Autismo

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O psicoterapeuta além de trabalhar com a criança, precisa fazer intervenções com a família (pais), de acordo com Souza (2004) o psicoterapeuta precisa orientar a família e para isso necessita estar atualizado com os trabalhos e pesquisas sobre o autismo. E para que a criança saiba adequar-se as propostas terapêuticas de acordo a beneficiá-las é importante à sensibilidade do psicoterapeuta diante da criança e do comprometimento de tal. (ELLIS, 1996 apud SOUZA, 2004) O psicoterapeuta pode influir em vários níveis e desenvolver vários papéis, sendo estes, o de investigador e pesquisador, em uma equipe diagnóstica e de avaliação, o de psicoterapeuta, em uma abordagem individual, o de psicoterapeuta, em uma abordagem institucional, e o de consultor institucional e orientador familiar. Dizendo que a melhor intervenção nesses casos é uma abordagem flexível, adaptável as mudanças que ocorrem no nível de desenvolvimento. (GAUDERER, 1997 apud SOUZA, 2004) Segundo Souza (2004) todas as abordagens tem suas vantagens e desvantagens, o importante é que o psicoterapeuta desenvolva em sua atuação uma terapia diferenciada para atender necessidades especificas de cada indivíduo, pois cada um apesar das semelhanças é um ser único. O psicoterapeuta ajuda os pais da criança entender e compreender os sentimentos de negação, culpa, frustração, impotência, ressentimento, raiva, rejeição e fantasias diversas. Preocupa-se também em envolvê-los como co-terapeutas e coloca-los como agentes de desenvolvimento de seus filhos, realizando trabalho individual para cada criança. (SOUZA, 2004) Macedo (2010) em seu estudo diz que na terapia psicanalítica existem movimentos transferênciais e contratransferênciais diferentes em autistas do que em trabalhos com outros pacientes, que geram grande angústia no psicoterapeuta, recorrente de si mesmo referente ao autista, do silêncio mortificante, do modo ‘bizarro’ de agir, ou da angustia aterrorizante vivenciadas por estes sujeitos. É preciso almejar que o psicoterapeuta frente seus sentimentos não seja paranoica e nem fóbica, pois o maior risco de contratransferência vem dessa impermeabilização. A contratransferência não interpretada pode levar a ruptura ou a terapia interminável, a atitude do psicoterapeuta frente à contratransferência reflete em sua atitude com seus próprios sentimentos e impulsos. (MACEDO, 2010 apud RAMOS, 1994) Para Macedo (2010) as características mais importantes do psicoterapeuta na ajuda dos autistas se tornarem mais permeáveis consistem em ser continente, nomear e promover a elaboração dos intensos e maciços conteúdos de estados mentais primitivos, reconhecer sinais sutis e peculiares de interações e

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O psicoterapeuta além de trabalhar com a criança, precisa fazer intervenções com a família (pais), de acordo com Souza (2004) o psicoterapeuta precisa orientar a família e para isso necessita estar atualizado com os trabalhos e pesquisas sobre o autismo. E para que a criança saiba adequar-se as propostas terapêuticas de acordo a beneficiá-las é importante à sensibilidade do psicoterapeuta diante da criança e do comprometimento de tal. (ELLIS, 1996 apud SOUZA, 2004)O psicoterapeuta pode influir em vários níveis e desenvolver vários papéis, sendo estes, o de investigador e pesquisador, em uma equipe diagnóstica e de avaliação, o de psicoterapeuta, em uma abordagem individual, o de psicoterapeuta, em uma abordagem institucional, e o de consultor institucional e orientador familiar. Dizendo que a melhor intervenção nesses casos é uma abordagem flexível, adaptável as mudanças que ocorrem no nível de desenvolvimento. (GAUDERER, 1997 apud SOUZA, 2004)Segundo Souza (2004) todas as abordagens tem suas vantagens e desvantagens, o importante é que o psicoterapeuta desenvolva em sua atuação uma terapia diferenciada para atender necessidades especificas de cada indivíduo, pois cada um apesar das semelhanças é um ser único.O psicoterapeuta ajuda os pais da criança entender e compreender os sentimentos de negação, culpa, frustração, impotência, ressentimento, raiva, rejeição e fantasias diversas. Preocupa-se também em envolvê-los como co-terapeutas e coloca-los como agentes de desenvolvimento de seus filhos, realizando trabalho individual para cada criança. (SOUZA, 2004)Macedo (2010) em seu estudo diz que na terapia psicanalítica existem movimentos transferênciais e contratransferênciais diferentes em autistas do que em trabalhos com outros pacientes, que geram grande angústia no psicoterapeuta, recorrente de si mesmo referente ao autista, do silêncio mortificante, do modo ‘bizarro’ de agir, ou da angustia aterrorizante vivenciadas por estes sujeitos.É preciso almejar que o psicoterapeuta frente seus sentimentos não seja paranoica e nem fóbica, pois o maior risco de contratransferência vem dessa impermeabilização. A contratransferência não interpretada pode levar a ruptura ou a terapia interminável, a atitude do psicoterapeuta frente à contratransferência reflete em sua atitude com seus próprios sentimentos e impulsos. (MACEDO, 2010 apud RAMOS, 1994)Para Macedo (2010) as características mais importantes do psicoterapeuta na ajuda dos autistas se tornarem mais permeáveis consistem em ser continente, nomear e promover a elaboração dos intensos e maciços conteúdos de estados mentais primitivos, reconhecer sinais sutis e peculiares de interações e manifestações grupais, além de não depender da gratificação de evolução do individuo, precisando ser flexível e continente, ampliando seu universo simbólico. Apesar da precariedade dos recursos simbólicos, os autistas são capazes de formar grupo (MARINHO, 2009). Na terapia psicanalítica o grupo funciona como um instrumento de evolução para os autistas com dificuldade em estabelecer interações, sendo eficaz em oferecer uma multiplicidade de papéis e cenas a serem vividas no contexto terapêutico, favorecendo a ocorrência de transferências e contratransferências que ajudam na compreensão dos afetos emergentes (MACEDO, 2010). Segundo Marinho (2009) o grupo formado pelos autistas, é um grupo de sociabilidade sincrética, a qual é uma relação que impõe como matriz todos os grupos e persiste de maneira variável durante toda sua vida. Bleger ilustra este conceito com “a situação de uma mãe e um filho, numa sala, realizando atividades diversas e isoladas. Ela vê televisão ou lê, ele se ocupa com um jogo. Entre eles não há comunicação verbal, nem contato físico ou visual, inexistindo interação. No entanto, quando a mãe sai da sala o garoto a acompanha, o que atesta a existência de um laço que os mantinha juntos no mesmo espaço, apesar de aparentemente isolados”.As comunicações são predominantemente pré-verbais, constituídas por ações e por fenômenos fisiológicos concretos. Conteúdos primitivos aparecem nos grupos, manifestando na sua forma bruta e de modo concreto. As intervenções se objetivam em oferecer recursos simbólicos para representar os conteúdos expressos primitivamente. (MARINHO, 2009)De acordo com Marinho (2009) o psicoterapeuta narra ao grupo as suas interações e dá nomes aos conteúdos constituintes dos vínculos entre os membros, tentando assim direciona-los para construção de significados. A fala de tal vincula eventos aparentemente desconectados dando-

