, ou o experimento é meramente demonstrativo – realizado e explicado pelo professor –
ou os alunos manipulam materiais experimentais, mas seguem os passos de um roteiro
previamente elaborado pelo professor.
Aqui, também, o ambiente não é diretamente investigado, mas simulado
artificialmente no laboratório didático, nas condições previamente
estabelecidas para o experimento; os problemas investigados passam a
impressão de que os fenômenos estudados são gerados no próprio
experimento e não possuem vínculos com o ambiente real externo.
(AMARAL, 1997, p. 11).
Neste modelo é possível perceber a ausência do compromisso com as discussões
históricas ou contextuais do trabalho científico, induzindo os estudantes a uma visão
distorcida, já que o desenho das atividades é planejado para dar certo, mostrando uma imagem
aproblemática e exata do trabalho dos cientistas. Com isso é comum que este tipo de prática
seja realizado apenas ao final de uma sequência de ensino, com o objetivo de comprovar o
que foi visto na teoria.
Na perspectiva racionalista, um problema de investigação ou uma hipótese é que
servem de guia para a experiência científica. Nesta visão, que tem grande afinidade com o
método hipotético-dedutivo, a experiência aparece de maneira pouco estruturada e menos
rígida, permitindo uma diversidade de caminhos, ajustando-se à situação que se pretende
investigar (CACHAPUZ et al., 2011).
A busca pela incorporação da análise de valores e a possibilidade de um pluralismo
de métodos que podem ser empregados nas atividades práticas, além do reconhecimento de
que a Ciência não é neutra, são elementos que identificam e evidenciam uma outra concepção
de Ciência, como guia neste tipo de abordagem.
Contrariamente ao observado na visão tradicional de ensino, a preocupação com os
conteúdos passa a ser mais qualitativa em detrimento da quantidade. A autonomia do aluno
até então restrita à questão física, começa a ser exercida também no campo cognitivo. O
estudante agora tem a possibilidade de planejar a forma pela qual irá desenvolver a
investigação e o que pretende investigar, com o professor assumindo um papel de estimulador
e orientador durante o processo.
Do ponto de vista didático, ao sujeitarmos uma experiência científica a uma
tentativa de questionamento estamos a convidar os alunos a desenvolverem-
se cognitivamente, num confronto de ideias com os seus pares, em que o
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
26
resultado não só não está de antemão conseguido, como tem que ser sempre
olhado à luz dos seus quadros interpretativos. (CACHAPUZ et al., 2011, p.
97).
Um fator fundamental para esta mudança foi a influência no meio educacional de
correntes cognitivistas da psicologia e o trabalho de profissionais formados para atuar
especificamente na Educação em Ciências.
Além da autonomia dada ao aluno, uma das características centrais desta forma de
experimentação é a preocupação ambiental, que põem em perspectiva a necessidade de deixar
claro ao estudante que a experimentação com finalidade didática não corresponde à
experimentação feita pelo cientista e que é necessário que se discuta os limites da Ciência,
admitindo que outras formas possíveis de conhecimento (aqui se inclui as concepções prévias
dos alunos) podem ajudar na desmistificação do conhecimento científico e abrir espaço para
discussão de suas implicações na sociedade.
Assim é comum que atividades práticas desenvolvidas nesta abordagem sejam
empregadas como parte integrante de uma sequência de ensino, não tendo grande relevância o
momento em que ela aparece na sequência, uma vez que não haverá fim nela própria, mas
apenas se vista no contexto geral à qual está inserida.
Desta forma, as atividades experimentais, ou de forma mais abrangente, as atividades
práticas em Ciências, sejam elas desenvolvidas dentro ou fora do ambiente do laboratório,
podem dinamizar a aprendizagem significativa e, uma vez que, se planejadas de forma
adequada, podem ser importantes espaços de interação entre estudantes e professor, troca de
experiências, interação entre conhecimentos científicos e cotidianos e espaço para se trabalhar
os novos objetivos do ensino das Ciências, que, segundo Cachapuz et al. (2011), seriam a
aprendizagem das Ciências, a aprendizagem sobre a natureza das Ciências e, a prática das
Ciências.
No próximo capítulo, abordaremos os aspectos metodológicos que serão utilizados
no desenvolvimento desta pesquisa.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
27
Capítulo 3
Questões Metodológicas para o Desenvolvimento da Pesquisa
3.1. O Problema de Pesquisa
Partindo da implementação de sequências didáticas, que apresentam como suporte
teórico a Aprendizagem Significativa, seria possível observar indícios de melhoria de
desempenho de tal metodologia se, durante sua execução, necessariamente, estivessem
presentes atividades experimentais desenvolvidas com o auxílio do laboratório didático de
Física?
3.2. Objetivos
3.2.1. Objetivo Geral
Verificar quais impactos, as atividades experimentais, podem representar durante a
execução de uma UEPS.
3.2.2. Objetivos Específicos
1. Elaborar uma unidade de ensino potencialmente significativa – UEPS –, em que algumas
de suas atividades sejam compostas por atividades práticas desenvolvidas no laboratório
didático.
2. Produzir material didático, impresso e digital, que possa auxiliar professores a utilizarem o
laboratório didático com o desenvolvimento de metodologia semelhante à usada nesta
pesquisa.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
28
3.3. Caracterização do Ambiente Investigado
3.3.1. A Escola
O presente trabalho foi desenvolvido na escola de ensino fundamental e médio da
rede pública do Estado do Pará Prof.ª Maria Araújo de Figueiredo, localizada em Ananindeua,
região metropolitana de Belém.
Esta unidade de ensino atende cerca de 1400 estudantes, distribuídos nos turnos
Manhã, Tarde e Noite. Conta com um corpo de aproximadamente 80 professores, que devido
à estrutura organizacional da rede de ensino do Estado do Pará, normalmente também
trabalham em outras escolas. Apresenta 13 profissionais que cuidam da administração da
escola, entre eles, diretor, vice-diretores, coordenadores pedagógicos e funcionários de
secretaria. Conta ainda com profissionais ligados à empresas terceirizadas, que são
responsáveis pela merenda escolar, segurança e limpeza.
O espaço físico da escola conta com 20 salas de aula, laboratório multidisciplinar de
ciências, biblioteca, sala de vídeo, sala de informática, sala para atendimento de alunos
portadores de necessidades especiais, sala dos professores, área de circulação (onde se
localiza um pequeno refeitório), e o prédio administrativo, com as salas da direção, secretaria
e arquivo.
Apesar de o desenho estrutural ser praticamente o mesmo observado em várias outras
escolas estaduais da cidade, é perceptível a organização e relativa conservação dos espaços, se
comparado a outras unidades de ensino. Isto se deve, principalmente, ao empenho da
comunidade escolar em manter o ambiente limpo e propício para o desenvolvimento das
atividades educacionais. Como estes espaços foram construídos agrupados em blocos-térreo,
existem entre eles áreas de ventilação que, apesar de demandar um pouco mais de esforço em
mantê-las limpas, deixam o ambiente mais agradável, inclusive em relação ao conforto
térmico.
É importante observar que, durante o ano letivo, alguns projetos são desenvolvidos
nas diferentes áreas de conhecimento, e que, normalmente, têm suas culminâncias marcadas
por eventos: jogos internos, feira de ciências, sarau literário, dia da consciência negra. Tais
eventos tem se mostrado importantes espaços para o estreitamento dos laços de estudantes e
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
29
pais de estudantes com a escola, assim como potencializa e valoriza a produção dos
estudantes e professores.
3.3.2. O Grupo de Estudantes
Foram escolhidas duas turmas do 2º ano do ensino médio, do turno da manhã, cada
uma com 35 estudantes, para o desenvolvimento deste trabalho. Os estudantes destas turmas
não apresentavam distorções idade-série perceptíveis (todos tinham entre 15 e 17 anos). Em
sua grande maioria eram moradores do bairro onde se localiza a escola ou bairros vizinhos.
Esta opção está relacionada por estarem sobre a minha responsabilidade turmas do 2º
e 3º ano do ensino médio, sendo que estas últimas normalmente apresentam uma dinâmica
diferenciada devido aos processos seletivos pra ingresso no ensino superior (ENEM e outros)
que os estudantes se submetem no decurso do ano letivo. Observamos que nesta escola, assim
como em outras da região, uma parte significativa dos estudantes do 3º ano fazem algum tipo
de curso preparatório para vestibulares no contra-turno, o que dificultaria o trabalho por nós
desenvolvido, haja vista que muitos dos estudantes tiveram que retornar no contra turno para
trabalhos complementares.
Do total de estudantes que fizeram parte das atividades, apenas 7 eram recém-
matriculados, vindos de outras escolas, ou seja, em sua grande maioria os estudantes já
haviam passado por algum tipo de atividade prática, já que a escola dispõe de um laboratório
de Ciências que é utilizado por professores de todas as séries e, anualmente, realiza eventos
relacionados às disciplinas de Física, Química, Biologia, Matemática e Ciências.
3.3.3. O Laboratório Multidisciplinar de Ciências
Várias escolas da rede pública estadual do Pará possuem laboratórios didáticos,
designados oficialmente como Laboratório Multidisciplinar de Ciências (LMC). Estes foram
construídos e equipados a partir de 2002 com verbas federais provenientes do Projeto
Alvorada. Porém, em muitas escolas, a despeito da existência do espaço físico, os laboratórios
não são usados, ou são usados para outras finalidades (p. ex. depósito de materiais).
A falta de estimativas oficiais da Secretaria de Estado de Educação (SEDUC-PA)
dificulta uma análise precisa acerca da quantidade de laboratórios efetivamente em uso. Nas
unidades de ensino em que os laboratórios apresentam condições estruturais de utilização, a
direção da escola, juntamente com professores interessados, pode pleitear a lotação de
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
30
profissionais nestes espaços, mediante projeto previamente aprovado pelo conselho escolar da
unidade de ensino e pela secretaria de educação. Caso o projeto não encontre restrições, é
permitida a lotação de um professor por turno de trabalho nestes espaços. O que normalmente
ocorre é que poucas escolas têm profissionais lotados em seus laboratórios, e dificilmente
observamos profissionais em mais de um turno, o que dificulta a utilização pela comunidade
escolar deste importante espaço.
Na escola Estadual Prof.ª Maria Araújo de Figueiredo, o LMC está em pleno
funcionamento desde 2008 e, desde 2010, conta com professores lotados nos três turnos. O
laboratório conta com uma sala de aproximadamente 80 m2 de área, onde se encontram 3
bancadas de concreto com tomadas e pias, bancada com um computador, quinze carteiras,
quadro branco e 5 armários de aço, onde se encontram os materiais usados durante as
atividades.
Os materiais disponíveis para as atividades no LMC constituem-se de kits existentes
desde sua implementação – o que faz com que alguns já se encontrem incompletos devido à
quebra e/ou perda de peças –, contendo alguns instrumentos tais, como balança de precisão,
termômetros, dinamômetros, microscópios, lupas, vidrarias variadas, réguas, escalímetros,
reagentes, etc.
Existem também materiais comprados com verbas de projetos existentes na escola,
como o PROEMI/MEC – Programa Ensino Médio Inovador – e editais que já existiram, como
o PPCE (Programa Pará faz Ciência na Escola). Estes recursos permitiram a compra de
Figura 3.1: Laboratório Multidisciplinar
de Ciências. Fonte: Autor.
Figura 3.2: Laboratório Multidisciplinar
de Ciências. Fonte: Autor.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
31
impressora, fogareiros elétricos, reagentes para reposição, multímetros, ferramentas em geral,
etc. A partir de editais nacionais e regionais, como o PIBIC/Jr e o PPCE, o LMC já contou
com bolsistas de Iniciação Científica desenvolvendo trabalhos sob a supervisão dos
professores responsáveis por este espaço.
Quanto às formas de intervenção do LMC junto à escola, os professores responsáveis
por este espaço pedagógico o organizaram de maneira a desenvolverem três formas básicas:
Visitas Supervisionadas – quando professores das disciplinas regulares vão, com seus
estudantes ao LMC, e contam com o apoio dos professores responsáveis para auxiliarem em
suas aulas; Visitas Programadas – quando os professores responsáveis pelo espaço ministram
a aula, cabendo ao professor da turma regular apenas auxiliá-los e; Atividades
Extracurriculares – os professores responsáveis pelo LMC escolhem alguns estudantes para
que ao longo do ano desenvolvam pequenos projetos de investigação científica e também
atuem como monitores nas aulas ocorridas no LMC, além de organizar eventos científicos
como feiras de ciências, mostras de vídeos, torneios de xadrez e ciclo de seminários. Destaca-
se que o LMC também realiza o empréstimo de materiais para que os professores da escola
possam utilizá-los nas salas de aula ou em aulas que possam ocorrem em espaços abertos na
escola.
A permanente produção dos professores responsáveis pelo LMC (roteiros para aulas
experimentais, materiais, etc.), assim como o que é produzido nas várias formas de
intervenção do LMC por estudantes e professores, é incorporada ao acervo do laboratório e
ficam disponíveis para serem usados em futuras aulas, complementando e enriquecendo a
variedade de materiais disponíveis para as aulas.
3.4. Abordagem Temática
A organização de atividades em sala de aula baseadas em temas, rompe com o
paradigma tradicional de organização curricular, pois, nesta abordagem, a lógica de seleção
dos conteúdos de ensino se inverte. Ao invés de escolhermos os conceitos científicos à serem
estudados e, a partir de então, selecionarmos os conteúdos de ensino, teremos uma
subordinação dos conceitos em relação aos temas. (DELIZOICOV et al., 2009).
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
32
Desta forma, propusemos o tema Física do Clima como pano de fundo para as
atividades desenvolvidas ao longo da UEPS, por este está relacionado com o cotidiano dos
estudantes, uma vez que, em nossa região, é muito comum a observação de chuvas
torrenciais, tempestades de relâmpago, altas temperaturas associadas a altos índices de
umidade relativa do ar, e outros fenômenos associados ao clima da Amazônia.
De acordo com a escolha do tema é que podemos estabelecer os conceitos que serão
trabalhados ao longo das atividades. É importante que esta escolha seja feita levando-se em
conta situações vivenciadas pelos estudantes. Desta maneira, é possível garantir que sejam
considerados durante o processo de ensino-aprendizagem, os conhecimentos prévios que os
estudantes apresentam, evitando que os conceitos científicos abordados em sala sejam apenas
caricaturas sob a forma de enunciados pré-estabelecidos e memorizados pelos estudantes. Isto
nos remete à aprendizagem significativa, quando afirma que a variável mais importante para a
aquisição de novos significados é o conhecimento prévio apresentado pelo indivíduo.
(AUSUBEL, 2003).
Sendo assim, segundo Snyders, apud Delizoicov et al (2009),
É ambição de nossa pedagogia que os alunos tenham acesso a conteúdos
verdadeiros e que, ao mesmo tempo, os interessem e sejam sentidos como
um auxílio no seu esforço para viverem e para conhecerem. E, então, o
professor há de parecer-lhes também uma instância auxiliadora e não como
potência hostil. (p. 191).
Para a execução de atividades que se harmonizem a esta abordagem, Delizoicov,
Angotti e Pernambuco (2009) propõe as seguintes etapas:
1. Problematização inicial: momento inicial em que os alunos são desafiados a exporem suas
opiniões acerca de situações reais apresentadas. Estímulo à apresentação de conhecimentos
prévios.
2. Organização do conhecimento: sistematização dos conhecimentos apresentados na etapa
anterior, partindo da seleção orientada pelo professor e das atividades desenvolvidas.
Sistematização de conceitos científicos.
3. Aplicação do conhecimento: Uso do que foi até então construído para a explicação de
questionamentos feitos na primeira etapa e de questionamentos novos. Capacitar os estudantes
à utilização dos conceitos científicos.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
33
Este tipo de metodologia se coaduna com a apresentada por Moraes (2004), pois
coloca o estudante numa posição que estimula o desenvolvimento da sua autonomia durante a
execução das atividades de ensino.
A escolha pelo uso de uma abordagem através de temas, numa sequência didática
que apresenta atividades didáticas de caráter prático e investigativo, foi feita por entendermos
que estas duas perspectivas se complementam e convergem, ao buscar a aproximação dos
conteúdos característicos do conhecimento científico com os aspectos relacionados ao
contexto dos estudantes. (SOLINO e GEHLEN, 2013).
3.5. Instrumentos de Coleta de Dados
Em consonância com a abordagem teórica que orienta este estudo, lançaremos mão
de métodos de produção, coleta e análise de dados que privilegiem o estudo dinâmico-
processual dos eventos investigados. O tratamento metodológico sobre um dado problema
acerca do qual se procura analisar a partir de uma visão totalizante (não fragmentada),
necessariamente perpassa por uma abordagem histórica dos processos. Nessa perspectiva,
Góes (2000) argumenta que “privilegiar a história não é estudar os eventos passados, mas sim
o curso de transformação que engloba o presente, as condições passadas e aquilo que o
presente tem de projeção do futuro”. (p. 13).
Para tanto, utilizamos como instrumentos de coleta e construção de dados a
confecção de mapas conceituais, a produção de textos a partir de perguntas abertas e a
anotação de informações em diários de bordo. Esta forma de coleta possibilitou que
tivéssemos uma visão mais ampla das aulas, uma vez que tais técnicas nós revelam elementos
de comunicação para além da linguagem verbal.
3.5.1. Os Mapas Conceituais
Mapas conceituais são diagramas que expressam a relação entre conceitos. Apesar de
em muitos casos estes mapas de conceitos serem parecidos com organogramas ou diagramas
de fluxo (os quais também podem expressar organização hierárquica e até o uso de setas), não
devem ser confundido com estes últimos, pois sua estrutura não implica hierarquias de poder,
ou temporalidade. Mapas conceituais têm como propósito explicitar as relações significativas
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
34
e de hierarquia entre conceitos, por isto devem ser vistos como diagramas de significados.
(MOREIRA, 2012).
Para a construção de um mapa conceitual não existe um roteiro com regras fixas. Em
alguns casos, podemos observar conceitos sendo expressos dentro de elipses ou retângulos,
para que se indique maior grau de importância. O uso deste artifício é conjuntural, e não
obrigatório. A utilização de figuras, ou ainda, o tamanho e forma das linhas que ligam os
conceitos, só terá significado se for previamente estabelecido. “O importante é que o mapa
seja um instrumento capaz de evidenciar significados atribuídos a conceitos e relações no
contexto de um corpo de conhecimentos, de uma disciplina, de uma matéria de ensino”
(MOREIRA, 2012, p. 2).
Abaixo está um mapa conceitual produzido por um estudante, durante a
implementação da UEPS analisada neste trabalho:
Figura 3.3: Mapa conceitual construído por um estudante após a leitura e discussão do texto intitulado
Repensando sobre o clima e o tempo.
Sol
Solo Água Vegetação
Umidade do ar
Ventos
Pressão atmosférica
Temperatura
Radiação solar
Partículas de
gás
carbônico
Clima
Interfere
Homem
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
35
Como a produção deste tipo de material expressa a compreensão individual de quem
o construiu, acerca do tema trabalhado, independente do formato das linhas ou outros tipos de
marcadores, o que se espera é que conceitos conectados na produção do mapa tenham uma
relação que o seu construtor seja capaz de explicar. Para melhorar o entendimento do mapa,
uma técnica que pode ser usada, não de maneira obrigatória, é a introdução de uma ou duas
palavras sobre as linhas que conectam os conceitos. Isso pode ajudar a formar uma sentença
que expresse com mais clareza a relação que se queira mostrar.
Utilizado como ferramenta organizacional, o grau de generalidade e inclusividade
dos conceitos usados em um mapa conceitual, é muito variável. Por este motivo, podemos
utilizar esta ferramenta para expressar o que foi trabalhado em uma única aula ou para
expressar um programa educacional completo.
Desta forma, concordamos com Moreira (2012), ao indicar que os mapas conceituais:
Procuram promover a aprendizagem significativa e entram em choque com
técnicas voltadas para aprendizagem mecânica. Utilizá-los em toda sua
potencialidade implica atribuir novos significados aos conceitos de ensino,
aprendizagem e avaliação. Por isso mesmo, apesar de se encontrar trabalhos
na literatura ainda nos anos setenta, até hoje o uso de mapas conceituais não
se incorporou à rotina das salas de aula. (MOREIRA, 2012, p. 8).
3.5.2. A Produção de Textos
Durante as interações ocorridas em uma aula de ciências é comum serem
estabelecidas diferentes formas de comunicação entre os sujeitos. Dentre estas formas
podemos destacar as produções textuais orientadas.
A produção de textos é uma atividade que faz parte do cotidiano de muitas escolas.
Geralmente associada à disciplinas como língua portuguesa, literatura, geografia, história e
redação, esta atividade pode desempenhar um importante papel no processo de ensino e
aprendizagem de todas as disciplinas, se ocorrida de maneira orientada e estruturada.
Durante o processo de escrita, não está em jogo apenas o trabalho com aspectos
ortográficos e gramaticais, mas algo muito bem profundo, que vem a ser o exercício da
habilidade de desenvolver argumentos logicamente organizados a fim de expressar ideia sobre
dado tema. Este processo faz parte da construção de argumentos em atividades ligadas à
pesquisa em sala de aula (MORAES et al, 2004).
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
36
Ainda que, durante uma aula sejam estabelecidos diálogos entre estudantes e
professor para a problematização e questionamento de um dado tema, é fundamental que os
argumentos, construídos a partir deste momento, sejam explicitados por escrito. Pois
concordamos com Moraes et al. (2004), quando diz que “essa produção escrita também
precisa ser permanentemente submetida à crítica, à análise de uma comunidade de discurso
mais ampla, que pode ser inicialmente o próprio grupo de colegas de aula”. (p. 17).
Solicitar que os estudantes se expressem por escrito, além de estimular a produção de
argumentos novos, partindo da síntese de ideias que estão presentes na aula, ajuda a colocar
em movimento da relação entre pensamento e linguagem. A linguagem, escrita ou em outra
forma, não tem apenas o papel de expressar o pensamento do indivíduo, mas ela atua na
própria organização e construção do pensamento. (Vigotski, 2005). Sendo assim, a produção
de textos pode ser uma importante estratégia para captar informações dos processos ocorridos
durante as aulas e ajudar na compreensão do movimento de elaboração de significados por
parte dos estudantes.
Para que isto aconteça, é importante que a produção textual ocorra de forma
estruturada. Assim, foram utilizados questionários com perguntas abertas que solicitavam aos
estudantes que se expressassem por escrito sobre temas específicos previamente
determinados. Durante este processo, os estudantes eram estimulados a construir seus textos,
ora baseados em conhecimentos prévios sobre o tema, ora baseados em textos de apoio
previamente a eles apresentado.
3.5.3. Suporte de Diários de Bordo
Os diários de bordo, diferentemente de outros documentos presentes no cotidiano dos
professores (cadernetas de notas, diários de classe e frequência, relatórios descritivos, entre
outros), podem ser entendidos como um grupo diversificado de documentos (memoriais,
cadernos reflexivos, diários de aula, autobiografias e outros) que se diferenciam do caráter
burocrático, tendo o intuito de anotar elementos importantes da prática do professor,
possibilitando a análise crítica desta. Sendo assim, esta forma de escrita pode auxiliar a
produção de conhecimento por parte do docente e a reflexão sobre sua própria prática.
(CAÑATE, 2010).
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
37
Segundo Alves (2001),
O diário pode ser considerado como um registro de experiências pessoais e
observações passadas, em que o sujeito que escreve inclui interpretações,
opiniões, sentimentos e pensamentos, sob uma forma espontânea de escrita,
com a intenção usual de falar de si mesmo. (p. 224)
No decorrer das atividades desenvolvidas no presente estudo, foi feito o uso de
anotações de episódios de interesse para o entendimento e posterior análise das aulas. Esse
grupo de informações, que vieram compor um diário de bordo, contém a descrição de
situações ocorridas durante as orientações, tais como: momentos de mudança conceitual por
parte dos estudantes devido às interações entre eles e com o professor; mudanças de percurso
durante a construção de aparelhos de medida; dúvidas apresentadas pelos alunos durante o
estudo do tema proposto; etc.
Vale destacar que, o uso de diários de bordo no contexto da sala de aula, pode
auxiliar não apenas na auto-reflexão do professor, numa perspectiva mais intimista desse tipo
de registro, mas também, pode ser utilizado como base de discussão com outros profissionais,
transformando-se assim em um instrumento de coleta de dados, reflexão e análise para a
pesquisa em ambientais escolares. (CAÑATE, 2010).
3.6. Técnicas Usadas para a Análise dos Dados
Tendo como base os instrumentos de coleta de dados por nós utilizados, elegemos
para o tratamento e análise destas informações duas técnicas principais. Primeiramente,
baseados em Moreira (2013), propomos um conjunto de critérios a serem usados na análise
dos mapas conceituais. E para a análise dos textos elaborados pelos estudantes ao longo das
atividades, utilizamos a análise textual discursiva, baseada em Moraes e Galiazzi (2006).
3.6.1. Análise dos Mapas Conceituais
Levando-se em conta que os mapas conceituais podem ser entendidos como uma
representação externa do entendimento de certo corpo de conhecimento, a partir da inter-
relação de conceitos, podemos utilizá-los não apenas para coleta de informações, mas,
sobretudo, utilizá-los como ferramenta de análise que nos indiquem evidência de
aprendizagem. Como toda pesquisa deve ser organizada de forma a se buscar a consonância
entre o tema investigado e as ferramentas de análise utilizadas no estudo, os mapas
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
38
conceituais podem ser de grande ajuda para a identificação de indícios de aprendizagem
significativa, uma vez que eles nos possibilitam avaliar aspectos associados a fatores
qualitativos e subjetivos.
Segundo Moreira (2012),
Como instrumento de avaliação da aprendizagem, mapas conceituais podem
ser usados para se obter uma visualização da organização conceitual que o
aprendiz atribui a um dado conhecimento. Trata-se basicamente de uma
técnica não tradicional de avaliação que busca informações sobre os
significados e relações significativas entre conceitos-chave da matéria de
ensino segundo o ponto de vista do aluno. É mais apropriada para uma
avaliação qualitativa, formativa, da aprendizagem. (p. 5).
Como cada mapa conceitual é único e representa externamente o pensamento de quem
o construiu, não é adequado atribuirmos as ideias dicotômicas de ‘certo’ e ‘errado’ a um
determinado mapa. Sendo assim, devemos então estabelecer alguns parâmetros que nos
possibilitem avaliar os mapas conceituais, para que deles possamos extrair as informações
necessárias. Utilizaremos então, os critérios de avaliação propostos por Moreira (2013), que
são:
1. Presença dos conceitos mais importantes do tema abordado.
2. Hierarquização conceitual expressa de forma clara (conceitos mais importantes em
destaque).
3. De acordo com a matéria de ensino, as linhas conectando conceitos e as palavras de enlace
(os conectores) devem sugerir relações adequadas.
4. Existência, não apenas de relações verticais, mas de relações cruzadas, indicando
reconciliação integrativa.
Empregaremos em nosso estudo, associado aos mapas conceituais, outros
instrumentos de avaliação de aprendizagem, tais como produção e análise de textos e análise
de anotações em diários de bordo.
Porém, o mapa conceitual enquanto instrumento de avaliação, nos dá outro tipo de
informação, que não aquelas associadas aos testes comportamentalistas. Eles apresentam a
capacidade de nos indicar informações muito mais relevantes ao processo de ensino-
aprendizagem, e não apenas ao produto final deste, nos ajudando a compreender o processo
de aquisição de conhecimento por parte do estudante. (MOREIRA, 2013).
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
39
Assim, é possível compreender que os mapas conceituais são instrumentos de
avaliação diferentes daqueles normalmente usados em aulas tradicionais, como provas e testes
de múltipla escolha. Eles estão orientados para uma avaliação qualitativa, o que pode ser
facilitada com o estímulo ao estudante de explicações orais ou escritas acerca do seu mapa.
3.6.2. Análise Textual Discursiva
Em pesquisas na abordagem qualitativa é comum a utilização de análise de textos
como fonte de informação. Tais análises podem ser feitas utilizando técnicas de análise de
conteúdo ou análise de discurso. A análise textual discursiva é uma ferramenta que permite a
análise de dados utilizando elementos existentes nas duas técnicas citadas (MORAES e
GALIAZZI, 2006).
Esta abordagem de análise tem na escrita sua principal ferramenta mediadora na
produção de significados. Isto exige do pesquisador um intenso exercício de interpretação e
produção de argumentos, haja vista que durante o processo de análise é comum à interação
entre o empírico e a abstração teórica na busca do entendimento das ações.
O conjunto de materiais, geralmente produções textuais, a serem analisados durante o
processo, é chamado de corpus. Esses textos são percebidos como produções com origem em
um determinado tempo e contexto, e que fazem referência a certo fenômeno. “Podem ser
lidos, descritos e interpretados, correspondendo a uma multiplicidade de sentidos que a partir
deles podem ser construídos” (MORAES, 2003, p. 194).
A análise textual discursiva é um processo que apresenta três etapas principais: a
unitarização dos textos analisados, o estabelecimento de categorias de análise e, a emergência
de uma compreensão renovada dos materiais analisados (MORAES, 2003).
Todo o processo se inicia com a unitarização dos textos. Isso consiste em separar os
textos, ou fragmentos de textos, em unidades de significados. Esta etapa de desconstrução do
texto inicial permite que seja feita a análise dos materiais em seus menores detalhes, unidades
constituintes de significado.
Estas unidades por si mesmas podem gerar outros conjuntos de unidades
oriundas da interlocução empírica, da interlocução teórica e das
interpretações feitas pelo pesquisador. Neste movimento de interpretação do
significado atribuído pelo autor exercita-se a apropriação das palavras de
outras vozes para compreender melhor o texto. (MORAES e GALIAZZI,
2006, p. 118).
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
40
Uma técnica que se mostra útil nesta etapa da análise é, uma fez realizada o recorte
do texto principal em fragmentos que expressem unidades de significados, reescrever os
fragmentos para recompor a coesão textual, mantendo a essência de seu significado. Isto pode
ser de grande ajuda na etapa seguinte.
Uma vez sendo feita a unitarização, passamos à segunda etapa do processo que
consiste em estabelecer as categorias de análise. As unidades de significados observadas nos
fragmentos de texto da etapa anterior são agora separadas em grupos que apresentam
significados semelhantes. Esses significados são à base para a formação das categorias
análise. De acordo com o material analisado, pode ser necessária a formação de diferentes
níveis de categorias. É importante observar que este processo só é possível com intensa
apropriação dos sentidos expressos nos textos, por parte do pesquisador. (MORAES e
GALIAZZI, 2006).
As categorias são unidades de informação propostas por quem está à frente do
processo. Dois pesquisadores diferentes poderão criar categorias de análise diferentes ao
analisarem o mesmo grupo de textos, ou corpus. Isto dependerá de fatores que envolvem
desde o conhecimento do tema abordado por parte do pesquisador, até o método por ele
utilizado para a criação das categorias.
As categorias na análise textual podem ser produzidas por diferentes
metodologias. Cada método apresenta produtos que se caracterizam por
diferentes propriedades. Por outro lado, cada método também traz já
implícitos os pressupostos que fundamentam a respectiva análise.
(MORAES, 2003, p. 197).
Dentre os métodos de criação das categorias podemos citar o método dedutivo, ou
método de categorias à priori. Este movimento parte de uma análise geral para uma análise
local, ou seja, a criação das categorias é feita antes da análise dos materiais da primeira etapa,
baseadas nas teorias que estão servindo de suporte para a pesquisa. (MORAES, 2003). Uma
vez estabelecidas de antemão as categorias, cabe ao pesquisador escolher em qual delas irá
colocar os fragmentos produzidos na unitarização, à medida que estes forem sendo
identificados.
Outro método possível é o indutivo, ou método à posteriori. Neste caso, as
categorias serão propostas depois de realizada a primeira etapa. Aqui, é o processo de
unitarização que dá o suporte para o pesquisador propor as categorias que este identifica como
importantes para a análise do corpus. É durante o processo de comparação entre os
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
41
fragmentos e o contraste de ideias neles contido, que o pesquisador sugere as categorias de
análise. (MORAES, 2003).
É importante perceber que o método indutivo não pressupõe a falta de um aporte
teórico, anterior à criação das categorias, por parte do pesquisador. Todo conjunto de
categorias construídas, independente do método utilizado, se faz a partir de um referencial
teórico, ainda que isto não esteja explicito durante o processo. Desta forma, concordamos com
Moraes (2003), quando diz que “toda categorização implica uma teoria”. (p. 200)
Também é possível usar um método misto de construção de categorias de análise.
Desde o primeiro momento se propõe categorias baseadas nas teorias que sustentam a
pesquisa, mas que ao longo do processo podem sofrer alterações de acordo com as
informações que emergem do processo de unitarização.
Todos esses tipos de categorias podem ser válidos. O essencial no processo
não é sua forma de produção, mas as possibilidades do conjunto de
categorias construído de representar as informações do corpus, ou seja, de
possibilitar uma compreensão aprofundada dos textos-base da análise e, em
consequência, dos fenômenos investigados. (MORAES, 2003, p. 198).
