Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

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Fenômenos de Transporte III Aula 01 Prof. Dr. Gilberto Garcia Cortez 1

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Fenômenos de Transporte III

Aula 01

Prof. Dr. Gilberto Garcia Cortez

1

Page 2: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Bibliografia:

[1] Fundamentos de Transferência de Calor e Massa – Incropera, F. P.;

Dewitt, D. P. – Ed. Guanabara Koogan

[2] Fenômenos de Transporte - Bennet, C. O.; Myers, J. E. – Ed. McGraw-Hill

[3]Fenômenos de Transporte - Pitts, D. R.; Sisson, L. E. – Ed. McGraw-Hill

[4] Mass Transfer Operations - Treybal, R. E. – Ed. McGraw-Hill

[5] Fundamentos de Transferência de Massa - Cremasco, M. A. – Ed.

UNICAMP

[6] Fenômenos de Transporte - Bird, R. B.; Stewart, W. E.; Lightfood, E. N. –

Ed. Reverté

[7] Fundamentals of Momentum Heat and Mass Transfer - Welty, J. R.;

Wilson, R. E.; Wicks, C. E. – Ed. John Wiley & Sons

[8] Cinética Química Aplicada e Cálculo de Reatores - Schmal, M. – Ed.

Guanabara Dois

2

Page 3: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

1- INTRODUÇÃO

Entende-se por transferência de massa, o transporte de um

componente de uma região de alta concentração para outra

de baixa concentração.

Big Bang

3

Page 4: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Encontramos transferência de massa na indústria, no

laboratório, na cozinha, no corpo humano, enfim em todo lugar

em que há diferença de “concentração” de uma determinada

espécie para que ocorra o seu transporte.

A transferência de calor é promovida pelos gradientes de

temperatura. A transferência de massa num sistema ocorre de

maneira análoga.

O fluxo de massa ocorre no sentido das regiões de alta para

os de baixa concentração. A este fenômeno denomina-se difusão

molecular de massa.

O transporte de massa pode também estar associado com a

convecção, processo este no qual porções do fluido são

transportados de uma região a outra do escoamento em escala

macroscópica.

1- INTRODUÇÃO

4

Page 5: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

De acordo com a segunda lei da termodinâmica (dS ≥ 0), haverá fluxo de

matéria (ou massa, ou mols) de uma região de maior a outra de menor

concentração de uma determinada espécie química. Esta espécie que é

transferida denomina-se soluto. As regiões que contêm o soluto podem

abrigar população de uma ou mais espécies químicas distintas do soluto, as

quais são denominadas de solvente. O conjunto soluto/solvente, por sua vez,

é conhecido como mistura (para gases) ou solução (para líquidos). Tanto

uma quanto a outra constituem o meio onde ocorrerá o fenômeno de

transferência de massa.

“Transferência de massa é um fenômeno ocasionado pela diferença de

concentração, maior para menor, de um determinado soluto em um certo

meio”

2-TRANSFERÊNCIA DE MASSA: DIFUSÃO vs.

CONVECÇÃO MÁSSICA

5

Page 6: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

“A causa gera o fenômeno, provoca a sua transformação, ocasionando o

movimento”

A diferença de concentração do soluto, enquanto causa, traduz-se em força

motriz necessária ao movimento da espécie considerada de uma região a

outra; levando-nos a:

motrizforçamatériadamovimento

O teor da resposta de reação desse movimento, em virtude da ação da

força motriz, está associado à resistência oferecida pelo meio ao

transporte do soluto como:

1 motrizforça

transporteaoaresistêncimatériadamovimento

Observa-se desse enunciado uma nítida relação de causa e efeito na

transferência de massa. Para causa: diferença de concentração de soluto,

existe o efeito da transferência de massa. Portanto:

6

Page 7: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

A resistência presente na equação anterior está

relacionada com:

* interação soluto/meio

* interação soluto/meio + ação externa

A transferência de massa pode ocorrer em nível

macroscópico, cuja força motriz é a diferença de

concentração e a resistência ao transporte está associada à

interação soluto/meio + ação externa. Essa ação externa

relaciona-se com as características dinâmicas do meio e

geometria do lugar onde ele se encontra. Esse fenômeno é

conhecido como convecção mássica. Por outro lado, o

movimento das espécies (soluto) no meio, é conhecido como

difusão.

