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  • 8/6/2019 Aula 0 - Introduo Macroeconomia

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    CURSOS ON-LIN E ECONOMI A EM EXERCCIOSPROFESSOR HLI O SOCOLIK

    www.pontodosconcursos.com.br

    CURSO DE ECONOMIA EM EXERCCIOS - APRESENTAO

    Meu nome Hlio Socolik. Formei-me em Economia na Universidade Federal do Riode Janeiro e fiz o curso de Mestrado na Fundao Getlio Vargas. Comecei a dar aulasquando o dono de um curso preparatrio para concursos, no final da dcada de 70,

    convidou-me a dar aulas deEstatstica. Eu gostava muito de nmeros e senti-me bemna matria. Ocorre que eu tambm gostava muito e queria dar aulas deEconomia, maso curso j tinha um professor. Eu, algumas vezes, assistia s suas aulas e procuravaaprender com ele. Mas vejam como o destino. Um dia, o professor, que era meucolega da Receita Federal, transferiu-se de Braslia e eu me ofereci para dar aulas emseu lugar. At hoje dou aulas de vrios ramos da Economia, embora tenha tambm dadoaulas deMatemtica Financeira.

    Mais tarde passei a lecionar emfaculdades, onde o ambiente mais calmo. Tive muitasalegrias nesse perodo, e me recordo de muitas homenagens que recebi por ocasio dasformaturas dos alunos, at que voltei a dar aulas empreparao para concursos. Umadas gratificaes que se ganha nesse caso tomar conhecimento de ex-alunos queingressam em determinado rgo pblico. Na prpria Receita Federal verifiquei isso emgrande nmero, e a vinculao com eles se torna mais estreita.

    Como os exerccios so partes integrante dos cursos, e senti uma carncia dedisponibilidade dequestespara complementar os textos, resolvi colecionar as muitasprovas de concursos, atividade em que fui bastante ajudado por colegas e alunos.Publiquei doislivros, cada um com questes de Macro e de Microeconomia.Atualmente estou preparando livros com questes comentadas.

    Sou professor de Micro e Macroconomia e j lecioneiEconomia do Setor Pblico,tendo, como j mencionei, lecionado anteriormente Estatstica e Matemtica Financeiraem faculdades e em cursos preparatrios para concursos. Auditor-Fiscal da ReceitaFederal aposentado, gosto de escrever artigos na rea econmica e colabororegularmente para publicaes de rgos de classe.

    Neste curso sou responsvel pela rea deMacroeconomia. Pretendo basicamentecolocar questes, de concursos anteriores e de minha autoria, cujo teor mais seaproximem do que a ESAF costuma exigir para aferio dos candidatos. Com base nasquestes, procurarei colocar um texto terico, revisando os assuntos em que se baseia aquesto.

    A Economia considerada por alguns autores como uma cincialgubre (muitos jovens hoje ignoram essa palavra, pois pouco usada), porque trata de assuntos ridos,como o conflito entre a escassez de recursos e a quantidade ilimitada de necessidades edesejos. E muitos alunos dizem no gostar de Economia. Muitos dizem que tmdificuldade com nmeros e grficos. Outros salientam que ela muito terica e poucoprtica. Uma aluna me disse certa vez, e at hoje acho uma observao muitointeressante: A Economia obriga apensar!. E isso mesmo. Raciocina-se muito emEconomia. E com o auxlio da Matemtica, vamos descobrindo suas leis e os princpiosque a tornam a cincia bsica da vida, pois trata justamente de nossa sobrevivnciafsica.

    Bem, passemos aula demonstrativade Macroeconomia.

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    AULA DEMONSTRATIVA

    1. Introduo Macroeconomia. Conceitos macroeconmicos bsicos. Formas demensurao do Produto e da Renda nacional. Produto nominal e produto real.

    1.1. Introduo

    Para se estudar ateoria macroeconmicacom melhor aproveitamento necessrioantes conhecer-se osconceitos bsicosa respeito dos tpicos que dominam essa teoria,como o Produto Interno Bruto, o nvel geral de preos e ainflao, o desemprego, oque taxa de juros, o investimentoe a poupana, a diferena entrecapital einvestimento, a diferena entre oPIB nominale o PIB real, o que so variveisestoquee variveisfluxo, e a diferena entre produtoefetivoe produtopotencial.

    Antes de falar propriamente na Macroeconomia, devemos falar deEconomia, a cinciame. Vejamos o seguinte conceito:A Economia a cincia que estuda as formas docomportamento humano, resultantes da relao existente entre as ilimitadasnecessidades a satisfazer e os recursos que, embora escassos, se prestam a usosalternativos. Esse conceito, devido a Lionel Robbins, mostra-nos que existe umconflito natural entre as necessidades, ilimitadas, e os recursos, limitados, ao qual oseconomistas do o nome delei da escassez.

    Agora podemos introduzir aMacroeconomia. A teoria econmica pode ser dividida emdois grandes ramos: a Microeconomia e a Macroeconomia. A etmologia dessas palavras j ajudam a perceber a diferena bsica entre as suas reas de atuao: enquanto aMicroeconomia estuda as partes (micro quer dizer pequeno), aMacroeconomiaestudao todo (macro quer dizer grande). A Macroeconomia aplicada no estudo dasrelaes entre os chamadosagregados econmicos, como a renda, o emprego, os nveisgerais de preos, o dficit pblico, a produo nacional. Ela se ocupa com a economiacomo um todo, buscando respostas para a determinao de cada uma dessas variveisglobais.

    Se a Microeconomia estuda a determinao do preo de determinada mercadoria ou aremunerao de determinado fator de produo, a Macroeconomia estuda ondice geralde preose a determinao darenda nacional. Enquanto a Microeconomia consideradadas certas variveis, como o produto nacional, a Macroeconomia estuda as causas que

    fazem variar esse produto; enquanto a Macroeconomia considera como dado o nvel dedistribuio da renda, a Microeconomia estuda as causas e as variaes nessadistribuio; enquanto a Microeconomia considera dada a quantidade de recursos daeconomia e ocupa-se com a sua melhor alocao, a Macroeconomia ocupa-se com oestudo de como gerado e como pode aumentar onvel global de recursos daeconomia.Qual dos dois ramos mais importante? Certamente que ambos so igualmente muitoimportantes, pois ao enfocarem a economia de ngulos diferentes, complementam-se eajudam estudiosos e pesquisadores a entenderem melhor a complexidade do mundoeconmico.

