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Atividades lúdicas: proposições metodológicas para o ensino da Geografia Escolar.
Marcia Aparecida Pavelski Rupel
PDE /2008- 2009
SEED/UFPR
Resumo
O presente artigo relata a experiência através da qual, foram desenvolvidas
diversas atividades lúdicas, com alunos de quatro 6ª séries do Colégio
Estadual Sagrada Família, abordando conteúdos de Geografia do Brasil.
Ao utilizar a expressão “atividades lúdicas”, refiro-me a atividades que abordem
ações como: jogar, representar, desenhar, pintar, dramatizar, experimentar e
outras; levando o aluno a familiarizar-se com diferentes linguagens e formas de
expressão: imagens, músicas, mapas, obras de arte, textos, história em
quadrinhos, desenhos e outros materiais.
Pretende-se também ressaltar a importância da utilização das atividades
lúdicas para o ensino da disciplina de Geografia. Com o desenvolvimento
dessas atividades, pode-se demonstrar ao aluno que a Geografia está presente
em nosso dia-a-dia. Através de atividades diversificadas possibilitamos aos
alunos que conheçam e analisem características do Brasil, refletindo sobre a
sua realidade e construindo seus conceitos geográficos.
Palavras chaves : atividades lúdicas e ensino de Geografia Escolar
Summary
This article reports the experience through which were developed several
recreational activities with four 6th grade students “Colégio Estadual Sagrada
Família”, approaching the geography of Brazil.
By using the term "recreational activities", I refer to activities that address
actions such as play, acting, drawing, painting, dramatic, and other experience,
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leading the student to become familiar with different languages and forms of
expression: images, music, maps, artworks, texts, comics, drawings and other
materials.
It is also intended to emphasize the importance of the use of play activities for
the teaching of Geography. With the development of these activities, we can
show the student that the Geography is present in our day-by-day. Through
diverse activities we enable students to understand and analyze characteristics
of Brazil, reflecting on their reality and building their geographical concepts.
Key words : recreational activities and teaching of Geography School
1. INTRODUÇÃO
A Geografia é uma disciplina bastante ampla, abrangente e complexa, pois,
possui inúmeros conceitos. Os professores, durante o desenvolvimento das
aulas, nem sempre conseguem despertar o interesse dos alunos para o estudo
da Geografia e consequentemente para o seu aprendizado.
Muitas vezes durante o desenvolvimento dos conteúdos de Geografia no
cotidiano da sala de aula, as atividades tornam-se cansativas e pouco atrativas
para os alunos, principalmente porque nem sempre se buscam metodologias
alternativas para motivá-los.
Historicamente, a Geografia é vista como uma disciplina do “decorar”
conteúdos. Infelizmente, essa visão ainda permanece. Quando o trabalho é
desenvolvido com atividades que despertam o interesse e motivam nossos
alunos a aprender, a aula torna-se mais prazerosa tanto para o trabalho do
professor, quanto para os educandos, facilitando o ensino-aprendizagem dos
conteúdos específicos de Geografia. Partindo desse pressuposto é que se
desenvolveu um Plano de trabalho dentro do Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE, oferecido pela SEED – Secretaria de Estado da Educação
do Paraná, tendo como tema a utilização das atividades lúdicas no ensino da
Geografia Escolar.
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O principal objetivo do trabalho desenvolvido concentra-se em propor
através da utilização de atividades lúdicas uma metodologia para o ensino da
Geografia escolar, visando tornar a disciplina mais atrativa aos educandos;
contribuindo para a aprendizagem; desenvolvendo habilidades diversas;
auxiliando-os na construção do conhecimento e dos conceitos geográficos. Ao
desenvolver o projeto, a pesquisa, as leituras necessárias e a implementação
do trabalho na escola me senti conduzida à reflexão da minha prática
pedagógica, podendo observar nela os pontos positivos e negativos.
Desta forma fez-se necessário oferecer aos educandos oportunidades para
que desenvolvessem em sala de aula atividades diversificadas, propiciando o
desenvolvimento da ludicidade, levando o aluno a gostar de aprender, ou seja
aprendendo de uma maneira simples, brincando, muitas vezes sem perceber
que está estudando, de uma forma dinâmica e atrativa, aproximando o aluno
do conhecimento geográfico. Deve-se ressaltar que neste texto ao me referir a
“atividades lúdicas”, entendem-se atividades que abordem ações como: jogar,
representar, desenhar, pintar, dramatizar, experimentar, dinâmicas de grupo e
outras.
Para efetivar esse propósito, foi elaborado no 2º Semestre de 2008, um
Caderno Pedagógico, intitulado: “A utilização das atividades lúdicas para o
ensino da geografia escolar: uma abordagem para 6ª série”. No 1º
Semestre de 2009, as atividades foram implementadas no Colégio Estadual
Sagrada Família – Ensino Fundamental e Médio, município de Campo Largo,
nas turmas de 6ª Séries A, B, C e D do período matutino e uma das atividades
foi desenvolvida em três turmas do curso de Formação de Docentes: 3º FDA,
3º FDB e 4º FDA.
Os temas escolhidos para a realização das atividades referem-se às
diferenças regionais do Brasil: políticas, sociais, econômicas e principalmente a
diversidade cultural brasileira.
Além da implementação do Plano de Trabalho na escola, também se
desenvolveu como uma das funções do PDE, o GTR – Grupo de Trabalho em
Rede, que faz parte da formação continuada para professores da rede pública
estadual. Professores de diversas partes do Estado tiveram a oportunidade de
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trocar e partilhar conhecimentos e idéias sobre a disciplina de Geografia, o
tema do presente trabalho, conteúdos e abordagens utilizadas em sala de aula;
refletindo sobre suas práticas pedagógicas.
O presente artigo faz parte da etapa final do PDE (já citado anteriormente).
No desenvolvimento do mesmo, contextualizo a importância educacional dos
jogos, na sequencia discorro sobre a utilização das atividades lúdicas na
disciplina de Geografia e concluindo faço um relato de oito atividades
realizadas em sala de aula.
2. Atividades lúdicas: proposições para o ensino da Geografia Escolar.
A Geografia é uma disciplina, que ao ser ensinada, permite a aproximação
do educando com a sua realidade em muitos dos conteúdos trabalhados,
assim, utilizando vivências do dia a dia, como: músicas, obras de arte, figuras,
ilustrações, confecção de jogos e outros; é que escolhi abordar as atividades
lúdicas em meu plano de trabalho.
