aula_4_açúcares [505649]

4
Bioquímica | 1 | 4 Aplicação do teste Benedict na identificação de açúcares redutores e não redutores. I. Objectivos: Compreender a diferença entre açúcar e polissacáridos; Distinção entre açúcares redutores e açúcares não redutores; Compreender a estrutura química a molecular dos açúcares e seus grupos funcionais, isómeros e principais reações; Saber aplicar o método de Benedict; Saber identificar açúcares redutores. II. Introdução teórica Os hidratos de carbono ou açúcares são classificados em três grupos principais: monossacáridos, oligossacarídeos e polissacarídeos. Os monossacáridos têm peso molecular baixo e a fórmula geral (CH2O)n, na natureza o n varia entre 3 e 9. As pentoses, compostos com 5 átomos de carbono, e as hexoses, com 6 átomos de carbono, constituem os monossacáridos mais abundantes. Nos monossacáridos todos os átomos de carbono apresentam um grupo hidroxilo (-OH), exceto um que está ligado a um grupo carbonilo (C=O) (carbono anomérico). Quando o carbono anomérico se encontra num carbono terminal da cadeia o composto é um aldeído, quando se encontra noutra qualquer posição trata-se de uma cetona. (Figura 1). Figura 1: Fórmulas químicas de alguns monossacáridos. (Biochemistry, Stryer, 6th Ed.). Estes monossacáridos em solução existem normalmente em equilíbrio entre a forma em cadeia aberta e a forma em anel. Quando isto acontece, os açúcares poderão aparecer sob duas formas, e designam-se anómeros. Um anómero pode existir na forma α e β. As formas α e β distinguem-se entre si, pela posição do hidroxilo do carbono 1, resultante da ciclização do açúcar.

description

bio

Transcript of aula_4_açúcares [505649]

Page 1: aula_4_açúcares [505649]

Bioquímica | 1 |

4

Aplicação do teste Benedict na identificação de açúcares redutores e não redutores.

I. Objectivos: • Compreender a diferença entre açúcar e polissacáridos; • Distinção entre açúcares redutores e açúcares não redutores; • Compreender a estrutura química a molecular dos açúcares e seus grupos funcionais, isómeros e principais reações; • Saber aplicar o método de Benedict; • Saber identificar açúcares redutores.

II. Introdução teórica

Os hidratos de carbono ou açúcares são classificados em três grupos principais: monossacáridos, oligossacarídeos e polissacarídeos. Os monossacáridos têm peso molecular baixo e a fórmula geral (CH2O)n, na natureza o n varia entre 3 e 9.

As pentoses, compostos com 5 átomos de carbono, e as hexoses, com 6 átomos de carbono, constituem os monossacáridos mais abundantes. Nos monossacáridos todos os átomos de carbono apresentam um grupo hidroxilo (-OH), exceto um que está ligado a um grupo carbonilo (C=O) (carbono anomérico). Quando o carbono anomérico se encontra num carbono terminal da cadeia o composto é um aldeído, quando se encontra noutra qualquer posição trata-se de uma cetona. (Figura 1).

Figura 1: Fórmulas químicas de alguns monossacáridos. (Biochemistry, Stryer, 6th Ed.).

Estes monossacáridos em solução existem normalmente em equilíbrio entre a forma em cadeia aberta e a forma em anel. Quando isto acontece, os açúcares poderão aparecer sob duas formas, e designam-se anómeros. Um anómero pode existir na forma α e β. As formas α e β distinguem-se entre si, pela posição do hidroxilo do carbono 1, resultante da ciclização do açúcar.

Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Sublinhado
Mara
Sublinhado
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Page 2: aula_4_açúcares [505649]

Bioquímica | 2 |

Assim, um açúcar cíclico terá a designação α se o grupo hidroxilo se encontrar abaixo do plano do açúcar e a designação β se, pelo contrário, se encontrar acima deste (Figura 2).

Figura 2: Ciclização de açúcares e formação de anómeros α e β. (Biochemistry, Stryer, 6th Ed.)

Os oligossacarídeos mais simples, os dissacarídeos, são formados por dois monossacáridos

combinados por uma ligação glicosídica (Figura 3).

Figura 3: Formação da a maltose (glucose (α1→4)glucose). (Lehninger, Principles of Bioechemistry, 4th Ed.)

As ligações glicosídicas podem ser de vários tipos O-glicosídicas, N-glicosídicas e S-

glicosídicas. Ao contrário das ligações peptídicas que ocorrem apenas entre aminoácidos, as ligações glicosídicas podem ocorrer entre dois monossacáridos ou entre um monossacarídeo e

Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Page 3: aula_4_açúcares [505649]

Bioquímica | 3 |

uma molécula de outro grupo, nomeadamente, aminoácidos, radicais orgânicos, entre outros (Figura 4).

Relativamente às ligações O-glicosídicas, entre dois monossacarídos, estas podem ser do tipo α ou do tipo β, dependendo da conformação do primeiro açúcar. Por exemplo, a sacarose, é um dissacarídeo com uma ligação glucose α(1→2) frutose, enquanto que a lactose é uma galactose β (1→4) glucose (figura 5).

Figura 5: Ligações α-O-glicosídicas e β-O-glicosídicas. (Lehninger, Principles of Bioechemistry, 4th Ed.)

Açúcares redutores

Os hidratos de carbono que possuem grupos aldeído e cetona livres isto é, não envolvidos em qualquer tipo de ligação, nomeadamente das pontes glicosídicas, têm propriedades redutoras e são por tal facto designadas de açúcares redutores. Estes hidratos de carbono dão reação positiva com o reagente de Benedict.

Os aldeídos são facilmente oxidados a ácidos carboxílicos, por uma variedade muito grande de reagentes. Por exemplo, em presença de sais de metais (Cu2+ e Ag+) as oses são oxidadas e os metais precipitam, originando variações de cor da solução. Estas reações são aproveitadas para identificar e dosear oses. O teste de Benedict foi desenvolvido com base nestes conceitos e utiliza um sal de cobre que é reduzido a óxido cuproso. Este produto é insolúvel formando um precipitado avermelhado (figura 6).

Figura 4: Ligações N-glicosídicas e O-glicosídicas entre açúcares e aminoácidos. (Biochemistry, Stryer, 6th Ed.)

Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Page 4: aula_4_açúcares [505649]

Bioquímica | 4 |

Figura 6: O cobre cúprico é reduzido a cobre cuproso na presença de uma aldose, originando produtos de cor avermelhados. (Biochemistry, Stryer, 6th Ed.)

A sacarose, maltose e lactose são dissacarídeos que diferem no que diz respeito às suas

capacidades redutoras. No caso da sacarose, a hidrólise enzimática ou ácida origina glucose e frutose. A ponte glicosídica que liga estes dois monossacáridos é estabelecida entre os respetivos carbonos anoméricos e por essa razão a sacarose não reage como açúcar redutor.

Na maltose, as duas moléculas de glucose estão ligadas por uma ponte glicosídica α(1→4) existindo portanto, um carbono anomérico não envolvido na ligação. Este dissacarídeo é um açúcar redutor.

Na lactose as moléculas de D-galactose e D-glucose estão ligadas por uma ponte tal que o resíduo de glucose mantém o carbono anomérico livre, podendo assim atuar como açúcar redutor.

Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar
Mara
Destacar