Aula de filosofia antiga aristóteles de estagira - metafísica
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Aristóteles de Estagira384 – 322 a.C.
Prof. Juliano Batista
Considerações importantes sobre Aristóteles:
Pertence ao terceiro período da filosofia antiga, conhecido como sistemático IV-III a.C.;
É considerado o maior discípulo de Platão, embora não aceite o conceito de dualidade do real existente, proposto pelo mestre;
Em sua Teoria do Conhecimento busca compreender o que é dinâmico [acidentes] e o que é estático [essência/substância] nos seres contingentes/sensíveis;
Busca estabelecer como conhecimento verdadeiro o conceito de ser enquanto ser: o que é;
Opõe-se aos sofistas;
Escreve essencialmente em forma de tratado. Continuação...
Aristóteles de Estagira
1ª Fase: Discípulo de Platão;2ª Fase: Preceptor e conselheiro de soberanos, entre eles Alexandre da Macedônia, conhecido como o Grande;3ª Fase: Fundador da escola “Liceu” – Belas Artes – que ficou conhecida como peripatética, porque seus alunos tinham aulas passeando pelos jardins e alamedas do local.
Prof. Juliano Batista [email protected]
Fases da vida de Aristóteles:
Metafísica – 14 livros;Ética a Nicômaco – 10 livros;Política – 8 livros;Poética – 1 livro [?]; Da geração e da corrupção – 2 livros.
Principais obras de Aristóteles: Órganon [obras de Lógica clássica/formal],
composta de 5 livros, são eles: - Categorias; - Da interpretação; - Primeiros analíticos; - Segundos analíticos; - Tópicos.
Aristóteles de Estagira
Prof. Juliano Batista [email protected]
A escola de Aristóteles, assim como a de Platão, é um centro superior de estudos. A diferença essencial é que o “Liceu” se dedicou principalmente à Filosofia e às Ciências Naturais, enquanto que a “Academia” se dedicou fundamentalmente à Filosofia e à Matemática [Geometria].
Aristóteles [à direita] a educar Alexandre [à esquerda].
Aristóteles de Estagira
Prof. Juliano Batista [email protected]
A Metafísica ou “Filosofia Primeira”A Metafísica é o ramo do conhecimento que procura atingir à realidade intima das coisas, a saber: substância ou essência - o que o ser é. Procura compreender os fenômenos que se situam “além do físico”, mas cujas manifestações ou conseqüências são percebidas pelos sentidos e avaliados pela experiência ou indução. Todo este processo filosófico que analisa a cognição do objeto percebido pelo sujeito é chamado de ‘especulações metafísicas’.
Dentre as principais ‘especulações e/ou conceitos’ metafísicos temos:
Teoria das quatro causas ou princípios;
Teoria do Ato [forma] e Potência [matéria];
Teoria do Primeiro Motor Imóvel [ou Ato-puro];
Teoria da causa substancial [segunda] e acidental.
Máximas aristotélicas: “O ser se diz de muitos modos, mas nenhum modo exprime o ser”; ou,
“O ser se diz de vários sentidos”.
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Aristóteles de EstagiraMetafísica ou “Filosofia Primeira”
De volta a Atenas, em 335 a.C., treze anos depois da morte de Platão, Aristóteles fundava, perto do templo de Apolo Lício, a sua escola. Daí o nome de Liceu dado à sua escola.
Especulações Metafísicas
Ciência teorética [teórica/contemplativa], Ciência dos primeiros princípios e das primeiras causas ou Ciência do ser enquanto ser [substância/essência], é a própria “Metafísica” ou “Filosofia Primeira”.
Portanto:
A Metafísica ou Filosofia Primeira, que em Aristóteles é ciência, possui como objeto de estudo a substância ou essência das coisas – seres.
Prof. Juliano Batista [email protected]
Aristóteles de EstagiraA Metafísica ou “Filosofia Primeira”
Aristóteles, em sua obra Metafísica livro I, capítulo 1, 1º parágrafo, começa com a seguinte frase: “Todos os homens têm o desejo de conhecerem”. A partir deste enunciado Aristóteles inicia as suas especulações metafísicas com o intuito de conhecer o que o “ser é”.
Continuação...
Aristóteles de Estagira
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Teoria das 4 causas ou princípios
Demonstrar tudo aquilo que determina a realidade do ser. Ou seja: demonstrar como surgem os seres contingentes ou sensíveis. Para tanto, uma causa final motiva uma causa eficiente a aplicar em uma causa material uma causa formal.
Objetivo:
Causa Formal: o que é ou vai ser – isto é, é aquilo que faz com que um ser seja tal ser determinado. Exemplo: a figura pensada pelo escultor.
Causa Material: do que é feito – isto é, a matéria de que uma coisa é feita. Exemplo: madeira.
Causa Eficiente: quem faz – isto é, é aquilo pelo qual uma coisa é ou vem a ser. Ou seja, é o fenômeno que produz o outro. Exemplo: o cinzel utilizado pelo escultor.