    A figura, a seguir, ajuda a apresentar osprincipais agregados da economia:

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    Remunerao dos fatores (Renda)

    Serviosdos fatores de produo

    FAMLIAS EMPRESAS

    Produo dos bens (Produto)

    Pagamentos pelos bens (Despesa)

    A figura mostra osfluxos fsicos(ou reais) efinanceiros(ou monetrios) entre asunidades familiarese as unidades produtoras. Temos doiscircuitos: o interno mostra os fluxos reais de fornecimento dos servios dos fatores, como trabalho, capitale tecnologia, e a produo dos bens; e ocircuito externomostra os fluxos financeirosda remunerao dos fatores e dos pagamentos pelos bens, ou entre a Renda e a Despesa.

    PRODUTO = RENDA = DESPESA

    Vejamos a seguinte questo:

    (Economista da CODEVASF, 2003)Os enunciados abaixo so formas de secaracterizar a macroeconomia em sentido amplo, exceto a que informa que a (na)macroeconomia:a) trata do comportamento da economia como um todo;b) abrange o comportamento econmico e as polticas que afetam o consumo e oinvestimento;c) abrange o cmbio, a balana comercial e as polticas fiscal e monetria;d) lida com o comportamento de unidades econmicas individuais, tais como famlias efirmas;e) o nvel agregado de renda ou dos gastos est entre as variveis-chave a seremestudadas.

    Comentrio:como se pode observar, os itens a, b, c e e tratam de variveis agregadas,isto , que abrangem a economia como um todo, e por isso so estudadas na

    Macroeconomia, como so o consumo, o investimento, o cmbio, a balana comercial eas polticas fiscal e monetria. Enquanto isso, cabe Microeconomia o estudoindividual das famlias e das firmas.Gabarito: d.

    1.2. O Produto Interno Bruto

    O primeiro agregado importante oProduto Interno Bruto - PIB, definido como ovalor de todos os bens (mercadorias e servios) finais produzidos em um pas, emum determinado perodo, geralmente um ano.

    A Macroeconomia estuda adeterminao do PIBe os fatores que explicam o seu nvele o ritmo de crescimento. Por exemplo, o Brasil, em 2004, apresentou um PIB de cerca

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    de R$ 1.716 bilhes, com um crescimento real de 4,9% em relao ao ano anterior. Nosltimos anos o nosso pas tem apresentado perodos de crescimento ora mais e oramenos rpidos, como se observa abaixo:

    Crescimento real do PIB

    Perodo Variao do PIB(%) Perodo Variao do PIB(%)1963 0,36 1997 3,271964 3,58 1998 0,13

    1968 a 1973 11,0 1999 0,791974 a 1979 6,8 2000 4,361980 a 1993 1,6 2001 1,31

    1994 5,85 2002 1,931995 4,22 2003 0,541996 2,66 2004 4,90

    Fonte: IBGEO que explica tamanhavariao nos ndices de crescimento do PIB? Este um dosprincipais assuntos da Macroeconomia. O PIB considerado a melhor medida dedesempenho de uma economia, pois mostra o esforo e a capacidade que possui umpas de oferecer uma certa quantidade de bens sua populao. A comparao entre osPIB de diversos pases permite classific-los em mais e menosdesenvolvidos. Masdeve-se ficar atento para alguns problemas que envolvem essa medio. Vamosexamin-los:

    a) sendo o PIB um valor, e portanto influenciado pelospreosdos bens, estes tm que

    estar equilibrados, no sentido de no sofrerem distores, como estar artificialmentealtos, em virtude da existncia de setores oligopolizados, remuneraes controladas peloGoverno e entidades sindicais e tarifas controladas;

    b) o PIB no considera o aspectoqualitativoda produo, isto , o que e quanto produzido. Por exemplo, a produo blica pode valer mais do que a produo detratores; a produo de remdios superar a produo de legumes;

    c) o PIB subestimadoquando existem produtos no transacionados no mercado,como a produo e o consumo dentro de uma fazenda, o trabalho das donas de casa, oaluguel das casas ocupadas pelos prprios donos;

    d) fazem parte do PIB produtos que geramcustos sociaisnem sempre considerados,como a poluio do ar, o rudo, a contaminao das guas etc. Esses produtossuperestimam o valor do PIB, porque de seu valor deveriam ser deduzidos osrespectivos custos sociais.

    Vejamos agora uma questo de concurso abaixo:

    (Analista de Finanas e Controle Federal, 1994)O produto nacional bruto o valorde mercado dea) Todas as transaes em uma economia durante o perodo de um ano.b) Todos os bens e servios transacionados em uma economia durante o perodo de umano.

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    c) Todos os bens finais e servios produzidos em uma economia durante o perodo deum ano.d) Todos os bens finais e servios produzidos e transformados em uma economiadurante o perodo de um ano.

    Comentrio: preciso ateno, inicialmente, para o fato de que a questo menciona oproduto nacional bruto (PNB), e no o produtointerno bruto (PIB). Existe umadiferena entre eles, que estudada no item do programa a seguir, embora tenhamaspectos comuns. Nessa questo a diferena no levada em considerao.

    a) No fazem parte do PIB todas as transaesocorridas em uma economia duranteo ano, pois a palavratransaopode englobar operaes econmicas e no econmicas.

    b) No fazem parte do PIBtodos os bens e servios transacionados, pois muitastransaes referem-se apenas a troca de ativos, como compra e venda de imveis, deaes, etc., que nada acrescentam de riqueza, apenas mudam a sua propriedade, bemcomo emprstimos e doaes.

    c) Fazem parte do PIB somente osbens finais, isto , aqueles produzidos e colocados disposio da sociedade, como o extrato de tomate, de cujo valor so deduzidos oscustos das matrias primas. Os tomates que foram utilizados na fabricao do extratono so considerados bens finais, pois foram transformados e a sua incluso redundariana chamadadupla contagem. includa a produo do tomate e outros insumoscolocados disposio do consumidor nos supermercados e nas feiras livres, bem comoaqueles que a fbrica de extrato no utilizou e conservou em seus estoques.

    d) No fazem parte do PIB os benstransformadosjustamente porque estes j soincludos nos bens finais.

