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APOSTILA TEORIA MACROECONÔMICA II ECO1217 Professor: Márcio Garcia 1º Semestre de 2012

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APOSTILA

TEORIA MACROECONÔMICA II

ECO1217

Professor: Márcio Garcia

1º Semestre de 2012

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Apresentação do curso

Conteúdo – complemento de Macro I, com ênfase em política macroeconômica em duas etapas: economia fechada e economia aberta;

Livros – espera-se que, ao fim da sequência Macro I e II, o conteúdo de dois livros-texto (Dornbusch & Fischer e o Blanchard) esteja totalmente coberto.

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Regras

Monitorias – complemento natural das aulas, conteúdo obrigatório; listas de exercícios

Material didático – aulas preparadas em ppt e listas de exercícios

Sistema de Aprovação – critério 4 de avaliação de disciplinas Provas nos dias: 12/abril, 17/maio, 21/junho e

28/junho.

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Referência básica – O.Blanchard, capítulo 6

A questão chave da macroeconomia é:

O que determina o nível do produto agregado e

outras variáveis-chave, como inflação e desemprego?

1) Demanda Agregada

2) Produto Potencial

3) Determinantes de longo prazo da oferta agregada

Qual das três é a resposta correta?

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Todas as três respostas estão corretas: cada uma para

um horizonte distinto.

No curto prazo, a demanda agregada determina os

movimentos do produto agregado.

No médio prazo, a oferta agregada predomina. O

produto tende a oscilar em torno do produto potencial.

No longo prazo, predomina o produto potencial cujos

determinantes são o estoque de capital, a tecnologia e a

força de trabalho.

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Nesta unidade, complementaremos o curso de Macro I, no

qual a ênfase era no curto prazo, (IS-LM, Oferta Agregada

e Demanda Agregada) com o estudo dos determinantes do

produto no médio prazo.

Estes capítulos do Blanchard serão a referência:

Cap. 6: Mercado de Trabalho

Cap. 7: Modelo OA-DA - equilíbrio no mercado de

bens, no mercado financeiro e no mercado de

trabalho

Caps. 8 e 9: usam tal modelo para explicar diversas

questões de política macroeconômica, como a relação

entre o produto e inflação e o papel das políticas fiscais e

monetárias no curto e no médio prazo.

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Capítulo 6

- Equilíbrio no mercado de trabalho

- Taxa natural de desemprego

- Produto potencial

Quando usamos o modelo IS-LM para determinar o

nível de produto, estamos pressupondo,

implicitamente, que as firmas podem produzir o que

for demandado sem alterar o nível de preços.

No curto prazo isto é aceitável. No médio prazo,

contudo, uma sequência de eventos altera o nível dos

preços (inflação), o que afeta o produto agregado.

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A sequência pode ser a seguinte:

- maior demanda requer aumento da produção, a qual

requer um aumento no emprego;

- menor desemprego pressiona os salários para cima;

- maiores salários representam maiores custos de

produção, fazendo com que as firmas, ao tentarem

repassá-los, aumentem os preços dos produtos;

-preços maiores levam os trabalhadores a demandarem

maiores salários e assim por diante.

Vemos neste exemplo que, nesta ótica, o mercado de

trabalho representa um papel central no processo. 8

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9

Demanda Produção Emprego Desemprego

Salários ...

9

Salários Preços ...

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Conceitos básicos do mercado de trabalho:

PIA população em idade ativa (exclui as crianças e os

idosos; razão de dependência).

IBGE (jan/2012) = 42,08 milhões (6 maiores regiões

metropolitanas)

PEA (Labor Force) parte da PIA que está empregada ou à

procura de emprego;

PNAD (2009) = 95,4 milhões (Todo o Brasil)

PME (jan/2012) = 23,83 milhões (6 maiores regiões

metropolitanas)

Taxa de participação (das RMs) PEA 56,63% (jan/2012)

PIA Taxa de desemprego no. de desempregados

PEA 10

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Dependency Ratio

Definition A measure of the portion of a population which is composed of dependents (people who are too young or too old to work). The dependency ratio is equal to the number of individuals aged below 15 or above 64 divided by the number of individuals aged 15 to 64, expressed as a percentage. A rising dependency ratio is a concern in many countries that are facing an aging population, since it becomes difficult for pension and social security systems to provide for a significantly older, non-working population.

11

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Razão de Dependência - Brasil - 1950-2050

[UNPD 2008]

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2020 2030 2040 2050

por

100 a

dultos

Total Crianças Idosos

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Assim:

Taxa de desemprego = PEA - E = 1 - __E___

PEA PEA

- desligamentos - voluntários (quits)

- demissões (layoffs)

- duração do desemprego menor que 3 meses no

Brasil

-relação desemprego x nível de atividade 13

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Fonte : IBGE e BCB 14

-1,00%

0,00%

1,00%

2,00%

3,00%

4,00%

5,00%

6,00%

7,00%

8,00%

9,00%

3%

5%

7%

9%

11%

13%

Relação PIB Vs Desemprego

Desemprego PIB (YoY %a.a.)

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Fonte: IBGE e BCB

5%

6%

7%

8%

9%

10%

11%

12%

13%

-6,0%

-3,5%

-1,0%

1,5%

4,0%

6,5%

9,0%

11,5%

14,0%

De

sem

pre

go (m

éd

ia d

os

últ

imo

s 1

2 m

ese

s)

IBC

-BR

(tax

a ac

um

ula

da

em

12

me

ses)

IBC-Br Vs Desemprego

IBC-BR Desemprego

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OCUPADOS

52.590.955

DESEMPREGADOS

1.345.105

FORA DA PEA

36.338.160

2.955.292

2.944.089

1.043.963

1.014.663

994.755

885.254

MERCADO DE TRABALHO - BRASIL Fluxos médios mensais, 1982-96

Fonte: Neri M. et alli, “ Aspectos Dinâmicos do Desemprego e da Posição na Ocupação”,

Estudos Econômicos, vol.27, nº especial, pp. 137-159, 1997. 16

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Fonte : IBGE 17

16,5

17,5

18,5

19,5

20,5

21,5

22,5

23,5

24,5

mil

es

de

pe

sso

as

PEA e pessoas ocupadas

Pessoas Ocupadas PEA

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DETERMINAÇÃO DOS SALÁRIOS:

2 elementos comuns que permitem a criação de

uma teoria geral de determinação dos salários

1. Os trabalhadores recebem acima de seu salário de reserva. A maior parte dos trabalhadores recebe um salário ao qual eles preferem estar empregados a estarem desempregados.

2. Os salários dependem do estado do mercado de trabalho. Quanto menor a taxa de desemprego, maior o salário que o trabalhador pode obter, menor o risco que corre de ficar desempregado e maior a dificuldade de reposição do trabalhador.

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Como explicar tais fatos?

Com sindicatos fortes, é compreensível, que os processos de negociação coletiva possam explorar os efeitos da união dos trabalhadores para aumentar o poder de barganha.

Mas mesmo sendo a negociação coletiva uma exceção e não a regra, os trabalhadores sempre têm algum poder de barganha.

É do interesse das firmas pagarem mais do que o mínimo aceitável. Por quê? Vamos explorar essas duas explicações, uma de cada vez.

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Poder de Barganha O poder de barganha do trabalhador depende de dois

fatores: Quão difícil (custoso) é para a firma repor alguém em seu

lugar; e

Quão difícil (custoso) é para o trabalhador achar um novo emprego. Quão mais custoso for para firma substituir o trabalhador e quão mais fácil for para o trabalhador encontrar um novo emprego, mais poder de barganha terá o trabalhador.

O custo de substituir o trabalhador depende da natureza do trabalho (trabalhadores do McDonald’s x bons economistas da PUC);

O poder de barganha do trabalhador depende das condições do mercado de trabalho. Quando este está mais aquecido, mais difícil é para a empresa substituir o trabalhador e mais fácil é para o trabalhador encontrar outro emprego. Consequentemente, maior será seu poder de barganha.

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SALÁRIO EFICIÊNCIA

Turnover é alto caso se pague apenas o salário de

reserva; pagar mais pode incentivar os bons

trabalhadores a ficarem e isso pode baixar a rotatividade

da mão-de-obra e aumentar a produtividade via redução

do “shirking” e melhora da satisfação do trabalhador.

Ex: Henry Ford mais do que dobrou os salários,

conseguindo reduzir a taxa de rotatividade de 370% para

16% a.a. e a taxa de demissões de 62% para zero em

dois anos. A produtividade aumentou de 30 a 50% no ano

do aumento e os lucros aumentaram.

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SALÁRIO EFICIÊNCIA

A teoria de salário eficiência, tal como a de poder de

barganha, ligam o salário à natureza do emprego e

às condições do mercado de trabalho.

1.O trabalhador qualificado tem mais poder de

barganha.

2. Menor desemprego afeta positivamente o

salário.

Vamos formalizar estas idéias.

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Equação de determinação dos salários:

W = Pe

.F(u,z) (6.1)

W = salário nominal,

Pe

=nível esperado de preços, u = taxa de desemprego,

z = outros fatores (qualificação, seguro

desemprego,salário mínimo etc.)

dW/du <0 , dW/dz >0

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DETERMINAÇÃO DE PREÇOS:

Para determinar os preços dados os salários, temos que olhar para

a função de produção: Y = A.N

- trabalho é o único fator de produção;

- a produtividade do trabalho é constante igual a A;

Simplificando ainda mais: A = 1.

Y = N (6.2)

(6.2) implica que o custo de produzir uma unidade adicional de

produto é o custo do salário, W . O custo marginal de produção é W.

Se considerarmos concorrência perfeita: P = CMg = W .

Mas geralmente os mercados não estão em concorrência perfeita,

assim: P = (1 + µ).W (6.3).

onde µ é o poder de mercado das empresas (mark-up). 24

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DETERMINAÇÃO DE SALÁRIOS

A relação de determinação de salários vem da eq.

(6.1), substituindo o nível esperado de preços pelo nível

realizado de preços:

W = P. F(u-,z+)

Dividindo ambos os lados pelo nível de preços,

W = F(u-,z+) (6.4)

P

Esta é a relação de determinação de salários (WS).

25

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DETERMINAÇÃO DE PREÇOS

Pela relação de determinação de preços:

P = (1 + µ ) (6.5)

W

Logo,

W = __1__ (6.6)

P (1 + µ)

A __1__

(1+µ)

WS

W/P

u

PS

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Dois tipos de fatores provocam a mudança de salários e

preços de equilíbrio no modelo

Fatores que deslocam o salário eficiência,

são os fatores que deslocam a variável z:

mudanças de regras que alterem o custo de busca por emprego – seguro desemprego, maior informação.

Fatores que deslocam o poder de mercado

das empresas, dado o nível de demanda: legislação de proteção ao consumidor, concorrência, controles de preços e outros fatores que desloquem a variável µ.

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RESULTADO MACROECONÔMICO: SALÁRIO REAL DE

EQUILÍBRIO, EMPREGO E DESEMPREGO

Equilíbrio no mercado de trabalho requer que o salário real implicado pela determinação de salários (WS) seja igual ao implicado pela determinação dos preços (PS).

F(un,z) = ___ 1___

(1 + µ)

A taxa un que resolve esta equação é a taxa de

desemprego de equilíbrio denominada taxa natural de desemprego.

A PS

U

W/P

WS

Un 28

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Considere dois exemplos de como a relação de determinação de salários (WS) e a relação de determinação de preços (PS) dependem tanto de z quanto de µ.

1. Aumento do seguro-desemprego (aumento em z, ou seja, nas variáveis que aumentam o poder de barganha ou baixam o custo do desemprego para o trabalhador)

Aumenta o salário para um mesmo nível de preços e desemprego.

A PS

WS

W/P

U

WS`

A`

Un Un’ 29

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2. Endurecimento da legislação anti-truste:

O poder de mercado diminui reduzindo o mark-up.

A

PS

WS

W/P

U

A`

PS`

Un Un’

_1_

1+μ

_1_

1+μ’

30

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DO DESEMPREGO PARA O PRODUTO

Associada à taxa natural de desemprego está a taxa natural de emprego, Nn:

u U = L – N = 1 – N L L L

Rearranjando os termos,

N = L(1 – u) Nn = L(1 – un)

E como trabalho é o único fator de produção no modelo, o nível natural de produto é:

Yn = Nn = L(1 – un)

Notem que tais taxas devem satisfazer a relação:

F( 1 – Yn, z) = ___ 1___ (6.8)

L (1 + µ)

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Comparação do modelo de fixação de salários e

preços com o modelo competitivo

A curva de determinação de salários parece com uma oferta de trabalho; à medida que aumenta o nível de emprego, o salário real pago aos trabalhadores também aumenta;

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Comparação do modelo de fixação de salários e

preços com o modelo competitivo (cont.)

