Aula Dada Estudada - :: O ANGLO...

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Faz parte do ciclo de aprendizagem no Anglo: aula dada, aula es- tudada, prova, diagnóstico. Este trabalho, pioneiro, é mais que um gabarito: a resolução que segue cada questão reproduzida da prova constitui uma oportuni- dade para se aprender a matéria, perceber um aspecto diferente, rever um detalhe. Como uma aula. É útil para o estudante analisar outros modos de resolver as questões que acertou e descobrir por que em alguns casos errou — por simples desatenção, desconhecimento do tema, dificuldade de relacionar os conhecimentos necessários para chegar à resposta. Em resumo, deve ser usado sem moderação. Para o curso de Economia (60 vagas), a FGV-SP realiza um ves- tibular anual em duas fases. 1 a FASE Consta de oito provas com testes de múltipla escolha das se- guintes disciplinas: Horário Disciplina Quantidade Manhã (das 8h 30 às 12h 30) Matemática 30 Biologia 15 História 15 Geografia 15 Tarde (das 14 h às 18 h) Inglês 15 Língua Portuguesa 15 Física 15 Química 15 Eliminam-se os candidatos que acertam menos de 20% das questões de quaisquer das provas. Classificam-se para a 2 a fase os 250 candidatos com as melhores médias aritméticas simples das notas estatisticamente padroni- zadas. Aqueles que empatam na 250 a posição são todos classi- ficados para a 2 a fase. a 2 a fase da GV-SP Economia dezembro de 2013 o anglo resolve Aula Estudada Aula Dada Prova Diagnós- tico

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Faz parte do ciclo de aprendizagem no Anglo: aula dada, aula es­tudada, prova, diagnóstico.Este trabalho, pioneiro, é mais que um gabarito: a resolução que segue cada questão reproduzida da prova constitui uma oportuni­dade para se aprender a matéria, perceber um aspecto diferente, rever um detalhe. Como uma aula. É útil para o estudante analisar outros modos de resolver as questões que acertou e descobrir por que em alguns casos errou — por simples desatenção, desconhecimento do tema, dificuldade de relacionar os conhecimentos necessários para chegar à resposta. Em resumo, deve ser usado sem moderação.

Para o curso de Economia (60 vagas), a FGV­SP realiza um ves­tibular anual em duas fases.

1a FASEConsta de oito provas com testes de múltipla escolha das se­guintes disciplinas:

Horário Disciplina Quantidade

Manhã(das 8h30 às 12h30)

Matemática 30Biologia 15História 15Geografia 15

Tarde(das 14h às 18h)

Inglês 15Língua Portuguesa 15

Física 15Química 15

Eliminam­se os candidatos que acertam menos de 20% das questões de quaisquer das provas.

Classificam-se para a 2a fase os 250 candidatos com as melhores médias aritméticas simples das notas estatisticamente padroni­zadas. Aqueles que empatam na 250a posição são todos classi­ficados para a 2a fase.

a2a fase

da GV-SPEconomia

dezembro de2013

oanglo

resolve

AulaEstudada

AulaDada

ProvaDiagnós-tico

GV — ECONOMIA/2014 — 2a FASE 2 ANGLO VESTIBULARES

2a FASE

Consta de três provas discursivas (cujo número de questões não é previamente divulgado):

Duração Disciplina Pesodas 8 às 10h Matemática 3

das 10h30minàs 13h

Língua Portuguesa (1h)

1

Redação e Língua Portuguesa

(1,5h)1

Eliminam­se os candidatos que acertam menos de 20% das questões de cada prova.A média de cada candidato na 2a fase é a média ponderada das notas estatisticamente padronizadas. Ausência ou zero em qualquer das provas resulta em desclassificação.A média final (MF) é dada pela seguinte fórmula:MF = (0,4 × média da 1a fase) + (0,6 × média da 2a fase)

Observação: 1) Cada disciplina tem pontuação de zero a dez.2) Não é utilizada a nota do Enem.

GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 3 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 1

A distância horizontal percorrida por um dardo, denotada por d e dada em metros, pode ser calculada apro-

ximadamente pela fórmula d = v02 ⋅ sen (2α)

10 , sendo V0 a velocidade inicial do dardo, em metros por segundo,

e α o ângulo do lançamento.

a) Calcule a velocidade inicial (em m/s) de lançamento de um dardo que atingiu a distância de 80 metros ao ser lançado sob um ângulo de 15º.

b) O recorde mundial masculino da prova de lançamento do dardo foi estabelecido em 1996 por Jan Zelezny, com a marca de 98,48 m. Admitindo-se que o lançamento tenha sido feito com o melhor ângulo possível, e usando 98 m nos cálculos, determine a velocidade inicial do dardo de Jan Zelezny no lançamento. Entregue o resultado em km/h.(Adote nas contas finais 5 = 2,2 e lembre-se de que 1 m/s equivale a 3,6 km/h)

Resolução

a) Com d = v02 ⋅ sen(2α)

10, d = 80 e α = 15º, temos:

80 = v02 ⋅ sen30º

10 \ 80 =

v02 ⋅ 1

210

1600 = v02 (com v0 . 0) \ v0 = 40 (m/s)

Resposta: 40

b) Com d = v02 ⋅ sen(2α)

10, d = 98 e α = 45º (correspondendo ao valor máximo de sen 2α), temos

98 = v02 ⋅ sen90º

10 \ 98 = v0

2 ⋅110

98 ⋅ 10 = v02 (com v0 . 0)

v02 = 2 ⋅ 72 ⋅ 2 ⋅ 5

v0 = 2 ⋅ 7 ⋅ 5v0 = 2 ⋅ 7 ⋅ 2,2 \ v0 = 30,8 (m/s)

Em km/h, essa velocidade é dada por 30,8 ⋅ 3,6 = 110,9.

Resposta: 110,9

M ACIÁEAM T T

GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 4 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 2

Uma garrafa esférica de refrigerante tem forma e medidas conforme indica a figura. As caixas 1 e 2 são uti-lizadas para acondicionar, sem folgas, 6 dessas garrafas de refrigerante. A caixa 1 tem forma de prisma reto de base retangular, e a 2, de prisma reto de base triangular. O material que compõe as faces das caixas é de espessura desprezível.

2cm

1cm

raio = 4cm

vista superior da caixa 1

vista superior da caixa 2

a) Calcule a área da base inferior das caixas 1 e 2.b) Considerando o bocal da garrafa como sendo um cilindro reto de altura 2 cm e raio da base 1 cm, calcule o

volume da região da caixa 1 que não está ocupada quando as seis garrafas estão acondicionadas nela.

Resolução

a)

h = 16

b = 24

8

8

A área do retângulo (base da caixa 1) é dada por b ⋅ h = 24 ⋅ 16 = 384 (cm2)

30ºx

4

4

x

b

h

x16

De tg 30º = 4x

, temos 13

= 4x

e, portanto, x = 43.

b = 16 + 2x = 16 + 83 = 8(2 + 3).

h = b ⋅ 32

= 8(2 + 3) ⋅ 32

= 4(2 + 3)(3) = 4(3 + 23).

A área do triângulo (base da caixa 2) é dada por 12

bh = 16(12 + 73) (cm2)

Resposta: 384 cm2 e 16(12 + 73) cm2

GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 5 ANGLO VESTIBULARES

b)

10cm

16cm

24cm

O volume da caixa 1 é dado por:

VC = 24 ⋅ 16 ⋅ 10 \ VC = 3840 cm3

O volume da garrafa é dado por:

VG = 43

p ⋅ 43 + p ⋅ (1)2 ⋅ 2 \ VG = 262p3

cm3

Como há 6 garrafas na caixa, segue-se que o volume da caixa que não está ocupado é dado por:

V = VC – 6 ⋅ VG

V = 3840 – 6 ⋅ (262p3 ) \ V = 4(960 – 131p) cm3

Resposta: 4(960 – 131p) cm3

▼ Questão 3

De acordo com um modelo econômico, a função demanda de um bem expressa a relação entre o preço por unidade do bem e a quantidade demandada desse bem pelo consumidor. Em geral, a quantidade demandada de um bem decresce à medida que o preço por unidade do bem aumenta.

A função oferta de um bem expressa a relação entre o preço por unidade do bem e a quantidade ofertada dele pelo fornecedor do bem.