MARINHO (2007 p. 90) cita FRIEDMAN (1996) e VOLPATO (1999):
“a brincadeira refere-se ao comportamento espontâneo ao realizar uma atividade das mais diversas. O jogo é uma brincadeira que envolve certas regras, estipuladas pelos participantes. O brinquedo é identificado como o objeto de brincadeira. A atividade lúdica compreende todos os conceitos anteriores .” (grifo meu)
Os educadores das séries iniciais utilizam o lúdico no seu cotidiano. À
medida que as crianças vão crescendo o lúdico vai sendo deixado de lado, o
que é um erro, pois pessoas de todas as idades aprendem através de
atividades que tem sua essência na música, jogos, representações teatrais e
diferenciadas formas de expressão.
HUIZINGA no clássico “Homo ludens: O jogo como elemento da cultura”,
observa que o jogo está presente na cultura de todos os povos e considera que
o “ludus, abrange os jogos infantis, a recreação, as competições, as
representações litúrgicas e teatrais e os jogos de azar.” (p. 41).
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2.1. A importância educacional dos jogos.
A utilização de jogos em sala de aula, sempre foi alvo de muitas
discussões, desde a sua importância, quanto à sua utilização.
Muitos educadores defendem o desenvolvimento das atividades lúdicas,
na formação de crianças e jovens, pois elas são facilitadoras do acesso ao
conhecimento.
Ao participar de atividades lúdicas o educando desenvolve a
imaginação, pratica a interação e a integração com os colegas e essas ações
favorecem uma aprendizagem de qualidade em todas as áreas do
conhecimento.
Desde os primeiros anos de vida, a criança entra em contato com as
atividades lúdicas, por meio de jogos, brincadeiras, videogames, jogos de
computador e outras. Essas atividades lúdicas são inerentes ao ser humano
durante toda a sua vida, por isso os educadores não devem perder a
oportunidade de utilizá-los em sala de aula.
ARNAUD SOARES em entrevista a Folha Dirigida, RJ - 19/06/2006
intitulada: A revolução (silenciosa) da internet nas salas de a ula , afirma:
“Trabalhar com o lúdico implica em abordar o prazer , que é fundamental no processo de organização/estruturação da subjetividade humana. Por isso mesmo, não se trata de um aspecto de menor importância a ser trabalhado nas escolas. As atividades lúdicas ou o lúdico como um fundamento dos processos formativos , implícito no desenvolvimento cognitivo e nos modos e mecanismos da aprendizagem , entre outros, supõem competências específicas e, até então, pouco aprofundadas no âmbito da educação formal. Está cada vez mais evidente que é possível produzir, aprender e trabalhar com prazer”. (grifo meu)
Assim como ocorre naturalmente na vida das pessoas, no campo
educacional também acontece algo muito parecido: na educação infantil e nas
séries iniciais, os professores se utilizam muito das atividades lúdicas. Porém,
a partir da 5ª série é comum que essas atividades fiquem cada vez mais
escassas. Ao realizar o meu trabalho desenvolvi diversas atividades lúdicas
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durante as aulas de Geografia nas turmas de 6ª séries do Colégio Estadual
Sagrada Família, ressaltando a importância dessas atividades para o
desenvolvimento integral do educando.
Através da utilização das atividades lúdicas, os alunos participam de um
ambiente de aprendizagem ativo, explorando e descobrindo conhecimentos.
Acredita-se que o lúdico é tão antigo quanto nossos ancestrais, pois o
homem primitivo já tinha jogos, brincadeiras, desenhos, representações; como
por exemplo, os desenhos nas paredes das cavernas, em suas esculturas,
produção de utensílios para uso no dia a dia; onde a criatividade foi muito
utilizada. Essas representações significam registros históricos, artísticos,
estéticos; dependendo do ponto de vista que estão sendo analisados.
Através da realização de atividades lúdicas promove-se a aprendizagem,
formal ou informal. O lúdico, o jogo, o brincar, as brincadeiras acontecem
dentro e fora da escola.
Quando utilizamos as atividades lúdicas no processo educacional formal,
ou seja, em sala de aula, além dos objetivos cognitivos a serem alcançados,
podemos enumerar outras contribuições que essas atividades podem
proporcionar ao aluno:
- Respeitar limites:
O aluno desenvolve hábitos e atitudes positivas, aprende a respeitar os
colegas, melhora seu convívio social, aprende a respeitar regras e passa a
entender a competição como parte e não como essência do jogo, ou seja,
aprende a ganhar e também a perder.
- Socializar-se:
O educando aprende a viver e a conviver em sociedade, desenvolve
vínculos com os colegas e melhora o sentimento de grupo, praticando a
colaboração e a cooperação, melhorando as relações entre todos os elementos
do grupo.
- Desenvolver a criatividade:
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A participação em atividades lúdicas proporciona o desenvolvimento do
pensamento criativo. Assim sendo o aluno procura inovar, através de novas
formas de realizar a atividade, de adaptar-se às novas situações e também de
se relacionar com os conceitos, conhecimentos e conseqüentemente com a
aprendizagem.
- Interagir:
A interação é inerente ao conceito do lúdico, pois as atividades lúdicas
suscitam a participação de todos, ajudando ao aluno a integrar-se com os
colegas, interagir nas atividades realizadas, dar opiniões e participar
ativamente.
Além das contribuições que as atividades lúdicas proporcionam aos
alunos, já destacadas, podemos citar várias outras; dependendo da atividade
que está sendo realizada, com objetivos mais específicos.
A disciplina de Geografia colabora com a formação integral do aluno,
desenvolver atividades lúdicas no decorrer de suas aulas é essencial.
ACOSTA (2003) destaca que “o lúdico é fundamentalmente
experienciável, vivido, e depende de como cada indivíduo o experiencia”.
Trazer o lúdico como recurso metodológico para a sala de aula mostra-se como
uma alternativa bastante viável e produtiva, visando melhores resultados em
relação ao ensino-aprendizagem, e, conseqüentemente entre professor e
aluno.
2.2. As atividades lúdicas e o ensino de Geografia .
A importância de se trabalhar com atividades lúdicas já foi abordada
anteriormente. As atividades lúdicas podem ser abordadas em todas as
disciplinas e atividades, sempre tendo um objetivo bem definido. Na disciplina
de Geografia isso ocorrerá da mesma forma.
