Aula 6 (slides) primeira revolução agrícola moderna

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Primeira revolução agrícola da modernidade Geografia Agrária I Profa. Marta Aula 6 - 2014

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Primeira revolução agrícola da modernidade

Geografia Agrária I Profa. Marta

Aula 6 - 2014

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Texto de referência

MAZOYER, Marcel e ROUDART, Laurence.História das agriculturas no mundo: do neolíticoà crise contemporânea. São Paulo/Brasília,UNESP/NEAD, 2010. (cap.8, p.353-396)*

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Teoria dos Sistemas Agrários: uma abordagem sistêmica

• Analisa e concebe um objeto complexo emtermos de sistema (um todo), delimitando-o, ouseja, traçando uma fronteira entre o objeto e oque lhe é externo.

• Analisa o funcionamento do sistema como umacombinação de funções interdependentes ecomplementares, que asseguram as trocasinternas e as relações com o exterior (de matéria,de energia...)

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SISTEMAS AGRÁRIOS

• Constitui um complexo sistema social produtivo(ou sistema técnico, econômico e social) queenvolve os seguintes elementos: força detrabalho (saber), meios de produção (meiosmateriais inertes - como equipamentos einstrumentos -, e matéria viva).

• Ecossistema cultivado (ou agroecossistema)constitui um de seus subsistemas.

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Sistema Social Produtivo

• O sistema de produção de um estabelecimentoagrícola se define pela combinação (a natureza e asproporções) de suas atividades produtivas e de seusmeios de produção.

• A categoria social de um estabelecimento se definepelo estatuto social de sua mão-de-obra (familiar,assalariada, cooperativa, escrava, serviçal), peloestatuto do agricultor e pelo seu modo de acesso àterra (livre acesso às terras comunais, reservasenhorial, posses servis, exploração direta, parceria,arrendamento...) e pela dimensão do estabelecimentoagrícola.

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Sistema Social Produtivo

• O sistema social produtivo de um sistemaagrário corresponde a uma combinaçãoparticular de um número limitado de tipos deestabelecimentos, definidos técnica,econômica e socialmente.

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Ecossistema Cultivado

• Possui uma organização, é composto por váriossubsistemas complementares e proporcionados,por exemplo, as hortas, as terras cultiváveis, oscampos de ceifa, as pastagens e as florestas.

Obs: Trajetória da Agricultura

espécies selvagens espécies domésticas espécies engenheiradas

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Ecossistema Cultivado

• Seu funcionamento pode ser decomposto, porsua vez, em várias funções:

- função de desmatamento e de contenção davegetação selvagem (derrubada-queimada,aração manual ou com arado, tratamento paraeliminar ervas invasoras...);

- função de renovação da fertilidade (pousio delonga e de curta duração, estrume, dejeçõesanimais, adubos minerais...);

- condução dos cultivos (rotações, itineráriostécnicos, operações culturais...)

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Ecossistema Cultivado

• Essas funções, que asseguram a circulaçãointerna de matéria e de energia no ecossistemacultivado, se abrem igualmente a trocasexteriores mais ou menos importantes comecossistemas próximos ou longínquos.

• A isso se relaciona o modo de renovação oureprodução da fertilidade (questão central paraa teoria dos sistemas agrários).

SOLO produção e reprodução da fertilidade

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Perfil do Solo

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Noções básicas de Pedologia

• Processos ativos na formação do solo:solubilização, nitrificação, decomposição(humificação e mineralização), formação deagregados ou grumos do solo (complexoargilo-húmico), migração de elementos finos(drenagem, lixiviação, evaporação)

• Características: textura e estrutura do solo,porosidade e humidade

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Noções básicas de Pedologia

• A fertilidade húmica e mineral de um solo cultivado éfacilitada, inicialmente, pelo clima, pela rocha-mãe epelo povoamento original, mas essa fertilidade nãoestá assegurada para sempre.