7

Page 8: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Na transferência de massa há diversas contribuições, mas

as mais urgentes seriam:

- contribuição difusiva: transporte de matéria devido às

interações moleculares,

- contribuição convectiva: auxílio ao transporte de matéria

como conseqüência do movimento do meio.

Exemplo:

- Mar calmo, um surfista e sua prancha. Para deslocar-se de

um certo lugar a outro, o surfista faz das mãos remos e assim,

ao locomover-se, entra em contato íntimo com o mar.

Difusiva ãoContribuiç

mãos movimento

mar meio

surfista soluto

:ndoIdentifica

8

Page 9: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Aparece uma onda de bom tamanho e carrega o surfista.

Convectiva ãoContribuiç

onda movimento

mar meio

surfista soluto

:ndoIdentifica

ou também:

Convectiva e Difusiva ãoContribuiç

onda mãos movimento

mar meio

surfista soluto

:ndoIdentifica

Observe nas situações descritas que o contato íntimo está associado à

interação (surfista/mar) ou (soluto/meio). Neste caso, tem-se a

contribuição difusiva. Já na situação em que o surfista se deixa carregar

pelo mar, existe a ação do mar em levar a prancha de um lugar para

outro, acarretando a contribuição convectiva. Pode haver a terceira

situação na qual as duas citadas há pouco ocorrem simultaneamente.

9

Page 10: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Existem diversos mecanismos de transferência de massa. A classificação

dada por R. B. Bird abrange oito tipos:

1- Difusão molecular (ordinária), resultante de um gradiente de

concentração.

2- Difusão térmica, resultante de um gradiente de temperatura;

3- Difusão devido à pressão, que ocorre em virtude de um gradiente de

pressão;

4- Difusão forçada, que resulta de outras forças externas além das

gravitacionais;

5- Transferência de massa por convecção forçada;

6- Transferência de massa por convecção natural;

7- Transferência de massa turbulenta, resultante das correntes de

redemoinho existente num fluido;

8- Transferência de massa entre as fases que ocorre em virtude do não

equilíbrio através da interface.

Os quatro primeiros tipos ocorrem com transferência de massa

molecular, os quatro últimos ocorrem com transferência de massa por

conveçcão.

10

Page 11: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

2- CONCENTRAÇÕES, VELOCIDADES E FLUXOS

2.1 Concentrações

Concentração mássica:

V

m i

iρ massa da espécie i por unidade de volume da solução

Concentração molar:

M

VM

m

V

n

i

i

i

ii

i

Cnúmero de mols da espécie i por unidade de

volume da solução

11

Page 12: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Fração mássica:

i

iw

concentração mássica da espécie i dividida pela

concentração mássica total.

onde:

n

1 i

i

Fração molar:

i

C

Cx

i

concentração molar da espécie i dividida pela

concentração molar total da solução.

onde:

n

1 i

i CC

A notação para gases de fração molar será: C

Cyi

i 12

Page 13: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Quando relacionado com a fase gasosa em condições ideais, as

concentrações molares são expressas em termos de pressões parciais, isto é:

i

i

iiM

RTm RTn VP

RT

P

V ii

i

nC

onde Pi é a pressão parcial do componente i na fase gasosa e R é a

constante universal dos gases.

Para uma mistura gasosa ideal temos:

onde P é a pressão total da mistura gasosa.

RT

P C

RT

MP

V

m ρ iii

i

RT

PM

V

m ρ

13

Page 14: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Quando relacionado com a fase gasosa em condições ideais, as frações

molares yi são expressas em termos de pressões parciais, isto é:

P

P i

iy

TR

PTR

P

i

i

i

C

Cy

Representação algébrica da Lei de Dalton

P P ii

y

14

Page 15: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Definições básicas para uma mistura binária (A + B):

BA ( concentração mássica da solução )

BA CCC

( concentração molar da mistura )

AAMC A

BBMC B

( concentração mássica de A ou B )

A

A

M

AC

B

B

M

BC

( concentração molar de A ou B )

M

C

15

Page 16: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

A A

B B

( fração mássica de A ou B )

C

CxA

A

C

CxB

B

( fração molar de A ou B para líquidos )

C

Cy A

A

C

Cy B

B

( fração molar de A ou B para gases )

16

Page 17: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Relações adicionais de uma mistura binária (A + B):

1 BA xx

1 BA yy

( molar para líquidos )

( molar para gases )

1 BA ( mássico )

M M MBBAA yy ( massa molar média para gases )

M M M BBA xxA( massa molar média para líquidos )

