Aula 01 filosofia mito, natureza e razão

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FILOSOFIA Aula 1 – Mito, Natureza e Razão Prof. Ms. Elizeu N. Silva

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FILOSOFIAAula 1 – Mito, Natureza e Razão

Prof. Ms. Elizeu N. Silva

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Os historiadores da Filosofia o final do século VII e o

início do século VI a.C. como a época em que ele

surge nas colônias gregas da Ásia Menor

(particularmente na região Jônia). Tales, da cidade de

Mileto, foi o primeiro filósofo.

Contudo resta a pergunta: a Filosofia nasceu por si

mesma ou resulta de outros saberes que a

precederam? Sabe-se que a Filosofia é um fato grego,

mas antes deles havia outras civilizações dotadas de

ciências. (Egípcios, assírios, persas, caldeus,

babilônios).

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A chamada “tese orientalista” defende que os

gregos, durante suas navegações, incorporaram e

transformaram os saberes de povos orientais com

quem comerciavam.

Segundo esta tese, a Filosofia grega tem as seguintes

origens:

• Com os egípicios os gregos aprenderam a

agrimensura, e dela fizeram surgir duas ciências:

aritmética e geometria;

• Com babilônios e caldeus, aprenderam a astrologia

e dela fizeram surgir outras duas ciências:

astronomia e meteorologia;

• Com os persas aprenderam a genealogia, e através

dela fizeram surgir a história;

(cont.)

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• Com os mesmo persas aprenderam sobre a

purificação da alma, transformando em psicologia e

as teorias filosóficas sobre a natureza e o destino da

alma humana.

Outra corrente, conhecida como “milagre grego”

defendia que:

• A Filosofia surgiu inesperada e espantosamente na

Grécia, sem qualquer relação com saberes de outros

povos;

• Que tratava-se de fenômeno espontâneo, único,

inigualável.

• Que os gregos foram um povo extraordinário, sem

igual antes ou depois deles, capazes de criar a

ciência e elevar a arte a um nível jamais visto e

jamais repetido.

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A tese mais aceita, a partir do século XX, considera a

influência oriental no desenvolvimento da Filosofia

grega, associada à peculiaridade e à originalidade

dos filósofos gregos.

• Com relação aos mitos: os gregos humanizaram os

deuses e divinizaram os homens. Deram

racionalidade a narrativas sobre as origens das

coisas, dos homens, das instituições humanas (o

trabalho, as leis, a moral).

• Com relação aos conhecimentos: os gregos

transformaram em ciência, isto é, conhecimento

racional, abstrato e universal, diversos saberes

práticos de outros povos.

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• Com relação à organização social e política: Os

gregos inventaram a política. Todos os outros povos

conheciam a autoridade e o governo, mas estes não

estavam separados das figuras do chefe de família e

do líder religioso. Os gregos inventaram a política ao

promoverem a separação entre poder público e

poder privado, bem como entre o poder público e o

poder religioso.

• Com relação ao pensamento: a partir da herança

oriental, os gregos inventaram o pensamento

sistemático fundado na razão, que segue

necessariamente regras e leis universais.

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A oposição entre verdadeiro e falso, entre verdade e

mentira são a base da discussão filosófica. No

entanto, contemporaneamente, mais que buscar um

‘saber último’, a Verdade definitiva, discute-se a

natureza da verdade.

A Filosofia ocupa-se dos problemas de seu tempo. Na

Grécia antiga, os debates tinham como objeto a

oposição entre mito e verdade.

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Para o filósofo grego clássico, o mito não é capaz de

levar o ser ao conhecimento verdadeiro. Antes, trata-

se de uma narrativa que apela ao sobrenatural e às

explicações mágicas.

O verdadeiro saber, para estes filósofos, só poderia

ser fornecido em narrativas estruturadas em relações

causais e racionalmente aceitáveis.

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Mito -->> do grego mythos, que é uma palavra

composta por dois verbos: mytheo = conversar,

designar coisas + mytheyo = narrar, contar algo a

alguém.

O principal papel do mito é dar sentido à existência

das pessoas e dos grupos que nele acreditam. Sua

narrativa é aceita sem questionamento pelas

pessoas e grupos nos quais se insere. Desta forma,

as comunidades se mantém unidas.

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Entretanto, o mito é incapaz de fornecer explicações

estruturadas em relações causais ou apoiadas na

razão. Os filósofos gregos, portanto, o colocam na

berlinda. Desautorizado pela filosofia, perde a função

de cimento social e passa a ser visto como falsidade.