Ainda que este método permita uma série de particularidades quanto a sua utilização,
podemos identificar algumas propriedades comuns às categorias de análise. Primeiramente,
podemos dizer que um conjunto de categorias só será considerado válido se der conta de
representar, de maneira satisfatória, as informações e ajudar a compreender os fenômenos
investigados. Além disso, as categorias devem ser construídas utilizando um mesmo
princípio, baseado num corpo conceitual (teoria) bem estabelecido, de forma que se garanta a
homogeneidade entre tais categorias. (MORAES, 2003).
A terceira e última etapa do processo de análise consiste na interpretação propositiva
dos materiais. Uma vez realizada a unitarização do corpus da pesquisa e criada as categorias
de análise, a etapa final tem como propósito buscar a compreensão mais profunda do
problema, buscando ultrapassar o como e chegar ao porquê.
No contexto da análise textual, da forma como a compreendemos, interpretar
é construir novos sentidos e compreensões afastando-se do imediato e
exercitando uma abstração em relação às formas mais imediatas de leitura de
significados de um conjunto de textos. (MORAES, 2003, p. 204).
Essa interpretação, que marca o final de um processo, só pode ser exercida através de
um trabalho de permanente teorização por parte do pesquisador. Esta ferramenta não pode ser
vista como um conjunto de procedimentos rígidos, mas como uma metodologia aberta, que
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
42
estimula o pensamento investigativo. Isto porque as situações passíveis de serem investigadas
com esta ferramenta não são dadas como prontas, mas sim em permanente mudança e,
sobretudo, permanente interação com diversas influências, como ocorre durante os processos
de elaboração e reelaboração conceituais em uma sala de aula.
No capítulo subsequente, apresentaremos os principais conceitos sobre Física
Térmica e Física do Clima, abordados durante o desenvolvimento da UEPS, bem como,
faremos a descrição detalhada da sequência didática desenvolvida.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
43
Capítulo 4
A Unidade de Ensino Potencialmente Significativa
4.1. A Temática Trabalhada
Durante a execução deste trabalho, foram desenvolvidas uma série de atividades que
abarcaram o estudo de conceitos referentes à Física Térmica, a partir de sua relação com a
Física do Clima.
4.1.1. Por Que Física Térmica?
Seguindo orientações da Secretaria de Educação, assim como observando a matriz de
referência do ENEM e orientações presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio (PCNEM), a equipe de professores de Física elaborou a matriz curricular
adotada na escola que, quanto ao conteúdo programático de Física do 2º ano do ensino médio,
indica o trabalho com a Física Térmica no decorrer dos dois primeiros bimestres do ano
letivo, deixando os dois finais reservados para o trabalho com conteúdos relacionados à Física
Ondulatória.
Em relação a este trabalho, as atividades foram previamente organizadas durante o
período que equivalia ao 1º bimestre do ano letivo de 2015 e implementadas durante o 2º
bimestre do ano em questão, abrangendo assim, conteúdos referentes à Física Térmica.
Como é tratada no ensino médio, a Física Térmica envolve um conjunto de conceitos
que encontram na Termodinâmica sua expressão mais completa quanto a inter-relação de
informações pertencentes a um corpo teórico coerente para o estudo/entendimento de certo
domínio da natureza. Nos documentos oficiais, observamos referência com relação à
Termodinâmica da seguinte forma:
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
44
A Termodinâmica, por sua vez, ao investigar fenômenos que envolvem o
calor, trocas de calor e de transformação da energia térmica em mecânica,
abre espaço para uma construção ampliada do conceito de energia (BRASIL,
1999, p.25).
Desta forma, o trabalho com conceitos relacionados à Física Térmica se mostrou
interessante por abrir possibilidade de serem discutidos elementos do cotidiano dos
estudantes, suas inter-relações e relações com outros domínios da Física, já vistos por eles em
momentos anteriores de suas formações, assim como, a relação destes conceitos com outros
pertencentes a diferentes áreas de aplicação da Física, como a Física do clima.
4.1.2. Por Que Física do Clima?
Podemos encontrar várias ciências que utilizam, como base de seus estudos,
conhecimentos desenvolvidos pela Física. Uma abordagem possível, para o ensino da Física,
é incorporar elementos do cotidiano dos estudantes, que podem ser trabalhados à luz da
Física, nas atividades de sala de aula. Uma ciência que permite esse rico diálogo com a Física
e o Ensino de Física é a Climatologia.
A climatologia trata dos padrões de comportamento da atmosfera,
verificados durante um longo período de tempo. Ela está mais preocupada
com os resultados dos processos atuantes na atmosfera do que com suas
operações instantâneas (AYOADE, 2013, p. 3).
No desenvolvimento de temas que envolvam a Física do clima, uma primeira
diferenciação que se faz necessária está entre os conceitos de clima e tempo. Podemos dizer
que o clima está associado às informações acerca do comportamento da atmosfera, a partir de
um grande número de dados, coletados e interpretados de forma contínua durante longos
períodos de tempo. O tempo, por sua vez, está associado ao estado médio da atmosfera,
considerando um dado intervalo de tempo (normalmente curto) e dado local pré-determinado
(AYOADE, 2013).
Ainda que possamos diferenciar tempo de clima, é necessário percebermos a estreita
relação existente entre tais conceitos. “o tempo e o clima podem, juntos, ser considerados
como uma consequência e uma demonstração da ação dos processos complexos na atmosfera,
nos oceanos e na terra” (AYOADE, 2013, p. 3), processos esses, que têm como base para seu
entendimento, os conceitos que compõe a Termodinâmica.
Com isso, além de se configurar como uma área que estuda fenômenos notadamente
presentes no cotidiano dos estudantes, a temática do clima se mostra como um importante
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
45
apoio para que o professor de Física trabalhe em suas aulas assuntos atuais e de interesse
geral, buscando o enriquecimento da cultura científica dos estudantes. Para isto, devemos
estimular a mudança de postura por parte do estudante, “isso inclui ser um leitor crítico e
atento das notícias científicas divulgadas de diferentes formas: vídeos, programas de
televisão, sites da Internet ou notícias de jornais” (BRASIL, 1999, p.27). Sendo facilmente
observado que a vinculação nos telejornais diários, sites e outros, trazem informações sobre
previsão do tempo, o que naturalmente pode suscitar discussões acerca da Física do clima.
Este tipo de abordagem pode auxiliar o desenvolvimento nos estudantes da
habilidade de se expressarem na linguagem física de maneira mais adequada, o que
necessariamente exige a identificação de grandezas físicas correspondentes às situações
observadas e a capacidade de distinguir conceitos que, na linguagem cotidiana normalmente
são tratados como sinônimos, tais como, calor e temperatura, aceleração e velocidade, ou
massa e peso (BRASIL, 1999).
4.2. Conceitos Físicos Abordados na UEPS
No decorrer do 1º bimestre, antes do início da implementação da UEPS, foram
abordados durante as aulas, os seguintes tópicos: noções de temperatura, escalas
termométricas, e dilatação térmica nos sólidos e líquidos.
Esses tópicos foram trabalhados, a partir de uma abordagem que privilegiou aulas
expositivas e dialogadas, as quais tiveram como suporte principal o livro didático adotado na
escola, e sem a realização de atividades práticas.
Ao começar o 2° bimestre letivo, o início da UEPS desenvolvida contou com uma
breve revisão dos principais conceitos abordados no bimestre anterior. Além disso, durante a
sequência, foram abordados os tópicos discutidos a seguir.
4.2.1. Calor
Conceito chave para o estudo da termodinâmica, o calor é tido como a energia
térmica em trânsito entre corpos, ou entre um dado sistema e o ambiente, que apresentam
diferentes temperaturas (variação de temperatura). Este conceito foi tratado com base à teoria
corpuscular da matéria, ou seja,
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
46
Tal variação de temperatura é devida a uma mudança na energia térmica do
sistema por causa da transferência de energia entre o sistema e seu ambiente.
(Lembre-se que a energia térmica é uma energia interna que consiste em
energias cinética e potencial associadas com os movimentos aleatórios de
átomos, moléculas e outros corpos microscópicos no interior de um objeto).
A energia transferida é chamada de calor e é simbolizada por Q
(HALLIDAY, VOL2, p. 189).
Esta abordagem da matéria, partindo teoria corpuscular, é importante pois, auxilia o
desenvolvimento de uma concepção do mundo microscópico – domínio estudado pela Física
Estatística – que irá ajudar a explicar efeitos macroscópicos observados – domínio da
Termodinâmica –, como as mudanças de fase (RODRIGUES e FERREIRA, 2011).
4.2.2. Princípio da Conservação da Energia
Sendo um dos principais conceitos estruturantes da Física, este princípio foi
desenvolvido no contexto específico das trocas de calor, ou seja, para um dado sistema
termicamente isolado, que contenha em seu interior corpos com diferentes temperaturas,
haverá trocas de calor entre os corpos de maneira a manter satisfeita a relação abaixo.
Figura 4.1: Representação esquemática da transferência de calor entre dois corpos.
Para a situação representada na figura acima, teremos:
𝑄𝐴 = − 𝑄𝐵
Onde, QA é a quantidade de calor perdido pelo corpo A e QB é a quantidade de calor
recebido pelo corpo B. Ficando, então:
𝑄𝐴 + 𝑄𝐵 = 0
O que nos mostra que a energia contida no sistema em questão é conservada.
CORPO A
tA
CORPO B
tB
SISTEMA TERMICAMENTE ISOLADO
tA > tB
Q
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
47
4.2.3. Capacidade Térmica
Também conhecida como capacidade calorífica, esta grandeza física, representada
por C, é uma constante de proporcionalidade entre o calor Q que o objeto perde ou ganha e a
variação de temperatura ∆T, sofrida pelo objeto durante esse processo. Desta forma, temos:
𝐶 =𝑄
∆𝑇
Vale ressaltar que a capacidade térmica é uma característica associada ao objeto.
4.2.4. Calor Específico e Quantidade de Calor sensível
Para determinarmos a capacidade calorífica por unidade de massa, é necessário
normalizar a parcela à direita da equação acima pela massa (m) do objeto estudado. Desta
forma definiremos uma nova grandeza física chamada de calor específico, representada por c.
Teremos então:
𝑐 =𝑄
𝑚∆𝑇
Como esta equação sofreu normalização pela massa do objeto, o calor específico se
constitui numa grandeza que está relacionada não com o objeto estudado, mas com a
substância no qual ele é feito.
A quantidade de calor Q utilizada neste processo, que necessariamente deve envolver
situações onde não haja mudança de estado físico, é chamada de quantidade de calor sensível,
pois promove apenas a variação de temperatura do objeto observado. Em livros didáticos de
ensino médio, podemos encontrar a relação acima escrita da seguinte forma:
𝑄 = 𝑚. 𝑐. ∆𝑇
4.2.5. Quantidade de Calor Latente
Nas situações em que ocorrem mudanças de estado físico da substância, definimos a
grandeza conhecida como calor latente, ou calor de transformação, representada por L. Assim,
a quantidade de calor latente equivale à “quantidade de energia por unidade de massa que
deve ser transferida sob a forma de calor quando uma amostra sofre uma mudança de fase
completa” (HALLIDAY et al., p. 192).
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
48
Isso nos dá:
𝑄 = 𝑚. 𝐿
Devemos lembrar que, para cada mudança de estado físico (mudança de fase), a
substância apresentará um valor específico para o seu calor latente L.
4.2.6. Relação entre Temperatura e Pressão
Durante o desenvolvimento da UEPS, este tópico foi trabalhado numa abordagem
fundamentalmente conceitual. Para tanto, utilizamos a interpretação dos diagramas de fases.
Tais diagramas constituem-se enquanto gráficos cartesianos que mostram a relação entre
duas, ou mais, grandezas físicas. Neste caso, utilizamos a relação entre os parâmetros
termodinâmicos pressão e temperatura nos gráficos analisados para, a partir de sua
interpretação, entender o comportamento das substâncias quanto a possíveis permanências ou
mudanças de estado físico.
Abaixo podemos observar o diagrama de fases da água:
Figura 4.2: Diagrama de fases da água, onde T é o ponto tríplice. Fonte: Autor.
As curvas que delimitam as fronteiras entre os diferentes estados físicos são
chamados de curva de fusão ou solidificação, curva de vaporização ou condensação e, curva
de sublimação. O ponto T, chamado de ponto tríplice ou triplo, é o ponto onde podem
coexistir os três estados físicos.
T
Fase Gasosa
Fase Líquida
p (atm)
T (ºC) -0,06 0
1
8
Fase Sólida
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
49
4.3. Conceitos Associados à Física do Clima Abordados na UEPS
Durante as atividades da UEPS, foram estudadas diferentes variáveis climáticas.
Todas elas expressam grandezas a partir da relação entre diferentes conceitos da Física e de
outras ciências.
4.3.1. Umidade Relativa do Ar
Esta grandeza está associada com a umidade presente no ar, oriunda do processo de
evapotranspiração da água, que compõe uma das etapas do ciclo hidrológico. Desta forma a
umidade relativa do ar (UR) pode ser definida como a relação entre a quantidade de água que
está presente no ar, a chamada umidade absoluta (W), e o valor máximo que para dada
temperatura poderia haver, o chamado ponto de saturação (WS).
𝑈𝑅 =𝑊
𝑊𝑆 . 100%
Assim, numa localidade onde a temperatura ambiente estivesse em 30ºC, a
quantidade máxima de moléculas de água, dispersas no ar no estado de vapor, seria de 4%.
Neste caso, se existisse apenas 3% de moléculas, então a UR seria a razão entre 3 e 4, ou seja,
75%.
4.3.2. Pressão Atmosférica
A manifestação desta grandeza está relacionada à força gravitacional, bem como a
influência desta sobre as moléculas que compõe a atmosfera. Isto porque a pressão
atmosférica é basicamente o peso que a atmosfera exerce sobre a superfície do planeta.
Assim, alguns fatores estão relacionados com a variação desta grandeza, entre eles a
composição gasosa da atmosfera, a altitude e a temperatura do local.
Esta dependência está relacionada com o fato de que, a composição da atmosfera tem
relação direta com a massa molecular de seus constituintes, ou seja, em misturas formadas por
gases mais pesados, a pressão atmosférica tende a ser maior. Em relação à altitude, esta é
inversamente proporcional à rarefação do ar, logo em grandes altitudes a pressão atmosférica
tende a ser menor. Já a temperatura tem influência pelo fato de que em regiões mais frias, as
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
50
moléculas que compõe a atmosfera tendem a apresentar menor energia térmica vibracional,
agrupando-se e tornando o ar mais denso, o que tende a aumentar a pressão do local.
4.3.3. Índice Pluviométrico
Este índice é normalmente utilizado para medir a precipitação da água da chuva
em determinado local e período de tempo. Utiliza como unidade de medida o milímetro (mm).
O cálculo é realizado de acordo com o nível de água da chuva que precipita em uma
determinada área. Por exemplo, se falarmos em um índice pluviométrico de 40 mm durante o
mês de abril, quer dizer que a altura do nível de água acumulada em um tanque aberto que
apresente formato de um prisma reto, cúbico ou cilíndrico, atingiu 40 mm.
Esse método é eficiente, pois, o recipiente coletor não precisa ser necessariamente
grande. Para um coletor cubico de 1m2 de área de base, a coleta da quantidade de água de
chuva seria bem maior se comparado a um coletor de 0,25 m2 de área de base. Porém, como o
segundo coletor precisa de uma quantidade menor de água, para variar a altura do líquido
coletado, ambos os coletores apresentariam a mesma marcação ao final de uma chuva.
4.3.4. Velocidade e Direção do Vento
Gerados pela variação de parâmetros termodinâmicos, como a temperatura, nos gases
da atmosfera, o estudo dos ventos é importante tanto para as previsões meteorológicas, quanto
para questões climatológicas, como a influência na agricultura.
A diferença de gradiente de pressão atmosférica gera o deslocamento do ar,
ou seja, origina os ventos. Estes, partindo de zonas de maior para as de
menor pressão, sofrem influências também do movimento de rotação da
Terra, da força centrífuga ao seu movimento, bem como da topografia e
consequente atrito com a superfície terrestre (Munhoz e Garcia, 2008, p. 30).
Além dos processos que possibilitam a formação dos ventos, é importante a
determinação de sua velocidade e direção. Essas grandezas podem ajudar a predizer a
dinâmica do tempo em curto prazo
4.3.5. Conforto Térmico
Todos os seres vivos tem algum tipo de relação com a temperatura do ambiente em
que se encontram. Porém, alguns seres apresentam respostas comportamentais e fisiológicas
mais expressivas quando submetidos à variações de temperatura de seus ambientes. A busca
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
51
pelo bem-estar, existente há muito tempo, tem levado a intensificação nas últimas décadas dos
estudos acerca do conforto térmico (BATIZ et al., 2009).
No que se refere ao gênero humano, a temperatura também está intimamente
associada à sensação de conforto físico. Sabe-se que sob temperaturas
elevadas as pessoas normalmente tendem a diminuir a atividade motora e
intelectual. Uma razoável parte do consumo mundial de energia, debitada
aos processos de climatização de ambientes, constata o esforço do Homem
para melhorar as condições reinantes em recintos fechados (VAREJÃO-
SILVA, 2006, p. 88).
Desta forma, é possível observar que o conforto térmico está associado à condição de
se sentir bem, o que trás um componente subjetivo à definição deste conceito. Isto não impede
a Ciência de utilizar este conceito em pesquisas desenvolvidas em laboratório, ou em campo,
para relacionar o conforto térmico ao desempenho de indivíduos durante o desenvolvimento
de suas atividades (BATIZ et al., 2009).
A figura a seguir expressa os valores de temperatura e umidade, e como estes estão
integrados ao conforto térmico associado à humanos.
Figura 4.3: Diagrama do conforto térmico para humanos. Fonte: INMET (Instituto Nacional de
Meteorologia).
A noção de conforto térmico está intimamente ligada à ideia de sensação térmica,
normalmente abordada em livros didáticos de Física do ensino médio. Em ambos os casos
temos um componente subjetivo para indicar a ideia de ‘quente’ e ‘frio’, baseado em aspectos
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
52
fisiológicos provenientes de percepções relacionadas aos sentidos, neste caso, o tato
(MATTOS e DRUMOND, 2004).
Devido a este componente subjetivo, as ciências que trabalham com estes conceitos
tentam definir o conforto térmico com base em outros parâmetros – temperatura, umidade,
velocidade do vento, intensidade da radiação solar –, na busca de fazer a aferição de valores
de maneira mais precisa. Esta abordagem abre a possibilidade da discussão acerca da relação
entre diferentes grandezas que em situações usuais seriam vistas de maneira isolada.
4.4. O Planejamento da Sequência Didática
Existem várias abordagens que tratam o desenvolvimento de disciplinas científicas a
partir de sequências didáticas (BELLUCCO e CARVALHO, 2014; MOREIRA, 2011;
RODRIGUES e FERREIRA, 2011). No presente trabalho foi desenvolvida e aplicada uma
sequência definida como Unidade de Ensino Potencialmente Significativa – UEPS
(MOREIRA, 2011), buscando incluir os conceitos trabalhados ao longo das atividades dentro
de um corpo coerente de conhecimentos preexistentes no campo cognitivo do estudante.
Esta sequência de ensino teve um total de 9 encontros, cada um composto de 3 aulas
de 45 minutos. Para facilitar o entendimento das atividades realizadas, faremos a seguir a
exposição dos encontros e a discriminação das atividades ocorridas em cada um deles.
4.4.1. A Unidade de Ensino Potencialmente Significativa Desenvolvida
Encontro 1:
Atividade 1: Como situação inicial, foi pedido aos estudantes que respondessem a um
questionário, contendo quatro perguntas abertas sobre conceitos relacionados ao aquecimento
global, efeito estufa, mudanças climáticas e ações antrópicas sobre clima e tempo (ANEXO
1). Esta atividade teve como objetivo fazer o levantamento de conceitos prévios dos
estudantes sobre o tema.
Atividade 2: Como organizador prévio, foi exibido um vídeo (série Cosmos, episódio 7)
seguido de debate aberto sobre o clima, a importância de conhecer os fatores que o
influenciam e como a ação antrópica pode gerar impactos em escala global.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
53
Encontro 2:
Atividade 3: Foi apresentado o texto para leitura (ANEXO 2), seguido de discussão aberta,
sobre os conceitos de Clima, Tempo, aparelhos de medida de uma estação meteorológica
(EM) e suas medições. Neste momento foi realizada uma primeira discussão de como a
medição das variáveis climáticas estão relacionadas com os conceitos da Física Térmica, tais
como Temperatura, Calor, e Pressão.
Atividade 4: Em seguida, a turma foi dividida em equipes e foi proposta a atividade prática
baseada no seguinte questionamento (situação problema): como construir uma estação
meteorológica (EM)? Foi entregue a cada equipe um roteiro com orientações gerais (ANEXO
3) de como proceder durante a execução da atividade de construção da EM. Como esta
atividade era parte integrante da avaliação dos estudantes, o roteiro também trazia
informações acerca da pontuação da mesma. Ao final desta aula, foi solicitado às equipes que
fizessem uma pesquisa em livros e sites sobre quais aparelhos eram possíveis construir
utilizando materiais alternativos e de baixo custo.
1ª Rodada de Orientações: Nesta semana ocorreu a primeira rodada de orientação das
equipes no contra-turno (turno da tarde). Durante as reuniões no Laboratório Multidisciplinar
de Ciências (LMC), foi visto o que cada equipe pesquisou, quais os tipos de aparelhos de
baixo custo que eles observaram em vídeos, sites e textos, discutiu-se quais as melhores
opções para que fossem construídos e lhes foi pedido pra que iniciassem a construção dos
mesmos. Foi informado às equipes que, na próxima rodada de orientação, eles já deveriam
trazer os aparelhos, ou parte deles, montados para os primeiros testes de funcionamento. Ao
final das reuniões ocorridas com cada equipe, levando-se em conta as pesquisas por elas
realizadas, ficou definido que deveriam ser construídos ao menos 6 aparelhos: termômetro,
psicrômetro, barômetro, pluviômetro, anemômetro e anemoscópio.
Encontro 3:
Atividade 5: Esta aula ocorreu no LMC. Inicialmente a turma foi dividida em 6 equipes
composta de 4 a 6 estudantes. Cada uma das equipes foi encaminhada a uma bancada e foi
solicitado que elas executassem um experimento e tentassem explicar o que estava ocorrendo
durante o experimento, tomando nota do que fosse importante para a produção de um pequeno
relato por escrito de suas observações.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
54
Foram propostos três experimentos, com duas equipes ficando com o mesmo experimento.
1º. Balão com água e vela: deu-se à equipe dois balões e uma vela. Foi Solicitado que
enchessem um deles apenas com ar e o outro com um pouco de água e ar. Pediu-se para que
colocassem os dois perto da chama da vela e observassem o tempo que levava para que eles
estourassem.
2º. Lâmpada e termômetros: Foi dado a cada equipe uma lâmpada incandescente (com o
soquete e interruptor, devidamente instalados) e dois termômetros químicos de mercúrio.
Pediu-se para que ligassem a lâmpada e colocassem um termômetro na lateral e outro acima
da lâmpada, variando suas distâncias e observando a leitura das temperaturas por eles
indicadas.
Figura 4.6: Termômetros próximos à lâmpada incandescente. Fonte: Autor.
Figura 4.4: Balão cheio apenas com ar.
Fonte: Autor.
Figura 4.5: Balão cheio com ar e água.
Fonte: Autor.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
55
3º. Béquer com água e leite: cada equipe recebeu um béquer com água, uma pipeta pasteur,
uma vela e um pouco de leite líquido. Foi solicitado que eles depositassem cuidadosamente o
leite no fundo do béquer com água e em seguida colocassem acima da chama da vela. Foi
pedido que observassem o que acontecia com o leite do fundo do béquer enquanto o conteúdo
do seu interior era aquecido pela chama.
Atividade 6: A turma foi novamente reagrupada e foi pedido as anotações que cada equipe
havia feito durante a execução da atividade experimental. Antes de começarmos as
discussões, foi falada a diferença entre descrever e explicar um evento. Na sequência, foi
solicitado que cada equipe fizesse um breve relato oral do experimento que havia realizado.
Foi estimulado que durante esse relato as equipes não apenas descrevessem o que viram, mas,
que tentassem explicar o que havia acontecido. Com a intensa participação de vários
estudantes, as ideias eram sistematizadas num quadro branco e o professor orientou as
discussões para que pudessem ser construídos os conceitos de condução térmica, convecção
térmica e irradiação térmica. Com os conceitos dos processos de propagação de calor
construídos, a partir das discussões com toda a turma, foi apresentada a explicação de como
estes processos interferem na produção dos ventos na atmosfera.
Atividade 7: foi solicitado que cada equipe reescrevesse suas impressões do experimento,
buscando explicá-los utilizando os conceitos construídos na discussão com a turma. Eles
Figura 4.7: Leite sendo depositado no
fundo do béquer com água. Fonte: Autor.
Figura 4.8: Béquer sendo aquecido pela
chama da vela. Fonte: Autor.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
56
foram orientados a utilizar, se necessários, o livro didático e pesquisa na internet, e entregar
suas anotações na aula seguinte.
Encontro 4:
Atividade 8: Aula expositiva e dialogada sobre Quantidade de Calor Sensível e Quantidade de
Calor Latente. Nesta aula foi ressaltada as unidades de medida de calor, principalmente a
usada no S.I. Na sequência, foram resolvidos exercícios sobre os temas vistos, com aplicações
que envolvessem fenômenos climáticos.
2ª Rodada de Orientações: Nesta semana, ao irem ao LMC para as reuniões, as equipes
trouxeram algumas peças e aparelhos já montados. Começou-se a se fazer ajustes e
calibrações em alguns aparelhos e se discutir como montar os mais complexos. Também foi
discutido o princípio de funcionamento de cada aparelho. Foi dada atenção especial às
propostas de soluções que os estudantes apresentaram para tentar contornar problemas que
apareceram durante a construção dos aparelhos.
Encontro 5:
Atividade 9: Uma breve aula expositiva sobre capacidade térmica e calor especifico.
Atividade 10: Realização de experimento no LMC para a determinação do calor específico e
capacidade térmica utilizando calorímetros de baixo custo. Cada equipe recebeu uma lata de
alumínio (de refrigerante), um termômetro químico, recipientes de isopor para conservar as
latas refrigeradas, béqueres, pedaços de parafina, um pouco de areia e algumas moedas. O
experimento consistia em construir um calorímetro, medir sua capacidade térmica, e calcular
o calor específico da areia, parafina e metal. Foi disponibilizado para as equipes o uso de uma
balança de precisão existente no LMC. Além das orientações dadas pelo professor, cada
equipe recebeu um roteiro (ANEXO 4), para auxiliar a realização desta atividade.
Encontro 6:
Atividade 11: Iniciou-se a aula com a proposição de uma situação-problema referente à
relação entre temperatura e pressão. Por que na panela de pressão os alimentos cozinham mais
rapidamente? Este questionamento teve como objetivo servir de organizador prévio para o
tema discutido na aula.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
57
Atividade 12: Em seguida foi realizado pelo professor um experimento demonstrativo sobre a
relação entre temperatura e pressão.
O experimento era composto de um aparato montado com balão de vidro com ladrão, seringa,
válvula (torneira três vias), mangueiras de conexão e fonte de calor (fogareiro). Depois de
montado era possível injetar e retirar ar do interior do balão, fazendo com que sua pressão
interna variasse. Assim era possível atingir o ponto de ebulição da água acima e abaixo dos
100ºC, característicos de locais onde a pressão é a mesma do nível do mar.
Foi abordada a fenomenologia do experimento e a explicação teórica com a apresentação dos
diagramas de fases.
Figura 4.9: Aparato montado para o estudo da relação entre temperatura e pressão. Fonte: Autor.
Atividade 13: Ao final da aula, cada aluno recebeu uma lista de exercícios para fazer em casa.
Esta lista teve como objetivo auxiliar a reconciliação integradora do que havia sido visto até
o momento.
3ª Rodada de Orientações: Nesta semana as orientações tiveram como objetivo fazer
pequenos ajustes no que ainda não está funcionando bem e orientar sobre a apresentação da
semana seguinte, incluindo a montagem dos slides em PowerPoint.
Encontro 7:
Atividade 14: Resolução e discussão da lista de exercícios. Durante as resoluções, buscou-se
fazer associação dos conceitos de Física Térmica àqueles trabalhados pelos alunos durante as
aulas anteriores e durante a construção dos equipamentos.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
58
Foi lembrado que na próxima aula ocorreria a apresentação dos trabalhos. Cada equipe
deveria trazer os aparelhos montados, demonstrar e explicar seu funcionamento e relacionar
às variáveis climáticas referentes aos aparelhos com os conceitos da Física Térmica
trabalhados até então.
Encontro 8:
Atividade 15: Apresentação dos trabalhos. Todas as equipes apresentaram seus instrumentos
de medidas montados. Por sorteio, cada equipe explicou o princípio de funcionamento dos
aparelhos, falou sobre a variável climática que ele se propõe a medir e demostrou, quando
possível, o seu funcionamento em sala. Também foi explicada a relação entre as variáveis, a
sensação térmica e o conforto térmico.
Encontro 9:
Atividade 16: Esta aula teve início com a explicação do que é, e como construir, um mapa
conceitual. Durantes as discussões, que foram baseadas em Moreira (2012), foi mostrado à
turma alguns exemplos de mapas conceituais já prontos.
Atividade 17: Produção de mapas conceituais. Cada aluno recebeu um texto denominado
Repensando sobre o Clima e Tempo (ANEXO 5), e foi solicitado que após a leitura eles
produzissem um mapa conceitual acerca do entendimento sobre o texto.
Esta atividade marcou o encerramento da unidade de ensino potencialmente
significativa, objeto de estudo desta pesquisa.
No capítulo 5, faremos a análise da UEPS desenvolvida, utilizando os métodos e
técnicas já tratados no capítulo 3.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
59
Capítulo 5
A Análise da Sequência Didática
Neste capítulo utilizaremos as ferramentas de análise já descritas no capítulo 3 para
que, partindo dos materiais produzidos e coletados junto aos estudantes, examinemos a
sequência didática de conjunto.
Como as duas turmas que estão sendo a base deste estudo desenvolveram as mesmas
atividades, só faremos distinção entre elas quando for conveniente ou necessário para nossas
análises. Na maior parte do tempo, trataremos como se fossem um único grupo – maior – de
estudantes.
A sequência didática aqui analisada é composta de um total de 17 atividades. Como o
objetivo geral deste trabalho é verificar quais impactos as atividades experimentais podem
representar durante a execução de uma UEPS, centralizaremos nossas análises nas atividades
experimentais desenvolvidas durante o processo, assim como nas atividades que marcam o
início e o final da sequência, haja vista que nossa intenção é fazer uma análise do processo e
não do produto final da UEPS.
5.1. A Situação Inicial
Para a análise das respostas dos estudantes, referentes ao questionário com perguntas
abertas aplicado no primeiro encontro (atividade 1), que teve o objetivo de fazer o
levantamento dos conhecimentos prévios acerca da temática Física do Clima e sua relação
com conhecimentos acerca da Física Térmica, utilizamos a análise textual discursiva
(MORAES e GALIAZZI, 2006). Baseados nos questionários aplicados (Anexo 1),
identificamos diferentes categorias de análise referentes às quatro perguntas nele contidas.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
60
Para ilustrar o conteúdo dos discursos presentes em cada uma das categorias
identificadas, utilizaremos a transcrição de algumas respostas dos estudantes. Para manter o
sigilo dos nomes dos estudantes, iremos associar um código a cada um deles, assim como
para cada uma das categorias descritas.
Como todas as perguntas contidas no questionário aplicado tinham como tema
central as Mudanças Climáticas, foi possível analisar as respostas contidas em cada
questionário como a expressão geral da percepção que o estudante que as construiu
apresentava sobre a temática central, ou seja, ao analisarmos cada questionário de uma forma
global, as quatro respostas eram vistas como um único texto.
Esta forma de coleta de dados possibilitou a unitarização do corpus da análise textual
discursiva de forma mais natural, uma vez que nesta etapa do processo é comum, e até
recomendável, que se faça a desmontagem e a desconstrução do texto analisado (MORAES,
2003). Este processo de desconstrução do texto analisado facilita a percepção das relações
existentes entre os conceitos nele contido, bem como auxilia a construção das categorias de
análise.
As categorias por nós construídas foram baseadas nos trabalhos de Muniz (2010) e
Castoldi et al. (2009), os quais buscaram identificar as representações sociais de estudantes do
ensino fundamental e médio acerca de conceitos relacionados à Física do Clima – como o
aquecimento global – e meio ambiente.
