Aula 2 - Raças

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RAÇAS De maneira simples e direta, pode-ser classificar as raças bovinas de interesse para produção de carne no Brasil como Raças européias da subespécie Bos taurus taurus, e Raças indianas da subespécie Bos taurus indicus. As raças européias podem ser separadas assim: a) raças européias adaptadas ao clima tropical, como a Caracu; b) raças européias britânicas, como a Angus e a Hereford, e c) raças européias continentais, como as francesas Charolês e Limousin, as suíças Simental e Pardo Suíço, ou as italianas Marchigiana e Piemontês. As raças de origem indiana, do grupo Zebu, bem conhecidas no Brasil, que tiveram ou estão tendo uma participação decisiva no desenvolvimento da pecuária tropical, são por ordem de importância histórica, a Gir, a Guzerá e a Nelore. As raças Indubrasil e Tabapuã, embora sejam do grupo Zebu, não são indianas porque foram formadas no Brasil. É o caso também da raça Brahman, que foi formada nos Estados Unidos, a partir de cruzamentos entre raças indianas. Raça Angus A origem da raça Angus é especulativa. Há quem acredite que a formação se deu a partir de uma raça mocha da Inglaterra, outros defendem a idéia que a formação se deu a partir de uma mutação de uma raça primitiva da Escócia, de coloração negra e aspecto carnudo, encontra-se em fase de franca expansão em todo o Brasil, ganhando espaço dentro do contexto da pecuária de corte, bem como em projetos de Cruzamento Industrial, onde imprimi uma terminação precoce e qualidade de carne superior. Os animais apresentam bom rendimento de carcaça (em torno de 52%). Sua carne é reconhecida como a melhor em todo o mundo, com base nas características de maciez, suculência e marmoreio. Generalidades O berço da raça angus é a Escócia e seu nome foi tomado dos condados onde começou seu desenvolvimento: Aberdeen e Angus. A história registra a existência dos "vacuns mochos pretos", no condado de Angus, antes do século XVI e sua origem é tão remota que é impossível precisar como e quando apareceram. O primeiro reprodutor aberdeen angus a entrar no Brasil foi em 1906, Bagé, município situado na Fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai. Padrão da raça Cabeça: de tamanho médio, pouco alongada, de perfil entre ligeiramente côncavo a reto. Olhos amplos, bem separados. Orelhas de tamanho médio nos machos e grandes nas fêmeas. - Pescoço: de comprimento médio com musculatura firme. - Pele: de espessura fina a média, de pêlos finos, curtos e densos. - Cor: preto ou vermelho. Os pêlos brancos com pele clara. O úbere pode ter manchas brancas, desde que abranja parcialmente sua superfície. Aptidões O aberdeen angus se destaca ente as raças taurinas por reunir um grande número de características positivas que lhe asseguram um excelente resultado econômico como gado de corte. Em comparação com outras raças, o aberdeen angus têm demonstrado que, nas mesmas condições alimentares, atinge mais cedo a puberdade e o estado de abate. A precocidade do angus reflete-se no abate de novilhos jovens, que, além de uma necessidade mercadológica, é fator fundamental de uma pecuária de retorno mais rápido. A rusticidade é facilmente identificada

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RAÇASDe maneira simples e direta, pode-ser classificar as raças bovinas de interesse para produção de

carne no Brasil como Raças européias da subespécie Bos taurus taurus, e Raças indianas da subespécie Bos taurus indicus.

As raças européias podem ser separadas assim: a) raças européias adaptadas ao clima tropical, como a Caracu; b) raças européias britânicas, como a Angus e a Hereford, e c) raças européias continentais, como as francesas Charolês e Limousin, as suíças Simental e

Pardo Suíço, ou as italianas Marchigiana e Piemontês.As raças de origem indiana, do grupo Zebu, bem conhecidas no Brasil, que tiveram ou estão tendo

uma participação decisiva no desenvolvimento da pecuária tropical, são por ordem de importância histórica, a Gir, a Guzerá e a Nelore. As raças Indubrasil e Tabapuã, embora sejam do grupo Zebu, não são indianas porque foram formadas no Brasil. É o caso também da raça Brahman, que foi formada nos Estados Unidos, a partir de cruzamentos entre raças indianas.

Raça Angus

A origem da raça Angus é especulativa. Há quem acredite que a formação se deu a partir de uma raça mocha da Inglaterra, outros defendem a idéia que a formação se deu a partir de uma mutação de uma raça primitiva da Escócia, de coloração negra e aspecto carnudo, encontra-se em fase de franca expansão em todo o Brasil, ganhando espaço dentro do contexto da pecuária de corte, bem como em projetos de Cruzamento Industrial, onde imprimi uma terminação precoce e qualidade de carne superior. Os animais apresentam bom rendimento de carcaça (em torno de 52%). Sua carne é reconhecida como a melhor em todo o mundo, com base nas características de maciez, suculência e marmoreio.

Generalidades

O berço da raça angus é a Escócia e seu nome foi tomado dos condados onde começou seu desenvolvimento: Aberdeen e Angus. A história registra a existência dos "vacuns mochos pretos", no condado de Angus, antes do século XVI e sua origem é tão remota que é impossível precisar como e quando apareceram. O primeiro reprodutor aberdeen angus a entrar no Brasil foi em 1906, Bagé, município situado na Fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai.

Padrão da raça

Cabeça: de tamanho médio, pouco alongada, de perfil entre ligeiramente côncavo a reto. Olhos amplos, bem separados. Orelhas de tamanho médio nos machos e grandes nas fêmeas.

- Pescoço: de comprimento médio com musculatura firme.

- Pele: de espessura fina a média, de pêlos finos, curtos e densos.

- Cor: preto ou vermelho. Os pêlos brancos com pele clara. O úbere pode ter manchas brancas, desde que abranja parcialmente sua superfície.

Aptidões

O aberdeen angus se destaca ente as raças taurinas por reunir um grande número de características positivas que lhe asseguram um excelente resultado econômico como gado de corte. Em comparação com outras raças, o aberdeen angus têm demonstrado que, nas mesmas condições alimentares, atinge mais cedo a puberdade e o estado de abate. A precocidade do angus reflete-se no abate de novilhos jovens, que, além de uma necessidade mercadológica, é fator fundamental de uma pecuária de retorno mais rápido. A rusticidade é facilmente identificada pelo grande número de animais (macho e fêmeas) espalhados pelas varias regiões de climas diferentes do país, mantendo suas qualidades inalteradas. Grande adaptação às condições ambientais dos territórios onde é criado, seja com temperaturas extremas, altas ou baixas, solo seco ou alagadiço, campos altos ou abrigando pastagens ricas ou pobres. A facilidade do parto gera um terneiro de porte médio.