MMM

1

B

B

A

A

( massa molar médio mássico )

17

Page 18: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Por definição temos:

i iwiiMC i CM

Portanto temos: M

M

M

M

CM

MC i

i

i

i

iii yxwi

B

A

BA

A

A

A

M

w

M

w

M

w

x

BBAA

AA

AMxMx

Mxw

( molar em fase líquida)

( mássico )

MM

w

M

w 1

B

B

A

A

M M M BBA xxA

M

1

M i

i

i

w

x ou

18

Page 19: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Exemplo 01: Determine a massa molecular da seguinte mistura gasosa:

5% de CO, 20% de H2O, 4% de O2 e 71% de N2. Calcule, também, as

frações mássicas das espécies que compõe essa mistura:

a) Solução:

b) Solução:

Frações mássicas:

g/gmol 26,173 M

013,280,71 )015,18(0,2 999,310,04 01,280,05 M

My My My My M222222 NNOHOHOOCOCO

CM ρ ; MC ρ ; ρ

ρ

iii

i i

w

M

My

CM

MC i

i

ii i

w

19

Page 20: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Espécie química Massa molecular

M (g/gmol)

Fração molar

yi

Fração mássica

wi = yiMi/M

CO 28,01 0,05 0,0535

O2 31,999 0,04 0,0489

H2O 18,015 0,20 0,1377

N2 28,013 0,71 0,7599

20

Page 21: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Exemplo 02: Calcule a massa molecular do ar considerando-o como uma

mistura nas seguintes proporções:

a) 79% de N2 e 21% de O2

b) 78,09% N2 , 20,65% de O2 , 0.93% de Ar (argônio) e 0,33 de CO2

a) Solução:

b) Solução:

g/gmol 28,85 M

28,0130,79 31,9990,21 My My M

Ar

NNOOAr 2222

g/gmol 28,99 M

44,013,3x10 39,9489,3x10 28,010,7809 31,9990,2065 M

My My My My M

Ar

33

Ar

COCOArArNNOOAr 222222

21

Page 22: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Exemplo 03: Calcule a concentração mássica da mistura e de cada

componente a 1 atm e 25C, assim como as frações mássicas de cada

espécie presente nos item (a) do exercício anterior.

a) Concentração mássica do N2

b) Concentração mássica do O2

34

N

3

NN

N

NN

g/cm9,05x10 ρ

98,15K)/gmol.K)(2atm.cm (82,05

g/gmol) atm)(28,01 (0,79

RT

MP ρ

atm 0,79 0,79(1atm) Py P

2

22

2

22

34

O

3

OO

O

OO

g/cm2,75x10 ρ

98,15K)/gmol.K)(2atm.cm (82,05

g/gmol) 9atm)(31,99 (0,21

RT

MP ρ

atm 0,21 0,21(1atm) Py P

2

22

2

22

22

Page 23: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

c) Concentração mássica da mistura:

d) Fração mássica do N2

e) Fração mássica do O2

0,767

g/cm1,18x10

g/cm9,05x10

ρ

ρ

2

2

2

N

33

34N

N

w

w

0,233

g/cm1,18x10

g/cm2,75x10

ρ

ρ

2

2

2

O

33

34O

O

w

w

334

NO

n

1 i

ig/cm1,18x10 109,05 2,75 ρ ρ ρ ρ

22

23

Page 24: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Exemplo 04: Calcule a massa molecular do ar úmido com yágua = 0,05.

Suponha o ar puro como uma mistura ideal das espécies químicas contidas

no item (a) do exercício 01. Calcule também a fração mássica do vapor

d’água.

g/gmol 28,31 M

g/gmol 85,280,05 1 g/gmol 18,0150,05 M

My 1 My My My M

úmido AR

úmido AR

AROHOHOHARAROHOHúmido AR 22222

33

úmidoAr

3

úmidoAr

úmidoAr

g/cm1,157x10 ρ

98,15K)/gmol.K)(2atm.cm (82,05

g/gmol) (28,311atm

RT

PM ρ

24

Page 25: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

35

OH

3

OHOH

OH

OHOH

g/cm3,719x10 ρ

98,15K)/gmol.K)(2atm.cm (82,05

g/gmol) 5atm)(18,01 (0,05

RT

MP ρ

atm 0,05 0,05(1atm) Py P

2

22

2

22

0,032

g/cm1,157x10

g/cm3,719x10

ρ

ρ

OH

33

35

úmidoAr

OH

OH

2

2

2

w

w

25

Page 26: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

2.2 Velocidades

Quando mencionamos velocidade, esta não será apenas de uma molécula

da espécie i, mas sim a média de n moléculas dessas espécies contidas em

um elemento de volume. Como a solução é uma mistura de distintas

espécies químicas, a velocidade com a qual escoa esta solução é dada

pelas seguintes equações:

