Atletas paraenses mostram superação

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GERAIS BELÉM, DOMINGO, 24 DE AGOSTO DE 2014 GERAIS BELÉM, DOMINGO, 24 DE AGOSTO DE 2014 ATLETAS PARAENSES seleção paraense paralím- pica de vôlei foi campeã do Campeonato Brasileiro da Série B, disputado recentemente em Aracaju. Os atletas da equi- pe fazem parte do Ídolos Sen- tados, projeto que, entre outros objetivos, incentiva a prática de exercícios e apoia pessoas com desejo de superação. Para o atle- ta Railson Piedade, 21 anos, a conquista provou que as pessoas com deficiência, apesar das difi- culdades, têm total possibilidade de superar limites e ir longe. “Fico muito feliz, porque com a vitória é uma resposta ao nos- so trabalho, nossa dedicação. O título vem para coroar o esforço de todos os atletas, que enfren- tam várias dificuldades para se tornarem campeões. Na minha vida de atleta, a maior dificulda- de é a falta de apoio do governo, pois nós precisamos de materiais esportivos, hospedagem, passa- gem. Já como pessoa, acredito que encaro menos problemas, de certo modo. O desafio, isso posso dizer com propriedade, é me deslocar pela cidade. Para ir aos treinos nos vários dias da semana, inclusive à noite, peda- lo uma bicicleta. As pistas não estão adequadas, os condutores de veículos não respeitam os ci- clistas nem os deficientes e tudo se transforma em desafio”, conta Railson Piedade. Railson usa uma prótese da perna esquerda, perdida duran- te um assalto há cinco anos. Na ESPORTE VIRA ALIADO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA A MOSTRAM SUPERAÇÃO ocasião, ele levou três tiros na perna, que atingiram uma arté- ria obrigando os médicos a fazer a amputação. Ainda segundo o atleta, os dias que se seguiram após o in- cidente foram os mais difíceis. A vontade de viver voltou quando o jovem descobriu o projeto Ído- los Sentados. “No final do ano passado, minha companheira e eu fo- mos abordados por um rapaz enquanto passeávamos por um shopping da cidade. Ele nos fa- lou sobre o esporte para pessoas sentadas, que o filho dele fazia e se sentia feliz com a ativida- de. Então, ele me convidou para conhecer o grupo durante um treinamento. Inicialmente não quis. Mas ele foi até a minha casa e me convidou de novo. Quando fui ao treino e vi o pessoal tam- bém com deficiência treinando, me senti bem e decidi participar. Desde então, resolvi entrar para o grupo e foquei nisso. Cada treino me motiva a viver mais e melhor, principalmente quando come- çamos a ganhar. Agora, quando olho para trás, vejo quantas con- quistas obtive depois que fiquei deficiente e me supero sempre”, revela Railson Piedade, que é es- tudante do ensino médio. O atleta Everton Guedes, 23 anos, que por conta de uma deficiência congênita não tem alguns dos dedos dos pés e das mãos, admite que as dificulda- des existem, mas lembra que nunca sentiu depressão. Ele des- taca que a deficiência não o im- pediu de ter uma vida normal. “Nasci com esse problema, não tive bloqueio psicológico nem emocional, minha família sempre me apoiou e me adaptei desde pequeno. Na adolescên- cia foi um pouco mais difícil, porque as pessoas ‘normais’ me olhavam meio estranho, mas não me sentia excluído não. A deficiência nunca me fez sentir fora das coisas que fazia e sem- pre levei a vida bem. Creio que como a vida de qualquer pes- soa, a minha também precisa de superação a cada dia”, ressalta Guedes, que trabalha como au- xiliar administrativo e mora em Ananindeua. Everton Guedes rememora que está há cinco anos no pro- jeto Ídolos Sentados e gostou da iniciativa desde o primeiro dia em que viu a equipe treinando. “Eu estava na fila de uma far- mácia e fui convidado por uma pessoa que estava lá. Fiquei in- teressado, aí ele me passou as in- formações sobre o treinamento. Desde a primeira vez gostei do projeto, me identifiquei e senti