Entretanto, o salário correspondente a um dado nível de emprego na curva de fixação de salários é o resultado de um processo de barganha entre trabalhadores e firmas, ou produto da fixação unilateral dos salários pelas firmas.

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Comparação do modelo de fixação de salários e

preços com o modelo competitivo (cont.)

Já a comparação entre a curva de determinação de preços com a demanda por trabalho é estranha.

A curva é horizontal, não respondendo ao aumento do salário real com a diminuição do emprego.

A razão é a hipótese simplificadora de retornos constantes na produção. Com rendimentos decrescentes, a curva de fixação de preços seria decrescente. À medida que o emprego cresce, o custo marginal de produzir também cresce, forçando as firmas a aumentarem seus preços dado o salário nominal. Em outras palavras, o salário real implicado pela fixação de preços seria decrescente com o aumento do emprego.

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Comparação do modelo de fixação de salários e

preços com o modelo competitivo (cont.)

A demanda por trabalho padrão gera o nível de emprego contratado pelas firmas para um dado salário real.

Essa relação é feita supondo que as firmas estão em mercados competitivos de bens e de trabalho, e, portanto, tomam o salário e o nível de preços como dados: F’(L)=W/P

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Comparação do modelo de fixação de salários e

preços com o modelo competitivo (cont.)

Já a curva de fixação de preços pressupõe que as firmas têm algum poder de mercado (concorrência monopolista ao invés de concorrência perfeita).

Fatores como o grau de competição no mercado de bens afeta a relação de fixação de preços através de sua influência sobre o mark-up.

Tais fatores inexistem na derivação da demanda de trabalho padrão.

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Comparação do modelo de fixação de salários e

preços com o modelo competitivo (cont.)

No arcabouço padrão de oferta e demanda por trabalho, os desempregados estão nessa situação porque querem. Ao salário real vigente, eles poderiam estar trabalhando se quisessem.

Já no arcabouço de fixação de salários-determinação de preços, o desemprego é provavelmente involuntário. Esta característica Keynesiana parece adequar-se melhor à realidade.

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Conclusão

Mostramos como o equilíbrio no mercado de trabalho determina a taxa de desemprego de equilíbrio que, por sua vez, determina o nivel de produto de equilíbrio.

Então, para que serviu o curso de Macro 1 e o estudo do modelo IS-LM, que mostrava que o produto era determinado por fatores como política monetária, política fiscal, etc?

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Conclusão (continuação)

A equação de equilíbrio no mercado de trabalho supõe que P=Pe.

Isso não necessariamente será verdade no curto prazo. Contudo, é improvável que as expectativas estejam sistematicamente ao longo do tempo. erradas no médio prazo.

Portanto, devemos esperar um retorno do produto para o seu nível natural

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A Curva de Beveridge Relação entre postos vagos de trabalho e a taxa de

desemprego da economia.

Uma melhora nas condições econômicas faz com que as firmas expandam investimentos e abram mais postos de trabalho. Como existem fricções no mercado de trabalho, a taxa de desemprego tenderá a cair ao longo do tempo.

Nas recessões, a curva de Beveridge tende a se deslocar paralelamente para baixo – menos vagas para o mesmo nível de desemprego que em seguida se traduzirá em um aumento do desemprego.

E o que pode estar acontecendo quando as vagas aumentam e o desemprego também?

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EUA: Curva de Beveridge

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 9,0 10,0 11,0

De dezembro de 2000 a julho de 2007

De agosto de 2007 a dezembro de 2010

Pós janeiro de 2009

Desemprego

vagas

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Objetivo: explorar os efeitos da correção

dos preços sobre o nível de atividade

Fatores a serem explorados: surpresas para cima do nível de

preços (P-Pe)>0 fazem com que

haja, a curto prazo, mais

emprego do que seria justificado pelo salário real resultante do estado da demanda por bens e

por mão de obra.

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MODELO OA – DA:

JUNTANDO TODOS OS MERCADOS

Diferença entre a determinação do produto e do emprego no curto prazo e no médio prazo resulta em possíveis inconsistências entre as variáveis.

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Para podermos examinar a causa dessas inconsistências e o que pode resultar das correções, vamos agregar todos os mercados através de duas relações:

1) Oferta Agregada (OA): equilíbrio no mercado de trabalho

2) Demanda Agregada (DA): equilíbrio nos mercados de bens e de moeda (financeiro).

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A OFERTA AGREGADA (OA)

A relação de oferta agregada captura o efeito do nível de produto sobre o nível de preços. O ponto de partida de sua derivação foi o equilíbrio no mercado de trabalho.

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Revendo a derivação da OA a partir da determinação de salários e preços,

W = Pe.F(u,z)

P = (1 + µ )W

Obtivemos

P = Pe.(1 + µ ).F(u,z) (7.1)

47

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O nível de preços é uma função do nível esperado de preços e da taxa de desemprego (nível de atividade), dados o mark-up e os fatores estruturais que reduzem o custo do desemprego para o trabalhador.

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A OFERTA AGREGADA (OA)

Para conveniência, vamos trocar a taxa de desemprego pelo nível

de produto, seguindo a relação:

u U = 1 – N = 1 – Y

L L L

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Assim, a relação de oferta

agregada expressa em termos de

produto é:

P = Pe.(1 + µ ).F(1 – Y/L , z) (7.2)

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A OFERTA AGREGADA (OA)

Observe-se na equação acima que:

1) Pe P na mesma proporção.

Como funciona? Se as firmas e trabalhadores (wage setters) esperam preços maiores, o resultado é aumento de salários nominais pretendidos. Este reajuste, por sua vez, leva a um aumento de preços:

Pe W P

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A OFERTA AGREGADA (OA)

2) Um aumento no produto requer um aumento no nível

de preços: Y P

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Como funciona?

Y N u W P

53

Y

P

Pe

Yn

OA

A

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CARACTERÍSTICAS DA OA

É monotonicamente crescente (para um dado preço esperado, um aumento de produto leva a um aumento do nível de preços), ou seja, P/ Y > 0.

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o Passa pelo ponto A, no qual Y = Yn e P = Pe. Portanto, se não

houver surpresa na realização dos preços esperados, P = Pe o

emprego é compatível com o produto ao seu nível natural Yn..

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Esta conclusão é consequência da definição de un taxa de desemprego que prevalece quando P = Pe e da definição de Yn como o produto correspondente a un.

56

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CARACTERÍSTICAS DA OA

Tais características implicam que:

1) Quando Y > Yn P > Pe : trata-se de um movimento ao longo da curva de oferta agregada OA, ou seja, reações da oferta a deslocamentos da demanda.

Y

P

Pe

P

Y Yn

OA

57

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58

2) Um aumento em Pe desloca a curva OA: Pe OA

OA

P

OA`

Pe`

Pe

Y Yn

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DEMANDA AGREGADA (DA)

A demanda agregada captura o efeito do nível de preços no

produto. É derivada, como foi visto em Macro I, a partir do

equilíbrio no mercado de bens e nos mercados financeiros:

59

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60

Mercado de Bens: IS Y = C(Y – T) + I(Y,i) + G

Mercado Financeiro: LM M/P = Y. L( i )

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Lembrar:

Movimentos ao longo da curva de demanda agregada

refletem, assim, os efeitos contracionistas de aumentos

do nível geral de preços.

61

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A queda da liquidez real, ou seja excesso de demanda por moeda

que contrai a LM, aumentando a taxa de juros requerida para

equilibrar, a cada nível de produto, o mercado financeiro.

62

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Fatores de deslocamento da

curva de

DEMANDA AGREGADA (DA)

Exemplo: aumento do índice de confiança do consumidor, ou do

investimento autônomo, resultam no deslocamento da

curva IS para direita

63

Page 64: Aula 2 - PUC Rio | Departamento de Economia Apostila... · mark-up. A PS WS W/P U A` PS` Un ...

Uma operação contracionista de open-market.

64

OUTRO EXEMPLO DE DESLOCAMENTO

DA DA

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65

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DEMANDA AGREGADA (DA)

A DA pode ser descrita algebricamente por:

Y = Y( M, G, T) P com

Y / (M/P) > 0,

Y / G > 0,

Y / T < 0.

66

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PRODUTO DE EQUILÍBRIO NO CURTO

PRAZO

Examinemos agora o efeito conjunto de oferta e demanda

agregada: A CURTO PRAZO, DADO Pe

OA : P = Pe.(1 + µ ).F(1 –Y/L, z)

DA : Y = Y(M/P, G, T)

67

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Produto e o Nível de Preços de equilíbrio (ponto A): mercados de

bens, financeiro e trabalho em equilíbrio.

68

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69

OA

DA

A

Yn

Pe

P

P

Y

B

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Modelo OA – DA

Dinâmica do Produto e do Preço

No curto prazo, o produto pode diferir do produto natural: Pe≠P. Nesse caso, o salário real que estava por trás dos contratos celebrados com salários nominais pode não se realizar.

70

Page 71: Aula 2 - PUC Rio | Departamento de Economia Apostila... · mark-up. A PS WS W/P U A` PS` Un ...

o Mas o que ocorre ao longo do tempo, do curto para o médio prazo?

o Vamos supor que o produto esteja maior que o seu nível natural e que as demais variáveis exógenas permaneçam constantes.

71

Page 72: Aula 2 - PUC Rio | Departamento de Economia Apostila... · mark-up. A PS WS W/P U A` PS` Un ...

o Para estudar a dinâmica de Y e P, precisamos analisar como as

expectativas se comportam. Pe pode variar ao longo do tempo. Se o nível

de preços do período anterior não correspondeu à expectativa, este erro deve ser levado em consideração ao

se formular as expectativas para o período corrente.

72

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Modelo OA – DA

Dinâmica do Produto e do Preço

Vamos pressupor que Pe = Pt-1.

Logo, teremos:

Oferta Agregada

Pt = Pt-1 (1 + µ) F(1 – Yt, z)

L

73

Page 74: Aula 2 - PUC Rio | Departamento de Economia Apostila... · mark-up. A PS WS W/P U A` PS` Un ...

o Demanda Agregada

Yt = Y(M, G, T)

Pt

74

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Modelo OA – DA

Dinâmica do Produto e do Preço

Supondo Y>Yn no período t. Sob nossa hipótese sobre os

preços, Pet=Pt-1.Então, no ponto

B, temos (Yn, Pt-1), e no ponto

A, (Yt, Pt).

75

Page 76: Aula 2 - PUC Rio | Departamento de Economia Apostila... · mark-up. A PS WS W/P U A` PS` Un ...

o No período t+1, a curva OA deve se deslocar para cima, pois

teremos o novo nível Pet+1= Pt. A

curva se desloca para cima e atingimos os pontos B´ (Yn, Pe

t+1

= Pt), e A (Yt+1, Pt+1).

76

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MODELO OA – DA

DINÂMICA DO PRODUTO E DO PREÇO

Observe que a demanda agregada não se desloca, apenas

há um deslocamento ao longo desta curva. Como Pt+1 é maior que

Pt e Yt+1 é menor que Yt, A´ está mais próximo do produto natural.

Page 78: Aula 2 - PUC Rio | Departamento de Economia Apostila... · mark-up. A PS WS W/P U A` PS` Un ...

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Page 79: Aula 2 - PUC Rio | Departamento de Economia Apostila... · mark-up. A PS WS W/P U A` PS` Un ...

Modelo OA – DA

Dinâmica do Produto e do Preço

Mas o que ocorre entre t e t+1?

Como em t o produto está acima do nível natural, o nível de preços está acima do esperado. No ano t+1, o preço esperado é maior, o que eleva o preço em t+1. Um preço maior reduz o estoque de moeda real o que aumenta o nível de juros e reduz a demanda por bens em t+1.

79

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80

o Em t+2, ainda temos Y>Yn, assim, Pe

t+2=Pt+1. A OA se desloca para cima novamente, repetindo o mesmo processo descrito anteriormente.

o Enquanto o produto corrente for maior que o natural, o nível de preços continua crescendo e o produto continua decrescendo até que Y alcance Yn, e não haja mais pressão sobre os preços.

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Modelo OA – DA Dinâmica do Produto e do Preço

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Modelo OA – DA

Dinâmica do Produto e do Preço Conclusão:

No curto prazo, o produto pode estar acima ou abaixo do produto natural, mas no médio prazo, o produto retorna para seu nível natural. O ajuste é feito via preços. Se o produto estiver acima do natural, os preços aumentam até que o produto alcance o nível natural. 82

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Características do ajuste via OA

Dado que a variável de ajuste que vai fazer o nível de emprego se ajustar é o nível de preços, a direção do ajuste será dada pelo que acontece com o salário real no processo.

83

Page 84: Aula 2 - PUC Rio | Departamento de Economia Apostila... · mark-up. A PS WS W/P U A` PS` Un ...

o Se o emprego em A for maior do que o natural, por exemplo, preços superiores fazem cair o salário real, e assim diminuem a oferta de emprego, deslocando a oferta global.

