AULA 8- PERROUX

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LDR -AULA 8 22/04/22 1 TEORIA DOS POLOS DE CRESCIMENTO - PERROUX

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TEORIA DOS POLOS DE CRESCIMENTO - PERROUX

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O conceito de “pólo de crescimento” e a teoria que dela se derivou foram originalmente concebidos como instrumentos úteis a descrição e explicação da dinâmica do crescimento econômico das economias capitalistas modernas.

François Perroux, considerado como o formulador original da noção de pólo, parte de um dado de observação para derivar o que viria a ser posteriormente designado como “teoria dos pólos de crescimento” (PERROUX, 1961).

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O dado de observação é o de que o crescimento nas modernas economias capitalistas não se manifesta de forma homogênea no interior de um espaço econômico, mas se inicia e se propaga a partir de certos pontos dotados de intensidade variáveis de irradiação, difunde-se por canais diversos e produz efeitos finais distintos para a economia em seu conjunto (PERROUX, 1961).

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Assim, o crescimento consiste num processo essencialmente “polarizado”, na medida em que as forças que o induzem operam no sentido de reunirem atividades em torno de sucessivos centros de inovação do que resulta desequilíbrios entre setores industriais e, por extensão, entre as regiões nas quais estes se localizam.

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A noção de pólo formulada por Perroux insere-se no contexto de um espaço econômico abstratamente considerado e que é concebido como sendo um campo de forças representadas por centros de inovação. De certos pontos desse campo emanam forças centrífugas, ao mesmo tempo que forças centrípetas são por eles atraídas. São os centros desse campo de forças que Perroux denomina de pólos de crescimento, pois neles é onde se gera o crescimento e é deles que o crescimento capitalista é irradiado para o resto da economia

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Assim, a noção de “pólo” é concebida como instrumento conceitual para representar o processo através do qual as atividades econômicas surgem e se expandem, ou estacionam e desaparecem; em síntese, o conceito de pólo é destinado a explicar a dinâmica de um crescimento econômico que, para Perroux, tem que ser desequilibrado; justamente porque ele se realiza através da emergência e do desaparecimento de sucessivos centros dinâmicos no correr do tempo.

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O que Perroux busca, originalmente, através da noção de pólo de crescimento, portanto, é dar consistência à idéia de que o moderno crescimento econômico se realiza de forma necessariamente desequilibrada, (PERROUX,1961)

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A NOÇÃO DE PÓLO NA TEORIA DO DESENVOLVIMENTO

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A expressão original é “pólo de crescimento” (ou ponto de crescimento). A partir de um momento o “pólo de crescimento” é transformado em “pólo de desenvolvimento” o que vai introduzir uma primeira confusão conceitual.

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Perroux elabora a sua teoria de crescimento (que chamará também de teoria de desenvolvimento), baseando-se na idéia de interdependência industrial e no efeito de “dominação” exercido pela grande empresa capaz de inovação.

Para tanto apoia-se, de um lado, na idéia de Schumpeter sobre o papel das “ondas de inovação” introduzidas pela grande empresa capitalista moderna e, de outro, sobre o papel no crescimento polarizado das conexões interindustriais (linkages) estudadas por Hirschman.

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A seqüência desse raciocínio que gera a “teoria” dos pólos de desenvolvimento poderia ser resumida, portanto, da forma seguinte:

da noção de pólo num espaço econômico abstratamente considerado se passa à sua objetivação através do papel desempenhado pelas indústrias motrizes. Dos efeitos dinamizadores por estas irradiados, através das conexões interindustriais, se passa ao crescimento polarizado. Paralelamente, essa dinâmica atribuída ao crescimento econômico é transposta para o contexto do desenvolvimento econômico.

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Assim, um pólo de desenvolvimento seria constituído por um grupo importante de indústrias fortemente relacionadas através de suas ligações de input-output a partir de uma indústria principal e geograficamente agrupadas. A indústria principal inova e a partir de sua indução todo grupo inova e cresce em um ritmo mais rápido que as indústrias estranhas ao pólo. (LASUÉN, 1976)

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Isto quer dizer que a presença de uma “indústria principal” dinâmica e a existência de fortes linkages não asseguram, por si sós, os efeitos na irradiação do comprimento de onda indispensável à caracterização de um pólo . Da mesma forma que não asseguram a retenção desses efeitos no espaço geográfico em que se localiza o pólo.

