Autismo e Outras Psicoses Infanto Juvenis-CORDE-16pgs

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Extraído do site:http://www.mj.gov.br/sedh/dpdh/dpdh.htm Ministério da Justiça CORDE Câmara Técnica Autismo e Outras Psicoses Infanto Juvenis Período: 13 a 16 de junho de 1996. Local: Petrópolis / RJ Objetivos: a) universalizar informações sobre autismo e psicoses infanto- juvenis frente à novas posturas e abordagens na área; b) propor indicadores para a estruturação de serviços públicos e privados de atenção à portadores da síndrome do autismo e de psicoses infanto-juvenis, nas áreas de saúde, educação, trabalho e assistência social; c) elaborar e publicar documento contendo os resultados das discussões com vistas à difusão de conhecimento e subsídios para elaboração de políticas, planos e programas nas áreas de atenção a essas pessoas. INTRODUÇÃO A partir da década de 80, iniciou-se no Brasil um movimento de organização, serviço e atenção sistematizada a portadores da síndrome de autismo e psicoses infanto-juvenis. Este processo nasceu da iniciativa das associações de pais desprovidos de quaisquer atendimentos especializados para seus filhos. Em face da necessidade de: a) universalizar informações sobre o autismo e psicoses infanto-juvenis frente a novas posturas e abordagens na área; b) propor indicadores para a estruturação de serviços públicos e privados de atenção à pessoa portadora de síndrome do autismo e de psicoses infanto-juvenis, nas áreas de saúde, educação, trabalho e assistência social; c) elaborar e publicar documento contendo os resultados das discussões com vistas à difusão de conhecimentos e subsídios de políticas, planos e programas nas áreas de atenção a essas pessoas. A Associação Brasileira de Autismo (ABRA), que congrega as diversas associações de pais, e o Grupo de Estudo e Pesquisas em Autismo e outras Psicoses Infantis (GEPAPI*) solicitaram à CORDE que abrisse um espaço para discussão com representantes dos diversos segmentos envolvidos. Para tanto, foi convocada uma câmara técnica sobre autismo e outras psicoses infanto-junvenis que, com o apoio da Universidade Católica de Petrópolis, realizou-se nos dias 13 a 16 de junho de 1996, na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro.

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Extraído do site:http://www.mj.gov.br/sedh/dpdh/dpdh.htmMinistério da Justiça CORDECâmara Técnica

Autismo e Outras Psicoses Infanto JuvenisPeríodo: 13 a 16 de junho de 1996.

Local: Petrópolis / RJ

Objetivos: a) universalizar informações sobre autismo e psicoses infanto- juvenis frente à novas posturas e abordagens na área;b) propor indicadores para a estruturação de serviços públicos e privados de atenção à portadores da síndrome do autismo e de psicoses infanto-juvenis, nas áreas de saúde, educação, trabalho e assistência social;c) elaborar e publicar documento contendo os resultados das discussões com vistas à difusão de conhecimento e subsídios para elaboração de políticas, planos e programas nas áreas de atenção a essas pessoas.

INTRODUÇÃOA partir da década de 80, iniciou-se no Brasil um movimento de organização, serviço e atenção sistematizada a portadores da síndrome de autismo e psicoses infanto-juvenis. Este processo nasceu da iniciativa das associações de pais desprovidos de quaisquer atendimentos especializados para seus filhos. Em face da necessidade de: a) universalizar informações sobre o autismo e psicoses infanto-juvenis frente a novas posturas e abordagens na área;b) propor indicadores para a estruturação de serviços públicos e privados de atenção à pessoa portadora de síndrome do autismo e de psicoses infanto-juvenis, nas áreas de saúde, educação, trabalho e assistência social;c) elaborar e publicar documento contendo os resultados das discussões com vistas à difusão de conhecimentos e subsídios de políticas, planos e programas nas áreas de atenção a essas pessoas.A Associação Brasileira de Autismo (ABRA), que congrega as diversas associações de pais, e o Grupo de Estudo e Pesquisas em Autismo e outras Psicoses Infantis (GEPAPI*) solicitaram à CORDE que abrisse um espaço para discussão com representantes dos diversos segmentos envolvidos. Para tanto, foi convocada uma câmara técnica sobre autismo e outras psicoses infanto-junvenis que, com o apoio da Universidade Católica de Petrópolis, realizou-se nos dias 13 a 16 de junho de 1996, na cidade de Petrópolis, Rio de Janeiro.Estima-se em 1,5 para cada 1.000 nacimentos a prevalência de portadores de transtorno invasivo do desenvolvimento (CID - 10).**Essa clientela percorre diversos serviços em busca do atendimento às suas necessidades, observando-se as seguintes situações:Uma minoria dessas pessoas encontra serviços estruturados; outra pequena parcela consegue atendimento em algumas áreas, mas a grande maioria está desassistida e, portanto, sem acesso aos direitos básicos de cidadania. * Grupo de Profissionais Especializados de Formação Multidisciplinar ** CID - Classificação Internacional de Doenças O atual modelo de assistência, em nosso País, caracteriza-se pela escassez, desarticulação e fragmentação dos serviços, decorrente da ausência de uma política governamental que oriente e apoie as ações intersetoriais necessárias ao atendimento integral dessas pessoas.Concomitantemente, a desinformação da comunidade sobre os aspectos peculiares do comportamento do autista prejudica sobre-maneira sua socialização, impedindo o desenvolvimento de suas potencialidades.

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Há também consenso de que a falta de informação da família é um obstáculo ao desenvolvimento do membro afetado.Ressalte-se que o sistema de formação de profissionais, em todos os níveis, não atende por sua precariedade à demanda em seus aspectos quantitativos e qualitativos.Os currículos dos cursos de formação das áreas de assistência à saúde e educação abordam, de uma forma genérica, as questões relacionadas ao tema .Desta maneira, propõe-se um novo modelo de atenção que contemple, de uma forma abrangente e resolutiva, as necessidades desses cidadãos e de seu grupo familiar.

