Aula 5 - 07/11 a 20/11 08 horas -...
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Curso - Pressupostos básicos da teoria Histórico-
Cultural e da Pedagogia Histórico-Crítica
Aula 5 - 07/11 a 20/11
08 horas
Coordenação:
Profa. Dra. Meire Cristina dos
Santos Dangió
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Aula 5 – Periodização do
Desenvolvimento Humano
Conteúdo:
. Jogo de Papéis
Mas... Qual é o papel da brincadeira no
desenvolvimento humano?
Como puderam observar no filme “Up – Altas Aventuras”, a brincadeira
que estava sendo realizada era o Jogo de Papéis ou Jogo
Protagonizado.
Neste trecho do filme os personagens brincam de jogo de papéis: são
exploradores. Para tanto, fazem uso de situações imaginárias, realizando
sequências de ações que correspondem à vida real (do mundo dos adultos),
utilizando-se de objetos, conhecimentos das relações sociais estabelecidas
numa situação de exploradores, como por exemplo, a acolhida da garota,
dizendo: “Bem-vindo a bordo!” e termos reais utilizados em situações de
navegação, como: “vinte mil pés”, “leme 18º para o sul”, vento vindo do leste a
dez nós”, “visibilidade 30”, “registre o clima no diário de bordo”, etc.
O que provavelmente enriqueceu a brincadeira dos
personagens?????
Antes de responder a esta questão, vamos
entender o Jogo de Papéis...
Na primeira infância a criança começa por examinar
os objetos, manipulam-no individualmente e não se
interessam pela brincadeira
de outras crianças.
Objeto – ação – palavra
Com as crianças menores, o objeto em si determina o seu
uso.
Quando a criança começa a utilizar seu próprio
nome, ou seja, identifica-se com alguém que
executa uma ação realizada pelos adultos, são
os primeiros indícios para a preparação para o
jogo de papéis.
palavra – objeto – ação
Há um nexo entre a palavra e o sistema de ações
nela implícitas.
A palavra pode substituir o objeto, já que os objetos são
considerados símbolos e devem corresponder, de
alguma forma, com o objeto ausente.
A ação com os objetos simbólicos auxilia a
criança a separar a ação do objeto com
o qual está habitualmente
relacionada na vida real e
auxilia a criança a tomar
consciência da ação como tal.
Por que a criança brinca
de jogo de papéis?
A criança de três anos tende a querer satisfazer seus
desejos imediatamente.
Porém, há uma contradição entre o desejo de agir sobre o
objeto do mundo adulto e sua impossibilidade de
dominar as operações exigidas por essas ações.
Ela resolve a contradição colocando um objeto substituto
do objeto real e o utiliza imitando o uso que o adulto lhe
confere. O conteúdo e a sequência da ação devem
corresponder a ação real.
Jogo de Papéis
“Não basta para a criança contemplar um carro em
movimento ou mesmo sentar-se nele; ela precisa agir,
precisa guiá-lo, comandá-lo” (Leontiev, 1988).
Como é a atividade da criança
no jogo de papéis?
Passa a ver o adulto, sobretudo,
pelo lado de suas funções.
Há uma necessidade da criança em agir não somente
sobre os objetos, mas também no mundo do adulto,
em suas relações.
A brincadeira é uma atividade na qual o seu motivo
está no seu próprio processo, seu alvo está na ação
em si mesma e não no seu resultado.
No jogo de papéis a ação da criança não é um fim em
si mesma, possui sempre um sentido auxiliar e
limita-se a representar o papel com caráter sintético,
abreviado e íntegro. (Elkonin, 1998)
No filme “Up Altas aventuras”,
o personagem percorreu o
monte Everest, o Grand Canyon
e um pico em apenas alguns segundos, sintetizando o
que na vida real levaria mais tempo.
“Assim, as ações próprias das crianças se objetivam na
forma de ações de outra pessoa e, com isso, facilita-se
sua conscientização, seu controle consciente. A criança
controla com dificuldades suas próprias ações; porém
as controla de maneira relativamente mais fácil quando
elas estão, por assim dizer, exteriorizadas e dadas na
forma de ações de outra pessoa.” (Elkonin, 1987)
Como exemplo citamos um experimento realizado por pesquisadores com a
seguinte situação:
Solicitou-se a uma criança que ficasse parada por 5 minutos - isto
tornou-se impossível, pois logo começou a se movimentar.
