Aula 1 - Ergonomia

33
Professor: Daniel Moura Disciplina: Ergonomia Curso: Graduação em Engenharia de Produção 1

Transcript of Aula 1 - Ergonomia

Professor: Daniel Moura

Disciplina: Ergonomia

Curso: Graduação em Engenharia de Produção 1

Ergonomia

• Histórico:

– Pré-história;

– Revolução Industrial;

– II Guerra Mundial;– II Guerra Mundial;

– 12/07/1949 – nascimento oficial da ergonomia;

• Interdisciplinar: médicos, psicólogos, fisiologistas,

engenheiros;

2

Ergonomia

• ergo: trabalho;

• nomos: regras, leis naturais;

• Binômio:

– Conforto ↔ Produtividade;– Conforto ↔ Produtividade;

• Adaptar???

– homem ao trabalho

– trabalho ao homem

• quando o trabalhador está bem, produz melhor;

– saídas de um sistema não são independentes;

3

Caso 1

Trata-se de uma estamparia bastante

velha, população essencialmente feminina, sem

participação dos trabalhadores nas decisões.

Equipamento composto de pequenas prensas,

cadência de trabalho elevada e nível de ruído

muito acima do limite regulamentar. A pressão

do SESMT leva a direção da empresa a efetuar

melhorias. Durante um fim de semana, semmelhorias. Durante um fim de semana, sem

avisar a operadora do posto de trabalho, a

direção faz um enclausuramento na máquina.

Segunda-feira de manhã, a operadora

começa a trabalhar. No primeiro movimento da

prensa, ela perde um dedo.

4

Caso 2

Uma empresa agroalimentar investe na

compra de uma linha de desossamento

vertical para grandes bovinos. Objetivo

anunciado: aumento de produtividade.

Secundariamente: melhoria de condições de

trabalho, pois com a nova linha não seria

necessário virar os quartos de carne, comonecessário virar os quartos de carne, como

se fazia antes, nas mesas de desossamento.

Alguns meses após a mudança realizada

pela empresa, em diversos postos da linha

de desossamento, surgem reclamações de

problemas lombares.

5

Análise dos Casos

Análise dos casos 1 e 2

1. O ruído foi considerado tecnicamente. Os interessados não foram

ouvidos. A percepção interferiu na atividade de trabalho;

2. A operadora não teve tempo para criar novos modos operatórios

que lhe permitiriam trabalhar com segurança;

3. A penosidade ligada à manipulação dos quartos de carne foi

atenuada;atenuada;

4. Novos constrangimentos apareceram: há necessidade de

informações visuais indispensáveis para o corte de carne de

qualidade;

5. As posturas adotadas pelos operadores tornaram-se ainda mais

penosas por terem de desossar animais de diversos tamanhos.

6

7

Origem e Evolução da Ergonomia

• Ergonomia vem do grego (Ergon =

trabalho + Nomos = normas, regras, lei);

• O trabalho tem todo um pano de fundo

de sofrimento.

• Em latim: trabalho = tripalium trabalhar=

tripaliare (torturar com o tripalium);tripaliare (torturar com o tripalium);

• Na bíblia: “ganharás o pão com o suor de

teu rosto”;

• Na Grécia antiga: duplo sentido: ponos =

penalidade; ergon = criação.

8

• Foi proposto pela primeira vez em 1857

pelo naturalista polonês Woitej

Yastembrowski;

• Como ciência desenvolveu-se na II Guerra

Mundial, quando fisiologistas, psicólogos;

antropólogos, médicos e engenheiros

trabalharam juntos para resolver

Origem e definição do termo

trabalharam juntos para resolver

problemas em equipamentos militares

complexos (cockpit);

• Quase cem anos mais tarde, em 1949, um

engenheiro inglês chamado Murrel criou

na Inglaterra a primeira sociedade nacional

de ergonomia, a “Ergonomic Research

Society”.