Passaremos agora à descrição de cada uma das categorias, bem como a análise de
suas características centrais. Ainda que não seja o foco desta pesquisa, utilizaremos alguns
elementos estatísticos para nos auxiliar na compreensão do perfil conceitual do grupo de
estudantes.
Física Térmica e Física do Clima – (C.1):
Enquadram-se nesta categoria as respostas que representam argumentações centradas
em conceitos de Física Térmica – temperatura e calor – e Física do Clima, mostrando relação
entre os conceitos, ainda que as explicações nem sempre estejam corretas.
Mudança climática é a variação de temperatura ocorrida em um determinado
espaço (E32T2).
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
61
É possível observar que para explicar o fenômeno Mudança Climática, o estudante
utiliza como conceito principal a Temperatura.
Identificamos a existência de duas subcategorias: explicações baseadas em
tendências naturalistas (C.1.A), e explicações baseadas em tendências antropocêntricas
(C.1.B).
Sobre o efeito estufa, um dos estudantes escreve:
É um fenômeno natural com o objetivo de aquecer o planeta terra. A
radiação do sol bate na terra e volta. O calor que vêm fica preso na atmosfera
por maio dos gases poluentes. Em países mais industrializados, e
consequentemente mais poluídos, a temperatura é maior, pois prende mais
calor (E11T2).
Neste caso o estudante inicia a sua argumentação deixando claro que o efeito estufa é
um fenômeno natural. Após fazer a explicação do efeito utilizando termos característicos da
Física Térmica como temperatura, calor e radiação, o estudante identifica a ação do homem
como potencializador do fenômeno. Enquadramos este tipo de resposta na subcategoria C.1.A
por relacionar conceitos de Física Térmica e Física do Clima, mas identificar corretamente o
efeito estufa como algo natural.
Outro estudante escreve:
Efeito Estufa é um efeito climático causado pela poluição que acaba
causando mudanças no clima do planeta fazendo o nível do mar aumentar
quando os icebergs derretem devido a temperatura muito elevada. O calor do
Sol está mais forte, devido ao efeito estufa a temperatura no planeta
aumenta, fazendo com que os raios de sol sejam mais fortes e causem
doenças de pele (E3T1).
Este estudante coloca o homem como protagonista do efeito estufa, uma vez que
indica a poluição como agente que provoca o efeito. Durante sua argumentação também é
possível observar conceitos próprios da Física Térmica, como temperatura e calor, que nestas
respostas são fundamentais para o desenvolvimento da ideia que se quer passar. Porém é clara
a visão antropocêntrica da argumentação, desde o início, até a finalização, onde se pode
observar a atenção voltada para um efeito associado ao homem – câncer de pele. Textos com
esse conteúdo foram enquadrados na categoria C.1.B.
Como nos sugere Muniz (2010), as tendências naturalistas podem estar associadas à
conhecimentos de natureza escolar que não foram baseados em concepções de ensino
reflexivas. Já as representações associadas à tendências antropocêntricas têm como suporte as
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
62
informações comumente associadas às ideias repassadas por veículos de comunicação, que
costumam apresentar o problema sem detalhar as explicações e os conceitos científicos à ele
associado (MUNIZ, 2010).
A categoria C.1 pode ser considerada a mais promissora em termos de utilização de
subsunçores para estruturação de novos conceitos. Isto porque é possível ancorar novos
conceitos na estrutura cognitiva dos estudantes, que farão parte de um corpo mais geral de
conceitos e que terão como propósito explicar como eventos por eles já percebidos – os
relacionados à Física do Clima – podem ser melhor entendidos se relacionados aos conceitos
novos apresentados.
Neste caso, como os estudantes que tiveram suas respostas enquadradas nesta
categoria já expõe conceitos relacionados à Física Térmica, isto é um indicativo de que eles
podem chegar à utilizar as ideias trabalhadas na escola, em situações cotidianas, de maneira
mais fácil.
Física do Clima – (C.2):
Aqui se enquadram as respostas que representam argumentações centradas apenas
em conceitos de Física do Clima. Isto não quer dizer que os estudantes não tenham noções
referentes à conceitos de Física Térmica, até porque a UEPS foi desenvolvida no período
equivalente ao segundo bimestre letivo e conceitos como Temperatura, Escalas
Termométricas e Dilatação Térmica, já haviam sido tratados em aulas anteriormente.
Porém, as respostas aqui apresentadas indicam que os estudantes têm dificuldades
em relacionar conceitos aprendidos em sala de aula à outros contextos. Isto é indicativo de
que durante os conteúdos trabalhados antes da UEPS, a aprendizagem mecânica foi
preponderante em relação à aprendizagem significativa, já que para esta última se consolidar,
é necessário que o estudante seja capaz de aplicar os conceitos em situações diferentes
daquelas em que tais conceitos foram a ele apresentados (MOREIRA, 2014).
Nesta perspectiva, um estudante escreve:
O Efeito Estufa é a abertura na camada de ozônio, facilitando a entrada de
raios solares na terra, causando catástrofes ambientais (E14T2).
É possível observar que este estudante confunde dois fenômenos distintos – efeito
estufa e buraco na camada de ozônio – estabelecendo uma relação direta, inexistente, entre
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
63
eles. Porém, o que nos leva a enquadrar esta resposta na categoria em questão, não é a
assertiva da argumentação, mas seu conteúdo.
Como esta atividade foi desenvolvida com o objetivo de fazermos o levantamento de
conhecimentos prévios da turma, estávamos interessados em encontrar relações entre
conceitos de Física Térmica – em especial os já vistos em aulas anteriores – e aqueles
relacionados à Física do Clima. Em nenhum momento o estudante se valeu de conceitos de
Física Térmica para tentar explicar o mecanismo de funcionamento do fenômeno em foco.
Aqui também definimos, assim como na categoria C.1, duas subcategorias baseados
em Muniz (2010): naturalista (C.2.A) e antropocêntrica (C.2.B).
Buscando explicar o que seria Mudança Climática, encontramos a seguinte
argumentação:
É quando se tem um determinado clima num ambiente e este muda para
outro (E30T1).
Com um viés tautológico, esta explicação mostra ausência de conceitos como
temperatura e calor, bem como em momento algum faz referência a atividades humanas
envolvidas no processo. Percebemos aqui um trecho que condiz com a subcategoria C.2.A.
Ao tentar expor evidências do aquecimento global, um estudante escreve:
São a poluição do ar, queima de combustíveis, desmatamento, etc. (E34T2).
O estudante elenca uma série de eventos que normalmente associamos a causas do
aquecimento global, e não consequências, como a pergunta feita no questionário fazia
referência. Ainda assim, podemos verificar que todas as ideias expressas tem um caráter
antropocêntrico, uma vez que deixa clara a relação de ações humanas no que foi citado. Esta
frase pode ser enquadrada na subcategoria C.2.B.
É importante destacar que a definição das duas subcategorias que propusemos nas
categorias C.1 e C.2 não se deu por acaso. Como no decorrer da UEPS havia previsão de
atividades baseadas em intervenções diretas na medida de variáveis climáticas, estas
subcategorias serviram para nos indicar se os estudantes tinham a ideia de como a ação
antrópica pode exercer influência sobre o clima.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
64
Na sequência apresentaremos uma tabela com a frequência absoluta e valores
percentuais, para que possamos observar como as respostas dos estudantes das duas turmas se
enquadraram nas diferentes categorias por nós identificadas.
Tabela 5.1: Categorias referentes à situação inicial.
CATEGORIA SUBCATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL (%)
C.1 C.1.A 15 24,19 %
C.1.B 8 12,90 %
C.2 C.2.A 17 27,41 %
C.2.B 22 35,48 %
Ainda que informações referentes ao tempo e clima sejam amplamente divulgadas
pelos meios de comunicação, as respostas referentes à pergunta 1 – O que é Mudança
Climática? – deixam claro o não entendimento acerca da diferença entre esses dois conceitos.
Outra confusão encontrada em algumas respostas foi a palavra clima sendo usada como
sinônimo de temperatura. Na pergunta 4 – As temperaturas vão aumentar no futuro? Quais
serão os impactos disso? –, um estudante chegou a responder:
Sim. Óbvio que o clima vai aumentar e sentiremos mais calor... (E4T1).
A temperatura foi o único parâmetro termodinâmico citado pelos estudantes, tendo
aparecido em quase todas as respostas dos questionários. Porém, mesmo este conceito já
tendo sido trabalhado no bimestre anterior à aplicação desta UEPS, muitas vezes a ideia de
temperatura foi utilizada de forma equivocada nas respostas.
Em todos os casos que se vez menção à mudança climática, direta ou indiretamente,
sempre se ressaltou o caráter negativo deste efeito, seja de forma alarmista como na
subcategoria C.2.B, ou de forma mais argumentativa, como na subcategoria C.2.A.
Em várias respostas foi possível observar a ideia de ação antrópica sobre o clima e
tempo. Isto é um ponto positivo, pois estimula em sala de aula discussões referentes à tomada
de decisão tendo como base os conhecimentos discutidos nas aulas de Física. Todavia, muitas
respostas que destacaram a ação humana apresentaram um conteúdo determinista. Isto pode
ser observado principalmente nos textos enquadrados na subcategoria C.2.B, como do
estudante abaixo.
Acho que as temperaturas do planeta vão aumentar, tenho quase certeza
disso. O mundo se acabando pouco a pouco, pessoas morrendo e muitos
desastres naturais (E3T2).
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65
O percentual mais elevado de respostas na categoria C.2 – 62,89% – mostra que os
estudantes, em sua maioria, não conseguem relacionar os conceitos referentes à Física do
Clima com os abordados em sala de aula acerca da Física Térmica. Muitos entendem as
previsões relacionadas a tempo e clima como algo exato, o que demonstra a falta de
conhecimento da complexidade do estudo de variáveis climáticas.
Mesmo a variável termodinâmica já trabalhada antes da UEPS – temperatura – não
foi aplicada de forma satisfatória nas respostas, o que nos indica que o uso correto de
conceitos em situações fechadas e não relacionadas ao cotidiano, não é garantia de que os
estudantes os usarão de forma correta quando necessitarem mobilizá-los para a resposta de
perguntas abertas.
5.2. Experimentos sobre Processos de Propagação de Calor
Durante a atividade 5 da sequência didática desenvolvida, as turmas executaram os
primeiros experimentos que ocorreram no laboratório de ciências da escola. Com o objetivo
de servir como organizador prévio para a introdução do estudo dos processos de propagação
de calor, as turmas foram divididas em equipes e cada uma realizou um experimento referente
a um dos processos de propagação de calor – condução térmica, convecção térmica e
irradiação térmica. Durante a execução dos experimentos, foi solicitado que os estudantes
anotassem em seus cadernos o que lhes chamou mais atenção durante o experimento e a
possível explicação do que estavam observando.
Figura 5.1: Estudantes fazendo anotações após a execução do experimento com béquer, água e leite.
Fonte: Autor.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
66
Os experimentos propostos para as equipes, já descritos no capítulo 4, foram: Balão
com água e vela, Lâmpada e termômetros, e Béquer com água e leite. As anotações que as
equipes fizeram em seus cadernos continham conteúdos bem parecidos e aqui iremos
transcrever trechos de apenas algumas equipes para ilustrar a nossa análise.
Apenas uma das equipes apresentou um texto de difícil compreensão, centrando-se
na explicação do fenômeno.
Porque a energia da vela, que propõe o calor para o leite se misturar na água
e expandiu-se um calor extremo para o momento que o leite se moveu do
fundo do béquer. (EQ1T1).
Apesar da escrita complicada, é possível identificar, que de acordo com a equipe, o
acúmulo de calor no leite, no fundo do béquer, foi o que propiciou o movimento deste e sua
mistura com a água. Também podemos identificar que, para a equipe, a vela é a fonte de
calor.
Nos demais casos se observou um misto de texto descritivo com explicativo. Mesmo
faltando informações que permitissem às equipes explicar os fenômenos de forma satisfatória,
segundo a Termodinâmica, o uso de elementos relacionados à natureza corpuscular da matéria
foi usado de forma muito interessante.
Quando colocamos leite em uma determinada quantidade de água,
percebemos que as duas substâncias não se misturam. Porém, quando
adicionamos o calor às duas substâncias, percebemos que as mesmas
começaram a se misturar. Isso ocorre devido ao calor das moléculas que
começam a se agitar e ganhar mais espaço, e consequentemente as
substâncias se misturam (EQ2T2).
Inicialmente a equipe descreve o observado, deixando clara a diferença entre o
sistema antes e após a interação com a fonte de calor. Na parte final do texto, quando este se
torna explicativo, é identificado o Calor como o elemento que provoca a mistura das
substâncias. Mesmo que a equipe não tenha citado detalhes sobre o movimento das massas de
líquido e as direções em que estas se estabelecem, a Agitação Molecular é usada para explicar
a movimentação.
Este processo, de utilização de conceitos anteriormente estudados para a explicação
dos experimentos realizados, nos permite afirmar que este tipo de atividade pode se
configurar como um material potencialmente significativo (MOREIRA, 2006), já que mesmo
sem a utilização precisa dos conceitos em todos os seus aspectos, o conjunto de informações
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
67
nele contido encontrou na estrutura cognitiva dos estudantes ideias âncoras, com as quais se
relacionou para que fosse possível a explicação do fenômeno.
Algumas equipes de maneira autônoma solicitaram ao professor autorização para o
uso de aparelhos de medida como relógios e réguas. Isto indica que a relação das equipes com
a atividade e o engajamento das mesmas para realizarem o experimento, os mostrou que numa
situação experimental existem alguns parâmetros que exigem a mobilização de
conhecimentos de caráter atitudinal e procedimental (COLL et al., 2000). A tomada de tempo,
anotação de valores, distribuição de tarefas e o trabalho colaborativo, mesmo não sendo
solicitado pelo professor no início da atividade foi algo observado nas equipes, o que refletiu
inclusive em alguns dos seus relatos.
O balão com água demorou 4 minutos e 10 segundos para estourar, pois a
água demorou a aquecer e quando a água está aquecida o balão estoura
imediatamente. (EQ2T1).
Figura 5.2: Realização do experimento com balão (bexiga), água e vela. Fonte: Autor.
Após a realização dos experimentos e as anotações das equipes em seus cadernos, os
relatos escritos foram recolhidos e a turma foi reagrupada para o início das discussões no
grande grupo. Inicialmente o professor falou da diferença entre descrever e explicar um
evento. Na sequência, foi solicitado que cada equipe fizesse um breve relato oral do
experimento que havia realizado.
Como as equipes centralizaram suas intervenções orais em aspectos descritivos, foi
solicitado pelo professor que tentassem explicar o que havia acontecido. Durante as
discussões, em que houve a participação de vários estudantes, os conceitos chaves de cada
explicação foram sistematizados num quadro branco e o professor orientou as discussões no
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
68
sentido de construir os conceitos de condução térmica, convecção térmica e irradiação
térmica, tais como estes são abordados em livros texto. O professor instigou a turma a sugerir
de que forma estes processos interferem em fenômenos climáticos, como produção dos ventos
na atmosfera.
Ao final desta aula foi solicitado que cada equipe reescrevesse suas impressões do
experimento, incorporando os conceitos construídos na discussão ocorrida com a turma.
Na aula seguinte, após o recolhimento dos textos reescritos por cada equipe, foi
possível identificar, baseado na comparação com o primeiro texto, uma série de elementos
que mostraram a incorporação de novos conceitos à argumentação utilizada, bem como
explicações mais adequadas dos fenômenos estudados.
A equipe EQ1T1, além de ter feito um relato bem mais detalhado, dividindo o seu
novo texto em 3 partes – ideia do experimento, convecção térmica, e conclusão – também
incorporou novos conceitos em sua explicação. Em sua conclusão estava escrito:
No experimento feito no laboratório, observamos que pela diferença de
densidade um componente (leite) quando aquecido se propaga pelo
recipiente e se mistura ao outro componente (água) (EQ1T1).
Se compararmos este trecho com à explicação apresentada pela mesma equipe,
exposta anteriormente, perceberemos a incorporação de conceitos novos, como densidade,
além de uma mudança muito significativa na clareza da exposição das ideias.
Nas demais equipes percebemos este mesmo processo. No texto reescrito pela equipe
EQ2T1, que efetuou o experimento do balão (bexiga) com água, além dos tópicos que
descreviam o experimento e explicavam o conceito de condução térmica, observamos a
seguinte conclusão:
A diferença entre os dois (balão com água e balão sem água) é que o
primeiro contém água. A água de dentro do balão absorve a maior parte do
calor fornecido pelo fogo, assim, não deixando a temperatura da borracha
aumentar muito. Logo, a borracha não enfraquece o suficiente para não
aguentar a pressão exercida pelo ar. A água “armazena” o calor por que tem
uma elevada capacidade de calor (EQ2T1).
Conceitos como Pressão e Absorção de Calor foram incorporados ao discurso trazido
no texto. Ademais, os conceitos já trazidos no primeiro texto por esta mesma equipe,
aparecem agora de forma melhor utilizados se considerarmos o conjunto do discurso.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
69
Assim, podemos identificar a diferenciação progressiva (MOREIRA, 2014) de
conceitos utilizados nos textos explicativos dos experimentos, já que os conceitos, ora
considerados subsunçores no primeiro texto (calor, p. ex.), durante a sua mobilização para a
assimilação de conceitos novos, foram progressivamente adquirindo um significado mais
preciso, o que é mostrado em sua utilização no conjunto de ideias expressas no segundo texto.
Destacamos ainda a incorporação de conceitos novos, que poderão se configurar
como novos subsunçores, como a ideia de capacidade de calor expressa no segundo texto da
equipe EQ2T1, que servirá como ancoragem na assimilação do conceito de capacidade
térmica, discutido em aulas subsequentes.
5.3. O Experimento sobre Capacidade Térmica e Calor Específico
Após aulas expositivas e dialogadas que abordaram conceitos como, quantidade de
calor sensível, quantidade de calor latente, capacidade térmica e calor especifico, a atividade
10 foi desenvolvida no LMC da escola e consistiu na realização de um experimento para a
determinação do calor específico e capacidade térmica utilizando calorímetros de baixo custo.
As turmas, divididas em equipes, receberam uma lata de alumínio (de refrigerante),
um termômetro químico, recipientes de isopor para conservar as latas refrigeradas, béqueres,
pedaços de parafina, um pouco de areia e algumas moedas. A descrição do experimento
encontra-se no capítulo 4.
Figura 5.3: Realização do experimento com calorímetros de baixo custo. Fonte: Autor.
Utilizando o método da redescoberta experimental (AMARAL, 1997), com algumas
perguntas abertas, incluídas ao final do roteiro disponibilizado para as equipes (ANEXO 4),
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
70
esta atividade teve o objetivo de abordar conceitos e fazer a diferenciação progressiva dos
mesmos, tendo em vista que a ideia de capacidade térmica e calor especifico já havia sido
apresentada aos estudantes.
Tendo como foco o trabalho de conteúdos conceituais e procedimentais (COLL et
al., 2000), na primeira parte do experimento as equipes construíram seus calorímetros, o que
levou apenas alguns minutos, já que as orientações constavam no roteiro entregue a eles.
Após a confecção dos calorímetros, os estudantes passaram a fazer as medidas
solicitadas no roteiro. Para que estas fossem efetuadas corretamente, foi necessário a
mobilização de conhecimentos práticos, referentes à manipulação de instrumentos de medida
como termômetro, béquer e balança de precisão. Medir a temperatura do ambiente, a massa e
a temperatura da água utilizada, foram processos efetuados antes da definição da temperatura
de equilíbrio do sistema, formado por calorímetro + água quente. Feito isto, os estudantes
utilizaram os valores medidos para a utilização das equações a seguir. Abaixo se encontra os
cálculos efetuados por duas equipes diferentes.
Anotações da equipe EQ3T2:
Temperatura Ambiente: 26ºC
Água quente dentro do Béquer: 60ºC
Água quente dentro do calorímetro: 58ºC
𝑄𝐴 + 𝑄𝐵 = 0
𝑚. 𝑐. ∆𝑇 + 𝐶. ∆𝑇 = 0
100.1. (−2) + 𝐶. 58 = 0
−200 + 𝐶. 58 = 0
𝐶. 58 = 200
𝐶 =200
58
𝐶 = 3,44
Anotações da equipe EQ3T1:
29ºC = temperatura ambiente
54ºC = água quente
50ºC = água no calorímetro
𝑚. 𝑐. ∆𝑇 + 𝐶. ∆𝑇 = 0
100.1. (−4) + 𝐶. 21 = 0
−400 + 𝐶. 21 = 0
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
71
𝐶. 21 = 400
𝐶 =400
21
𝐶 = 19,04
Todas as equipes, ao final de seus cálculos, não colocaram a unidade de medida no
valor encontrado, devido orientação do professor. Esta unidade, associada à capacidade
térmica, foi posteriormente explicada partindo da análise dimensional da equação utilizada.
Os cálculos efetuados pela equipe EQ3T2 chegaram a um valor muito pequeno para
a capacidade térmica do calorímetro utilizado, se considerarmos que este aparelho foi
construído com materiais de baixo custo, sem grandes preocupações com sua confecção e sem
critérios mais rígidos para a medição das variáveis envolvidas. Ao analisar os detalhes,
observamos que a equipe atribuiu o valor de 58ºC à variação de temperatura sofrida pelo
calorímetro, o que se configura como um equívoco, já que este valor equivale a temperatura
final do sistema, sendo o valor correto da variação igual à 32ºC.
Figura 5.4: Materiais usados para a construção dos calorímetros de baixo custo usados na atividade
experimental. Fonte: Autor.
Erros como este podem nos indicar que a utilização da equação pode estar sendo
usada de forma mecânica, como um simples exercício de substituição de valores e realização
de cálculos, sem o entendimento do que está se fazendo. Isto nos mostra que a realização do
experimento requer algo para além do seguimento dos passos de um roteiro, caso estejamos
interessados em discutir aspectos conceituais envolvidos na atividade.
A equipe EQ3T1 efetuou seus cálculos de forma correta, o que mostra maior atenção
no momento da substituição dos valores. O resultado apresentado pela equipe foi de 19,04.
Vale ressaltar que apesar das demais equipes terem efetuado os cálculos corretamente, não se
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72
pode observar uniformidade nos resultados. Isto pode ser atribuído à fatores como imprecisão
nas medidas das temperaturas e qualidade do isolamento térmico dos calorímetros utilizados.
Além dos conceitos já declarados os quais a execução deste experimento se propunha
trabalhar, com o uso dos valores e da equação, a ideia foi introduzir o conceito de
conservação da energia, uma vez que as parcelas de energia térmica trocadas entre o
calorímetro e as substâncias em seu interior, são as principais responsáveis pelas variações de
temperatura observadas.
Todas as equipes efetuaram o cálculo do calor específico da parafina, não sendo
possível calcular os demais valores solicitados no roteiro devido a falta de tempo. Nesta etapa
foi observado novamente um equívoco semelhante ao cometido pela equipe EQ3T2 mostrado
anteriormente. Para o cálculo do calor específico da parafina a equipe EQ4T2 escreveu:
Temperatura da parafina: 65ºC
100.1. (−3) + 8,85. 𝑐. 65 + 9,67.65 = 0
−300 + 575,25. 𝑐 + 628,55 = 0
328,55 + 575,25. 𝑐 = 0
𝑐 =−328,55
575,25
𝑐 = −0,57
Neste caso, a equipe errou não apenas ao substituir valores de temperatura usados na
etapa anterior, como o – 3ºC usado na variação de temperatura da massa de água (primeira
parcela da equação), mas se equivocou ao usar a temperatura de equilíbrio do sistema (65ºC)
no lugar das variações de temperatura da parafina e do calorímetro (segunda e terceira
parcelas da equação, respectivamente).
Ainda que erros como este possam ser atribuídos ao uso mecânico das equações, eles
nos indicam que a ideia de troca de calor entre objetos e/ou substâncias e, principalmente, o
conceito de conservação da energia, não foram assimilados e retidos de forma significativa
(MOREIRA; CABALLERO; RODRÍGUEZ, 1997) pelos estudantes.
Ao final do experimento, algumas perguntas abertas foram debatidas com toda a
turma. Os registros feitos no diário de bordo do professor indicam que neste momento dois
pontos chamaram bastante atenção dos estudantes: a falta de uniformidade dos valores
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
73
encontrados nos cálculos e a importância da precisão das medidas de massa e temperatura
feitas durante o experimento.
Durante o debate foi mostrado que estas duas questões estão intimamente
relacionadas, já que a tomada de medidas imprecisas necessariamente irá interferir nos valores
encontrados. Também se buscou falar que em análises feitas em laboratórios profissionais,
além dos equipamentos terem uma qualidade muito maior, as metodologias usadas pelos
cientistas são elaboradas de maneira mais cuidadosa e repetidas várias vezes para que
possíveis erros possam ser minimizados com a média de resultados. Esta foi uma das
diferenças que o professor buscou mostrar para a execução de experimentos em laboratórios
profissionais e laboratórios didáticos.
Por fim, se fez uma breve explanação acerca dos conceitos de capacidade térmica e
calor específico, e como eles estiveram presentes nos cálculos executados. Além da
diferenciação progressiva, esta atividade buscou desenvolver a reconciliação integrativa, já
que muitos conceitos vistos anteriormente foram utilizados aqui de forma conjunta. Ficou
evidente que os debates ocorridos ao final da execução da parte experimental foram tão – ou
mais – importantes quanto à atividade em si, haja vista que os elementos de aprendizagem que
se mostraram presentes só podem se configurar como significativos se forem incorporados de
forma não arbitrária ao campo cognitivo do estudante. (MOREIRA; CABALLERO;
RODRÍGUEZ, 1997).
5.4. A Construção dos Aparelhos de uma Estação Meteorológica
Esta atividade aconteceu de maneira simultânea às demais aulas pertencentes à
sequência de ensino. Foram necessários alguns encontros com os estudantes no contra turno
das aulas, ou seja, no turno da tarde, para a realização de reuniões de orientação com as
equipes, no LMC da escola. O objetivo geral foi que os estudantes se apropriassem dos
princípios de funcionamento dos aparelhos, dos conceitos das variáveis de clima e tempo que
estes aparelhos se propõem à medir, e dos conceitos de Física Térmica envolvidos neste
processo.
Devido a natureza desta atividade, o número de etapas e a complexidade de sua
execução, é possível observar que ela se comportou como uma UEPS auxiliar à sequência
didática principal, sendo possível identificar elementos como, situação-problema e estímulo à
interação verbal entre os participantes. (MOREIRA, 2011).
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
74
Com a intenção de utilizar conceitos da Física do Clima para auxiliar o estudo de
conceitos relacionados à Física Térmica, a atividade de construção de aparelhos de medidas
presentes em estações meteorológicas foi proposta aos estudantes durante a segunda aula da
UEPS. Para a execução desta atividade as turmas foram divididas em equipes de 3 à 6
estudantes, para as quais se apresentou a seguinte situação-problema: como construir uma
estação meteorológica (EM)?
Figura 5.5: Parte dos aparelhos de monitoramento climático construído pelas equipes. Fonte: Autor.
Segundo Moreira (2011), tais situações-problema são responsáveis por dar sentido a
conhecimentos novos, devendo ser criadas para instigar a intencionalidade do estudante para a
aprendizagem significativa.
As análises acerca desta atividade foram baseadas em dois grupos de informações, a
saber: registros nos diários de bordo e; análise dos instrumentos de medidas construídos pelos
estudantes, observando sua complexidade e funcionalidade.
Durante as rodadas de orientação ocorridas no LMC, primeiramente foi discutido o
que os estudantes haviam pesquisado acerca do tema, uma vez que eles foram orientados a
buscar informações em livros, revistas e sites acerca do que deveriam construir e como
montar seus aparelhos. Ainda que a estrutura do LMC (ferramentas, bancadas, vidrarias, etc.)
estivesse à disposição das equipes, os estudantes foram encorajados a utilizar prioritariamente
materiais de baixo custo.
Este tipo de interação aberta entre estudantes e professor, discutindo quais aparelhos
deveriam ser montados e quais materiais deveriam ser utilizados, gerou algumas
particularidades nas equipes, que refletiu em suas produções finais, momento em que equipes
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
75
mostraram diferentes tipos de aparelhos para se fazer uma mesma medida, assim como
diferentes quantidades de aparelhos construídos.
Essa abertura para que se respeitasse o ritmo das equipes se deu de forma
intencional. Como cada equipe pesquisou o que lhe chamava mais atenção e buscou
desenvolver, sob a orientação do professor, seus aparelhos baseados em seus esforços, se
tentou abrir espaço para que se fizesse presente os conhecimentos que os estudantes já
possuíam, pois essa é a variável mais importante que influencia a aprendizagem.
Este ambiente dialógico, favorecido pela metodologia prática utilizada, abriu espaço
para que se pudessem observar perguntas feitas pelos estudantes ao professor acerca dos
conceitos envolvidos na produção dos equipamentos. Conceitos até então pouco explorados
nas aulas regulares, passaram a ser citados de maneira recorrente durante tais perguntas: então
por que a roupa seca no varal se tem água no ar?, questionou um estudante durante a
discussão sobre umidade relativa do ar e a construção de um psicrômetro.
Quando o aluno formula uma pergunta relevante, apropriada e substantiva,
ele utiliza seu conhecimento prévio de maneira não arbitrária e não literal, e
isso é evidência de aprendizagem significativa. Quando aprende a formular
esse tipo de questão sistematicamente, a evidência é de aprendizagem
significativa crítica (MOREIRA, 2014, p. 288).
Outro importante aspecto observado durante o desenvolvimento desta atividade foi a
diferenciação progressiva dos conceitos abordados, auxiliada pelo refinamento gradual dos
aparelhos construídos. Como estas atividades ocorriam de maneira simultânea às aulas
regulares, enquanto os estudantes eram apresentados à conceitos de Física Térmica, era
possível trazer tais conceitos para as discussões em torno da construção e funcionamento dos
aparelhos, possibilitando uma visão mais abrangente destes.
A diferenciação progressiva é o princípio segundo o qual as ideias e
conceitos mais gerais e inclusivos do conteúdo da matéria de ensino devem
ser apresentados no início da instrução e, progressivamente, diferenciados
em termos de detalhe e especificidade (MOREIRA et al, 1997, p.37).
O ato de construir e reconstruir aparelhos, fazendo ajustes baseados nas pesquisas
realizadas pelos estudantes e nas discussões ocorridas durante as orientações, foi um
movimento constante durante todo o processo. E na medida em que os aparelhos eram
reconstruídos, eram reconstruídos também os conceitos à eles relacionados.
Durante a construção de termômetros, por exemplo, foi possível migrar de um
primeiro protótipo inicial que utilizava vidrarias de laboratório (tubo de ensaio, tubo de vidro
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
76
e rolha de borracha), para outro que, além de utilizar materiais mais baratos e acessíveis
(frasco de amostra grátis de perfume de 1,5 mL, cola quente e capilar de vidro), se mostrou
muito mais preciso na medida de temperaturas. Tudo isto se deu em meio à discussões acerca
da capacidade térmica dos termômetros, o conceito de reservatório térmico e interferência
mínima nas trocas de calor.
Figura 5.6: Termômetros construídos com materiais alternativos ao lado de um termômetro químico.
Fonte: Autor.
Para marcar o encerramento desta atividade, foram organizados seminários para que
cada uma das equipes pudesse apresentar suas produções para o restante da turma. Neste
momento foi possível observar aspectos referentes às diferentes interpretações dadas por
estudantes acerca de um mesmo tema. Mostrou-se promissor e recorrente as tentativas de
relacionar conceitos de Física Térmica àqueles referentes à Física do Clima.
Durante a explicação do princípio de funcionamento de um barômetro, vários
estudantes lançaram mão dos conceitos de pressão e temperatura, para falar sobre pressão
atmosférica e sua medida. Para a explicação do funcionamento de um termômetro, foi
recorrente a utilização de conceitos relacionados à processos de propagação de calor, como
condução térmica. Discussões acerca do funcionamento do psicrômetro eram feitas com o
auxílio da ideia de evaporação, transferência de calor e calor específico da água, já que no
modelo construído pelos estudantes se utilizavam termômetros com bulbo úmido.
Tais relações, muitas vezes não triviais, ganharam forma depois das discussões
orientadas pelo professor e as pesquisas realizadas pelos estudantes durante o processo de
construção dos aparelhos.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
77
Assim ficou claro o potencial que esta atividade tem para o estímulo à reconciliação
integrativa (MOREIRA, 2014), pois durante a construção de um equipamento, ou durante a
explicação de seu princípio de funcionamento, os estudantes tiveram que usar vários conceitos
físicos de forma coordenada entre si, ficando mais fácil perceber que estes conceitos fazem
parte de um corpo teórico mais geral.
Figura 5.7: Equipe apresentando os resultados finais de seu trabalho para o restante da turma. Fonte:
Autor.