84

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Até aqui vimos o arcabouço OA-DA que nos

mostrou a dinâmica diferenciada da economia no

curto prazo e no médio prazo.

No curto prazo, o produto pode tanto estar acima quanto abaixo de seu nível natural. Mudanças em qualquer das variáveis que entram na relação de oferta ou na relação de demanda agregada levam a mudanças no produto e no nível de preços. 85

Page 86: Aula 2 - PUC Rio | Departamento de Economia Apostila... · mark-up. A PS WS W/P U A` PS` Un ...

o No médio prazo, entretanto, o produto tende a retornar para o seu nível natural. Quando o produto está acima de seu nível natural, o nível de preços aumenta. Preços maiores diminuem a demanda e o produto. Quando o produto se situa abaixo de seu nível natural, os preços caem, aumentando a demanda e o produto.

86

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Vamos agora usar o modelo para

investigar os efeitos dinâmicos de

mudanças causadas pelas políticas

macroeconômicas.

Veremos três políticas:

Operação de Mercado Aberto

oRedução no déficit fiscal

o Aumento no preço do petróleo

87

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EFEITOS DE UMA EXPANSÃO MONETÁRIA

Quais os efeitos no curto prazo e no médio prazo de um aumento no estoque nominal de moeda de M para M’?

O AJUSTE DINÂMICO Para um dado nível de preços Pt, o

aumento em M eleva M/ Pt, levando a um aumento no produto (Y). No curto prazo, a economia vai para o ponto A`, com

produto e nível de preços maiores. 88

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No médio prazo, temos o efeito do produto sobre o nível esperado de preços. Vendo que P

e, os

trabalhadores pedem W . Isto deflagra novos aumentos de P. Conquanto Y > Yn, este processo continua. O equilíbrio no médio prazo é em A’’, com Y = Yn e Pt+j > Pto.

Page 90: Aula 2 - PUC Rio | Departamento de Economia Apostila... · mark-up. A PS WS W/P U A` PS` Un ...

90

AS ’ ’

AS ’

AD ’ (M ’ > M)

AD

A

A ’ ’

A ’

P

Y

P to

Y n Y t

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EFEITOS DE UMA EXPANSÃO

MONETÁRIA

Vejamos o que está ocorrendo com o modelo IS-LM subjacente:

91

AS

AD’ (M’ > M)

AD

A

A’’

A’

P

Y

P to

Y n Y t

Y n Y t Y

LM

LM ’

LM ’ ’

A e A’’

A’

B

i

i t

i

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NEUTRALIDADE DA MOEDA

Em suma, vimos que:

No curto prazo, uma expansão monetária leva a um aumento no produto, e a um aumento no nível de preços. A repartição entre o efeito sobre preços e o efeito sobre o produto dependerá da inclinação da curva AS (OA). Quando se estudou inicialmente o IS-LM, presumiu-se que os preços fossem fixos, isto é, uma OA horizontal. Isto é uma simplificação, mas a evidência empírica indica que o efeito inicial de Y em P é pequeno.

92

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À medida que o tempo passa, os preços aumentam e os efeitos da expansão monetária sobre o produto e a taxa de juros desaparecem. No médio prazo, o efeito da expansão monetária se reflete só em aumento dos preços. Não há qualquer efeito sobre o produto ou sobre a taxa de juros.

93

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A ausência de efeitos de médio prazo sobre o produto ou juros de uma variação de M é conhecida como a Neutralidade da moeda no médio prazo. Portanto, para fins de política econômica, pode-se usar a política monetária no curto prazo para, por exemplo, incentivar a economia. Não obstante, é inócuo tentar manter a economia permanentemente super aquecida (Y > Yn) via aumentos em M.

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QUÃO DURADOUROS SÃO OS

EFEITOS DE M?

Uma forma de responder esta pergunta é recorrer a grandes modelos macroeconométricos que são usados para gerar previsões e estudar efeitos de políticas alternativas.

95

Page 96: Aula 2 - PUC Rio | Departamento de Economia Apostila... · mark-up. A PS WS W/P U A` PS` Un ...

96

o A figura a seguir mostra o efeito de um aumento em 3% da oferta monetária ao longo do tempo, no modelo construído por John Taylor – Stanford University. O aumento da moeda ocorre durante 4 trimestres (0.1%, 0.6%, 1.2% e 1.1%, respectivamente).

Page 97: Aula 2 - PUC Rio | Departamento de Economia Apostila... · mark-up. A PS WS W/P U A` PS` Un ...

97

o O produto cresce e atinge um pico após os 4 períodos. O preço vai aumentando ao longo dos anos. Após 4 anos, o preço aumentou 2.5% enquanto o produto retornou ao nível natural.

Page 98: Aula 2 - PUC Rio | Departamento de Economia Apostila... · mark-up. A PS WS W/P U A` PS` Un ...

Expansão Monetária no Modelo Taylor

98

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QUÃO DURADOUROS SÃO OS EFEITOS DE M?

Esses modelos macroeconométricos requerem decisões sobre diversas variáveis e inclusões de equações.

Um método mais simples seria olhar para a resposta do produto em relação a mudanças na moeda, utilizando econometria (regressões).

Problema: A moeda pode estar afetando o produto ou o produto pode estar afetando a política monetária.

Em seu trabalho, Mishkin separa os movimentos na oferta monetária entre antecipados e não antecipados e observa a resposta do produto em relação aos dois tipos de movimentos.

Apesar dos resultados serem diferentes , apresentam as mesmas propriedades. Ambos os exercícios confirmam que o efeito da política monetária sobre o produto não pode ser sustentado no médio prazo.

99

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Efeitos de uma expansão monetária de 1%

sobre o produto (%)

Trimestres

0 2 4 6 12 16

Mudança Antecipada na moeda

1.3 1.9 1.8 1.3 0.7 -0.6

Mudança não antecipada na moeda

2.0 2.3 2.2 2.0 0.5 -0.4

100

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REDUÇÃO NO DÉFICIT FISCAL

Vimos o que ocorre com a Política Monetária (LM). Vejamos agora o

efeito de uma contração na política fiscal (IS):

OA

DA

DA ’ (G ’ < G)

A

A’’

A’

P

Y

Y n

Y n Y t Y

LM LM’

LM’’

A’

B

i

i t

i

A

IS IS ’

OA’

101

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REDUÇÃO NO DÉFICIT FISCAL

Resumindo os efeitos da política fiscal:

Y = C(Y – T) + I(Y, i) + G

No curto prazo, G (mantendo M constante) leva a Y , e talvez a I .

No médio prazo, Y volta a Yn, e i cai permanentemente. Desse modo, I aumenta inequivocamente. Se considerássemos os efeitos

de longo prazo,

G I e Y

102

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Mudanças nos Preços do Petróleo

Em 1973 o preço do petróleo subiu drasticamente. A formação da

OPEC fez com que a oferta de petróleo fosse reduzida aumentando

seu preço. Este preço quase triplicou entre 1970 e 1982 em relação

ao PPI. Mas, como se espera de um jogo de coalizão, as quotas de

produção foram sendo abandonadas e a oferta de petróleo foi

crescendo causando uma redução no preço.

Observe que o petróleo não entra nem na oferta nem na demanda

agregada, já que pressupomos que o único fator de produção é o

trabalho. Poderíamos incluir diretamente a energia como fator de

produção. Mas vale a pena manter o nosso modelo e considerar que

o choque do petróleo correspondeu a um aumento no mark-up, µ.

103

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Preços de Petróleo

Fonte: Saint Louis FED 104

Petróleo Brent (US$/Barril) - Fim de Período

0,000

20,000

40,000

60,000

80,000

100,000

120,000

140,000

160,000

jan

/67

jan

/68

jan

/69

jan

/70

jan

/71

jan

/72

jan

/73

jan

/74

jan

/75

jan

/76

jan

/77

jan

/78

jan

/79

jan

/80

jan

/81

jan

/82

jan

/83

jan

/84

jan

/85

jan

/86

jan

/87

jan

/88

jan

/89

jan

/90

jan

/91

jan

/92

jan

/93

jan

/94

jan

/95

jan

/96

jan

/97

jan

/98

jan

/99

jan

/00

jan

/01

jan

/02

jan

/03

jan

/04

jan

/05

jan

/06

jan

/07

jan

/08

jan

/09

jan

/10

Pre

ço

do

Ba

rril

(U

SD

)

Preço do Barril à vista Preço deflacionado

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Mudanças nos Preços do Petróleo

Do capítulo 6, tínhamos que o mercado de trabalho era dado pelo

gráfico abaixo. Um aumento no mark-up faz com que a curva de

salário real (determinação de preços) se desloque para baixo o que

aumenta a taxa de desemprego natural de equilíbrio.

W

P

A

un un´

PS

PS’

WS

105

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Mudanças nos Preços do Petróleo

O aumento da taxa de desemprego natural leva a uma queda do produto natural, ou seja, o aumento do preço do petróleo leva a uma queda do produto natural.

Vamos então supor que inicialmente a economia está num ponto como A tal que temos (Yn, Pt=Pt-1).

Um aumento no preço do petróleo leva a uma queda em Yn para Yn´.

Pela oferta agregada, um aumento no mark-up aumenta Pt para um dado nível de Yt, ou seja, a oferta se desloca para cima, no curto prazo.

Pt = Pt-1 (1 + µ) F(1 – Yt, z)

L

106

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Mudanças nos Preços do Petróleo

Após o aumento no preço do petróleo, a nova curva de oferta passa pelo ponto B onde temos (Yn´, Pt-1). Assim, a nova oferta é dada por OA`.

No curto prazo a economia se desloca para A´. O aumento do preço do petróleo aumenta os preços que as firmas cobram em seus produtos, o que reduz a demanda e o produto.

Observe que a demanda não se desloca neste modelo. Vários efeitos poderiam induzir um deslocamento da demanda, mas vamos considerar que esses efeitos se cancelam.

Vale ressaltar que num choque de demanda negativo, tínhamos como resultado um produto menor e um nível de preços menor. Num choque de oferta, o produto é menor e o preço é maior.

107

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Mudanças nos Preços do Petróleo

Ao longo do tempo, no ponto A´ a economia

ainda está acima de Yn´, então os preços

aumentam até que a economia alcance o

novo equilíbrio em A´´.

108

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109

DA

OA`

A A´

A´´

B Pt-1

Yn´ Yn

OA`

OA

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Resumo

110

PRODUTO JUROS PREÇOS PRODUTO JUROS PREÇOS

EXPANSÃO MONETÁRIA AUMENTO REDUÇÃO AUMENTO SEM MUDANÇA SEM MUDANÇA AUMENTO

REDUÇÃO DO DÉFICIT FISCAL REDUÇÃO REDUÇÃO REDUÇÃO SEM MUDANÇA REDUÇÃO REDUÇÃO

CHOQUE DO PREÇO DO PETRÓLEO REDUÇÃO AUMENTO AUMENTO REDUÇÃO AUMENTO AUMENTO

CURTO PRAZO MÉDIO PRAZO

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Choques e Mecanismos de Propagação

As flutuações do produto (às vezes chamadas de ciclos econômicos) são variações do produto em torno de sua tendência.

A economia é constantemente afetada por choques na oferta agregada, na demanda agregada ou em ambas.

Cada choque tem efeitos dinâmicos sobre o produto e seus componentes. Esses efeitos são chamados de mecanismo de propagação do choque.

111

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Uma descrição do ciclo econômico neste

modelo

Expansão: suponhamos um choque de demanda (expansão temporária de M, por exemplo) – deslocamentos de preços e quantidades ao longo da curva de oferta, aumento temporário de emprego, com preços esperados constantes.

Propagação expansionista se esgota quando os preços convergem de volta para o valor esperado (ancorado, por exemplo, em uma tradição de estabilidade de preços). Choques com média zero gerariam oscilações em torno da taxa natural.

112

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Tentativa de Recuperação do emprego via política monetária expansionista.

Com preços esperados constantes, pode-se explicar uma oscilação da economia em torno da taxa natural de desemprego.

Com preços esperados influenciados pelos erros, pode-se gerar espiral de salários e preços.

113

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Com correção das expectativas

Como podem ser corrigidas?

Com mecanismos de correção a partir dos erros passados (adaptativas).

A partir de projeções quanto aos efeitos

finais esperados das mudanças no ambiente. Novas trajetórias de equilíbrio

podem resultar de expectativas que são formadas olhando-se para o futuro (“forward-looking”).

114

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Correções de expectativas Correções de expectativas poderiam ocorrer,

por exemplo, como resultado da tentativa de sustentação da expansão monetária, o que converteria um choque temporário de demanda em permanente.

A curva de oferta move-se para o alto e para a esquerda (noroeste), via correção de expectativas, a taxa natural a médio prazo permanece constante (neutralidade da moeda) e o nível de preços subiria de forma permanente.

Salários e preços subiriam provocados pela tentativa de usar o estímulo monetário para alterar a taxa natural de desemprego.