A CÂMARA TÉCNICAA proposição de indicadores para estruturação de serviços públicos e privados de atenção a portadores da síndrome do autismo e de outras psicoses infanto-juvenis nas áreas de saúde, educação, trabalho e assistência social, requer a participação e o comprometimento dos atores sociais envolvidos com o tema, tendo como premissa que esses indicadores sirvam de subsídios a políticas, planos e programas nas respectivas áreas, de uma forma sistematizada, que assegure os direitos constitucionais das pessoas afetadas.A proposta consubstanciou-se numa câmara técnica que se caracterizou como um fórum democrático, e propiciou, pela profundidade de seus debates, a elaboração de indicadores para a estruturação de serviços especializados.LOCAL E PERÍODO:A Câmara Técnica sobre Autismo e Outras Psicoses Infanto-Juvenis realizou-se no Riverside Park Hotel, Petrópolis, Estado do Rio de Janeiro, no período de 13 a 16 de junho de 1996.OBJETIVOS:A Câmara Técnica teve como objetivos: a) universalizar informações sobre autismo e psicoses infanto- juvenis frente à novas posturas e abordagens na área;b) propor indicadores para a estruturação de serviços públicos e privados de atenção à portadores da síndrome do autismo e de psicoses infanto-juvenis, nas áreas de saúde, educação, trabalho e assistência social;c) elaborar e publicar documento contendo os resultados das discussões com vistas à difusão de conhecimento e subsídios para elaboração de políticas, planos e programas nas áreas de atenção a essas pessoas.CONTRIBUIÇÕES PRETENDIDAS: Com a realização desta Câmara Técnica, pretendeu-se a obtenção dos seguintes produtos:a) conceituais/operativos

reflexão, pelos participantes, sobre os conhecimentos sobre o autismo e psicoses infanto-juvenis, tanto a nível conceitual quanto na prática do atendimento de pessoas afetadas;

reformulação de entendimentos e comportamentos que se apresentem como eventuais inibidores do engajamento consciente no processo de atenção a essas pessoas;

assunção de papéis, funções e responsabilidades requeridos tanto na esfera pública quanto privada, na atenção integral a portadores de autismo e psicoses, assegurados seus direitos constitucionais.

b) técnicos proposição de diretrizes sobre atuação de órgãos públicos e privados na área de

atenção a portadores da síndrome do autismo e de psicoses infanto-juvenis; identificação e proposição de indicadores para a estruturação de serviços especializados

nas áreas de saúde, educação, trabalho e assistência social; redação de documento contendo as proposições elaboradas.

TEMÁTICAS TRATADASA proposta básica foi promover a utilização de metodologia que privilegie o envolvimento e o comprometimento de órgãos governamentais e não-governamentais, participantes do processo, na discussão e no tratamento das questões centradas nas seguintes áreas de estudo:

diagnóstico e caracterização de usuários; aspectos tecnológicos, métodos, técnicas e procedimentos no atendimento ao usuário; considerações no trato com a família e a comunidade;

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recursos humanos - perfil do profissional para atuar na área e capacitação de pessoal; caracterização dos serviços especializados - gestão e competência.

Os temas propostos foram discutidos com a utilização de técnicas num enfoque em que os próprios participantes constituiam órgão de estudos e de resolução de problemas, desempenhando os papéis principais de identificar, formular e recomendar indicadores para a estruturação dos serviços públicos e privados ligados à área em estudo.Assim, pode-se dizer que, com a adoção de métodos e técnicas específicos de condução, foram considerados os seguintes pontos para consecução dos objetivos do trabalho:

geração de significativo acervo de informações em nível de identificação e definição de indicadores;

envolvimento dos representantes dos diversos segmentos influentes, propiciando condições básicas para o exercício de participações efetivas, com responsabilidade e comprometimento;

funcionamento numa abordagem de participação ativa, enfatizando os mecanismos de continuidade das ações.

OPERACIONALIZAÇÃO DA CÂMARA TÉCNICAForma de desenvolvimentoO trabalho desenvolveu-se em fórum livre, aberto e democrático, em que os convidados tiveram a oportunidade de debater, discutir, posicionar-se e propor, de forma que, ao final da Câmara Técnica, os objetivos estabelecidos e definidos foram alcançados com eficiência e eficácia. No decurso do evento, os participantes foram assistidos pelo coordenador e facilitador, em todas as etapas de trabalho, que buscaram obter as informações necessárias para obtenção dos produtos pretendidos.As atividades de sistematização dos trabalhos foram desenvolvidos por um grupo de cinco integrantes, dentre os participantes, tendo um deles assumido o papel de coordenador geral.

CARACTERIZAÇÃO DOS USUÁRIOS São usuários dos serviços propostos portadores de Transtorno Invasivo do Desenvolvimento (TID), de acordo com a CID 10 e/ou Distúrbios Abrangentes do Desenvolvimento, conforme estabelecido pelo DSM IV*, assim como seus familiares. Entende-se por:PORTADORES DE DISTÚRBIOS ABRANGENTES DO DESENVOLVIMENTO DSM - IV E/OU CID 10 E SEUS FAMILIARESTranstornos Abrangentes do Desenvolvimento Esse grupo de transtornos é caracterizado por anormalidades qualitativas em interações sociais recíprocas e em padrões de comunicação por um repertório de interesses e atividades restrito, esteriotipado e repetitivo. Essas anormalidades qualitativas são um aspecto invasivo do funcionamento do indivíduo em todas as situações, embora possam variar em grau. Na maioria dos casos, o desenvolvimento é anormal desde a infância e, com poucas exceções, as condições se manifestam nos primeiros cinco anos de vida. É comum, mas não invariável, haver algum grau de comprometimento cognitivo, mas os transtornos são definidos em termos de comportamento que é desviado em relação à idade mental (seja indivíduo retardado ou não). Há algum desacordo quanto à subdivisão desse grupo global de transtornos invasivos do desenvolvimento. Em alguns casos, os transtornos estão associados, e são presumivelmente decorrentes, a alguma condição médica das quais espasmos infantis, rubéola congênita, esclerose tuberosa, lipoidose cerebral e anomalia da fragilidade do cromossoma X estão entre as mais comuns. Entretanto, o transtorno deve ser diagnosticado com base nos aspectos comportamentais, independente da presença ou ausência de quaisquer condições médicas associadas; qualquer condição associada deve, todavia, ser codificada separadamente. Se um retardo mental está presente, é importante que ele também seja codificado à parte, sob F70 - F79, porque ele não é um aspecto universal dos transtornos invasivos de desenvolvimento. DSM IV - Critérios Diagnósticos da American Psychiatric Association - 1994Autismo Infantil Um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento é definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometido que se manifesta antes da idade de três anos e pelo tipo

