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TITULO DA PAGINA inicio dia 23 de abril at 23 de junho

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O LIVRO DE ATOS

Curso de MINTS

(Miami International Seminary)

Reverendo Julian Michael Zugg LLB (Hons) Barrister, M.Div.

APRESENTAOPREFCIO

INTRODUO

LIO 1. Uma Introduo ao livro de AtosLIO 2. Cristo estabelece a Sua Igreja em Jerusalm

LIO 3. A ascenso da perseguio contra a IgrejaLIO 4. A expanso da Igreja na Judia e na Samaria

LIO 5. Misso de Paulo na Galcia (Primeira viagem missionria)LIO 6. Misso de Paulo na Macednia - Acaia (Segunda viagem missionria)LIO 7. Misso de Paulo na sia / feso (Terceira viagem missionria)LIO 8. A priso de Paulo, defesa, viagem e chegada em RomaBIBLIOGRAFIA

MANUAL DE INSTRUES

INTRODUO

O objetivo desse curso proporcionar aos estudantes um conhecimento maior das Escrituras, e em particular do livro de Atos. O livro de Atos segue o Evangelho de Lucas com nfase no crescimento e no triunfo da Igreja. O livro de Atos um livro histrico do Novo Testamento e faz uma ponte para a compreenso das epstolas de Paulo.CONTEDO DO CURSOO curso dividido em oito lies. Ele traa a histria dos Atos desde o incio da Igreja at a primeira priso em Roma de Paulo. A primeira metade concentra-se na expanso do evangelho de Jerusalm a Samaria, principalmente atravs de Pedro. A segunda metade concentra-se na propagao do evangelho para os Gentios, principalmente atravs de Paulo.MATERIAL DO CURSOAs aulas expositivas representam o contedo completo do curso. Ser exigido dos alunos a leitura das aulas juntamente com as Escrituras. Os alunos tambm sero obrigados a ler os Atos de Marshall.OBJETIVOS DO CURSO- Estudar os Atos com os colegas de sala;- Adquirir conhecimento detalhado da histria e das lies dos Atos;- Desenvolver um entendimento profundo do trabalho de Deus nesse mundo;- Aumentar o conhecimento de como Deus lida com seus filhos;- Dominar o livro de Atos para ser capaz de us-lo na pregao, ensino, e aconselhamento pastoral;- Dominar o livro de Atos para compreender os antecedentes histricos das epstolas de Paulo.ESTRUTURA DO CURSO

Este curso foi organizado em oito aulas consecutivas. As aulas seguem o livro de Atos, e por isso devem ser estudadas em ordem.REQUISITOS DO CURSO1. Participar de quinze horas de aula.2. Fazer os exerccios de estudo da Bblia das oito lies.3. Ler o livro de Atos e a Mensagem dos Atos de Dennis Johnson.4. Escrever um sermo ou um estudo de plano de aula sobre um tema dos Atos com no mximo sete pginas ao nvel de bacharelado e doze pginas ao nvel de mestrado.5. Fazer os dois exames sobre os Atos, com base nas perguntas do final de cada lio.AVALIAO DO CURSO1. Participao (15%): um ponto ser dado pela presena do aluno em cada hora de aula.2. Dever de casa (40%): cinco pontos sero dados para a concluso das questes ao final de cada lio.3. Leitura (10%): os alunos ganharo crditos por completarem os exerccios de leitura.4. Tese (15%): os alunos iro preparar notas exegticas para um sermo / ensino.5. Exame (20%): os alunos sero examinados atravs de duas provas extradas das perguntas do final de cada lio.BENEFCIOS DO CURSO

O curso prover ao aluno os fundamentos do Novo Testamento, mostrando-lhes a histria do triunfo do Evangelho atravs da oposio e do sofrimento. Ser mostrado ao aluno como Deus trabalha neste mundo. LIO 1. UMA INTRODUO IGREJA1. Uma Introduo ao livro de Atos (Lucas 1:1-4, Atos 1:1-3)

Comearemos nosso estudo pelo Prlogo (Introduo) de Lucas e dos Atos.

Lucas 1:1: "Na medida em que muitos se comprometeram a compilar a narrao dos fatos que foram realizados entre ns, assim como aqueles que, desde o incio, foram testemunhas oculares e Ministros da palavra e que a ns transmitiram, pareceu-me bom escrever um relato ordenado a ti, excelente Tefilo, j que fui testemunha dos fatos no passado, e para que tenhas a certeza sobre as coisas que te foram ensinadas".

Atos 1:1: "No primeiro livro, Tefilo, fiz o primeiro tratado sobre tudo que Jesus comeou a fazer e a ensinar, at o dia em que foi recebido em cima, depois de ter ordenado aos Apstolos atravs do Esprito Santo, quem ele escolhera. Ele apresentou-se vivo para eles, depois do seu padecimento, por muitas e infalveis provas, durante quarenta dias, lhes falando sobre o reino de Deus".

Na Igreja primitiva, Lucas e o livro de Atos originalmente circularam juntos. Em um certo ponto Lucas juntou os Atos com os outros evangelhos e Atos tornou-se seu prprio documento, agindo como uma ponte entre os Evangelhos e as Epstolas de Paulo. Uma vez que Lucas e os Atos possuem o mesmo autor, e originalmente circularam juntos, Lucas-Atos uma narrativa estendida em duas partes (Atos 3-Bruce). Os dois prlogos nos ajudam a entender porque os Atos foram escritos. O primeiro concentra-se sobre a vida de Jesus e o segundo no estabelecimento do Reino. Bruce diz que "a ao de Deus oferece a salvao atravs de Jesus Cristo para Judeus e Gentios, criando assim um novo povo" (Atos 16). Ele observa que a ao de Deus que est relatada em toda a narrativa (20) e Atos 1:8, sendo o versculo tema: "Mas recebereis o poder do Esprito Santo, que h de vir sobre vs, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalm como em toda a Judia e Samaria e at aos confins da terra". E ser Deus que trar a realizao deste plano atravs da ao do Esprito Santo, dos anjos e dos milagres. Estes Atos so uma necessidade divina, feita em cumprimento das Escrituras (Testemunho dos Evangelhos, 22).

O livro de Atos um documento histrico e teolgico. As informaes histricas indicam que ele foi escrito no primeiro sculo. Lucas era um historiador completo e detalhista e tanto Bruce como Carson concordam que o "livro de Atos denotava um gnero ou um subgnero reconhecido entre os povos da Antiguidade, caracterizando livros que descreviam os grandes feitos de um povo ou de uma cidade" (285). O livro de Atos abrange um perodo de trinta anos, entre a morte de Cristo e sua ascenso at os anos 62 d.C (Carson 285).Lucas usou uma variedade de fontes. Ele disse que seguiu todos os fatos de perto por algum tempo e que teve acesso aos relatos de testemunhas oculares, "aqueles que foram, desde o inicio testemunhas oculares e ministros (Lucas 1:1-4)". Lucas tambm testemunhou pessoalmente muitos eventos. O pronome "ns" usado trs vezes nas sees em Atos, 16:10-17; 20: 5-21; 27:1-28, e indicam que Lucas estava com Paulo nesses momentos.Embora existam dvidas com relao validade histrica dos relatos de Lucas, ningum provou que a histria dos "Atos" estava incorreta. Lucas registrou os acontecimentos no livro de Atos de maneira detalhada, sendo minucioso na descrio de nomes, datas e eventos. Lucas era um historiador preciso e registrou os fatos a partir de seu prprio testemunho e de outras fontes.

Os Atos de Lucas foram escritos a Tefilo. No sabemos quem era ele. Podemos dizer que ele era culturalmente grego e, provavelmente, um romano importante. Ele era chamado de " excelente Tefilo" no prlogo de Lucas e de " Tefilo" nos Atos.

Quando os Atos eram parte de um nico documento com Lucas, ele no teve um ttulo prprio. A necessidade de se dar um nome aos Atos aconteceu quando os documentos foram divididos. A escolha do nome "Atos dos Apstolos" foi infeliz e inadequada e aconteceu aps um conflito entre a igreja e um herege do segundo sculo, chamado Marcio (c114), que tentou fundar uma igreja rival (Ferguson 685-686)2. O erro cometido por Marcio foi dizer que Paulo era o nico apstolo (Bruce, Atos 5). Em resposta a igreja deu o nome ao livro de "Atos dos Apstolos", salientando o plural da palavra, Apstolos. A escolha do nome no foi das melhores, j que Pedro e Paulo desempenharam um importante papel apostlico. Alm disso, Lucas estava mais preocupado com a obra de Deus e do Esprito Santo na Igreja, do que com as aes dos Apstolos. Palavras de abertura no Evangelho de Lucas: "O que Jesus continuou a fazer e a ensinar" (Lucas 1:1), resume o tema central e teria sido um bom ttulo para o livro,

2. Temas teolgicos chaves

Lucas no era somente um historiador preciso, mas tambm um telogo que escrevia dentro de um propsito teolgico. Ele escreveu seus relatos de forma a desenvolver trs temas teolgicos principais. Em primeiro lugar, Lucas salientou que Deus tem um plano para estabelecer o Reino de Cristo at s extremidades da terra. Os Atos nos mostram Deus trabalhando no seu plano na histria da humanidade. O segundo tema principal a oposio. Como o Evangelho segue adiante pelo mundo, a palavra de Deus, a Igreja, e os mensageiros enfrentam oposio. Em terceiro lugar, enquanto o livro de Atos no minimizava a oposio, os Atos salientavam que o Reino de Deus prevaleceria. Essa oposio no comprometeria o plano de Deus, mas sim, podemos ver que Deus usou a oposio para espalhar sua palavra at os confins da terra. No final, vemos que o plano de Deus foi cumprido enquanto que o Evangelho estava sendo espalhado pelo mundo. Por fim, Lucas escreveu os Atos como uma defesa, uma apologtica, contra judeus que acusavam o Evangelho de ser apenas uma heresia judaica e uma ameaa para o domnio romano.

Vamos considerar cada um desses temas teolgicos de forma mais detalhada.

2.1. Como a obra de Deus foi trabalhada 3

Em primeiro lugar, fica evidente que Lucas descrevia a obra de Deus no estabelecimento de seu reino. 4 Foi Deus quem conduziu e guiou seus apstolos e profetas; eles no agiram por conta prpria. Essa importante questo aparece em Atos 1:4-8, onde Cristo lhes ordenou que aguardassem at que o Esprito Santo lhes concedesse poder. Isso mostra que eles estavam sob a orientao de Deus e sendo preparados por ele para favorecer o seu o reino atravs da obra de Cristo. Atos 1:8 um versculo importante. Cristo falou aos apstolos que esperassem pelo Esprito Santo, pois ele os prepararia para que fossem testemunhas em Jerusalm e no exterior. Isto foi uma prova de que Deus havia ordenado para os apstolos que fossem sua testemunha. O reino de Deus e ele h de acontecer.

Squires (WttG 24-27) argumenta que os Atos descrevem a produo da obra de Deus (14:27, 15:4), de acordo com as Escrituras (1:16). Ele observa que Lucas disse: "que estas so coisas que deveriam acontecer" (26:22). No plano de Deus, Cristo e seu Reino permaneceram no centro do palco (2:22) e este plano teve a ajuda do Esprito Santo (1:8), dos anjos (1:10, 10:3) e dos milagres (14:3). Analisaremos um de cada vez.

A obra de Deus: Lucas e a Igreja primitiva estavam conscientes que os eventos em Atos mostravam as coisas que "Deus realizou entre ns" (Lucas 1:1, 2). Lucas acreditou que os eventos em Atos aconteceram de acordo com o plano de Deus. Paulo afirmou em Atos 14:27: "E quando eles chegaram e reuniram a Igreja, eles relataram sobre tudo que Deus fizera por eles, e como abrira a porta da f aos gentios". O plano de Deus descrito como sendo um cumprimento das Escrituras. Em Atos 1:16, Pedro afirma: "Irmos, a Escritura tinha que ser cumprida, conforme o que o Esprito Santo previamente falara pela boca de David acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam Jesus." Tambm em Atos 26:22 ele afirma: "At hoje eu tive a ajuda de Deus, e ainda permaneo aqui testemunhando tanto a pequenos e a grandes, no dizendo nada mais do que os profetas e Moiss disseram que devia acontecer". As coisas profetizadas na escritura deveriam ser cumpridas como uma necessidade divina. Em Atos 3:21, nos dizem que Jesus "deveria" permanecer no cu at o tempo da restaurao. Como os eventos do Novo Testamento seguiam o plano de Deus, era uma necessidade divina que estas coisas ocorressem.

