Aula Digitada Aula 01 Parte 02

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 Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória Oferendas na Umbanda Desenvolvido e Ministrado por Pai Rodrigo Queiroz ICA - Instituto Cultural Aruanda I Bauru-SP AULA 01 BLOCO 02 - Versão Digitada Oferendas na História da Humanidade Muito bem, estamos aqui de volta e nesse segundo bloco vamos discutir um pouco sobre o processo da noção de oferenda a divindade dentro da história da humanidade. Porque é sabido, por de estudos antropológicos, pela história das religiões, e o estudo do desenvolvimento humano e em tudo. O desenvolvimento humano, em um determinado momento da sua consciência o homem foi sentindo a necessidade de se relacionar com aquela força da natureza que era maior que ele. E então eles vão dar as denominações, vão chamar de Deus, Deus do Trovão, Deus da terra, Deus da água, Deus da chuva, Deus da tempestade. Então, nessa construção de um panteão, na consciência do povo nativo e do homem nativo ele vai se relacionando com Deus ou Deuses, vai depender da cultura. Ou com seres da natureza, de um outro mundo, de uma outra realidade e nessa dinâmica o homem foi sempre sentindo a necessidade de devolver a essa força da natureza. E o nome independente do que eles tenham dado em cada cultura, o retornar à eles o que foi entregue a nós, ou seja, "então eu, tenho uma caça que eu acabei de conquistar " e parte dessa caça era ofertada. Deus da caça, Deus da fauna, enfim.. Então os homens que se relacionavam com o mar sempre oferendavam aos deuses da água, do mar, dos rios, enfim… Na história dos povos nativos você vai sempre encontrar uma narrativa mítica da relação do homem com os deuses. E sempre para poder se relacionar ele precisava ofertar. Então em algum momento do processo histórico você vai identificar por exemplo, que esse ofertar, que esse relacionamento que ele é uma permuta. Pode ser uma permuta em outros momentos, ou também dependendo da cultura é feito somente em ocasiões de agrado ou somente pedidos. Então você vai conseguir perceber que na

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Material de Apoio – Leitura Necessária e Obrigatória

Oferendas na Umbanda

Desenvolvido e Ministrado por Pai Rodrigo Queiroz

ICA - Instituto Cultural Aruanda I Bauru-SP

AULA 01 BLOCO 02 - Versão Digitada

Oferendas na História da Humanidade

Muito bem, estamos aqui de volta e nesse segundo bloco vamos discutir um pouco

sobre o processo da noção de oferenda a divindade dentro da história da humanidade.

Porque é sabido, por de estudos antropológicos, pela história das religiões, e o estudo do

desenvolvimento humano e em tudo. O desenvolvimento humano, em um determinado

momento da sua consciência o homem foi sentindo a necessidade de se relacionar com

aquela força da natureza que era maior que ele. E então eles vão dar as denominações,

vão chamar de Deus, Deus do Trovão, Deus da terra, Deus da água, Deus da chuva, Deus

da tempestade. Então, nessa construção de um panteão, na consciência do povo nativo e

do homem nativo ele vai se relacionando com Deus ou Deuses, vai depender da cultura.

Ou com seres da natureza, de um outro mundo, de uma outra realidade e nessa

dinâmica o homem foi sempre sentindo a necessidade de devolver a essa força da

natureza. E o nome independente do que eles tenham dado em cada cultura, o retornar à

eles o que foi entregue a nós, ou seja, "então eu, tenho uma caça que eu acabei de

conquistar " e parte dessa caça era ofertada. Deus da caça, Deus da fauna, enfim..

Então os homens que se relacionavam com o mar sempre oferendavam aos deuses

da água, do mar, dos rios, enfim… Na história dos povos nativos você vai sempre

encontrar uma narrativa mítica da relação do homem com os deuses. E sempre para

poder se relacionar ele precisava ofertar.

Então em algum momento do processo histórico você vai identificar por exemplo,

que esse ofertar, que esse relacionamento que ele é uma permuta. Pode ser uma

permuta em outros momentos, ou também dependendo da cultura é feito somente em

ocasiões de agrado ou somente pedidos. Então você vai conseguir perceber que na

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Umbanda embora seja uma religião moderna, contemporânea e urbana ela traz o resgate

da natureza e da vivência do homem. E de certa maneira o ato ou a liturgia ofertatória

ela se aproxima nesse momento como uma aproximação do indivíduo, com os Orixás e as

entidades espirituais. Pode ter oferenda para descarrego, para abertura de caminho,

oferenda para cura, oferenda para pedidos diversos, oferenda para agradecimentos,

oferendas para louvação e exaltação. Vamos falar disso tudo. Então, o que nós

precisamos entender e aceitar, que primeiro, não somos nenhum tipo de seres alienados

retrógrados, selvagens e nem estranhos por conta disso. Não estamos ferindo nenhum

código divino por ir no mercado comprar lá os elementos e fazer oferenda a um Orixá e a

uma força espiritual qualquer. Temos por exemplo histórias míticas dos próprios orixás

em que só há contato com os Orixás mesmo através da movimentação ofertatório. É

necessário oferendas para se relacionar com eles, em todas as mitologias você vai

encontrar isso. Então se você pegar por exemplo, já que está sempre em moda usar esse

contraponto, a Bíblia sagrada em seu Velho testamento, trata-se de um povoado de

homens, indivíduos de uma era mais remota da nossa e que estão quase próximos dos

nativos de tão antigo que é. A história que ele acontece, sempre vai precisar se

relacionar com Deus através da oferenda e são vários tipos diferentes e na Bíblia ensina

oferendas para vários motivos.