    Gabarito: c.

    Vejamos agora esta questo:

    Assinale a alternativa incorreta:

    a) O valor do Produto Interno Bruto muitas vezes superestimado, se admitirmos quemuitos bens so produzidos sem ser considerado o custo social envolvido em sua

    produo.b) O valor do Produto Interno Bruto muitas vezes subestimado ao no considerar astransaes fora do mercado e no monetrias.c) Se duas economias possuem a mesma renda real per capita, o nvel de bem estar maior naquela em que o nvel de preos menor.d) A avaliao do bem estar econmico da populao de um pas deve levar em conta ovalor de sua renda per capita associado ao seu nvel de concentrao de renda.e) A renda per capita calculada dividindo-se o valor do Produto Nacional Bruto pelapopulao economicamente ativa.

    Comentrio:

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    a) J foi abordado no texto que os chamadoscustos sociaisda produo, tais como apoluio do ar e a contaminao dos rios pelas atividades produtivas, se noconsideradas no seu clculo, tendem asuperestimaro valor do PIB.

    b) Muitas transaes econmicas so realizadasfora do mercadoe, portanto, sem

    serem registradas, como as trocas e o autoconsumo, mas podem ser estimadas. Mesmoassim, se se considerar que boa parte delas escapa de seu registro, h realmente umasubestimaodo PIB.

    c) O PIB per capita uma medida de bem estar de um pas, resultante da diviso doPIB pela sua populao total. como se o valor do PIB fosse igualmente dividido pelapopulao, mas esse indicador esconde ograu de desigualdade de renda. Mesmoassim, pode-se comparar o bem estar entre pases diferentes atravs da comparaodesses valores. No caso de igualdade, deve-se recorrer a outros indicadores, como ocusto de vida.

    d) Como a renda per capita no revela por si s ograu de concentrao da renda,pode-se agregar queles valores algum ndice que mea a desigualdade.

    e) Como j salientado no item c, a renda per capita resultante da diviso do PIB pelasua populao total. A populao economicamente ativa apenas uma parte depopulao total.

    Gabarito: e.

    1.3. O Nvel Geral de Preos

    Em vez de se preocupar com os preos de cada produto ou remunerao de fator, aMacroeconomia estuda o comportamentogeral dos preos da economia. O ndiceGeral de Preosmede o nvel mdio dos preos, em comparao com um determinadoperodo base. O crescimento de preos de um perodo para outro denomina-setaxa deinflao. As causas e as conseqncias da inflao so estudadas pela teoriamacroeconmica. Considere-se a seguinte tabela:

    Perodo Taxa de Inflao ndice de preos1 - 1002 5% 1053 8% 113,4

    O Brasil tem na inflao um dos seus problemas mais importantes, que somente foiminimizado com oPlano Real de 1994. Eis algumas taxas verificadas nos ltimos anos,segundo o ndice Geral de Preos - IGP:

    Inflao no BrasilAno Inflao (%) Ano Inflao (%)1963 81,3 1995 14,78

    1964 91,9 1997 7,481967 24,3 1998 1,70

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    1973 15,5 1999 4,861980 110,24 2000 5,971985 235,11 2001 7,671988 1.037,56 2002 12,531990 1.476,71 2003 9,301993 2.708,17 2004 7,60

    Fonte: Fundao Getlio Vargas

    No Brasil, h diversos ndices de inflao, conforme o rgo que os apura e os critriosde clculo:

    ndice rgo N desalrios-mnimos

    Perodo deabrangncia

    (dias doms)

    Regio deabrangncia

    IGP-DI FGV 1 a 33 1 a 30 12 RMIGP-M FGV 1 a 33 22 a 21 Rio e SoPaulo

    IPC FIPE 1 a 20 1 a 30 So PauloINPC IBGE 1 a 8 1 a 30 11 RMIPCA IBGE 1 a 40 1 a 30 11 RMIPCA-E IBGE 1 a 40 21 a 20 11 RMICV DIEESE sem limite 1 a 30 So PauloICVM Ordem dos

    Economistasde So Paulo

    6 a 33 1 a 30 So Paulo

    O IGP- ndice geral de Preos resultante da mdia ponderada de trs ndices: IPA(ndice de Preos no Atacado), com peso de 60%, IPC (ndice de Preos aoConsumidor), com peso de 30%, e INCC (ndice Nacional da Construo Civil), com10%.

    (Economista da Petrobrs, 2001)Julgue o item a seguir.- As variaes observadas nos ndices de preo ao consumidor tendem a superestimar ainflao no somente porque as melhorias na qualidade dos produtos so subestimadas,mas tambm pelo fato de esses ndices no considerarem o efeito substituio.

    Comentrio:o ndice de preo reflete as variaes de preos dos produtos, mas podemocorrer situaes em que os ndices no refletem variaes efetivas de preos. Umadelas que a evoluo de preos de um produto nem sempre leva em considerao asalteraes em sua qualidade. Se a qualidade, por exemplo, aumenta, pode ocorrer umaumento de preo que no significa necessariamente inflao. Outra situao que oconsumidor, ao se deparar com um aumento de preo de um determinado produto,exerce seu direito de substitu-lo por outro agora relativamente mais barato, fenmenoconhecido comoefeito substituio. Esses dois fatores fazem com que o ndice deinflao sejasuperestimado, isto , torna-se maior do que efetivamente.Gabarito:Verdadeiro.

    (Consultor Legislativo do Senado Federal, 2002)Julgue o item seguinte:

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    Os aumentos dos preos dos produtos importados, quando geram reduo do consumodessas mercadorias, contribuem para aumentar o vis de substituio associado mensurao dos ndices de custo de vida.