O foco principal da obra de Deus seu filho Jesus Cristo, o Messias, que Deus ressuscitou dentre os mortos. Em Atos 2:22 Lucas registrou: "Homens de Israel, escutai estas palavras: A Jesus de Nazar, homem aprovado por Deus entre vs com maravilhas, prodgios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vs, como vs mesmos bem sabeis; este Jesus, que vos foi entregue pelo determinado conselho e prescincia de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mos de injustos; ao qual Deus ressuscitou, soltas as nsias da morte, pois no era possvel que fosse retido por ela".

Atos 1:4-8 indica que Cristo trabalhou atravs do Esprito Santo. Em Atos 1:8 Jesus prometeu que "Vs recebereis a virtude do Esprito Santo, que h de vir sobre vs; e sereis minhas testemunhas em Jerusalm e em toda a Judia e Samaria e at os confins da terra". O esprito o principal agente atravs das regras de Cristo.

O trabalho do Esprito Santo teve a assistncia do trabalho dos anjos. Em Atos 1:10 lemos: "E estando como os olhos fitos no cu, enquanto ele subia, eis que dois homens vestidos de branco se puseram entre eles". Anjos soltaram Joo e Pedro da priso (Atos 5:19, 20). Anjos soltaram Pedro da priso em Atos 12:11. Em Atos 10:3, um anjo disse a Pedro para ir a casa de Cornlio: "Na nona hora do dia, ele viu claramente numa viso um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia: Cornlio...". Anjos desempenharam um papel importante ajudando a Igreja em seus testemunhos.

Finalmente, Deus testemunha seu trabalho atravs de milagres. Em Atos 14:3 nos dizem: "E assim eles permaneceram por muito tempo, falando ousadamente acerca do Senhor, o qual deu testemunho palavra de sua graa, permitindo que por suas mos se fizessem sinais e prodgios". Deus realizou milagres para estabelecer seu novo trabalho.

Estes temas chave no livro de Atos salientam que a obra de Deus estava trazendo o Evangelho at os confins da terra. Ao ler o livro de Atos, voc ver que Deus usou estes meios para trabalhar no seu plano em cada seo do livro de Atos.

2.2. A oposio Igreja

Um segundo tema chave a oposio propagao do evangelho. Essa oposio comeou em Jerusalm e continuou ao longo do livro. Ela surgiu a partir de vrias grupos: dos Judeus que se opuseram a obra de Deus, dos Gentios que tambm se opuseram e at mesmo dos cristos judaicos que eram contra a propagao do evangelho para os Gentios.

2.2.1. Oposio Judaica

A primeira grande oposio mensagem surgiu a partir da liderana judaica. Inicialmente, o povo em Jerusalm aceitaram a mensagem do Evangelho, mas a liderana foi ameaada pelo poder e pela popularidade dessa mensagem. O Sindrio se ops ao ministrio de Pedro e Joo em Jerusalm, aprisionando-os e espancando-os. Sob a liderana judaica, Estevo foi apedrejado, e esta oposio dos judeus, liderada por Paulo dispersou a Igreja de Jerusalm. Nos primeiros dias depois de Pentecostes, o evangelho e a Igreja eram apoiadas no judasmo, mas rejeitados pela liderana judaica, particularmente pelo Sindrio.

Esta situao mudou com a disseminao do Evangelho na regio dos Gentios. Agora todos os Judeus se opunham mensagem de Paulo. Paulo foi perseguido por varias cidades e por cinco vezes recebeu as 40 chicotadas menos uma. Ele tambm foi apedrejado e deixado para morrer em Listra (Atos 14) e os Judeus continuaram a atacar constantemente o seu testemunho. Paulo e as novas igrejas enfrentaram grande oposio e elas foram relatadas em todos os Atos remanescentes.

2.2.2. A oposio dos cristos judeus

Oposio tambm surgiu dos judeus cristos dentro da Igreja. A propagao do evangelho para os Gentios era vista de forma preocupante pelos cristos judeus, os quais no tinham certeza se esta propagao era uma aberrao do judasmo ou algo novo de Deus que deveria ser aceito.

Pedro e Paulo enfrentaram esta oposio. Em Atos 10, Pedro levou o evangelho aosGentios tementes a Deus. Isso criou uma oposio por parte dos Judeus que acreditavam na circunciso. Lucas registrou essa oposio em Atos 11:1, "Agora os apstolos e os irmos que estavam na Judia e tambm os Gentios tinham recebido a palavra de Deus. Assim quando Pedro subiu a Jerusalm, foi criticado pelos que estavam na festa da circunciso, dizendo: Entrastes em casa de homens incircuncisos, e comestes com eles".

No existe muita clareza nas informaes relativas festa da circunciso, se ela era uma seita dentro do cristianismo ou se ela fazia referencia a toda a comunidade dos cristos judeus. Em todo caso, isso mostra que havia uma oposio real dentro da Igreja em relao evangelizao dos Gentios, j que eles no se tornaram judeus. Pedro foi forado a defender suas aes antes da reunio da Igreja, e tambm mais tarde, antes do Conselho Judeu. Embora a Igreja em Jerusalm no tenha feito objees, eles se reuniram e louvaram a Deus, 11:18. E isto no quer dizer que todos na Igreja os apoiavam. importante notar que a Igreja de Jerusalm no se envolveu realmente com a misso dos Gentios.

Da mesma forma, os Fariseus cristos fizeram oposio ao trabalho de Paulo dentro da Igreja. Aps a primeira viagem missionria de Paulo, os Judeus, os fariseus e os cristos foram de Jerusalm para Antioquia. Eles argumentavam que uma pessoa no poderia ser salva sem a circunciso (15:1). Em Atos 15:5, os cristos fariseus defenderam esta mesma posio no Conselho de Jerusalm. Embora o problema tenha sido resolvido, Paulo continuou a enfrentar oposio de dentro da Igreja de Jerusalm. Em Atos 21:21 (um evento que ocorreu no fim da carreira missionria de Paulo), Lucas registrou o aviso de Tiago a Paulo: "Eles tm dito sobre vs que estais a ensinar todos os judeus que esto entre os gentios abandonarem Moises, dizendo-lhes para no circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da lei." Isto revela que mesmo nesta fase final, os judeus cristos estavam desconfiados e declaradamente hostis (244).

A oposio dos cristos judeus resultou de mal entendidos e receios de que os padres morais dos judeus estivessem sendo deixados de lado e de que a igreja seria reformada pela cultura dos Gentios.

2.2.3 Oposio geral e os Gentios

Mais tarde quando o evangelho entrou em contato com o poder romano, Roma tornou-se a grande perseguidora e Paulo acabou sendo martirizado em Roma. A razo para essa oposio foi de que a igreja havia desafiado o estilo de vida pecaminoso daqueles que estavam em torno deles, qualquer Judeu ou Gentio. Os sacerdotes judeus estavam preocupados em perder sua posio. Eles estavam tambm com inveja do sucesso do Apstolo e preocupados com a Nao (Atos 3, Atos 5:17:5). Os judeus no gostavam de perder seus costumes e tradies, ou o seu sentimento de privilgio diante de Deus (Atos 7-Estevo, 14-Antioquia, da Pisdia, 17-Tessalnica). Paulo, antes de sua converso, ficou horrorizado que a Lei e Moiss estavam sendo rejeitados na suposta vinda do Messias. Os gentios estavam preocupados que seus dolos seriam destrudos (Atos 19:23ss). Os romanos se preocupavam que o Evangelho seria a rejeio final da lealdade a Roma e da adorao ao imperador. Com a propagao do evangelho, a pecaminosidade do homem ficou exposta e como consequncia, provocou a oposio.

2.3. A Igreja continuou a testemunhar e o plano de Deus foi cumprido

O terceiro tema era de que a Igreja continuava a testemunhar. Como uma apologtica para os Judeus, Lucas citou o prprio teste da verdade do fariseu lder, Gamaliel em Atos 4, argumentando que as coisas que Deus prometeu iriam acontecer; isto provou, de acordo com Gamaliel, que se tratava de uma nova obra de Deus em Israel. Quem rejeitasse ou lutasse contra os relatos do livro de Atos, estaria rejeitando Deus tambm.

A oposio ao evangelho ocasionou ainda mais oportunidade para se testemunhar. Quando Paulo perseguiu a Igreja, isso se espalhou e forneceu testemunhos, no apenas em Jerusalm, mas em toda a Judia e Samaria. Quando Paulo foi colocado na priso em Filipos, ele testemunhou para o carcereiro de Filipos e, alm disso, a sua deteno e priso em Cesaria em Atos 21, o levou a testemunhar para as autoridades judaicas e romanas. A oposio no impediu o testemunho do evangelho, em vez disso, a oposio, a deteno e o julgamento trouxeram ainda mais oportunidades para se testemunhar. Paulo resumiu este princpio em Filipenses 1:12: "E quero, irmos, que saibais que as coisas que me aconteceram contriburam para o avano do Evangelho, e que minhas prises por Cristo se tornaram conhecidas em toda a guarda imperial e por todos os lugares". Deus usou a oposio dos inimigos para proclamar ainda mais o seu testemunho.

As promessas de Deus estavam cumpridas. Em Atos 1:8 Jesus prometeu aos apstolos que eles seriam testemunhas de Jerusalm em Roma. Em Atos 28 apareceu que as promessas haviam sido cumpridas. Da mesma forma, o Senhor prometeu a Paulo que ele ira testemunhar em Roma dizendo: "Mas na noite seguinte o Senhor permaneceu diante dele e disse", tem bom nimo, Paulo; porque como testemunhastes por mim em Jerusalm, assim tu testemunharas tambm em Roma "(Atos 23:11). Apesar da chegada de Paulo em Roma ter sido inesperada e complicada, ele realmente conseguir chegar. Atravs de muitas labutas, perigos e armadilhas o evangelho se espalhou em todo o mundo. Ele comeou em Jerusalm e se difundiu at Roma, que era o centro do Imprio e do mundo conhecido. As ltimas palavras no livro de Atos ditas por Paulo foram:" Pregando o Reino de Deus e ensinando com toda a confiana as coisas que dizem respeito ao Senhor Jesus Cristo, ningum o impediu ". (Atos 28:31)

2.4. Apologia de Lucas e Paulo para os Romanos

Um quarto tema em Atos uma apologia, uma defesa dos cristos contra a idia dos judeus e romanos que alegavam que o cristianismo era uma ameaa. Aproximadamente 25% do livro de Atos aborda este tema e 50 % de todos os discursos registrados de Paulo em Atos so aqueles feitos em sua prpria defesa. Para os Judeus, Lucas salientou que a ressurreio era uma doutrina judaica; e que a esperana judaica que era consistente com o ensinamento dos Fariseus (23: 6-9). Para os Romanos, Lucas mostrou que Paulo no era um revolucionrio que desejava derrubar o governo da poca . Lucas dedicou um quarto do livro de Atos a este propsito (18:14, 23:29, 28:17).

3. Estruturas de tpicos e marcadores literrios do livro de Atos

Existem vrias maneiras de dividir o livro de Atos. Uma estrutura clara e simples apresentada em Atos 1:8 acima, no qual o Evangelho vai de Jerusalm, (captulo 1-8), a Judia e Samaria (captulos 9-12) e at os confins da Terra (13-28). O livro de Atos tambm podem ser divididos em duas partes. A primeira parte fala de Pedro em Jerusalm, Judia e Samaria (Atos 1-12) e a segunda parte fala de Paulo levando o evangelho de Jerusalm para Roma (Carson 13-28). Carson tambm observa que Lucas usou uma srie de marcadores chaves. Em cada seo Lucas leva o leitor atravs de ambientaes geogrficas e culturais distintas e termina cada seo com um breve resumo sobre o crescimento da Igreja (Atos 6.7, 9:31, 12, 24, 16:5, 19:20) e (Carson 286). Esses recursos fornecem interrupes naturais na narrativa do livro de Atos. Inclu tambm um esboo padro para o livro de Atos feito por Hendricksen.