Fundamentado nas análises apresentadas, podemos afirmar que atividades desta
natureza podem ser usadas para evidenciar a aprendizagem significativa, uma vez que, a
melhor forma de procurar esse tipo de evidência “é formular questões e problemas de maneira
nova e não familiar, que requeira máxima transformação do conhecimento adquirido”
(MOREIRA, 2014, p. 164).
A compreensão genuína de um conceito, que evidencia a aprendizagem significativa,
exige por parte do estudante a posse de significados claros, diferenciados e transferíveis.
Apesar de ser possível que isto seja verificado a partir de situações que envolvem problemas
típicos, nestes casos existe uma probabilidade maior de que os estudantes respondam
questionamentos de forma mecanicamente memorizados, ainda que estas respostas estejam
conceitualmente corretas. Sendo assim, a avaliação baseada apenas em problemas típicos,
pode levar a uma falsa evidência de aprendizagem significativa. Este é mais um motivo para
diversificar as metodologias de ensino e, neste sentido, incorporar atividades de laboratório no
cotidiano das aulas de Física.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
78
5.5. Os Mapas Conceituais e a Conclusão da UEPS
O último encontro, referente à UEPS analisada, teve como propósito à construção de
mapas conceituais. O início da aula foi marcado pela explicação do professor sobre o que é, e
como construir, um mapa conceitual. Durantes as orientações iniciais, que foram
fundamentadas em Moreira (2012), foi mostrado aos estudantes exemplos de mapas
conceituais já prontos e quais elementos seriam importantes na sua produção.
Para atuar como organizador prévio, antes da produção dos mapas, cada aluno recebeu
um texto denominado Repensando sobre o Clima e Tempo (ANEXO 5). Em seguida foi
solicitado que após a leitura do texto eles produzissem um mapa conceitual acerca do
entendimento sobre o tema.
O motivo de utilizar os mapas conceituais como ferramenta de coleta de dados no
momento final da UEPS está na concordância desta técnica com a abordagem utilizada na
pesquisa e na sequência didática desenvolvida. Aqui eles terão uma aplicação voltada para a
avaliação da aprendizagem dos estudantes, muito embora também possam ser empregados
com outras finalidades.
Os mapas conceituais podem ser usados como instrumentos de ensino e/ou
aprendizagem, assim como instrumentos de avaliação e
organização/consecução curricular. Contudo, em cada uma dessas
aplicações, mapas conceituais sempre podem ser interpretados como
instrumentos para a negociação de significados (ALMEIDA e MOREIRA,
2008, p.4403-2).
Como esta atividade foi realizada de maneira individual, obtivemos um total de 55
mapas construídos pelos estudantes. Para a análise deste material utilizamos os critérios
sugeridos em Moreira (2013), que são: presença dos conceitos mais importantes;
hierarquização conceitual expressa de forma clara; relações adequadas sugeridas pelos
conectores (linhas e palavras de enlace) e; existência, não apenas de relações verticais, mas de
relações cruzadas, indicando reconciliação integrativa.
Para o refinamento do diagnóstico pretendido, também separamos os mapas
conceituais em grupos de análise, tendo como referência as categorias propostas por Almeida
e Moreira (2008). Este processo de categorização foi desenvolvido de forma que cada mapa se
enquadrasse em apenas uma categoria. São elas:
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
79
Categoria A – (C.A):
Aqui se enquadram os mapas conceituais que apresentam várias relações de
significado e conectores identificados. Caracteriza-se por mapas bem estruturados e que
relacionam de maneira adequada a maioria dos conceitos.
Categoria B – (C.B):
Pertencem a esta categoria os mapas que apresentam boa estrutura conceitual, mas
que não apresentam identificação em seus conectores.
Categoria C – (C.C):
Esta categoria é constituída por mapas conceituais superficiais, com pouca
elaboração conceitual e que transparece pouca representatividade.
Destacaremos agora as principais informações observadas a partir de nossa análise.
Para isto, utilizaremos a imagem de alguns mapas conceituais – um por categoria –, que aqui
serão apresentados de maneira mais fiel possível ao produzido pelos seus autores. Como em
seções anteriores, usaremos códigos para nos dirigir aos estudantes.
O mapa conceitual abaixo foi produzido pelo estudante E24T1.
Figura 5.8: Mapa conceitual construído pelo estudante E24T1.
É possível observar que o estudante não utiliza nenhum mecanismo visual para
destacar conceitos que seriam chaves. Conceitos importantes como Homem e outros que
designam ação antrópica não foram considerados. Podemos observar também que existe uma
Radiação solar
Que recebe uma
Região
Com intensos
Ventos
Alcançando
Temperaturas
Que determina o Clima
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
80
relação de linearidade entre os termos utilizados, não havendo relações cruzadas que
indiquem reconciliação integrativa. De forma geral, é possível verificar pouca elaboração
conceitual neste mapa, o que nos remete à características associadas à categoria C.C.
Produzido pelo estudante E24T2, o mapa abaixo apresenta caraterísticas relativas à
categoria B.
Figura 5.9: Mapa conceitual construído pelo estudante E24T2.
Foi utilizado o destaque de conceitos chaves a partir do tamanho das letras e a
circulação de conceitos. Podemos observar que dos conceitos principais partem o maior
número de linhas conectoras, o que reforça a ideia de hierarquização dos termos empregados.
As principais ideias encontradas no texto – clima e as causas de sua formação,
variáveis climáticas e ação antrópica – são expressas no mapa. A disposição dos conceitos no
plano da folha remete à relações complexas entre os mesmos, o que é corroborado pela
Radiação solar
Homem
Terra
Vales
Ventos
Vegetação
Temperatura
Poluição
Clima
Montanhas Solo
Água Região
Umidade
Relativa
do Ar
Pressão
atmosférica
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
81
existência de várias relações cruzadas, indicando a existência de reconciliação integrativa, e
por conseguinte, aprendizagem significativa.
Ainda que este mapa apresente boa estrutura conceitual e transpareça relações
adequadas entre a maioria dos conceitos, seu enquadramento na categoria B se deu ao fato de
não apresentar palavras de identificação em seus conectores, o que pode levar a dúvidas
quanto à natureza de algumas relações entre conceitos. Já o mapa abaixo, produzido pelo
estudante E6T2, apresentou características sensivelmente diferentes.
Figura 5.10: Mapa conceitual construído pelo estudante E6T2.
Solo
Composição da atmosfera
Poluição da água
e do solo
Desmatamento
de florestas
Repressão de
rios
Inclinação do eixo Terra
Radiação solar
Clima
Homem
Gás carbônico
Equilíbrio
Aumento da
atmosfera
Pressão
atmosférica
Intensidade
do ar
Umidade
relativa
do ar
Água
Determinam a quantidade
Recebe a mesma quantidade
Vegetação
Temperatura diferente
Ao lançar
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
82
Aqui também observamos o destaque de conceitos principais, todos associados à
ideia geral do texto. O destaque foi feito utilizando a circulação dos termos. Para relacionar os
conceitos, o estudante utilizou linhas cheias, linhas pontilhadas e setas, isto indica que para
ele existem diferentes níveis de relação entre os conceitos. De maneira mais recorrente que o
mapa anterior, observamos relações bidirecionais. Esses elementos indicam de forma clara a
hierarquia entre conceitos.
Uma visão geral do mapa revela relações para além das verticais – lineares –, como a
presença de algumas relações cruzadas. Aqui podemos verificar a presença de vários
conectores através de palavras ou pequenas sentenças. A estrutura conceitual geral indica que
este mapa conceitual tem características compatíveis à categoria A.
Após a análise de todos os mapas produzidos, a tabela abaixo apresenta um quadro
estatístico geral do processo de categorização.
Tabela 5.2: Categorias referentes aos mapas conceituais.
CATEGORIA FREQUÊNCIA PERCENTUAL (%)
C.A 24 43,63%
C.B 17 30,90%
C.C 14 25,45%
Se levarmos em conta que as características presentes nas categorias C.A e C.B
fazem referência direta à aprendizagem significativa, notamos que grande parte dos mapas
apresentam tais evidências. Esse comportamento já á bastante promissor e qualitativamente
superior aquele observado nas primeiras atividades desenvolvidas na UEPS.
Isso por si só não nos garante que os estudantes que construíram esses mapas tenham
internalizado os conceitos trabalhados e incorporados à sua estrutura cognitiva de forma
adequada. Além disso, o mapa aqui apresentado pertencente à categoria C.C, assim como os
demais mapas enquadrados nesta categoria, não nos permite identificar elementos de
aprendizagem significativa, o que não quer dizer necessariamente que esta não tenha ocorrido.
Como em qualquer processo de avaliação, é necessário que lancemos mão de
técnicas abrangentes e plurais, para evitarmos o risco de avaliar de maneira simplista um
processo que, por natureza, é complexo.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
83
As técnicas de coleta e análise de dados, bem como a opção de realizar essas
intervenções em diferentes momentos da UEPS, se fundamentam no referencial teórico desta
pesquisa. “A aprendizagem significativa é progressiva, o domínio de um campo conceitual é
progressivo; por isso, a ênfase em evidências, não em comportamentos finais” (MOREIRA,
2011, p.5).
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
84
Capítulo 6
Conclusões e Perspectivas
A tendência de um olhar mais abrangente acerca de questões envolvendo a
aprendizagem levou ao desenvolvimento de uma série de trabalhos que apontam para o uso de
sequências didáticas aplicadas ao ensino (BELLUCCO e CARVALHO, 2014; MOREIRA,
2011; RODRIGUES e FERREIRA, 2011). Isto porque, como a aprendizagem deve ser
entendida como um processo complexo, nada mais natural que analisar as diferentes etapas e
o desenvolvimento deste processo.
Entender como um certo grupo de conceitos é internalizado por um indivíduo,
requer, por parte do educador, o entendimento dos aspectos que possibilitaram tal
internalização. Deste modo, a forma mais eficaz de pensar o ensino e a aprendizagem não é
em termos do ensino de conceitos de forma isolada, mas, que estes estejam integrados a um
corpo mais geral de conhecimentos, que expresse uma ideia mais abrangente e dentro de uma
sequência de atividades, que apresente coerência interna, para facilitação da aquisição desses
conhecimentos.
Neste cenário, a UEPS desenvolvida sobre Física Térmica se mostrou uma boa
estratégia de ensino. Partindo das análises realizadas neste trabalho, observamos que as
primeiras atividades realizadas na UEPS mostraram mais indicativos de diferenciação
progressiva, enquanto que as atividades finais mostraram mais indícios de reconciliação
integrativa. Este tipo de ocorrência é muito importante, pois está diretamente ligada ao
sucesso da sequência didática.
A UEPS somente será considerada exitosa se a avaliação do desempenho dos
alunos fornecer evidências de aprendizagem significativa (captação de
significados, compreensão, capacidade de explicar, de aplicar o
conhecimento para resolver situações-problema) (MOREIRA, 2011, p. 5).
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
85
Como essas sequências didáticas são compostas de uma série de momentos,
pensados previamente para se alcançar os objetivos estabelecidos, existe a possibilidade de
diversas metodologias fazerem parte de uma mesma sequência. Em se tratando de UEPS, que
tem como aporte teórico a teria da aprendizagem significativa, as metodologias usadas
durante sua execução devem ser escolhidas de modo a convergirem teoricamente para a ideia
de que “só há ensino quando há aprendizagem e esta deve ser significativa; ensino é o meio,
aprendizagem significativa é o fim; materiais de ensino que busquem essa aprendizagem
devem ser potencialmente significativos” (MOREIRA, 2011, p. 2).
Assim, durante o desenvolvimento deste trabalho, foi possível observar que o uso de
atividades experimentais se mostrou bastante promissor como forma de potencializar alguns
elementos associados à aprendizagem significativa. Experimentos como os desenvolvidos na
atividade 5 – processos de propagação de calor – da UEPS analisada, se mostraram muito
eficazes para a introdução de situações-problema, tais como: Por que o leite sobe ao ser
aquecido?, por que o balão com água demora tanto a estourar? Por que o termômetro
localizado acima da lâmpada aquece mais que o localizado na lateral?
Estas atividades também se mostraram eficazes como organizadores prévios, já que
permitiram a introdução de elementos associados a processos de propagação de calor, antes
mesmo dos conceitos de Convecção Térmica, Condução Térmica e Irradiação Térmica, sendo
uma boa estratégia de estímulo à socialização de conhecimentos prévios.
Nesta situação, os experimentos desenvolvidos se mostraram em consonância com
aos objetivos para eles estabelecidos, pois segundo Moreira (2008):
A principal função do organizador prévio é a de servir de ponte entre o que
aprendiz já sabe e o que ele deveria saber a fim de que o novo material
pudesse ser aprendido de forma significativa. Ou seja, organizadores prévios
são úteis para facilitar a aprendizagem na medida em que funcionam como
pontes cognitivas (p. 2).
A produção pelos estudantes de aparelhos de uma estação meteorológica, iniciada na
atividade 4 e terminada na atividade 15, foi outro processo que demostrou como atividades de
cunho experimental podem servir como auxílio à UEPS. Como esta atividade acompanhou
praticamente toda a sequência didática, ela se mostrou um importante espaço para
diferenciação progressiva de conceitos, assim como o trabalho de conteúdos procedimentais e
atitudinais (POZO e CRESPO, 2009).
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
86
Porém, devido à variedade de métodos experimentais que podem ser aplicados em
situações de ensino, há que se destacar que sem o prévio planejamento da atividade, esta pode
ser subutilizada e não chegar aos objetivos pretendidos. Isto pôde ser verificado ao
analisarmos a execução da atividade 10 – construção de um calorímetro e determinação de
calor específico e capacidade térmica –, na qual a mecanização dos procedimentos adotados e
o excesso de etapas, levaram esta atividade a favorecer a aprendizagem predominantemente
mecânica.
A utilização de atividades experimentais, por si só, não garante o sucesso das aulas.
Assim, associar esta metodologia à excelência no ensino de Ciências é uma ideia que deve ser
relativizada. (CACHAPUZ et al., 2011).
Entender a multiplicidade de formas de se utilizar as atividades experimentais e
refletir sobre os limites de cada uma delas, deve ser o primeiro passo para que esta
metodologia seja usada com sucesso em sala de aula. Para isto, o professor deve ter em mente
que antes da execução de experimentos é necessário pensar sobre: a autonomia do estudante
frente ao experimento; o momento a ser empregada esta atividade; os conteúdos abordados; os
materiais a serem utilizados; o local a ser desenvolvida a atividade e; os objetivos gerais que
se espera desta.
A promoção de espaços que permitissem a interação verbal foi fundamental para o
desenvolvimento da UEPS. Neste processo, a linguagem e a interação social foram
fundamentais para a apreensão de significados (VIGOTSKI, 2005). Aqui destacamos as
interações entre os indivíduos, mas, também a interação entre os novos conhecimentos e
aqueles especificamente relevantes, que já existiam na estrutura cognitiva dos estudantes. É
durante os momentos de compartilhamento de significados que outros novos são criados.
Neste cenário:
O professor apresenta ao aluno os significados já compartilhados pela
comunidade a respeito dos materiais educativos do currículo. O aluno, por
sua vez, deve devolver ao professor os significados que captou. Se o
compartilhar significados não é alcançado, o professor deve, outra vez,
apresentar, de outro modo, os significados aceitos no contexto da matéria de
ensino. O aluno, de alguma maneira, deve externalizar novamente os
significados que captou (MOREIRA, 2003, p.8).
Aqui reside a importância de atividades que priorizem a externalização e o debate
entre ideias, como ocorreu durante as atividades experimentais sobre processos de propagação
de calor e ao longo da atividade acerca da construção de aparelhos meteorológicos.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
87
Outro aspecto relevante acerca do uso de atividades experimentais em UEPS é a
possibilidade de se discutir de forma mais detalhada elementos relacionados à natureza da
Ciência, que podem auxiliar os alunos a desenvolverem uma visão menos deformada e mais
realista do trabalho científico.
A percepção da Ciência como uma forma de conhecimento individualista, ateórica,
aproblemática, cumulativa e empiro-indutivista pode ser colocada em cheque, caso as
atividades experimentais com finalidade didática deem o devido valor à discussão em torno
dos erros e forem realizadas num ambiente de intenso debate e estímulo ao questionamento.
(CACHAPUZ et al., 2011).
Há que se priorizar a execução de experimentos num caráter mais aberto, como as
atividades 4 e 5 acima citadas. Isto garante que seja possível trazer para a sala de aula
elementos voltados à aprendizagem das Ciências, aprendizagem sobre a natureza das
Ciências, e a prática da Ciência em si (HODSON, 1994).
Fruto desta pesquisa, desenvolvemos um texto de apoio que apresentamos como
Produto Educacional desta dissertação de Mestrado Profissional, para auxiliar professores à
aplicarem em suas aulas UEPS em que contenham atividades experimentais. Este material,
denominado Atividades Experimentais em Sequências Didáticas de Física: Potencializando a
Aprendizagem Significativa no Ensino Médio, contido no apêndice A deste trabalho, trás
algumas orientações gerais de como utilizar experimentos em aulas de Física, e busca discutir,
com os professores, quais aspectos se deve levar em consideração para escolher ou produzir
uma atividade experimental, que atenda as expectativas nela depositada.
O texto de apoio acima citado também trás duas UEPS já montadas e testadas, entre
elas, a que foi o foco desta pesquisa, que podem ser usadas por outros professores ou servir de
inspiração para que estes montem suas próprias sequências didáticas. Como o processo que
deu origem a este trabalho foi muito dinâmico, durante a produção do texto de apoio, fizemos
alguns ajustes na UEPS sobre Física Térmica, como a inclusão de alguns roteiros
experimentais.
Partindo do princípio de que, uma atividade diferenciada deve ser avaliada com uma
técnica diferenciada, incluímos no texto de apoio algumas orientações de como podemos
utilizar os mapas conceituais como ferramenta de avaliação em aulas de Física.
______________Atividades Experimentais em Unidades de Ensino Potencialmente Significativas
88
Na escola em que esta pesquisa foi realizada, é possível e desejável que mais
professores de Ciências desenvolvam atividades usando a metodologia aqui apresentada.
Outras escolas que apresentem contexto semelhante também poderão se apropriar das
discussões aqui realizadas ou, utilizar de forma independente, o texto de apoio por nós
produzido. Isto é uma forma de potencializar o uso dos laboratórios didáticos, muitas vezes
subutilizados nas unidades de ensino que os possuem.
Observamos também, que outros experimentos, que não aqueles dependentes do
laboratório didático, podem ser usados, como parte integrante da UEPS, para que possam
auxiliar no desempenho da sequência didática. É importante que se diga que estes não serão
menos significativos que os desenvolvidos em laboratórios didáticos. Aliás, baseados nos
apontamentos de Moreira (2011), podemos dizer que não existe experimento significativo,
mas sim Atividades Experimentais Potencialmente Significativas, que serão melhores
utilizadas de acordo com o contexto em que forem empregadas.
Devemos destacar que este trabalho não deve ser visto como algo acabado. Como
cada sala de aula apresenta sua dinâmica própria, as análises aqui apresentadas devem ser
vistas como o ponto de partida para o entendimento de outras situações particulares, em que
se tenha o interesse semelhante ao nosso – entender a relação entre UEPS e Atividades
Experimentais.
Por fim, é possível perceber que a interação entre atividades experimentais e UEPS
expressa uma via de mão dupla. Foi possível verificar que, não apenas a UEPS pôde
apresentar melhoras de suas características, mas que as atividades experimentais também
foram beneficiadas por esta relação, uma vez que este processo necessariamente estimula o
professor a pensar criticamente sobre a abordagem experimental a ser utilizada.
89
Referências
AMARAL, I. A. Conhecimento formal, experimentação e estudo ambiental. Ciência &
Ensino. Campinas, SP, n. 3, p. 10-15, 1997.
ALMEIDA, V. O.; MOREIRA, M. A. Mapas conceituais no auxílio à aprendizagem
significativa de conceitos da óptica física. Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 30, n.
4, 4403, p. 1-7, 2008.
ALVES, F. C. Diário – um contributo para o desenvolvimento profissional dos
professores e estudo dos seus dilemas. Instituto politécnico de Viseu. Disponível em
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.
93
Anexos
______________________________________________________________ANEXO 1
PENSANDO SOBRE O CLIMA
Baseado nas informações que chega à você pelos jornais, telejornais, internet, etc., responda as
questões abaixo.
1. O que é mudança climática?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
2. O que é “efeito estufa” e qual a sua relação com o clima do nosso planeta?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
3. Qual é a evidência sobre o aquecimento global?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
4. As temperaturas vão aumentar no futuro? Quais serão os impactos disso?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉ
DIO
PROF. ALUNO: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
94
______________________________________________________________ANEXO 2
PARA COMPREENDER O TEMPO E CLIMA
Tempo e clima são termos diferentes, designam fenômenos distintos, além de
apresentarem objetos de estudo de diferentes áreas do saber. Sendo assim, existe uma
diferenciação entre condições meteorológicas e climatológicas. A diferença principal entre
tempo e clima está na escala temporal que os envolve. O tempo é um estado momentâneo da
atmosfera, enquanto o clima é a configuração mais permanente ou referente a um período de
tempo maior.
Quando falamos na previsão e também na análise do tempo atmosférico, estamos
falando da meteorologia, ou seja, da ciência que estuda o comportamento imediato da
atmosfera. Por outro lado, o clima é referente à climatologia. Geralmente, o climatologista
utiliza-se do conjunto de dados fornecidos pelo meteorologista ao longo do tempo para realizar
conclusões amplas e definitivas sobre a atmosfera de um determinado local.
Vejamos com mais detalhes cada um desses conceitos.
Tempo
Todos se interessam pelo tempo. Na maior parte dos
países, boletins de previsão do tempo são os mais populares
programas de TV. Pessoas em todo o mundo precisam saber
como será o tempo hoje ou amanhã para que possam saber as
possibilidades de semeadura, plantio e colheita, viagens
marítimas ou por outro meio de transporte, fazer preparativos
contra perigos naturais eminentes, como furacões. Querem
saber as condições para a prática de esportes ao ar livre ou
atividades recreativas ou, simplesmente, o que vestir ou se é
necessário levar consigo um guarda-chuva.
Os Serviços Meteorológicos Nacionais observam o tempo e o clima de forma contínua,
fornecendo um fluxo regular de dados que são transmitidos ao redor do mundo com o propósito
de previsões e planejamento. O tempo não respeita fronteiras nacionais, e o trabalho realizado
por meteorologistas, comumente nos bastidores, para nosso benefício e segurança é um trabalho
de equipe.
Em média, uma previsão de cinco dias hoje é tão confiável como uma previsão de dois
dias vinte anos atrás. Apesar desse progresso científico, desafios permanecem e a precisão de
previsões individuais ainda varia significantemente. Os desafios incluem caracterizar e
comunicar as incertezas mutáveis em previsões individuais e avançar em nossa habilidade de
previsão em áreas onde o progresso tem sido difícil (por exemplo, chuvas fortes e sua origem,
intensidade e estrutura de ciclones tropicais).
O tempo, portanto, refere-se ao estado da atmosfera no exato momento tratado. Veja
alguns exemplos:
- Faz muito calor agora em Belém, com ausência total de nuvens.
- Em Ananindeua, está muito úmido hoje.
- Choveu muito em São Paulo durante essa semana.
- Como vem fazendo calor nesses últimos dias.
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉ
DIO
PROF. ALUNO: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
95
Clima
Em um nível simples, o tempo é o que está
acontecendo na atmosfera em qualquer momento.
O clima, em sentido estreito, pode ser considerado
o "tempo médio", ou de uma forma
cientificamente precisa, pode ser definido como a
"descrição estatística em termos de média e
variabilidade de quantidades relevantes durante
determinado período de tempo". Em sentido
amplo, o clima é o status do sistema de clima que compreende a atmosfera, a hidrosfera, a
criosfera, a litosfera de superfície e a biosfera. Todos estes elementos determinam o estado e a
dinâmica do clima da Terra.
A maior parte dos atlas tem mapas de temperatura e precipitação de todo o mundo,
alguns contém mapas de pressão atmosférica, ventos predominantes, correntes oceânicas e a
quantidade de gelo nos oceanos em determinado ano. Muitos países têm classificações mais
detalhadas por várias razões. Por exemplo, a média de data da primeira e última geada "de
morte" (uma geada forte o suficiente para matar plantações), informação esta importante para
agricultores e fazendeiros.
O clima, por sua vez, refere-se a condições comuns ou referentes a um período mais
amplo.
- Todo final de ano é a mesma coisa, chove muito em Belém!
- O inverno curitibano é sempre muito rigoroso.
- O aquecimento global deverá aumentar as temperaturas nas próximas décadas.
As Estações Meteorológicas e as Variáveis Estudadas
Os fenômenos meteorológicos são estudados a partir das observações, experiências e
métodos científicos de análise. A observação meteorológica é uma avaliação ou uma medida de
um ou vários parâmetros meteorológicos. As observações são sensoriais quando são adquiridas
por um observador sem ajuda de instrumentos de medição, e instrumentais, em geral chamadas
medições meteorológicas, quando são realizadas com instrumentos meteorológicos.
Uma estação meteorológica convencional é composta de vários sensores isolados que
registram continuamente os parâmetros meteorológicos (pressão atmosférica, temperatura e
umidade relativa do ar, precipitação, radiação solar, direção e velocidade do vento, etc), que são
lidos e anotados por um observador a cada intervalo e este os envia a um centro coletor por um
meio de comunicação qualquer.
Portanto, os instrumentos meteorológicos (termômetro, barômetro, anemômetro,
psicrômetro, etc.) são equipamentos utilizados para adquirir dados meteorológicos.
Fontes
http://www.inmet.gov.br/portal/
http://www.mundoeducacao.com/geografia/qual-diferenca-entre-tempo-clima.htm
http://www.estacao.iag.usp.br/instrumentos.php
PARA REFLETIR
1. Qual a principal diferença entre tempo e clima?
2. Quais as principais variáveis meteorológicas (parâmetros meteorológicos) e quais os
aparelhos de medida dessas variáveis?
3. Qual a relação entre os conceitos da física térmica e essas variáveis?
96
______________________________________________________________ANEXO 3
CONSTRUINDO APARELHOS DE UMA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA
ORIENTAÇÕES GERAIS:
Equipes de 05 alunos.
Cada equipe construirá uma pequena Estação Meteorológica (EM) cujo princípio de
funcionamento de seus aparelhos tenham relação com os conceitos de física térmica.
Cada equipe fará uma pesquisa em livros e sites sobre quais as principais variáveis
meteorológicas e como construir aparelhos para sua medição.
Cada equipe deverá utilizar, preferencialmente, materiais de baixo custo e/ou sucata para
a produção dos aparelhos.
As equipes deverão marcar reuniões de orientação, no contra-turno, com o professor na
escola.
Caso a equipe julgue necessário, os equipamentos poderão ser construídos nas
dependências da escola (no laboratório de ciências ou espaço equivalente, caso exista),
usando como suporte as ferramentas e materiais disponíveis no local ou trazidos de casa.
QUANTO À APRESENTAÇÃO:
Serão apresentados os aparelhos já construídos e demonstrado o funcionamento destes.
Cada equipe deverá preparar uma apresentação, preferencialmente em PowerPoint, que
contenha o princípio de funcionamento dos aparelhos, descreva como ocorreu sua
construção, a variável meteorológica que eles medem, e sua relação para as previsões
climáticas e do tempo.
Os slides em PowerPoint devem ser entregues ao professor, em formato PDF, e constarão
como parte da avaliação.
DATA DE ENTREGA E APRESENTAÇÃO:
Dia __/__/__ será o dia da apresentação, com a mostra dos aparelhos de cada equipe e a
demonstração do funcionamento dos equipamentos.
CRITÉRIOS DE PONTUAÇÃO:
A nota será atribuída segundo os critérios descritos na tabela abaixo:
Critérios de avaliação
Domínio do conteúdo
(apresentação)
Clareza na explicação
(apresentação)
Sequência lógica
(apresentação)
Qualidade do
conteúdo e
formatação (slides)
Nota
Geral
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉ
DIO
PROF. EQUIPE: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
97
OBSERVAÇÕES:
Não deixe a construção dos equipamentos para as últimas semanas. Siga o cronograma
indicado pelo professor.
Trabalhos com qualidade elevada poderão ganhar pontuação extra.
Antes de começar a montagem dos equipamentos, peça ajuda ao professor para evitar
acidentes e gastos financeiros desnecessários.
CRONOGRAMA DE REUNIÕES DE ORIENTAÇÃO:
1ª rodada de reuniões de orientação (contra-turno): de __/__ à __/__.
Nesta semana ocorrerá a primeira rodada de orientação das equipes no contra turno.
Durante as reuniões, será visto o que cada equipe pesquisou, quais os tipos de aparelhos de
baixo custo que eles viram em vídeos, sites e textos, orientar quais as melhores opções para
serem construídos e pedir pra que eles iniciem a construção dos mesmos, pois na próxima
rodada de orientação, eles já deverão trazê-los montados para os primeiros testes de
funcionamento.
2ª rodada de reuniões de orientação (contra-turno): de __/__ à __/__.
Nesta semana, ao virem à escola para as reuniões, as equipes devem trazer seus aparelhos
já montados. Se necessário serão feitos pequenos ajustes. Também será discutido o princípio
de funcionamento de cada aparelho.
3ª rodada de reuniões de orientação (contra-turno): de __/__ à __/__.
Nesta semana as orientações terão como objetivo fazer pequenos ajustes no que ainda não
está funcionando bem e orientar sobre a apresentação da semana seguinte, incluindo a
montagem dos slides em PowerPoint.
OBS: caso não haja possibilidade de reunião com as equipes no contra-turno, o professor
pode separar uma parte de suas aulas regulares para a orientação das equipes.
98
______________________________________________________________ANEXO 4
CONSTRUÇÃO DE UM CALORÍMETRO E DETERMINAÇÃO DE CALOR
ESPECÍFICO E CAPACIDADE TÉRMICA
Nº ALUNO (A)
Objetivos:
- Montar um calorímetro, determinar o calor específico de substâncias e
a capacidade térmica de objetor.
O calorímetro é um aparelho usado na determinação do calor
específico de substância e na capacidade térmica de objetos. Trata-se de
um aparelho (semelhante a uma garrafa térmica) que busca isolar
termicamente objetos do resto do ambiente, que irão trocar calor entre si
e com a possibilidade de monitorar a temperatura em que isso ocorre.
Para um calorímetro ideal (este não participará dos processos de troca de
calor) sua capacidade térmica é nula (C = 0). Para calorímetros reais,
devemos considerar a capacidade térmica do mesmo durante os
processos que ocorrem no seu interior.
Vale lembrar que para trocas de calor entre corpos, teremos:
QA + QB + QC = 0
Q = m . c . Δθ C = m .c Q = C . Δθ
Onde:
Q é a quantidade de calor;
c é o calor específico da substância;
C é a capacidade térmica do objeto.
Procedimentos Experimentais:
Você vai precisar de:
Lata de refrigerante vazia;
Copos de isopor usados como
conservador térmico de latas de
refrigerante;
Béquer de 150 mL;
Balança (de precisão,
preferencialmente);
Pedaço de vela (Parafina)
Termômetro químico
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉ
DIO
PROF. EQUIPE: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
99
Como fazer:
Construção do Calorímetro
1- Coloque a lata vazia em um dos copos de isopor e use o outro
para fazer uma tampa, de maneira que a lata fique bem justa dentro
dos dois copos.
2- Faça um furo no copo usado como tampa e introduza o
termômetro no interior da lata. É importante que o termômetro não
se encoste ao fundo da lata e que a escala termométrica fique numa
posição de fácil visualização.
3- Este será o nosso calorímetro.
OBS: para as medidas que serão feitas a seguir, é necessário que os procedimentos sejam feitos o
mais rápido possível.
OBS: para a água adotaremos: 1 g = 1mL
Determinação da Capacidade Térmica do Calorímetro.
1- Verifique com o termômetro a temperatura ambiente. Esta temperatura será a temperatura inicial do
calorímetro.
2- Coloque 100 mL de água aquecida no béquer e verifique com o termômetro a temperatura. Essa
será a temperatura inicial da água. Após fazer essa medida (tente ser o mais rápido possível).
3- Coloque a água aquecida no interior do calorímetro.
4- Tampe o calorímetro e logo após a temperatura do termômetro se estabilizar, anote o valor. Esta
será a temperatura final (temperatura de equilíbrio) para as parcelas do cálculo a seguir.
5- Usando a expressão abaixo, onde QA são valores para a massa de água e Qc são os valores para o
calorímetro, calcule a capacidade térmica do calorímetro (CC).
QA + QC = 0
(mA . cA . Δθ) + (CC . Δθ) = 0
6- Anote o valor de CC na tabela abaixo. Este valor será usado para os cálculos que virão a seguir.
Determinação do Calor específico da parafina.
1- Verifique com o termômetro a temperatura ambiente. Esta temperatura será a temperatura inicial do
calorímetro e da parafina.
2- Verifique com a balança de precisão a massa da parafina (pedaço de vela).