• A fertilidade do solo pode ser mantida em nívelconstante desde que ele receba quantidades dematérias orgânicas e minerais suficientes paracompensar ao mesmo tempo as perdas de húmus pormineralização e as perdas minerais por drenagem,lixiviação, por desnitrificação e pelas colheitas.

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Fertilidade como variável histórica

• A partir do momento em que um solo é cultivado, suafertilidade se torna uma variável histórica,amplamente influenciada pelos sistemas agrários quese sucedem.

• Um sistema agrário não pode se desenvolver e durar sea fertilidade das terras cultivadas não for mantida emum nível suficiente para garantir, sustentavelmente, ascolheitas necessárias para a população.

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Fertilidade como variável histórica

• Existem poucos solos como os solos negros (tchernozems)ou solos siltosos (loess) pouco lixiviados, nos quais amineralização da rocha-mãe e a fixação de nitrogênio do arparecem permitir produzir indefinidamente colheitassuficientes para suprir as necessidades da população.

A todo o sistema agrário (durável e expandido)corresponde, portanto, necessariamente, ummétodo ou modo eficaz de renovação dafertilidade.

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Modo de Reprodução da Fertilidade

• Plantio Direto

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Reprodução da Fertilidade

• A fertilidade global de um ecossistemacorresponde à sua capacidade em produzir demodo durável a biomassa vegetal.

• A fertilidade útil é medida pela suacapacidade de produzir de forma sustentávelmatérias orgânicas vegetais úteis ao homemou aos animais domésticos, que são ascolheitas.

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Produção da matéria orgânica

• A matéria orgânica é primeiro produzida pelas plantaspor meio do processo de fotossíntese e tem comoorigem a combinação de água, retirada do solo pelasraízes, e de gás carbônico do ar absorvido pelas folhas.

• As plantas se nutrem principalmente da água obtida dosolo por suas raízes e do gás carbônico do ar absorvidopelas folhas e nutrem-se também de minerais variadosque elas absorvem pelas raízes sob forma de sais emsolução na água do solo.

• A água representa 80% do peso das plantas. Elacaptura e veicula todas as outras substâncias orgânicase minerais que constituem a matéria seca, oubiomassa em sentido estrito.

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Produção da matéria orgânica

• Uma parte da matéria orgânica proveniente dafotossíntese fornece às plantas, assim como aosanimais, a energia necessária a sua subsistência ea sua reprodução.

• Com sua morte, as substâncias orgânicas seacham na forma de matéria orgânica morta, oucama, mais ou menos dispersa sobre o solo. Acama se decompõe utilizando oxigênio eliberando água, gás carbônico e sais minerais.

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Um ecossistema está em equilíbrioquando a quantidade de matéria orgânicaproduzida a cada ano pela fotossíntese éigual à quantidade de matéria orgânicadestruída pela respiração e peladecomposição do leito. Um ecossistemaestável não “cria” nem “perde” nada, masrecicla tudo.

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Dinâmica dos Sistemas Agrários: Desenvolvimento Desigual e Contraditório

Cada sistema agrário é a expressão teórica de um tipo deagricultura historicamente constituído e geograficamentelocalizado. Ele é composto de um ecossistema cultivado ede um sistema social produtivo, que permite explorarsustentavelmente a fertilidade do ecossistema cultivadocorrespondente.-O sistema produtivo é caracterizado pelo tipo deinstrumento e de energia utilizado para transformar oecossistema, para renovar e para explorar sua fertilidade.-O tipo de instrumento e de energia utilizados é, por suavez, condicionado pela divisão do trabalho que predominana sociedade da época.

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Sistemas Agrários na Antiguidade

• OS SISTEMAS AGRÁRIOS COM ALQUEIVE E CULTIVO COMTRAÇÃO LEVE DAS REGIÕES TEMPERADAS tiveram origemnos Sistemas de Cultivo Temporários de Derrubada-queimada que ocupavam o meio arborizado dessas regiõesdesde a época neolítica.