A obra de Jesus Cristo na extenso da Igreja.

(1-12) I - A extenso da Igreja em e a partir de Jerusalm

(1-7) A - Em Jerusalm1. A ascenso de Cristo. Escolha de Matias para substituir Judas. O derramamento do Esprito Santo. Resultados: (1,2)

2. Prodgios e sinais; particularmente a cura do mendigo coxo (3:1-4:31).

3. Testemunhos e partilha voluntria; tambm a perverso no caso de Ananias e Safira (4:32-5:11).

4. Conquista de almas; o rpido crescimento da Igreja, o que resultou em perseguio, priso dos doze e o martrio de Estevo, o que provocou um maior crescimento do evangelho (5:12-7:60).

(8-12) B - De Jerusalm, em toda Judia e Samaria e regies vizinhas1. Trabalhos missionrios de Filipe (8).

2. Converso de Saulo (9:1-30).

3. Trabalhos missionrios de Pedro (9:31-11:18).

4. Os resultados destes trabalhos: o crescimento posterior da Igreja, o que resulta em mais perseguies: o martrio de Tiago, filho de Zebedeu e a priso de Pedro (11:19-12:25).(13-28) II - A extenso da Igreja de Antioquia, atravs de trabalhos de Paulo A. Primeira viagem missionria de Paulo e o Conselho de Jerusalm (13:1-15:35).

B. Segunda viagem missionria (15:36-18:22).

C. Terceira viagem missionria (18:23-21:16).

D. Paulo em Jerusalm e Cesaria (21:17-26:32).

E. Viagem a Roma, a chegada e a primeira priso romana (27.28).

(Hendrickson 402.403)

CONCLUSO

O livro de Atos descreve como Deus estabeleceu sua Igreja no mundo. Isso deveria ser um encorajamento para ns tendo em vista que os propsitos de Deus iro acontecer. Isso mostra ainda que a obra de Deus acontece de maneiras inesperadas. Por exemplo, a oposio e o sofrimento de Paulo e o da Igreja so parte do plano divino de crescimento da Igreja de Deus. A oposio no impediu o testemunho da Igreja; Deus usou a oposio para promover a sua causa.

RESUMO

O livro de Atos compem a segunda metade do livro de Lucas. Os Atos mostram como o plano de Deus para levar o Evangelho ao mundo foi cumprido. A obra de Deus no mundo no foi recebida somente pela oposio liderada pelos judeus, mas pelos gentios e pela Igreja propriamente dita. E apesar desta oposio, o plano de Deus atravs de Cristo, pelo poder do Esprito, e auxiliado pelos milagres e anjos foi bem sucedido.

LIO 1. Questes: 1. Por que Atos so chamados Atos dos Apstolos? Trata-se de um bom nome?

2. Explique o que queremos dizer com o plano de Deus em Atos. Cite um versculo chave.

3. Qual o papel Esprito no plano de Deus?

4. Explique o surgimento e a natureza da oposio judaica ao evangelho.

5. Todos os Judeus cristos eram favorveis misso de Paulo e dos Gentios?

6. Por que Roma ameaava o Cristianismo?

7. Como a Igreja primitiva em Jerusalm reagiu perseguio?

8. Qual a estrutura de tpicos do Hendrickson para captulos 1-7 dos Atos?

9. Qual a estrutura de tpicos do Hendrickson para captulos 8-12 dos Atos?

10. Qual a estrutura de tpicos do Hendrickson para captulos 13-28 dos Atos?LIO 2 - CRISTO ESTABELECE SUA IGREJA EM JERUSALM1. A misso do Rei ressuscitado em Jerusalm (1:1-11)O livro de Atos comea falando sobre o Cristo Rei ressuscitado delegando aos seus discpulos uma misso.

"No primeiro livro, Tefilo, fiz o primeiro tratado sobre tudo que Jesus comeou a fazer e a ensinar, at o dia em que foi recebido em cima, depois de ter ordenado aos Apstolos atravs do Esprito Santo, quem ele escolhera. Ele apresentou-se vivo para eles, depois do seu padecimento, por vrias provas, durante quarenta dias, lhes falando sobre o reino de Deus. E, estando com eles, determinou-lhes que no se afastassem de Jerusalm, mas para esperar a promessa do Pai, que ele disse: Ouvistes falar de mim? Porque Joo batizou com gua, mas vs sereis batizados com o Esprito Santo, no muito depois destes dias. Portanto quando eles se reuniram, perguntaram-lhe: Senhor, restaurars tu neste tempo o reino a Israel? E disse-lhes: No vos pertence saber os tempos ou as estaes que o Pai estabeleceu pelo seu prprio poder. Mas recebereis a virtude do Esprito Santo, que h de vir sobre vs; e sereis testemunhas, tanto em Jerusalm como em toda a Judia e Samaria, e at aos confins da terra. E, enquanto dizia isto, e eles o vendo, foi elevado s alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no cu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram: Homens Galileus, por que estais olhando para o cu? Esse Jesus, que dentre vs foi retirado de ti para o cu, h de vir do mesmo modo como o vistes ir para o cu".

Jesus permaneceu com seus discpulos os quarenta dias depois da ressurreio. Ele lhes ensinou sobre o Reino de Deus. Seu Ministrio inaugurou o Reino e os discpulos foram instrudos continuar dando o testemunho desse reino at os confins da terra. O conjunto do livro de Atos refere-se expanso do Reino de Deus. Os Atos comeam com uma discusso sobre a vinda do Reino e termina com Paulo em Roma, falando sobre o Reino de Deus. Isso est declarado em Atos 28:30: "A viveu dois anos inteiros na sua prpria habitao que alugara, e congratulou-se com todos os que vieram a ele, pregando o Reino de Deus e ensinando com toda a confiana as coisas que dizem respeito ao Senhor Jesus Cristo, sem nenhum impedimento". O Reino explicitamente mencionado em Atos 1:3, 8:12, 14:22, 19:8, 20:25, 28:23, 31 e o Reino implicitamente mencionado quando se diz que Jesus era chamado o Cristo, o Rei Messias.

Bruce comenta sobre a relao entre o reino e pregao em Atos afirmando: "O Reino ou a pregao dele concebida segundo os acontecimentos da vida, morte e ressurreio de Jesus e para proclamar estes fatos de modo adequado, pregar o Reino de Deus. O Reino j est aqui, porque Cristo veio e os discpulos iro proclam-lo... esta pregao deve incluir o juzo final e o retorno de Cristo" (Atos 10:42, 17:31, 11; Mateus 6:10).

Em resumo, o livro de Atos o livro do testemunho e da expanso do Reino de Deus (Bruce, Atos 32, 33).

Jesus ordenou os discpulos a esperar at que o Esprito Santo se manifestasse, at que eles fossem "vestidos com o poder do alto". O comando de espera do Esprito um exemplo de um outro tema fundamental em Atos. Em primeiro lugar, os discpulos estavam agindo sob a orientao de Jesus e de Deus. Em segundo lugar, apenas pelo poder do Esprito que eles poderiam realizar seu trabalho. Eles no poderiam e no deveriam tentar realizar o trabalho por conta prpria. E foi Deus quem lhes enviou e lhes preparou para atingirem o sucesso.

O derramamento do Esprito Santo no dia de Pentecostes faz um paralelo com o prprio batismo de Jesus e a capacitao dada pelo Esprito para o cumprimento do ministrio de Cristo. Assim como Jesus tinha sido ungido com o poder do Esprito Santo, tambm seus seguidores deveriam ser ungidos da mesma forma e habilitados a prosseguir o trabalho de Cristo (Bruce Atos 36). A Igreja hoje deve sempre lembrar que ela somente ter sucesso, se ela for conduzida e orientada por Cristo.

Cristo ento, ascendeu nas nuvens do cu. E no podemos pensar que so nuvens de chuva; mas sim, devemos consider-las como nuvens de glria, uma manifestao do "Shekhinah" (presena de Deus) do Velho Testamento. No Antigo Testamento, Deus se revelou a Israel atravs das nuvens (ex. 28:2). No xodo, os Israelitas foram liderados por uma coluna de nuvens e fogo e uma "nuvem de glria" desceu sobre o tabernculo, indicando para Moiss e para Israel que Deus estava presente. Mais tarde a glria do "Shekhinah" desceu sobre o Templo de Salomo. As nuvens so mencionadas por trs vezes na vida de Cristo. Primeiro, a presena do pai foi manifestada por uma nuvem brilhante na Transfigurao (Mateus 17:2, 5). Segundo, na ascenso, Jesus subiu s nuvens (Atos 1:9). E em terceiro, como dito no verso seguinte, h referncias frequentes de que Cristo apareceria pelas nuvens junto com os santos anjos: "Eis que ele est chegando com as nuvens e todo olho ir v-lo, mesmo aqueles que o perfuraram e todas as tribos da terra se lamentaro por causa dele. Assim sendo. Amm" (Rev. 1:7).

Os discpulos ento, esperaram em Jerusalm (1:12-14). Eles escolheram Matias para substituir Judas, e, portanto, o nmero de discpulos voltou para doze. O interessante que todos os doze apstolos foram nomeados, mas apenas Pedro, Tiago, Joo e Paulo, desempenharam um papel significativo no livro de Atos. Nos primeiros captulos, vemos Pedro e Joo juntos em Atos 3 (Cura do cego), Atos 5 (a deteno, a priso e a pregao no Templo) e em Atos 8 (Indo para Jerusalm), porm em todos os casos, Pedro o orador principal. Joo s mencionado novamente depois em Atos 8.

Existem indcios de que o predomnio de Pedro era percebido quando ele agia em nome de todo o Grupo. Isso pode ser verdade em sees anteriores, pois na seo posterior Atos 10, Atos 15 e Glatas 2, Pedro parece agir de forma independente.

O Apstolo Joo desempenhou um papel de apoio em Atos 5. No relato de Lucas, Tiago, o irmo do Senhor, desempenhou um dominante papel no Conclio de Jerusalm e em Glatas 2. Paulo considerava Tiago como um dos pilares da Igreja de Jerusalm. Pedro quase no foi mencionado depois de Atos 12, quando a Igreja comeou a se expandir na regio dos Gentios.

Lucas tambm mencionou que outras pessoas alm dos apstolos estavam presentes. Em Atos 1:14 ele disse que os discpulos estavam "juntamente com as mulheres e Maria, a me de Jesus e seu irmo". Isso foi encorajador. Sabemos que os irmos de Jesus no acreditavam nele quando estava vivo. Em Joo 7:5 nos dizem: "Pois nem mesmo seus irmos acreditaram nele". Mas sua me e seus irmos somente acreditaram nele depois da ressurreio.

2. O Dia de Pentecostes: o derramamento do Esprito Santo (Atos 2)

As palavras de Jesus foram cumpridas no derramamento do Esprito Santo no Dia de Pentecostes. O trabalho do Esprito foi testemunhado em trs eventos: vento impetuoso e forte, lnguas de fogo e a habilidade de se falar outras lnguas dadas Igreja para a proclamao das obras poderosas de Deus (57 Johnson).

2.1. A interveno sobrenatural de Deus (2:1-4)

"Quando chegou o dia de Pentecostes, todos estavam juntos em um s lugar. E de repente veio do cu um som como de um veemente e impetuoso vento, e encheu toda a casa onde estavam todos assentados. E lnguas repartidas como de fogo foram vistas, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Esprito Santo, e comearam a falar em outras lnguas, conforme o Esprito Santo lhes concedia que falassem".