A qualidade de carne é um dos atributos excepcionais da raça aberdeen angus, garantindo-lhe uma posição de liderança, evidenciada através da opinião de autoridades do setor, e confirmada nos mais diferentes concursos realizados nos principais mercados produtores. O aberdeen produz um animal com alta qualidade de carne, apropriada não só para o mercado interno, como também para exportação: este animal apresenta de 3 a 6 mm de gordura (exigências européias) e sua carne é marmorizada (gordura entremeada na carne).

Raça Aquitânica

Formada pela junção do mesmo tronco genético (blonde d'aquitaine x caracu), esta "nova raça" de bovinos começou a ser desenvolvida no Brasil em Uruguaiana (RS) e vem sendo melhorada geneticamente

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em diversas condições ambientais, como no pantanal mato-grossense, no cerrado goiano, no Nordeste brasileiro e na região do chaco paraguaio.

Características

A raça aquitânica é chamada de sintética, uma vez que é "produzida" a partir de duas outras raças, aproveitando o que há de melhor em ambas as raças sintetizadas. Seu nome foi escolhido em função do blonde - uma raça moderna, de ótima fertilidade e facilidade de parto, precocidade, excelente cobertura muscular e rendimento de carcaça com tolerância razoável ao calor.

Padrão da raça

Esta é uma raça de grande rusticidade (o aquitânico é um animal aclimatado); couro fino com pêlo variando do curto a zero e de coloração variando do branco ao amarelo; cabeça pequena; e muito boa conversão alimentar.

Aptidões

- o macho (produto aquitânico) tem o hábito de acompanhar a vaca nelore no pasto, não procura a sombra (pois não sofre muito o efeito do calor) e com isso aumenta os níveis de prenhez;

- alta penetrância genética, porque sendo animais do mesmo tronco genético blonde e caracu, proporcionam maior vigor híbrido quando cruzados com zebuínos.

Existem animais mochos e aspados, embora na maioria das propriedades a amochação, hoje. Não é uma raça de dupla aptidão. Mas, devido à presença do caracu, são gerados animais com ótima habilidade materna, servindo até para tirar leite para o gasto.

Raça BeefaloQuando os europeus chegaram à América Norte, no século XV e XVI, deparam-se com extensos

rebanhos nativos de um animal classificado como bisão (sendo chamados por alguns de "búfalo americano"). Somente os índios conseguiam viver explorando os bisões, pois ambos eram nômades. Após décadas de matanças organizadas pelos colonos americanos, este animal quase chegou à extinção. Foi a partir de 1914 que começaram as primeiras experiências de cruzamento com o gado bovino, por iniciativa do Canadá, salvando a espécie do desaparecimento. No final da década de 40, trilhou um novo caminho que culminou, em 1957, com o primeiro touro fértil ¾ sangue bisão. O nome beefalo originou-se na década de 70, resultante da produção de animais férteis com sangue 3/8 bisão e 5/8 bovino. No final de 1991, foram importados 106 animais que deixaram o rigoroso inverno de -30ºC em Wyoming (EUA), para um calor intenso no Mato Grosso do Sul. Hoje, estes animais estão plenamente adaptados, onde um grupo de profissionais desenvolvem tecnologia avançadas para viabilizar sua implantação no país.

Características

O beefalo herdou do bisão a rusticidade, que possibilita o uso da raça na monta natural e sua criação maneira extensiva, a pasto. Outras características são significativas:

- Precocidade: grau elevado de precocidade em serviço após 14 meses de idade. Rápido ganho de peso e terminação com 2 anos.

- Fertilidade: Registra alta taxa de fertilidade, semelhante ao dos bovinos europeus.

Um exemplo de ação bem-sucedida com a raça beefalo, o ganho do desmame no sétimo mês, com fêmeas pesando ao redor de 190kg e os machos com 210 kg.

Raça Beefmaster

Raça Blanc-Bleu-Belge

É a raça "Azul" da Bélgica, formada pelo acasalamento do gado nativo Belga com a raça Durham ou com o Charolês. Apresenta sempre musculatura dupla no posterior, o que é uma marca da nova raça. Rapidamente, ganhou o nome se "Super boi", despontando como uma inovação no mercado de carnes no mundo. A pelagem pode ser branca, ruã, azulada e até preta. A carcaça é ideal para retaliação, produzindo até 20% a mais que outras raças e com 10% a menos de ossos. São normais rendimentos de carcaça acima de 70%. No Brasil, alguns cruzamentos foram feitos com Nelore, não havendo problemas de parto.

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Raça Blond D´Aquitaine  Na modernidade, a raça Blonde d'Aquitaine resultou de uma fusão entre as raças Garonne, Quercy e Blonde des Pyrénées. As três se transformaram em uma. O animal de grande porte, apto para o trabalho, com excelente taxa de crescimento vem cedendo lugar a um formidável animal de corte. O rendimento de carcaça, acima de 60-65%, com carne muito apreciada, levando a raça a ganhar, constantemente, novos mercados.

Generalidades

Não existem dados suficientes para discutir a origem desta raça francesa, embora existam diversas variedades nos vales dos Pirineus. A raça blonde d'aquitaine resultou de uma fusão ente garonne, quercy e blonde, que deveria ser denominada blonde du sudouest, mas isso não se verificou. O habitat do gado amarelo-avermelhado dos Pirineus encontra-se no externo sudoeste da França, delimitado pelas margens do rio Garonne, Burdeos, Périgord, Quercy e Gascogne.

No Brasil a raça adaptou-se bem. Em 1913 a raça garoneza garantia bons produtos quando cruzada com o caracu - base da pecuária na época. A raça voltou a ser introduzida em 1972. Existem dois estudos de formação de raças pelo cruzamento de blonde com caracu: e a aquitânica e a tropicana (3/8 blonde d'aquitaine e 5/8 caracu), esta ultima iniciada a partir de 1994.

