Aula. Idade Média

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 Adaptação: Alexandre Wi lson Simões da Silva Autor: Fábio Luciano Lachtechen  Metropolitana XI: São João de Meriti Escola: Colégio Estadual Rubens Farrulla Disciplina: História 1º Ano - Ensino Médio Disciplina da relação interdisciplinar 1: Matemática Conteúdo Estruturante: Relações Culturais CIÊNC IA E TECNOLOGIA NA IDADE MÉDIA O poeta Francesco Petrarca (1304 - 1374) foi um dos pr imeiro s re pr esentante s do Rena sc imen to , movimento art ístico-cul tur al que carac ter izou o processo de transição entre o mundo medieval e a modernidade. Petrarca foi um dos que se referia ao período anterior como tenebrae, que em latim significa tenebroso, trevas. Daí a denominação “idade da s tr evas ”. Este ima gi nário dif undiu um (p) co nc eito a respeito da Idade Média como um período de obscurantismo inte lectual e cult ur al , no qu al as ma nif es ta çõ es humanas seriam deixadas a um segundo plano, em detrimento ao medo da morte e a temência aos dogmas da Igreja. Francesco Petrarca Fonte:http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Francesco_Petrarca.jpg  No entanto, cabe perguntar: a Idade Média foi um período em que não se produziu conhecimento científico? Será que podemos falar em “ciência” e avanço tecnológico na Idade Média? Qual o papel da Igreja Católica medieval como institui çã o he ge mônica no pr oces so de constru çã o do conhecimento? Ciência, ensino e religiosidade O Renascimento e o longo processo de ascensão e afirmação do poder burguês observado dos séculos XVII ao XIX, foram decisivos para que uma visão depreciativa e até pejorativa sobre a Idade Média se consolidasse e ganhasse espaço, inclusive no imaginário popular. Algumas questões relativas ao medievo serviram de referência para que os valores burgueses fossem considerados melhores ou mais desenvolvidos. Neste sentido, o pensa mento renascentista troux e consigo um resga te dos valores artísticos e  Do gma: Op inião, crença, ponto de vista. 1. Doutrina ou opinião filosófica transmitida de modo impositivo e sem contestação por uma escola ou corrente de pensamento, fazendo apelo a uma adesão incondicional. Fonte: JAPIUASSÚ, H. & MARCONDES, D. Dicionário

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Adaptação: Alexandre Wilson Simões da Silva

Autor: Fábio Luciano Lachtechen Metropolitana XI: São João de MeritiEscola: Colégio Estadual Rubens FarrullaDisciplina: História 1º Ano - Ensino Médio

Disciplina da relação interdisciplinar 1: MatemáticaConteúdo Estruturante: Relações Culturais

CIÊNCIA E TECNOLOGIA NA IDADE MÉDIA

O poeta Francesco Petrarca (1304 - 1374) foi um dos

primeiros representantes do Renascimento, movimento

artístico-cultural que caracterizou o processo de transição

entre o mundo medieval e a modernidade. Petrarca foi um dos

que se referia ao período anterior como tenebrae, que em

latim significa tenebroso, trevas. Daí a denominação “idade

das trevas”. Este imaginário difundiu um (pré) conceito a

respeito da Idade Média como um período de obscurantismo

intelectual e cultural, no qual as manifestações humanas

seriam deixadas a um segundo plano, em detrimento ao medo

da morte e a temência aos dogmas da Igreja.

Francesco PetrarcaFonte:http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Francesco_Petrarca.jpg 

No entanto, cabe perguntar: a Idade Média foi um

período em que não se produziu conhecimento científico?

Será que podemos falar em “ciência” e avanço tecnológico na

Idade Média? Qual o papel da Igreja Católica medieval como

instituição hegemônica no processo de construção do

conhecimento?

Ciência, ensino e religiosidade

O Renascimento e o longo processo de ascensão e afirmação do poder burguês

observado dos séculos XVII ao XIX, foram decisivos para que uma visão depreciativa e

até pejorativa sobre a Idade Média se consolidasse e ganhasse espaço, inclusive no

imaginário popular. Algumas questões relativas ao medievo serviram de referência para

que os valores burgueses fossem considerados melhores ou mais desenvolvidos. Nestesentido, o pensamento renascentista trouxe consigo um resgate dos valores artísticos e

Dogma: Opinião, crença,ponto de vista. 1. Doutrinaou opinião filosóficatransmitida de modoimpositivo e semcontestação por uma escolaou corrente depensamento, fazendo apeloa uma adesãoincondicional.