    Comentrio:segundo a teoria microeconmica, umavariao no preode um bem

    provoca osefeitos renda e substituio. O efeito rendafaz o consumidor tornar-semais rico ou mais pobre. Oefeito substituio responsvel pela substituio dos benscujos preos aumentaram pelos agora relativamente mais baratos. Nesse caso, aparticipao dos produtos mais caros diminui e se essa quantidade consumida menorno for considerada, os ndices de custo de vida ficaro superestimados.

    Gabarito: Verdadeiro.

    Esse aspecto de substituio dos bens mais caros pelos mais baratos tambm foi objetoda questo abaixo:

    (Analista Legislativo da Cmara dos Deputados, 2002)Julgue o item seguinte: Ondice de Preos ao Consumidor (IPC) tende a superestimar o impacto dadesvalorizao do real sobre a alta do custo de vida porque esse ndice no leva emconta o fato de que os consumidores substituem os produtos importados, cujos preosaumentaram, por produtos domsticos, relativamente mais baratos.

    Gabarito: verdadeiro.

    1.4. O desemprego

    O desemprego constitui-se hoje no maior problema macroeconmico. Ataxa dedesemprego definida como a relao entre a populao desempregada e a populaoeconomicamente ativa.

    Taxa de desemprego = Populao desempregada / Populao economicamenteativa

    Vejamos alguns conceitos:

    - Populao Produtiva(ou em idade ativa, aquela em idade de trabalhar): abrange aspessoas entre os 14 e os 65 anos de idade.

    - Populao Dependente(aquela fora da idade de trabalho): abrange as pessoas demenos de 14 e de mais de 65 anos.- Populao Economicamente Ativa( a que est voltada para o mercado de trabalho):abrange a populao produtiva, menos os estudantes e os domsticos no remunerados,como as donas de casa, os deficientes e os que cumprem pena.- Populao Ocupada(a que est efetivamente empregada): abrange a populaoeconomicamente ativa, menos os desempregados.- Parcela de Ocupao: a relao percentual entre a populao ocupada e a populaototal.A figura, abaixo, mostra cada uma das partes da populao de um pas, definidas acima.

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    populao dependente estudantes e domsticos

    desempregados

    populao ocupada

    Os economistas consideram que h umarelao inversa entre o desemprego e ocrescimento do produto. Assim, se a produo cresce, o desemprego cai e se aproduo cai, o desemprego aumenta. Existe a chamadalei de OKUN(devida aoeconomista Arthur Okun), pela qual cada 3 pontos percentuais de crescimento do PIB,acima de um piso natural de 4%, resultaria em diminuio de 1% na taxa dedesemprego.

    Aproveitando um exemplo numrico apresentado por Dornbusch, suponhamos que umaeconomia tenha uma meta de diminuir sua taxa de desemprego de 7,5 para 5%, numperodo de 4 anos. Sabendo-se que essa economia necessita crescer anualmente nomnimo 4%, qual a taxa de crescimento requerida do PIB em cada um dos prximos 4anos?

    Clculo: 4% + (7,5% - 5%) .3 = 5,88%4

    As estatsticas sobre desemprego, no Brasil, so divergentes. Elas so medidas peloInstituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGEe pelo Departamento Intersindicalde Estatstica e Estudos Scioeconmicos-DIEESE. A razo da divergncia est nadiferena demetodologiade pesquisa empregada. Dentre as principais diferenas, tem-se:

    a) O IBGE, por recomendaes da Organizao Internacional do Trabalho- OIT, medeapenas odesemprego aberto, que abrange as pessoas sem ocupao e sem rendimento,que procuraram trabalho efetivamente nostrinta dias anteriores pesquisa, e notenham trabalhado nos ltimos sete dias. A pesquisa abrange as regies metropolitanasde So Paulo, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Salvador;

    b) O DIEESE amplia para12 meseso perodo de procura de trabalho e incorporaaqueles que esto procurando emprego mas exercem alguma atividade irregular e combaixa jornada de trabalho (trabalho precrio);

    c) O DIEESE incorpora aqueles que no procuraram emprego nos ltimos 30 dias mas ofizeram no ltimo ano (desempregooculto por desalento). Para o IBGE essas pessoasso enquadradas como inativas e excludas da populao economicamente ativa;

    d) As pessoas que exercem atividades no remuneradas em organizaes beneficentes eque no procuram trabalho so consideradas ocupadas pelo IBGE e inativas peloDIEESE;

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    O grfico ao lado mostra acurva depossibilidades de produoda economia. YA curva determina o mximo que pode serproduzido de dois bens, X e Y. No ponto A,

    por exemplo, so produzidas as quantidades Y1 AX1 e Y1, dada a limitao de recursos disponveis.Esse oproduto potencial.Se a economia, no entanto, est produzindo Y2 Bno ponto B, com as quantidades X2 e Y2, ela noutiliza todos os recursos de que dispe. Esse oproduto efetivoda economia.

    0 X2 X1 X

    A diferena entre o produto potencial e o produto efetivo denomina-sehiato deproduto. Esse hiato corresponde adesempregode recursos.

    Hiato de produto = produto potencial produto efetivo

    Por que o produto efetivo normalmente menor do que o produto potencial? Amacroeconomia estuda as causas dessa diferena.

    O grfico ao lado mostra como evoluemo produto potencial (PP) e o produto efetivo (PE)ao longo do tempo. Ambos tendem a crescer, PPmas de forma diferente. O produto potencial PEevolui como uma linha reta, e o seu crescimentodepende do crescimento da populao, do estoquede capital e da tecnologia. Enquanto isso, o produtoefetivo, embora tambm tenda a crescer ao longodo tempo, o faz de modo menos regular. 0 t

    Enquanto a evoluo do produto potencial est ligado afatores estruturais daeconomia, e portanto sujeito a modificaes que ocorrem a umprazo mais longo, oproduto efetivo determinado porfatores conjunturais,que ocorrem nocurto prazo.Quando a produo efetiva menor do que a potencial, diz-se que hcapacidadeprodutiva ociosa.