Padrão da raça

A pelagem é de uma só cor: parda variando até o ligeiramente vermelho ou do amarelo é claro até o amarelo escuro. O pelo é suave e curto, mas nunca eriçado. Condenam-se as manchas brancas, negras ou de cor vermelha escura, nas extremidades, na parte inferior do abdômen e nos flancos. A pele é flexível, de grossura media e coloração rosada, sem pigmentação negra ou castanha em torno dos orifícios naturais.

Raça Bonsmara

O Bonsmara é uma raça funcional, saudável e fértil. É uma alternativa viável ao gado Zebu para o aumento da eficiência de produção de carne nas regiões  do mundo    que necessitem de adaptação ao clima quente.Todas as características identificadas como sinônimo de boa adaptação.

Raça Braford

A raça foi formada na Flórida pelo cruzamento entre Brahman e Hereford. É uma raça dócil, rústica, precoce, resistente e de alto rendimento de carcaça. No Brasil, os cruzamentos de Hereford com Nelore, Tabapuã e outras raças zebuínas têm sido realizados com sucesso, há longo tempo no rio Grande do Sul, e recebem a denominação de Braford, Pampiana Braford ou Santa Clara. Provavelmente, a raça formada por estes cruzamentos passe a ser denominada apenas por Pampiana.

Características

O macho braford é extremamente fértil, viril e precoce, adaptando-se muito bem às condições de reprodução a campo. É capaz de transferir os gens de precocidade, fertilidade, temperamento dócil e qualidade de carne do hereford e rusticidade e rendimento de carcaça dos zebuínos. Fêmeas braford são precoces e férteis. Esta matriz tem comprovado potencial de entrar em reprodução, totalmente a campo, aos 18 meses de idade.

Padrão da raça

De um modo geral, a raça apresenta pêlo curto e lustroso. A pelagem é vermelha em todas as suas variações no grau 3/4 zebu admitem-se todas as tonalidades. Os testículos, além da normalidade anatômica, nunca devem medir menos de 33cm de circunferência, sendo o prepúcio de tamanho médio ou curto. Quanto ao desenvolvimento e conformação, estes variam de individuo, em relação aos seus contemporâneos e conforme as condições ambientais onde são criados. Discriminam-se animais muito altos.

Raça Brahman

É a raça zebuína melhorada nos Estados Unidos, sua formação iniciou com a importação de gado brasileiro com predominância da raça Guzerá e algumas evidências indicam, também a participação das raças Gir e Nelore. É uma raça utilizada em diversos cruzamentos com raças européias (Devon, Hereford, Angus, Charolês, Limousin, Simental, Chianina, e outras). A raça Brahman não é indiana porque foi formada nos Estados Unidos, a partir de cruzamentos entre raças indianas.

Raça Brangus

Raça formada pelo cruzamento entre Brahman e Aberdeen Angus. O gado é mocho, com pequena

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giba entre o pescoço e as espáduas. Coloração negra com algumas pintas brancas na região umbilical. A carne, como no Aberdeen Angus, é bem marmorizada. 

Raça Canchim

Produto do cruzamento do Charolês com o Zebu (Indubrasil, Guzerá ou Nelore). A pelagem é creme, uniforme, com pêlos curtos e a pele escura. Nas regiões de alta insolação, admite-se o gado com pelagem acinzentada. Gado rústico, precoce, com bom ganho de peso e produz carne de boa qualidade.

Generalidades

A raça canchim foi criada a partir da rusticidade do nelore somada á produtividade do charolês, visando exatamente às qualidades de resistência e produtividade.

A raça utilizada nos trabalhos de cruzamento para formação do gado canchim foi a charolesa, por se tratar de uma raça de grande rendimento e a única raça européia especializada para corte a apresentar condições satisfatórias de adaptação natural ao Brasil Central.

Características

O canchim é fruto de um trabalho científico que visa viabilizar economicamente a obtenção de carne de melhor qualidade nas condições brasileiras. Se comparado com touros de raças zebuínas, produz o mesmo número bezerros, porém com qualidade superior, pois são mais pesados; em relação aos touros de raças européias ele produz bezerros com o mesmo peso, porém em maior quantidade.

Há poucos anos, o padrão revisto visando enquadrar cada vez mais o canchim dentro dos principais requisitos da pecuária de corte:

- a precocidade no ganho de peso; - a precocidade na maturidade sexual e - a precocidade no acabamento da carcaça.

Como conseqüência foi introduzida a obrigatoriedade da medida da circunferência escrotal para registro dos machos. Como é sabido, o tamanho da circunferência escrotal tem alta correlação com o ganho de peso e maturidade sexual dos filhos descendente daquele reprodutor.

Outras características podem ser observadas:

- pelagem: cinza, vermelha e branca; - pele: solta, abundante e escura, com pêlos curtos, densos e brilhantes; - orelhas: de tamanho médio;- umbigo: médio.

Cruzamento industrial

O objetivo dos programas de cruzamentos alternados foi obter de um lado, mestiços 5/8 charolês - 3/8 zebu e, de outro lado, animais 3/8 charolês - 5/8 zebu, e avaliar um esquema mais indicado para esses cruzamentos.

Raça Caracu

É o gado europeu mais adaptado ao clima tropical, pois está presente no Brasil desde o período colonial. Esta raça descende de bovinos portugueses (Minhota e Alentejana). No início a pelagem era a mais variada possível. Hoje, a pelagem é amarela, variando até o vermelho, evitando-se pêlos negros e brancos. O Caracu é considerada uma raça de dupla aptidão que surge como excelente opção nos cruzamentos, devido a sua secular adaptação aos trópicos.

Generalidades

A raça caracu é descendente direta dos animais dos troncos Bos tauros, ibéricos e os Bos tauros aquitanicus, basicamente trazidos para o Brasil pelos colonizadores portugueses. A primeira entrada destes animais ocorreu em 1534 em São Vicente (SP). Foram criados durante vários séculos enfrentando todos os tipos de dificuldades como alimentação escassa, doenças, clima forte e parasitas. Esta pressão de seleção natural moldou os animais chamados crioulo (nativos), destes foram separados os de pêlo amarelo e, daí formado o caracu. Em 1909 formou-se o posto de seleção de raças nacionais caracu.