Porém, quando foi dito a ela que seria um soldado da rainha, procurou
se comportar como tal, controlou sua conduta, permanecendo imóvel
por um tempo maior.
O brinquedo evolui para uma situação em que a regra
torna-se explícita e a situação imaginária e o papel,
latentes, os jogos simbólicos transformam-se em
jogos de regra.
A motivação para o jogo muda. Não descobre
somente a relação do adulto com o objeto, mas
descobre também a relação das pessoas entre si.
Busca então controlar o seu próprio comportamento,
subordinado a um propósito definido.
Jogo de papéis e as regras
O jogo de papéis ou jogo protagonizado é somente
fonte de liberdade e prazer para a criança?
O jogo satisfaz certas necessidades infantis e motivações
que se encontram na esfera afetiva.
Por meio do jogo protagonizado a criança realiza
desejos impossíveis de serem atendidos. Para tanto, ela
recorre a uma situação imaginária.
Esta situação imaginária contém regras implícitas para a
sua realização. É uma liberdade ilusória!
Portanto... Temos que quebrar a crença de que o jogo é somente
fonte de liberdade e prazer para a criança, uma
atividade na qual exercita livremente sua imaginação
e deixa fluir sua fantasia.
A ideia de espontaneidade do desenvolvimento do
jogo de papéis sustenta-se no fato dos adultos
não se perceberem da direção que exercem,
mesmo que de maneira inconsciente.
O jogo não é arbitrário ou alucinatório.
Não provém de uma situação imaginária.
Qual a relação do Jogo de Papéis com
o desenvolvimento?
“O que determina diretamente o desenvolvimento da
psique de uma criança é sua própria vida e o
desenvolvimento dos processos reais desta vida
– em outras palavras: o desenvolvimento da
atividade da criança, quer a atividade aparente, quer
a atividade interna. Mas seu desenvolvimento, por
sua vez, depende de suas condições reais de vida.”
(LEONTIEV, 2001, p.63).
Dessa forma, o Jogo de Papéis
possibilita:
desenvolvimento da consciência das regras fixas em
determinados tipos de jogos;
desenvolvimento da autoavaliação e seu
desenvolvimento moral;
desenvolvimento de atividades cognitivas relevantes
para atividades escolares.
O principal na atividade de jogo de papéis é se apropriar
das relações humanas ao reproduzi-las.
Possibilita também a formação
e o desenvolvimento :
- da linguagem oral;
- do pensamento;
- da memória;
- da atenção;
- da imaginação;
- do controle da própria conduta;
- formação da identidade;
- socialização; etc.
Imagens - Portinari
O que provavelmente enriqueceu a
brincadeira dos personagens do filme “Up
Altas aventuras”?
A riqueza do entorno, os conhecimentos
adquiridos com os adultos, os conteúdos
formais transmitidos pela educação
formal, entre outros, é o que favorece a
ampliação do repertório nas brincadeiras e
a apropriação das relações humanas.
Retomando a pergunta inicial
Qual a implicação educacional?
Elkonin afirma que conhecer e entender a natureza
psicológica do jogo nos permitirá não somente
compreender sua importância para o
desenvolvimento da criança, mas também nos
fornecerá elementos para dirigir esta atividade de
forma consciente no processo educacional,
planejando intencionalmente situações de jogo
protagonizado, com riqueza de conteúdos e
materiais.
Finalizando...
Salientando a importância do repertório para a
qualidade do Jogo de Papéis e a apropriação das
relações humanas, indicamos o vídeo “As aventuras
de uma caixa de papelão”, como exemplo da
riqueza do conteúdo desta brincadeira a partir de
conhecimentos adquiridos na vida real: a caixa de
papelão assume diversas funções, corroborando para
o desenvolvimento da imaginação, memória,
criatividade, unidade afetivo-cognitiva, apropriação
das funções sociais dos objetos, oralidade,
movimentos, etc.
Assista ao vídeo acima referido no endereço:
http://vimeo.com/25239728