Aula Processo Saude Doenca
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27/05/2015
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Profª Aline Leitão
ESCOLA MAGNÍFICATÉCNICO DE ENFERMAGEM
ESTUDOS REGIONAIS
CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
• Doença – acompanhante da espécie humana
• Múmias egípcias – sinais de doenças
SCLIAR (2007)
CONCEPÇÃO MÁGICO-RELIGIOSA
• Doença – ação de forças alheias - por causa do pecado e da maldição;
• Antigos hebreus – doença sinal de cólera divina, diante dos pecados humanos;
• Outras culturas – maus espíritos - xamã (feiticeiro tribal) – rituais para expulsar o mal;
• Observações empíricas sobre a utilidade medicinal de produtos naturais, transmitidas cuidadosamente de geração a geração.
CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
• Hindus e chineses – doença causada pelo desequilíbrio dos elementos do organismo humano, ocasionado pelas influências do ambiente físico –astros,clima, insetos etc.
• Medicina chinesa – yin/yang• Restaurar o normal fluxo de energia
Homem atua ativamente no processo de doença e cura.
CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
Grécia (pré-hipócrates):• Saúde: harmonia entre os 4 elementos que
compõem o corpo humano; – Agua, ar, terra e fogo
CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
Grécia
• Hipócrates (460 – 377 a.C.) – “pai da Medicina”
• Observação empírica – diversos casos clínicos registrados;
• Postulou a existência de 4 fluidos(humores): bile amarela, bile negra, fleuma e sangue
• Visão epidemiológica do problema saúde-enfermidade;
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CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
Grécia – Hipócrates
• Fatores ambientais ligados à doença (“Ares, água, lugares”);
• Idéia de miasma: emanações de regiões insalubres capazes de causar doenças como a malária (teoria miasmática – Malária)
CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
Idade Média européia
• Influência do cristianismo - doença como resultado do pecado e a cura como questão de fé;
• Doentes: entregues a ordens religiosas, que administravam hospitais, instituição que o cristianismo desenvolveu muito, não como um lugar de cura, mas de abrigo e de conforto para os doentes.
• Asilos e hospícios;• Várias epidemias: Peste Negra, Lepra, Sífilis,
Tuberculose
CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
Renascença:
• Período de transição -práticas esotéricas e pensamento científico.
• Predomínio da idéia do fator externo que penetra no organismo (miasmas)
• Idéia de contagiosidade
CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
Renascença:• Durante todo o século XVIII, os estudos se
voltam para a compreensão do corpo humano e das alterações anatômicas decorrentes da doença, centrando-se no desvelamento de seus sinais e sintomas.
CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
Metade do século XIX:
• França: estudos investigaram a influência da pobreza, ocupação, nutrição e habitação.
• Inglaterra: Revolução Industrial (Medicina social, epidemiologia)
CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
Final do século XIX: • Revolução pasteuriana (microscópio) - revelação da
existência de microorganismos causadores de doença e possibilitando a introdução de soros e vacinas;
• Doenças agora poderiam ser prevenidas e curadas
Teoria Unicausal - Bacteriologiacausa – uma bactériaintervenção – eliminação da mesma
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CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
Início do séc XX:
• A teoria unicausal torna-se insuficiente para explicar as novas questões que surgiam com o desenvolvimento científico, abrindo espaço para as concepções multicausais.
• O modelo ecológico multicausal:
Meio ambiente
Agentepatogênico
Hospedeiro
Modelo Biomédico
Patologia Clínica médica
Saúde é definida negativamente:
Ausência de doença
Livre de valores
Aplica-se indiferentemente a todas as espécies
Ausência defeitos em um sistema físico
Patologia: mecanismo etiopatogênico
Infecciosas Não-infecciosas
Clínica Médica: tempo de duração
Agudas Crônicas
Modelo Biomédico
RiscoFatores etiológicosFatores de riscoMulticausalidade
Modelo Processual: Físico
Biológico
Sócio-político
cultural
Ambiente Externo ouMeio ambiente
Ambiente Interno
Fatores hereditários ou congênitosDefesas específicasAlterações organicas já existentes
Modelo MonocausalO modelo monocausal centra a explicação dadoença num único fator: o agente biológico.
Concepção da doença delimitada ao biológico,abstrai-se de qualquer aspecto relativo àscondições de vida do doente. Prática médicacurativa.