115

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Exemplos de choques

Efeitos de uma redução permanente do déficit – deslocamento temporário recessivo do produto, pela queda da demanda; propagação expansionista da oferta global por queda dos preços, que permitem aumento da oferta do emprego por aumento dos salários reais.

Choques de oferta positivos – melhorias na produtividade (modelar via quedas do mark-up).

116

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Tema: Curva de Phillips

Referência básica

(Capítulo 8 – O . Blanchard)

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Curva de Phillips

O artigo de Phillips de 1958 identificou uma relação negativa entre

aumentos de salários e desemprego para a economia inglesa

através de uma longa série de dados (1861-1957).

Dois anos depois, Samuelson e Solow (1960) reaplicam o

exercício para os EUA, substituindo aumentos de salários por

taxa de inflação e batizam a relação de Curva de Phillips.

118

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A relação empírica deu a impressão de que os países podiam

escolher entre inflação e desemprego, ou seja, determinar sua

posição na curva. A Curva de Phillips seria um menu explorável

de alternativas para a política macroeconômica.

Em 1968, Milton Friedman e Edmond Phelps – crítica aos

fundamentos – “irracionalidade dos contratos nominais”,

dependência dos erros permanentes.

Curva de Phillips

119

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Depois dos choques do início dos anos 70, entretanto, a

“estagflação” pôs em cheque esta possibilidade de tradeoff, e reviveu

as críticas de Friedman e Phelps.

Nova relação surge: o que pode ser escolhido é entre a taxa de

desemprego e a variação na taxa de inflação. Hoje em dia, não se

acredita que um desemprego elevado leve a uma inflação baixa, mas

a uma redução na inflação.

Estudaremos a relação entre a Oferta Agregada e a Curva de Phillips

e de que forma as mutações na Curva de Phillips foram

compatibilizadas com o processo pelo qual pessoas e firmas formam

expectativas.

Curva de Phillips

120

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Da curva de Oferta à Curva de Phillips

Fazendo a álgebra, seja F(ut,z)= 1- ut+z então,

Pt=Pte(1+ )(1- ut+z) => Pt /Pt-1 = Pt

e /Pt-1 (1+ )(1- ut+z)

Como Pt /Pt-1 = 1+ (Pt - Pt-1 )/Pt-1 =1+ t , temos que

1+ t =(1+ te )(1+ )(1- ut+z) => (1+ t)/[(1+ t

e )(1+ )]= 1- ut+z

Se t, te, não forem muito elevados, uma boa aproximação será

1+ t- te- =1- ut +z => t= t

e + ( +z)- ut (8.1)

Intuição: Inflação depende positivamente da inflação esperada e

negativamente do desemprego.

Dada a inflação esperada, quanto maior o markup escolhido pelas firmas, ,

ou maior o valor de z, maior a inflação.

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A Curva de Phillips Reconstruída

A novidade agora é que quanto maior o desemprego, menor a inflação,

dada a inflação esperada.

Comparando as versões empíricas da Curva de Phillips:

A primeira versão refletia uma economia com inflação zero (na média) –

irreal nos dias de hoje.

Agentes que determinam os salários escolhem os salários nominais para o

ano seguinte (período contratual) tendo de prever a inflação do período

seguinte. Assim, como a média da inflação passada é zero, é razoável

supor: te=0

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Substituindo na eq.(8.1), obtém-se:

t=( +z) - ut

Que é exatamente a relação que Phillips, Samuelson e Solow encontraram

para o Reino Unido e para os EUA com os dados até a década de 50.

Intuição: Dados os preços esperados, os quais são tomados pelos

trabalhadores como iguais aos preços do ano anterior, baixo desemprego

leva a salários mais altos. Salários mais altos levam a preços mais altos

quando comparados aos preços do ano anterior, isto é , elevam a inflação.

Este mecanismo é a espiral de preços e salários.

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Evolução da Curva de Phillips

modelando os fatos empíricos e a evolução da conjuntura

Década de 60 – a queda do desemprego provoca aumento de inflação.

Década de 70 – a relação é quebrada. Por quê?

A economia americana foi atingida duas vezes pelo aumento no

preço do petróleo. Ou seja, aumenta, o que implica P mais alto para

um dado nível de desemprego. Mas a razão principal não foi esta.

Os agentes responsáveis pela determinação dos salários (wage-

setters)—empresários e trabalhadores—alteraram o processo de

formação de expectativas. Após 1960, a inflação fica

constantemente positiva e mais persistente, sugerindo que o

anterior processo de formação de expectativas pudesse ter ficado

obsoleto. A persistência da inflação promoveu uma mudança na

formação de expectativas.

Vejamos os gráficos das curvas de Phillips para diferentes períodos.

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Inflação e Desemprego – 1949 - 1969

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Inflação e Desemprego – 1970 - 1998

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Curva de Phillips Aceleracionista

Suponha que as expectativas sejam formadas da seguinte forma: t

e= t-1

Quanto maior , maior efeito de t-1 sobre te.

No período estudado por Samuelson e Solow, tínhamos te=0, com bem

próximo de zero.

Com o aumento e a persistência da inflação, foi crescendo. Nos anos 70, a evidência era de que =1.

Implicações do crescimento de : Substituindo te= t-1 na equação 8.1;

t= t-1 + ( +z) - ut

Com =0, obtemos a curva de Phillips original .

Quando >0, a inflação não depende só de ut . Quando =1, a relação se torna:

t - t-1= ( +z) - ut (8.4) . Ou seja, com =1, a taxa de desemprego afeta diretamente não a taxa de

inflação, mas, sim, a variação (1ª diferença) da taxa de inflação.

Desemprego elevado leva à inflação decrescente, não necessariamente baixa, e desemprego baixo leva à inflação crescente, não necessariamente alta.

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(8.4) é conhecida como:

Curva de Phillips modificada, ou curva de Phillips com expectativas ou Curva

de Phillips Aceleracionista.

Vamos nos referir à (8.4) como a Curva de Phillips e à (8.2) como Curva de

Phillips original.

Em suma,

Curva de Phillips original: ut sobe, t cai .

Curva de Phillips (modificada): ut sobe, ( t- t-1) cai.

Isso nos mostra o que ocorreu nos anos 70. Conforme aumentou de

tamanho, a relação entre inflação e desemprego desapareceu. A relação

relevante passou a ser entre o desemprego e a variação da inflação.

Curva de Phillips Aceleracionista

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Variação na Inflação e Desemprego – 1970 - 1998

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Curva de Phillips e Taxa Natural de Desemprego

Pela Curva de Phillips original, não existe uma taxa natural de desemprego.

Qualquer desemprego poderia ser atingido se o país estivesse disposto a

assumir a (elevada) inflação necessária, e poder-se-ia manter desemprego

baixo permanentemente.

A taxa natural de desemprego é definida como a taxa à qual Pt=Pte ou t= t

e.

Usando isso em (8.1), t= te + ( +z)- ut ,tem-se:

0=( +z) - un , ou un =( +z)/ (8.6)

Se aumenta, un aumenta e se z aumenta, un aumenta.

Agora, de (8.6) [( +z)/ =un] e substituindo de volta em (8.1), temos:

t- te = - (ut-un) (8.7)

t- t-1= - (ut-un) (8.8)

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t- t-1= - (ut-un) (8.8)

A equação 8.8 nos dá outra forma de pensar sobre a Curva de Phillips. Agora, a variação na inflação depende da diferença entre a taxa de desemprego e a taxa de desemprego natural.

Quando ut>un, inflação cai.

Quando ut<un, inflação sobe

Quando ut=un, inflação está estabilizada. Ou seja, a taxa natural de desemprego pode ser vista também como a taxa de desemprego que mantém a inflação constante (Non-accelerating inflation rate of unemployment - NAIRU).

Curva de Phillips e Taxa natural de Desemprego

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Como calcular a NAIRU?

Qual a Taxa natural de desemprego nos EUA desde 1970?

Fazer t= t-1 e isolar un => un = 6% (linha de regressão, ver gráfico slide 129).

- A evidência sugere que a taxa de desemprego necessária para manter a inflação constante era de cerca de 6%.

- No entanto, a taxa média de desemprego entre 1995-2000 foi de 4,7% sem aumento da taxa de

inflação, o que sugere que a NAIRU ao final da década de 90 devia estar abaixo de 6%.

- Esta foi uma das evidências que levou Greenspan a relaxar a política monetária sem medo de elevar

a inflação. Outros efeitos colaterais, entretanto, ocorrreram.

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Observações

A relação entre desemprego e inflação varia entre países e ao longo do tempo.

Por que as taxas naturais de desemprego variam entre países?

Dado a equação (8.6) un =( +z)/ , temos que a taxa natural de desemprego depende das variáveis ,z e que diferem entre países.

Como un não é observado diretamente, mas, por hipótese, a economia flutua em torno dela, podemos estimar a taxa de desemprego natural como uma taxa média de desemprego ao longo de uma década.

Ex: Japão (2%) x EUA (6,1%) – dados a partir de 1960.

No entanto, em 2000, o Japão teve uma taxa de desemprego de 4,7% contra 4% dos EUA. Isso deveu-se a uma recessão no Japão com ut>un e vice versa nos EUA.

Qual o motivo para a taxa natural ser menor no Japão?

Basicamente, menores fluxos de desligamentos e contratações.

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Variações da Nairu ao longo do tempo

Até agora consideramos ( + z) como uma constante. O que

não é verdade na realidade, pois o poder de monopólio das

empresas, a estrutura das negociações salariais e o sistema

de seguro-desemprego tendem a mudar com o tempo,

alterando a taxa natural de desemprego (un).

Há ainda incertezas sobre os fatores que podem estar inclusos em z e o efeito de cada fator sobre o desemprego natural. Pode ser que uma variação em implique, também, mudanças em z.

Ex: Quando sobe, nos modelos de negociação trabalhista, os trabalhadores podem aceitar um corte de salário para evitar o aumento da taxa de desemprego, reduzindo z de modo que un fique inalterada.

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Variações da Nairu ao longo do tempo

As variações de un são difíceis de medir. Por quê?

Porque un não é observado, apenas ut. No entanto, podemos observar tendências a partir da comparação da taxa média de desemprego ao longo das décadas.

Ex: Nos EUA, a taxa de desemprego médio caiu na década de 90 e em 2000 era de 4% quase sem aumento da inflação. No entanto, a partir de 2001, a taxa de desemprego começou a subir, ultrapassando 6%. Podemos concluir que a taxa natural caiu e depois subiu?

R: Não. Pois a economia americana entrou em recessão em 2001/2.

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2%

3%

4%

5%

6%

7%

8%

9%

10%

11%

Taxa de Desemprego - EUA

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Como distinguir entre uma taxa de desemprego alta de uma taxa natural alta?

R: Examinando a variação da inflação dada pela

equação t - t-1 = - (ut-un) (8.8).

Se a inflação está em queda é sinal que o desemprego

real está acima do nível natural. Já se a inflação está

estável e o desemprego real está alto, isso indica

que a taxa natural está elevada.

Ex: União Européia – A curva de Phillips entre a

variação da inflação e a taxa de desemprego aponta

um aumento contínuo da taxa natural de

desemprego desde 1960.

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Processo inflacionário e a Curva de Phillips

A regra de formação de expectativas pode mudar e também podem ocorrer mudanças institucionais.

Quando a inflação está muito elevada, em geral, sua variabilidade aumenta. Os trabalhadores evitam contratos de trabalho que fixem os salários por muito tempo. Nestes casos, os contratos são firmados por um curto período de tempo e a indexação dos salários prevalece.

Essas mudanças implicam aumento da resposta da inflação ao desemprego. Vamos ver isso remodelando nossa economia supondo agora que haja 2 tipos de contratos de trabalho: Uma proporção desses contratos tem salário nominal indexado (salário nominal variam de acordo com o preço realizado no período) e uma proporção 1- de salários não indexados (salários são baseados nas expectativas de inflação).

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Indexação dos salários

= proporção de contratos indexados.

t= [ t+ (1- ) t-1]- (ut-un)

Se =0 voltamos a equação (8.8).

Para >0, temos:

t- t-1= -( /(1- ))(ut-un)

Quanto maior , maior o efeito do desemprego sobre a inflação. Intuição: Com indexação, um desemprego menor aumenta os salários não somente no próximo mas também neste período. E assim, maior o efeito sobre inflação.

Se tende a um, pequenas variações em ut causam grandes variações em t- t-1

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Tema: Efeitos da Política Monetária sobre

Produto, Desemprego e Inflação

Referência básica

(Capítulo 9 – O . Blanchard)

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Motivação: Em outubro de 79, a inflação nos EUA andava perto de

14% ao ano, quando o FED decidiu reduzir o crescimento da

moeda para derrubar a inflação. Após 5 anos e também depois de

uma grande recessão, a inflação estava de volta a 4% a.a.

- Como ele conseguiu reduzir a inflação?