Características

O que mais chama a atenção na raça, por ser de origem européia, é a extraordinária adaptação ao clima tropical e subtropical. A seleção natural provocou modificações anatômicas e fisiológicas que lhe proporcionaram as características a seguir:

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- pelo curto;- resistência ao calor;- resistência a endo e ectoparasitos;- cascos resistentes, tanto para duros quanto encharcados; - umbigo curto e sem prolapso prepúcio;- capacidade de digerir fibras grosseiras;- facilidade de parto.

Padrão da raça

- Pêlo: curto e inclinado, pelagem nos vários tons de amarelo, sem pêlos pretos ou manchas brancas; - umbigo: curto e sem prolapso de prepúcio; - orelhas: pequenas; - prepúcio: curto; - vassoura do rabo: amarela;- mucosa: alaranjada.

Raça Charolês

Os animais são grandes e pesados com amplas massas musculares e alto rendimento de carcaça. A pelagem é branca ou creme (amarelo claro) com reflexos amarelados. A pele não é pigmentada, nem as mucosas, o focinho, os cascos e os chifres, sendo ideais para o clima temperado. A carne é de excelente qualidade, com pouca gordura superficial, embora bastante marmorizada internamente, com rendimento de carcaça entre 58 a 65% a pasto e entre 65 a 70% em confinamento.

Generalidades

A raça charolesa já existia há mais de 50 anos a.C., onde evoluiu lentamente no passado, e com muita rapidez no século XX. O gado habitava a comarca de Charolais, na região central da França, entre os fios Loire e Sâone. No Brasil, o charolês teve sua porta de entrada em Pelotas, no Rio Grande do Sul, em 1885.

Características

A raça é especializada em produzir grande massa muscular, com pequena capa de gordura, associando sua qualidade rústica e adaptabilidade a uma variedade climática do frio ao subtropical. Um gado precoce e especializado em carne, destacando-se pelo grande rendimento de carcaça, estrutura física (conformação), com preponderantes características raciais e maturidade sexual.

Destacam-se os principais aspectos da raça:

- Fertilidade: desde sua chegada tem vivido e se multiplicado fortemente com destaque para o campo; - Habilidade materna: As mães criam seus bezerros no campo, isso por mais de 100 anos, desmamando-os com peso médio de 200 kg (6-8 meses); - Eficiência de conversão alimentar: o tempo de desmame para o abate é menor;

A carne do gado charolês é uma das mais saudáveis, com pouca gordura e baixo colesterol. A raça está ente as três mais importantes para a produção de carne bovina e é utilizada nas variadas modalidades de cruzamentos, visando o ganho de peso destacando o seu rendimento na carcaça.

Padrão da raça

A linhagem brasileira é resultante de três padrões distintos: o francês (animais de maior massa muscular), o inglês (gado mais elevado, mais comprido, mais moderno); o argentino (intermediário entre os tipos francês e inglês). Originou, assim, o charolês de pelagem clara e grande porte.

Raça Chianina

Raça primitiva da região central da Itália teve sua origem no vale de Chiana, entre Toscana e Umbria, por volta de 1500 a.C. Acredita-se que a chianina é oriunda das fusões entre Bos primigenius e Bos brachyceros. A raça tomou-se preferida dos romanos, durante o apogeu do Império. Os primeiros animais chianina que deixaram a Itália vieram para o Brasil (estado de São Paulo) em 1956.

Características

Animal de biotipo produtor de carne e alto rendimento de carcaça possuem também excelente taxa de conversão alimentar. A chianina possui ótima tolerância às temperaturas elevadas em ambientes tropicais, com grande velocidade de ganho de peso. Esta é uma raça de grande precocidade, alto rendimento no abate, de fácil adaptação ao pasto, boa rusticidade e alta fertilidade.

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Padrão da raça

A chianina possui o seguinte padrão:

- pelagem: branco-porcelana, de pele solta, pigmentada de preta.- espelho nasal, vassoura da cauda e aberturas naturais (ânus e vulva) também são pigmentados; - cascos: fortes e pretos.

Raça CurraleiroA raça curraleiro teve a sua origem em raças provenientes da Península Ibérica, trazidas pelos

portugueses durante o período da colonização e, com o passar dos anos, e desenvolveu-se em regiões de clima semi-árido, sendo, portanto, muito rústico e resistente a endo e ectoparasitaslocal para onde foram trazidas. O Curraleiro produz pouco leite; e pouca carne. Por isso mesmo ele é conhecido como o "pé duro brasileiro". Essa raça é encontrada principalmente no Nordeste. Utilizada para puxar arado nas lavouras do Ceará.

Raça Devon

O Devon ou Dévon do Norte, ou "Rubi" ou ainda "Rubi do Oeste" pode ser considerado uma das mais antigas raças do Reino Unido (Ilhas Britânicas), sendo nativo do sudoeste da Inglaterra. Apresenta coloração vermelho-cereja escuro, podendo apresentar manchas mais escuras. A pele é alaranjada, com pigmentação muito visível ao redor dos olhos e do focinho. Hoje a raça dividiu-se em Devon do Norte e Devon do Sul, sendo a segunda mais rústica. No Brasil tem sido sugerida a formação da raça sintética Bravon (Devon x Zebu) para criação nas regiões tropicais.

Generalidades

O gado devon, ou devon do norte teve surgimento da raça neste país remanesce da época das expedições fenícias buscando estanho em Cornwall, com mudanças raciais acentuadas observadas nos últimos anos. O Devon no Brasil se deu em 1906, na região de Pedras Altas-RS, depois em Alegrete e municípios gaúchos vizinhos. Em 1914, a cidade de Bagé-RS, inscreveu o primeiro lote de reprodutores puros da raça, duas vacas e um touro, de procedência inglesa. Em 1915, foi registrado o primeiro devon de nome "Bagé".

Características

Na região de origem, este gado tem triplo propósito - carne, leite e trabalho. Nos demais países, é basicamente produtor de carne, mesmo aproveitando-se secundariamente o leite. A conformação é a de um animal aperfeiçoado para o corte, respondendo bem a uma boa alimentação e rendimento muito elevado. Produz carne de primeira qualidade, marmorizada e de fibra fina.

Criado de forma puro ou cruzado com outras raças, o devon apresenta rápida terminação e excelente rendimento de carcaça. Sua capacidade de conversão alimentar e de produção de carne de qualidade estão entre as melhores do mundo, sendo suas características mais marcantes:

- rusticidade (adaptação a qualquer clima e qualquer altitude); - conformação de carcaça; - fertilidade; - habilidade materna; - precocidade; - habilidade na conversão alimentar e - docilidade.

