AUDIÇÃO - PDF

download AUDIÇÃO - PDF

of 8

Transcript of AUDIÇÃO - PDF

Alisson Fenando

Noes bsicas tomia da orelha

de

ana-

A orelha o rgo da audio e da viso. Possui trs partes: -orelha externa: consiste na parte aderida regio lateral da cabea e ao conduto (meato acstico externo) que leva ao interior da orelha. -orelha mdia: consiste numa cavidade na parte petrosa do osso temporal, separado do conduto externo por uma membrana (membrana timpnica ou tmpano) e liga internamente faringe por uma estreita tuba (tuba auditiva ou trompa de Eustquio). -orelha interna: consiste em uma srie de cavidades dentro da parte petrosa do osso temporal entre a orelha mdia lateralmente e o meato acstico interno, medialmente. A orelha interna converte os sinais mecnicos recebidos da orelha mdia, que iniciam como som capturado pela orelha externa, em sinais eltricos, para transferir informaes para o encfalo. A orelha (ou pavilho) possui as seguintes partes: hlice (grande margem externa), lbulo (parte inferior no sustentada por cartilagem), concha (centro oco da orelha), trago (elevao anterior abertura do meato acstico externo), antitrago (elevao oposta ao trago e superiormente ao lbulo) e antlice (margem menor, encurvada, anterior e paralela hlice). O meato acstico externa estende-se da parte mais profunda da concha at a membrana timpnica, possui aproximadamente 2,5 cm , recoberto de pele na qual possui plos e glndulas modificadas que produzem o cerume. Possui dimetro varivel e trajeto tortuoso. A membrana timpnica (ou

tmpano) separa o meato acstico externo da orelha mdia, encontra-se tensionada pelo msculo tensor do tmpano, e nela se acha o cabo do martelo aderido a sua face interna. O tmpano pode ser visualizado com o otoscpio. A orelha mdia possui basicamente dois componentes: cavidade timpnica (imediatamente adjacente ao tmpano) e recesso epitimpnico (superiormente a cavidade timpnica). A orelha mdia comunica-se com a regio mastoidea posteriormente e com a faringe pela tuba auditiva. Possui em seu interior trs ossculos interconectados: martelo (conectado membrana timpnica), bigorna (ligada ao martelo) e estribo (ligada ao estribo e janela oval). Devido a comunicao que a orelha mdia tem com a faringe, atravs da tuba auditiva ou trompa de Eustquio, e com o antro do processo mastoideo atravs de um pequeno conduto, o dito,

frequentemente, otites mdias podem resultar de nasofaringites e de mastoidites, assim como otites mdias podem produzilas. A orelha interna consiste em uma srie de cavidades sseas (labirinto sseo) e ductos e sacos membranosos (labirinto membranceo) dentro dessas cavidades. O labirinto sseo consiste em vestbulo, trs canais semicirculares e a cclea. Estas cavidades so revestidas por peristeo e possui em seu interior a perilinfa. Suspenso na perilinfa mas sem preencher todo espao do labirinto sseo, encontra-se o labirinto membranoso (ou membranceo) que consiste em ductos semicirculares, ducto coclear e em duas dilataes, o utrculo e o sculo. O labirinto membranoso encontra-se preenchido pela endolinfa.