Muitas vezes durante o desenvolvimento dos conteúdos de Geografia no
cotidiano da sala de aula, as atividades tornam-se cansativas e pouco atrativas
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para os alunos, principalmente quando não buscamos metodologias
alternativas para motivá-los.
Como dissemos anteriormente, historicamente, a Geografia é vista como
uma disciplina do “decorar” conteúdos. Infelizmente, essa visão ainda
permanece. Quando o trabalho é desenvolvido com atividades que despertam
o interesse e motivam nossos alunos a aprender, a aula torna-se mais
prazerosa tanto para o desenvolvimento do trabalho do professor, quanto para
os educandos, facilitando o ensino-aprendizagem dos conteúdos específicos
de Geografia. Partindo desse pressuposto é que desenvolveu-se o projeto, o
caderno pedagógico, a implementação na escola e o presente artigo científico.
PASSINI, (2007, p. 24) afirma que: “é possível ultrapassar o mito da
Geografia descritiva e trabalhar com uma Geografia analítica e
interpretativa na formação do cidadão crítico”. (grifo meu)
Através da utilização do lúdico na educação, vários objetivos podem ser
atingidos, não só em curto prazo, mas também, objetivos em longo prazo,
como, o desenvolvimento do raciocínio, do pensamento crítico, da criatividade,
da formação de indivíduos pró-ativos, que buscam soluções para as situações
que se apresentam.
“A importância do jogo está nas possibilidades de aproximar a criança
do conhecimento científico, levando-a a vivenciar situações de solução de
problemas” (MOURA, 2007, 85).
Com objetivos bem definidos, os jogos se constituem um apoio didático
podem ser trabalhados e aplicados para a aprendizagem e construção de
conceitos geográficos.
O geógrafo CELSO ANTUNES afirma:
“Na Geografia, os docentes podem se utilizar dos jogos que explorem a inteligências pessoais e a naturalista (ambiental). Fazer com que conheçam o espaço geográfico e construam conexões que permitam aos alunos perceber a ação de homem em sua transformação e em sua organização no espaço físico e social. ” (ANTUNES, 2002, p.44). (grifo meu)
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A Geografia é uma disciplina muito dinâmica e no ensino da Geografia,
muitos conteúdos e conceitos podem ser abordados através do
desenvolvimento de atividades lúdicas, abrangendo muitas possibilidades.
CAVALCANTI aborda os principais conceitos que fundamentam a
disciplina de Geografia, que são: “lugar, paisagem, região, território, natureza e
sociedade”, que também embasam as Diretrizes Curriculares Estaduais, do
Estado do Paraná (DCEs). Todos esses conceitos podem ser discutidos
através da realização de atividades lúdicas; tendo como objetivo conduzir a sua
apreensão, estimulando o pensamento crítico e capacidade de analisar a
realidade do mundo contemporâneo, propiciando ao aluno estabelecer
associações entre o espaço geográfico e as estruturas políticas, econômicas,
sociais e culturais da sociedade.
Podemos também explorar através de atividades lúdicas os conceitos:
“localização” que permite localizar/situar os acontecimentos; o de “orientação”
que encaminha à localização no espaço, dos eventos, dos lugares em si; o de
“representação” que é a forma de abstrair da realidade concreta e expressá-la
mental ou graficamente.
As Diretrizes Curriculares Estaduais do Estado do Paraná (DCEs), já
citadas anteriormente orientam que “os conteúdos específicos de Geografia
sejam trabalhados de forma crítica e dinâmica , de maneira que a teoria e a
realidade estejam interligadas , em coerência com os fundamentos teóricos
propostos” (grifo meu). Assim uma das opções metodológicas para concretizar
essa orientação é realizar atividades lúdicas envolvendo os conceitos- chaves
para o ensino de Geografia, buscando evidenciar o seu papel na articulação de
momentos significativos e variados, voltados para a apropriação do processo
ensino-aprendizagem. Esses conceitos constituem as bases para que os
alunos tenham condições de compreender como ocorre a produção do espaço
geográfico na atualidade e como aconteceu ao longo da história da
humanidade, devendo ser introduzidos de forma gradual, contínua e ao mesmo
tempo interligados, através de explicações e exemplos.
Dentro do contexto que estamos abordando, PASSINI, (2007, p. 75),
afirma:
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“Eles (os conhecimentos) precisam ser motivadores, desafiadores e coordenadores entre o conhecimento construído e o novo, fazendo articulações entre o conteúdo teórico e o cotidiano. ... inserir o cotidiano do aluno na interpretação de fenômenos da Geografia pode ser interpretada como respeito ao aluno, seu ambiente e suas construções anteriores ”. (grifo meu).
Para a construção desses conceitos, geográficos é muito importante
levar em conta a vivência dos alunos, isto é, os seus conhecimentos prévios,
aqueles concebidos a partir do cotidiano, aliando o prazer e o divertimento à
aprendizagem. Ao utilizar atividades lúdicas, faz-se necessário uma
organização bastante estruturada, interessante, desafiadora e acima de tudo
produtiva. Não é permitido “brincar por brincar”. Estas atividades devem estar
repletas de intencionalidade.
Mesmo porque, o ensino da Geografia em si, é caracterizado por
compromissos que vão além da mera transmissão de informações. Ao menos é
o que nos aponta MATIAS quando cita VESENTINI:
“A Geografia, enquanto ciência e disciplina escolar que trata da distribuição dos fenômenos físicos/naturais e humanos e a integração entre eles em escala local, regional ou global, deve ter várias formas de mediação para atingir seu objetivo que é o de levar o educando a compreender o mundo em que vive , da escala local até a planetária , dos problemas ambientais até os econômico-culturais. ” (VESENTINI, 2003, p.22). (grifo meu)
Além dos conceitos geográficos já citados anteriormente, podemos
trabalhar através da ludicidade, o raciocínio escalar e consequentemente o
raciocínio geográfico.
CARVALHO e FILIZOLA (2005, p. 30) afirmam que “a vivência
conceitual da escala ou raciocínio escalar permite que a criança possa
estabelecer relações de proporção e entender o que acontece com os
fenômenos geográficos nas diferentes escalas dos lugares e do território”.