3- Coloque 100 mL de água aquecida no béquer e verifique com o termômetro a temperatura. Essa
será a temperatura inicial da água. Após fazer essa medida (tente ser o mais rápido possível).
4- Coloque a água aquecida e a parafina no interior do calorímetro.
5- Tampe o calorímetro e logo após a temperatura do termômetro se estabilizar, anote o valor. Esta
será a temperatura final (temperatura de equilíbrio) para as parcelas do cálculo a seguir.
6- Usando a expressão abaixo, onde QA são valores para a massa de água, Qp são os valores da
parafina e Qc são os valores para o calorímetro, calcule o calor específico da parafina (cp).
QA + Qp + QC = 0
100
(mA . cA . Δθ) + (mp . cp . Δθ) + (CC . Δθ) = 0
7- Anote o valor de cB na tabela abaixo.
Questões:
a) Você poderia ter feito os cálculos acima usando mais ou menos água? Justifique.
a) Você poderia ter feito os cálculos acima usando temperaturas diferentes para as massas de água?
Justifique.
b) Por que devemos fazer os procedimentos de medida o mais rápido possível?
c) O que poderíamos fazer para que nosso calorímetro fosse mais eficiente?
Pesquise:
a) O que é a capacidade térmica de uma substância? O que ela nos informa?
b) Faça uma lista com dez substâncias comuns em nosso cotidiano e apresente seus calores
específicos em ordem crescente.
Capacidade térmica
do Calorímetro
Calor específico
da parafina
101
__________________________________________________________________ANEXO 5
REPENSANDO SOBRE O CLIMA E O TEMPO
Leia o texto e baseado nas orientações do professor construa um mapa conceitual que expresse o
seu entendimento sobre os conceitos apresentados abaixo e suas relações com o que foi
trabalhado ao longo das aulas.
A inclinação do eixo da Terra,
a localização de uma região (latitude e
longitude) determinam a quantidade de
radiação solar que a região recebe. (ver
figura ao lado).
O solo, a água e a vegetação,
entretanto, alcançam temperaturas
diferentes ao receberem a mesma
quantidade de radiação solar. O
aquecimento diferenciado do solo, da
água e da vegetação, a presença de maior ou menor quantidade desses elementos numa localidade, as
diferentes formações rochosas, como as montanhas e vales, determinam o clima de uma região. A
intensidade dos ventos, a umidade relativa do ar, a temperatura e a pressão atmosférica (cada um
podendo ser medido com um aparelho específico) são alguns dos parâmetros utilizados para
definirmos o clima de uma região, assim como para fazermos previsões do tempo de uma localidade.
O homem pode interferir nesse equilíbrio ao lançar no ar partículas de gás carbônico (CO2)
em quantidade que alterem significativamente a composição da atmosfera, ao represar os rios nas
construções de hidroelétricas, desmatando florestas, provocando erosões, poluindo o solo e a água.
Essas alterações, poderiam provocar um aumento na temperatura média do nosso planeta que é de
15ºC e não se modifica ao longo de muitos anos. Um aumento de cerca de 2ºC na temperatura média
da Terra seria suficiente para transformar terras férteis em áridas e duplicar o número de furacões.
Adaptado de: http://www.fisica.net/gref/termo2.pdf
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉD
IO
PROF. ALUNO: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
102
Apêndice A
O texto de apoio ao professor, Atividades Experimentais em Sequências Didáticas de
Física, equivale ao produto educacional produzido durante o desenvolvimento da presente
dissertação.
2
ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM
SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
Potencializando a Aprendizagem Significativa no
Ensino Médio
2016
3
APRESENTAÇÃO
Este material busca preencher a lacuna existente entre o imaginário de
professores acerca da eficácia da experimentação e a falta de subsídios para que estes
possam explorar de maneira consciente e deliberada as potencialidades desta
metodologia. Desta forma, não se trata de uma coleção de roteiros experimentais
rigidamente construídos e prontos para serem aplicados em sala de aula, nem tampouco
este material se limita em fazer uma discussão simplificada dos conhecimentos e
técnicas que os professores devem ter para usarem de forma plena a metodologia
experimental.
Pretendemos fazer uma discussão, orientada para professores da educação
básica, sobre as várias possibilidades de se usar metodologias experimentais nas aulas
de ciências, em especial, nas aulas de física. Aqui empregaremos o termo atividade
experimental pela consolidação histórica que este representa, muito embora o estejamos
usando numa visão mais abrangente, que envolve atividades práticas de forma geral.
Inicialmente faremos uma reflexão sobre o que vem a ser a atividade
experimental em aulas de ciências e quais aspectos o professor deve levar em
consideração para produzir, ou escolher, a atividade a ser desenvolvida. Buscaremos
mostrar a importância de esta estratégia estar associada a outras metodologias e, aqui
apresentaremos a possibilidade da experimentação fazer parte de uma sequência de
ensino, orientada de acordo com a teoria da Aprendizagem Significativa. Mostraremos
também uma sugestão de instrumento para avaliar atividades nessa proposta, que por ser
diferenciada, exige técnicas de avaliação diferenciadas.
Por fim, mostraremos alguns exemplos de sequências didáticas, em que as
atividades experimentais são parte integrante, para que possam ser usadas pelos
professores em suas aulas ou, que de posse dos conhecimentos e discussões trazidos
neste material, possam servir de parâmetro para que professores produzam suas próprias
sequências providas de atividades experimentais.
Este texto de apoio ao professor é o produto educacional desenvolvido a partir
da dissertação de mestrado profissional em ensino de física (MNPEF – Polo 37),
contendo discussões de caráter geral, que podem ser aplicadas em qualquer série da
educação básica, na área das ciências naturais (ciências, química, física e biologia) e na
Parte II, apresentamos exemplos de sequências didáticas elaboradas e aplicadas relativas
aos conteúdos de Cinemática e Física Térmica.
Esperamos que este material possa ser relevante para professores que já usam
experimentos em sala de aula e principalmente para aqueles que buscam uma melhor
formação para fazer uso desta metodologia.
4
SUMÁRIO
Apresentação .......................................................................................................... 3
PARTE I
1. Atividades Experimentais em Sala de Aula ............................................................ 6
2. Como Produzir ou Escolher a Atividade Experimental? ........................................ 8
3. O que é Aprendizagem Significativa? ..................................................................... 18
4. Como Montar uma UEPS? ...................................................................................... 21
5. Mapas Conceituais como Instrumento de Avaliação .............................................. 23
PARTE II
6. Exemplos de UEPS ................................................................................................. 26
7. Considerações Finais ............................................................................................... 42
PARTE III
8. Anexos .....................................................................................................................
9. Aparelhos da Estação Meteorológica ......................................................................
44
64
10. Sugestões de Leitura ............................................................................................... 81
Referências ............................................................................................................. 82
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1. ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SALA DE AULA
Quando falamos em experimentos executados em sala de aula, logo lembramos
de algumas opiniões comumente emitidas acerca deste tema: sinônimo de excelência na
sala de aula, dificuldade em sua implementação devido às limitações estruturais das
escolas, vivência do método científico pelo aluno (CACHAPUZ et al., 2011). Estas
opiniões podem revelar a importância dada pelos professores a esta metodologia.
Porém, para que a sua utilização possa ser feita de forma plena, é importante
refletir sobre algumas questões a ela associada.
O primeiro passo para a implementação de tais atividades em sala de aula, é
analisar tal metodologia em suas varias faces e definir o que queremos com ela: Como
será implementada?, Com quais objetivos?, Em qual espaço físico?. Como isso
normalmente não é feito, se carece de um modo de potencializar seu uso e de entendê-la
em sua plenitude. Esta tarefa não é simples, tendo em vista a complexidade das
interações entre os sujeitos (professor e estudantes), o conhecimento e a sociedade, em
sala de aula. Por este motivo, se torna bastante complexo definir os limites, muitas
vezes difusos, entre as facetas da experimentação.
Outra questão importante é a imagem que se faz da experimentação. Muitas
vezes ela é vista equivocadamente como uma estratégia de ensino fixa, imutável,
fazendo com que o professor que dela queira fazer uso, não tenha a iniciativa (ou em
muitos casos, a formação necessária) de fazer pequenos ajustes para adequá-la ao
contexto em que será aplicada. Assim, uma atividade desenvolvida em certa situação,
com grande potencial para ser explorada pelo professor, pode gerar experiências
insatisfatórias e desestimulantes em outras situações.
Experimento comparando um termômetro recém-construído com materiais alternativos e um
termômetro químico. Fonte: Sérgio Bezerra.
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Também se faz necessário perceber que a experimentação em sala de aula,
ainda que bem utilizada, por si só, não garante a aprendizagem de todos (HODSON,
1994). Em ambientes onde temos um número grande de estudantes, cada um com suas
particularidades, a aprendizagem deve ser buscada de forma coordenada com várias
metodologias.
Sendo assim, buscaremos discutir o uso da experimentação não como um fim,
mas analisar como podemos utilizá-la como um meio para atingir melhores resultados
nas aulas de Física e nas Ciências em geral.
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2. COMO PRODUZIR OU ESCOLHER A ATIVIDADE
EXPERIMENTAL?
É fácil perceber o universo de abordagens que podem ser desenvolvidas tendo
como foco principal o trabalho experimental em sala de aula. A análise destas
atividades, tanto pelos seus aspectos logísticos, metodológicos ou epistemológicos,
quanto pelo alto grau de complexidade que apresentam, deve ser feita cuidadosamente
de forma a contribuir para discussões acerca das reais potencialidades do trabalho
experimental nas aulas de ciências.
Para facilitar a escolha da atividade a ser desenvolvida, sugerimos que o
professor tome como referência os seis tópicos abaixo.
Cada tópico apresenta diferentes categorias, cada uma com suas
particularidades. Isto não significa dizer que não seja possível a mescla de categorias de
um mesmo tópico, dependendo dos objetivos estabelecidos pelo professor.
Esta classificação em tópicos tem o objetivo de auxiliar o professor na
adequação de atividades experimentais já existentes em livros, revistas e sites às suas
necessidades e, sobretudo, ajudar o professor a ganhar autonomia para produzir suas
próprias atividades experimentais.
Quanto à autonomia do estudante frente ao experimento:
1. Demonstrativo pelo professor: Pouca autonomia mecânica e intelectual.
Aqui se enquadram as práticas em que o professor manipula os objetos,
geralmente em uma mesa no local de destaque da sala de aula. O estudante não tem
contato físico com os aparatos experimentais e se busca com que ele siga o raciocínio
do professor que está à frente da atividade. O professor é quem executa o experimento e
explica para os estudantes o que está acontecendo durante a execução.
Nesta perspectiva é comum não relacionar o conhecimento científico com
outras formas de conhecimento, sendo difícil levar em conta os conhecimentos prévios
apresentados pelos estudantes. A ciência se configura como ponto de partida e chegada
do processo e de forma recorrente se admite que o estudante aprenda por repetição e
memorização passiva. (AMARAL, 1997).
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2. Demonstrativo pelo estudante: Grande autonomia mecânica e pouca intelectual.
Nesta abordagem os estudantes manipulam os objetos. Normalmente se
reproduz um experimento simples, que pode ser baseado em livros ou internet, em que
os estudantes, individualmente ou em equipes, têm o controle total do que ocorrerá. A
reflexão acerca dos princípios científicos envolvidos é pequena, pois as explicações são
baseadas naquelas fornecidas pela fonte de onde o experimento foi retirado.
Este tipo de abordagem, assim como a anterior, pode provocar a falsa
impressão que o experimento tem um propósito em si mesmo, ou seja, que o
compromisso de quem o executa é com que o experimento dê certo. Isto diminui as
reflexões em torno do fenômeno e conceitos científicos nele tratado.
3. Redescoberta: Grande autonomia mecânica e pouca intelectual.
Aqui o experimento é executado pelos estudantes, baseados em roteiros
previamente construídos. A utilização destes roteiros abre margem para a realização de
experimentos mais complexos. Porém, como o estudante segue os passos previamente
estabelecidos por quem os construiu, sua autonomia intelectual ainda é relativamente
baixa.
Embora esta abordagem seja muito interessante para familiarizar os estudantes
ao manuseio de algumas técnicas e aparelhos de medida, problemas como a não
delimitação adequada do problema inicial; falta de precisão na coleta de dados e;
hipóteses formuladas de maneira insatisfatória não aparecem, uma vez que tudo isso já
foi pensado previamente por quem desenvolveu o roteiro. Assim se cria uma imagem
caricaturada do trabalho científico, com este tendo pouca relação com o contexto
histórico e praticamente imune as limitações humanas. (AMARAL, 1997).
4. Projetos de investigação: Grande autonomia mecânica e intelectual.
Aqui se enquadram situações que se caracterizam, por sua natureza aberta, ou
seja, o professor juntamente com os estudantes definem um tema ou problema a ser
investigado e só então começam as discussões sobre possíveis formas de se executar a
atividade.
Nem o que fazer e nem como fazer estão de antemão definidos. Isto exige um
papel ativo dos estudantes tanto para manusear equipamentos e construir experimentos,
quanto para pensar em como fazer, elaborar e testar hipóteses. Aqui aparece um espaço
privilegiado para se levar em conta os conhecimentos prévios dos estudantes, que
naturalmente irão influenciar as formas que eles irão propor a solução dos problemas
durante a execução da atividade. Tudo isto, com a supervisão ativa e apoio do professor.
Outro aspecto importante é a necessidade de se conviver de maneira
propositiva com o erro. Este deve ser visto como fonte de estímulo para novas
possibilidades de desenvolvimento das tarefas (SÉRÉ, 2002).
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Este tipo de abordagem necessita um tempo maior para o seu desenvolvimento,
já que se faz necessário respeitar o tempo de maturação das ideias trabalhadas e a
execução das estratégias pensadas pelos estudantes e professor, sendo este, talvez, o
principal entrave para que seja utilizada de maneira mais recorrente durantes as aulas.
Quanto ao momento a ser trabalhado:
1. Para introdução do tema a ser estudado: criação de uma situação problema.
Podemos utilizar uma atividade experimental para fazer a introdução de temas
que serão vistos no decorrer das aulas. Sendo assim, o trabalho com experimento
executado não necessita ter grande profundidade em suas discussões teóricas. Ele pode
servir como o momento de mobilizar a atenção dos estudantes e não tratar em detalhes
de conteúdos específicos.
Ao se utilizar um experimento no início de dado conteúdo, ou sequência de
ensino e aprendizagem, podemos identificar dois objetivos principais que este pode
desencadear: a criação de situações problema que sirvam como base de sustentação para
o conteúdo a ser visto; e um ambiente propício à externalização dos conceitos prévios
dos alunos sobre o tema a ser trabalhado. Em ambos os casos é recomendável que o
experimento seja executado em um ambiente onde se estimule a interação verbal entre
alunos e professor.
2. Durante uma sequência de ensino: reconciliação integrativa.
Ao utilizar um experimento durante uma sequência didática, este poderá ser um
importante instrumento para estimular os estudantes a entender como os vários
conceitos trabalhados até o momento estão conectados e interagem entre si. Este tipo de
atividade é importante, pois, ajuda a internalização de vários conceitos, dando a eles um
significado dentro de um corpo teórico mais complexo. Isto também ajuda a preparar a
turma para os conceitos que ainda virão pela frente, no decorrer do desenvolvimento do
restante da sequência (MOREIRA, 2014).
Também é possível que a atividade experimental seja planejada para durar
toda, ou quase toda, a sequência de ensino. Desta forma, ela servirá como pano de fundo
para as demais atividades que irão ocorrer durante a sequência.
3. No final de uma sequência: consolidação.
Para a consolidação de certo conteúdo, formado por vários conceitos
científicos interligados, é importante a proposição de atividades que exijam a utilização
destes de forma conjunta. Isto pode ser realizado através da execução de experimentos,
ocorridos ao final de uma sequência de ensino, que busque trabalhar a consolidação do
que foi visto. Atividades como esta tendem a ser mais complexas que as demais.
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Tal complexidade não estará, necessariamente, na execução dos experimentos,
mas poderá estar na profundidade das discussões que o acompanham, tendo em vista o
grande número de conceitos que podem ser abordados ao final de uma sequência
didática (MOREIRA, 2014).
Quanto aos conteúdos que podem ser trabalhados:
1. Conceitual: os conceitos que fazem parte dos tópicos da disciplina.
O conteúdo conceitual (COLL et al. 2000) diz respeito aos conceitos
científicos em si (calor, velocidade, corrente elétrica, força, onda, campo, etc.). Ainda
que o professor trabalhe em suas aulas apenas com metodologias consideradas
tradicionais, como as aulas expositivas, este tipo de conteúdo sempre estará presente.
A utilização de experimentos para se trabalhar conteúdos conceituais é
importante, pois ajuda o entendimento por parte dos estudantes de que os conceitos
criados pelas ciências tem o propósito de explicar algo para além dos problemas por ela
mesma criados. Situações cotidianas, envolvendo conceitos científicos para seu
entendimento, podem ser uma boa estratégia de uso de experimentos para o trabalho de
conteúdos conceituais.
2. Procedimental: o manuseio de técnicas e instrumentos da ciência.
Aqui se enquadram os procedimentos próprios das ciências (COLL et al.
2000). O manuseio de instrumentos simples (régua, compasso, termômetro, cronômetro,
etc.), assim como o de instrumentos complexos (microscópios, multímetros, algumas
vidrarias), e o entendimento de suas finalidades, seus princípios de funcionamento e os
procedimentos que devem ser adotados para sua utilização, fazem parte dos conteúdos
procedimentais.
Uma forma interessante de abordar tais conteúdos é propor que os estudantes
possam construir alguns desses aparelhos. Durante a construção de um eletroscópio de
folhas, por exemplo, inevitavelmente os estudantes deverão testar hipóteses para
solucionar problemas e escolher os caminhos adequados para obter êxito na finalização
do equipamento. Este tipo de conteúdo dificilmente é abordado em aulas que trabalhem
metodologias exclusivamente tradicionais.
3. Atitudinal: atitudes científicas.
Ao se estudar ciências, algumas atitudes devem ser estimuladas e não tolhidas,
como costumamos observar nas salas de aula. A curiosidade e o estímulo ao
questionamento são algumas das atitudes que profissionais da ciência devem ter. Estas
atitudes também devem ser encorajadas nos estudantes em geral, ainda que estes não
venham a seguir a carreira científica (COLL et al. 2000).
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Outras atitudes como o trabalho colaborativo e o estímulo a proposição de
soluções lógicas para problemas, que comumente encontramos os círculos científicos,
também devem ser estimuladas entre os estudantes. Este tipo de conteúdo facilita o
desenvolvimento de uma visão menos deformada do trabalho científico e ajuda os
estudantes incorporarem os aprendizados da escola em seu cotidiano.
Quanto aos objetivos do professor:
Neste tópico será bastante comum a mescla de mais de uma categoria, o que
não exclui a importância do professor refletir sobre qual, ou quais, os principais
objetivos a serem alcançados com a atividade experimental a ser desenvolvida.
1. Abordar conceitos.
Utilizada quando o professor vai introduzir pela primeira vez um conceito ou
grupo de conceitos, as atividades experimentais podem ser usadas quando os estudantes
irão ter o primeiro contato com um conteúdo, ou ao menos da forma em que ele será
tratado. O conteúdo trabalhado pode não ser novo para os estudantes, como a ideia de
energia que é discutida em varias séries do ensino médio, mas será abordado pela
primeira vez pelo professor na serie corrente.
2. Avaliar o entendimento dos estudantes individualmente ou em grupo.
Fazer a avaliação da aprendizagem de um estudante, ou grupo de estudantes,
normalmente é uma tarefa complicada. Vários são os fatores que se deve considerar
para aferir o que o aluno aprendeu durante o decorrer das aulas. Uma forma de fazer
esta avaliação é a aplicação dos conceitos partindo da realização de atividades
experimentais. Se bem planejada, esta forma de avaliação é muito interessante, pois
possibilita ao professor observar se os conteúdos trabalhados em aula são usados em
situações que extrapolam as questões teóricas. Isto pode ser um importante indício de
aprendizagem significativa.
3. Motivar os estudantes.
Talvez o relato mais recorrente feito por professores que utilizam a
experimentação seja a motivação que este tipo de atividade trás para as aulas. Numa
situação em que as aulas de física tendem a ser associadas à discussões difíceis e
desconectadas do cotidiano dos estudantes, esta característica da experimentação pode
ser um grande aliado do professor. Muito embora este aspecto seja muito importante, e
até desejável, há de se tomar cuidado para que a experimentação em sala de aula, que
em nosso caso deve ter um caráter centralmente didático, não se torne algo apenas
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lúdico, fazendo com que os estudantes não consigam tirar o proveito esperado pelo
professor que planejou a atividade.
Quanto aos materiais usados:
1. Baixo custo.
Boa parte dos experimentos sugeridos por livros didáticos e paradidáticos,
revistas da área de ensino e sites especializados indicam o uso de materiais encontrados
em sucata ou materiais reciclados e/ou reutilizados. Isto é interessante, pois deixa o
custo de uma aula experimental bastante acessível e permite a reposição de peças com
facilidade. Estes materiais podem ser conseguidos pelos próprios estudantes, o que
ajuda os envolverem na aula desde o seu início.
Eletroscópios montados com materiais de baixo custo. Fonte: Sérgio Bezerra.
2. Kits.
Com um custo muito variado, os kits desenvolvidos por empresas
especializadas podem ser um importante investimento para escolas e professores quando
se dispõe de verba para equipar a escola. Existem experimentos muito interessantes que
podem ser realizados com esses kits e, dependendo da disponibilidade e experiência do
professor, com os mesmos materiais presentes nos kits é possível pensar em
experimentos para além dos sugeridos pelo fabricante. Normalmente esses kits
acompanham roteiros para orientação dos experimentos e quase sempre estes roteiros
são desenvolvidos baseados no método da redescoberta. Por isso, uma vez que a escola
disponha destes materiais, um importante exercício para professores e grupo de
professores é utilizá-los para além dos roteiros preestabelecidos e os adequarem as suas
necessidades.
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3. Aparelhos e instrumentos profissionais (ou quase).
Algumas escolas dispõem de aparelhos que normalmente foram adquiridos
com verbas específicas (caso das escolas públicas) ou parcerias com universidades. São
microscópios, destiladores, telescópios, estufas, multímetros, etc. Como tais aparelhos
normalmente tem um alto custo de aquisição e manutenção, muitos professores
preferem não utilizá-los temendo que sejam danificados. Porém estes aparelhos tem
uma vida útil e devem ser usados antes que o tempo faça o seu trabalho. Além de
auxiliarem as atividades experimentais, o que normalmente é dificultado pelo fato de a
escola, quando possui, ter apenas uma unidade de cada um destes aparelhos, eles podem
servir como modelo para que em aulas experimentais se desenvolva aparelhos similares
de baixo custo, o que pode ser de grande valor pedagógico, já que durante a construção
de aparelhos é essencial que se estude e conheça seu princípio de funcionamento.
Quanto ao local:
1. Em sala de aula.
Devido à estrutura encontrada na ampla maioria das escolas brasileiras, após
décadas de ensino orientadas por abordagens ditas tradicionais, o uso da experimentação
na sala de aula talvez seja a única possibilidade do uso dessa metodologia, uma vez que
a maioria das escolas não apresentam outros espaços apropriados para esta finalidade.
Trazer este tipo de prática para um ambiente já familiar aos estudantes pode ser
interessante para evitar o desvio de atenção que pode ocorrer em ambientes novos. Por
outro lado, utilizar a sala de aula, com a pouca estrutura que elas normalmente oferecem
(somente mesas e cadeiras, ou simplesmente carteiras), pode dificultar a realização de
certos experimentos, devido o local ser inapropriado.
2. No laboratório da escola.
Nas escolas onde existe um espaço destinado ao trabalho prático de ciências,
tais atividades podem adquirir outro patamar de qualidade. Porém é importante que se
diga que é bastante improvável que esses espaços apresentem uma estrutura adequada
para a realização de qualquer experimento didático. Por mais bem planejado que sejam
esses espaços, o dinamismo das aulas experimentais, sempre mostrarão pequenas
adequações necessárias para potencializar as aulas experimentais. Tampouco devemos
prescindir de buscar espaços com instalações físicas adequadas para a realização de tais
atividades. Vale ressaltar que um laboratório didático bem equipado é importante,
porém não é suficiente para uma boa aula experimental, ficando essa centralidade na
formação do professor e no planejamento de tal atividade. Um cuidado que se deve
tomar com o uso dos laboratórios é que o fenômeno tratado nas atividades
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experimentais pode ser visto como exclusivo do ambiente de laboratório e não uma
reprodução de um fenômeno mais geral da natureza.
Laboratório de ciências escolar. Fonte: Sérgio Bezerra.
3. Ao ar livre.
Varias atividades experimentais podem ser pensadas para serem executadas em
espaços abertos, sejam nas dependências das escolas em pátios, áreas de recreação,
horta, etc. (quando esses espaços existirem), ou até mesmo fora das dependências da
escola, como praças e bosques. Este tipo de alternativa, se bem planejado, ajuda os
estudantes na compreensão de que a ciência é uma forma de conhecimento que busca
explicar fenômenos presentes em nosso cotidiano, e que não é apenas uma disciplina
escolar. Permite-nos também a problematização de certos fenômenos em loco. O
problema que podemos encontrar neste tipo de ambiente é a dificuldade em realizar
certos experimentos devido o local ser inapropriado para o uso de alguns equipamentos
de medida e coleta de dados, e o fato de nos tornarmos reféns do clima (chuvas, sol
excessivo, escuridão da noite).
4. Universidades, museus e centros de ciências.
Algumas cidades brasileiras possuem projetos educacionais vinculados a
instituições científicas, que tem como finalidade atender estudantes da educação básica.
Tais projetos se constituem em mostras científicas (fixas ou itinerantes), projetos de
extensão e até mesmo colônias de férias. Não é difícil encontrar instituições que tem
como diretriz de trabalho o estabelecimento de parcerias com as escolas e que podem
levar suas atividades até o local solicitado. Muito desses espaços contam com atividades
de caráter experimental que podem e devem ser usados como auxílio às aulas regulares
de ciências. É importante que, antes de visitar estes espaços o professor tenha em mente
os objetivos que pretende alcançar. Isto é fundamental para que a visita tenha uma
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função didática na formação dos estudantes e não se torne apenas um momento de
descontração.
5. Em casa.
Oura forma de realização de experimentos com caráter didático é a realização
destes, pelos estudantes, em suas casas. Com a popularização de mídias que nos permite
a interação mais rápida e de qualidade com o nosso interlocutor, uma forma que
podemos utilizar é a solicitação da realização de experimentos baseados em orientações
fornecidas pelo professor, vistas em livros ou sites na internet. Isto será possível se a
atividade tiver um grau moderado de dificuldade, que não necessite de professor para
orientação, e utilizar materiais de fácil aquisição. O registro de tais atividades em vídeo
pode ser uma forma interessante de produção de material para avaliação da atividade.
Sobre esta forma de uso da experimentação, o professor deverá ter cuidado redobrado
durante o planejamento para evitar que os estudantes corram riscos durante a execução.
______________________________________________________________
Como acabamos de mostrar, existem vários fatores que estão envolvidos na
execução de uma atividade experimental e a análise destes fatores é o primeiro passo
para o uso exitoso desta estratégia. Ainda que o professor desenvolva atividades
experimentais em suas aulas sem a prévia reflexão do que aqui foi discutido, não quer
dizer que ele, de maneira consciente ou inconsciente, não acabe por escolher algumas
dessas opções durante seu trabalho. Isto terá relação direta com suas concepções de
Ciência e Ensino. O que aqui estamos propondo é que este movimento de reflexão sobre
a própria prática seja feito de forma consciente, para potencializar os ganhos
educacionais de se utilizar este tipo de atividade. Portanto, o primeiro passo para a
implementação desta metodologia pode ser, após o conhecimento do que aqui foi
discutido, o preenchimento do quadro à seguir.
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PLANEJAMENTO DA ATIVIDADE EXPERIMENTAL
Título:
Conceitos a serem abordados:
Quanto à autonomia do estudante
frente ao experimento:
Quanto ao momento a ser trabalhado:
Quanto aos conteúdos que podem ser
estudados:
Quanto aos objetivos do professor:
Quanto aos materiais usados:
Quanto ao local:
Como Avaliar a atividade:
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3. O QUE É APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA?
Proposta pelo psicólogo norte americano David Ausubel, a teoria da
Aprendizagem Significativa busca descrever, de maneira ampla, como ocorrem os
processos de assimilação e retenção significativa de determinados conhecimentos pela
estrutura cognitiva dos indivíduos (AUSUBEL, 2003).
No ambiente escolar, a aprendizagem significativa pode ser entendida como o
processo no qual um conhecimento novo se liga de forma não arbitrária e substantiva
(não-literal) à estrutura cognitiva do estudante. Não arbitraria, pois o novo
conhecimento não se relaciona com qualquer conhecimento previamente existente no
campo cognitivo do estudante, mas com aqueles que são especificamente relevantes.
Substantiva, pois se refere à substância/essência do conhecimento trabalhado, e não
necessariamente às palavras usadas para expressá-los (não-literal) (MOREIRA;
CABALLERO; RODRÍGUEZ, 1997).
Para que este tipo de aprendizagem seja concretizado também é necessária a
apresentação de um material potencialmente significativo. É considerado material
potencialmente significativo o conjunto de informações que encontre na estrutura
cognitiva do estudante ideias âncoras, os chamados subsunçores, com as quais seja
possível se relacionar o novo conhecimento. Desta forma só podemos falar em material
potencialmente significativo num contexto individual, já que o campo cognitivo de uma
pessoa é sempre único (MOREIRA, 2006).
Se tomarmos como exemplo uma turma de estudantes do 2º ano do ensino
médio é comum observar o contato prévio da turma com o conceito de energia,
normalmente abordado nos conteúdos trabalhados no 1º ano do ensino médio. Este
possível conhecimento prévio pode ser usado como subsunçor para a aprendizagem do
conceito de calor, já que ao apresentá-lo como uma forma de energia, esse novo
conceito irá se conectar a outros já existentes na estrutura cognitiva do estudante e isto,
possivelmente, ocorrerá segundo algumas relações que para ele parecem lógicas.
É fundamental reconhecer que este processo de aprendizagem significativa,
diferente da aprendizagem mecânica, não estabelece entre o novo conhecimento e os já
existentes uma relação simples de adição. Ao contrário, tanto o conhecimento recém-
adquirido pelo estudante quanto os já presentes em seu campo cognitivo tendem a
interagir de forma complexa durante o processo de assimilação, fazendo com que ambos
sofram modificações, ou até fusões.
O processo de assimilação pode ser melhor entendido a partir do esquema
abaixo:
Nova informação Subsunçor Produto da interação
a A a’A’
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Inicialmente uma nova informação potencialmente significativa a é
apresentada ao indivíduo. Essa informação tenderá se relacionar com um subsunçor A
pré-existente e a interação entre eles produzirá modificações em ambos, o que
apresentará como produto a’A’.
No transcorrer do tempo ocorrerá um segundo estágio do processo de
assimilação em que os componentes antes dissociáveis a e A, passarão a figurar como
uma nova unidade A’, com elementos residuais dos que lhe deram origem, porém com a
retenção do que para o indivíduo é essencial na relação entre eles. Este estágio
conhecido como assimilação obliteradora tem como características o abandono
(esquecimento) de informações desnecessárias (tendência de assimilação do que é o
mais importante da informação); indissociabilidade entre os conceitos inicialmente
apresentados e; a formação de um novo subsunçor A’.
Na Teoria da Aprendizagem Significativa é possível identificar dois princípios
programáticos, a saber, diferenciação progressiva e reconciliação integrativa
(MOREIRA, 2014).
Diferenciação progressiva se relaciona mais especificamente à aprendizagem
significativa subordinada. Ela trata da diferenciação sofrida por conceitos subsunçores
toda vez que este é mobilizado para a assimilação de um conceito novo, o que
progressivamente faz com que o subsunçor se diferencie do que ele era antes da
sequência de várias interações com conceitos novos (MOREIRA, 2014).
Ao abordarmos em sala de aula o conceito de temperatura, podemos buscar
como subsunçor a ideia que o estudante geralmente apresenta sobre os conceitos quente
e frio. Caso o estudante ainda não tenha discutido de maneira formal estes dois últimos
conceitos, provavelmente eles estarão relacionados às sensações térmicas vivenciadas
pelo indivíduo, a partir dos seus órgãos dos sentidos, ao longo de sua vida. Ao se
deparar com o conceito formal de temperatura, eles poderão sofrer mudanças
sucessivas, incorporando significados que sejam lógicos para o estudante e passarão a
um maior grau de abrangência e complexidade.