9

Origem e definição do termo

• Ergonomic Research Society - 1949 Inglaterra

(Human Factor).

• A ergonomia de língua francesa ou

Francofônica surgiu em meados dos anos 50,

institucionalizando-se em 60 (Trabalho Real);

• Ambas se opõem ao conceito vigente de• Ambas se opõem ao conceito vigente de

adaptar o homem ao trabalho, como foi o

objetivo do taylorismo;

• Em 31 de agosto de 1983 foi criada a

“Associação Brasileira de Ergonomia -ABERGO”.

10

Linha do Tempo das Principais Associações de Ergonomia

1949

1950

Criação Sociedade de

Ergonomia de Língua Francesa -

SELF

Criação da Ergonomic

Research Society –

Human Factor

1983

1950

1969

Fundação da Associação

Brasileira de Ergonomia -Abergo

SELF

Fundação da International

Ergonomic Association -

IEA

11

Conceitos de ergonomia

Conceito da Ergonomics Research Society (U.K.)

“A ergonomia é o estudo do relacionamento entre“A ergonomia é o estudo do relacionamento entre

o homem e o seu trabalho, equipamento e

ambiente, e particularmente a aplicação dos

conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia

na solução surgida neste relacionamento”.

12

• disciplina orientada para uma abordagem sistêmica de todos os aspectos da atividade humana:– homem;

– máquina;

– ambiente;

– informação;

• “Trata-se de uma disciplina orientada para

uma abordagem sistêmica de todos os

aspectos da atividade humana. [...] tanto em

seus aspectos físicos e cognitivos, como – informação;

– organização;

– conseqüências do trabalho;

• “conhecimentos relativos ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e de eficácia”.

seus aspectos físicos e cognitivos, como

sociais, organizacionais, ambientais, etc.”ABERGO

13

Definição Usual de Ergonomia

Aplicação de um conjunto de

conhecimentos científicos,conhecimentos científicos,

visando adaptar o trabalho ao

homem.

14

Ergonomia

• Problema orientado: busca por solução;

• Por que usá-la???

– Novas tecnologias;

– Competitividade de mercado;– Competitividade de mercado;

– Produtividade x qualidade;

– Melhoria de Práticas:

• Eficácia, segurança e qualidade;

• Busca: conhecer comportamento do

trabalhador;15

Aborda questões relativas ao trabalho como

por exemplo:

� alto índice de acidentes de trabalho;

� problemas associados a doenças do trabalho;

� questões relacionadas à redução da produtividade no� questões relacionadas à redução da produtividade no

local de trabalho, alto índice de absenteísmo, retrabalhos,

diminuição de motivação, etc;

� Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), proporcionando

mais do que um posto de trabalho melhor, mas também

uma vida melhor no trabalho.

16

O Taylorismo e a Ergonomia

• Para que as idéias fossem aceitas na classe operária, os

industriais começaram a premiar os funcionários que

aumentassem o número de peças produzidas para além da

média.

• Taylor se encontrava com os responsáveis e chefes das• Taylor se encontrava com os responsáveis e chefes das

indústrias para tentar convencê-los a deixar a produção

tradicional e adotar a administração científica.

• Logo suas idéias foram aceitas pelas indústrias americanas

e de todo o mundo.

O Taylorismo e a Ergonomia• Henry Ford, na primeira metade do século XX, em Detroit, colocaem prática as teorias de Taylor, lançando a produção em série,depois seguida por Alfred Sloan da General Motors.

• Ao contrário da produção artesanal, nessa concepção o cliente nãotem escolha. Os fabricantes elaboram produtos para suprirem ogosto do maior número de pessoas possíveis. O produto é"empurrado" para a população."empurrado" para a população.

• Seu produto mais conhecido foi o Ford Modelo T, produzido comcusto reduzido para a sociedade de massa, totalmente aos moldesfordistas-tayloristas.