Em geral, a quantidade ofertada de um bem cresce à medida que o preço por unidade do bem aumenta. Neste problema, assuma que:

• pd(x) = –0,1x2 – x + 40 é a função demanda de um bem, sendo pd(x) o preço de demanda por uma unidade do bem (em R$), e x a quantidade demandada desse bem pelo consumidor se o preço de mercado for pd(x);

• po(x) = 0,1x2 + 2x + 20 é a função oferta do mesmo bem, sendo po(x) o preço de oferta por unidade do bem (em R$), e x a quantidade ofertada desse bem pelo fornecedor se o preço de mercado do bem for po(x).

a) Calcule o preço de equilíbrio, que é o preço unitário do bem para o qual a quantidade demandada do bem pelo consumidor se iguala à quantidade ofertada do bem pelo fornecedor.

b) Os dois gráficos ao lado mantêm relação com as fun-ções oferta e demanda usadas neste problema. Calcule a área do retângulo colorido no plano cartesia-no dos gráficos e, em seguida, registre uma interpre-tação econômica do valor calculado. Considere neste item que x pode ser um número real positivo qualquer eadote nos cálculos finais 7 – 6 = 0,2.

x20100–10–20

10

20

25

30

40

Pd(x), Po(x)

5 7 – 5�

GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 6 ANGLO VESTIBULARES

Resolução

a) Pd(x) = –0,1x2 – x + 40 e Po(x) = 0,1x2 + 2x + 20

De Po(x) = Pd(x), segue-se:

0,1x2 + 2x + 20 = –0,1x2 – x + 400,2x2 + 3x – 20 = 0x2 + 15x – 100 = 0x = 5 ou x = –20 (não convém)

Pd(5) = Po(5) = 0,1 ⋅ 52 ⋅ 2 ⋅ 5 + 20 = 32,5

Resposta: R$ 32,50

b) De Po(x) = 25, temos:

0,1x2 + 2x + 20 = 25.x2 + 20x – 50 = 0 e x . 0 (da figura)x = 56 – 10

Sendo b a medida da base do retângulo, temos:

b = (57 – 5) – (56 – 10)

b = (57 – 6) + 5

Com 7 – 6 = 0,2, temos b = 6,0.

A área do retângulo é dada por 6,0 ⋅ 25 = 150.

Resposta: 150; a base representa o quanto a demanda supera a oferta; podemos concluir que a área do retângulo representa o quanto se deixa de receber: R$ 150,00.

▼ Questão 4

Um exame é composto de 25 testes de múltipla escolha, com cinco alternativas cada um. Cada teste certo vale 6 pontos, cada teste errado vale –1 ponto, e cada teste deixado em branco vale 1,5 ponto. Para ser aprovado nesse exame, o candidato precisa totalizar 100 ou mais pontos.

a) Um aluno fez o exame e errou exatamente 3 testes. Denote por x o número de testes que ele deixou em branco, e por T o total de pontos feitos por ele no exame. Determine a expressão de T em função de x, além do domínio e dos extremos (valor máximo e valor mínimo) da função T.

b) Nos minutos finais desse exame, outro aluno tem certeza de que já assinalou as opções corretas em 12 tes-tes. Nos demais testes, em 12 ele não sabe a alternativa correta e, se for assinalar uma opção, isso será feito por sorteio aleatório. No teste restante que completa os 25, ele tem certeza de que a resposta correta está entre duas das alternativas, mas, se for assinalar, terá que fazer um sorteio aleatório entre elas.Considerando plenamente corretas as expectativas do aluno, e tendo em vista o seu desejo de ser aprovado no exame, registre qual é a melhor estratégia a ser tomada com relação aos 13 testes que ainda não foram assinalados. Depois de registrada a estratégia, calcule a probabilidade de aprovação desse aluno no exame se essa estratégia for adotada.

Resolução

a) Resposta Valor Quantidade Pontuação

certa +6 22 – x 6 ⋅ (22 – x)

em branco +1,5 x 1,5x

errada –1 3 –3

Logo, T é dada por:

T = 6 ⋅ (22 – x) + 1,5x – 3T = 132 – 6x + 1,5x – 3T = –4,5x + 129

GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 7 ANGLO VESTIBULARES

Como x ∈IN, 0 < x < 22, e T(x) é uma função do 1o grau decrescente, temos:Tmáx = 129, para x = 0.Tmín = 30, para x = 22.

Resposta: T = –4,5x + 129,D = {x ∈IN / 0 < x < 22},Tmáx = 129, para x = 0 eTmín = 30, para x = 22.

b) O aluno tem 12 ⋅ 6 = 72 pontos garantidos. A melhor estratégia é a opção que apresenta menor risco (maior probabilidade) e pontuação maior ou igual a 100.Seguem as opções em ordem crescente de risco.