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característico de funcionamento anormal em todas as três áreas de interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo. O transtorno é três ou quatro vezes mais frequente em garotos que em meninas.Diretrizes diagnósticas Em geral, não há um período anterior de desenvolvimento inequivocamente normal, mas, se há, anormalidades começam a se manifestar antes da idade de três anos. Há sempre comprometimentos qualitativos na interação social recíproca, estes tomam a forma de uma apreciação inadequada de indicadores sócio-emocionais, demonstrada por falta de resposta às emoções de outras pessoas e/ou pela falta de modulação do comportamento, de acordo com o contexto social; uso insatisfatório de sinais sociais; e uma fraca integração dos comportamento sociais, emocionais e de comunicação e, especialmente, falta de reciprocidade sócio-emocional. São também universais os comprometimentos qualitativos na comunicação. Esses comprometimentos tomam a forma de uma falta de uso social de quaisquer habilidades de linguagem existentes; comprometimento em brincadeiras de faz-de-conta e jogos sociais de imitação; pouca sincronia e falta de reciprocidade no intercâmbio de conversação; pouca flexibilidade nas expressão da linguagem e relativa ausência de criatividade e de fantasia nos processos de pensamento; falta de resposta emocional às iniciativas verbais e não-verbais de outras pessoas; uso comprometido de variações na simplicidade ou ênfase ao refletir modulação comunicativa e semelhante falta de gestos concomitantes para dar ênfase ou aumentar a significação na comunicação falada. A condição é também caracterizada por padrões de comportamento, interesses e atividades restritos, repetitivos e estereotipados. Isto toma a forma de uma tendência para impôr rigidez e rotina a uma ampla série de aspectos do funcionamento diário; em geral, isto se aplica tanto a atividades novas como a hábitos familiares e a tipos de brincadeiras. Particularmente na primeira infância, pode haver vinculação específica a objetos incomuns, tipicamente não-macios. A criança pode insistir na realização de rotinas particulares e em rituais de caráter não-funcional; pode haver preocupações estereotipadas com questões tais como datas, itinerários ou horários; há frequentemente, estereotipias motoras; é comum o interesse específico por elementos não funcionais de objetos (como seu cheiro ou tato) e pode haver resistências a mudanças na rotina ou em detalhes no meio ambiente pessoal (as mudanças de decorações ou móveis de casa). Além desses aspectos diagnósticos específicos, é frequente a criança com autismo apresentar uma série de outros problemas não-específicos tais como medo/fobias, perturbações de sono e de alimentação, acessos de birra e agressão. Autolesão (p. ex. morder o punho) é muito comum, especialmente quando associado a retardo mental grave.. A maioria dos indivíduos com autismo carece de espontaneidade, iniciativa e criatividade na organização de seu tempo -lazer tem dificuldade em aplicar conceituações em decisões no trabalho (mesmo quando as tarefas em si estão à altura de sua capacidade). A manifestação específica do déficit característico do autismo muda à medida que as crianças crescem, mas os déficit continuam através da vida adulta com padrão amplamente similar de problemas na socialização, comunicação e padrões de interesse. As anormalidades do desenvolvimento devem se manifestar nos três primeiros anos, para que o diagnóstico seja feito, mas a síndrome pode ser diagnosticada em todos os grupos etários. Todos os níveis de QI podem ocorrer juntamente com o autismo, mas o retardo mental é significativo em cerca de ¾ dos casos. Inclui: transtorno autista autismo infantil psicose infantil síndrome de KannerDiagnóstico Diferencial À parte outras variedades de transtorno invasivo do desenvolvimento, é importante considerar: transtorno específico do desenvolvimento da linguagem receptiva (F80.2) com problemas sócio-emocionais secundários; transtorno reativo de vinculação (F94.1) ou transtorno de vinculação com desinibição (F94.2) ; retardo mental (F70-79) com algum transtorno emocional/de comportamento associado; esquizofrenia (F20) de início raramente precoce e síndrome de Rett (F84.2). Exclui: psicopatia autista (F84.5)Autismo Atípico

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É transtorno invasivo do desenvolvimento que difere do autismo em termos ou de idade de início ou de falha em preencher todos os três conjuntos de critérios de diagnóstico. Assim, o desenvolvimento anormal e/ou comprometido se manifesta, pela primeira vez, após os idade de três anos e/ou se anormalidades insuficientemente demonstráveis numa ou duas das três áreas de psicopatologia requeridas para o diagnóstico de autismo (a saber, interações sociais recíprocas, comunicação e comportamento restrito, estereotipado e repetitivo), a despeito de anormalidades características em outra(s) área(s). O autismo atípico é mais frequente em indivíduos profundamente retardados, cujo nível por ser de muito baixo funcionamento oferece pouca oportunidade de exibir comportamentos desviados específicos, requeridos para o diagnóstico de autismo; ocorre, também, em indivíduos com grave transtorno específico do desenvolvimento da linguagem receptiva. O autismo atípico constitui então uma condição significativamente distinta do autismo. Inclui: psicose atípica da infância; retardo mental com aspectos autistas. Síndrome de Rett É condição de causa até agora desconhecida registrada apenas em meninas,que tem sido diferenciada com base num início, curso e padrão de sintomatologia característicos. Um desenvolvimento inicial aparentemente normal ou quase normal é tipicamente seguido por perda total ou parcial de habilidades manuais adquiridas e da fala, juntamente com uma desaceleração do crescimento do crânio, que, em geral, tem início entre os 7 e 24 meses de idade. São caracteríticas particulares, estereotipias de aperto de mão, hiperventilação e perda de movimentos propositais da mão. O desenvolvimento social e lúdico é interrompido nos primeiros dois ou três anos, mas o interesse social tende a se manter. Durante a metade da infância, ataxia e apraxia do tronco, associadas a escoliose ou sifoescoliose, tendem a se desenvolver e às vezes há movimentos coreoateóides. O resultado é invariavelmente um grave prejuízo mental. Convulsões frequentemente se desenvolve durante o início ou meio da infância.Diretrizes diagnósticas Na maioria dos casos, o início está entre os 7 e 24 meses de idade. O aspecto mais característico é a perda de movimentos propositais das mãos e das habilidades motoras manipulativas finas adquiridas. Isto é acompanhado por perda parcial ou falta de desenvolvimento da linguagem; movimentos tortuosos estereotipados característicos de aperto ou "lavagem das mãos", com os braços flexionados em frente ao tórax ou queixo; molhar as mãos estereotipadamente, com saliva; falta de mastigação apropriada da comida; episódios freqüentes, de hiperventilação; quase sempre uma falha em alcançar controle intestinal e vesical; frequentes salivação excessiva e protrusão da língua e uma perda do envolvimento social. Tipicamente, as crianças retêm uma espécie de "sorriso social", olhando para ou "através" das pessoas, mas não interagindo socialmente com elas na primeira infância (embora, com frequência, uma interação social se desenvolva mais tarde) a ponto a postura e a marcha tendem a ter uma base alargada, os músculo são hipotônicos, os movimentos do tronco usualmente tornam-se insatisfatoriamente coordenados e escoliose ou cifoescoliose habitualmente se desenvolve. Atrofia espinhal, com incapacidade motora grave, se desenvolve na adolescência ou idade adulta, em aproximadamente metade dos casos. Mais tarde, uma espasticidade rígida pode se manifestar e é em geral mais pronunciada nos membros inferiores do que nos superiores. Crise epilépticas, usualmente envolvendo algum tipo de ataque menor e com o início geralmente antes da idade de 8 anos, ocorrem na maioria dos casos. Em contraste com o autismo tanto auto-injúrias deliberadas quanto preocupações ou rotinas estereotipadas e complexas são raras. Diagnóstico diferencial De início, a síndrome de Rett é primariamente diferenciada com base na falta de movimentos propositais das mãos, desaceleração do crescimento do crânio, ataxia, movimentos estereotipados do tipo "lavar as mãos" e falta de mastigação apropriada. O curso do transtorno, em termos de deteriorazação motora progressiva, confirma o diagnóstico.Outros transtornos desintegrativos da infância Um transtorno invasivo do desenvolvimento (outro que não a síndrome de Rett) que é definido por um período de desenvolvimento normal antes do início e por uma perda definitiva, no curso de poucos meses de habilidades previamente adquiridas em pelo menos várias áreas do