2 semestre/2011

Alisson Fenando

2 semestre/2011

Alisson Fenando A cclea (do latim Cclea, concha ou caracol, do grego Kochlias, concha em espiral) uma estrutura ssea que se torce duas vezes e meia a duas vezes e trs quartos em torno de sua coluna central ssea, o modolo. Esta disposio produz uma estrutura em forma de cone, com uma base da cclea que est voltada psteromedialmente e um pice, voltado nterolateralmente. Isto posiciona a base larga do modolo perto do meato acstico interno, onde penetrado por ramos da parte coclear do VIII par craniano. Circulando o modolo e mantido em posio central por sua fixao lmina do modolo, encontrase o ducto coclear (chamada por alguns autores de rampa mdia), componente do labirinto membranceo e preenchido por endolinfa. Seguindo de cada lado da rampa mdia (ducto coclear), existe dois canais, a rampa do vestbulo (ou vestibular) e a rampa do tmpano (ou timpnica), que so contnuos entre si no pice atravs de uma fenda estreita, o helicotrema, e so preenchidos por perilinfa. Msculos associados aos ossculos fora total sobre o lquido da cclea em relao quela exercida na membrana timpnica pelas ondas sonoras. Fica claro ento que a alavanca ossicular exerce uma amplificao da fora que chega ao tmpano atravs de ondas sonoras. Isso muito importante pois o lquido tem uma inrcia muito maior do que do ar, logo necessrio uma fora maior para mover o lquido se comparado ao ar. Portanto, a membrana timpnica e o sistema ossicular proporcionam equalizao das impedncias entre as ondas sonoras no ar e as vibraes sonoras no lquido coclear. Quando o sistema ossicular inexistente, existe transmisso do som at a orelha mdia e consequentemente at cclea, entretanto, a sensibilidade para audio fica diminuda 15 a 20 decibis se comparado a conduo na presena dos ossculos. Reflexo de atenuao (ou de proteo) Sistema ossicular A amplitude de movimento da placa do estribo com cada vibrao sonora tem apenas da amplitude do cabo do martelo, logo, o sistema de alavanca ossicular no aumenta a distncia do movimento do estribo. Em lugar disso, o sistema realmente reduz a distncia, mas aumenta a fora de movimento cerca de 1,3 vezes. A diferena entre a rea da membrana timpnica e o estribo cerca de 17 vezes, multiplicada por 1,3 da fora exercida, resulta em cerca de 22 vezes mais Quando sons intensos so captados pela audio, aps cerca de 40 a 80 milissegundos, ocorre a contrao do msculo estapdio e do msculo tensor do tmpano. A contrao destes msculos resulta em uma atenuao, ou seja, diminuio da transmisso dos sons at o sistema nervoso central. O msculo tensor do tmpano puxa o cabo do martelo para dentro, enquanto o msculo estapdio puxa o estribo para fora, levando a uma oposio entre as duas foras resultante dessas contraes, ocasionando uma rigidez do sistema ossicular, reduzindo grandemente a conduo ossicular de som com baixa frequncia, principalmente abaixo de 1000 ciclos/segundo. Este reflexo reduz a intensidade de transmisso do som em 30 a 40 decibis, equivalente a aproximadamente a diferena de uma voz intensa e um sussurro. So funes desse reflexo: -Proteger a cclea de vibraes prejudiciais; -Mascarar sons com baixa frequncia em ambientes com som intenso, isso faz com a pessoa se concentre em sons acima de 1000 ciclos/segundo, geralmente onde fica a maior parte das informaes pertinentes a comunicao. -Diminuir a sensibilidade auditiva da pessoa sua prpria fala, ativada por sinais nervosos transmitidos ao msculo tensor do

Neurofisiologia da audioTransmisso do som Uma onda sonora recebido pelo pavilho e focalizado para o meato acstico externo de onde direcionado membrana timpnica, movimentando-a medialmente. Como o cabo do martelo est fixado a esta membrana, ele tambm se movimenta, o que proporciona imediato movimento da cabea do martelo e, consequentemente, da bigorna j que o martelo e a bigorna articulam-se entre si. A cabea da bigorna tambm se move, empurrando o processo longo da bigorna medialmente. O processo longo articula-se com o estribo, e por isso, seu movimento faz com que o estribo se movimente medialmente. Por sua vez, como a base do estribo est fixada janela oval (ou do vestbulo), esta se move mediamente, desencadeando o movimento do lquido da parte contrria da janela oval. Esta ao completa a transferncia de uma onda de grande amplitude e baixa fora transportada pelo ar que produz a vibrao da membrana timpnica, numa vibrao de pequena amplitude e alta fora na janela oval, o que gera uma onda na rampa vestibular. A onda produzida na perilinfa desencadeia sinalizaes em clulas receptoras, as clulas ciliadas, localizadas no rgo de Corti.

O msculo tensor do tmpano responsvel por manter constantemente a membrana timpnica tensionada. Isto permite que as vibraes do som em qualquer parte da membrana timpnica sejam transmitidas aos ossculos, o que no ocorreria se o tmpano fosse frouxo. O msculo tensor do tmpano inervado pelo ramo mandibular do nervo trigmeo, V par craniano. O msculo estapdio muito pequeno e origina-se dentro da eminncia piramidal e inervado por ramos do nervo facial. Seu tendo emerge do pice da eminncia piramidal e passa em direo ventral para fixar-se superfcie posterior do colo do estribo. A contrao do estapdio, geralmente devido a rudos intensos, puxa o estribo posteriormente e impede oscilao excessiva.

