Aula 2 Evans-Pritchard - Bruxaria Oraculos e Magia

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    ( . t .P I / ' / o /

    A bruxaria Ufn fenmenoorgnico e hereditrio

    IOs Azande acred itam que certas pessoas so bruxa,; e podem Ih fazer m' J mvirtude de uma qualidade intrnseca. Um bruxo no pratiu nto nau pr rencantaes e no possui drogas mgicas. Um ato de bruxaria e um a J>\quico. Eles crem ainda que os feiticeiros podem faz-Ios adoecer por meIO d.texecuo de ritos mgicos que envolvem drogas maleficas. O Azande do. n-guem claramente entre bruxos e feiticeiros. Contra ambo empregam :iInhos, orculos e drogas mgICas. O objeto deste li, ro so a R , a _ o ~ entressas crenas e ritos.

    Descrevo a bruxaria em primeiro lugar, por se tratar de uma base indpensvel para a compreenso das demais crenas. Quando o Azande alD.Sill-tam os orculos, sua preocupao maior so os bruxos. Quando empreg madivinhos, fazem-no com o mesmo objeti,"o. O curandemsmo e a confranaque o praticam so dirigidos contra o mesmo inimigo:

    No tive dificuldade em descobrir o que pensam os Azande sobre a bru-xaria, nem em observar o que fazem pa ra combat-la . Tai - i d e i ~ e prau .a5 J.l-7em superfcie de sua vida; elas so a c e s s n ' i ~ a quem quer que vi, a om dem suas casas por algumas semanas. Todo zande e uma autoridade em brm .I-ria. No ha necessidade de consultJr e s p e c i a l i . ~ t a s . '\em me. mo e pre ci - D-terrog -Ios sobre esse a s ~ u n t o , porque as i n f o r m a e ~ tluem li\Temen > dsituaes recorrentes em sua "ida social, e tudo o que \e tem a faz r ob ~ ' f \ a r e ouvir. Mangll, "bruxaria", (01 uma das p n m e l r a ~ p.l!Jwa que ou n na t rr.lande, e continuei a OU \ i 1.1 dia aps dia no correr do:. m e .

    Os Alanue acreditam que.! brux.ni.1 um.! \Ulh(.'in"i.1 e i tt'nt n . rp

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    ,fifi 11\ r Ir \j U I , I ~ \ 1 ~ l l l I l \ ll.I' (\ 1.1111.11 ru .lIi.1 . Ulh . ' \'i l' S.I suh,t n I llru ,111,1 hun n I n u ti II I 1.11 til'" nt, l \ . l l l l l l lUI l l . I I 'CqUUl.1 b .b. I .. 1Im hil ao U I II: 1.1 I l I \ II Ic:ntro d.1 YII.I ' li tU1ll,1 \ l ' r l ' l l l l l l l t r .HI .1 UIll.1 V.Iri lad dl pt ' \ lUl l I l l III, t) . )u,mdo os A/,lI1dl' dCSl H'\ 'l '1ll SU.l form.l , cm~ t : r a l \'1( nt m I .u. o uh \,dl) do br,l\ u I1l' 1011.1.10. l' lju.lI1do dl'\l H'\'l'm ~ U , I ln 111 .U m I Ir.\llI ,I Jrc.1 10gll .lh,lixo d.1 lartilagl'm xifoide.I,' que. di/l'Jll,r ohr uh 1.1Ilu.1 hruxarla ", l'gllndo eles: " I ' ~ , t . prc\,1 :1 beir.1 do flg.ldo,)uando ..br 1 h.lrrig.l, h.lsl,1 fur,lr ,I subslalllia-brux.lri,I, ljUl' da l'\plllde\m um I: tal I,

    )U \ I 0.1 dlzc:rem que doi ,lpresent,1 U)f ,I\'crmclhada l' conlem se-m nt d ahubora, g rgelim ou quaisquer outras plalllas ljue lenham sidod \orada por um bruxo nas roas de \eus vizinhos,

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    Il\n: hrll '.trI.i .lO t. prcn.l\ej quI.' oulras p e S ~ ( I . h .Ileltem lal .Irgll-11 nlo mJ' nae ponto de vista; o que ele se pergunta quem. dentreus v l l l n h u ~ . tem queixas contra ele. e entao procura saber do orculo de venrno se algum deles est neste momento lhe fazendo bruxaria. Os Azande interessam-se dpenas pela dinamica da bruxaria em situaes particulares.

    Pequenos infortnios sao rapidamente esquecidos. Aqueles que os ua famlia como tendo-lhes feito bruxaria naqut:la oca 1.10, e ndO l.omo bruxos comprovado. Somente pe soas que saocon tantemente denunciadas pelolO orculos como responsveis por doenas)U ptrda S,IO tIda por bruxm confirmados' e nos velhos tt'mpos, era apen.t\

    (jL Jlldo um bruxo matava algum que se turnava um humem mMl.ado na lOI uJ1ldad .

    3A morte resultado de bruxaria, edeve ser vmpda Tocbs.ck . . . pr.ICICIIligadas ii hruxaria se acham resumidas na aJo da v i n g a ~ . Em no ii ) ce.=sto de discusso, suficiente indicar que. na q,oca pr-europr.a. ii " ' 'Fqzpodia ser perpetrada tanto diretamente-svezespel(UMM.IPIfcHtobnaooutras vezes aceitando-se uma compensaao - como por magJa leal Smuito raramente um bruxo era assassinado; isso acontla quando um h0-mem cometia seu segundo ou terceiro homicdio. ou quando matava umapessoa importante. O prncipe ento permitia sua exea.o. Sob o dom-uobritnico. apenas o mtodo mgico empregado.

    A vingana parece ter sido menos o resultado de um sentimento de raivaou dio que o cumprimenro de um dever piedoso e uma fonte de lucro. 'unca ouvi dizerque, ttjeem dia. osparentes de um homem morto, aps realizada sua vingana, tenharridemonstrado qualquer rancor com relao a famliado homem cuja magia o abateu, nem que no passado houvesse hostilidadeprolongada entre os parentes do morto e os parentes do bruxo que pagaramindenizao por seu crime. Hoje em dia. se um homem mata uma pe oa porbruxaria, o crime de sua nica responsabilidadt', e seus parentes no est.iovinculados culpa. Antigamente eles o ajudavam no pagamento da indenzao, no em virtude de uma responsabilidade coleti\'a. mas pela ohrigacessociais que se devem a um parente. Seus parentes por afinidade e irmos desangue tambm contribuam para o pagamento. Atualmente, to logo umbruxo abatido pela magia - 011, no passado, quando morria a golpes de Ia.na ou pagava indenizau -, o a ~ s u n t o e ( o n ~ i d e r a d o t'ncerrJdo. Alem domais. trata-se de uma questo entre a part'ntela do morto e a parentela do bruxo. eoutras peSSOdS nada tm a ver com isso. porque seu \'In(ulos com ambJ.as partes !>11.1 m.lgi.l 1'1I111prill a mi.,,>.\n, nu , de nad.1 .ldl.lOta pe-rgllnt.lf I h ~ ' ~ quem foi ,I \,lIil11.l. I'0i, ~ I e ~ n,IJ,1 dlr.lO. Trata- t' de um J.; untLJue U J n U T I 1 ~ apl.'l1.1\ ,I ele . , ~ , .I/cm dISSO. de UJll ,egredo entre ele e u pn nlIpe. !-stl ' de\ e ser IIlform

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    ,eoutr.IS p (l.l c o n h ~ u : ,el11 os nomes ll.Jqueles q U? c.lI rJm \'Jtilll ,h d,]m,l!!',] de \ IIlgJn\J. h1do o proCSIl tai,l SU,l p r e ~ - J n e d a d e exposta C,h O.;ouhes,e que a morte de um homem \ fOI nngada sobre Ulll bnl\o ) , entaotodo o pnKe .so e tana redUZIdo ao absurdo, porque a m orte de ) esl

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    D de cedo a Cn.1lh,aS fi':,lm ahendo ~ o h r e bruxaria. C o n \ ' e r ~ a n d o commemna c m ninos pequeno, .1te me,mo de : > e l ~ anos, constatei qu e compreendem o que o mal \"e1hos ('\tao dizendo quando talam d J ~ s o . Disseram-me que, numa briga, uma criana pode vir a mencionar a ma rep utaodo pai de outra cnana. Entretanto, as pessoas no compreendem a verdadeira naturv.a da bruxaria at que sejam capazes de operar co m ~ e g u r a n a osoraculo ,d e agir em . ~ i t u a e ~ de IOfortmo conforme as re\'e1aoes oraculares e de praticar a magIa. O conceito se expande junto co m a experincia social de wd a indivduo.

    Homem e mulheres podem igualmente ser bruxo!>. Os primeiros po demser vtimas de bruxaria praticada po r homens e mulheres, ma s estas ge ralmente so atacadas apenas por membros de seu prprio sexo. Um homemdoente de hbito consulta os orculO!> sobre seus vizinhos homens, mas se osconsulta por causa de uma esposa ou parenta doente, normalmente pe rguntasobre outras mulheres. Isso porque a animosidade tende a surgir mais en tr ehomem e homem, e mulher e mulher, do que entre homem e mu l her .Um homem est em contato regular apenas com sua esposa e parentas, tendoportanto pouca oportunidade de despertar o dio de outras mulheres. Provocana uspeitas se, em seu prprio benefcio, consultasse os orculos sobre aesposa de outro homem. O marido ~ e r i a levado a presumir um adultrio, pe rguntando se que contato teria tIdo sua mulher com o acusador qu e pudesseter levado ao desentendimento. ontudo, um homem freqentemente consulta 05 orculos sobre s u a ~ prprias esposas, pois pode ter certeza de qu e asdesagradou alguma vez, e comum elas o detestarem. Nunca soube de casosem que um homem fosse acusado de te r feito bruxaria para sua esposa. OsAzande dizem que ningum faria uma coisa dessas, pois ningum quer matarou faler adoecer a esposa, J que o prprio marido seria o prinCIpal prejudicado. Kuagbiaru disse-me que ele nunca seJUbe de um homem ter pago indenizaao pela morte da esposa. Outro motivo pelo qual nunca se ouve talar emasas de galnha cndo apresentadas a maridos, wm o a c u s a ~ o de bruxaria li -gada aos males de suas e ! i p o < ; a ~ , e que uma mulher n() pode consultar diretamente o orculo de velleno , geralmente confiando essa tarefa ao marido. Elapode pedir ao irmao que faa a cOllSulta em ~ e u benefcio. mas este provavelmente no apn:sentar o nOllle de seu cunhado diante do orculo, porque ummando jamais de.'>eja a morte da espo,a.

    l o u ne 't undo M t. ,peltJ d, l.rUX""d, pedu de r'flno!,,, lo ....! ou fIl.1 f"'ljUe/l'clllCJlIl' ,I ,eu1 19') lU (/ U II . J J de d\'< JO pr' UI 11 cllrUK/J " ,11 < t,lIIdo

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    ,POdl' f.llc-Ins r e ~ p o l 1 d c r por 1 , , 0 , i,\ que eles 11,10 a protegeram COll1 uma COI1-\ult . 1 t l ~ ,lr.l u l o ~ \llbre ,eu bcm e,tar.Qu,l11to m,llS di,tal1k de quai\quer ,lllhos estl\'t?r ,1 resldnLl,\ de umhomem, maIs a ~ \ ' o ele estar,j de b n I ~ a r i a . Qu,mdo os Azande do ~ u d , i o allglocglpuo t1ram forados a ,i\'er em aldeamentos beira das estradas, eles obedeceram com mUlt,1 apreemao, e mUItos fugiram para o Congo Belga parae\ itar l.ontato tao estreito com ,eus \'Izinhos. Os Azande afirmam que IlJOgo\t am de vi\'cr mUIto prXInlO, um dos outros, em parte porque convem teruma boa faixa de terra entre ,uas esposas e os poss\'eis amantes, em parteporque, quanto mais perto de um bru:\o, maior o perigo.

    So o "erbo zande c o r r e ~ p o n d e n t e ao "embrlLxar"; em seu nico outrocontexto de emprego, traduZlramo, essa palana por "atirar". Ela usadapara designar o ato de atirar com arco-e-flecha ou com uma arma de fogo.Com um movimento brusco da perna, os adi\"inhos atiram (/la) pedaos deosso nos outros a d i y j n h o ~ , de longe. Deve-se notar a analogia entr e esses diferentes "atIrar" a partir de um fator comum, a ato de fazer mal a distncia.

    6Ao falarJe bruxos e bruxaria, p r e c i ~ o esclarecer que os Azande normalmente pensam em bruxaria de uma forma mUIto i m p e ~ ~ o a l , sem reterenCla aq u a l ~ q u e r bruxo ou bruxos em particular. Quando um homem diz que nopode \'l\'er em certo lugar por causa de bruxaria , isso significa que os orculosalertaram-no contra esse lugJr, dec larando que, se ele for morar l, ser atacado por bruxos, e ele assim )ncebe este perigo como um risco geral ligado b r u x a r ~ a . Por isso est sempre falando de mangu, bruxaria. Essa fora noeXIste fora dos indivduo; ,10 contrrio, ela uma parte orgnica de algunsdeles. MJS quando indivlduos em particular no so especificados e no seprocura I d e n t i f i ~ - I o s , a bruxaria l ~ t sendo concebida como uma fora generalIzada. Bruxana, p ortant o, SIgnifica alguns bruxos - q u . l ~ q u e r um. Quand? um L.lnde COllll'nta um reves dIZendo "isto bruxari a", ele est. querendodl7er que ISSO se de\'e a algum bruxo. mas nao sabe eXiltamente qual. No mesmo enlido ele dir, numa encantal,Jo, "que morra a brux,\ria", refeIindll-sea quem quer que tente embrux,l lo. O conceIto de brux,!fi" n,lo o de umafora Impes oal que pode \incular-se a pe5SO,15, ma, Itim I1II1J for\

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    IU O br u \ l1\ , ,11l/( l" llIldll, t l ' akm - tul11u lo? 'unca g u l ob ter lim a.lfirma ao l: pont.l11lJ ~ l ) b r c I ~ ~ { ) . I l 1 J ~ , l'm . , p ( ) ~ t i l a qu cstes d l r i l d . l ~ oht l\ um a ou du.1 Y zr'.1 II1form.I\'JO de quc 0 morrer, L '; h r l l ) . O ~ se tr,l11sfo rl11JIll em l " l ' l ! l t l ) ~ malignos (agm,a). Aforo. dos mortos C 0 1 l 1 n ~ , ~ o ,er benc\ okntes, pclo m e n o ~ tanto quan to pode digamos, um p.lide famlli,} ZJndc. e sua partlupao oc,lsional no mundo que deixaram tran quil,1 e \ olt .ld.l pMa o bem-estar de seus d e ~ c ( ' l l d e s . Os agirisfl, ao cont rrio. demonstram um diO mortal pela humamdade. As sombram viajantes nomato e l.lusam estados tramitrios de dissociao mental.