Opção 1: Deixar as 13 questões em branco.• Pontuação:72+13⋅ 1,5 = 91,5. (Não aprovado)• Probabilidade=1.

Opção 2: Deixar 12 questões em branco e responder aleatoriamente a questão em que ele está entre duas alternativas.• Pontuação:72+12⋅ 1,5 + 1 ⋅ 6 = 96. (Não aprovado)

• Probabilidade= 12

.

Opção 3: Deixar 11 questões em branco e responder aleatoriamente a questão em que ele está entre duas alternativas e uma questão na qual ele está entre cinco alternativas.• Pontuação:72+11⋅ 1,5 + 2 ⋅ 6 = 100,5. (Aprovado)

• Probabilidade= 12

⋅ 15

= 110

.

Em qualquer outra opção o aluno deverá responder aleatoriamente 3 ou mais questões, podendo obter uma pontuação maior que 100, porém com maior risco, pois a probabilidade de aprovação será menor do

que 110

.

Resposta: A melhor estratégia é a descrita na opção 3.

GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 8 ANGLO VESTIBULARES

Leia o texto para responder às questões de números 01 a 03.

A decisão do Fed, banco central dos EUA, de prorrogar seu programa de estímulo monetário trouxe alívio aos mercados internacionais. As moedas de países emergentes voltaram a se valorizar, estabelecendo-se certa tranquilidade.

O filme será mais longo, mas o final não mudará: os juros nos EUA subirão nos próximos anos, em função da recuperação de sua economia. Como o dólar ocupa lugar central do sistema monetário global, todos os países devem se preparar para o fim do período de juros internacionais próximos de zero que vigora desde 2009.

É saudável que o governo brasileiro comece a se mostrar disposto a reverter, ainda que tardiamente, algu-mas das ações de estímulo adotadas para combater a crise.

Entre elas estão o crescimento do gasto e do crédito públicos — este foi de 33% a 50% do total de emprés-timos no Brasil desde 2008.

É bom o governo reconhecer a necessidade de mudar de rumo. Sem que as palavras se transformem em ações, contudo, todo ceticismo é pouco — sobretudo em ano eleitoral — diante de um governo até aqui per-dulário com as contas públicas.

(Folha de S.Paulo, 30.09.2013. Adaptado)

▼ Questão 1

Justifique o emprego da vírgula nas seguintes passagens do texto:

a) A decisão do Fed, banco central dos EUA, de prorrogar seu programa de estímulo monetário trouxe alívio aos mercados internacionais.

b) O filme será mais longo, mas o final não mudará…

Resolução

a) “Banco central dos EUA” está entre vírgulas por ser aposto de “A decisão do FED”.b) Em “O filme será mais longo, mas o final não mudará…”, a vírgula separa uma oração coordenada assin-

dética de uma oração coordenada sindética adversativa.

▼ Questão 2

Observe os períodos:

I. Como o dólar ocupa lugar central do sistema monetário global, todos os países devem se preparar para o fim do período de juros internacionais próximos de zero que vigora desde 2009.

II. É saudável que o governo brasileiro comece a se mostrar disposto a reverter, ainda que tardiamente, algumas das ações…

a) Explique que sentido estabelecem nos períodos os termos Como e ainda que.b) Reescreva os períodos, substituindo os termos Como e ainda que por outros de sentido equivalente.

Resolução

a) “Como” estabelece relação de causa e inicia uma oração subordinada adverbial causal. O fato de o dólar ocupar lugar central no sistema monetário global é a causa de todos os países deverem preparar-se para o fim do período de juros internacionais próximos a zero.“Ainda que” estabelece relação de concessão e inicia uma oração subordinada adverbial concessiva. Esse conectivo indica que é positivo que o governo comece a mostrar-se disposto a reverter algumas das ações de estímulo, embora essa iniciativa tenha demorado.

b) I. Porque o dólar ocupa lugar central do sistema monetário global, todos os países devem se preparar para o fim do período de juros internacionais próximos de zero que vigora desde 2009. Observação: também seria correto usar: “visto que” ou “já que”.

II. É saudável que o governo brasileiro comece a se mostrar disposto a reverter, embora tardiamente, algu-mas das ações…Observação: também seria correto usar: “conquanto”, “mesmo que”, “se bem que” ou “apesar de”.

