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LIVRO-REPORTAGEM

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LIVRO-REPORTAGEM

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- Segundo o estudioso do gênero Sérgio Vilas Boas,

desde o século XIX, há registros de perfis

jornalísticos em jornais e revistas pelo mundo.

- A partir da década de 1930, mais especificamente,

jornais e revistas começaram a apostar na ideia de

retratar figuras humanas jornalística e

literariamente.

HISTÓRICO DOS PERFIS

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HISTÓRICO DOS PERFIS

- No início, os personagens mais retratados eram

famosos do mundo das artes, da política, dos

esportes e dos negócios.

- Esperava-se que a matéria lançasse luzes sobre

a fase atual, o comportamento, os valores, a visão

de mundo e alguns episódios da vida da pessoa

para que sua personalidade e atitudes pudessem

ser compreendidas num contexto maior.

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HISTÓRICO DOS PERFIS

- Os perfis se tornaram marca registrada de revistas

norte-americanas como The New Yorker, Esquire,

Vanity Fair, Harper’s e Atlantic, entre outras.

- O time de bons autores de perfis é enorme. Alguns

destaques: Lincoln Barnett, Joseph Mitchell, Janet

Flanner, Lilian Ross, entre outros.

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- Vários praticantes do New Journalism (período

áureo do Jornalismo Literário, na década de 1960)

honraram o gênero.

- Entre todos, o mais representativo é certamente

GAY TALESE, por sua segurança, delicadeza e

versatilidade. Destaca-se o perfil que o jornalista

fez do cantor Frank Sinatra ("Frank Sinatra Has

a Cold” – Frank Sinatra está resfriado), para a

revista norte-americana Esquire, com base apenas

em entrevistas feitas com pessoas que rodeavam

Sinatra e na observação profunda do personagem

e de seu mundo. Talese não conseguiu entrevistar

Sinatra.

HISTÓRICO DOS PERFIS

Gay Talese

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HISTÓRICO DOS PERFIS

- A revista New Yorker (fundada em

1925) ficou com o crédito de

“principal difusora” do gênero perfil.

- O grande passo da New Yorker

nessa direção foi a contratação de

JOSEPH MITCHELL no final da

década de 1930.

- Mitchell retratou com primor tipos

populares como estivadores, índios,

operários, pescadores e agricultores.

Joseph Mitchell

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HISTÓRICO DOS PERFIS

- No Brasil, as revistas O Cruzeiro e Realidade foram as

grandes exploradoras do gênero.

- Na Realidade, principalmente, a excelência do gênero ficou

impressa. Lendo os perfis publicados na revista é possível

notar: imersão total do repórter no processo de captação;

jornalistas eram autores e personagens da matéria; ênfase em

detalhes reveladores, não em estatísticas ou dados

enciclopédicos; descrição do cotidiano; frases sensitivas;

valorização dos detalhes físicos e das atitudes da pessoa;

estímulo ao debate; repórteres reconheciam e assumiam, em

primeira pessoa, as dificuldades de compreensão da, às vezes,

indecifrável, mas sempre fascinante personalidade humana.

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Perfil é um texto que faz um retrato de uma pessoa – seja uma celebridade ou um tipo popular.

Outras denominações: reportagem-perfil ou ainda reportagem biográfica.

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No perfil o protagonista é apresentado não só

no seu cotidiano, mas deve incluir também

aspectos psicológicos do personagem

É um texto que enfoca o presente do

personagem, mas que pode abordar momentos

do passado e do futuro, diferentemente da

biografia, que é ampla e rica em detalhes,

sobre passado, presente e futuro

CONCEITO

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- O perfil é um texto temporal e não perene como

uma biografia. Depois da publicação do texto, o

personagem central pode mudar suas opiniões,

conceitos, atitudes e estilos de vida. Nem por isso,

trata-se de um gênero menos importante, pelo

contrário.

CONCEITO

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O perfil faz parte do gênero jornalístico informativo.

