Aula - Trovadorismo

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Trovadorismo

Literatura

O mundo e a realidade podem ser fenmenos objetivos, mas os olhares que recaem sobre eles so subjetivos.

Van Gogh, Noite Estrelada, 1889.

a noite me pinga uma estrela no olho e passa. Paulo Lemiski

Por meio da palavra, o homem fez registros de ordem documental e prtica, firmou acordos e contratos, enviou mensagens, colecionou informaes.

Mas algum dia usou a palavra como expresso de ideias e sentimentos mais profundos, criou perspectivas novas e formas mais intensas e significativas para express-las, e a Literatura se fez.

O texto literrio carregado de novos sentidos, pois sempre uma recriao.Ideia, um sentimento, uma histria podem ser transformados em texto, que pode empregar:

Denotao (sentido real) Conotao (sentido figurado)

Organiz-lo em versos ou em prosa, explorar as caractersticas de um gnero narrativo, lrico ou dramtico so alguns dos recursos de que o escritor dispe para torn-lo literrio.

Periodicamente, as tendncias artsticas se transformam. Isso acontece porque a arte expressa ideias e estados de esprito sujeitos a interferncias externas.

Em todo tipo de arte: pintura, literatura, escultura... Revelam caractersticas diferentes, sendo possvel inferir o estilo de cada obra do contexto scio-histrico e das concepes sobre o tema.

Trovadorismo

A palavra Trovadorismo se origina de troubadour, aquele que compunha a trova e que, em razo disso, procurava achar ( encontrar) uma rima para suas canes. Em outras palavras, o poeta que compe e canta a cantiga.

As primeiras manifestaes do Trovadorismo deram-se em Provena, regio ao sul da Frana, aproximadamente no sculo VIII.

Contexto histrico

Trovadorismofoi a primeira escola literria portuguesa. Esse movimento literrio compreende o perodo que vai, aproximadamente do sculo XII ao sculo XIV.

A partir desse sculo, Portugal comeava a afirmar-se como reino independente, embora ainda mantivesse laos econmicos, sociais e culturais com o restante da Pennsula Ibrica. Desses laos surgiu, prximo Galcia (regio ao norte do rio Douro), uma lngua particular, de traos prprios, chamada galego-portugus.

Refletia bem o panorama histrico desse perodo: as Cruzadas, a luta contra os mouros, o feudalismo, o poder espiritual do clero.

Marco inicial: Cantiga de Ribeirinha de Paio Soares de Taveirs.

Feudalismo

O perodo histrico em que surgiu oTrovadorismofoi marcado por um sistema econmico e poltico chamado Feudalismo, que consistia numa hierarquia rgida entre senhores: um deles, o suserano, fazia a concesso de uma terra (feudo) a outro indivduo, o vassalo. O suserano, no regime feudal, prometia proteo ao vassalo como recompensa por certos servios prestados.

Essa relao de dependncia entre suserano e vassalo era chamada de vassalagem.

Caractersticas do TrovadorismoOTrovadorismodesenvolveu-se num perodo em que a cultura era monopolizada pelo clero catlico, detentor mximo do poder poltico e econmico.

Assim, natural que a viso de mundo da poca fosse marcada pelo teocentrismo escala de valores determinada a partir dos prprios valores impostos pela religiosidade. Por essa razo, o homem dessa fase medieval privilegiava os bens do esprito, da alma, da vida ps-morte, em detrimento do corpo e da vida carnal, terrena.

A influncia da religio na arte

Toda produo artstica era voltada para a construo de igrejas, catedrais e abadias.

Na literatura houve maior desenvolvimento da poesia do que da prosa, pois a poesia apoiava-se na msica e isso facilitava sua transmisso oral.

Todas as produes literrias eram feitas em galego-portugus, denominadas cantigas

E o que eram as cantigas?

As cantigas eram poemas feitos para serem cantados, acompanhados por instrumentos musicais: o alade, a flauta doce, o saltrio, o pandeiro, os tambores, as violas de arco, etc.

As pessoas que se dedicavam a poesia eram classificadas como:

Trovadores - eram compositores de ascendncia nobre e que efetivamente compunham as cantigas.

Os jograis - artistas da classe humilde, cantavam composies prprias ou alheias em troca de pagamento;

Os segris - eram artistas da corte.

Os documentos que restaram dessa produo literria so os cancioneiros, coletneas de cantigas com caractersticas variadas e escritas por diversos autores.

Nesse perodo o gnero narrativo tambm foi cultivado, especialmente, as novelas de cavalaria, pois a idade Mdia era a poca dos cavaleiros medievais, a base da fora militar dos senhores dos feudos. Pertencer cavalaria significava riqueza, honra e glria.

Tipologia das cantigas

I Cantigas lricas: amor amigoAs cantigas lricas so aquelas que dizem sobre sentimentos e emoes humanos.