• O inconveniente é que todos os carros eram exatamente iguais,até da mesma cor, o que levou Ford a lançar uma série depropagandas dizendo que qualquer americano poderia ter o seuFord Modelo T, da cor que quisesse, contanto que fosse preto.

O Taylorismo e a Ergonomia• Na produção em série da Ford ainda houve muitos desperdícios de matéria

prima e tempo de mão-de-obra na correção de defeitos do produto.

• Essa estrutura durou até o final da Segunda Guerra Mundial, quandotambém numa fábrica de automóveis no Japão, aparece um outro sistema deprodução - o toyotismo, que se caracterizou pela concepção "enxuta" (clean,magra, sem gorduras).

• Esse novo modo de pensar a produção sofreu forte influência do engenheiroamericano W. Edwards Deming, que atuou como consultor das forças deEsse novo modo de pensar a produção sofreu forte influência do engenheiroamericano W. Edwards Deming, que atuou como consultor das forças deocupação dos EUA no Japão após a Segunda Guerra.

• Deming argumentava com os industriais da nação quase em ruínas quemelhorar a qualidade não diminuiria a produtividade.

• A proposta é de que o próprio consumidor escolha seu produto. Oestabelecimento ou a fábrica deixa de "empurrar" a mercadoria para o cliente,para que este a "puxe" de acordo com as suas próprias necessidades.

A ergonomia se esforça para conhecer o

comportamento do operador

Diferença entre:

o trabalho prescrito = tarefa

o trabalho real = atividade

AtividadeAtividade é a expressão do é a expressão do

funcionamento do homem funcionamento do homem

na execução de sua tarefa.na execução de sua tarefa.

20

As diferentes abordagens da Ergonomia

Microergonômica

Ergonomia do posto de trabalho

Quanto a abrangência

Macroergonomia

Ergonomia de sistemas de produção

Domínios da Ergonomia

• Microergonomia;– relacionada com anatomia humana, antropometria, fisiologia e biomecânica

em sua relação com a atividade física;

– postura no trabalho, manuseio de materiais, movimentos repetitivos, DORT, projeto de posto de trabalho, segurança e saúde;

• Ergonomia cognitiva;– processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta

motora conforme afetem as interações entre seres humanos e outros

SITUAÇÃO DE TRABALHO

CAMPO DE ESTUDO DA ERGONOMIA

O Trabalhador

•Dados pessoais:

Características

físicas, sexo, idade

•Qualificação:

Experiência,

formação adquirida.

Contrato

Tarefas prescritas

Tarefas atualizadas

A empresa:

•Objetivos;

•Meios de trabalho:

Máquinas,

ferramentas, meio

ambiente,

documentação,

Ergonomia

– processos mentais, tais como percepção, memória, raciocínio e resposta motora conforme afetem as interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema;

– estudo da carga mental de trabalho, tomada de decisão, desempenho especializado, interação homem computador, estresse e treinamento;

• Macroergonomia;– otimização dos sistemas sócio-técnicos, incluindo estruturas organizacionais,

políticas e de processos;

– comunicações, gerenciamento de recursos de tripulações, projeto de trabalho, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo, projeto participativo, novos paradigmas do trabalho, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em rede, tele-trabalho e gestão da qualidade;

formação adquirida.

•Estado atual:

Ritmos biológicos.

Fadiga, vida fora do

trabalho.

Atividade de Trabalho

Saúde: acidentes e

doenças ocupacionais

Produção: qualidade e

produtividade

EMPREGO

documentação,

organização do

trabalho.

22

1. Ergonomia de concepção: normas e

especificações de projeto.

2. Ergonomia de correção: modificações de

As diferentes abordagens da Ergonomia

Quanto a contribuição

2. Ergonomia de correção: modificações de

situações existentes.

3. Ergonomia de conscientização: capacitação

em ergonomia.

1. Engenharia: projeto e produção

ergonomicamente seguros.