(grifo meu)
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Visando desenvolver nos alunos essa noção referente às escalas de
análise, podemos utilizar diversas atividades lúdicas, começando por locais
mais próximos até a escala global.
Um dos recursos visuais mais importantes da Geografia são os mapas.
Além de importante é também bastante associado à disciplina. Ao ouvir falar de
Geografia já se faz associação com os mapas. Podemos desenvolver várias
atividades lúdicas com mapas, desde a Cartografia Tátil, jogos de localização e
orientação, mapas ilustrados e outras.
Os desenhos, as pinturas, as esculturas, também são formas de
representar o espaço geográfico. As representações através de pictogramas,
legendas criadas pelos próprios alunos, podem ser consideradas atividades
lúdicas.
CARVALHO e FILIZOLA (2005, p. 31) destacam que:
“os desenhos podem servir para aferir na criança a aquisição da linguagem gráfica/ cartográfica e as noções a ela associados, por exemplo: representação, perspectiva, localização, escala e organização/ estruturação do espaço, etc. Servem também para a criança desenvolver habilidades temporais quando representa, por exemplo, lugares do passado, no presente e no futuro”. (grifo meu)
Para contextualizar a Geografia, devemos fazer uso de diversas
linguagens, fazendo com que os alunos relacionem os assuntos discutidos em
sala de aula com a sua realidade.
Utilizando novamente as idéias de CARVALHO e FILIZOLA (2005,
P.32):
“a linguagem gestual (mímica facial e outras partes do corpo), expressão através das diferentes linguagens acerca da relação afetiva com as paisagens e os lugares , dramatização dos lugares e paisagens ; expressão espaço-sensorial (observação, leitura e interpretação através do tato, audição paladar, visão e olfato); jogos e atividades associados a motricidade (lateralidade e memória corporal associadas a localização )”. (grifo meu)
Existem diversas maneiras de utilizar o lúdico em sala de aula, na
disciplina de Geografia. As alternativas são muitas, depende muito da
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criatividade do professor e também da vontade de aproximar o máximo
possível os conhecimentos científicos dos conhecimentos cotidianos.
Dentro desse contexto é que se justifica a utilização da ludicidade
durante as aulas, para trabalhar conteúdos específicos da Geografia. A
utilização de atividades lúdicas podem se mostrar uma estratégia eficiente para
tornar a disciplina mais encantadora e atrativa, incentivando os alunos à busca
do conhecimento.
2.3. Implementação do projeto de intervenção pedagó gica na escola:
As atividades de implementação foram desenvolvidas no 1º semestre do
ano letivo de 2009, em quatro turmas de 6ª séries, do Ensino Fundamental, no
Colégio Estadual Sagrada Família, localizado em Campo Largo. Uma das
atividades foi realizada em três turmas do curso de Formação de Docentes,
curso profissionalizante, do Ensino Médio.
Procurei desenvolver atividades bem diversificadas, usando várias
maneiras diferentes para a realização da abordagem dos conteúdos, como
música, imagens, desenhos, confecção de mapas, elaboração de jogos e
outras atividades.
Ao término da implementação, pedi aos alunos que fizessem um
pequeno relato escrito sobre as atividades desenvolvidas. No decorrer do texto,
serão inseridos alguns trechos desses relatos. Para preservar a identidade e a
privacidade dos alunos, usarei somente as iniciais do nome e a turma da qual
fazem parte. Os erros de pontuação, concordância verbal e nominal, serão
mantidos, para que possamos relatar o mais originalmente possível a idéia
escrita pelos alunos.
“Eu achei o projeto da professora Marcia muito interessante, pois além de conhecermos mais o nosso Brasil, nós também aprendemos novas artes: de desenhar, colorir, modelar, montar... E também é muito importante, pois todos esperam que ela continue o seu projeto. POIS É MUITO DIVERTIDO!” – E. D. L. – 6ª “C”
A partir desse momento passo a relatar como as atividades
desenvolvidas na escola foram encaminhadas, os objetivos propostos e
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alcançados e algumas considerações sobre cada uma delas. O relato será feito
na mesma sequência em que foram desenvolvidas em sala de aula.
2.3.1. Atividade com música:
A música é uma linguagem que está presente na vida cotidiana das
pessoas. Ela deve estar inserida no processo educativo em qualquer área do
conhecimento, sendo utilizada como recurso incentivador, como elemento para
fixação de noções e aprendizagens, de recreação e de expressão.
O objetivo proposto para esta atividade foi o de propiciar aos alunos uma
reflexão inicial sobre o nosso país, visando despertar o interesse em conhecê-
lo melhor. A mesma foi realizada na primeira semana de aula, no início do ano
letivo.
Iniciei o trabalho através do desenvolvimento de atividades com o objetivo
de fazer uma sondagem em relação ao conhecimento prévio dos alunos
referentes à Geografia do Brasil.
A metodologia utilizada no encaminhamento da atividade foi à seguinte: Em
um primeiro momento trabalhei com a música: “Meu Brasil de Gian e Giovani”.
À medida que os alunos ouviam a música, apresentei imagens mostrando
características positivas das diversas regiões do Brasil. Na sequência solicitei
aos alunos que respondessem algumas questões realizando uma análise da
letra da música e fizessem ilustrações referentes às regiões brasileiras. Para
concluir foi escrito um texto individual sobre o nosso país. O objetivo da
produção desse texto é compará-lo com outro que escrito após a realização de
todas as diversas atividades propostas. Os alunos foram receptivos,
participaram bem das atividades e o trabalho foi produtivo, comprovando que a
utilização de músicas é uma maneira prazerosa de levar o aluno a realizar
reflexões sobre o conteúdo estudado.
BRAZ cita Costa e Valle: “através da música podemos criar ambiente
favorável para o que se deseja ensinar, uma vez que ela é sempre agradável...
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desde que observados certos princípios em relação à música dada, como a
qualidade... adequação... técnica de ensino...”
Ao associar a música com as imagens, o principal objetivo era tentar
desconstruir alguns pré-conceitos já incorporados pelos alunos, como por
exemplo, “Brasil: país do carnaval e do futebol”, mostrar que o Brasil é muito
mais do que isso; conduzir o aluno a fazer uma análise da realidade onde ele
vive, associando os conceitos discutidos em sala de aula com os
acontecimentos do cotidiano. Os objetivos propostos nessa atividade foram
atingidos satisfatoriamente.