2 semestre/2011

Alisson Fenando tmpano e ao msculo estapdio ao mesmo tempo em que o crebro ativa a fala. Devido sua inervao, comum os pacientes portadores de paralisia facial perifrica queixarem-se de hiperacusia na orelha correspondente, j que o msculo estapdio, inervado pelo facial, no est exercendo sua funo de inibio na conduo das vibraes sonoras para atenuao dos sons de baixa frequncia. Cclea A cclea possui trs canais lado a lado, a rampa vestibular, a rampa mdia (ou ducto coclear) e a rampa timpnica. A rampa vestibular separada da rampa mdia pela membrana vestibular (ou membrana de Reissner) e a rampa timpnica separada da rampa mdia pela membrana basilar. Na superfcie da membrana basilar situa-se o rgo de Corti, que contm as clulas ciliadas (receptores eletromecanicamente sensveis). As clulas ciliadas constituem os rgos receptores finais que geram impulsos nervosos em resposta a vibraes sonoras. A membrana de Reissner to fina e facilmente mvel que as ondas transmitidas a rampa vestibular facilmente passada a rampa mdia, logo, devido a essa interao existente entre estas rampas, elas so consideradas um nica cmara. A membrana de Reissner importante para separar a endolinfa da rampa mdia da perilinfa da rampa vestibular. A base do estribo conecta-se a janela oval por um ligamento anular frouxo, de modo que quando as vibraes chegam neste local, permite a movimentao para dentro ou para fora da janela oval desencadeando assim as vibraes na rampa vestibular. O movimento para dentro empurra o lquido para frente, em direo as rampas vestibular e mdia, e o movimento para trs promove o retorno do lquido. Em condies normais, vibraes do crnio inteiro conseguem causar vibraes no lquido da cclea. Membrana basilar A membrana basilar fibrosa, separa as rampas mdia e timpnica, e contm as chamadas fibras basilares que se projetam do modolo (centro sseo) para a extremidade. As fibras basilares so rgidas, elsticas e possuem forma de palheta, sua parte basal se prende ao modolo e sua parte distal encontra-se solta, exceto se esta estiver imersa na membrana basilar frouxa. Portanto, como uma parte da fibra basilar est fixa e a outra est deliberadamente solta, elas podem vibrarse, mover-se como as palhetas de uma gaita. As fibras basilares aumentam seu comprimento conforme vo da janela oval ao helicotrema, ou seja, da base da cclea seu pice. No entanto, o dimetro das fibras basilares diminuem gradativamente conforme vo da janela oval ao helicotrema, isso resulta em fibras pequenas e largas na base da cclea que mudam paulatinamente para fibras longas e finas no pice da cclea. As fibras curtas e rgidas prximas janela oval vibram melhor numa frequncia muito alta, enquanto as fibras longas e flexveis prximas ao helicotrema vibram melhor numa frequncia baixa. Logo, ressonncia de alta

frequncia da membrana basilar ocorre perto da base e a ressonncia de baixa frequncia ocorre perto do helicotrema devido s caractersticas de suas fibras.

frequncia de ressonncia natural igual a respectiva frequncia do som. Neste ponto, a energia dessa onda se dissipa, logo, ela morre e deixa de se propagar pelo percusso restante. Uma onda sonora de alta frequncia tem trajeto na parte inicial da membrana basilar, ou seja, prximo janela oval e depois se dissipa, uma onda sonora de frequncia intermediria trafega at a parte mdia da membrana basilar e uma onda sonora de baixa frequncia, vai at a parte distal da membrana basilar e, posteriormente, morre. A amplitude mxima para o som de 8000 ciclos/segundo ocorre perto da base da cclea, enquanto as frequncias inferiores a 200 ciclos/segundos est na extremidade da membrana basilar, onde a rampa vestibular se abre na rampa timpnica. O principal mtodo pelo qual as frequncias sonoras so diferenciadas entre si, baseia-se no lugar de estimulao mxima das fibras nervosas do rgo de Corti, que se situa na membrana basilar. rgo de Corti