II Cantigas satricas: escrnio maldizer

So cantigas de cunho popular, em tom brincalho e, muitas vezes, cruel; reveladoras do panorama social da poca, no poupam sequer os nobres e o clero. H mexericos, termos obscenos e a linguagem nelas usada debochada e cheia de trocadilhos.As cantigas de escrnio fazem stira indireta. A pessoa satirizada no nomeada.

Cantigas de amor

* Sua origem a Provena, na Frana.

* sofisticada e evita as repeties, os refres.

*Possui eu lrico masculino (eu lrico a voz que fala no poema).

*O tratamento que o trovador d mulher amada mia dona, fermosa dona, mia senhor.

*O amor sempre corts.

*O trovador faz a coita amorosa, se queixa mulher amada da falta de cuidados dela (casada) para com ele.

*Ambos pertencem mesma classe social.

*Mas, por ser um nobre decado, o trovador presta vassalagem amorosa dama.

A mulher que eu amo e tenho por senhoraMostrai-a a mim, Deus, se for Vosso prazer,Se no, da-me a morte.

A que eu tenho por luz desses olhos meusE por quem choram sempre, mostrai-a a mim, Deus,Se no, da-me a morte.

Essa que Vs fizestes a mais belaDe quantas eu conheo, ai Deus, fazei-me v-la,Se no, da-me a morte.

Ai , Deus, que me fizestes mais e mais am-la,Mostrai-me onde posso com ela falar,Se no, da-me a morte.(Bernardo Bonaval)Cantigas de amigo

Sua origem a Pennsula Ibrica.Usa frequentemente o refro (repetio de um verso inteiro ao final de cada estrofe), repeties de palavras.Possui eu-lrico feminino ( apesar compositor ser masculino).O tratamento dado ao namorado meu amigo, meu amado.H nela submisso amorosa ( o amado sempre de classe superior).A moa se queixa da ausncia dele e o faz natureza, s amigas ou me.H cantigas que podem ser classificadas como de tear(ou de fiar), barcarolas, albas ou alvoradas, pastorelas.H o uso dos paralelismos como forma de repetio.

Ondas do mar de Vigose vistes meu amigo ?E ay Deus, se verr cedo !Ondas do mar levado,se vistes meu amado ? E ay Deus, se verr cedo !Se vistes meu amigo,o por que eu sospiro? E ay Deus, se verr cedo !Se vistes meu amado,o por que ey gran coydado?E ay Deus, se verr cedo !

Cantiga de escrnio

Dona feia Ai, dona feia, foste-vos queixar que nunca vos louvei em meu trovar; mas agora quero fazer um cantar em que vos louvarei de qualquer modo; e vede como vos quero louvar : (Refro)dona feia, velha e louca!

Dona feia, que Deus me perdoe, pois tendes to grande desejo de que eu vos louve, por este motivo quero vos louvar j de qualquer modo; e vede qual ser a louvao: (...) Joo Garcia de Guilhade

Cantigas de maldizer

Martim jogral, que desfeita,sempre convosco se deitavossa mulher!

Vedes-me andar suspirando;e vs deitado, gozandovossa mulher!

Do meu mal no vos doeis;morro eu e vs fodeisvossa mulher!

(Joo Garcia de Guilhade)

Paio Soares Taveiros (ou Taveirs)

Paio Soares Taveiros (ou Taveirs) foi um trovador da primeira metade do sculo XII, de origem da pequena nobreza galega.

Foi o autor da clebre Cantiga da garvaia, durante muito tempo considerada a primeira obra potica em lngua galaico-portuguesa. uma cantiga de amor plena de ironia, atualmente considerada uma cantiga satrica.Perdeu o estatuto de mais antiga cantiga conhecida, em favor de uma outra do trovador Joo Soares de Pvia, continua no entanto a desafiar a imaginao dos crticos, ainda em desacordo quanto ao seu real sentido dirigida a filha de D. Pai Moniz, por muito tempo identificada como D. Maria Pais Ribeiro, a clebre Ribeirinha, amante do rei portugus D. Sancho I.A Ribeirinha(ou Cantiga de Guarvaa)

No mundo non me sei parelha1,mentre2 me for' como me vay,ca3 j moiro por vos - e ay!mia senhor4 branca e vermelha,queredes que vos retraya5quando vus eu vi en saya!Mao dia me levantei,que vus enton non vi fea6!

E, mia senhor, des aquel di'ay!me foi a mi muyn mal,e vos, filha de don PaayMoniz, e ben vus semelha7d'aver eu por vos guarvaya8,pois eu, mia senhor, d'alfayanunca de vos ouve nen eivalia d'a correa.

A Ribeirinha ( verso)

No mundo no conheoningum igual a mim,enquanto acontecer oque me aconteceu,pois eu morro por vs e ai!Minha senhora alva e rosada,quereis que vos lembreque j vos vi na intimidade!Em mau dia eu me levanteiPois vi que no sois feia!

E, minha senhoradesde aquele dia, ai!Venho sofrendo de um grande malenquanto vs, filha de dom PaioMuniz, a julgar forosoque eu lhe cubra com o mantopois eu, minha senhoranunca recebi de vsa coisa mais insignificante.