    8A existncia de substncia-bruxaria numa pessoa viva conhecida po r meiode \eredictos orawlares. Nos mortos, ela descoberta pela abertura do ventrc, e este segundo mtodo de identificao qu e interessa para a prcsent edescrr.lO da base fsica da bruxaria. Sugeri an ten o rm ente qu e o rgo em qu eacha a ~ u b s t . i n c i a - b r u x a r i a est localizado no intestino delgado.

    So obscuras as condies de realizao de um a autpsia na pocapr-europia. ~ e g u n d o um informante, Gbaru, elas eram um antigo costumedos Ambomu, e dificuldades C C ' m ~ , H a a aparecer 'l penas no tempo deGbudwe. E provvel que se a t a s ~ e de UIlla prtica antiga, que desapareceuquando o controle po ltico exerc ido pelos Avongara aumentou, para reaparecer com todo ~ e u vigor depois da conquista curopia . O rei Gbudwe desencoraJava sua prtica, segund o m I. dis seram tudos os informantes .

    Co nt udo, quando um bruxo era executado sem sano real, po r \'e7eSrealizavam se. Ocasionalmente os p a r e n t e ~ de um homem morto agiam con forme o vcredido de seu prprio oraculo de veneno , v i n g a n d o de um bru xo sem esperar confirm ao d o or culo de veneno real. Em tai s casos , a aaodeste parente era II /Ira VI res, e se os pa rentes da vUma da vin gan ..l con segUI sem provar que no havia sub stncia- bru xari a em seu ve nt re, podiamexigir rompemaao, na co rt e do rc i, por parte do grupo qu e fi za a jus t ia co ma propnas mao . Por sua vez, as aut psia s destinadas a limpai o 11 0me deuma linhagem que. um mcmbro a L u ~ a d o dc atos menurcs de bru xan a,sem lmplic.!r indenl l.aao , dcve m ler Sido bem freq Lient es ,1Ille s d" L0 11 l) LJ ls taeuropeia, tonJO () foram com certl'za depOI Sdd a.

    Um homem que cm vida tlveSSl' Sido freqLicnt t' lIlent e ,1l usa do de brux,lria. JII.da que J a m < i i ~ de 11llJll ic ldlo , tinh a o d irei to de sentir \e 1I1s lIII.1do semr 1ZJU de (onsidt ra r que o nome d L' SU J 1Il11lIa fo ra .lrra'l.ldo a 1II11a. I:111 \ ' l ~ta di 'o , dO morrer, poden a Instruir os fi lhos p.lI a que lhe ,"llissem o .tbd(J -

    \ f" II)"II( td 11111 I I 110/111 fiO " f II r I W flIl en an tes do en terro l' \ ' e r i f i l a l l J se t!ra/ll J u ~ t l f I < . a d a qu cI ai 1 o 1lo n tra a honra da linhagem . Pod eria t,ll11bm l'XeLutclrC'i op rJ..Io nu flho pre m aturamente. Poi s a m ent alidade l.ande lg.l

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    enterro, ele se torna pl'lo ato seu irmo de sangue. Sendo encontr,lda a subst ~ n c i a - b r U \ " , l r i a , o operador de\"er ser regiamente pago po r seus servios.Ha\'t'ndl) substncia-bru"\ana ou no, ele precisa submeter -se a um a purifica o ritual aps a operao. Carregado nos ombros de um parente do morto, saudado com gritos cerimoniais e bombardeado com torres de terra e com

    frutos vermelhos de l1011ga (Amo1nU/1I korarima), "pa ra que a friagem oabandone". ievado em seguida a um curso de gua, onde os parentes domorto lavam-lhe as mos e lhe do de beber uma infuso feita de razes, cascasou folhas de vrias rvores. Antes da punficao, esse homem no pode comer ou beber, pois est contaminado, como uma mulher cujo marido morreu. Finalmente, se no foi encontrada a substncia-b ruxaria, prepara-se um afesta na qual o homem que fez os cortes e um parente do morto partem aomeio uma cabaa de cerveja. A seguir os parentes do morto e os do operadortrocam presentes: um homem de cada grupo a\ 'ana at o outro e atira seupresente ao cho, e assim sucessivamente.

    II ( ' \! ' II l ILO IIA noo de bruxaria

    como explicao de infortnios

    IDa forma como os Azande os concebem, bruxos no podem evidentementeexistir. No entanto, o conceito de bruxaria fornece a eles um a filosofia naturalpo r meio da qual explicam para si mesmos as relaes entre os homens e o infortnio, e um meio rpido e estereotipado de reao aos eventos funestos. Ao;crenas sobre bruxaria compreendem, alm disso, um sistema de valores queregula a conduta humana.

    A bruxaria onipresente. Ela desempenha um papel em todas as ati\ idades da vida zande: na agricultura, pesca e caa; na "ida cotidiana dos g r u p o ~ domsticos tanto quanto na vida comunal do distrito e da corte. um topicoimportante da vida mental, desenhando o horizonte de um ,"as to panoramade orculos e magia; sua influncia est claramente estampada na lei e na moral, na etiqueta e na religio ; ela sobressai na tecnologia e na linguagem 50existe nicho ou recanto da cultura zande em que no se insinue. Se uma pragaataca a colheita de amendoim, foi bruxaria; se o mato batido em " o em blbca de caa, foi bruxaria; se as mulheres esvaziam laboriosamente a gua deuma lagoa e conseguem apenas uns mseros peixinhos, foi bnn:aria; se as t ~ r mitas no aparecem quand o era hora de sua revoada, e um a noite fria perdida espera de seu vo, foi bruxaria; se um a esposa est mal-humorada e traraseu marido co m indiferena, foi bruxaria; se um prncipe e ~ t frio e dist..lmeco m seu sdi to , foi bruxaria; se um rito mgico fracassa em eu proposito, roibruxaria; na verdade, qualquer insucesso ou infortnio que se ab.u.1 :obrequalquer pessoa, a qualquer hora e em relao a qualquer das mltiplas atielades da vida, ele pode ser atribudo brm::aria. O l.1nde atribui todo- e"'einfortnios bruxaria, a menos que haja forte e\'idenCla, e s u b ~ e q u e n t e confirmao oracular, de que a feitIaria ou um outro agente 111.1ligno 't3\amenvolvidos, ou a menos que e s v e I l t u r , l ~ possam ser cbramenre .ltribUld a ~ incompelncia, quebra de um tabu, ou ao no-cumpruuellt de um a r 'gra moral.

    Dizer que a bruxaria estragou ,\ colheIta d,' amend'Hll1, qu e esp.lIlhlU ,\caa, qu e fez fulano (il.lr doente elj l l l \ ,l lc.l dIzei, em tal1h), ti" I1th ..a propri,l

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    \" . t til I (" " II I

    Lultura, quc .1 1Ih'1t.\ de .\llle.'llduim fl.K.I\'I'lI por CJusa tI.IS pr.lg.IS, que .1c.1 .1 CC l,bS.ll1C' .1 '-'P\k.1 e qU I tul.mo peg,lllullla gripe. t\ brU'\.ln.1 partlcip,1de todo o Il1fllrtUIll ., e \I Idwl11.! 10'111 quc' m Az.lnde.' fllJI11 ,obre ele, I.'por meio d qu.ll de , ,ao cxpliLJdm. PJr.1 nos, bru'\Jria .l lgo que prmocav.!pa\or ( rC'pugnancia em nos,>os crdulO'> antepJssado". I\las o zande es peraruzar COI11 a bruxaria a qu,IJqucr hora do dia ou da noite. hcari,1 tJO surpreso, 11.10.1 enlontr.\"e.' diarialllente quanto no\ o Jlcanamos se.' IOr,1\se1110S CO Il1da. P.lra d ,nada l de milagroso a ,eu fl'spCiln. E de se esperar que Ulll,1ca.1da ,eja pn:judicad.! por bruxos, e () zande dispi)e de llll'ios p,lra l'nfre. nta los. Quando ocorrl'm infortunios, de nJO tica paralisado de.' lllcdo dianteda a ao dc f o r a ~ truda pelo f o ~ o nanoite anterior. O proprietr io es tava JCJbrunhado, poi!> ela abriga\a a le n eldque estava preparando para uma fes ta morturia. Ele nos contou que na noitedo acidente fora at l exa min ar a cerveja. Acendeu um punhado ue palha eIevantoll -o sobre a cabea para iluminar os potes, e com isso incendIOU o telhado de palha, Ele - assim como meus c o m p a n h e i r o ~ - e ~ t a \ ' 3 clllwen.:idde qu e () desas tre fora causado por brux.!na.

    Um de meus principais informantes, ki anga, era hbil entJlhauor, umdos melhores em todo o reino de Gbudwe. De \ez em quando, como bempo de imaginar naq uele clima, gamelas l' bancos que e ~ . : u l p i a rachavam durante a operao, Embora se escolham as madeiras mais duras, e l J ~ a, "ezesracham dura nte o enta lhe ou no processo de acabamento, mesmo qu.mdo oar leso cuidadoso e esta bem familiarizado com as regras tecnica deuaar te, Qua ndo isso ocorria com as gamelas e bancos desse arteso em par ticular, el e atribU la o acidente J bruxaria, e ostumava reclamar comIgo sobre udespeito e \.ime de seus v i z i n h ( ) ~ . Quando eu re'plllldla que '1I.havJ e,tar ekengdnado, que as pesso.ls go,t,l\ ,nll dele, br,lndi,\ o b.lJlco ou gamel.l ra had .em millh,1 dlleao, como pnw,1 conLreta de SU.IS c o n d u ~ e , . "e n.'i ti\e.genle embruxando seu tl,lb,\lho, llHllO eu Iria e'\phcar a q u i l o ~ - \ S ~ I : " l tJmbemum oll'lrtl ,lInblllra ,I quebr,1 de ~ e . ' u s poles dur,lIlte ,lloLedur.l ii bru .ln.l. UmoleIro expl'nenll' n,lt) p r e u ~ " LUllel que pote\ raLhem pllr cm,.\ lle ~ r r '.I Il' sl'Il'Clon,1 a argrl,! 'ldequ,ld.1,

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    " ,Ao (,OI1\"l.:r'.lI(ol11 II Az.ll1,k sohrL' hrux,ni.l, e llbscr".lIldn SlI.IS rCd(11CS em sitU.1h? dI.: infortnio, tllrIlOU-SC b\ io par.1mim que eles no pretendi.lIl1 e.p l J C ~ 1 a existnCl.l de fenmenos, nu mcsmo a ao de fenmcnm, por umaduo a acontecimentos n.ltur.lis que de sofreu dano. O rapa7 que deuuma (0p.lda no toco de r\'nre no justificou o toco por referenLl gamelas e b.1I1cos nao racham como os produtos de artesos inbeIS; portanto, por que em certas r a r a ~ oCJsioes as gamelas e hancos racham,se usualmente i,so no dcontele e .se ele tinha exerl . ido todo seu cuidado e conheClfllento usuais? LUl!1 () 1('IIIPO, L qUL'

    .I t .h Ill.ldei ra Jl1,1 i r e ~ i ~ ! ( ~ I l t 'os aJlOS de li o 1.1, o celeuo t' ..IT\idl1L1.1 de vcrao dc um grupo d ( J l 1 l l ; ~ t l l . O land!!; as pes o a ~ c;entam J '>u~ ( ) l l l h r a I l a ~ hora s q U ( ; l l t c ~ do dia p,lra (/)l1\er'>,lr, Jogar (l U faler algum tr balho manual. Portanto, pode acontccl'r que haja pc,>soas senwda, d banco doceleiro quando ele deslllorona ; e e l a ~ madlLlC.1m. pOIS trJta-5e de uma eo;tru tu ra pes,lcla, fei ta dc grossa\ viga \ e de harro. que pode alem di w e.,tarur-regada de eleusina.l\las por que estariam e s s a ~ p e ~ oa') em pJrtiwldr sentadJdebaixo des5e celeiro cm particular, no exato momento em que ele desabou'E facilmente inteligvel que ele tenha desmoronado - mas por que ele unhque desabar exatamente naquele momento, quando aquelas pessoas em p rtlcular estavam sentadas ali em baixo? Ele j poderia ter cado h anos - porque, ento, tinha que cair justamente quando certas pessoas bu cavam seuabrigo acolhedor? Diramos que o celeiro desmoronou porque os esteio foram devorad os pelas trmitas: essa a causa que explica o desabamento do celeiro. Tambm diramos que havia gente ali senta da quela hora porque era operodo mais quente do dia, e acharam que ali seria um bom lugar para com'ersar e trabalhar. Essa a causa de haver gente ~ o b o celeiro quando ele desabou.Em nosso modo de ver, a nica relao entre esses dOIS fato) independentemente causados sua coincidncia e pao-temporal. 1\o somos capazc deexplicar por que duas cadeias causais interceptaram-se em determinado momento e determinado ponto do e pao, j que elas no so interdependent e-.