A festa de Pentecostes se deu no quinquagsimo dia aps a colheita. Na prtica o perodo de 50 dias comeou no primeiro domingo depois da Pscoa. O Dia de Pentecostes tambm chamado de Festa das Semanas (ex.34: 22a, Deuteronmio 16:10) e tambm de Dia dos Primeiros Frutos (Nm 28:2).5 O esprito veio como um vento que "encheu a casa". No Antigo Testamento, vento e fogo indicavam uma Teofania, a revelao de Deus no Antigo Testamento. O fato de Lucas ter dito que o Esprito veio desta forma mostra a sua divindade (2 Samuel 22:16; Ezequiel 13:13; Ex. 3:2-5, 19:18; Lucas 3:16). O Esprito veio e habitou entre o povo; a Igreja comeou um novo perodo na vida de Deus com seu povo. Em Gnesis 2, Deus soprou em Ado, e ele estava vivo. Deus prometeu que faria o mesmo com Ezequiel 37. Em Atos 2 mostra o cumprimento dessa promessa. Deus soprou em seu povo atravs do Esprito. A partir deste momento, o povo de Deus, o Esprito Santo, o Templo de Deus e a nova criao estavam unidos.

Lnguas de fogo caram sobre os discpulos (2:3). Elas anunciaram a presena de Deus, assim como os relmpagos e o fogo sobre a montanha no Sinai e tambm sobre a tenda de reunio durante as viagens dos Israelitas (ex.19: 16, 40:34, 48). Agora cada fiel tinha uma lngua de fogo indicando que cada um era um templo, e que cada um possua o Esprito da glria e de Deus (Johnson 59).

E assim, a partir desse momento o Esprito Santo passou a ser o motor principal no livro de Atos. Como j se pode observar, a linguagem e o lugar de batismo, citado em Lucas e nos Atos revelavam uma ligao clara entre o batismo de Jesus na realizao do seu trabalho e o batismo dos discpulos na realizao do deles. Alm disso, existia uma ligao entre o derramamento do Esprito em Pentecostes com o derramamento do Esprito ocorrido com Moiss e com os ancios de Israel, citado em Nmeros 11:26. Em "Nmeros", nos dito que o Esprito Santo descansou sobre Moiss como um mediador da Antiga Aliana. Em seguida, para ajud-lo em seu trabalho, o Esprito Santo que j havia repousado sobre ele foi colocado sobre 70 ancios (Nm. 11:17). Dessa maneira, esses ancios profetizaram e dois deles, Eldad e Medad que no estavam com Moises, tambm profetizaram (Nm.11: 26). Moiss disse que desejava que o Esprito Santo repousasse sobre todo o povo (Nm. 11:29), e no apenas nos ancios. Esse evento foi tipolgico, e como uma previso, ele foi cumprido no dia de Pentecostes. O Esprito estava sobre Cristo, o mediador da Nova Aliana (Lucas 3:22 4:1, 18). O Esprito, ento foi derramado sobre os seus discpulos. E uma vez que Cristo possua o Esprito sem medida, este foi derramado com mais vigor sobre os discpulos e diante de toda a Igreja (2:17, 18). O "Profeta maior do que Moiss" havia chegado (Deuteronmio 18:15).

2.2. "Cheio" do Esprito Santo

Lucas relatou que os discpulos estavam "cheios" do Esprito. Ele usou a palavra "cheio" de vrias maneiras diferentes. A palavra pode indicar o trabalho inicial de Deus diante dos homens. Em Atos 2, isto se refere ao inicio da vinda do Esprito Santo Igreja no dia de Pentecostes. Lucas menciona que Paulo recebeu o Esprito Santo na sua converso (9:17). O termo "cheio" tambm era usado quando o Esprito Santo descia sobre algum a fim de prepar-lo para realizao de um ato especfico de Deus. Em Lucas 1:5 nos dizem que Jesus recebeu o Esprito Santo. Pedro recebeu o Esprito para que pudesse continuar seu testemunho (4:8, 11; 13:9). A idia de se "receber" o Esprito Santo tambm aponta para a continuidade da vida do Esprito Santo na Igreja (EF 5:18) (Marshall, Atos 69).

Lucas usou tambm outras palavras para descrever a forma como o Esprito Santo desceu e habitou a Igreja. Jesus disse que seus discpulos seriam "batizados" pelo Esprito Santo (1:5, 11:16). Ao Esprito lhe foi dito para ser "derramado" em Atos 2:17ss, 10:45 e ser "recebido" pelos Gentios em Atos 10:48. importante ressaltar que Lucas usou a palavra batismo para o recebimento inicial do Esprito, e nunca para uma recebimento posterior (Marshall, Atos 69). Se ns vamos falar sobre o Esprito Santo, importante sermos precisos em quais termos vamos utilizar e o que eles significam. Grandes confuses ocorreram por causa do uso incorreto das palavras. Nas lies posteriores iremos ver outras maneiras que Lucas falou sobre o Esprito Santo.

Inicialmente, o poder do Esprito Santo habilitou os discpulos a falarem em outros idiomas, que poderiam ser entendidos por pessoas de todo o imprio. H um grande debate sobre isso, mas percebemos que as Escrituras no nos contam muito sobre o fato. Mas sabemos que as lnguas eram linguagens humanas (2:6, 8). Tambm sabemos qual o propsito das lnguas: Deus permitiu aos homens de falarem diferentes lnguas para que as pessoas de todo o Imprio pudessem ouvir sobre as poderosas obras de Deus (2:11).

2.3. Pentecostes lana as bases da Igreja (2: 7-11) 6

O derramamento do Esprito no dia de Pentecostes sobre os discpulos lanou as bases da Igreja.

E eles ficaram surpresos e admirados, dizendo: "No so Galileus todos estes que esto falando? E como possvel ouvir, a cada um, na nossa prpria lngua materna? Partos e medos, elamitas e os que habitavam na Mesopotmia, Judia, Capadcia, Ponto e sia, Frigia e Panflia, Egito e partes da Lbia, junto a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como proslitos, Cretenses e rabes, todos ns temos ouvido em nossas prprias lnguas falar das grandezas de Deus".

Embora os eventos tenham ocorrido em Jerusalm, as pessoas presentes viam de cada parte do mundo romano. A ao de Deus no dia de Pentecostes significava que os apstolos haviam testemunhado para os judeus de Jerusalm e para cada parte do Imprio Romano. O dia de Pentecostes e a pregao de Pedro significavam que o testemunho do Evangelho se tornara internacional. 7

2.4. Tipos de pessoas no livro de Atos

No versculo 10 Lucas relatou que judeus e proslitos, no princpio, testemunharam o derramamento do Esprito. Ao longo do livro, Lucas falou sobre diferentes grupos religiosos e culturais. Eles sero mencionados medida que avanamos neste estudo. Nos versculos 7-9 Lucas falou sobre judeus, proslitos, tementes a Deus e posteriormente falou sobre os Gentios.

Judeus se referem queles que nasceram judeus. Proslitos eram os Gentios que se tornaram judeus e mantiveram a f completa. Havia trs coisas que um Gentio deveria fazer para se tornar um proslito: ser circuncidado, realizar o auto batismo diante de testemunhas e oferecer um sacrifcio em Jerusalm (Bruce 58). A terceira classe era a dos tementes a Deus, gentios religiosos que temiam a Deus, mas que ainda no haviam dado o primeiro passo para se tornarem um proslito.

3. Sermo de Pedro no Dia de Pentecostes (2:14-39; 3:12-26)

3.1 Uma viso geral da primitiva pregao apostlica

Nesta seo vamos examinar o sermo do dia de Pentecostes feito por Pedro, mas devemos observar que embora o sermo tenha sido singular como o primeiro sermo de Pentecostes, este sermo foi um dos cinco principais sermes no livro de Atos. So eles: Pedro no dia de Pentecostes (Atos 2) Pedro no templo (Atos 3), defesa de Estevo (Atos 7), Paulo em "Pisdia" - Antioquia (Atos 13) e a defesa de Paulo em Atenas (Atos 17). Os sermes de Pedro, Paulo e Estevo aos judeus seguiram um padro semelhante. Quando falavam aos judeus, cada um deles usava a mesma estrutura, mas a ordem exata usada por eles para falar de cada assunto provavelmente foram diferentes. Esse estilo semelhante mostra que existia um mtodo comum usado na evangelizao judaica no livro de Atos (Bruce, Atos 63).8

A estrutura bsica era:

1. Eles alegavam que a "Idade do cumprimento" havia chegado.

2. Falavam da proclamao do Ministrio, Morte e Triunfo de Cristo.

3. Eles alegavam o apoio das Escrituras do Velho Testamento.

4. Eles terminavam com um chamado f e ao arrependimento.

3.2 A Pregao de Pedro no Dia de Pentecostes e em Jerusalm

3.2.1 Corrigindo a confuso - A Declarao do ltimo Dia

Atos 2:14-15: "Mas Pedro, pondo-se de p com os onze, levantou sua voz e lhes disse: Homens da Judia e todos os que habitam em Jerusalm, que isto seja notrio a vs, e escutai as minhas palavras. Para aqueles que no esto bbados, como vs pensais, uma vez que apenas a terceira hora do dia".

Pedro comeou corrigindo a zombaria dos muitos que o ouviram. Alguns ouviram e acreditaram nas grandes obras de Deus (2:11), mas a doao do dom das lnguas criou uma confuso entre a multido. E assim, Pedro passou a corrigir o pensamento deles. 9

Pedro observou que os apstolos no estavam bbados, pois ainda no era a terceira hora do dia. Na cultura judaica, o dia judaico comea na alvorada, a terceira hora correspondia aproximadamente s 9:00 horas do nosso tempo, a sexta hora correspondia s 12:00 horas e a nona hora s 15:00 horas. Uma vez que se faz referencia terceira hora, isto significava 9:00 horas da manh.

Pedro explicou que estes sinais mostravam que as promessas de Deus estavam sendo cumpridas. Nos versos 16-21, ele ressaltou como estes eventos contriburam para o cumprimento das promessas de Deus feitas para Joel.

"Mas isso foi proferido pelo Profeta Joel: E nos ltimos dias acontecer, Deus declara: Que do meu Esprito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizaro, os vossos jovens tero vises e os vossos velhos tero sonhos. E tambm do meu esprito derramarei sobre os meus servos e minhas servas naqueles dias, e profetizaro; E mostrarei prodgios nos cus e sinais na terra, sangue e fogo e colunas de fumaa. O sol se converter em trevas e a lua em sangue, antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor. E acontecer que todo aquele que invocar o nome do Senhor ser salvo".

Pedro citou a Septuaginta (LXX). Ele modificou a frase-chave "naqueles dias" para "nos ltimos dias" para salientar que a profecia de Deus fora cumprida e que o trabalho do esprito por meio de sinais e prodgios havia testemunhado que os ltimos dias haviam chegado. Joel disse: "meu Esprito", no singular, ele ser derramado, indicando que se referia ao Esprito Santo, o qual fora derramado sobre toda carne. O Esprito havia chegado e feito da Igreja a sua residncia.

No fica claro, porm, a quais sinais csmicos Pedro estava se referindo (o mesmo palavreado utilizado em Rev. 6:12). A morte de Jesus foi um sinal assim como o sinal da escurido que cobriu a terra, mas em outra parte das Escrituras, esses sinais esto particularmente relacionados com o perodo do fim dos ltimos dias (Marshall 74).

De acordo com a profecia de Joel, a vinda dos ltimos dias significa que o Dia do Juzo Final havia chegado. O dia do Senhor no Antigo Testamento foi o dia no qual Deus chegaria para julgar a terra. A profecia de Joel indicava que, embora o julgamento havia sido anunciado, ainda havia uma oportunidade para o arrependimento e misericrdia. "Todos os que invocarem seu nome (Deus) sero salvos". E ainda que os ltimos dias estejam prximos, este ser um dia de graa at que Cristo venha novamente uma segunda vez.

3.2.2. O pecado de Israel (23-24)

E tendo explicado sobre o Esprito Santo, Pedro passou a falar sobre Cristo, mostrando o pecado de Israel na rejeio do Messias deles.

"Homens de Israel, escutai estas palavras: Jesus de Nazar, homem aprovado por Deus entre vs com poderosas obras, prodgios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vs, como vs mesmo bem sabeis; A este que vos foi entregue pelo determinado Conselho e prescincia de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mos de injustos (2:22-23)".