Fonte: JAPIUASSÚ, H. &

MARCONDES, D. Dicionário

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culturais e da Antiguidade greco-romana, retomando a filosofia clássica como referência.

 Ao mesmo tempo, as artes durante o Renascimento colocaram em evidência as

formas humanas representadas por gregos e romanos, ressaltando a beleza estética das

formas perfeitas. Com o período conhecido como Iluminismo, assim chamado porque se

pretendia como uma era de luzes após um período considerado como obscuro e

atrasado, novos princípios políticos, filosóficos e econômicos foram defendidos, usando

como comparação as instituições medievais.

Os quatro cavaleiros do apocalipse - Viktor Vasnetsov (1887)

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Apocalypse_vasnetsov.jpg

Outra característica bastante recorrente da Idade Média é a ideia de que este período foi

o guardião de todo o conhecimento produzido na Antiguidade, e que coube aos medievais

administrar esta herança. Nos monastérios e outras ordens religiosas estariam seguros os

saberes antigos, preservados da barbárie do fim do Império Romano e da fragmentação

da Europa em inúmeros reinos. Segunda esta visão, “a jóia do pensamento antigo

mantinha-se intocada, oculta e esquecida a não ser por aquelas almas piedosas que no

refúgio do mosteiro copiavam-lhe as formas. Mesmo estes copiadores dedicadosmatinham-se indiferentes ao seu conteúdo, perdidos nos deleites das iluminuras ou no

fervor das preces” (INÁCIO, I. ; LUCA, T. O pensamento medieval, p. 12).

Atividade:

O pintor russo Viktor Vasnetsov se especializou durante o século XIX em retratar temas históricos emitológicos. O quadro “Os quatro cavaleiros do apocalipse” representa algumas figuras bíblicas quetiveram grande repercussão no imaginário medieval. Pesquise sobre significado de cada uma daspersonificações retratadas no quadro e sobre os motivos delas serem associadas a Idade Média.

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Porém, estas ideias devem ser questionadas em diferentes aspectos. Podemos

dizer que o legado greco-romano não foi absorvido em sua totalidade pelas instituições

medievais. Uma parte significativa deste conhecimento se perdeu, especialmente durante

este processo de transição. Ao mesmo tempo, é possível observar que os encarregados

da proteção, manutenção e reprodução dos textos clássicos não eram apenas simples

espectadores, passivos diante da riqueza intelectual que detinham, mas que mantinham

uma relação que podemos chamar de curiosa em relação a esta riqueza.

 

 Algumas instituições medievaiscomo a Igreja Católica Romana, os parlamentos, os tribunais de júri, permanecem até os

dias de hoje. Dentre elas, uma das mais representativas e presentes na vida cotidiana é a

universidade. Podemos dizer que a universidade é uma instituição originalmente criada na

Idade Média, com origem nas chamadas “escolas comuns” pertencentes principalmente

aos monastérios e outras ordens religiosas. Sua função era organizar os saber conhecido

até então em um sistema regular de ensino. Este sistema ganhou grande impulso com a

difusão de algumas traduções de obras gregas e árabes, transformando as antigasescolas monásticas em centros de difusão do saber.

Uma das sugestões que representam de maneira maisinteressante esta relação entre os religiosos medievais e oconhecimento herdado da Antiguidade é o filme “O nome daRosa”. Baseado no romance homônimo do escritor italianoUmberto Eco, se passa no ano de 1327 quando William deBaskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso vonMelk (Christian Slater), um noviço que o acompanha, chegam a

um remoto mosteiro no norte da Itália. William de Baskervillepretende participar de um conclave para decidir se a Igreja devedoar parte de suas riquezas, mas a atenção é desviada por vários assassinatos que acontecem no mosteiro. William deBaskerville começa a investigar o caso, que se mostra bastanteintrincado, principalmente porque os demais religiosos acreditamque tudo é obra do demônio.