- Por que houve uma recessão?

Ou seja, queremos estudar os efeitos do crescimento monetário

na inflação e no nível de atividade. Esta é uma área de muita

pesquisa recente, tanto em teoria quanto em econometria.

Efeitos da Política Monetária sobre Produto, Desemprego e Inflação

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São três os blocos componentes do nosso arcabouço

teórico que nos permite pensar sobre as inter-relações

entre produto, desemprego e inflação, a saber:

Demanda Agregada: relaciona a taxa de crescimento

nominal da moeda ao crescimento do produto;

Lei de Okun: relaciona o crescimento do produto à

variação no desemprego;

Curva de Phillips: relaciona a taxa de desemprego à

variação na inflação.

Produto, Desemprego e Inflação

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Lei de Okun: Crescimento do produto e

variações no desemprego

Até aqui, por simplicidade, presumimos que:

Y = N Y = N

L = constante N = - U

Vamos agora abandonar essas hipóteses excessivamente distantes

da realidade em favor de outra que a melhor descreve. Por que

as abandonar?

Porque implicam comportamentos diferente dos observados

Se Y=N, 1% de aumento de Y 1% de aumento em N

Se N= - U 1% de aumento N/L 1% de queda em U.

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Seja gyt a taxa de crescimento do produto. Então, até agora temos que:

ut - ut-1 = -gyt (9.1)

Ou seja, se o produto cresce a 4%, por exemplo, o desemprego deve

cair 4%!

Na verdade, isso é uma aproximação, pois:

u =U/L = 1-N/L,

Com L=constante, u = U/L = - N/L = - ( N/N)(N/L)

Assim, se N/L = 0.95, então N/N = 1% causa u = -0.95%.

O resultado acima só seria exato se N/L=1.

V. sabe a diferença entre um porcento e um ponto porcentual?

Lei de Okun: Crescimento do produto e variações no desemprego

144

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Empiricamente, nos EUA, temos:

ut – ut-1 = -0.4(gyt-3%) (9.2)

A equação (9.2) difere da equação (9.1) de duas formas:

1- A taxa de crescimento anual do produto tem que ser de pelo

menos 3% para impedir que a taxa de desemprego aumente. (por

9.1 bastava não haver crescimento negativo)

Isto ocorre devido a dois fatores:

1.1- A força de trabalho (PEA) nos EUA tem crescido a 1.7% ao

ano. Para manter uma taxa constante de desemprego, o emprego

precisa crescer à mesma taxa da força de trabalho, 1.7% ao ano.

Lei de Okun: Crescimento do produto e variações no desemprego

145

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1.2- Suponha também que a produtividade do trabalho (o produto por

trabalhador) esteja crescendo a 1.3% ao ano. Se o emprego crescer

a 1.7% e a produtividade crescer a 1.3%, o produto crescerá a 1.3%

+ 1.7% = 3%.

Em outras palavras, para manter u constante, gy tem que igualar a

3%. Nos EUA, a soma do crescimento da produtividade do trabalho

com o crescimento da PEA tem sido, em média, igual a 3% desde

1960. Esta é a razão pela qual o número 3% aparece na lei de

OKUN. Denominaremos de taxa de crescimento normal do produto

aquela necessária para manter uma taxa de desemprego constante.

Lei de Okun: Crescimento do produto e variações no desemprego

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2- A segunda diferença entre a equações (9.2) e (9.1) está no

coeficiente que relaciona a diferença entre o crescimento do produto e

a taxa normal de crescimento com a variação do desemprego. Em

(9.2) este coeficiente é de –0.4% em (9.2), em contraste com –1 em

(9.1).

Isto ocorre por 2 razões:

2.1- As firmas ajustam o emprego em menos do que um para um em

resposta a desvios na taxa de crescimento do produto. Por exemplo,

se gy está 1% acima do normal por um ano, a taxa de emprego

aumenta só em 0.6%. Isto ocorre porque algumas funções não

dependem do nível de produção (depto. de contabilidade, por

exemplo). Outra razão é que firmas preferem horas-extras, para evitar

custos de treinamento (labor hoarding).

Lei de Okun: Crescimento do produto e variações no desemprego

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2.2- Um aumento na taxa de emprego não leva a um

decréscimo de um para um na taxa de desemprego. Mais

especificamente, um aumento de 0.6% na taxa de emprego leva a

uma queda de somente 0.4% na taxa de desemprego.

A razão é um aumento na taxa de participação. Quando o

emprego aumenta nem todas as vagas são preenchidas pelos

desempregados. Alguns vêm diretamente de fora da PEA. Outro

efeito é que à medida que o mercado de trabalho se aquece,

trabalhadores que não estavam mais procurando emprego (portanto

fora da PEA) passam a fazê-lo, e passam a ser classificados como

desempregados. Por ambos os motivos, o desemprego cai menos do

que o aumento do produto. Nem todos os novos postos de trabalho

são ocupados pelos desempregados que já estavam no mercado.

Lei de Okun: Crescimento do produto e variações no desemprego

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Algebricamente, a Lei de Okun é:

ut – ut-1 = - (gyt –gcy) (9.3)

A inclinação ( ) da lei de Okun reflete a organização interna das

firmas, bem como as restrições legais e sociais quanto a

demissões e contratações. A evidência internacional é :

1960-1980 1981-2006

País

EUA 0,39 0,42

Reino Unido 0,15 0,51

Alemanha 0,20 0,29

Japão 0,02 0,11

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Lei de Okun:

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Lei de Okun: Crescimento do produto e

variações no desemprego

O crescimento do produto acima do normal

provoca uma redução da taxa de desemprego; o

crescimento do produto abaixo do normal leva a

um aumento da taxa de desemprego. Esta é a lei

de Okun:

t t yt yu u ( g g )

-- = - -

g g u uyt y t t 1 g g u uyt y t t 1

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A Curva de Phillips: Desemprego e Mudança na Inflação

Na aula passada, derivamos a seguinte relação entre inflação,

inflação esperada e desemprego.

t = et - (ut – un)

Supusemos, então, que et t-1 para os EUA. Com essa hipótese,

a relação entre inflação e desemprego passa a ser:

t - t-1 = - (ut – un)

Onde:

u ut n t t 1

u ut n t t 1

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A Relação de Demanda Agregada: Crescimento

Monetário, Inflação e Crescimento do Produto

Sabemos que: Y = Y(M/P, G , T) , com Y/ (M/P) >0, Y/ G>0 e Y/ T<0

Vamos agora, ignorar outros fatores que não a moeda e adicionar indicadores de tempo:

Yt = .(Mt/Pt), onde > 0 (9.6)

Esta equação nos diz que um aumento em (M/P) causa um aumento proporcional na demanda por bens e, por conseguinte, no produto. Por trás deste efeito está o modelo IS-LM:

M/P i I Y

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Temos agora que transformar a equação (9.6) em uma

equação na qual apareça taxa de crescimento:

ln(Yt) = ln( ) + ln(Mt) – ln(Pt)

dln(Yt)/dt = d ln( )/dt + d ln(Mt)/dt - d ln(Pt)/dt

(dYt/dt)/Yt = (dMt/dt)/Mt – (dPt/dt)/Pt

gyt = gmt - t

A taxa de crescimento do produto é igual à taxa de crescimento

nominal da moeda menos a taxa de inflação. Dado o crescimento

da moeda, a alta inflação leva a uma queda no estoque de

moeda real e a uma queda no produto. Onde:

g gmt t yt 0

g gmt t yt 0

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O Médio Prazo

Agora que vimos as três relações entre inflação, desemprego e

produto, vamos utilizá-las em conjunto para determinar os efeitos

do crescimento monetário em Y, u e .

Lei de Okun

ut – ut-1 = - (gyt – gcy)

Curva de Phillips

t - t-1 = - (ut – un)

Demanda Agregada

gyt = gmt - t

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O Médio Prazo

Qual o efeito de um decréscimo em gmt?

Da Demanda Agregada, dada a inflação, gmt menor

implica queda em gyt.

Da Lei de Okun: gyt ut

Da Curva de Phillips: ut

Então,o efeito inicial de uma redução no

crescimento da moeda é: diminuir o produto;

aumentar o desemprego; e diminuir a inflação.

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O Médio Prazo

Mas o que ocorre depois disso?

O desemprego continua a aumentar?

O que acontece com a inflação?

O modo de responder a essas indagações é trabalhar com as

variáveis ao longo do tempo. Começaremos no médio prazo, que

é o nosso ponto final depois de toda a dinâmica, e depois, então,

voltaremos à dinâmica entre o curto e o médio prazo.

Exercício: Pressuponha que o BC mantenha uma taxa constante

de crescimento da moeda, gcm. Quais serão os valores de gyt, ut e

t no médio prazo?

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No médio prazo, u tem que estar estabilizada, pois não podemos

ter desemprego crescendo ou caindo para sempre. Fazendo ut =

ut-1, na lei de Okun obtemos:

gyt = gcy,

ou seja, no médio prazo, o produto crescerá à sua taxa normal

de crescimento, gcy.

Com crescimento da moeda e do produto dados por gcm e gc

y , a

demanda agregada fica:

gcy = gc

m -

Reorganizando a equação, temos: = gcm – gc

y

No médio prazo, a inflação é igual à expansão monetária

nominal ajustada (pelo crescimento do produto).

O Médio Prazo

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Um modo de interpretar este resultado é a seguinte:

Um nível mais alto de produto implica maior número de transações, o que aumenta a demanda por moeda. Se o produto cresce a 3%, o estoque real de moeda deve crescer a esta taxa para cobrir o aumento da demanda. Qualquer crescimento monetário diferente de 3% vai ser refletido em mais ou menos inflação (ou deflação, se a inflação vier a ser negativa).

Y nº de transações Md mas,

se gm > gy

Se a inflação é constante, então t = t-1. Colocando na curva de Phillips, obtém-se ut=un. Assim, no médio prazo, ut=un.

O Médio Prazo

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Resumindo os resultados em um gráfico...

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No capítulo 7 vimos que alterações em M eram neutras no médio

prazo. Agora, vemos que mudanças em (dM/dt)/M também são

neutras, isto é, não têm efeitos sobre Y ou em u no médio prazo,

mas somente sobre .

Portanto, o único determinante de no médio prazo é o

crescimento da moeda. Este resultado é uma forma de justificar

a frase famosa de Milton Friedman, na década de 60, que se

tornou na época um símbolo do chamado “monetarismo”

“Inflation is always and everywhere a monetary phenomenon”

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Desinflação: quais as implicações do modelo estudado?

Primeiro passo

Suponha que a economia está no seu equilíbrio de médio prazo

u=un e g=gy ,

mas é considerada alta e queremos reduzi-la, como fazê-lo?

Aprendemos com o modelo que se deve reduzir gm.

Mas, se gm cair, fará, inicialmente gy cair e u subir.

Pela equação de Demanda:

E pela Lei de Okun:

E pela Curva de Phillips:

Qual seria, então, a forma ótima de deflacionar (rápida ou lentamente)?

g g gm m y( )

g uy

u

Efeitos de Curto Prazo

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Desinflação

Quanto desemprego e por quanto tempo?

Comecemos com a Curva de Phillips:

t - t-1 = - (ut-un)

Para cair, ( t- t-1)< 0 (ut-un)>0

Mas a Curva de Phillips nos diz algo mais profundo. Não importa se a desinflação é gradual ou repentina, o desemprego requerido para atingir a inflação desejada é sempre o mesmo.

Vejamos o porquê?

Defina-se ano-ponto de excesso de desemprego como sendo a diferença entre as taxas de desemprego efetiva e natural de um ponto percentual por ano.

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Desinflação

EXEMPLO:

Se a taxa natural for de 6.5%, uma taxa efetiva de desemprego de 9% durante 4 anos seguidos corresponde a 4*(9 - 6,5) = 10 anos-ponto de excesso de desemprego.

Suponha que o BC queira reduzir a inflação de 14% para 4%, ou seja, uma redução de x= 10 %. Vamos também supor que =1.

Se o BC quiser obter tal redução em somente um ano, a curva de Phillips nos diz que o que se requer é um desemprego 10% acima de un, por um ano.

Agora, suponha que se queira realizar a redução em dois anos. A curva de Phillips nos diz que será necessário um desvio (u – un) = 5% por 2 anos, decrescendo a inflação 5% no primeiro ano e 5% no segundo ano, perfazendo os 10% almejados.

Podemos aplicar o mesmo raciocínio para 5 anos, 10 anos etc. 164

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Desinflação

Em todos os casos, o número de anos-ponto de excesso de desemprego é sempre o mesmo, independentemente do período de ajuste escolhido. Portanto, o BC poderia decidir qual será a distribuição temporal do desemprego excessivo, mas não pode mudar o número anos-ponto de excesso de desemprego.