UPORT UG ÊS

GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 9 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 3

Analisando os sentidos das palavras no texto,

a) explique a diferença que há entre o texto original e sua reescrita no seguinte caso:Original → As moedas de países emergentes voltaram a se valorizar, estabelecendo-se certa tranquilidade.Reescrita → As moedas de países emergentes voltaram a se valorizar, estabelecendo-se tranquilidade certa.

b) comente o significado da passagem — O filme será mais longo, mas o final não mudará... —, esclarecendo se nela se caracteriza a denotação ou a conotação.

Resolução

a) No original, a palavra “certa” está anteposta ao substantivo “tranquilidade”; nessa posição, ela funciona, é pronome e significa “alguma”: afirma-se que após a valorização das moedas foi estabelecida alguma tranquilidade.Na versão reescrita, a palavra “certa” está posposta ao substantivo “tranquilidade”; nessa posição, ela fun-ciona, é adjetivo e significa “que não é passível de dúvida, segura”: passa-se a expressar que a tranquilida-de estabelecida pela valorização das moedas dos países emergentes é “segura”, “não passível de dúvida”.

b) Na passagem, predomina a “conotação”, uma vez que “filme” não foi empregado em sentido literal, mas em sentido figurado, para indicar que a política econômica adotada pelo FED terá os mesmos desdobra-mentos de sempre.

▼ Questão 4

Leia a tira.

(Folha de S.Paulo, 30.09.2013. Adaptado)

Com base no plano da linguagem verbal, especificamente quanto aos processos de formação das palavras, explique

a) como o autor da tira atribui humor à história;b) a diferença de emprego das palavras do primeiro quadrinho e de “ismo” no segundo quadrinho.

Resolução

a) O efeito de humor é obtido, sobretudo, por meio da exploração do trocadilho entre os substantivos enu-merados no primeiro quadrinho, o sufixo “-ismo” citado no segundo, e o substantivo “abismo”, presente no terceiro. Todos os termos citados no quadrinho inicial designam correntes ideológicas e são formados por sufixação, com agregação do sufixo “-ismo”, mencionado no quadrinho seguinte. O enunciado do segundo quadrinho cria a expectativa de que o personagem vá enunciar a corrente ideológica com que se identifica, empregando, para tanto, um substantivo formado por sufixação também com acréscimo de “-ismo”. Sua fala do terceiro quadrinho rompe essa expectativa ao apresentar um substantivo que, embora terminado em “ismo”, não é formado por sufixação. Além disso, a palavra “abismo” sugere uma postura niilista, que inverte o sentido do enunciado imediatamente anterior, configurando uma ironia. Tal proce-dimento reforça a comicidade da tira.

b) No primeiro quadrinho todos os substantivos são formados por sufixação, com agregação do sufixo “-ismo”. No quadrinho seguinte, esse sufixo é empregado como se fosse um substantivo isolado. O sufixo, portanto, foi convertido em palavra, em um processo similar a uma derivação imprópria.

GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 10 ANGLO VESTIBULARES

▼ Questão 5

Ex-estrela em (ascensão/acensão/assenção) no obscurantista Partido Comunista que governa a China, o então líder Bo Xilai foi condenado na semana passada à prisão perpétua (sob/sobre) acusação de corrupção. Ainda que a classe média chinesa continue a ver “motivação política” na condenação, a prisão perpétua pareceu satisfazer uma nação na qual impera o autoritarismo burocrático no poder.

(IstoÉ, 02.10.2013. Adaptado)

a) Transcreva, dentre os termos em parênteses, aqueles que completam corretamente as lacunas do texto.b) A expressão prisão perpétua aparece duas vezes no texto. Em cada uma delas, qual a sua função na sintaxe

do período?

Resolução

a) Ascensão, sob.

b) Na primeira ocorrência o termo exerce a função sintática de objeto indireto. Na segunda, de sujeito.

▼ Questão 6

Identifique e explique o tipo de discurso presente nos trechos transcritos.

a) — Neste momento, Tupã não é contigo! replicou o chefe. O Pajé riu; e seu riso sinistro reboou pelo espaço como o regougo da ariranha. — Ouve seu trovão e treme em teu seio, guerreiro, como a terra em sua pro-fundeza. Araquém, proferindo essa palavra terrível, avançou até o meio da cabana; ali ergueu a grande pedra e calcou o pé com força no chão; súbito, abriu-se a terra.