2. Design: metodologia de projeto e design do

produto

As diferentes abordagens da Ergonomia

Quanto a interdisciplinaridade

produto

3. Psicologia: treinamento e motivação do

pessoal

4. Medicina e enfermagem: prevenção de

acidentes e doenças do trabalho

5. Administração: projetos organizacionais e

gestão de pessoas.

24

Custo/benefício da ergonomia

• ser economicamente viável:

– custo/benefício;

• custos: imediatos � curto prazo;

• benefícios: demora � longo prazo;• benefícios: demora � longo prazo;

• fatores intangíveis:

– ↑ qualidade de vida no trabalho;

– ↑ mo[vação;

– ↑ conforto;

– ↑ comunicação interpessoal;

25

Aplicações da ergonomia

• ideal:

– etapas iniciais do PROJETO:

• máquina;

• sistema;

Ergonomia

• sistema;

• ambiente;

– considerar restrições do projeto;

– saúde do trabalhador;

26

Justificação de melhorias ergonômicas

� O manuseio da técnica de custo/benefício;

� O desenvolvimento do custo de melhoriasergonômicas;ergonômicas;

� O desenvolvimento do benefício demelhorias ergonômicas.

27

Análise de Custo/Benefício

É a forma predominante, entre outras existentes, para justificar os gastos com mudanças propostas pela ergonomia.ergonomia.

diminuição de custos

Benefícios melhoria de desempenho

Limitada quando necessita quantificar custos e benefícios intangíveis

28

Redução de custos�diminuir custos com horas extras (trabalhadoressubstitutos);

�custos de seguros e/ou custos de compensaçãorelacionados a acidentes ou lesões;relacionados a acidentes ou lesões;

�ações judiciais;

�melhorar a qualidade e a quantidade da produção,

�prover treinamento adicional;

�etc.

29

Benefícios

Ganhos de fácil mensuração

�aumentos de produtividade e de qualidade;

�a redução dos desperdícios;�a redução dos desperdícios;

�as economias de energia; mão-de-obra,manutenção, etc

Ganhos de difícil mensuração

�redução do absenteísmo devido a acidentes edoenças ocupacionais

30

Benefícios intangíveis

� satisfação do trabalhador;

� o conforto;� o conforto;

� a redução do turnover;

� o aumento da motivação dos trabalhadores

31

As 10 principais causas de acidentes e doenças profissionais nos EUA são responsáveis por 86% dos US$ 38,7 bilhões pagos em indenizações em 1998.

Quando os custos indiretos gerados por estes acidentes são somados aos US$ 38,7 bilhões de custos diretos, a economia resultante pode atingir um total aproximado de US$ 125-155 bilhões

(Liberty Mutual Research Center, 2002)

32

Custos diretos gerados pelas 10 principais causas de acidentes e doenças profissionais nos EUA -1998

Causas de acidentes

% de custos diretos

para compensação de

trabalhadores no ano de

1998

Estimativa nacional de

custo direto para

compensação de

trabalhadores

Lesões causadas pelo

excesso de levantamentos,

puxões, arremesso, tempo

segurando objetos pesados

25.57% $ 9.8 bilhões

Quedas 11.46% $ 4.4 bilhões

Lesões resultante de maus

jeitos e escorregões, perda

de equilíbrio sem queda

9.35% $ 3.6 bilhões

Quedas em nivel mais baixo

(escada, ou sobre grades)9.33% $ 3.6 bilhões

Quedas de objetos sobre o

trabalhador8.94% $ 3.4 bilhões

Movimentos repetitivos 6.10% $ 2.3 bilhões

Acidentes no caminho do

trabalho5.46% $ 2.1 bilhões

Lesões por choques, batidas

contra equipamentos pesados4.92% $ 1.9 bilhões

Esmagamento por máquinas

ou equipamentos4.18% $ 1.6 bilhões

Contato c/ temperaturas

extremas que resultam em

choque térmico e

queimaduras (gelo, calor)

0.92% $ 3.0 bilhões

Todas causas de acidentes 100.00% $ 38.7 bilhões33