Pedro mostrou aos homens de Israel o pecado deles. Mesmo Jesus tendo mostrado quem ele era, atravs de poderosos sinais e prodgios, os judeus, deliberadamente rejeitaram o Messias. A culpa deles era clara. Pedro, ento, continuou a falar que esta rejeio e morte de Jesus faziam parte do plano de Deus. Deus provou que Jesus era o Messias atravs da reivindicao e da ressurreio do prprio Jesus.10

3.2.3. A prova da "Messianidade"

Pedro por fim, acabou por provar que Jesus era o Messias. A morte no pde segurar Jesus. As Escrituras claramente nos dizem que o Messias seria ressuscitado dentre os mortos. (Salmos 16:8-11; 2:32) Jesus ressuscitou e, portanto, ele era o Messias (Marshall 76). Pedro alegou tambm que o derramamento do dom do Esprito Santo mostrou que Jesus era o Messias (2:33-36).11

3.2.4 Os ttulos dados a Jesus

Pedro nos conta sobre a nova posio de Jesus atravs de dois termos bblicos poderosos: "Ele est sentado direita de Deus", o que indica uma posio de poder e supremacia, e "A ele foi dado um nome acima de qualquer outro". Este ltimo ttulo equipara Jesus a Deus.

Em Atos 3 e 4, Pedro usou outros ttulos importantes para se referir Cristo no seu sermo e ainda em sua defesa. Vamos examinar brevemente cada um:A. O servo do Senhor (Deus) (3:13, 26; 4:27, 30) Isso vincula Jesus, em seu sofrimento de morte e sua subsequente ressurreio aos Cnticos do servo de Isaas 52:13-53.12B. O Santo e o Justo (3:14). O ttulo de Santo aparece em Salmos 116:6; Aaron e Elias tambm foram chamados de Santos (2 Reis 4:9, Mk. 1:24). Pedro tambm usou esse ttulo, o Santo como seu nome prprio, e ele ainda usou para mostrar a relao especial de Jesus com o pai. (pode ser uma referencia a Isaas 53:11).

C. O Prncipe da vida (3:15) (ver 5:31 e Hebreus 12:2 indicando a fonte, autor e lder da vida).

D. Um profeta maior que Moiss. uma referencia da promessa feita em Deuteronmio 18:15, onde se fala que Deus se tornaria um profeta maior que Moiss.

E. Aquele que "Todos os profetas predisseram". uma descrio geral de que todos os profetas aguardavam ansiosos por Cristo.

F. O SENHOR (ver Bruce, Paulo 76). A palavra Senhor uma referncia ampla e geral para algum em autoridade; no entanto, na Septuaginta, a palavra Senhor usada em nome de Deus. Neste caso, Pedro usou o ttulo de Senhor, para atribuir divindade Cristo.

3.2.5 O comando para Israel: Arrependimento e Batismo

Pedro fez duas exigncias, ou melhor, uma exigncia com dois aspectos: Israel teria que se arrepender do pecado e ser batizada. Esse pecado era, em particular, a rejeio do Messias. A segunda exigncia era: o batismo "em nome de Cristo". Isso significava, na verdade, colocar a f deles em Jesus, o que somente poderia ser feito se Israel acreditasse que Jesus era o Messias. Paulo salienta uma relao entre f e batismo em Romanos 10:9 e 1 Corntios 12:3. Nestas passagens percebemos a ligao da profisso de f com o batismo. Marshall argumenta que f e batismo ou arrependimento e f so duas faces da mesma moeda. A posio de Calvino era de que a f vem antes, produzindo o arrependimento em seguida (Marshall, 81). Israel foi chamada a se arrepender, a crer e a ser batizada em Jesus assim como, Cristo e Messias.13

A promessa foi feita para eles e para seus filhos. E ela pode ser lida luz da promessa na ampla aliana feita a Abrao, David e toda a Israel. Deus nunca foi um mero Deus de indivduos isolados; ele era o Deus de Israel e incluiu tambm as geraes ainda por vir. A promessa no se limitou a Israel apenas, mas foi sempre para todas as Naes (Gn. 12:1-3). Marshall a viu como uma referncia para a promessa de Isaas 57:19 e Efsios 2:13, 17 (81).

4. O estabelecimento e a natureza da Igreja (Atos 2:41-47; 4:32-37, 5:12-16)

A descida do Esprito Santo em Pentecostes e a pregao de Cristo levaram formao e ao estabelecimento da primitiva Igreja. Vamos primeiro considerar o crescimento da Igreja e, em seguida, veremos a natureza desta nova comunidade centrada em Cristo e cheias de Esprito Santo. Em resumo, a Igreja cresceu de maneira muito rpida, formando uma nova e distinta comunidade, ou seja, uma comunidade baseada em Cristo e no Esprito Santo, e marcada por dois pilares principais: amor e santidade.

4.1 O crescimento da Igreja

A Igreja primitiva cresceu rapidamente. Atos 2 relata que os apstolos desfrutaram de um poderoso ministrio acompanhado por sinais e prodgios (2:43, 3:1-10, 5:1-11) o que levou a um rpido crescimento. Lucas escreveu: "E foram batizados aqueles que receberam a sua palavra e naquele dia agregaram-se cerca de trs mil almas (2:41)". A pregao de Pedro levou converso de 3.000 pessoas. A Igreja foi estabelecida rapidamente, o nmero de fiis aumentou de 3.000 (2:41-7) para 5.000 (Atos 4:4). E continuando a crescer, vemos em Atos 5:14: "E mais do que nunca os crentes foram se agregando ao Senhor, multides de homens e mulheres". O aumento do numero de adeptos foi impressionante se levarmos em conta a populao total de Jerusalm, que na poca variava entre 25.000 a 250.000. Marshall 14 declara que a populao estimada ficava entre 55.000 e 95.000. Assumindo que o numero correto era de 100.000, ento 1 em 20 pessoas eram crentes.15 O clima era de alegria, energia, coragem e um senso de unio e amor (4:32-37). E rapidamente, uma nova comunidade se formou.

4.2. A natureza da Igreja (2:42-47; 4:32-37, 5:1-12)16

Lucas salientou tambm a natureza da nova comunidade criada pelo Esprito. Deveramos estudar isso com muito cuidado, como mostra Lucas, tanto o que possvel, bem como, fornecendo um modelo para os fiis e da Igreja hoje.

1. Cristo estava formando uma nova comunidade. As converses individuais eram importantes para Lucas, e ele mostra que a obra de Cristo no dia de Pentecostes levou formao de uma nova comunidade crist. O relato de Lucas uma manifestao prtica da teologia de que Cristo era a cabea sobre o corpo; de que os cristos eram todos os membros de um corpo juntos; de que no h santificao fora do corpo e de que separar algum do seu corpo seria coloc-lo para fora da obra de Cristo neste mundo (Ef 4).

2. Lucas ressaltou as seguintes caractersticas desta nova comunidade:

"E eles se dedicaram doutrina dos Apstolos e Irmandade na diviso do po e s oraes. E o temor veio sobre toda a alma e muitas maravilhas e sinais eram realizados atravs dos Apstolos. E todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. E vendiam seus bens e pertences e distribuam os proventos para todos, pois todos tinham necessidade. E dia a dia, frequentando o templo juntos e repartindo o po em suas casas, eles receberam a comida com prazer e de corao, louvando a Deus e caindo na graa de todo o povo. E o senhor acrescentou Igreja, dia a dia, aqueles que haveriam de se salvar (2:42-47)".

Lucas identificou quatro elementos principais. No primeiro deles, a Igreja era dedicada doutrina dos Apstolos. O ensinamento de Jesus como Messias estruturava e protegia a comunidade. A Igreja estava fundamentada na teologia.

O segundo elemento a irmandade da comunidade. Essa irmandade se manifestava em atividades conjuntas, em reunies, na comunho mesa e na diviso dos bens. A fraternidade entre eles era um compromisso do grupo. E estava vinculada aos ensinamentos, s refeies conjuntas, s oraes e ainda s doaes em comum. Lucas aborda sobre isso em Atos 2, mencionado acima e ainda faz um extenso relato em Atos 5. Em Atos 2, nos dizem que os discpulos tinham tudo em comum. E Lucas explica melhor sobre isso em Atos 5. Aqui se fala que aqueles que tinham posses deveriam doar aos discpulos para que fossem distribudos para aqueles que tinham necessidade (Atos 5). No havia nenhuma exigncia no sentido de que todos os bens dos fiis fossem reunidos a fim de ser tornar membro da Igreja; pelo contrrio, como Pedro disse a Ananias: "Cada pessoa continua a possuir seus prprios bens e as doaes sero feitas de acordo com a necessidade". Marshall declara: "Cada pessoa mantm seus bens disposio dos outros para serem usados conforme a necessidade" (84).17 No havia necessidade de uma reunio das mercadorias para fazerem parte da comunidade (Atos 5:4). Barnab um bom exemplo desta prtica (4:36, 37) e Ananias demonstra como este princpio foi corrompido (5:1-11).

O terceiro elemento a diviso do po (Santa Ceia), que passou a fazer parte da refeio normal (1 Corntios 11:17ss).

A caracterstica final salientada por Lucas era a de que fiis se reuniam diariamente para as oraes. E isso acontecia numa casa ou no templo. Nesta fase os cristos ainda eram aceitos pelas autoridades e tinham acesso ao templo. E provavelmente, eles ainda no tinham percebido qual era a implicao de Jesus cumprindo os preceitos do Velho Testamento. Eles se encontravam em pblico, no templo e nas casas uns dos outros. Eles faziam a adorao com ao de graas e evangelizao. Neste momento eles desfrutavam o favor de todos, incluindo os sacerdotes (Atos 6:7) e os Fariseus (Atos 15:5), muitos dos quais acabaram por se converter. Esta situao pacfica continuou at o incio da perseguio judaica.

4.3. A Santidade da Igreja

O ocorrido com Ananias e Safira mostrou a necessidade da existncia de uma santidade dentro dessa nova comunidade.

O pecado desses dois membros da Igreja, Ananias e Safira, mostram um engodo, pois eles mentiram, fingindo doar Igreja mais do que realmente tinham. Pedro, pelo poder do Esprito, teria exposto isso. E assim, a natureza espiritual do evento ficou evidente. Ananias disse ter sido guiado por Satans a mentir contra o Esprito Santo, que Deus. Safira disse ter sido testada pelo Esprito Santo. Bruce menciona que esse evento faz referencia ao momento quando Israel testou o esprito no deserto.

Esta foi a primeira vez que Lucas usou a palavra "Igreja" em Atos. Tanto os milagres quanto os sinais mostraram a glria e a seriedade da Igreja e da obra de Deus. As obras de Deus deveriam ser levadas a serio. A Igreja de Deus deveria ser sagrada. Lucas tambm nos lembra que os problemas e as dificuldades poderiam surgir dentro da Igreja ou mesmo fora dela (ver o aviso de Paulo em Atos 20:30).

CONCLUSO

Antes da ascenso, Jesus passou 40 dias com os discpulos e lhes ensinou sobre o Reino de Deus. Ento, o esprito foi derramado sobre eles no dia de Pentecostes. No mesmo dia, o Esprito habilitou Pedro para uma poderosa pregao. E atravs da pregao de Cristo e do esprito, uma nova comunidade se formou.

RESUMO

Lucas comeou a delegar autoridade aos discpulos em Jesus. Ele lhes ordenou que aguardassem o Esprito. O Esprito chegou e veio acompanhado por poderosos sinais e prodgios. Pedro pregou, explicando para o povo em Jerusalm que os milagres eram um sinal de que os ltimos dias haviam chegado. Ele pregava que Jesus era o Messias, provando isso atravs dos textos do Velho Testamento. Em seguida, ordenou aos judeus a se arrepender e a serem batizados em nome de Jesus. Muitos acreditaram e a Igreja cresceu rapidamente em Jerusalm e nas regies vizinhas. LIO 2. Questes:1. O que Jesus ensinou aos seus discpulos nos 40 dias antes de sua ascenso?