As vacas são rústicas, prolíferas e dotadas de alta produção leiteira. Comparadas às raças de corte, são tidas como de grande lactação. Seus terneiros possuem em média 35 quilos, sendo relativamente pequenos.

Padrão da raça

Os animais são simetricamente proporcionais, com pelagem avermelhada escura sobre uma pele de cor amarelada; no Brasil denomina-se de pelagem rubi. A pigmentação é maior em tomo dos olhos.

Raça Gir

Segundo sugestões da literatura sagrada hinduísta, talvez seja a raça zebuína mais antiga do planeta. A coloração popular é a de fundo claro ("branco-sujo") com pintas avermelhadas ("chitas"), ou a de fundo vermelho com pintas claras, variando por vários tons entre amarelo e vermelho-escuro. As orelhas são pendulares, semelhantes a "folha seca", formando uma dobra característica na extremidade, voltando para dentro. Os chifres são voltados para fora, para baixo e para traz. A giba ("cupim") é bem saliente nas fêmeas e avantajada nos machos. Quanto a aptidão, existem dois tipos de Gir: o leiteiro e o de corte.

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Raça Guzerá

É uma raça de grande porte, com pelagem "azulega" (cinza azulado), sendo escuros o posterior e as extremidades do animal (face, patas e cauda). Os chifres são em forma de lira (para cima, abertos e fechados para dentro) é utilizado para a confecção dos famosos berrantes dos boiadeiros. As orelhas são medianas com estreitamento característico nas pontas. O Guzerá se destaca como a raça zebuína mais versátil na atualidade. Cruzamentos com raças européias ou formando o cruzado Guzonel (Guzerá x Nelore) que são notáveis vacas-criadeiras (devido a alta habilidade materna do Guzerá). No Brasil, o Guzerá está presente, principalmente, no nordeste, sendo a única raça que sobreviveu, produtivamente, aos cinco anos de seca (1978 a 1985). Também é muito criada no Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Goiás.

Raça Hereford

Prevalece a pelagem vermelha e branca (totalmente vermelho, com cabeça, peito, região abdominal, parte inferior dos membros, faixa estreita no dorso e vassoura da cauda brancos). A pele e o focinho não são pigmentados. A cara branca é dominante e transmitida aos produtos de cruzamento, independente das raças utilizadas. É um gado de pastoreio e engorda em campos de boa qualidade. A aptidão principal do Hereford é a produção de carne. É extremamente resistente às condições adversas, tanto ou mais que qualquer outra raça européia.

Generalidades

A raça hereford tem registros de origem no Condado inglês do mesmo nome (provavelmente de cruzas entre bovinos escandinavos e franceses, há mais de 150 anos). No Brasil, o primeiro exemplar chegou em 1906.

Características

A versatilidade e a eficiência da raça hereford, são comprovadas na relação de seis habilidades quase que exclusivas:

- adaptação aos mais diversos ambientes e sistemas de produção, graças a sua docilidade e rusticidade; - índice de fertilidade dos mais altos da espécie, quando favorecidos com manejo e alimentação adequados;

- excepcional ganho de peso a pasto;- preponderante nos cruzamentos com outras raças, especialmente as zebuínas; - indiscutivelmente a raça mais cosmopolita do mundo, o que facilita genética abundante e qualificada; - Espetacular índice de rendimento de carcaça, superando outras raças européias.

Padrão da raça

Desde sua descoberta, o hereford manteve a pelagem vermelha, variando do amarelo até o cereja. No começo ocorriam as seguintes pelagem: vermelha de cara branca, vermelha de cara salpicada, cinza clara e parda. Gradualmente, a pelagem "pampa" característica foi se impondo, hoje considerada " marca de pureza" da raça.

Raça Indubrasil

É a primeira raça neozebuína do mundo, foi formada pelo cruzamento entre Guzerá e Nelore (1890 a 1920) e com introdução da raça Gir entre 1911 e 1920. Apresenta grande porte, habilidade para longas caminhadas e matrizes eficientes. A pelagem é branca, amarela, cinza ou vermelha, podendo apresentar a frente, o posterior e as extremidades escuras. A pele é negra, as orelhas são longas, pendulares, com face interna voltada para frente e as extremidades curvadas para dentro. É a raça bovina com orelha mais comprida no mundo. Atualmente, o hábitat está restrito ao Nordeste e a Minas Gerais, pois as fêmeas Indubrasil continuam sendo procuradas como base em cruzamentos. É a raça brasileira mais difundida no exterior, com rebanhos na maioria dos países latino-americanos e nos Estados Unidos.

Características

O indubrasil na idade adulta apresenta as seguintes características: Sem tecnologia, o indubrasil, do acaso, constituiu a primeira história, encenada antes de 1950. Agora surge a nova fase, com a verdadeira fisionomia da raça, disposta a ocupar seu espaço no mercado pecuário. "Além do vasto mercado interno, que admira o grande porte e grande volume, em primeira instância, indubrasilistas estão voltando os olhos para o mundo e constataram que esta é a raça mais vitoriosa fora dos limites do Brasil".

Padrão da raça

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- orelha: pendentes, de médias a longas; - cupim ou giba: bem plantado sobre a cernelha; nas fêmeas é menor e menos caracterizado; - umbigo: reduzido; - cauda e vassoura: comprida e fina, na linha ou abaixo dos jarretes. Vassoura ligeiramente mesclada; - pelagem: uniforme, branca e cinza, em suas diversas variedades. Admite-se a amarela e vermelha uniforme; a pele: preta ou escura, solta, fina, flexível, macia, oleosa, róseo no úbere e região inguinal.

O indubrasil apresenta a mais comprida orelha entre as raças bovinas do mundo. Em uma ampla pesquisa realizada na década de 1980, confirmou o aumento do seu tamanho ainda mais, nos últimos tempos.

Raça LageanoRaça em extinção. Gado desigual, de grande rusticidade, descendentes dos primeiros bois trazidos

de Portugal logo depois do descobrimento. Ainda não é reconhecida pelo Ministério da Agricultura. Raça Lavínia

Origem município de Lavínia, São Paulo, raça mista, formada de 5/8 Pardo Suíço + 3/8 Zebu; pelagem parda - cinzenta, de cor mais clara ao redor do focinho e orelhas; aptidão mista.

