Aula de Problemas 1 · Propagação & Antenas Página 1 Aula de Problemas – 1 Problema 1...

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Propagação & Antenas Página 1 Aula de Problemas 1 Problema 1 Demonstre o teorema de Pitágoras (geometria euclidiana): 2 2 sin cos 1 . Mostre que outra forma de exprimir este teorema é a seguinte: 2 2 2 2 a b ab ab , em que 3 , ab . Faz-se 2 2 a a e 2 2 b b . Como é sabido, tem-se: cos , sin . ab a b a b a b

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  • Propagação & Antenas Página 1

    Aula de Problemas – 1

    Problema 1

    Demonstre o teorema de Pitágoras (geometria euclidiana):

    2 2sin cos 1 .

    Mostre que outra forma de exprimir este teorema é a seguinte:

    2 2 2 2 a b a b a b ,

    em que 3, a b . Faz-se

    22 a a e 22 b b . Como é sabido, tem-se:

    cos ,

    sin .

    a b a b

    a b a b

  • Propagação & Antenas Página 2

    Nota – Neste problema pretende-se uma demonstração sintética, ao espírito de Euclides, do

    teorema de Pitágoras, i.e., não se pretende uma demonstração analítica. Toda a geometria

    euclidiana baseia-se na métrica euclidiana. Por exemplo, a proposição

    2 2cosh sinh 1

    pode considerar-se uma versão alternativa, com uma métrica não euclidiana, do teorema de

    Pitágoras. Consegue entender e explicar geometricamente essa diferença?

    Problema 2

    Prove a fórmula de Euler:

    cos sinie i .

    Com base nesta fórmula, prove que

  • Propagação & Antenas Página 3

    2 2cos 2 cos sin

    sin 2 2 sin cos

    e, em consequência, que

    1 coscos

    2 2

    1 cossin

    2 2

    tendo-se, ainda,

    sin 1 costan

    2 1 cos sin

    .

    Nota 1 – Considere os seguintes desenvolvimentos em série para a definição das respectivas

    funções: 0

    e exp!

    kx

    k

    xx

    k

    ,

    2 1

    0

    sin 12 1 !

    kk

    k

    xx

    k

    ,

    2

    0

    cos 12 !

    kk

    k

    xx

    k

    . Admita,

    ainda, que se pode escrever:

    0

    e exp!

    k

    i x

    k

    i xi x

    k

    .

    Nota 2 – Tenha ainda em consideração que, de exp 2 exp expi i i resulta, por aplicação

    da fórmula de Euler, 2

    cos 2 sin 2 cos sini i . Note, além disso, que daqui

    (também) decorre que: 2 2 2 2cos cos sin 1 2 sin 2 cos 12 2 2 2

    .

    Nota 3 – Quando se faz na fórmula de Euler, em que cos 1 e sin 0 , obtém-se a

    célebre fórmula (por muitos considerada a mais bela fórmula da matemática): e 1 0i .

  • Propagação & Antenas Página 4

    Problema 3

    Prove a lei dos co-senos e a lei dos senos num triângulo. Use, apenas, o cálculo vectorial.

    Nota - A resolução deste problema encontram-se nas duas figuras seguintes. Faz-se: a a ,

    b b , c c .

  • Propagação & Antenas Página 5

    Problema 4

    Mostre que a rotação dos eixos ,x y para o novo sistema de eixos ,x y pode ser descrita pela

    matriz

    cos sin

    sin cos

    x x

    y y

    R R .

    Mostre, ainda, que

    x x

    y y

    R .

    O ponto ,x yP é representado pelo par ordenado 2,x y no sistema de

    coordenadas ,X Y . O ponto ,x y P é representado pelo par ordenado 2,x y

    no sistema de coordenadas , X Y .

  • Propagação & Antenas Página 6

    Nota – Apresentam-se, de seguida, duas resoluções distintas deste problema: (i) uma primeira

    resolução gráfica – a que permite uma melhor compreensão geométrica; (ii) uma segunda resolução

    algébrica.

    Primeira Resolução

    Considere-se a figura seguinte.

    Desta figura resulta, por inspecção, que

    cos sin cos sin

    cos sin sin cos

    x x y x x

    y y x y y

    .