Ao apresentar esse tópico no GTR (Grupo de Trabalho em Rede),
suscitou muitas idéias, inclusive organizamos de maneira colaborativa uma
listagem com sugestões de músicas que podem ser utilizadas para abordar
conteúdos geográficos.
“As atividades propostas por nossa professora eram atividades legais, nos divertimos muito, mas, também se motivamos para ter mais conhecimento sobre o assunto estudado. Cada atividade era mais conhecimento obtido”. – M. G. K. – 6ª “A”
2.3.2. Confecção de um quebra cabeça do mapa do Br asil e de um
Dominó dos estados e capitais:
A primeira das atividades dessa etapa foi a confecção do quebra cabeça
do mapa do Brasil, que auxilia no aprendizado da localização dos estados.
Conduz o aluno a familiarizar-se com o mapa do Brasil.
O objetivo desta atividade é fazer com que o aluno localize-se no
território brasileiro, trabalhando com mapas, porém, de uma forma diferente,
através da montagem de um quebra-cabeça do mapa do Brasil, e não,
simplesmente, pintando um mapa.
A maioria dos alunos conseguiu montar o mapa adequadamente, alguns
tiveram um pouco mais de dificuldade, ou seja, o mapa ficou "torto". Percebi
que eles gostaram de realizar essa atividade e aprenderam brincando.
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O objetivo da segunda atividade é de que os alunos conheçam e se
possível memorizem as capitais dos estados brasileiros.
No decorrer dessa atividade os alunos confeccionaram o dominó dos
estados e capitais do Brasil. As peças do dominó ficaram bem coloridas, alguns
alunos fizeram desenhos ilustrando cada estado brasileiro. Quando os dominós
ficaram prontos, propiciei um momento para que os alunos pudessem jogar, e
aprender através dos materiais que eles mesmos produziram.
Obtive resultados positivos nessa atividade e percebi que os alunos
aprenderam, sem precisar ficar decorando. Inclusive na avaliação escrita os
alunos demonstraram o aprendizado.
Muito embora, colegas manifestem pontos de vista diferentes, considero
importantes os estudos que envolvam o assunto: estados e capitais do nosso
país. Esse conhecimento é importante porque ajuda ao aluno a localizar-se
melhor e a conhecer as cidades mais importantes do Brasil, são informações
que os alunos necessitam dominar, conduzindo-os a ter condições de
responder a pergunta: “Onde?”. O dominó é uma forma de aprender brincando,
sem "decoreba". E o mais importante é que foi confeccionado por eles
mesmos. O material produzido pelos alunos ficou bem interessante.
A utilização da atividade lúdica do dominó dos estados e capitais tem por
objetivo fixar esse conteúdo, pois ao mesmo tempo em que o aluno joga,
brinca, ele também está aprendendo.
Os objetivos propostos nas duas atividades relatadas acima foram
alcançados, despertando o interesse dos alunos e propiciando o aprendizado
do conteúdo trabalhado.
“Eu achei muito bom, pois é um jeito educativo de trabalhar e se divertir com um quebra-cabeça que a turma fez, nós estávamos fazendo uma brincadeira mais se divertindo e aprendendo ao mesmo tempo, foi muito legal mesmo e aprendemos com tudo isso”. – B. O. F. – 6ª “C”
2.3.3. Confecção de jogos referentes às característ icas naturais do Brasil:
Ao ensinarmos Geografia devemos conduzir o aluno a refletir sobre
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espaço onde vivem, e, também, sobre a sociedade a qual pertencem, agem e
interagem. Portanto é necessário que o aluno conheça tanto os aspectos
naturais, quanto os sociais, culturais e econômicos do país que está
estudando.
Essa sequencia de atividades apresentadas a seguir, teve por objetivo,
conduzir o aluno a reconhecer as principais características naturais do nosso
país, bem como perceber a diversidade natural pela qual é formado,
relacionando-os entre si.
Através da realização dessa atividade, foram abordadas características
do nosso país, tais como: formação geológica, unidades de relevo, climas,
bacias hidrográficas, vegetação nativa e atual e as unidades de conservação.
Abordagens estas referentes aos aspectos naturais do Brasil. Ao trabalhar com
todos esses aspectos foi necessário que fossem estabelecidas relações entre
eles, ou seja, que o aluno entendesse que esses aspectos são interligados e
interdependentes.
A atividade de confecção dos jogos foi encaminhada em dois momentos
distintos:
Inicialmente cada grupo pesquisou sobre uma das características
naturais do Brasil: vegetação, clima, hidrografia, relevo e formação geológica.
Os alunos pesquisaram, prepararam os materiais e fizeram as apresentações
para a turma toda, sobre o tema preparado pelo seu grupo. O tema de cada
grupo foi escolhido por sorteio. Através das apresentações, os alunos puderam
conhecer todos os assuntos que estavam sendo pesquisados pelos colegas.
Ao término das apresentações, a professora realizou uma revisão sobre
os conteúdos apresentados pelos grupos, destacando os itens mais
importantes, promovendo a fixação do conteúdo estudado.
Após conhecer o conteúdo teórico referente ao assunto, os alunos
confeccionaram diversos jogos sobre os temas apresentados anteriormente,
como: quebra-cabeças, jogos de memória e diversos jogos de tabuleiro. Os
jogos ficaram bem coloridos e criativos. O trabalho foi muito produtivo e percebi
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que os alunos aprenderam, inclusive analisando os resultados obtidos na
avaliação escrita.
Ao propor que os alunos confeccionassem os jogos, eles ficaram
empolgados. Foi muito mais significativo que se trabalhar com jogos já
elaborados. Deixei bem claro que os jogos ficariam no colégio e eles
capricharam.
Nessa seqüência de atividades foram abordados conceitos como:
território, sociedade, características naturais do nosso país, relevo, clima,
bacias hidrográficas, formação vegetal e outros; conduzindo os alunos a ter
consciência das desigualdades espaciais presentes no Brasil.
Os objetivos alcançados foram além das expectativas, os jogos
produzidos pelos alunos possuem uma qualidade muito boa, potencializando o
interesse pelos conteúdos abordados no desenvolvimento de toda a sequencia
de atividades.
“As aulas de Geografia foram muito boas. Com atividades diferentes, eu pude aprender de formas diferentes como a: máscara, o “jogo”, etc. representando o Brasil de formas diferentes.” – E. R. L. – 6ª “B”
2.3.4. Realização de atividades referentes à “Diver sidade Cultural
Brasileira”, visando o reconhecimento das diferença s regionais.