• Por volta do ano 1000 a.C., essas regiões conheceram aRevolução Agrícola Antiga. Os sistemas de cultivo comalqueive e tração leve tornaram novamente exploráveis essasregiões que haviam sido tão desmatadas e degradadas quenão podiam mais ser exploradas pelo sistema de derrubada-queimada.

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Antiguidade: Tração Leve e Arado Escarificador

Modelo de arado com dois homens e dois boisReino Médio (cerca de 2.000 aC)

Col. Agrícola Museu do Cairo Antigo - Inv. N º 1457Foto do Boistesselin Arnaud

www.museum.agropolis.fr/pages/expos/egypte/fr/museum_cairo/items/model_plough.htmArado escarificadorTunísia, Século XX

Col. Labouesse Francis, Agropolis Museum -Inv. 94.5.1.1 e 1.2

www.museum.agropolis.fr/pages/expos/fresque/zm_mod7.htm

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Sistemas Agrários na Antiguidade

Funcionamento dos Sistemas de Cultivo com Alqueive eTração Leve: rotação bienal do cultivo de cereais com oalqueive herbáceo

• Cultivava-se um cereal de inverno (semeado nooutono e colhido no verão do ano seguinte) queocupava a parcela durante cerca de nove meses. Apósa colheita, o alqueive era realizado durante quinzemeses, do fim do verão até o outono do ano seguinte.

• ALQUEIVE: pousio herbáceo de curta duração, “terralavrada não semeada”.

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Modo de Reprodução da Fertilidade

• Alqueive

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• O alqueive corresponde à prática de manter uma terra decultivo em rotação, não semeada durante vários meses, massubmetida ao pastoreio dos animais domésticos e arada.

• O período de alqueive é utilizado para realizar uma série deoperações combinadas destinadas a colocar o solo em estadode produzir uma nova colheita.

• Essas operações têm duas funções: a primeira consiste emrenovar a fertilidade do solo, levando-lhe matéria orgânica; asegunda consiste em livrá-lo das ervas adventícias, quetendem a se proliferar durante todo o tempo de alqueive.

O alqueive e suas funções

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Sistemas Agrários na Idade Média

• OS SISTEMAS AGRÁRIOS COM ALQUEIVE E CULTIVO COMTRAÇÃO PESADA DAS REGIÕES TEMPERADAS FRIAS(introdução dos campos de ceifa e da estabulação,possibilitados por uma melhor atrelagem e pelodesenvolvimento do arado tipo charrua)

• A foice, as carretas, o arado charrua, o feno, a estabulaçãodo gado durante a estação fria, o emprego da estrumação etoda uma série de meios e de práticas complementareseram conhecidos no Ocidente desde a Antiguidade ou daalta Idade Média. Mas foi apenas na Idade Média central –dos séculos XI ao XIII – que os sistemas com alqueive etração pesados tiveram amplo desenvolvimento no norteda Europa

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Arado tipo charrua

Arado tipo charrua

Implemento agrícola tracionadono qual a lâmina de corte(constituída de uma ou mais“aivecas” ou “discos” metálicos)é posicionada assimetricamenteem relação ao eixo ou estruturaprincipal do equipamento.Assim, o arado realiza umtrabalho de solo com maiorprofundidade, produzindo leivase torrões de solo que sãorevirados

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Arado tipo charrua

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• Em rotação trienal, o cereal de inverno, que durava novemeses, era seguido de um pequeno alqueive de oitomeses, ao qual sucedia um cereal de primavera dequatro meses ou de três meses. Enfim, um grandealqueive de quinze meses completava a rotação.