Depois com a chegada, com advento de Jesus Cristo, a noção de oferenda vai

mudar. Mas, o que ocorre.. Jesus Cristo estava em uma realidade caótica em que o

modelo de divindade, o modelo de religião estava caótico, não produzia mais, então ele

vai rebelar-se contra aquela realidade. Pois Jesus acima de tudo era um grande rebelde,

e o rebelde no melhor sentido da palavra ou no sentido mais correto da palavra. Porque

hoje em dia na sociedade o rebelde é aquele perturbador, impertinente. Mas o rebelde

no sentido literal é aquele que rebela-se e revolta-se com um contexto que não está

bom, rebelde é trazer a solução, é trazer uma nova ideia. Você não é rebelde por uma

mera anarquia, você chuta tudo porque você não quer daquele jeito. Mas, qual é a

solução? O que você tem a dizer?

Isso me faz lembrar por exemplo o que aconteceu em 2013, em Julho de 2013, a

grande movimentação popular no Brasil, onde todo mundo foi pra rua muito bravo com

governo chutando tudo, quebrando tudo e vamos mudar mas vamos mudar o que?

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Entendo como um movimento social perfeito mas ele se perdeu por que? Não havia uma

ideia, a pessoa simplesmente mostra que está insatisfeita, mas não traz nenhuma ideia,

porque não dá pra você chegar e falar assim: eu quero que mude tudo. Não existe isso.

Então, não havia uma formatação de por onde começar já que está tão

insatisfeito, isso não é um rebelde com muita consciência do que é a revolução. Jesus era

o revolucionário porque nesse processo de rebeldia histórica ele rebela-se com a noção

da religião contemporânea a ele, de como os grandes líderes da religião conduziam as

coisas. E aquilo incomodava muito ele, principalmente no que se tratava a dizer que Deus

era a Ira manifestada sempre na vida das pessoas, porque os homens não podiam ter vida

uma vida de liberdade porque aquilo desagradaria Deus e todos os infortúnios da

humanidade ali naquele momento era assim explicado através da insatisfação de Deus

perante os homens e a humanidade. Então Jesus vai conceber que não, que isso no

mínimo é muito estranho, e que ele sentia diferente.

Veja, eu não estou aqui ainda falando de Jesus como uma divindade, como Deus,

estou tentando trazer aqui ele próximo de um processo histórico fatual, e o ser humano

como um de nós. Então ele vai se revoltar com aquilo porque ele entende, ele sente que

Deus é uma manifestação do amor, e o amor, o amor supera tudo, o amor não tem ego, o

amor ele não tem cobrança, o amor simplesmente compreende tudo, entende tudo e

agrega tudo sem maior cobrança. Portanto, para Jesus, Deus é a expressão mais absoluta,

mais onipresente, onisciente, oniquerente do amor. E se é assim, portanto, toda aquela

noção de Deus estava equivocada e deveria vir por terra. E em um grito de auto

libertação ele começa a pregar a sua ideia, a sua percepção e os seus sentimentos e isso

vai agradar aquela sociedade e aquelas pessoas, principalmente os que eram oprimidos

por aqueles líderes, pelos poderosos em nome de Deus. Então, eles vão ouvir esse homem

simples que tem ideias diferentes, revolucionárias e agradáveis e que vão cair no bom

senso, porque quando Jesus começa falar de Deus e amor, explicar e fundamentar o amor

em sua mais legítima expressão qualquer indivíduo com um mínimo de bom senso tem

que render-se e entender que isso faz sentido.

Se Deus é soberania, se Deus tudo entende, tudo se antecipa, tudo sabe, ele não

pode jamais render-se a desvios humanos, render-se a sentimentos que nós vemos na

humanidade, porque assim ele não seria o soberano, absoluto na criação como um todo.

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Então é uma questão de bom senso, logo Jesus começa a cair na graça, e eu estou

colocando toda essa contextualização sobre Jesus, só para dizer, é por isso que Jesus ao

dizer sobre oferendas ele vai falar: para Deus a melhor oferenda é o amor, ela ajudar o

próximo, é amar o próximo. Então se você quer oferendar a Deus ofereça amor. Mas,

Jesus não estava criando nenhuma religião, ele só estava querendo melhorar a religião

que ali tinha.

Às vezes algumas pessoas não sabem que Jesus não criou catolicismo, não criou

cristianismo, Jesus não criou nada e ele diz ainda que ele não veio para destruir o que já

existia, mas ele estava querendo trazer ideias, um processo de repensar aquilo para

melhorar. Talvez se eu judeus tivessem parado e repensado junto com ele e assim

reestruturado a crença deles, muito provavelmente a história da humanidade seria outra.

No sentido que não teríamos um processo de cristianismo tão tosco na história da

humanidade, de combate, de guerra e de perseguições. Para Jesus a maior oferenda e

que fique claro é o amor. E porque na Umbanda isso não basta? Porque na Umbanda que

assimila Jesus como mestre principal como maior expoente de Orixá dentro da religião,

não basta para umbanda oferendar o amor? Porque isso não é preceito também na

umbanda? E porque não se suspende tudo isso, tira tudo isso que nós usamos e apenas

vamos alimentar, divulgar e praticar o amor? Isso já fazemos obviamente nas gírias, na

vivência, na assimilação de nossos valores obviamente, entretanto, volta dizer, Jesus não

estava construindo uma religião que exercia magia ele estava trazendo uma nova ideia,

um novo pensamento acerca de Deus. E era isso, isso bastava. Voltamos no próximo bloco

dando continuidade ao processo histórico das oferendas. Vamos lá!

DIGITAÇÃO – Equipe Umbanda EADEste documento é uma transcrição literal do conteúdo da vídeo-aula