Ao desenvolver essas atividades, foi proposto abordar a diversidade
cultural brasileira, bem como, as suas manifestações sócio-espaciais;
analisando as diferenças regionais.
O objetivo proposto para essa atividade foi aprofundar os conhecimentos
referentes a diversidade cultural do nosso país, tendo como base o folclore de
cada região brasileira, relacionando-os às manifestações sócio-espaciais,
contribuindo para as diferenças regionais.
Penso que se faz necessário proporcionar ao educando que ele aprenda
o conhecimento de outros povos, de outras culturas e maneiras de vida, seus
costumes e suas tradições. Diante disso é que foram desenvolvidas as
atividades a seguir.
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Para desenvolver esse roteiro de atividades em um primeiro momento
expliquei sobre o assunto que eles deveriam pesquisar: a diversidade cultural
brasileira. Dividi os alunos em grupos, e cada grupo ficou com uma região (é
claro que tive que repetir algumas regiões, pois a turma é numerosa e não
queria grupos muito grandes).
Orientados pela professora, os alunos realizaram a pesquisa sobre as
lendas, cantigas, festas típicas regionais, versinhos, parlendas, trovas ou
quadrinhas, trava-línguas, brincadeiras, ditados populares, danças, adivinhas e
outras manifestações folclóricas das culturas regionais. Através da pesquisa,
os alunos fizeram descobertas muito interessantes, percebendo as diferenças
regionais.
Foram necessárias três aulas para as pesquisas e a organização da
apresentação. Vários encaminhamentos foram realizados, principalmente nos
grupos em que percebi maiores dificuldades. Além da apresentação sobre o
assunto, solicitei que cada grupo representasse uma manifestação folclórica da
região que estavam estudando.
No dia das apresentações me surpreendi com os alunos. Eles fizeram
cartazes, painéis, apresentações na TV-pendrive, livrinhos, teatros de
fantoches e outros. Encenaram lendas. Fizeram os personagens folclóricos,
como o Saci Pererê e o Boitatá de massinha e de dobradura. Fizeram
brincadeiras típicas com os colegas. Dançaram funk, música gaúcha e até
frevo.
Que o Brasil possui uma grande diversidade cultural, os alunos já tinham
conhecimento. Porém, após a realização das pesquisas e apresentações dos
trabalhos, os alunos puderam entender que as manifestações folclóricas
regionais nos dão uma amostra bem clara da vasta variedade de “culturas” que
o Brasil possui. Eles conseguiram entender que essas manifestações artísticas,
folclóricas, aparecem nas relações sócio-espaciais, contribuindo para as
diferenças regionais.
Essa foi a atividade que os alunos mais gostaram e os alunos
aprenderam fazendo associações com o conhecimento cotidiano.
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Os objetivos propostos nessa atividade foram alcançados, pois os
alunos demonstraram grande interesse na realização da mesma.
“Eu achei que com os trabalhos aprendi um pouco mais sobre nosso Brasil. Com os jogos do relevo, das capitais, com os painéis sobre as regiões. As culturas, os artesanatos, pinturas...Conheci tudo que não conhecia... Era bem legal se o nosso método de ensino fosse assim, seria super legal. A hora passa que você nem vê e os alunos se entertem com a aula e aprendem bem melhor”. – D. F. C. – 6ª “D”
2.3.5. Mapa ilustrado sobre as figuras típicas de cada região brasileira e
elaboração de um gibi sobre o município de Campo La rgo.
Os alunos gostaram tanto do trabalho relacionado à cultura brasileira que
resolvi confeccionar um “mapa ilustrado” com as “figuras típicas de cada
região”; ex: baiana, cangaceiro, gaúcho, vaqueiro, cangaceiro e outros. Os
mapas confeccionados ficaram muito bonitos e os alunos os ilustraram muito
bem. Gostaram de fazê-los, relacionando com as atividades já desenvolvidas
anteriormente, percebi que houve um aprendizado significativo em relação às
diferenças culturais existentes nas diversas regiões brasileiras.
Os objetivos propostos são os mesmos da atividade anterior (atividades
referentes à “Diversidade Cultural Brasileira”, visando o reconhecimento das
diferenças regionais); e os alcançados foram superiores aos esperados, pois os
alunos ilustraram muito bem os mapas. Além das ilustrações também foi
necessário a elaboração de uma legenda, utilizando a linguagem cartográfica.
O principal objetivo da atividade seguinte foi incentivar os alunos a
conhecer melhor a Geografia e a História do município em que eles residem,
através da confecção de um gibi.
A elaboração do gibi sobre o município de Campo Largo foi desenvolvida
na disciplina de Metodologia do ensino da Geografia, com os alunos de três
turmas do curso de Formação de Docentes: 3º FDA. 3º FDB e 4º FDA (Ensino
Médio). O conteúdo desenvolvido no trimestre foi relativo à geografia do
município. Em conjunto com a professora de Metodologia do ensino da
História, propusemos aos alunos a confecção de um gibi sobre o município, no
qual eles deveriam criar um personagem que relatasse os dados referentes à
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História e a Geografia do município de Campo Largo. O personagem deveria
representar características marcantes do município. Os gibis foram
confeccionados em grupo e ficaram excelentes. Alguns personagens criados
foram relacionados com a produção da Louça (Xicrito, Loucita, Porcelino),
outros relacionados ao Tropeirismo e aos imigrantes que colonizaram a região.
Ao confeccionar o gibi, os alunos apresentaram informações tanto da
Geografia, como da História do município, de uma maneira descontraída e
atrativa com o objetivo de chamar a atenção do público infantil. Sem dúvida os
trabalhos renderam bons frutos e os objetivos propostos foram alcançados
totalmente, pois o resultado final (gibis) ficaram excelentes.
“Achei muito legal, pois pudemos conhecer um pouco mais sobre nosso país e claro, o mais importante com muito divertimento. A turma se empolgou com os trabalhos, pois eram diferentes, mas com a mesma intenção: aprender sobre o nosso país”. L.B. 6ª “B”
2.3.6. Confecção do mapa das regiões do IBGE com at ividade de
Cartografia Tátil
Ao ensinar Geografia precisamos, sempre que possível, fazer uso de
mapas. Ao propor a confecção do mapa do Brasil com diversas texturas, o
objetivo proposto era de conduzir os alunos ao conhecimento da divisão
regional do Brasil, feita pelo IBGE, utilizando a Cartografia Tátil.