vontade de participar porque vi que todos ali eram iguais. Se eu tinha alguma vergonha, desde esse dia perdi. Minha felicida- de aumentou quando partici- pei de campeonatos regionais e nacionais e saímos vitoriosos. É muito legal mesmo. Isso dá mais incentivo porque temos o reco- nhecimento do nosso trabalho e faz com que continuemos, mas precisamos de mais apoio”, afir- ma. ATLETA ENCARA AS DIFICULDADES NUMA BOA n Atletas da seleção paraense paralímpica de vôlei conseguiram, através do esporte, superar os traumas e as limitações e, de KARLA NOGUEIRA/AMAZÔNIA n O ex-BBB Fernando Fernandes se transformou em um dos principais nomes do esporte paralímpico DIVULGAÇÃO CLEIDE MAGALHÃES Da Redação Cadeirante há 12 anos em consequência de uma lesão me- dular provocada por uma queda de 12 metros de altura, o trei- nador da equipe paralímpica paraense, Cleberson Menezes, graduado em Educação Física, conta que o grupo ainda não tem uma equipe multiprofissional a quem recorrer. Além dele, ape- nas o auxiliar técnico, Elias Via- na, cuida do time. “Não temos outro tipo de acompanhamento. O que faze- mos é conversar em grupo, um dá apoio ao outro para superar as dificuldades. O estímulo vem por meio do que os atletas con- quistam com o esporte: quali- dade de vida e sociabilidade. Isso os motiva. Acredito que é necessário ter uma equipe com vários especialistas, por isso nos recorremos a voluntários, mas é sempre difícil mais gente. Quan- do participamos de competições pelo Vôlei Paralímpico Brasileiro temos todo o suporte multipro- fissional”, afirma o treinador. Menezes explica que o projeto Ídolos Sentados, que hoje conta com 35 atletas entre 13 e 42 anos, começou com participação tími- da. “O projeto começou em 2008, com o professor Renato Oliveira, que faleceu há dois anos. Tinha somente um atleta, Marcos Ba- rata. A partir daí, fomos atrás e convidamos pessoas para trei- namento e criamos o projeto vol- tado para pessoas que têm defi- ciência nos membros inferiores e conseguem sentar. De lá pra cá, já obtivemos várias premiações. A mais recente delas aconteceu este ano com a conquista da Sé- rie B do Campeonato Brasileiro”, destaca. Isso, segundo ele, garantiu condições para classificar as duas equipes à Série A do Cam- peonato Paralímpico de Volei- bol, previsto para acontecer em Curitiba (MT), em novembro deste ano, e a competição da Sé- rie C, que poderá ser em Belém, em outubro de 2014. Além disso, a equipe vai realizar o Campe- onato Paralímpico de Voleibol Paraense. “Também sou deficiente, faço isso com orgulho junto a pessoas guerreiras, porque enfrentamos tantas dificuldades de desloca- mento e falta de maior apoio com material”, reforça o professor de Educação Física há 28 anos. Hoje, a Secretaria de Estado de Esportes e Lazer (Seel) cede o espaço para os treinos da equipe. Os treinos acontecem nas terças, quintas e sextas-feiras, das 19h às 21h, no Centro Integrado de Inclusão e Cidadania, na aveni- da Almirante Barroso, entre as travessas Barão do Triunfo e An- gustura, no Marco. A Secretaria de Esporte, Juventude e Lazer de Belém (Sejel) fornece alguns ma- teriais e roupas à seleção. Porém, o grupo precisa de mais atletas e apoiadores, e patrocínios. Con- tatos: 91 - 8822 0020 / 8265 0110. GRUPO TEVE UM INÍCIO TÍMIDO, MAS HOJE CONTA COM 35 INSCRITOS quebra, conquistaram a taça do Campeonato Brasileiro da Série B Na opinião de Cristiane Ca- luff, psicóloga com formação em Psicologia Hospitalar e Escolar, o Portador de Necessidades Es- peciais (PNE) não deve se abalar com as atitudes preconceituosas ou indiferentes de outras pessoas, mas precisa lutar pelos seus direi- tos e fazer com que sejam respei- tados. Na opinião dela, não existe dis- tinção para a superação de trau- mas quando se fala em idade. “É difícil superar traumas em qual- quer fase, seja na adolescência ou fase na adulta. O que