É importante destacar que o termo progressiva não deve ser confundido com
linear, pois, o conjunto de sucessivas transformações pode produzir como resultado um
conceito subsunçor que é essencialmente diferente daquele que lhe deu origem, e a
profundidade dessa diferença não pode ser relacionada com a quantidade de interações
que o subsunçor sofreu, ou seja, um subsunçor mais elaborado não é necessariamente
Produto da interação Novo subsunçor
a’A’ A’
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aquele mais antigo e que tenha passado por um número maior de interações. Isso revela
uma interação dialética entre os conceitos novos e os já existentes no campo cognitivo
do indivíduo, no sentido de que num mesmo processo os conceitos mudam, o outro e a
si mesmo, produzindo como resultado a síntese proveniente da assimilação obliteradora.
A reconciliação integrativa, por sua vez, está relacionada principalmente à
aprendizagem significativa subordinante e combinatória. Trata-se da reorganização das
informações assimiladas pelo indivíduo, o que pode gerar novos conceitos. Durante a
reorganização das novas informações, o indivíduo tende a acomodá-las de forma que
interajam de maneira lógica com informações mais generalizantes. Esse processo é
fundamental para apontar relações entre ideias, reconciliar discrepâncias e apontar
similaridades entre conceitos existentes no campo cognitivo do indivíduo (MOREIRA,
2014).
Neste contexto, embora aparentemente a teoria molecular (ideia de que toda
matéria é composta por átomos e moléculas) pareça mais simples, este conceito é muito
mais abrangente do que a ideia de temperatura, quente e frio, logo, caso esta teoria seja
apresentada ao estudante após ele ter aprendido esses três conceitos, eles ganharão um
novo significado e possivelmente serão mais facilmente percebidos como ideias
relacionadas e logicamente subordinadas à teoria molecular.
Ausubel parte de duas hipóteses, de que é mais fácil aprender algo mais geral e
posteriormente, de maneira paulatina, ir discutindo informações (aplicações) específicas
desse conceito e; a organização de uma disciplina se faz de forma hierárquica no campo
cognitivo do aluno, o que facilitaria a incorporação primeiro de ideias mais gerais e
posteriormente a incorporação de conceitos menos inclusivos e mais diferenciados. O
que, no exemplo em questão, significaria optar pela apresentação da teoria molecular no
início da sequência, para que em seguida fossem discutidos conceitos hierarquicamente
menos abrangentes.
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4. COMO MONTAR UMA UEPS?
Uma abordagem metodológica que utiliza de sequências didáticas são as
Unidades de Ensino Potencialmente Significativas – UEPS (MOREIRA, 2011), que
busca incluir os conceitos trabalhados dentro de um corpo coerente de conhecimentos
preexistentes no campo cognitivo do aprendiz. Partindo do pressuposto de que para
haver ensino deve haver, necessariamente, aprendizagem, essas unidades têm como
objetivo o desenvolvimento de sequências didáticas que sejam potencialmente
facilitadoras da aprendizagem significativa.
Segundo Moreira (2011, p. 2), as Unidades de Ensino Potencialmente
Significativas “são sequências de ensino fundamentadas teoricamente, voltadas para a
aprendizagem significativa, não mecânica, que podem estimular a pesquisa aplicada em
ensino, aquela voltada diretamente à sala de aula”.
Neste sentido, as UEPS tendem a apresentar características que se harmonizam
com esta visão, apresentando um grupo ideias centrais, dentre as quais podemos
destacar: a variável que mais influencia a aprendizagem é o conhecimento prévio do
aluno; cabe ao aluno decidir se quer aprender determinado conhecimento
significativamente; os materiais instrucionais introdutórios (organizadores prévios)
devem trazer, ainda que de forma incipiente, a relação entre novos conhecimentos e
conhecimentos prévios; a linguagem e a interação são à base para a apreensão de
significados e; o professor tem o papel de provedor de situações-problema que
desencadeiem a aprendizagem significativa e de organizador do ensino e mediador de
significados (MOREIRA, 2011).
Para o desenvolvimento de uma UEPS podemos seguir alguns passos que são
organizados de forma a fazer que nossa sequência didática esteja de acordo com o
referencial teórico à ela associada (MOREIRA, 2011). São eles:
6. Definição do assunto a ser trabalhado nas aulas, sendo importante para o professor
ter claro os aspectos procedimentais e declarativos que se deseja abordar.
7. Criação de situações que permitam os estudantes externalizarem seus conhecimentos
prévios sobre o assunto.
8. Proposição de situações problema em vários momentos ao longo da sequência, com
diferentes graus de complexidade, possibilitando a interação de conhecimentos prévios,
conhecimentos recém adquiridos e reelaboração conceitual.
9. Apresentação do conhecimento a ser trabalhado levando-se em conta a Diferenciação
Progressiva, fazendo ao longo do trabalho a retomada de aspectos mais gerais e
estruturantes para o tópico trabalhado.
10. Finalização da sequência com a retomada das características mais gerais,
buscando a Reconciliação Integrativa.
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
22
Nas etapas que compõe a sequência, privilegia-se o desenvolvimento de
atividades colaborativas, mas não se excluem atividades de caráter individual. Por
buscarmos constantemente estimular a autonomia dos estudantes, em alguns casos eles
podem ser os propositores das situações problemas a serem analisadas, desde que isso
se dê no âmbito do tópico estudado.
Não obstante os pontos 1 e 5 acima sejam naturalmente associados,
respectivamente, ao início e ao final da UEPS, não devemos tomar os demais pontos
como uma receita linear e rígida. A diversidade do ambiente de sala de aula, a
experiência do professor responsável pela aplicação da sequência e, principalmente, o
retorno da turma durante as atividades devem ser observados e levados em conta para
possíveis correções/mudanças. Aqui é fundamental chamarmos a atenção para o fato
desta metodologia ser orientada à avaliação do processo, que se desenvolve durante toda
a sequência e não simplesmente do produto observado ao seu final.
Deste modo é importante utilizarmos parâmetros de avaliação da UEPS que
estejam em consonância com seu aporte teórico, ou seja, utilizar ferramentas que
consigam fornecer evidências de aprendizagem significativa por parte dos estudantes ao
longo do processo. Análise das discussões/argumentos em grandes e pequenos grupos,
análise de respostas de questionários abertos sobre problemas propostos, elaboração de
mapas conceituais produzidos individualmente ou em grupo e exposição em forma de
seminários de materiais produzidos ao longo das aulas, são algumas opções que podem
auxiliar o professor no processo de avaliação.
A diversificação das estratégias de ensino que deve ser um traço marcante
deste tipo de metodologia nos permite supor que a utilização de atividades práticas,
associadas ao laboratório didático, pode ser de grande auxílio na dinamização das
UEPS, estimulando ambiente propícios para a interação entre estudantes, professor e os
aspectos declarativos e procedimentais dos tópicos estudados.
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
23
5. MAPAS CONCEITUAIS COMO INSTRUMENTO DE
AVALIAÇÃO
Mapas conceituais são diagramas que expressam a relação entre conceitos.
Apesar de em muitos casos estes mapas de conceitos serem parecidos com
organogramas ou diagramas de fluxo (os quais também podem expressar organização
hierárquica e até o uso de setas), não devem ser confundido com estes últimos, pois sua
estrutura não implica hierarquias de poder, ou temporalidade. Mapas conceituais têm
como propósito explicitar as relações significativas e de hierarquia entre conceitos, por
isto devem ser vistos como diagramas de significados. (MOREIRA, 2012).
Para a construção de um mapa conceitual não existe um roteiro com regras
fixas. Em alguns casos, podemos observar conceitos sendo expressos dentro de elipses
ou retângulos, para que se indique maior grau de importância. O uso deste artifício é
conjuntural, e não obrigatório. A utilização de figuras, ou ainda, o tamanho e forma das
linhas que ligam os conceitos, só terá significado se for previamente estabelecido.
Abaixo está um mapa conceitual produzido por um estudante, durante a
implementação da UEPS analisada neste trabalho:
Mapa conceitual construído por um estudante após a leitura e discussão do texto intitulado
Repensando sobre o clima e o tempo.
Sol
Solo Água Vegetação
Umidade do ar
Ventos
Pressão atmosférica
Temperatura
Radiação solar
Partículas de
gás
carbônico
Clima
Interfere
Homem
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
24
Como a produção deste tipo de material expressa a compreensão individual de
quem o construiu, acerca do tema trabalhado, independente do formato das linhas ou
outros tipos de marcadores, o que se espera é que conceitos conectados na produção do
mapa tenham uma relação que o seu construtor seja capaz de explicar. Para melhorar o
entendimento do mapa, uma técnica que pode ser usada, não de maneira obrigatória, é a
introdução de uma ou duas palavras sobre as linhas que conectam os conceitos. Isso
pode ajudar a formar uma sentença que expresse com mais clareza a relação que se
queira mostrar.
Como cada mapa conceitual é único e representa externamente o pensamento
de quem o construiu, não é adequado atribuirmos as ideias dicotômicas de ‘certo’ e
‘errado’ a um determinado mapa. Sendo assim, devemos então estabelecer alguns
parâmetros que nos possibilitem avaliar os mapas conceituais, para que deles possamos
extrair as informações necessárias. Utilizaremos então, os critérios de avaliação
propostos por Moreira (2013), que são:
5. Presença dos conceitos mais importantes do tema abordado.
6. Hierarquização conceitual expressa de forma clara (conceitos mais importantes em
destaque).
7. De acordo com a matéria de ensino, as linhas conectando conceitos e as palavras de
enlace (os conectores) devem sugerir relações adequadas.
8. Existência, não apenas de relações verticais, mas de relações cruzadas, indicando
reconciliação integrativa.
Assim, é possível compreender que os mapas conceituais são instrumentos de
avaliação diferentes daqueles normalmente usados em aulas tradicionais, como provas e
testes de múltipla escolha. Eles estão orientados para uma avaliação qualitativa, o que
pode ser facilitada com o estímulo ao estudante de explicações orais ou escritas acerca
do seu mapa.
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
26
6. EXEMPLOS DE UEPS
Apresentaremos a seguir dois exemplos de UEPS que foram aplicadas em
turmas regulares de ensino médio na disciplina física. Em cada uma das turmas o
encontro semanal com o professor era composto de 3 aulas, com 45 minutos cada,
perfazendo um total de 2 horas e 15 minutos de atividades semanais na escola. Estas
UEPS podem ser aplicadas da forma que estão expostas ou servir de inspiração para que
os professores montem suas sequências, levando em conta suas necessidades
específicas.
______________________________________________________________
UEPS CINEMÁTICA:
Esta sequência foi desenvolvida para o trabalho dos conceitos de cinemática
com turmas de 1º ano do ensino médio. Foram abordados os conteúdos: elementos de
localização, conceitos fundamentais da cinemática, sistemas de referência, velocidade,
aceleração, movimento uniforme, movimento uniformemente variado, classificação dos
movimentos, gráficos e tabelas. Ainda que a abordagem escolhida tenha sido
prioritariamente conceitual, também foi feita a abordagem matemática dos movimentos
a partir do trabalho com equações, gráficos e tabelas. Abaixo segue a descrição da
sequência completa e a indicação dos anexos utilizados.
Primeira semana:
Atividade 1:
Título: Ajude seu amigo a encontrar nossa escola!
Objetivo: Essa atividade (individual) tem como objetivo coletar os conceitos
prévios dos alunos acerca de elementos de localização.
Orientação: Os estudantes recebem um material (ANEXO 1) com a seguinte
instrução: Você está conversando com um amigo pelo Watsapp e deve ajuda-lo
a encontrar nossa escola. Sabendo que você acabou de enviar para ele o mapa
abaixo, que texto você escreveria para ajuda-lo a chegar até aqui?
Observação: O Anexo 1 contém um mapa, retirado da internet, relativo à localização
da escola onde foi desenvolvida esta UEPS. Sugerimos que antes do início desta
atividade o professor troque o mapa por um relacionado à localidade da escola em que a
atividade será desenvolvida.
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
27
Atividade 2:
Título: Elaborando o texto coletivamente.
Objetivo: Esta atividade coletiva busca estimular a colaboração entre os alunos
e o sequenciamento lógico de ideias.
Orientação: Cada aluno pode formular uma frase de até 5 palavras que serão
escritas no quadro pelo professor. Um após o outro, devem trabalhar de
maneira conjunta e colaborativa para construir o texto referente ao mapa
utilizado no Anexo 1. Apesar de cada aluno formular a sua frase, deve-se
estimular a interação dos alunos no momento da atividade. Ao final da tarefa,
será anotada pelo professor o texto completo para posterior análise.
Segunda semana:
Atividade 3:
Título: Conceitos iniciais da cinemática.
Objetivo: Iniciar o processo de formalização dos conceitos, alguns dos quais
podem ter aparecido na atividade anterior, com nomes diferentes dos usados na
cinemática.
Orientação: Aula expositiva e dialogada sobre conceitos iniciais de
Cinemática. Sugerimos a apresentação da definição dos conceitos de
Referencial, Espaço, Posição, Trajetória e Deslocamento. Sugerimos também
que sejam mostrados exemplos de como podemos os conceitos.
Atividade 4:
Título: Refazendo o texto da aula anterior.
Objetivo: Estimular a diferenciação progressiva de termos apresentados na
Atividade 1.
Orientação: Será devolvido o texto de cada aluno e será pedido para que eles
destaquem no texto original as palavras ou trechos referentes aos conceitos de
Referencial, Espaço, Posição, Trajetória e Deslocamento. Em seguida será
solicitado que cada aluno refaça seu texto levando em conta as discussões
feitas em sala até o momento.
Atividade 5:
Título: Qual a importância dos sistemas de referências?
Objetivo: Estimular a interação entre os estudantes e a explicitação de
situações do cotidiano em que os conceitos acima são importantes.
Orientação: Os alunos irão responder verbalmente a pergunta: qual a
importância dos sistemas de referências? O professor anotará no quadro as
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
28
respostas e tentará construir uma síntese do pensamento da turma acerca da
questão levantada.
Terceira semana:
Atividade 6:
Título: Introdução dos conceitos de velocidade e aceleração.
Objetivo: Fazer o resgate dos conceitos vistos nas aulas anteriores e introduzir
os conceitos de Velocidade e Aceleração.
Orientação: Exposição e debate de vídeo sobre cinemática (sugestão:
www.youtube.com/watch?v=-soN1pXw-Jc).
Atividade 7:
Título: Conceitos de velocidade e aceleração.
Objetivo: Formalização dos conceitos de velocidade e aceleração.
Orientação: Aula expositiva e dialogada, no quadro ou recurso de projeção
(data-show), sobre a definição dos conceitos de velocidade e aceleração,
primeiramente com uma abordagem mais conceitual e mostrando vários
exemplos. Posteriormente deverá ser feita a diferenciação entre grandezas
instantânea e média. Também devem ser apresentadas as fórmulas de
velocidade média e aceleração média e por fim discutiremos a diferença entre
grandezas escalares e vetoriais.
Atividade 8:
Título: Resolução de situações problema/exercícios.
Objetivo: Estímulo à reconciliação integrativa dos conceitos vistos.
Orientação: Devem ser escolhidas para a resolução em sala de aula questões
que abordem a temática até então estudada. Tais questões podem ser retiradas
de livros didáticos ou formuladas pelo professor, sempre explorando a
aplicação em situações próximas ao cotidiano dos estudantes.
Atividade 9:
Título: Atividade para casa.
Objetivo: Estímulo à reconciliação integrativa dos conceitos vistos.
Orientação: O professor deve solicitar aos estudantes pesquisar na internet
(citar referências) três diferentes animais, suas velocidades médias de
locomoção e calcular o tempo gasto e a aceleração de cada um deles para
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
29
percorrer uma distância de 500m partindo do repouso. Atividade individual e
que deverá ser feita no caderno.
Quarta semana:
Atividade 10:
Título: Tipos de movimento.
Objetivo: Formalização de conceitos.
Orientação: Aula expositiva e dialogada, no quadro ou recurso de projeção
(data-show), acerca da definição dos conceitos de movimento progressivo,
retrógrado, acelerado e retardado. Será feita uma abordagem conceitual e
mostrando vários exemplos.
Atividade 11:
Título: Teste individual com consulta ao caderno e livro didático (se houver).
Objetivo: Aplicação dos conceitos estudados até o momento em situações do
cotidiano.
Orientação: Os alunos devem ler e responder as perguntas do texto Fim de
semana com a família (ANEXO 2).
Atividade 12:
Título: Atividade para casa.
Objetivo: Aplicação dos conceitos estudados até o momento em situações do
cotidiano.
Orientação: Cada aluno deve fazer um texto, tomando como modelo o texto
trabalhado no teste feito em sala (ANEXO 2), com quatro perguntas ao final.
Esta atividade deve ser entregue na aula seguinte.
Quinta semana:
Atividade 13:
Título: MU E MUV.
Objetivo: Apresentação dos conceitos de MU e MUV e preparação para a
atividade experimental.
Orientação: Aula expositiva e dialogada, no quadro ou recurso de projeção
(data-show), acerca da definição de Movimento Uniforme (MU) e Movimento
Uniformemente Variado (MUV), primeiramente com uma abordagem mais
conceitual e mostrando vários exemplos. Serão apresentadas as fórmulas de
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
30
MU e MUV e por fim discutido a diferença entre esses movimentos e os
demais tipos que normalmente não são estudados no ensino médio.
Atividade 14:
Título: Resolução de situações problema/exercícios.
Objetivo: Estímulo à reconciliação integrativa dos conceitos vistos.
Orientação: Devem ser escolhidas para a resolução em sala de aula questões
que abordem a temática até então estudada. Tais questões podem ser retiradas
de livros didáticos ou formuladas pelo professor, sempre explorando a
aplicação em situações próximas ao cotidiano dos estudantes.
Sexta semana:
Atividade 15:
Título: Estudando o movimento de bicicletas (Atividade Experimental).
Objetivo: Aplicação dos conceitos estudados até o momento em situações do
cotidiano e estímulo à reconciliação integrativa.
Orientação: Esta atividade poderá ser feita na quadra de esportes ou no pátio
da escola. Os alunos se organizam em equipes de 4 ou 5 membros e recebem
um roteiro (ANEXO 3) para auxiliar a execução da atividade. Analisando o
movimento de suas bicicletas, os alunos devem preencher as tabelas com as
informações solicitadas no roteiro e responder as perguntas contidas ao final.
Como as perguntas tem caráter aberto, sugerimos que as respostas sejam feitas
em casa e trazidas na próxima aula, assim o professor pode estimular as
equipes a pesquisar sobre o tema para responder corretamente o que está sendo
pedido. Sugerimos também que as questões sobre a produção de gráficos seja
feita em sala, com a ajuda e supervisão do professor, no encontro seguinte.
Realização da atividade na quadra de esportes da escola. Fonte: Sérgio Bezerra.
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
31
Sétima semana:
Atividade 16:
Título: Trabalhando com gráficos e tabelas.
Objetivo: Formalização matemáticas dos conceitos de MU e MUV.
Orientação: Será feita a construção e análise, em sala, dos gráficos dos objetos
estudos na atividade experimental da aula anterior. Após essa atividade, as
equipes entregam os roteiros recebidos na atividade 15 devidamente
preenchidos.
Oitava semana:
Atividade 17:
Título: Discutindo a atividade experimental.
Objetivo: Analisar elementos de aprendizagem que possam ter sido
desencadeados pelo trabalho experimental.
Orientações: Será feita uma roda de discussão com toda a turma para que os
estudantes possam relatar suas impressões acerca da atividade experimental e
seu desfecho (produção de gráficos). O professor deve orientar este momento
de diálogo para que os estudantes expressem como eles observam à aplicação
dos conceitos estudados em sala na análise de uma situação do cotidiano, e
quais os pontos positivos e negativos de se incorporar a linguagem da física em
situações como esta.
Atividade 18:
Título: Resolução de situações problema/exercícios.
Objetivo: Estímulo à reconciliação integrativa e revisão final dos conceitos
trabalhados ao longo da UEPS.
Orientação: Devem ser escolhidas para a resolução em sala de aula questões
que abordem a temática até então estudada. Tais questões podem ser retiradas
de livros didáticos ou formuladas pelo professor, sempre explorando a
aplicação em situações próximas ao cotidiano dos estudantes.
Nona semana:
Atividade 19:
Título: Como produzir um mapa conceitual?
Objetivo: Explicar como se produz um mapa conceitual para ser utilizado
como instrumento de avaliação.
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
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Orientação: Esta aula terá início com a explicação do que é, e como construir,
um mapa conceitual. Durante as discussões, que serão baseadas em Moreira
(xxxx, mapas conceituais), serão mostrados à turma alguns exemplos de mapas
conceituais já prontos.
Atividade 17:
Título: Produzindo mapas conceituais.
Objetivo: Produção de mapas conceituais. Reconciliação integrativa.
Avaliação da aprendizagem.
Orientação: Será solicitado que cada aluno liste em seu caderno os conceitos
trabalhados durante as aulas. Em seguida será solicitado que um faça um mapa
conceitual acerca do entendimento sobre o que foi abordado ao longo da
UEPS.
Abaixo o quadro relacionado à atividade experimental desenvolvida na sexta semana da
UEPS sobre cinemática (atividade 15).
PLANEJAMENTO DA ATIVIDADE EXPERIMENTAL
Título: Estudando o Movimento de Bicicletas
Conceitos a serem abordados: Movimento Uniforme e Movimento Uniformemente
Variado
Quanto à autonomia do estudante
frente ao experimento:
Redescoberta
Quanto ao momento a ser trabalhado: Durante uma sequência de ensino
Quanto aos conteúdos que podem ser
estudados:
Principalmente, Procedimental e
Conceitual
Quanto aos objetivos do professor: Abordar conceitos
Quanto aos materiais usados: Baixo custo
Quanto ao local: Ao ar livre (quadra de esportes)
Como Avaliar a atividade: Empenho dos estudantes durante à atividade; resolução
das questões propostas ao final do roteiro e; desempenho na aula seguinte que
necessitava, como pré-requisito, dos conhecimentos tratados durante o experimento.
Avaliação da aprendizagem na UEPS:
A avaliação deverá ser feita baseada nos materiais produzidos pelos estudantes
ao longo da UEPS, tentando identificar indícios de aprendizagem significativa e
mudança conceitual. A atividade correspondente ao anexo 1 deve ser avaliada de forma
à comparar os textos 1 e 2, observando os conceitos incorporados à estrutura
argumentativa da escrita do estudante. A resolução de problemas em sala de aula e em
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
33
casa também deve ser levada em consideração para avaliação e o teste individual
proposto (ANEXO 2) será fundamental para identificar a diferenciação progressiva de
conceitos. O preenchimento do roteiro experimental, assim como a produção dos
gráficos deverá ser usado para avaliar a compreensão acerca da análise matemática dos
movimentos e o mapa conceitual deverá ser analisado à luz da reconciliação integrativa
dos conceitos.
______________________________________________________________
UEPS FÍSICA TÉRMICA
Esta sequência foi desenvolvida para o trabalho dos conceitos de física térmica
com turmas de 2º ano do ensino médio. Foram abordados os conteúdos: calor, princípio
da conservação da energia, calor específico, quantidade de calor sensível, capacidade
térmica, quantidade de calor latente, relação entre temperatura e pressão e mudanças de
fase. A abordagem escolhida foi prioritariamente conceitual, o que não exclui a
abordagem matemática de conceitos centrais. Foi utilizado o estudo do clima para a
aproximação dos conceitos de física ao cotidiano dos estudantes. Foram realizados
vários experimentos durante a sequência e um deles (construção de aparelhos de medida
de uma estação meteorológica) serviu como suporte para praticamente toda a sequência,
tendo sido desenvolvido de forma paralela às demais atividades. Abaixo segue a
descrição da sequência completa e a indicação dos anexos utilizados.
Primeira semana:
Atividade 1:
Título: Pensando sobre o clima.
Objetivo: fazer o levantamento de conceitos prévios sobre o tema.
Orientação: Como situação inicial, será pedido aos estudantes que respondam
a um questionário (ANEXO 4), contendo quatro perguntas abertas sobre
conceitos relacionados ao clima.
Atividade 2:
Título: Vídeo e debate.
Objetivo: Introdução de organizador prévio para o debate sobre clima.
Orientação: Será exibido um vídeo (série Cosmos, episódio 7) seguido de
debate aberto sobre o clima, a importância de conhecer os fatores que o
influenciam e como a ação antrópica pode gerar impactos em escala global.
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
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Segunda semana:
Atividade 3:
Título: Para compreender o tempo e o clima.
Objetivo: Apresentar e discutir como a medição das variáveis climáticas está
relacionada com os conceitos da física térmica, tais como, temperatura, calor, e
pressão.
Orientação: Será apresentado o texto (ANEXO 5) para leitura, seguido de
discussão aberta, orientada pelas perguntas contidas neste anexo, sobre os
conceitos de clima, tempo, aparelhos de medida de uma estação meteorológica
(EM) e, suas medições.
Atividade 4:
Título: Construindo Aparelhos de uma estação meteorológica (Atividade
Experimental).
Objetivo: Propor que os alunos construam aparelhos de medidas que farão
parte da atividade proposta e com isso se apropriem dos seus princípios de
funcionamento, das variáveis que estes aparelhos se propõe à medir e dos
conceitos de física térmica envolvidos neste processo.
Orientação: A turma será dividida em equipes e iremos propor a atividade
prática baseada no seguinte questionamento (situação problema): como
construir uma estação meteorológica? Será entregue a cada equipe um roteiro
(ANEXO 6) com orientações gerais de como proceder durante a execução da
atividade de construção da EM. Ao final desta aula, será solicitado às equipes
que façam uma pesquisa em livros e sites sobre quais aparelhos são possíveis
construir utilizando materiais alternativos e de baixo custo.
1ª Rodada de Orientações: Nesta semana ocorrerá a primeira rodada de orientação das
equipes no contra turno. Durante as reuniões será visto o que cada equipe pesquisou,
quais os tipos de aparelhos de baixo custo que eles viram em vídeos, sites e textos,
orientar quais as melhores opções para serem construídos e pedir pra que eles iniciem a
construção dos mesmos, pois na próxima rodada de orientação, eles já devem trazer
parte desses aparelhos montados para os primeiros testes de funcionamento.
Terceira semana:
Atividade 5:
Título: Processos de propagação de calor (Atividade Experimental).
Objetivo: Organizador prévio para a introdução dos conceitos de processos de
propagação de calor.
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
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Orientação: A turma deverá ser dividida em equipes e cada uma realizará um
dos experimentos referentes aos processos de propagação de calor (ANEXOS
7, 8 e 9). Durante a execução dos experimentos, será solicitado que os alunos
tomem nota em seus cadernos, de acordo com as orientações contidas nos
roteiros. Não há problemas em mais de uma equipe realizar o mesmo
experimento. Como neste caso a atividade, que apesar de ter um roteiro para
orientação, apresenta um caráter aberto, o principal foco será nas discussões
que ocorrerão após a realização dos experimentos.
Estudantes realizando experimento sobre irradiação térmica no laboratório da escola. Fonte:
Sérgio Bezerra.
Atividade 6:
Título: Explicando os processos de propagação de calor.
Objetivo: Início da formalização dos conceitos de condução térmica,
convecção térmica e irradiação térmica. Reconciliação integrativa dos
conceitos vistos até o momento.
Orientação: A turma será novamente reagrupada e será pedido as anotações
que cada equipe fez durante a execução da atividade experimental. Antes de
começar as discussões, é importante que o professor explique a diferença entre
descrever e explicar um evento. Na sequência, será solicitado que cada equipe
faça um breve relato oral do experimento que realizou. Será estimulado que
durante esse relato as equipes não apenas descrevam o que viram, mas, que
tentem explicar o que aconteceu.
Atividade 7:
Título: Atividade para casa.
Objetivo: Internalização dos conceitos estudados e estímulo à explicação de
eventos baseados em observação do experimento.
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
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Orientação: Será solicitado à cada equipe que reescreva suas impressões do
experimento, buscando explicá-los utilizando os conceitos construídos na
discussão com a turma. Orientá-los a utilizar, se necessários, o livro didático e
pesquisa na internet, e entregar suas anotações na aula seguinte.
Quarta semana:
Atividade 8:
Título: Quantidade de Calor Sensível e Quantidade de Calor Latente.
Objetivo: Introdução e formalização de conceitos. Diferenciação progressiva
do conceito de calor.
Orientação: Aula expositiva e dialogada sobre Quantidade de Calor Sensível e
Quantidade de Calor Latente. Nesta aula será importante ressaltar as unidades
de medida de calor, principalmente a usada no S.I. Na sequência, serão
resolvidos exercícios sobre os temas vistos.
2ª Rodada de Orientações: Nesta semana, ao irem à escola para as reuniões, as equipes
devem trazer seus aparelhos, ou parte deles, já montados. Se necessário serão feitos
pequenos ajustes. Também será discutido o princípio de funcionamento de cada
aparelho.
Quinta semana:
Atividade 9:
Título: Capacidade térmica e calor especifico.
Objetivo: Introdução de conceitos. Diferenciação progressiva do conceito de
calor.
Orientação: Uma breve Aula expositiva sobre capacidade térmica e calor
especifico.
Atividade 10:
Título: Construção de um calorímetro e determinação de calor específico e
capacidade térmica (Atividade Experimental).
Objetivo: Formalização os conceitos de capacidade térmica e calor específico.
Orientação: O experimento consiste em construir um calorímetro com
materiais de baixo custo, medir sua capacidade térmica e, calcular o calor
específico da parafina. É importante que se tenha uma balança de precisão ou
que a massa dos objetos usados seja previamente conhecida. Além das
orientações dadas pelo professor, cada equipe receberá um roteiro (ANEXO
10), para auxiliar a realização desta atividade.
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
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Sexta semana:
Atividade 11:
Título: Temperatura e Pressão.
Objetivo: Introdução de conceitos e abordar a relação entre temperatura e
pressão. Organizador prévio para o tema discutido na aula.
Orientação: Iniciar a aula com a proposição de uma situação-problema
referente à relação entre temperatura e pressão. Por que na panela de pressão os
alimentos cozinham mais rapidamente?
Atividade 12:
Título: Relação entre temperatura e pressão (Atividade Experimental).
Objetivo: Diferenciação progressiva. Aprofundamento dos conceitos.
Orientação: Realizar o experimento (ver figura abaixo) demonstrativo sobre a
relação entre temperatura e pressão (balão de vidro com ladrão e pressão
interna variável), onde será abordada a fenomenologia do experimento e a
explicação teórica (diagrama de fases).
Com a seringa é possível alterar a pressão interna do recipiente fazendo variar a temperatura
de ebulição da água. Fonte: Sérgio Bezerra.
Atividade 13:
Título: Atividade para casa.
Objetivo: Estímulo à reconciliação integrativa e revisão final dos conceitos
trabalhados até o momento.
Orientação: Devem ser escolhidas para a resolução em casa questões que
abordem a temática até então estudada. Tais questões podem ser retiradas de
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
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livros didáticos ou formuladas pelo professor, sempre explorando a aplicação
em situações próximas ao cotidiano dos estudantes.
3ª Rodada de Orientações: Nesta semana as orientações terão como objetivo fazer
pequenos ajustes no que ainda não está funcionando bem e orientar sobre a apresentação
da semana seguinte, incluindo a montagem dos slides em PowerPoint.
Sétima semana:
Atividade 14:
Título: Resolução de situações problema/exercícios.
Objetivo: Estímulo à reconciliação integrativa e revisão final dos conceitos
trabalhados ao longo da UEPS.
Orientação: Devem ser escolhidas para a resolução em sala de aula questões
que abordem a temática até então estudada. Tais questões podem ser retiradas
de livros didáticos ou formuladas pelo professor, sempre explorando a
aplicação em situações próximas ao cotidiano dos estudantes.
Oitava semana:
Atividade 15:
Título: Apresentação dos trabalhos.
Objetivos: Reconciliação integrativa.
Orientação: As equipes apresentam seus instrumentos de medidas montados.
Por sorteio, cada equipe explica o princípio de funcionamento dos aparelhos,
fala sobre a variável climática que ele se propõe a medir e demostra, quando
possível, o seu funcionamento em sala. Também deve ser explicada pelo
professor a relação entre as variáveis, a sensação térmica e o conforto térmico.
Instrumentos construídos por estudantes. Fonte: Sérgio Bezerra.
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
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Nona semana:
Atividade 16:
Título: Como produzir um mapa conceitual?
Objetivo: Explicar como se produz um mapa conceitual para ser utilizado
como instrumento de avaliação.
Orientação: Esta aula terá início com a explicação do que é, e como construir,
um mapa conceitual. Durante as discussões, que serão baseadas em Moreira
(xxxx, mapas conceituais), serão mostrados à turma alguns exemplos de mapas
conceituais já prontos.
Atividade 17:
Título: Produzindo mapas conceituais.
Objetivo: Produção de mapas conceituais. Reconciliação integrativa.
Avaliação da aprendizagem.
Orientação: Cada aluno receberá um texto denominado Repensando sobre o
Clima e Tempo (ANEXO 11), e será solicitado que após a leitura eles
produzam um mapa conceitual acerca do entendimento sobre o texto e sua
relação com o que foi abordado ao longo da UEPS.