    A filosofia za nde pode acrescent.u o elo que f.l!ta. O zande sabe que e -teios foram minados pelas trmitas e que as pessoas estavam ~ e n t a d a ~ d e b a i . ~ o do celeiro para escapar ao calor e luz ofuscante do sol. ~ 1 a s tambm sabe porque esses dois even tos ocorreram precisamente no mesmo momento e nomes mo lu gar: pela ao da bruxari.1. Se no tivcs,e havido bm:-..aria,.lS pe 'oO.Ees tariam ali sentadas sem que o celeiro lhes C

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    , I /"I '\t1 111 (\t l til, ( rtlilCUI

    .HlsJ, U.\ ilt) 1111.\ LXi'hL il.\, 11I.\s n.1I1 Il1l'11I.\111l('nle .llirll1.\d.\ lIlIlHl Ull1,1dllutrm.\. l'mz.mde n,1O dlri,\: "A'lnlll\l H.I L.ws.\\.ll) ll.lIm.ll, 111." n.lI) .Idwqu d.\ t' pli'lul mltir.lIlwntc . I ~ lOlllutlCIlLi.b, C mc p.lICLC qu c .1 teoli.1 d,1brllx.ma lorntL UIlU C:-..phL.I\.IO ,,11 i,C.\llll" ia ~ o b r e d.ls", Fll1 \1.'1 di\ \ol ' \pnnll' 'lU pCI1 ,lIncnto cm tcrnllh dc . itu,I(lCS rL\lI, c partllld.1rc,. fie dl/: "u mbufa n .\t,k.t ", "um.l .I n OIC L.li", ",I' tcrmit,ls \l.lo C , t ~ l O I:llendo scu \ (111,.1/0n,11 lju,\Ildo (k\ 'l .'rJ.lll1", l .\s,im pm di,l11ll', Is !.\ sc prnnunLi.1l1do sobrc f.l to,emplrllamente a t c ~ t . l J ( ) s . M,I' t,lInbm dll' "L m bul.llo at.ILOlle t\:riulu l.1l1o" ."um,\ .lrH)(l L.tiU n,1 ubcc,.a dl' ,IG,lIlO e o Jl1,lIou", "minh.l ' tL'nnil,ls H'LlI -an1- . \O,lr l'm ljuJ\ltid,lde sulillcntl" 111,1\ outra, pesso,b I:'st,lO Lolet,l11do.IS

    110rm.llmentl''', e .1S,im por di,lI1te. I:k \.lI dizeI' que e,S,IS loi"IS dele Jl1 se .1bruxaria, cO/llent,lI1do, para cada l'\'l'nto: 'Ful.lno foi cmbnr\ado". Os 1ltosn,1O" e placam a SI mesmos, ou fazem no apl'n.l' parei.11mel1tL', Eles so pode m ser integralmente expIaLad()\ Ie\ando se el11 comider,l.;,j() .1 br u\clfi.\.

    Podemo, (,lpt,lr.1 e temo total d,1S idicls dl ' uI111,1l1dl' sobrl Lausalidade apena se () delxnrmm pr l'n,her ao, 1,ILUI1.lS sozinho; (aso cont rio nosperdell,unos l'/Il (o m e n ~ o l ' , Illlgli"ta';h I I diz: "I'ulano Illl embruxado ematou" Ou, n \ . l ~ ,imple!>lllente: "lul,uIO fOI morto por bruxan,I," t - ! J ~ d e('st ai ndo d,1 cau .1 ultlllla d.1 mortl dl' fulano , nao d,l, e , l m , l ~ "cLund.ui"s,\'OCl- pode perguntar: "Como cI e matou?' ,e seu II1tCrlocutor d id q ue ful.! no wml'lcu uic idlO enfrcand, , niJm g.llho d rnlft.:'. Voc pode t,lmbminquinr: "Por qu e ele e matou? ,e de dlra qu e foi porqul.' fulano esta \',1 zangado lo m IfIllJO . A c a u ~ a da mort l' fOI enforcamento numa ru ,\ dl'l rubJr UIlI LLlcllO, I l I d ~

    tCl ml l,IS l'Oe ndo o,c u, l' . I L i ( ) ~ . N,IO \'l' lima 1.Ibared.l p /lUI(J IIktndldndo , tIh,ldo , lll,lS'\pl'll,l\ lI mf c lxt'dcp,) lh.I.l(l'O .... uapcr

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    unt.llun\Jd.1 11.1 guerra, o hOlllllld.1 t'.1 pnmllr,1 1.11\\.1. .1 hruxa li.! l'.1 ' C 1 ~ U l l l l . 1 ; I u n l , ~ , a ~ dUJ' o !TI Ilal 1111.

    o'> de lflllle l' pecado, porque ,lqUI CI.IS cnlr.lnl em confhtolOll1 ,I lei e ,I moral, que S.IO .1.\I0ll1aticas.l) lande .ILell.IUl11a (XphC3\-JO mbt;ca d,l' ( , l l I ~ . ! S de inforlunlO\ , docn.ls c mortes, m.15 reCU'.1l:,sa cxpli ..aao tcl.1 'L' Lh1 p r o d u t o ~ de bruxaria,11IlIS exi,tem nelas mesnl.l', ex,lt.lmente C0l110 UI11 buf"alo ou UI11 (eleiro existem elll SI mesmos. 11,1 aind,I, l'lll segllld,l, ,I quebra liL UIll tabu, no L',hO dodeSlllallll' c no L.ISO do lIllesto, A l r I J n ~ . 1 l' o homem lI\'eral11 febre c leprapmque um t,lbu 101 quebradll. ,\ quebla do t,lbu tOI a Lam.1 d.\'> dllen.ls, m. b,IS doell\.1'i n.lo os tl'1'l,1l111110rtO ~ l ' . 1 brU\.JrI.1 n,IO l'.,tl\l"Sl' agindo t,lmbcm."t' ,I brU".lfI,11I.10 estl\e'i'l' prl'\L1ltt' lOlllO "sl'gullda I,lll\a ,de., tl'ri,lm tido lebre l'lepr.1 do lllc,>nlll lllndo, 111.ls 11.\0 nlllrren,llll po r 1,.,0. ~ l ' " e ~ e"l'mploh.1 du.l,> L . I U ~ , I S SOLl,llml'lIlL' signifil.lnks: qUl'br.1 de labu l' bru".lfl.I, ,1I11hJrL'1.lIi\',h .1 lillL'rcntl'S Prull""ll\ '>lli" l' l,ld.1 lima sublinh.ld.l po r ~ ~ " l l , h di e rl' n te"

    l\1.1' qu,lndo h, qucbr,1 dl' Ul1ll,!lHl L I 11llHIl' n,llll)Lllne, ,I blllx.ln.1 n.h'Sl'r.l JIll'l1lion.ld,lull1111l,llIS.1 d,' inl\ll tUI1I\l. Sl' UIll hOI11l'lllltlllll' Ulll,llimcntu pllllhldll t1l'plll,> de tl'l Il"dl/,Id,) Ulll'! podt'rll.,.1 m . l ~ i , 1 punitlv,I, e l ~ Pllde/1IOITt'r t l I e ~ , l ' l.l'O .1 1.1/.1

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    qUt' me\ 11.1\ el1111'nte ~ u L e d e r < i ~ qUl' ,I dll)g,1 m,lgica que de prep,lnH1 dei",arade iUJlllO\ur Lontr,) ii pt "0 ,1 ,1 qUl' ~ l ' d e ~ t in;l\ ,I, Lde , e ~ e r dest ru Id,) ,o h pen,1dc 'L ,oh,H LOlltr,ll) Ill.lgo qUL J emiou. O t r a ( , I ~ ~ O da drog.1 em ,1linglr ~ l : U ob,t.'t" l) dc,"l'-' ,I quehrJ de um t,lbu L' Jl,10 a bruxana. um ho mem ten : reI.I\e, "exllal' u1111 a e'posa e no dl,1 \egull1te consulta o orando d e ven eno ,c ~ t e no re\ dar a verdadl', e \UJ elldClJ oracular l'stara permanent ementepreludILad,l. Se Ulll tabu llJO t i \ l ' ~ , e sido quebr.ldo, d i r - ~ e - q ue a bru",ariJfez o nraculo mentir, ma , o e,tado d,1 peS,OJ qu e assistiu a se

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    1 ]C I I pHu " 1Il1 .1 11ll" I ' l l . h t I l l I lOS .1 Olll'd,ldl'i lllnIU,1J11l11l('rt I lO I I 11'1 ttllO . I ~ ' lUl n.1O I'"delll Cl'lIl.I

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    ( \! 'lllllllllAs vt i11las de i / ~ f t l l l i o s

    lJll5Cl1 11l os bruxos el ltre os inimigos

    I

    D

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    \ Id.le lan Jl1 I f..,tantlo SC'I desapontamen to p(' r meIO das nl,llllfest.les ll\ua is quetal' , itua\() ..s e\ OC31l1; no se de\ e supor qu e d e estei,1 ...nHKlo ll .l ll11 cnte ,Ibal.l do, ou que vai correr para de.,cobri r q uem ..ao os bru"o, respom,ive l'" po rmfortnio.l:m nO\l'llla po r (en to d m casos, nada fa l. !:.1e u m filso fo c sab eljue, na \Ida, o Illal de\'e ~ c r a ( ( ~ l t o Jun to lo m o bem .

    O lande s comu lta orculm e ad ivinhos sobre a br m.ar ia quando sua'>aude afetada e em seus empreend im entos 50uais e econmicos mais srios .bn geral de Os comulta a respeito de pOSSI\eIS infrtn ios vind o ur os, poi s...... t preoLupado sobretudo cm q ber se determinadas m pode m serlI1iciadas (o m ~ e g u r a n a , ou se j eXIste alguma bnl\arid ameaando -as mesmo ante:: .. de c o m e ~ a d d s . Por exempl o: um homem d e ~ e j d elwiar seu filho pdraser ed uLado como pajem na co rte do rei , ou deseja fuer um,1 viagem at osBongo, ao norte do reino de (,budw e, para conseguir carne ou leo da rvorcma nteIga; Os projetos pod em tl!rm ina r em desastre se a bru xa n ,l os ameaa.Caso o oraculo d iga q ue t a Is pro)etos n o so auspiciosos. ele os abandon a.Ningum o censurar por ta l e s i ~ n c i a , um a vez qu e seria suicdio prossegUir quando o orculo de \'ene no pronunciou um veredICto adv erso. Nosexemplos citados, ele tan to pode desistir de seus proJetos quant o esperar umou dois mes es, e en to consultar novamente os o r a c u o ~ ; a talvez eles forneam um veredicto d iferente , pois a bruxaria pode no mais estaI amea andoseus planos. LJm ho mem pode all1da, digamos, desejar mu dar sua res idnCIa ,semear sua prinCIpal ro,l de e1eusina , ou cavar um foju para caa, e co nsultaos o rc ulos , obre os locais mais mdicados. Ele pergun ta: devo wns trulr mi nha casa neste lugar? Devo preparaI este pedao de terra para I11 l1llu pl .1I1taao de eleusina? De\ 'o cavar um tojo neste pu n to ' o orculo ue veneno sepronu lILia contra uml(llJI, ele pode pl'rguntar ~ o b r l ' ou tro,>, at surgn o vere dicto de qu e um dcles e ,1lIspiuo. ,, e lJao ha\ l'f pL'rigo p .1I a ,1 ,.ldl' dL' W. J 1:1Imlia ou para II sucesso d,l e m p r e ~ . I . I>C nada .Idianta t'sfalfar se em co m truiluma nm a rL' sldl'IlClJ, derrub.lr ma to pM.I .Ibr ir dS flI\co hrir quais bru xo \, cm part icu lar estao amedando seu futuro(;"1>,I I11 (,l1 tO. pa ra ento persuadI lo,> a Lessarem sua animOSIdade contraDepO ISde ter (o ll vers,ld o com 05 br u xo s, deixa a\ loisas e ~ f n a r c m um po Jeoe en t,10 vo lt a a consu ltar 0 5 o r.culos para sa berse ainda h perigo a vi ta , ou se() caminh o est.l limpo para o casam ent o. POIS in t il caSdr-se co m um A o\emq ue, sabe-se de an tema o , vai morrer se despos- lo

    Cabe observar qu e, quando um zand e a firma que um empreendimentoest embruxa do, ele pode estar mentindo . Co m o no se L'spcra que alguemcumpra um a o brigao se isso acarretar desastr e, o jeito mal fcil de fugIrdela di ze r qu e os orculos in formaram qu e voc m o rrer se insi tir na em presa. Ningum pode es pera r qu e voc corra o ri sco. Em vI,ta disso , as vezesabusa-se da boa- f a lheia. Se voc no quer m and ar seu fi lho pa ra ,e r pa jemna cor te real, aco mp anh a r u m amigo at os Bo ngo, da r sua filha em casamento ao ho mem a qu em voc a prometeu , ou deixar sua esposa i ~ i t a r os pJrentes, bas ta- lhe alegar q ue os orculos pr essagiam a morte como resultad odesses emp reendimentos. Esses circunl qu ios, porm, permitem-lhe adi ar,m as no fugir definitivamente de suas o bri gaes; as pessoas com quem VO Leest co mp ro m et ido - o rei, o a mi go, o futuro genro, os sogros - , todas ela ,iro con sult ar os prpri os orculos para venficar a alegadas declarae doseu orc ulo. E m esmo que as declaraes dos orculo delas concordem co mo qu e voc mentirosam ent e afirmo u serem as declaraes do seu orculo, is,oo liberar de suas obrigaes ap enas por algum tempo . As ~ o a s em oh"idaslogo tomaro providnc ias para descobrir o bruxo que ameaa seu futuro, equando tiverem co nve ncido esse bruma re t irar a influncia , voc \a i te r q ueinventar o ut ra descul pa. Assi m , que os orculos so m eios de lmporcom po rtament os, ma s aut ondade pode ser impropriamente u ~ " 3 d a pJ.rJ.Sl' fugir ao d ever. N o o bstan te, nenhu m ,ande afirman.l qu e um orculodi sse al go di fere nte do q ue rea lme nt L' d Isse. Se um ind" idu o qu er J11tntir,prete nd e te r obt ido uma ded arao orJCUI,lr sem te r dL' fato \.o mult .ld t) oran do .llgum .

    3Em geral o land e comulta m orautlos ,1 respeito de 'lU prnpna SJlId 'entr,lel1l C lllt,tto lo m os bru\os segund o Lcrt,ls etap,lS l os tulll ..ira , ) I Jrlnt u

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    a famtli,1 de um Lh)cntL' dL"Lohnl,Jl) qucm (l es t ,1 emb ru\,md o e \OIILlt,H,io dobru o que (e"l' '"U I'llKl'dimcnto. l\ la , mUitos Aza llde qu c est,jo em pu telt,1',JULie co tumam llltl\ult,lr um do , or,lllllos no inICIOde cada me, p.1I ,I ~ b c r LIHl1,le,t,lr,1 '>ua \,Iude n'lqude perodo; pu de no tar que, em cada lomu lta,Joor:Jculo de atrito, um homem l l ' \ ~ e im an J \'elmente pergunt,1 \e mor rer,lcm futuro prximo "e o 1l1,iculo d l\\e r q ue algum esta ame.l,llllio , lI ,1 ,Jud ee quc ele morrer,i em breve, o homem \o har,l para c a ~ a ab,ltldo , p o i ~ m A7.1 ndc n.1O dissimulam ,u a ansiedade em a l ~ circun stncias. O maib alegre demcu\ amigos lande fiLilfia depfJJl1ido at que tivesse anulado o veredicto doorculo, t ~ z e n d o com que o bruxo que o am eaava se aqulet,lsse. D uv id o,contudo, que jamais algum zande tenha morrido ou fic,ldo sria e demorada mente perturbddo pelo conhecimento de que es ta\a embruxado; nunca depa reI com um caso de morte po r sugesto desse tipo.