vai realmen- te importar é a maneira como a pessoa vai lidar com a situação”, afirma a psicóloga, que trabalha com atendimento domiciliar com foco aos idosos. Para ajudar na superação de um trauma vivido que levou a pes- soa à deficiência física, a psicóloga explica que é necessário entender a realidade que se apresenta e tra- balhar de forma consciente para a superação da dificuldade e, neste caso, o papel da família é funda- mental. “A família é a base para o apoio necessário ao deficiente. Nela ele encontra amparo, incentivo, amor e auxilio emocional. Quan- to ao tempo não existe um prazo estipulado para a superação de traumas, cada indivíduo respon- de de uma maneira diferente ao evento traumático. Algumas pes- soas levam pouquíssimo tempo para superar, mas há pessoas que levam a vida inteira”, esclarece Cristiane Caluff. Na literatura, ela cita que exis- tem alguns autores que traba- lham bem esse tema como Julio F.P. Peres, que escreveu alguns livros e inúmeros artigos cientí- ficos, dentre eles “Promovendo resiliência em vitimas de traumas psicológicos”. Apesar das dificuldades, su- perar os limites e ser feliz são atributos que cabem não somen- te aos deficientes físicos, mas a todos os seres humanos. “Todos somos capazes de superar nossos limites, conquistar a felicidade e o sucesso. Para isso, devemos ter pensamentos positivos, encarar os problemas com serenidade e objetividade”. Cristiane Calluf lembra o atle- ta paraolímpico Fernando Fer- nandes, que antes de ser atleta, foi modelo e participou do reality show Big Brother Brasil, da Rede Globo. Fernandes superou o trau- ma de ficar paraplégico, conquis- tou várias medalhas e troféus na canoagem, além de participar de outros esportes. “Ele encontrou na família o apoio necessário para essa superação e no convívio com pessoas com as mesmas e até piores deficiências”. Por fim, na visão dela, o espor- te é uma das áreas em que exis- tem chances de ajudar na supera- ção de limites, entretanto, isso se dá também em atitudes simples e que passam despercebidas por muitas pessoas no cotidiano. “As grandes conquistas se dão real- mente nas pequenas atividades da vida diária como pentear os cabelos, escovar os dentes, levan- tar de uma cadeira, escrever seu próprio nome e outros”, conclui Caluff. INCENTIVO: APOIO DA FAMÍLIA É FUNDAMENTAL PARA VENCER O TRAUMA ORIENTAÇÕES PARA SUPERAÇÃO DE TRAUMAS: n Encarar de frente o fato ocorrido; n Evitar a autovitimização. As pessoas que ficam o tempo todo pensando em “isso é injusto” ou “não poderia ter acontecido comigo” levam mais tempo para investir na sua própria recupe- ração - o que favorece a continuidade da dor; n Existem várias fases pela quais a pessoa que sofreu o trauma irá passar. É importante fortalecer a confiança de que a dor será superada, encontrando exemplos que sirvam de apoio ou, em outros casos, procurar ajuda especializada; n Buscar conforto na religiosidade, respeitando suas crenças, pode aliviar o sofrimento; n Gerar novos objetivos de vida. Engajar-se em um novo projeto e tornar a própria experiência um veículo de propagação do bem tornam mais fácil superar o trauma; n Não responder ao trauma criando outro. Não se deve respon- der a uma situação de violência gerando mais violência. Exem- plo: quem deseja matar o assassino do filho pode ficar mais trau- matizado com seu próprio ato, que não aplaca a dor psicológica, mas a enfatiza; n Falar da dor, mas de forma adequada e com as pessoas certas. É preciso encontrar sentido para a superação do trau- ma. Buscar uma narrativa que sintetize os aprendizados de vida pode diminuir as expressões emocionais e sensoriais do trauma. Fonte: Orientações adaptadas da obra do autor Júlio F.P. Peres. n Seleção de vôlei se prepara para a disputa da Série A do Nacional KARLA NOGUEIRA/AMAZÔNIA n Equipe durante um dos treinos KARLA NOGUEIRA/AMAZÔNIA