    A tendncia normal de um pas de crescer de acordo com a sua capacidade produtiva,isto , conforme crescem a sua populao, o estoque de capital e a tecnologia. O produtoefetivo, no entanto, est sujeito a instabilidades, causadas principalmente por:

    a) poltica econmica do governo;

    b) estmulos positivos ou negativos dos agentes econmicos (situao poltica,expectativas otimistas ou positivas etc);

    c) eventos fortuitos (clima, guerras, convulses sociais etc).

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    A conjuntura econmica determina a maior ou menor expanso do produto, e inclusivea sua diminuio. Os estudiosos do comportamento do produto costumam dizer que aeconomia atua em ciclos, os chamadosciclos econmicos, que apresentam uma certaregularidade, e as seguintes etapas:

    a) recesso: diminuio mais suave da produo e do emprego. Costuma-se identificaruma recesso quando o produto cai por dois trimestres consecutivos.

    b) depresso: aprofundamento da recesso, isto , a queda da atividade diminui a nveisbem mais baixos.

    c) recuperao: retomada do aumento da atividade. H um crescimento em relao aosnveis imediatamente anteriores.

    d) prosperidade: aumento das taxas de crescimento do produto e do emprego.

    A economia sempre apresentaproblemas. Se a recesso e a depresso vmacompanhadas de desemprego, a recuperao e a prosperidade trazem consigo osaumentos de preos, isto , a inflao. Esses problemas so estudados atravs dateoriamacroeconmica.

    Outras questes:

    2- (Provo, 1999)O hiato de produto, que a diferena entre o produto potencial e oefetivo, negativo quando a economia:a) est em recesso. b) est em depresso.c) inicia seu processo de recuperao. d) atinge o pleno emprego.e) supera o produto de pleno emprego.

    Comentrio:o produto potencialde uma economia o valor dos bens e servios queessa economia pode produzir em cada ano se utilizar todos os recursos de que dispesob a forma de trabalho, capital e recursos naturais. Esse conceito leva em conta queexiste uma certa taxa de desemprego, denominada natural ou estrutural, que defineum produto considerado depleno emprego. Enquanto isso, oproduto efetivo o valorproduzido de acordo com as decises das empresas produtoras, e que depende de fatorescomo a demanda agregada. A diferena entre o produto potencial e o produto efetivo,denominadohiato de produto, se positivo, representa uma perda de produto e uma no

    utilizao de todos os recursos de que a economia dispe. Esse hiato tambm pode sernegativo, pois uma economia pode ultrapassar o seu potencial quando a taxa dedesemprego fica momentaneamente abaixo de seu nvel natural, em razo de situaesde demanda que pressionam a oferta agregada da economia.

    Gabarito e.

    3- (Consultor Legislativo do Senado Federal, 2002)Julgue os itens a seguir:

    a) A taxa natural de desemprego aquela que prevalece quando a economia estproduzindo ao nvel de seu produto potencial.

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    Comentrio:cada economia tem a suataxa natural de desemprego, definida comoaquela que prevalece alongo prazoem razo defatores estruturaisde sua economia,embora possa variar para mais ou para menos no curto prazo. Essa taxa corresponde aoproduto potencialda economia, mesmo que seja uma taxa diferente de zero. Aexplicao para essa taxa natural est em quarto fatores: odesemprego friccional,

    constitudo pela parcela da fora de trabalho que est saindo de um emprego e sedirigindo a um outro; alegislao salarial, que pode fixar nveis mnimos de salriosque inibam uma maior procura de trabalhadores por parte das empresas; os nveis deseguro desemprego, que podem desestimular a maior oferta de trabalho por parte dostrabalhadores; e osencargos salariais, que oneram a folha de pagamento das empresas.

    Gabarito: Verdadeiro.

    b) De acordo com a Lei de OKUN, se a taxa de desemprego aumentar em 4%, o produtonacional bruto (PNB), em termos reais, ser reduzido na mesma proporo.

    Comentrio:a Lei de Okun uma relao aritmtica entre variao no desemprego evariao no PIB. Parte-se do suposto que quando um pas cresce, aumentando aproduo, certamente que o nmero de trabalhadores desocupados cai e essa lei oresultado do trabalho estatstico que chegou relao entre essas taxas. No livro doprof.Dornbusch, essa relao de 3 por 1, isto , para cada diminuio no emprego de1% a economia tem de crescer 3%. No livro doprof. Mankiw, a variao do PIB real igual expresso:3% - 2 x taxa de desemprego. Um exemplo: para uma diminuiode 1% na taxa de desemprego, tem-se que a variao necessria do PIB real de: 3% - 2x (-1) = 5%. Isto , para o desemprego cair em 1%, a economia tem que crescer 5%.

    Gabarito: Falso.

    4- (Analista de Oramento Federal, 1997)Quando uma economia no esttrabalhando na sua curva de possibilidades de produoa) h perfeita flexibilidade dos preos;b) o progresso tecnolgico neutro;c) o custo de oportunidade de aumentar a produo nulo;d) a oferta de fatores de produo inelstica;e) deve fechar-se ao comrcio exterior.

    Comentrio:A curva de possibilidades de produo uma representao grfica das

    limitaes de uma economia em termos de quantidade de recursos de que dispe paraproduzir. Observe o grfico da curva, que mostramos anteriormente. Se uma economiaproduz sobre a curva, como noponto A, produz em seupotencial, ou seja, paraproduzir mais do bem X tem de produzir menos do bem Y, e vice-versa. Qualqueraumento de produo gera, portanto, umcusto de oportunidade, definido como a percade produo correspondente utilizao dos recursos em outra atividade. Mas se aeconomia no est sobre a curva, como no ponto B, qualquer aumento de produo podeser realizado sem o sacrifcio do outro bem, pois h recursos ociosos. Nesse caso, diz-se queo custo de oportunidade nulo.Gabarito c.