Propagao das ondas na membrana basilar Quando a base do estribo recebe o impulso da bigorna e, consequentemente, empurra a janela oval, ela desencadeia uma onda no lquido localizado na parte interna da janela oval. Essa onda trafega ao longo da membrana basilar em direo ao helicotrema, e pode ser de alta, mdia ou baixa frequncia. Cada onda se torna forte quando chega parte da membrana basilar que tem

O rgo de Corti ( ou rgo espiral) constitui, em essncia, o rgo receptor dos estmulos sonoros e situa-se ao longo de toda rampa mdia (ou ducto coclear), ele est relacionado com a gerao de impulsos nervosos a partir das vibraes da membrana basilar e os transmitem ao prologamento perifrico do neurnio bipolar localizado no gnglio espiral (onde se localiza o corpo do primeiro neurnio da via auditiva). Os receptores sensoriais reais do rgo de Corti so as clulas ciliadas. Em suma, as clulas ciliadas so clulas especializadas neuroepiteliais que contm estereoclios e so de dois tipos: -clulas ciliadas internas: localizam-se internamente, dispem-se em fileira nica, so em aproximadamente 3500 e medem cerca de 12 micrmetros de dimetro; -clulas ciliadas externas: localizam-se externamente, dispem-se em trs ou quatro fileiras, so em aproximadamente 12000 e possuem cerca de 8 micrmetros de dimetro. As bases e os lados das clulas ciliadas fazem sinapse com as prolongaes perifricas dos neurnios situados no gnglio espiral que fica no modolo da cclea.