Sistemas Agrários na Idade Média

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Rotação Afolhamento

Folha n.1 Folha n.2 Folha n. 3

1º. ano grande alqueive cereal de inverno cereal de primavera

2º. ano cereal de inverno cereal de primavera grande alqueive

3º. ano cereal de primavera grande alqueive cereal de inverno

Rotação de 3 anos

agosto.......outubro novembro.......julho agosto.......março abril.......julho

grande alqueive cereal de inverno pequeno alqueive cereal de primavera

15 meses 9 meses 8 meses 4 meses

O afolhamento correspondente a esta nova rotação podia ser representado da seguinte maneira:

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SISTEMAS AGRÁRIOS NA TRANSIÇÃO PARA A MODERNIDADE

PRIMEIRA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA DA MODERNIDADE

• Difusão de sistemas agrários ditos “sem pousio”: oAlqueive é substituído por pastagens artificiais degramíneas ou de leguminosas forrageiras, ou ainda por“plantas mondadas” forrageiras.

• Novas rotações: as forragens passam a se alternar comos cereais e as terras cultiváveis passam a produzirtanto forragem quanto pastagens e os campos de ceifa.Também são introduzidos outros cultivos, maisexigentes – plantas mondadas alimentares e plantasindustriais.

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PRIMEIRA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA DA MODERNIDADE

• Aumento dos rebanhos, com o aumento dos produtos de origem animal, força de tração e esterco.

Os novos sistemas produziram pelo menos 2 vezes maisque os precedentes e permitiram alimentar umapopulação total bem maior. Como os excedentes daprodução foram obtidos com muito pouco investimentoe trabalho suplementar, resultaram num forte aumentoda produtividade do trabalho e do excedente agrícola. Apartir do fim do séc. XIX, mais da metade da populaçãoativa dos países industrializados pôde dedicar-se aatividades não agrícolas (Mazoyer e Roudart, 2001, 354).

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Porém o novo sistema levou tempo para se propagar. Por quê?

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• “A lentidão dessa progressão não pode ser explicadapor razões técnicas. Os verdadeiros obstáculos aodesenvolvimento dessa nova revolução agrícola eramoutros. Na verdade, enquanto os obstáculos jurídicos,como o direito de livre pastejo nos alqueives e deafolhamento obrigatório, não fossem banidos pelainstauração do direito de propriedade exclusiva e dodireito de usar livremente as terras cultivadas, o cultivodos alqueives não seria possível. Enquanto osresquícios de servidão, as obrigações e as taxasfeudais não fossem abolidas, os camponesesmassacrados pelos encargos não teriam a possibilidadede lançar-se num tal desenvolvimento (Mazoyer eRoudart, 2001, 354).”

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PRIMEIRA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA DA MODERNIDADE

• Estrutura social agrária herdada das reformas nas leis:

- estabelecimentos em modo de exploração direto, em arrendamento e parceria

- estabelecimentos agrícolas com assalariados e estabelecimentos agrícolas familiares

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Qual a relação entre a nova revolução agrícola e o desenvolvimento industrial, comercial e urbano

observado entre os séculos XVI ao XIX?

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1. O NASCIMENTO DA NOVA AGRICULTURA

• A NOVA “FRONTEIRA” AGRÍCOLA a ser exploradaapós a conquista de regiões mais frias: as áreas deALQUEIVE.

Antiga rotação trienal com alqueive

Ano 1 Ano 2 Ano 3

agosto.........outubro novembro.........julho agosto.........março abril.........julho

grande alqueive cereal de inverno pequeno alqueive cereal de primavera

15 meses 9 meses 8 meses 4 meses

Nova rotação trienal “sem alqueive”

pastagens artificiais cereais de inverno cultivo de forrageira

“furtiva” de outono

cereal de primavera

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• A nova rotação produz tanta forragem quantoas pastagens e os campos de ceifa juntos.

• O rebanho pode dobrar de tamanho, damesma forma a produção de esterco.

1. O NASCIMENTO DA NOVA AGRICULTURA

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“(...) a primeira revolução agrícola não consistiu nabusca do aumento imediato da produção alimentarsubstituindo diretamente o alqueive por um cultivode grãos destinados ao consumo humano, mesmosendo este cultivo o de planta leguminosa ou deplanta “mondada”. Consistiu, isso sim – e aí está seudiferencial –, em buscar indiretamente o aumento dosrendimentos cerealíferos, substituindo os alqueivespor cultivos de forrageiras que permitissemdesenvolver a criação e a produção de esterco(Mazoyer e Roudart, 2001, 359).”