Título Original: Der Name Der RoseGênero: SuspenseTempo de Duração: 130 minutos Ano de Lançamento (Alemanha): 1986

Fonte: http://www.adorocinema.com/filmes/nome-da-rosa

Aula numa universidade medieval,iluminura do século XIII (MuseuBritânico, Londres)

Escola catedral,  iluminura italiana séculoXII (Biblioteca Angélica, Roma)

 

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 , Roma) 

Fonte:http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opo m

bo/hfe/momentos/modelos/universidade.htm 

Sobre o texto acima é importante destacar os conhecimentos regulares contidos nas

universidades. As palavras trivium e quadrivium designam um corpo de conhecimentos

estabelecidos que representava a classificação das ciências usadas entre os romanos na

 Antiguidade. Conforme nos explica Jacques Le Goff, “eram ensinados, num primeiro

tempo, os três primeiros saberes de base, as três artes chamadas “liberais” (ou também

trivium, as “três vias”): a gramática, retórica, dialética; depois vinham as quatro ciências

superiores (quadrivium, as “quatro vias”): aritmética, geometria, música, astronomia”.

 Além da medicina e do direito, estava também a teologia circunscrita entre os

saberes fundamentais do sistema de ensino medieval. No entanto, podemos observar a

presença importante de conhecimentos “profanos”, ou seja, não religiosos, apesar de

serem ensinados a partir de princípios ligados a religião cristã. É fundamental ressaltar 

que a religião continuava ocupando um lugar de destaque também na vida intelectual

ATIVIDADE As imagens acima que representam algumas características do sistema de ensino na Idade Média.Observe-as e anote os detalhes que cada imagem reproduz. Após esta identificação, estabeleça umaanalogia com o atual sistema de ensino, ressaltando as semelhanças e diferenças encontradas em relaçãoas escolas de hoje.

 As escolas catedrais eram instituições urbanas, destinadasprincipalmente aos filhos da burguesia incipiente.

TEXTO:

O termo universidade significava, inicialmente, apenas uma associação ou corporação de ofícios;quando apareceu escrito pela primeira vez (Oxford, 1240) designava uma corporação ou guilda deprofessores e alunos que consagravam, de modo organizado, ao estudo das artes liberais ( trivium equadrivium), do direito, da medicina e da teologia. Dessa maneira, expressando o caráter gremial aque tendia a sociedade da época, os mestres e estudantes de diferentes procedências, virtualmenteindefesos aos novo meio, reuniram-se em busca de proteção, segurança e privilégios. Foi sóposteriormente que o termo “universidade” passou também a significar uma associação de escolasou faculdades como hoje o compreendemos, pois nos seus primórdios elas elas não eram locais desaber universal, mas institutos especializados em áreas do conhecimento. (...) Assim, nas nascentesuniversidades encontramos os fundamentos da cultura científica do nosso mundo moderno; nelascresceu o hábito do pensamento disciplinado, seguido pela investigação sistemática, que tornoupossível o surgimento das ciências naturais e a civilização técnica necessária para as sociedadesindustriais. A vida do intelecto encontrava-se então em lugares determinados.

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medieval. Porém, além das tradicionais obras de devoção religiosa, cada vez mais os

clérigos medievais passaram a produzir estudos sobre Deus, sua natureza e suas obras:

é o que chamamos, portanto, de teologia (palavra de origem grega que significa “estudo

de Deus”).

 A imagem abaixo faz parte de uma obra chamada Hortus Delicarium, um

manuscrito medieval organizado por Herrad von Landsberg. Foi iniciado por volta do ano

1167 e finalizada em 1185 com o objetivo de ser uma ferramenta pedagógica para

estudantes iniciantes, organizando boa parte do conhecimento conhecido no século XII.

Foi escrito em latim, com algumas partes em alemão, e traz algumas informações

inclusive sobre as chamadas artes liberais, representadas na imagem seguinte:

   As Sete Artes Liberais, figura do 'Hortus deliciarum' de 'Herrad von Landsberg' (século XII)

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Outras ciências nesta época, em especial a

geometria e a astronomia, tinham também uma

relação direta com as questões divinas. O compasso

usado pela figura representada, que podemos

associar a Jesus Cristo, procura demonstrar que a

criação divina é um ato perfeito, e que o estudo e a

medição da natureza criada por Deus poderia ser 

feita pelos homens utilizando fórmulas, técnicas e

instrumentos específicos. É interessante notar que

neste período, século XIII, não se tinha certeza sobre

o formato da Terra, que muitos, inclusive pessoas

ligadas às ciências, acreditavam ser plana e ter um fim em um abismo ou algosemelhante. No entanto, o desenho demonstra uma possibilidade do que seria o universo

em formato redondo, medido pelo compasso

O trecho abaixo permite perceber como alguns aspectos dos fundamentos da

matemática moderna se relacionavam com a influência religiosa, ao mesmo tempo em

que eram úteis para questões relacionadas ao trabalho e convivência social.