( velocidade média mássica )

( velocidade média molar )

v

v n

1 ii

n

1 iii

C

vC V n

1 ii

n

1 iii

26

Page 27: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

) vC ( v iiii

) V ( viv

onde é uma velocidade local com que a massa da solução atravessa

uma seção unitária colocada perpendicularmente à velocidade . Convém

salientar que é uma velocidade absoluta, pois diz respeito à espécie química i.

Essa velocidade pode estar referenciada a outro tipo de velocidade:

1- à de eixos estacionários:

2- à da solução ( para velocidade mássica ):

3- à da solução ( para velocidade molar ):

0 v

v v i

V v i

O resultado oriundo das diferenças dos itens 2 e 3 denomina-se velocidade

de difusão.

27

Page 28: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

De modo a compreender o significado dessa velocidade, atende para a

seguinte metáfora:

Em um rio há diversas espécies de peixes como lambarí, traíra, pacu, etc. Existe

uma velocidade média absoluta inerente a cada espécie que está associada ao

seu cardume. Por exemplo: a velocidade do lambarí é a velocidade do cardume

de lambarí e assim por diante. Desse modo, se considerarmos o cardume

(espécie) “i” à do rio, teremos a “velocidade de difusão da espécie i”.

Exemplo 05: Sabendo que as velocidades absolutas das espécies químicas

presentes na mistura gasosa do exemplo 01 são: vCO,z = 10 cm/s, vO2,z = 13 cm/s,

vH2O,z = 19 cm/s, vN2,z = 11 cm/s, determine:

a) A velocidade média molar da mistura;

b) A velocidade mássica da mistura;

c) A velocidade de difusão do O2 na mistura, tendo como referência a

velocidade média molar da mistura;

d) Idem ao item (c), tendo como referência a velocidade média mássica da

mistura.

Obs: Utilizar as composições molares e mássicas dos gases do exemplo 1.

28

Page 29: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Solução:

a) Da definição da velocidade média molar da mistura para a direção z,

temos:

mas

Substituindo (2) em (1), temos:

C

vC

Vn

1 i

i

n

1 i

i,i

z

Z ( 1 )

Cy C ;C

C y ; C C

ii

i

i

n

1 ii

( 2 )

vy V zi,

n

1 ii

Z

( 3 ) zzzz ,NNO,HOH,OOzCO,CO 222222

vy vy vy vy V

29

Page 30: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

cm/s 12,63 V

110,71 190,2 130,04 100,05 V

vy vy vy vy V ,NNO,HOH,OOzCO,CO 222222

z

z

zzzz

b) Da definição da velocidade média mássica da mistura para a direção z,

temos:

Porém

Substituindo (5) em (4), temos:

ρ

vn

1 i

i

n

1 i

zi,i

Z

ρ ρ ;ρ

ρ ; ρ ρ

ii

i

i

n

1 ii

ww

( 4 )

( 5 )

v vzi,

n

1 ii

wz

zzzzwwww

,NNO,HOH,OOzCO,CO 222222

v v v v v ( 6 )

30

Page 31: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Conhece-se os valores de wi do exemplo 01:

c) Da definição de velocidade de difusão do O2, referenciada à velocidade

média molar na direção z, temos:

d) Da definição de velocidade de difusão do O2, referenciada à velocidade

média mássica na direção z, temos:

cm/s 12,15 v

110,7599 190,1377 130,0489 100,0535 v

v w v w v w v w v ,NNO,HOH,OOzCO,CO 222222

z

z

zzzz

cm/s 0,85 12,15 13 v v v v zz,Oi 2

cm/s 0,37 12,63 13 V v V v zz,Oi 2

31

Page 32: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

2.3 Fluxos

No item anterior sempre que houve a menção “velocidade”, havia para

ela algum complemento:

- da espécie química ou

- da solução.