2. O que eram as lnguas e por quem foram ouvidas?

3. De acordo com Joel, o que representava "falar em outras lnguas".

4. O que significa a expresso: ser "cheio de Esprito"?5. De acordo com Pedro, qual era a culpa de Israel?

6. Quais foram as duas coisas que Pedro ordenou a Israel?

7. De acordo com Pedro, o que comprovou a messianidade de Jesus?

8. O que significa o ttulo "Senhor" de Jesus?

9. Como a pregao de Pedro foi eficiente em Jerusalm? D alguns exemplos.10. Cite quatro pontos principais da Igreja primitiva.

LIO 3. A ORIGEM DA PERSEGUIO

A rpida disseminao do Evangelho em Jerusalm provocou uma perseguio por parte das autoridades judaicas. No incio, o sacerdcio dos apstolos no templo (4:33; 5:12, 13) e em Jerusalm era poderoso e acompanhado por muitos sinais e prodgios. O testemunho se espalhou em toda Jerusalm e depois para as cidades vizinhas (5:14-16). Os nmeros de discpulos continuaram a crescer em mais de 5.000. A Igreja cresceu rapidamente. Houve temor e admirao. Jerusalm estava sendo virada de cabea para baixo.

O crescimento rpido da Igreja levou perseguio. A perseguio comeou de maneira gradual e foi aumentando ao longo do tempo. Inicialmente o Sindrio pediu a Igreja para no falar em nome de Jesus (4:18). Com o contnuo testemunho da Igreja, a perseguio aumentou. Lucas relata que o Sindrio aprisionou os apstolos (5:18), bateu nos discpulos (5:28), e matou Estevo (Atos 7). Saulo (mais tarde chamado de Apstolo Paulo) levou dio e espalhou a perseguio da Igreja em Jerusalm e Judia (8:3). Em resposta, a Igreja orou por ousadia e coragem para a continuidade dos testemunhos. Mais adiante, a perseguio fez com que toda a Igreja, exceto os Apstolos, fosse forada a se dispersar para Judia e Samaria (8:1ss). E com a Igreja disseminada, ela deu seu testemunho.

Essa lio tem trs partes. Na primeira, vamos analisar a perseguio Igreja pelas autoridades judaicas em Jerusalm. Na segunda, vamos analisar a perseguio e a morte de Estevo, na Sinagoga dos Homens Livres e na terceira, analisaremos a ecloso da perseguio por parte de Paulo.

1. Primeiras perseguies pelas autoridades judaicas em Jerusalm

O Evangelho espalhou-se rapidamente atravs da pregao dos discpulos no templo em Jerusalm. As autoridades judaicas contestavam este ensinamento feito em nome de Jesus. Lucas aponta dois incidentes, em particular. No primeiro, em Atos 3:4, as autoridades se opuseram pregao de Pedro depois que ele curou um cego. No segundo, em Atos 5, as autoridades reagiram aos poderosos sinais e prodgios feitos em nome de Jesus por Pedro no templo e em toda Jerusalm (5:12, 13ss). Vamos analisar um de cada vez.

Na nona hora (15:00 h do nosso tempo) Pedro curou um cego na frente do bonito porto do templo. Pedro explicou o evento, dizendo-lhes que o homem foi curado em nome de Jesus. Pedro e Joo, em seguida, foram presos e encarcerados durante a noite. No dia seguinte, os saduceus, os sacerdotes e os escribas questionaram Pedro e Paulo. E eles proibiram os discpulos de pregar e ensinar em nome de Jesus. Os discpulos se recusaram a aceitar a proibio e desafiaram os sumos sacerdotes dizendo-lhes: "Julgai por si mesmos se justo, diante de Deus, ouvir a vs antes, do que a Deus, vos deveis julgar, porque no podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido". (4:19, 20). Os discpulos ento, saram e oraram pedindo coragem, e continuaram seu sacerdcio por Jerusalm.

Com a continuao da propagao do evangelho, os sumos sacerdotes e o Sindrio18 encheram-se de inveja (5:17). Em Atos 5, eles prenderam os apstolos, ordenando-lhes a no mais pregar e ento foram espancados (o espancamento seria de 40 chibatadas menos uma, que era a punio que o Sindrio ou os funcionrios da sinagoga judaica poderiam aplicar). No segundo incidente, Gamaliel, um lder fariseu, teve cautela em esperar e ver o que seria feito.19

Observemos o seguinte:

1. A perseguio surgiu quando a populao ficou afetada de maneira significativa pela evidencia dos sinais e dos prodgios e pelo poderoso testemunho. Os sinais estavam claros para todos, at mesmo para o Sindrio. Em Atos 4 nos dito: "Eles viram o homem que foi curado de p ao lado deles, eles no tinham nada a dizer em contrrio".

2. Ainda que os sinais e os milagres fossem inegveis, as autoridades rejeitavam a mensagem de Cristo que vinha inserida neles.

3. A perseguio comeou de maneira gradual, mas foi crescendo ao longo do tempo, e esse crescimento comeou a ameaar as estruturas do poder judaico existente.4. A Igreja endureceu sua posio ao longo do tempo. Inicialmente, Pedro disse s autoridades que tudo tinha sido feito na ignorncia. "E agora, irmos, eu sei que vocs agiram em ignorncia, assim como fizeram tambm as regras (3:17)". Isso demonstra a grande graa de Deus, porm implica tambm na existncia de um fim para a ignorncia, at o ponto em eles agiriam por uma desobedincia intencional.

2. Estevo e os Helenistas (6:1, 8-15, 7:1-57)

A perseguio se intensificou, no inicio, com a ascenso do helenista Estevo. Os judeus ficaram divididos entre Hebreus e Helenistas. Ambos eram judeus, porm os Hebreus eram na sua maioria de Jerusalm e eram os mais rigorosos entre as duas seitas. As Escrituras eram lidas por eles em hebraico e eles falavam e faziam a adorao em Hebraico. (Paulo era um exemplo dessa seita mais rigorosa: Em Filipenses 3:4-7, ele chamava a si mesmo um hebreu entre os Hebreus.) Os Helenistas eram judeus gregos que liam, falavam e adoravam em grego. Eles foram mencionados pela primeira vez em Atos 6:1-8, no que diz respeito questo da distribuio para as vivas. Os judeus helensticos, que vinham de um mundo diferente em relao aos judeus hebrastas, entenderam as implicaes do evangelho de uma maneira mais clara do que os Hebrastas.

Estevo era um judeu helnico e foi um dos escolhidos para ajudar na questo da distribuio. Nos dizem que ele era cheio de Esprito, cheio de f e sabedoria, fazia prodgios e sinais. E tambm que pregou de maneira sabia e poderosa na Sinagoga Helenista dos Homens Livres onde judeus da Cyrenia, Alexandria, Cilcia e sia faziam a sua adorao.

2.1 A situao

Lucas escreveu o seguinte:

"E Estevo, cheio de f e sabedoria, fazia grandes maravilhas e sinais entre o povo. E ento, levantaram alguns que eram da Sinagoga chamada Sinagoga dos Homens Livres (Cireneus, Alexandrinos e da Cilcia e da sia), e disputaram com Estevo. E no foram capazes de resistir sabedoria e ao Esprito do qual falava. Ento eles secretamente induziram os homens a dizer: Ouvimos ele proferir palavras blasfemas contra Moiss e contra Deus. E excitaram o povo, os ancios e os escribas; e investindo contra ele, o tomaram e o levaram ao Conselho. E apresentaram falsas testemunhas que disseram: Este homem no cessa de proferir palavras blasfemas contra este lugar sagrado e a lei; porque ns o ouvimos dizer que esse Jesus de Nazar h de destruir este lugar e mudar os costumes que Moiss nos deu. Ento, todos aqueles que estavam sentados no Conselho, fixaram os olhos nele, e viram o seu rosto como o rosto de um anjo (Atos 6:1-8)".

Estevo foi um poderoso orador, um pensador incisivo e claro cuja pregao desafiava posio tradicional judaica do momento, a qual no poderia ser rejeitada.20 Depois da sua pregao ter sido rejeitada na Sinagoga, homens foram induzidos a afirmar que ele havia proferido blasfmias. Alguns homens da Sinagoga dos Homens Livres incitaram as pessoas, apresentando-lhes testemunhas falsas e, ento o levaram at o Conselho, o Sindrio, o tribunal religioso mais poderoso da poca.

2.2 As acusaes

Embora as acusaes fossem falsas, elas sintetizavam a essncia da pregao de Estevo. O sermo de Estevo falava sobre a questo teolgica fundamental daquele tempo e particularmente sobre o papel da lei, sobre o templo, sobre Moises e sobre a posio de Israel no plano de Deus. Nas leis de Moiss, Taylor (9) afirma que a posio de Estevo era de que "a Lei de Moiss era para ser absorvida e substituda por um sistema espiritual duradouro e que um estrangeiro, deveria entender essa leis melhor do que aqueles que eram de Jerusalm". Conybeare (57) tambm observa que o sermo de Estevo atacou as duas partes mais sagradas da tradio judaica: a lei e o templo.

2.3 O sermo

O sermo de Estevo o mais antigo registrado no livro de Atos. E ele importante, pois ajuda a compreender o pensamento judaico (e mais tarde at o do cristo judaico em Glatas e Atos 15) contra a propagao do cristianismo aos gentios.

O sermo apresentava quatro argumentos principais. O primeiro se concentrou na idia de que a graa de Deus no estava limitada a um lugar determinado. E Estevo salientou que, no passado, Deus viajou com seu povo e os guiou. A obra de Deus jamais permaneceu limitada a uma s localidade. E isso significava que esse novo trabalho de Deus, o levaria para fora de Israel. O segundo, baseado no primeiro argumento, afirmava que o plano de Deus para Israel era sempre temporrio. Mas que o plano maior de Deus era abenoar toda a terra. O terceiro argumentava que o plano tinha sido cumprido em Cristo e que, portanto uma nova era havia comeado. O quarto argumento mostra que no passado, toda a Israel havia resistido vontade de Deus. Eles estavam mais uma vez rejeitando a sua cristandade.21

Em seu sermo Estevo escolheu figuras histricas e momentos importantes da histria de Israel. Comeou falando sobre Jos desenvolvendo o argumento de que Israel havia sempre rejeitado os profetas de Deus, "E os patriarcas, tomados pela inveja, venderam Jos para o Egito. Mas Deus estava com ele e o livrou de todos os seus problemas". Depois ele salientou que Israel tambm rejeitou Moises (7:23-29, 7:35): "Este Moiss, o qual haviam rejeitado, dizendo: Quem te fez um governante e juiz? Este foi quem Deus enviou para ser um governante e um libertador pela mo do anjo que lhe aparecera no bosque". E disse, ainda, ao rejeitarem Moiss, eles tambm rejeitaram o Cristo (7:9)".

Estevo concluiu o seu sermo em Atos 7:51declarando: "Homens de dura cerviz e incircuncisos de corao e ouvido! Vs sempre resistis ao Esprito Santo; assim vs sois como vossos pais. A qual dos profetas vossos pais no perseguiram? E mataram aqueles que anunciaram a vinda do Justo, e de quem agora vs fostes traidores e assassinos, vs que recebestes a lei por ordenao dos anjos, e no a guardastes".

O argumento de que Israel havia sempre rejeitado seus lderes importante para se combater o argumento de que Jesus no poderia ser o Messias. Cada um dos grandes discursos em Atos argumentava que a verdadeira razo do Messias ter sido rejeitado e pendurado na Cruz foi porque os judeus o rejeitaram. Jesus era o Messias, mas os judeus cometeram um pecado quando o rejeitaram e o crucificaram (2:36, 4:10, 5:30 e 10:39).

Em segundo lugar, Estevo salientou que Deus no estava vinculado a um s lugar (7:44-50). Nos versculos 33 e 34, ele j havia afirmado que a terra sobre a qual estava Moises era sagrada, e a terra de Israel no era. Ele declara que primeiros padres adoraram a Deus no Tabernculo no deserto, e no no Templo de Jerusalm. Mesmo quando Salomo construiu um Templo, Deus no viveu em templos construdos com as mos (47). Estevo citou Isaas 66:1, 2 e 1 Crnicas 16:39 para lembr-los de que o cu o verdadeiro trono de Deus, no o trono terrestre em Jerusalm.