Esta conclusão pode ser expressa de outra maneira. Defina-se taxa de sacrifício como o número de anos-ponto de desemprego necessários para se obter uma desinflação de 1%. Então, a curva de Phillips implica que tal taxa independe da política, sendo igual a (1/ ). Se 1, então a razão de sacrifício é aproximadamente 1.

Por exemplo, uma taxa de sacrifício de 1,32 significa que uma desinflação de 10% requer 13,2 anos-ponto de excesso de

desemprego.

TAXA DE SACRIFíCIO = nº de anos-ponto = _1_

redução de Inflação

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Desinflação

Se a taxa de sacrifício é constante, será que isto quer dizer que a velocidade da desinflação é irrelevante?

NÃO.

Por quê?

Suponha que o BC queira reduzir a inflação de 14% para 4% em um ano. ( =1)

Se un = 6,5% ut = 6,5% + 10% = 16,5%

Usando a lei de Okun com = 0,4 e gcy = 3% , o gyt seria:

ut – ut-1 = -0,4*(gyt – 3%)

gyt = (- 10% / 0,4) + 3% = -22%

A maior queda do PIB já ocorrida nos EUA foi de 15% em 1931, durante a grande depressão. Uma política monetária como esta descrita acima exigiria uma queda de 22% do produto!

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Trajetória da Desaceleração Monetária

Suponhamos que se pretenda obter uma redução de 14% para 4% na inflação

em 5 anos.

BC não controla nem u nem diretamente. Controla gm. Qual deve ser a

trajetória de gm para obter a redução de 10% em nos 5 anos?

Podemos encontrar, dada a trajetória desejada de , a trajetória requerida de u e

gy, e, finalmente, derivar a trajetória requerida de gm.

Vejamos um exemplo:

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Trajetória da Desaceleração Monetária

Linha 1: meta de trajetória inflacionária

Linha 2: trajetória de desemprego implicada pela curva de Phillips

Linha 3: trajetória de crescimento do produto determinado pela lei de Okun

Linha 4: trajetória requerida de crescimento monetário, a partir da relação de

demanda agregada: gyt = gmt - t

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Trajetória da Desaceleração Monetária

Ano

Antes Desinflação Depois

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Inflação 14 12 10 8 6 4 4 4 4

Taxa de Desemprego

6,5

Crescimento do Produto

3

Crescimento Monetário

17

169

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Trajetória da Desaceleração Monetária

Curva de Phillips

Ano

Antes Desinflação Depois

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Inflação 14 12 10 8 6 4 4 4 4

Taxa de Desemprego

6,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 6,5 6,5 6,5

Crescimento do Produto

3

Crescimento Monetário

17

170

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Trajetória da Desaceleração Monetária

Lei de Okun

Ano

Antes Desinflação Depois

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Inflação 14 12 10 8 6 4 4 4 4

Taxa de Desemprego

6,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 6,5 6,5 6,5

Crescimento do Produto

3 -2 3 3 3 3 8 3 3

Crescimento Monetário

17

171

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Trajetória da Desaceleração Monetária

Demanda Agregada

Ano

Antes Desinflação Depois

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Inflação 14 12 10 8 6 4 4 4 4

Taxa de Desemprego

6,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 6,5 6,5 6,5

Crescimento do Produto

3 -2 3 3 3 3 8 3 3

Crescimento Monetário

17 10 13 11 9 7 12 7 7

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Trajetória da Desaceleração Monetária

u 6,5 8,5

Ano 0

Ano 1

Ano 2

Ano 3

Ano 4

Ano 5 Ano 6+

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Trajetória da Desaceleração Monetária

No médio prazo, o crescimento monetário e a inflação são menores e a taxa de

desemprego e de crescimento do produto voltam ao normal, mas a transição

para um menor crescimento monetário e inflação menor é associada com um

período de desemprego mais alto.

A análise que desenvolvemos é muito similar à experiência do FED no final dos

anos 70. O modelo econométrico que eles usaram, como a maioria dos

modelos utilizados naquela época, tinha a mesma propriedade de nosso

simples modelo: a política macroeconômica pode determinar a distribuição

temporal, mas não o número de anos-ponto de excesso de desemprego.

Esta abordagem tradicional, foi questionada por dois grupos de economistas

acadêmicos como veremos a seguir.

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Expectativas, Credibilidade e Contratos Nominais

O foco de ambos os grupos de críticos é o papel das expectativas e de que forma, alterações na formação de expectativas podem afetar o custo do desemprego e da desinflação. Desafiam a noção tradicional de que a política pode mudar o timing, mas não o número de anos-ponto de excesso de desemprego.

A Crítica de Lucas: Expectativas e seus efeitos sobre a Credibilidade da Política

Rigidez Nominal de Preços e Natureza dos Contratos

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Expectativas e Credibilidade: a Crítica de Lucas

- Robert Lucas e Thomas Sargent – University of Chicago

-Tomar a equação t - t-1 = - (ut – un) como dada equivaleria a supor que

aqueles que negociam os salários em termos nominais continuariam a

esperar que a inflação do futuro fosse a mesma do passado,

independentemente da ação do governo. Ou seja, que a formação de

expectativas não se alteraria em resposta a mudanças na política.

-Crítica: Por que os agentes que determinam os salários não deveriam levar

em conta as alterações de política?

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Expectativas e Credibilidade: a Crítica de Lucas

A lógica do argumento de Lucas pode ser visto retornando à equação:

t = et - (ut – un)

- Se os agentes que determinam os salários continuassem a adotar

expectativas adaptativas ( et = t-1), então o único modo de diminuir a inflação

seria aceitar um desemprego maior por algum tempo, como vimos

anteriormente. Mas se os agentes que determinam os salários pudessem ser

convencidos de que a inflação iria de fato ser menor do que no passado, eles

diminuiriam suas expectativas de inflação. Isso, por sua vez, diminuiria a

inflação corrente sem a necessidade de se promover nenhuma alteração na

taxa de desemprego.

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Expectativas e Credibilidade: a Crítica de Lucas

Lucas e Sargent não acreditavam que a desinflação pudesse realmente

ocorrer sem algum aumento do desemprego. Mas Sargent, após examinar os

dados históricos relativos ao custo do desemprego associado à eliminação de

diversos episódios de hiperinflação, concluiu que o aumento do desemprego

poderia, de fato, ser bem menor.

O fator essencial da desinflação bem-sucedida seria a credibilidade. Caso

fosse possível aumentar a credibilidade da política, os agentes que

determinam os salários poderiam alterar o modo como formam suas

expectativas, e assim, abreviariam os custos da desinflação. Ainda, os

autores argumentam que um programa de desinflação rápido e transparente

tem maiores chances de ter credibilidade maior.

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Rigidez Nominal e Contratos

Uma outra crítica à trajetória da inflação associada à desaceleração monetária foi adotada por Stanley Fischer (MIT, hoje presidente do banco central de Israel), Edmond Phelps e John Taylor (ex- sub-secretário do Tesouro dos EUA para assuntos internacionais na administração Bush, então da Columbia University). Algumas dessas questões vinham sendo estudadas no Brasil nos anos 70.

Rigidez Nominal: muitos salários e preços são fixados em termos nominais por algum tempo e não costumam ser reajustados quando há mudanças de política. Os contratos se estendem por vários períodos e retratam o passado.

Assim, mesmo com credibilidade total, mesmo com redução brusca do crescimento da moeda, teria de haver aumento do desemprego. Haveria contratos estabelecidos previamente que ainda estariam carregando as expectativas anteriores para inflação. O programa de ajuste deveria então ser anunciado com muita antecedência.

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Rigidez Nominal e Contratos

Taylor e Phelps destacaram a imbricação dos contratos salariais.

Nem todos os contratos salariais são assinados na mesma época, o que impõe fortes limitações na forma pela qual uma desinflação rápida poderia ser implementada, sem deflagrar o aumento do desemprego, ainda que a redução da inflação futura seja totalmente crível.

Se os trabalhadores se preocupam com o salário real, então, cada contrato de trabalho determina um salário não muito diferente dos demais contratos que já estão no mercado. Assim, uma queda no crescimento da moeda não gera queda proporcional na inflação levando à recessão e ao aumento do desemprego.

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Rigidez Nominal e Contratos

Taylor mostrou que existe uma trajetória de desinflação tal que, quando totalmente crível, poderia não alterar a taxa de desemprego.

A melhor política para o FED seria avançar lentamente no início, e anunciar que prosseguirá mais rápido no futuro. Esse anúncio fará com que os novos acordos salariais levem a nova política em consideração.

Essa trajetória inicial lenta deveria ser adotada pois no curtíssimo prazo, a inflação já está pré-determinada. Os contratos já foram efetuados e uma política monetária muito restritiva só geraria recessão. Com credibilidade total, a autoridade monetária poderia anunciar a mudança de política para os próximos períodos e esta mudança seria incorporada nos novos contratos.

181

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Rigidez Nominal e Contratos

Assim como Lucas e Sargent, Taylor e Phelps não acreditavam que a

desinflação pudesse ser implementada sem aumentar o desemprego. Em

primeiro lugar, eles percebiam que a trajetória de desinflação poderia não

ser crível. Sem credibilidade, as expectativas a respeito da inflação podem

custar a mudar, o que diminui as esperanças de se promover uma

desinflação sem aumentar a taxa de desemprego. A análise de Taylor,

porém, tinha duas mensagens claras.

- importância potencial das expectativas

- desinflação gradual pode ter um custo mais baixo do que o

implicado pela abordagem tradicional

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A experiência da desinflação americana, 1979 a 1985

Em 1979, o desemprego estava em 5,8%, o produto crescia a 2,5% e

a inflação estava em 13,3%.

O Fed anunciou diversas alterações para contornar esta situação.

Em particular, anunciou que mudaria a política monetária de forma a

ter como instrumento principal o crescimento da moeda e não mais

os juros de curto prazo.

O Fed não explicitou meta alguma para inflação ou mesmo para sua

trajetória, mas a mudança de política monetária foi interpretada como

um comprometimento com o combate à inflação mesmo que fosse

necessário um aumento de juros.

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A experiência da desinflação americana, 1979 a 1985

Nos 7 meses seguintes, a taxa de juros subiu de 11,4% para 17,6%. Mas a economia apresentou sinais de recessão e houve retrocesso na política monetária restritiva.

Com sinais de que a economia estava se recuperando, em 1981, novamente a taxa de juros voltou a subir e mais uma vez apareceram sinais de recessão.

Desta vez, porém, o Fed optou por se manter firme em sua política e não reduziu os juros.

O ponto central deste episódio é o papel da credibilidade. Paul Volcker tinha credibilidade em 1979, porém, esta credibilidade foi reduzida quando, em 1980, o Fed optou por abandonar a política restritiva. A credibilidade só foi restaurada em 1981/82 quando o Fed se manteve firme frente aos sinais de recessão.

184

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Desinflação Americana

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A experiência da desinflação americana, 1979 a 1985

1979 1980 1981 1982 1983 1984 1985

Crescimento 2,5 -0,5 1.8 -2.2 3.9 6.2 3.2

Desemprego 5.8 7.1 7.6 9.7 9.6 7.5 7.2

Inflação 13.3 12.5 8.9 3.8 3.8 3.9 3.8

Desinflação

acumulada

0.8 4.4 9.5 9.5 9.4 9.5

Desemprego

acumulado

1.1 2.7 6.4 10 11.5 12.7

Taxa de Sacrifício 1.37 0.61 0.67 1.05 1.22 1.33

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A experiência da desinflação americana, 1979 a 1985

Credibilidade foi adquirida, mas não ocorreu nenhum milagre nas expectativas. As primeiras linhas da tabela mostram que a desinflação veio associada a um substancial desemprego.

Na visão tradicional, para cada ponto de desinflação teríamos que ter 1 ano-ponto de excesso de desemprego em relação ao desemprego natural de 6,5%. A linha 4 computa o número de anos-ponto acumulado de 1980 em diante. E as linhas 5 e 6 mostram a desinflação acumulada e a taxa de sacrifício, respectivamente.

A tabela nos mostra que não há ganhos óbvios com a credibilidade. A curva de Philips baseada na variação da inflação e na variação do desemprego parece ser bem mais robusta que muitos economistas esperavam.

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A experiência da desinflação americana, 1979 a 1985

Será que o modelo tradicional está apresentando força porque há

pouca credibilidade ou porque a credibilidade não é suficiente para

reduzir inflação?

Ball estudou casos de desinflação em países da OECD.

Concluiu que:

1) A desinflação em geral causa desemprego alto por algum tempo.

2) Desinflações mais rápidas estão associadas a menores taxas de

sacrifício, o que indicaria efeito positivo de credibilidade.

3) Taxas de sacrifício são menores em países com contratos mais

curtos, o que enfatiza o ponto de Taylor.

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Tema: A Nova Macroeconomia

Referência básica

(Capítulo 12 – DFS)

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A Nova Macroeconomia

Nos últimos anos, quatro novas teorias foram desenvolvidas

e revolucionaram o estudo da macroeconomia.