    Um zande que est doente ou fo i informado pelos orculo\ de qu e es taprestes a (air doente \empre dispe de meios para enfrentar a situao. Co nsi dcremc):, a atitude de um homem que est,) perfeItamente bem de sa de, ma squ(' ,\abe de antemo quc ir adoecer, a menos que reap bru \ ana . Ele n p l l s i ~ , l l l so l ial qUl' clt', Ilan desLJ.IJ11 .1lmntJr, ou .Ikuem LJd,ILo nsldcl l\,1l) l cs tlm,1 dl SL'U, llllllp.l1lht'Ifl), , de 11.10 li. j.lm hlUn Ih r.U bl U\O lo m prndcJ.I pl.'l,1 OJ.I\.1l1 qUL ,< ' Ir,II.1 ,id , Lnqu III,) 111,11

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    continual.1O ignorJnJo ~ \ I . I idcntid.lde. () d b C u r ~ ( l e pronunciado cm cslilodr,1Il1.ltlco, logn JLl'oi, do pr -d l1 '010\1 ao Jlvorecer. O orador ,oh\.' num ni n11l) de t\.'nnitJs e 1.1Il\-a um gnto agudo: "J ia ! H.li! Hail", P,H,) atr,1II ,I alenl,-'lOd o ~ \ lI111ho,. T o J o ~ acorre m il11cdialamente, pOIS e ~ , c grito O mcsmo que sed.1 qu.lJ1du dlgul11 anim.11 a\"l!>tado, nu quando um homcm .1rm.ldo descoberto dL' L'mhn'Lad.1 no matagal O orador repete seu gn lo v,lrias veles e en!

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    \.erteza e\te \ aI r e L U p e r J l - ~ c , pOHluC' do fundo de ,eu cora.;,\() ele deseja toda.Illdc e feh(ld.lde para o doC'nte; c (.(lmo ,inal de ~ u a bOa-\Ol1l.ldc ~ ( ) p r a r

    agua. Pede.1 e ~ p o ' J um.1 l a h , l ~ a de agua, tOll1a um gole, enxagua a boca comeI.1 e dcpoi\ ~ o p r a - a em cl1U\ ciro fino ,obre a ,I'a de galinha a s e u ~ ps. Em seguida declara em \'oz alta, para que

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    I

    1.11 proLe"o de umlr.! .11 q u ~ a bruxaria que de.;cre\l e Illlrm.llmenleulllllado em -illia oe de d o e n ~ a . ou qu.mdo (l or.1ullo prcdll docn J p.lr.1um homem qUI: no momcnto Iode c,lar em perfeila , aude. l le 1lm hC' m eu'),ldo para o in,uce"o na La\a ou cm oulr.1 aliyidade clOnm lcJ , e,lela ,' ,tolem cur'o ou ,eia planeladd quando or,l( l l l ( l ~ rredl7cm ..eu r . l c a ~ s o ,lI1le(i rad.l1nenle ....em dU\'lda .1 grandt' m.liona de a s , l ~ de g,llinha .11'1 e,cnl.ld.h .10sb r u x o ~ \. ln po r moll\ o de L.\,O de docll\a. Enqualllo (l do cnle (llnlll1u,1 , '1\ o,se m parente, ratem t o d o ~ os t : , f o r ( 1 ~ polido, par,l per .1nfitni'ies tJ nl nquanto (os e Lom enient Ilarhlhandosuas e alegrlJs, desnimos e,o(rim nto,>, Sob multo J peLto , mmha \'Ida era Igual a deles: Lontra l suasdoen".l usei de ua fonl d Jlimen to e adotei ao nJxlmo pmsw l seusprtlpnos padro s de comportamento, 0111 as resultanles anllzade e in im ilJde . Mas foi na e ~ f e r J da bruxan .l que ti ve mais ucesso em "pt'mar como negro", ou melhor dll.endo, .. enllr Gomo negro : Eu tambem me Jcos tumei .1Ieagir ao I I 1 l 0 r t U n t o ~ no IdIOma da br uxan . t' trequentemlnle preei,t'1 mI: t'Sfor.a l pJIJ Lontrolar me u !ln)\ no apeio ii d r lLJO.

    VImo ntellorrn nl e Lomo a bl uxJn a p'Hltlipa de todo os intortlllOS.Info[\ ulllo e IHu an a ao b,m ment J mesma Loisd para um l..tnde, pois l'apena em Slt UdO d II1f ., rtUI\lf) ou em dntellpalrJO a eI qu e a noao debruxanJ (' e\'owdn. Lm Le rt o nudo , pode se dller que bruxJrJJ infol tu nio. que l: melOdo de l 1 l t . l o ralulard l apre entJJo de ii J de .I\es oun J sou,llmenl e p r ~ CC lto doi rc I o la .10 IIIfortunlo t' que a nO\JU de lImJ.. 11 idade bruxar id e o t r . l t ( ) Id ologlLl' nele%arlO I ara ddr Loer nu a logl w 3 tal r e ~ p o 1.1

    uC l g t 111 bli. #... c 'j "' ! la I

    '1"

    l ' m brU'l.ll.ll.lL.l Ulll hOlllem qll,llldo 1Jl()1J\,ldo por udt I , IIl\{JJ (!Um'lOh l\.I. hn gCI.ll. se ele n.io ~ e n l mlllll/ade por uma pt. II.I n30 a ,ll .uraI'nrl.lIlto, um 1.1I1de que ",fr, UIll IIltortunto imc(hal,lmtnle t"pCLulJ ob rquem lem probJbllld,lde, de Odl.1 lo, l-II' ~ , l b e mUllo b ~ m outro ">t:ntem,alis!a\.lO Lom \eu\ \? \oln men tos, 1I1\eJando mJ boa o,()rte. FIe,.lhe que, ,e ficJr riCO, 0 \ pobr es i r.lO odi.I -lo; qu e 'e ublr de po i ~ a , ')oLlalseus IIlfen ores lerao 111 \'('11 dc 'U . I ,1lI tond.ldc; ' e bOIllIO, que menos fa oreL ldo \ te r.lo ci um e de ,U J .lp.HcnllJ; , e c um c a ~ . l d ( ) r , OlU kO . IUlador oullr.ldnr t,l!en lo,o, q ue sa a ob}l: tn da m.l \ onladc dI)' menos dotado e 'ie tem01' bnas grJ a' d t' seu p n n L e de scu, \ Izinhu" que serJ delt' ud o po r '>Cupre\t lgHl e p o puIJrid.ld e.

    Nas tarefJs rolineir,ls d,1 'Id.1 h,l m uil.l oportunidJde pJr.1 atritos. Dentrodo grupo domstico. '.10 frcquent es .1 ' po so;l h iltd.ldt' d.lIla" 1.11\'0 st' tenh.lm pronu n" iado pahl\TJS irrefl etidas qu e dt'poi, foram rt'pelld.l' .1 llulrs. Um homempode pensar que c erta CJnaO 'c reteria a ele. Ou t.l"ez lenh,l 'Id o lIl,>ult.ldoou espancad o nJ co rte. O u pode ter um rival dispuI.\nd o o, t.l"[t'S de u mprlncipe . Qualque r p ,lla" r.! n1.lIdos,l, alo pena,o ou immUaLJO SJO gu,lrdadm na me m ria p.Hol poslerio r retali.1\Jo . B.lst.l que um pnnLlpe demo nstrefavoritismo por um de se lb (ortesaos, um marido por uma ti.h e ' p l ) , J ~ p.\r aqu e 0' desp rezados deteslem n escolhido. lnuml r.l' \elt , ~ o n s t . l t e i .qu e b.ht .lVl CU ~ e n e r o s o o u apenas multo amig.l\'el (o m um dc meu, \'I711lhos p.l ra~ I e fjca'ise imedl.lt.1men IC .lpret'nsinl qu.1nlo ,I b r u " ' , H , l e qUJIl.}uer 1m

    pre\,\ ,t o qu C' o atlllglsse er.l ,lInbllldo.lll Llllmc qUl mm h .l am l l .llit' dt'sl'cr t.lf Jno ( O r a ~ , H l do.' ,elh \'Il1nho,

    FIl1 gl'l.ll, no ('nt,mlO, um ho mem que ,lcre:dit.1 que: os \Hltrtls sentem .: iume , dl'le n,o faz n,ld.!. t ontinu .l a ' l'I pnlidnlllll1 todlb e pfllLlIf.l m .lI1td -

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    6Uma \e l que ,1 , l L u ~ . l 0 e ! > de bruxaria 5:10 sw,litad,ls por inimizades p c s ~ o a i s , e eViUl'l1tl a ra7dO pela qual certas pessoa" nem chegam a ~ e r u)nsidcrada;"quando um doente p,lssa em re\ ista os l 1 o m daqueles que lhe poderi,lJll eslar fatendo mal de forma a apre;,ent - Ios ao o rculo. No se a c u ~ a l 1 1 os nobresde bnL\,lria, e rar3t11t?nte se pk be ll" i n t l u e n t e ~ ; no apenas porqueno ~ e r i a a c o m e l h \ e l l l 1 ~ u l t a - o s , co m o t,lll1bm p o rque o cantata social daspessoas comum com gente e S $ a ~ catego rias limita-se a situaes em que ocomportamento recproco esta deter minado po r noes de stalus. Um homem briga com seus iguaIS e deles sente iIweja. Um nobre est socialmentet.lO separado dos plebeus que, se um desk s fosse brigar com ele, o caso seriaantes de traio. Plebeus detestam plebeus, pnncipes odeiam pnJ1cipes. Damesma forma, um plebeu rico fun ciona como patro de um plebeu pobre; dificilmente surgiro o incentivo e as op o rtunidades para haver suspeita entreeles. Um plebeu rico inveja r out ro plebeu rico, um pobre ter cimes de ou tro pobre. f muito m a i ~ fcil Jlgum sentir-.,e ofendido por palanas ou atosde um igual qu e de um superior ou inferior. Do mesmo modo, as mulheresentram em con ta to com outras mulheres, e no C0111 homens, salvo seus ma ridos e parente s, de forma que a respeito de outras mulheres que elas pedemque se co nsultem os orculos; desde quI.' no h intercursll social entre home m e mulheres no-aparentadas, diflcil surgir inimizade entre eles. Igualme nte, como j vimos, crianas no embruxam adultos. Isso significa queuma crian a no costuma te r relaes com outros adultos, alm de seus pais eparent es, capazes de despertar rancor em seu corao. Quando um adultoemb ruxa uma criana, geralmente por dio ao pai dela. A maior oportuni da de de surgirem conflitos da-se entre lderes de grupos d o m ~ t i c o queman tm contatu cotidiano, e so essas pessoas as que maIs freqentementeap rl!sentam os nomes umas das o u t r a ~ diank d o ~ orculos, quando um delesou um membro da famlia est doente.

    ..plil.adm e evitados, mesmo quando .Iqudes que ele acusa de bruxari

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    I IdO eu I ~ m i c d d o depende em t.11 medldJ de contexto P,IS 3 g e l r o ~ queum homtm dlllulmente e enc.dr,ldo como bruxo qUdndo d itud o que pro\ ou umJ .leu leo ontra ele i.1 de apJreL.lpam J t:sfera da lei

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    h l ' fl ' ' ' '11 de ",/(lrIJlIIII I , : . , (I

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    l're nd a UIll.1 rt'l.lh.I\.io.!'llr , . 1 I l . l i ~ p r l ' \ L n t ( l ~ . cnnt l .1 O" r e ~ p o n ~ . 1 \ li . , \)oen ~ J . OU Ira,.I' II Cllll'llll're,.h lll)JWJl1IC.l' n.o ,.10 (on'lder.uln , lllnHl d.lJlo,.1n o ~ 1 I 1 t 1 l p d o ~ por nutr." jll'''O.I,. ~ l ' um hOJl1elll la i l 'nfamo ou SU.l e l l 1 p r e ~\.11 .1 f.11.:110.1, de nan pode m.lr de rctJha.1o contra nl11guem. C0\l10 poderia'l U relgIO tl\"C, .e ~ I d ( ) roubado ou se ele f o s ~ e agredido. t-.las no p.lb I.1 Jldeh,do, lb I l 1 f ( ) r t n I O ~ 'c devem bruxana. permitll1dn que a p e ~ s o . 1 que \nfreut) d.mo empreenda rt'l.1ltJao por Lanai., costumetnh, porquc o d.lno .1tribtlldo ii uma pe"oa. Em .,ituaoe\ (01110 roubo, .Kiultc::rio, nu homiLldlO co m\ iolncia j eXI.,te uma pessoa el1\ oh Ida, qu e collvid,1 ret,lliao; se ,ua iden tidade conhecida, o culpado e le\'ado am tribunais; c a ~ o contrario, ele e pcr \L'gUldo po r magia puniti\'a. Quando essa pes.,oa e ~ t , i ausellte, porm, asno\oes de bruxaria oferecem um al\"o alternativo. Todo infortunio supebruxarIa, e toda inmllzade ~ u g e r e um autor.

    Considerando a questo po r este lado, fica mais facil entender C01110 osAlande deixam de observar e explicitar o fato de que no s qualquer pessoapode ,er UI11 bruxo - o que eks admitem facilmente -, 11as que a maioriados plebeus comtituda de bruxos. Se \'oc disser que a I11aior parte das pes~ o a s e formada po r bruxos, lh Azande negam imedia tamente tal afirmao.Porem, na minha experincia, todos, exceto n o b r e ~ e plebeus influentesd,1 corte.:, foram um a \'1.'1 ou outra acusados pelos orculos de terem embruxa-do ~ l . b VIzinhos - e portanto sao bruxos. Isso tem necessariamente de ser asSlm,). que todos os homens sofrem infortnios, e que todo mundo sempremllTIlgo de alguem. Mas. em geral, a p e n a ~ aqueles que se fazem detestadospela maioria dos vizinhos so acusados co m frequncia de bruxaria, adquirin-do reputao de b r u x o ~ .

