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PALEONTOLOGIA PROFA. FRESIA RICARDI – BRANCO DGRN – IG / UNICAMP PRIMEIRA AULA PRÁTICA NOME: _________________________________________________________ FÓSSEIS E MAIS TIPOS DE FÓSSEIS. Parte I 1 – Tipos de fósseis e processos: Os fósseis, além de serem belos espécimes que podemos tocar e ter através deles uma idéia de formas de vida anteriores a nós, são basicamente o resultado de lentos processos, em geral dentro de: ambientes sub-aquosos (como lagos, mares interiores, estuários, pântanos, depósitos de rios, etc), da crosta terrestres ou de cavernas, etc. Um requisito indispensável para que ocorra a fossilização é o rápido soterramento, dentro de um ambiente com pouco oxigênio, no qual o organismo não seja descomposto. Assim as partes duras como ossos, dentes, caules, etc. são os melhores candidatos a virar fósseis (Fig. 1) Os fósseis também refletem as condições do ambiente onde foram fossilizados podendo dar informação acerca da história geológica de uma região, assim como do intemperismo, da deriva dos continentes, etc. Figura 1: Fósseis potenciais Os fósseis podem ser derivados de plantas, animais, de evidencias desses (gastrolitos, coprólitos, etc.) ou da sua atividade (tubos, pistas, etc.). Indo desde o tamanho de um dinossauro (metros) até o de um esporo (micrometros), ou seja macrofósseis e microfósseis. Pelo geral os fósseis de plantas (fitofósseis) somente representam parte do corpo do 1

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PALEONTOLOGIAPROFA. FRESIA RICARDI – BRANCO

DGRN – IG / UNICAMP

PRIMEIRA AULA PRÁTICANOME: _________________________________________________________

FÓSSEIS E MAIS TIPOS DE FÓSSEIS.

Parte I1 – Tipos de fósseis e processos:

Os fósseis, além de serem belos espécimes que podemos tocar e ter através deles uma idéia de formas de vida anteriores a nós, são basicamente o resultado de lentos processos, em geral dentro de: ambientes sub-aquosos (como lagos, mares interiores, estuários, pântanos, depósitos de rios, etc), da crosta terrestres ou de cavernas, etc. Um requisito indispensável para que ocorra a fossilização é o rápido soterramento, dentro de um ambiente com pouco oxigênio, no qual o organismo não seja descomposto. Assim as partes duras como ossos, dentes, caules, etc. são os melhores candidatos a virar fósseis (Fig. 1)

Os fósseis também refletem as condições do ambiente onde foram fossilizados podendo dar informação acerca da história geológica de uma região, assim como do intemperismo, da deriva dos continentes, etc.

Figura 1: Fósseis potenciais

Os fósseis podem ser derivados de plantas, animais, de evidencias desses (gastrolitos, coprólitos, etc.) ou da sua atividade (tubos, pistas, etc.). Indo desde o tamanho de um dinossauro (metros) até o de um esporo (micrometros), ou seja macrofósseis e microfósseis. Pelo geral os fósseis de plantas (fitofósseis) somente representam parte do corpo do vegetal tanto vegetativas (folhas, caules, raízes, etc) como reprodutivas (polens, esporos, sementes, etc.) sendo as últimas melhor transportadas pela água e o vento e mais resistentes à decomposição. De forma contrária os animais, dependendo do tamanho e das características das partes duras (ossos, exoesqueletos, dentes, conchas, garras, etc), que são as mais propensas à fossilização, podem ser conservados completos, como por exemplo bivalves, trilobitas, insetos, peixes, foraminíferos, etc., ou em forma fragmentaria, podendo ser reconstruídos com base em anatomia comparada e na Lei do atualismo.

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Existem duas categorias de fósseis:- Autóctones: são fósseis de qualquer tipo preservados perto do lugar onde viviam, podendo não sofrer nenhum tipo de transporte, sendo então denominados de fósseis in situ, como por exemplo raízes num paleossolo, bivalves escavadores profundos, etc.- Alóctones: são aqueles removidos após a morte do local onde habitaram, transportados (freqüentemente pela água ou por predadores), depositados em outro local e, possivelmente, enterrados. Este é o caso dos polens, das folhas, conchas desarticuladas, etc.

É possível resumir os principais processos de fossilização, associados com a diagênese1 dos sedimentos que rodeiam nosso futuro fóssil, como segue:

Permineralização: Preenchimento das células e dos espaços intercelulares por uma matriz mineral durante ou pouco tempo após à deposição. O mineral mais freqüente é calcita (CaCO3). Esse mineral pode ser reconhecido pingando algumas gotas de ácido Clorídrico a 10% (ou limão), que reage produzindo efervescência. Outros minerais são pirita (FeS), sílica (SiO2), fósforo etc., assim como também o gelo. Se a sustância permineralizante recristalizar pode ocorrer aumento no tamanho dos cristais.Substituição: Troca do material mineralizado pela águas intersticiais por outro mineral diferente. Como calcita por sílica. Segundo a natureza do material substituto, o pH do meio, a presença de oxigênio, temos calcificação, silificação, priritização, etc.