2 semestre/2011

Alisson Fenando interconectando todos os estereoclios. Sempre quando h a curvatura desses estereoclios em direo dos clios mais longos, os clios menores so tracionadas para cima ocasionando a abertura de 200 a 300 canais de ctions, permitindo a entrada de ons potssio com carga positiva presentes na endolinfa da rampa mdia. Este processo acarreta a despolarizao da membrana da clula ciliada. Quando as fibras basilares se encurvam para a rampa vestibular, ocorre a despolarizao das clulas ciliadas e na direo oposta ocorre a hiperpolarizao. Isto por sua vez estimula as sinapses dessas clulas com as terminaes nervosas do primeiro neurnio da via auditiva. Acredita-se que durante a despolarizao um neurotransmissor rpido (incertamente o glutamato) seja liberado nessas sinapses que permitem esta comunicao. Excitao das clulas ciliadas Os estereoclios das clulas ciliadas fletem-se cranialmente e tocam ou emergem no revestimento em gel da superfcie da membrana tectorial. A membrana tectorial situa-se na rampa mdia. A curvatura dos estereoclios para um determinado lado despolariza as clulas ciliadas enquanto quando os estereoclios curvam para o lado oposto resulta em hiperpolarizao das clulas ciliadas. Isto, por sua vez, excita as fibras nervosas que fazem sinapse com as clulas ciliadas. As extremidades externas das clulas ciliadas se fixam firmemente na lmina reticular, sustentada por bastes de Corti triangulares, que por sua vez se fixam firmemente s fibras basilares. As fibras basilares, os bastes de Corti e a lmina reticular formam uma unidade rgida quando se movimentam. Quando as fibras basilares se movimentam devido a propagao das ondas na membrana basilar, as clulas ciliadas, juntamente com a lmina reticular e os bastes de Corti, tambm se movimentam e como os estereoclios se projetam at a membrana tectorial, estes vo pra frente e para trs de encontro membrana tectorial. Deste modo, sempre que aquela parte da membrana basilar estimulada por uma onda sonora, existe subsequencial movimento da unidade rgida formada pela pelos bastes de Corti, clulas ciliadas e lmina reticular e, consequentemente, dos estereoclios que de acordo com o movimento pode despolarizar ou hiperpolarizar as clulas ciliadas. As clulas ciliadas externas so de trs a quatro vezes mais numerosas que as internas, entretanto, as clulas ciliadas internas responsvel pela estimulao de aproximadamente 90% das fibras nervosas auditivas. Ainda assim, caso as clulas ciliadas sejam lesadas ocorrer grande perda auditiva. De acordo com Guyton e Hall (2006), de algum modo, as clulas ciliadas externas controlam a sensibilidade das clulas ciliadas internas para diferentes tons, o chamado afinao do sistema receptor. Atravs de estmulos vindos de fibras nervosas retrgradas, h encurtamento e mudana da rigidez das clulas ciliadas externas que, por sua vez, exercem efeitos que controlam a sensibilidade auditiva a diferentes tons. Cada clula ciliada tem cerca de 100 estereoclios. Os estereoclios se tornam cada vez menores de uma extremidade oposta. Os topos dos estereoclios menores se ligam aos topos dos estereoclios maiores de seu lado por finos filamentos, 2 semestre/2011 Potencial endococlear As rampas vestibular e timpnica so preenchidas por perilinfa e a rampa mdia (ou ducto coclear) preenchida por endolinfa. A perilinfa comunica plenamente com o espao subaracnoidiano, logo, sua composio quase idntica a do lquor. A endolinfa um lquido inteiramente diferente, secretado pela estria vascular, uma rea muito vascularizada na parede externa da rampa mdia. A endolinfa contm alta concentrao de potssio e baixa de sdio, j a perilinfa tem concentraes opostas s presentes na endolinfa. Isso permite a fcil despolarizao das clulas ciliadas quando seus estereoclios so movimentados, j que elas so banhadas pela endolinfa que possui alta concentrao de ons potssio. As clulas ciliadas possuem um potencial intracelular alto (-170 milivolts) com respeito a endolinfa, acredita-se que esse um fator que sensibiliza a clula num grau extra, aumentando sua capacidade de responder ao som mais discreto. O princpio do lugar O principal mtodo usado pelo sistema nervoso para detectar as diferentes frequncias sonoras determinar os locais que ao longo da membrana basilar so estimulados. Este processo chamado de o princpio do lugar. Acredita-se que as frequncias sonoras baixas ( abaixo de 200 ciclos/segundo) sejam discriminadas principalmente pelo chamado disparo em surto ou princpio da frequncia. A lei da potncia Uma pessoa consegue interpretar mudanas de intensidade dos estmulos sensoriais aproximadamente em proporo a uma funo de potncia inversa da intensidade real. Uma altssima alterao na intensidade real (milhes de vezes, por exemplo) promove percepo dessa mudana em milhares (cerca de 10000 vezes) de vezes pelo ouvido, ou seja, o ouvido causa, de certa forma, uma compresso da diferena real que resulta em interpretao de diferenas de intensidades sonoras extremamente amplas. Unidade em Decibis Um aumento de 10 vezes da energia sonora chamado de 1 bel, e 0,1 equivale a 1 decibel. Um decibel equivale a um aumento real de energia sonora de 1,26 vez. Um som de 3000 ciclos/segundo pode ser ouvido mesmo que sua intensidade no ultrapasse 70 decibis. Entretanto, um som com frequncia de 100 ciclos/segundo somente ser ouvido se sua intensidade for 10000 vezes maior que isto. Uma pessoa jovem pode ouvir uma frequncia de 20 a 20000 ciclos/segundo. Entretanto isso pode ser influenciado pela intensidade do som.

Via auditiva-Neurnios I: Localizam-se no gnglio espiral situado na cclea. So neurnios bipolares cujos prolongamentos perifricos so pequenos e terminam em contato com os receptores no rgo de Corti. Os prolongamentos centrais constituem a poro coclear do nervo vestibulococlear e terminam na ponte, fazendo sinapse com os neurnios II. -Neurnios II: localizam nos ncleos cocleares dorsal e ventral. Seus axnios cruzam para o lado oposto constituindo o corpo trapezoide, contornam o ncleo olivar superior e inflectem-se cranialmente para formar o lemnisco lateral do lado oposto. As fibras do lemnisco lateral terminam fazendo sinapse com os neurnios III no colculo inferior. Existe um certo nmero de fibras provenientes dos ncleos cocleares que penetram no lemnisco lateral do mesmo lado, sendo, por conseguinte, homolaterais. -Neurnios III: geralmente est localizada no colculo inferior. Seus axnios dirigem-se ao corpo geniculado medial, passando pelo brao do colculo inferior. -Neurnios IV: esto localizados no corpo geniculado medial. Seus axnios formam a radiao auditiva, que, passando pela cpsula interna, chega rea auditiva do crtex (reas 41 e 42 de Brodmann), situada no giro temporal transverso anterior (chamado de giro de Heschl). Admite-se que a maioria dos impulsos auditivos chega ao crtex atravs de uma via como a acima descrita, ou seja, envolvendo quatro neurnios. Entretanto, muitos impulsos auditivos seguem trajeto mais complicado, envolvendo um nmero varivel de sinapses em trs ncleos situados ao longo da via auditiva, ou seja, ncleo do corpo trapezoide, ncleo olivar