    Infere-se, deste modo, que se tem efectivamente

  • Propagação & Antenas Página 7

    2 2

    cos sindet cos sin 1

    sin cos

    R R .

    A matriz inversa corresponde a ter-se

    1 1 1

    cos sin

    sin cos

    x x

    y y

    R R R R .

    Note-se que se tem

    cos 1 ,0

    sin 0 ,

    x x

    y y

    e, ainda,

    cos 0 ,

    sin 1 .2

    x y

    y x

    Introduzindo, em relação ao sistema de coordenadas ,X Y , os vectores unitários

    1 2

    1 0,

    0 1

    e e ,

    podemos escrever

    1 2,x

    x yy

    r e eX Y OP .

    Analogamente, em relação ao sistema de coordenadas , X Y , vem

    1 2

    1 0,

    0 1

    f f ,

    donde

    1 2,x

    x yy

    r f fX Y OP .

    Podemos definir o referencial S tal que ,S X Y e o referencial S tal que , S X Y .

    Nestas condições, temos as seguintes bases standard

  • Propagação & Antenas Página 8

    1 2 1 2, , , e e f fS SB B .

    Logo, infere-se que

    1 2 1 2

    1 2

    1 2 1 2

    cos sin cos sin

    cos sin sin cos

    x y x y

    x y y x

    x y

    e e f f

    f f

    f f f f

    pelo que

    1 1 2 1 1 1 1

    2 1 2 2 2 2 2

    cos sin

    sin cos

    e f f e f f e

    e f f e f f eR R .

    Segunda Resolução

    Considerem-se coordenadas polares, em que

    cos cos

    sin sin

    x x

    y y

    tendo-se, ainda,

    onde é o ângulo de rotação de , X Y em relação a ,X Y . Portanto vem

    cos ,

    sin .

    x

    y

    Mas, por outro lado, tem-se

    cos cos cos sin sin ,

    sin sin cos cos sin .

    Logo, daqui resulta que

    cos cos sin sin cos sin

    cos sinsin cos cos sin

    x x x y

    y y xy

    QED

  • Propagação & Antenas Página 9

    Problema 5

    Represente graficamente a função

    1

    1 1

    2 2

    2

    0,

    , 0

    , 0

    0,

    x L

    x L L xf x

    L x x L

    x L

    bem como

    g x f x a

    para 1 2a L L . Fazendo a vT , note que g x f x vT . Interprete fisicamente o significado

    do parâmetro v . Verifique, então, que as funções f x e g x são os perfis 0t

    x da onda

    f x vt para 0 0t e 0t T , respectivamente. Represente, agora, os perfis 0t x da nova onda

    f x vt para 0 0t e 0t T . Represente, ainda, os andamentos 0x t e 0x t ,

    respectivamente das ondas f x vt e f x v t , no ponto 0 0x . Considere: 1 1L , 2 2L e

    3T .

  • Propagação & Antenas Página 10

    A figura anterior mostra a função f x em que 2 12L L . Mais geralmente, existe uma classe de

    funções do tipo f x vt , em que v é uma velocidade e t é o tempo. O espaço encontra-se, para

    simplificar, reduzido a uma única dimensão – à dimensão x . Nestas condições, a função f x

    representa f x vt para o instante 0t . Podemos, portanto, afirmar que – dada a classe de

    funções ,f x t f x vt – ao «congelar» o tempo obtêm-se «fotografias» instantâneas da onda

    f x vt quando se faz 0t t . Define-se, então, 0 0t x f x vt . Ou seja: no caso particular

    em que 0 0t , obtém-se 0 0tf x x . A próxima figura representa uma «fotografia» posterior.

    Considera-se, agora, um instante 0 0t tal que 0 1 2 1 1 12 3vt L L L L L (pois, como se disse,

    considera-se 2 12L L ). Para simplificar a nossa representação gráfica vai-se considerar que,

    numericamente, se tem 1v . Logo, para 1 1L , a próxima figura corresponde a fazer-se 0 3t .

