Autoclavagem de lixo hospitalar

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Copyright © Serviço Brasileiro de Respostas Técnicas - SBRT - http://www.sbrt.ibict.br 1 RESPOSTA TÉCNICA Título Autoclavagem de lixo hospitalar Resumo Informações sobre o processo de autoclavagem de lixo hospitalar, disposição da mesma, trâmites legais e valor estimado de investimento. Palavras-chave Lixo hospitalar; descontaminação; autoclavagem; investimento; legalização; legislação; equipamento Assunto Coleta de resíduos perigosos Demanda Informações sobre o processo de autoclavagem de lixo hospitalar, disposição da mesma, trâmites legais e valor estimado de investimento. Solução apresentada Introdução Resíduos de serviços de saúde, mais comumente denominados lixo hospitalar , são os rejeitos resultantes de atividades exercidas nos serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, não só gerados em hospitais, mas também em clínicas, laboratórios, consultórios odontológicos e veterinários, farmácias, postos de saúde e outros similares que, por suas características oferecem risco de contaminação e, por isso, necessitam de processos de manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua disposição final. O lixo hospitalar, também conhecido tecnicamente como resíduos sólidos de serviços de saúde, ou ainda pela sigla RS-SS, devido às suas peculiaridades e potencialmente perigosas características. Infelizmente, a quantidade de pesquisas sobre o impacto do lixo hospitalar e das diversas técnicas utilizadas para tratá-lo ainda é pequena, mesmo mundialmente, e precisa ser mais estimulada. A operação de descarte do lixo hostitalar custa cerca de seis vezes mais do que a praticada em relação ao lixo comum; assim, é necessário o acompanhamento atencioso dos órgãos de Vigilância Sanitária. Dada a sua potencialidade para a transmissão de patologias, o lixo hospitalar merece um cuidado todo especial no momento do descarte. Autoclavagem O lixo séptico ou hospitalar deve ir para valas sépticas ou ser incinerado (a incineração é diferente da queima, pois é feita em máquinas especiais e não simplesmente pelo fogo). Existe uma diferença em destino final e tratamento de resíduos. O tratamento é preciso ao destino final, sendo que, para cada tipo de resíduo existe um tratamento e um destino final específico.

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RESPOSTA TÉCNICA

Título

Autoclavagem de lixo hospitalar

Resumo

Informações sobre o processo de autoclavagem de lixo hospitalar, disposição da mesma, trâmites legais e valor estimado de investimento.

Palavras-chave

Lixo hospitalar; descontaminação; autoclavagem; investimento; legalização; legislação; equipamento

Assunto

Coleta de resíduos perigosos

Demanda

Informações sobre o processo de autoclavagem de lixo hospitalar, disposição da mesma, trâmites legais e valor estimado de investimento.

Solução apresentada

Introdução

Resíduos de serviços de saúde, mais comumente denominados lixo hospitalar , são os rejeitos resultantes de atividades exercidas nos serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, não só gerados em hospitais, mas também em clínicas, laboratórios, consultórios odontológicos e veterinários, farmácias, postos de saúde e outros similares que, por suas características oferecem risco de contaminação e, por isso, necessitam de processos de manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua disposição final.

O lixo hospitalar, também conhecido tecnicamente como resíduos sólidos de serviços de saúde, ou ainda pela sigla RS-SS, devido às suas peculiaridades e potencialmente perigosas características. Infelizmente, a quantidade de pesquisas sobre o impacto do lixo hospitalar e das diversas técnicas utilizadas para tratá-lo ainda é pequena, mesmo mundialmente, e precisa ser mais estimulada.

A operação de descarte do lixo hostitalar custa cerca de seis vezes mais do que a praticada em relação ao lixo comum; assim, é necessário o acompanhamento atencioso dos órgãos de Vigilância Sanitária. Dada a sua potencialidade para a transmissão de patologias, o lixo hospitalar merece um cuidado todo especial no momento do descarte.

Autoclavagem

O lixo séptico ou hospitalar deve ir para valas sépticas ou ser incinerado (a incineração é diferente da queima, pois é feita em máquinas especiais e não simplesmente pelo fogo). Existe uma diferença em destino final e tratamento de resíduos. O tratamento é preciso ao destino final, sendo que, para cada tipo de resíduo existe um tratamento e um destino final específico.

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A autoclavagem é um tratamento térmico que consiste em manter o material contaminado sob pressão à temperatura elevada, através do contato com o vapor d´água, durante um período de cerca de 40 minutos para destruir todos os agentes patogênicos. Depois, o lixo é triturado e pode ser descartado nas valas sépticas, já que não possui mais perigo de contaminação.