No caso dos peixes, foi:

- dos peixes ( cardume ) ou

- do rio

Evidenciou-se que, ao mencionar peixe, estava implícito o conjunto de

uma determinada espécie, ou seja, cardume. O cardume de peixes traz a

idéia de concentração de uma certa espécie. Escreve-se, dessa maneira,

o seguinte produto do qual resulta a definição de fluxo total:

ãoConcentraçVelocidade FLUXO

tempoárea

molsoumassa

.

) (sendo a unidade de fluxo:

32

Page 33: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

FLUXO: Quantidade de matéria que atravessa uma superfície

com uma determinada área num intervalo de tempo.

O fluxo é gerado pelo gradiente de concentração.

sm

Kgou

sm

mols

Tempolsuperficia Área

Massa)(ou Mols FLUXO

22

Área Unitária

33

Page 34: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Se considerarmos que os diversos cardumes de peixes passem por

debaixo de uma ponte, a qual está situada perpendicularmente ao

escoamento do rio ( observe que a área entre os colchetes na unidade de

fluxo é aquela situada perpendicularmente sob a ponte ), fica a seguinte

questão: que velocidade está associada ao fluxo ? Qualquer que seja a

velocidade, ou seja, velocidade do rio, velocidade de difusão do cardume

ou velocidade absoluta do cardume, o fluxo total do cardume “A”

referenciado a um eixo estacionário é dado por:

rio do escoamento

do resultante

A de Movimento

rio nonadar de

ato do decorrente

A de Movimento

ponte da observado

A de Movimento( 1 )

34

Page 35: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Definimos anteriormente a “velocidade de difusão” como sendo a

diferença entre a velocidade absoluta da espécie química “i” com a

velocidade média (molar ou mássica). Assim, no exemplo dos cardumes

de peixes em um rio, implica a interação cardume A / rio, portanto um

fenômeno difusivo e o fluxo associado será devido à contribuição

difusiva, escrita como:

V vC J ZZA,AZA,

( 2 )

velocidade da espécie A ( peixe “i” cardume “i” ) na direção Z :v ZA,

velocidade do rio ( meio ) na direção Z :VZ

35

Page 36: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Suponha agora que, ao invés de nadar, o cardume A deixe-se levar pelo

rio. O movimento do cardume será devido à velocidade do meio. O fluxo

associado, nesse caso, decorre da contribuição convectiva ou advecção de

acordo com:

VC J ZA

C

ZA, ( 3 )

A equação anterior representa a contribuição convectiva analisada por

aquele observador parado, pescando tranquilamente sobre uma ponte.

A equação 1 é vista, também da seguinte maneira:

VC V vC N ZAZZA,AZA,

( 4 )

a qual representa o fluxo decorrente do cardume A nadar na direção Z,

enquanto o rio estiver escoando.

36

Page 37: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Assim, a equação 4 é válida para o fluxo unidirecional de qualquer espécie

química A, referenciada à coordenada estacionária Z.

solução da global

movimento do

resultante Fluxo

difusiva

ãocontribuiç da

resultante Fluxo

ioestacionár eixo

um a doreferencia

A de totalFluxo

convectiva

ãoContribuiç

difusiva

ãoContribuiç

ioestacionár

eixo um a doreferencia

A espécie da totalFluxo

ou

( 5 )

37

Page 38: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

3- LEI DE FICK DA DIFUSÃO (1855)

Considere um recipiente que contém dois gases A e B ( CA >> CB ),

inicialmente separados entre si por uma partição:

dx

Gás A Gás B

Partição

T e P constantes x

y

V

n C

A

A

A

V

n C

B

B

B

AAV , n

BBV , n

38

Page 39: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Gás A + B

T e P constantes

V

n C A

A

V

n C B

B

V

C

V

CA

CB

CA >> CB

Ao retirar-se a partição, os dois gases difundem um através do outro até

que a concentração de ambos seja uniforme em todo o volume “V”.

BAC C C

BAV V V

As concentrações de cada gás serão, respectivamente:

39

Page 40: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Este fenômeno é regido pela primeira lei de Fick, que pode ser expressa pela

seguinte equação:

CD yCDdx

dyCDJ

AABAAB

A

ABA

O sinal negativo indica o decréscimo da concentração da espécie A com o

sentido do fluxo

onde:

C = Concentração molar total [mols/cm3]

= Densidade de fluxo molar de difusão [mol/cm2.s] AJ

DAB = Coeficiente de difusão da espécie A em relação a espécie B

ou difusividade [cm2/s ou m2/s]

C

C AAy

( 6 )

dx

dC C A

A

40

Page 41: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

dx

dC C A

A Gradiente de concentração

inicialfinal

AAAA

x x

C C

x

C

dx

dCinicialfinal

Se for linear:

1C

2C

1x 2x

x

CD

dx

dCDJ A

ABA

ABA

Lei de Fick para difusão em estado estacionário

41

Page 42: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Exemplo 06: O diclorometano é um ingrediente comum em

decapantes de tintas. Além de causar irritações, pode ser

absorvido pela pele. Deve-se usar luvas de proteção quando

manipular este decapante. Usando-se luvas de borracha

butílica (0,04 cm de espessura), qual é o fluxo de

diclorometano através da luva?