    5- (Analista de Controle Externo do Tribunal de Contas do DF, 2002)A escolha emsituao de escassez, as interaes entre o governo e os mercados privados, bem como

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    as questes ligadas ao meio ambiente, so pontos relevantes para a anlise dosfenmenos econmicos. A esse respeito, julgue o item a seguir.Polticas de incentivos fiscais que estimulam o crescimento da poupana contribuempara deslocar, para cima e para a direita, a fronteira de possibilidades de produo daeconomia. .

    Comentrio: a fronteira de possibilidades de produo, como o nome diz, opotencial produtivo de uma economia, ou seja, o mximo que uma economia podeproduzir dada a quantidade de recursos disponveis. Esses recursos so fsicos e nofinanceiros, ou seja, constitui-se da quantidade de trabalho, recursos naturais, capital,tecnologia e a capacidade empresarial do pas. Certamente que o crescimento dapoupana pode concorrer para uma expanso da capacidade produtiva, na medida emque esses recursos desviados do consumo forem aplicados, por exemplo, em produode novos equipamentos, inovaes tecnolgicas e aperfeioamento da mo de obra. Gabarito: Verdadeiro.

    Y

    O crescimento da poupanafaz deslocar a curva depossibilidades de produopara a direita.

    X

    1.5. PIB Nominal e PIB Real

    O PIB uma medida do desempenho e do bem-estar econmico de uma nao. Ele igual ao somatrio dos valores de todos os bens produzidos em determinado perodo.

    Denomina-sePIB nominal, o valor do PIBa preos correntes, isto , do prprio ano, ePIB real, o valor do PIB aos preos relativos a outro ano. O PIB real tambm definidocomo o PIBa preos constantes, pois utilizado para se fazer uma comparao dedesempenho, sem a influncia da variao de preos ocorrida entre os anos. Vamos aum exemplo:

    Quantidade (ton) Preos (R$/kg)Ano carne feijo carne feijo1 20 30 1,00 0,502 25 32 1,20 0,70

    Clculos dos PIB nominais (em R$1.000,00):

    Ano 1 = p1.q1 = 20 x 1,00 + 30 x 0,50 = 20 + 15 = 35Ano 2 = p2.q2 = 25 x 1,20 + 32 x 0,70 = 30 + 22,4 = 52,4

    Considerando-se o ano 1 como base, o ndice do PIB nominal do ano 2 igual a p2.q2 / p1.q1 = 52,4 / 35 = 1,4971

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    Variao do PIB nominal: ( p2.q2 / p1.q1 ) 1 = (52,4 / 35) 1 = 0,4971 = 49,71%.

    Como se pode observar, o crescimento nominal considera as variaes das quantidadese dos preos. Para medir a variao do bem-estar econmico do ano 1 para o ano 2,devemos ignorar a evoluo dos preos. Calculemos, ento, o PIB de cada anoconsiderando ospreos constantes do ano 1, ou seja, os PIB reais.

    Clculos dos PIB reais (em R$1.000,00):Ano 1 = p1.q1 = 35Ano 2 = p1.q2 = 25 x 1,00 + 32 x 0,50 = 25 + 16 = 41

    Considerando-se o ano 1 como base, o ndice do PIB real do ano 2 igual a p1.q2 / p1.q1 = 41 / 35 = 1,1714

    Esse ndice conhecido comondice de quantidade de LASPEYRES.

    Variao do PIB real: ( p1.q2 / p1.q1 ) 1 = (41 / 35) 1 = 0,1714 = 17,14%.

    Tem-se que: ndice nominal = ndice real x ndice de preos

    Da que: ndice de preos = ndice nominal / ndice real

    Ento, o ndice de preos igual a: 1,4971 / 1,1714 = 1,2780

    E a variao de preos : 1,2780 1 = 0,2780 ou 27,8%

    Esse ndice de preos tambm denominado deDeflator Implcito de Preos, ecorresponde aondice de preos de PAASCHE.

    PIB Deflator do PIBAnonominal Real ndice variao (%)

    1 35 35 1,00 -2 52,4 41 1,278 27,8

    Voltando igualdade ndice nominal = ndice real x ndice de preos, tem-se quendice real = ndice nominal / ndice de preos, isto , pode-se calcular a variao realou de quantidade da economia, dividindo-se o ndice nominal pelo ndice de preos.Isso significadeflacionar-seum valor. Consideremos a seguinte tabela:

    Variao dos preos(%)

    PIB realAnos PIBnominal

    Variao Nominal

    (%) Anual acumulada

    ndice depreos

    acumulado valor (%)1 150 - - - 1,00 150 -2 165 10 8 8 1,08 152,8 1,93 198 20 22 31,76 1,3176 150,3 - 1,64 227,7 15 12 47,57 1,4757 154,3 2,75 239,08 5 10 62,33 1,6233 147,3 - 4,5

    Observaes:

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    a) O clculo da coluna deVariao Nominalresulta da variao do PIB nominal decada ano em relao ao ano anterior. Por exemplo, a variao nominal de 1996 emrelao a 1995 igual a (198 / 165 ) 1 = 0,20 ou 20%.

    b) A coluna doPIB real obtida dividindo-se o PIB nominal de cada ano pelo

    respectivo ndice acumulado de preos. Nesse caso, deflaciona-se cada valor do PIBnominal a fim de que os preos permaneam constantes ao ano de 1994. Por exemplo, oPIB real referente a 1998 igual a 239,08 / 1,6233 = 147,3.

    c) A coluna devariao do PIB realdeve ser comparada com a do PIB nominal. Nessecaso, verifica-se, por exemplo, que nos anos 3 e 5, apesar de crescimentos nominaispositivos, os crescimentos reais foram negativos. A explicao para essa diferena estnas variaes de preos, que foram superiores s variaes do PIB nominal em cada umdesses anos.