Revolução cientifica – microbiologia (Pasteur-|koch) – medicina como prática biológica – mundoracionalista e mecanicista.
Modelo Multicausal
Desenvolve-se na perspectiva de uma prática médica biologicista ecientificista.
Desconsidera o caráte histórico do processo saúde-doença. Dágrande ênfase na avaliação estatística e quantitativa das variáveis doprocesso saúde-doença.
Em relação ao modelo monocausal há avanço: Incorpora os fatoressocioeconômicos, culturais, físicos químicos, estabelecendo nexosentre os modos de adoecer (tipos de doenças, frequência,gravidade, etc) e as condições de trabalho e as condições materiaisde vida (moradia, salário, alimentação, educação, saneamento, etc)
Ignora o peso e hierarquia dos fatores de origem social e de ordembiológica.
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Determinação da causalidade Determinação da causalidade
CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
Leavell & Clark
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA DE LEAVELL
• Destaca a saúde-doença como um processo dinâmico;
• Os desequilíbrios desse sistema permitem a evolução do processo até a cura, óbito ou outros estados intermediários
História natural da doença
“as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu
desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo processo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar; passando pela resposta do
homem ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte”
(Leavell & Clark, 1976)
Modelo da História Natural da Doença Períodos Pré-Patológico e Patológico da História Natural da Doença (Pereira, 1999 apud Leavell & Clark, 1976)
Período Pré-Patológico Período Patológico
Antes do indivíduo adoecer
Curso da doença no organismo humano
Interação de agentes mórbidos, o hospedeiro humano e os fatores ambientais
Alterações
precoces
Fase de suscetibilidade Fase patológica
pré-clinicaFase clínica Fase residual
Doença precoce discer-nível
Doença avan-çada
ConvalescençaMorte Invalidez Cronicidade Limiar clínico
Recuperação
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Modelo da História Natural da Doença
O modelo propõe três níveis de ação ouintervenção: Prevenção Primária através dapromoção à saúde e da proteção específica emrelação a um agravo determinado – a serdesencadeado ainda na fase pré-patogênica dadoenca; Prevenção Secundária constante dediagnóstico e tratamento; e Prevenção Terciáriaque supõe ações destinadas à recuperação dodano e à reabilitação. As duas últimas se aplicam àfase patogênica.
CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
Concepção da determinação social das doenças:
• A partir da crítica ao modelo ecológico - limitação das explicações causais;
• Apreender o vínculo entre o processo social e o processo biológico saúde-doença.
• Permite explicar o caráter social do próprio processo biológico.
• Laurell e Breilh
Modelo da determinação social da doença
Neste modelo supera-se a concepção da mera relaçãocausa-efeito para explicar o adoecimento e a morte.
Modo de adoecer como um processo que tem comoelemento modelador estrutura social – EpidemiologiaSocial (baseada na determinação) em contraponto àEpidemiologia Clinica tradicional, baseada nacausalidade.
Saúde-doença ganha objetividade: é uma realidadeconcreta.
Conceito de Campo de Saúde
Desenvolvido por Lalonde (Ministro da Saúde doCanadá, 1974), a partir da constatação de que omodelo ecológico da epidemiologia (hospedeiro-agente-meio ambiente) não era suficiente paraexplicar totalmente as questões relacionadas àsDoenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT).
Novo: não leva em consideração a possibilidadede microorganismos e introduz um novoelemento: a organização dos serviços de saúde.
Conceito de Campo de Saúde
Lalonde (1974) afirmava que, até aquele momento[no Canadá], a maioria dos esforços da sociedadepara melhorar a saúde, e a maior parte dos gastosem saúde, se concentraram na organização docuidado médico. Apesar disso, quando seidentificavam as causas principais de adoecimentoe morte no Canadá, verificava-se que a sua origemestava nos três outros componentes do conceito decampo: a biologia humana, o meio ambiente e oestilo de vida.
Conceito de Campo de Saúde
Elementos que constituem esse modelo epidemiológico:
1. biologia humana,
2. estilo de vida,
3. ambiente
4. organização do sistema de atenção à saúde.
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O Conceito de Campo de Saúde
Influências ambientais
Estilo de vida individual
Natureza e extensão dos serviços de saúde
Influências genéticas e biológicasLalonde, 1974
Determinantes Sócio Econômicos da Saúde
Condições sócio-econômicas,culturais e ambientais
Condições de vida e trabalho
Suporte sociale comunitário
Estilo de vida
Idade, sexo efatores hereditários Dahlgren e
Whitehead, 1992
Biologia Humana
São as características imutáveis do indivíduo:idade, sexo, raça, patrimônio genético(herança), processo natural deenvelhecimento, constituição do indivíduo(mecanismos de defesa), suscetibilidade,resistências, baixos níveis séricos deestrógenos em mulheres na pós-menopausa,etc.