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desenvolvimento junto com o início de anormalidades características do funcionamento social, comunicativo e do comportamento. Muitas vezes há um período prodrômico* de doença vaga; a criança se torna irriquieta, irritável, ansiosa e hiperativa. Isso é seguido por empobrecimento e então perda da fala e linguagem, acompanhado por desintegração do comportamento. Em alguns casos, a perda de habilidades é persistentemente progressiva (em geral quando o transtorno está associado a uma condição neurológica progressiva diagnosticável), mas frequentemente o declínio que ocorre em um período de alguns meses é seguido por um platô e então por uma melhora limitada. O prognóstico é usualmente muito pobre e a maioria dos indivíduos evolui para um retardo mental grave. Há incerteza sobre a extensão na qual essa condição difere do autismo. Em alguns casos, o transtorno pode ser demonstrado como decorrente de alguma encefalopatia associada, mas o diagnóstico deve ser feito pelos aspectos comportamentais. Qualquer condição neurológica associada deve ser codificada separadamente. Diretrizes diagnósticas O diagnóstico é baseado em um desenvolvimento aparentemente normal até a idade de pelo menos dois anos, seguido por uma perda definitiva de habilidades previamente adquiridas; isso é acompanhado por um funcionamento social qualitativamente anormal. É comum haver uma profunda regressão ou perda da linguagem, uma regressão no nível das brincadeiras, habilidades sociais e comportamentos adaptativos e muitas vezes uma perda do controle intestinal ou vesical, algumas vezes com uma deterioração do controle motor. Tipicamente, isso é acompanhado por uma perda geral do interesse pelo ambiente, por maneirismos motores repetitivos e estereotipados e por um comprometimento do tipo autista da interação social e da comunicação. Em alguns aspectos, a síndrome lembra a demência na vida adulta, mas difere em três aspectos-chave: não há em geral nenhuma evidência de qualquer lesão ou doença orgânica identificável (embora uma disfunção cerebral orgânica de algum tipo seja usualmente inferida); a perda de habilidades pode ser seguida por um grau de recuperação e o comprometimento na socialização e comunicação tem qualidades desviadas mais típicas de autismo do que de declínio intelectual. Por todas estas razões, a síndrome está aqui ao invés de sob F00 - F09.* Prodômico - Fenômeno Clínico que Revela o Início de uma DoençaInclui: demência infantil psicose desintegrativa síndrome de Heller psicose simbióticaExclui: afasia adquirida com epilepsia (F80.3) mutismo eletivo (F94.0) síndrome de Rett (F84.2) esquizofrenia (F20. - )Transtorno de hiperatividade associado a retardo mental e movimentos esteriotipados Esse é um transtorno mal definido de validade nosológica incerta. A categoria grave (QI abaixo de 50) que apresentam problemas maiores de hiperatividade e desatenção, assiduamente mostram comportamentos estereotipados; tais crianças tendem a não se beneficiar com drogas estimulantes (ao contrário daquelas com um QI na faixa normal) e podem exibir uma reação disfórica grave (às vezes com retardo psicomotor) quando toma estimulantes; na adolescência a hiperatividade tende a ser substituída por hipoatividade (um padrão que não é usual em crianças hipercinéticas com inteligência normal). É também comum a síndrome estar associada a uma variedade de atrasos do desenvolvimento, sejam específicos ou globais. A extensão na qual o padrão de comportamento é uma função de baixo QI ou de lesão cerebral orgânica não é conhecida, nem está claro se os transtornos em crianças com retardo mental moderado, que exibem a síndrome hipercinética, seriam melhor classificados aqui ou sob F90; no presente momento eles são incluídos em F90.Diretrizes diagnósticas O diagnóstico depende da combinação de hiperatividade grave e inapropriada ao desenvolvimento, estereotipias motoras e retardo mental grave; todos os três devem estar presentes para o diagnóstico. Se os critérios diagnósticos para F84.0, F84.1 ou F84.2 são satisfeitos, aquela condição deve ser diagnosticada aos invés desta.