    Se fi armm atentos ao iglllticado dinmico da bruxaria, reconhecendoportanto sua uni"ersalidade. cntl'ndl'remos mdhor po r que os bruxos no~ a o p e r ~ l ' g u l d ( h nem sofrcm ostr,ILlsmo: pois o que um a fu no de estadospassagellos e LOl11Um ,I multO', n,IO pude ser tratado com sC\'Crtdade. A pm l ao de um bruxo nada tem de ,lllalogo a do Lrtl11mOSO cm nossa sociedadc; elec.ertalllCllte no e um pari,1 ,Illngido pela desgr,la e cvitado pelo, vi,inhm.Pelo contrno, bruxos relonheudus, fal11(hus como lal po r n:gil's Inteira"\ Ivem C0l110 C1dadaos col11uns. Podem ser pais c m.llidos respelt,ldos, visitantes blffi nndos as reside J)C!,ls , convidado, a,> fest,ls e ,IS Wles melllbros influent do comclho informal da Lmle de um prllupe. ,\lgullS de llleu,lOl lh( Lidos eram bruxu,> lIot,'JlJ( IS

    l 'm bruxo pode g()l.lr de lerto prl'stlgio em ralao de seus poderes, pOIS'oti J ~ l I d , l l n de nao oknJt lo - ningucll1 prolur,1 ddiberadallll'lItl' o detrL. I pu r 1 so qU t (I hdn de um grupo domestico que C,H,.I UllI ,Inlllhdmalld.\ um pUUlO da .Ime L01110 pn .sl'nte p.tra os velho s qu\:' vi\l'1I1 1l0S , t l < ) ~

    "" "

    \ II I Ilho ,>. grat,-a para

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    \1'. Il l ) 1\

    l1 '11 \0 5 tt '1ll cOlccillciatit' :CUS lltOS?

    Il"ma da a r a c t 'r i " " ' J ll1.l i. n t.1\ \?I' da bruxaria eurl'pei,1 l' fa .I t:1Cilidade~ o m que o br uxo. as \ el e ~ o n k , a\"am ,ua -:UlP,l ~ e l 1 1 uso de tort ur.] e torneua m longa. de crie dc eu crime e de llrganila,J tl. Tudo indi-:a que,em algum gra u pelo meno , a ~ pe. oa. que \wem n um .l comunidade onde ofato da bnLu na n u n ~ a e po,to cm dvida ,o (ap.lle, de ({lll\"t:n(er de quepo uem o poder que o outro lhe .ltribucl11 "e,a (om o for. eria interessanteabcrmo e o \z ,mde lamal . cOllfe' 'am qllL , l O h ruxo ,.

    Par.I o ALlndt:. a q u e ~ t d o da LUlp.l nao , e colo -:a da Illoma forma querara no . Como ja expliquei. eu I I 1 t e r e " ~ e pda b rux.lria s dpertado emc a s o e ~ p e d f i c o de infortunio e .lpena perdura enquanto perdurar o infort i O. Ol\ r d dificulda de sU< Litdda por .!to slsll J LClIlsuhJ\ or a L 1 U d r e .Ifll Cien

    t,l lW '" de .IS,I'" de l h n h alousado pelo ora

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    I ~ u n t , \ n,h1 era tt.'lt,\ p l i ~ i t . \ l 1 l e l 1 k .. \Itua,lo e,>peLi,llem qUe ach,lv,\1l1Illo(h fiC,l\ ,1 \ u a ~ , l i i r l l 1 a \ i ) e ~ e colon.! \U,h oplllles.

    , 'o decorrer de d l s ( u ~ s o e .\obre outros assunto\, comt.lkl que ,IS C 7 e ~ o. mlornl.lntes admitiam que alguns b r u : > . o ~ , em certas L l r c u n ~ t < l n L i , l s , podiam Ignor,u' ~ u a condio. Essa ignorncia era geralmente aceita nm ~ , I s m deLrJ,ln\,ls -bruxas e de ,1dultm ,ILusados apenas uma ou duas \'e7e . na \ ida .Quando a bruxaria de um homem L; "fna", como dizem os Azande, Isto ,qu,lI1do ela nao operatl\a, ele pode mUIto bem ignorar sua LOndi,'io.Penso que , na \ erdade, no seria demais descre\er as i d l , l ~ z,lIlde sobreos a questo da seguinte forma: um homem no pode entar ser um bruxo;nao por sua culpa que nasccu com oru:>.aria na barriga, Ele pode ser perfeitamente ignorante dc que e bruxo c inocente de atos de bruxaria. Nesse estadode mocnCla, pode fazer mal a .lIguem sem querer; m a ~ quando j foi vrias\'e7es e>..posto pelo orculo de \eneno, entao est conscien te de seus poderes ecomea a us los com malcia.

    Quando um homem fica doente, ou algum de sua famlia ou parentela,ele fica profundamente Irritado. Para quc entendamos seus sentimentos a respello da responsabilidadc moral do hOlllem II1dicado pelo orculo como gerador dd doena, preLlso Icmbrarmos que o consulente apresentou aoorculo o nome d a ~ p e ~ s o , h que mais detesta, de forma que o bruxo ser pro-,'a\'dmentL .lIguem com quem ja linha p ~ ~ i m a ~ reiaes, A velha animosida-de reforada por um no\'o re"entimento. E portanto intil wgerir aoI l 1 t e r e 5 ~ a d o que o bruxo no tem cnnsClencia da bruxana, pois ele no est in-clinado a considerar tal possibilidade, uma vez que sabe h muito tempo dodio do acusado e de seu de,elo de j ~ 1 7 c r - I h L ' mal. Numa situao como esta, are ponsabilidade moral dos b r u x o ~ pressuposta incondicionalmente; est~ o n t l d a nos pro.:esws de sc!el,.Hl e Jcus,l\o, no prcusa ser explicitada

    M,IS a mesmas pe,>so.ls ljUL', quando preJudiLadas, afirmar,lm \'ecmente-menk a I1lallL1J delibrada dos outros, bIJm de outra forma quando ,.10 elasa rn,dler as aS.ls de galinha, Pude mUIt.ls veles obStrv.lr as me mas pessoasem amh.l as s i t u a o e ~ . Tendo des( nt o ,IS (Ipinioes usuais dos A/ande sobre aresponsabilidade dos bruxos, e conll) sua rea.,.ao ao IIlfortunio 1,11\(;,\ 111,10 danO\JO de re ponsabiliJ.lde ell1 sua forma m; m intranSigente, devemo'i agol'tloh en.lr Lomo o bruxo re ponde.1 ulIla .lcu aao.

    ')e elt for uma pessoa Lllm pOULO autocontrole, Pllde 1,l/el uma Lenaquando d .Isa de g,Jlinha c (010 dda a seus ps. Pode dizer .10 lllens.lgeiro qUl' alt'\e emhora, dmaldH,oilndo 'Iljueles que a enviaram, dell.lrando ljue IjUtlell1Jpula hUITIllh lo por ITIdldaut'. rals tenas so raras, 1ll.IS .IS 1St I ou soul.e dtafias, t sabe se de gente que atacou o mensageiro. Um homem que (U I I Iporta d modo esta IOdo contri! o lostume, ao insultar o delegado do Lhcfe

    J,ruxo 'l''''

    qu e ordenou .1 , I p r c , e n t c l ~ . i ( ) dd .1 a. He sera obJeto de 10mb na I 0 om IUIll pr m InuallO Ignora nte dcls manei ras da sl)uedadc t'.duc.sda e pode d Irir a reputa..io de bruxo empedernido qu e admite sua bruxana ,u amen epela raiva que demonstra ao ser denunciado. O qu e ele devena fazer era )prar ngua e dizer: "Se possuo bruxaria em meu ventre, dis o nao tenho \.0"1ci ncia; quI' ela c ~ f r i e , Por ISSO, ~ o p r o gua."

    t. difcil perceber os sentimentos reais de um homem partIr de .ua rei!o pblica quando reLebe a asa, pois mesmo que ele e ~ t e j a certo.de rua II !cncia, realilar a cerimonia, ja que i ~ s o o que um cavalheiro deve fazer.O costume no apenas prescreve que se sopre gua, mas a!i frases com queacusado deve exprimir sua contrio so mais ou menos estereotipadas; e otom mesmo, desculposo e sincero, em que ele as profere determinado pelatradico

    Quanto eu tinha oportunidade, falava com um acusado o mais rapida-mente possvel depois da apre entao da asa, para ter suas impressocs. Mm-tas vezes era um de meus criados, info rmantes ou amigos p e s s o a l ~ , de formaque podia conversar com ele pri vada e livremente. Constatei que ou dcda-ravam ser a acusao tola, talve7 at maldosa, ou ento a aceitavam resignadamente . Os que a rejeitavam diziam que os a c u s a d o r e ~ no rinhamabsolutamente consultado os orculos, mas somente morto galinhas e enfiado as asas num pau; ou que, se consultaram o oraculo de veneno, este dC'\iater-se enganado, por um a bruxaria que influenciara o veredicto, ou a a l ~ m tabu qu e fora quebrado. e m e l h a n t e ~ sugestes no 'eriam f e i t a ~ em publico.Um homem pode acre centar entre amigos qu e nunca foi acusJdo de bru...a-ria ante , e que portanto no faz sentido que c o m e a s ~ e a embruxar pe oaagora. Aquele qu e puder demonstrar que " l r i o ~ de ~ e u s parent pr\.imforam autopsiados e n,lo revelaram subst,incia-bruxaria no ventre, recorreraa tais exemp los para cond uir que absolut amente impo,sl"t'\ que elt' ].I umbruxo . t-..lesl11o assim, porem, wprar.i sobre a , 1 ~ a par.l eneerr.lr o 3.' unto ee\ Itar mal-estar. Ele me dtrla, depOIS: "Se sou um bruxo, n.lo ei. Por que ue ~ e J < l f l a te m algum? t-la, J.l que eles me deram a ,1'hl, 'llprl1 ,obre !J par.t

    mmtrar que n,lll quero m.II.1 I1Ingum 'A. p,lrtll d e ~ s a ~ con\'er

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    ,Ult ) Pllllll' \Il1ll'k\ , ...eu )'.11 111l' di",,, ent.io, que .1> au l ...Iurd.1'>: \ n l o ~ dl' 'l'lI'l'.lrentl's h.l\.lm ,ido .1lItoPSI.ldos l' nao Sl'.Ilhar,\ llenh lIm.l '>\ bst.IIlLl.I br m 1rt.1. A 1l'S.1 r d I ~ S O , 1'0 rl'm, IUO 1.1/1,1 m.11 ,11gUI11 ,>opr.lr .1gt . , 11.11) ,1)'el1.l\ ela eJuc.1do f,ller 15,0 qu,lndo sn!tu!.ldo, Il ldS'llhfl'tu,kl JL'nlOnstr.wa ,I . l l l \ e n ~ i d de r,1I1cor que d i ~ t l l 1 g u L ' todo bom (id.1d.lO . I mi lIwr Pdr.l l I I l l il10cente Jccitar dL' bn'n grado a acu,a,lo.

    1\1.1'>, el11bor.l mUIto, dedarem cm ,egredo que nJO "l o bnL\os, e quedr \ kr h,1\ ido um eng.mo , mll1h.leXpertenCIJ C0111 os A7,lnde que releberam,h .h de galinh.l con\"enleU-llle de que alguns pensam- po r algum tempo .10111,'no. - que afinal !:>.lo me. mo brm.os. A tr.ldio sobre a bru\..1ria, que e t,10~ l e f i n r d a sobre o que no pode normalmente ser \'erificado - po r exemplo, anature7a da ,ubstncia-bruxaria-, Yaga e indeterminad,l a respeito daquiloque podena ,e r confirmado ou mfirmado, a saber, a operao da brm.aria. Amaneira pela qual bruxos reJlizam seus feitos um mistrio para os Azande, e como eles no podem derivar das ati\'idades normais da vigdiJ nenhummatenal sobre o qual basear um a teoria da ao da bruxaria, terminam.11'ol.1I1do-.,e na noo transcendental de almJ. Os sonhos so sobretudo pcrle1'es de bruxanas; em .'>onho" um homem pode ver e falar co m bruxos.Ma , para um zande a \ ida onlrica e um mundo de nebulosa, interrogaes.Po r isso ,e pode entendcr po r qu e um homem acusadu de embruxar JlgumheSita cm"11egar a acusao, Lhegando at a se convencer po r algum tempod,a endente ill\erdade. 1:le sJhe que muitas \'ezes os bruxos esto dormindo quando a alma de sua substnlia-bruxana parte em sua empresa macabra;tahez quando ele estaya dormllldo, inconsciente, algo desse tipo tenha acontecido, e sua bruxaria funcionara independentemente de sua conscinclJ. Fmtais circunstncias, um homem pode perfeitamente ser um bruxo e no saberdisso. Contudo, nunca soube dc um zande que admitisse sua bruxarta .

    Um homem tem muIta sorte, porm, se sempre conseguIu esc,lp.u- decusaes eventu.lis. E se o orculo de veneno declarou por vrias VCICS qu eleembruxou outras p e s ~ ( ) a s , pode chegar 3 dUVidar da pnpria inOLncia. "Ooraculo de veneno no erra" e\te e o credo de todo zande. Sua .1lIturid.1dee ~ t a apolad.J no poder POlIIIlll d o ~ prnCIpes l' na tradlao. I- no final da sconta. o {dto de um homl'm ter dl' cnccnar publIcamente UIll.I (onli\S.io deculpa oprando .!gua ~ o b r e um a asa dc g.t1inha, de\e.1O lllellO, dei xa- lo e ~ p e ul,mdo sobre a l ' X i S I l ~ n C l J de brux,IrI.\ na prpri.1 barng.l.