    Algumas questes:

    1- ( Economista da Petrobrs Distribuidora, 1997)Considere uma economia comapenas dois produtos finais A e B e analise as informaes de vendas em bilhes dereais e preos para estes produtos, para dois anos, que esto no quadro abaixo:

    Ano Quantidade dobem A

    Preo do bem A Quantidade dobem B

    Preo do bem B

    1 200 10 1.000 62 1.500 2 1.500 10

    Sendo assim, a variao percentual do PIB real, entre os anos 1 e 2, utilizando o ano 1como base, de:

    a) 115% b) 125% c) 200% d) 225% e) 300%

    Comentrio: Pode-se calcular a variao do PIB em termos nominais ou reais. Avariao nominal a preos correntes, enquanto que a variao real considera os preosconstantes para que se conhea a variao da produo em termos fsicos, que d aefetiva dimenso do esforo realizado no ano. O PIB igual ao somatrio dos valoresdos bens produzidos em cada ano. Assim, tem-se:

    Clculo do PIB nominal de cada ano:ano 1: p1.q1 = 200 x 10 + 1.000 x 6 =8.000; ano 2: p2.q2 = 1.500 x 2 + 1.500 x 10 = 18.000. A variao em termosnominais igual a : (18.000 / 8.000) = 2,25 ou 125%.Clculo do PIB real de cada ano(consideramos constantes os preos do ano1): ano 1: p1.q1 = 200 x 10 + 1.000 x 6 = 8.000; ano 2: p1.q2 = 1.500 x 10 + 1.500 x 6 =24.000; a variao em termos reais igual a : (24.000 / 8.000) = 3,00 ou 200%.Gabarito: c.

    2- (Auditor-Fiscal da Receita Federal, 2000)Considere uma economia hipottica queproduza apenas 3 bens finais: arroz, feijo e carne, cujos preos (em unidadesmonetrias) e quantidades (em unidades fsicas), para os perodos 1 e 2, encontram-sena tabela a seguir:

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    perodo arroz feijo carnepreos quant. preos quant. preos quant.

    1 2,20 10 3,00 13 8,00 132 2,30 11 3,50 14 15,00 8

    Considerando que a inflao utilizada para o clculo do produto real agregado dessaeconomia foi de 59,79% entre os dois perodos, podemos afirmar quea) o produto nominal cresceu 17,76%, enquanto o produto real cresceu apenas 2,26%.b) o produto nominal cresceu 12,32%, ao passo que no houve alterao no produtoreal.c) o produto nominal cresceu 17,76%, enquanto o produto real caiu 26,26%.d) o produto nominal cresceu 15,15%, enquanto o produto real caiu 42,03%.e) o produto nominal cresceu 15,15%, enquanto o produto real caiu 59,79%.

    Comentrio:o produto nominal igual soma dos valores da produo de cada umdos itens (arroz, feijo e carne) do ano, aos preos correntes, isto , do mesmo ano.Assim, tem-se que o produto no perodo 1 igual a: p1.q1 = 2,20 x 10 + 3,00 x 13 +8,00 x 13 = 165; e o produto nominal do perodo 2 igual a: p2.q2 = 2,30 x 11 + 3,50x 14 + 15,00 x 8 = 194,30. Assim, ocrescimento nominal igual a 194,30 / 165 =1,1776 ou 17,76%. Enquanto isso, vimos acima na teoria que o ndice de variaonominal igual ao ndice da quantidade (ou real) vezes o ndice de preos.Substituindo-se, tem-se: 1,1776 = ndice real x 1,5979, dondendice real= 0,7370, ouseja, umaqueda realde 26,30%.Gabarito: c.

    3- (Auditor-Fiscal da Receita Federal, 2002)Suponha uma economia hipottica queproduza apenas 2 bens finais A e B. Considere a tabela a seguir:

    Ano Bem A Bem Bpreo quantidade preo quantidade

    1 2,00 10 3,50 152 2,50 12 4,83 10

    Com base nessas informaes e utilizando-se do ndice de preos de Laspeyres, correto afirmar que, entre os perodos 1 e 2,a) o produto nominal apresentou uma variao positiva de 8% e o produto real noapresentou variao.b) o produto nominal apresentou uma variao positiva de 12% e o produto real umavariao negativa de 19,65%, aproximadamente.c) o produto nominal apresentou uma variao positiva de 8% e o produto real umavariao negativa de 8,33%, aproximadamente. .d) o produto nominal apresentou uma variao positiva de 8% e o produto real umavariao positiva de 2,5%.e) o produto nominal apresentou uma variao positiva de 8% e o produto real umavariao negativa de 19,65%, aproximadamente.

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    Comentrio: o produto nominal, em cada ano, calculado somando-se os valoresproduzidos de cada produto, A e B, multiplicando-se preos e quantidades. Assim, oproduto nominal em cada um dos anos igual a: ano 1 = p1.q1 = 2,00 x 10 + 3,50 x 15= 72,50; ano 2 = p2.q2 = 2,50 x 12 + 4,83 x 10 = 78,30. A variao nominal igual a(78,30 / 72,50) 1 = 8%.

    Para se calcular a variao do produto real, determina-se o produto real do ano 2,mantendo-se os preos do ano 1, conforme o ndice de preos de Laspeyres: 2,00 x 12 +3,50 x 10 = 59. O produto real do ano 2 foi, portanto, inferior ao produto nominal doano 2, o que significa ter havido uma queda real no produto, que igual a (59 / 72,50) 1 = - 19,62%.Opo e.

    1.6. O produto ou renda per capita

    Quanto maior o valor do produto, maior deve ser o desempenho de uma economia e,

    portanto, maior deve ser o seu bem-estar. Mas a populao normalmente tambm estcrescendo, de tal maneira que preciso verificar se est havendo umaumento efetivode bem-estarpara cada um dos componentes da sociedade. Nesse caso, utiliza-se comoindicador o produto (ou renda) per capita.

    PIB per capita = PIB real / Populao

    Vejamos a seguinte tabela:

    PIB real Populao PIB per capitaAno$ milhes variao

    Mil

    habit.variao

    $ variao

    1 150 - 200 - 750 -2 162 8% 210 5% 771,4 2,9%3 167 3% 220,5 5% 757,4 -1,8%

    O quadro mostra que, apesar de a economia ter crescido em termos reais de 8% no ano2, o crescimento da renda per capita foi de apenas 2,9%, em virtude de o crescimentopopulacional ter sido de 5%. J no ano 3 a renda per capita cai, pois o PIB realaumentou menos (3%) do que a populao.

