Auto-estradas passam a ter radares - ulisboa.pt · compõem esta rede nacional cor-respondem aos...

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Auto-estradas passam a ter radares SPág.lB

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Auto-estradaspassam a terradares SPág.lB

Sônia Graç[email protected]

Estado vai comprar 30 radares paracontrolo de velocidade em 50 locais,distribuídos por 11 auto-estradas, seis

IP/IC e oito nadònais. Veja o mapa, queo SOLaqui revela.|^|l HK ma dezena de auto-'

V#É HE -estradas, seis itine-

~W& BB rários principais e

•^sk SB c °m pi ementares e

|jgj^|B oito estradas nacio-nais, de Norte a Sul

do país, vão passar a ser alvo decontrolo de velocidade - num to-tal de 50 locais a fiscalizar atra-vés de 30 radares, apurou o SOL.

0 sistema nacional de controlode velocidade - que já deveria terentrado em funcionamento em 2010

e estima-se agora para o início de

2015, após o concurso para a com-

pra dos aparelhos, que está em cur-so - vai obedecer a uma lógica rota-

tiva, ou seja, os aparelhos serão ins-talados num local mas a todo omomento podem ser transferidos

para outro ponto da rede. Em todos

os locais, porém, serão instaladascabinas devidamente sinalizadas.

A ideia é que sejam um elemen-to dissuasor, levando os conduto-res a reduzir a velocidade, inde-

pendentemente de conterem ra-dares no seu interior.

A lista dos 50 locais, a que o SOLteve acesso, foi definida pela Auto-ridade Nacional de Segurança Ro-

doviária (ANSR) e abrange na suamaioria auto-estradas, onde foramidentificados ao todo 26 locais a fis-

calizar. A Al (Lisboa-Porto), a A

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(Lisboa-Cascais), a A25 (Aveiro- Vi-lar Formoso) e a A29 (Albergaria aVelha-Gaia) estão no topo das queserão alvo de maior controlo: emcada uma, foram escolhidos quatropontos específicos onde os conduto-

res serão fotografados sempre queexcedam o limite de velocidade.Nos pontos negrosNote-se que muitos dos locais quecompõem esta rede nacional cor-

respondem aos chamados pontos

negros (lanço de 200 metros ondese registaram pelo menos cincoacidentes com vítimas) identifi-cados todos os anos pela ANSR.Na Al, por exemplo, será instala-da uma cabine à saída de Lisboa,perto do rio Trancão, que corres-ponde precisamente a um pontonegro identificado em 2012.

A maior auto-estrada do país li-dera, de resto, o ranking das maisperigosas do pais: naquele ano, se-

gundo os últimos dados disponí-veis, a Al foi palco de 339 aciden-tes graves, dos quais resultaram16 vítimas mortais, 28 feridos gra-ves e 503 leves.

A auto-estrada de Cascais tam-bém figura no rol de vias abran-gidas pela futura rede nacional deradares. Ano após ano, acumulaquatro ou mais pontos negros eregista elevados índices de sinis-tralidade (em 2012, houve 146 aci-

dentes, que causaram dois mor-tos, dois feridos graves e 192 le-

ves).«Claro que faz sentido insta-

lar radares em auto-estradas,mas não devemos esquecer queé dentro das localidades que se

regista a maioria das vítimasmortais e é aí que a velocidadeé extremamente perigosa porcausa dos utentes vulneráveis(como peões, ciclistas e moto-ciclistas) e também das colisõeslaterais, que são potencialmen-te muito perigosas» - sublinhaJoão Dias, professor de Engenha-ria Mecânica e investigador doInstituto Superior Técnico.

Centros urbanos do foraAs estatísticas confirmam-no. Em2012 (os mais recentes dados dis-

poníveis), registaram-se nas auto--estradas 6% dos acidentes gra-ves, responsáveis por 8% do totalde vítimas mortais. Nos arrua-mentos, o cenário é, de longe,mais grave: mais de 60% dos aci-dentes graves aconteceram emruas, onde se registaram 36% dototal de vítimas mortais.