    2, ( IC \ (oqumava pcrgunl,jf J um homem, quando li conlIell.1 belll: "Vole( um bruxo" hper.1ndo uma Ilegatlva rpida e ofendida, rl'lchia ,1 humilde

    11'plil,l : "AI1, doutor , II I bruxJrla em mlllha !>arrl' u rhruxo, porl)lH' . I ~ p ( ' ~ ~ o a n.lo Vlr.1I11 bru"4!fla na b rr '1\ klHh n ~ \ p ( ) q . l ~ que eu rnelll.l. porem, e mUIto m 15 rJ tl ( ) r l l 1 u l , j l a ~ qUL 1111: d.l\am a i l l l p r e ~ ~ . 1 ( ) dedvu.ia."' 1\ Ueram 1,ldmes, o tom da f ' ~ p o s t . t ~ e r i I deCIdido e Irado

    Nu m d ( ) ~ textos qu e Lolhi, um velho fM 'u a or3Jo dm n, de m,ld rug.rda, an tes da . r b l u o e ~ mat IlIais; de dl / que n ropriedade de nIngum, I l , ln cometeu adulteri() com a mulher de ninnao desep o mal a homem \1l1nhos, para ,aber quem taelllbnL\and o o enfermo. ,\s \'ezes, ante, de apresentar os nome, dsoa, diante do oraCldo, pode-se OU \ I-lo dizer: "Sou eu () culpado?, .1-mente .1 questJo sugere um reconhe(Imento dJ p o ~ , i b i h d a d e de b ".- ,, "IIlLonSLlente, m.1S no h.i r.l/Jo p.lr.l se ,>upor que o homem

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    [)e\ e e kmbr,lf tJmbl'lll quc, . l l l t e ~ de lazer J a u t p ~ I J de um p.uentemorto, ( ) ~ o p e r , l l h ) r ~ , primeiro dlrigl'lll-'l'.lOorauilo \ enl'nOl'lll bU'C.l d .\certl'l.a dl: que o \l'ntrc ~ h l morto n,\O (onlt:m 'Ubq:lllCi.l-blll:\.\rI.l.

    3~ { ' r i . l bto \upor que, a bru>.aria hereditrIa, entao um homem certamente lem um.l boa idia ~ ( l h r e ou no um bruxo lembr.mdo-se dos antecedente':> de ~ e u p.lI, tiOS e av paterno. Ele deve saber alguma vez elesp.\garam indenizao po r a ~ s a ~ ~ i n a t o , receberam asas de gallI1ha e se foram'>ubmetidos, com ou ,em re\ullado positivo, a um exame posl-lIIorlc/Il. l\las,embora um homem recorde asm em qu e os cada\"Cres de seus paren tes foram examinados e se verificou nada conterem, o fato de que seus ancest raiseram bruxos no ser realado. Tah'ez nem seia conhecido, pois no tem im portncia para os descendentes nem para outras pessoas, j qu e ningum es tI I 1 t e r e ~ s a d o em saber se um homem um bruxo ou no em termos abst ratos.Para um zande, essa um a quest.1O totalmente tenca, e ele no capaz deresponder a ela. O qu e ele quer saber se determinado homem lhe est fazendo mal numa situao partICular, numa oca io especifica. Assim, a doutrinada bl uxaria hereditr provavelmente no influi muito num autodiagnsticode bruxana.

    Essa falta de preci,ao na identificao da bruxaria fica ainda maIs evidente com a presena da lei britnica, que no permite vingana direta contra umbruxo, f. tampouco aceita a legalidade de se pagar indenizaao por um crimeimaginrio. Nm v d h o ~ tempos , quando a bruxaria se convertia em acusaocrimll1al- isto , quando um assassinato havia sido cometido -, nao haviadm Id,lS sohre quem eram os bruxos, Se um homem fosse executado ou pagasse II1denizal,.30, er a um bruxo; ele ~ l ' senttria certo da prpria culpa, e seusparentes Jl.el tariam o estigma criado - pelo menos por algum tempo - po r(sse proc(.'sso Judicial. Ma .. hoje em dia U/I l bruxo nunca e acusado de crime.

    'o maXlmo pode ser informado de que sua bruxaria e ~ t prl'judilando ,IIguem,mas na o lhe dlrao que mdtllu alglll;m; e nao h l1lotivm para supor que(J homem , l C u ~ a d o peltlllrculo de veneno de ter Glu$ddo a dOC/II,.,1 de outrohomem !>eia o mesmo que realmente o matou - aind.1 qUl' a rnorll ' tenha ~ I d o provocs parente:; desse bruxo imaginarao yue ell.' tdmbm mont'U

    de hruxaria e tentarao p" r su,\ \e l \ Illgarse de outro nru r, I h>Je t'Tll dia InhuI1l homem ou mulher tem de enfrentar urr.a a u d u d ii :.a in t( J f rbruxan.l, ou lima ilcu.,ajo felt.! pelo orculo de um pn n Ipe, d mod,que e s ~ e Cator na criao de lima aulocol1S(InCla da bruyna nao m.!1 eXL te

    Atua lme nle n o h meios de revelar um bruxo po r melO de um to p u ~ h LO de vlIlgana. Tudo nvoa e confuso. Cada pequeno grupo de parenkage de modo pnvado, matando magicamente os bruxo>, sem o (onhellmen1:ldo resto do mundo. Somente o prncipe sabe o que esta ocorrendo, e e'le li.tGad ilo A mesma morte considerada p e l o ~ vizinhos como uma morte e '>O I )'pelos parentes do morto, como um ato de bru xa ria ; e pelos parente'> de outrosho mens mo rtos, como o resultado de sua vingana mgica, Em asosquer..Josejam d e m o rte, possvel para um grupo de pessoas dizer que seu orculo denu ncio u um ho mem por embruxar seus parentes, enquanto os amigos e parentes do ac usado podem facilmente negar a imputao e dizer que elesopro!lg ua po r simples formalidade, porque no h certeza de que o orculo ter.hafa lado a verdade, ou mesmo que tenha sido consultado - pois no o oraculo de um prncipe. Talvez por isso no seja extraordinrio que eu .iamai tenhaouv ido uma confisso de bruxaria.

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    Os adi1'inhos

    rf a ha tenha ocorrido ao leitor que ha ulll a ana logia entre o conceito zandc debruxari,l e n o ~ ~ o conceito de azar. Quando, apesar do seu conhecimento, prei d ~ ncia e diuncla tc.l1Ica, um homem um revs, d l l e l l l o ~ que isso se

    de\ ' m sorte, enquanto os Azande dizem qu e ele foi embruxado. As si tuaes que evocam essas duas c a t e g o n a ~ so similares. Quando o mfortunio jaconteteu, e,t encerrado, e m Azande con tentam-se em atribui-lo bruxaria e).,llamente como ns nm contentamos com a idia de que nosso fracassose de w pouLa sorte. Nessas situ,l amplo,,, towhd d d.l~ L ' \ \ , l O em que a d a l l ~ a tel11 lu gar. Qu,lIldo I) " d l ~ l I l h ( ) .lgc (..,mo (ur do, .... )-nheudo COmObll1ZI , l 1 1 a ~ termo c tro tJI'urr sal) IIlltTl.dmblav un a d Ina\o de ~ u a s funoe,> dlvlI1atorias, enq uantu apenas blllzu t usado sereferir J ,>ua funao de curador. Em o ,> papis, sua f u n ~ a o a mt: melcombater a bruxana. Corno adivlIlho, el e descobre onde e mU/tm oral.ulos,embora no se re firam a eles desta form a. Consideram que suas profeLias reve la es so de valor igual as respostas do orculo de atrito, mas menos dIgnasde co nfiana que o orcu lo de veneno ou o orculo das trmitas. Ja dt"iCre\ icom o um en fe rm o (ou parentes agindo em seu nome) con ulta su

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    o l1.1tI\O \, tanto 11,1 \ltlhl ,10 do ritu,11, qUJndo a t e n ~ n e\t ,]\ ,l d irigiddr lr J () d l . ' ~ m p ~ n h o d ~ l ,1dl\ i n h o ~ , ljuJnto cm LllnYcr"I\ mai, tran qu d ,l' emmlllh,1 tenda \lU Clll u a ~ Lah ,lIlas; lletJ de tc.\los; e ate U.'I p.u t ili p ,lI"lo doetnografo n,l, allnd,ldes d l ) ~ nati\'()s.

    j la , ,1 corp0rat,n tambm uma \ida eso lrica qu e e\clUl osno I l 1 I C l a d n ~ ; i" o tnl ma a u n d , l parte de meu est udo. ( ) ~ s t r a n h o ~ ,i COI rora\o no apena\ \ .10 e.\dudo\ d o conhecimento das d rogas e dos tlllquesdo off(io, mas tambem Ignoram muito de ccrt,lS cren,ls e d a Ild,1 social interna da confraria. Os mtodo, u\uals de pesquIsa so aqu i inefi cazes, .1\,1111como o ,istema comum de co nlrole e teste da lIlformao obtIda . A unica forma de realizar observaes d ireta, era tornando-me eu me ,mo um adivinho;embora entre os Azande isso no fo \, e impossll'el, ten ho minha s dvidas so-bre se sena \alltajoso. Experincias prna s de participao em allvidades desse tipo ! t ~ \ ' a r a m - co ncl usa o de que um antrop logo pouco lucra emII1tromeler-se com o ator em certa, cerimnias, pois Ulll europeu jamais considerado seriamente membro de um grupo esotrico, tend o assim poucasoportunidade, de venfi c.lr ate que ponto um desempenho fo i modificado em~ e u benefkio. del ibe radament e ou (omo reat,.i.o p ~ l C o o g i c dos participantesdo ntos, que se afetado po r sua presenya. Alm di sso, difcil usar osm e t o d o ~ o rd m rios de e ~ t l g a a o crtica quando realm ente enl'ol\ Idos n leii monial e n o ~ lorllamos um membro ati\"o d e um a in stituio . Asinumeras difi culdades prtilas qu e se colocan am pa ra um europeu qu e qui l' envolver ,ill\'amellte no ofuo de adivinh o tamb m pe sar am n a d ec isao de e \'itar esle modo de pesquisa, especia lmen te po rquc os m emb ros dano lm: /Al (AvolIgara) no se tornJm adivinhos.

    A alternatll'a que se colol.Jv.l lmedia lamen te era tent ar ganha r a co n fianya de um ou dois pratiwntes e persuad I los a di\u lgar seus segredos confden.. ialm entc. r ntellSSI) e tl\e UllJ pequeno p f ( J g r e s ~ o em Illl nha . i n v e ~ t i g a e \ , ate q ue ficou e\ldellle que eu lIao lhegaria mlllto lunge. Meus infofln,mles es tava m dlsposlos ,\ dar as I I 1 f ( J r l 1 1 a , , ( J e ~ que dblam puderem sel obtid,IS semgrande dlfi(.Uldades d l ' l ) u t r , l ~ fontes, m as eram reticentes quanlo aos pnnc IpaIs segredos, ti ponto de se rec us.nem J d iscuti lus. Crl'o que Icri.! SIdo poslin d , po r meIO de vario arti ficios, d ese nwv ar todo , os l J ~ , I l las ~ \ ( ) Illlplrwn.1 uma press.lO injustifi l ,lvel l l b r as pe,so .ls P,lI , l f l' !. IS di n dg.1laqUIlo qUt deSl:jdVam ()(.U ltar, dc furma lIue abandunei ill\e, tig.l .. o e ~ , our l'( . " ~ J a partt da Ida l.ande po r \ , triO S meses. blllullsequllu.l, ,Idoll'i .I lrlll l ,l tJIlLd altemall\'a. US.1 r U lll sub , tituto no aprendIzado d.1 tlJlic,1 do ,> tldjl illlj() \., u lfl.ldo pe , 0.11, Kalllangd, fui iniciJdo na corpora\Jo tOfl lO ll ~ l ' 11111dI I I 1 h ~ 1 prJtlldnte. Ile furn ece u me relatrio l o m p l ( . " t o de todo, osdt J (In t Ir 1, J e , d ~ o I/II ClO

    !-stc pode no ser UJJ1 do,> melhorc') mtodo de p ;qUI e li d.! i " ddL' sUl efic.!ua qu ando C()IllL'lCI .1 elllprcgd h , ma , ele acabou por r I rfrutf e ro. A m edid a qu c l\..\I11.1nga id sendo lentamenle 1Il1(J .1do po r um C IJl 110 , eu utilitava sua , i n r l 1 l a y { ) e ~ p,lra fater falar adivinho s riVal , esplu..lndo .,ua invej a e vaidade. Pod ia confi ar em qu e Kamanga wntaria tudo qu e l1aprend end o cm seu cur so, mas tmha cer tel a de que, embora ele tlVe-;se a oa muito mai s do qu e e u mesmo poderia obter, parte de treinamento 01omiuda pelo profe ,>sor , pOIS ns dis,>emos sinceramente a este qu e ,!ln.l. I)I"e lhe q Ul'C\t.l1 1 c,m . d d,\ lUanh.1ex tOl sOLS de Badobo e qUe ' L\per,ll 1 qll e 1111l1h ,l ge l1C:W i J a d d o ' ~ rl ~ o m p " n -, ada pelo .1parelh,lIl1ento de Kam.lI1g,1 LO!l1 ,llg,) m,lh do qu UIl l (onh Cl-Illt'nlo l'xolerico li.1 luliL.1 dll'> .ldivinIH\\ . 1 i,mtl' d l' n.hioho, d U l p ~ l m

    dl/l'lldo qu e o nO\o espl'l i,llr st,l l' l.IUIIl .l ll lUn 'nLl,1 ll.1l'r)h .h) , t n Idlsllllguido 1,lnlo l'Jltrl o, A/ ,lIldl qu ,lIlto l lltn l H,lk,\ I lllh .ln1)po r '1I,1 magia, e que assim de poJni,1 l' n In,H ,1 " ,nH ,1n a a dr to,1 ma I J.

    o .WIVIII/IO

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    d amba J \.ultura Propu J nll. /1l I lem po qu H dllb onl111 u.\ 1tuno 10 r \ .0010 prof or (: .1 r J go ro r u cn I , .

    Quando o mfonn nl d nlende /1l , o .lI1tropologo ".11 g.mhando.malldadeenlr e dOI pr II 1 tTan\lll rmOU numa dmarga e mal dItanrJdJ h 1111Jade Bo '\\ )l U d u me I I l fon n \1

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    n.1' um cspuJadol dl' I.lis .1\1\ i d . l d c ~ , p l l l ~ .1 p.lrtiLlp'lI,.lO Ilela, dimillLlla ,Idi,I,lIh .1 ,od:tl quc li 'Cp.H.l\ '.1 d , l q u c k ~ que lhe de\ 1Im kald .ll k UllllO rl'Jlre, . l p r ~ IJr .. dJmulhere." e ~ p e c i . l l m l ' n t t " e ullla fugJ tI.1 Il1tllllltt)niJ ,la \lda ia m I rrotlJl.\ dOl11,tlla ,I que l', t.lll ,11l1.1rrad.h ['tll" ..U ,b tard.l ' cl ntlnmc d l l ~ maridll., . O lder tln grupo dtlllleslil qU l patrt ma.l .mL,I,a .1 qucm qlllscr (OJl1P.lIl'Lt'r, ptH" unl.l gr,lI1d' .1udl Ik l . ll' ao .lJlfitri.\O.