    A renda per capita o padro mais usado para medir o desenvolvimento econmico deuma nao. Mas assim como a mensurao do PIB tem aspectos que devem serconsiderados, a renda per capita deve servir com as mesmas precaues, dentre as quaisdestacam-se:- o grau de desigualdade na distribuio da renda;- a taxa de analfabetismo;- a expectativa de vida;- o grau mdio de instruo.

    O PIB no Brasil em 2004 foi calculado em cerca de R$ R$ 1.716 bilhes. Dada apopulao de 190 milhes de habitantes, a renda per capita foi de cerca de R$ 9.031.

    1.7. Estoques e fluxos

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    Denomina-sevarivel fluxo aquela que medida por perodo de tempo. Comoexemplos, tem-se a produo de ao por ano, a produo de batata por ms, o nmerode automveis que estacionam em um shopping por hora, a vazo de um rio por minutoetc. Enquanto isso, denomina-sevarivel estoque aquela que medida num ponto do

    tempo. Como exemplos, tem-se o estoque de soja nos armazns governamentais, asreservas de divisas de um pas, o nmero de carros estacionados em determinadomomento em um shopping, o nmero de alunos que est neste momento assistindo auma aula etc.

    Existemrelaesimportantes entre diversos fluxos e estoques na economia. Vamos aalguns exemplos:

    - Investimento e Capital: adespesa de investimentos um fluxo que concorre para oaumento do estoque de capital. A despesa com novas mquinas, a construo de novosprdios, fbricas e estradas fazem com que o estoque ou o patrimnio de um pasaumente. Fazendo K o estoque atual de capital e I o fluxo de investimento emdeterminado perodo, tem-se:

    K = K1 + I

    onde K1 o estoque de capital do perodo anterior. A expresso indica que o estoque

    de capital do perodo corrente igual a de capital do perodo anterior, mais o fluxo de

    investimento corrente. Como o capital sofre um processo de desgaste ou obsolescncia,

    conhecido como depreciao (d), tem-se que:

    K = K1 + I d

    onde I o investimento bruto e I d o investimento lquido.

    Pode-se fazer: K - K1 = I d

    onde a variao do estoque de capital igual ao investimento lquido.

    - Patrimnio e poupana:W W1 = S

    onde a variao do estoque patrimonial ou patrimnio (W) igual ao fluxo de

    poupana (S).

    - Reservas Internacionais e saldo do balano de pagamentos:RI RI1 = SBP,onde a variao dos estoques ou das reservas internacionais do pas (RI) igual aosaldo do balano de pagamentos (SBP).

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    - Dvida e dficit pblico:DIV PUB DIV PUB1 = DEF PUBonde a variao da dvida pblica (DIV PUB) igual ao dficit pblico (DEF PUB).

    Algumas questes:

    1- (Analista do Banco Central do Brasil, 1998)Na teoria econmica, muitas vezes oportuno classificar as variveis como sendo do tipo estoque ou fluxo. Tomandocomo caso os conceitos de dvida e dficit pblico, pode-se dizer quea) A dvida pblica pode ser considerada como uma varivel do tipo fluxo, enquantoo dficit pblico pode ser considerado como uma varivel do tipo estoque.b) A dvida pblica pode ser considerada como uma varivel do tipo estoque,enquanto o dficit pblico pode ser considerado como uma varivel do tipo fluxo.c) Tanto a dvida pblica quanto o dficit pblico so variveis fluxo.d) Tanto a dvida pblica quanto o dficit pblico so variveis estoque.e) Dependendo do enfoque, tanto o dficit quanto a dvida pblica podem serconsiderados variveis estoque ou variveis fluxo.Comentrio: as variveis econmicas so do tipo "estoque", quando medidas numponto do tempo, ou do tipo "fluxo", quando medidas em um perodo de tempo. Porexemplo, o nmero de trabalhadores em uma empresa, a quantidade de mquinas, advida de emprstimos perante os bancos, o valor dos ativos em geral, so variveis"estoque". Enquanto isso, o nmero de trabalhadores que ingressaram em uma empresaem uma determinada semana, o valor dos equipamentos depreciados em um ms, oslucros gerados em um semestre etc., so variveis "fluxo". Nesse sentido, como odficit pblico medido em um perodo de tempo do tipo "fluxo" e advida pblica,avaliada em determinado momento do tempo e resultante da acumulao desses dficits, do tipo "estoque". Gabarito: b.

    2- (Auditor-Fiscal da Receita Federal, 2000)Pode-se dividir as variveismacroeconmicas em duas categorias: variveis estoque e variveis fluxo. Assim,podemos afirmar quea) a renda agregada, o investimento agregado, o consumo agregado e o dficitoramentrio so variveis fluxo, ao passo que a dvida do governo e a quantidade decapital na economia so variveis estoque.b) a renda agregada, o investimento agregado, o consumo agregado e o dficitoramentrio so variveis estoque, ao passo que a dvida do governo e a quantidadede capital na economia so variveis fluxo.c) a renda agregada, o investimento agregado, o consumo agregado e a dvida pblicaso variveis fluxo, ao passo que o dficit oramentrio e a quantidade de capital naeconomia so variveis estoque.d) o investimento agregado, o consumo agregado e a dvida pblica so variveisfluxo, ao passo que a renda agregada, o dficit oramentrio e a quantidade de capitalna economia so variveis estoque.e) a renda agregada e o dficit oramentrio so variveis fluxo, ao passo que oconsumo agregado, o investimento agregado, a dvida pblica e a quantidade de capitalna economia so variveis estoque.

    Comentrio: as variveis econmicas podem ser classificadas em variveis fluxo(quando so medidas em um perodo de tempo) e em variveis estoque (quando so

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    medidas em determinado ponto do tempo. A renda, o investimento, o consumo e odficit so medidos em um determinado perodo, por exemplo um ms (variveis fluxo).Enquanto isso, a dvida do governo e a quantidade de capital so medidas emdeterminado ponto do tempo (variveis estoque).

    Gabarito a.Bons estudos.