(José de Alencar, Iracema)

b) Rubião interrompeu as reflexões para ler ainda a notícia. Que era bem escrita, era. Trechos havia que releu com muita satisfação. O diabo do homem parecia haver assistido à cena. Que narração! Que viveza de es-tilo! Alguns pontos estavam acrescentados — confusão de memória — mas o acréscimo não ficava mal.

(Machado de Assis, Quincas Borba)

Resolução

a) O tipo de discurso empregado para apresentar as falas das personagens é o discurso direto. O período inicial reproduz a fala do chefe, como se ele próprio tomasse a palavra. O terceiro período reproduz a fala de Araquém. A presença dos travessões, do vocativo (“guerreiro”), e das orações intercaladas (“replicou o chefe” e “Araquém, proferindo essa palavra terrível”) são traços característico dessa modalidade.

b) No fragmento de Machado de Assis, nota-se o recurso ao discurso indireto livre. Sobretudo nas passagens “Que narração!” e “Que viveza de estilo!” sugere-se que o fluxo de consciência do personagem, seus pen-samentos e impressões mais momentâneos, estão sendo postos ao alcance do leitor, sem intermediação da voz do narrador. O conteúdo carregado da impressão subjetiva do personagem, os pontos de exclamação e o emprego de frases nominais são traços característicos desse tipo de discurso.

▼ Questão 7

Bem parecida com a pera-do-campo é a cabacinha-do-campo, do mesmo gênero, Eugenia, mas de outra espé-cie, lutescens. Ocorre no mesmo hábitat, tem o mesmo cultivo, a árvore é do mesmo porte…

(Revista Terra da Gente, setembro de 2013. Adaptado)

a) Reescreva o trecho, empregando no plural as expressões pera-do-campo e cabacinha-do-campo, fazendo as adaptações necessárias.

b) Reescreva o trecho, substituindo a expressão Bem parecida por Semelhante e a forma verbal ocorre por frequenta.

Resolução

a) Com as alterações exigidas, a nova redação passa a ser esta: Bem parecidas com as peras-do-campo são as cabacinhas-do-campo, do mesmo gênero, Eugenia, mas de outra espécie, lutescens. Ocorrem no mesmo hábitat, têm o mesmo cultivo, as árvores são do mesmo porte…

GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 11 ANGLO VESTIBULARES

Observação: Embora não haja razões sintáticas para que a expressão “as árvores” seja flexionada no plural, essa alteração é recomendável para ser mantido o paralelismo semântico: na nova versão, não mais o sin-gular e sim o plural passa a ser usado para fazer referência a toda a espécie “cabacinha-do-campo”; logo é coerente que a mesma alteração se dê em relação ao termo “a árvore”.

b) Com as alterações exigidas, a nova redação será: Bem semelhante à pera-do-campo é a cabacinha-do--campo, do mesmo gênero, Eugenia, mas de outra espécie, lutescens. Frequenta o mesmo hábitat, tem o mesmo cultivo, a árvore é do mesmo porte…

▼ Questão 8

Há meses que eu não encontrava o Doutor Pundonor de Azevedo. Os primeiros ares de outono devem ter en-corajado o ilustre personagem a voltar às ruas, já que é conhecida a sua aversão ao contato humano durante o calor. Encontrei o Doutor na praça da Alfândega, agitadíssimo. Temendo seu gênio irascível, procurei começar nossa conversa num tom de otimismo.

(Luís Fernando Veríssimo, O gigolô das palavras. Adaptado)

a) Fazendo as adaptações necessárias, reescreva a passagem — Há meses que eu não encontrava o Doutor Pundonor de Azevedo. —, substituindo o verbo haver pelo verbo fazer e empregando o verbo encontrar na voz passiva.

b) Fazendo as adaptações necessárias, reescreva as passagens — Os primeiros ares de outono devem ter en-corajado o ilustre personagem a voltar às ruas… — e — Encontrei o Doutor na praça da Alfândega… —, substituindo na primeira a expressão o ilustre personagem por um pronome oblíquo e o verbo voltar por caminhar; e, na segunda, a expressão o Doutor por um pronome oblíquo.