    Aquele . qu e de'l'j,IJIl "111 ult,l[ tl. Jdl\ nh tr J c;m f'

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    111.1' ( ) l h l ~ t e l 1 1 m a i ~ frequentel11ente em pequt'na, m e d i d . 1 ~ de deu,na, t e l ' \ C ~ dl e plg.l" de milllLl l' pratos de b,llata-doce.O anfitl 1.10 de\ilhar e rodopIar COIll ullla forc,:a l Jglhdade not.l\'Lis. ~ U I ( ) l , l d o ! ' P ( ) ! UIIl lc(',so de vesHs t: expostos dlrl!tJmcntt' ao (.dor do sol, l.!llne".lI11 J lr,lII"plr,\1abund.lIlt, mentc. lkpois de um a curtJ dall'rJ, UIIl deles (.('11 e .1Ic os t.lll1boll ;

    e ..,Icode ,IS G1lllpalllh.l\ que tr

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    mUSIl.1 orque'itral dm gongo c d o ~ tJmbor . " , i n o ~ c Lhocalhopuma\'a 110 canto de suas bO(d ,esLorrendo pelo queixo . 1 I ~ (unthr , ..cOI11 o suor. Os qu e lac:cram a hngua d J n ~ a m ClII\ dJ pllldlll.ld.1 p.lr.1 for.l,rara mostr,u sua arte, Adotam .Irc \ fLroze moslram (1 br,llIl0 do , olho, l fJzem esgarC'i to m a uoe.l. corno e as Lontoroes CJus,llb, pel.1 grJllde Icn,.1Ofi i(d e a ex.:lUstJo la n 10 fos tl n repul 1\ o bJ 0;(,111 te.Qual o Mgnlfleado de t da es .I (urj,1 c expres .10 grotL'se as? UIll.I dis,ceddO an h ~ e cuidados.! d tod s a uas partcs n o ~ pCnl1l1lra de,(Obrir.

    ,se-so s mdl"l ii p SSIl.1 CIII quedlfl o I t l l ~ e . a 1.ll quC' nlcdld. tomaI p. r J .mulJ 1.1 LOIllO t,llllhelll, por lIlellld,l dan'rJ d{daTJ gUlrrJ lI11edlOlt .l O hruxo f,odendll ter )ue. o CIIl ,If.lslJ lo do pJclcnh lO mo I r Ir ..10\ bl i " que (',1..1 ULll!C d u . Idelltid.ld (Id !tI IIlho 1.1 r to m qu de Jhandollt III dtlll1lll\ am l nl t .1 n .,id nl ,l do lllfllJlIO. 1.1 Lnu, qUI; o pllfllUfl) Illllll\ o o dc,>eJo d .Iument.lr .11 mpna r [lUtJ .10 I elo [latroLlnio de um espet.ltu!" pubhco t () 111.\1', Jlnport.lI1ll' !'.IIao c pl:d.:ldore um a s e s ~ a o c algo dlvertidn de \ r, " \ ( ? e ~ c (lI,lIlle e sempn fornecc d suuto pard (0111 ntano e f o f ( l L J ~ por mUIto te rnpo 1'.lr,l. d,)"odJ J .1, l um I11CIO dt dt: obnr quem t:.,ta perturb.mdo ' l ' l I b '111 t 1M, UIllmI dl> de ad, rtlr o bru o (pro a dmenlt' um do e Pld,ldoft ) d tlUt ~ l ' ( t . na pi ta dd e um melO de obkr o apoICH: reconhl' illlento pubh 0 \ pfd

    ,I' diflnlldade, 4LH: enfrcnt.l , ,llll1 da e.,III11.1 c d.1 publiud,Hle granJeadas. po r.Ihril .,U.I rc.,idenci,1 .Im VIIIIIII dllle . , tlIm ,I l.ll.1 110' h,lO . Iklll[ll'I.I-,>" cl1t,io dr.lm.1I IL.llIlll1te, d.lIldolllll S.lltll, l' j11111t:1 e UIll.! I l ' \ c I . I ~ , \ ( 1 : " t ., hllml'll'> 'llIl' o e,1.10 tClll1do ltlln hrux.III.I, '1uc li "'01.\0 ,.llulli.lI1dll, ~ . I ( 1 tubllo (ll1l'IILlon.1 II1I01llC d" Lhek qu e .lntc(l'dl'lI o ,llu,1I mup.lIlll' do l,lIg0) l' ,ia,lI1o ld.1 II\lUllle dI: um hlll11CIl1.llIlIlllI (I elide IClelltl'l1lCnte r C L l I ~ , l r , 1 ,I filh.l. p.lrJ d.1 1.1t I 1 1 l , l ~ J l 1 l e l l t o a um outro)" O adivinho he,itJ; .lrllcul,l: ,. ' . ", l' p,lr,l, 01h,1I1-doI! 31llel1k para o lhao, como bu l a ~ s e algut'IllIllJis, enqu.lIlto IUd,) e ~

    I ' I, m/ fI/h

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    pc JIll por um,l 1I!)\,,1 ,1Lll';a\,lO_ ()utro ,ldinnho ,ldi,lIlt,1 L dll, COI11egur.lIl ,I: "I ' bcltranll, de t,1I1l1ll'm () ( ' ~ t , l preJudlC,lIldo, h,l t r ~ dele,. l\1en

    UOIIJ ,]\ d U J ~ pe"oJ ' i,1 ,kll',ld,l\ e e,ta que ,Iere'lelltou a li,ta ()utro ,Idl,'inho o IIlterrompe. ", "10", dll, '\'Ies ,ao quatro, ful,lIlo t,lmbeIll o estembru:\ando" (menciona o nome de um de seus lIlimigo, pe"oals, que querdepreciar juntt' ,10 lhefe l'm henefkill prpno. Os o u t r o ~ ,Idi\ inhos comprLendefl1 \ualllteno, m , l ~ 0\ adl\'inhos jamais se contr,ldllel11 em uma sesSll pblIca, apresentando lima falhada unicJ dl,lnte dos no-lJ1lC1ados.)O chefe, por seu lado,esluta n que lhe ri dito mas no f.lla um a pala\Ta. MaIS tarde ele ir apresentar esses quatro nomes dIante do orculo de veneno e descobnr a \-erdade. Fie pensa - di,sc-me um zande - que osadi\-inhos de\em, afinal, estar com a ra7o, pois so hru:\os tambm e conhe(e m m de SUJ laia.

    Aps terem .,ido feItos os pronunciamentos oraculares em benefcio dapnncipal pessoJ presente, J dJn\-a n:tomada, contlJ1uando por horJs a fio.Cm \'elho chama um dos ad"'lnhos e lhe da algumas espigas de milho. Elequer sabL'r se sua safia de dL'u,ina v,li .,er boa l'ste ano. O adivinho corre at opote ( o ~ l drogds, paI a olh,lr. Obse[\'.l.tlthde, t>.l,lldade. t-.-laldade. As oulJas dlJ.IS espos.ls t0m Limes dela. ,".laldade. Maldade \OL me ouve? \'OLt- deve gu,ml.lr se wntrdt l a ~ , LI,ls de\em soprar g ~ . 1 sohre sua eleusina. VOlC ouviu? ()l1e ela., ~ ( ) p r e l 1 J ,lgUJ, para (sfnar a bruxarl,l. \ oc. me OU \ iu? U CIume e llllhl coi.,,1 fuillJ. t) lium"L W I ~ . l ruim, fome. ~ u a eleu!>ina 'a i fracassar. VOLe Sl'I,1 ,lss,tlt,ldo pelafilme \ o(e t ' ~ t j OUVJJldo o qu e digo - tome?"

    f'mbllla tel1h,1 r e u l J 1 ~ t r u d o l ' ~ S . l ~ e s s a o a partir de not qUt' lo 1 flI.,I\t lr a Ull1d delas, 11.10 proLurei tI , 1 1 1 ~ u t ' \ ' c r t o d ~ as pergunta feltol r (da , dur,l11te uma !.lrdc. 11,1, ,JO IlUIJ1L'rOS

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    ~ U , I S dn:l r,lt'" Pl1l' \ 'OU r ~ k n r - l 1 l e a 1 "0 qu,mdo analis.n todo n lOl11ple:\l)dt: t r c n " I ~ rel,ldon,Hla, ulIll ,U,IS ,1IIvid,lde . , adivinho, utili;,\m du,\ . fil!Illas de enUl1U,l\,jL, Jmb,I, diferentes d,b formas ulIldian,l" A pnmelra e ,\cnun .. ia\,!o truculent.\. Ele .. sublugam suas audiellLia" tomando liberdadesqUt' em contc:\to ordin,nin pro\'t)L.lriam reao. Afirmalll-Sc de um modopresuncoso e e:\.lgerado, IIItlmld,lIldo os tamborileiros, o coro de meninos eos cspedadores, orden,lIldo-lhes que p,lrem de falar, que se sentem, que prestem a t ~ n o e assim ro r diante. Ningum se ofende com t,lis ,ltos, que em outras o ..asies ,eflam comideradm de uma rudeza imperdo\'el. A mesmaauto..:onfiana espalhafa tosa envoh'(' os pronunciamentos or,lculares, que soacompanhadm de t o d o ~ os tipos de gestos dramticos e poses e:\travagantes,marcados pelo abandono da fala ordinria em famr de um tom fanfarro de.llguelll imbudo de poderes mgicos e de cujas pala \Tas no se deve duvidar.1les impem suas re\'claes sobre os ouvintes com muita veemncia e redundncla.

    Quando abandonam o tom arrogante, adotam atitudes ainda mais anormais. Depoi\ de uma dan.l Impir.lda, re\ elam ,egredos e profcLias na voz deum ml?dium qUl enxerga e oll\e algo que vem do Alm. Transmitem taismensagem psquicas por melO de sentenas dt:sconexas - em geral, seqnClas de palavra, no-articul.lda\ gramaticalmllltc - pronunciadas com um a\0 1 sonhadora e longnqua. ralam (f)m dificuldade, como homens em transeou adormecidos. '{ udo is,o, como veremos, apenas em parte um a repre~ e n t a o , pois se deve tambm a exau,to fSica e a f que d e p o ~ i t a m em suasdrogas.

    De que forma s a maneira de comumcaao afeta o contedo das mensagens? Suas rnela\-es c profecias baseiam-se nu m conhecimento dos escndalos l!lL,\i\. DevcllHh lembrar que, na Lrena zande, a posse de bruxaria d a umhO/1lem () poder de ferir ~ e u \ ' l " m e l h a n t e ~ , mas nao o motIvo do crime. J vimos como o impulso por tra\ de lodos os atm de bru:\aria deve ser buscadonas e m o ~ e s e \l'ntilllentm COIJlUIlS ans homens - lllJldade, inveja, cime,calm,l, traiao, rancor dc . Ora, o escndalo, n e ~ s a sociedade, como umapropriedaJl' \.olJlul1,\I, e os adl\ inlws, rCl rutados nas vi/inhan,ls, sl.'mpre esto bem ln! rmados subre .15 inillli;ades e nxas IOL,lIS Um adivll1ho cm visitaa um,1 provnCia di tank se acoll$elhar sobre esses assuntO'> com m profis~ I O n J I S I(}cais, antes c durante a SCSS.lO. Assilll, quandu um homem o Lonsultarsohre ,dgulll.l dOl'na ou in!ortllnio qll o .tlmglu, !o[J)t'lcr o nomc de aIf:Ulll que deseja mal ao cOJlsulente, real ou imaglllalldfllellte. UIll .ldivlIlhot ln s u c e ~ ~ { ) porque diz o que !>eu ou\'illte quel ouvir e porque' ,\ge (11m tato

    bs o e !cil para o adivinho, pOIS ha i n n H : r a ~ il\lI1l;ades p d d m l l l / J d J ~ /l,1(ultura /.lnde: entre vizinhos, porque mantem mUHo lontdto l: p(Jlt.lnto km

    111.11' oportunidades dl" brig.ll que . \ ~ peSSOJS apartadJ5 entre .; tntre (')po "pOft] ue, 11m Al

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    pn 'I, n ll d.! .lIT.llk t,h. (eu me'II111) qUt' tinh.11ll de'Ulhcrtn qlle' Il.IO l'\,II11n m L mulht' r" nt'lllll'> I,n el1' ll\ tldp.ldo" \11.1' qul' in.l1ll dt',u)hl i-lo, .1llIe,li Pl'l-d,)-,ol.l ,m(,Il.II11 111\\ .1I11ente, e p,)r fim dl.,sef.lm qul' lI, rL"pll\1'..lveISt'ram e r!t) hllll1en, l.l,ad,l" 111.11' t.lrdt, ~ l f i r m a r , l m que ,I mc'm.l bru'\,ll i,1qu ~ , t r o g . l f . l . 1 l.l'ano alw 1'.I"ado ,linda ronda\ ,10 ICITl'nO, de {"(lima que oshOIl1{, "L,I ado, quI;' \"it'r.11ll para n d l ~ t r i t o d e p c I ~ d i ~ \ ( ) podt'ri.lIl' ser exclllldo . De!,lll, Ut nui, d.llka" p,lr,lram o . t a m b o r c ~ ,1I111nCi,lr,lm que tinhamd< -oh rw ,r o hmen , - nj o deram o: nomes - r e ~ p o n s , l \ c i , pel.l" mas C,I-ada,. D.lnC.lram de nO\ o e anunLiaram ,1 ,lUdincia ,I de,coberta de um qu,lr

    to eulpado tendo certa.1 de quI;' no ha\"ia ()utros alem d e s s e ~ qU,ltro. Ja denOltc di\'ulgaram a atlrnu\-jo de que o motivo que fez com que c .ses quatrohOl11en, u. as\em bruxaria para e. tragar as caadas era que, no ,1110 anterior,de nao ha\iam Sido comidado . a tomar parte nessa ati\idade. Fora isso quclhe causara 1I1\"cja. Embora a pergunta tiwsse ..Ido feita pela manh, s dcpois do por-do-sol os nomc . dos responsa\'eis foram ~ u ~ s u r r a d o ~ ao cliente (oproces'o normal na corte).