Dados:

Coeficiente de difusão em borracha butílica: 110x10-12 m2/s

Concentrações superficiais:

1 = 440 Kg/m3

2 = 20 Kg/m3

42

Page 43: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Decapante Pele

1x 2x

43

.skg/m1,16x10 J

m0,04x10

kg/m440 20/sm110x10 J

x x

ρ ρD

Δx

ΔρD

dx

dρD J

ρ

dρ d ;

ρ

ρ ;

dx

dρD J

24

A

2

3

212

A

12

AA

AB

A

AB

A

ABA

A

A

A

A

A

ABA

12

ww

w

Page 44: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

A partir da equação 5, toma-se uma mistura binária (A + B), em que CA

representa a concentração molar da espécie química A e , a velocidade

absoluta de A e a velocidade média molar da solução, respectivamente.

O fluxo molar total da espécie A referenciado a eixos estacionários será:

Av

V

VC V vC N A

AA

A ( 7 )

Como consequência da equação 7:

vC N AA

A ( 8 )

sendo que o fluxo posto desta forma é denominado fluxo absoluto

molar da espécie A.

AN

44

Page 45: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

A parcela correspondente à contribuição difusiva é:

V vC J AA

A ( 9 )

sendo restrita segundo a lei ordinária da difusão:

CD J AAB

A ( 10 )

Como a concentração total da solução é constante e considerando o soluto

A em fase gasosa, a relação para gases será:

yCD J AAB

A ( 11 )

45

Page 46: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Levando a definição de velocidade média molar, para uma mistura

binária, na parcela da contribuição convectiva, o resultado fica:

C

vC vCC VC

BB

AA

AA

N Ny VC BAAA

( 12 )

Substituindo as equações 11 e 12 na equação 7, temos:

N Ny yCD N BAAAAB

A ( 13 )

A equação 13 representa o fluxo total da espécie A em uma mistura

binária (A+B), válida para gases.

46

Page 47: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Para líquido a equação 13 torna-se:

N N x xCD N BAAAAB

A ( 14 )

No caso de fluxo mássico do soluto A referenciado a eixos estacionários, o

procedimento é análogo ao molar, ou seja:

n n w wD n BAAAAB

A ( 15 )

As equações 11, 12 e 13 são denominadas primeira lei de Fick escrita

para e . No caso de eleger apenas a direção z para o fluxo, tais

equações serão, respectivamente:

AN An

47

Page 48: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

N Ny dz

dyCD N ZB,ZA,A

AABZA,

N N x dz

dxCD N ZB,ZA,A

AABZA,

n n w dz

dwD n ZB,ZA,A

AABZA,

( 16 )

( 17 )

( 18 )

O fluxo total para uma espécie química “1” presente em uma mistura

com “n” espécies químicas será dado por:

yyD.CN n

1jj11M,11 N

( 19 )

48

Page 49: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Ny NyCD

1 y 1jj1

n

2 j 1j

1

Ny NyD

1

Ny yN

D n

2 j

1jj1

j1

n

2 j

n

2 j

j1j1

M,1

( 20 )

( 21 )

A equação 21 é conhecida como a equação de Stefan-Maxwell, ela é útil

para a determinação do coeficiente de difusão na situação em que o meio

não é estagnado; na ventura de sê-lo (para todas as espécies j).

Neste caso, a equação 21 torna-se: 0 N j

D

Ny

yN

D n

2 j j1

1j

n

2 j

j1

M,1

( 22 )

49

Page 50: Aula 01 - Introdução à Transferência de Massa

Como não entra no somatório, a equação 22 torna-se: 1N

D

y ...

D

y

D

y

D

y

y 1

D

y

y

D

1n

n

14

4

13

3

12

2

1

n

2 j j1

j

n

2 j

j

M,1

( 23 )

50