Expectativas Racionais

Passeio Aleatório como trajetória para o PIB

Teoria dos Ciclos Reais

Modelos de rigidez de preço neo-keynesianos

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A Nova Macroeconomia – Expectativas Racionais

• Modelos Macroeconômicos de Expectativas Racionais foram

uma construção dos anos 70 e 80 em reação à desconfiança na

Curva de Phillips como instrumento para a análise de políticas

alternativas.

• Estratégia básica dos modelos ER: partem da manutenção da

visão de mercados que se equilibram, retém o interesse no que

chamamos de médio e longo prazo e concluem pelo pessimismo

acerca do que a política monetária possa fazer para afetar o

emprego ou o produto. Os modelos de expectativas racionais

acrescentam novas características aos modelos neo-clássicos.

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Referências básicas

DF Capitulo 12

Crítica de Friedman (AER 68 Role of Monetary Policy) e

Phelps (JPE 68 e livro 70) aos modelos com desequilíbrios

prolongados

Artigo de Muth ( Econometrica 1961) que introduz o conceito

na modelagem econométrica dos movimentos de preços

Lucas-Rapping, equilíbrium searching e curva de oferta “de

Lucas”

Lucas (JET 72 – expectativas e equilíbrio geral), base teórica

para o artigo no volume Otto Eckstein (Econometric Testing

of Natural Rate) e do artigo de 1972 na Carnegie Mellon

Conference – Econometric Policy Evaluation – a Critique

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Características do Modelo Novo-clássico

A teoria novo-clássica da oferta agregada diz que:

O desemprego está sempre na taxa natural;

O produto está sempre no nível de pleno emprego (natural);

O desemprego observado é meramente friccional.

Choques de oferta são importantes empiricamente.

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Conseqüências

Mudanças no nível de preços - provenientes, por exemplo,

de uma expansão monetária - não alteram Y ou u. Os

salários nominais sobem, mas não os salários reais. Logo,

tampouco variam a quantidade de trabalho ofertada ou

demandada.

Nem a política monetária, nem a política fiscal terão

quaisquer efeitos sobre o produto.

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Modelo de Lucas

• Um dos modelos de Lucas (com Leonard Raping) desmente tal

conclusão.

Nesse modelo, Lucas acrescenta apenas uma hipótese ao modelo

novo-clássico básico: a de que algumas pessoas não sabem o nível

agregado de preços mas sabem o salário ou preço nominal ao qual

podem comprar ou vender. Por exemplo, num dado momento, um

trabalhador sabe que o salário que vigora é $12/h, mas não sabem

qual é o nível de preços, não sabendo, pois, W/P.

Suponha que todos os preços e salários subam proporcionalmente.

Ou seja, W sobe e P também, mas os trabalhadores pensam que só

W sobe. Pensarão que W/P sobe e proverão mais trabalho,

aumentando Y e diminuindo u.

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Formação de Expectativas

De que maneira firmas e trabalhadores formam suas

expectativas sobre o preço? Expectativas Racionais

pressupõem que os agentes usem toda informação relevante

para formar as expectativas, o que é razoável. Mas pressupõem

também que os agentes conhecem o modelo, o que é menos

razoável.

Hipótese de Expectativas Racionais: agentes não sabem o

futuro, mas usam toda informação disponível para alterar o

futuro.

Equilíbrio: os mercados se equilibram imediatamente.

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Formação de Expectativas

Firmas e famílias esperam que ocorra o pleno emprego, embora

reconheçam que se pode errar em ambos os sentidos. O preço

esperado, Pe, será o nível de preços consistente com o pleno

emprego, ou seja, o nível de preços que iguala a demanda

agregada à oferta agregada (DA=OA).

A implicação central de Expectativas Racionais é que os

agentes podem nem sempre acertar suas previsões, mas não

errarão sistematicamente.

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Implicação central da abordagem de Lucas

Os agentes reagem diferentemente a choques antecipados e a

choques não antecipados na quantidade de moeda. Quando

E(M) aumenta, os agentes esperam que P suba, P e Pe sobem

juntos e M/P não subirá, não alterando Y=Yn. Já quando M subir

inesperadamente,o efeito OA-DA é total pois Pe não se altera. Claro

que tal efeito durará pouco, pois os agentes logo descobrirão seus

erros (aprendizagem), corrigindo suas expectativas. Ou seja, os

efeitos reais só ocorrerão no curto prazo.

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A “Irrelevância” da Política Macroeconômica

Tal como no modelo clássico (OA vertical em Y=Yn), nem a

política monetária, nem a fiscal movem Y permanentemente.

Mas, o modelo de Lucas permite-se desvios transitórios em

relação ao pleno emprego. Tais desvios são função apenas

dos erros de expectativas, durando, portanto, só o tempo

necessário para que as expectativas sejam corrigidas.

Mais ainda, não há papel para a política monetária. Se Pe difere

de P, basta o governo anunciar o M correto que tudo se corrige.

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Um modelo simples OA-DA

Demanda Agregada: M.V = P.Y

em ln: m + v= p + y

Teoria quantitativa da moeda

É compatível com nossa DA simplificada anterior

Y= (M/P) (em ln) y = ln +m-p y = v + m - p (1)

Agora, a oferta agregada no curto prazo:

p = pe + (y-y*) (2)

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Um modelo simples OA-DA

Manipulando AS e AD, acham-se os valores de

equilíbrio de y e p:

y = 1 m + 1 (v- pe) + y* (3)

(1+ ) (1+ ) (1+ )

p = (m+v-y*) + 1 pe (4)

(1+ ) (1+ )

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Resultados:

Multiplicadores da moeda:

Em relação ao produto: (1/(1+ ))

Em relação aos preços: ( /(1+ ))

Vamos exemplificar como se faria a previsão:

=(1/2), m=2, v=3, y*=4, pe=5

Resolvendo:

y=1.667, p=3.667, mas pe=5!

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Crítica de Lucas

OS AGENTES ECONÔMICOS FAZEM PREVISÕES, PARA

ECONOMIA, QUE SÃO INCOMPATÍVEIS COM AS

PREVISÕES DO PRÓPRIO MODELO!

Suponha agora que os agentes revisem suas expectativas de

pe=5 para pe=3.667, com esse novo pe, teríamos:

p=2.778 e y=2,222

A discrepância entre pe e p caiu (de 12/9 para 5/9), mas ainda

não foi zerada.

Modificando o modelo, de forma que pe=p, somos levados à

idéia de previsão perfeita.

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Modelo de Previsão Perfeita

Suponha agora que os agentes usam o modelo OA-DA para prever os preços e têm todas as informações necessárias para realizarem a previsão. Eles têm previsão perfeita.

p=pe

Substituindo em (4), temos que:

pe=p= (m+v-y*)+ 1 pe (5)

(1+ ) (1+ )

pe=p=m+v-y*

Substituindo em (3)

y= 1 m+ 1 (v-m-v+y*) + y*

(1+ ) (1+ ) (1+ )

y=y* (7)

204

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Modelo de Previsão Perfeita

Aqui o multiplicador do preço é 1 (era /(1+ )) e o multiplicador

do produto é zero (era 1/(1+ )). Os resultados de longo prazo do

modelo OA-DA são, no caso de previsão perfeita, iguais aos

resultados de curto prazo.

Sob previsão perfeita, vide equação (4), p aumenta 1/(1+ )

devido ao aumento de m, mais /(1+ ) devido o aumento de pe.

Ou seja, M/P não muda quando M sobe. NA PREVISÃO

PERFEITA, A POLÍTICA MONETÁRIA É NEUTRA NO CURTO

E NO LONGO PRAZO.

205

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Problemas do modelo de previsão perfeita?

1- Exige que os agentes saibam tudo da economia;

2- Nele, a economia está sempre em pleno emprego;

3- Desvios e erros são pouco relevantes.

Passemos agora ao modelo de Expectativas racionais.

206

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Modelo de ER – erros não sistemáticos

Os agentes cometem erros de previsão:

m=m-me y=y*-y*e

Veremos que o multiplicador para me é zero, mas para m ,

o multiplicador é o mesmo do modelo OA-DA.

Em ER, os erros, em média, são nulos. Se não forem, a

previsão não pode ser levada em conta nas formulações

de política.

Assim, ( m)e =0 e ( y)e =0

207

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Nível de preços de equilíbrio

Qual será p? Tomemos (4) e substituamos m por me+ m e y* por

y*e+ y*, obtendo:

p = [(me+ m) + v - (y*e+ y*)] + 1 pe (8)

(1+ ) (1+ )

Como ( m)e = ( y* )

e=0

pe=(p)e= (me+v-y*e) + 1 pe

(1+ ) (1+ )

pe = me + v - y*e

Parece previsão perfeita, só que com me e y*e ao invés de m e

y*.

208

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Nível de preços de equilíbrio

As soluções de equilíbrio são:

y = y*e + 1 m+ y* (11)

(1+ ) (1+ )

p = me + v – y*e + ( m- y* ) (12)

(1+ )

209

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Qual a conseqüência de um aumento de M em Expectativas

Racionais?

Por (11),vemos que só m afeta y, com multiplicador 1/(1+ ),

como em (3). Já me tem multiplicador zero, como em (7).

Ou seja, me funciona como previsão perfeita, e m, como OA-DA.

A política monetária antecipada é neutra; a política monetária

não antecipada tem os efeitos previstos no modelo OA-DA. O

mesmo pode ser dito para choques de oferta: antecipados (y*e) e

não antecipado y*

210

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Expectativas de Inflação - IPCA

211 Fonte : BCB

IPCA – Expectativas e Realizado

-0,5%

0,0%

0,5%

1,0%

1,5%

2,0%

2,5%

3,0%

3,5%

jan

/00

jul/0

0

jan

/01

jul/0

1

jan

/02

jul/0

2

jan

/03

jul/0

3

jan

/04

jul/0

4

jan

/05

jul/0

5

jan

/06

jul/0

6

jan

/07

jul/0

7

jan

/08

jul/0

8

jan

/09

jul/0

9

jan

/10

jul/1

0

jan

/11

Va

ria

çã

o e

m 1

2 M

es

es

T-10 T-9 T-8 T-7 T-6 T-5 T-4 T-3 T-2 T-1 T

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212

-0,5

0

0,5

1

1,5

2

%

IPCA - expectativa e realizado

T (IPCA realizado) T-1 T-2 T-3 T-4 T-5 T-6 T-7 T-8 T-9

EXPECTATIVAS DE INFLAÇÃO - IPCA

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Microeconomia da curva de oferta agregada

com informação imperfeita

Referência: DFS - cap 8 – 7ª edição

DFS Capitulo 12 – 5 ª edição

Nesta seção, examinamos o modelo de informação imperfeita de Lucas da

curva de oferta agregada

As empresas observam apenas os preços relativos ao seu próprio mercado.

Um preço elevado pode significar uma procura elevada pelo produto

daquela empresa ou uma elevação geral dos preços. Na primeira

hipótese a firma deseja aumentar a produção e na segunda desejaria

manter constante a produção.

213

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O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de

oferta agregada com informação imperfeita)

Suponha a economia como mercados distintos, “ilhas isoladas”. Se o preço

do produto da ilha estiver relativamente mais alto em relação ao produto

dos outros mercados, os habitantes da ilha i desejarão produzir mais.

A oferta de produto produzido na ilha seria:

yi= (pi-p), se os agentes conhecessem o nível de preços.

214

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O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de

oferta agregada com informação imperfeita)

Mas supondo que eles só conhecem o preço da ilha.

yi= [pi-E(p/pi)]

pi depende do nível geral de preços (p) e de choques relativos ao bem da

ilha i (zi).

Dado que os habitantes da ilha conhecem pi, mas não sabem que suas

alterações originam-se de zi ou de p, temos como melhor previsão para

p:

E(p/pi)= Ko+(1/a) pi

215

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O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de

oferta agregada com informação imperfeita)

E(p/pi)= Ko+(1/a) pi

reflete a origem dos movimentos em pi

se esses movimentos vêm mais de p, é quase 1. (aumenta preço)

se esses movimentos vêm mais de zi, é quase 0. (aumenta a produção)

O valor de é a chave para o declive da curva de oferta agregada

→ se for igual a 1, a curva de oferta agregada será vertical.

216

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Exemplo visual da formação de uma expectativa

=1(informação perfeita)

Informação parcial

=0( nenhuma informação)

E(p)

pi

217

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O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de

oferta agregada com informação imperfeita)

Podemos reescrever a oferta:

yi = [pi- (Ko+ 1/a pi)]= [(1- /a)pi – Ko]

A demanda pelo produto da ilha i depende do nível agregado do produto (y),

do choque de demanda específico do produto da ilha i (zi), e do preço

relativo do bem da ilha i (pi). Ou seja,

yi = y + zi - (pi-p)

218

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O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de

oferta agregada com informação imperfeita)

Podemos encontrar o equilíbrio para a ilha i igualando oferta e demanda

y + zi- (pi-p) = [(1-( /a))pi – Ko]

Acima está a relação de equilíbrio entre choques, preços e produto de uma

ilha específica.