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Síndrome de Asperger Um transtorno de validade nosológica incerta, caracterizado pelo mesmo tipo de anormalidades qualitativas de interação social recíproca que tipifica o autismo, junto com um repertório de interesses e atividades restrito, estereotipado e repetitivo. O transtorno difere do autismo primariamente por não haver nenhum atraso ou retardo global no desenvolvimento cognitivo ou de linguagem. A maioria dos indivíduos é de inteligência global normal, mas é comum que seja marcantemente desajeitada; a condição ocorre predominantemente em meninos (em uma proporção de cerca de 8 garotos para uma menina). Parece altamente provável que alguns casos têm variedades leves de autismo, mas é incerto se é assim para todos. Há uma forte tendência para que as anormalidade persistam na adolescência e na vida adulta e parece que elas representam características individuais que não são grandemente afetadas por influências ambientais. Episódios psicóticos ocasionalmente ocorrem no início da vida adulta. Diretrizes diagnósticas O diagnóstico é baseado na combinação de uma falta de qualquer atraso global significamente no desenvolvimento da linguagem ou cognitivo, como com o autismo, a presença de deficiências qualitativas na interação social é recíproca e padrões de comportamento interesses e atividades restritos, repetitivos e estereotipados. Pode haver ou não problemas de comunicação similares àqueles associadas ao autismo, mas um retardo significativo de linguagem excluiria o diagnóstico. Inclui: psicopatia autista Transtorno esquizóide da infânciaExclui: Transtorno de personalidade anancástica (F60.5) Transtornos de vinculação na infância (F94.1,F94.2) Transtorno obsessivo-compulsivo (F42) Transtorno esquizotípico (F21) Esquizofrenia simples (F20.6)Outros transtornos invasivos do desenvolvimento Transtorno invasivo do desenvolvimento, não-especificado Essa é uma categoria diagnóstica residual que deve ser usada para transtornos os quais se encaixam na descrição geral para transtornos invasivos do desenvolvimento, mas nos quais uma falta de informações adequadas ou achadas contraditórias indicam que os critérios para qualquer dos outros códigos F84 não podem ser satisfeitos.RESULTADO DA SISTEMATIZAÇÃO DOS TRABALHOS1. PROCEDIMENTOS E RECURSOS INTERSETORIAIS NO ATENDIMENTO A USUÁRIOSPrioriza-se o atendimento por equipe multiprofissional com atuação interdisciplinar. O desenvolvimento de propostas de atenção aos usuários deve estar inserido no contexto de suas necessidades individuais, abrangendo seu núcleo familiar e comunidade e permitindo uma visão integral, em que o referencial teórico e metodológico dos serviços e dos profissionais esteja sintonizado com as características dessa clientela. Destaca-se a importância da elaboração, por parte da equipe multiprofissional, de uma proposta terapêutica e educacional individualizada que contemple a estruturação das atividades do ambiente e das relações interpessoais. Merece especial atenção a necessidade de programas e serviços que assegurem ao adolescente sua preparação para a vida adulta. Esses procedimentos devem ser sistematicamente acompanhados para controle e avaliação da qualidade dos serviços, mediante a utilização de indicadores de resultados. Os procedimentos educacionais devem ser norteados pelos princípios de integração, funcionalidade, produtividade e independência, além daqueles que regem a Política Nacional de Educação Especial. As propostas educacionais deverão ser adaptadas às condições locais, às necessidades do usuário e ao transtorno de comunicação apresentados por essa clientela, com a utilização de métodos de acordo com os princípios éticos vigentes. Deve-se explorar o uso de recursos auxiliares no processo ensino-aprendizagem, onde cada área deve ter um programa geral e cada aluno segue um programa individual.

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A educação do portador de Transtorno Invasivo do Desenvolvimento - (TID) tem por objetivo desenvolver ao máximo suas habilidades e competências, favorecer seu bem-estar emocional e seu equilíbrio pessoal, tentando aproximá-lo de um mundo de relações humanas significativas. Os procedimentos educacionais devem ser estruturados, iniciando-se o processo o mais cedo possível, dando-lhe continuidade por meio de atendimentos especializados com vistas à educação para o trabalho. Nesse processo, a avaliação do educando deverá ser contínua, permanente e contextual, de acordo com os objetivos priorizados no programa individual. Enfatiza-se a necessidade de informar e sensibilizar a comunidade escolar sobre as características específicas desse alunado. Deve ser estimulada a elaboração de projetos pedagógicos específicos e de acordo com o educando em suas diversas etapas: infância, adolescência e idade adulta. Considera-se como parte das ações intersetoriais a assistência social a ser desenvolvida como apoio básico por meio de ações em redes sociais primária (a família) e secundárias (a comunidade). Os procedimentos de saúde devem ser estruturados de uma maneira sistêmica, com o funcionamento interdisciplinar, interinstitucional e intersetorial (público, privado e ONG), garantindo tratamento a todos , de acordo com a necessidade. Além disso, considera-se fundamental a escolha, nessa equipe, de um profissional de referência que promova a relação do indivíduo e de sua família com os demais membros da equipe. O diagnóstico médico deve seguir necessariamente a classificação internacionalmente adotada, atualmente CID 10 e DSM IV. Dá-se preferência à CID 10, instrumento cuja utilização é recomendado aos profissionais de saúde. Tendo em vista a concomitância de patologias de outras áreas da Medicina, como Genética, Neurologia, é importante a utilização de propedêutica que objetive o esclarecimento também desses quadros clínicos. O diagnóstico deve ser feito o mais cedo possível, visando minimizar os efeitos da condição com o início de um tratamento específico. Tendo em vista o direito constitucional do usuário e de sua família, é de fundamental importância o conhecimento de metodologia e de preceitos terapêuticos. A internação é um procedimento a ser criteriosamente utilizado, quando imperiosa a proteção do portador de TID, e/ou de terceiros. Os usuários devem contar, sempre que houver indicação técnica para tal, com os recursos de órtese e prótese. Considerando que esses indivíduos precisam, no seu processo de desenvolvimento, de investimento na socialização, e alguns também na ressocialização, as atividades de esporte e lazer devem também atender a essa expectativa. 2. FAMÍLIA E COMUNIDADEÉ senso comum que o surgimento de um quadro comportamental grave, como o é o caso do TID num membro da família, altera a dinâmica familiar. Daí a necessidade de avaliação numa perspectiva psicodinâmica, visando:

receber orientação para ajudar o portador do TID; oferecer ajuda terapêutica quando a equipe técnica detectar a disfunção da dinâmica

familiar; esclarecer sobre o diagnóstico, prognóstico e trabalhar seus conflitos; preservar a funcionalidade da família.

Com vista a minimizar a segregação comunitária desses indivíduos, é importante buscar a sensibilização das comunidades por meio de:

informação sobre suas características comportamentais; divulgação de programas e serviços já existentes na comunidade; utilização de recursos da comunidade nos projetos de assistência a essas pessoas; aumentar na mídia o espaço de programas informativos sobre o tema para a população; proporcionar à comunidade oportunidades de conviver com atividades específicas

desses indivíduos;

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informar a comunidade sobre os direitos das pessoas portadoras de TID. Reconhecendo o importante papel que as associações de pais têm desempenhado ao longo desse processo, é fundamental a promoção de intercâmbio de informações entre essas associações, visando ao aprimoramento de sua atuação junto a outras instituições, ao poder público e à comunidade em geral.3. SERVIÇOS ESPECIALIZADOSO objetivo dessa proposta tem sua essência na reabilitação biopsicossocial. Os serviços especializados são modalidades de atendimento que as instituições públicas e privadas, intersetoriais e interinstitucionais têm prestado a pessoas portadoras de transtornos invasivos do desenvolvimento e suas famílias, conforme suas necessidades. Esses serviços visam aglutinar um conjunto de ações numa forma racionalizada, buscando garantir atendimento integral e resolutivo. Esses serviços devem ser estruturados nas três esferas governamentais - federal, estadual, e municipal, nas áreas de saúde, educação, assistência social e trabalho, entre outras. Na área de saúde, os serviços devem orientar-se pelos princípios doutrinários e organizacionais do Sistema Único de Saúde (SUS). No que concerne à população dos municípios desprovidos dos recursos mínimos necessários, recomenda-se a continuidade das iniciativas, já existentes, de formação de consórcios municipais. Consoante o princípio de descentralização político-administrativa das áreas de educação, assistência social e trabalho, entre outros, foram identificadas as seguintes linhas de ação: Prevenção: - detecção e diagnóstico de fatores de risco; - diagnóstico precoce; - atendimento precoce; - investigação de fatores etiológicos e de morbidades possivelmente existentes e implementação de condutas preventivas que lhes são pertinentes.Alternativas de serviços Na área de educação: criar, estruturar, implementar serviços de educação para portadores de transtornos invasivos do desenvolvimento, de acordo com suas especificidades, priorizando seu atendimento, de preferência na rede regular de ensino.Modalidades de atendimento educativo: - classes comuns/supervisão; - classes comuns com apoio da sala de recursos (professor-apoio); - classes especiais com apoio da sala de recursos; - classes especiais do tipo preparatórias para inserção no ensino regular com apoio da sala de recursos; - escola especial; - professor itinerante; - classes hospitalares; - educação para o trabalho.