Resolução

a) Com as alterações exigidas, a nova redação será: Faz meses que o Doutor Pundonor de Azevedo não era encontrado por mim.

b) As mudanças na primeira passagem resultam nesta redação: Os primeiros ares de outono devem tê-lo encorajado a caminhar nas ruas.A segunda passagem, em sua nova versão, passa a ser: Encontrei-o na praça da Alfândega

Observação: Além de “devem tê-lo”, seriam corretas ainda as seguintes redações:• (…)o devem ter (…);• (…)devem-no ter (…).

GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 12 ANGLO VESTIBULARES

Texto 1MOBILIDADE URBANA…

(Correio do Povo, 01.10.2013)

Texto 2

SÃO PAULO — Há algo além dos mandacarus sucedendo-se ao longo das estradas do agreste e do sertão nordestino. Os vultos esquálidos avistados à frente, na beira do caminho, não se revelam retirantes da seca. É o homem montado na sua moto.

Centenas desses conjuntos cruzam com o viajante. São, no mais das vezes, motocicletas aparentando ser novas, de baixa cilindrada. Poucos condutores e passageiros vestem capacete.

Na mais recente pesquisa por amostra domiciliar do IBGE, vê-se que, em 2012, o Nordeste ultrapassou o Sudeste em número de casas com motocicleta. Contam com o veículo de duas rodas 4,2 milhões de residências nordestinas, uma em cada quatro. No Sudeste, essa relação é de um para quase sete domicílios.

Essa é a maneira pela qual se vai resolvendo na prática o problema da “mobilidade”, tão em voga. O poder de consumo de extensas camadas populares cresce, pelo salário e pelo crédito, e esse bônus vai sendo aplicado na parcela da moto.

Um índice do desenvolvimento brasileiro poderia ser criado com a relação de domicílios que possuem motos e carros. A próxima etapa esperada é a troca dos veículos de duas pelos de quatro rodas.

(Vinicius Mota, Progresso em duas rodas. Folha de S.Paulo, 30.09.2013. Adaptado)

Texto 3

No calor das manifestações de junho, por passagens mais baratas e melhorias no transporte público, o go-verno federal anunciou um investimento de R$ 50 bilhões, até 2017. O trânsito é um dos maiores desafios das grandes cidades no mundo inteiro — e também no Brasil. Uma pesquisa divulgada na semana passada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) estima em 40 minutos o tempo que os brasileiros que vivem nas regiões metropolitanas levam para chegar ao trabalho. A cidade mais atravancada é o Rio de Janeiro, com 47 minutos no trajeto. Em São Paulo, o tempo de viagem aumentou 20% em duas décadas. Hoje, os paulis-tanos levam 46 minutos no trânsito. A situação piorou mais nas capitais do Norte e Nordeste. Boa parte disso ocorre porque o número de casas com carro na garagem cresceu 8% em apenas quatro anos. Pela primeira vez, mais da metade dos brasileiros têm carro próprio.

(Marcelo Moura, Para tirar você do trânsito. Época, 28.10.2013. Adaptado)

Texto 4

O carro, essa entidade mítica que já tinha sido o signo por excelência da liberdade individual, virou sinônimo de cárcere em pleno logradouro público. Motoristas solitários, com GPS, ar-condicionado dual zone, câmbio de oito marchas e rodas aro 18, são miseráveis prisioneiros enfileirados, vítimas de uma inovação que envelheceu, necrosou e entrou em colapso total. Numa cidade como São Paulo, tentar percorrer 100 metros num automóvel de luxo é como se refestelar num iate encalhado bem no meio do Rio Tietê, com sua fedentina pestilenta.

OR ÃEDAÇ

GV-ECONOMIA/2014 — 2a FASE 13 ANGLO VESTIBULARES

Por isso, além de símbolo de pecados veniais, vaidade, desperdício, bandidagem e corrupção, o carro vai virando também um estigma de estupidez paralisante. E de breguice. Em pouco tempo, bem pouco, as cele-bridades grã-finas, até elas, passarão a se envergonhar de ter um Bentley no jardim e inventarão alternativas de exibicionismo: bicicletas com pneus cor de abacate, por exemplo. Assim como o cigarro, que saiu da boca dos símbolos sexuais mais incendiários para ir parar na “área de fumantes”, depois também banida para todo o sempre, o automóvel despencará do Olimpo na direção do castigo eterno — e em altíssima velocidade.