    A figura anterior é, simplesmente, uma translação: 0g x f x x , com 0 0x vt , i.e., em que

    0 0t x v (ou, numericamente, 0 3t com 1v , 1 1L e 2 2L ). Por outras palavras: a classe de

    funções ,f x t f x vt representa uma onda a propagar-se no sentido positivo do eixo x . Na

    realidade acabou-se de representar a função 3g x f x . Em conclusão: tem-se

    0 0t

    x f x vt e 0 0t x f x vt .

  • Propagação & Antenas Página 11

    De seguida vai-se considerar uma nova classe de funções: ,f x t f x vt . Note-se que,

    novamente, se tem f x f x vt no caso particular em que 0t . Porém, suponhamos que se

    pretende, agora, obter uma «fotografia» da nova onda para o instante 0 3t (continuando a

    considerar 1v ). Neste caso obtém-se uma nova função 0 3h x f x vt f x . É o que se

    representa na figura seguinte.

    Por outras palavras: a classe de funções ,f x t f x vt representa uma onda a propagar-se no

    sentido negativo do eixo x .

    Até aqui temos estado a analisar «fotografias» de ondas tiradas em determinados instantes, i.e.,

    «congelando» o tempo. O caso f x vt corresponde a uma onda a deslocar-se para a direita. Por

    sua vez, o caso f x vt corresponde a uma onda a deslocar-se para a esquerda.

    Vejamos, de seguida, as mesmas duas ondas anteriores (a que se propaga para a direita e a que se

    propaga para a esquerda) mas, agora, sob uma perspectiva diferente. A nova perspectiva

    corresponde a fixar-nos num determinado ponto 0x x e observar o desenrolar do «filme» do que

  • Propagação & Antenas Página 12

    se passa à medida que o tempo evolui. Ou seja: vamos considerar, agora, 0 0x

    t f x vt e

    ainda 0 0x

    t f x vt .

    De forma a precisar a expressão analítica das várias ondas, vamos começar por escrever as fórmulas

    gerais das ondas consideradas. Tem-se

    1

    1 1

    2 2

    2

    0,

    , 0

    , 0

    0,

    x vt L

    x vt L L x vtf x vt

    L x vt x vt L

    x vt L

    .

    Consequentemente, obtém-se

    0

    0 2

    00 2 0 2

    0

    00 1 0 1

    0 1

    10,

    1 1,

    1 1,

    10,

    x

    t x Lv

    xv t x L t x L

    v v vt f x vt

    xv x L t x L t

    v v v

    t x Lv

    .

    Analogamente, vem

    1

    1 1

    2 2

    2

    0,

    , 0

    , 0

    0,

    x vt L

    x vt L L x vtf x vt

    L x vt x vt L

    x vt L

    .

    Logo, daqui infere-se que

    0

    0 1

    00 1 0 1

    0

    02 0 2 0

    2 0

    10,

    1 1,

    1 1,

    10,

    x

    t x Lv

    xv t x L t x L

    v v vt f x vt

    xv L x t L x t

    v v v

    t L xv

    .

  • Propagação & Antenas Página 13

    Mais concretamente, no ponto 0 0x , o «filme» das duas ondas resulta das expressões seguintes.

    0 0

    2 1

    2 2 1 1

    0 0

    1 1 2 2

    1 2

    0, 0,

    , 0 , 0

    , 0 , 0

    0, 0,

    x x

    L Lt t

    v v

    L L L Lv t t v t t

    v v v vt t

    L L L Lv t t v t t

    v v v v

    L Lt t

    v v

    Nas duas figuras seguintes representam-se estas duas funções. Continua a considerar-se, como nos

    casos anteriores, 1v .

  • Propagação & Antenas Página 14

    Problema 6

    Prove a lei de Snell usando o princípio de Fermat (trata-se, como é sabido, do que se passa na

    interface planar entre dois meios homogéneos cujos índices de refracção são 1n e 2n ). Prove,

    também, a lei da reflexão em óptica geométrica: o ângulo de incidência é igual ao ângulo de

    reflexão (neste caso tudo se passa num mesmo meio homogéneo).

    Para a resolução deste problema vamos considerar primeiro a lei da reflexão. Neste caso todo o

    percurso se realiza no mesmo meio. Consequentemente, o princípio de Fermat reduz-se à

    minimização da trajectória total (raio incidente + raio reflectido). Por outras palavras: dados dois

    pontos A e B e um terceiro ponto P sobre um espelho, a verdadeira trajectória A P B é

    tal que o percurso total

    AP PBL

    é mínimo. Veja-se a figura anexa seguinte.