Cada ilha é representativa da economia como um todo. As ilhas são

diferentes entre si, pois cada uma sofre seus próprios choques, mas a

economia agregada é formada pela média das economias de cada ilha.

Assim, o produto agregado y é a média dos y i’s e o preço agregado p é a

média dos preços pi’s. Além disso, os choques z i’s devem ter média nula.

219

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O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de

oferta agregada com informação imperfeita)

Calculando a média de ambos os lados, temos:

y= [(1- /a )p – Ko]

que é a curva OA. Pode-se mostrar que a=1, chegando assim à curva de

oferta agregada:

p = [ 1 ](y+ Ko)

(1- )

220

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O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de

oferta agregada com informação imperfeita)

p = [ 1 ](y+ Ko)

(1- )

A inclinação da OA depende tanto da inclinação das ofertas individuais ( ),

quanto da importância relativa de choques agregados versus choques

individuais ( ).

Se choques em p (sinal) são dominantes em relação aos choques de

demanda (ruído), então é próximo de 1, demonstrando um alto signal-

to-noise ratio, fazendo a OA quase vertical (resultado original de ER).

Neste caso, a moeda é neutra.

221

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O Modelo das Ilhas de Lucas (Microeconomia da curva de

oferta agregada com informação imperfeita)

Resumo:

Os agentes prevêem o nível geral de preços com base em informação

imperfeita. Os agentes não têm certeza se um aumento de seu preço se

deve ao aumento da sua demanda específica ou a um aumento do nível

geral de preços. Assim, atribuem pesos não nulos às duas causas.

Aumentos não antecipados em p geram aumentos parciais no nível de

preços antecipado, pe, e aumentos parciais no produto, y.

É esta associação positiva entre aumentos em p e em y que constitui a

curva de Phillips que se observa empiricamente.

222

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A “Nova” Macroeconomia

O fenômeno da persistência nas séries de PIB motivou uma nova tentativa de

explicação conjunta para os fenômenos de crescimento e de flutuações

(desvios da tendência).

O resultado foi deslocar as explicações que vinham do lado dos choques de

demanda para o lado dos determinantes da oferta (Lucas – [1972, 1975],

Kidland e Prescott [1982]). Essa visão beneficiou-se de novas técnicas

econométricas e de modelos de simulação.

223

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A Nova Macroeconomia - Passeio aleatório do PIB

Lógica do modelo:

A questão central é: as flutuações do produto são, na sua maioria, transitórias

ou permanentes?

Se forem permanentes, a demanda agregada (o cerne da teoria Keynesiana)

não pode ser muito importante. Por quê?

Porque segundo o modelo OA-DA, o efeito de choques de demanda

desaparecem no médio prazo, e portanto, se os choques deixam efeitos

permanentes, eles não são choques de demanda, mas choques de oferta.

224

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A Nova Macroeconomia - Passeio aleatório do PIB

Nelson e Plosser- evidências estatísticas a favor do papel dominante dos choques permanentes (ver adiante)

Variações do produto são permanentes - passeio aleatório do PIB: uma vez saído do trilho inicial, não revela tendência de voltar a ele.

Tais estudos ainda inspiraram a teoria do RBC (Ciclos Econômicos Reais).

Essa teoria foi questionada. Certamente, alterações permanentes no produto são importantes, mas não ocorrem com muita freqüência. Assim, alterações na demanda agregada seriam as maiores fontes de flutuações no produto.

225

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A Nova Macroeconomia - Passeio Aleatório do PIB

Formalização da teoria do PIB como passeio aleatório:

Suponha que a tendência em y possa ser representada através de uma

tendência temporal, como em:

yt = + t (22)

Subtraindo, yt-1= + (t-1)

yt- yt-1 = [ + t]-[ + (t-1)] ou

yt = yt-1 + ou yt = (24)

226

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A Nova Macroeconomia - Passeio Aleatório do PIB

As equações 22 e 24 são perfeitamente equivalentes. Mas, veja agora o

efeito de um acréscimo de um choque do produto u t a ambas as

equações.

No caso da 22:

yt = + t +ut ou yt= + ut – ut-1 (25)

No caso da equação 24:

yt = yt-1+ + ut ou yt= + t +ut +ut-1 +ut-2+…+u0 (26)

227

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A Nova Macroeconomia - Passeio Aleatório do PIB

Por (25), o efeito de um choque dura um período, ou equivalentemente,

choques à primeira diferença são revertidos após 1 período.

De forma oposta, em (26), o efeito de um choque no nível de y torna-se

permanente, ou seja, os choques acumulam-se ao invés de serem

revertidos.

Se uma variável torna-se “estacionária” após a retirada de uma tendência

representada por (22), ela é chamada estacionária em tendência. Y t em

(25) é uma variável estacionária em tendência (TS). Já uma variável como

yt em (26), que só pode ser tornada estacionária através de aplicação de

diferença, é chamada estacionária em diferença (DS).

Definição de estacionariedade: os dois primeiros momentos (média e

variância) são constantes no tempo.

228

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A Nova Macroeconomia - Passeio Aleatório do PIB

A melhor descrição para o produto é dada por (25) ou por (26)? Por que isso

é importante?

É importante porque, segundo nosso modelo AS-AD, os ciclos de negócios

causados pelas flutuações da demanda agregada são relativamente

curtos (poucos trimestres). Já os choques à oferta agregada são

permanentes quando advindos de variações na tecnologia e na

produtividade.

Nelson e Plosser mostraram que o PIB americano inclui tanto componentes

permanentes quanto transitórios, mas os choques permanentes

predominam. Isso foi uma ducha de água fria entre os proponentes da

demanda agregada como o ator principal da economia.

229

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A Nova Macroeconomia - Passeio Aleatório do PIB

É hoje universalmente aceita a idéia de que distúrbios (choques) com

impacto prolongado são importantes para a economia.

Entretanto, a inferência de que a demanda agregada é relativamente pouco

importante permanece controversa.

Uma visão alternativa é a de que grandes e relativamente permanentes

choques de oferta ocorrem, mas só em ocasiões raras. Na maioria das

situações são os choques de demanda que predominam. [Perron, ECTA,

1989]

230

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A Nova Macroeconomia - Passeio Aleatório do PIB

A “disputa econométrica” entre modelos estacionários em diferença e

modelos estacionários em tendência com quebras não pode ser resolvida

com as séries curtas de que dispomos.

Ou seja, permanece a controvérsia sobre a importância dos choques de

demanda.

231

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Teoria dos Ciclos Reais

Pela teoria dos ciclos reais, flutuações no produto são

oriundas de choques reais na economia, com os mercados

se ajustando rapidamente e permanecendo sempre em

equilíbrio.

Esta teoria está bastante ligada a teoria das expectativas

racionais.

Mudanças antecipadas de política monetária não teriam

efeitos reais sobre a economia.

Apenas mudanças não antecipadas têm efeitos sobre a

economia, mas esses efeitos são rapidamente corrigidos.

Assim, choques na demanda não são muito importantes.

232

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A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)

Tendo levado à lona as possíveis causas monetárias das flutuações, a teoria

dos RBC defronta-se com duas tarefas:

Quais são os choques que atingem a economia?

Quais são e como operam os mecanismos de propagação?

Por que os choques parecem ter efeitos duradouros?

233

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A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)

O objetivo é explicar por que o emprego e o produto são altos em expansões,

e reduzidos em recessões.

Uma possível explicação é que o salário real, W/P, sobe em expansões e cai

em recessões, fazendo variar a quantidade ofertada de trabalho.

Infelizmente (para os adeptos dos RBC), não há comprovação empírica

dessa hipótese. As evidências indicam que a elasticidade da oferta de

trabalho em relação ao salário real é muito pequena. Além disso, o

salário real varia pouco ao longo do ciclo.

234

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A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)

A forma pela qual os modelos RBC explicam grandes movimentos no produto

com pequenos movimentos nos salários reais é através da

substituição intertemporal de lazer.

Existe uma elasticidade elevada da oferta de trabalho como reação às

variações temporárias do salário real. Ou seja, as pessoas estão muito

dispostas a substituir lazer (e por conseguinte, trabalho) ao longo do

ciclo econômico.

Elas se importam com o esforço (quantidade de trabalho) total, mas não se

importam com quando trabalhar.

235

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A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)

Exemplo: suponha que durante um período bienal os trabalhadores estão

planejando trabalhar 4000 horas (50 semanas x 40 horas x 2 anos) ao

salário vigente.

Se o salário não flutuar nesse período bienal, eles trabalharão

uniformemente, 2000h em cada ano.

Entretanto, se o salário no primeiro ano for somente 2% mais alto que no

segundo ano, eles preferirão trabalhar 2200h no primeiro ano

(eliminando as férias e fazendo horas-extras) e apenas 1800 no

segundo ano.

Substituindo entre os anos, trabalha-se o mesmo tempo total, mas aumenta o

rendimento.

236

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A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)

Note, contudo, que a substituição intertemporal do lazer não implica que a

oferta de trabalho seja sensível a mudanças permanentes no salário.

Se o salário subir, e se mantiver mais alto, não há nenhum ganho em

trabalhar mais no primeiro ano do que no segundo.

Neste caso, os trabalhadores continuariam a trabalhar 2000h em cada ano, o

que daria uma elasticidade nula (pequena) da oferta de trabalho em

relação aos salários.

A substituição intertemporal de lazer consegue gerar grandes movimentos na

quantidade de trabalho realizado em resposta a pequenas mudanças

nos salários, o que vai ao encontro da evidência empírica de grandes

efeitos no emprego e no produto estarem acompanhados de pequenas

mudanças nos salários.

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A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)

Perturbações (Distúrbios):

A propagação dos ciclos econômicos é desencadeada por acontecimentos ou

perturbações que alteram os níveis de equilíbrio do produto e do

emprego em mercados específicos e na economia em geral.

Perturbações mais importantes: choques sobre produtividade, ou choques da

oferta, e choques sobre a despesa pública.

238

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A Nova Macroeconomia - Ciclos Reais de Negócios (RBC)

O legado da teoria dos RBC foi principalmente metodológico, tendo

influenciado bastante a forma pela qual se faz pesquisa em

economia.

Hoje em dia, os principais modelos de RBC já incorporam vários

resultados tradicionais, como os efeitos da política monetária.

239

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Modelos Neo-Keynesianos de Rigidez de Preços

A ortodoxia keynesiana dos modelos de OA-DA foi atingida pela introdução das teorias de expectativas racionais e RBC (revolução novo-clássica).

Em todos os modelos descritos anteriormente, temos o mercado se ajustando rapidamente.

No início dos anos 80 até hoje, uma contrarevolução novo-keynesiana surgiu.

Os modelos novo-keynesianos mantêm a hipótese de racionalidade dos indivíduos dos modelos clássicos, mas desenvolvem modelos na qual os mercados não se equilibram rapidamente e os preços nem sempre se ajustam às mudanças na oferta de moeda, ou seja, mantêm os resultados da OA-DA.

Esses modelos baseiam-se em concorrência imperfeita, para explicar como que decisões racionais dos indivíduos geram os ciclos indesejáveis no produto.

240

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Modelos Neo-keynesianos de rigidez de preços

Portanto, os novo-keynesianos acreditam na teoria das expectativas racionais, mas observam que a economia demora mais para retornar para o equilíbrio do que previsto pelos modelos neo-clássicos.

Esses economistas focam na rigidez que os preços podem ter e tentam buscar os fundamentos microeconômicos dessa rigidez.

Quando a quantidade de moeda aumenta, todas as firmas deveriam ajustar proporcionalmente seus preços, como previsto pelos modelos clássicos.

Porém, há custos (“custos de menu”) em reajustar os preços e esses custos podem ser maiores que a perda de receita em permanecer com o preço “errado”.

Esses custos podem ser também: coletar informação, manter os clientes e contratos com fornecedores ou salariais de médio prazo.

241

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Modelos Neo-Keynesianos de Rigidez de Preços

Frente a uma mudança de preços na economia, as firmas só irão mudar seus próprios preços se os benefícios forem maiores que os custos.

O problema desta teoria é que os “custos de menu” são em geral muito pequenos, o que desacreditava este argumento.

Mankiw resolve este problema mostrando que se a firma possuir algum poder de mercado, pode ser que o aumento de lucro em ajustar seu preço seja menor que os custos.

Na verdade, quando a firma é competitiva, estar com o preço fora do equilíbrio implica grandes prejuízos. Mas se a firma enfrentar uma demanda pouco elástica, o lucro é menos sensível à variação de preço e neste caso os custos de menu podem sobressair.

O aumento de lucro seria menor quando:

O desvio do preço é pequeno;

A elasticidade da demanda é baixa.

242