(Eugênio Bucci, Os automóveis irão para o inferno. Época, 30.09.2013. Adaptado)

Com base nos textos apresentados e em outros conhecimentos que julgar pertinentes, elabore uma disser-tação, em norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:

A RELAçÃO ENTRE O AUMENTO dO POdER AqUISITIVO dOS BRASILEIROS E AqUESTÃO dA MOBILIdAdE URBANA

Análise da PropostaComo em anos anteriores, a prova da FGV-Economia pediu um texto dissertativo, com cerca de 30 linhas,

enunciando explicitamente o tema: A RELAÇÃO ENTRE O AUMENTO DO PODER AQUISITIVO DOS BRASILEI-ROS E A QUESTÃO DA MOBILIDADE URBANA. Como subsídio aos candidatos, foi oferecida uma coletânea de quatro textos.

O texto 1, uma charge extraída do Correio do Povo, aponta a sensação de aprisionamento e impotência de motoristas, encarcerados em seus carros, o que é provocado por um trânsito sem mobilidade. Na figura, mesmo uma barata, ironicamente, movimenta-se de maneira mais livre que os condutores dos veículos, que a observam com espanto.

O texto 2, um artigo de Vinicius Mota, publicado pela Folha de S.Paulo, compara os números relativos à utilização de motocicletas nas regiões Nordeste e Sudeste. Em 2012, segundo o IBGE, uma em cada quatro residências nordestinas possuía o veículo de duas rodas. No Sudeste, “essa relação é de um para quase sete domicílios”. O artigo associa ainda o crescimento da comercialização de motocicletas ao aumento do poder de consumo da população: “a próxima etapa esperada é a troca dos veículos de duas pelos de quatro rodas”.

Já o texto 3, trecho de reportagem de Marcelo Moura, da revista Época, mostra que os mais graves pro-blemas de mobilidade urbana ocorrem nas grandes cidades do Sudeste (São Paulo e Rio de Janeiro). Contudo, teria havido um agravamento no Nordeste, provocado pelo aumento do número de casas com carros na gara-gem, que, apenas em quatro anos, foi de 8%. A matéria lembra, ainda, que o governo anunciou investimentos vultosos no setor em resposta às manifestações de junho de 2013.

Por fim, o texto 4, um artigo de Eugênio Bucci, chama atenção para uma possível mudança em relação à maneira como os automóveis são vistos: de símbolo de liberdade e status, o carro pode se tornar representa-ção de cárcere e motivo de vergonha. Isso ocorreria porque, de acordo com o autor, um automóvel de luxo que não consegue se locomover é um “estigma de estupidez paralisante”.

Possibilidades de encaminhamentoPara dissertar sobre o tema, o candidato poderia levar em conta, por exemplo, as seguintes linhas de

raciocínio:• Otrânsitocaóticodasgrandesmetrópoles,sobumaperspectivaeconômica,éconsequêncianocivadeum

modelodedesenvolvimentoeconômicoesocialbaseadonaproduçãoindustrial,daqualaindústriaauto-motivaéexpoente.Ocrescimentodaproduçãodeveículosdesponta,pois,comoumtermômetrodarecu-peração da atividade industrial e da economia.

• Osautomóveis,alémdafunçãodetransporte,estãointimamenteligadosànoçãodestatus. As pessoas são reconhecidas pelo que consomem: ter poder aquisitivo não satisfaz apenas, é preciso demonstrar (as mídias sociais que o digam). Os problemas de trânsito, porém, começam a relativizar a importância desse aspecto. Em vez de pensar que o ideal seria que todos tivessem carros, não seria melhor projetar um país em que o transporte público fosse preferido até pelos mais ricos?

• Oaumentodopoderaquisitivodosbrasileirosteve,entreoutrosefeitos,ummaiorconsumodecarrosemotos. Isso pode ser usado como argumento de democratização e de redução da desigualdade, mas o fato équeofenômenoestáagravandoosproblemasdemobilidade.

• “Oproblemaéqueagoraqualquerumpodetercarro“.Essaafirmação,alémdeserumaformasuperficialde encarar a questão, revela preconceito social. Os brasileiros que tiveram aumento de renda, especial-mente os de menor poder aquisitivo, não podem ser responsabilizados pelo agravamento do trânsito nas grandes cidades. Se eles se sentiram levados a investir nos veículos, isso também tem relação com o caos do transporte público.