Avaliação psicopedagógica dos educandos no seu processo educativo, considerando todo o ambiente físico e interacional existente na escola, visando instrumentalizar a conduta educacional preconizada.

Atendimento educacional organizado e supervisionado por equipe interdisciplinar especializada.

Serviços de apoio psicopedagógicos complementares para os usuários no seu processo educativo.

Serviços educacionais de preparação para o trabalho .

Serviços de orientação educacional para a família . 4. SAÚDE

Preparação dos diversos níveis para o atendimento, e intervenção, a essa clientela específica, utilizando o seguinte sistema:

- Unidade de Saúde Mental em Hospital Geral; - Centro e Núcleo de Atenção Psicossocial (CAPS - NAPS); - Centro de Convivência;

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- Lares; - Chácaras; - Pensões e outros.

Implementação da proposta de "acompanhante terapêutico" que deve estar inserido numa equipe de atendimento.

oferecimento das condições necessárias ao atendimento do usuário em serviços de referência nas diferentes especialidades.

Serviços de saúde oferecidos por organizações não-governamentais, com

funcionamento interdisciplinar. 5. ASSISTÊNCIA SOCIAL

Serviços de habilitação/reabilitação visando a integração de portadores de TID na vida comunitária.

Concessão de benefício de prestação continuada. COMUNIDADEConsiderando a complexidade e abrangência da estruturação de serviços especializados de atenção ao usuário, é de fundamental importância o engajamento da comunidade, quer na identificação das necessidades emergentes, quer na estruturação de serviços alternativos e complementares como:

Programas de apoio às famílias: finais de semana, férias, etc Moradias protegidas que adotem objetivos de atender a pequenos grupos que recebam

atendimentos especializados globalizados, conforme as necessidades individuais apresentadas.

Incentivo à implementação de redes familiares (famílias substitutas temporárias). O desenvolvimento dessas ações deve guardar consonância com as diretrizes na área e integrar os demais serviços públicos e privados existentes. TRABALHO

Estruturação de programas de geração de emprego e renda. Assegurar a inclusão dos programas de capacitação para o trabalho dessas pessoas

nos programas nessa área no Ministério do Trabalho. 6. RECURSOS HUMANOSCaracterizam-se como recursos humanos os profissionais que promovem, direta e indiretamente, ações preventivas e reabilitadoras nos serviços de saúde, educação, assistência social e trabalho, entre outros. É marcante a importância, neste momento, de que se implementem ações que resultem na melhoria de qualidade desses serviços. Para tanto, se priorizam as propostas de classificação do perfil profissional que contemplem os seguintes aspectos de sua capacidade de:

atuar inter-profissionalmente; atuar em serviços que se complementam e formam uma rede de serviços para o mesmo

usuário; atuar diretamente com o usuário e seu ambiente sócio-familiar; perceber a pessoa como um ser indivisível e que deve ser respeitada como é; responsabilizar-se por todo o processo técnico e ético. avaliar continuamente, a sua expectativa profissional e o nível de exigência que requer esse

trabalho, contribuindo para evitar a alta rotatividade na área. 7. PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS

Recomenda-se seja a equipe composta de profissionais capacitados e treinados para as

áreas afins, a saber: A) ÁREA EDUCAÇÃO

Professor regente Professor de sala de recursos Psicólogo Professor de Educação Física

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Auxiliar de classe Psicopedagogo

B) SAÚDE Psiquiatra preferencialmente da infância e da adolescência Neurologista preferencialmente da infância e adolescência Psicólogo Pediatra Assistente Social e auxiliares Enfermeiro e auxiliares Terapeuta Ocupacional Fonoaudiólogo Geneticista Recreacionista (nível médio) Acompanhante terapêutico

Ressalta-se que, considerando a abordagem interdisciplinar dos serviços, deverá haver cooperação técnica das interfaces.PROFISSIONAL DE APOIO

Recorrer, quando necessário, ao apoio de profissionais auxiliares na atuação com

autistas e portadores de TID. C) CAPACITAÇÃOA capacitação dos profissionais deve atingir três níveis distintos: 1) inclusão de temas e/ou disciplinas sobre o assunto nos currículos dos cursos de formação de nível médio, superior e especializações; 2) oferta de cursos de atualização para formadores de profissionais especializados;3) oferta de programas de treinamento e aperfeiçoamento dos profissionais que atuam na área, de forma sistematizada e contínua.Ressalta-se a necessidade de incluir o tema da interdisciplinariedade em todos os níveis de capacitação, como aspecto relevante para a mudança de paradigma e de alimentar o serviço nacional de referência bibliográfica buscando atualizar informações da área. D) PESQUISAIncentivar o desenvolvimento de investigação científica na área.E) SAÚDE DOS PROFISSIONAISA saúde do profissional deve ser contemplada nos seguintes níveis: 1- nível individual; 2- nível da qualidade no trabalho; 3- relação do indivíduo enquanto participante de uma equipe.

ANEXO IENCARTE: O QUE NOS PEDIRIA UM AUTISTA

O QUE NOS PEDIRIA UM AUTISTA?Ajuda-me a compreender. Organiza meu mundo e ajuda-me a prever o que vai acontecer. Dá-me ordem, estrutura, e não um caos.

Não fiques angustiado comigo, pois isto também me angustia. Respeita meu ritmo. Se compreenderes minhas necessidades e meu modo especial de ver a realidade, não terás dificuldade de te relacionares comigo. Não te deprimas; o normal é eu progredir e me desenvolver cada vez mais.

Não fales muito, nem depressa demais. Para ti as palavras voam como plumas, não pesam para ti, mas para mim podem ser uma carga muito pesada. Muitas vezes não é esta a melhor maneira de te relacionares comigo.

Como todas as demais crianças, e como os adultos, sinto necessidade de partilhar o prazer e gosto de fazer bem as coisas, embora nem sempre o consiga.