Associado com a dissolução do objeto fossilizado pode ocorrer o preenchimento do espaço por sedimentos finos como argila, dando como resultado um molde em 3D ou a impressão de um dos lados ou ambos.

É interessante comentar que aos 1000m de profundidade começa a zona de dissolução do carbonato (CCD), sendo todas as conchas calcárias dissolvidas a esta profundidade. Existe um padrão de substituição relacionado com a profundidade do plâncton. Assim nas zonas mais próximas à superfície encontram-se os organismos fotossintetizadores como algas (diatomáceas, etc), e organismos que secretam um exoesqueleto calcário, como os foraminíferos (protozoas). Com o incremento da profundidade, há a substituição por um plâncton que secreta exoesqueleto silicoso, como os radiolarios. Assim com um minucioso estudo de microfósseis é possível descobrir a profundidade, temperatura da água, o provincialismo da vida nos mares de outros tempos.

Incrustação: Recobrimento de uma parte dura (ossos, semente, caule, dente, etc.) por uma crosta mineral, geralmente calcita. Muito comum em cavernas.Carboníficação: perda paulatina do oxigênio e hidrogeno por atividade bacteriana, com concentração de carbono e compressão. Este é o tipo mais freqüente de fossilização das plantas. É o processo que dá origem às jazidas de carvão, ou seja, uma grande massa de vegetais comprimidos que se tornam consolidados como uma rocha, preservando muitas vezes delicados detalhes anatômicos.

1 Diagênese: modificações químicas e físicas sofridas pelos sedimentos após a sua deposição , excluindo as resultantes de metamorfismo físico e intemperismo. (Mendes, 1988. Cap. 2, p. 36).

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Mumificação: consiste na preservação parcial de partes moles por dessecação. Como as múmias do deserto, ou restos preservados dentro de depósitos de sais, como salinas ou outros evaporitos.

Cimentação: Consolidação de partículas por uma substância cimentadora, como carbonatos, sílica, ferro, etc. É o caso dos ictiólitos da Formação Santana. Acredita-se que a decomposição dos peixes produzia amônia que criava um pH alcalino (8 - 10) propicio à precipitação do carbonato em volta do corpo do peixe. Por cimentação também podem ser formadas camadas de rochas que consistem em conchas cimentadas, conhecidas como coquinas.

Restos de plantas ou animais podem se preservar intactos sem sofrer nenhum tipo de alteração ou pouca. É o caso dos polens e esporos, cuja coberta de esporolenina, um biopolímero resistente à decomposição, não sofre alteração. O âmbar , uma resina fóssil, apresenta muitas vezes inclusas partes vegetais como grãos de pólen, estames, flores, pequenas folhas e insetos, praticamente inalterados, sendo esse tipo de fossilização conhecido como Conservação Parcial.

Outro tipo de fósseis está relacionado com a atividade biológica dos seres vivos como é o caso dos Estromatólitos, fósseis mais antigos conhecidos e coprólitos (restos fecais fósseis). Os icnofósseis, encontram-se aqui incluídos, estando associados a pistas, pegadas, tubos, câmaras de habitação, etc. que podem ser preenchidos por sedimentos mais finos e preservados.

Uma vez que os fósseis formam parte de uma camada, eles podem sofrer alterações no decorrer do tempo, como compressão, refossilízação, oxidação, retrabalhamento, erosão, etc. Geralmente os fósseis não ocorrem isolados dentro de uma camada e se uma tafocenose ou seja, um conjunto de seres ou partes deles que foram depositados e soterrados juntos ou junto com outros que não sofreram transporte. O estudo da tafocenose ou de tafocenoses sucessivas leva à interpretação da paleoecologia, do ambiente de deposição e da evolução da historia da vida no nosso planeta (Fig. 2).

O estudo da ou das tafocenoses é conhecido como tafonomia, que tenta descobrir quais das amostras fósseis estavam relacionadas com a comunidade original de plantas e animais. Um exemplo de um estudo taxonômico, são os realizados na África com hominídeos fósseis que têm brindado com excelente informações acerca das assembléias de ossos associados aos hominídeos e que detalham como foram as comunidades e os hábitos alimentares dos nossos parentes distantes.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:BERNARDES-DE-OLIVEIRA, M. E. C. (1997) Guia de aula prática. Modulo III. Fossilização Vegetal. Instituto de Geociências , USP. MENDES, J. C. (1988) Paleontologia Básica. 1ed. Editora da Universidade de São Paulo, EDUSP. São Paulo. 347p.SCHOPF, J. M. (1975) Modes of fossil preservation. Review of Paleobotany and Palynology, 20: 27 – 53.

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Figura 2: Estudo Tafonômico

PARTE IIAtividades da Aula prática:1 - Olhe, estude, desenhe e pergunte acerca dos fósseis e dos processos mostrados na aula. Tente identificar os mesmos processos e tipos de fósseis nas caixas dispersas pela sala.

2 – Estude e interprete as tafocenose mostradas. Faça um desenho esquemático de como seria o ambiente onde esses seres viveram.

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