Raça Limousin

Raça nativa da província de Lemosím ou Limousin, no sodoeste da França. A pelagem é de coloração amarelo-claro com áreas mais claras em torno dos olhos, focinho, ventre, períneo e extremidades dos membros. Apresenta grande massa muscular e alto rendimento de carcaça, devido a sua origem francesa, onde os animais eram selecionados para dupla aptidão (tração e carne). A raça se destaca pela alta precocidade, qualidade e homogeneidade de carcaça.

Generalidades

Originário da zona centro-sul da França, onde imperam pradarias pobres e desmineralizadas e montes pedregosos, o ambiente do limousin corresponde ao verão com temperatura acima de 30ºC e inverno com nevascas chegando a até 1 metro de altura, onde a temperatura atinge -15º C.

Características

O Brasil tem grandes áreas de cria e engorda, ocorrendo baixo nível nutricional nos períodos de entressafra (julho a novembro) e excesso alimentar de janeiro a maio. Caso o manejo seja inadequado, vai resultar em lucros no verão e prejuízos no inverno e outono. Para os criadores que buscam características de fertilidade, precocidade e excelente acabamento de carcaça, essa é uma raça que preenche todos os requisitos solicitados, e o resultado não poderia ser outro: aumento de produtividade e melhor rentabilidade. No que diz respeito à carne comercializável, o limousin mostra-se rentável, com alta porcentagem de carnes nobres, principalmente nos quartos traseiros e na linha de dorso.

Padrão da raça

Pinturas datadas de 7.000 anos atrás mostram animais de uma raça bovina de cor marrom-avermelhada, com chifres claros e pontiagudos, boca larga e musculatura abundante, apresentando fone semelhança com o gado limousin atual. Criadores no século 20 definiram o limousin um animal com estrutura média; pelagem de cor vermelho dourado escuro, com as extremidades de cor trigo; também notaram o desenvolvimento de animais de peito largo; inserção de cauda perfeita, e grandes massas musculares nos quartos traseiros. Seu produto final é um animal eficiente, rústico e adaptado aos diversos climas e temperaturas.

Raça Maine-Anjou

O maine-anjou é um taurino francês que não se fixou no Brasil. Durante o ano de 1983 foram registradas 6 cabeças, totalizando, desde a sua primeira entrada, 59 cabeças. O maine-anjou é um gado rústico de crescimento rápido e precoce. É uma raça mista, com predominância de carne.

Raça Marchigiana Originária de regiões montanhosas, na Itália. Apresenta pêlo curto e branco, chegando até o cinza claro, com vassoura da cauda, orelhas e pestanas escuras. A pele é pigmentada, sendo negros a língua, o focinho e orifícios naturais. É uma das poucas raças européias de corte com pelagem branca sobre pele escura, tornando-a bastante indicada para cruzamentos nas regiões tropicais. Cerca de 79% do rebanho brasileiro de cruzados Marchigiana está no Sudeste e Centro-Oeste.

GeneralidadesA raça marchigiana originou-se dos bovinos introduzidos na Itália (região de Marche) em seguida às

invasões dos povos bárbaros em meados do século V. Pode ser considerada uma raça sintética para a produção de carne advinda dos cruzamentos das raças chianina e romangnola.

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Padrão da raça

Do bovino marchigiana pode-se destacar principalmente: o grande comprimento de seu tronco, a força de seus diâmetros transversais e a fineza da sua estrutura esquelética. Considerando em sua totalidade, ele é harmonioso, ágil em seus movimentos e de temperamento dócil. Tem na sua pele a cor preta (mucosa pigmentada) e os pêlos são brancos e curtos; estatura média, principalmente no posterior; possui grande rusticidade e produtividade.

Raça Montana

Projeto iniciado em 1994 baseado em multiplas raças, portanto maior retenção de Heterose e avaliação genética, composto de características como peso e circunferência escrotal e escores visuais para pelo, cor, umbigo, musculatura, caráter mocho e todo projeto baseado em avaliação genética, sendo que um reprodutor para ser vendido tem que pertencer aos 20% melhores da raça. Tornando-se um diferencial único em vendas de bovinos na América do Sul.

NABC:

N - Nelore ou raças Zebuínas (ex: Borã).

A - Adaptadas. Raças européias adaptadas (ex: Senepol, Bosmara, Caracu, Tuli, Belmont Red, Barzona).

B - Britânicas (ex: Red Angus, Hereford, South Devon).

C - Continentais (ex: Braunvieh / Pardo Suíço, Simental, Gelbvieh).

Touro NABC 4444 = 25% Nelore, 25% adaptada, 25% britânica e 25% continental.

Touro NABC 4804 = 25% Nelore, 50% adaptada e 25% continental.

Raça Nelore

Raça de coloração branca ou cinza claro. Também, admite-se a pelagem vermelha, vermelho e branco, e, preto e branco. Os chifres são curtos, as orelhas também e com pontas em forma de lança. É a raça de maior contingente no Brasil. No Brasil foi desenvolvido o Nelore Mocho, a partir do Mocho Nacional (raça européia adaptada). A raça Nelore esta presente em todo território nacional, principalmente no Centro-Oeste.

Generalidades

O nelore tem sua origem em um distrito, de mesmo nome, da antiga Província de Madras, Estado de Andra, situado na Costa Oriental da Índia. Mas a história do nelore é anterior. Ela começa com o deslocamento dos povos arianos, há dois mil anos antes da era cristã. Foram os arianos que levaram os animais para o continente indiano, onde viveram em diferentes situações de clima e de temperatura.

O primeiro registro de nelore no Brasil aconteceu em 1868, quando um navio, que se destinava à Inglaterra, ancorou em Salvador com um casal de reprodutores a bordo: estes acabaram sendo comercializados. Aos poucos a raça foi se expandindo. Hoje o nelore está presente em todos os confinamentos do país e é a principal raça utilizada para cruzamentos industriais.

Características

O nelore é um animal adaptado às condições dos trópicos, enfrentando os períodos de seca que duram até seis meses, alimentando-se de pasto de braquiária decumbens, de baixa qualidade, e enfrentando os ecto e endoparasitos, além de sobreviver, crescer e reproduzir. Sua concentração é na região Centro-Oeste, onde tem produtividade intensa. As fêmeas parem com extrema facilidade; criam os seus bezerros e continuam produzindo ate os 20 anos de idade. É uma raça rústica, fértil, prolífera, longa vida reprodutiva e resistente às doenças comuns nessa região.