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Série B, disputado recentemente em Aracaju. Os atletas da equi-pe fazem parte do Ídolos Sen-tados, projeto que, entre outros objetivos, incentiva a prática de exercícios e apoia pessoas com desejo de superação. Para o atle-ta Railson Piedade, 21 anos, a conquista provou que as pessoas com deficiência, apesar das difi-culdades, têm total possibilidade de superar limites e ir longe.

“Fico muito feliz, porque com a vitória é uma resposta ao nos-so trabalho, nossa dedicação. O título vem para coroar o esforço de todos os atletas, que enfren-tam várias dificuldades para se tornarem campeões. Na minha vida de atleta, a maior dificulda-de é a falta de apoio do governo, pois nós precisamos de materiais esportivos, hospedagem, passa-gem. Já como pessoa, acredito que encaro menos problemas, de certo modo. O desafio, isso posso dizer com propriedade, é me deslocar pela cidade. Para ir aos treinos nos vários dias da semana, inclusive à noite, peda-lo uma bicicleta. As pistas não estão adequadas, os condutores de veículos não respeitam os ci-clistas nem os deficientes e tudo se transforma em desafio”, conta Railson Piedade.

Railson usa uma prótese da perna esquerda, perdida duran-te um assalto há cinco anos. Na

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ocasião, ele levou três tiros na perna, que atingiram uma arté-ria obrigando os médicos a fazer a amputação.

Ainda segundo o atleta, os dias que se seguiram após o in-cidente foram os mais difíceis. A vontade de viver voltou quando o jovem descobriu o projeto Ído-

los Sentados. “No final do ano passado,

minha companheira e eu fo-mos abordados por um rapaz enquanto passeávamos por um shopping da cidade. Ele nos fa-lou sobre o esporte para pessoas sentadas, que o filho dele fazia e se sentia feliz com a ativida-

de. Então, ele me convidou para conhecer o grupo durante um treinamento. Inicialmente não quis. Mas ele foi até a minha casa e me convidou de novo. Quando fui ao treino e vi o pessoal tam-bém com deficiência treinando, me senti bem e decidi participar. Desde então, resolvi entrar para o

grupo e foquei nisso. Cada treino me motiva a viver mais e melhor, principalmente quando come-çamos a ganhar. Agora, quando olho para trás, vejo quantas con-quistas obtive depois que fiquei deficiente e me supero sempre”, revela Railson Piedade, que é es-tudante do ensino médio.

O atleta Everton Guedes, 23 anos, que por conta de uma deficiência congênita não tem alguns dos dedos dos pés e das mãos, admite que as dificulda-des existem, mas lembra que nunca sentiu depressão. Ele des-taca que a deficiência não o im-pediu de ter uma vida normal.

“Nasci com esse problema, não tive bloqueio psicológico nem emocional, minha família sempre me apoiou e me adaptei desde pequeno. Na adolescên-cia foi um pouco mais difícil, porque as pessoas ‘normais’ me olhavam meio estranho, mas não me sentia excluído não. A deficiência nunca me fez sentir fora das coisas que fazia e sem-pre levei a vida bem. Creio que como a vida de qualquer pes-soa, a minha também precisa de superação a cada dia”, ressalta Guedes, que trabalha como au-xiliar administrativo e mora em

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que está há cinco anos no pro-jeto Ídolos Sentados e gostou da iniciativa desde o primeiro dia em que viu a equipe treinando.