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lhes sentido e assim construindo uma trama. Narrando os acontecimentos das sessões, o psicoterapeuta cria condições para que os autistas se reconheçam como sujeitos da ação.No estudo de Cristo (2009) com uma visão fenomenológica este trabalho exige certo grau de empatia, sensibilidade, abertura para o novo, interesse pelo outro e intuição. Rogers (1983) apud Cristo (2009) explica que para entender o comportamento é verificar a luta que desempenham pra crescer e ser, utilizando-se de recursos que acreditam ser os disponíveis, sendo uma tentativa desesperada da vida para existir.O psicoterapeuta precisa aceitar a criança autista em um clima de facilitação, buscando alternativas de comunicação, deixando-a menos pressionada, assim seu nível de pressão diminui e junto ao psicoterapeuta procuram forma de novas linguagens. O profissional precisa construir uma relação autentica com a criança. (CRISTO, 2009)De acordo com Cristo (2009) o psicoterapeuta necessita criar um clima que promova o autista, utilizar maior expressão e recursos internos de maneira mais funcional. Para que isto aconteça, as atitudes e sentimentos do psicoterapeuta precisa ganhar relevância, sendo que seu conhecimento teórico fica sendo menos importante.A congruência, a consideração positiva incondicional e a compreensão empática são atitudes fundamentais para a criação de facilitação de crescimento. A congruência, quando o psicoterapeuta não camufla seus sentimentos, é transparente, em todos os momentos é aquilo. A consideração positiva condicional, quando vivencia atitudes positivas, calorosas, de afeto e respeito pelo outro, aceitação de tal pelo o que ele é. A compreensão empática, quando se entrar no universo das significações pessoais do outro, apreendê-las e comunicar com êxito essa compreensão ao mesmo, é a capacidade de se permitir entrar no mundo do outro e vê-lo como ele o vê. (CRISTO, 2009)

“Quando alguém compreende como sinto e como sou, sem querer me analisar ou julgar, então, nesse clima, posso desabrochar e crescer” (CRISTO, 2009 apud ROGERS, p. 73)

Como o brinquedo faz parte do universo de qualquer criança, inclusive de autista, a ludoterapia alcança êxito. O psicoterapeuta favorece a criança a perceber que o tempo da sessão é seu, que ela pode exprimir qualquer tipo de sentimento, que pode explorar a sala e os brinquedos sem receio de ser julgada. Na ludoterapia o psicoterapeuta se expressa por meio de gestos sua afeição pela criança, pois é aprendido através da experiência de liberdade de que aquele tempo é seu, pode utiliza-lo como quiser, sem opressão, ordens ou coerção, sendo mais eficazes do que esclarecimentos verbais. E com ações e palavras simples desde o inicio, é preciso estabelecer limites à criança, aos quais incluem o tempo da terapia, não agredir o psicoterapeuta e nem destruir a sala. Esses limites precisam ser claramente definidos e compreendidos pela criança. (CRISTO, 2009)Segundo Cristo (2009) no atendimento psicoterápico de orientação fenomenológica a ênfase é dada na relação baseada na escuta e na resposta. O profissional precisa compreender a criança, sua linguagem e maneira de perceber o mundo, assim ele encontrará dentro de si mesmo recursos que permitam responder à criança sem precipitação e será expressivo o suficiente para ser capaz de lhe comunicar sua compreensão. A contribuição que a família de traduzir em palavras muitas das ações de seus filhos, é muito importante.