Antes do desenvolvimento da atividade fez-se necessário trabalhar o
conceito de “região”, pois esse é um dos conceitos mais importantes da
disciplina de Geografia. Os alunos precisaram entender bem o conceito de
região para que, na sequência eles pudessem entender também a
regionalização do Brasil. Na atividade que relato a seguir utilizo a
regionalização elaborada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), como já foi citado anteriormente.
Desenvolvi essa atividade através idéia da Cartografia Tátil, onde os
alunos tiveram que escolher cinco produtos com texturas diferentes para colar
no mapa, um para cada região.
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Os mapas ficaram bem elaborados, os alunos usaram muitos elementos
diferentes: sementes, lã, miçangas, lantejoulas, papel crepom e outros.
A maior dificuldade encontrada ao realizar essa atividade foi o que
inevitavelmente acabou acontecendo em sala de aula, os alunos espalharam
os materiais, e isso acabou gerando um pouco de confusão. A atividade não se
desenvolveu como eu esperava, porém, apesar das dificuldades encontradas,
o resultado foi positivo, pois os alunos trabalharam com a divisão regional de
uma maneira diferente.
Na aula seguinte a atividade, pedi que cada aluno pegasse seu mapa,
fechasse os olhos e sentissem a textura dos mesmos, refletindo sobre a
dificuldade que os deficientes visuais tem para trabalhar com mapas. Esse
momento foi muito interessante, vários alunos comentaram a atividade e
Por coincidência, na mesma época, a professora de Língua Portuguesa,
que estava desenvolvendo em projeto sobre “Valores”, convidou uma moça
que é deficiente visual para conversar com os alunos, contar como é a vida
dela, as dificuldades que ela encontra, e, principalmente como ela supera
essas dificuldades. Os alunos aprenderam muito além do conteúdo estudado
em sala de aula, aprenderam também uma lição de vida.
Apesar das dificuldades encontradas no desenvolvimento da atividade,
obtive resultados positivos. Os alunos conseguiram entender que a
regionalização feita pelo IBGE é uma forma utilizada para
organização/regionalização do espaço abrangendo paisagens, lugares e o
território brasileiro; e que essa forma de regionalizar o Brasil ainda é a mais
utilizada.
Os objetivos propostos foram muito além de minhas expectativas,
principalmente por ser complementada pelas atividades realizadas pela
professora de Língua Portuguesa.
“Eu gostei muito desses trabalhos pois com eles aprendi várias coisas. Fizemos o mapa em relevo me chamou atenção porque pelo menos a gente viu como os deficientes visuais lêem as coisas. Parabéns seu trabalho me comoveu”. C. P. – 6ª “A”
22
2.3.7. Atividades utilizando e confeccionando obras de arte
Ao propor atividades explorando as diversas linguagens utilizadas nas
obras de arte, o principal objetivo foi associar a diversidade cultural brasileira
às diversas manifestações artísticas do nosso povo. Para concretizar esse o
objetivo citado anteriormente, proporcionei um momento em que os alunos,
através da confecção de sua obra de arte, pudessem representar uma ou mais
características da diversidade cultural do nosso país, destacando as diferenças
regionais.
Precisamos proporcionar aos alunos oportunidades para que possam
desenvolver a apreciação do senso estético, e essa sensibilidade pode ser
aguçada realizando atividades em qualquer disciplina do currículo escolar,
inclusive a Geografia.
A confecção da obra de arte é uma atividade visando explorar o lado
lúdico de cada educando, os alunos expressaram-se livremente, produzindo
diversos tipos de materiais representando o Brasil.
Como a Arte representa muito a Cultura e a diversidade cultural
brasileira, e, podemos representá-las através das manifestações artísticas,
esse potencial foi explorado para entender melhor as diferenças regionais,
realizando uma atividade interdisciplinar, que passo a descrever a seguir.
Na execução dessa etapa da implementação utilizei uma sequência de
atividades relacionadas às obras de arte representando as diversas regiões
brasileiras.
Em um primeiro momento, levei para sala de aula, impressos em folha
sulfite, alguns exemplos de obras de arte (no caso figuras de telas), algumas
conhecidas e outras anônimas. No total eram catorze, representando todas as
regiões brasileiras. Pedi que os alunos escolhessem uma das obras e fizessem
a releitura da mesma. As releituras ficaram muito legais, organizei uma
exposição com elas.
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Galati (2007, p.01) define: (...) ”a releitura implica em produzir aquilo que
se entendeu da obra, sem preocupações com semelhanças. É o sentimento se
aliando à observação na produção de um trabalho."
Em um segundo momento foi solicitado que cada aluno trouxesse de
casa um exemplo de uma obra de arte representando uma região do Brasil.
Poderia ser qualquer forma de manifestação artística (escultura, telas,
modelagens, objetos típicos, etc). Novamente me surpreendi com os alunos,
pois eles trouxeram os mais variados tipos de obras de arte, a maioria que a
família adquiriu em viagens realizadas. Ao apresentar o objeto para a turma,
cada aluno fez um breve relato oral sobre o mesmo, compartilhando com os
colegas de turma, sua origem, quando foi adquirido e outros detalhes que eles
achavam importantes. Essa atividade despertou o interesse da turma toda.
Para concluir a sequência de atividades, cada aluno produziu sua obra
de arte. Orientei que o trabalho seria avaliado pela criatividade, originalidade,
deveria representar uma das regiões brasileiras e cada aluno realizou sua obra
de arte. Eles fizeram desenhos, telas, esculturas em argila, sabão e massinha
de modelar e de biscuit, dobraduras e maquetes. Com esses trabalhos fiz uma
exposição. A exposição foi apreciada por alunos de outras séries, professores,
funcionários, equipe pedagógica e direção. Recebi muitos elogios de meus
colegas da escola.
Ao realizar atividades onde aproximamos a Geografia da Arte,
percebemos que o aluno entendeu que nas diversas regiões brasileiras
ocorrem diferentes manifestações artísticas, culturais; e que essas
manifestações podem estar presentes nas pinturas, esculturas, desenhos
artísticos e artesanatos em geral.