“Eu estava na fila de uma far-mácia e fui convidado por uma pessoa que estava lá. Fiquei in-teressado, aí ele me passou as in-formações sobre o treinamento. Desde a primeira vez gostei do projeto, me identifiquei e senti vontade de participar porque vi que todos ali eram iguais. Se eu tinha alguma vergonha, desde esse dia perdi. Minha felicida-de aumentou quando partici-pei de campeonatos regionais e nacionais e saímos vitoriosos. É muito legal mesmo. Isso dá mais incentivo porque temos o reco-nhecimento do nosso trabalho e faz com que continuemos, mas precisamos de mais apoio”, afir-ma.

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“Não temos outro tipo de acompanhamento. O que faze-mos é conversar em grupo, um dá apoio ao outro para superar as dificuldades. O estímulo vem por meio do que os atletas con-quistam com o esporte: quali-dade de vida e sociabilidade. Isso os motiva. Acredito que é necessário ter uma equipe com vários especialistas, por isso nos recorremos a voluntários, mas é sempre difícil mais gente. Quan-do participamos de competições pelo Vôlei Paralímpico Brasileiro temos todo o suporte multipro-fissional”, afirma o treinador.

Menezes explica que o projeto Ídolos Sentados, que hoje conta com 35 atletas entre 13 e 42 anos, começou com participação tími-da. “O projeto começou em 2008, com o professor Renato Oliveira, que faleceu há dois anos. Tinha somente um atleta, Marcos Ba-rata. A partir daí, fomos atrás e convidamos pessoas para trei-namento e criamos o projeto vol-tado para pessoas que têm defi-

ciência nos membros inferiores e conseguem sentar. De lá pra cá, já obtivemos várias premiações. A mais recente delas aconteceu este ano com a conquista da Sé-rie B do Campeonato Brasileiro”, destaca.

Isso, segundo ele, garantiu condições para classificar as duas equipes à Série A do Cam-peonato Paralímpico de Volei-bol, previsto para acontecer em Curitiba (MT), em novembro deste ano, e a competição da Sé-rie C, que poderá ser em Belém, em outubro de 2014. Além disso, a equipe vai realizar o Campe-onato Paralímpico de Voleibol Paraense.

“Também sou deficiente, faço isso com orgulho junto a pessoas

guerreiras, porque enfrentamos tantas dificuldades de desloca-mento e falta de maior apoio com material”, reforça o professor de Educação Física há 28 anos.

Hoje, a Secretaria de Estado de Esportes e Lazer (Seel) cede o espaço para os treinos da equipe. Os treinos acontecem nas terças, quintas e sextas-feiras, das 19h às 21h, no Centro Integrado de Inclusão e Cidadania, na aveni-da Almirante Barroso, entre as travessas Barão do Triunfo e An-gustura, no Marco. A Secretaria de Esporte, Juventude e Lazer de Belém (Sejel) fornece alguns ma-teriais e roupas à seleção. Porém, o grupo precisa de mais atletas e apoiadores, e patrocínios. Con-tatos: 91 - 8822 0020 / 8265 0110.

Grupo tEvE um início tímido, mas hojE conta com 35 inscritos

quebra, conquistaram a taça do Campeonato Brasileiro da Série B

Na opinião de Cristiane Ca-luff, psicóloga com formação em Psicologia Hospitalar e Escolar, o Portador de Necessidades Es-peciais (PNE) não deve se abalar com as atitudes preconceituosas ou indiferentes de outras pessoas, mas precisa lutar pelos seus direi-tos e fazer com que sejam respei-tados.