Estilo de Vida
Hábitos e comportamentos autodeterminados,adquiridos social ou culturalmente, de modo individualou em grupos: tabagismo, alcoolismo, padrões deconsumo (preferência dietéticas, sódio, potássio,quantidade de alimentos, calorias), medicações, drogas,inatividade física, não utilização de serviços de saúde oude equipamentos de proteção no setor ocupacional,decisão pessoal de aderir ou não aos tratamentos emedidas preventivas, opção pelo lazer sedentário.
Pressuposto: o indivíduo tem controle sobre seus hábitose atitudes prejudiciais à saúde.
Ambiente
Eventos externos ao corpo sobre os quais o indivíduo tem pouco ounenhum controle:
Ambiente físico: relevo, hidrografia, clima, poluentes ambientais doar, da água e do solo por substâncias químicas ou físicas (pesticidas,radiações, ondas eletromagnéticas) e outras, utilizadas naagricultura/indústria ou presentes como componentes do próprioecossistema.
Ambiente social: aspectos importantes na determinação damulticausalidade como nível socioeconômico, escolaridade, tipo deinserção na força de trabalho, riscos ocupacionais específicos einespecíficos, processo de urbanização/migração, absorção de novastecnologia, etc.
Ambiente psíquico: estresse e tensões sociais.
Organização do sistema de atenção à saúde
Decorre das políticas vigentes no país, das decisõesgovernamentais para o cumprimento das leis e normasconstitucionais referentes à saúde do cidadão, da máadministração/planejamento, da irresponsabilidade, daomissão, negligência e discriminação social da assistênciamédica à população:
Disponibilidade quantitativa/qualitativa e abrangência damedicina preventiva, curativa e de reabilitação para toda apopulação.
Antes confundia-se com o “ambiente”. Nesse modelo ela é co-responsável pela determinação das doenças e co-participantena determinação de complicações e de mortes evitáveis.
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ESTADO DESAÚDE
DETERMINANTES DO ESTADO DE SAÚDECaracteres Raciais e
Antropológicos
Caracteres Genéticos eHereditários Sexo e Idade
Hábitos, Vícios,Abuso de Drogas
Outros: Alimentação,Exercício, etc.
Lazer, Recreação.
Físico
Biológico
Sócio-Econômico(ocupação, salário, etc)
AMBIENTE SERVIÇOSDE SAÚDE
ESTILO DEVIDA
BIOLOGIA
Reabilitação
Tratamento
Prevenção e Promoção
CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE E DOENÇA
Conceito OMS (7 abr 1948): “Saúde é o estado do mais completo bem-estar
físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade” CRÍTICAS
a saúde seria algo ideal, inatingível;
a definição não pode ser usada como objetivo pelos serviços de saúde
o conceito permitiria abusos por parte do Estado, que interviria na vida dos cidadãos, sob o pretexto de promover a saúde.
Conceito de Saúde – Mais abrangente
• Saúde é a resultante das condições de alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra, acesso a serviços de saúde.... resultado de formas de organização social de produção, as quais podem gerar profundas desigualdades no níveis de saúde.
8a. Conferência Nacional de Saúde, 1986
SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA
“A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos”.
Constituição Federal, Art. 196
Assim...
A concepção do processo saúde e doença tem evoluído consideravelmente, de maior vinculação com as doenças e a
morte, isto é, aproximações negativas, até concepções mais vinculadas à
qualidade social, ou seja, uma aproximação positiva.
Fatoresgenéticos
Fatoresecológicos
Fatorespolíticos Fatores
econômicos
Fatoresculturais
Fatoreseducacionais
Fatoresambientais
FatorespsicológicosFatores
sociais
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TEXTO
• O CONCEITO DE SAÚDE E DO PROCESSO DE SAÚDE-DOENÇA.
1. O que é processo saúde-doença de acordo com o texto? Comente brevemente.
2. O processo saúde-doença é visto como algo isolado? O que pode influenciar nesse processo? 3. Na sua opinião, por que é importante o profissional de saúde saber sobre o processo saúde-doença?