Abaixo os quadros relacionados às atividades experimentais desenvolvidas ao longo da
UEPS sobre física térmica.
PLANEJAMENTO DA ATIVIDADE EXPERIMENTAL
Título: Construindo Aparelhos de uma Estação Meteorológica (Atividade 4)
Conceitos a serem abordados: calor, temperatura, pressão, trocas de calor, umidade
relativa do ar, índice pluviométrico, conforto térmico e sensação térmica.
Quanto à autonomia do estudante
frente ao experimento:
Projetos de investigação
Quanto ao momento a ser trabalhado: Durante uma sequência de ensino
Quanto aos conteúdos que podem ser
estudados:
Atitudinal, Procedimental e Conceitual
Quanto aos objetivos do professor: Abordar conceitos
Quanto aos materiais usados: Baixo custo
Quanto ao local: Em casa e no laboratório da escola.
Como Avaliar a atividade: Empenho dos estudantes durante à atividade; qualidade e
funcionalidade dos aparelhos construídos; apresentação dos trabalhos finais (Atividade
15).
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
40
PLANEJAMENTO DA ATIVIDADE EXPERIMENTAL
Título: Processos de Propagação de Calor (Atividade 5)
Conceitos a serem abordados: condução térmica, convecção térmica e irradiação
térmica.
Quanto à autonomia do estudante
frente ao experimento:
Redescoberta (roteiro com perguntas
abertas)
Quanto ao momento a ser trabalhado: Para introdução do tema a ser estudado
Quanto aos conteúdos que podem ser
estudados:
Atitudinal e Conceitual
Quanto aos objetivos do professor: Abordar conceitos e motivar os estudantes
Quanto aos materiais usados: Baixo custo
Quanto ao local: Laboratório da escola ou em sala de aula
Como Avaliar a atividade: Empenho dos estudantes durante à atividade e
profundidade da argumentação expressas nas respostas por escrito.
PLANEJAMENTO DA ATIVIDADE EXPERIMENTAL
Título: Construção de um Calorímetro e Determinação de Calor Específico e
Capacidade Térmica (Atividade 10)
Conceitos a serem abordados: calor específico e capacidade térmica.
Quanto à autonomia do estudante
frente ao experimento:
Redescoberta
Quanto ao momento a ser trabalhado: Durante uma sequência de ensino
Quanto aos conteúdos que podem ser
estudados:
Conceitual e Procedimental
Quanto aos objetivos do professor: Abordar conceitos
Quanto aos materiais usados: Baixo custo
Quanto ao local: No laboratório da escola.
Como Avaliar a atividade: Empenho dos estudantes durante à atividade; coerência
dos valores encontrados e qualidade dos aparelhos (calorímetros) construídos.
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
41
PLANEJAMENTO DA ATIVIDADE EXPERIMENTAL
Título: Relação entre Temperatura e Pressão (Atividade 12)
Conceitos a serem abordados: temperatura, pressão e mudanças de fase.
Quanto à autonomia do estudante
frente ao experimento:
Demonstrativo pelo professor
Quanto ao momento a ser trabalhado: Para introdução do tema a ser estudado
Quanto aos conteúdos que podem ser
estudados:
Conceitual
Quanto aos objetivos do professor: Abordar conceitos
Quanto aos materiais usados: Aparelhos e instrumentos quase
profissionais.
Quanto ao local: Em sala de aula
Como Avaliar a atividade: Interação dos estudantes durante a execução do
experimento.
Avaliação da aprendizagem na UEPS:
A avaliação deverá ser feita baseada nos materiais produzidos pelos estudantes
ao longo da UEPS, considerando tarefas individuais e em grupo, tentando identificar
indícios de aprendizagem significativa e mudança conceitual. A atividade 4,
correspondente ao anexo 6, deve servir como parâmetro para a avaliação de indícios de
reconciliação integrativa entre os conceitos de Física Térmica e Física do Clima. As
atividades 5 e 6 devem ser avaliadas de forma à comparar os textos produzidos,
observando os conceitos incorporados à estrutura argumentativa da escrita das equipes.
A resolução de problemas em sala de aula e em casa também deve ser levada em
consideração para avaliação, tanto em relação à diferenciação progressiva, quanto à
reconciliação integrativa de conceitos. O preenchimento do roteiro experimental da
atividade 10 deverá ser usado para avaliar a compreensão acerca dos conceitos
relacionados à capacidade térmica, calor específico e conservação da energia. O mapa
conceitual, atividade individual, deverá ser analisado à luz da reconciliação integrativa
dos conceitos.
______________ATIVIDADES EXPERIMENTAIS EM SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS DE FÍSICA
42
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As orientações contidas neste Texto de Apoio não devem substituir o
planejamento das atividades por parte do professor. Assim como o livro didático é
utilizado como material de apoio (muitas vezes, o principal) para o planejamento
conceitual das aulas, sugerimos que este material seja utilizado como apoio ao
planejamento metodológico das atividades experimentais, estimulando a autonomia do
professor na elaboração de atividades que se adequem ao seu contexto de trabalho. Não
devemos perder de vista que a elaboração de hipóteses, medidas de variáveis, análise
dos resultados e a proposição de problemas e soluções práticas, além de ser apenas uma
parte do trabalho científico, são passos dinâmicos, de uma forma de conhecimento
também dinâmico. Por isso, o estudo experimental deve ser encarado como um dos
pilares do estudo das ciências, sempre acompanhado do pensamento racional.
A opção de apresentar o trabalho experimental como parte de uma sequência de
didática tem como propósito buscar integrar esta metodologia a um corpo maior de
conceitos. Assim o experimento não é visto de maneira isolada e com fim em si próprio,
mas integrado a várias outras metodologias, buscando abarcar uma variedade de
técnicas que podem ser usadas pelo professor. Usar como suporte a Aprendizagem
Significativa revela a opção pelo trabalho que privilegia a qualidade do que é abordado
em sala de aula, em detrimento da quantidade dos conceitos que são propostos em livros
textos regulares. As atividades práticas podem contribuir para os dois pilares centrais da
aprendizagem: o levantamento de conceitos prévios e a relação de conceitos novos aos
já existentes no campo cognitivo do estudante. Sendo assim, é importante que antes do
início do trabalho em sala o professor tenha claro quais conceitos centrais serão
trabalhados na UEPS, quais conceitos secundários serão discutidos e como fazer. Isto se
chama planejamento didático e é aqui que este livro pretende ajudar o trabalho do
professor (MOREIRA, 2011).
Esperamos que este material sirva de suporte às aulas experimentais de
professores da educação básica, em especial os que trabalham com disciplinas do campo
das ciências naturais. Ainda que isto não seja sempre evidente, a forma de se abordar os
conceitos em sala de aula está diretamente relacionado com as concepções
desenvolvidas pelo professor durante sua formação. Uma visão de ciência rígida e
linear, necessariamente fará com que o professor opte por trabalhar com metodologias
que reforcem esta visão. Sendo assim, o uso de atividades experimentais nas aulas de
ciências, em especial de física, deve trazer um processo de reflexão permanente por
parte do professor, para que este evite estimular em seus estudantes visões deformadas
do trabalho científico. (CACHAPUZ et al., 2011).
44
8. ANEXOS ______________________________________________________________ANEXO 1
AJUDE SEU AMIGO A ENCONTRAR NOSSA ESCOLA!
Você está conversando com um amigo pelo Whatsapp e deve ajudá-lo a encontrar nossa escola.
Sabendo que você acabou de enviar para ele o mapa abaixo e que ele se encontra no complexo
da Cidade Nova 8, que texto você escreveria para ajudá-lo a chegar até aqui?
TEXTO 1
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
TEXTO 2
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉD
IO
PROF. ALUNO: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
LN
45
______________________________________________________________ANEXO 2
FIM DE SEMANA COM A FAMÍLIA
Leia o texto abaixo com atenção e responda as questões a seguir.
Ao sair de casa com seus pais para um passeio de final de semana, João e sua família,
que moram na WE 32 da Cidade Nova IV entraram no carro e pegaram a SN 3 (Pista que passa
em frente à escola de idiomas ASLAN). Como o pai de João é um motorista muito prudente,
manteve a velocidade do seu carro constante e dentro do limite de 60 km/h.
Ao se aproximarem da lombada eletrônica localizada em frente ao Colégio Ideal, o pai
de João reduziu a velocidade do carro da família para 25 km/h, evitando desta forma uma
possível multa por excesso de velocidade. Em seguida acelerou um pouco e se manteve a 50
km/h até chegarem à rotatória da Praça da Bíblia, onde parou o carro e esperou pacientemente a
sua vez, para então entrar na rotatória e continuar seu trajeto pela Av. Três Corações. Chegando
ao semáforo na esquina da rodovia Mário Covas, o pai de João parou no sinal vermelho e o
esperou ficar verde. Sinal aberto, o motorista fez a conversão à esquerda e entrou na rodovia
Mário Covas, ganhando velocidade gradativamente até atingir 50 km/h, quando parou de
acelerar para que o carro permanecesse nesta velocidade, indo em direção à BR 316.
Após chegar a BR 316 o pai de João acelerou seu carro até atingir 60 km/h e se manteve
assim. Da frente da UNAMA até o sinal localizado nas proximidades do Hospital
Metropolitano, o pai de João manteve a velocidade do carro inalterada em 60 km/h, neste trajeto
que tem cerca de 500m (ou 0,5 km). Mais à frente, percebendo a aproximação de um sinal que
se encontrava amarelo, o pai de João que mantinha nesse momento o carro da família em 54
km/h, começou a frear lentamente até que depois de 200 m, a velocidade do seu carro era nula.
Após alguns instantes o sinal ficou verde e a família de João seguiu seu passeio.
Depois de mais alguns minutos chegaram ao seu destino, o Shopping Castanheira,
localizado na entrada de Belém, próximo ao início da BR 316. Graças à experiência e, sobretudo
a educação no trânsito do pai de João, ele e toda sua família chegaram em segurança ao destino
para assistirem a um filme e depois curtirem uma deliciosa pizza.
Responda as questões:
1. Transcreva um trecho do texto onde é possível afirmar que o carro da família de João
desempenhava um movimento uniforme (M.U.). Justifique sua resposta.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉD
IO
PROF. ALUNO: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
46
2. Transcreva dois trechos do texto onde é possível afirmar que o carro da família de João
desempenhava um movimento acelerado.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
3. Transcreva dois trechos do texto onde é possível afirmar que o carro da família de João
desempenhava um movimento retardado.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
4. Transcreva um trecho do onde se pode afirmar que o carro da família de João desempenha
um movimento retrógrado. Justifique sua resposta.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
5. Qual a velocidade do carro do pai de João, em m/s, ao passar pela lombada eletrônica em
frente ao Colégio Ideal?
6. Qual o tempo gasto pelo carro para ir da UNAMA ao Hospital Metropolitano?
7. Calcule a aceleração do carro da família de João nos 200m antes de parar no sinal após o
Hospital metropolitano?
47
______________________________________________________________ANEXO 3
ESTUDANDO O MOVIMENTO DE BICICLETAS
Nº ALUNO (A)
Objetivo Geral:
- A partir da observação do movimento de bicicletas, entender a diferença entre tipos de
movimento e os padrões que eles apresentam.
Objetivos Específicos:
- Construir gráficos e tabelas para identificar os padrões relacionados aos movimentos.
- Utilizando as fórmulas adequadas, calcular a velocidade média e a aceleração média das
bicicletas.
Introdução:
Quando um móvel se desloca com uma velocidade constante, diz-se que este móvel está
em um Movimento Uniforme (M.U.). Particularmente, no caso em que ele se desloca com uma
velocidade constante em trajetória reta, tem-se um movimento retilíneo uniforme.
Se existe variação em sua velocidade e essa variação de velocidade for sempre igual em
intervalos de tempo iguais, então dizemos que este é um Movimento Uniformemente Variado
(M.U.V., também chamado de Movimento Uniformemente Acelerado), ou seja, que tem
aceleração constante e diferente de zero.
Vale lembrar que:
Procedimentos Experimentais:
Você vai precisar de:
Caderno para as anotações.
Cronômetro (celular).
Lápis.
Bicicleta
Borracha.
Fita métrica ou trena.
Papel quadriculado.
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉ
DIO
PROF. ALUNO: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
Vm = ∆S ∆t
am = ∆v ∆t
48
Como fazer:
1. Esta atividade deve ser feita em equipe (preferencialmente de 5 alunos) que deverão se
distribuir em 5 posições de acordo com a orientação do professor.
2. Cada aluno irá ocupar um local definido na quadra ao longo de uma linha reta. Estes locais
serão indicados pelo professor e serão escolhidos de forma a apresentarem as mesmas distâncias
entre si.
3. As equipes devem previamente definir as características do movimento de sua bicicleta.
4. Quatro alunos estarão dispostos ao longo da trajetória, quando o quinto membro da equipe
(aluno com bicicleta) passar pela posição 1, todos disparam seu cronômetros simultaneamente e
ao passar por cada aluno da equipe estes devem registrar o momento em que a bicicleta passou.
5. Todos os alunos deverão fazer as marcações com o máximo de precisão possível.
6. Repita o procedimento para três para cada situação (se necessário, repita o procedimento
mais de três vezes e discuta com seus colegas de equipe os melhores dados à serem utilizados).
7. Preencha as tabelas abaixo com os dados anotados pelos membros da equipe.
8. Com os valores das tabelas faça um gráfico Espaço X Tempo para cada situação, em uma
folha de papel quadriculado ou no seu caderno.
Situação 1 Aluno 1
(5m)
Aluno 2
(10 m)
Aluno 3
(15 m)
Aluno 4
(20 m)
Tempos
Situação 2 Aluno 1
(5m)
Aluno 2
(10 m)
Aluno 3
(15 m)
Aluno 4
(20 m)
Tempos
Agora, com a ajuda do professor, responda em seu caderno.
1. Analisando os dados coletados, quais as principais diferenças entre a situação 1 e a
situação 2?
2. Quais os valores, aproximados, da velocidade e aceleração das bicicletas? (apresente os
cálculos)
3. Analisando os gráficos construídos, em quais regiões eles se aproximam de gráficos do
Movimento Uniforme (M.U.) e em quais regiões eles se aproximam de gráficos do
Movimento Uniformemente Variado (M.U.V.)?
4. Cite duas situações cotidianas onde podemos observar o MU e o MUV,
respectivamente.
49
______________________________________________________________ANEXO 4
PENSANDO SOBRE O CLIMA
Baseado nas informações que chega à você pelos jornais, telejornais, internet, etc., responda as
questões abaixo.
5. O que é mudança climática?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
6. O que é “efeito estufa” e qual a sua relação com o clima do nosso planeta?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
7. Qual é a evidência sobre o aquecimento global?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
8. As temperaturas vão aumentar no futuro? Quais serão os impactos disso?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉ
DIO
PROF. ALUNO: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
50
______________________________________________________________ANEXO 5
PARA COMPREENDER O TEMPO E CLIMA
Tempo e clima são termos diferentes, designam fenômenos distintos, além de
apresentarem objetos de estudo de diferentes áreas do saber. Sendo assim, existe uma
diferenciação entre condições meteorológicas e climatológicas. A diferença principal entre
tempo e clima está na escala temporal que os envolve. O tempo é um estado momentâneo da
atmosfera, enquanto o clima é a configuração mais permanente ou referente a um período de
tempo maior.
Quando falamos na previsão e também na análise do tempo atmosférico, estamos
falando da meteorologia, ou seja, da ciência que estuda o comportamento imediato da
atmosfera. Por outro lado, o clima é referente à climatologia. Geralmente, o climatologista
utiliza-se do conjunto de dados fornecidos pelo meteorologista ao longo do tempo para realizar
conclusões amplas e definitivas sobre a atmosfera de um determinado local.
Vejamos com mais detalhes cada um desses conceitos.
Tempo
Todos se interessam pelo tempo. Na maior parte
dos países, boletins de previsão do tempo são os mais
populares programas de TV. Pessoas em todo o mundo
precisam saber como será o tempo hoje ou amanhã para
que possam saber as possibilidades de semeadura,
plantio e colheita, viagens marítimas ou por outro meio
de transporte, fazer preparativos contra perigos naturais
eminentes, como furacões. Querem saber as condições
para a prática de esportes ao ar livre ou atividades
recreativas ou, simplesmente, o que vestir ou se é
necessário levar consigo um guarda-chuva.
Os Serviços Meteorológicos Nacionais observam o tempo e o clima de forma contínua,
fornecendo um fluxo regular de dados que são transmitidos ao redor do mundo com o propósito
de previsões e planejamento. O tempo não respeita fronteiras nacionais, e o trabalho realizado
por meteorologistas, comumente nos bastidores, para nosso benefício e segurança é um trabalho
de equipe.
Em média, uma previsão de cinco dias hoje é tão confiável como uma previsão de dois
dias vinte anos atrás. Apesar desse progresso científico, desafios permanecem e a precisão de
previsões individuais ainda varia significantemente. Os desafios incluem caracterizar e
comunicar as incertezas mutáveis em previsões individuais e avançar em nossa habilidade de
previsão em áreas onde o progresso tem sido difícil (por exemplo, chuvas fortes e sua origem,
intensidade e estrutura de ciclones tropicais).
O tempo, portanto, refere-se ao estado da atmosfera no exato momento tratado. Veja
alguns exemplos:
- Faz muito calor agora em Belém, com ausência total de nuvens.
- Em Ananindeua, está muito úmido hoje.
- Choveu muito em São Paulo durante essa semana.
- Como vem fazendo calor nesses últimos dias.
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉ
DIO
PROF. ALUNO: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
51
Clima
Em um nível simples, o tempo é o que está
acontecendo na atmosfera em qualquer momento.
O clima, em sentido estreito, pode ser considerado
o "tempo médio", ou de uma forma
cientificamente precisa, pode ser definido como a
"descrição estatística em termos de média e
variabilidade de quantidades relevantes durante
determinado período de tempo". Em sentido amplo, o clima é o status do sistema de clima que
compreende a atmosfera, a hidrosfera, a criosfera, a litosfera de superfície e a biosfera. Todos
estes elementos determinam o estado e a dinâmica do clima da Terra.
A maior parte dos atlas tem mapas de temperatura e precipitação de todo o mundo,
alguns contém mapas de pressão atmosférica, ventos predominantes, correntes oceânicas e a
quantidade de gelo nos oceanos em determinado ano. Muitos países têm classificações mais
detalhadas por várias razões. Por exemplo, a média de data da primeira e última geada "de
morte" (uma geada forte o suficiente para matar plantações), informação esta importante para
agricultores e fazendeiros.
O clima, por sua vez, refere-se a condições comuns ou referentes a um período mais
amplo.
- Todo final de ano é a mesma coisa, chove muito em Belém!
- O inverno curitibano é sempre muito rigoroso.
- O aquecimento global deverá aumentar as temperaturas nas próximas décadas.
As Estações Meteorológicas e as Variáveis Estudadas
Os fenômenos meteorológicos são estudados a partir das observações, experiências e
métodos científicos de análise. A observação meteorológica é uma avaliação ou uma medida de
um ou vários parâmetros meteorológicos. As observações são sensoriais quando são adquiridas
por um observador sem ajuda de instrumentos de medição, e instrumentais, em geral chamadas
medições meteorológicas, quando são realizadas com instrumentos meteorológicos.
Uma estação meteorológica convencional é composta de vários sensores isolados que
registram continuamente os parâmetros meteorológicos (pressão atmosférica, temperatura e
umidade relativa do ar, precipitação, radiação solar, direção e velocidade do vento, etc), que são
lidos e anotados por um observador a cada intervalo e este os envia a um centro coletor por um
meio de comunicação qualquer.
Portanto, os instrumentos meteorológicos (termômetro, barômetro, anemômetro,
psicrômetro, etc.) são equipamentos utilizados para adquirir dados meteorológicos.
Fontes
http://www.inmet.gov.br/portal/
http://www.mundoeducacao.com/geografia/qual-diferenca-entre-tempo-clima.htm
http://www.estacao.iag.usp.br/instrumentos.php
PARA REFLETIR
4. Qual a principal diferença entre tempo e clima?
5. Quais as principais variáveis meteorológicas (parâmetros meteorológicos) e quais os
aparelhos de medida dessas variáveis?
6. Qual a relação entre os conceitos da física térmica e essas variáveis?
52
______________________________________________________________ANEXO 6
CONSTRUINDO APARELHOS DE UMA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA
ORIENTAÇÕES GERAIS:
Equipes de 05 alunos.
Cada equipe construirá uma pequena Estação Meteorológica (EM) cujo princípio de
funcionamento de seus aparelhos tenham relação com os conceitos de física térmica.
Cada equipe fará uma pesquisa em livros e sites sobre quais as principais variáveis
meteorológicas e como construir aparelhos para sua medição.
Cada equipe deverá utilizar, preferencialmente, materiais de baixo custo e/ou sucata para
a produção dos aparelhos.
As equipes deverão marcar reuniões de orientação, no contra-turno, com o professor na
escola.
Caso a equipe julgue necessário, os equipamentos poderão ser construídos nas
dependências da escola (no laboratório de ciências ou espaço equivalente, caso exista),
usando como suporte as ferramentas e materiais disponíveis no local ou trazidos de casa.
QUANTO À APRESENTAÇÃO:
Serão apresentados os aparelhos já construídos e demonstrado o funcionamento destes.
Cada equipe deverá preparar uma apresentação, preferencialmente em PowerPoint, que
contenha o princípio de funcionamento dos aparelhos, descreva como ocorreu sua
construção, a variável meteorológica que eles medem, e sua relação para as previsões
climáticas e do tempo.
Os slides em PowerPoint devem ser entregues ao professor, em formato PDF, e constarão
como parte da avaliação.
DATA DE ENTREGA E APRESENTAÇÃO:
Dia __/__/__ será o dia da apresentação, com a mostra dos aparelhos de cada equipe e a
demonstração do funcionamento dos equipamentos.
CRITÉRIOS DE PONTUAÇÃO:
A nota será atribuída segundo os critérios descritos na tabela abaixo:
Critérios de avaliação
Domínio do conteúdo
(apresentação)
Clareza na explicação
(apresentação)
Sequência lógica
(apresentação)
Qualidade do
conteúdo e
formatação (slides)
Nota
Geral
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉ
DIO
PROF. EQUIPE: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
53
OBSERVAÇÕES:
Não deixe a construção dos equipamentos para as últimas semanas. Siga o cronograma
indicado pelo professor.
Trabalhos com qualidade elevada poderão ganhar pontuação extra.
Antes de começar a montagem dos equipamentos, peça ajuda ao professor para evitar
acidentes e gastos financeiros desnecessários.
CRONOGRAMA DE REUNIÕES DE ORIENTAÇÃO:
1ª rodada de reuniões de orientação (contra-turno): de __/__ à __/__.
Nesta semana ocorrerá a primeira rodada de orientação das equipes no contra turno.
Durante as reuniões, será visto o que cada equipe pesquisou, quais os tipos de aparelhos de
baixo custo que eles viram em vídeos, sites e textos, orientar quais as melhores opções para
serem construídos e pedir pra que eles iniciem a construção dos mesmos, pois na próxima
rodada de orientação, eles já deverão trazê-los montados para os primeiros testes de
funcionamento.
2ª rodada de reuniões de orientação (contra-turno): de __/__ à __/__.
Nesta semana, ao virem à escola para as reuniões, as equipes devem trazer seus aparelhos
já montados. Se necessário serão feitos pequenos ajustes. Também será discutido o princípio
de funcionamento de cada aparelho.
3ª rodada de reuniões de orientação (contra-turno): de __/__ à __/__.
Nesta semana as orientações terão como objetivo fazer pequenos ajustes no que ainda não
está funcionando bem e orientar sobre a apresentação da semana seguinte, incluindo a
montagem dos slides em PowerPoint.
OBS: caso não haja possibilidade de reunião com as equipes no contra-turno, o professor
pode separar uma parte de suas aulas regulares para a orientação das equipes.
54
______________________________________________________________ANEXO 7
PROCESSOS DE PROPAGAÇÃO DE CALOR - 1
Nº ALUNO (A)
Objetivo:
- Identificar qual dos processos de propagação de calor ocorre no experimento proposto e
compreender seu mecanismo de funcionamento.
O calor está associado à transferência de energia térmica de um corpo para outro. Em
condições naturais, esta transferência sempre ocorre do corpo de maior temperatura para um
corpo de menor temperatura, ou seja, calor é a energia em trânsito.
Você vai precisar de:
Dois balões;
Água;
Vela;
Procedimento experimental:
1- Encha um dos balões apenas com ar.
2- Coloque um pouco de água no outro balão (cerca de 150 mL) e termine de enchê-lo com
água. Os dois balões devem ficar com o mesmo tamanho.
3- Acenda a vela e aproxime da chama, até encostar, o balão cheio apenas com ar.
4- Acenda a vela e aproxime da chama, até encostar, o balão cheio com ar e água.
5- Observe e faça as anotações.
Questões:
d) O que aconteceu com o balão, cheio apenas com ar, ao aproximá-lo da vela? Isto demorou
muito para acontecer?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
e) O que aconteceu com o balão, cheio com ar e água, ao aproximá-lo da vela? Isto demorou
muito para acontecer?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉ
DIO
PROF. EQUIPE: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
55
OBS: Como a realização deste experimento pode molhar o local onde ele está sendo realizado,
sugere-se que a equipe se posicione próximo a pia e tenha sempre em mãos panos para enxugar
a bancada de trabalho.
Relato do experimento: Faça um breve relato do experimento, destacando os aspectos que
mais lhes chamaram atenção.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Pesquise:
a) Qual o nome do processo de propagação de calor observado neste experimento? Explique
como ele ocorre.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
b) Qual a diferença entre os termos DESCREVER e EXPLICAR?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
c) Cite uma situação de seu cotidiano em que podemos observar o processo de propagação de
calor acima ocorrendo.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Explicando o experimento: Refaça o texto produzido na aula experimental, focalizando na
explicação do que aconteceu, a partir das pesquisas realizadas pela equipe.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
56
______________________________________________________________ANEXO 8
PROCESSOS DE PROPAGAÇÃO DE CALOR - 2
Nº ALUNO (A)
Objetivos:
- Identificar qual dos processos de propagação de calor ocorre no experimento proposto e
compreender seu mecanismo de funcionamento.
O calor está associado à transferência de energia térmica de um corpo para outro. Em
condições naturais, esta transferência sempre ocorre do corpo de maior temperatura para um
corpo de menor temperatura, ou seja, calor é a energia em trânsito.
Você vai precisar de:
Dois Béqueres 100mL;
Pipeta Pasteur;
Vela;
Leite em Pó;
Procedimento experimental:
1- Encha um dos béqueres com 2/3 de água limpa.
2- No outro béquer, dissolva o leite em pó em um pouco de água.
3- Com o auxílio da pipeta pasteur coloque um pouco de leite (agora líquido) no fundo do
béquer que está com água. Tenha cuidado para que o leite que está sendo depositado no fundo
do béquer não se misture com a água nele contido.
4- Acenda a vela e coloque o béquer contendo água e leite sobre a chama. Deixe o fundo do
béquer bem próximo à vela, encostando-o na chama.
5- Observe e faça as anotações.
Questões:
a) Ao depositar o leite no fundo do béquer, ele permanece no fundo ou se mistura à água?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
b) Após o início do aquecimento do béquer com a chama da vela (10 segundos), como fica o
aspecto da mistura entre leite e água?
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉ
DIO
PROF. EQUIPE: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
57
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
c) Após se passarem 60 segundos do início do aquecimento do béquer com a chama da vela,
como fica o aspecto da mistura entre leite e água?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Relato do experimento: Faça um breve relato do experimento, destacando os aspectos que
mais lhes chamaram atenção.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Pesquise:
a) Qual o nome do processo de propagação de calor observado neste experimento? Explique
como ele ocorre.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
b) Qual a diferença entre os termos DESCREVER e EXPLICAR?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
c) Cite uma situação de seu cotidiano em que podemos observar o processo de propagação de
calor acima ocorrendo.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Explicando o experimento: Refaça o texto produzido na aula experimental, focalizando na
explicação do que aconteceu, a partir das pesquisas realizadas pela equipe.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
58
______________________________________________________________ANEXO 9
PROCESSOS DE PROPAGAÇÃO DE CALOR - 3
Nº ALUNO (A)
Objetivos:
- Identificar qual dos processos de propagação de calor ocorre no experimento proposto e
compreender seu mecanismo de funcionamento.
O calor está associado à transferência de energia térmica de um corpo para outro. Em
condições naturais, esta transferência sempre ocorre do corpo de maior temperatura para um
corpo de menor temperatura, ou seja, calor é a energia em trânsito.
Você vai precisar de:
Lâmpada incandescente com soquete;
Dois termômetros químicos;
Régua;
Procedimento experimental:
1- Acenda a lâmpada incandescente.
2- Posicione um dos termômetros, verticalmente, sobre a lâmpada acesa. Deixe o seu bulbo
virado para a lâmpada e use a régua para posicioná-lo à 5 cm da lâmpada. Espere dois minutos e
faça a leitura da temperatura marcada pelo termômetro.
3- Posicione o outro termômetro, horizontalmente, na lateral da lâmpada acesa. Deixe o seu
bulbo virado para a lâmpada e use a régua para posicioná-lo à 5 cm da lâmpada. Espere dois
minutos e faça a leitura da temperatura marcada pelo termômetro.
4- Refaça os itens 2 e 3, reduzindo a distância entre os termômetros e a lâmpada para 1 cm.
5- Observe e faça as anotações.
Questões:
a) Quais as temperaturas marcadas pelos termômetros quando colocados à 5 cm da lâmpada?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
b) Quais as temperaturas marcadas pelos termômetros quando colocados à 1 cm da lâmpada?
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉ
DIO
PROF. EQUIPE: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
59
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Relato do experimento: Faça um breve relato do experimento, destacando os aspectos que
mais lhes chamaram atenção.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Pesquise:
a) Quais os nomes dos processos de propagação de calor observados neste experimento?
Explique como eles ocorrem.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
b) Qual a diferença entre os termos DESCREVER e EXPLICAR?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
c) Cite uma situação de seu cotidiano em que podemos observar os processos de propagação de
calor acima ocorrendo.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
Explicando o experimento: Refaça o texto produzido na aula experimental, focalizando na
explicação do que aconteceu, a partir das pesquisas realizadas pela equipe.
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
60
_____________________________________________________________ANEXO 10
CONSTRUÇÃO DE UM CALORÍMETRO E DETERMINAÇÃO DE CALOR
ESPECÍFICO E CAPACIDADE TÉRMICA
Nº ALUNO (A)
Objetivos:
- Montar um calorímetro, determinar o calor específico de substâncias e
a capacidade térmica de objetor.
O calorímetro é um aparelho usado na determinação do calor
específico de substância e na capacidade térmica de objetos. Trata-se de
um aparelho (semelhante a uma garrafa térmica) que busca isolar
termicamente objetos do resto do ambiente, que irão trocar calor entre si
e com a possibilidade de monitorar a temperatura em que isso ocorre.
Para um calorímetro ideal (este não participará dos processos de troca de
calor) sua capacidade térmica é nula (C = 0). Para calorímetros reais,
devemos considerar a capacidade térmica do mesmo durante os
processos que ocorrem no seu interior.
Vale lembrar que para trocas de calor entre corpos, teremos:
QA + QB + QC = 0
Q = m . c . Δθ C = m .c Q = C . Δθ
Onde:
Q é a quantidade de calor;
c é o calor específico da substância;
C é a capacidade térmica do objeto.
Procedimentos Experimentais:
Você vai precisar de:
Lata de refrigerante vazia;
Copos de isopor usados como
conservador térmico de latas de
refrigerante;
Béquer de 150 mL;
Balança (de precisão,
preferencialmente);
Pedaço de vela (Parafina)
Termômetro químico
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉ
DIO
PROF. EQUIPE: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
61
Como fazer:
Construção do Calorímetro
1- Coloque a lata vazia em um dos copos de isopor e use o
outro para fazer uma tampa, de maneira que a lata fique
bem justa dentro dos dois copos.
2- Faça um furo no copo usado como tampa e introduza o
termômetro no interior da lata. É importante que o
termômetro não se encoste ao fundo da lata e que a escala
termométrica fique numa posição de fácil visualização.
3- Este será o nosso calorímetro.
OBS: para as medidas que serão feitas a seguir, é necessário que os procedimentos sejam
feitos o mais rápido possível.
OBS: para a água adotaremos: 1 g = 1mL
Determinação da Capacidade Térmica do Calorímetro.
7- Verifique com o termômetro a temperatura ambiente. Esta temperatura será a temperatura
inicial do calorímetro.
8- Coloque 100 mL de água aquecida no béquer e verifique com o termômetro a temperatura.
Essa será a temperatura inicial da água. Após fazer essa medida (tente ser o mais rápido
possível).
9- Coloque a água aquecida no interior do calorímetro.