Texto:

Os eruditos seculares e religiosos da Idade Média cristã estudavam aritmética e geometria. Essasduas matérias faziam parte do cânone do ensino romano, as sete “artes liberales”. DesdeCassiodoro (cerca de 490-585), seu estudo era considerado um complemento necessário àteologia. As duas disciplinas eram ensinadas nas escolas monásticas e, a partir do século XII, nasuniversidades. A origem desse interesse precoce pela geometria talvez se devesse a umapassagem da Bíblia: “Senhor, Vós haveis tudo regrado com medida, número e peso” (Livro daSabedoria, 2:20).

Na Europa Ocidental, desde cerca do ano 500 d. C., eram raros os estudiosos que ainda liam ogrego – dessa forma o conhecimento da Antiguidade emanava unicamente de obras em latim.Passaram a ser consultados, então, os escritos dos agrimensores romanos, que, em várias

questões jurídicas e teológicas, acrescentavam elementos de base da geometria, como medidade comprimentos, áreas e volumes; estudos das figuras planas, em particular dos triângulos,retângulos e círculos, assim como o cálculo da sua área; estimativa das alturas e distâncias coma ajuda de instrumentos simples, etc.

FOLKERTS, E. O avanço da geometria. In: Scientific American História: A ciência na IdadeMédia, p. 19.

Deus, o geômatra, manuscrito (século XIII)

ontact.html

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A tecnologia na Idade Média

De uma maneira geral, podemos dizer que a tecnologia é a maneira pela qual as

pessoas fazem as coisas. Assim sendo, o estudo sobre o modo de vida, trabalho eorganização social na Idade Média precisa necessariamente passar pela compreensão

sobre como as pessoas comuns realizavam suas tarefas diárias, das mais simples as

mais complexas. Durante este breve passeio pela invenções medievais, é interessante

notar que o estudo sobre a tecnologia na Europa ocidental neste período não diz respeito

apenas aos conhecimentos técnicos herdados do mundo greco-romano, mas que se trata

de uma questão maior, que não respeita fronteiras tradicionais ou as divisões históricas

estabelecidas.No que se refere às inovações tecnológicas, particularmente na chamada Baixa

Idade Média (séculos X ao XV), uma série de novos técnicas e instrumentos foram

desenvolvidos ou reintroduzidos, em especial na produção agrícola e nas atividades

artesanais que solicitavam auxílio não manual. Neste contexto, merece destaque a

introdução do moinho de água, uma estrutura conhecida desde a Antiguidade, mas que

teve nos séculos finais do medievo uma grande disseminação principalmente na Europa

ocidental.

Segundo o historiador Jacques Le Goff, “pelo início da era cristã, as civilizações

greco-romanas, grandes consumidoras

de farinha, dispunham assim de um

instrumento (o moinho), já bastante

aperfeiçoado, para produzir este

alimento fundamental. Em suma, a

primeira máquina cuja utilização

parecia capaz de tornar mais fácil a

vida de inumeráveis massas

humanas”. (1985, p. 65)

 Alguns relatos indicam a utilização de estruturas semelhantes na região onde hoje se

encontra o chamado Oriente Médio, China e no norte da África. Porém, eram moinhos

movidos quase sempre a energia animal, ou mesmo energia humana, o que implicava em

Imagem

Foto atual de um moinho medieval em Portugal

Autor: Leão Vicente

Fonte: http://olhares.aeiou.pt/moinho_hidraulico/foto2108085.html

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grandes limitações a produção de farinha e outros cereais em larga escala.

Para compreender melhor este processo, acompanhe o texto abaixo:

 As

mudanças na agricultura, principalmente até o século XIII, eram refletidas na sociedade

de uma maneira bastante profunda em todos os setores, principalmente pelo fato de a

maioria das pessoas viverem no campo ou terem uma ligação direta com ele. Ao contráriodo que se pode pensar, as inovações tecnológicas tinham grande influência direta ou

indireta na vida das pessoas. Isso se aplica especialmente as técnicas aplicadas ao

campo e a produção agrícola, pois dela dependiam as sociedades para sua sobrevivência

e desenvolvimento.