Na opinião dela, não existe dis-tinção para a superação de trau-mas quando se fala em idade. “É difícil superar traumas em qual-quer fase, seja na adolescência ou fase na adulta. O que vai realmen-te importar é a maneira como a pessoa vai lidar com a situação”, afirma a psicóloga, que trabalha com atendimento domiciliar com foco aos idosos.

Para ajudar na superação de um trauma vivido que levou a pes-soa à deficiência física, a psicóloga explica que é necessário entender a realidade que se apresenta e tra-balhar de forma consciente para a superação da dificuldade e, neste caso, o papel da família é funda-mental.

“A família é a base para o apoio necessário ao deficiente. Nela ele encontra amparo, incentivo, amor e auxilio emocional. Quan-to ao tempo não existe um prazo estipulado para a superação de traumas, cada indivíduo respon-

de de uma maneira diferente ao evento traumático. Algumas pes-soas levam pouquíssimo tempo para superar, mas há pessoas que levam a vida inteira”, esclarece Cristiane Caluff.

Na literatura, ela cita que exis-tem alguns autores que traba-lham bem esse tema como Julio F.P. Peres, que escreveu alguns livros e inúmeros artigos cientí-ficos, dentre eles “Promovendo resiliência em vitimas de traumas psicológicos”.

Apesar das dificuldades, su-perar os limites e ser feliz são atributos que cabem não somen-te aos deficientes físicos, mas a todos os seres humanos. “Todos somos capazes de superar nossos limites, conquistar a felicidade e o sucesso. Para isso, devemos ter pensamentos positivos, encarar os problemas com serenidade e objetividade”.

Cristiane Calluf lembra o atle-ta paraolímpico Fernando Fer-nandes, que antes de ser atleta, foi modelo e participou do reality show Big Brother Brasil, da Rede Globo. Fernandes superou o trau-ma de ficar paraplégico, conquis-tou várias medalhas e troféus na canoagem, além de participar de outros esportes. “Ele encontrou na família o apoio necessário para essa superação e no convívio

com pessoas com as mesmas e até piores deficiências”.

Por fim, na visão dela, o espor-te é uma das áreas em que exis-tem chances de ajudar na supera-ção de limites, entretanto, isso se dá também em atitudes simples e que passam despercebidas por muitas pessoas no cotidiano. “As grandes conquistas se dão real-mente nas pequenas atividades da vida diária como pentear os cabelos, escovar os dentes, levan-tar de uma cadeira, escrever seu próprio nome e outros”, conclui Caluff.

incEntivo: apoio da família é fundamEntal para vEncEr o trauma OrientAções pArA superAçãO de trAumAs:

n Encarar de frente o fato ocorrido;

n Evitar a autovitimização. As pessoas que ficam o tempo todo pensando em “isso é injusto” ou “não poderia ter acontecido comigo” levam mais tempo para investir na sua própria recupe-ração - o que favorece a continuidade da dor;

n Existem várias fases pela quais a pessoa que sofreu o trauma irá passar. É importante fortalecer a confiança de que a dor será superada, encontrando exemplos que sirvam de apoio ou, em outros casos, procurar ajuda especializada;

n Buscar conforto na religiosidade, respeitando suas crenças, pode aliviar o sofrimento;

n Gerar novos objetivos de vida. Engajar-se em um novo projeto e tornar a própria experiência um veículo de propagação do bem tornam mais fácil superar o trauma;

n Não responder ao trauma criando outro. Não se deve respon-der a uma situação de violência gerando mais violência. Exem-plo: quem deseja matar o assassino do filho pode ficar mais trau-matizado com seu próprio ato, que não aplaca a dor psicológica, mas a enfatiza;

n Falar da dor, mas de forma adequada e com as pessoas certas. É preciso encontrar sentido para a superação do trau-ma. Buscar uma narrativa que sintetize os aprendizados de vida pode diminuir as expressões emocionais e sensoriais do trauma.

Fonte: Orientações adaptadas da obra do autor Júlio F.P. Peres.

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