Causa Final: porque ou para que é feito – isto é, é a realidade para qual algo tende a ser. Ou seja, é o fim pretendido na execução de um ato. Exemplo: o dinheiro pelo qual o escultor trabalha.
Continuação...
Aristóteles de Estagira
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Teoria das 4 causas ou princípios
A Causa Formal é entre as causas a mais importante, pois é ela que permite determinar a essência/substância dos seres.
1ª Causa Final 2ª Causa Eficiente 4ª Causa Formal3ª Causa Material
Atenção:
A relação entre a Causa Material [hylé] e Causa Formal [morfos]:
Causa Material [Mundo das Sombras]
Causa Formal [Mundo das Idéias]+ = Substância/essência/sínolo
Por si só é imperfeita Por si só é imperfeita Perfeita
Aristóteles de Estagira
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Teoria do Ato e Potência
Potência AtoCausa eficiente ou dýnamis
A passagem não se dá ao acaso, ela é causada pela causa eficiente – dýnamis.
Potência [dinâmica/muda]: é imperfeita, pois se refere ao que deve ser – ou seja, refere-se a matéria como possibilidade de devir ou vir a ser no tempo.
Ato [estático/não muda]: é perfeito, pois se refere ao que é – ou seja, refere-se a unidade de matéria e forma [ou energéia da coisa tal como ela é aqui e agora] como essência do ser.
Continuação...
Muita Atenção! Cada ser ao surgir, surge em ato [matéria + forma = ao que o ser é] e em potência [o que a matéria do ser poderá e/ou deverá vir a ser]. Cabe a dýnamis atualizar a potência, de tal modo que o ser ‘não muda de forma’, mas passa de uma forma ‘menos perfeita’ para a ‘forma mais perfeita’ ou acabada.
Teoria do Ato e Potência
Aristóteles de Estagira
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Processo de contingência dos seres sensíveis:
Ato Inicial Ato Final
Feto AdolescenteCriança AdultoPotência Potência
Potência
Ato/homem Ato/homem Ato/homem Ato/homem
Homem Homem
Continuação...
Sem o thelos, realização de um Ato Final denominado por Aristóteles de entelékheia, nenhuma matéria é atualizada [pela potência] e sem o ato, nenhuma forma se realiza.
Aristóteles de Estagira
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Teoria do Ato e Potência Explicando o processo de contingência dos seres sensíveis: Quando um homem e uma mulher se unem, surge na matéria a forma do feto, que é o Ser futuro em potência. Esta potência deverá ser atualizada no tempo pela dýnamis da matéria, até que se torne uma criança, depois um adolescente e depois um adulto, realizando integralmente sua forma potencial, mas se preservando o ato em todos, que no exemplo acima é o ato de HOMEM. Vale ressaltar que a passagem se faz sempre da potência ao ato.
Para ajudar: Ato = Morfos = Perfeito = Estático = Imutável
Potência = Hylé = Imperfeito = Dinâmico = Mutável
Filosofia Primeira: relação com a Metafísica: Ato/Forma/O que o Ser é Filosofia Segunda: relação com a Física: Potência/Matéria/O que o Ser deverá ser
A relação da Filosofia Primeira e da Filosofia Segunda:
Prof. Juliano Batista [email protected]
Aristóteles de EstagiraTeoria do Primeiro Motor Imóvel
Afirma que tudo que se move, deve ser movido por um outro. Neste sentido, somente o imóvel é causa absoluto do móvel, pois o ser movente se move, porque deseja não mais se mover – isto é, o ser que se move, move-se para buscar a perfeição, que é a ausência de potência. Isso ocorre pelo fato de todo ser contingente aspirar uma identidade consigo mesmo, a saber: ser o que é. Neste sentido a perfeição do ser que é a essência nunca muda, já a matéria, por ser mutável, é uma imperfeição que dirige o seu thelos à perfeição
Tipos de seres: Ser Ato-Puro [sempre imóvel]: é o próprio Motor Imóvel, “Ser” que sempre foi idêntico a
si mesmo, por isso nunca se moveu - é desde o início realizado. Ou seja, o Motor Perfeito [“Deus”], é o que é, pois jamais teve ou terá potencialidades. Além disso ele contém em si mesmo, em Ato, a perfeição que imprime os demais seres ditos contingentes/sensíveis.
Seres contingentes [move-se rumo ao imóvel]: são seres que nem sempre existiram, por isso não são realizados por completo, tendo uma finalidade [thelos] que é encontrar a forma mais perfeita, a saber, o ato final ou a entelécheia.
Continuação...
Aristóteles de Estagira
[email protected]. Juliano Batista
Teoria do Primeiro Motor Imóvel
O thelos dado pelo Motor Imóvel aos seres contingentes: Todo o movimento dos seres contingentes é causado pela Substância (Eterna) Supra (Motor Imóvel) Sensível (Ato-Puro), comumente chamado de “Deus”.
“Deus” em Aristóteles não é no sentido cristão, mas sim na forma de “Ser” que organiza o universo, dando a ele formas – isto é, essência. Nesse sentido a inteligência e o inteligível são uma só e mesma coisa em “Deus”, que pensa a si e por si mesmo. Dito de outro modo: “Deus “ é pensamento de pensamento [nóesis] ou o pensamento puro, que de longe move [cria/ordena] os seres contingentes.