Alisson Fenando superior e ncleo do lemnisco lateral. Apesar de bastante complicada, a via auditiva mantm uma organizao tonotpica, ou seja, impulsos nervosos relacionados com tons de determinadas frequncias seguem caminhos especficos ao longo de toda a via, projetando-se em partes especficas da rea auditiva. A via auditiva apresenta algumas peculiaridades: a- possui um grande nmero de fibras homolaterais. Assim, cada rea auditiva do crtex recebe impulsos originados na cclea de seu prprio lado e na do lado oposto, sendo impossvel a perda da audio por leso de uma s rea auditiva; b- possui um grande nmero de ncleos rels. Assim, enquanto nas demais vias o nmero de neurnios ao longo da via geralmente trs, na via auditiva este nmero de quatro ou mais; c- em pelo menos trs lugares no tronco cerebral ocorre cruzamento entre as vias direita e esquerda: no corpo trapezoide, na comissura entre os dois ncleos do lemnisco lateral e na comissura que liga os dois colculos inferiores; d- Muitas fibras colaterais do tracto auditivo entram diretamente no sistema reticular ativador do tronco cerebral, o que leva a ativao do sistema nervoso inteiro em resposta a sons intensos. Outras fibras colaterais vo ao vrmis do cerebelo que tambm ativado mediante rudo sbito. e- um alto grau de orientao espacial mantido pelas fibras da cclea em todo trajeto ao crtex cerebral. O crtex cerebral possui uma rea auditiva primria e uma rea auditiva secundria (de associao). A rea auditiva primria excitada diretamente por projees do corpo geniculado medial, enquanto as reas de associaes so excitadas secundariamente por impulsos do crtex auditivo primrio, bem como por algumas projees das reas de associao talmicas adjacentes ao corpo geniculado medial. reas auditivas associao de projeo e de

-rea auditiva primria (ou de projeo): a rea auditiva est situada no giro temporal transverso anterior e corresponde s reas 41 e 42 de Brodmann. Nela chegam fibras da radiao auditiva, que se originam no corpo geniculado medial. -rea auditiva secundria (ou de associao): situa-se no lobo temporal, circundando a rea auditiva primria, e corresponde rea 22 de Brodmann. Tonotopia Existe correspondncia de diferentes frequncias dos sons gerados na cclea com determinada parte da rea auditiva primria e secundria, originando a chamada tonotopia, ou seja, sons de determinada frequncia projetam-se para partes especficas do crtex cerebral, o que implica uma correspondncia dessas partes com as partes da cclea. Existem vrios mapas tonotpicos (pelo menos seis de acordo com Guyton e Hall, 2006). Os sons de alta frequncia excitam uma extremidade do mapa, neste caso a extremidade posterior, enquanto sons de baixa frequncia excitam a extremidade oposta, neste caso, a extremidade anterior. No entanto, isso no verdade para todos os mapas. Acredita-se que a existncia de vrios mapas se fundamenta na explicao de que cada mapa se refere a determinada caracterstica do som percebido pelo ser humano, por exemplo, existe um mapa tonotpico para a percepo psquica dos tons sonoros, outro para deteco da direo dos sons, e assim por diante. O crtex especialmente importante na discriminao de padres sonoros tonais e sequenciais. A leso bilateral do crtex auditivo no resulta em perda de deteco dos sons mais sim perda da capacidade de reconhecer uma combinao ou uma sequncia de tons. Deteco da direo dos sons A direo de sons horizontais pode ser identificada de duas formas: atravs do intervalo de tempo em que os sons chegam nas duas orelhas, e atravs da diferena entre as intensidades de sons que chegam nas duas orelhas. O mecanismo do intervalo de tempo discrimina a direo muito mais exatamente do que o mecanismo de intensidade por que no depende de fatores alheios. Como o som vindo de frente/trs ou de cima/baixo chegam ao mesmo tempo e com a mesma intensidade nas duas orelhas, a direo destes sons identificada pelos pavilhes auditivos das duas orelhas. A forma do pavilho auditivo muda a qualidade do som dependendo da direo, permitindo assim, identificar se o som vem de cima/baixo ou frente/trs. Anlises neurais para a deteco de onde vem o som comeam nos ncleos olivares superiores situados no tronco enceflico. Os ncleos olivares superiores dividem em duas partes: medial e lateral. O ncleo olivar superior lateral est relacionado com a comparao da diferena de intensidades dos sons e o ncleo olivar superior medial est relacionado com a deteco do intervalo de tempo entre sinais

