A influência do Documentário

A influência do DocumentárioGriffith, com Intolerância, Charlie Chaplin, com Corrida do Ouro são alguns dos exemplos de filmes comerciais que buscaram extrapolar o entretenimento pelo conceitual.

No entanto, desde os seus primórdios, a indústria cinematográfica esteve submetida a uma lógica comercial.

O filme documentário, por sua vez, sempre esteve associado à propagação de idéias.

Que teorias e técnicas de montagem facilitam a comunicação das idéias? De que forma as idéias funcionam com a força emocional implícita nas técnicas de montagem?

A influência do DocumentárioOs documentários sempre foram menos influenciados pelas forças de mercado. Além disso, os seus realizadores sempre estiveram relacionados com objetivos políticos ou sociais.

Em boa parte subsidiados pelos governos, os documentaristas misturam experimentação artística com compromisso político e as inovações que propuseram ampliaram o repertório das escolhas de montagem de todos os diretores.

Os documetários também eram chamados de “filmes de atualidade” ou “filmes de propostas”. O primeiro documentário cinematográfico de grande repercussão foi Nanook,o Esquimó, de 1922.

Roda Nanook, o esquimó -

A influência do DocumentárioCom a ascensão do regime nazista na Alemanha, os documentários passaram a ser importantes instrumentos de propaganda na Europa e nos EUA.

Os realizadores buscavam encontrar reinterpretações positivas de suas respectivas sociedades, buscando convencer a população acerca das escolhas dos governos, em um cenário de guerra.

Dessa forma, buscou-se emocionar e convencer as massas, usando-se o cinema como um instrumento de união e motivação política.

A influência do DocumentárioEm termos de montagem, o Homem de Aran (1934), de Robert Flaherty é similar aos primeiros filmes sonoros de Mamoulian e Hitchcock. A música e os efeitos sonoros são usados como cobertura de som para as seqüência mudas. Não há narração.

O Homem de Aran conta a história de uma família que vive em um lugar onde é constantemente desafiada pelas forças da natureza. O documentário tenta passar uma idéia de nobreza dos humanos lutando contra as forças naturais.

O Homem de Aran apresenta um documentário similar a um filme comercial. Encenação, estilo pictórico e montagem servem à narrativa.

A influência do Documentário

Roda O Homem de Aran

A influência do DocumentárioNight Mail, produzido por John Grierson, com direção de Basil Wright, destaca-se por usar o som para criar a mensagem.

O filme conta a história de uma entrega de correspondência por trem de Londres para Glasgow, assim como o compromisso dos trabalhadores dos Correios.

Como montagem, Night Mail é importante pela montagem sonora que dá todo o sentido ao filme. Juntos, os sons, músicas, palavras e efeitos fazem com que as imagens passem a idéia de que o trem está carregando mensagens de uma parte da nação para outra.

O projeto de sonorização de Night Mail é do cineasta brasileiro Alberto Cavalcanti, que faz parte de sua carreira na Inglaterra

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Roda Night Mail

A influência do DocumentárioÉ preciso romper com o estigma de propaganda nazista para reconhecermos a importância do trabalho de Leni Reifenstahl.

Olimpíadas partes I e II (1938), documentam os jogos olímpicos sediados na Alemanha Nazista e tentam criar uma sensibilidade sobre as formas humanas que transcendem à exaltação do nacionalismo alemão.

Comandando uma equipe de 50 operadores de camera de diversos tipos e uma variedade de lentes, Leni mostrou as competições e a camaradagem entre os atletas.

A influência do DocumentárioReifenstahl não usa narração, apenas música e se concentra apenas na beleza da natureza, incluindo atletas e sua alegria.

Destaque para a seqüência do mergulho próximo ao fim da parte II. A seqüência começa com a reação do público aos mergulhos. Gradualmente o público deixa de ser mostrado e Leni concentra-se nos mergulhos, que passam a ser fragmentados, chegando a um grau de abstração em que já não mais sabemos se eles estão saltando ou voando.

A influência do Documentário

Roda Olympia

A influência do DocumentárioFranck Capra, um dos mais bem sucedidos diretores de Hollywood foi chamado para produzir uma série de filmes que tinham como objetivo a preparação dos soldados convocados pelo exército para ir à guerra.

Why we Fight (1943-1945), é um dos maiores sucessos que um filme de propaganda já alcançou.

Capra usou uma compilação de filmes, trechos de O Triunfo da Vontade, de Leni Reinfestahl, filmes recriados e trechos de filmes de Hollywood para criar o sentido de realidade e credibilidade.

Capra usou ainda animações para criar mapas e analogias visuais.

A influência do DocumentárioA narração é coloquial e apaixonada, caracterizando cada lado da guerra em termos de bem e mal.

Imagens e sons completam uns aos outros, e o recurso da repetição é usado para ampliar a dramaticidade das cenas.

Roda Prelude to War e Nazi´s Strike

A influência do DocumentárioOutro documentário muito importante em termos de inovação na montagem é Diary for Timothy, dirigido por Humphrey Jennings (1945). O filme é sobre um bebê (Timothy), nascido em 1944, especulando sobre como será o mundo em que ele crescerá.

O filme revela uma ansiedade em relação ao futuro.

Nesse filme, o bebê, em diferentes idades, serve como uma referencia visual. A narração, dirigida a Timothy tenta formar uma série de idéias mais do que uma trama. Para isso, vale-se de montagem que associa imagens às idéias.

Destaque também para o final em aberto.

A influência do Documentário

Roda Diary for Timothy

SínteseTalvez mais do que qualquer outro gênero, o

documentário foi bem sucedido em comunicar idéias. O jogo entre imagem e som pelos realizadores como Riefenstahl, Capra e Jennings foi muito efetivo, e ampliou grandemente o repertório de escolhas de montagem para os realizadores. Esses esquemas encontraram um caminho de volta no filme ficcional, como se evidencia no trabalho dos neo-realistas e dos primeiros diretores de televisão norte-americanos cuja influência no documentário é marcante.

DANCYGER, Ken. Técnicas de Edição para cinema e vídeo.

FIM