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• A primeira revolução agrícola deu um passo àfrente no sentido de uma integração cada vezmais estreita do cultivo com a criação.

• Mais produtivos em forragem, em gado, emesterco e, enfim, mais produtivos em grãos eoutros produtos alimentares do que ossistemas com alqueive, os novos sistemassem alqueive finalmente se diversificaram.

1. O NASCIMENTO DA NOVA AGRICULTURA

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2. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS SEM ALQUEIVE

Um modo de renovação da fertilidade mais eficaz que o antigo sistema. Por quê?

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• Maior transferência de fertilidade, maior retenção e absorção dos minerais dada a melhor absorção da solução do solo:

2. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS SEM ALQUEIVE

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“(...) nas novas rotações, as pastagens artificiais e asplantas “mondadas” forrageiras que substituíam oalqueive se desenvolviam rapidamente, num terrenobem-preparado para esse fim. Suas raízes estendiam-seem largura e em profundidade, exploravam intensamentea solução do solo e absorviam grandes quantidades deminerais fertilizantes, que escapavam assim à drenagem eà desnitrificação. São precisamente esses mineraissubtraídos às perdas por drenagem e por desnitrificação,incorporados à biomassa das novas forragens econsumidos no estábulo por um rebanho crescente quese encontravam essencialmente no esterco suplementarassim produzido (Mazoyer e Roudart, 2001, 361).”

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• Redução da lixiviação

• Adubação verde

• Uso do esterco(Fosse proveniente do adubo verde, fosse doesterco, a quantidade suplementar de matériaorgânica enterrada cada ano levava, num prazolongo, a um aumento significativo do teor do soloem húmus.)

• Plantio de plantas leguminosas

2. ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DOS SISTEMAS SEM ALQUEIVE

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A RELAÇÃO ENTRE CRESCIMENTO AGRÍCOLA E CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO

• A RELAÇÃO ENTRE CRESCIMENTO AGRÍCOLA ECRESCIMENTO DEMOGRÁFICO não é simples eunívoca, mas ao contrário, uma relaçãocontraditória e mutável, conforme ascondições do desenvolvimento agrícola.

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• “Não concluímos, como Malthus (1992), que, sem alimitação voluntária de nascimentos, a população aumentemuito mais depressa que a produção. Na verdade, quando oconjunto das condições necessárias ao desenvolvimentorápido de um novo sistema mais produtivo encontra-sereunido, a produção agrícola pode muito bem aumentarmais rapidamente que a população (isto é, a produtividadedo trabalho agrícola aumenta), e então o excedente agrícolaaparece, o que permite à população aumentar, além deainda melhorar sua alimentação e desenvolver as atividadesnão agrícolas e as cidades. Foi o que aconteceu durante osséculos XI e XII no noroeste da Europa, com odesenvolvimento do cultivo com tração pesada. E o queacontecerá, conforme veremos no próximo capítulo, nosséculos XVIII e XIX, com o desenvolvimento dos sistemassem alqueive (Mazoyer e Roudart, 2001, 351).”

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GLOSSÁRIO:Plantas mondadas: plantas cultivadas que, no decorrer do seu ciclo vegetativo, prestam-se à destruição manual ou mecânica de ervas adventícias intercalares.

Alqueive: Tendo em vista que a prática do “alqueive” pressupõe o trabalho do solo (uma ou várias preparações do solo ao longo de vários meses com vistas a incorporar resíduos agrícolas ou esterco animal e controlar o desenvolvimento das ervas indesejáveis) optou-se por descartar o termo “pousio” para designar esta prática agrícola.

Pousio: o termo “pousio” será empregado para denominar, nosistema de cultivo de derrubada-queimada, a prática agrícola queconsiste no abandono de uma parcela agrícola após um curtoperíodo de cultivo, com vistas a permitir o estabelecimento deuma vegetação espontânea local.