  • Propagação & Antenas Página 15

    Seja A a imagem especular de A em relação ao espelho . Consideremos um ponto hipotético Q

    para a reflexão: o raio incidente teria o comprimento AQ ; o raio reflectido teria o comprimento

    QB . Note-se, porém, que AQ A Q . Conclui-se, então, que

    AQ QB A Q QBL .

    Atendendo ao triângulo A BQ , infere-se que

    A B A Q QB L .

    Mas então, de todas as trajectórias possíveis A Q B , a que corresponde ao valor mínimo de

    L é aquela para a qual Q P . Ou seja: a trajectória verdadeira corresponde a A P B . É

    finalmente claro que, para um ponto Q P o ângulo de incidência é diferente do ângulo de

    reflexão. Só quando se tem Q P é que o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão. Fica,

    deste modo, provada a lei da reflexão: o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão.

    Vai-se, agora, passar a analisar a lei da refracção na interface planar entre dois meios diferentes.

    Para o efeito considera-se que o meio 1, de índice de refracção 1n , preenche a região 0y . O meio

    2, de índice de refracção 2n , preenche a região 0y . A interface planar coincide, portanto, com a

    recta 0y (no plano 0z ). Sejam, então, dois pontos: um ponto 1 1,x yA localizado na região 1

    (i.e., com 1 0y ); um ponto 2 2,x yB na região 2 (i.e., com 2 0y ). A questão que se coloca é,

  • Propagação & Antenas Página 16

    então, a seguinte: qual é a exacta coordenada x de um ponto , 0xP , localizado sobre a interface

    0y , de tal forma que – de acordo com o princípio de Fermat – o tempo de percurso da trajectória

    total A P B tenha uma duração T mínima? A figura seguinte ilustra esta questão.

    De acordo com a figura, então, tem-se

    2 2

    1 1 1

    2 2

    2 2 2

    ,

    .

    x x y D

    x x y D

    AP

    PB

    Como a velocidade da luz no meio 1 é 1 1v c n e a velocidade da luz no meio 2 é 2 2v c n , os

    respectivos tempos de percurso serão

    1 1 1 2 2 21 2

    1 2

    ,D n D D n D

    v c v c T T .

    Logo, o tempo total é

  • Propagação & Antenas Página 17

    1 2 1 1 2 21

    n D n Dc

    T T T .

    O tempo total será mínimo quando se tiver

    1 21 20 0

    d D d Ddn n

    d x d x d x

    T.

    Logo, atendendo a que se tem

    1 1 2 21 2

    2 22 2

    1 1 2 2

    sin , sind D x x d D x x

    d x d xx x y x x y

    ,

    infere-se, por fim, a lei de Snell segundo a qual

    1 1 2 2sin sinn n .

    Esta é uma lei fundamental em fotónica. Por exemplo, é ela que permite explicar a existência de

    modos superficiais para a propagação electromagnética guiada em fibras ópticas, através do

    mecanismo de reflexão interna total na interface núcleo – bainha.

    Problema 7

    Considere, no plano ,x y , as seguintes três rectas paralelas e equidistantes: (i) y mx , recta 1e ;

    (ii) y m x a , recta m ; (iii) 2y m x a , recta 2e . Considere, agora, uma quarta recta

    não paralela às outras três rectas. Sejam P , M e Q os pontos de intersecção das três primeiras

    rectas paralelas com a quarta, definidos da seguinte forma: P resulta da intersecção da primeira

    recta 1e com ; Q resulta da intersecção da terceira recta 2e com ; M resulta da intersecção da

    segunda recta m com . Sendo 1d PM e 2d MQ , prove que 1 2d d .

    Nota – A figura seguinte ilustra a resolução deste problema.

  • Propagação & Antenas Página 18

    Os dois triângulos assinalados na figura são rectângulos. Como a distância entre 1e e m é dada por

    aAM e a distância entre m e 2e é dada por aMB , infere-se da figura que

    1

    1 2

    2

    sec

    sec

    d ad d

    d a

    PM

    MQ.