Neste sentido, podemos destacar alguns casos que representam esta inovação. O

primeiro deles é o arado. Trata-se de um instrumento usado para revolver a terra e seus

nutrientes, preparando-a para futuros plantios. Este objeto foi extremamente útil,principalmente em regiões do mediterrâneo que por serem secas, com sol constante e

poucas chuvas, tornavam o trabalho do plantio mais difícil. Além disso, foram terras

cultivadas com alguma regularidade desde a Antiguidade greco-romana, o que

notadamente provocou um natural saturamento de seus ingredientes fundamentais.

Porém, a grande contribuição do arado foi o fato de ser a primeira grande aplicação de

energia não humana na agricultura, pois podia ser puxado por animais, o que contribuiu

decisivamente para o aumento dos campos cultiváveis e, por conseguinte, da ofertaalimentar e aumento populacional. Foi, sem dúvida, o artefato mais importante para o

sistema feudal medieval.

Texto:

Invenção mediterrânea, o moinho de d'água somente teve sua verdadeira difusão na Idade Média.Discute-se se o moinho d'água foi importado do extremo oriente ou se foi exportado pela Europaocidental. Os primeiros moinhos d'água chineses são citados por volta do ano 13 de nossa era. Oaparelho parece ser já bastante aperfeiçoado, pois é empregado não apenas para moer grãos, como naEuropa ocidental, mas também para acionar foles de forjaria através de uma correia e de um eixoexcêntrico. (...) Os restos arqueológicos são pouco numerosos, pois a maioria dos moinhos era

construída de madeira e, por isso, desapareceu. (...) No século VI os moinhos d'água podem ser contados nos dedos: o de Dijon, o de Nicet no Mosela, o de Genebra. (...) A difusão do moinho d'águana Germânia já devia ser muito forte no século VIII, pois mereceu a atenção das leis dos alamanos edos bávaros. (...) No final do século XI teria sido introduzido na Bulgária pelos alemães. Os primeirosmoinhos d'água da Polônia são citados em 1145 e 1149, mas sua efetiva difusão é apenas do séculoXIII. (...) O Domesday book  (1086) revela a existência na Inglaterra, no final do século XI, de 5.624moinhos d'água, em cerca de 3.000 localidades.

GILLE, B. O moinho d'água: uma invenção técnica medieval, 1985, p. 116-119.

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Outras ferramentas interessantes foram a ferradura e o estribo. Algo que hoje

 julgamos simples, utilizados com frequência por quem de algum forma usa os cavalos,

seja para trabalho ou lazer, eram uma espécie de luxo na Idade Média: por vezes,

considerados símbolos de poder ou status social. Quando a ferradura teve seu uso mais

difundido, por volta dos séculos IX e X, tornou o cavalo um animal ainda mais versátil do

que já era, ou seja, apto a ser usado não apenas como animal de transporte, mas

também nas mais diferentes tarefas relacionadas ao campo, mesmo tendo no seu casco o

ponto frágil de sua constituição. Já o estribo foi fundamental na domesticagem, fazendo

do cavalo um igualmente importante instrumento de guerra, permitindo assim o

surgimento das cavalarias.

Porém, talvez a mais importante técnica desenvolvida no medievo foi o sistema de

tripla rotação dos campos. Sua importância está na contribuição definitiva para um

aumento na produção agrícola, proporcionando uma segurança alimentar que propiciou,

por exemplo, que as cidades se reconstituíssem como centros mais seguros e

convenientes a convivência comum.

Eis um quadro que exemplifica o funcionamento da rotação de campos. Ele mostra

a sucessão dos plantios em três campos (rotação trienal dos cultivos), introduzida na

Europa no final do século VII. Como se pode ver, cada campo desfruta de um ano de

repouso em cada três.

A rotação trienal

BOVO, E. Grande História Universal: Alta Idade Média. Milão: Arnoldo Mondatori, 2007, p. 50.

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REFERÊNCIAS

BLOCH, M. Advento e conquistas do moinho d'água. In: GAMA, R. História da técnica eda tecnologia. São Paulo: T. A. Queiroz, 1985, p. ....

BOVO, E. Grande História Universal: Alta Idade Média. Milão: Arnoldo Mondatori, 2007.

GILLE, B. O moinho d'água: uma revolução técnica medieval. In: GAMA, R. História datécnica e da tecnologia. São Paulo: T. A. Queiroz, 1985, p....