As vacas têm boa habilidade materna, com inclinação natural na garupa, além de uma boa angulosidade e boa abertura pélvica, que facilita o parto e elimina a incidência de partos difíceis. Esse gado possui muita eficiência na reprodução. No aspecto da conversão alimentar (que é a palavra chave na pecuária de corte), a raça é imbatível. Outro destaque da raça é a carcaça, aprovada há muitos anos pelos consumidores brasileiros e estrangeiros. Tem a cabeça pequena, aparelho digestivo menor e couro mais fino, ou seja, mais leve. Todos os cortes na carcaça são desossados e aparados de gordura, em suma, a própria carne. No caso do nelore a porção comestível gira em torno de 70%. Seu traseiro é proporcionalmente maior que o dianteiro, que lhe assegura maior percentual de carnes nobres.

Padrão da raça

O nelore tem pêlos curtos, finos e lisos que auxiliam na eliminação do calor. A pelagem branco-

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cinza, e a pele preta apresentam um conjunto de propriedades físicas de refletir, absorver, irradiar e filtrar as diversas radiações solares dos trópicos. É um animal que possui bons aprumos, cascos e ligamentos firmes, umbigo curto, vergalho bem direcionado, com testículos largos, bem conformados e curtos.

Raça NormandaRaça de origem européia, do condado da Normandia. É de dupla aptidão. Sua carne é considerada

uma das melhores entre as raças mistas. Quando colocado em bons pastos, é um gado que engorda facilmente e tem uma constituição robusta.

Raça PantaneiroUm gado crioulo do Pantanal de Mato Grosso, mas que está desaparecendo com a introdução no

Brasil de gado zebuíno, em franca expansão. É um gado tipicamente europeu, mas que conseguiu se adaptar ao meio tropical, sendo a raça predominante desde o começo da exploração do Pantanal mato-grossense. Gado de corte sem nenhuma uniformidade - pode ser de pelagem branca, preta, pintada e outras variações, de acordo com os cruzamentos.

Raça Pardo-Suíço

É a raça mais antiga da suíça e uma das mais antigas do mundo. Apresenta grande porte, coloração parda, variando do muito claro ao muito escuro, e pele pigmentada. A mucosa do focinho e orifícios naturais são negros. É reconhecida pela sua capacidade de adaptação em regiões de clima quente, devido a sua tolerância ao calor, por se originar de regiões elevadas (Alpes) onde a radiação ultravioleta é muito intensa e o oxigênio é rarefeito. A raça Pardo Suíço de corte apresenta pescoço mais curto, acentuada cobertura muscular, carne marmorizada e boa habilidade materna, devido a maior lactação das fêmeas. Devido às suas qualidades de produção de leite e carne, precocidade, longevidade, rusticidade e adaptação, a Pardo Suíço vem sendo utilizada, no Brasil, em diversos cruzamentos com Girolando, Guzerá, Indubrasil e Gir para leite, e com o Nelore, formando o Sibu, objetivando a produção de carne.

Generalidades

É uma raça pura e milenar, uma das mais antigas, com registros datados de 80 A/C, documentos comprovam que há mais de 1.000 anos atrás existia criação de braunvieh (pardo –suíço corte) na Suíça.

Características

O pardo-suíço se adaptou muito bem às diferentes regiões brasileiras, devido às suas características:

- alta conversão alimentar; - alta fertilidade de machos e fêmeas;- precocidade sexual;- rusticidade: tolerância ao frio e calor; - camada de gordura na quantidade certa, sem excessos; - habilidade materna;- viabilidade econômica em confinamento.

Todas essas características produtivas e sua rusticidade permitiram que a raça se espalhasse pelo mundo todo, estando presente em mais de 60 países, do Círculo Ártico. O parto é um acontecimento cercado de expectativa, pois a fêmea traz todo o potencial de um acasalamento meses antes de sua gestação. A confiança é de 99% com parto de curso normal para o criador. O pardo-suíço corte produz uma carne macia, bem marmoreada, com pouca gordura externa.

Padrão da raça

Diferentes fatores como a qualidade do solo, variações climáticas, topografia montanhosa e pastos entre 700 e 2.000 metros acima do nível do mar, tornaram o Pardo-Suíço robusto e auto-suficiente, um verdadeiro produto da terra. São pontos fortes da raça, além de suas principais características:

- boa pigmentação;- pelo curto, que é capaz de crescer ou se manter de acordo com o clima; - cascos: pretos e fortes;- bons aprumos;- pêlos de cor parda, variando do muito claro para o muito escuro.

Raça PiemontesTaurino de origem italiana, da região de Piemonte. Gado com aptidão para corte. Foi introduzido no

Brasil no Estado de São Paulo, e só um pequeno plantel na cidade de Araçatuba, no Oeste do Estado. Raça Pinsgauer

Raça austríaca, introduzida no Brasil na década de 60. A raça pinsgauer é mista, produtora de carne

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e de leite, e tem um pequeno plantel apenas no Estado do Paraná. Raça Pitangueira s

Touros red poll foram cruzados com vacas guzerás, dando produtos de meio-sangue. Novilhas 1/2 sangue foram padreadas por touros guzerás, dando os 3/4 guzerás e 1/4 red poll. As fêmeas da segunda geração foram fecundadas por reprodutores red poll, originando mestiços com 5/8 da raça taurina e 3/8 de sangue zebuíno, que receberam a denominação de pitangueiras. O nome da raça foi tomado da região de origem, conforme a tradição nos meios pecuários: o município de Pitangueiras, interior do estado de São Paulo.

Características

O animal pitangueiras típico é de pelagem vermelha, uniforme, com pequenas variações de tonalidade, podendo ir do vermelho escuro ao caju e vermelho claro. Tem como característica principal o fato de ser geneticamente mocho. Dada a sua rusticidade, apresenta certa resistência contra várias moléstias, sendo imunizado contra outras através de vacinas. Como raça de dupla aptidão, apresenta muito bom desempenho no confinamento, demonstrando sua habilidade na conversão de alimentos. Outra característica é a mansidão dos touros e vacas. Essas qualidades conferem ao pitangueiras condições para a sua expansão em qualquer região do país.