A autoclavagem é utilizada para resíduos sólidos do Grupo A, como os resíduos biológicos (cultura, inóculos e outros); sangue e hemoderivados; cirúrgico, anátomo patológico e exsudado, com exceção de peças anatômicas de maior volume; resíduos perfuro cortantes; e resíduos decorrentes da assistência ao paciente como secreções, excreções e outros.

Devem ser excluídos os resíduos da Classe A.5 animal contaminado; embora o sistema possa ser eficiente para pequenas partes de animais, o volume e a massa de animais inteiros podem impedir a correta esterelização.

O Sistema é adequado tanto para o uso em unidades produtoras isoladas, constituídas por hospitais, hemocentros, aduanas e outras, como para estações centralizadas de tratamento.

O lixo deve ser coletado em sacos plásticos classe II, na cor branco leitosa, conforme especificação da norma ABNT, ou nos recipientes apropriados, no caso dos perfuro cortantes.

Os sacos de lixo são depositados em área específica, sob a cobertura da área de tratamento. No processo de tratamento estes sacos são colocados em caixas (containers) metálicas sem tampa, sem que haja a necessidade de abri-los. Durante a fase de esterilização, com a alta temperatura da câmara, estes sacos são destruídos permitindo o contato do vapor com o lixo que será esterilizado.

Para as autoclaves até 1.500 litros, os containers são movimentados e colocados dentro da câmara da autoclave, através de carro com rodízios. Nos sistemas de maior capacidade a movimentação dos containers e sua colocação na câmara podem ser feitas através de esteiras rolantes. Estas esteiras podem ser movimentadas no sentido do eixo de rotação, através de trilhos, permitindo posicioná-las na entrada da câmara das autoclaves.

Após os ciclos, os containers são retirados da câmara e um sistema de elevação automático, com pás para encaixe nas alças dos mesmos, vai despejar o conteúdo esterilizado no funil de alimentação de um triturador de lâminas. Nas autoclaves de pequeno porte esta ação é manual ou auxiliada por sistema de elevação mecânica de acionamento manual.

O lixo é então triturado e estará em condições de ser encaminhado para um aterro sanitário para deposição final. Neste processo, o volume de lixo é reduzido em 70 a 80% do volume inicial. O triturador pode despejar o produto tratado diretamente sobre os containers utilizados para coleta de lixo comum ou carretas, se houver uma diferença de cota entre os equipamentos. Outra forma possível é o carregamento manual com o recolhimento do lixo em sacos plásticos, colocados sob o triturador.

O lixo triturado, ensacado ou em container, deve ser armazenado sobre base impermeabilizada com caimento para caixa de coleta, para recolher o chorume que por ventura for formado e permitir o seu tratamento através de produtos químicos. Os líquidos que resultarem da lavagem dos containers e do triturador, devem ser encaminhados para a mesma caixa de coleta.

Os efluentes tratados podem ser encaminhados para rede de esgoto ou fossas de decantação. É importante frisar que estes efluentes possuem apenas carga orgânica, que deve ser tratada, mas estão isentos de contaminação.

Processo de esterilização

O processo se inicia com pulsos de pré-vácuo e pressão, para retirada do ar existente na câmara. Este ar retirado passa por um filtro sanitário 0,1 micron retendo as bactérias

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presentes. Após este pré-tratamento o vapor é injetado na câmara para permitir a esterilização propriamente dita. O processo termina com a secagem da carga permitindo assim a retirada da mesma sem respingos. Obs.: A secagem será efetiva em função do tipo de carga e do tempo de exposição. Todos os fluidos usados durante o processo têm seu fluxo em sistema fechado, evitando-se assim a contaminação ambiental. Os resíduos ainda podem passar por uma descaracterização por meio de compactação ou trituração.

Após a carga da autoclave, inicia-se o ciclo de esterilização.

Fase de acondicionamento / Pré-vácuo: esta primeira fase constitui-se de um pulso de vácuo para retirada do ar da câmara. Este pulso de vácuo é realizado pelo acionamento da bomba de vácuo.

Cam Up: Eliminado o excesso de ar na câmara inicia-se a fase de cam up onde é realizado o aumento da temperatura da câmara e sua homogeneização na temperatura escolhida para o ciclo. Esta fase se realiza através da injeção de vapor saturado na câmara do equipamento.