10- Tampe o calorímetro e logo após a temperatura do termômetro se estabilizar, anote o
valor. Esta será a temperatura final (temperatura de equilíbrio) para as parcelas do cálculo a
seguir.
11- Usando a expressão abaixo, onde QA são valores para a massa de água e Qc são os
valores para o calorímetro, calcule a capacidade térmica do calorímetro (CC).
QA + QC = 0
(mA . cA . Δθ) + (CC . Δθ) = 0
12- Anote o valor de CC na tabela abaixo. Este valor será usado para os cálculos que virão a
seguir.
Determinação do Calor específico da parafina.
8- Verifique com o termômetro a temperatura ambiente. Esta temperatura será a temperatura
inicial do calorímetro e da parafina.
9- Verifique com a balança de precisão a massa da parafina (pedaço de vela).
10- Coloque 100 mL de água aquecida no béquer e verifique com o termômetro a
temperatura. Essa será a temperatura inicial da água. Após fazer essa medida (tente ser o mais
rápido possível).
11- Coloque a água aquecida e a parafina no interior do calorímetro.
62
12- Tampe o calorímetro e logo após a temperatura do termômetro se estabilizar, anote o
valor. Esta será a temperatura final (temperatura de equilíbrio) para as parcelas do cálculo a
seguir.
13- Usando a expressão abaixo, onde QA são valores para a massa de água, Qp são os
valores da parafina e Qc são os valores para o calorímetro, calcule o calor específico da parafina
(cp).
QA + Qp + QC = 0
(mA . cA . Δθ) + (mp . cp . Δθ) + (CC . Δθ) = 0
14- Anote o valor de cB na tabela abaixo.
Questões:
b) Você poderia ter feito os cálculos acima usando mais ou menos água? Justifique.
f) Você poderia ter feito os cálculos acima usando temperaturas diferentes para as massas de
água? Justifique.
g) Por que devemos fazer os procedimentos de medida o mais rápido possível?
h) O que poderíamos fazer para que nosso calorímetro fosse mais eficiente?
Pesquise:
c) O que é a capacidade térmica de uma substância? O que ela nos informa?
d) Faça uma lista com dez substâncias comuns em nosso cotidiano e apresente seus calores
específicos em ordem crescente.
Capacidade térmica
do Calorímetro
Calor específico
da parafina
63
_____________________________________________________________ANEXO 11
REPENSANDO SOBRE O CLIMA E O TEMPO
Leia o texto e baseado nas orientações do professor construa um mapa conceitual que
expresse o seu entendimento sobre os conceitos apresentados abaixo e suas relações com o
que foi trabalhado ao longo das aulas.
A inclinação do eixo da
Terra, a localização de uma região
(latitude e longitude) determinam
a quantidade de radiação solar que
a região recebe. (ver figura ao
lado).
O solo, a água e a
vegetação, entretanto, alcançam
temperaturas diferentes ao
receberem a mesma quantidade de radiação solar. O aquecimento diferenciado do solo, da água
e da vegetação, a presença de maior ou menor quantidade desses elementos numa localidade, as
diferentes formações rochosas, como as montanhas e vales, determinam o clima de uma região.
A intensidade dos ventos, a umidade relativa do ar, a temperatura e a pressão atmosférica (cada
um podendo ser medido com um aparelho específico) são alguns dos parâmetros utilizados para
definirmos o clima de uma região, assim como para fazermos previsões do tempo de uma
localidade.
O homem pode interferir nesse equilíbrio ao lançar no ar partículas de gás carbônico
(CO2) em quantidade que alterem significativamente a composição da atmosfera, ao represar os
rios nas construções de hidroelétricas, desmatando florestas, provocando erosões, poluindo o
solo e a água. Essas alterações, poderiam provocar um aumento na temperatura média do nosso
planeta que é de 15ºC e não se modifica ao longo de muitos anos. Um aumento de cerca de 2ºC
na temperatura média da Terra seria suficiente para transformar terras férteis em áridas e
duplicar o número de furacões.
Adaptado de: http://www.fisica.net/gref/termo2.pdf
DISCIPLINA: FÍSICA ESCOLA:
MÉD
IO
PROF. ALUNO: N°
TURNO: SÉRIE: DATA: ___/___/___ TURMA:
ATIVIDADE DE FÍSICA
64
9. APARELHOS DA ESTAÇÃO METEOROLÓGICA
Neste tópico, faremos a descrição dos aparelhos construídos na Atividade 4
(Construindo aparelhos de uma estação meteorológica), da UEPS sobre Física Térmica.
Indicaremos os processos técnicos de confecção destes instrumentos, assim
como informações de como calibrá-los, materiais necessários na construção, e
informações didáticas quanto aos conceitos físicos que podem ser abordados no
processo de construção e uso dos aparelhos, além de questionamentos que podem ser
levantados durante todo o processo para o enriquecimento da atividade.
Psicrômetro:
O psicrômetro é um aparelho destinado a fazer medidas referentes à umidade
relativa do ar, assim indicando a quantidade de vapor de água existente em sua
composição. Esta medida é importante, pois está diretamente ligada ao conforto
térmico, bem como ao crescimento de vegetais e a dinâmica de populações de várias
espécies de animais. Para a meteorologia, os dados referentes à umidade relativa do ar
podem auxiliar na previsão do tempo e no entendimento do comportamento das
mudanças de temperatura de um dado local.
Dos diferentes tipos de psicrômetro existentes, aqui propomos a construção de
um modelo que utiliza dois termômetros: um com bulbo seco, que tem a função de
registrar a temperatura do ar; e outro com bulbo que fica constantemente úmido, que
tem a função de registrar temperaturas que sofrem influência da taxa de evaporação da
água que umedece seu bulbo (ver figuras na sequência).
Psicrômetro e, ao fundo, carta psicrométrica.
Fonte: Sérgio Bezerra.
65
Quanto mais vapor de água disperso na atmosfera, mais lenta será a evaporação
da água que umedece o bulbo do termômetro. Quanto menos água na atmosfera, maior
será a taxa de evaporação. Quando mais rápida for a taxa de evaporação, mais calor a
água que está evaporando retira do termômetro e faz cair a temperatura que ele registra.
A comparação da temperatura registrada pelo termômetro com bulbo úmido com a do
bulbo seco, nos indica a quantidade de vapor de água disperso na atmosfera e, por
conseguinte, a umidade relativa do ar.
a) Materiais necessários:
- 2 termômetros
- Recipiente para colocar água (béquer).
- Gaze ou algodão.
- Suporte.
- Carta psicrométrica.
b) Procedimentos de montagem:
1. Prenda os dois termômetros lado a lado num suporte, de maneira que eles fiquem na
posição vertical.
2. Enrole a gaze no bulbo de um dos termômetros.
3. Posicione o béquer em baixo do termômetro que está com a gaze.
4. Coloque água no béquer para que esta possa, por capilaridade, umedecer toda a gaze.
É importante que apenas a ponta livre da gaze fique mergulhada na água. O bulbo do
termômetro deve está envolvido pela gaze constantemente úmida, mas não mergulhado
na água.
5. Está pronto o aparelho.
Detalhe dos bulbos seco e úmido.
Fonte: Sérgio Bezerra.
66
c) Calibrando e utilizando o aparelho:
Caso os termômetros utilizados para a construção do psicrômetro sejam de boa
qualidade, este também será.
Para realizar a medida da umidade relativa do ar, deve-se ter em mãos uma
carta psicométrica, para que, partindo da leitura das temperaturas, verificar como elas
estão relacionadas na carta, nos indicando o valor da umidade (ver a carta a seguir).
É importante que, ao se buscar fazer a medida da umidade relativa do ar, se
coloque o psicrômetro no local que se deseja e esperar a temperatura dos termômetros
se estabilizarem. Cada modelo de termômetro tem um tempo para isso. Mas sugerimos
algo em torno de 20 min.
d) Sugestões para a utilização nas aulas:
Durante a atividade de construção do aparelho, podem-se explorar conceitos
como:
- Evaporação.
- Equilíbrio térmico.
- Trocas de calor.
- Umidade relativa do ar.
- Ponto de saturação.
- Conforto térmico.
É interessante refletir com os estudantes sobre algumas questões referentes ao
funcionamento do psicrômetro.
- Como a água evapora do bulbo úmido se ele não chega a 100ºC?
- O que poderíamos fazer par melhorar a precisão do aparelho?
- O que significa dizer que a umidade relativa do ar chegou a 100%?
- Qual a relação existente entre o funcionamento do psicrômetro e o mecanismo de
termoregulação que temos (ficar suado)?
- Qual a relação desse suor, com a umidade relativa do ar?
- Por que em algumas regiões do país suamos mais e em outras menos, mesmo que os
termômetros marquem a mesma temperatura?
Termômetro:
A palavra termômetro vem do grego thermo (quente) e metro (medida). Desta
forma, termômetro é um aparelho usado para medir temperaturas e suas
variações. Geralmente é composto por uma substância que possua uma propriedade que
varie com a temperatura. Historicamente, os termômetros eram fabricados com base na
67
dilatação térmica de materiais com elevado coeficiente de dilatação. Desta maneira,
mesmo com pequenos aumentos de temperatura, era possível observar a variação de
comprimento dos materiais que compunham os termômetros.
O aparelho que aqui propomos construir é semelhante aos termômetros
químicos (de mercúrio ou álcool) normalmente encontrados em laboratórios escolares.
Trata-se de um bulbo de vidro onde armazenamos o líquido termométrico, no nosso
caso o álcool isopropílico, com um capilar também de vidro, acrescido de uma escala
numérica arbitrária (ver figuras na sequência).
Termômetros e baixo custo e Químico. Ao centro, o modelo por nós sugerido.
Fonte: Sérgio Bezerra.
Quando colocamos o bulbo de vidro em contato com a substância a qual
pretendemos verificar a temperatura, o termômetro troca calor com a mesma. Ainda que
toda a estrutura do termômetro participe das trocas de calor, algumas de suas partes são
mais suscetíveis a essas trocas. No caso do termômetro receber calor, tanto as partes de
vidro quanto o álcool em seu interior irão ter um acréscimo de temperatura. Porém,
como o coeficiente de dilatação do álcool é bem maior que o do vidro, esse se dilatará
mais e verificaremos a subida do nível do álcool no capilar, indicando assim, pela escala
numérica, a temperatura da substancia analisada. Caso o termômetro perca calor, o
processo será inverso e a coluna de álcool no capilar diminuirá, indicando assim a
temperatura de equilíbrio do sistema formado pelo termômetro e a substância analisada.
É importante destacar que, para que o termômetro tenha sensibilidade
suficiente para que suas medidas sejam confiáveis, suas dimensões devem ser muito
menores que as da substância que se pretende analisar.
a) Materiais necessários:
- Frasco de amostra grátis de perfume (1,5 ml).
68
- Tubo de ensaio de plástico.
- Álcool isopropílico ou álcool etílico 70% (quanto mais puro melhor).
- Capilar de vidro.
- Cola de silicone.
- Corante.
- Seringa com agulha.
b) Procedimentos de montagem:
1. Com um objeto pontiagudo, fure a tampa do frasco de perfume, que será o bulbo do
nosso termômetro.
2. Transpasse parte do capilar pelo furo e vede com cola de silicone. Espere secar.
3. Adicione ao frasco 1 ml do álcool com um pouco de corante. Tampe o franco com a
tampa já acrescida do capilar.
4. Faça uma escala numérica arbitrária para ser a escala termométrica adotada.
5. Use a seringa com agulha para ajustar o nível de álcool dentro do capilar, de modo
que a extremidade interna fique submersa no álcool. (ver figura a baixo).
6. Coloque a escala numérica no tubo de ensaio e use-o como proteção do capilar.
7. Está pronto o aparelho.
Termômetro de baixo custo, com escala termométrica arbitrária.
Fonte: Sérgio Bezerra.
c) Calibrando e utilizando o aparelho:
Para calibrar o termômetro recém-construído é necessário se ter um
termômetro químico que ser virá como referência.
69
Mergulhe o bulbo dos dois termômetros em uma substância previamente
aquecida e espere eles estabilizarem. Anote a temperatura marcada pelo termômetro
químico e o numero correspondente na escala do termômetro recém-construído. Repita
o procedimento, só que agora mergulhando os termômetros em uma substância
previamente resfriada.
Com os valores obtidos na etapa anterior, proceda a determinação da fórmula
de conversão, como sugerida em vários livros didáticos como problema de lápis e papel.
Se tivéssemos encontrado os valores 50°C para 14°A e 15°C para 3°A, respectivamente
(chamamos de A a escala arbitrária), deveríamos proceder da seguinte maneira.
Usando o princípio da semelhança geométrica teríamos:
𝑇𝐶 − 15
𝑇𝐴 − 3=
50 − 15
14 − 3
Caso seu termômetro químico esteja graduado na escala Celsius, você
encontrará a fórmula de conversão entre sua escala arbitrária e a escala Celsius.
d) Sugestões para a utilização nas aulas:
Durante a atividade de construção do aparelho, podem-se explorar conceitos
como:
- Dilatação térmica.
- Equilíbrio térmico.
- Trocas de calor.
- Reservatório térmico.
- Escalas termométricas.
- Líquidos termométricos.
É interessante refletir com os estudantes sobre algumas questões referentes ao
funcionamento dos termômetros.
- Se fosse colocada menos álcool no frasco de perfume, o que aconteceria com o
termômetro?
- O que aconteceria se o tubo de vidro fosse mais grosso?
- O que aconteceria se usássemos este termômetro pra medir a temperatura de uma
massa líquida pequena (2 ml, p. ex.)?
- Quais as temperaturas máxima e mínima (na nossa escala) e quanto elas equivalem em
na escala Celsius?
- Quais os limites máximo e mínimo, teórico, que nosso termômetro pode medir? Por
quê?
- Cite e explique o princípio de funcionamento de outros dois tipos de termômetros.
70
- A pureza do álcool usado tem relação com o funcionamento do termômetro? Por quê?
Pluviômetro:
O pluviômetro é um aparelho destinado a medir a quantidade de chuva
precipitada em um dado local. Esta medida normalmente é feita em milímetros ou
centímetros lineares e faz referência ao tempo em que o aparelho ficou exposto ao local
da coleta.
Normalmente encontrado em estações meteorológicas, medidas sucessivas
realizadas com os pluviômetros permite aos pesquisadores definirem o índice
pluviométrico de uma região, a partir do somatório da precipitação observada durante
um intervalo de tempo previamente estabelecido (ver figuras na sequência).
Pluviômetro.
Fonte: Sérgio Bezerra.
Ao se colocar o pluviômetro no local da coleta, deve-se garantir que a abertura
deste esteja em local sem obstrução e perpendicular ao seu eixo vertical. O ideal é
colocá-lo afastado de muros e árvores, que podem servir como barreira física para a
chuva, atrapalhando o pleno funcionamento do aparelho.
Com o pluviômetro calibrado, após a chuva se faz a leitura de quantos
milímetros ou centímetros de água precipitou naquele local.
a) Materiais necessários:
- Recipiente transparente, preferencialmente cilíndrico. (garrafa PET, p. ex).
- Funil (opcional).
- Régua.
71
- Cola de secagem instantânea.
b) Procedimentos de montagem:
1. Caso seja usada uma garrafa (opte por uma que seja cilíndrica, sem “cintura”), corte a
boca da garra na parte em que ela deixa de ser cônica e passa a ser cilíndrica. A boca da
garrafa poderá ser usada como funil.
2. Com o funil e a garrafa com a mesma abertura, coloque o funil invertido, como
mostra a figura abaixo.
3. Cole na lateral da garrafa a régua usando cola de secagem instantânea. Note que o
zero da régua deve estar localizado na parte cilíndrica da garrafa.
4. Se necessário, corte a régua para que ela não fique passando do tamanho da garrafa.
5. Está pronto o aparelho.
Pluviômetro calibrado.
Fonte: Sérgio Bezerra.
c) Calibrando e utilizando o aparelho:
Como as garrafas encontradas no mercado normalmente não são cilíndricas até
o fundo, deve-se encher de água o pluviômetro até que esta esteja na marca ‘zero’ da
régua. Este procedimento deve ser repetido toda vez que se for utilizar o aparelho.
Uma vez que a abertura para a coleta de água equivale à mesma área da secção
reta do cilindro usado para armazenar a água, os valores observados na régua, referente
a cada chuva, nos darão a quantidade de água precipitada em centímetros.
A função do funil é reduzir a evaporação e melhorar a precisão das medidas
realizadas por esse aparelho.
72
d) Sugestões para a utilização nas aulas:
Durante a atividade de construção do aparelho, podem-se explorar conceitos
como:
- Evaporação.
- Densidade.
- Dilatação térmica dos líquidos.
- Umidade relativa do ar.
- Ponto de saturação.
- Vapor e gás.
É interessante refletir com os estudantes sobre algumas questões referentes ao
funcionamento do pluviômetro.
- Caso o recipiente utilizada par a construção do aparelho não tivesse uma parte
cilíndrica, como poderíamos construí-lo?
- Qual o problema em deixar por muito tempo a água coletada no aparelho antes de
fazer a leitura do mesmo?
- O que garante que o nosso aparelho faz medidas equivalentes aos aparelhos
profissionais?
- A função do funil é essencial em nosso aparelho? Por quê?
Barômetro:
Os barômetros são aparelhos utilizados para fazer a medida da pressão
atmosférica. Tais valores tendem a variar com a composição da atmosfera local,
temperatura e altitude. É importante se definir a pressão atmosférica de um dado local,
pois, em conjunto com outras variáveis climáticas como umidade relativa do ar e
direção dos ventos, podem-se fazer previsões atmosféricas como a possibilidade de
chuvas.
Existem diferentes tipos de barômetros. O princípio de funcionamento de cada
um deles, assim como os materiais utilizados durante a construção, pode interferir na
precisão das medidas realizadas. Propomos a construção de um modelo simples, que
utiliza um recipiente de vidro (que pode ser substituído por qualquer outro que seja feito
de um material rígido); película de borracha, em nosso caso retirada de uma bexiga; um
palito de churrasco, que servirá como ponteiro; uma régua para se fazer as medições e;
uma base de madeira, para servir como suporte para a montagem do aparelho.
73
Parte dos materiais usados na montagem do barômetro.
Fonte: Sérgio Bezerra.
Ao fechar a boca do recipiente com a película da bexiga, uma parcela de ar
ficara encerrada na parte interna. Devemos esticar a película de modo que esta fique
bem esticada. Para isso podemos usar fita crepe.
A parcela de ar que ficou dentro do recipiente tende a apresentar as mesmas
características do ar fora do recipiente, no momento deste procedimento. Isto garante
que as pressões, interna e externa ao recipiente, são iguais. Isto faz com que a película
fique perpendicular à abertura do recipiente.
Após algum tempo, caso a pressão externa sofra alguma variação, é possível
perceber a película ficar levemente curvada para dentro do recipiente (caso a pressão do
meio externo seja maior que a do meio interno), ou para fora (caso a pressão do meio
externo seja menor que a do interior do recipiente). Assim, este aparelho nos permite
comparar as pressões do meio externo com a apresentada no interior do aparelho.
Para que seja possível observar com mais facilidade as variações de pressão,
sugerimos prender, com o auxílio de um pedaço de fita, um pequeno palito no centro da
película. Depois disso, as leituras podem ser feitas com o auxílio de uma régua
posicionada na mesma base do restante do aparelho (ver figura a seguir).
a) Materiais necessários:
- Recipiente de vidro com a boca “larga”.
- Bexiga.
- Régua.
- Palito de churrasco.
- Placa de madeira, para a base.
- Fita crepe.
- Pedaço de isopor.
74
b) Procedimentos de montagem:
1. Prenda um pedaço da bexiga na boca do recipiente, certificando-se que não tenha
passagem de ar e que a película da bexiga fique bem esticada. Para isso use fita crepe.
2. Fixe o palito de churrasco no centro da película, que deverá estar fechando o
recipiente de vidro.
3. Com o auxilio de pedaços de isopor, fixe a régua ‘em pé’ na placa de madeira.
4. Posicione o recipiente na placa de madeira, de modo que a ponta livre do palito fique
bem próxima à régua.
5. Está pronto o aparelho.
Barômetro ao centro. Nas laterais, pluviômetro e anemoscópio.
Fonte: Sérgio Bezerra.
c) Calibrando e utilizando o aparelho:
Para calibrar este tipo de barômetro, necessariamente devemos ter outro
aparelho já calibrado para servir como referência.
Como o movimento da película da bexiga, provocado pela variação de pressão
do meio externo ao recipiente, provocará a movimentação do ponteiro (palito de
churrasco), devemos fazer a leitura em milímetros da medida realizada. Após fazermos
um número suficiente de medidas com o nosso barômetro, sempre anotando ao lado o
valor correspondente medido pelo barômetro previamente calibrado, devemos fazer uma
tabela de referência para a conversão dos valores. Esta tabela nos permitirá usar o nosso
aparelho sem o auxílio do barômetro de referência.
Devemos advertir ao leitor que este modelo de barômetro não fará a aferição
tão precisa da pressão atmosférica e que após alguns dias, com o desgaste
(ressecamento) da película da bexiga, é necessário trocar esta ‘peça’ do aparelho e
refazer os procedimentos de calibragem.
75
d) Sugestões para a utilização nas aulas:
Durante a atividade de construção do aparelho, podem-se explorar conceitos
como:
- Pressão.
- Pressão atmosférica.
- Relação entre pressão e temperatura.
- Umidade relativa do ar.
- Conforto térmico.
É interessante refletir com os estudantes sobre algumas questões referentes ao
funcionamento do barômetro.
- O volume do recipiente de vidro influencia na qualidade das medidas?
- O comprimento do ponteiro ajuda na aferição dos valores?
- Quais os limites do nosso aparelho?
- Qual a relação existente entre a pressão atmosférica e temperatura?
- Como os valores da pressão atmosférica podem nos ajudar a fazer a previsão do
tempo?
- Nos momentos que precedem a chuva, a pressão atmosférica tende a se elevar ou a
diminuir? Por quê?
Anemômetro:
Usado para medir a componente horizontal da velocidade dos ventos, este
aparelho pode ser encontrado em versões digitais e analógicas.
As versões analógicas normalmente são constituídas de uma folha vertical, que
fica presa pela parte superior em uma haste, de forma a ser defletida quando colocada
em ambientes que apresentam ventos. Neste caso, o ângulo de deflexão nos fornece a
medida da velocidade do vento.
No modelo digital, encontrados com mais facilidade nas estações
meteorológicas, um conjunto de pás ligadas a um eixo central gira quando submetidos
aos ventos. A frequência de rotação deste eixo indica a velocidade do vento.
O anemômetro aqui proposto apresenta este princípio de funcionamento, sendo
a medida da velocidade do vento sendo realizada de forma indireta, a partir da
observação da ddp (diferença de potencial) gerada por nosso aparelho.
76
Anemômetro.
Fonte: Sérgio Bezerra.
a) Materiais necessários:
- Motor elétrico (reutilizado de drive de CD/DVD).
- Pedaço de tubo de PVC de 32 mm.
- Cap para tubo de 32mm.
- 3 raios de bicicleta.
- 2 bolas de tênis de mesa.
- Multímetro
- Placa de madeira, para a base.
- Parafusos
- Cola de secagem instantânea ou cola quente.
b) Procedimentos de montagem:
1. Com um parafuso, fixe o cap no centro da base (placa de madeira).
2. Encaixe o pedaço de tubo de PVC no cap.
3. Na extremidade superior do tubo, faça três furos e atarraxe três parafusos.
4. Fixe o motor elétrico na extremidade superior do tubo com o auxílio dos parafusos.
5. Use os raios de bicicleta e as bolas de tênis de mesa, cortadas ao meio, para fazer as
pás do anemômetro.
6. Prenda as pás ao eixo do motor utilizando alguma peça retirada de sucata (pequena
engrenagem, por exemplo). Use cola instantânea.
7. Passe os fios elétricos, correspondentes aos terminais do motor, por dentro do tubo e
faça-os sair por um pequeno orifício que deve ser feito próximo à base do tubo.
8. Ligue os fios às extremidades do multímetro e selecione o modo voltímetro do
aparelho.
77
9. Está pronto o aparelho.
Detalhe da parte superior do anemômetro.
Fonte: Sérgio Bezerra.
c) Calibrando e utilizando o aparelho:
Para calibrar o anemômetro é necessário dispor de outro aparelho já calibrado
para servir como referência.
Com o movimento do vento, as pás do nosso anemômetro irão se movimentar,
fazendo com que gire o eixo do motor. Este giro produzirá uma ddp (voltagem), nos
terminais do motor elétrico, que será diretamente proporcional à frequência de rotação
do motor. Como o motor estará ligado ao voltímetro, pela intensidade da ddp registrada
pelo aparelho, teremos uma medida indireta da velocidade do vento.
Após fazermos um número suficiente de medidas com o nosso anemômetro, e
uma tabela de correspondência com os valores medidos pelo anemômetro de referência,
poderemos realizar as medidas independente deste último.
Caso tenhamos um multímetro de boa qualidade e um motor elétrico que
preserve suas características originais, nosso aparelho, mesmo tendo sido construído
com materiais de baixo custo, nos dará medidas relativamente confiáveis.
d) Sugestões para a utilização nas aulas:
Durante a atividade de construção do aparelho, podem-se explorar conceitos
como:
- Velocidade.
- Velocidade do vento.
- Medidas indiretas.
- Conforto térmico.
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É interessante refletir com os estudantes sobre algumas questões referentes ao
funcionamento do anemômetro.
- Quais modificações podemos implementar nas pás do anemômetro para melhorar sua
eficiência?
- O tipo de motor elétrico interfere na precisão das medidas?
- Seria possível calibrar nosso anemômetro sem ter outro aparelho de referência?
- Como os valores da velocidade do vento podem nos ajudar a fazer previsão do tempo?
Anemoscópio:
Usado para indicar a direção do vento, este aparelho é indispensável em uma
estação meteorológica. Em alguns casos, o anemoscópio vem integrado ao anemômetro
em um só aparelho. A função que ele desempenha também pode ser exercida pela
‘biruta’, porém o anemoscópio costuma realizar medidas mais eficazes.
O modelo aqui proposto apresenta um princípio de funcionamento é bem
simples. Trata-se de um leme, preso a um eixo de rotação, no qual é possível observar a
indicação dos pontos cardeais, através de uma rosa dos ventos, enquanto o leme se
movimenta.
Para manter a estabilidade, é importante que o aparelho seja montado sobre
uma base fixa, ou como em nosso caso, preso a um recipiente que seja pesado o
suficiente para que não trepide quando atingido por rajadas de vento.
Anemoscópio.
Fonte: Sérgio Bezerra.
a) Materiais necessários:
- Rolamento (reutilizado de HD de computador).
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- Raio de bicicleta.
- Folha de acetato (reutilizada de radiografia).
- Engrenagem (reutilizada de sucata de impressora)
- Garrafa PET (cheia de algum material que a deixe estável).
- CD.
- Cola quente.
b) Procedimentos de montagem:
1. Faça um furo na tampa da garrafa PET, de modo a encaixar o rolamento.
2. Com a ajuda da cola quente e da engrenagem, prenda o raio de bicicleta no
rolamento.
3. Com a folha de acetato, faça um leme para o raio de bicicleta.
4. Desenhe a rosa dos ventos no CD e o posicione na boca da garrafa PET.
5. Enrosque a tampa (já preparada com o raio e o leme) na garrafa, não esquecendo de
enche-la com um material que a torne estável (usamos pedrinhas de aquário).
9. Está pronto o aparelho.
Detalhe da parte superior do anemoscópio.
Fonte: Sérgio Bezerra.
c) Calibrando e utilizando o aparelho:
A calibragem deste tipo de aparelho é muito simples. Pode ser feita com o
auxílio de uma bússola ou simplesmente com alguns conhecimentos de localização dos
pontos cardeais, baseados nas posições dos astros (o Sol, por exemplo).
Caso se tenha uma bússola, basta identificar o norte e em seguida alinhar a rosa
dos ventos de nosso anemoscópio de forma correta. Se formos usar a localização
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partindo da posição do Sol, devemos lembrar que este nasce no leste e se põe no oeste,
alinhando assim, nossa rosa dos ventos.
Se o anemoscópio tiver sido construído com o rolamento que sugerimos, que
apresentam pouquíssimo atrito, mesmo ventos muito fracos já serão capazes de defletir
o ponteiro e indicar a sua direção. Outros rolamentos podem ser usados, porém isto
pode influenciar na precisão do aparelho.
d) Sugestões para a utilização nas aulas:
Durante a atividade de construção do aparelho, podem-se explorar conceitos
como:
- Velocidade.
- Direção do vento.
- Formação dos ventos na atmosfera.
- Conforto térmico.
É interessante refletir com os estudantes sobre algumas questões referentes ao
funcionamento do anemômetro.
- O tamanho do leme influencia na qualidade do anemoscópio? Por quê?
- As direções do vento observadas próximo à superfície são as mesmas para regiões
mais altas da atmosfera? Por quê?
- Como a determinação da direção do vento pode nos ajudar a fazer previsão do tempo?
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10. SUGESTÕES DE LEITURA
Livros:
A APRENDIZAGEM E O ENSINO DE CIÊNCIAS: DO CONHECIMENTO
COTIDIANO AO CONHECIMENTO CIENTÍFICO.
POZO, J. I.; CRESPO, M. A. G. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.
A NECESSÁRIA RENOVAÇÃO DO ENSINO DE CIÊNCIAS.
CACHAPUZ, A. et al.. São Paulo: Cortez, 2011.
ATIVIDADES EXPERIMENTAIS NO ENSINO DE FÍSICA: UMA NOVA
VISÃO BASEADA NA TEORIA DE VIGOTSKI.
GASPAR, A. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2014.
ENSINO DE CIÊNCIAS: FUNDAMENTOS E MÉTODOS.
DELIZOICOV, D.; ANGOTTI, J. A.; PERNAMBUCO, M. M.. 3 ed. São Paulo:
Cortez, 2009.
Artigos e textos:
APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA: DA VISÃO CLÁSSICA À VISÃO
CRÍTICA.
MOREIRA, M. A. In: V Encontro Internacional sobre Aprendizagem Significativa,
Madrid, 2006.
MAPAS CONCEITUAIS E APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA.
MOREIRA, M. A., 2012. Disponível em: <http://moreira.if.ufrgs.br/mapasport.pdf>.
HACIA UM ENFOQUE MÁS CRÍTICO DEL TRABAJO DE LABORATÓRIO.
HODSON, D. Enseñanza de lãs Ciências, v. 12, n. 3, p. 299-313, 1994.
82
REFERÊNCIAS
AMARAL, I. A. Conhecimento formal, experimentação e estudo ambiental. Ciência &
Ensino. Campinas, SP, n. 3, p. 10-15, 1997.
AUSUBEL, D. P. Aquisição e Retenção de Conhecimentos: Uma Perspectiva
Cognitiva. Lisboa: Paralelo, 2003.
CACHAPUZ, A. et al. A necessária renovação do ensino de ciências. São Paulo:
Cortez, 2011.
COLL, C. et al. Os conteúdos na reforma: ensino e aprendizagem de conceitos,
procedimentos e atitudes. Porto Alegre: Artmed, 2000.
HODSON, D. Hacia un Enfoque más Crítico del Trabajo de Laboratório. Enseñanza de
lãs Ciências, v. 12, n. 3, p. 299-313, 1994.
MOREIRA, M. A. Aprendizagem significativa: da visão clássica à visão crítica. In: V
ENCONTRO INTERNACIONAL SOBRE APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA,
Madrid, 2006.
______. Mapas conceituais e aprendizagem significativa, 2012. Disponível em:
<http://moreira.if.ufrgs.br/mapasport.pdf>. Acesso em: 30 Jan. 2016.
______. Teorias de Aprendizagem. São Paulo: E.P.U, 2014.
______. Aprendizagem significativa em mapas conceituais. Textos de Apoio ao
Professor de Física, v.24, n.6, 2013. Disponível em
<www.if.ufrgs.br/public/tapf/v24_n6_moreira_.pdf>. Acesso em: 22 Fev. 2016.
______. Unidades de enseñanza potencialmente significativas – ueps. Aprendizagem
Significativa em Revista, Porto Alegre, v. 1, n. 2, p. 43-63, 2011. Disponível
em:<http://www.if.ufrgs.br/asr/artigos/Artigo_ID10/v1_n2_a2011.pdf>. Acesso em: 30
Jan. 2016.
MOREIRA, M. A.; CABALLERO M. C.; RODRÍGUEZ, M.L. Aprendizagem
significativa: um conceito subjacente. In: ENCUENTRO INTERNACIONAL SOBRE
EL APRENDIZAJE SIGNIFICATIVO, 5.,1997, Burgos. Atas... Burgos:
Espanha,1997. p.19-44.
SÉRÉ, M. La enseñanza en el laboratorio. ¿Qué podemos aprender en términos de
conocimiento práctico y de actitudes hacia la ciencia? Enseñanza de lãs Ciencias, v.
20, n. 3, p. 357-368, 2002.