    IUita, \'ezes os ati1\ 1I1ho . e\'J(am ,1Ie me,mo ..w>surrar o., nomes, e transmitem a. intormaes por msinuJ\,lo - por sanztl, como dizem os Azande.Para num, era multo difCI! ~ e g l l 1 r e .sa comunicao do significado por meiode pi tas e aluses, 13 que eu era at certo ponto um estranho a "ida ntima da( o . ~ u l 1 l d J d e . I\leu ,onheomento do . usos lingusticos ordinrios s me permItia entender parLla/menll: es .e lipo de discurso. Mesmo os oU\'intes natl\'OS \'eze no captam o slgl1lficado integral das palavras de um adinho, que se realmente a ( e ~ " I \ d ao homem que o consultou sobre m prprios problemas. P la\ rJS que para II etnologo no tm ,entidLI, e para Os demais assistente o tem apena, em partc, s;io faLilmente interpretadas pelo consulente, ounkO que pOSSUI \"iso completa da s!\ua,'io. A s ~ i m , por exemplo, um homem pergunta ao ad " inho quem e ~ t Colmando a praga de seus al11endo\l1s, ee mformadll de que nao ninguemL'stranho ao ~ e u grupo d O l 1 1 ~ t i L u , nem ae po a pnncipal, mas uma das outra e"posas, que quer m.l1 a e ~ p o s a principaiO 3d" mho pode nau dar ~ l I a opllllao ..ubrc qual des,as o l l t r a ~ C\PllS.1S arc pon .hel, mas o maridu naturalmente ter suas plOpnas idel,!' ..obre o as.unto. c o n h e c e n d ~ bem os S C n l 1 l 1 1 e n t o ~ de ada membro de seu grupo dom e s t l ~ o , a hlstna complel.t tI,h r e l a ~ o e s ali estabelecida, l' os l'velllmn t.nles que perturbam a Lalma de sua Vida dom':st!eJ. Qll,lI1do e illfOlmadode que IIJO e um estranho quc lhe l";t. preludicando, 1 l l . 1 ~ ~ I m lIm,1 de '1I .1\rrul'1erL. /ogc, desconfia de quem Irata, podendo eU!.lc) \critllar su, , , SlISP 11 por mclO de uma consulta ao orculo de \'eneno. Ia JS pe , oas estranha .o CJSu, t'm o mesmo conhe imellto d e ~ ~ a s condl\oes, filam no esc LHO. ht.1

    i l l l ~ l r , , , , . ( ) L' impk\, 1 1 1 . 1 ~ ~ u f I L l e n t . lal fr li J 111\ I l 5 i l 1 u . " o l ' s J ( ) . l d l \ i l 1 h ( ) e . I S l l 1 t e r p r c t J ~ o .. dodJ nt rru ( ,

    J \ ~ , I I l l , \'emo, como () loO\ultnte LolJbora (.om o adi 1/d.1 (omull .. ele alL' certo ponlil scltX.lon os nomc.-s d.Iadivinho \"11 d,In\;!r; no tin,tI, LllIllribUl parLlalmen c(.omdo , p r ( l n u n ( i . l m e n t o ~ do segundo, a partir de ~ u a ' ) propn~ o c i a i ~ e conhecimento. l l e ~ c o n f i o tamhem que, or:>1: .... \0 , ,inl,II11-'l' \eguHh. pn\legllh) , 01110 l t.lO 1 -1.1 I r ; ~ . .1

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    '1 l1 I ~ u I ' l l l ~ l l I . l \ l d l l h,1I .\ l ll SlI.1 gll.lr.!,l no (Iltidianll \.orrt'l1l alto riSCOd (lll 111111 UlIl bl u II \lIlg,ltl\\I, ('tll O\ltro I.\tlo, s su surraram On n dllllll l l\lIlHI\ldo do dll'ntl',.I ,OiS,I ( n 1 . l i ~ s{'gura. pOIS o con ulcmI 11,1) I .1" 1 I 1 ~ 1 l 1 1 IIlIl dlat,lJll IIt ,slIhmetendo-o antes ao or ulo de v c n c ~ -11 ) I .U.\ on bor,1 ,1o. lorlll,1 liUl' {' por meio do veredicto do or ulo. en, I do Id" II\hll. qu II [\{IIlII ' ,< ' torn,lpllhli\.o, Mesmo quando o nome de aigll m l\ I III. illl1.ld" l'1Il pllhlilll por 11m adivinho. dificilmente este afirmat I I. r I, um bru n. I It di , . I p l n a ~ que o homem desc;a mal a outrem, out.ll,\ 1ll.l1 I tlgUll\1. Iodo\ \,1\11.'111 qm' de est acusando o homem de bruxana,m I propnn 11.10 e\elllO lembr,u, llelH d[ l.l, qu a .lud1Cl1-1islmdo a uma perfnrnl.lnLe IHU K.lI, I l las d um m ~ r u L l e i ~ ; ~ ' - '

    gia. Tr,tl.l- e de algo mai . 'lu umJ dolO a - tr tdiTela, t:m parte imboh(J, \.ontr.l pod t~ e . s .lo (UIHO demonstra.,ao .lnllbru ui a r lllllJ't!m-hdu ..u.AoJdan\.1 i: levada em unIa. Um ob rvador q t r ~ n s . c n : : W " i > . ' < . I n ~ 1 I i las fei1.1 ao ad 1\ inho ua r llh ru n e : g l l ! ~ ' ' ' ' -..1Ihl1 loL)dl(tu 1Q(-..M1Iaomo de produo da r pustdisse. o adi iMo peq.-'.

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    \ n ! t : ~ i 1 II.: ill de um,1 , e ~ ~ , \ l ) , p , l r t i c i p , \ I 1 l L ' ~ ingerem ,dgul11,IS d , l ~ droqu e I h c ~ ti,io n poder de ' er () il1\'isn:l, permitindo que reSlst.llll ,\ o Call5,l

    'I l . Igun, adi"i h o ~ d i s ~ e r a m - l 1 1 e que no senam caj1.l1es de ,lguent ,lI tanto~ ' ~ r o r c o \t nao t l \ ' e s ~ e m antes Jl)gerido as drogas, que lhes confe rem o poderde resl,tir a brux.lria. b te poder \'.11 para o eSlomdgo jun to CO I11 , IS dro gas; ,lgltado pela dana, que o trammite ao corpo todo, ati\a ndo ass im o dom d,1protecJ.L 'esse estado ati\'o, as drogas re\'elam quem SJO os b ruxos e chegal11ate a faze-los ver as emanaes espiri tuais d,l bnLxana flu tu,1I1do no ar , comoluzinhas. Contra tais poderes malignos, os adivinhos em preend em uma lul aternvel. Correm de um lado para outro, estacando br uscamente espreita dealgum som, de alguma luz; de repente um deles \ ' bnLxar ia numa roa prxi ma - embora ela seja invisi\'el ao no-iniciado - e corr e at l com gestos aomesmo tempo de resoluo e repugnncia. Retorna rapid amente para pegaralguma droga guardada em seu chifre, aplicando-a so bre a planta ou rvoreem que ,'iu pousar a bruxaria. Essas corridas ao mato so muito freqentesquando os adivinhos buscam amiosamente a br uxaria ao longo de picadas no(apin?al ou no alto de uma termiteira,

    Cada movimento da dana tem tanto significado quanto a fala, Todos es~ e ~ s a l t o ~ e p i r u e t a ~ en\'ohem um mundo de insinu aes. Se um adivinhodana el11 frente a um espectador, ou olha fixa mente para um outro, logo aspessoa ~ i t : m a m que ele adiOu um bruxo, ou o indivdu o foca liLad o sente -semal. Os espet.tadores nunca podem ta r certos do significado do comportamento do adivinho, mas podem interpret-lo a partir de wa s aes e dedu ziro que ele sente e v. Cada movimento, gesto, o u esgar exp rime a luta qu e es tsendo travada contra a bruxaria, e preciso que o significado de um a dan a~ e j a explicado pelos adivin hos e pelos leigos pa ra que se possa apreci-Ia e mtodo o seu rico ~ i m b o l i s m o .

    ( P l l l l '

    o treinamento de um noviona arte da adivinhao

    I

    Pelo que pude observa r, comum que um jovem manifeste o de ejo de e tor'nar adivinho para um membro mais velho da corporao em seu dlStntO. esolicite que este seja seu pat rono. As 'im, ao falar do modo pelo qual os 1100ios so instrudos, tenho em mente a transmisso normal de magta de umadivinho para seu jovem aprendiz. Cheguei a "er, contudo, r a p a z e ~ de menode 16 ano s, e at mes mo cr ianas de quatro ou cinco ano,. receberem drogaspara ingerir. Em tais ca os, trata-se em geral de um pai ou tio materno que deseja ve r seu filho ou sobrinho seguir a profisso, e que comea a treina-lo de:de a infncia, alm de buscar fortalecer seu esplrito com as droga. Vi FaTotopequenos danarem a dana dos adi\'inhos e ingerirem suas drogas, copi andos movimentos dos mais \'elhos nas sesses e nas refeies mgicas coleti .1.> .Os adivinhos encorajavam-nos de modo jovial, e os garotos trata, -am aquilotudo como se fosse uma brincadeira. Esses garotos vo- e ac ~ t u m a n d o b ra-dativa mente a representar, e quando chegam aos 15 anos s e u ~ p a i ~ o!> lC'\"Jll1quando vo visitar alguma casa para danar, permitindo que parti -irem dacerimnia, embora nuo possam us,lr os paramentos do OfidO De:ta fonna,oconhecimento das droga, e do ritual e trammitido pouco a P ~ ) u C O , ao I 11"dos anos, de pai para filho,

    Quando um r,lpJI se inscreve como aprendiz dL um adl\'inho, a tran,miss,\o muito mais ulrta, fic.lI1do JlI1d,1 ao ~ , l b n r d o ~ pa",amento. feitL e Jformao de a t i t u d e ~ pessoal" que devem ,e r c n n s t n l l d J ~ for.1 d.l mt11J dglLlpo domstico, O joveme IIlterrogado por ,eu futUfn prllic r, 'lu> P1',1 ~ , I b e r se ele e,t,l (crto de que de,ep ser iniciado, e'\lHt.lIldo t) J " n I erJros pellgos que , 1 I 1 1 e . l ~ , 1 I 1 1 SU,I "lI,1 e tUllih,1 tent,lr ,ldquirir J m. J k'\ iallJmente. ~ e r . tambm ,Hh er lldl) de que ,\ m.lf,l,ll' .1Is" 1m ~ . l f ) t: li, Upi nfcssor eJ>dg lra presen tes comt,lIllc, e sUb,t,llIl j.l. , "L 1 npJl in. 1,1 m , ille'l'jO de torn,ll 'c Ulll plllfi"wn II (l!WJ.ILIll111a, \L n ntu,mLh,ill.1I ,I ar te. Se us parL'ntes n,ll) flr,ll) nble\,\() - ,e () l[ ul, !e ...n n n.1 1prc' ir ~ l l l l nel:l\t ,ls p.\I ,I ,) 1,1\ CIllIlll p.H,\ k,

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    L'O] nO\l o l.onllc,,1 mgerl! .IS d r o g a ~ junlo COI11 oulrm .Idi\'inhm par.!f rlaleu'r a alm ganh.u o poder de I'roft:l17,lr I l l i l l , I 1I,llllf(l()r.lI,ao pOIum pultamenlo puhhlO; r e l ~ b e IlIlJ(O de hrux,ITI.1 par,1 ellgolir; (' Il'I',ldo ,Ina ente de um no e tn\tTlldo nas \ ' , n a ~ e r \ ' . ! ~ e arhU"los dl' qUl' ~ , \ ( ) (l'I 1,1\drogas las nao ha lIl11J ~ e q u c n C J . 1 fix,1 para l ' s ~ c \ r J l ( ) ~ .

    2tUJlas \en's , I S ~ I S I I a ItUIliJO de trs ou 'lu,lIra do lO/I IlIl'nll1 ,,10 agor,1 .lu'JJljl,l/Ih. das por eIlWlltJ II.! .,Cglllld'l v , l ~ i J h a , dmgt '>e ,10 me 1110', UI I pOlllJl'llh () propn tari" ('U' p a r ( ' n l ( ' ~ IllOrr,1. Seus (lMenlC'i \,lO aOlmJ, [ ~ o h r l ' SI 111(,,111

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    11 h .., ' \C , unme,uc.l' "jn perdlze" 'ie .llguem , 'ler krll-me ':0 111 bru"

    t.1ng'" e no o e ~ t e , no reino de I l'mbur , Qu e me u nome ,t J .! oU\ldo no rell10de Renzi ao >ul, t no dl,l.!nte norte, entre os r a n g em \,'.!u , IDer>;J acolher bater no lado do role \oltado rara a d 1 f t ~ O me ncionadJ - leste , oeste,,uI c norte.)Cada a di\ IOho qUL' d e ~ e j a mexo:r t' exortar a, d rogas n o fogo pode f.lz-Io

    enquanto o proprietrio poe sal na nmtura, [)epoi,s de algum tempo, o leoferw c ,nbe ato: a borda do pOl

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    gUlIn lcn lo pd.1 LO l . l ~ . qUL'" a ,.tlt.lllh' 11l0Ir.!.. qucll quc daram.1I () ,.mguc deslL' homl'111 1ll0l ra 1\l1L'llt.llaI11Ll1 lc. ~ L ' UIll

    hnl o \Il'l fen lo a 1l00h.\ 1Ill"11I0 q l l ~ 'L' .ll'rtl'\ime pel." ( o , l ~ " 1 '0" .1 l',lc' homc m \c I .; 11.10 pcrml1a qu e () bnl\o oLlllte J I,KCI o.:los h ~ h e m t " l I l l h e m d e ~ s e fluido ncgro, c "e sobra ainda a lgulll, de .pc

    ,am-no nos chilres. onde guard.ull um estoque permancnte de drogas.j)epms que um adivinho mal., ,'dho tratou de ,eu . colegas d c ~ s a m,lOelra. f.u \ er a estes a necessidade de lhe fJ/erem pagamcntm f r e q u e n t e ~ , .Idvertll1do-os para no brincarcm COIll a Illagia que trazcm dentro de si. ou ela n.1oficar firme dentro do corpo. pcrdcndo I>C