Atenção!
Continuação...Busto de Aristóteles
Para cada ser contingente (gênero, espécie e indivíduo) existe uma entelequeia [realização de um Ato Final] própria, dada pelo seu thelos [fim] próprio. Portanto, a natureza dos seres agem sempre tendo em vista um thelos, uma finalidade... pois o thelos é a causa final do devir; e, a causa final é o motor do movimento.
Aristóteles de Estagira
Prof. Juliano Batista [email protected]
Teoria do Primeiro Motor Imóvel Exemplo de thelos dado pelo Moto Imóvel aos seres contingentes:
Veja o exemplo abaixo:
Ato Inicial Ato Final
Semente
Olhos
Feto
Peixe
Árvore
Visão
Nadar
Pessoa
O resultado final é a
entelékheia
Aristóteles de Estagira
Prof. Juliano Batista [email protected]
Teoria da Causa Substancial [segunda] e Acidental
Definição: Causa Substancial [segunda]: é aquilo que faz parte da essência do ser, por isso não pode
dele ser tirado.
Causa Acidental: é aquilo que não faz parte da essência do ser, por isso pode dele ser tirado.
O exemplo de proposição é:
S é p S: é substância ou essência primeira – sujeito da oração;
é: cópula verbal – verbo de ligação;
p: são as categorias/termos/atributos/grupos/classes: substancial segunda [é 1] e os acidentes [são 9] – predicado da oração. Continuação...
Aristóteles de Estagira
As categorias são os atributos mais gerais que se podem conferir ao ser, isto é, são a última classe de coisas designáveis por palavras. São também as formas mais elementares do ser, as que constituem a mínima forma indispensável para que o ser... seja. As dez categorias aristotélicas são:
1ª. categoria de substância [segunda];
2ª. categoria de quantidade;
3ª. categoria de qualidade;
4ª. categoria de relação;
5ª. categoria de lugar;
6ª. categoria de tempo;
7ª. categoria de ação;
8ª. categoria de paixão;
9ª. categoria de posição; e,
10ª. categoria de estado, isto é, de posse.
Classificação das categorias:
A primeira categoria é a única substancial, universal e necessária. As outras nove são categorias acidentais, particulares e possíveis.
[email protected]. Juliano Batista
Teoria da Causa Substancial [segunda] e Acidental
Aristóteles de Estagira
Prof. Juliano Batista [email protected]
O que são proposições? São enunciados que podem ser atribuído valor de verdade, a saber: ou é verdadeiro ou é falso.
Exemplo: Todo homem é mortal: é proposição, pois pode ser acrescentado V ou F. Neste caso é
(V) e dedutiva;
Todo homem é imortal: é proposição, pois pode ser acrescentado V ou F. Neste caso é (F) e dedutiva;
A Maria é bonita: é uma proposição, pois pode ser acrescentado V ou F. Neste caso... Ah! Neste caso sabe-se que ou é V ou é F, mas não dá para deferir, por isso é indutivo.
Proibido fumar: não é proposição, pois não pode ser acrescentado V ou F;
Não pise na grama: não é proposição, pois não pode ser acrescentado V ou F.Continuação...
Teoria da Causa Substancial [segunda] e Acidental
Aristóteles de Estagira
[email protected]. Juliano Batista
Análise das categorias – “p”:
S é “p” Dado como exemplo as proposições abaixo, observe:
Fim
Sócrates é filósofo
Sócrates é gordo
Sócrates é mortal
Sócrates é homem
Sócrates é feio
Acidente
Acidente
Acidente
Substância
Substância
Logo:. A matéria e a forma por si só são, em relação aos seres contingentes, imperfeitas. A perfeição ocorre somente com a unidade de ambas que formam o Sìnolo
Sínolo [perfeito]: Matéria + Forma
Teoria da Causa Substancial [segunda] e Acidental
Referências Bibliográficas ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.ARANHA, M. L. & MARTINS, M. H. P. Filosofando. São Paulo: Moderna, 2003.CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 2003. CHALITA, G. Vivendo a filosofia. São Paulo: Atual, 2002.COTRIM, G. Fundamentos da filosofia. São Paulo: Saraiva, 2002.GILES, T. R. Introdução à Filosofia. São Paulo: EDUSP, 1979. KOHAN, Walter Omar. Infância e educação em Platão. São Paulo: Revista Educação e Pesquisa – USP, vol. 29, nº. 01, pp. 23-24: 2003. LALANDE, A. Vocabulário técnico e critico de filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 1996 MARCONDES, D. Iniciação à história da filosofia. Dos pré-socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.MONDIN, B. Curso de filosofia: os filósofos do Ocidente. São Paulo: Paulus, 1981.OLIVEIRA, A. Moura (org.). Primeira filosofia. São Paulo: Brasiliense, 1996. REZENDE, A (org.). Curso de filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
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Referências Bibliográficas