Falando assim, Estevo estava atacando a idolatria do templo judeu, ou seja, a idia de que, enquanto tivermos o templo, Deus estar conosco, no importando se obedecermos a ele ou no. Esse tipo de pensamento j havia ocorrido anteriormente na histria de Israel. Em 1 Samuel 3 e Jeremias 7:4, os profetas alertaram as pessoas sobre como no confiar em palavras idoltricas. "No confie em palavras mentirosas dizendo: Templo do Senhor, Templo do Senhor, Templo do Senhor este" (Jeremias 7:4).

2.4. Consequncias da defesa de Estevo

Os Judeus reagiram defesa de Estevo com dio e raiva. Atos 7:54 declara: "E ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus coraes seus dentes rangiam seus dentes contra isso. E uma multido levou Estevo para fora da cidade e ele foi apedrejado. Esse fato aparece em Deuteronmio 17:2-7. Enquanto Estevo era apedrejado, os judeus colocavam suas roupas aos ps de Saulo, que estava presente no local.

2.5. Estevo, o primeiro mrtir

A morte de Estevo representou o primeiro modelo de mrtir que havia nascido para testemunhar a f em Deus, na primitiva Igreja. Nos dizem que seu rosto resplandecia, o que seria uma referencia glria de Shekhinah (presena de Deus) do seu povo. Se isso era verdade, ento, pode-se afirmar que a glria do templo, no estava mais no templo, mas sim no verdadeiro povo de Deus, ou seja, na Igreja. A glria havia sado do templo, e agora estava no povo de Deus, seu novo templo.

Lucas declara que Jesus estava de p e pronto para receber Estevo. E essa posio (em p) foi considerada importante, j que existia a referencia de um Cristo sentado no cu, em seu trono, e vendo o seu trabalho ser feito. Neste caso, porm, quando Cristo viu que seu servo estava sendo martirizado por sua causa, ele j estaria pronto para receb-lo.

"E enquanto Estevo era apedrejado, ele clamava por Deus, dizendo: Senhor Jesus recebe o meu esprito. E pondo-se de joelhos, clamou em voz alta: Senhor no lhes impute esse pecado e depois de dizer isso, adormeceu. (Atos 7: 59-60)".

E Estevo orou, primeiro para si mesmo e depois orou pelo seu povo. Embora ele tenha dito palavras duras para seus opositores, ele com ternura e sinceridade desejou a salvao deles. As oraes de Estevo foram respondidas. Cristo lhe recebeu e Estevo adormeceu com Cristo. Quanto aos seus inimigos, Paulo se converteu. E muitos comentaristas dizem que a converso de Paulo se deu atravs do testemunho fiel de Estevo e s suas oraes. Mais tarde, a prpria pregao de Paulo seguia o mtodo de Estevo: uma reviso histrica (mtodo) e como contedo (a lei e a idia de que o templo no salva). Alguns comentaristas especulavam ainda que Paulo usou, os relatos de Lucas como fonte para a sua pregao. E em Atos 7:60, Lucas usou o termo adormecer no lugar de morte em 1 Tessalonicense 4:13.

2.6 O catalisador da grande perseguio

Aps a morte de Estevo surgiram grandes surtos de oposio Igreja. A igreja de Jerusalm se espalhou e somente os apstolos permaneceram em Jerusalm. Lucas nota o papel desempenhado por Paulo, no evento da morte de Estevo, se tornando um lder na perseguio da Igreja. Em Atos 8:1-3, Lucas fez uma ligao entre os dois eventos: "E tambm Saulo consentiu na morte dele. E fez-se naquele dia uma grande perseguio contra a igreja que estava em Jerusalm; e todos foram dispersos pelas terras da Judia e de Samaria, exceto os apstolos. E uns homens piedosos foram enterrar Estevo, e fizeram sobre ele grande pranto. E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na priso".

3. Saulo como um perseguidor

Em Atos 8, Saulo era o ponto central da perseguio de Israel ao cristianismo. Para se entender o papel de Paulo consideraremos Atos 8, 9 e 26, assim como tambm declaraes autobiogrficas de Paulo mostradas em Glatas 1:13, 1 Corntios 15:9ss e 1Timoteo 1:13ss.

3.1 Paulo e Estevo

Lucas falou sobre Paulo em Atos 8: mostrando que ele consentia na morte de Estevo. Bruce (Atos 69) argumenta a partir de Deuteronmio 17:7 que se tratava de um ato oficial e formal. "Donnelly" sugeriu que ele era mais do que apenas uma testemunha passiva. possvel que Estevo fosse um supervisor em nome do Sindrio.

3.2. Paulo e a perseguio geral

Saulo foi o agente principal entre os Atos 7 e 8. Em Atos 7 observamos Saulo como um supervisor da perseguio de Estevo. Em Atos 8, Saulo empreendeu a perseguio de toda a Igreja em Jerusalm e nas cidades da Judia. Lucas usou uma linguagem forte para descrever a perseguio de Saulo. Ele afirmou: Paulo fez "estragos", entrando em "cada casa" e em "muitas sinagogas", arrastava as pessoas e os encerrava na priso; fazia ameaas e provocou um massacre.

Usando a palavra "assolar" em Atos 8:3, Donnelly observa que na literatura grega clssica isto visto como aes de um animal selvagem. Ele observa que o fato foi mencionado da mesma forma na Septuaginta em Salmo 79:2, onde h a referencia a "porcos selvagens" da floresta. Paulo era como um animal dilacerando um corpo morto. Ele queria fazer o mesmo com todos os crentes, assim como havia feito com Estevo.

Saulo tambm tentou destruir a f de todos e lev-los a blasfemar. Em Atos 26:10: "E o que fiz em Jerusalm. Eu no s tranquei muitos dos santos nas prises, mas aps receber autorizao dos principais sacerdotes, votei contra eles, quando foram condenados morte. E castigando-os muitas vezes em todas as sinagogas, os obriguei a blasfemar, e enfurecido em demasia contra eles, eu os persegui at mesmo em cidades estrangeiras". Conybeare (65) constata o uso do tempo verbal grego no imperfeito: "Estava cansado de lev-los a blasfemar", o que significa que no teve xito.

No incio a perseguio de Saulo, ficou limitada Jerusalm, mas ele procurou expandi-la Damasco. Porm, "Saulo, ainda respirando ameaas e mortes contra os discpulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote. E lhe pediu cartas para as sinagogas em Damasco, a fim de que, se encontrasse algum daquela seita, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalm". E Damasco ficava a 170 km de distancia e a viagem levaria 12 dias. Apesar de Damasco estar em uma rea separada, o Sindrio Judeu possua acordos com Damasco, o qual lhes permitiam exercer o poder de extradio (Bruce, Paulo 71). A fria de Paulo foi to grande que at Ananias e outros crentes em Damasco sabiam sobre ele (9:21).

3.3. O autotestemunho de Paulo no papel de perseguidor

Tambm nos ajuda se observarmos o testemunho de Paulo com relao sua perseguio. Paulo disse em Glatas 1:13: "Para vs que ouviste falar da minha vida no judasmo, e de como persegui a Igreja de Deus, violentamente, e de como tentei destru-la".

Donnelly comenta que a palavra "violentamente" pode tambm ser interpretada como: "Alm da medida". E ela foi extrema em todos os sentidos. Eadie comenta este versculo afirmando: "seu fervor permeou cada esfera de sua vida e trabalho. Ele no poderia ser morno, tanto na perseguio como no estudo. E dedicou toda a sua alma a essa perseguio".

A perseguio era hostil e real e em alguns momentos Paulo lamentou amargamente (1 Cor. 15:9). Ele resumiu e definiu sua conduta em trs palavras, em 1Timoteo1: 13; ele disse: "Antigamente eu era um blasfemo, perseguidor e insolente opositor" do evangelho.

Saulo, verdadeiramente, acreditava que estava fazendo as coisas certas na sua perseguio. Em Atos 26:9, ele declarou: "Eu mesmo, estava convencido de que deveria fazer muitas coisas em oposio ao nome de Jesus de Nazar". Em Filipenses 3:6, falou de seu zelo, o qual usou para perseguir a Igreja. Saulo olhou para sua perseguio como sendo uma prova de que ele era um bom judeu e um seguidor de Deus. Quanto mais ele atacava a Igreja, mais ele pensava que era um seguidor de Deus.

3.3.1. O entendimento de Paulo sobre sua perseguio

Paulo salientou duas questes dentro da reflexo sobre sua perseguio. Em primeiro lugar, ele tinha um profundo e sincero arrependimento pelas suas aes e em segundo lugar, ele enxergou sua converso como um exemplo e como um padro de graa.

3.3.2 O arrependimento de Paulo

Paulo lamentou profundamente o sofrimento que causou e ele expressa isso em 1Corntios 15:9: "Eu sou o menor dos Apstolos e indigno de ser chamado apstolo, porque persegui a Igreja de Deus". E da mesma forma, em Efsios 3:8 (traduo literal): "A mim, o mnimo de todos os Santos". Esta uma figura de linguagem, mas mostra o prprio entendimento de Paulo sobre o que acontecia. Eadie observa que no idioma grego o "Eu sou" realado, para se enfatizar a posio de Paulo. Mas Eadie ainda observa que para o grego isso seria gramaticalmente impossvel. Paulo usou ento, um comparativo, baseado no superlativo "menos do que o mnimo"; como uma forma de expressar uma profunda humilhao de si mesmo.22

Donnelly observa que um dos motivos pelo qual Paulo estava to preocupado com os pobres e vivas se deve ao fato dele se sentir responsvel por ter causado pobreza e viuvez para esses fiis. Tambm podemos notar uma comparao entre o arrependimento de Paulo e a vergonha e o arrependimento de Pedro por ter negado Cristo.

3.3.3 Paulo - um padro ou modelo da graa de Deus

Paulo percebeu a sua maldade e a graa de Deus dentro dele como um exemplo poderoso da graa de Deus. Ele declarou em 1 Timteo 1:16: "Mas eu alcancei misericrdia por isso, para que em mim, antes de tudo, Jesus Cristo mostrasse sua pacincia perfeita, para exemplo daqueles que haviam de crer nele para a vida eterna".

3.4 Razes para o dio de Paulo e a rejeio de Cristo e da Igreja.

Bruce (Paulo 70,71) argumenta que a oposio de Paulo era baseada em dois fundamentos:

Primeiro, ele prezava a Lei e a tradio dos ancios. Em Glatas 1:14, Paulo disse: "E na minha nao excedia em judasmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradies de meus pais". E ainda falou sobre isso em Filipenses 3:5 dizendo: "quanto lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da Igreja e quanto justia, dentro da lei, irrepreensvel".

Segundo, ele estava convencido de que Jesus no poderia ser o Messias e qualquer um que afirmasse que Jesus era o Messias seria culpado de blasfmia. Sua condenao foi baseada no fato de que a vida de Cristo e a sua morte no pareciam estar em conformidade com o padro do Messias. Para os judeus, o Messias seria uma beno de Deus e no uma maldio (Is, 11:2) e as Escrituras ensinam que Deus amaldioou qualquer um que morresse enforcado e pendurado em uma rvore (Deuteronmio 21:23). Desde a sua crucificao, Jesus, teve que ser amaldioado por Deus, e no abenoado. E para Saulo, sendo um judeu, a morte de Jesus do modo como ocorreu foi um escndalo. Ele afirmou em 1Corntios 1:23: "Mas ns pregamos a Cristo crucificado, que um escndalo para os judeus e loucura para os Gentios". Somente mais tarde, Paulo percebeu que a glria do Messias era tirar os pecados de seu povo.

CONCLUSO

Conforme a Igreja se expandia, a perseguio tambm aumentava. O sermo de Estevo foi um marco importante na mudana dos acontecimentos. Paulo liderou a perseguio na Judia e Samaria at a sua converso.