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Com efeito, a magnitude da irradiação e a natureza transformadora resultante dos efeitos de linkage num dado espaço econômico podem variar substancialmente em função:

1 – do tipo de indústria e da natureza da empresa;

2 – das características sócio-econômicas do espaço geográfico no qual o fenômeno se manifesta; e,

3 – da natureza da problemática (se de “crescimento” ou de “desenvolvimento”) na qual o fenômeno pólo se inscreve.

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1. O TIPO DE INDÚSTRIA

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A INDÚSTRIA-CHAVE é aquela que se caracteriza pela utilização para sua produção final de uma alta taxa de insumos intermediários provenientes de outras indústrias, a expansão dessas últimas sendo função das atividades de indústria-chave (backward linkages).

Já a INDÚSTRIA MOTRIZ é aquela caracterizada

pela produção dos bens intermediários indispensáveis ao produto final de outras indústrias a jusante (forward linkages); se, de um lado, sua expansão depende das atividades dos produtores do bem final para os quais ela produz os insumos, de outro lado, o dinamismo de tais produtores é induzido pela indústria motriz dada a capacidade que ela tem de a eles transmitir “ondas” sucessivas de inovações.

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O ponto importante, que a simples menção a uma indústria “principal” não esclarece, é o seguinte: há criação efetiva de um pólo, na concepção de Perroux, apenas quando a indústria-chave é simultaneamente uma indústria-motriz.

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É certo que se pode formar, em torno de uma indústria com alta capacidade indutora, uma condensação de outras indústrias, num mesmo espaço geográfico, criando-se uma estrutura de interdependência entre elas, inclusive com efeitos a montante e a jusante. Mas se não há simultaneidade das funções de indústrias-chave e indústria-motriz, nos termos antes definidos, tal estrutura pode constituir um complexo industrial, mas não um pólo.

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Em síntese: todo pólo supõe a existência de um complexo industrial, mas nem todo complexo industrial constitui um pólo.

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2. CARACTERÍSTICAS GEO-ECONÔMICAS E SOCIAIS DO

ESPAÇO

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A noção de pólo surge no contexto de um

espaço econômico abstratamente considerado ( e não no de um dado espaço geográfico) está implícito na formulação de Perroux que tal espaço econômico reúne todas as condições sócio-econômicas (dotação de fatores, capacidade empresarial, demanda elástica, etc.) necessárias à emergência de um pólo.

Quando se transpõe o modelo para um espaço geográfico concreto, de uma região subdesenvolvida, nem todas as condições dadas como existentes, existem.

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3. DESENVOLVIMENTO X CRESCIMENTO

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O processo de mudança em situação de desenvolvimento se diferencia da mudança em situação de crescimento basicamente em virtude de dois fatores.

1.O aspecto intrínseco ou extrínseco do

processo,;2.O “timing” requerido para que ele se concretize (invenção, inovação, ensaio e difusão), e

3.A natureza dos atores.

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Calcula-se, que, no início do século, levava-se em média de duas a quatro décadas (dependendo do tipo de indústria e da natureza da inovação) para que essa seqüência se cumprisse. O que se assiste atualmente é uma aceleração rapidíssima de todo esse processo, sendo que em algumas indústrias – como é o caso da petroquímica – o tempo que separa a invenção da difusão, foi dramaticamente encurtado.

Numa situação de crescimento, os processos de reajustamento entre a difusão e a absorção podem mais facilmente responder a essa aceleração justamente porque são inúmeros os recursos de adaptação com que conta a estrutura já existente. Em situação de subdesenvolvimento, a problemática é muito mais complexa.

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Primeiro, porque não se trata apenas de reajustes interindustriais, mas da criação de estruturas industriais novas – o que exige um fluxo de recursos de grandes proporções; segundo, porque a absorção não exige apenas respostas da estrutura material do sistema produtivo, mas também de todos os fatores humanos envolvidos na produção: de mão de obra de elevada qualificação à qualidade de ação empresarial.

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Assim, sendo, podem passar-se anos até que um complexo industrial instalado se transforme efetivamente em pólo de desenvolvimento assim como essa passagem pode não ocorrer jamais.

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Porque a teoria dos pólos foi originariamente concebida tendo em vista a situação de crescimento é compreensível que tenha sido considerado praticamente um único ator: o empresário capitalista shumpeteriano; aquele que, atuando em condições nas quais os referentes são o lucro e o risco, é capaz de introduzir continuamente “novas combinações” no processo produtivo.

Já numa situação de desenvolvimento, são múltiplos os papéis a serem desempenhados simultaneamente, diferentes as condições em que atuam os atores e muito maior o número destes. O problema é, portanto, não apenas muito mais complexo como abrange várias dimensões. Serão indicadas aqui apenas duas dessas dimensões