O aluno pode compreender que as manifestações culturais
expressam/representam características da região onde são
produzidas/realizadas e que é possível associar a diversidade das expressões
artístico/culturais do nosso país com a diversidade do povo brasileiro.
No decorrer da atividade os alunos constataram que a diversidade
existe, e também, aprenderam a respeitar e a valorizar essa diversidade.
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Nas releituras e na confecção das obras de arte, as limitações pessoais
foram levadas em consideração, pois, os alunos não são artistas profissionais e
sim “adolescentes”, ainda em fase de escolaridade. É claro que alguns alunos
se destacaram por possuir dons artísticos natos, porém, todos os trabalhos
foram devidamente valorizados.
Essa sequência de atividades despertou muito interesse nos alunos e os
resultados foram muito produtivos, levando o aluno a expressar seus
conhecimentos de uma maneira concreta, nesse caso a obra de arte, atingindo
os objetivos propostos inicialmente.
“Eu gostei muito das atividades realizadas Por que todas faziam você pensar e pesquisar assim aprendendo mais. Nós fizemos nossa própria obra de arte nos tornando “artistas”. Com esses trabalhos aprendemos muito mais sobre o Brasil, sobre riquezas, belezas e também problemas. Gostei MUITO!” – I. S. – 6ª “A”
2.3.8. Confecção da máscara representando o povo br asileiro
O objetivo da confecção da máscara foi perceber a “concepção”, a
“imagem”, ou seja, como o aluno identifica o povo brasileiro.
Através dessa atividade lúdica, pudemos analisar qual a percepção que
o aluno tem sobre o país onde vive, pois, na referida máscara ele deveria
demonstrar as principais características do povo do nosso país. Nesse
momento suscitamos uma discussão sobre a “identidade do povo brasileiro”, e
foi questionado qual é a verdadeira identidade do brasileiro, ou devido às
diferentes culturas, o Brasil possui várias identidades?
Para a realização dessa atividade propus a confecção de uma máscara
representando o povo brasileiro, como já citado anteriormente. Ao propor a
atividade deixei bem claro que os alunos deveriam ao confeccionar a sua
máscara representar a diversidade do povo brasileiro.
Essa atividade despertou o interesse e a criatividade dos alunos. As
máscaras ficaram bem coloridas. Os alunos confeccionaram as máscaras
utilizando papel sulfite, papelão, cartolina e massinha de modelar. As máscaras
também foram expostas nas dependências da escola.
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O objetivo proposto de retratar a diversidade do povo brasileiro foi
atingido, pois eles fizeram máscaras com diversos desenhos e imagens,
representando diversas características do nosso país.
É uma atividade merecedora de ser desenvolvida, pois os alunos
trabalham bem e os resultados são gratificantes. Também conduz o aluno a
realizar reflexões sobre o que caracteriza o nosso povo e como eles poderiam
representá-lo. Os alunos foram questionados sobre: o que seria importante
retratar ao confeccionar a máscara? Deveriam também estabelecer relações
com a realidade em que vivem, usando sua criticidade e aprendendo de uma
maneira diferente.
Essa atividade mobilizou os alunos, despertando o interesse, levando a
reflexão, desenvolvendo a criatividade. O aluno demonstra o seu aprendizado
de uma forma diferente, e o professor consegue avaliar o aprendizado do
aluno.
“Achamos muito legais as atividades, aprendemos bastante com elas; a professora explicou muito bem; a maioria das atividades falou bem sobre as características do Brasil. E na minha opinião entendemos bem mais quando a professora explica e quando ela faz atividades diferentes”. – A. N. 6ª “B”
Após a implementação que foi realizada no 1º semestre de 2009, na
qual foram realizadas as atividades relatadas anteriormente, sempre que
possível continuo inserindo atividades lúdicas no dia-a-dia de sala de aula.
Pretendo continuar sempre buscando alternativas para propiciar aulas que
despertem o interesse e o aprendizado dos alunos.
CONCLUSÃO:
Através da utilização do lúdico na educação, vários objetivos podem ser
atingidos, não só em curto prazo, mas também, objetivos de longo prazo, como
o desenvolvimento do raciocínio, do pensamento crítico, da criatividade, da
formação de indivíduos pró-ativos, que buscam soluções para as situações que
se apresentam.
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Devem-se propiciar em sala de aula, diversas situações que conduzam a
aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo. As atividades lúdicas mostram-
se como estratégias eficientes para que essas situações aconteçam. Atividades
que utilizam diversas linguagens, como a música, o teatro, a dramatização, o
desenho, a pintura, e tantas outras; aparecem como alternativas que devem
ser aproveitadas para o desenvolvimento das aulas, facilitando a compreensão
e aquisição de conhecimentos.
O principal objetivo deste trabalho concentrou-se em propor através da
utilização de atividades lúdicas uma metodologia para o ensino da Geografia
escolar, visando tornar a disciplina mais atrativa aos educandos; contribuindo
para a aprendizagem; desenvolvendo habilidades diversas; auxiliando-os na
construção do conhecimento e dos conceitos geográficos. Considero que esse
objetivo foi alcançado. Ao desenvolver o projeto, a pesquisa, as leituras
necessárias e a implementação do trabalho na escola, refleti sobre minha
prática pedagógica, ponderando nela os pontos positivos e negativos. O
desenvolvimento deste trabalho foi tão significativo que continuo, sempre que
possível desenvolvendo atividades que utilizam a ludicidade.
Após a participação no PDE (Programa de Desenvolvimento
Educacional), pretendo continuar em busca de novas alternativas, procurando
aprender sempre mais. Percebo a necessidade de que o professor invista em
sua formação constante, lendo, conversando com os colegas, pesquisando,
buscando alternativas variadas, recriando; melhorando sua prática em sala de
aula e a metodologia que utiliza para ensinar. As atividades lúdicas são
interessantes, constituem-se em uma alternativa viável, proporcionam busca,
promovem a criatividade contribuindo também para a formação do professor.
A utilização da ludicidade durante as aulas, para trabalhar conteúdos
específicos da Geografia mostrou-se uma estratégia eficiente para tornar a
disciplina mais encantadora e atrativa, incentivando os alunos à busca do
conhecimento.
A realização deste trabalho é uma contribuição para a discussão do
tema “atividades lúdicas”, que é muito amplo. Outros pesquisadores devem
retomar e ampliar as discussões sobre o assunto.
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