No entanto, a lista desenhada

pela ANSR não contempla qual-

quer arruamento, contrariando o

anúncio feito pelo Governo em De-

zembro passado, no final do Conse-

lho de Ministros onde foi aprovado

o concurso público para a comprados 30 radares, quando se invocou

a necessidade de combater os atro-

pelamentos em centros urbanos.

ENI2S vai ter trás radaresAs estradas nacionais também fo-

ram relegadas para plano secun-

dário, apesar de aí ocorrerem cer-

ca de 22% do total de acidentes

graves, responsáveis por 33% dos

mortos. A ANSR seleccionou ape-nas 12 locais em oito nacionais.Deste leque faz parte a Nacional125, que atravessa todo o Algarve,e onde serão instaladas cabinas

em três pontos diferentes (dois noconcelho de Albufeira e outro em

Lagos). Também a Avenida Mar-ginal, que liga Lisboa a Cascais,será alvo de monitorização, talcomo o ICI7 (a CRIL, que liga Al-gés a Sacavém) e o ICI9 (que ligaLisboa a Sintra). No Porto, os con-

dutores serão fiscalizados em doislocais da Via de Cintura Interna.

Mas para que o sistema nacio-

nal que está prestes a ser imple-mentado tenha eficácia, defende

João Dias, «deve ser comple-mentado com fiscalização davelocidade nos centros urba-nos, através de radares móveisusados pelas polícias». Isto por-

que, lembra, o efeito dos equipa-mentos fixos é intermitente, ou

seja, «as pessoas abrandam ape-nas no local do radar».

É esse, de resto, o modelo em vi-

gor em muitos países da União

Europeia (UE) que têm «as maisbaixas taxas de sinistralidade»:«A Suécia e a Holanda são ex-tremamente rigorosas quantoà velocidade. Na Suécia, todasas estradas nacionais onde hácruzamentos perigosos têm ra-dares fixos», observa João Dias,referindo-se ainda ao exemplo daHolanda: «Soube de um portu-guês que, em 300 quilómetros,apanhou seis multas por exces-

so de velocidade. A malha de

radares é apertada e os políciastambém estão bem equipados».Atraso de quatro anosAo fim de seis anos, desde que foianunciado em 2008 (era ministroda Administração Interna Rui Pe-

reira), o projecto vai finalmentearrancar. A criação desta rede na-

cional, que inicialmente previa ainstalação de 300 radares, é umdos objectivos da Estratégia Na-cional de Segurança Rodoviáriae deveria ter sido executada até

2010. No entanto, o processo so-

freu vários atrasos e só no actual

Executivo, com luz verde do mi-nistro Miguel Macedo, foi aprova-da uma despesa de quatro mi-lhões de euros para comprar os

equipamentos (30 radares e 50 ca-

binas) e todo o software.O «combate à prática de ve-

locidade excessiva através dafiscalização contínua e auto-mática da velocidade de cadaveículo em cada local de con-trolo» é o objectivo deste investi-

mento, segundo a resolução do

Conselho de Ministros, publicadaa 12 de Dezembro passado em noDiário da República.

O concurso público internacio-

nal, lançado em Maio, foi dispu-tado por mais de dez empresas -entre as quais a Mota-Engil, a No-

vabase, a Siemens, a Soares daCosta e até a Brisa, apurou o SOL.

Depois de assinar o contrato, avencedora do concurso terá de ga-rantir todas as despesas de ma-nutenção do sistema nos próxi-mos três anos.

Controlo em Lisboafora de serviço

Quase todos os radares de Lisboa - Instalados em 2007, comum custo de 2J5 milhões de euros - estão inoperacionais. Noano passado, nenhum dos 21 aparelhos foi sujeito à obrigatóriaverificação periódica pelo Instituto Português da Qualidade(IPQ) - confirmou ao SOL fonte oficial deste organismo. Só doisforam entretanto enviados ao IPQ, em Maio passado.

Isto significa que nenhuma das Infracções detectadasdesde Janeiro por 19 equipamentos é legal. As falhas deverificação começaram em 2012, ano em que foram verifi-cados apenas 17 radares. Sucede que muitos equipamen-tos encontram-se avariados devido a actos sucessivos devandalismo. Contactada pelo SOL a Câmara de Lisboa não

prestou esclarecimentos. S.G.

Futura rede nacional de radares