Raça Santa Gertrudis

Raça composta de Shorthorn com Brahman, formada no Texas (EUA) para obter animais de alta produtividade e rusticidade, que se adaptassem às duras condições climáticas do sul dos EUA. A pelagem é vermelha uniforme, ou cereja. A pele é de pigmentação vermelha. Os pêlos são curtos e lisos, os cascos são escuros. As orelhas são medianas, ligeiramente caídas, abertas para frente.

Generalidades

A raça santa gertrudis surgiu em 1929, no Texas (EUA), a partir da proposta de se obter uma raça de gado de corte que conciliasse alta produtividade e rusticidade, adaptando-se, assim, às duras condições climáticas do sul dos Estados Unidos. Reconhecida oficialmente como a primeira raça sintética formada no Hemisfério Ocidental, a santa gertrudis é fruto de um trabalho de cruzamento entre animais de origem zebuína e européia. Foi introduzido no Brasil em 1953, graças a sua adaptabilidade às mais diversas condições de clima, solo e pasto.

Características

Por ser uma raça sintética, reúne a rusticidade das raças zebuínas e a produtividade das raças européias. Está presente em todo o território nacional, sempre mantendo sua performance produtiva e reprodutiva. Sua boa resistência a ectoparasitos é um fator importante na criação extensiva.

Outras características da raça:

- Precocidade sexual;- Habilidade materna; - Excelente libido dos touros; - Alta capacidade de engorda e conversão alimentar e- Temperamento: dócil, calmo; - Pêlo: liso, curte e sedoso;- Pelagem: vermelho santa gertrudis uniforme, vermelho cereja;- Orelhas: de tamanho mediano ou grande.

Raça Shorthorn

Originada dos gados antigos do nordeste da Inglaterra, foi utilizado em vários países formando muitas raças bimestiças. Apresenta pelagem vermelha, ruã ou branca, a pele é de cor creme clara sem pigmentação, os chifres são curtos. É uma raça altamente especializada para corte, destacando-se pela precocidade e engorda rápida. No Brasil o Shorthon ocupa uma área restrita de clima temperado, não tendo a fama que desfruta nos países vizinhos como Uruguai e Argentina. É a mais antiga e aperfeiçoada raça especializada para a produção de carne. As vacas são muito leiteira e excelente mães, características que fazem os bezerros alcançar peso elevado na época da desmama.

Raça Simental

Com origem na Suíça onde era utilizada para produção de leite, carne e tração, a raça pura simental foi criada, selecionada e disseminada pelo mundo, sendo considerada uma das mais bem distribuídas do planeta. No Brasil, chegou há mais de 80 anos e de lá para cá tem se espalhado por todas as regiões com uma seleção genética cada vez mais apurada.

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Características

Está em primeiro lugar entre as raças européias, na produção de sêmen congelado, coleta e transferência de embriões, com opção para cruzamento industrial. São animais rústicos que podem ser criados a pasto desde o nascimento. A raça vem conseguindo cada vez mais adeptos entre invernistas e confinadores, graças a sua precocidade, adaptabilidade e qualidades, dupla aptidão e forte penetração internacional quando cruzado com rebanhos nacionais.

Conforme as condições ambientais, manejo e objetivos de cada criação, os criadores encontram linhagens diferentes dentro da riqueza de variabilidade genética que forma o simental mundial, e lhes oferece genes que poderão incrementar o potencial genético de seus animais para produção leiteira e de carne. O simental brasileiro apresenta características que suporta nossa adversidade climática. Trata-se de um gado que possui uma herança muito forte de adaptação às condições tropicais com boa conversão alimentar em pastos pouco favorecidos em valores nutritivos. No mercado vem se mantendo como uma boa opção para quem deseja resultado a custos baixos.

Padrão da raça

No Brasil, as primeiras importações do simental apresentavam a pelagem tapada de amarelo, com áreas brancas maiores e extremidades na cabeça totalmente branca. O simental de pura raça é de temperamento dócil, sua pelagem é branca ou ligeiramente creme com grandes manchas amarelas ou vermelhas, ou uma só grande mancha, que varia do amarelo trigo ao vermelho castanho.

Raça Simbrasil

É resultado do cruzamento entre Simental e Guzerá (ou outras raças zebuínas). Visa atingir os grandes rebanhos de corte de Nelore ou de animais "anelorados" para a formação de animais tricross (touro Simbrasil cruzado com vacas Nelore). A coloração é avermelhada com manchas brancas ou amareladas. Apresenta grande futuro devido à versatilidade da raça.

Raça SindiSão muito poucos os zebuínos dessa raça criados no Brasil. É o menor dos rebanhos zebuínos. A

criação do sindi está reduzida a pequenos núcleos, como na Paraíba, onde estão localizados os maoires criadores da raça. O sindi foi importado como de aptidão leiteira. Hoje é um bom produtor de carne.

Raça TabapuãOriundo de descendentes de antigos cruzamentos de Mocho Nacional com zebu (vacas Nelores ou

Guzerá). A coloração é a do Nelore (branca ou cinza claro), as orelhas são medianas, com a ponta rombuda voltada para a face. É uma raça que se destaca pela precocidade e boa conformação de corte. Tem sido muito empregada em cruzamentos com Nelore, com Holandês e, principalmente, com raças européias de clima temperado brasileiro na região Sul.

Generalidades

A história do tabapuã tem por volta de 1907, em Goiás, criadores de um gado mocho crioulo bastante corpulento, leiteiro e manso. Ali teriam surgido os primeiros zebuínos mochos da história e o tabapuã é um deles.

Características

O tabapuã vem sendo criado com sucesso em quase todos os Estados do Brasil. É a raça zebuína atualmente considerada como uma das melhores para produção de carne em menor tempo, fazendo jus ao título de “O Zebu Mais Precoce”.

Não é apenas o ganho de peso que entusiasma os criadores, mas as diversas qualidades dos animais, tais como a docilidade, fertilidade, precocidade reprodutiva, boa conformação frigorífica e uma excelente habilidade materna, ou seja, vacas precoces, férteis e amorosas que criam bem os seus bezerros.

Padrão da raça

O tabapuã tem cabeça e pescoço menores, patas curtas e carcaça cilíndrica, o que faz com que o aproveitamento de carne seja muito bom. A ausência de chifres é apontada por alguns criadores como uma das maiores vantagens da raça.