Muitos dos mitos antigos são classificados como

cosmogonia (gr. kosmogonía = criação do mundo),

por se estruturarem como explicações sobre aquilo

que as comunidades aceitam como o princípio de

tudo.

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Cosmogonia: Geralmente explicam o início da vida

como resultante da união sexual entre deuses, entre

deuses e humanos, ou entre humanos primeiros, em

situações complexas que servem de pano de fundo

para relatos de ciúmes, paixões, obediência x

desobediência, disputas sobre a justiça, guerras,

domínios etc.

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Os mitos são incapazes de oferecer respostas no

nível desejado pelo filósofo, pois baseiam-se na

genealogia e adquirem consistência pela

ancestralidade.

Ao filósofo da Grécia antiga interessava conhecer os

elementos primordiais comprováveis. Ao invés da

cosmogonia, dedicava-se à cosmologia (gr.

kosmología >> kósmos = ordem, mundo, universo +

logía (rad. gr.) = tratado, ciência, discurso). As

cosmologias são teorias sobre a natureza do mundo.

Boa parte dos filósofos pré-socráticos são

considerados cosmólogos.

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Doxa: (gr. dóksa >> opinião, juízo) Sistema ou

conjunto de juízos que uma sociedade elabora em

um determinado momento histórico supondo tratar-

se de uma verdade óbvia ou evidência natural, mas

que para a filosofia não passa de crença ingênua, a

ser superada para a obtenção do verdadeiro

conhecimento. (Dic. Houaiss da Língua Portuguesa)

Conhecimento baseado no sensível. Os gregos a

consideravam pouco confiável e enganosa, mera

opinião sem fundamento, pois emitida

irrefletidamente.

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A doxa é o lugar do sensível, do engano e do engodo,

da mera opinião, uma vez que, preso dentro da

caverna e das sombras, só se podem ver as coisas

não como verdadeiramente são, mas somente como

se apresentam aos nossos sentidos – naturalmente

limitados. Não bastasse, a doxa trata-se de

conhecimento em segunda instância, submetido à

ação do tempo e do espaço.

Platão foi um dos primeiros filósofos a estabelecer

distinção entre doxa (opinião ou crença) a episteme

(conhecimento).

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Episteme: Na filosofia grega, especialmente no

platonismo, o conhecimento verdadeiro, de natureza

científica, em oposição à opinião infundada ou

irrefletida.

Para Aristóteles, era o conhecimento sistemático

obtido de forma racional. Equivale ao que atualmente

se conhece como ciência.

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A oposição entre doxa e episteme se mantém até os

dias atuais entre opinião e intelecto. A opinião só

pode ver as coisas sensíveis mergulhadas no devir. O

próprio agente da opinião está mergulhado no

processo de mudança constante ao seu redor. A

opinião só pode perceber as primeiras aparências.

O intelecto (episteme), ao contrário, tenta enxergar

para além das aparências e das mudanças,

objetivando o que é em si, o que permanece. O

intelecto, ao conceber o universo com os olhos nas

formas inteligíveis, tenta garantir uma certa

estabilidade para que ele (o universo) seja conhecido

e dele se fale.

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A doxa é o espaço do “senso comum”, que congrega

as verdades populares sobre as coisas, presas às

impressões e aparências do conhecimento sensível.

(Ex.: o Sol é menor que a Terra, pois é assim que o

vemos).

Já a episteme é o lugar da ciência, que busca

compreender os fenômenos por meio da observação

e da comprovação das explicações. Conquanto

almeje ser reconhecida como conhecimento puro e

incontestável, também a episteme deve ser alvo da

dúvida do filósofo.

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O treinamento para a episteme pode apurar a

percepção do pesquisador, pode apurar-lhe o

raciocínio, mas não o torna diferente dos demais

seres humanos. Portanto, o cientista e o filósofo

estão sujeitos também a “sombras” equivalentes às

produzidas pela doxa (senso comum), na medida em

que sua visão pode se tornar condicionada pelos

esquemas mentais típicos da pesquisa acadêmica.

A tendência da ciência moderna pela especialização,

se por um lado implica maior profundidade, também

reduz a visão em extensão. A tendência da

especialização é conhecer cada vez mais, de cada

vez menos.

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Bibliografia

CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo, 13ª

edição, Ed. Ática, 2005

GHIRALDELLI JR., Paulo. Introdução à filosofia.

Barueri, Ed. Manole, 2003

Internet

CEIA, Carlos. E-dicionário de temas literários.

Disponível em www.edtl.com.pt. Consulta realizada

em 21/02/2013.