Preciso de mais ordem do que tu e mais do que tu preciso de prever as coisas no meu meio. Precisamos negociar meus rituais de convivência.

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Para mim é difícil compreender o sentido de muitas coisas que me pedem para fazer. Ajuda-me a compreender. Procura pedir-me coisas que tenham sentido completo e decifrável para mim. Não deixes que eu me embruteça e fique inativo.

Não te envolvas demais comigo. Às vezes as pessoas são muito imprevisíveis, barulhentas demais e excessivamente animadoras. Respeita as distâncias de que preciso, mas sem me deixares sozinho.

O que eu faço não é contra ti. Quando fico irritado ou me firo; quando quebro alguma coisa ou me agito demais; quando tenho dificuldade de fazer o que me pedes, não estou querendo te aborrecer. Porque tenho um problema de intenções. Não me atribuas más intenções!

Meu desenvolvimento não é irracional, embora não seja fácil de entender. Tem sua própria lógica, e muitas das condutas que chamas de "alteradas" são formas de enfrentar o mundo com minha forma especial de ser e perceber. Faze um esforço para me compreenderes.

As outras pessoas são muito complicadas. Meu mundo não é complexo nem fechado, é um mundo simples. Embora possa parecer estranho o que te digo, meu mundo é tão aberto, tão sem embustes e mentiras, tão ingenuamente exposto aos outros que é difícil penetrar nele. Não vivo numa "fortaleza vazia", mas numa planície tão aberta que pode parecer inacessível. Sou muito menos complicado do que as pessoas que consideras normais.

Não me peças sempre as mesmas coisas, nem exijas de mim as mesmas rotinas. Não sou apenas autista. Sou também uma criança, um adolescente ou um adulto. Partilho

muitas coisas das crianças, dos adolescentes e adultos que chamas de "normais". Gosto de brincar e de me divertir, gosto de meus pais e das pessoas que me cercam; fico contente quando faço bem as coisas. Na minha vida há mais o que partilhar do que separar.

Vale a pena viver comigo. Posso te proporcionar tanta satisfação como as demais pessoas. Pode acontecer um momento em tua vida em que eu, autista, seja tua maior e melhor companhia.

Não me agridas quimicamente. Se te disserem que preciso de tomar um medicamente, providencie o acompanhamento periódico por um especialista.

Nem meus pais nem eu temos culpa de I que se passa comigo. Tampouco são culpados os profissionais que me ajudam. Não adianta culpar uns e outros. Às vezes minhas reações e condutas podem ser difíceis de entender ou de suportar, mas não é por culpa de ninguém. A idéia de "culpar" não faz mais do que produzir sofrimento com relação a meu problema.

Não me peças constantemente coisas que estão fora de meu alcance, de minha possibilidade. Pede-me, porém, as que sou capaz de fazer. Ajuda-me a ter mais autonomia, para compreender melhor, comunicar-me melhor, mas não me ajude demais.

Não precisas mudar completamente sua vida pelo fato de viver com uma pessoa autista. A mim nada aproveita o estares mal, que te feches e te deprimas. Preciso de estabilidade e de bem-estar emocional em torno de mim para me sentir melhor. Não penses tampouco que eu tenha culpa do que se passa comigo.

Ajuda-me com naturalidade, sem tomar essa ajuda uma obsessão. Para me ajudar precisas de ter teus momentos de repouso ou de te dedicares a tuas próprias atividades. Fica perto de mim, não te vás, mas não te sintas sob o peso de uma carga insuportável. Na minha vida tem havido momentos difíceis, mas posso estar cada vez melhor.

Aceita-me como sou. Não condicione tua aceitação a que eu deixe de ser autista. Sê otimista sem te tornares "romântico". Minha situação em geral tende a melhorar, embora por enquanto não tenha cura.

Embora me seja difícil comunicar-me ou compreender as sutilezas sociais, na realidade tenho algumas vantagens em comparação com os que tu chamas de "normais". Tenho dificuldade em me comunicar, mas não costumo enganar. Não compreendo as sutilezas sociais, mas tampouco tenho duplas intenções ou sentimentos perigosos tão comuns na vida social. Minha vida poderá ser satisfatória se for simples, ordenada e tranqüila, desde que não me façam constantes exigências e só me peçam as coisas mais difíceis

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para mim. Ser autista é um modo de ser, embora não seja o comum. Minha vida como autista pode ser tão feliz e satisfatória como a tua vida "normal". Nessas vidas podemos vir a nos encontrar e a partilhar muitas experiências.

Angel Rivière Gómez(Assessor Técnico de APNA - Madrid - Espanha)

ANEXO IILISTA DE PARTICIPANTESMINISTÉRIO DA JUSTIÇA

SECRETARIA DOS DIREITOS DA CIDADANIACOORDENADORIA NACIONAL PARA INTEGRAÇÃO DA PESSOA PORTADORA DE

DEFICIÊNCIAC O R D E

PARTICIPANTES DA CÂMARA TÉCNICA SOBRE AUTISMO E OUTRAS PSICOSES INFANTO-JUVENIS

ALINE ALTOÉ DUAR Grupo de Estudos e Pesquisa em Autismo e outras Psicoses Infantis-Gepapi SQS 204 Bloco G aptº 107 Asa Sul Cep: 70234-070 Brasília/DF Fone: (061) 226-7358 Fax : (061) 226-0975AMÉLIA DE OLIVEIRA JUNKES Associação de Amigos do Autista - Joinville Rua Inácio Bastos 1.455 Bloco 01 aptº 22 Cep: 89200 310 - Joinville/SC Fone: (0474) 33-1539 Fax: (0474) 33-1539 ANA CHRISTINA M. CASTELAR CAMPOS Centro Psicopedagógico da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais - FHEMIG Rua Padre Marinho 150 - Santa Efigênia Cep : 30140-040 - Belo Horizonte/ MG Fone : (031) 241-3099 Ramal-204 Fax : (031) 241-4308 Ramal-230ANA MARIA PINTO BEREOHFF BASTOS Grupo de Estudos e Pesquisa em Autismo e outras Psicoses Infantis - GEPAPI SQS 416 Bl. C aptº 107 - Asa Sul Cep: 70299-030 Brasília/DF Fone: (061) 346-9733 / 3463887 Fax: (061) 315-9090AUGUSTO CESAR DE FARIAS COSTA Secretaria de Saúde do Distrito Federal Ed. Pioneiras Sociais- 6º andar/sala 602 Cep: 70.000-000 Brasília/DF Fone e Fax : (061) 226-7818 / 325-4855DEUSINA LOPES DA CRUZ Associação Brasileira de Autismo - ABRA Q- 101 - Bloco C - Aptº. 405 Cruzeiro Novo 70650.110 Brasília/DF Fone: (061) 9866592 Fax: (061) 226-0294CELIANE FERREIRA SECUNHO Grupo de Estudos e Pesquisa em Autismo e outras Psicoses Infantis - GEPAPI SHLS 716 Bl. E sala 606 Cep: 70350-756 Brasília/DF Fone: (061) 245-3932