Exposição: No ciclo para lixo, está prevista uma fase de exposição de 15 minutos à 150 º C. O processo foi validado para uma exposição de 10 minutos, 30% menor que o tempo de exposição, tendo sido o ciclo estudado sido capaz de reduzir a população de indicador biológico em 6,5 à 7 ciclos log. O indicador utilizado foi o bacilus stearotermóphilus, o mais resistente à ação do vapor.

Outros meios de tratamento considerados também limpos (não poluentes) como o microondas, vão permitir uma letalidade significativamente menor, o que acarreta em uma menor segurança do processo. Exaustão / Secagem: Na fase final é feita novamente um pulso de vácuo com o objetivo de eliminar o vapor e o condensado das paredes da câmara. Os fluídos retirados da câmara estarão estéreis e deverão ser encaminhados para a caixa de coleta e daí para o esgoto.

Monitoração: A sistemática utilizada para monitoração do processo é semelhante às utilizadas no controle da esterilização hospitalar. Indicadores químicos e biológicos foram desenvolvidos especificamente para a temperatura utilizada.

Complementam o sistema de tratamento

. Containers para carga da câmara;

. Gerador de vapor (no caso de não haver Caldeira própria) à gás para as autoclaves de grande porte e elétrico para as de pequeno porte;

. Elevador de Containers (apenas nas de grande porte. A elevação é manual nas autoclaves pequenas);

. Triturador.

Manejo dos resíduos

Deve ser feita a elaboração de um conjunto de normas envolvendo:

. segregação de resíduos na fonte geradora em recipientes adequados e identificados de acordo com as normas; . coleta interna da fonte geradora até o armazenamento temporário; . pré-tratamento (esterilização, decaimento, etc); . coleta interna do armazenamento temporário até o armazenamento externo; . reciclagem; . coleta externa; . disposição final. . profissionais das prestadoras de serviço de limpeza do lixo hospitalar precisam ser

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treinados para trabalhar com a devida segurança, a fim de previnir acidentes e afastar os riscos de contaminação; . o acondicionamento dos resíduos deve ser feito em sacos e/ou recipientes impermeáveis, resistentes à ruptura e vazamentos, contando identificação do conteúdo; . o armazenamento interno e externo e transporte deste lixo deve seguir as normas dos órgãos da limpeza pública.

Legislação

Segundo a Legislação Brasileira Resolução do CONAMA nº385/05 Conselho Nacional do Meio Ambiente, cabe aos geredores de RSS e ao responsável legal o gerenciamento dos resíduos, desde a geração até a disposição final, de forma a atender aos requisitos ambientais e de saúde pública e ocupacional.

De acordo com a Resolução RDC nº 33/2003, da ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária, os resíduos de serviços de saúde são classificados em cinco grupos:

. Grupo A: potencialmente infectantes;

. Grupo B: químicos;

. Grupo C: resíduos radioativos;

. Grupo D: resíduos comuns;

. Grupo E: perfurocortantes.

Não são todos os grupos que apresentam riscos de contaminação, e são apenas estes que necessitam de tratamento diferenciado.

Conclusões e recomendações

Os investimentos necessários dependerão da quantidade de lixo a ser tratado, número de funcionários e número de equipamentos (os fornecedores poderão informar o valor dos mesmos). Antes da instalação devem ser consultadas: a Secretaria de Meio Ambiente de sua cidade; ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária e fazer consulta à Legislação vigente (mencionada anteriormente). Também devem ser adquiridas as normas da ABNT pertinentes ao setor (as normas são pagas e não estão disponíveis para consulta on-line).

Fontes consultadas

SAIBA MAIS. Destinação adequada de resíduos. Disponível em: <http://www.cecae.usp.br/recicla/saibaDestinacao.asp.htm>. Acesso em: 10 jan. 2007.

DIÁRIO DO SENADO FEDERAL. dez. 2004. Disponível em: <http://www.senado.gov.br/web/cegraf/pdf/21122004/44472.pdf>. Acesso em: 10 jan. 2007.

GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE NO INCA. Disponível em: <http://www.sindhrio.org.br/seminarios/2003/02-10-03/Apresentacao%20Sindhrio2.ppt#256,1,Slide1>. Acesso em: 10 jan. 2006.

BAUMER. MWTS Waste treatment system autoclave para tratamento de resíduos infecciosos. Disponível em:<http://www.baumer.com.br/mwts/Portugues/Mwt_Tecnico.htm>. Acesso em: 10 jan. 2007.

Elaborado por

Lilian Guerreiro

Nome da Instituição respondente

REDETEC Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro

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Data de finalização

11 jan. 2007