MAS é classificado na categoria dos textos chamados de feature, ou seja, uma matéria apresentada em dimensões que vão além do seu caráter factual e imediato, em ESTILO MAIS CRIATIVO E MENOS FORMAL.

Trata-se de uma narrativa jornalística humanizada.

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É um texto de natureza “autoral”, que deve

incluir um estilo próprio do repórter.

Diferentemente do jornalismo factual, na

construção de um perfil o repórter deve observar

e interpretar o personagem, expondo suas

impressões sobre a vida do entrevistado.

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FORMATO

Diferentemente das biografias, em que os autores

têm que incluir no texto os pormenores da história do

biografado, os perfis devem focalizar apenas

alguns momentos da vida da pessoa.

Portanto, é uma narrativa curta na extensão

(tamanho do texto).

Jornal diário: cerca de 3000 caracteres.

Revista: de 3000 a 12000 caracteres.

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O formato mais comum de um perfil é o de um

texto corrido (como uma reportagem).

O jornalista apresenta o personagem ao leitor

por meio do discurso indireto, mas fazendo

uso em diversos momentos do discurso direto,

por meio da inserção de falas na íntegra do

entrevistado.

FORMATO

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- Forma INDIRETA de narrar o perfil:

“(...) Na hora marcada, três da tarde da primeira segunda-

feira de agosto, ele me convida para entrar em seu

franciscano consultório no terceiro andar do prédio, em

frente à entrada principal do Hospital Sírio-Libanês, na

região central de São Paulo, um dos seus muitos locais de

trabalho. Aos 67 anos, o doutor Drauzio Varella é um

personagem asséptico e atípico. À primeira vista, nada nele

chama a atenção. Nem a roupa, nem qualquer acessório

que possa identificar sua profissão. (...)”

ESTILO

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Forma DIRETA: "Eu sempre fui fascinado por coisa de cadeia.

Quando eu era criança, assisti a um filme, Força Bruta, com Burt

Lancaster, que me despertou a atenção para esse tipo de

ambiente."

OBS: Note que não é obrigatório usar o verbos declaratórios após a

afirmação (como ocorre com a reportagem. Exemplo: ...afirma

Dráuzio Varella...) e nem ficar citando a todo momento o nome e o

cargo do entrevistado. Como o gênero perfil é centrado em uma

única pessoa, é óbvio que todas as informações que aparecem no

texto são do entrevistado. Só é preciso citar o nome e ocupação se

a fala de outra fonte for colocada de forma rápida no texto, para

ilustrar algo importante sobre o personagem retratado.

ESTILO

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ESTILO

- Uma boa abertura e um título atraente

garantem o envolvimento e

comprometimento do leitor com a leitura de

um perfil

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Embora a entrevista seja a base para a produção

do perfil, um bom perfil não nasce apenas a

partir da entrevista.

É necessário:

1) um bom trabalho de pesquisa

2) Entrevista de profundidade

3) Observação e vivência com o personagem

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PRODUÇÃO

*ENTREVISTA

-É preciso observar as linguagens verbais e não

verbais do personagem (gestos, expressões, silêncio

etc), captar o que ficou nas entrelinhas, o aspecto

psicológico do entrevistado.

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PRODUÇÃO

-Todos os trechos de fala do entrevistado devem

ser gravados.

- Quando o repórter estiver apenas observando o

entrevistado, ele pode gravar apenas suas próprias

observações de forma rápida e discreta.

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Entrevista superficial.

Falta de observação

Roteiro mal formulado.

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FONTES

ESTELA, Ana de Sousa Pinto. Jornalismo diário: reflexões, recomendações,

dicas, exercícios. São Paulo: Publifolha, 2009.

VILAS BOAS, Sérgio. Perfis e como escrevê-los. São Paulo: Summus, 2003.

KOTSCHO, Ricardo. A prática da reportagem. São Paulo: Ática, 1995.