2 semestre/2011

Alisson Fenando que entram nas duas orelhas. A partir dos ncleos olivares superiores, a direo do som transmitida ao crtex auditivo de forma orientada espacialmente. -surdez de conduo ( ou de transmisso): decorrente de leses da orelha mdia e/ou externa, ou seja, neste tipo de surdez no h comprometimento da parte auditiva nervosa e sim da parte que conduz o som at a parte auditiva nervosa. Suas principais causas so: a presena de corpos estranhos (principalmente em crianas) ou rolha de cera no conduto auditivo, este ltimo devido ao acmulo de secreo ceruminosa, eczema do conduto, inflamaes de tuba auditiva, otite mdia aguda e a otosclerose . De acordo com Doretto (1998), na prtica mdica, a surdez de conduo representa cerca de 90% dos casos de surdezes. a ambos lados do crtex auditivo, existe uma preponderncia de transmisso na via contralateral. Leses desse tipo, apesar de no causar acusia, afeta drasticamente a capacidade que se tem de localizar a fonte de um som pois para identificar a direo de um som so necessrios sinais comparativos de ambos os lados do crtex. Leses das auditivas reas de associaes

Correlaes clnicasSegue abaixo alguns termos relacionados com a audio usados na prtica mdica: -Acusia: surdez total; -Anacusia: surdez total, o mesmo que cofose; -Bradiacusia: acuidade auditiva anormalmente baixa; -Cofose: perda total da audio; -Diplacusia: percepo de um mesmo som pelas duas orelhas, porm com alturas diferentes; -Disacusia: dificuldade para ouvir; -Ecoacusia: impresso de recebi-mento duplo de um som nico; -Hiperacusia: aumento extremo da acuidade auditiva; -Hipoacusia: diminuio da acuidade auditiva; -Paracusia: percepo errada dos sons, quanto altura, sua localizao ou sua intensidade; -Presbiacusia: diminuio da acuidade auditiva devido velhice; -Surdez: abolio total ou parcial da audio; -Surdez parcial: o mesmo que hipoacusia; -Surdez verbal: incapacidade de compreender a linguagem falada; -Surdimudez: mudez associada surdez e que pode ser a sua consequncia; Surdez Existem dois tipos de surdezes de acordo com o local de comprometimento: -surdez nervosa (ou de percepo, ou neurossensorial): esse tipo de surdez decorre do comprometimento coclear , do nervo coclear ou vias auditivas centrais. Pode ser de origem congnita, geralmente devido a rubola no 1 trimestre de gravidez, neste caso, o comprometimento nos rgos de Corti, ou devido a labirintite coclear (decorrente de processos infecciosos), a rudos altos e intensos em ambiente de trabalho (surdez profissional), a neurinoma do acstico, a toxicidade de alguns antibiticos como estreptomicina, canamicina e cloranfenicol, a fraturas do rochedo e na sndrome de Mnire.

As leses das reas de associaes auditivas, quando no acometem as reas de projees, no danificam a capacidade da pessoa ouvir e diferenciar tons sonoros, entretanto, levam a uma incapacidade de interpretar o significado do som ouvido. Leses na rea de Wernicke leva a uma incapacidade da pessoa interpretar os significados das palavras faladas, embora possa ouvi-las perfeitamente. Prova de Weber Coloca-se um diapaso (de 512 ciclos/segundo) percutido no vrtice da abbada craniana. Normalmente, sua vibrao percebida igualmente por ambos os ouvidos, entretanto, quando h surdez nervosa, as vibraes sonoras melhor percebidas pelo ouvido normal, quando, porm, h surdez de conduo, a vibrao sonora mais audvel pelo ouvido acometido pela obstruo/leso.