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EMÍLIO SALLE Comunidade Terapêutica D.W Winniott Rua Mostardeiro 123/401 Cep: 90430-001 Porto Alegre /RS Fone: (051) 346-2162 Fax: (051) 337-5657INES SCHUBERT Clinica Convivência, Educação e Reabilitação para o Especial- CRER Rua Montese 441- Parolim Cep : 80220-150 Curitiba/PR Fone: (041) 332-9304 Fax: (0410 322-5289IVANA SIQUEIRA Secretaria da Educação Especial Ministério da Educação e do Desporto - MEC Esplanada dos Ministérios BL L 6º andar sala 600 Cep: 70047-901 Brasília/DF Fone: (061) 214-8651 / 214-8552 Fax: (061) 321-9398JOSÉ RAIMUNDO DA SILVA LIPPI Universidade Federal de Minas Gerais Rua Professor Eugênio Murilo Rubião 33 aptº 902 Bairro Mangabeiras Cep: 30310-540 Belo Horizonte/MG Fone: (031) 281-8480 Fax: (031) 281-1559/281-8480JOSÉ RAIMUNDO FACION Fundação de Ensino Superior de S. João Del Rei - FUNREI Praça Frei Orlando, 170-Centro Cep: 36300-000 São João Del Rei- Minas Gerais/MG Fone: (032) 371-8300 Fax : (032) 371-3297JOSÉ SALOMÃO SCHWARTZMAN Grupo de Estudos e Pesquisa em autismo e outras Psicoses Infantis - GEPAPI Rua Morgado de Mateus 505 Cep: 04015-051 São Paulo Fone/ Fax : (011) 571-7743KATIA LOPES Instituto Phelipe Pinel Av. Venceslau Bras 65- Botafogo Cep: 22290-140 Rio de Janeiro/RJ Fone/Fax: (021) 275-5694LÚCIA HELENA VASCONCELOS FREIRE Grupo de Estudos e Pesquisas em Autismo e outras Psicoses Infantis - GEPAPI SHIN QI 16 conjunto 03 casa 01 Lago Norte Cep: 70.000-000 Brasília/DF Fone: (061) 368-4670MARIA CARNEIRO DE SOUZA NOER Universidade Católica de Petrópolis - UCPMARIA CELINA DIAS CARVALHO MARCON Centro Municipal do Autista - CEMA Rua. Einstain-777 Jardim Santo André Bairro Limeira Cep: 13484-089 São Paulo/SP Fone: (0194) 512500 ramal 233 Fax: (0194) 412179MARIA DE LOURDES GOMES CALIXTO

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Pedagoga Rua Felipe Camarão, 617 aptº 33 Bomfim Cep: 90035-141 Porto Alegre/RS Fone: (051) 225-0119MARIA DO CARMO TOURINHO RIBEIRO Associação de Amigos do Autista- AMA/SE Rua A2 nº 375 Conj Orlando Dantas- São Conrado Cep: 49040-000 Aracaju/SE Fone: (079) 231-1007 / 224-5168 Fax: (079) 231-3502 MARIA DO SOCORRO MORAES Ministério da Previdência e Assistência Social - MPAS Esplanada dos Ministérios BL. A sala 101 Cep: 70.845-130 Brasília/DF Fone: (061) 315-1311 / 224-0071MARIA EUGÊNIA ASSUNÇÃO IVAR DO SUL Centro Especializado Nossa Senhora D'Assumpção Rodovia Fernão Dias, Km 36-Bairro Jardim Petrôpolis Cep: 32.650-000 Betim Minas Gerais/MG Fone: (031) 592-1677 Fax: (031) 592-1677MARIA IZABEL TAFURI Universidade de Brasília - UNB SHIS QL 8 Conjunto 3 casa 19 - Lago Sul Cep: 71620-235 Brasília/DF Fone: (061) 248-5762 / 348-2662 Fax: (061) 364-1986MARISA FURIA SILVA Associação de Amigos do Autista - AMA/SP Rua ITAIPU, 497- Mirandópolis Cep: 04052-010 São Paulo/SP Fone: (011) 242-8822 Fax: (011) 270-2363NYLSE HELENA DA SILVA CUNHA Escola Indianópolis Rua Antonio de Marcedo Soares- 414- Brooklin Cep: 04607-000 São Paulo/SP Fone: (011) 543-6333 Fax: (011) 530-2818ROBERTO ANTONUCCI Psicólogo Al dos Nhambiquaras 1645 aptº 109 Cep: 04030-013 São Paulo/SP Fone: (011) 531-4481 / 241-9392 Fax: (011) 241-0200 Ramal 299ROSA MARIA MELLONI HORITA Médica Psiquiatra SQN 211 Bl. J aptº 406 Asa Norte Cep: 70863-100 - Brasília/DF Fone: (061) 347-8214 / 315-9059 Fax: (061) 347-8214 SILVIA HELENA HEIMBURGER Médica Psiquiatra SHIS QI 03 Conj. 10 casa 14 - Lago Sul Cep: 71605-300 Brasília/DF Fone: (061) 365-3309 / 365-3308

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TÂNIA GONZAGA GUIMARÃES Fundação Educacional do Distrito Federal SGAS- 911/12 - "E" Cep: 70390-110 Brasília/DF Fone: (061) 346-6161 Fax: (061) 348-5150 VERA LIGIA A. LEITE Centro Municipal do Autista Rua Eistan 777, Jardim Santo André - Limeira ,SP Cep: 13484-089 São Paulo/SP Fone/Fax: (0194) 412-179WALTER CAMARGOS JUNIOR Grupo de Estudos e Pesquisa em Autismo e outras Psicoses Infantis- GEPAPI Av. Afonso Pena 3111- 15º andar Centro Cep:30130-008 Belo Horizonte/MG Fone/Fax: (031) 223-2963WANDALCI DA SILVA MATOS Secretaria Municipal de Educação de Minas Gerais Rua Carangola nº 288-8º andar sala 822- B. Santo Antonio Cep: 30330-240 Belo Horizonte/MG Fone: (031) 277-8632 / 277-8633 Fax: (031) 277-8660REPRESENTANTES DA CORDE

Maria de Lourdes Canziani Niusarete Margarida de Lima Campos Alexandro Ferreira da Silva

DOCFIM