GOLINELLI, P.; BOVO, E. Grande história universal: mundo feudal. Milão: ArnoldoMondatori, 2007.

INÁCIO, I. C.; LUCA, T. R. O pensamento medieval. São Paulo: Ática, 1994.

LE GOFF, J. A Idade Média explicada a meus filhos. São Paulo: Agir, 2007.

 _________. (Org.) L'uomo medievale. Roma: Editori Laterza, 2002.

PARSONS, W. A cúpula de Santa Maria del Fiore – Florença. In: GAMA, R. Ciência etécnica: antologia de textos históricos. São Paulo: T. A. Queiroz, 1992.

ROSSI, P. I filosofi e le macchine: 1400 - 1700. Milão: Feltrinelli, 1966.

SCIENTIFIC AMERICAN: História. A ciência na Idade Média. São Paulo, DuettoEditorial, 2007.

WHITE Jr., L. Medieval technology & social change. London/New York: Oxford

University Press, 1964. __________. Tecnologia e invenções na Idade Média. In: GAMA, R. História da técnicae da tecnologia. São Paulo: T. A. Queiroz, 1985.

WIGELSWORTH, J. Science and technology in medieval european life. Westport:Greenwood, 1984.

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VALIDAÇÃO DO FOLHAS 

LORENI APARECIDA FERREIRA BALDINI

CEEBJA –CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO BÁSICA DE JOVENS E ADULTOS DEAPUCARANA

RG 1938954-5

O Folhas “Ciência e tecnologia na Idade Média”, apresenta várias questões degrande relevancia para os estudantes. Tem uma linguagem adequada para o EnsinoMédio de acordo com o formato do Folhas. Contém um problema adequado para iniciar adiscussão do tema. O problema está elaborado de modo que não favorece a respostaimediata, possibilitando com isso a investigação. Porém, o problema poderia trazer alguma questão mais instigadora, ou seja, mais curiosa que não mostrasse de “cara” adisciplina de história.

O presente Folhas, traz algumas atividades distribuídas no texto, porém, o tema ébastante rico e isso favorece a apresentação de outros tipos de atividades, sugere-se queapresente questões para pesquisa ou de debate, opiniões, abordagens de novasilustrações etc.

Quanto a relação interdisciplinar com Matemática, sugere-se que no parágrafo emque aborda a geometria (na figura do compasso) fale que tipo de geometria se abordavana época, neste caso a Euclidiana e depois a não-euclidiana, mais para o final da IdadeMédia. Sugere que apresente alguns quadros pintados antes do conceito de geometriaprojetiva (idéia de profundidade), ou seja que esta geometria surgiu pela necessidade queos pintores renascentistas tinham de representar num plano euclidiano, uma figuratridimensional, assim surgiu está geometria que nega o quinto postulado de Euclides, queas paralelas não se encontram. Pode-se apresentar algumas formas e dizer como algunspovos calculavam a área das figuras na época e como é feita hoje (sugere-se o círculo ouo trapézio).

Sugere-se trocar a frase “matemática moderna”, pois temos o movimento da Matemática

Moderna, que foi bastante recente... Que seria um experimento inicial da EducaçãoMatemática, pois pode causar algum equivoco na leitura.

Quanto ao desenvolvimento teórico, entende-se que as imagens estão de acordo com asnormas e as referencias contempladas obedecem as normas da ABNT mencionadas nomanual do Folhas.

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Parecer disciplinar – História

Validador de Historia: Professor Mauricio de Souza Farias da Costa RG 65016087

O Folhas do professor Fabio encontra-se bem estruturado, utilizando uma linguagem de

facil compreensao por parte do aluno e utiliza um glossario, o que auxilia mais oconhecimento de palavras pouco utilizadas. O texto rompe com o velho conceitodepreciativo do periodo medieval e utiliza de exemplos claros que mostram odesenvolvimento sofrido pelo homem naquele periodo. As atividades fazem relacao entreo tema proposto, levando o aluno a pensar e a perceber como desenvolveu-se a estruturaescolar. A questao da rotatividade dos campos tambem e de grande valor, metodo aindahoje utilizado. As imagens auxiliam a assimilacao do assunto e enriquecem a aula.

Seria bom verificar quando cita o nome da rosa a palavra intricado ou intrigado mais afrente alamanos ou alanos, seria bom explicar e a questao de ferrar os animais , uma

pesquisa em relacao a como era feito na antiguidade enriqueceria o texto esta otimo