A surdez nervosa leva a uma permanente acusia, a pessoa no escuta nem por conduo area e nem por conduo ssea, entretanto, na surdez de conduo, a pessoa ainda pode escutar atravs de conduo ssea, apesar de no ouvir por conduo area devido a obstruo. Leses: consideraes gerais Leses nos receptores, no primeiro neurnio da via auditiva ou nos ncleos cocleares, resultam em sintomatologia no mesmo lado da leso, geralmente, levando surdez no ouvido do lado acometido, dependendo da gravidade da leso. Essas leses so chamadas de leses do tipo perifrica. Leses nas partes centrais da via auditiva (como no interior do tronco enceflico, colculo inferior, corpo geniculado medial, radiaes acsticas, etc) resultam em sintomatologia do mesmo lado e do lado oposto da leso. Essas leses no levam a acusia (surdez total), mais sim a uma hipoacusia (surdez parcial) bilateral, elas so chamadas de leses do tipo central. S ocorre surdez total quando a leso do tipo perifrica ou se a leso acometer toda a via auditiva central, tanto do lado direito como do lado esquerdo. Leses do crtex auditivo primrio A destruio dos crtices auditivos primrios no ser humano reduz bastante a sensibilidade auditiva. A destruio de apenas um lado da rea auditiva primria reduz discretamente a audio na orelha oposta, isso ocorre por que apesar de os sinais das duas orelhas serem transmitidos

Processo resultante de fibrose, comumente bilateral, acometendo a articulao do estribo com a janela oval.

Corresponde parte mais posterior da rea 22 de Brodmann, levou este nome em homenagem a Carl Wernicke, o primeiro a descrev-la.

2 semestre/2011

Alisson Fenando Anatomia orientada para Guanabara-Koogan, 4 ed. clnica

Prova Rinne Este teste dividido em duas fases: -1 fase: coloca-se um diapaso percutido no processo mastoideo, ou seja, haver escuta por conduo ssea; -2 fase: aps a pessoa parar de escutar as vibraes do diapaso no processo mastoideo, coloca-se o mesmo prximo ao meato acstico externo, ou seja, a partir deste momento haver escuta por conduo area. Em pessoas com a audio normal, comum a escuta do som cerca de 10 segundos na segunda fase. De acordo com Swanson (1989), devido a amplificao produzida pelo ouvido externo e mdio, os sons conduzidos por via area so normalmente percebidos como mais altos do que aqueles conduzidos por via ssea. Na surdez de conduo, como a escuta por conduo ssea possvel mas a escuta por conduo area encontra-se deprimida, a pessoa escuta do lado lesado as vibraes sonoras na 1 fase do teste de Rinne, entretanto, na 2 fase no h percepo do som devido a incapacidade de transmisso das vibraes sonoras areas. Na surdez nervosa, como tanto a escuta por conduo ssea, como a escuta por conduo area encontram-se deprimidas, todas as fases do teste de Rinne no promovem nenhuma percepo. Entretanto, alguns autores trazem que as vibraes so melhores percebidas na 2 fase, sendo pouco ntidas na 1 fase, no lado lesado.

PORTO, Celmo Celeno; - Semiologia mdica 5.ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. RUBIN, Michael; SAFDIEH, Joseph E.; Netter: neuroanatomia essencial Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. SWANSON, P. D.; - Sinais e sintomas em neurologia - Editora Revinter, 1989.

RefernciasDORETTO, Dario; - Fisiopatologia clnica do sistema nervoso: fundamentos da semiologia 2.ed., So Paulo: Editora Atheneu, 1998. DRAKE, Richard L.; VOLG, Wayne; MITCHELL, Adam W. M.; Grays: anatomia para estudantes Elsevier: 2 tiragem. GUYTON, Artur C.; HALL, John E.; Tratado de Fisiologia Mdica 11.ed., Rio de Janeiro: Elsevier,, 2006. MACHADO, ngelo; - Neuroanatomia Funcional Editora Atheneu, 2 ed. MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F.;

2 semestre/2011