RESUMO

A Igreja primitiva foi fundada em Jerusalm. Os ensinamentos dos discpulos desafiaram a estrutura de poder do Sindrio no templo. A perseguio no incio era leve, somente com ameaas e priso, mas em pouco tempo passou a realizar espancamentos. Estevo foi apedrejado e Saulo, ento liderou um ataque violento na tentativa de destruir a Igreja. Sua perseguio comeou em Jerusalm e na Judia e depois se espalhou para regies vizinhas.

MTODO INDUTIVO: [Extrair informao do texto bblico]

Textos de referencia. Como outros textos influenciam a nossa leitura do texto?

1.1 (etc.)

Explicao de informaes importantes no texto:

-Palavras-chave e definies:

-Observaes gramaticais: (estrutura das frases, leituras variantes)

-Figuras de linguagem: (comparaes, associaes, representaes)

-O texto, explcita ou implicitamente, diz alguma coisa sobre Deus e sobre a salvao?

-Mtodo de traduo utilizado:

-H diferenas entre as verses da Bblia? Quais so elas?

-Autoria humana. Como podemos saber?

-Em que ocasio o homem foi solicitado a escrever?

-Pblico original para leitura. Por que eles leriam o texto?

-Contexto geogrfico:

-Contexto social e cultural:

-Contexto histrico:

-Contexto religioso:

-Em suas prprias palavras, o que o texto diz e qual o significado?

Comentrios:

EXPLICAO EXPOSITIVA. Em ordem cronolgica, identificar os principais ensinamentos do texto em estudo. 1.

2.

3.

(outros)

CONSIDERAES LITERRIAS-Gnero literrio: (evangelho, histria, leis, parbola, poesia, profecia, provrbio, etc).

-como o texto est relacionado aos outros textos vizinhos?

-como o texto se relaciona ao tema do captulo e de qual livro provem?

MTODO ANALTICO. Qual a tese principal, anttese, sntese e sincretismo do texto?

MTODO DEVOCIONAL DE ESTUDO. Como o texto ajuda a adorar Deus, a confessar os pecados, dar graas a Ele e servi-lo?

LIO 3. Questes:1. Como o Sindrio reagiu pregao de Pedro?

2. Os problemas vieram somente de fora da Igreja?3. O que era um helenista?

4. Qual foi o ataque de Estevo no templo em Jerusalm?

5. O que Estevo disse que seus pais haviam feito aos profetas?

6. Quais as duas coisas que fizeram Estevo orar por sua morte?

7. Paulo estava presente na morte de Estevo?8. Qual foi o papel de Paulo no inicio da perseguio da Igreja?

9. Paulo lamentou sua perseguio? Cite exemplos com base nas Escrituras.10. Cite dois motivos para a rejeio de Paulo em relao a Jesus como o Messias.

LIO 4. A EXPANSO DA IGREJA NA JUDIA E SAMARIA (ATOS 8-12)

Esta lio trata do crescimento da Igreja. O martrio de Estevo no impediu o cristianismo, apesar dos discpulos terem sido espalhados, eles no perderam sua f e seu testemunho. Esses discpulos viajaram para o exterior, para a Judia, Samaria e at a Antioquia cumprindo a promessa de Deus em Atos 1:8: "O Evangelho ir de Jerusalm para Judia e Samaria, e at mesmo os confins da terra". (Em Atos 11:19 nos dizem que eles foram at a Fencia e Sria.) Durante a viajem, os discpulos davam o seu testemunho e muitas pessoas eram convertidas. O ponto central que a perseguio no destrua a Igreja, pelo contrario, a perseguio levou ao crescimento e ao triunfo da Igreja no plano de Deus. Observemos a expanso da Igreja de trs modos: a expanso na Judia e Samaria, a converso de Paulo e as atividades da misso de Pedro.

1. Judia e Samaria (Atos 8)

1.1. O evangelho em Samaria

Lucas iniciou seu relato falando de Felipe, o Evangelista, um dos sete escolhidos pela Igreja em Atos 6, para ministrar aos santos (Taylor 10). Entre os "dispersos" depois da morte de Estevo, Felipe saiu pregando a palavra (8:4), e levou o evangelho a Samaria e at Cesaria (8:40). Os samaritanos eram singulares, pois no eram Gentios, mas foram considerados "as ovelhas perdidas das tribos de Israel" (Marshall 153, citando Jervell, 113.132). Assim como a pregao em Jerusalm, os sinais e maravilhas fizeram parte da pregao aos samaritanos atravs da remoo dos espritos sujos. Os coxos e os paralticos foram curados e houve muita alegria. Muitos passaram a crer em Deus e foram batizados.

Depois da chegada do relatrio sobre esses eventos aos discpulos em Jerusalm, eles enviaram Joo e Pedro para investigarem essa questo. Lucas mencionou, em particular, um estranho evento sobre o Esprito Santo. Em Atos 8:14-17 ele afirmou: "Agora quando os apstolos em Jerusalm ouviram que Samaria recebera a palavra de Deus, mandaram para l, Pedro e Joo, os quais tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Esprito Santo, porque ainda no havia ainda descido sobre nenhum deles, mas eles s tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus. Ento lhes impuseram as mos sobre, e receberam o Esprito Santo".

Lucas disse que eles acreditaram e foram batizados, mas ainda no tinham recebido o Esprito Santo. O Esprito seria concedido somente quando os apstolos fossem investigar o trabalho da Igreja.23

No est claro, porque Lucas disse isso. Marshall sugere que "Deus reteve o derramamento do Esprito, at o momento da vinda de Pedro e Joo, a fim de que os samaritanos pudessem ser vistos no momento da completa incorporao deles no crculo dos cristos de Jerusalm, que j haviam recebido o Esprito Santo no dia de Pentecostes" (88, citando Lampe 70-72). Lucas menciona que Pedro e Joo no adicionaram nenhum ensinamento novo e nem pregaram para eles; em vez disso, eles oraram para que o Esprito Santo fosse concedido a eles. Marshall argumenta que Cornlio teve a mesma experincia quando o Esprito Santo caiu sobre ele em Atos 10. O caso de Cornlio mostra que Deus o havia aceitado, um Gentio, e consequentemente mostram a aceitao de Deus. Lucas incluiu este evento para salientar que os Samaritanos j no eram hereges ou ovelhas perdidas; eles agora eram membros da Igreja.

1.2 A converso do Eunuco Etope

A converso do Eunuco Etope importante por vrias razes:

Primeiro porque podemos observar o controle soberano de Deus no evento. Deus guiou Felipe "atravs do anjo". Nos dizem tambm que o esprito o guiou (8:29) e que aps o evento, o Esprito o levou embora (8:39). E porque Deus usou o esprito e anjo, ao invs de um ou outro, no est claro, mas de todo modo, estes eventos extraordinrios mostram o controle soberano de Deus neste acontecimento. O esprito trouxe Felipe at o eunuco no momento ideal para que ele lhe explicasse o Evangelho, quando o eunuco estava lendo sobre o sofrimento do servo em Isaas 53.

O Eunuco era um proslito, um grego seguidor do modelo judaico. Lucas o incluiu como um representante, uma figura significativa entre os gentios, a quem Deus converteu para levar o Evangelho at os confins da terra. O Eunuco mostra que Deus abenoa aqueles que o temem de todas as naes (10:34).

A converso do eunuco indicou que uma nova ordem foi instigada em Cristo. Embora o eunuco era um proslito e havia viajado para Jerusalm e o Templo, ele no poderia entrar no templo. Eunucos eram impedidos de adorao ntima e ao acesso a Deus pelo antigo testamento. Deuteronmio 23:1declara: "Ningum cujos testculos so esmagados ou cujo rgo masculino cortado entra na Assemblia do Senhor". O Esprito guiou Felipe, naquele momento, no verdadeiro Templo de Deus para que se juntasse a ele (6:3, 8:29). O esprito passou a residir no eunuco de uma nova maneira. E devido a isso, ele era um novo templo. Isso era um cumprimento de Isaas 56: 3-8.24 Estes versculos so cumpridos na vinda de Cristo. Ao invs de ser impedido de entrar do templo, e pela obra de Deus nele, ele tornou-se sacerdote na casa do Senhor (1 Pedro 2:9). Uma nova ordem da salvao, concedida pelo esprito para todos, os novos judeus, os gentios, o manco e os deformados havia chegado.

Finalmente, Marshall observa que este versculo faz um paralelo com o evento dos dois homens na estrada de Emas (Lucas 24). Nesse caso, Jesus abriu os olhos dos discpulos para o entendimento das Escrituras. E Felipe ajudou o Etope a compreender. O ponto chave que as Escrituras do Velho Testamento no podem ser entendidas sem uma chave para destrav-las. Felipe, como um evangelista, ajudou o eunuco a compreender as Escrituras, dirigindo-o para Cristo.

2. A converso de Paulo (Atos 9:1-31, 22:7ss, 26:14ss)

A converso de Paulo foi surpreendente. Saulo estava viajando a caminho de Damasco em sua perseguio Igreja quando, no final de sua jornada, ele foi "preso por Cristo" (Fp 3:12).25 A converso de Paulo foi registrada em Atos 9:1-31 e referida por Paulo em Atos 22:7s e em Atos 26:14ss. Podemos considerar tambm as referencias em Glatas 1 e Efsios 3:7-9.

2.1 A revelao de Jesus

Enquanto Paulo estava viajando, ele ficou cego, atingido por uma grande luz e ouviu uma voz: "Continuando no seu caminho, se aproximou de Damasco e de repente surgiu uma luz do cu que piscava em torno dele. E caindo no cho ele ouviu uma voz dizendo-lhe:" Saulo, Saulo, por que me persegues?" E ele disse: "quem s tu, Senhor?" E ele respondeu: "Sou Jesus, a quem tu persegues. Mas levante-se e entre na cidade, e voc saber o que fazer. Os homens que viajavam com ele ficaram sem palavras, ouviram a voz sem ver ningum (9:3-7)".

Saulo ouviu uma voz e viu uma grande luz, dois pontos marcantes da revelao divina no Antigo Testamento (2 Corntios 4:6). Cristo lhe falou em aramaico, sua linguagem religiosa judaica, e lhe chamou pelo nome, duas vezes: "Saul, Saul" (26:12). Nas Escrituras comum repetir o nome para dar nfase. Deus chamou Moiss na sara incendiada, repetindo seu nome. Donnelly nota que na verdade, isso seria um termo de ternura como Martha, Martha. E concluindo, Deus chamava carinhosamente seus discpulos.

Saulo respondeu chamando-lhe de SENHOR. Como vimos na Lio 1, o nome no implica em divindade, mas certamente aponta para ela.

Jesus, ento, lhe disse: "Eu sou Jesus, a quem tu persegues". Embora no tenha havido nenhuma referncia direta divindade, est claro que se trata de uma declarao de que: 1- Jesus foi ressuscitado por Deus (e assim o Messias) e 2- O "eu sou", aponta para a divindade. E isto se nota tambm quando Deus usou Moiss na sara incendiada. Nesse exemplo, havia uma luz, uma voz e o clamor do "eu sou", assim como a reputao do nome de Moiss dado por Deus.

Paulo interpretou este evento como a viso do Senhor ressuscitado. Em 1Corntios 9:1 ele pergunta: "No sou livre? No sou um apstolo? No vi eu a Jesus, nosso Senhor?" E em 1Corntios 15:8, ele alegou que Cristo lhe apareceu: "E por ltimo de todos, como a um prematuro, ele apareceu tambm a mim".

O evento ocorrido foi muito importante na vida de Paulo. Ele j no podia mais negar a realidade de que Jesus no era amaldioado, mas sim, que esse Jesus que havia sido crucificado era tambm o Messias ressuscitado (26:14). E ele percebeu que em seu zelo ele se enganou, e que ao invs de defender a Deus, ele estava, na realidade, atacando o Messias de Deus e a Igreja de Deus. A ressurreio mostrou que Jesus foi reivindicado. E est no cu. Ele o Messias, no antema. Ele o Abenoado.

Jesus tambm fez uma ligao entre ele e a Igreja. E ambos tiveram a sua importncia prtica e teolgica. Saulo nunca tinha visto o Cristo, mas mesmo assim, ele estava perseguindo sua Igreja. Teologicamente isso demonstrou para Paulo a ligao e